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Análise das leis dos partidos políticos
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RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo a análise da Lei n° 9.096/1995, a qual surgiu
para regulamentar a personalidade jurídica dos partidos políticos. Não obstante, seja uma
pessoa jurídica de direito privado, as agremiações exercem uma atividade que é de interesse
público. Para uma melhor compreensão, como o próprio nome desta comunicação afirma,
iremos analisar a lei dos partidos políticos com foco em alguns tópicos, sendo esses, a
disciplina partidária, o âmbito nacional e a vedação das coligações partidárias.
Palavras-chave: Lei. Partidos Políticos. Disciplina Partidária. Caráter Nacional. Coligações
Partidárias.
ABSTRACT
This work aims at the analysis of Law No. 9.096/1995, which came to regulate the
legal status of political parties. Nevertheless, it is a legal entity of private law, associations
engaged in activity that is of public interest. For a better understanding, as its communication
name says, we will examine the law on political parties focusing on some topics, these being,
party discipline, nationwide and sealing of party coalitions.
Keywords: Law. Political Parties. Party Discipline. National Charater. Party Coalitions.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 05
2. DISCIPLINA PARTIDÁRIA ......................................................................................... 06
3. ÂMBITO NACIONAL ................................................................................................... 06
4. A VEDAÇÃO DAS COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS ................................................... 08
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 09
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 10
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1 INTRODUÇÃO
Partido político pode ser definido como uma organização de direito privado, são
grupos de pessoas com os mesmos valores políticos, que visam conquistar e exercer
legitimamente o poder político, ou influenciá-lo tanto quanto possível.
Segundo José Jairo, o “partido político é a entidade formada pela livre associação de
pessoas, cujas finalidades são assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade
do sistema representativo, e defender os direitos humanos fundamentais”.
Apesar disso, o partido político está sempre em busca de sucesso eleitoral, ou seja, seu
principal objetivo é ser capaz de ter controle do poder, se esquecendo dos direitos
fundamentais. Sem embargo, a função base de uma agremiação, deveria ser o bem-estar da
população, dos habitantes de seu município, estado ou país. Quer seja criando normas,
buscando por melhorias nas mais diversas áreas.
Os partidos políticos foram-se conferindo como uma realidade política e social, mesmo convivendo à beira das Constituições e das leis, que eram produtos dos costumes e tradições de uma nação. Porém, a primeira Constituição de 1787 no norte da América, não contava com o surgimento dos partidos políticos, e no século XX, na década de 20, todos os países do norte da Europa possuíam partidos bem desenvolvidos, pode-se também afirmar que os partidos políticos, na época, alcançaram seu ponto máximo. E com isso foi constatado que não tinham como negar o amparo da Constituição nos partidos políticos, nos sistemas democráticos contemporâneos. (BONAVIDES, Paulo. 2005, p. 380).
No Brasil são bastante escassos os estudos sobre partidos políticos, não existem
agremiações centenárias como, por exemplo, nos Estados Unidos, aonde os partidos
Democrata (desde 1790) e Republicano (desde 1837) alternam-se no poder. O motivo dessa
fragilidade partidária, da falta de arraigamento histórico é a inconstância da vida política
brasileira. O estudo dos partidos políticos como uma realidade jurídica ainda é
contemporâneo, contudo hoje eles apresentam um importante disciplinamento, fazendo parte
dos direitos fundamentais. A nova Lei Orgânica dos partidos políticos, regulamenta os arts. 17
e 14, § 3°, inciso V, da Constituição Federal de 1988.
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2 DISCIPLINA PARTIDÁRIA
Está disposto na Constituição Federal, art. 17, § 1° “É assegurada aos partidos
políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo
seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias.”
A disciplina partidária pode ser definida como caso particular da disciplina que deve prevalecer em toda e qualquer associação. Pelo instituto da disciplina partidária, requer-se que todos os seus filiados respeitem os princípios, o programa e os objetivos da organização partidária. Os filiados devem respeitar as regras estabelecidas nos estatutos, cumprir com os seus deveres e exercer com probidade o exercício de mandatos ou funções partidárias, caso contrário, o faltoso poderá sofrer penalidades como: advertência, suspensão, destituição do exercício de funções em órgãos do Partido ou até expulsão do filiado. (MEZZAROBA, Orides. Introdução ao Direito Partidário Brasileiro, 2002, p.279)
No Brasil a relação de lealdade entre os parlamentares e seus partidos tem tido um
crescente estudo na ciência política, essencialmente nos últimos vinte anos, quando se
começou a analisar a redemocratização do país no sistema político nacional e suas
consequências. O tema divide opiniões entre os estudiosos, de um lado se entende que os
parlamentares são disciplinados e de outro, o contrário, principalmente ao serem comparados
aos parlamentares de outros países.
A disciplina partidária é uma imposição da Constituição Federal, no entanto Silva diz:
A disciplina não há de entender-se como obediência cega aos ditames dos órgãos partidários, mas respeito e acatamento do programa e objetivos do partido, às regras de seu estatuto, cumprimento de seus deveres e probidade no exercício de mandatos e funções partidárias, e, num partido de estrutura interna democrática, por certo que a que a disciplina compreende a aceitação das decisões discutidas e tomadas pela maioria de seus filiados-militantes. (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo..., p.407)
Finda-se então que a disciplina partidária nada mais é do que a obediência por parte de
seus componentes, aos valores e propósitos instituídos em seu regimento. As espécies de
sanções e procedimentos a serem adotados cabem ao próprio estatuto da agremiação.
Lembrando que nenhum filiado pode sofrer punições por condutas que não estejam
caracterizadas no estatuto do partido político, sendo garantido também ao acusado o direito à
ampla defesa.
3 ÂMBITO NACIONAL
A Constituição Federal nos fornece a definição legal, sendo essa do caráter dos
partidos políticos infraconstitucional. Está disposto na Lei n° 9.096/1995 art. 5° “A ação do
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partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e programa, sem
subordinação a entidades ou governos estrangeiros.”
Bonavides (2000, cap. 25) aponta, que já mencionado na Constituição de 1946, mas
sem chegar a nível de ser considerado um princípio constitucional, em 1967, o âmbito
nacional dos partidos políticos ganhou um lugar na Constituição, que se mantém garantido até
os dias atuais. O resguardo do caráter nacional dos partidos políticos está disposto no art. 17,
inciso I, da CF de 1988.
Mas a legislação ordinária, desde a Lei n. 7.586, de 28 de maio de 1945, criara já o partido político de âmbito nacional. Pusera termo assim às agremiações de cunho meramente local, que embaraçavam a unidade de ação política das representações parlamentares, presas a um regionalismo não raro estéril e deplorável. (BONAVIDES, Paulo. Ciência Política, 2000, cap. 25)
Uma característica dos partidos políticos é que todos devem possuir caráter nacional, a
primeira interpretação a respeito, se refere à impossibilidade de formações de partidos
regionais, evitando conflitos e tensões entre as regiões. Caso contrário seriam causadas
disputas internas de origem econômica ou política, resultando em movimentos separatistas.
Pode ser citado como exemplo de problema gerado pela existência de dois partidos
regionais, no início da nossa República, a política do café com leite, quando os partidos
mineiro e paulista travavam uma disputa pelo poder, causando a rivalidade entre essas duas
regiões, o que culminava também em prejuízos as outras regiões do Brasil.
Não é o partido político de âmbito nacional criação jurídica artificial, conforme poderia supor-se à primeira vista. Artificial, e até certo ponto desagregador, foi o estímulo que se deu na República Velha aos regionalismos políticos, às combinações oligárquicas, ao partido local. (BONAVIDES, Paulo. Ciência Política, 2000, cap. 25)
A segunda interpretação a respeito do caráter nacional, aponta que os partidos
políticos devem ser totalmente independentes de qualquer ligação com estados ou
organizações estrangeiras. Ao ser criado um partido político deve existir o compromisso com
o resguardo do princípio da soberania nacional. Assim ao proibir o recebimento de recursos
de associações estrangeiras, por consequência natural, evita-se qualquer tipo de submissão a
elas. Todavia, os partidos brasileiros desfrutam de liberdade plena para se filiarem as
correntes ideológicas internacionais.
O partido é obrigado a comprovar seu caráter nacional no momento do registro do
estatuto junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso isso não ocorra, fica impossibilitada
sua inscrição. Para ser considerado possuidor de caráter nacional, o partido político deve obter
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apoio de eleitores não filiados correspondentes a pelo menos, cinco décimos por cento dos
votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, votos brancos e nulos não
são computados. Essa aceitação também deve estar distribuída em pelo menos um terço, ou
mais, dos Estados, e em cada um deve haver apoimento de um décimo por cento dos eleitores
que tenham votado em cada um deles.
4 A VEDAÇÃO DAS COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS
Lei n° 9.096/1995 art. 29. “Por decisão de seus órgãos nacionais de deliberação, dois
ou mais partidos poderão fundir-se num só ou incorporar-se um ao outro.”
Antes de mais nada é necessário estar ciente sobre o conceito de Coligação, que é o
nome dado à união de dois ou mais partidos que apresentam simultaneamente seus candidatos
para determinada eleição. Nas eleições majoritárias (presidente da república, senadores,
governadores e prefeito), nas eleições proporcionais (vereadores, deputados estaduais,
distritais e federais), como se fosse tão somente um partido. Esta coligação deverá elaborar
um esboço comum de estatuto e programa.
A coligação precisa ter um nome e também precisa de um líder, uma espécie de
presidente que vai responder a eventuais questionamentos da justiça eleitoral se por ventura
eles acontecerem. Em coligações para a disputa de eleições majoritárias, considerada como
parte natural do processo político, os partidos integrantes elegem quem irá concorrer na chapa
aos cargos já mencionados, os outros partidos darão apoio, ficando então responsáveis pela
campanha que elegerá o candidato.
No entanto as coligações para disputa de eleições proporcionais representam uma
distorção do processo político-partidário. Em seu exercício são associações fugazes, movidas
tão somente por conveniências eleitorais e não por propósitos e objetivos que compõem um
programa de governo. Algumas dessas coligações surgem apenas com o intuito de aumentar o
tempo de propaganda eleitoral em rádio e televisão, já que esse tempo é proporcional ao
número de cadeiras que um dado partido tem na câmara federal, em toda a jurisdição. Por
esses motivos no dia 24/03/2015 o Plenário do Senado aprovou em segundo turno o fim das
coligações partidárias nas eleições proporcionais.
A respeito das coligações proporcionais, segundo Hermes Lima, citada por Bonavides
(2000, cap. 25), “uma das perversões mais audaciosas do sistema proporcional, pelas
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consequências que produzem, pela confusão que estabelecem e pelo cinismo das combinações
que possibilitam”.
5 CONCLUSÃO
Observa-se então, que apesar da existência de uma lei orgânica regente dos partidos
políticos, o cumprimento do que está disposto nesta por parte dos políticos deixa muito a
desejar. A começar pela defesa dos direitos fundamentais, no Brasil existem 32 partidos
representados, todos voltados apenas para a busca de poder político, isso sem mencionar a
corrupção gerada por detrás dessas agremiações.
Os partidos políticos criam seus estatutos, dirigem seus programas, estabelecem suas
sanções, usam dessa autonomia para fins adversos à vontade do povo e pouco se empenham
para resguardar os interesses do seu eleitorado. Dada a situação contemporânea isso leva a um
questionamento: não seria hora de uma reforma política no Brasil? É certo que os movimentos
que emanam a manifesto de uma nova democracia vêm para agregar o quão ela se faz
necessária. Ao se estudar a Lei n° 9.096/1995, conclui-se que o sistema político do Brasil se
encontra bastante defasado. Deveria ser cobrado na Lei, que ao estatuto dos partidos, fossem
aplicadas penas severas (internas, pois já existem outros dispositivos legais para punição nas
esferas civis e penais), para aqueles políticos que comprovadamente utilizarem de seus cargos
a fim de aferir vantagens indevidas.
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REFERÊNCIAS
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000, capítulo 25.
BRASIL. Lei n° 9.096, de 19 de setembro de 1995. Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os arts. 17 e 14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
MEZZAROBA, Orides. Introdução ao Direito Partidário Brasileiro. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2002, p.279.
SANTOS, Rosicler R.. Fidelidade e Disciplina Partidária. Universo Jurídico, Juiz de Fora, ano XI, 22 de out. de 2007. Disponível em: < http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/4434/fidelidade_e_disciplina_partidaria >. Acesso em: 08 de jun. de 2015.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2014, p.407.