12
LEI MENINO BERNARDO: é possível educar sem violência? Rubiana Rodrigues da Silva 1 Keila Pinna Valensuela (Orientadora) 2 RESUMO: A Lei nº 13.010 de 26 de junho de 2014, conhecida como a Lei Menino Bernardo, que alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente coibindo o uso de castigos físicos e de tratamento cruel ou degradante como formas de pais e/ou responsáveis educar seus filhos gerou discussões nos meios sociais, profissionais e na mídia sobre os limites da intervenção do Estado na vida privada, sobretudo no contexto familiar. Este artigo objetiva compreender as contribuições desta Lei para o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes. Para analisar o tema adotamos a pesquisa qualitativa, abordagem exploratória, revisão bibliográfica e documental. Palavras-chave: Lei Menino Bernardo. Violência infantojuvenil. Família. ABSTRACT: Law No. 13,010 of June 26, 2014, known as the "Menino Bernardo" Law, which amended the Statute of the Child and Adolescent by curbing the use of physical punishment and cruel or degrading treatment as forms of parents and / or guardians to educate their children Generated discussions in social, professional and media circles about the limits of state intervention in private life, especially in the family context. This article aims to understand the contributions of this Law to the fight against violence against children and adolescents. To analyze the theme we adopted the qualitative research, exploratory approach, bibliographical and documentary review. Keywords: Lei Menino Bernardo. Child and Youth Violence. Family. I. INTRODUÇÃO A Lei Menino Bernardo faz referência ao caso que aconteceu em Três Passos/RS e que repercutiu em por todo o território nacional e além dele. O nome atribuído a Lei nº 13.010/2014 é uma homenagem ao menino Bernardo Boldrini, morto em abril do mesmo ano, aos onze anos, pelo pai, madrasta e uma amiga da família. 1 Graduanda em Serviço Social pela Universidade Estadual do Paraná, UNESPAR Campus Paranavaí. E-mail: [email protected] 2 Doutoranda em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina - UEL. Docente do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Paraná, UNESPAR Campus Paranavaí. E-mail: [email protected]

LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

  • Upload
    dinhnhu

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

LEI MENINO BERNARDO: é possível educar sem violência?

Rubiana Rodrigues da Silva1

Keila Pinna Valensuela (Orientadora)2

RESUMO: A Lei nº 13.010 de 26 de junho de 2014, conhecida como a Lei Menino Bernardo, que alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente coibindo o uso de castigos físicos e de tratamento cruel ou degradante como formas de pais e/ou responsáveis educar seus filhos gerou discussões nos meios sociais, profissionais e na mídia sobre os limites da intervenção do Estado na vida privada, sobretudo no contexto familiar. Este artigo objetiva compreender as contribuições desta Lei para o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes. Para analisar o tema adotamos a pesquisa qualitativa, abordagem exploratória, revisão bibliográfica e documental. Palavras-chave: Lei Menino Bernardo. Violência infantojuvenil. Família. ABSTRACT: Law No. 13,010 of June 26, 2014, known as the "Menino Bernardo" Law, which amended the Statute of the Child and Adolescent by curbing the use of physical punishment and cruel or degrading treatment as forms of parents and / or guardians to educate their children Generated discussions in social, professional and media circles about the limits of state intervention in private life, especially in the family context. This article aims to understand the contributions of this Law to the fight against violence against children and adolescents. To analyze the theme we adopted the qualitative research, exploratory approach, bibliographical and documentary review. Keywords: Lei Menino Bernardo. Child and Youth Violence. Family.

I. INTRODUÇÃO

A Lei Menino Bernardo faz referência ao caso que aconteceu em Três

Passos/RS e que repercutiu em por todo o território nacional e além dele. O nome atribuído

a Lei nº 13.010/2014 é uma homenagem ao menino Bernardo Boldrini, morto em abril do

mesmo ano, aos onze anos, pelo pai, madrasta e uma amiga da família.

1 Graduanda em Serviço Social pela Universidade Estadual do Paraná, UNESPAR Campus Paranavaí. E-mail: [email protected] 2 Doutoranda em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina - UEL. Docente do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Paraná, UNESPAR Campus Paranavaí. E-mail: [email protected]

Page 2: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

Mas este é apenas um entre os milhares casos de violência doméstica e

intrafamiliar que historicamente vivenciamos em toda parte do mundo, em lugares e culturas

diversas, sem distinção de classe, etnia, gênero, opção ideo-política e credo, embora estes

fatores sejam extremamente significativos para entender o fenômeno da violência em suas

múltiplas manifestações, partindo da concepção que a violência é intrínseca à história da

humanidade, culturalmente aceita, naturalizada e reproduzida na sociedade, para

manutenção do status quo.

E a violência no Brasil pode ser considerada como um fenômeno histórico,

desde o processo de colonização, sendo reforçada pela escravidão, pelo mando dos

coronéis, pela sociedade patriarcal e conservadora, onde a disciplina e o poder eram

estabelecidos pela força e autoritarismo, ainda tão presentes nos tempos atuais.

Especificamente, a Lei em questão traz um novo olhar sobre o processo

educativo e de cuidados para área infantojuvenil, fomentando discussões, muitas vezes

contraditórias, por parte de especialistas, legisladores, família, Igreja e demais grupos

sociais.

A Lei nº 13.010/2014, conhecida como a Lei Menino Bernardo, trouxe um amplo

debate sobre a educação de filhos sem o uso de violência. A conduta abusiva praticada por

pais e/ou responsáveis contra filhos(as) na condição de crianças e adolescentes são, em

geral, justificadas como medidas educativas utilizadas como meio de correção. Mas a

grande questão é: seria essa a melhor maneira de educar?

Portanto, torna-se relevante conhecer esta lei, a partir das indagações que a

permearam enquanto ainda era projeto de lei tramitando no Senado durante anos até vir a

ser aprovada em 2014. Buscando assim, verificar o que o novo aparato legal prevê de

políticas públicas para que sejam coibidos o uso de castigo físico ou tratamento cruel e

degradante contra crianças e adolescentes, bem como apontar caminhos de educar sem o

uso de violência, quebrando paradigmas.

Essa Lei, desde sua gênese tem provocado certo “incômodo”, gerando

polêmicas em torno da educação sem violência, pois existiam (e ainda existem) argumentos

desfavoráveis à lei sob o pretexto de que a mesma estaria intervindo demasiadamente no

âmbito familiar, na medida em que o Estado influencia na forma de criação das crianças e

adolescentes ao estabelecer políticas públicas de proteção e medidas de coibição de

determinadas maneiras de violência no processo educativo, cometido, sobretudo, por

familiares e agregados, instituindo “limites” para o âmbito privado e assim colocando em

xeque o poder familiar.

As ações para aplicação desta lei, no entanto, seguindo a esteira das bases

colocadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/1990, institui como

Page 3: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

necessária a articulação do Estado, comunidade e família na elaboração de políticas

públicas de proteção e garantia dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes,

conforme texto já expresso na Constituição Federal de 1988.

Todavia, o redesenho da política social brasileira, como aponta Mioto (2009),

efetuado especialmente a partir da contrarreforma do Estado nos anos de 1990 colocou em

pauta as conquistas efetuadas com a Constituição Federal de 1988 e reforçou processos

altamente naturalizados no contexto da sociedade brasileira referentes a proteção social.

II. A FAMÍLIA, VIOLÊNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA INFANTOJUVENIL

É recorrente a prática de violência perpetrada contra criança e adolescente nas

famílias brasileiras, razão pela qual se faz necessária a implementação de políticas públicas

de prevenção e enfrentamento às condutas violentas, buscando garantir e promover o

respeito e a dignidade no contexto familiar.

As políticas públicas e as famílias são interligadas por inúmeras dimensões no

que tange ao papel social desempenhado por ambas. Neste contexto, discutiremos a

relevância da família, tida como do âmbito privado, para a esfera pública, lócus das políticas

públicas.

Para Ferreira (2002), a primeira dimensão diz respeito ao fato de que o exercício

vital das famílias é semelhante às funções das políticas sociais: ambas visam dar conta da

reprodução e da proteção social dos grupos que estão sob sua tutela. Se, nas comunidades

tradicionais, a família se ocupava quase exclusivamente dessas funções, nas comunidades

contemporâneas elas são compartilhadas com o Estado pela via das políticas públicas.

O Estado e a família desempenham papeis similares, em seus respectivos âmbitos de atuação: regulam, normatizam, impõem direitos de propriedade, poder e deveres de proteção e assistência. Tanto família quanto Estado funcionam de modo similar, como filtros redistribuitivos de bem-estar, trabalho e recursos (SOUZA, 2000, p.18 apud CARVALHO, 2006, p. 268).

Pode-se dizer que família e políticas públicas têm funções correlatas e

imprescindíveis ao desenvolvimento e a proteção social dos indivíduos e grupos,

principalmente no contexto do Estado de Bem Estar Social, também conhecido por Welfare

State: “[...] o Welfare State não pode ser compreendido apenas em termos de direitos e

garantias. Também precisamos considerar de que forma as atividades estatais se

entrelaçam com o papel do mercado e da família em termos de provisão social” (ESPING-

ANDERSEN, 1991, on line).

Sendo assim, as famílias vêm sendo cada vez mais chamadas a responder pela

provisão de bem-estar. “E neste contexto é que se instaura o debate sobre os processos de

Page 4: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

responsabilização da família no campo da política social” (MIOTO; DAL PRÁ, 2015, p. 148).

Isso corresponde a uma menor provisão de bem-estar por parte do Estado, sobretudo após

a década de 1990 com a expansão do neoliberalismo.

Segunda a autora, adota-se, nesta perspectiva, um regime denominado familiarista

no qual a família é a principal provedora da proteção social em detrimento de outro regime,

“aquele vinculado à social-democrata que, através de uma ampla oferta de serviços públicos

de caráter universal, buscam amenizar antecipadamente os custos enfrentados pelas

famílias” (MIOTO; DAL PRÁ, 2015, p. 148).

Observa-se, todavia, que grande parte das famílias brasileiras são atingidas

diretamente pela ineficácia ou inexistência de políticas públicas. Mioto e Dal Prá (2015)

ressaltam que as políticas sociais, embora necessárias, são problemáticas considerando o

conjunto e a complexidade das relações dentro das quais são definidas, em face às

transformações do próprio capitalismo.

No que tange a má distribuição de riquezas, acaba aumentando a proporção de

desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000)

ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade. Fatores estes que resistem e perpetuam

uma ordem social que deve ser radicalmente questionada quanto às suas condições

históricas de produção e reprodução, quanto aos efeitos devastadores que produzem na

vida de centenas de milhares de pessoas e também quanto aos seus efeitos simbólicos.

Ainda na concepção da autora, é fundamental ter em mente que tais expressões

sociais destroem não só as famílias, mas toda a sociedade. Sendo assim, não se pode diluir

a responsabilidade coletiva de proteção social para a responsabilidade individual, ou melhor

dizendo, responsabilidade familiar, como aponta Mioto (2009, p. 139):

[...] a crise do Estado de Bem Estar implicou na adoção de uma “solução familiar” para a proteção social, quando se caminhou para a redução da dependência em relação aos serviços públicos e para a “descoberta” da autonomia familiar enquanto possibilidade de resolver seus problemas e atender suas necessidades.

Nas últimas décadas, alerta a autora supracitada, se assiste ao retrocesso no

âmbito da proteção social da garantia dos direitos sociais acompanhado do recrudescimento

da ideia da família como ator fundamental na provisão do bem-estar.

A promoção e apoio às famílias, sobretudo àquelas vulneráveis, de forma efetiva

através de políticas sociais universais, é uma questão fundamental, mas este dispositivo não

pode ser usado para justificar a esvaziamento do Estado.

Para Guareschi (2000), o reconhecimento das famílias, como foco de políticas

públicas nos últimos tempos, constitui fator decisivo para atingir objetivos prioritários do

desenvolvimento humano, tais como a minimização da pobreza, o acesso à educação,

Page 5: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

saúde, alimentação, moradia e proteção integral as suas crianças e adolescentes. Neste

contexto, a violência contra crianças e adolescentes tem-se tornado prioridade de atenção

do poder público e da sociedade civil brasileira.

Entendida enquanto um fenômeno social complexo e multicausal demandam um

enfrentamento que mobilize ações de diferentes dimensões, principalmente as de caráter

político, administrativo e legal. “A compreensão deste fenômeno demanda que o insiramos

num contexto histórico-social marcado por uma realidade de violência endêmica e de

profundas raízes culturais” (TAQUETTE, 2007, p. 267).

O enfrentamento da violência contra criança e adolescente tem ganhado impulso no

Brasil. Desde a década de 1980, esse fenômeno passou a ser visto como uma questão

relacionada à luta nacional e internacional pelos direitos humanos de crianças e

adolescentes preconizados tanto na Convenção Internacional dos Direitos da Criança

(1989), como na Constituição Federal Brasileira (1988) e no ECA - Estatuto da Criança e do

Adolescente (Lei nº. 8.069/1990). Nesta esteira, temos a Lei nº 13.010/2014.

III. A LEI MENINO BERNARDO EM PAUTA

Durante o processo de tramitação da Lei nº 13.010/2014 foi colocado em xeque

toda a posição educacional das famílias brasileiras, no que diz respeito à intervenção do

Estado nas relações familiares, bem como o poder familiar exercido pelos

genitores/responsáveis legais, fez com que a população se dividisse em dois grandes

grupos: aqueles que eram favoráveis e aqueles que eram contra a criação da lei.

No início, a Lei Menino Bernardo foi chamada de “Lei da Palmada”. A medida,

apoiada por especialistas como juristas, psicólogos e educadores, colocou a arraigada

cultura do “castigo pedagógico” em questão e rapidamente se tornou alvo de discussões

midiáticas que anunciavam o fim da “palmada”, acirrando a polêmica intrínseca ao tema e

originando o apelido então atrelado à lei e presente durante todo o processo de tensa

discussão do seu conteúdo.

Ao contrário do que fora inicialmente veiculado pelo senso comum e por alguns

meios de comunicação, ainda com poucas informações sobre a lei, o propósito da mesma

revela-se pedagógico, trazendo um arsenal de medidas a serem aplicadas de acordo com a

gravidade do caso concreto.

A relevância principal daqueles que se posicionam a favor da Lei Menino Bernardo

é a proteção à criança, sejam quais forem os traços culturais da família ou seus interesses

particulares.

Page 6: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

Quanto ao argumento utilizado por aqueles que se posicionaram contra a Lei

Menino Bernardo é que o ECA já regulamenta sobre a proteção e a integridade física das

crianças e adolescentes, sendo assim, a nova Lei não forneceria qualquer efeito novo ao

que já existia. Diante de tal controvérsia, o projeto de lei tramitou durante 10 anos, passando

por mudanças em seu texto.

Finalmente promulgada pela Presidente da República Dilma Rousseff em 26 de

junho de 2014, a Lei nº. 13.010 alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu art.

13, bem como inseriu os art. 18-A, 18-B e 70-A, estabelecendo que as crianças e os

adolescentes têm o direito de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou

de tratamento cruel e degradante.

A Lei inibe qualquer tipo de violência. Sendo assim, torna-se notório que as

crianças e os adolescentes devem ser educados sem o uso da violência, garantindo a sua

integridade física e mental, tratando-se de um dever legal imposto a todos os responsáveis

pela educação dispensada aos mesmos nos diversos meios sociais.

Estabelece ainda que todas as pessoas responsáveis pela educação da criança e

do adolescente, seja ela da família natural, ampliada ou substituta, que praticarem qualquer

tipo de violência contra os mesmos, serão penalizadas com sanções cabíveis e medidas

aplicadas de acordo com a gravidade do caso.

A Lei Menino Bernardo traz à tona uma discussão a respeito da concepção de

família na contemporaneidade, apontando arranjos familiares legalmente reconhecidos que

vão além dos laços consanguíneos, priorizando os vínculos de afinidade e afetividade.

Aos pais ou responsáveis e demais integrantes da família, ou toda e qualquer

pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, competem aos mesmos

protegê-los de todo ato de violência psicológica ou física. Caso contrário, estes deverão ser

responsabilizados nos termos da lei.

Segundo a Lei, o Conselho Tutelar, “sem prejuízo de outras providências legais”,

deverá aplicar as seguintes medidas aos pais e/ou responsáveis que fizerem uso de castigo

físico ou tratamento cruel e degradante a criança e ao adolescente:

Neste sentido, poderão ser aplicadas advertências, serem os pais encaminhados para programas de orientação familiar, para tratamentos psicológicos ou psiquiátricos ou programas de proteção à família, ressaltando-se aqui a importância da atuação de alguns agentes, como os da área de saúde, de educação, de assistência social e servidores públicos, que possuem a obrigação de comunicar ao Conselho Tutelar e/ou autoridades competentes os casos de violência, estando sujeitos, em caso de omissão, a aplicação de multa entre 3 e 20 salários mínimos. (BRASIL, 2014, p. 08)

Em que pese à previsão do dever coletivo, cabe primordialmente aos pais ou

àqueles que detêm a guarda do infante o múnus de zelar pela integridade, pois são os

Page 7: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

responsáveis legais, nos exatos termos do previsto no art. 21 do ECA (1990) e no art. 1634

do Código Civil (2002). O poder público e a sociedade apenas serão chamados a agir

quando evidenciada alguma situação de risco e necessidade de adoção de medidas de

proteção.

Antes da Lei nº 13.010/2014, as medidas a serem adotadas quando houvesse

castigo físico ou tratamento cruel e degradante estavam previstas no art. 101 do ECA

(1990), e poderiam ser adotadas, nos termos do art. 98 do mesmo diploma, quando

detectada a omissão ou abuso dos pais e/ou responsáveis.

Isto posto, aplicam-se as medidas de proteção ocorrendo ameaça ou violação dos

direitos da criança e do adolescente, por ação ou omissão da sociedade ou do Estado,

omissão ou abuso dos pais ou responsáveis.

Nestes termos, a família é o primeiro responsável por assegurar a efetivação dos

direitos da criança e do adolescente. Sendo assim, Cavalcante (2005, p.52) afirma que, “não

houve uma ‘invasão’ do Estado em assuntos familiares por meio da Lei, essa é a opinião da

esmagadora maioria dos infancistas sobre o tema”.

A Lei atribuiu a proteção social da criança e do adolescente, concomitantemente, à

família, Estado e sociedade. Segundo o art. 227 da Constituição Federal de 1988:

É dever, não apenas da família, mas também da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à dignidade e ao respeito, além de colocá-los a salvo de toda forma de violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988, p.348)

Partindo desse pressuposto, o art. 70-A contempla que a União, os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios também deverão atuar de forma articulada na elaboração de

políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de

tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e

de adolescentes.

O art. 70-A veio acrescer conteúdo acerca de políticas públicas voltadas para a

erradicação da violência na educação de crianças e adolescentes por meio de campanhas

educativas, medidas conjuntas entre o poder público e outras instituições, cursos de

formação a profissionais do ramo, desenvolvimento de ações voltadas para garantias e

prerrogativas infantis, dentre outras.

Portanto, o controle e a efetivação dos direitos para este segmento social

pressupõem políticas públicas articuladas intersetorialmente, gestão compartilhada e

sistemas integrais de serviços direcionadas à população geograficamente referenciada.

Por meio da Lei nº. 13.010/2014, o legislador veio “relembrar”, de forma educativa e

com a previsão de intensas políticas públicas, a vedação ao comportamento abusivo e

violento de pais e/ou responsáveis por crianças e adolescentes.

Page 8: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

O grande mérito [desta lei] é reconhecer que a violência (dita punição corporal), em qualquer das suas formas, não constitui ação pedagógica, sabido que, além de eventual aflição física, ocasiona efeitos psicológicos nocivos ao desenvolvimento mental da criança ou do adolescente. [...] Não raro, a agressão, ainda que eventualmente moderada, representa o desafogar de frustrações e irritações diárias, falta de paciência, estando longe de constituir uma necessidade educativa. Entende-se duvidosa a postura de quem sustenta que a imposição de regras e limites precisa ocorrer pela palmada, o beliscão, a chinelada, o tilintar da cinta. (SANTOS, 2016, p. 38).

Nestes termos, a Lei Menino Bernardo promove principalmente a discussão do que

seria violência moderada e imoderada, a partir da violência física ou psicológica. Desse

modo, a “palmada” dada em uma criança, mesmo que não cause lesão corporal, poderá ser

considerada “castigo físico” uma vez que gera sofrimento físico.

Costa Filho (2016, p. 09) complementa:

Ninguém desconhece que existem formas mais positivas de disciplina muito mais eficazes do que a palmada, ainda que aplicada com a maior moderação. Entretanto, bem mais eficiente e razoável seria promover amplas campanhas educativas, de sorte a ensinar os pais ou responsáveis a expressar suas emoções negativas, em relação às crianças, de forma adequada e benéfica ao desenvolvimento delas.

A Lei Menino Bernardo, apresenta-se como outra “legislação simbólica”, uma vez

que, como afirma Nogueira (1995, p.09), “todos somos violentos, todos nós temos um

instinto de violência adormecido, assim como todos se queixam da violência do próximo e

poucos procuram conter a sua própria”.

A Lei n° 13.010/2014 não prevê nenhum crime. Não traz nenhuma sanção penal.

Esse não era o seu objetivo. No entanto, a depender do caso concreto, o castigo físico

aplicado ou o tratamento cruel ou degradante empregado poderá configurar algum crime

previsto no Código Penal (1940) ou no ECA (1990).

A Lei n° 13.010/2014 também não prevê, de forma expressa, a perda ou suspensão

do poder familiar como sanção para o caso de castigo físico ou tratamento cruel ou

degradante. No entanto, isso é possível por meio de decisão judicial, se ficar provado que

houve extremo excesso por parte do pai ou da mãe na imposição da disciplina. O tema é

tratado pelo Código Civil (2002, p.276), art. 1.638: “Perderá por ato judicial o poder familiar o

pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente o filho”.

Como se afirmou, a Lei nº 13.010/2014, não é uma lei penal, mas uma lei

pedagógica e esclarecedora. Portanto, não acrescenta nenhuma inovação na legislação

penal além do que já está previsto. A lei é afirmativa e estabelece que:

A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante. E não só pelos pais, mas também pelos integrantes da família, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer

Page 9: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los, colocando-as afastadas de qualquer ação punitiva ou disciplinar em que haja o emprego de força física de que resulte sofrimento físico ou lesão. (BRASIL, 2014, p. 06)

Portanto, a Lei nº 13.010/2014 veio ratificar que o castigo físico que gera lesão

corporal contra criança e adolescente sempre foi punido, inclusive com a previsão de crime

previsto nos arts. 129 e 136 do Código Penal (1940). Cabe lembrar que em caso de crimes

sexuais existe uma regulamentação própria, prevista na Lei nº 12.015, de 7 de agosto de

2009, que reconhece os crimes sexuais como hediondos, sobretudo envolvendo crianças e

adolescente, com agravamento pena.

A Lei Menino Bernardo não trata da violência sexual, mas da violência física e

psicológica, que a lei reconhece como castigo físico e tratamento cruel ou degradante,

respectivamente.

Culturalmente a violência é reconhecida como uma medida disciplinar no processo

de educação de filhos. Para a Organização das Nações Unidas a prática de castigos físicos

na educação de crianças atinge quase que a totalidade no mundo, isto é, 80% das crianças

sofrem todos os anos alguma forma de violência, física ou psicológica, segundo a ONU

(2006). Por outro lado, contraditoriamente cerca de 90% dos pais acreditam que a violência

não seja necessária para garantir uma boa educação.

Em primeiro lugar, deve-se buscar entender qual a relação da criança para com os

pais e/ou responsáveis. Viver em um ambiente saudável é algo de extrema importância para

o desenvolvimento humano e, visando este aspecto, ensina com maior profundidade sobre o

assunto Cavalcante (2005, p. 03):

A criança tem no adulto um modelo a ser seguido. A relação com os familiares é a primeira relação do indivíduo com o mundo. É nela que ele aprende as regras de convivência que norteiam a vida em sociedade. É a partir dela que a criança vai gradativamente construindo seus conceitos sobre o respeito ao outro, os limites, os direitos e deveres. É na família que o indivíduo começa a perceber a si mesmo e ao mundo que o cerca. Se ele encontra um ambiente de respeito e equilíbrio, tende a utilizar como paradigma ao longo de sua vida. Se, ao contrário, convive com adultos desequilibrados e violentos, muito provavelmente utilizará esse padrão para se relacionar com todos a sua volta. Geralmente filhos de pais violentos acabam repetindo a história de seus pais no futuro.

É importante neste aspecto, o processo de compreensão dos sujeitos envolvidos na

aplicação da lei. O papel dos Conselhos Tutelares é destacado neste processo, visto que

são eles os órgãos responsáveis, pela proximidade à comunidade e por sua função dentro

do sistema de garantia de direitos do Estatuto da Criança e do Adolescente, de receber as

denúncias pertinentes a uma educação abusiva dirigida às crianças e adolescentes, para

Page 10: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

isso, sua atuação deve ser coerente com os ditames da lei, bem como as discussões feitas

por especialistas acerca da temática.

IV. CONCLUSÃO

A Lei nº 13.010/2014 traz contribuições pedagógicas, psicossociais e jurídicas para

o enfrentamento da violência contra criança e adolescente, presentes no âmbito

sociofamiliar, instituindo medidas a serem aplicadas quando identificado o uso de castigos

físicos ou tratamento cruel e degradante cometidas por pais e/ou responsáveis e agregados.

Com o intuito de desvelar a Lei, reforça-se o reconhecimento e garantia de direitos

de crianças e adolescentes a serem educados sem o uso de violência como medida

educativa e disciplinar dentro das famílias, superando assim um costume arcaico,

naturalizado e reproduzido desde os primórdios da humanidade.

A violência é algo estrutural, complexo, amplo, polissêmico, controverso e

intrínseco a própria existência da civilização. No Brasil, não é diferente, à medida que tem

particularidades de base conservadora que até hoje permeiam as relações sociais.

Tais métodos são culturalmente aceitos em nossa sociedade, o que se revela

acentuado pela demora e dificuldade na aprovação da Lei. Na condição de projeto de lei,

permaneceu em tramitação por dez anos por conta de resistência de grupos sociais que

julgavam a lei como interferência inapropriada do Estado na criação dos filhos, sendo

entendida como ameaça a família e aos princípios morais e cristãos.

Tal visão equivocada da Lei, porém, não impediu sua aprovação, o que representou

um avanço no que tange a educação de filhos sem uso de violência. No Brasil, desde a

promulgação da Constituição Federal de 1988 presenciamos a apreciação da criança e do

adolescente enquanto sujeitos de direitos, com cuidados às suas privações e

individualidades.

Esta convicção foi ratificada com o Estatuto da Criança e do Adolescente. A partir

de 1990, o Brasil vem reunindo leis específicas para este segmento. Antes do Estatuto,

tinha-se uma perspectiva moralizadora das questões infantojuvenis.

Desde 1990, busca-se mudança de paradigma, o ECA passa a reconhecer crianças

e adolescentes como prioridade absoluta e estabelece que a família, o Estado e a sociedade

são responsáveis por protegê-los, garantindo o desenvolvimento físico, psicológico, moral e

social.

Em suma, conclui-se que em decorrência dos aspectos levantados acerca da

violência contra crianças e adolescentes, que mesmo diante de leis que asseguram seus

Page 11: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

direitos humanos, enquanto sujeitos em desenvolvimento, a violência ainda persiste na

contemporaneidade, é o que comprova o fatídico ocorrido com o Menino Bernardo.

Portanto, é possível dizer que mesmo com os avanços que já tivemos no que

concerne à proteção da criança e do adolescente, o Brasil ainda está aquém de ser um país

livre da violência contra a criança e o adolescente, apresentando índices alarmantes.

No intuito de quebrar esses paradigmas, a Lei Menino Bernardo veio para mostrar a

sociedade que não é mais possível educar crianças e adolescentes com o uso de violência.

Para tanto, a Lei traz em seu escopo medidas preventivas, educativas e administrativas,

aplicadas sobretudo pelo Conselho Tutelar, no propósito de reforçar o ECA, por meio de

uma educação livre de violência, utilizando-se de diálogo, o que é benéfico não somente a

própria criança e adolescente, mas também a família, Estado e sociedade em geral.

Ressalta-se que diferente de outras leis já existentes em torno da proteção de

crianças e adolescentes, a medidas sugeridas pela Lei Menino Bernardo usa de métodos no

intuito de restaurar o convívio familiar através de programas de proteção e tratamentos

voltados tanto para a vítima, quanto para o autor da violência.

Portanto, exige-se um investimento do poder público na implantação e

implementação de equipamentos públicos, bem como na contratação e qualificação de

profissionais para atuarem com este segmento social. Contudo, o que vivenciamos é a

precariedade das políticas sociais, escassez de equipe, serviços e espaços públicos

especializados, à medida que se avança a perspectiva neoliberal.

Diante desse contexto as famílias são chamadas a responder pelo bem-estar

daqueles que estão sob sua tutela, muitas vezes substituindo o papel das políticas sociais,

embora elas mesmas necessitem desta proteção, sobretudo, as famílias em situação de

vulnerabilidades, o que sobrecarrega as funções destas famílias, que diante de uma menor

provisão por parte do Estado, tem seu acesso aos bens e serviços sociais restringidos.

Ambos possuem funções correlatas, porém devem ser compartilhadas com toda a

sociedade conforme propõe o ordenamento jurídico brasileiro, em consonância com a

Doutrina da Proteção Integral, com vistas de coibir a violência contra crianças e

adolescentes.

Embora permeada de polêmicas e contradições, fica evidente que a Lei Menino

Bernardo é de suma importância. Todavia, constitui-se apenas em um instrumento

normativo que vem contribuir na proteção de crianças e adolescentes brasileiras. É preciso

investir na efetivação de políticas públicas e de pessoal qualificado que promovam uma

cultura de não violência.

REFERÊNCIAS

Page 12: LEI MENINO BERNARDO - joinpp.ufma.br · desigualdade, pobreza, miséria, fome, violência e exploração, o que para Guareschi (2000) ainda são fatores constitutivos da nossa sociedade

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2002. ______. Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1989). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D99710.htm. Acesso em: 22 ago. 2016. ______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 25 ago. 2016. ______. Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 22 mar. 2017. _______. Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009. Lei de Crimes Sexuais. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12015.htm. Acesso em: 22 mar. 2017. .______. Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014. Lei Menino Bernardo. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=2&data=27/06/2014 > Acesso em: 02 de Set. 2016. ______. Lei nº. 8.069, de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 10 abr. 2016. CAVALCANTI, S. V. S. F. A violência doméstica como violação dos direitos humanos. In: Revista Jus Navigandi, Teresina: [S.e.], 2005. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/7753>. Acesso em: 16 ago. 2016. CARVALHO, M. C. B. A família contemporânea em debate. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2006. ESPING-ANDERSEN, G. As Três Economias Políticas do Welfare State. In: Revista Lua Nova, nº 24, setembro de 1991. Disponível em: <

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451991000200006>. Acesso em: 06 de Mar. 2017. FERREIRA, K. M. M. Violência Doméstica Intrafamiliar contra crianças e adolescentes: nossa realidade. Recife: EDUPE, 2002. GUARESCHI, N. Violência, gênero e políticas públicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000. MIOTO, Regina Célia Tamaso. Família e políticas sociais. In: BOSCHETTI, Ivanete (Orgs.). Política Social no Capitalismo: Tendências Contemporâneas. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 130-148. MIOTO, Regina Célia Tamaso; DAL PRÁ, Keli Regina. Serviços sociais e responsabilização da família: contradições da Política Social brasileira. In: MIOTO, Regina Célia Tamaso; CAMPOS, Marta Silva; CARLOTO, Cássia Maria. Famililismo, direitos e cidadania: contradições da política social. São Paulo: Cortez, 2015. p. 147-178. NOGUEIRA. Paulo Lúcio. Em defesa da vida. São Paulo: Saraiva, 1995. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU (2006) Relatório mundial sobre violência contra a criança. Disponível em: < http://www.equidadeparaainfancia.org/relatorio-mundial-sobre-a-violencia-contra-as-criancas/> Acesso em: 17 Ago 2016. SANTOS, Maria Ignez Franco. Proibição das Palmadas Pedagógicas: posição favorável. Jornal Carta Forense Online. Disponível em: < http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/proibicao-das-palmadas-pedagogicas-posicao-favoravel/5965>. Acesso em: 22.06.2016. TAQUETTE, S. R. (Org.) Mulher Adolescente/Jovem em Situação de Violência. Propostas de intervenção para o setor saúde. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2007.