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1 LEI N° 9.433/97 Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos PROFA. CÍNTIA SCHMIDT CAMPOS ESCRITÓRIOS ASSOCIADOS ESPECIALISTA EM DIREITO AMBIENTAL PELA UFRGS COORDENADORA DO XX GEDA DA PUCRS MESTRANDA EM DIREITO PELA PUCRS Escola Superior Verbo Escola Superior Verbo Jurídico Jurídico Pós Pós-Graduação em Direito Ambiental Graduação em Direito Ambiental

LEI N° 9.433/97 Lei da Política Nacional de Recursos Hídricosaulas.verbojuridico3.com/Pos_ambiental/Direito_Ambiental_Cintia... · Público os direitos dos seguintes usos de recursos

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LEI N° 9.433/97Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos

PROFA. CÍNTIA SCHMIDTCAMPOS ESCRITÓRIOS ASSOCIADOS

ESPECIALISTA EM DIREITO AMBIENTAL PELA UFRGSCOORDENADORA DO XX GEDA DA PUCRS

MESTRANDA EM DIREITO PELA PUCRS

Escola Superior Verbo Escola Superior Verbo JurídicoJurídicoPósPós--Graduação em Direito AmbientalGraduação em Direito Ambiental

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Institui a Política Nacional deRecursos Hídricos, cria o SistemaNacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos, regulamenta oinciso XIX do art. 21 daConstituição Federal, e altera o art.1º da Lei nº 8.001, de 13 de marçode 1990, que modificou a Lei nº7.990, de 28 de dezembro de 1989.

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Art. 1º A Política Nacional de RecursosHídricos baseia-se nos seguintesfundamentos:I - a água é um bem de domíniopúblico;II - a água é um recurso naturallimitado, dotado de valor econômico;III - em situações de escassez, o usoprioritário dos recursos hídricos é oconsumo humano e a dessedentaçãode animais;

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IV - a gestão dos recursos hídricosdeve sempre proporcionar o usomúltiplo das águas;V - a bacia hidrográfica é a unidadeterritorial para implementação daPolítica Nacional de Recursos Hídricose atuação do Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos;VI - a gestão dos recursos hídricosdeve ser descentralizada e contar coma participação do Poder Público, dosusuários e das comunidades.

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Normas anteriores sobre osrecursos hídricos:-Código Civil de 1916;-Código de Águas (Dec. 24.643/34);-Constituições brasileiras;-resoluções do CONAMA.

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O Código de Águas por meio doDecreto 24.643, foi o primeirodiploma legal que criouinstrumentos destinados à gestãodos recursos hídricos. Todavia, osdispositivos legais não foramregulamentados e consequentementeos instrumentos não foramimplementados.

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Desde a promulgação da CF/88inexiste no Brasil a propriedadeprivada de recursos naturais. Nestesentido, a Lei 9.433/97, não sóratificou o dispositivo constitucionalcomo estabeleceu a publicizaçãodas águas como um dos seusfundamentos, ao teor do artigo 1º, I.

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A CF/88 já havia classificado aágua e os demais recursos naturaisexistentes no território nacional,como BENS DE USO COMUM DOPOVO, posto que, essenciais à sadiaqualidade de vida.

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O domínio público da água nãotransforma o Poder Público Federale Estadual em proprietário da água,mas o torna gestor desse bem, nointeresse de todos. (MACHADO(2010, p. 457)

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MACHADO ainda coloca que:o uso da água não pode ser apropriadopor uma só pessoa, física ou jurídica,com exclusão absoluta dos outrosusuários em potencial; o uso da águanão pode significar a poluição ouagressão desse bem; o uso da não podeesgotar o próprio bem utilizado; e aconcessão ou a autorização (ou qualquertipo de outorga) do uso da água deve sermotivada ou fundamentada pelo gestorpúblico.

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O Brasil possui aproximadamente12% da água doce disponível, emnível mundial e 53% da água docedo continente Sul Americano.Mesmo assim, apresenta sériosproblemas de baixa disponibilidadede água em alguns estados, quaissejam: Pernambuco, D. Federal,Paraíba, Sergipe, Alagoas e RioGrande do Norte.

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Tendo em vista a escassez em nívelmundial, a água tornou-se RECURSONATURAL DOTADO DE VALORECONÔMICO, portanto, passível decobrança. A valorização econômica daágua deve levar em conta o preço daconservação, da recuperação e da melhordistribuição desse bem. A cobrançaobjetiva reconhecer a água como um bemeconômico e dar ao usuário uma indicaçãode seu real valor, conforme dispõe o artigo19, I, da Lei 9.433/97.

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Embora a utilização da água seja objeto decobrança, a Lei isenta de pagamentodeterminados usuários, ou seja: pequenosnúcleos rurais, derivações, captações eacumulações de água e ainda lançamentode efluentes considerados insignificantes, deacordo com o artigo 12, § 1º. A utilização deágua para satisfazer as necessidadesbásicas da vida, ou melhor, dessedentação,higiene e cozimento dos alimentos também éisenta de pagamento, desde que, a pessoavá abastecer-se diretamente à fonte.

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Em decorrência, um dos pilares daPNRH é a GESTÃO DOSRECURSOS HÍDRICOS VISANDOOS USOS MÚLTIPLOS, ou seja, usourbano, industrial, geração deenergia elétrica, navegação, lazer eirrigação. Ao contrário da PNRH, oCódigo de Águas conferia prioridadeà produção energética emdetrimento dos demais usos.

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O Poder Público é responsável pelaconcessão de outorgas estandoproibido de conceder outorgas quefavoreçam um uso em detrimento dosdemais. As outorgas concedidas emoposição ao interesse público estãosujeitas à anulação ou administrativa,pois ofendem o princípio da gestãovisando os usos múltiplos adotadopela PNRH.

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Em casos de escassez, o CONSUMOHUMANO E A DESSEDENTAÇÃO DEANIMAIS DEVEM SER PRIORIZADOS.Entende-se por consumo humano asatisfação das primeiras necessidades davida, tais como: água para beber(dessedentação), preparo de alimentos ehigienização. Presente a escassez, cumpreao órgão público responsável pela outorgados direitos de uso da água, suspenderparcial ou totalmente as outorgas queprejudiquem o consumo humano e adessedentação de animais, de acordo como artigo15, V, da Lei 9.433/97.

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O Brasil seguiu a tendência mundialadotando a BACIA HIDROGRÁFICACOMO UNIDADE DE PLANEJAMENTO EIMPLANTAÇÃO DA PNRH. Assim sendo agestão terá como âmbito territorial a baciahidrográfica e não as fronteirasadministrativas e políticas dos entesfederados. Entende-se por baciahidrográfica "uma área de drenagem deum curso d’água ou lago" (GRANZIERA,2003,p. 35). Hodiernamente, a maioria daspolíticas públicas ambientais adota abacia hidrográfica como unidade territorialde planejamento e implantação.

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Para o sucesso de uma políticahídrica ou de qualquer políticaambiental é imprescindível aparticipação popular. Assim sendo,a PNRH adotou como um de seusfundamentos a GESTÃODESCENTRALIZADA EPARTICIPATIVA.

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A gestão é descentralizada porquerealizada em nível de baciahidrográfica, através dos comitês debacia, ou seja, a gestão não érealizada em nível estadual oufederal. É participativa, posto que aLei prevê que a gestão não serealizará somente por órgãospúblicos, mas também pelosusuários e organizações civis.

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O artigo 39, da Lei 9.433/97, que disciplina acomposição dos comitês prescreve que oscomitês de bacia hidrográfica são compostospor representantes:I- da União;II- dos Estados e do Distrito Federal cujosterritórios se situem, ainda que parcialmente,em suas respectivas áreas de atuação;III- dos Municípios situados, no todo ou emparte, em sua área de atuação;IV- dos usuários das águas de sua área deatuação;V- das entidades civis com atuaçãocomprovada na bacia.

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Segundo a Resolução CNRH 05/00,em seu artigo 14 e incisos, osusuários dos recursos hídricos são:Os setores de abastecimento urbano,inclusive diluição dos efluentesurbanos; indústria, captação ediluição de efluentes industriais;irrigação e uso agropecuário;hidroeletricidade; hidroviário; pesca,turismo, lazer e outros usos nãoconsuntivos.

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Para Machado são usuários os que seenquadram no artigo 12 e incisos, comotambém os do §1º desse artigo.Estão sujeitos a outorga pelo PoderPúblico os direitos dos seguintes usos derecursos hídricos:I – derivação ou captação de parcela daágua existente em um corpo de água paraconsumo final, inclusive abastecimentopúblico, ou insumo de processo produtivo;II - extração de água de aqüíferosubterrâneo para consumo final ouinsumo de processo produtivo;

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III - lançamento em corpo de água deesgotos e demais resíduos líquidos ougasosos, tratados ou não, com o fim desua diluição, transporte ou disposiçãofinal;IV – aproveitamento dos potenciaishidrelétricos;V - outros usos que alterem o regime, aquantidade ou a qualidade da águaexistente em um corpo de água;

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§ 1º - Independem de outorga peloPoder Público, conforme definido emregulamento:I – o uso de recursos hídricos para asatisfação das necessidades depequenos núcleos populacionais,distribuídos no meio rural;II – as derivações, captações elançamentos consideradosinsignificantes;III – as acumulações de volumes deágua consideradas insignificantes.

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Constituem organizações civis para osefeitos da lei 9.433/97, ao teor do artigo47:I- consórcios e associaçõesintermunicipais de bacias hidrográficas;II- associações regionais, locais ousetoriais de usuários de recursoshídricos;III- organizações técnicas e de ensino epesquisa com interesse na área derecursos hídricos;

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IV- organizações não-governamentais com objetivos dedefesa de interesses difusos ecoletivos da sociedade;V- outras organizaçõesreconhecidas pelo ConselhoNacional ou pelos ConselhosEstaduais de Recursos Hídricos.

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Os comitês são órgãos colegiadoscom atribuições normativas,deliberativas e consultivas a seremexercidas na bacia hidrográfica desua jurisdição. As suas principaisatribuições, conforme o artigo 37,da Lei 9.433/97, e artigo 7º, daResolução CNRH 05/00, são:

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Promover o debate das questõesrelacionadas a recursos hídricos earticular a atuação da entidadesintervenientes; arbitrar em primeirainstância os conflitos relacionadosaos recursos hídricos, aprovar eacompanhar a execução do plano derecursos hídricos da bacia,estabelecer mecanismos de cobrançae sugerir os valores a seremcobrados, dentre outras.

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Os comitês de bacia não têmpersonalidade jurídica. Apersonalidade jurídica é a aptidãogenérica para adquirir direitos econtrair obrigações, ou seja, oscomitês não podem adquirir direitos econtrair obrigações. Assim sendo, aslegislações hídricas criaram a figuradas Agências de Água ou tambémdenominadas de Agências de Bacia.

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Compete aos comitês a tarefanormativa – legislativa, enquantoque as agências de águas exercem afunção executiva que consiste emexecutar a cobrança pelo uso dosrecursos hídricos e fornecer apoiotécnico, financeiro e administrativo.De acordo com a Lei 9.433/97,artigo 44, suas principaisatribuições são:

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Efetuar a cobrança pelo uso dos recursoshídricos; analisar e emitir pareceres sobreos projetos e obras a serem financiadoscom recursos gerados pela cobrança pelouso de Recursos Hídricos e encaminhá-losà instituição financeira responsável pelaadministração destes recursos;acompanhar a administração financeirados recursos arrecadados; elaborar oplano de recursos hídricos e a propostaorçamentária submetendo-os a apreciaçãodo comitê, propor o enquadramento doscorpos de água nas classes de uso.

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Artigo 2º - São objetivos da PNRH:I - assegurar à atual e às futuras geraçõesa necessária disponibilidade de água, empadrões de qualidade adequados aosrespectivos usos;II- a utilização racional e integrada dosrecursos hídricos, incluindo o transporteaquaviário, com vistas ao desenvolvimentosustentável;III- a prevenção e a defesa contra eventoshidrológicos críticos de origem natural oudecorrentes do uso inadequado dosrecursos naturais.

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Almejando a SUSTENTABILIDADEHÍDRICA, a referida Lei, ao teor doartigo 2º, incisos I e II, tornouimprescindível a obtenção de outorga.A outorga somente será concedidapelo poder público aos usuários se autilização almejada for compatível como plano da bacia hidrográfica.Portanto, a outorga é um importanteinstrumento de planejamento,monitoramento e fiscalização dosrecursos hídricos.

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Outro objetivo da PNRH é aPREVENÇÃO E DEFESA CONTRA OSEVENTOS HIDROLÓGICOSNOCIVOS, tais como: inundações,enchentes e desmoronamentos.Grande parte destes eventos sãoprevisíveis e evitáveis, pois sãodecorrentes da ação humana:ocupação desordenada do solo,poluição e devastação da mata ciliar.

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A PNRH em seu artigo 3º, coloca asdiretrizes gerais de ação da gestãohídrica que têm por finalidadeINTEGRAR E ARTICULAR AGESTÃO DOS RECURSOSHÍDRICOS COM A GESTÃO DOSDEMAIS RECURSOS NATURAIS EDO MEIO AMBIENTE.

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Os instrumentos da PNRH, ao teor doartigo 5º, da Lei 9.433/97, são: os planosde recursos hídricos (planos de baciahidrográfica, planos estaduais derecursos hídricos e o plano nacional derecursos hídricos), o enquadramento doscorpos de água em classes segundo osusos preponderantes, a outorga dosdireitos de uso dos recursos hídricos, acobrança pelo uso dos recursos hídricose o sistema de informações sobrerecursos hídricos.

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O primeiro instrumento é o PLANODE RECURSOS HÍDRICOS esegundo a Lei 9.433/97, em seuartigo 6º, "os planos de recursoshídricos são planos diretores quevisam fundamentar e orientar aimplementação da Política Nacionalde Recursos Hídricos e ogerenciamento dos recursoshídricos".

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Os planos têm por função orientar,articular, controlar e racionalizar autilização dos recursos hídricos.Assim sendo, também podemosdefini-los como, instrumentospreventivos e conciliadores dosconflitos entre os setores usuários eusuários.

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A confecção do plano é atribuição daagência de água e sua aprovaçãocompete ao comitê de bacia. É delouvável valor que antes dos planosserem apreciados e submetidos a votaçãopelos Comitês de Bacias, os mesmosfossem amplamente publicados para quea comunidade pudesse tomar ciência deseu conteúdo e manifestar suasintenções e assim, de uma forma indiretaestaria comprometendo-se com o seucumprimento.

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O artigo 7º, da Lei 9.433/97, dispõesobre o conteúdo mínimo dosplanos.Destarte, todos os planos derecursos hídricos deverãoobrigatoriamente conter o prescritonos incisos que seguem:

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Os planos de recursos hídricos são planos delongo prazo, com horizonte de planejamentocompatível com o período de implantação de seusprogramas e projetos e terão o seguinte conteúdomínimo:I – diagnóstico da situação atual dos recursoshídricos;II - análise de alternativas de crescimentodemográfico, de evolução das atividadesprodutivas e de modificações dos padrões deocupação do solo;III - balanço entre disponibilidades e demandasfuturas dos recursos hídricos, em quantidade equalidade, com identificação de conflitospotenciais;

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IV – metas de racionalização de uso,aumento da quantidade e melhoria daqualidade dos recursos hídricosdisponíveis;V - medidas a serem tomadas,

programas a serem desenvolvidos eprojetos a serem implantados, para oatendimento das metas previstas;VI - vetado ;VII – vetado;

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VIII - prioridade para a outorga dedireitos de uso de recursos hídricos;IX – diretrizes e critérios para acobrança pelo uso dos recursoshídricos;X –propostas para à criação deáreas sujeitas a restrição de uso,com vistas à proteção dos recursoshídricos.

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Os Planos de Recursos Hídricosserão elaborados por bacia, porEstado e para o País. No entanto, éfundamental o plano de bacia, hajavista que a partir deste seráelaborado o estadual, e daarticulação dos planos estaduaisserá criado o plano nacional.

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Obrigada!

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