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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE DEBATER AS CONSEQUÊNCIAS DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H. Pág. 1 - Secretaria de Serviços Legislativos ATA Nº 059 PRESIDENTE - DEPUTADO WILSON SANTOS O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) Invocando a proteção de Deus, e em nome do povo mato-grossense, declaro aberta esta Audiência Pública com o objetivo de debater as consequências da Lei Kandir para o Estado de Mato Grosso e seus municípios. Convido para compor a mesa: o Sr. Dr. Luiz Henrique Lima, Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso; o Dr. Paulo Ricardo Brustolin, Secretário de Estado de Fazenda; o Dr. Seneri Paludo, Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico; o Sr. Alexandre Possebon da Silva, Secretário Adjunto de Agricultura do Estado de Mato Grosso; o Sr. Sávio Pereira, Coordenador de Política Agrícola do Ministério de Agricultura; o Sr. Ricardo Tomczyk, Presidente da APROSOJA; o Sr. Otávio Celidônio, Superintendente do Instituto Mato- grossense de Economia Agropecuária IMEA; o Dr. Sérgio Castanho Teixeira Mendes, Diretor- Geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais - ANEC; e o Sr. Marcel Caparoz, Economista da RC Consultores do Estado de São Paulo. Nós vamos deixar aqui uma cadeira à espera do Presidente da FAMATO, Sr. Rui Prado. Composta a mesa de honra, convido a todos para, em posição de respeito, cantar o Hino Nacional. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) Convido o Presidente da FAMATO, Sr. Rui Prado, para compor a mesa conosco. Registramos com satisfação a presença do Sr. Luiz Alberto Gomes da Silva, neste ato representando o Deputado Federal Valtenir Pereira; do Sr. Pedro Tercy Barbosa, Prefeito de Denise; do Sr. Último Almeida Oliveira, palestrante desta tarde, Fiscal de Tributos da SEFAZ; do Sr. Nelson Luiz Piccoli, Diretor Administrativo da FAMATO/APROSOJA; do Sr. Carlos Augusto Zanata, Guto, Gestor do Núcleo Técnico da FAMATO; do Sr. Wellington Rodrigues de Andrade, Diretor Executivo da APROSOJA/MT; do Sr. Luiz Benedito Lima Neto, Presidente do Sindicato dos Engenheiros de Mato Grosso; do Sr. José Aparecido Gazetta, Presidente do Sindicato Rural de Diamantino; do Sr. Valcir Batista Gheno, Presidente do Sindicato Rural de Ipiranga do Norte; do Sr. Laércio Pedro Lenz, Presidente do Sindicato Rural de Sorriso; do Sr. Pedro Guesser, Secretário Executivo do Conselho Estadual das Associações das Revendas de Produtos Agropecuários; do Sr. Moysés Antônio Bocchi, Presidente da Associação dos Produtores da Gleba Barreiro, do Município de Sorriso; do Professor e Jornalista Alfredo da Mota Menezes; do Sr. Ilson José Redivo, Tesoureiro do Sindicato Rural de Sinop; do Sr. Antônio Ludovico Danelli, Conselheiro Fiscal do Sindicato dos Produtores do Município de Nova Ubiratã; do Sr. Ivo Cristiano Villani, Presidente da Cooperativa Agrícola Vale Rio Azul, Município de Santa Carmem; do Sr. Clóvis Albuquerque, Gerente de

LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br · Hino Nacional. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL) ... não sei. “Mas Vossa ... Eu tive que explicar para eles que a Audiência Pública é justamente

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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE DEBATER AS CONSEQUÊNCIAS

DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 1 - Secretaria de Serviços Legislativos

ATA Nº 059

PRESIDENTE - DEPUTADO WILSON SANTOS

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Invocando a proteção de Deus, e em

nome do povo mato-grossense, declaro aberta esta Audiência Pública com o objetivo de debater as

consequências da Lei Kandir para o Estado de Mato Grosso e seus municípios.

Convido para compor a mesa: o Sr. Dr. Luiz Henrique Lima, Conselheiro do

Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso; o Dr. Paulo Ricardo Brustolin, Secretário de Estado

de Fazenda; o Dr. Seneri Paludo, Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico; o Sr.

Alexandre Possebon da Silva, Secretário Adjunto de Agricultura do Estado de Mato Grosso; o Sr.

Sávio Pereira, Coordenador de Política Agrícola do Ministério de Agricultura; o Sr. Ricardo

Tomczyk, Presidente da APROSOJA; o Sr. Otávio Celidônio, Superintendente do Instituto Mato-

grossense de Economia Agropecuária – IMEA; o Dr. Sérgio Castanho Teixeira Mendes, Diretor-

Geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais - ANEC; e o Sr. Marcel Caparoz,

Economista da RC Consultores do Estado de São Paulo.

Nós vamos deixar aqui uma cadeira à espera do Presidente da FAMATO, Sr. Rui

Prado.

Composta a mesa de honra, convido a todos para, em posição de respeito, cantar o

Hino Nacional.

(EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Convido o Presidente da FAMATO,

Sr. Rui Prado, para compor a mesa conosco.

Registramos com satisfação a presença do Sr. Luiz Alberto Gomes da Silva, neste

ato representando o Deputado Federal Valtenir Pereira; do Sr. Pedro Tercy Barbosa, Prefeito de

Denise; do Sr. Último Almeida Oliveira, palestrante desta tarde, Fiscal de Tributos da SEFAZ; do

Sr. Nelson Luiz Piccoli, Diretor Administrativo da FAMATO/APROSOJA; do Sr. Carlos Augusto

Zanata, Guto, Gestor do Núcleo Técnico da FAMATO; do Sr. Wellington Rodrigues de Andrade,

Diretor Executivo da APROSOJA/MT; do Sr. Luiz Benedito Lima Neto, Presidente do Sindicato

dos Engenheiros de Mato Grosso; do Sr. José Aparecido Gazetta, Presidente do Sindicato Rural de

Diamantino; do Sr. Valcir Batista Gheno, Presidente do Sindicato Rural de Ipiranga do Norte; do Sr.

Laércio Pedro Lenz, Presidente do Sindicato Rural de Sorriso; do Sr. Pedro Guesser, Secretário

Executivo do Conselho Estadual das Associações das Revendas de Produtos Agropecuários; do Sr.

Moysés Antônio Bocchi, Presidente da Associação dos Produtores da Gleba Barreiro, do Município

de Sorriso; do Professor e Jornalista Alfredo da Mota Menezes; do Sr. Ilson José Redivo, Tesoureiro

do Sindicato Rural de Sinop; do Sr. Antônio Ludovico Danelli, Conselheiro Fiscal do Sindicato dos

Produtores do Município de Nova Ubiratã; do Sr. Ivo Cristiano Villani, Presidente da Cooperativa

Agrícola Vale Rio Azul, Município de Santa Carmem; do Sr. Clóvis Albuquerque, Gerente de

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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE DEBATER AS CONSEQUÊNCIAS

DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

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Relações Institucionais da Associação das Empresas Cerealistas do Estado de Mato Grosso; do Sr.

José Carlos Freschi, 2º Tesoureiro da Associação de Recolhimento de Embalagens de Agrotóxico,

Sinop; do Sr. Fernando Francisco de Lima, Presidente do Conselho Fiscal da Associação dos

Moradores do Bairro Novo Mato Grosso, Várzea Grande; da Srª Noêmia Pereira Alves, Presidente

da Associação dos Idosos Felizes, da Capela do Piçarrão, Várzea Grande; do Sr. Vivaldo Lopes,

Consultor da Fundação Getúlio Vargas; e do Vereador Neuri Norberto Winki, do Município de

Querência.

Agradecemos a presença dos profissionais da imprensa, dos funcionários da

APROSOJA e também dos produtores rurais do Estado de Mato Grosso.

Boa tarde a todos!

Neste momento, estamos abrindo a Audiência Pública para discutir a Lei

Complementar nº 87/96, a chamada Lei Kandir, seus benefícios e seus efeitos.

O Plenário desta Casa, a partir de uma proposta de nossa autoria, aprovou esta

convocação em um momento extremamente oportuno, exercendo desta forma o seu papel de traduzir

os anseios e perceber precocemente os sinais emitidos pela sociedade.

No próximo ano esta Lei estará completando vinte anos, a famosa Lei Kandir, de

efetiva aplicação e os seus efeitos são visíveis na pujança econômica do Estado de Mato Grosso.

Há informações de que o Estado produzia em torno de três milhões de toneladas de

grãos, em 1996, quando do surgimento da Lei Kandir. Hoje, 19 anos depois, são mais de quarenta e

cinco milhões de toneladas de grãos.

Por outro lado, alguns sinais são percebidos pelos mais atentos quando se dialoga

com setores sociais que enxergam nos seus propósitos certo cansaço.

Falam do seu favorecimento a um ramo de atividade extremamente capitalizado,

da sua ineficácia para promover a industrialização do Estado e até de incentivar o desequilíbrio

econômico regional.

É por isso que estamos aqui.

É da natureza deste Parlamento buscar responder questões que afetam a vida dos

cidadãos, dos produtores, daqueles que vivem nas cidades, dos servidores públicos, enfim, dos três

milhões e duzentos mil mato-grossenses.

Ninguém aqui dúvida do papel exercido pela Lei Kandir no desenho de pujança

que a nossa economia estadual vivenciou nos últimos dezenove anos.

Quando foi instituída, Mato Grosso tinha uma produção mínima e hoje somos o

campeão nacional na produção de grãos. Deve isso, basicamente, aos produtores.

É natural do capitalismo moderno a utilização de ferramentas de incentivos e

também de desonerações fiscais que visam promover o desenvolvimento do Estado. Exemplos não

faltam. Está aí a Zona Franca de Manaus, que demonstra um programa de desoneração fantástico,

que mudou a face de toda aquela região.

A minha família, a minha mãe, os meus irmãos, vivem no Amazonas desde 1983,

frequento o Amazonas desde 1983. Vejo a olhos nus o quanto os incentivos propiciaram o

desenvolvimento da Grande Manaus e de todo Estado do Amazonas, porque a Zona Franca não

limita-se ao perímetro urbano de Manaus.

A própria industrialização americana, um dos símbolos do apogeu capitalista, se

deu com forte atuação governamental, com o uso dessas ferramentas visando dar escala adequada a

alocação dos recursos.

No nosso Estado o PROALMAT, lei de incentivo ao plantio do algodão.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

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Eu quero dizer que estive, era o Secretário de Agricultura do Dante de Oliveira,

quando, com o Cloves Vetoratto e outros, construímos a lei que implantou o PROALMAT no

Estado. Vivenciei as dúvidas do ex-Governador Dante de Oliveira, do jovem governador, que havia

feito política a vida toda na esquerda no MR 8, em partidos comunistas, e ao se deparar com o

exercício do Executivo ele tinha que resolver as questões.

Nós não produzíamos 5% do algodão nacional! Com o PROALMAT, Mato Grosso

ainda hoje produz mais de 50% de toda produção nacional, numa demonstração clara, efetiva de que

as políticas de incentivos fiscais devem permanecer.

Se há erros, equívocos, irregularidades, ilegalidades, ilicitudes, desonestidades,

desvios, roubalheira, isso tudo deve ser combatido.

Estamos com várias ex-autoridades na cadeia neste momento, outras irão, porque

desviaram o objetivo, os procedimentos legais, da política de incentivos fiscais no Estado. Mas

aqueles que agiram com correção, que aplicaram decentemente e legalmente, continuarão merecendo

o respeito do Estado.

Na verdade, o agronegócio se confunde com a nossa matriz econômica.

É difícil nos imaginar sem o vigor do agronegócio. É motivo de orgulho não só

interno como externo. Cidades se modernizaram, outras surgiram no rastro das economias

localizadas próximas as grandes áreas, podemos citar mais de dez, vinte, Campo Verde do Parecis,

Primavera do Leste - quando menino, quando passando para Goiás não existia.

Nós cuiabanos não queríamos essas áreas nem de graça, cerradão bruto, só dava

calango!

Campo Verde, um orgulho para Mato Grosso! Primavera do Leste, Lucas do Rio

Verde, Nova Mutum, Sorriso, Sinop, Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis, Sapezal,

Querência, só parta citar algumas, verdadeiras ilhas de excelência, num momento que os municípios

passam por seriíssimos problemas de ordem conjuntural.

Somos os maiores contribuintes para a conta corrente do balanço de pagamentos

do País.

Se hoje os economistas do Governo Federal gritam e alardeiam nossas reservas

cambiais, que se aproximam de quatrocentos bilhões de dólares, grande parte dessa reserva saiu das

nossas exportações.

Podemos também falar do avanço tecnológico que o agronegócio nos presenteou,

com instituições de pesquisas fortes, exemplares, respeitadas, nacional e internacionalmente.

Mas alguns ruídos, repito, podem ser ouvidos, e é natural, vinte anos!

Algumas indagações estão surgindo e é obrigação do Parlamento buscar essas

respostas, e aqui é o lugar apropriado. Por isso ao convidarmos para este debate fizemos questão que

todos os atores envolvidos neste assunto fossem convidados e terão direito a voz.

Aqui à mesa está a APROSOJA, a FAMATO e está o IMEA, que falarão pelos

produtores, pelos sindicatos rurais. Depois das palestras nós abriremos a fala à plenária.

Quem não se sentir representado nas falas aqui executadas poderá pedir a palavra

por três minutos, questionar, ou se não quiser fazer pergunta, pode fazer somente um depoimento

daquele que quer - alguns vieram de muito longe.

Aqui é o lugar para debatermos este assunto sem a preocupação de imediatamente

chegarmos as respostas.

Agora há pouco os repórteres, os profissionais da imprensa, me cobraram. “Mas

qual é a solução? O que Vossa Excelência vai apresentar? Qual é o projeto?”

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

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Eu disse: não sei. “Mas Vossa Excelência não sabe, como faz Audiência Pública?”

Eu tive que explicar para eles que a Audiência Pública é justamente para passar a

saber, é para ouvir autoridades, expert, quem tem expertise, estudiosos, quem está com as mãos

calejadas, que sonha para que chuva não atrase, que reza para que pare no tempo certo, para que a

estrada dê condições de escoar.

Nós queremos ouvir vocês. Nós estamos apenas iniciando um debate. É o começo

do início, senhores.

Nós não temos, Seneri Paludo; não temos, Presidente da FAMATO, Rui Prado -

agora meu correligionário partidário -, nenhuma preocupação de chegarmos às respostas

imediatamente.

Longe de querer “fulanizar”, de querer nomear este é culpado, aquele é vítima, este

é bandido, aquele é vilão. Esta Audiência Pública não tem esse objetivo. Longe de querer isso. Ou

eleger setores produtivos como alvos.

Aqui o nosso alvo é Mato Grosso, esse, sim, é o objetivo deste Parlamento. É o

começo deste debate que estamos aqui para mediá-lo e tentar responder algumas indagações, se

possível.

Por exemplo, aquelas condições macroeconômicas que existiam em 1996, 1995,

1997, quando da elaboração pelo Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso da Lei Kandir,

ou seja, crise do setor externo da economia e fragilidade no nosso estoque de reservas, ainda, estão

presentes hoje? O quadro macroeconômico nacional de 1996 é o mesmo dezenove anos depois?

Alterou ou não a capacidade de competição da nossa produção de grãos no comércio mundial?

Alterou? Mudou alguma coisa? O cenário é esse? Ou ainda é mais urgente? E as políticas

compensatórias devem ser extintas, devem ser alteradas, reduzidas, ampliadas? A Lei Kandir atende

quem? Os produtos primários, semielaborados e os serviços sobre esses. Devemos mantê-la como

ela está? Tirar os primários? Manter os incentivos só para os semielaborados? Manter os incentivos

para os dois? Tirar os serviços? Manter os serviços? Ampliar, além dos primários, semisserviços e

mais alguma coisa? E nesses dezenove anos o Estado industrializou-se?

Parece não existir dúvida de que há falhas e técnicos da Fazenda, alguns, falam em

renúncia fiscal de quase quarenta bilhões de reais de 1996 a 2014 para uma compensação via FEX e

mecanismos da própria lei em torno de quatro bilhões, ou seja, 10% de compensação.

E nós vamos ouvir aqui técnicos.

Os argumentos de que os benefícios seriam indiretos...

Eles não são diretos. São indiretos! É o efeito multiplicador. É só ver o PIB de

Mato Grosso de 1996 e o de hoje. Em 1996 nós tínhamos um PIB de menos de dez bilhões. O nosso

PIB, hoje, beira a noventa bilhões, maior que o PIB do Paraguai; maior do que o PIB da Bolívia.

Será que a Lei Kandir não ajudou nisso? Isso não é beneficio indireto!

Se isso não é beneficio indireto, o que é beneficio indireto, Deputado?

É para isso que nós estamos aqui!

Os argumentos de que os benefícios seriam indiretos, pois, contaminariam

positivamente toda matriz econômica das cidades, são razoáveis, mas, também, há acusações de que

esses benefícios indiretos só atingem seletivamente, apenas, as regiões próximas às plantações. E as

cidades de vocação econômica de baixa, e algumas sem qualquer escala, como, por exemplo, as

regiões antigas ligadas às atividades garimpeiras manuais: Alto Paraguai, Nortelândia, Tesouro,

Guiratinga, Poxoréu, Torixoréu, essas os benefícios diretos e nem os indiretos parece-nos que não

chegaram.

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É justo; é justo no mesmo Estado, essas regiões que eu citei, agora, não serem

beneficiadas pelo dinamismo de uma economia que orgulha o Estado e o Brasil? É justo que alguns

irmãos se enriqueçam maravilhosamente, honestamente, diga-se de passagem, e aqueles mais

antigos, que seguraram o velho Mato Grosso para que os irmãos mais recentes chegassem,

continuem no isolamento econômico, excluídos completamente?

Eu estive no último fim de semana em Guiratinga, Tesouro, e o que os mais velhos

dizem é: “Quando os meus filhos fizerem dezesseis, dezessete anos, vou mandar todos embora

daqui. Eles saem daqui para trabalhar no Atacadão, em Rondonópolis; saem daqui para trabalhar em

borracharia, em Rondonópolis; saem daqui para trabalhar em Barra do Garças, em Primavera do

Leste.”.

Guiratinga se tornou uma cidade de aposentados. Guiratinga perdeu mais de dez

mil pessoas nos últimos dez anos. De vinte e três, vinte e quatro mil, hoje, tem onze mil habitantes.

E isso eu posso escrever embaixo que acontece, também, em Poconé, em Nossa Senhora do

Livramento, em Alto Paraguai, em Nortelândia, em Arenápolis. É justo?

São estas e muitas outras perguntas que ouvimos no seio da sociedade e que

buscaremos com esta Audiência Pública respostas.

Sejam bem-vindos!

Passaremos a palavra ao Sr. Marcel Caparoz, economista de uma empresa privada,

particular, RC Consultor/Estado de Mato Grosso, Veio prestar Consultoria para alguém em Mato

Grosso. Ele foi convidado e apresentado pela FAMATO para que pudesse usar da palavra.

Como ele tem horário para embarcar, pois, tem que retornar a São Paulo, tanto ele

como o Dr. Sérgio Castanho Teixeira Mendes, serão os dois primeiros a usarem da palavra.

Os senhores disporão de até quinze minutos.

Eu agradeço ao Secretário Paulo Brustolin, pois, apesar de todos os compromissos

que ele tem para hoje, abriu a sua agenda, mas não poderá ficar aqui depois das 17:00h. Então, eu já

estou avisando que o Dr. Paulo Brustolin sairá um pouco antes.

O Secretário Seneri Paludo ficará até o final.

Não é, Seneri Paludo? (RISOS)

O Seneri, também.

Então, por gentileza, com a palavra, o Sr. Marcelo Caparoz.

O SR. MARCELO CAPAROZ - Boa tarde a todos!

Primeiramente é um prazer ser convidado a participar desta Audiência Pública. É

um tema de muito interesse pessoal. Acredito que qualquer cidadão Brasileiro deveria se interessar

pelo assunto.

Brevemente eu vou começar colocando para todos o que seria a Lei Kandir. O

mais importante é mostrar de maneira bem didática os impactos reais que essa Lei permitiu no

Estado de Mato Grosso.

A lei é muito clara. No artigo 3º ela diz muito claro:

“Art. 3º O imposto não incidi sobre:

...

II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive

produtos primários e produtos industrializados semielaborados, ou serviços.”

Qual é a lógica dessa Lei? A lógica é básica. Se você vai exportar...

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Sr. Marcelo, só um pouquinho.

Por gentileza, poderiam apagar as luzes da frente.

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Obrigado!

O SR. MARCELO CAPAROZ - O grande objetivo, a grande lógica desse

mecanismo é incentivar a produção e consequentemente você aumentar o potencial de crescimento

de uma região. Sem duvida alguma, o Estado de Mato Grosso é claramente induzido pelo

agronegócio.

O que eu vou mostrar é com dados econômicos, diretos, bem didáticos para que

todos possam entender o quão forte foi a contribuição do agronegócio para toda a economia, para

todos os setores, sem exceção.

Nesse gráfico fica muito claro...

Então, fica muito claro o seguinte: qual é a cadeia; como funciona a cadeia do

agronegócio em toda a sociedade, em toda economia de Mato Grosso? Sem dúvida alguma, se você

tem a maior produção do agronegócio, você vai permitir o maior potencial de crescimento do PIB de

qualquer Estado Brasileiro, principalmente no Estado de Mato Grosso. E se você tem um PIB maior,

consequentemente você tem mais emprego, tem mais consumo, tem mais serviços. Novamente o

agronegócio é um doutor, ele possibilita um crescimento mais forte do PIB que vai gerar emprego,

consumo e serviços em todas as cidades de Mato Grosso, sem exceção, e, consequentemente,

contribui para uma maior arrecadação do Governo. Então, claramente fecha o ciclo.

E aqui no slide fica muito evidente, são duas linhas, a linha de cima, em azul, é o

crescimento acumulado de Mato Grosso nos últimos dez anos, de 2002 a 2012; embaixo, o

crescimento do Brasil. O crescimento do PIB vai acumulando.

Em dez anos o crescimento de Mato Grosso foi multiplicado, no caso o PIB de

Mato Grosso foi multiplicado por quatro, esse é o PIB a preço de mercado. O Brasil, no mesmo

período, teve o PIB multiplicado por três. Essa diferença é muito forte.

Se você passar para o próximo slide, fica muito claro que quando comparado com

todos os demais Estados brasileiros de longe é um dos melhores resultados, é o segundo Estado que

mais cresceu nesses últimos dez anos, de 2002 a 2012, é quando você tem os dados, digamos, pelo

próprio IBGE para comparar o desempenho de todos os Estados brasileiros. Ele é mais forte,

inclusive, que outros Estados do Centro-Oeste.

Você pode perceber que Mato Grosso do Sul aqui está em quinto; Goiás já está

logo aqui embaixo, a única exceção é Espírito Santo pelo desempenho acima de Mato Grosso, mas

com uma economia muito menor do que a economia deste Estado.

Então, é evidente que o desempenho de Mato Grosso foi muito forte e não foi em

vão. Alguma coisa sustentou esse crescimento, alguma coisa sustenta essa diferença entre todos os

Estados brasileiros.

Está aqui o que sustenta o crescimento do PIB de todos os setores da economia,

não estamos falando só de produção agrícola, mas de todos os setores da economia cresceram e

cresceram muito. O que sustenta? Participação na safra. Um exemplo, em 2002, Mato Grosso tinha

16% da produção de grãos no Brasil; em 2014 ele saltou para primeira colocação com 25%, ¼ de

tudo que é produzido em grãos no Brasil sai daqui. Isso sustenta o crescimento. O PIB cresceu e não

cresceu só no agronegócio. Esse é um ponto fundamental para se colocar nesta discussão. Não foi

somente o agronegócio, o agronegócio contribuiu para o crescimento de todos os setores da

economia.

Aqui fica muito claro, o que nós fizemos aqui foi quebrar aquele PIB em vários

setores da economia, entender o que está acontecendo dentro dessa economia. E é muito claro, se

você pega o PIB do comércio de Mato Grosso, comparado com os outros vinte e seis estados

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brasileiros, ele foi o primeiro. Nos últimos dez anos foi quem mais acumulou crescimento, PIB do

comércio.

Transporte, outro setor muito importante, foi o primeiro em crescimento entre

todos os vinte e seis Estados brasileiros.

Serviços, é a mesma coisa; agropecuária, o segundo Estado com maior crescimento

no Brasil; e a indústria, alguns podem colocar que não teve desenvolvimento, mas foi o quinto

Estado no Brasil com maior crescimento de PIB industrial. Isso é relevante! Mesmo com todas as

dificuldades de infraestrutura, de produção, de custo que o Estado ainda apresenta e você ainda

consegue registrar um crescimento tão forte que está na quinta colocação entre todos os Estados

brasileiros.

Então, novamente, o PIB do Estado de Mato Grosso cresceu muito e, claramente,

foi sustentado por um desempenho muito forte do agronegócio que incentivou e induziu o

crescimento de todos os setores dessa economia. E a verdade é que isso chega à população, a

sociedade também sente isso.

O emprego é o melhor indicador para dizer isso. O cidadão que está empregado é

um cidadão que consegue se manter sem a ajuda do Governo, mantém-se com as próprias pernas e,

claramente, você teve um salto na geração de emprego em Mato Grosso.

Em 2002 menos de quatrocentas mil vagas com carteira assinada no Estado –

desculpe, emprego em doze anos. Em 2014, ele saltou 112%, já tinha oitocentos e quatro mil postos

de trabalhos formais, enquanto no Brasil o aumento foi de 73%.

Para finalizar e mostrar exatamente a lógica que nós estamos queremos colocar é o

seguinte: o PIB do Estado de Mato Grosso cresceu muito forte nos últimos anos e, claramente, foi

sustentado pelo avanço da produção agrícola no Estado, com muito empenho, com muito

investimento, muitos anos de trabalho para permitir que esse crescimento tão forte, que gerou as

exportações, contribuiu com todos os Estados brasileiros - a formação de reservas -, contribui com

os setores da economia e, inclusive, com o próprio Governo.

Se você considerar a análise, isso aqui são duas curvas também, é o PIB do Estado

de Mato Grosso acumulando o crescimento e, se você perceber, a Receita Tributária do Governo

acompanha praticamente com relação um para um. É muito forte.

Portanto, se economia do Estado cresce, consequentemente, a Receita Tributária

do Governo também crescerá. Então, eu acho que o principal ponto que deveria ser discutido aqui é

pensar se é viável e se é lógico você ir de frente e mudar, talvez diminuir o potencial de crescimento

de um setor que foi quem sustentou e contribuiu diretamente para o sucesso que foi a economia de

Mato Grosso nos últimos anos, comparado com todos os Estados brasileiros.

Então, é um tema muito importante, uma discussão muito bem-vinda para não

tomar nenhuma atitude equivocada e, talvez, não permitir, de certa forma, um pleno desempenho de

um setor tão importante que é o agronegócio e toda essa cadeia que ele movimenta no Estado e gera

claramente, como foi mostrado nesta apresentação, um crescimento de todos os setores da economia,

inclusive do crescimento da Receita Tributária do Estado de Mato Grosso.

Rapidamente, seria essa a minha contribuição para o discurso com fatos

econômicos, tentando esclarecer, por meio de números, por meio de fatos, o que todos aqui

acompanharam nos últimos anos esse bom desempenho que a economia de Mato Grosso apresentou.

(PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Agradecemos ao Dr. Marcel

Caparoz pela contribuição.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

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Aproveitamos para registrar a presença do Professor e Jornalista Onofre Ribeiro;

da Gabriela Andrade, Diretora e Secretária, neste ato representando o Sindicato Rural do Município

de Santo Antônio de Leverger; do Álvaro Sales, querido amigo, Presidente do Instituto Mato-

grossense do Algodão.

Com a palavra, o Sr. Sérgio Castanho Teixeira Mendes, Diretor-Geral da

Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, que dispõe de quinze minutos.

O SR. SÉRGIO CASTANHO TEIXEIRA MENDES – Vamos falar um pouquinho

de exportação e não especificamente do Estado de Mato Grosso. É lógico que dentro desse contexto

exportação Mato Grosso desempenha o papel principal. É evidente isso! Vou falar em exportação de

grãos.

O que nós podemos observar é que antes de 96, tanto num gráfico quanto no outro,

tanto na produção quanto na exportação, tínhamos uma monotonia franciscana, não acontecia

absolutamente nada. A partir da Lei Kandir, aquele crescimento que era uma curva, com uma

oscilação de cinco, dez graus, passou para quarenta e cinco graus, a coisa - eu posso garantir para

vocês - a coisa mais fenomenal que eu já vi em termos de exportação de commodities.

Se você for exportar produto de baixo valor unitário, de baixo volume, qualquer

coisinha, você dobra a exportação, mas commodity agrícola, quando estamos falando em milhões e

milhões de toneladas, uma curva com essa inclinação é uma coisa raríssima, gente. Isso não tem em

lugar nenhum do mundo! E o grande responsável por essa inclinação aí foi principalmente o Estado

de Mato Grosso; a Lei Kandir, que desonerou a todos, e Mato Grosso, que, dentro desse contexto

todo, é o grande Estado exportador - o grande Estado exportador é Mato Grosso.

O produtor brasileiro leva uma desvantagem em relação ao americano e ao

argentino porque nós não temos a forma de transporte mais apropriada. Para o grão chegar até o

porto ele leva uma desvantagem.

Traduzindo essa matriz de transporte que está aí, baseado em caminhões ao invés

de se basear em hidrovias, traduzir isso, a perda é em torno de setenta dólares por tonelada.

Vejam bem, senhores, nós estamos falando de setenta dólares por toneladas que

saem pelo ralo todo ano nas exportações de grãos.

Isso quer dizer o quê? Que o exportador, principalmente de Mato Grosso, porque

ele é o que mais exporta e é que está mais distante dos portos, esse produtor tem que ser - esse

setenta é média ponderada Brasil -, o produtor de Mato Grosso tem que ser mais de setenta dólares

por tonelada mais eficiente que o americano e o argentino para poder competir com eles.

Como nós sabemos, quando falamos em preço internacional, isso é dado por bolsa,

gente. Porque às vezes eu sou entrevistado e tem gente que fala: “Não, mas é só acrescentar no custo

adicional no preço”. Não tem essa! O preço é dado pela Bolsa de Chicago. Tudo o que você tiver de

custo vai tirando do produtor.

Então amanhã, se vocês resolverem introduzir um custo no Estado para compensar

desajustes financeiros, qualquer coisa dessa ordem, isso aí vai sair do produtor, e aqueles setenta

dólares por tonelada vão se tornar setenta dólares por toneladas de desvantagens mais isso que estão

querendo acrescentar.

Aos poucos eu irei relatando para vocês as consequências de um ato dessa ordem.

Eu só posso chamar de um ato, eu diria, é lógico que vamos estudar, como o Deputado está

propondo, mas é um ato insano. Internacionalmente falando, esse ato é insano!

Nós vamos contaminar a única ilha que nós temos de isenção, com tudo isso que

está acontecendo no Governo Federal, que é o segmento de exportação de grãos. Nós vamos acabar

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contaminando a exportação de grãos e gerando confiança na comunidade internacional. É a pior

coisa que nós podemos fazer neste momento. (PALMAS)

Isso é apenas o que eu disse para vocês para chegarmos naquela diferença de

setenta dólares por tonelada, mas eu já vou passar, porque é muito complicado para cada um se

concentrar nesses numerozinhos, vamos para o quadro seguinte, que dá o que é a evolução

comparativa de frete.

Então, vocês vão ter a impressão de que o frete caiu. Ele não caiu. Os fretes aqui

são pagos em reais.

Quando você converte isso aí em dólar, você vai descontar menos dólar do

produtor, todavia não está sendo computado o que o produtor vai pagar a mais em implemento

agrícola importado, fertilizante e pá-pá-pá. Então, vocês levem em consideração isso aí.

Se o produtor está ganhando aqui, se ele começa a partir de 2012, aparentemente,

ganhar alguma coisa no frete, ele está perdendo exatamente essa quantia, ou mais, na importação de

fertilizante, que se trata de empresas de extremamente agressivas, multinacionais extremamente

agressivas, que vão saber arrancar tudo o que pode do produtor brasileiro.

Aqui agora eu estou dando uma impressão para vocês da delicadeza que é esse

esquema todo de exportação de grãos.

Nós estamos falando, este ano, de 96 milhões de toneladas de exportação, se

somarem soja, se somarem milho - e nós consideramos como grãos também o farelo de soja -, se

somado tudo isso vão dar 96 milhões de toneladas.

Isso significa a contratação de 2,7 milhões de caminhões para você poder

transportar essa mercadoria.

Pensem um pouquinho na estrutura que tem que ter nessas empresas exportação

para combinar tudo isso e conseguir fazer esse sistema todo funcionar.

Embaixo são 500 mil operações de hedge. O exportador sabe que isso aí é um

esquema perigoso. Você está trabalhando com grandes quantidades, grandes volumes. Qualquer

cochilo, se você não fizer o hedge, você estará arriscado a perdas consideráveis, que vão certamente

tirar a companhia de combate, mas essas companhias são tradicionais. Estão nesse ramo há muitos e

muitos anos e jamais terão a infantilidade de não “hedgear”. Vocês lembram muito bem quando o dólar teve uma posição contrária e duas

companhias brasileiras perderam dinheiro. Eu posso até citá-las. Foram a Sadia e a Votorantin.

Vocês devem se lembrar disso. Eu desafio alguém me dizer que alguma empresa exportadora de grãos tenha

entrado naquela de especular com o dólar. Vocês não vão se lembrar de nenhuma, porque elas

sabiam que seria uma operação de lucro mínimo, grandes quantidades e que qualquer brincadeira

levaria o camarada à falência.

Então, em termos de contratação de navios são mil setecentos e quarenta e cinco

navios; mil, setecentos e quarenta e cinco navios. O que tem de navio rodando no mundo uma boa

parte está saindo daqui. O Estado de Mato Grosso é o maior exportador de grãos. Finalmente, a lucratividade de operação que eu falei para vocês que se der é de 1%

por aí. Se derem 2%, será motivo de festa.

Então, isso tudo, gente, é uma pirâmide ao contrário. Qualquer balanço, quer

dizer, qualquer transmissão à comunidade internacional de que nós temos a pretensão de promover

um aumento nas exportações, esse negócio todo que é muito seguro... Ele é grande, mas essa ponta

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está muito bem firmada ali, mas qualquer ruído nesse sentido de colocar imposto e pá-pá-pá,

contaminará a confiança que se tem no Brasil como exportador confiável de grãos.

Era este o recado que eu queria dar para vocês. Obrigado! (PALMAS)

O SR WILSON SANTOS- Obrigado, Dr. Sérgio Castanho, que é Diretor-Geral da

Associação Nacional dos Exportadores de Cereais.

Nós ouviremos, agora, o Secretario de Estado de Fazenda, o Sr. Paulo Ricardo

Brustolin, que dispõe de quinze minutos, também.

O SR. PAULO RICARDO BRUSTOLIN – Boa tarde a todos!

Eu quero cumprimentar todos os presentes à mesa em nome do Deputado Wilson

Santos; cumprimentar os presidentes de associações; todos os agricultores; senhores; senhoras;

cidadãos; meus amigos da Imprensa.

Bom, cabe à Fazenda... À Fazenda não cabe fazer juízo de valor. À Fazenda cabe simplesmente expor os

números e colocar a situação do ponto de vista técnico na mesa.

Por isso os fiscais prepararam uma apresentação que o Sr. Último Almeida está

inscrito e vai fazê-la em nome da Secretaria de Fazenda.

Como Secretário de Fazenda cabe-me, sim, fazer algumas considerações num

momento tão importante como este para o Estado de Mato Grosso.

Eu estava fazendo há pouco um pequeno rascunho de pontos que eu considero

muito importantes para que continuemos nessa pujança, nesse ciclo de crescimento do Estado de

Mato Grosso.

O primeiro deles, senhores, que eu não tenho dúvida, ao longo desses nove meses

à frente da Secretaria de Fazenda, é que o Estado de Mato Grosso, hoje, é uma vítima do equilíbrio

fiscal do Governo Federal. O Estado de Mato Grosso é vítima de como as contas públicas do

Governo Federal são conduzidas.

E os senhores podem me perguntar: mas, Secretário Paulo Brustolin, por que isso?

Como assim vítima?

Eu falo aos senhores da seguinte maneira: ao longo desses últimos nove meses eu

tenho acompanhado o nosso Governador Pedro Taques, um homem incansável, em Brasília, na

defesa do Estado de Mato Grosso. E várias foram as reuniões que eu o acompanhei no STN, assim

como o nosso Vice-Governador, Dr. Carlos Fávaro, outro homem incansável na defesa do Estado de

Mato Grosso.

E o que eu vejo em Brasília? Eu vejo o seguinte: olha, Mato Grosso não pode fazer

um empréstimo de um real sequer, se ele não tiver o aval do STN. A Secretaria do Tesouro

Nacional, na verdade, com essa forma de liberação dos recursos, autorização dos recursos, faz com

que Mato Grosso fique engessado, senhores! Para os senhores terem uma ideia da prática do que

estou falando, nós conseguimos a muito custo, a muito custo, liberar o MT Integrado, uma parcela

de duzentos e trinta três milhões de reais que serve para as nossas rodovias. E o que falamos sempre

em Brasília? Falamos: Mato Grosso sem esse recurso não terá excedentes de exportação. Muitos

são os produtores que deixam de investir, porque não conseguem escoar a safra.

Eu poderia, também, falar aqui sobre mais um tema, como o setecentos e vinte

milhões contratados do Pró-Concreto e do Pró-Estrada, que servirão para recuperar as nossas pontes

e que, senhores, pasmem, o que vou falar aqui e vou falar para que registrado: Mato Grosso, o

Banco do Brasil trouxe recurso externo em 2014, fez operação, trouxe o dinheiro, o dinheiro está no

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Banco do Brasil, o contrato foi assinado, Mato Grosso hoje paga o custo dessa operação, o custo por

manter o contrato assinado e o STN não assina como aval para o Estado de Mato Grosso. São

setecentos e vinte milhões de reais que Mato Grosso poderia estar colocando na economia,

aquecendo a economia, fazendo a economia girar e, mais do que isso, resolvendo uma serie de

problemas principalmente das pontes que nós temos no Estado.

Eu mesmo fiz questão, Deputado Wilson Santos...

O Seneri Paludo não pode estar presente nesse encontro, mas eu levei inúmeras

fotos da situação das nossas rodovias e das nossas pontes. Eu, também, cobrei o Ministro Levi, da

Secretaria de Fazenda, no último CONFAZ. Eu falei para ele que o Governo deveria se sentir

responsável pelas vidas que nós estamos perdendo nas estradas de Mato Grosso. Então, com isto, eu

quero reafirmar: Mato Grosso é uma vitima, hoje, da gestão do Governo Federal, dessa busca do

equilíbrio fiscal.

Outro ponto que eu gostaria de colocar aqui é o seguinte: sem as exportações do

Estado de Mato Grosso, o Brasil teria sérios problemas nas suas contas externas, no fechamento das

contas externas. Mato Grosso é muito, muito, muito importante para que o Brasil fique em pé.

Eu ouvi há pouco o Dr. Sérgio Mendes, que abordou um pouco isso - não é, Dr.

Sérgio? -, a importância que o Estado tem para o País.

Então, eu vejo da seguinte forma: sem Mato Grosso, sem as nossas exportações,

as contas fecham no País e nós temos que levar isso em consideração.

Portanto, mais uma vez é importante que Mato Grosso tenha e seja visto pelo

Governo Federal com o devido respeito.

E aí eu quero abordar um tema aqui sobre o FEX. Eu estou quase cansado de falar

do FEX, porque realmente é difícil essa situação. A cruzada para Brasília, o apoio que os Deputados

Federais e os Senadores têm dado, mas, infelizmente, o FEX de 2014 não está nos cofres do Estado

de Mato Grosso, senhores, e são mais quatrocentos milhões que deixaram de vir para Mato Grosso,

cem milhões para os nossos municípios e duzentos e noventa e sete milhões, precisamente, para o

Estado. Esse recurso faz muita falta hoje na liquidez do Tesouro, faz falta. E por que esse recurso do

FEX não está aqui? Por que não está aqui?

Esse é um ponto que nós temos que nos perguntar: olha, Mato Grosso fez tudo

direito, ajudou a fechar as contas externas, por que o Fundo de Exportação o Governo Federal não

cumpriu?

Então, mais um ponto que demonstra que Mato Grosso precisa que os nossos

representantes federais sejam realmente combatíveis como estão sendo Não podemos deixar isso

acontecer.

E aí eu gostaria de enfatizar outro aspecto: desde o ano de 2007 o um bilhão,

novecentos e cinquenta milhões não são corrigidos, senhores. Pasmem! O Fundo de Exportação que

vem aí para auxiliar nesse desequilíbrio, que nós vamos ver daqui a pouco aqui, desde 2007 é o

mesmo valor.

Senhores, isso está correto? Eu deixo essa pergunta aqui. Temos que perguntar aos

nossos representantes se isso está correto e até quando nós vamos manter esse um bilhão novecentos

e cinquenta milhões.

Então, de novo uma demonstração que quem faz o seu papel ajuda e carrega o

Brasil não tem o devido respeito e se as exportações crescem, existe um Fundo de Exportação, ele

também deveria crescer. Mas, no entanto, não é o que acontece hoje no País.

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Agora, para fechar a minha fala eu quero abordar mais quatro pontos: primeiro,

parece-me que dentro de toda essa discussão, primeiro que ela é muito saudável para um Estado que

quer crescer e quer continuar crescendo sendo um Estado desenvolvimentista como o Estado de

Mato Grosso... E pensando nisso, eu não tenho dúvida, senhores... Eu quero fazer um aparte aqui,

dizer que estou há vinte anos no Estado de Mato Grosso, sou um migrante, sou um gaúcho migrante,

as minhas duas filhas são cuiabanas e, não tenho dúvida, eu estou aqui por causa desse fluxo

migratório da agricultura. Não tenho dúvida disso.

Inúmeras famílias da minha região vieram para Mato Grosso para produzir. Mas o

que eu quero dizer com isso, senhores? Eu também não tenho dúvida que Mato Grosso precisa fazer

o trabalho do segundo movimento no seu desenvolvimento econômico. E qual é o segundo

movimento? O primeiro foi o fortalecimento e o crescimento da agricultura, mas nós precisamos

agregar valor no Estado de Mato Grosso.

Qualquer discussão que não passe pela agregação de valor, meu amigo Onofre

Ribeiro, ela será estéril. Nós precisamos agregar valor.

Hoje nós compramos um celular que tem uma tecnologia embarcada, é mais do

que um minicomputador. E quanto vale um aparelho desses? O que tem de agregação de valor?

Parece-me que nós precisamos fortalecer muito... Aí, meu amigo Seneri Paludo...

Provavelmente, deva ser a sua fala, um homem visionário como o senhor é, deve ser a sua fala... Nós

temos que agregar valor no Estado de Mato Grosso, senhores. Precisamos agregar valor. Sem isso, e

aí passa pela Educação, Ciência e Tecnologia... Dessa forma, nós vamos fazer um Estado mais forte

e mais pujante.

Quando se fala em agregar valor não podemos deixar de falar em uma questão que

é crucial. E que questão é crucial, Secretário Brustolin? É a questão dos incentivos fiscais, é a

questão de criar um ambiente econômico, um cenário negocial propício para que o empresário, que

hoje tem recurso e pode investir em qualquer região do Estado, venha investir no Estado de Mato

Grosso. E é por isso que o Governo Pedro Taques tem feito um trabalho muito forte para criar um

ambiente de negócios no Estado.

Senhores, para abrir uma empresa no Estado de Mato Grosso até pouco tempo

atrás era mais de cento e vinte dias em alguns casos. Quem é que consegue esperar mais de cento e

vinte dias para abrir uma empresa?

Nós integramos hoje a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da

Legalização de Empresas e Negócios-REDESIM, estamos fazendo um trabalho gigante e forte

dentro da Secretaria de Fazenda, junto com a Junta Comercial, junto com a Secretaria de

Desenvolvimento Econômico para que tenhamos um ambiente onde em cinco dias possamos abrir

uma empresa, alterar um contrato social ou até mesmo fechar uma empresa. Dessa forma nós

seremos mais atrativos.

É por isso que nós estamos, agora no dia 05, Deputado Wilson Santos, eu e o

Secretário Seneri Paludo, provavelmente, com a presença do Governador, isso ainda não está

confirmado, mas, lá na Fundação Getúlio Vargas para assinar um convênio, um contrato que nos

auxiliará a revisar todo esse arcabouço legal dentro do Estado de Mato Grosso.

Nós Precisamos não ser só um Estado mais competitivo, com ambiente melhor,

mas precisamos ser o melhor Estado do Brasil nesse aspecto.

Por fim, eu quero colocar da seguinte maneira: eu não tenho dúvidas que nós

precisamos incentivar a produção, seja ela qual for. Hoje nós temos determinados drives, nós temos

algodão, soja, carne, enfim, não me cabe aqui fazer juízo de valor. Nós precisamos, sim, incentivar a

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produção, mas não podemos nos esquecer de agregar valores, senhores. Não podemos nos esquecer

disso. Se esquecermos disso, nós esqueceremos que toda produção, independente de qualquer que

seja, tenha um efeito radiado sobre o serviço e sobre o comércio.

Eu quero fechar a minha fala, Deputado Wilson Santos, para fazer uma

contribuição: a Secretaria de Estado de Fazenda está fazendo um estudo, uma nota técnica sobre o

impacto nesses setores de comércio e serviço que deve ser muito importante para auxiliar nos

trabalhos. Esse estudo deve ficar pronto ao longo dos próximos quinze dias.

Era isso que o eu tinha para que falar.

Meu muito obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Agradecemos a presença e a

mensagem do Secretário de Estado de Fazenda, Dr. Paulo Ricardo Brustolin.

Convidamos agora, para fazer uso da palavra, o Conselheiro do Tribunal de

Contas, Dr. Luiz Henrique Lima, que dispõe de quinze minutos.

O Dr. Luiz está meio chateado hoje, tendo em vista o seu flamengo...

O SR. LUIZ HENRIQUE LIMA – Boa tarde a todos!

Eu não vou comentar sobre futebol com o Deputado Wilson Santos, mas quero

elogiar a iniciativa inspirada desta Audiência Pública acerca de um tema tão relevante.

É exatamente esse o papel do Poder Legislativo: trazer os temas relevantes à

sociedade, que não são temas partidários; que não são temas eleitorais; que são temas do futuro, do

desenvolvimento de uma comunidade, e convocar as inteligências, convocar os interessados,

convocar aqueles de boa vontade para se expressarem, colocarem o seu posicionamento, as suas

propostas.

O tema da nossa pauta, a Lei Kandir, sem dúvida é um dos mais relevantes.

Eu tenho estudado a questão da Federação e estou convencido que um dos graves

problemas do nosso País são as disfunções da nossa República Federativa, que hoje é república, mas

é pouca federativa, porque a União concentra recursos, distribui obrigações e, muitas vezes, concede

benefícios à custa de Estados e municípios, numa visão muitas vezes ultrapassada, porque o Prefeito

não é subordinado ao Governador, e o Governador não é subordinado ao Presidente da República.

Cada um deles tem obrigações distintas, e cada um deles tem a sua própria legitimidade alcançada

pelo sufrágio democrático.

Então, o meu tema é o da Justiça Federativa.

Rapidamente irei passar por cinco pontos: a Lei Kandir, o FEX, a contribuição de

Mato Grosso para as exportações brasileiras; as transferências efetivas que a União tem feito, e

propostas.

Eu vou concluir com uma proposta, Deputado, que não poderia ser outra numa

Casa Legislativa, que não fosse uma proposta política.

A Lei Kandir desonerou as exportações da cobrança do ICMS em 1996, instituiu

uma compensação provisória que deveria vigorar até 2002. Posteriormente foi sendo alterada por

outras normas complementares.

Os seus objetivos já foram apresentados aqui: contribuir para aumentar as

exportações, melhorar o saldo da balança comercial brasileira, melhorar o panorama das nossas

contas internacionais por intermédio do aumento da competitividade dos nossos produtos com a sua

desoneração.

Essa compensação, e nós veremos daqui a pouquinho, ela não foi suficiente

reconhecidamente.

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Então, em 2004 criou-se um mecanismo apelidado de FEX, que tem esse caráter de

auxílio, uma palavra que me desagrada muito, mas é a palavra legal, é um auxílio financeiro que a

União concede a Estados e municípios exportadores. Ele é inserido anualmente nas leis

orçamentárias da União e depois vai sendo liberado por intermédio de medidas provisórias, sendo

que em 2014, como já mencionou o Secretário de Fazenda, não houve sequer isso. Foi feito um

projeto de lei em julho de 2015 para conceder um auxílio relativo a 2014.

Pelo menos esse FEX tem um componente positivo interessante, é que coeficientes

de distribuição do montante do FEX são pactuados pelos secretários de fazenda, não são impostos

unilateralmente pela União, e não são fixos. A cada ano, de acordo com as circunstâncias

econômicas da produção, são coeficientes diferenciados.

Mato Grosso e as exportações brasileiras - nós já ouvimos aqui algumas

informações.

Em 2014 a balança comercial brasileira foi deficitária em quatro bilhões de

dólares, dados do Ministério da Indústria e Comércio. Mato Grosso teve um superávit de treze

bilhões de dólares.

Nós vemos aqui na tabela Brasil e Mato Grosso.

Se não fosse Mato Grosso, o déficit da balança comercial brasileira seria de

dezessete bilhões de dólares, ou seja, a nossa saúde perante a comunidade econômica financeira

internacional estaria bastante abalada. Esses rebaixamentos das agências de classificação de risco

talvez tivessem chegado antes, e com maior intensidade, se não fosse a contribuição de Mato Grosso

com o seu superávit de treze bilhões de dólares.

Vamos gravar esse número, porque nós vamos ver outros a seguir, que são as

transferências efetivas da União.

No caso da Lei Kandir, nós identificamos três problemas: primeiro, o valor da

compensação sempre foi ínfimo, ridículo, perante a desoneração efetiva; segundo, os coeficientes

são fixos desde 2003 - o Secretário falou 2007, os dados que tenho são que desde 2003 o coeficiente

é fixo. O valor foi alterado, mas o coeficiente é fixo. Isso desconsidera a dinâmica do

desenvolvimento regional, que o nosso Presidente aqui apresentou, mostrando que o Mato Grosso

deu um salto, enquanto que outros Estados tiveram um desempenho mais lento no seu processo de

desenvolvimento.

Mato Grosso com sua terra, com seu clima, com tecnologia do agronegócio e com

o trabalho da sua gente, principalmente, saltou à frente, mas isso não teve efeito nenhum em termos

de compensação da Lei Kandir.

E o terceiro problema é que o Governo Federal não honra com as suas obrigações

legais e atrasa os repasses, como vamos mostrar a seguir.

Então, em 2013, por exemplo, o pagamento da Lei Kandir só começou em abril;

em 2104 o repasse de março só foi pago em dezembro, sem correção; em 2015 o pagamento da Lei

Kandir também só começou em abril; e no que diz respeito ao FEX, vocês já sabem, os valores de

2013 do FEX foram pagãos em janeiro de 2014, e os valores de 2014 até ontem, que eu consultei,

não tinham sido pagos. Dois mil e quinze ninguém tem nem horizonte quando isso vai ser pago.

Então, a União é caloteira – é caloteira! (PALMAS)

Entre 2010 e 2013 as exportações de Mato Grosso cresceram 87% em dólares; a

inflação, IPCA, cresceu 24%, mas o repasse da Lei Kandir não aumentou um centavo - o que falou o

nosso Secretário.

Aqui estão os números.

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As exportações saltaram de oito bilhões, quatrocentos e sessenta e dois milhões

para quinze bilhões, oitocentos e quinze milhões. Os repasses da Lei Kandir foram os mesmos em

2010, 2011, 2012 e em 2013, como se não houvesse uma inflação acumulada ao longo do tempo. Já

os economistas da época do Plano Real ensinaram a todos que o imposto inflacionário é a forma

mais fácil e mais perversa de concentração de renda e no caso concentração de renda nos cofres da

União em detrimento dos estados e dos municípios.

Aqui está a curva. Talvez, não esteja muito visível, mas a linha azul mostra o

crescimento das exportações; a linha vermelha mostra a evolução da inflação e a linha verde

horizontal mostra o congelamento do valor do repasse da Lei Kandir.

Um último detalhe, Deputado Wilson Santos, os estados que têm uma balança

comercial deficitária recebem uma compensação da Lei Kandir muito superior a de Mato Grosso. É

o que eu chamo de repartição injusta, porque é uma compensação pelo esforço para exportação para

beneficiar o saldo da nossa balança comercial. Não é essa a lógica? Então, me expliquem, por favor,

esses dados aqui: em 2014 o superávit de Mato Grosso foi treze bilhões e nós recebemos vinte e dois

milhões de reais na Lei Kandir. O Pará teve um superávit um pouquinho maior que o nosso, um

superávit de treze bilhões, duzentos e noventa e dois milhões de dólares, mas ele recebeu cinquenta e

um milhões de reais da Lei Kandir; mais que o dobro de Mato Grosso. Agora, Santa Catarina teve

um déficit de sete bilhões de dólares e recebeu quarenta e dois milhões de compensação da Lei

Kandir; e São Paulo teve um déficit de trinta e três bilhões de dólares na sua balança comercial e

recebeu trezentos e sessenta e quatro milhões de reais de repasse da Lei Kandir.

Então, é um critério que, talvez, em 1996, Deputado Wilson Santos, tivesse uma

lógica, uma explicação, mas com os números de hoje é um absurdo.

E aí eu imagino: se fosse cobrada uma alíquota de 1% de ICMS sobre o valor das

exportações de Mato Grosso, o valor que o Estado receberia seria trezentos e setenta e dois milhões

de reais a mais do que a soma do FEX e da Lei Kandir, se fosse 1%.

Vejam bem: eu não defendo cobrar ICMS nenhum; eu não defendo tributar o que

já está desonerado. (PALMAS) Eu penso que o efeito macroeconômico disso não seria positivo, ao

contrário, mas eu estou citando esse 1% para nós percebermos como é irrisório o retorno da União

para o esforço de um Estado produtor. Se pagasse, se pagasse o FEX, se pagasse a Lei Kandir, em

dia, mas nem isso!

Então, eu vou chegar à proposta, concluindo, Deputado Wilson Santos.

Eu penso que foi admirável o trabalho desta Assembleia Legislativa; foi admirável

o trabalho dos três Senadores de Mato Grosso; dos nossos oito Deputados da Bancada Federal; foi

admirável o trabalho do Governador Pedro Taques e da sua equipe no sentido de pressionar o

Congresso Nacional, o Ministério da Fazenda, para a aprovação do Projeto de Lei que alcançou os

recursos que, ainda, não foram sancionados e, muito menos, pagos, mas, pelo menos, o Congresso

aprovou o Projeto de Lei do FEX 2014. Agora, o que nós precisamos é de uma solução permanente,

de uma solução institucional. Não podemos, a cada exercício, ficar de pires nas mãos buscando que

a União nos conceda um auxílio de algo que é direito de quem está produzindo e contribuindo para o

nosso País.

E essa solução não é mágica. Ela está na Constituição.

O Artigo 91, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, diz o seguinte:

“A União entregará aos Estados e ao Distrito Federal o montante definido em lei complementar, de

acordo com critérios, prazos e condições nela determinados, podendo considerar as exportações para

o exterior de produtos primários e semielaborados, a relação entre exportações e importações...”...

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DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 16 - Secretaria de Serviços Legislativos

Ou seja, exatamente se o Estado é superavitário na sua balança comercial ou se é

deficitário, e os outros critérios.

Essa disposição constitucional transitória prevê uma Lei Complementar que vai

superar a Lei Kandir, porque, hoje, a desoneração dos produtos primários já está no corpo

permanente da Constituição. Isso não será objeto de discussão agora e nem para frente, mas ela vai

estabelecer uma regra razoável, permanente, estável de compensação da União para os estados e

municípios e vai considerar o montante das exportações e se os estados são superavitários ou

deficitários.

Agora, senhores e senhoras desta plateia tão inteligente e atenta, esse dispositivo

foi aprovado em 2003. Desde 2003 o Brasil espera uma Lei Complementar para definir essa situação

e não há nenhum projeto em tramitação no Congresso Nacional.

A proposta que formulo a Vossa Excelência, Deputado Wilson Santos,

representando aqui a Casa do Povo de Mato Grosso, é que lidere com as demais Assembleias dos

estados exportadores, com as forças vivas da sociedade e da produção, um movimento para

impulsionar o Congresso Nacional a editar essa Lei Complementar que já tem previsão e que é tão

necessária para reparar essas injustiças e nos termos uma solução de caráter permanente para esse

problema.

Muito obrigado pela oportunidade! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Eu quero agradecer o Conselheiro

Luiz Henrique Lima com quem eu tive o privilégio de conviver. Fomos Deputados Estaduais juntos

sobre as orientações do nosso imortal Leonel de Moura Brizola. Nos idos de 90 Luiz Henrique era

Deputado Estadual pelo Estado do Rio de Janeiro e o Antônio Joaquim eu pelo nosso querido Mato

Grosso.

Eu digo sempre que foi um achado Mato Grosso recebê-lo, Luiz, o senhor ter feito

concurso público. É Conselheiro do nosso Tribunal, concursado. É um talento que Mato Grosso

ganhou como, também, o Paulo Brustolin...

Obrigado, Paulo, pela presença.

Eu quero intimar aqui o Deputado Zé Domingos Fraga para que fique conosco até

para melhorar a beleza desta mesa, Excelência, para melhorar o visual, até porque está sendo

televisionado e os telespectadores querem ver pessoas cada vez mais bonitas no vídeo e o senhor

está com essa beleza toda aí.

Passo a palavra agora ao Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico,

essa Secretaria é aquela antiga Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo, Minas e Energia e outras

coisas mais que na gestão do Governador Pedro Taques foi fundida, repartida, aumentada, reduzida e

transformou-se em Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Com a palavra, por até quinze minutos, o Secretário Dr. Seneri Paludo.

O SR. SENERI PALUDO – Obrigado, Deputado Wilson Santos.

É um prazer estar aqui. Obrigado pelo convite para estar aqui debatendo com os

senhores.

Agora a minha situação ficou mais fácil, eu tinha preparado até algumas

informações, que eu ia trazer para os senhores, mas foi tão bem exemplificada por quem me sucedeu

que fica mais fácil falar agora.

Eu acho que há alguns conceitos importantes para eu tentar ser bem sucinto com

relação ao tema da Lei Kandir e também com relação à questão da agregação de valor ou não.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 17 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu acho que o grande desafio hoje não é mais falar assim: “ah, precisa tributar,

precisa arrecadar mais. Qual é esse ponto”? Não é isso que o Executivo está discutindo hoje. O

ponto que hoje o Estado de Mato Grosso, que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, junto

com a SEFAZ, junto com a Secretaria de Planejamento, junto com o grupo econômico, como o

Governador Pedro Taques fala, é como nós criamos ou ampliamos a base da nossa economia, e não

como nós arrecadamos mais para fazer jus aos trabalhos ou às demandas que precisamos fazer,

principalmente, com relação à saúde, educação, transporte e segurança pública.

Eu acho que o grande desafio que nós temos hoje, e foi colocado muito bem,

talvez, aqui pelo Paulo Brustolin posso resumir a três: primeiro, o nosso desafio, olhando um

pouquinho para frente, é que os fatores econômicos que nos trouxeram ao Estado de Mato Grosso a

ser essa pujança que é no agronegócio, maior produtor de soja, maior produtor de milho, maior

produtor de algodão, maior produtor de pescado de água doce, maior produtor de milho de pipoca e

assim vai.

Os mesmos fatores econômicos que nos trouxeram até aqui para sermos líderes

não são os mesmos fatores que vão nos “draivar” ou que vai nos impulsionar para os próximos vinte

anos. Esse é o ponto de inflexão e é exatamente esse momento que estamos vivendo no ponto de

inflexão da curva.

E aí o que nós temos pensado muito e conversado muito dentro do Executivo,

Deputados, é que nós temos hoje três grandes desafios: o primeiro desafio é fazer o processo de

agregação de valor desta produção de matéria-prima que nós temos aqui. Não que - deixando bem

claro – hoje num produto como o algodão, como a soja, como o milho, como o boi, não tenha

agregação de valor lá, e uma tonelada de soja, ou uma tonelada de algodão, ou uma tonelada de

pescado, de frango, por exemplo, tem tanta tecnologia embarcada, talvez, quanto tenha numa

tecnologia de ponta de um automóvel.

Se você pega hoje, por exemplo, um quilo de frango que, vamos dizer assim,

muitos casos são transformados aqui dentro do Estado de Mato Grosso, a tecnologia que se tem lá de

biotecnologia; a tecnologia que se tem lá da transformação em máquinas, em implementos, em

produção, é tão grande quanto nós temos em tecnologia de ponta como o setor, por exemplo, de

máquinas ou o setor de transporte. Tanto que nós somos uma referência no mercado internacional

para isso.

Hoje, quando um americano ou quando um asiático vem aprender sobre como

fazer uma tonelada de carne, ele vem aqui para o Brasil, ele vem aqui para o Estado de Mato Grosso.

E essa tecnologia é uma tecnologia que tem valor.

O nosso desafio, hoje, é como que nós vamos fazer esse segundo passo, é como

nós vamos fazer esse processo de industrialização.

Segundo, foi colocado, quando Vossa Excelência falava, Deputado, nós temos um

desafio também aqui dentro do Estado de Mato Grosso que não é só industrializar, mas é também

diversificar a nossa economia.

Hoje o PIB do Estado de Mato Grosso é 51% baseado dentro do agronegócio. Eu

acho que o desafio nosso é que temos que diminuir essa dependência, não porque o agronegócio tem

que diminuir, mas porque tem outros setores das cadeias, onde temos vantagens comparativas dentro

do Estado, que temos que ampliar, por exemplo, turismo, tão difamado, tão divagado e tantos pontos

que falamos com relação a isso. O outro é o setor de base florestal. Nós temos vantagens

comparativas dentro do Estado de Mato Grosso que talvez nenhuma outra região do mundo tenha.

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E terceiro, só para citar algum setor de origem mineral E aí quando falo de origem

mineral não estou falando de produção de ferro, não estou falando de polimetálicos, mas, por

exemplo, lapidação de pedra. O Estado de Mato Grosso produz 88%, hoje do diamante do Brasil e

nós não temos nenhum processo de lapidação dentro do Estado de Mato Grosso e outras pedras para

não falar como quartzo, como bijuteria e como todos os outros.

E esse é um desafio desse processo da diversificação da economia que,

automaticamente, com esse processo de diversificação da economia nós trazemos um processo de

redução da desigualdade econômica de algumas regiões. Por quê? Porque cada região tem a sua

vocação. A mesma vocação que é, por exemplo, do Município de Sorriso, não é, como foi bem

colocado por Vossa Excelência, do Município de Poxoréu ou não é como, por exemplo, do

Município de Poconé, mas cada uma tem a sua vocação.

Então, o grande desafio, se nós pudermos falar de uma maneira geral, hoje, no

Estado de Mato Grosso são esses três pontos: diversificar a nossa economia; automaticamente,

diminuindo desigualdade econômica e aí social; terceiro ponto, o segundo passo que precisamos

fazer é esse processo de segmento, como estamos falando, desse processo de agregação de valor e

industrialização.

O que nós precisamos fazer está muito claro e não é com aumento de carga

tributária que você faz isso, muito pelo contrário, é com a ampliação da base. (PALMAS)

O grande ponto que nós olhamos é o seguinte: o que está aí, o diagnóstico está

dado. Eu acho que cada cidadão mato-grossense sabe disso. A grande chave é: como fazer isso?

E aí eu quero destacar alguns pontos, que acho importante o Executivo, a

sociedade civil organizada e o Legislativo estarem alinhados e fazendo isso como? Primeiro, foi

colocado aqui pelo Secretário Paulo Brustolin, um dos pontos mais importantes que temos agora e

temos que fazer daqui até o final do ano, fazendo o Executivo e tem muito do Legislativo, é a nossa

Reforma Tributária do Estado.

E aí quando falo da reforma tributária do Estado não é do ponto só com relação à

carga tributária. Mas hoje tão pesada quanto é a carga tributária é o jeito que nós pagamos tributo no

Estado de Mato Grosso.

As obrigações acessórias se tornaram tão pesadas quanto, ou até maiores do que a

própria carga. Isso é custo. Isso afugenta aquela pessoa que veio fazer o segundo processo de

industrialização aqui dentro.

Esses dias eu visitei uma piscicultura - próximo a Diamantino, até estava junto

com o Deputado Zé Domingos Fraga –, que é o maior projeto de piscicultura de água doce do Brasil,

mais de mil hectares de lâmina d’água.

Nós conversávamos na oportunidade - não é Deputado? -, e falamos da rede, a rede

para separar o peixe, que era de uma indústria de Santa Catarina; conversamos sobre o aerador, que é

aquele processo que precisa, era de uma indústria do Paraná, de onde se estava trazendo.

Por que essa indústria não vem para cá? Porque o ambiente hoje, talvez o tributário

do Estado de Mato Grosso, é tão avesso que o cara prefere ficar lá de que estar aqui; e eu não estou

falando de carga tributária, não estou falando disso, eu estou falando que a Legislação tributária do

Estado de Mato Grosso, muitas vezes, do jeito como você paga esse tributo, é pior do que a própria

carga em si.

Então, essa é uma reforma, ou esse é um ponto, que nós precisamos enfrentar. Por

isso foi falado aqui pelo Secretário Paulo Brustolin que agora, no dia 05, estaremos eu e ele lá

contratando, assinando junto com a Fundação Getúlio Vargas, porque nós precisamos ver essa

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reforma como um todo para deixar o Estado mais leve e mais atrativo, e nós podermos, a partir daí,

dar o segundo passo, que é no caminho de atração, não só das grandes indústrias, mas dessas médias

e pequenas empresas que grande parte do consumidor dela está aqui dentro.

Não adianta achar que nós vamos atrair uma empresa de Iphone - é muito difícil -

mas eu falo, por exemplo, desse exemplo prático, que é uma empresa que faz rede de pesca para

separar peixe, porque 27% do produto de pescado de água doce do Brasil está aqui, ele vende aqui,

ele não está vendendo no Maranhão, em São Paulo ou nos grandes centros.

Nós temos que fazer o processo de atração dessa empresa para cá. Como?

Primeiro, reforma tributária; segundo, um trabalho que também já está sendo feito dentro do

Executivo, e com muito trabalho também dentro do Legislativo, que é a revisão da política de

incentivos fiscais do Estado de Mato Grosso.

Eu não estou falando só de revisão do ponto de vista do PRODEIC, do Programa

de Incentivo a Indústria e Comércio do Estado, que, como também foi mencionado, teve caso de

corrupção, mas corrupção você tem que trabalhar como corrupção, não é função do Executivo, do

Legislativo. Para isso tem Ministério Público e polícia que estão olhando para isso.

Mas nós precisamos rever. É fato que o PRODEIC, o Programa de

Desenvolvimento Industrial do Estado de Mato Grosso, não contribuiu para a agregação de valor. É

só ver os números.

Nós temos hoje oitocentas e vinte e nove empresas dentro do PRODEIC, quase

70% das empresas concentradas em dois municípios, e uma das políticas de fazer o processo de

atração é você trazer essa indução para municípios que não tenham vantagens comparativas tão boas

como é o caso de Cuiabá, Rondonópolis e Lucas do Rio Verde.

Nós precisamos rever isso e rever do ponto de vista não só da política de

incentivos que nós estamos vendo aqui, mas também de políticas setoriais para vantagens

comparativas, como foi o caso citado por você, do PROALMAT.

Nós temos hoje, está muito claro que nós temos hoje cinco setores no Estado de

Mato Grosso em que temos vantagens comparativas e temos que aproveitar essas vantagens

comparativas, uma é o agro, e, para isso, nós temos que ter uma boa política de incentivos públicos

para darmos esse segundo passo. Para atrair quem? Atrair essas empresas do agro para dentro do

Estado.

Segundo, setor de base florestal. Talvez nenhum país do mundo, nenhuma região

do mundo, consegue consolidar duas coisas que são tão importantes, que são florestas plantadas e

florestas nativas por meio de manejo.

Nós conseguimos hoje ter uma cartilha de produtos para o mercado de base

florestal que dá para atendermos do setor de móveis ao setor de papel e celulose. Nós temos que

aproveitar dessas vantagens comparativas.

Setores de mineração e de turismo.

Precisamos, sim, ter políticas públicas, e aí eu estou falando especificamente de

legislações específicas para cada um desses setores, para termos isso, para ter cada uma dessas

políticas em cada um dos setores, até para você não considerar nenhum sobre o outro.

E, por fim, tem uma coisa também que nós precisamos avançar, também ainda

falando como um todo. Na própria Lei nº 7.958, que é a lei do PRODEIC, lei de incentivos fiscais do

Estado de Mato Grosso, um dos temas lá, dentro do PRODEIC, PRODER, PRODETUR, tem um

negócio chamado PRODECIC, que é o Programa de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia.

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Nenhuma, nenhuma região do mundo conseguiu se desenvolver e dar o segundo

passo, que é o que nós precisamos fazer agora, sem inovação e tecnologia.

Hoje, se nós precisamos dar esse segundo passo de agregação, é ter uma política

muito clara dentro do Estado para a atração de empresas de inovação e tecnologia.

Então, Deputado, ficam aqui as nossas considerações.

Quero dizer que o Executivo está lá disposto para fazer a avaliação, não com

aumento de tributo, mas fazendo o processo nesses três passos: reforma tributária do Estado;

reforma das políticas de incentivos fiscais, olhando-a setorizadamente e não como um grande balaio

de gato; e, terceiro, revisando a política nossa de inovação e tecnologia.

Sem fazer esses três processos não será possível darmos o próximo passo. Fazendo

esses três processos, nós vamos discutir daqui a vinte, dez anos, um novo Mato Grosso, que eu acho

que é o que todo mundo quer, com redução de carga tributária e não com aumento. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado ao jovem Secretário

de Estado, Dr. Seneri Paludo.

Agora vamos convidar o Sr. Último Almeida Oliveira, Fiscal de Tributos da

Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso, que dispõe de 15 minutos.

O SR. ÚLTIMO ALMEIDA DE OLIVEIRA – Como disse o nosso Secretário,

tecnicamente, cabe a mim apresentar os números e os dados referentes a Mato Grosso.

Quero fazer um parêntese de que a nossa apresentação está em cima das

desonerações decorrentes da Lei Kandir e as compensações, as quais a União prometeu e não vem

cumprindo, não só com o Estado de Mato Grosso, mas com o Brasil todo.

Começamos a nossa apresentação fazendo um breve histórico, de onde nasceu,

desde o Plano Real, que o Governo Federal teve duas âncoras, que foi a valorização do Real e a

elevação da taxa de juros.

Isso trouxe dois efeitos negativos: o resultado na balança comercial ruim e o

volume de investimento no setor produtivo da economia.

Temos inclusive uma notícia do próprio Governo Federal que cita assim: “Alguns

anos antes de o Real entrar em vigor a balança comercial sustentava um superávit expressivo. A

abertura do mercado de importação no início dos anos 90 e a circulação da nova moeda, no entanto,

impactaram no saldo comercial, de um superávit de 10 bilhões de dólares em 1994, a balança

comercial passou a um déficit de 3 bilhões em 1995”. Essa é uma notícia do Governo Federal.

Então, fez-se necessária a intervenção, que foi o incentivo à exportação e a redução

dos custos da produção, que tornou o nosso produto mais competitivo.

Na sequência, falo das desonerações. Elas já estavam previstas na Constituição

Federal de 1988, entretanto, a Constituição Federal previa a desoneração de produtos

industrializados.

A Lei Kandir veio na sequência e desonerou também os produtos primários e

semielaborados.

Houve uma distorção durante certo tempo, houve também questionamentos

judiciais e a partir de 2003 essa distorção foi corrigida com a Emenda Constituição nº 42/03, que

também introduziu na Constituição a desoneração do produto primário e semielaborado.

Agora, nós vamos trazer os dados, os números do Estado de Mato Grosso e do

Brasil em relação ao curso dessa desoneração.

Então, aí nós estamos trazendo em valores absolutos as desonerações da Lei

Kandir.

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Pág. 21 - Secretaria de Serviços Legislativos

Crédito de ICMS nas aquisições de ativo, também foi incorporado. Então, é aquela

situação: todo empresário que vai exportar pode comprar os seus ativos e esse tem direito ao crédito.

No geral não se dá direito ao crédito na aquisição de ativo imobilizado. Nas exportações veio essa

inovação.

E a parte azul a exportação de produto primário semi elaborado.

Então, aí estão os dados em números das perdas da desoneração do ICMS em

relação ao Brasil de 1996 a 2014.O projeto deu certo, porque as exportações realmente alavancaram

por esses dados. Só pelos dados da desoneração é possível ver.

Nós temos um link abaixo acumulado só para termos noção de valores absolutos,

valores nominais.

Esses nós temos em números totais. A desoneração do ICMS total no Brasil nesse

período foi de trezentos e trinta e um bilhões; com exportações primárias - cento e oitenta e nove e

cento; e cento e quarenta e um com aquisição de ativo imobilizado.

Esses são dados Brasil.

O SR PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Dr. Último, por gentileza, use o

microfone mais próximo da boca.

Se o senhor puder, repita os valores dessa ficha anterior.

O SR ÚLTIMO ALMEIDA DE OLIVEIRA – Esses são valores nominais em

relação ao Brasil.

Perdas do Brasil: trezentos e trinta e um bilhões o custo da desoneração com as

exportações; cento e oitenta e nove milhões com exportação do produto primário; e cento e quarenta

e um milhões do aproveitamento do crédito imobilizado. São valores do Brasil.

Agora, nós vamos ver dados de Mato Grosso.

Esse é o mesmo levantamento em relação a Mato Grosso.

A desoneração de 1996 a 2014, por exportação, o produto primário pode-se ver

que ele é bem superior ao crédito do ICMS do ativo. Então, o nosso processo de entrada de bens de

ativo imobilizado não representou tanto assim nessa desoneração. Lá no link acumulado tem os

valores totais.

Esses são valores nominais de Mato Grosso, total desde 1996 com a

implementação da Lei Kandir.

A desoneração em Mato Grosso é em torno de vinte e oito bilhões de reais; vinte e

quatro bilhões relativos à exportação de produtos primários; e 3,5 bilhões em relação ao ativo

imobilizado.

Esses são dados que ficarão com os senhores. Esses valores são ano a ano

distribuídos.

Eu trouxe uma relação até para corroborar com a fala dos Secretários que falaram

anteriormente.

Aí nós temos uma relação simples das exportações em relação ao PIB de Mato

Grosso. Sempre se discute que o nosso PIB é alavancado pelas exportações, mais precisamente pelo

agronegócio. Realmente, os senhores podem ver que as curvas são semelhantes, entretanto, o PIB de

Mato Grosso realmente deu um salto bem maior que a própria exportação. Isso vem a corroborar

com as falas dos palestrantes anteriores de que as exportações, sim, alavancam de forma periférica o

nosso PIB e consequentemente uma parcela do ICMS que será onerado.

Então, essa é a relação PIB/exportação em Mato Grosso durante esse período. De

noventa e dois bilhões, trinta e quatro são exportação.

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Eu vou falar das compensações propriamente ditas.

Eu até disse ao Secretário que se tivesse feito a apresentação com o Dr. Luiz

Henrique ficaria até perfeita a nossa apresentação.

Ela vem com essa distorção desde a sua criação.

De 1996 a 1999 o Governo criou o chamado Seguro Receita, que ele calculava os

valores e repassava em relação à Lei Kandir, mas ela tinha essa grande distorção.

Em relação ao índice que o Dr. Luiz Henrique disse ali, naquele link original –

você pode clicar ali – é para demonstrar a compensação que era feita em Mato Grosso. Esse quadro

aí que tem Mato Grosso 1,94%, esse é o índice que está estabelecido na Constituição por meio da

Lei Kandir como repasse para Mato Grosso.

Então, esse é o percentual que nós temos e desde essa época o Governo Federal...

Isso foi institucionalizado por meio daquela emenda do artigo 91 que o Dr. Luiz Henrique falou e

isso já está na Constituição.

Em relação a esse repasse da Lei Kandir, propriamente dito, não temos tido

problema, porque o Governo também estabeleceu esse valor de um bilhão, novecentos e cinquenta e

Mato Grosso recebe um 1,94%.

Aí os senhores podem ver a distorção que era em relação à exportação em 1996

para o que é hoje.

No próximo passo eu vou mostrar o que é o ajustado.

Esse foi o que o Dr. Luiz Henrique citou.

A partir de 2007 o Governo Federal realmente disse: vamos criar esse fundo de

auxílio para retirar fomenta a exportação. Então, ele queria fazer com que todos os estados

fomentassem. E ele deu autonomia ao CONFAZ para calcular esses valores, qual seria esse índice de

repartição. Então, esses valores são calculados dentro do CONFAZ por um grupo de trabalho da

COTEPE. Isso é feito em cima da exportação real.

Os senhores podem ver que o índice de Mato Grosso de 1,94% do que era a Lei

Kandir nós temos um índice real de 20,29% em relação às exportações. Os Estados estabeleceram

esse convênio e a partir desse convênio estabeleceram essa distribuição que é calculada ano a ano

em cima das exportações efetivas.

Esses são os dois valores que Mato Grosso tem a receber.

Aí vem isso o que eu disse aos senhores em relação ao artigo 91, que estabeleceu e

criou esse Fundo de Auxílio Financeiro, que é a grande dor de cabeça dos estados. Ele não está

institucionalizado, depende da vontade do Governo Federal de distribuir esse um bilhão, novecentos

e cinquenta pelo qual vem corrigir a distorção de 1,94% que Mato Grosso teria.

Então, como se calcula o índice real que nós teríamos a receber, desconta-se o que

foi recebido por meio da Lei Kandir, que o repasse vem normal... Para se ter uma ideia do repasse da

Lei Kandir nós tivemos em torno de trinta e sete milhões e no cálculo exato do CONFAZ em torno

de quatrocentos milhões de reais.

E aí ele vem compensar isso, mas todo ano é esse desespero que precisa ficar

correndo atrás de Deputado. A União, inclusive, nem coloca esse valor no Orçamento. Ele tem que

ser colocado pelos Deputados. Depois de colocado no Orçamento é essa peregrinação para que se

aprove uma medida provisória ou uma lei para poder distribuir esses valores.

Aí tem uma lacuna que aconteceu de 2004 para cá até que se implantou esse

sistema do FEX. Nesse período não tinha valor e fica a bel prazer do Governo Federal. Um

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novecentos e cinquenta, realmente, distribuídos pela Lei Kandir; e esse outro, um novecentos e

cinquenta, fica dependendo desse verdadeiro pires na mão como dizem.

Aqui nós mostramos essa repartição do dinheiro, os valores que Mato Grosso

recebeu de 1996 para cá em relação à transferência do FEX e a Lei Kandir. Podemos ver que a Lei

Kandir desde 2006 está o mesmo valor e vimos conseguindo os maiores valores para essa

compensação por meio do FEX.

Vocês podem ver que em 2013 está zerado o FEX justamente por conta dessa

vontade da União, que em 2013 não distribui o valor do FEX, só foi pagar em 2014. E agora de 2014

veio pagar em 2015; e de 2015 também não temos expectativa, porque não tem nenhuma Medida

Provisória ou uma lei do Governo para pagar o relativo a 2015.

Ali nos dados vão ter os valores acumulados disso aí.

Esse aqui é o valor que nós recebemos, em 2014, de trezentos e sessenta e nove

milhões nessa faixa de duzentos e setenta, trezentos milhões, a nossa compensação pelas

desonerações. Mais à frente nós vamos ter o comparativo disso em relação ao que foi desonerado.

Isso aqui é um dado do comparativo só para enxergar num quadro o efeito da

desoneração e o que a União tem compensado.

Esses são valores Brasil: trinta e nove bilhões. Desses trinta e nove bilhões o

Governo Federal compensou os Estados com apenas 10% do valor.

Esse valor, vocês podem ver que lá no inicio era uma faixa e isso foi crescendo, a

tendência é que os Estados vão trabalhando, desenvolvendo, produzindo, exportando e não tem a

contrapartida da União para isso.

Esses são os mesmos dados relativos a Mato Grosso. Para este ano as desonerações

somaram, em 2014, quatro bilhões quatrocentos e setenta e cinco, e nós fomos compensados com

trezentos e sessenta e nove milhões, basicamente, 8% da nossa perda.

Só para ter um dado, esse quatro bilhões quatrocentos e setenta e cinco representa

40% da nossa Receita Corrente Líquida que no período foi de dez bilhões, novecentos e alguma

coisa. Nós tivemos desoneração de quatro bilhões e quatrocentos.

Aqui nós temos aqueles valores das perdas, entretanto, já com valores atualizados.

Então, a União tem no País todo... A desoneração com o ICMS para os Estados é

algo em torno de quinhentos e nove bilhões de reais; a perda líquida, trezentos e oitenta bilhões,

porque ele compensou cento e vinte e oito milhões. Isso, como alguns palestrantes disseram, injusto

para com os Estados que estão alavancando essa balança comercial do Brasil.

Algumas conclusões que nós chegamos, inclusive até faz parte da fala do Dr. Luiz

Henrique, essa imprevisibilidade da compensação feita na Lei Kandir e no Auxílio prejudica o

planejamento. Não dá para o Estado fazer planejamento das suas políticas públicas e sociais

contando com esse dinheiro.

Então, ações que ele podia ter orçado e planejado para executar, ele não tem a

segurança para fazer, porque não tem a certeza desse dinheiro, ele depende de uma vontade política

do Governo Federal.

No último CONFAZ que o Secretário citou, eu estive lá, foi uma verdadeira

romaria, uma pressão desses estados em cima do Ministro, porque depende dele fazer essa locação

do valor para poder fazer a distribuição. Então, faz-se necessário que isso seja constitucionalizado

mesmo essa compensação. É um dos problemas.

Também, esse montante global, como vocês viram, é ínfimo em relação à

desoneração. Isso também precisa ser revisto.

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DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 24 - Secretaria de Serviços Legislativos

Esses fatores acarretam a necessidade de infindáveis discussões anuais que

prejudicam a trâmite no Congresso Nacional, que é desde colocar o valor do FEX no orçamento

depende de uma ação política. Se não houver essa ação, o valor não vai para o orçamento e,

consequentemente, no ano seguinte não tem Medida Provisória, não tem ação para sair.

A discussão da aprovação dessa Lei Complementar 91, fixando regras para a

matéria que independam da vontade da União; fixar seus valores constitucionalmente e deixar

distribuir.

Tem também uma agravante - que não colocamos - nesse art. 91 do ADCT, que

diz que essa compensação vai se perdurar até que os Estados façam aquela reforma em que o ICMS

vai ser repassado, vai ser destinado ao Estado consumidor a partir de 80%.

Quando esse trâmite chegar a 80%, essas compensações estão mortas e é para se

pensar também no Congresso. Por quê? Vocês que estão ... a Reforma Tributária do ICMS, tem um

Projeto de Resolução do Senado – PRS no Senado, que o nosso Senador Wellington Fagundes é o

Relator, que faz a unificação das alíquotas, consequentemente, passando o ICMS para ser totalmente

direcionado ao destino, que é um fator agravante. Quando isso se concretizar, automaticamente,

essas compensações que estão aprovadas na lei podem deixar de existir. Então, isso depende

também de uma vontade política para isso.

São esses os dados técnicos que tínhamos para apresentar, que é a nossa questão

para discussão em relação à União e ao repasse. Com relação à forma e tributação, o nosso

Secretário já disse, o Estado está procurando outros caminhos para compensar essas receitas e essas

perdas, mas, evidentemente, evidenciando esforços que sejam compensados pela União naquilo que

prometeu a fazer.

Era isso. Obrigado a todos. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Agradecemos a apresentação do Dr.

Último Almeida Oliveira, Fiscal de Tributos da SEFAZ.

Com a palavra, o Sr. Sávio Pereira, do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento – MAPA, Coordenador de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento – MAPA, que dispõe de quinze minutos.

Antes, quero registrar a presença do 1º Secretário deste Parlamento, o Deputado

Nininho, ex-Prefeito do Município de Itiquira, e do Deputado Zé Domingos Fraga, ambos se

encontram a mesa; da Vereadora de Lambari d’Oeste, Srª Lurdes de Azevedo Carvalho; do Dr.

Vinicius de Carvalho, Presidente do MT-PAR.

Obrigado! A presença de todos enriquece esta Audiência Pública.

O SR. SÁVIO PEREIRA – Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer e

cumprimentar a todos em nome do Deputado Wilson Santos.

Eu quero fazer um cumprimento especial ao Onofre, nosso amigo Onofre, meu

conterrâneo da cidade Campos Altos, Minas Gerais, onde a minha mãe, com noventa e cinco anos,

vive até hoje.

Eu vou falar sentado, não vou usar os quinze minutos, cinco minutos serão

suficientes para dizer o que preciso.

Aqui nós temos na plateia, principalmente, produtores, e é bom deixar claro o que

a Lei Kandir significou para esses produtores.

Até 1997 as exportações brasileiras da agropecuária e basicamente do setor

mineral, que eles chamam de produtos primários, eram taxadas nas exportações com alíquotas de

13%.

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Isso, senhores, era uma aberração! Não se taxa exportação em nenhum lugar do

mundo, a não ser em republiquetas. (PALMAS)

Isso não existe!

Não existe taxação de exportação. Por que é que eu elejo o agricultor para ser

taxado e não elejo a Volkswagen?

Isso parte de conceitos antigos, discriminatórios, que não tem o menor sentido

econômico, que é a questão da agregação do valor.

A agricultura, de forma discriminatória, sempre foi considerada um setor que não

agregava valor, é um setor que não empregava, ou seja, um setor sem importância.

Isso é conceito antigo, não tem sentido, e o que foi feito em 1997 foi uma simples

correção dessa aberração.

Se nós temos problemas de pobreza, problema de industrialização, etc., isso não

tem nada a ver em taxar direto o produtor em 13%. Na verdade, isso tinha como efeito um confisco

cambial, um confisco da receita, um confisco do produtor rural. Isso não tem nada a ver com algum

município que está pobre ou com alguma indústria que não se instalou. Isso não tem nada a ver.

Então, a primeira coisa que tem que ser dita é o seguinte: o que havia antes de

1997 era uma aberração que só existe em republiquetas que tentam forçar essa industrialização às

custa de alguém. Primeiro foi essa correção.

O segundo ponto: a ideia de que a agricultura não agrega valor. Isso é

absolutamente falso. Não é correto.

Eu costumo dizer o seguinte: quando você observa uma fazenda de algodão hoje,

muito provavelmente uma lavoura de algodão - eu acho que vale para a soja, vale para o milho, mas

eu estou me atendo ao algodão -, provavelmente uma fazenda de algodão aqui em Mato Grosso ou lá

em Barreiras tem tanta tecnologia quanto dentro da Volkswagen.

Em relação à questão de emprego, a ideia que a indústria emprega e gera riqueza,

isso é um fetiche. Isso é um fetiche de terceiro mundo e de país pobre.

O Iphone não é fabricado nos Estados Unidos. Os americanos mandaram essas

fábricas todas para a China. Tudo para país pobre fabricar. Nos Estados Unidos não se produz

Iphone. O Iphone é feito na China, é feito aqui em Campinas, não é feito dentro dos Estados Unidos!

Então, a primeira coisa é a correção dessa discriminação.

Eu até acho curioso – toda esta Audiência Pública - é interessante observar: temos

problemas com a saúde, temos problema com a educação, temos problema com a pobreza. Mas o

que é que o agricultor em si tem que ser taxado para resolver esse problema?

Isso equivale, de certa forma, desculpem a minha agressividade, isso equivale

quase a você entrar no supermercado e dizer o seguinte: “Olha, eu estou passando fome e vou levar

cinco quilos de arroz de graça.”. Equivale quase a isso. Não é bem isso. Então, o que foi feito foi

uma correção.

Para encerrar, o tema da Audiência Pública é o seguinte, foi lido no início pelo

Deputado: “As consequências da Lei Kandir para Estados e municípios.”.

Não existem consequências negativas, somente positivas. Não foi apresentado

nada negativo aqui.

Eu conheço o Estado de Mato Grosso há mais de trinta anos, conheço de norte a

leste. Quem conhece Sinop, Campo Verde, Sorriso, Lucas do Rio Verde, isso é riqueza! E isso

cresceu fortemente depois de 1997.

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Se você pega todos os dados da produção e desenvolvimento agrícola... Quando se

vê no Jornal Nacional, ou qualquer manchete de jornal, se fala na pujança do agronegócio, na

riqueza do agronegócio, que o agronegócio gera hoje de oitenta a noventa bilhões de dólares em

superávit. Oitenta a noventa bilhões de dólares!

O setor industrial é que gera todo o nosso déficit comercial hoje.

Quando se fala tudo isso, se você observar os dados, essa pujança e esse

crescimento aconteceram particularmente depois de 1997. Esses são dados públicos.

Pasmem os senhores, se você pega as exportações de soja em 1996, dois anos

depois, as exportações simplesmente triplicaram!

Eu irei dar uma ideia para vocês do que é esse confisco. Muitas vezes a indústria

de soja, a indústria esmagadora de soja, e esse fetiche com a indústria nos traz a seguinte idéia: antes

de 1997 quando se exportava soja, milho, algodão, laranja e etc., pagava-se 13% de ICMS - 13%! O

ICMS é o imposto de consumo. Quem paga é o consumidor. Como nosso preço de soja é definido

internacionalmente, quem paga isso é diretamente o produtor. Não tem consumidor na Europa que

paga o nosso ICMS, quem paga são os produtores. É um confisco direto no bolso do produtor. É

simplesmente tomar 13%.

A edição da Lei Kandir significou imediatamente, instantaneamente, a colocação

de mais 13% de receita nas mãos do produtor.

Olhem o nível de aberração que você tinha. Quando você exportava farelo e óleo

de soja, o farelo pagava 11%, o óleo 8%, porque quem era taxado eram os produtos primários e os

chamados semi-elaborados, que supostamente não tinham muita agregação de valor. Quer dizer,

exportar carros, exportar Iphone, nada disso paga imposto, não existe imposto nisso em lugar

nenhum do mundo, mas esse setor pagava.

Então, a indústria de soja pagava 11% no farelo e 8% no óleo. Moral da história: o

produtor era confiscado em 13%, mas a indústria tinha um benefício, porque ela pagava menos.

Na verdade, significava o seguinte: o Estado ficava com parte desses 13% e a título

de industrialização você confiscava do produtor e passava à indústria 3%, 4%.

Isso que é fazer caridade com o bolso alheio, literalmente isso. (PALMAS)

Estranha-me muito a volta dessa discussão agora, porque isso aqui significou um

passo...

Gente, perguntar quais são as consequências disso? Eu venho a Mato Grosso há 30

anos. Quais as consequências? Mato Grosso não era nada.

Hoje Mato Grosso é o maior exportador agrícola, talvez seja o maior exportar

agrícola mundial, se você comparar com Iowa, ou outros Estados norte-americanos que são

exportadores. Mato Grosso talvez seja o maior exportador mundial. A consequência foi essa! Não

existe outra consequência.

E relacionar agregação de valor, industrialização, ou desindustrialização, ou

pobreza com Lei Kandir, com efeito de Lei Kandir, absolutamente não tem nada a ver.

Repito, é como se você fosse ao supermercado não tendo dinheiro, passando fome

e pegasse um arroz e dissesse que não ia pagar porque não tinha dinheiro. É quase a mesma coisa

disso. Não faz o menor sentido do ponto de vista técnico ou econômico isso.

Era só isso que eu tinha que dizer. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado ao Sávio Pereira,

conterrâneo do nosso professor Onofre Ribeiro. Essa terra tem dado grandes homens ao Brasil.

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Convido agora o Sr. Otávio Celidônio, Superintendente do IMEA, Instituto Mato-

grossense de Economia Agropecuária, que dispõe de 15 minutos.

O SR. OTÁVIO CELIDÔNIO – Deputado Wilson Santos, quero lhe agradecer a

oportunidade aqui.

Foi-nos incumbido lá no IMEA de fazer uma apresentação que mostrasse os

impactos econômicos e sociais de uma possível taxação das exportações no nosso Estado.

De cara, Deputado, eu quero dizer uma coisa, na nossa análise as possíveis

consequências são duas: na melhor das hipóteses, nós vamos ter uma concentração da produção

agropecuária. Ou seja, os pequenos produtores vão ser atingidos no coração e a os grandes

produtores devem crescer ainda mais. Na pior das hipóteses, além dessa concentração, nós

esperamos uma redução da produção. Eu vou mostrar aqui por que disso; por que nós imaginamos

esse cenário no caso da tributação das exportações.

Para explicar isso eu queria resgatar aqui das aulinhas de economia o nosso quadro

de oferta e demanda de Mato Grosso que serve para qualquer país ou produto que existe por aí.

Isso mostra o seguinte: é o quadro de oferta de Mato Grosso. Quanto maior o preço

mais os nossos produtores vão querer produzir aqui, no nosso Estado, mas do outro lado dessa

balança nós temos aqui o nosso demandador, a China, que quer comprar a nossa soja e a situação

dela é inversa: quanto menor o preço mais eles vão querer comprar. E forma-se o tal do ponto do

equilíbrio aqui.

Então, a preço “x”, como nós estamos vendo, hoje, por exemplo, em dólar na

Bolsa de Chicago; a China e Mato Grosso... O Estado de Mato Grosso produz essa quantidade e a

China compra essa quantidade. À medida que nós tributamos o setor acontece isso, os custos

aumentam e o produtor mato-grossense vai querer receber mais para entregar essa mesma

quantidade. Então, para entregar essa mesma quantidade, o produtor gostaria de receber um

pouquinho acima aqui, mas na prática o que acontece é que o produtor recebe um pouco mais, a

China compra um pouquinho menos e as coisas se equilibram.

Isso seria assim, funcionaria assim bonitinho, dessa maneira, se nós não

tivéssemos outros agentes nesse mercado. Infelizmente, nós não estamos sozinhos, nós temos os

outros estados do Brasil, os Estados Unidos, a Argentina; que estão oferecendo também... Nós temos

outros países e outros estados que estão oferecendo, topando oferecer, sim, essa mesma quantidade

por esse preço que a China quer pagar. E aí nós temos duas opções: ou nos tornamos mais eficientes,

e falando de commodities é trabalhar escala, ou por esse preço nós passamos a entregar efetivamente

menos, a produzir menos.

Isso é o que mostra a lei de oferta e demanda que todos aprendem nas aulinhas

básicas de economia. É o cenário “a” ou o cenário “b”.

Essa é uma figurinha que mostra, exemplifica bem o que é o mercado de

concorrência perfeita. Aí tem três lojas que estão vendendo a mesma coisa: esse cara do meio é o

que vende tudo por um dólar; esse aqui vende, no máximo, a noventa e nove centavos; e esse aqui

está vendendo dois itens por um dólar. Quer dizer, se estão todos vendendo a mesma coisa, esse cara

aqui vai acabar sucateado. Ele não vai conseguir ter lucro, porque todos os clientes vão obviamente

buscar onde está o produto mais barato.

Isso mostra que efetivamente nós somos tomadores de preço. Nós não

conseguimos tributar um setor como o agronegócio, a produção de soja, carne, milho e algodão, e

esperar que o nosso cliente nos pague a mais por isso. Isso não vai acontecer nunca.

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Pág. 28 - Secretaria de Serviços Legislativos

E o exemplo de que essa lei da oferta e demanda, de fato, funciona - não é só teoria

- isso vem do passado.

Se vocês olharem aqui, a nossa produção cresceu a partir da Lei Kandir. Teve um

crescimento quase que constante e, de repente, nós tivemos um problema aqui na produção: veio a

ferrugem asiática; veio o problema internacional e os preços caíram e a nossa produção caiu 17%.

Depois, a crise acabou e o setor retomou um crescimento constante até os dias de hoje.

Em paralelo o que aconteceu? Os vinte maiores grupos de Mato Grosso saíram de

9% da participação na safra 2004/05, antes da crise, para 20% na produção da safra 2009/10. A área

deles, dos vinte maiores grupos, saiu de quinhentos e trinta mil hectares para um milhão, duzentos e

trinta mil hectares. A área do Estado passou de 6.1 para 6.2 milhões de hectares, ou seja, com a crise

os grandes produtores efetivamente conseguiram crescer ainda mais. Tiraram o benefício e a

concentração da produção aumentou. Por que aumentou? Porque eles foram mais eficientes.

Conseguiram usar menos mão de obra por hectare, menos máquinas por hectare e, com certeza,

geraram muito menos desdobramentos nos municípios.

Eu tenho certeza que os grandes grupos têm escritório onde? Aqui, em Cuiabá; em

Rondonópolis, enquanto que o pequeno produtor está levando, tem o escritório dele, a casa dele e

consome no supermercado de onde? Da cidade onde ele mora, onde ele planta. Não é verdade? O

grande grupo, não, trabalha efetivamente descentralizado. Agora, com a bonança olhem que

maravilha. Como é bom um período de bonança para um setor!

A concentração, Deputado, diminui, passou de 20 para 13%. Isso beneficiou, com

certeza, muitos municípios, aqueles marginais da própria agricultura: Vera, Sinop, Sorriso, onde

estão as grandes empresas. Então, nós tivemos uma retomada do crescimento da área e isso se deu

principalmente pela volta de produtores para a atividade.

Nós fizemos algumas simulações. Nós geramos no IMEA um modelo econômico

para tentarmos entender. Hoje, nas condições atuais de mercado, qual é o ponto de equilíbrio do

produtor? Quantos hectares o produtor precisa ter para empatar o seu custo? Hoje, em torno de

duzentos e quarenta cinco hectares. Está muito interessante. Eu acho que Mato Grosso nunca teve

em uma situação tão viável na casa de produção de soja. Caso ele seja tributado em 12% a situação

muda muito.

Só para aproveitar isso aqui mostra como é o efeito da escala: de sete mil hectares

a coisa fica bem estável. Com a tributação de 12%, que foi a simulação, a área mínima viável

estimada por nós chegou a quinhentos e dez hectares, mais que o dobro da área atual.

Agora, empatar ninguém quer. Todos querem conseguir ter um lucro, viver,

progredir, pagar faculdade para sua família, melhorar, enfim, e nós fizemos outra simulação com

esses mesmos dados.

Para que o produtor tenha uma renda razoável, uma renda de dez mil reais por mês

com a produção de soja, ao invés de duzentos e quarenta e cinco hectares ele tem que ter, hoje,

trezentos e oitenta hectares. Então, é um número bem maior.

Agora, no caso da tributação afetando a margem final dele, a coisa se complica um

pouco mais. Ao invés de trezentos e oitenta hectares para ter uma renda de mil reais ele teria que ter

mil, duzentos e vinte hectares.

Isso acontece, Deputado, não é linear, porque é o seguinte: a partir de certo ponto a

máquina que ele tinha já não é mais suficiente. Ele tem que comprar uma nova máquina. Ele chega a

uma quantidade de hectares, também, e precisa contratar mais funcionários, precisa comprar uma

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colheitadeira nova, precisa fazer investimentos, por isso que esse gráfico tipicamente gráfico é o

gráfico de serra que nós chamamos.

Então, nós estimamos que para essa renda mensal fosse necessária uma área

dessas, caso haja tributação. Isso, com certeza, impactaria em mais de 50% dos produtores, deixaria

os pequenos produtores, com certeza, na marginalidade.

(PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL)

O SR. OTÁVIO CELIDÔNIO – Nós temos o custo do IMEA, da CONAB, da

CEPEA e todos ESTÃO, na verdade, muito...

(PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL)

O SR. OTÁVIO CELIDÔNIO – Não. Os custos oficiais feitos pela CONAB, feito

pelo CEPEA e feito pelo IMEA, todos os custos estão à disposição, o senhor pode ir lá que nós

abríamos...

(PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL)

O SR. OTÁVIO CELIDÔNIO – Sim.

O custo é mais de quarenta sacas. Hoje o custo que o produtor diz que são quarenta

sacas é o custo com insumos, o custo para pagar mão de obra, para pagar o variável. Agora, a hora

que você coloca custos da terra, depreciação, tudo isso tem que entrar aí, afinal de contas, quando o

pessoal fala: depreciação não conta. A maioria dos produtores não olha isso, só que eles têm todo

ano que pagar a parcela da sua máquina. E aí, como fica?

(PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL)

O SR. OTÁVIO CELIDÔNIO – É aquele negócio: se você tem um custo de dois

mil reais, a sua renda bruta é de dois mil e quinhentos, se você tira dez por cento da renda bruta dele,

a margem líquida diminui cinquenta por cento.

(PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL)

O SR. OTÁVIO CELIDÔNIO – A metodologia...

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Luiz Alberto, o senhor já está

inscrito aqui, é um dos primeiros a usar da palavra.

Eu quero só que ele conclua, porque nós temos só o Rui Prado que vai fazer uso da

palavra, depois abriremos para a platéia. O senhor já está inscrito.

O SR. OTÁVIO CELIDÔNIO – Deputado, eu prefiro que ele fale. Inclusive,

prefiro que ele fale agora.

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Está inscrito e tem que falar no

microfone, porque está sendo gravada esta Audiência Pública e dessa forma não fica registrada. O

seu espaço está garantido. Nós não vamos sair daqui antes das 22h. Nós não temos pressa, estamos

recebendo bem, o povo está pagando bem!... (PALMAS). O senhor vai ter o seu espaço. Fique

tranquilo.

Gostaria que o representante do IMEA continuasse a sua apresentação.

O SR. OTÁVIO CELIDÔNIO – Até por isso que você falou que a área mínima

viável hoje é tão pequena, só que como a tributação afeta diretamente a margem, ela tem esse

impacto de aumentar mais que o dobro da área viável. Enfim, esse é o problema de trabalhar na

margem do produtor, na renda bruta.

Esses são os impactos gerais que nós prevíamos para essa safra, quatro bilhões de

reais, caso fossem pagos 12%. E aquilo que todo mundo mostrou, o setor de exportação representa

24% do PIB de Mato Grosso. Ou seja, nos últimos anos houve um crescimento constante da

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participação do valor arrecadado com as exportações sobre o PIB. Nós tivemos isso e vemos

claramente que houve, sim, uma contribuição do setor para o PIB do Estado.

Aquilo que nós discutimos ontem, Deputado, 50% do nosso PIB vem do

agronegócio, 50,5%. Esse valor foi calculado com base na Matriz Insumo-Produto, um trabalho feito

por nós, com a parceria da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, contribuição do

Governo Estadual, na época, esse PIB foi calculado, inclusive, por pessoas do Estado do Rio Grande

do Sul. Foi o Rio Grande do Sul que calculou isso e mostra que Mato Grosso é, sim, o Estado que

mais depende do setor do agronegócio dentre todos os Estados.

Eu concordo plenamente com o Seneri Paludo, eu acho que essa dependência deve

diminuir. Gostaria muito que o agronegócio continuasse a crescer, cresça ainda mais, porém, a sua

dependência deve, sim, diminuir em detrimento do crescimento mais avançado, mais acelerado de

outros setores.

Bom, a própria Matriz indicou o seguinte: que os setores primários são setores

fundamentais para agregação de valor na economia. Então, a soja, o milho e as carnes são setores

que chamamos de chave do agronegócio. A partir dele são gerados vários e vários benefícios para a

sociedade como um todo.

E a Matriz Insumo-Produto de 2007 nos permitiu calcular o seguinte: com a

exoneração das exportações, esses 12% que o produtor deixa de pagar são suficientes para gerar no

nosso setor cinco mil e oitocentos empregos diretos, mais de dois mil e oitocentos empregos

indiretos e os empregos induzidos pelo setor de soja seriam mais de vinte e três mil e oitocentos. Ou

seja, trinta e dois mil empregos diretos, indiretos e induzidos com o fato do produtor deixar de pagar

12% sobre as exportações.

A renda das famílias, a renda média das famílias seria de mil e quatrocentos reais,

a renda que aumenta com todos esses empregos somam quarenta e cinco milhões na economia que

fica justamente nos pequenos municípios, nos municípios onde essas famílias estão inseridas.

Resumindo o cenário: no cenário que chamamos de Ótimo, a arrecadação aumenta;

no Cenário Bom a arrecadação também deve aumentar, porque hoje é praticamente zero; porém, no

Cenário Ótimo, que seria de concentração da produção, a produção pode crescer, mas deve se

estabilizar; no Cenário Bom a produção deve cair. Mas em todos a rentabilidade do produtor cai, a

concentração da produção deve aumentar, com certeza, os empregos diminuem, porque para o

produtor maior precisa ser mais eficiente, e ao ser mais eficiente ele vai contratar menos e,

regionalmente, nós vamos ter menos impacto também. Com certeza, essas grandes empresas estão

alocadas em Cuiabá, em Rondonópolis, não estão nos pequenos municípios como os pequenos

produtores estão.

Traduzindo, esse impacto na renda do produtor, hoje, Sorriso até Santos nós temos

2.020Kms de distância. Se traduzirmos esses 12% na renda do produtor, seria o mesmo que deixar

Mato Grosso 800Kms mais distante dos portos. Então, no bolso do produtor o problema do

transporte e o problema da tributação têm o mesmo efeito. E esse efeito de 12% equivale a 850Kms,

830Kms a mais que o produtor teria que percorrer até o porto, é como se fossemos até o Estado de

Goiás, voltássemos e o caminhão ficasse dando voltas para chegar até o porto, até o centro

consumidor.

Enfim, para terminar eu queria deixar as essas figuras, para pensarmos em qual

Estado queremos, se é um Estado forte ou isso aí. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Agradecemos o Otávio Celidônio

pela exposição.

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Convidamos agora o Ricardo Tomczyk, Presidente da APROSOJA Estadual.

Ele é de Mato Grosso e o Maguila é nacional. É isso? Era? Ex-Presidente.

Com a palavra, o Sr. Ricardo Tomczyk, que dispõe de quinze minutos.

O SR. RICARDO TOMCZYK – Muito obrigado, Deputado.

Eu queria cumprimentá-lo, estendendo os cumprimentos também para as senhoras

e senhores aqui presentes.

Não irei me alongar, até porque muito já foi dito, mas, em resumo, até para poder

fazer um alinhamento das ideias de tudo o que foi falado aqui, pouco se tem a discutir a respeito da

Lei Kandir, ou melhor dizendo, da imunidade tributária que a própria Constituição Federal trouxe

para as exportações, porque essa discussão já está no status constitucional no art. 155, § 2º, inciso ,

letra “a”, que diz que não incide tributação sobre mercadoria e serviço destinados ao exterior, à

exportação. Então, qualquer tentativa legislativa no intuito de tributar à exportação de qualquer

mercadoria estaria afrontando diretamente a própria Constituição Federal.

Mas existem mecanismos que acabam dando voltas na própria legislação,

disfarçadas de acordos, de combinações, dentro da cadeia e acabam tributando - de uma forma ou de

outra, acabam tributando.

Nós temos aqui o exemplo do Estado vizinho de Mato Grosso do Sul, que num

desses ditos acordos cobra 6% na exportação da soja, na exportação do milho e traz uma distorção

imensa para o mercado produtor de Mato Grosso do Sul.

Falo com propriedade, porque também sou produtor no Estado de Mato Grosso do

Sul. Então, trago aqui um exemplo, peço até licença, como Presidente da APROSOJA, para trazer

um caso pessoal. Produzo em Sonora/Mato Grosso do Sul, já na divisa norte, na divisa com o Estado

de Mato Grosso, e também produzo nas cercanias do nosso amigo Poletto, de Santa Rita do

Trivelato, que tem como base de preço, mais ou menos, Nova Mutum.

Pasmem os senhores! A soja vendida em Sonora/Mato Grosso do Sul é o mesmo

preço da soja vendida em Nova Mutum, apesar de terem praticamente setecentos quilômetros entre

si de distância.

Daí eu serei obrigado a contestar um pouco os números do Otávio, que falou que

uma tributação de 12% encompridaria a estrada até o porto em oitocentos quilômetros.

Seis por cento já encomprida em setecentos na prática, Otávio.

Então, nós temos que tomar cuidado porque existem comprometimentos muito

sérios na margem do produtor e tiram enormemente a competitividade de Estados ainda em

desenvolvimento, como o Estado de Mato Grosso, iniciativas dessa natureza.

Já foi dito e redito quais são principalmente os benefícios da Lei Kandir, que Mato

Grosso só se tornou o que é em função desses benefícios e nós precisamos preservá-los.

Também é verdade que o Estado precisa se desenvolver economicamente em

outros setores, e aí vem o papel extremamente importante da figura do Estado, do seu Poder

Executivo, mas também do Legislativo, com iniciativas como estas e discutir quais são os modelos

que nós precisamos adotar.

Eu fiquei muito feliz com a posição iniciada pelo Secretário de Fazenda,

aprimorada pelo nosso Conselheiro do Tribunal de Contas, e fechada com chave de ouro pelo nosso

Secretário de Desenvolvimento Econômico, Sr. Seneri, dizendo, em resumo, que nós precisamos

consertar as distorções que existem dentro do Governo Federal em relação ao apoio, ao repasse do

FEX aos Estados ou como isso deve ser feito em termos de compensação para que os Estados que

mais exportam sejam os que mais se beneficiam também, sendo que o que nós vimos aqui é que

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 32 - Secretaria de Serviços Legislativos

existe exatamente um caráter oposto a esse dentro do tratamento da União para com os Estado.

Então, esse deve ser um dos focos de trabalho.

Eu concordo, Deputado, que este Parlamento, esta Casa de Leis, deve ter um

empenho extraordinário e redobrado em auxiliar o Estado de Mato Grosso para que se busque a

sensibilização do Governo Federal na correção dessas distorções.

Mato Grosso perece não porque não tributa a sua produção, seria

contraproducente, seria errôneo tributar a produção, porque seria desestimular a produção no Estado,

seria nadar contra a maré.

Agora, precisamos fazer um esforço conjunto, e aí as entidades do agronegócio,

aqui agora falando pela APROSOJA, se colocam também à disposição para incentivar esse debate,

onde nós devemos buscar sim, com o apoio da nossa Bancada Federal, com o apoio do Legislativo e

do Executivo local, a equalização dessas distorções que existem entre os Estados que mais exportam

e os que menos exportam, havendo a troca de valores das compensações.

Então, o primeiro foco que se deve dar é esse, não pensar em tributar e

simplesmente inviabilizar grande parte da produção.

Imaginem os senhores a produção de milho - quem produz milho aqui sabe - que

muitas vezes inclusive se não há os leilões de equalizações de preços não temos nem viabilidade na

produção aqui do Estado, quem dirá tributando essa cadeia, com certeza o milho do Estado de Mato

Grosso seria riscado do mapa. Vinte e dois milhões de toneladas de milho seriam riscados do mapa

com toda certeza.

Propostas, como a correção das distorções são primordiais, mas também propostas

de melhoria do ambiente de negócio do Estado de Mato Grosso, de clareza na sua relação tributária

para com o empresário, de clareza em quais serão os incentivos fiscais, sim, que empresas que

venham agregar valor a essa produção primária possam se estabelecer aqui no Estado e possam ter

competitividade com empresas estabelecidas nos demais Estados do Brasil.

Nós precisamos ter um ambiente de negócio.

Parece-me, pelo posicionamento do nosso Governador, dos nossos Secretários, que

o Estado caminha firmemente para esse lado, para esse caminho, a passos largos, inclusive tentando

corrigir essas distorções que são históricas no Estado de Mato Grosso, e essas, sim, são distorções

que desindustrializam o nosso Estado: são taxações, são incentivos mal dados, são distorções na

relação com o contribuinte, principalmente com o empresário que vem aqui instalar a sua indústria,

que vem aqui instalar o seu comércio, a sua prestação de serviço.

Nós precisamos trazer um ambiente mais estável para esta produção, assim como

nós conseguimos desenvolver um ambiente estável para a produção agropecuária.

Era essa a minha contribuição.

Eu quero deixar aqui o meu recado final que é o seguinte: Antônio Kandir deu o

nome a lei que trouxe todo esse benefício ao Brasil, tornou o Brasil o maior exportador de soja do

mundo, um dos maiores exportadores da agropecuária.

Eu queria saber qual Parlamentar, obviamente da esfera federal, que daria o seu

nome à lei que poderia colocar tudo isso a perder.

Muito obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Agradecemos ao Ricardo Tomczyk,

Presidente da APROSOJA Estadual.

Agora convidamos o último palestrante da mesa a falar. Em seguida, abriremos a

palavra e gostaria que todos permanecessem e usassem da palavra.

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Com a palavra, Rui Prado, Presidente da FAMATO.

O SR. RUI PRADO – Boa tarde a todos!

Quero agradecer aqui a oportunidade que o Deputado Wilson Santos está nos

dando para falar um pouco da Lei Kandir, mas um pouco também dessa atividade econômica tão

importante para o nosso Estado, que é a produção de soja, a produção de grãos.

Ao mesmo tempo, Deputado, eu parabenizo também esta Casa por estar

preocupada em discutir assuntos dessa envergadura, dessa natureza, pensando sempre no

desenvolvimento do Estado de Mato Grosso que todos nós queremos.

Eu gostaria de iniciar a minha fala dizendo que nós estamos tratando, neste

momento, eu acredito, a causa ou por que estamos tratando, neste momento, se fosse para resumir

em uma palavra resumiria em calote. O Governo Federal, o Estado Brasileiro vem dando todos os

anos calote no Estado de Mato Grosso à medida que não faz os repasses que deveria fazer quando da

compensação da Lei Kandir. E o pior, além de causar, dar esse calote, não faz os investimentos que

deveriam ser feitos no Estado de Mato Grosso, principalmente, em relação à infraestrutura. E todos

que estão aqui sabem do que eu estou dizendo.

A BR-163, que todos nós conhecemos, foi prometida por outros Governos há

décadas e até hoje não está conclusa; a ferrovia que muitos sonham, que nós sonhamos para chegar

aos campos de produção do Estado de Mato Grosso, como também na Capital, não chegou; as

rodovias que nós utilizamos, que deveriam já ter sido reformadas e reformadas e ampliadas, estão

sendo ampliadas a passos de tartaruga, ou seja, a produção que passava nessas estradas há trinta anos

era muito pequena, ínfima e, hoje, a produção aumentou e o Brasil não reconheceu a importância do

Estado de Mato Grosso nem com os investimentos que deveriam ter sido feitos e, agora, ainda traz

esse calote - agora que eu falo é de anos para cá - quando não transfere os recursos que deveriam ser

transferidos para o Estado de Mato Grosso.

Seria aqui também, Deputado Wilson Santos, redundância em dizer e tratar dos

benefícios da Lei Kandir. Nós temos um exemplo claro, antes de citar exatamente a Lei Kandir e a

produção de soja no Estado de Mato Grosso.

O Estado de Mato Grosso, o Deputado Wilson Santos já nos disse isso várias

vezes e eu quero parabenizá-lo por isso, foi um dos idealizadores do PROALMAT, daquele

programa que desonerou uma cadeia produtiva, desonerou a produção de algodão de uma produção

que não existia. Inteligentemente o Estado de Mato Grosso fez isso e, hoje, é o maior produtor de

algodão, trazendo renda, emprego e ajudando na balança comercial brasileira.

Os senhores percebem?

Ao contrário do que nós estamos dizendo aqui, hoje, preocupados nesta tarde aqui,

em Cuiabá, foram tomadas essas decisões no passado e o Estado de Mato Grosso, por meio dos

produtores rurais e seus colaboradores e tudo que o cerca, conseguiu, conseguimos porque eu

também já plantei algodão, ser o maior produtor de algodão do Brasil.

Agora, eu confesso aos senhores que fico muito preocupado e temeroso se nós

aqui, no Estado, fizermos o processo inverso com a soja, ou seja, por alguma razão...

O Ricardo, nosso Presidente, explicou bem, porque a Constituição já nos preserva

o direito de não exportar impostos inteligentemente, mas se por qualquer razão a soja for onerada,

for taxada, tiver algum acordo desse tipo, eu fico imaginando, Deputado Wilson Santos, o processo

inverso que vai acontecer no Estado de Mato Grosso por uma sandice como essa.

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Eu queria, acredito, Ricardo Tomczyk, que nós temos que fazer o dever de casa,

porque as pessoas, os cidadãos de Mato Grosso, muitas vezes, não conhecem os benefícios que essa

atividade econômica traz para o nosso Estado.

Desculpem se eu for redundante na minha fala e, talvez, com certeza, vou falar

coisas que já conhecem, mas essa produção que é questionada, neste momento, que é olhada como

sendo, talvez, um problema para o Estado de Mato Grosso, que melhorou os índices de muitos

municípios aqui, no Estado. Quando não tinha produção de soja o IDH de muitas cidades aqui era

menor. Com essa produção, com essa evolução, o IDH aumentou, trazendo uma melhor condição de

vida para as pessoas.

E eu fico imaginando e pensando que há pessoas que, ainda, dizem que a soja só

beneficia poucos, mas quando se trata das cidades do interior do Estado de Mato Grosso, várias

cidades núcleos de produção de grão; quando se trata do médico que está naquela cidade; quando se

trata do dentista que está naquela cidade, do advogado, de qualquer profissional liberal, do

borracheiro, do posto, do dono do posto, dos trabalhadores daquele posto, enfim, de coisas que toda

a sociedade tem, se não tivesse a nossa produção não teriam todas essas vagas de emprego, não teria

todas essas oportunidades que nós sabemos que têm para nosso empresários.

Portanto, Deputado Wilson Santos, senhoras e senhores que estão aqui, é inegável

o benefício que a cultura da soja trouxe para o Estado de Mato Grosso. Os números que foram

colocados aqui são números, são dados incontestes para todo desenvolvimento que este Estado, que

essa produção de soja trouxe para nosso Estado. Não tem como nos não enxergarmos isso, como

vermos isso.

Agora nós temos um ponto a discutir!

Eu acredito, Deputado, que por meio dessas conversas, dessas reuniões, nós vamos

conseguir melhorar isso, cada vez mais.

Eu trouxe uma folha, não sei quem recebeu esta folha aqui... Eu iria projetar, mas a

letra é tão pequena que a projeção infelizmente não vai nos servir.

Eu trouxe esta folha, quem não tiver o Guto que está ali eu acho que tem pouco

mais, traz alguns usos da soja.

Eu quero lembrar a todos os senhores que nem toda a soja que nós estamos

discutindo, que é desonerada por conta da Lei Kandir, é exportada. Grande parte fica, também, para

a industrialização. E o potencial para essa industrialização, os inúmeros derivados da soja que

podem ser industrializados aqui, no Estado de Mato Grosso, tenho certeza, que compensa toda essa

discussão que estamos fazendo aqui. Não tem como dispensarmos uma produção como essa de grãos

aqui, no Estado de Mato Grosso.

Portanto, eu acredito muito que essa discussão é valida e nós encontraremos o

melhor caminho. Agora, não cabe nos dias de hoje estarmos discutindo onerar produtos aqui do

nosso Estado e, quiçá, do Brasil.

Hoje o Brasil é um dos países que mais cobra impostos dos seus cidadãos. O

Brasil é um dos países que tem, talvez, um dos maiores volumes de corrupção que estamos vendo na

televisão todos os dias e cobrando muitos impostos. E falar agora, num momento como este, de

pagar mais impostos ainda, eu acredito que é um contrassenso e não faz sentido isso.

Mas gostaria de lembrar, para encerrar também, quando nós fomos chamados, e

todos nós sabemos aqui, para contribuir com o Estado, além dos impostos que já contribuímos, nós

nos comprometemos a pagar, por exemplo, pelas estradas que é a questão quando nós fizemos

aquelas parcerias público-privadas de estradas com dinheiro do FETHAB da soja, que já era nosso e

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com mais dinheiro ainda dos produtores para estar fazendo as rodovias que tanto nos beneficiariam

aqui no Estado de Mato Grosso.

Portanto, Deputado, eu encerro as minhas palavras dizendo que é importante

travar esta discussão, mas é importante lembrar, também, que nós não podemos matar a galinha dos

ovos de ouro aqui do Estado de Mato Grosso, que é a produção de soja.

Muito obrigado. (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Agradecemos a participação do

Presidente da FAMATO, Sr. Rui Prado, e agora vamos abrir a fala aos inscritos.

O primeiro inscrito é o Daniel Latorraca.

O SR. DANIEL LATORRACA – Boa tarde a todos!

Na verdade, Deputado Wilson Santos, é mais uma colaboração.

Gostaria de falar, já que o Rui citou rapidamente aqui, que sou um cuiabano,

quando eu era criança o desenvolvimento não era no Estado, era para São Paulo, para o Rio de

Janeiro, essa é a minha ideia, e só fiquei aqui porque hoje sou um trabalhador do serviço de

agronegócio.

Eu sou cuiabano que aqui, Rui, não é o borracheiro lá de Campo Novo, não é o

dono do posto, mas, em Cuiabá, eu, Daniel, cuiabano, sou um empregado do agronegócio, trabalho

no setor de serviço.

A minha posição aqui é muito simples, quando eu entrei no IMEA, nós já

tínhamos essa ideia e o Seneri Paludo, hoje, falou muito bem sobre a industrialização do agro e o

que isso já está definido. Quando você olha o PIB de 2012 do Estado de Mato Grosso, 14% é

indústria. 14% apenas é indústria. No Brasil, só para ter uma ideia, 22% a indústria representa, e não

é, vamos dizer assim, nenhum modelo mundial de industrialização. Então, nós temos um problema,

sim, no Estado, com o que já está resolvido. Agora, como é a pergunta que fica e sempre ou é parte

respondida ou não é respondida.

Nós temos trabalhado, eu acompanho uma equipe do IMEA que faz algo em torno

de setenta estudos estratégicos para o agronegócio e um deles, para este ano, e eu acho que o

Deputado Wilson Santos já teve acesso a ele, é o etanol de milho. Soluções como essas, por

exemplo, de arranjos regionais, de pegar aptidão das sete macrorregiões do Estado, nós sempre

dividimos as nossas análises em sete macrorregiões porque a história é diferente, é diferente você

discutir políticas públicas em Vila Rica, em Juara, que são regiões, aptidões diferentes.

Esse etanol de milho, por exemplo, poderia resolver quatro problemas que hoje

temos no Estado: demanda de milho, demanda por eucalipto, que aqui foi citado pela base florestal.

Ou seja, nós temos cento e oitenta mil hectares de eucalipto e boa parte do produtor não sabe para

quem vender. Então, você já resolveria isso, porque o eucalipto já seria a fonte de energia dessa

usina.

Outro ponto é o orçamento do Governo, porque essa industrialização do milho que

é a Lei Kandir hoje, e ele virando etanol para o ICMS.

E por fim, eu estava conversando com o Alexandre aqui, o nosso Secretário, a

questão ambiental, já que essa usina vai ser toda produzida e a energia vem em biomassa, e essa

biomassa vem do eucalipto.

Nós acabamos de escutar, ontem, a Presidente Dilma Rousseff, na ONU, fazendo

suas metas para o Brasil e eu tenho certeza que Mato Grosso vai ser um dos grandes pilares, já foi

nesses últimos anos, para cumprir a meta nacional na questão do meio ambiente.

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Então, para falarmos em números, e eu encerrar a minha fala, e até para contribuir

com o Secretário Seneri Paludo do como, isso, em médio e longo prazo, uma implantação regional,

lógico, respeitando a característica de cada região, daria algo em torno, Deputado, de um bilhão de

reais em ICMS.

Nós não estamos discutindo aqui votar nove, doze no milho, isso já está superado

para mim, eu acho que depois de toda essa fala, e sim pensar em modelos alternativos e como fazer

isso. Porque industrialização, eu já escuto isso há algum tempo.

Mas, vamos lá. Estamos aqui, hoje, com a capacidade de onze milhões de cabeça

de abate bovino. Nós abatemos seis milhões de cabeça; temos doze milhões de toneladas de

capacidade esmagadora, nós esmagamos nove milhões no melhor dos anos.

Então, discutir o que, como e onde é fundamental e soluções como essa, não sei se

essa é a perfeita, mas nós temos que costurar melhor essas análises que integram problemas e

soluções. Uma vez que, por exemplo, essa usina vai produzir DDGS, que é uma proteína utilizada

para pecuária, por exemplo, outro setor que deve ser bastante incentivado, não só na pecuária

bovina, mas de carne suína, de carne de aves, nós temos, sem dúvida nenhuma, uma solução

integrada, holística e contando com o Poder Público para contribuir nessa discussão, porque a

iniciativa privada que veio fazendo soja, milho, e os senhores bem citaram aí, com a ajuda do

Governo na questão do algodão, está precisando e isso já está pronto para discutir as questões da

industrialização e como vamos fazer isso no Estado.

Muito obrigado. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Sr. Daniel

Latorraca.

Com a palavra, a Srª Kimberly Montagner, do Instituto Mato-Grossense de

Economia Agropecuária – IMEA.

Só deu IMEA aqui!

A SRª KIMBERLY MONTAGNER – Boa noite a todos!

Mais como trainee do IMEA, além do que trainee do IMEA, trabalhando

diretamente no agro, sou filha de caminhoneiro que sempre puxou soja, milho, hoje, atualmente,

puxa calcário. Então, desde criança estive envolvida diretamente com essa questão de produção, com

produtor.

Além do que os colegas já mostraram que se for taxado o ICMS, hoje, a produção

tanto de milho como de soja e algodão fica inviável. A dúvida que fica é: para o Governo, realmente,

essa taxação de ICMS vai gerar algum tipo de arrecadação? Porque quando você torna algo inviável,

uma produção inviável, você faz com que ela acabe, ela diminua a produção daquilo que já foi

comentado.

Então, a taxação de ICMS não é uma garantia de que o Governo vai ter uma

arrecadação maior. Além disso, o Governo está trazendo, desde o ano passado, este ano, tanto

Federal e nós estamos vendo dentro do Estado, o aumento do tributo em cima da produção, aumento

de tributo em cima do consumo, mas não vemos nenhuma proposta ou contraproposta do Governo

onde vai parar esse dinheiro.

Para ocorrer a industrialização, que tanto é debatido em cima, é preciso fomento

em educação, e isso não é visto daqui a um ou dois anos, isso leva cerca de cinquenta a cem anos.

Se eles querem realmente propor algum tipo de crescimento, o investimento tem

que começar naquilo que é de base.

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Não é porque a agricultura cresceu e fomentou Mato Grosso em algumas regiões,

que regiões que não têm capacidade e potencial agrícola ficaram para trás. O problema é que falta

investimento do Estado em cima dessas regiões e descobrir quais são as capacidades delas.

O Estado hoje é basicamente de serviços e o ICMS é tributado em cima do

comércio. Então, quem está gerando renda hoje é o agro - isso é óbvio!

Tributando e diminuindo a produção, qual será a arrecadação do Governo no final

das contas, no final daquilo que ele realmente quer? Fica a dúvida se essa renda realmente chegará

ao bolso dele.

É isso que eu tenho a dizer (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Kimberly

Montagner.

O próximo inscrito é o Wellington Rodrigues de Andrade, Diretor Executivo da

APROSOJA.

O SR. WELLINGTON RODRIGUES DE ANDRADE – Boa tarde a todos!

O que eu tenho para falar, Deputado, é uma coisa bem simples porque o que se

houve muito na opinião pública é que o produtor de soja e de grãos em Mato Grosso não deixa

divisas aqui no Estado. Simplesmente, tudo o que ele produz é destinado à exportação, não é

tributado, o produtor simplesmente embolsa o lucro daquilo e não deixa divisas no Estado.

Mas nós temos um estudo da Fundação Getúlio Vargas, eu acho que o senhor

recebeu esse estudo hoje de manhã, que fala que da produção para trás o produtor contribui com

aproximadamente 2,5 bilhões em ICMS. De que forma? Pagos diretamente e pagos indiretamente na

aquisição de insumos, no consumo de energia elétrica, no consumo de diesel, no consumo de

fertilizantes, defensivos, ou seja, o produtor está participando, sim, com a arrecadação de ICMS no

Estado.

Além disso, essa questão da tributação do grão já está superada, primeiro, porque é

constitucional, a própria Constituição desonera a produção de grãos para exportação.

O que nós temos que discutir aqui, Deputado, é a rediscussão do pacto federativo.

Por quê? Primeiro, pegando aquele gancho do Conselheiro do Tribunal de Contas, que se proponha

uma lei complementar para uma compensação mais eficaz dessas desonerações; e, segundo, o senhor

mesmo disse que o Município de Poxoréo não é atingido diretamente pelo que é produzido no

Estado, mas ele é, sim. Por quê? Porque o produtor participa também hoje daqueles 40% de carga

tributária em relação ao PIB nacional. Essa contribuição do produtor vai para a União, mas deveria

voltar através dos repasses estaduais e municipais. É aí que eu digo que deve se passar por uma

discussão do pacto federativo.

Será que esses tributos que deveriam retornar estão retornando de forma eficaz

para os Estados e municípios? Porque o produtor está participando dessa carga tributária e esse

tributo está indo para a União, mas está voltando ou não de forma eficaz para os Estados e

municípios?

O que nós temos que discutir aqui não é oneração de grãos no Estado de Mato

Grosso, mas, sim, uma rediscussão do pacto federativo, passando primeiramente por essa medida de

compensação da desoneração da exportação e uma forma mais eficaz de os tributos voltarem para os

municípios e para os Estados.

E nós temos, Deputado, hoje lá em Brasília uma frente que se chama Frente

Parlamentar da Agricultura que tem aproximadamente duzentos Deputados participando dessa

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Frente Parlamentar, sendo que dos oito Deputados Federais de Mato Grosso seis participam

efetivamente da Frente Parlamentar.

Então, nós temos que formar uma coalização em nível estadual junto com os

parlamentares federais, com os senadores, e buscar em Brasília uma rediscussão desse pacto

federativo, para que esse tributo que está centralizado hoje na União seja dividido de forma mais

eficaz com os municípios e com os Estados.

Era isso o que eu tinha para falar.

Muito obrigado. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Wellington

Rodrigues, Diretor Executivo da APROSOJA.

Convido para compor a mesa o Deputado Dilmar Dal Bosco, Presidente da

Comissão de Constituição, Justiça e Redação desta Casa.

Agora vamos convidar o Luiz Alberto Gomes da Silva - você que estava bravo,

Luiz -, neste ato representando o Deputado Federal Valtenir Pereira.

O SR. LUIZ ALBERTO GOMES DA SILVA – Boa noite a todos!

Deputado Wilson Santos, eu quero dar os parabéns ao senhor por sua grande

preocupação como Parlamentar.

Por que, Deputado? Eu conheço Vossa Excelência. Eu vi Vossa Excelência

discutindo em Audiência Pública o PPA, PPA que encerra no exercício corrente em cinquenta e dois

bilhões. E o PPA está projetado em setenta e seis bilhões.

Deputado Wilson Santos, Vossa Excelência tem uma peça na qual estão os

números.

Então, toda essa problemática, eu acho muito louvável, Deputado Wilson Santos,

quero lhe dar os parabéns, porque não tem orçamento sem discutir políticas públicas. Isso é lógico!

Como vamos pular de cinquenta e dois para setenta e seis bilhões? Discutindo isso,

Deputado Wilson Santos. Vossa Excelência tem talento. É verdade.

Eu fiz um resumo da minha fala. Eu sou produtor também e sou Assessor

Parlamentar, estou com 64 anos já e conheço bastante a história de Mato Grosso - participei com

Dante do zoneamento agroecológico.

Essa produção ou essa produtividade, eu até questionei o colega do IMEA, porque

eu fiquei preocupado com a questão do módulo. Qual é o tamanho do módulo que um produtor pode

viver? Porque tem um parâmetro de indexação, que todo mundo sabe aqui, o custo fixo é 40 sacos,

descontando o investimento. Essa é a lógica para tirar o lucro. Agora toda essa prosperidade de Mato

Grosso está em cima do lucro e esse lucro deu resultado até ambiental. Se não tivesse o lucro, nós

teríamos aberto novas áreas. Essa é a tônica.

A partir do momento que a Lei Kandir incidiu, elevaram a produção, a

produtividade, e o resultado, que é o PIB monstruoso de Mato Grosso.

Agora, cada gestão tem o seu talento, tem o seu tempo.

Dante foi maravilhoso - todo mundo sabe. Nesses doze anos para cá, na minha

ótica, o que faltou foi gestão na parte dos incentivos fiscais na questão, porque os incentivos, parece-

me, eu não fui estudar, basicamente tinha que ficar no setor secundário. Houve alguma coisa que

desvirtuou.

Então, Deputado, se nós arrumarmos na gestão dos incentivos fiscais, como todo

mundo já falou aqui, o lucro já é direito adquirido, ninguém vai tributar mais nada, segundo aqui

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doutores do direito disseram, que está na Constituição brasileira, então, existe o agricultor, o

pecuarista, a agropecuária e a agroindústria.

A primeira fala do menino que foi embora, o jovem, mostrou o PIB do setor

secundário também. É uma questão só de metodologia, de gestão, de organização, para que

possamos melhorar ainda mais este Estado maravilhoso.

Ouviu, Deputado Wilson Santos, mas é louvável a sua gestão como Parlamentar de

discutir o PPA, a LOA, a Lei Kandir.

Outro ponto que eu acho que nós temos que ir atrás é no ativo do fundo que está

nas mãos do Governo Federal, corrigir os indicadores, a indexação, para atualizar nosso crédito,

porque existe essa inflação, não é, Presidente da APROSOJA, o jovem que está ao meu lado? É

disso que nós temos que ir atrás,que ir atrás da gestão, da produtividade e por aí afora.

Então, a minha fala é esta.

Muito obrigado, Deputado Wilson Santos.

Um abraço! (PALMAS)

O SR PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Obrigado, Sr. Luiz Alberto, que

neste ato representa o Deputado Federal Valtenir Pereira.

Com a palavra, o Sr. Loenir Gato, Produtor Rural de Sorriso; depois, Evandro

Bedin, produtor rural de Sorriso.

Agradecemos antecipadamente a participação dos produtores rurais de todo o

Estado.

O SR LOENIR GATO - Boa noite a todos, porque já é noite e nós, produtores

rurais, somos acostumados a avançar noite adentro quando precisamos trabalhar. Então, não tem

problema nenhum ficarmos aqui por mais uma hora ou duas para tentarmos evitar que novas

aberrações, como o companheiro falou, sejam produzidas.

Eu, como produtor rural, não tenho medo da seca, não tenho medo da noite, não

tenho medo quando pega fogo na minha lavoura, porque nós vamos lá, apagamos e os vizinhos vêm

e ajudam. É isso que nós vemos, mas eu me cago de medo do Estado. (PALMAS) Desculpem pela

palavra com o perdão da palavra, porque quando falo Estado eu falo do Poder Legislativo, do Poder

Executivo e do Poder Judiciário. Se eles quiserem, acabam com qualquer um de nós em dois dias.

Eles nos transformam em nada.

Então, a minha preocupação é que não se produzam mais aberrações.

Ficou muito claro aqui, ficou claríssimo... O que gera desenvolvimento? Diminui o

tamanho do Estado. Com 13% de redução do ICMS se gerou bilhões de incentivos. Façam isso na

indústria; façam isso nos outros setores.

O lucro ninguém sobrevive sem lucro. Ninguém! Nenhum negócio! Nem a

quitandinha da esquina.

Então, se nós estamos ganhando dinheiro, esse dinheiro está ficando no Estado,

está gerando emprego, gerando renda para outras pessoas e nós pagando 27,5% de Imposto de

Renda. Todo mundo paga! (PALMAS) Ninguém escapa disso!

O único ente federativo que não precisa crescer e que não precisa ter lucro é o

Estado. Se ele empatar, está bom. Ele empatando está bom. Ele não precisa crescer. O Estado não

tem que ser rico. Quem tem que ser rico é o povo que vive no Estado.

O alvo, Deputado Wilson Santos, não é o Estado de Mato Grosso. É o povo do

Estado de Mato Grosso.

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DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 40 - Secretaria de Serviços Legislativos

O senhor falou no início das suas palavras, que eu não estava aqui, que o objetivo

era o Estado de Mato Grosso. Não deve ser o Estado de Mato Grosso. O Estado quanto mais fraco e

o povo mais forte melhor para o povo.

Eu não me importo que o Estado de Mato Grosso feche suas contas com bilhões de

prejuízo, se todo o povo de Mato Grosso fechou a conta com bilhões de lucros, porque infelizmente

me parece que foi visto aqui, todos os setores cresceram, todos se aprimoraram, todos progrediram e

a porcaria do Estado cada vez devendo mais, cada vez arrecadando mais e cada vez mais ineficiente,

porque as filas, a infraestrutura, tudo está do mesmo tamanho.

Então, eu acho que ficou claro o que tem que ser feito, onde tem que melhorar as

contas, não é, Deputado Wilson Santos, quem está trabalhando certo e quem está trabalhando errado.

Eu acho que colocar a faca no pescoço... Porque vir falar em criar novos impostos

enquanto o brasileiro trabalha acho que seis meses do ano para pagar impostos é botar a faca no

pescoço e dizer para nós: vocês têm que pagar mais para nós, porque a nossa boca não acaba nunca.

O Estado... Ninguém mata a fome do Estado.

O Estado tem que parar de ser um elefante e passar a ser um lince, aquele que é o

animal mais eficiente em conversão de alimento em agilidade, em destreza e competência.

Então, fora o elefante e que venha a competência e o gato.

O meu nome é Loenir Gato e o gato é símbolo da agilidade. (PALMAS)

Só para corrigir um ditado público: o ladrão é o rato. O rato que é o ladrão. Quem

rouba é o rato. Quem vai à dispensa de vocês fura o saco de farinha, fura o saco de arroz, fura o saco

de feijão é o rato. O gato é quem afugenta esse bicho aí. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Sr. Loedir Gato.

Eu passo a palavra ao Sr. Evandro Bedin, que é produtor rural de Sorriso.

O SR. EVANDRO BEDIN – Boa noite a todos!

Já estamos adentrando a noite.

Eu sou filho de um agricultor que a família veio em 1979 para Mato Grosso. Isto

aqui não tinha praticamente nada. E graças à Lei Kandir este se tornou num Estado de pujança.

Eu acho uma perda de tempo nós discutirmos uma Lei tão boa como essa, que já é

lei federal e não se discute mais.

Agora, eu quero pedir ao nobre Deputado quanto ao FETHAB: se o senhor

aplicaria tudo onde foi criado FETHAB? Quatro anos atrás eu acho que não foi bem empregado esse

FETHAB. Nós estamos vendo obras inacabadas da Copa do Mundo. O FETHAB não era para esse

fim, não.

Eu quero fazer mais um apelo ao nobre Deputado: que não crie mais imposto,

porque a nossa classe já está cansada.

Se Vossa Excelência, também, não estiver muito contente com o nosso Estado,

poderia voltar para Manaus, porque falou que a família sua é de lá.

Muito Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Evandro, só para lhe responder com

muita educação.

Quem que propôs a criação de imposto aqui? Eu estou ouvindo isso aqui há vários

tempos. Eu li um texto de quatro páginas que está.

Quem propôs a criação de imposto? (PAUSA) Não, eu estou fazendo uma

pergunta direta.

Dos que falaram aqui quem que propôs a criação de tributação?

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 41 - Secretaria de Serviços Legislativos

(PARTICIPANTES DA PLATEIA FALAM AO MESMO TEMPO – INCOMPREENSÍVEL.)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Hein?

Então, preste bem atenção: nós estamos ouvindo todos aqui silenciosamente,

educadamente, mas eu estou lhe fazendo uma pergunta: quem da mesa aqui propôs tributar?

Dando continuidade, vamos convidar o Sr. Thiago Stefanello Nogueira, que é

produtor rural de Sorriso.

O SR. THIAGO STEFANELLO NOGUEIRA - Boa noite a todos!

O meu nome é Thiago Stefanello Nogueira. Eu sou produtor rural de Sorriso.

Eu cheguei a Sorriso em 2000, graças a um participante da mesa, o Sr. Alexandre

Possebom e sou muito grato a ele. Eu estou como produtor rural há seis anos, recente nessa

atividade, mas minha família é do Rio Grande do Sul. O meu pai quebrou no Rio Grande do Sul

como produtor rural.

Eu acredito no seguinte: a nossa classe onera, carrega muito imposto, carrega

muita dificuldade, Deputado Wilson Santos.

Foi feito um levantamento em Sorriso pelo pessoal da USP, da ESALQ.

Estávamos juntos. Vários produtores que estão presentes aqui, hoje, também estavam naquele

encontro. Antes do aumento do dólar, este ano, que saltou de três e vinte, hoje, para quatro, zero,

zero, dois, nós tínhamos um custo de quarenta e seis sacos sem arrendamento.

Vamos supor que a Lei Kandir - perdemos esse beneficio que temos hoje -

aumente esses treze por cento, o nosso custo vai a cinquenta e dois, sem contar a variação cambial.

Agora, eu pergunto aos nobres colegas produtores rurais: o que nos faríamos se

desse uma seca ou uma chuva na colheita? Quem nos ampararia? Como pagaríamos as prestações do

Banco do Brasil, do SICREDI e demais Bancos? Como pagaríamos os fornecedores? Como

pegaríamos o colégio dos nossos filhos? Eu não tenho essa resposta. Eu não tenho essa resposta.

Nós não contávamos com essa alta do dólar. Aí o leigo fala: “mas não vai

beneficiar a cadeia”. Só que nós temos que comprar o adubo também. Os preços sobem muito mais

rápido, nobre Deputado, do que desce. Então, eu vejo que é bem difícil isso.

Hoje, falando com um produtor que considero um especialista em levantamento de

custo, ele me disse assim: “Thiago, eu fiz meu custo de ponta a ponta e o meu lucro, se eu tivesse

que pagar arrendamento, ia ficar devendo dez por cento da minha produção”.

Então, fica difícil, nobre Deputado, essa tributação que estão querendo que volte.

Eu acho que é um beneficio e nós somos a locomotora deste País.

Neste Estado muitos que aqui estão vieram com uma boroca na cintura e muita

vontade de trabalhar, como diz o Gato lá, e acredito que vencemos, estamos vencendo, apesar de

todas as dificuldades.

Ninguém nos vai abraçar, Deputado, se der uma enxurrada na colheita ou uma seca

agora no plantio, não vai ser o Estado que vai nos abraçar e dizer: não, vai lá, replante que vou pagar

teus custos. Não! Vai ficar devendo lá na revenda, vai ficar devendo para o seu fornecedor e se não

tiver dinheiro não planta de novo. Não é, Ricardo? Não planta.

Então, é complicado. É fácil para os leigos dizerem assim: “ah, o agricultor

ganhando dinheiro; ah, o agricultor está milionário; ah, o agricultor...”, mas não sabem a carga de

tributos que nós pagamos.

E digo, nobre Deputado, que a grande maioria dos produtores, aqui, tanto pequeno,

como eu sou, como os grandes que aqui estão, a inadimplência e a dívida que carrega é muito

grande. Se fosse para dizer assim: “olha, cada um paga as suas contas e vamos botar o lucro no

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 42 - Secretaria de Serviços Legislativos

bolso”. Nós íamos ter que fugir para o Paraguai, porque não teria cadeia para nos prender. Tem bem

mais conta para pagar do que dinheiro para entrar.

Seria só. Muito obrigado. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Convido o Sr. Getúlio de Paula para

fazer uso da palavra.

O SR. GETÚLIO DE PAULA – De certa maneira, realmente, está uma plateia aqui

bem complicada.

Na verdade, nós temos feito um trabalho, uma análise do comportamento da

receita e da despesa do Governo do Estado. Uma análise das receitas e das despesas do Estado. É um

trabalho complexo, bem longo, mas eu vou falar rapidamente sobre algum aspecto, que é o que

interessa nesta reunião.

Nós temos aqui a estimativa da riqueza geral do Estado. E sobre os aspectos,

principalmente, porque o grande negócio nosso aqui é o agronegócio, aliás, eu acho que é uma

grande questão. Nós, realmente, nos tornamos os maiores produtores do país e ninguém tem nada

contra o agronegócio aqui. Acho que qualquer pessoa comum é a favor do agronegócio. Mas, por

outro lado também existe uma série de questões que precisa redimensionar.

Eu acho que vocês não são absolutamente certos. “Ah, nós temos razão inteira”.

Não, as coisas não são assim. É um Estado, tem três milhões de habitantes e vocês são uma parte da

produção, até uma parte importante que enricou e está tendo um bom resultado.

Em 2011 nós tivemos uma exportação de dezesseis milhões; vinte e dois, em 2012;

vinte e quatro, em 2013; e trinta e quatro bilhões em 2014. Qual é a questão central?

Esse trabalho foi feito principalmente quanto nós tivemos uma reunião lá no

CORECON, no Conselho de Economia, e o Secretário, que era o Marcel de Cursi, falou: “Olha, é

muito difícil administrar este Estado, porque um terço da nossa economia está desonerada. Não se

paga imposto com um terço da economia”. Nós resolvemos até fazer uma análise sobre isso, nós

queríamos chegar a esse número. Qual era a ideia? É que realmente nós tivéssemos essa ideia de

qual era realmente esse número. E na verdade nós chegamos a um número que interessava, e esse

número é o seguinte: quando pegamos 2011, 2012, 2013 e 2014, nós chegamos ao número exato de

dezesseis bilhões, setecentos e vinte e nove...

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Vamos garantir a fala do Getúlio.

Ele é convidado.

O SR. GETÚLIO DE PAULA – Isso aqui significa que são os impostos

desonerados do Estado, é a Lei Kandir e a Lei de Incentivos Fiscais. A Lei de Incentivos Fiscais

desonera um pouco da indústria e um pouco também da produção. Enfim, essa é a situação do

Estado.

O Estado, atualmente, está mais ou menos assim, está praticamente vendendo o

almoço para comprar a janta. Nós podemos pegar o PPA, o PTA, a LDO e fazer uma análise, nós

não temos dinheiro para investimento.

Em 2017, esse período aqui, Deputado Wilson Santos, nós não temos condições de

investimento. E agora, onde nós vamos arrumar dinheiro para investimento? Eu pergunto a vocês.

Essa é a questão. Mato Grosso não tem condições de investimento. Foi feito o PPA

e se colocou...

(PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL)

O SR. GETÚLIO DE PAULA – É claro! Essa é a questão.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

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Como o tempo é muito pequeno, eu gostaria de fechar dizendo o seguinte: qual é a

grande questão nossa? Como vamos resolver toda essa problemática?

A verdade é que nós temos um grande desafio. Qual é o desafio de Mato Grosso?

Nós temos que industrializar.

Não adianta vocês venderem soja para a China que não significa nada. (VAIAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Vamos garantir a palavra ao

companheiro.

O SR. GETÚLIO DE PAULA – É o que chamamos de modelo agroexportador -

você exporta.

Então, qual é a questão? Nós devemos industrializar este Estado. Essa é a grande

questão. Como nós vamos industrializar? Como que nós vamos arrumar dinheiro para isso?

O Governo Federal está aí, a Presidente Dilma Roussef desonerou totalmente a

economia e acabou dando um rombo no orçamento do Estado.

Vossa Excelência estava falando aqui que Governo não precisa de dinheiro, pode

ser massa falida. Mas a verdade não é essa.

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Sr. Getúlio, só um pouquinho.

Vamos aguardar porque tenho uma lista aqui que tem praticamente quase trinta

produtores rurais e tem um técnico falando.

Vão falar trinta produtores rurais e um técnico?

Vocês acham isso equilibrado? Não é individualmente, é por tema.

Então, vamos dar a ele o tempo necessário, porque tem uma relação aqui: Ivo

Cristiano Villani, produtor rural de Cooperativa; Adilson Jacinto, produtor rural; Frederico Azevedo,

produtor rural; Rodrigo Zoanaze, produtor rural; Adelar Capellari, produtor rural e Adelmo. Todos

produtores rurais. E ele não pode fazer um contraponto?

Tem que haver equilíbrio. Nós não estamos aqui para... Tem que haver equilíbrio

das coisas.

Então, diante dessa massacrante maioria de produtores rurais, estou garantindo a

palavra ao economista que está fazendo um contraponto para enriquecer o debate.

Tem pessoa aqui que não está preparada para participar de Audiências Públicas

deste nível. É uma pena!

Em nenhum momento aqui ninguém foi deselegante com vocês.

Foi, Presidente Rui Prado?

O SR. RUI PRADO – Permite-me só uma consideração.

O Deputado Wilson Santos nos convidou para esta Audiência Pública, nós,

Instituição, convidamos todos vocês produtores rurais que estão aqui, nós agradecemos a presença,

mas realmente o Deputado Wilson Santos tem razão. Vamos deixar as pessoas falarem.

Antes da Audiência Pública eu pedi para o Deputado para equilibrarmos as falas,

as falas nem estão equilibradas porque nós temos mais pessoas falando do que fazendo contraponto

contra nós produtores rurais.

Eu acredito que não tem problema nenhum. Vamos respeitar o que o companheiro

tem lá para falar e nós poderemos falar.

Na Audiência Pública que houve sobre o agrotóxico nós saímos daqui quase vinte

e duas horas. Se há uma virtude que o Deputado Wilson Santos tem, eu tenho que reconhecer aqui, é

deixar todo mundo falar.

Eu acho que dá para darmos esse crédito, sem problema nenhum.

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Pág. 44 - Secretaria de Serviços Legislativos

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Obrigado, Presidente Rui Prado.

Continua com a palavra, o Sr. Getúlio de Paula.

O SR. GETÚLIO DE PAULA – Terminando, pessoal, esse trabalho nós vamos

publicá-lo, era para publicar numa revista, deve sair num site, que é uma análise do balanço do

Estado. Então, o que está aqui é verdadeiro, não estamos colocando nenhum dado. É verdadeiro.

Este aqui é o orçamento do Estado.

No orçamento do Estado nós deixamos de arrecadar dezesseis bilhões. Para onde

foi esse dinheiro?

Eu acho o seguinte, quando eu falo em industrialização, nós temos que criar

mecanismos, até dentro do agronegócio, para resolver como é que nós vamos juntar esse dinheiro

para fazer a industrialização. Essa é a questão central.

Eu só irei lembrar um detalhe histórico, o Deputado Wilson Santos gosta dessa

questão. Nós tivemos várias ondas de industrialização no País: nós tivemos a indústria têxtil, as

ferrovias, depois os automóveis, e perdemos essa corrida da indústria automobilística para os

Estados Unidos; depois tivemos a informática, perdemos também. Atualmente nós vivemos outra

onda industrial, que é a guerra das bugigangas. A China tomou conta! Está o País inteiro, em dois

por dois, vendendo produtos chineses. Está todo mundo vendendo produtos chineses. É só ir ao

Porto e ver que tem quinhentas boquinhas de coisa lá para vender produto chinês.

Então, qual é a questão? É preciso termos inteligência para vivermos essa próxima

onda. Nós vamos ter uma próxima onda, essa próxima onda é a indústria de alimentos. É a indústria

de alimentos! É a sexta onda de indústria no mundo e aí, sim, nós teremos que participar. Mas é

preciso ter inteligência e não vocês quererem ficar com todo o dinheiro para nós. Não vai. Não vai

acontecer isso. É preciso ter inteligência, é preciso ter organização, é preciso pensar, pensar no

Estado de uma maneira mais global.

Nós podemos sim. Mato Grosso hoje tem 50% da produção de grãos do País.

Vamos juntar isso, vamos criar um trabalho para ajudar isso aí. Certo. (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado.

É assim, gente - vamos aplaudir -, não é porque ele pensa diferente de nós que...

Democracia é a convivência do contraditório.

Com a palavra o Sr. Ivo Cristiano Vilane, Presidente da Cooperativa Agrícola Vale

Azul de Santa Carmem; depois Adilson Jacinto, produtor rural de União do Sul.

O SR. IVO CRISTIANO VILANE – Boa noite a todos!

Cheguei a Mato Grosso em 1981, muitas cidades que Vossa Excelência citou eu vi

crescerem, mas muitas ficaram para trás.

O nosso povo, o povo que mexe com a agricultura realmente, é um povo

desbravador.

Nós sofremos muito neste Mato Grosso, mas temos a honra de dizer que somos

mato-grossenses. Qualquer lugar que formos ao Sul, se falarmos de Sorriso, Lucas do Rio Verde, de

Sinop, de Rondonópolis, de Primavera do Leste, todo mundo nos agradece por termos desenvolvido

este Estado.

Eu quero colocar a Vossa Excelência que nós precisamos de muito mais de Vossas

Excelências. Não é de imposto que precisamos. Nós precisamos que Vossas Excelências nos

ajudem. Se Vossas Excelências nos ajudarem, este Estado vai crescer muito mais.

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Pág. 45 - Secretaria de Serviços Legislativos

Esses impostos que estão sendo sonegados... (PALMAS) ...muitas vezes por

absurdos, muito altos e às vezes se desvia alguma coisa - Vossas Excelências sabem disso - é a

verdade.

Agora, quanto foi desviado de corrupção neste País? Não precisa eu ficar falando

para Vossa Excelência isso aqui.

Se o Estado pegasse pelo menos 70% do que foi desviado dentro do Estado aqui,

não precisávamos fazer esta Audiência Pública aqui.

Nós estamos lá em Sorriso, em Santa Carmem, a 600 quilômetros daqui,

preocupados em fazer o plantio. Nós não precisávamos estar aqui.

Vossa Excelência falou que não vai criar o imposto. Simplesmente se tirar a Lei

Kandir, o imposto está criado.

Se Mato Grosso do Sul deixou de entrar 6%, está ficando quase inviável a

produção lá, segundo o nosso amigo aqui. Nós não podemos deixar que aconteça isso aqui.

O que Vossas Excelências têm que fazer por nós é dar continuidade para

conseguirmos trabalhar e produzir no Estado de Mato Grosso.

Era isso. Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Obrigado, Ivo Vilane!

Mas, Ivo, só o seguinte, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso não tem poder

para anular a Lei Kandir. A Lei Kandir é Federal.

O Sr. Ivo Cristiano (FALA FORA DO MICROFONE) – O que nós estamos

discutindo aqui?

O SR PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - As consequências.

O Sr. Ivo Cristiano (FALA FORA DO MICROFONE) – As consequências sobre o

quê?

O SR PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - As consequências da Lei Kandir.

O Sr. Ivo Cristiano (FALA FORA DO MICROFONE) – Mas a Lei Kandir não traz

consequência. Ela traz benefício para este País. Se ela acabasse, aí, sim, vocês iriam ver.

O próximo inscrito é o Sr. Adilson Jacinto, produtor rural de União do Sul.

Depois, será o Sr. Frederico Azevedo, Gerente de Relações Institucionais da

APROSOJA.

O SR ADILSON JACINTO - Boa tarde a todos!

Como já foi dito, eu sou produtor rural no Município de União do Sul.

Eu cheguei a Mato Grosso no ano de 2001. Nós viemos num grupo para abrir uma

área de lavoura nesse município.

Quando chegamos a União do Sul, nobre Deputado Wilson Santos, não tínhamos

estrada, não tínhamos nada. Certo momento eu cheguei a comentar com o nosso Prefeito, da época,

que parecia que eu estava dentro de uma favela rural. Hoje, com certeza, já melhorou, mas precisa

melhorar muito mais.

Eu acho que esse trabalho todo vem sendo conquistado exatamente por meio desse

setor, que é o setor produtivo que com muita dificuldade vem conseguindo avanços para os

municípios, principalmente para esses municípios mais distantes.

Eu ouvi o pessoal de Sorriso aqui comentando que a facada no caso de qualquer

mudança é grande para Sorriso.

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Pág. 46 - Secretaria de Serviços Legislativos

Então, imaginem os senhores para nós, que estamos distantes do eixo da BR-163,

onde trabalhamos com imensa dificuldade para conseguirmos angariar alguns tostões de lucro e

colocar no bolso para dar andamento e continuidade a nossa atividade.

O senhor que colocou aqui, o técnico que estava falando há pouco aqui, não tem

noção do grau de dificuldade que é produzir nesses municípios onde, ainda não conseguimos chegar

com a rodovia correta, como tem que ser; com a ponte correta para retirarmos a produção de lá e

conseguirmos chegar mais próximo dos nossos concorrentes, que são os setenta dólares. Então, nós

estamos, hoje, disputando centavo por centavo no mercado para conseguirmos chegar perto.

E eu penso que qualquer tributo que venha a onerar o nosso trabalho,

principalmente dessas regiões, de todas, mas principalmente dessas regiões, inviabiliza, com certeza,

o trabalho que eu estou fazendo e que as pessoas de Mato Grosso que vieram; que, hoje, são mato-

grossenses, que estão nessas regiões avançando a cada dia, produzindo mais, aumentando essa

balança comercial e conduzindo os números, os resultados do Estado na soma de todo esse conjunto

de comércio e indústria que se move com a agricultura...

Então, eu queria dizer assim: quando nós falamos em agricultura alguém pergunta:

“E a agricultura como vai?”. Muito bem, obrigado! Mas não esqueçam de fazer a pergunta seguinte:

e o agricultor como está?

Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – O Rui Prado perguntou quantos

faltam. Só faltam dezenove inscritos, ainda, e nós vamos ficar aqui até o final em respeito àqueles

que vieram de mais longe.

Eu agradeço o Sr. Adilson Jacinto, que é de União do Sul.

Com a palavra, o Sr. Frederico Azevedo e, depois, o Rodrigo Zoanaze.

O Frederico Azevedo é da APROSOJA, Gerente de Relações Institucionais da

APROSOJA Mato Grosso.

O SR. FREDERICO AZEVEDO – Boa noite a todos!

Eu quero agradecer Vossa Excelência por me conceder a palavra.

Eu quero explicar a alguns colegas...

Talvez, a preocupação, Deputado, que nós verificamos, e fica muito claro o anseio

que todos falam aqui, por que se discutir a questão... Esta se criando uma previsão de taxação? Por

que essa preocupação e por que se questiona isso?

Já foi muito falado com relação aos números; com relação às preocupações e o que

se viu hoje, aqui, Deputado, foi uma demonstração maciça do setor quanto à preocupação de que

qualquer taxação para o setor pode inviabilizar toda uma cadeia produtiva tanto de plantação quanto

agroindustrial.

Nós gostaríamos, inclusive, com relação ao colega... Por um ponto é assim: quais

são as situações que nós podemos gerar e quais são as soluções que nós podemos gerar? Porque nós

simplesmente dizermos: ah, vamos criar uma taxação, vamos contribuir. A agricultura já contribui

muito para o Estado de Mato Grosso. Nós gostaríamos, por outro lado, que houvesse propostas que

dissessem assim: o que será feito que o setor não faz para melhorar o Estado?

Muito obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Sr. Frederico

Azevedo.

Com a palavra o Sr. Rodrigo Zuanazzi, produtor rural de União do Sul.

Depois, está inscrito o Sr. Emílio Ramos, de Diamantino.

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O SR. RODRIGO ZUANAZZI – Boa noite a todos!

Eu sou produtor de União do Sul, nascido em Sinop. Há onze anos estou em União

do Sul. Eu sou de uma família de agricultor. A minha família inteira depende da agricultura. Este

ano, por motivo de dificuldade no setor, eu fiz o travamento da minha safra, travei todos os meus

custos e estou muito preocupado com essa taxação, com o prejuízo na lavoura. Eu gostaria de dizer

isto. Acho que é a realidade de outros produtores da região.

Como o colega Adilson falou nós vimos de uma região muito difícil, com ponte de

madeira que tem que ser reformada todos os meses para passarmos e com risco de cair o caminhão e

estada de chão, ainda, dependendo do asfalto que não foi concluso.

Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado Rodrigo.

Só mais uma vez, reafirmar, Rodrigo, que esta Audiência Pública tem o objetivo

de analisar as consequência da Lei Kandir, como foram ditas aqui positivas. Aqui ninguém propôs

nova taxação. Eu não vi ninguém aqui da mesa, ninguém da plateia propor se taxar isso ou aquilo.

Então, essa proposta, pelo menos aqui, não existe.

Os representantes do Governo que estiveram aqui, o Sr. Paulo Brustolin, da

Secretaria de Fazenda; e o Sr. Seneri Paludo, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, em

nenhum momento falaram de taxação, a não ser que eu esteja equivocado. Os dois Secretários de

Estado, representando o Governador Pedro Taques, em nenhum momento, o Brustolin e o Seneri,

falaram de taxação. E o Sereni Paludo pelo que sei é oriundo da APROSOJA, da FAMATO.

Você o emprestou.

Com a palavra o Sr. Emílio Ramos, produtor rural de Diamantino.

Depois, o Prefeito de Denise, Sr. Pedro Tercy.

O SR. EMÍLIO RAMOS - Boa tarde a todos!

Eu Gostaria de agradecer o minuto da palavra ao Deputado Wilson Santos.

E me apresentando o meu nome é Emílio Ramos. Eu sou produtor. A minha

família produz soja em Diamantino desde 1982. Nós somos um grupo de quatro produtores. Além

das nossas famílias, nós empregamos diretamente, geramos, impactamos diretamente em torno de

nove famílias que trabalham conosco. Só para dar um contexto do que nós estamos aqui discutindo.

Nesses trinta e três anos quase de produção eu não preciso relembrar a todos,

porque tem muitos que vejo que já estão na atividade há bastante tempo... Nós já passamos por

inúmeros percalços econômicos e, hoje, nós vivemos outra crise econômica no País.

Eu felizmente entrei no mercado de trabalho e não vivenciei nenhuma crise no

parâmetro, do tamanho, que nós estamos vivenciando hoje. Eu não gostaria de estar aqui discutindo

mais uma criação ou tributação possível, talvez, como o Deputado colocou. Os dados já foram

apresentados e a Lei Kandir só veio trazer inúmeros benefícios ao Estado, não só ao setor produtivo

agrícola, mas todos os setores da economia foram beneficiados diretamente por isso.

Então, eu acho que não é o momento de discutirmos transferência de renda do

setor que produz para o Governo que muitas vezes mal emprega os recursos quando não há

corrupção.

Hoje nos cabe levantar o debate em todas as esferas do Governo, não só

Legislativo, Executivo, mas todo o setor público; aprender com o setor privado como se faz uma boa

gestão de recursos. Chega de ficar discutindo a criação de novos tributos ou não. Acho que o setor

privado faz a sua parte e com muita competência.

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DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

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Então, cabe-nos discutir aqui uma reformulação, como bem colocou aqui o

Secretário Seneri, toda reforma não só tributária, mas de gestão em todas as esferas de Estado.

Era só isso. (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado ao Emilio Ramos,

que produz lá em Diamantino.

Próximo inscrito é o Prefeito lá do Município de Denise, Pedro Tercy, depois

voltamos com o Luimar Geni, produtor de Sorriso.

O SR. PEDRO TERCY BARBOSA – Boa noite a todos!

Eu, inclusive, estava ali no meu cantinho, cai de gaiato aqui, o Deputado Wilson

Santos, muito habilidoso, eu desde três horas falei que precisava falar com ele, ele falou: “me espera

aí um bocadinho que nós vamos conversar”.

E como o Deputado Wilson Santos sempre nos propõe coisas surpreendentes e

boas, eu fiquei ali no meu cantinho, mas não consigo ficar quieto.

Eu vejo Sorriso, eu vejo Diamantino, eu vejo União do Sul, e vocês estão diante de

um cidadão que conhece os cento e quarenta e um municípios do Estado... Conheço Sorriso desde a

sua implantação, porque fiquei atolado lá na Piúva, em 1982, dois dias e com sessenta e duas

carretas do meu lado. E hoje vejo a Sorriso que tem.

Eu quero falar de Denise, uma cidade onde eu planto sessenta por cento da cana-

de-açúcar da Usina Itamarati, que também é amparada pela Lei Kandir. E aqui ouvimos pessoas

falando em soja, não vi ninguém falando em cana-de-açúcar.

Eu queria ter um mineiro desse aí, que é amigo do nosso querido escritor, para

tocar fogo na cana-de-açúcar, porque eu faço ponte para vinte toneladas e lá passam oitenta.

Agora, eu já andei ali na região de Ipiranga do Norte, onde eu fui produtor rural

cascalhando estrada, o sojicultor. Eu andei muitas e muitas vezes na região de Lucas do Rio Verde

onde o produtor rural coloca lá o carro dele, o caminhão dele, a patroa dele para ajeitar a estrada para

ele poder passar e beneficiar todos os munícipes.

Agora, a cana-de-açúcar, se eu não arrumar a ponte, não passa eles e não passa

ninguém mais do município. Então, não tem parceria nenhuma.

Aqui, eu quero agradecer ao sujicultor; ao cidadão da soja; ao cidadão que

consome o óleo diesel; ao cidadão da madeira, que está nos dando o FETHAB, que é com esse

dinheiro que tenho conseguido arrumar as minhas estradas, porque, senão, não teria estrada e as

prefeituras estariam fechadas. (PALMAS)

Está na hora neste País, de forma urgente, urgentíssima... Qualquer erro

administrativo, dá-se até a pachorra de um Ministro da Economia falar: “não, brasileiro é pacífico, é

bonzinho, ele vai pagar imposto”. Chega! Nós não aguentamos mais. Nós estamos perdendo a

competitividade; estamos perdendo os nossos créditos; estamos adquirindo doenças; estamos

acabando com a nossa família.

Imposto, imposto, imposto! E os Parlamentares?

Aqui, eu quero tomar a defesa do Deputado Wilson Santos, porque é uma das

causas que venho falar, porque, senão, iria sair daqui execrado e voltar para o interior dizendo que o

Deputado Wilson Santos fez uma Audiência Pública para se criar imposto. Não. O Deputado Wilson

Santos realiza a Audiência Pública aqui para dizer quais foram e quais serão os reflexos caso haja

oneração da Lei Kandir. Caso! (PALMAS)

Eu tenho certeza que isto aqui vai estar nos Anais desta Casa e vai estar o

posicionamento de cada um que está aqui de que é contra mais um imposto. E o Deputado Wilson

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Santos, cidadão, extremamente sintonizado com as causas populares, vai ser um dos defensores

contra qualquer tipo de imposto, não tenha dúvida disso, porque ele também está cansado de ver

bater às portas do seu gabinete e da sua vida pública cidadãos como vocês que não aguentam mais

pagar impostos, inclusive ele.

Eu quero dizer para os senhores, nesta noite, com muita clareza: pessoal, discuti-se

imposto; se o Levi fala que nós aguentamos; desmandos, lava-jatos; lava-se não sei o que; não sei

quem preso e mais não sei mais o que... Agora, a verdadeira discussão que tem que se fazer neste

País - e não vejo nenhum Parlamentar assumir - é a discussão da Reforma Tributária deste País. Não

pode!

Lá em União do Sul é onde o trabalhador quebra a perna; é lá em Sorriso, aonde o

cidadão desempregado vai à porta da Prefeitura bater para comprar comida para família dele; é lá em

Campo Novo do Parecis que o cidadão tem a esposa para ter criança e você tem que ter um médico

no hospital pagando a ele em torno de vinte e três mil reais, porque, senão, o filho dele vai perecer.

E esse ente é o mais vilipendiado; esse ente é o mais desrespeitado; esse ente é o

mais agredido e eu não vejo nenhum Parlamentar discutir o pacto federativo deste País. Essa é a

verdadeira reforma que precisa ser feita.

Não pode, um exemplo claro que os senhores possam ter noção do que digo neste

instante, a cada cem reais de tributo gasto, arrecadado, 64% fica lá em Brasília, 24% vem para o

Estado e somente 12,9% chegam às prefeituras, nos municípios, onde as coisas acontecem.

Se refizesse tudo isso, se organizasse tudo isso, vocês não estariam aqui perdendo

um dia de plantio de soja, discutindo se vai ter tributação em cima d Lei Kandir ou coisa parecida.

Eu não estaria aqui reclamando das pontes de vinte toneladas onde passam oitenta. Eu não estaria

aqui tendo o privilégio de agradecer vocês pelo FETHAB que vocês nos ajudam. Eu não estaria aqui

tomando as causas e as dores do Deputado Wilson Santos para que ele não saísse execrado desta

Audiência Pública.

É necessário que nós aqui, vocês produtores que são fortes o suficiente, façamos

uma mobilização nacional, porque quase pararam este País no dia que pararam de carregar a soja.

Ficou todo mundo louco, não sabiam o que faziam. E nós precisamos fazer isso.

Estão aqui os senhores das leis para que possam ter a sensibilidade de rever o

pacto federativo deste País. Chega de impostos!

Muito obrigado por nós todos estarmos aqui (PALMAS)!

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Prefeito Pedro

Tercy, de Denise.

Com a palavra, o Sr. Luimar Geni, produtor rural de Denise; depois, o Pedro

Guesser.

O SR. LUIMAR GENI – Boa noite às autoridades e aos demais presentes!

Meu nome é Luimar Geni; sou agricultor do Município de Sorriso; sou filho de

agricultor, vindo do Sul quando nada se produzia neste Mato Grosso. Falo até hoje de boca cheia

que foi uma aventura do meu pai ter vindo para esta terra desconhecida, onde só tinha calango e hoje

a prosperidade que virou.

Jamais alguém imaginaria que isto se tornaria no que se tornou...

(PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL).

O SR. LUIMAR GENI – Eu tenho o direito de falar três minutos. Posso continuar?

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Só um pouquinho. Ele se expressou

mal. Se expressou mal.

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Pode continuar, Luimar.

O SR. LUIMAR GENI – Não, Deputado Wilson Santos, eu não me expressei mal.

Eu, não. Essas terras não produziam praticamente nada, além de minério. Só exploração mineral.

(PALMAS)

Graças ao povo do Sul, que brava e corajosamente vieram e exploraram essas

novas regiões.

Vou continuar o meu discurso.

Mas que país é este? Mas que Estado é este que apresenta uma forma de tirar o

incentivo do principal setor produtivo, que gera emprego no Estado?

Estamos pedindo socorro. Já não aguentamos tantas taxações. Ainda mais uma

com a desoneração?

Nobre Deputado, vamos nos preocupar em fazer ou perguntar se este setor tem a

necessidade de alguma melhoria para produzir ainda mais e, consequentemente, melhorarmos para

todos.

O nobre Deputado citou algumas cidades de menor renda no Estado. Conhecemos

essa situação também. Alguns municípios, por um ou por outro motivo, não tiveram o mesmo

desenvolvimento. Nesses municípios, o que os munícipes mais têm é a vontade desse explosivo

boom aconteça para que eles também usufruam e desfrutem disso.

Crie-se uma Lei Kandir estadual, crie-se uma Lei Wilson Santos para beneficiar

esses municípios. Vamos favorecê-los e não tirar o sistema explosivo revolucionário que fez

acontecer na maioria dos demais municípios o que aconteceu. Emparelhem por cima e não por

baixo.

Sr. Deputado, fizemos 400 quilômetros vindo de Sorriso e perdemos tempo

discutindo aquilo que está dando certo.

Temos a necessidade desta Lei Kandir, essa lei de incentivos da exportação!

Gostaria de falar ao Secretário Brustolin, que foi embora, que aquele dinheiro que

não tem passado nas mãos do Governo da exportação está sendo aplicado, está sendo investido

diretamente nas cidades do interior. Isso é bem visível. Todos veem que município é produtor de

algum produto que é exportado.

Ele falou também em industrializar. Como industrializar, tendo a maior alíquota de

ICMS do país? É difícil!

Eu proponho aqui que façamos uma Audiência Pública para questionarmos os

gargalos da agricultura.

Por exemplo, Sr Deputado Wilson Santos, na segunda safra nossa, safrinha, nós

produzimos milho. Um saco de milho vale para nós, na maioria dos anos, de dez a doze reais.

Quando passa de doze é por uma miséria incentivada pelo Governo Federal por meio dos prêmios,

dois a três reais. Se tivéssemos só estradas não precisaríamos dessa miséria.

Eu como produtor ganho de doze a quinze reais de um saco de milho - a maioria

desse produto é exportado - tire essa Lei Kandir de exportação e produza-se milho viável neste

Estado.

Um caminhoneiro carrega um saco de milho no meu município e no máximo em

três dias entrega no porto de Santos ou no porto de Paranaguá, onde vai ser exportado. Ele ganha de

quinze a dezessete reais por um saco de milho de frete.

Você conversa com esse caminhoneiro, ele está mais quebrado do que o agricultor.

Vejam o custo de produtividade de milho no nosso Estado!

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Tire essa Lei Kandir e começaremos a impossibilitar a agricultura no Estado.

Muito obrigado! (PALMAS)

O SR PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – O próximo inscrito é o Pedro

Guesser, Secretário Executivo do Conselho Estadual das Associações das Revendas de Produtos

Agropecuários.

O SR PEDRO GUESSER - Boa noite a todos!

Boa noite, Deputado!

Agradecemos o convite para participar desta Audiência Pública, como já

participamos de outras.

O posicionamento da Associação de Revendas do Estado de Mato Grosso, aqui

representando mais de trezentos empresários que hoje fornecem insumos e crédito para que os

agricultores desempenhem seu papel, haja vista que o posicionamento do Governo com relação a

recursos, recursos esses controlados, é capaz hoje de fornecer recurso para não mais do que trezentos

hectares, vimos com relação a custos de produção, é que um agricultor, bem explanado pelo colega

Otávio, para ser viável a sua atividade, tem que plantar pelo menos trezentos hectares.

Então, gostaria de colocar alguns números.

Outro dia fizemos um levantamento em Lucas do Rio Verde, há exatamente uns

sessenta dias, e chegou-se a um custo de produção, apenas de insumos, de trinta e cinco sacas de soja

por hectare - isso quando o dólar estava a três zero quatro. Hoje, com a disparada do dólar, nós

chegaríamos tranquilamente a sessenta sacos, não fosse a correção pelo preço internacional.

Então, eu quero parabenizar os agricultores, em nome dos distribuidores, porque o

agricultor – eu ouvi outro dia numa palestra – é o pior investidor do Brasil.

Explico. Seria muito mais fácil pegar seus recursos e aplicar no mercado

financeiro, fosse, doze, treze, quatorze por cento ao ano, do que se investir numa indústria a céu

aberto.

O agricultor hoje coloca todos os seus recursos numa loteria, correndo risco de

preços, correndo riscos do clima, sem seguro agrícola, sem garantias nenhuma, sem garantias de

renda.

Então, eu quero parabenizá-los por isso.

Por fim, para não me alongar e não ser repetitivo, em outra Audiência Pública,

Deputado Wilson Santos, nós discutimos também com relação aos agrotóxicos, que o problema é o

mau uso e lá também foi colocada a responsabilidade na administração, no Governo.

Então, também aqui nós gostaríamos de colocar que o fundamental é que o

Governo se organize, que os representantes trabalhem para que esses recursos do Fundo, do FEX,

sejam disponibilizados e cheguem ao Estado, porque com esse custo de quarenta sacas, trinta e cinco

sacas por hectare só de insumos vai inviabilizar, caso haja a tributação em cima da exportação.

Eu gostaria de agradecer a oportunidade e parabenizar a todos que aqui estão.

Muito obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado ao Sr. Pedro

Guesser.

Os próximos oradores são Adolfo Petre, que também é produtor rural, e o Luiz

Benedito, que irão expor os seus pensamentos.

Com a palavra, o Sr. Adolfo Petre.

O SR. ADOLFO PETRE – Boa noite, Deputado!

Boa noite a todos!

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Sou um pequeno produtor de Campo Novo do Parecis e gostaria de chamar a

atenção a um ponto que numa das apresentações ficou bastante claro, que é o pequeno produtor. Não

o pequeno, cinco hectares, dez hectares, mas trezentos hectares, daqueles módulos que o Otávio

apresentou.

Em qualquer aumento de tributação - não estou dizendo que vamos ou que não

vamos desonerar e tributar - a lógica é a mesma: qualquer aumento de tributação o primeiro e o mais

fortemente atingindo é o pequeno. Nós temos que estar atento a isso.

Na Audiência Pública, semana passada, alguém falou que temos grandes

empresários rurais na lista da Forbes e se continuarmos... Qual o remédio para isso? Desonerar!

Quanto menos tributos ou quanto mais fácil for o processo produtivo, mais chance os pequenos

terão, pois, quanto maior a restrição, quanto mais dificuldades, mais os grandes sobressaem, porque

eles têm capacitação de crédito externa; eles têm eficiência logística; eles têm a parte comercial

bastante eficiente, fazem compras fora do País, e também já estão trabalhando na verticalização

agregando valor a sua produção. Então, um dos recados é que nos devemos trabalha ou evitar

sempre a taxação e, sempre que possível, trabalhamos para desonerar e aliviar a carga tributária para

facilitarmos para os pequenos.

Nessa mesma linha eu gostaria de propor um debate, uma reflexão, para as

autoridades, de modo geral, porque, talvez, não seja o momento de discutimos aqui o aumento de

carga tributária ou a remoção da benesse da lei ou qualquer coisa desse estilo.

Talvez, seja o momento de avaliarmos a possibilidade dos governos fazerem mais

com menos; de o Governo ser eficiente na gestão dos recursos públicos, porque a cada dia nós

observamos um novo escândalo, uma nova dificuldade. Os escândalos são um problema de

corrupção. Não é a corrupção. É, sim, a eficiência na aplicação dos recursos públicos.

Eu acho que quanto a isso cabe, sim, uma reflexão, uma audiência, um

encaminhamento nesse sentido.

Esta é a minha contribuição. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, Sr. Adolfo.

O Luiz Benedito, Luizão, é Presidente do Sindicato. Ele fará o contraponto, pois,

está inscrito.

Depois, será o Sr. Carlos Augusto Zanata, Gestor do Grupo Técnico da FAMATO.

Com a palavra o Sr. Luiz Benedito de Lima Neto, Presidente do Sindicato dos

Engenheiros do Estado de Mato Grosso.

O SR. LUIZ BENEDITO LIMA NETO - Boa noite a todos.

Eu gostaria...

Eu já estava pensando em falar a minha posição, mas vou dizer uma coisa para os

senhores: a maioria das pessoas que ouvi aqui, Deputado Wilson Santos, infelizmente fala muito

com o sentimento pessoal. E nós precisamos, eu entendo que nós precisamos falar sobre Mato

Grosso. Nós precisamos tirar o sentimento só do fundo de casa.

Eu, por exemplo, estou aqui, porque defendo Mato Grosso. Por isso eu gostaria

que vocês... Hoje, à tarde, eu ouvi tantas pessoas que nos seus posicionamentos parecem que não

gostam de Mato Grosso, porém, estão aqui. Eu ouvi produtor vir aqui e falar: “Eu estava quebrado

no Rio Grande do Sul, vim para cá, me instalei e, hoje, estou bem.”. Como vocês há muitos.

Então, eu gostaria que vocês respeitassem mais um pouco Mato Grosso;

respeitassem a nós que nascemos aqui, que vivemos aqui, que sustentamos para ter o Estado. Eu

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trabalhei na EMATER, trabalhei no INDEA, trabalhei no Ministério da Agricultura como

Engenheiro Agrônomo, sempre trabalhando em prol de todo o crescimento de toda a sociedade.

Então, é muito doído para nós ficarmos sentados ali escutando as pessoas falarem

que chegaram aqui em 1982, em 2002, não sei o que e não tinha nada. Até o Deputado Wilson

Santos deu uma bobeira dessas quando ele admitiu que os calangos tinham lá... Não! Nós nunca

vivemos na dependência econômica dentro do Estado. Nós não precisávamos, não.

Essa evolução é extremamente questionável. Será que realmente evolui? Nós não

tínhamos essas grandes coisas que acontecem, hoje, como a violência no Estado, como a violência

no País. Isso é produto de quê? É produto da evolução. E nós pagamos aqui por isso! Nós pagamos

aqui por isso!

Eu gostaria que vocês recebessem o cuiabano, recebessem o mato-grossense,

atendessem a nós, frutos da terra, porque eu nasci e eu me criei aqui, como nós fizemos com vocês.

Mato Grosso é tido no País todo como um dos estados que melhor recebe as pessoas.

Assim como nós os recebemos, assim posicionaram-se aqui, eu gostaria que vocês

tivessem um amor, um calor, um respeito por nós, mato-grossenses.

Com relação à Lei Kandir o que nós temos para discutir é que a Lei Kandir, está

sendo bom para determinada sociedade. Então, se ela é tão boa assim, por que não é para todos? Se é

que está sendo tão boa... Aí que eu vejo o raciocínio: se é uma lei boa para muitos; se é para

determinado setor, por que não é para todos?

O que nós questionamos é que realmente nós não nos sentamos em lugar nenhum

que eu conheça para criarmos a Lei Kandir. A Lei Kandir veio em tese imposta. Ela foi criada e a

maior parte da sociedade não sabia o que era a Lei Kandir, mas, dentro do seu universo, se ela for

boa, como foi aqui analisado que tudo é bom, por que não pode ser boa para todos? Por que não

pode ser boa para o pequeno produtor? Por que não pode ser boa para quem está trabalhando?

Em hora nenhuma, como disse o Deputado Wilson Santos, falou-se em aumentar

impostos. Pelo contrário! Nós achamos o seguinte: nós podemos distribuir melhor, porque se é bom

para um, a minha defesa é que seja bom para todos.

É por isso que eu acho que a Lei Kandir não está aqui no sentido de acabar com

ela. Eu estou entendendo que nós estamos discutindo que, caso ela seja boa para um determinado

grupo, vamos fazer com que ela seja boa para todos. É isso que nós, mato-grossenses, queremos.

Eu ouvi aqui falarem que foi muito boa, que tem lá uma pessoa que conserta pneu,

tem não sei o que... Agora, eu pergunto: quem dentro da sociedade, de fato, está sendo beneficiado?

Quem, de fato, essa lei atende?

Então, vamos fazer se for boa. Eu acho até que deveria, sim, diminuir os impostos

para todos. Nós sabemos que a carga tributária está derrubando; está sendo extremamente onerosa,

mas não é só para mim. Nós temos que pensar que deve ser boa para todos.

Este é o meu pensamento, Deputado Wilson Santos. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Sr. Luiz.

Eu quero só fazer uma observação, Sr. Luiz: de fato, a maioria que aqui usou a

palavra, em momento nenhum, ofendeu o povo de Mato Grosso. Foi um ou outro mais exaltado, mas

faz parte. Os mato-grossenses sabem receber e receberam a todos muito bem. Nós tivemos vários

governadores de outros estados, do Sul do Estado, muito bem votados pelo povo de Mato Grosso,

por Cuiabá. O Dr. Silval Barbosa, Dr. Blairo Maggi, ganharam eleições em Cuiabá, inclusive. Então,

nós não estamos aqui para estimular essa contenda.

O próximo inscrito é o Sr. Carlos Augusto Zanata, Guto, Técnico da FAMATO.

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O SR. CARLOS AUGUSTO ZANATA – Boa noite a todos!

Deputado Wilson Santos, eu quero dizer uma coisa de cunho pessoal mesmo,

cheguei a Mato Grosso, em 1980, com 11 anos de idade; o meu filho é cuiabano, mato-grossense, e

não sei se represento a todos aqui. Tenho certeza que todos nós temos muito orgulho de morar em

Mato Grosso, de trabalhar em Mato Grosso; tenho certeza que todos os nossos filhos aqui são mato-

grossenses. Então, eu acho que em momento algum tenha essa disputa. Mas acho que esse

sentimento, às vezes, pode ser tirado dessas situações aqui.

Na semana passada nós tivemos outra Audiência Pública aqui, onde foi falado que

o agronegócio é contra a produção de produtos orgânicos, e isso não é verdade. Talvez, seja uma

interpretação pelo calor do que é dito, mas não é verdade. Apesar de escutarmos, às vezes, algumas

manifestações contrárias claras, mas eu acho que isso não é verdade.

Há pouco o nosso colega falou aqui, quase nos chamando a atenção, que nós

precisamos industrializar o Estado.

Ninguém é contra industrializar o Estado. Nós achamos que industrializar o Estado

é uma excelente ideia. Entendeu? Só não posso concordar que tributando nós vamos conseguir

industrializar o Estado, porque o dinheiro na mão do Estado nunca industrializou em lugar nenhum.

Ele industrializa quando está nas mãos de empresário que vai lá espontaneamente e faz o negócio.

(PALMAS)

E baseado nisso, eu acho que o tema da Audiência Pública é discutir os impactos

da Lei Kandir. Eu acho que ficou extremamente claro aqui que a Lei Kandir foi só positiva para o

Estado. Eu acho que o maior reflexo dessa discussão, quais os impactos da Lei Kandir, é ver o quem

era Mato Grosso há quarenta anos e o que é Mato Grosso hoje. Eu acho que o desenvolvimento é

nítido, o crescimento foi nítido.

Quando nós chegamos aqui, em 1980, Cuiabá era uma cidade de trezentos e

cinquenta mil habitantes, Cuiabá e Várzea Grande juntos, hoje beira aproximadamente um milhão.

Eu acho óbvio, Deputado, que a Lei Kandir foi positiva para o Estado. É realmente

obvio isso aí.

E eu acho que o Governo deu aqui todas as dicas do que é preciso ser feito,

diversificar, agregar valor, seja industrializando ou não, tem suas contradições. Mas a verdade é que

esse é um papel do Estado, não é o papel do contribuinte, como produtor. É um papel do Estado. O

Estado tem que mostrar agora a sua eficiência, por meio do Legislativo, do Judiciário e do

Executivo, e saber usar o que tem e promover o desenvolvimento do Estado, conseguir continuar

promovendo o desenvolvimento do Estado.

Era só o que eu tinha para contribuir. Quero terminar com uma frase que li do ex-

Presidente americano Ronald Reagan, acho que tem a ver com isto, “quando uma empresa gasta

mais do que arrecada, vai à falência”, quando um governo gasta mais do que arrecada, ele manda a

conta para o contribuinte.

Muito obrigado (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Guto, que

participou das duas Audiências Públicas.

O Governo está aí querendo criar a CPMF. Tem que fazer outra Audiência Pública

para discutir isso também. CPMF no lombo do povo. Está achando que está pouco.

Com a palavra, o Sr. Lucas Beber, produtor rural de Nova Mutum; depois o Ernani

Pinto de Souza, são os dois próximos inscritos.

O SR. LUCAS COSTA BEBER – Boa noite a todos!

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Pág. 55 - Secretaria de Serviços Legislativos

Como foi falado, eu sou produtor rural de Nova Mutum e acho que o assunto foi

bem discutido hoje.

Em minha opinião não deveríamos nem estar discutindo isso, porque, é como o

amigo falou, o nosso dinheiro está sendo mal empregado. Aquilo que estamos investindo não está

chegando onde é para chegar.

A Bíblia mesmo diz que quando o justo governa o povo se alegra; e quando os

injustos governam o povo sofre, e é isso que está acontecendo hoje no nosso Estado.

Eu vi por muitos anos uma propaganda enganosa de VLT, de Copa do Mundo, que

benefício nenhum trouxe para o nosso Estado, nem ao menos o turismo, que poderia ter-se

desenvolvido, seria a nossa chance em Chapada dos Guimarães, Pantanal, e não fizeram nada por

esses lugares.

Então, eu tenho vergonha dos nossos políticos, hoje, em nível de Brasil e no nosso

Estado pelo que fizeram. Ao invés de irem a outros Países se informar sobre mobilidade urbana,

sobre VLT, teriam que ir lá para aprender a como educar o nosso povo, como dar uma educação de

qualidade e, principalmente, como combater a corrupção, que é a coisa mais feia que temos hoje,

aqui, no nosso País (PALMAS).

Se eu mando um caminhão de milho carregado com trinta toneladas para o porto,

ele chega com trinta toneladas. Não adianta eu colocar quarenta e cinco para chegar com trinta. Se

eu colocar quarenta e cinco e chegar com trinta é porque ele está furado, está vazando. E é isso que

está acontecendo com o nosso dinheiro público, estão jogando o nosso dinheiro fora, desperdiçando-

o.

Então, eu respeito os que têm a opinião contrária, mas antes de discutir aumento de

carga tributária, vamos discutir como reduzir, como combater essa corrupção.

Era essa a palavra que queria deixar e a reflexão a todos.

Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Dizer ao Lucas, mais uma vez, que

em nenhum momento aqui discutiu, propôs aumento de carga tributária. Enquanto os ocupantes da

mesa centraram a discussão correta, na hora em que abriu para a plateia direcionou-se uma nota só.

Eu gostaria que os próximos a usarem a palavra enriquecessem o debate. Aqui

ninguém propôs aumentar tributos. Quem está propondo aumentar tributos é o Governo Federal, que

está propondo trazer de volta a CMF. Mas aqui os dois Secretários que representaram o Governo

falaram em aumentar tributos. Pelo contrário, eles disseram que não é possível.

Então, eu gostaria que os próximos que usarem da palavra possam trazer algo novo

à discussão, porque ninguém propôs aqui aumentar tributos.

Com a palavra, o Sr. Ernani Pinto de Souza, economista.

O SR. LUCAS COSTA BEBER - Eu posso falar só mais um minuto...

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Lucas, eu vou passar ao Ernani,

porque ele está inscrito como você. Depois, na segunda rodada, eu concedo a palavra. Isso para tratar

todos de maneira igual.

O SR. ERNANI PINTO DE SOUZA – Boa noite, Sr. Presidente, componentes da

mesa, plateia, diga-se, plateia briguenta, o que é bom. Aliás, eu não vou falar quem é, mas parece

que o Presidente desta Audiência Pública tinha um codinome de Galinho bom de briga, o que era

bom.

Mas, voltando ao tema, pessoal, eu gostaria de dizer ao senhor que falou por

último, um cuiabano, sobre os benefícios da Lei Kandir.

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DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 56 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu digo ao senhor, que é agrônomo, que enquanto eles exportam soja, o que é bom

para Mato Grosso e para o Brasil, nós vamos exportar pequi, e o senhor vai me ajudar nessa

produção, quem sabe. (PALMAS).

Mas antes de entra no assunto, Sr. Presidente, Deputado Wilson Santos, quero

falar de um fato que ocorre no Brasil neste momento que parece crise, parece briga. Você pode ir de

norte/sul, de leste/oeste, nesses extremos, nesses quatro pontos, se você chegar a qualquer casa, seja

ela modesta ou não, e falar “dê-me um copo d’água”, você é atendido.

Percebam o que eu não falei: quero comprar um copo d’água.

E eu fico brigando comigo mesmo, porque às vezes eu penso em sair do Brasil.

Mas por quê? No momento que aqui parecia que haveria uma briga de fato, vem

alguém, muito sabiamente, e dá as palavras de equilíbrio nesta Audiência Pública, como foi o caso

do Presidente da FAMATO; como foi o caso do Prefeito de União de Sul me parece; como foi o

caso do próprio Presidente desta mesa e várias outra pessoas da platéia, sempre buscando dar tom de

equilíbrio ao nosso debate que importa.

Em se tratando da Lei Kandir, Presidente Deputado Wilson Santos, eu acho que

nós temos que dar o braço a torcer porque fica nas “entrelinhas” que essa crise que o Estado está

passando de financiamento, parece-me que a Lei Kandir está sendo pensada em ser extinta ou não -

parece-me, parece-me, é o que todos estão dizendo - essa questão de retaxar ou taxar o setor

produtivo.

Mas o que importa também é que essa lei trouxe grandes benefícios para Mato

Grosso e por isso é fácil falar por último devido aos números que nós vimos aqui: o PIB mais que

quadruplicou, sei lá o que, em números; a renda per capta de muitos municípios exportadores foi

uma das melhores do Estado de Mato Grosso. Isso tudo demonstra a importância de desonerar os

setores produtivos.

Mas é bom dizer também que a teoria econômica ensina que o imposto, ou

tributos, melhor dizendo, no geral taxas, impostos, contribuições, mudam a estrutura da função

produtivas das firmas, qualquer que seja ela, pequena, média, grande, seja no setor primário, seja no

setor secundário, de onde for, mexe com a estrutura produtiva da empresa e, mexendo com a

estrutura produtiva da empresa, obviamente que ela terá provavelmente maior custo, e se ela tem

maior custo, provavelmente terá maior preço.

Melhor dizendo, esclarecendo mais isso, a Lei Kandir, com essa desoneração

beneficia em parte os produtores de qualquer setor, seja pequeno, seja médio, seja grande.

Mas o que importa nesse processo? Nesse processo é que os tributos são as fontes

de se alcançar objetivos comuns e coletivos.

Eu tenho um espaço reservado por indicação do CORECON, Conselho Regional

de Economia, da Federação das Indústrias, e lá eu tenho, por várias vezes, repetido no Conselho do

Desenvolvimento Industrial e Regional que nós precisamos pensar, de fato, essa questão de

incentivo ou infraestrutura.

Como assim, Hernani? Ora, temos que debater, aproveitando essa Lei Kandir, se

nós devemos ou não dar incentivos ou desonerar.

Como assim? Ora, as desonerações, os incentivos existem exatamente para

resolver um problema do início da fala do Deputado Wilson Santos.

Ele falou assim: “o que acontece com os outros municípios, Tesouro, Guiratinga,

Poconé, Poxoreu?” Esses são chamados municípios deprimidos.

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Pág. 57 - Secretaria de Serviços Legislativos

Isso tem a ver com o que, senhores? Isso tem a ver com os chamados desníveis

regionais. Então os governos procuram traçar políticas de desenvolvimento regional através dos

incentivos.

Mas me parece, e tendo em vista que a nossa carga tributária ainda é dos tempos de

inflação, percebam isso, os nossos impostos ainda estão com as alíquotas do tempo da inflação, mais

claramente, como a inflação era alta, os nossos tributos não seriam outra coisa, também altos, então,

o que está ocorrendo? Uma proposta famosa e importante que está se passando no Congresso

Nacional, que é equalizar o ICMS em quatro por cento.

Concordam com isso? Não é isso, Deputado?

Isso é o chamado tributo civilizado, de primeiro mundo. Por que? Porque os

impostos, como eu disse anteriormente, é a fonte de se alcançar objetivos comuns.

De que adianta dar incentivos para as empresas, sejam elas do setor primário, do

setor secundário, do setor terciário, se não se tem infraestrutura, e infraestrutura em seus vários

conceitos, infraestrutura básica, estrada e saneamento; infraestrutura social, educação, hospitais e

saúde; infraestrutura institucional, que não se mudam as regras do jogo durante o jogo; e

infraestrutura econômica, reforma tributária principalmente.

Então me parece que a Lei Kandir... Trouxe benefícios? Inegavelmente sim.

Mas é preciso ver como é que podemos avançar nesse processo em que todos

contribuindo, e cobrando, como está sendo feito aqui, os resultados podem ser melhores para todos.

Precisamos combater, para finalizar, Presidente Wilson Santos, plateia, e eu

deveria ter começado com essa frase, mas intencionalmente deixe para o fim, porque existem ainda

algumas discussões, inclusive com o meu nobre colega Getúlio, com que eu debato frequentemente,

porque existe uma frase que diz assim: se continuarmos exportando os produtos primários seremos

apenas importadores de independência.

Isso é verdade gente? Em partes.

Só para lembrar o que foi aqui frisado, quando se falou muito em industrialização

nesta Audiência, falou-se também em razão também da Lei Kandir. Por quê? Porque se diz que

desonerando o setor primário não se tem estímulo para que venha investimento para Mato Grosso.

Ora, se não tive infraestrutura isso é perigoso.

Só para recordar e finalizar efetivamente, não basta lanterna na polpa, ver o

passado, mas é importante neste momento lembrarmos de um fato.

O que é São Paulo hoje? O Estado mais desenvolvido do Brasil. Ninguém nega.

Por quê?

Toda riqueza ali, Deputado Wilson Santos, lembre-me, por favor, concentrada

basicamente no Vale da Ribeira a produção cafeeira do Brasil, produção que foi para exportação,

exportação, exportação.

Não se esqueça, gente, de relacionar o que eu falei: exportar matéria-prima,

produtos primários, significa que seremos eternos exportadores de dependência? Tenham essa frase

na mente.

Voltando, a economia cafeeira foi a base de acumulação para a Capital paulista e

para o Brasil. Mas é claro que essa coisa não da em uma sintonia: vem lá os senhores de Sorriso: “eu

vou depositar dinheiro para ajudar o Mato Grosso porque ele foi bonzinho comigo”. É claro. O cara

esta ali no suor do trabalho, no dia a dia, vai lá e paga as contas, recebe dinheiro, tem lucro, coloca

no banco, compra coisas.

Isso significa o que, gente?

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Pág. 58 - Secretaria de Serviços Legislativos

A acumulação cafeeira lá de trás, de 1930, basicamente gestou esse processo de

acumulação de dinheiro, capital.

E o que isso atraiu, gente? Atraiu novos investimentos porque estavam circulando

as possibilidades dentro das riquezas geradas pelo café.

Vejam, teve pessoas que perceberam: “olha o café esta gerando dinheiro, os bancos

têm dinheiro, vamos emprestar, vamos investir. Em quê? Ensacamento do café. Uma coisa simples.

E depois, depois moagem do café, empacotamento do café. Isso foi a chamada industrialização

primaria do Brasil, que gestou todo esse processo de diferenciação na economia brasileira.

O mesmo está se passando com Mato Grosso. Vocês estão contribuindo com isso.

O meu futuro sócio está contribuindo com isso, com a exportação do pequi,

brincadeiras à parte, mas é assim que funcionam as coisas. Então, a acumulação cafeeira serviu para

isso, para estimular essa necessidade que estão aqui tentando estimular, via desonerações, via

incentivos, mas isso é perigoso mesmo tendo o seu lado positivo.

Eu tenho um trabalho escrito que diz que enquanto desonerou... Vamos dar um

exemplo bem grosseiro: quatro bilhões de reais em Mato Grosso foram duzentos e sessenta bilhões

de investimentos em Mato Grosso. Esta é a proporção grosso modo, mas eu tenho esses números

exatos. Significa dizer isso que o que eu cobro do Getúlio e para o economista o que importa são

números também.

Então, esse processo de acumulação que Mato Grosso está vivendo precisamos ter

o apoio de um Deputado como esse para estimular esse debate e que a coisa seja pensada, sim:

exonerar.

Foi dito aqui que setores sejam desonerados, que setores sejam estimulados

mesmo sem a capacidade de investimento, mas com o quê? Com uma capacidade de infraestrutura e

não se esquecendo de infraestruturas gerais que eu citei aqui neste simples relato.

Então, são questões que a Lei Kandir...

A Lei Kandir foi o quê? Foi um estímulo. Nós precisamos repensar isso, porque

todo mundo está junto nesse barco e só resolve o problema comum por meio dos tributos. Agora, a

questão de gestão, da corrupção que infelizmente ocorre, também, tem que ser tratado com os órgãos

competentes, mas quem está lá na luta do trabalho do dia a dia tem que ter essa consciência da

importância dos tributos. Agora, quando e como desonerar.

Eu agradeço a paciência de vocês. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Obrigado Ernani, eu consulto o

Deputado Dilmar Dal Bosco se ele já quer usar da palavra ou quer deixar mais para frente, mas tem

um compromisso.

Com a palavra o Deputado Dilmar Dal Bosco.

O SR. DILMAR DAL BOSCO – Obrigado Sr. Presidente, Deputado Wilson

Santos.

Eu acho bastante pertinente trazer realmente essa discussão. É uma discussão de

nova composição de impostos para o Estado de Mato Grosso, principalmente quem ajudou a

desbravar.

Eu gostaria de pedir desculpas... Eu sou catarinense, nascido em Galvão, Santa

Catarina; morrei no Paraná e tenho orgulho de ter vindo com meu pai, em cima de um caminhão de

mudança, três famílias, as famílias Ceolatto e Frizon, para o Estado de Mato Grosso. O Luimar Geni

é muito meu amigo.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

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Eu tenho certeza, Capellari, que está aqui vizinho, que fomos bem acolhidos pelo

povo do Estado de Mato Grosso. Nós respeitamos muito este povo.

A interpretação que o Luimar fez foi como o meu pai chegou, em janeiro de 1976,

sendo que conheceu já em 1975, na região de Sorriso, Lucas do Rio Verde. E nós morávamos em

Sinop. Ele veio conhecer e desbravar. Ninguém acreditava realmente que lá a agricultura poderia ser

expandida do jeito que é, hoje, a agricultura do Estado de Mato Grosso. Então, o meu falecido pai

conheceu a região em 1975, em janeiro de 1976 nós mudamos para Sinop e até hoje eu moro, resido

na minha cidade de Sinop.

Aqui vários debates ocorreram além da Lei Kandir. O repasse, a redistribuição dos

impostos aos municípios do Estado de Mato Grosso é um trabalho do Governador Pedro Taques que

quer realmente ver o equilíbrio de municípios que não têm, ainda, o desenvolvimento sustentável

necessário para que possa desenvolver locais que tenham características da produção agrícola.

Eu sei que, cada dia mais, a expansão agrícola está chegando a vários Municípios

do Estado de Mato Grosso. É uma transformação. Agora, se nós temos que buscar uma Lei Kandir,

um incentivo, uma renúncia fiscal para que o pequi possa ser produzido e exportado, vamos

trabalhar nisso.

As cadeias da agricultura e da pecuária no Estado de Mato Grosso realmente

tiveram um trabalho efetivo do incentivo por meio da Lei Kandir que é importantíssima para o

desenvolvimento desse setor.

Agora, nós não podemos, e aqui também foi debatido, ver que o Estado de Mato

Grosso, Deputado Wilson Santos... E eu fui oposição ao Governo anterior. Para o Governo anterior

fazer renúncia fiscal a alguns apadrinhados politicamente ele criou mecanismo, como os fundos:

Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, o Fundo da Segurança. Muitas coisas foram criadas

pelo Governo e nós pagamos. O pequeno empreendedor, o lojista, o agricultor, o pecuarista, enfim,

todos pagaram.

Quando se criou a Taxa de Segurança Contra Incêndio ela foi lançada em todas as

inscrições estaduais: do pequeno agricultor, do pequeno pecuarista, do grande agricultor, do médio,

em todo Estado de Mato Grosso, mas aqui, na Assembleia Legislativa, nós conseguimos retirar,

principalmente para a área rural e ficou somente nos municípios que têm o Corpo de Bombeiros.

A reforma tributária que foi falada aqui que não tem nenhum político, que os

políticos hoje... Até o Lucas Costa Beber falou que o político, hoje, não tem trabalhado realmente

para isso. Eu acho que nós colocamos na peneira quem realmente foi para participar da peneira.

Então, a política... Nós estamos preocupados com a reforma tributária do Estado de Mato Grosso e

vamos trabalhar muito a Reforma Tributária.

Eu estou atento dia a dia, dia após dia, com a FAMATO, com a APROSOJA, com

as federações, CDL, com a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de

Mato Grosso, para debatermos, desde o micro e o pequeno empreendedor do Estado de Mato

Grosso, a sua carga tributária. Esse é um grande alinhamento que o Estado tem que fazer.

O Estado tem que discutir, sim, a carga tributária. Nós não podemos cair na

renúncia fiscal, como foi feito no governo anterior. Quando fala que o setor... Eu não entendi direito

se o setor está dando um prejuízo de dezesseis bilhões de desoneração para o Governo do Estado. Eu

vi que a renúncia fiscal de apadrinhados políticos deu, sim, seis e meio bilhões de reais em quatro

anos para apadrinhados políticos que tiveram incentivos fiscais no Estado de Mato Grosso. Isso, sim,

foi um abuso do nosso Governo. (PALMAS)

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Esta Assembleia Legislativa, juntamente com outras assembleias legislativas, Sr.

Rui Prado, está trabalhando para produzirmos - quatorze assembleias legislativas já concordaram -,

para fazermos projetos de resolução para que se tornem PEC para exigirmos do Governo Federal,

principalmente, os deputados federais, que mudemos, alteremos, aumentemos ano a ano, dentro de

dez anos, os repasses tanto para os municípios quanto para os estados.

Então, esse é um trabalho do Parlamento. É um trabalho nosso. Nós estamos

preocupados com a reforma administrativa, com a reforma tributária e com a questão dos repasses

aos municípios e que isso ajude a desenvolver cada município, tanto Poconé quanto Santo Antônio

de Leverger, Nossa Senhora do Livramento, qual a característica que nós vamos levar para Nossa

Senhora do Livramento para o desenvolvimento daquela cidade. Nós temos que estar preocupado

com Denise. Somente a cana é suficiente? O que nós temos que levar para lá, Prefeito?

Então, com toda certeza nós vamos estar preocupados, sim, com a reforma

tributária do Estado de Mato Grosso.

Eu me preocupo bastante quando vejo falarem do agricultor, que, muitas vezes, há

impeditivo para ter o benefício da Lei Kandir. Eu já vejo diferente! Quando o meu pai começou com

CDP, lá em 1976... Muitas vezes para chegar 122 quilômetros, de Sinop para Primaverinha, ele

demorava quase três dias para chegar, fazer sua plantação e cuidar da sua terra. Levava alimento e

tinha que jogar fora. Ele falava que iria voltar em quinze dias e voltava em trinta, porque perdia dez

dias na estrada só na BR-163 para chegar e os filhos passando necessidade, mas graças a todas essas

dificuldades nós começamos a trabalhar desde pequenos.

Então, o sofrimento do agricultor é dia a dia. O sofrimento do agricultor é em tudo.

Qual é a segurança jurídica que nós damos ao agricultor?

Neste ano, por exemplo, Rui, muitos agricultores... Se nós colocarmos, talvez,

30% não têm ainda disponibilidade do adubo para sua terra, não têm condições. Está difícil devido a

vários fatores: o dólar do jeito que está desequilibrado por falta de gestão de Governo.

Inclusive, Presidente Wilson Santos, talvez, seja o momento mais certo de

impeachment, porque este ano faz treze anos do PT. Então, treze anos do PT é um número que sai...

(PALMAS) Eu acho que é o único caminho.

Então, eu vivi com o meu falecido pai uma crise que afetou tudo, todos os

agricultores do Estado de Mato Grosso. Em 2005/2006 quebraram os agricultores do Estado de Mato

Grosso. Então, as dificuldades que nós temos... Quando o Governo do Estado, no momento de

maior dificuldade da suinocultura no Estado de Mato Grosso...

Em 2013 nós fizemos uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa que era o

momento do Governo ajudar o grande produtor da suinocultura do Estado de Mato Grosso. Aquele

momento de 2013 era o momento do Governo estender a mão e diminuir os encargos dos tributos

para que não perdêssemos tantas matrizes que perdemos na suinocultura do Estado de Mato Grosso.

Quase inviabilizamos a suinocultura do Estado.

Em 2013 era o momento de o Governo entrar; era o momento de o Governo dar

incentivo, como deveria lá em 2005/2006. Quantos agricultores até hoje estão devendo! Quantos

agricultores!

Então, nós quebramos a suinocultura e não tivemos a decência, o Governo, de

diminuir no mínimo o imposto sobre este setor, diminuir aí a pauta do setor, onde vendia 1,20

centavos e a pauta cobrada dos tributos 1,80. Então, é difícil viver num mundo onde as pessoas têm

a visão do agricultor que é um grande ganhador de dinheiro, que está ficando melhor. Benza a Deus!

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 61 - Secretaria de Serviços Legislativos

Agora vai ver no pátio dele quanto custa uma colheitadeira, um milhão de reais; 1 milhão e 200; 700

mil, e o que ele tem que pagar e qual o juro.

O Governo do Estado de Mato Grosso colocou aqui na Assembleia Legislativa e

queria cobrar dos agricultores 7% dos seus maquinários para tentar entrar numa luta, numa disputa,

numa briga para virar 2,4%, onde ele tinha combinado com a Assembleia Legislativa de 1,5%.

Então, o que traz a atenção... E aqui quero dar os parabéns, Deputado Wilson

Santos, por trazer este debate. Nada mais justo do que o debate inteiro aqui, porque a Lei Kandir é

importante para o desenvolvimento do Estado de Mato Grosso.

O Estado de Mato Grosso, antes de chegar a agricultura da pujança que chegou, era

uma realidade. Nós concordamos que era uma realidade. O povo de Cuiabá vivia muito bem? Vivia

muito bem. O povo de Santo Antônio vivia muito bem? Vivia muito bem. Mas o desenvolvimento é

assim que acontece. Nós precisamos e muito ainda desenvolver o Estado de Mato Grosso. Nós

temos muitas áreas que podemos ajudar, não é o Estado de Mato Grosso, ajudar o PIB brasileiro,

ajudar o mundo que está precisando de alimentos, e só tem esses homens e mulheres corajosos no

nosso Estado.

Eu sou filho de agricultor e tenho orgulho de ser filho de pequeno agricultor. Eu

tenho orgulho de ser. E tenho certeza que qualquer um que sempre esteve na sua terra produzindo,

plantando, vai fazer realmente para ajudar.

Então, Deputado Wilson Santos, o agrotóxico é da mesma maneira. Nenhum

agricultor quer colocar um agrotóxico que não seja autorizado pela ANVISA ou pelo Governo. É

emergencial o Governo autorizou, a ANVISA autorizou, o Ministério da Agricultura autorizou, não

podemos tachar o agricultor. É só dar alternativa: qual é o caminho? Onde busca a solução? Nós só

queremos contribuir, ajudar o desenvolvimento do Estado de Mato Grosso.

Então, eu tenho certeza que Vossa Excelência traz um debate e os efeitos se acabar

a Lei Kandir é uma quebra de Estado. É uma quebra de Estado. E eu sou estadista, gosto do meu

Estado. Se tiver mecanismo, se assim for a visão lá frente e acabar a Lei Kandir, nós teremos que

achar outro caminho e incentivar urgentemente esta classe que ajuda realmente a desbravar o Estado

de Mato Grosso.

Então, eu tenho certeza e quero aqui pedir desculpas, Deputado Wilson Santos,

vou ter que me retirar para um compromisso que estava marcado para as 07h30min, já passou do

horário, atrasei, porque eu estava em uma discussão com a Polícia Rodoviária Federal, com o

IBAMA, a SEMA, a DEMA, sobre a questão do setor de base florestal que eu tenho e procuro

sempre ajudar realmente. Eu fui convidado para esta Audiência Pública, mas cheguei atrasado,

porque estava nessa reunião.

Quero continuar acreditando no meu querido Estado de Mato Grosso, no

desenvolvimento do Estado, nas novas tecnologias. Não existe pessoa que mais qualifique, ajuda e

contribui para o desenvolvimento do Estado de Mato Grosso como o agricultor por meio da

Aprosoja.

Quero aqui, Ricardo, parabenizá-lo e cada vez que o Governo pedir: vamos

contribuir em impostos, metade vocês contribuem e a outra metade os senhores coloquem a mais no

FETHAB para fazermos estradas. O agricultor esteve junto. Precisa de uma ponte, o Prefeito falou, o

agricultor vai lá e faz a parte dele. Esse custo sai de onde?

Então, eu só queria aqui justificar e parabenizar Vossa Excelência. Pode contar

comigo aqui, principalmente na defesa, porque eu acho que nós temos que desenvolver o Estado de

Mato Grosso. Mas se pudéssemos fazer a mesma coisa exoneração fiscal, se nós pudéssemos ter

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 62 - Secretaria de Serviços Legislativos

uma Lei Kandir para trazer indústria de veículos para o Estado de Mato Grosso, nós poderíamos

trazer, mas não é a nossa característica. A nossa característica é a industrialização da pecuária, da

agricultura, trazer os metais e minérios que o nosso Estado tem em abundância para desenvolvermos

realmente. Eu acho que temos poucas cadeias que podemos crescer, Luciano.

Então, eu tenho certeza, Alexandre, que nós precisamos, por meio da Secretaria de

Desenvolvimento, trabalhar de forma que o Estado cresça e desenvolva e nós não sermos

empecilhos para prejudicar o desenvolvimento do Estado, principalmente os brilhantes agricultores,

desde a agricultura familiar, assentamentos e também o médio e o grande agricultor.

Muito obrigado! Fiquem com Deus! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Nós é que agradecemos a presença

do Deputado Dilmar Dal Bosco, sempre muito atuante na defesa do setor do agronegócio. É um

Parlamentar experiente lá da Capital do Nortão do Estado. Eu tenho esse privilégio de tê-lo ao lado

aqui.

Deputado Dilmar Dal Basco, obrigado! Eu sei dos seus compromissos, está

liberado.

Nós temos mais nove inscritos. A democracia é isso, não é fácil, é cansativa, não

podemos tomar decisões às escondidas. Não é isso. Então, as questões devem ser tratadas à luz do

sol.

Adelar Capellari, de Santa Carmem, Valci Batista, Laércio Pedro Lenz, Gilberto,

Clóvis Albuquerque, Adolfo Peter, Ademir Gardin, Ilson José Redivo, são os oitos próximos

inscritos.

Com a palavra o Sr. Adelar Capellari, produtor rural de Santa Carmem.

O SR. ADELAR CAPELLARI – Boa noite a todos!

Fiquei numa dúvida aqui, achei que estávamos discutindo a Lei Kandir, mas

parece que virou uma Audiência Pública de todos os problemas do Estado. Por fim das contas, eu fiz

um resumo de tudo isso aí. Eu acho que a Câmara está tentando buscar dinheiro... Eu vou propor um

desafio.

Gostaria que um primeiro Deputado fizesse um projeto para acabar com a farra das

aposentadorias legislativas que tem no Estado ou federal também...(PALMAS).

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Adelar Capellari, obrigado pela sua

participação.

Com a palavra o Sr. Adelmo Zuanazzi, produtor rural de Sinop, depois Valci

Batista.

O SR. ADELMO ZUANAZZI – Boa noite a todos!

Obrigado, Deputado Wilson Santos, pela oportunidade de poder aqui dar a nossa

contribuição a esse debate que é muito importante para esclarecer realmente o que ocorre na cabeça

dos produtores rurais, principalmente quando se vê falar sobre uma lei tão importante quanto a Lei

Kandir.

Eu sou produtor rural lá de Sinop, comecei na agricultura em 1986. Na época,

usávamos muito os recursos do Governo Federal, por meio da CONAB, era os famosos AGFs, e até

hoje existem, mas pouco, talvez, se lembrem que nós fazíamos AGF de soja até o surgimento da Lei

Kandir, que desonerou o ICMS, e pudemos iniciar a exportação com viabilidade de produzir no

Mato Grosso.

Então, nós devemos à Lei Kandir 90% do que é a agricultura em Mato Grosso.

Sem a Lei Kandir certamente não teria acontecido nada do que aconteceu.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 63 - Secretaria de Serviços Legislativos

Por que a Lei Kandir no Brasil? Para o Brasil ser competitivo na exportação de

grãos. E foi falado nas explanações anteriores que o Brasil pulou de quatro milhões de toneladas

para noventa milhões, do surgimento da Lei Kandir até hoje.

O que mudou no Brasil depois da criação da Lei Kandir no que mais tange a

custos? Quase nada, que é a nossa precária infraestrutura de transportes.

Se nós tivéssemos investimentos maciços, sérios e responsáveis por parte do

Governo Federal, não só investimentos públicos, mas investimentos privados que resolvessem os

nossos gargalos na área de logística de transportes, talvez hoje nós pudéssemos estar discutindo uma

saída alternativa em outro tom.

Agora, eu quero assegurar que o surgimento da Lei Kandir foi considerado como a

salvação e a viabilidade da agricultura, principalmente de Mato Grosso, e sua extinção seria a

destruição da agricultura no Estado de Mato Grosso.

Então, eu gostaria de estar hoje aqui, sim, mas debatendo alternativas para

viabilizar o Estado, não inviabilizando um segmento da importância que é a agricultura.

Eu acho que nós temos que usar a nossa energia, o nosso tempo de forma mais

inteligente.

Desculpe-me, Deputado, mas tenho que ser um pouquinho mais agressivo para que

as palavras tenham efeitos.

Nós temos que usar as nossas cabeças.

Esse debate que tivemos hoje, de certa forma, em alguns momentos, até um pouco

acalorado, está colocando nós, cidadãos, em situações opostas e acho que isso não é inteligente. Eu

acho que a causa é do Estado de Mato Grosso, não é a causa dos produtores.

Agora, não é destruindo a classe que está trazendo hoje importância econômica,

como é a agricultura, que você vai resolver o problema de arrecadação do Estado.

Então, eu acho que nós devemos debater, sim, as questões de arrecadação, as

questões econômicas do Estado, mas respeitando que o setor necessita ter renda para poder se

manter.

Eu acho que o trabalho da Assembleia Legislativa realmente é um trabalho difícil,

ela tem que buscar saídas para alguns problemas no Estado - o Executivo muitas vezes exige essa

participação da Assembleia Legislativa -, só que eu gostaria muito de discutir como parceiro, não

como oponente.

Muito obrigado. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Sr. Adelmo

Zuanazzi.

Com a palavra, Valcir Batista, Secretário do Sindicato Rural de Ipiranga do Norte.

Em seguida, com a palavra, Laércio Pedro Lenz.

O SR. VALCIR BATISTA – Boa noite a todos!

Boa noite, Deputado!

Só corrigindo, eu sou Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ipiranga

do Norte.

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado.

O SR. VALCIR BATISTA – Eu estou muito preocupado, nobre Deputado, com o

meu município, que surgiu de um assentamento de reforma agrária na década de 90.

Se não fosse o assentamento da reforma agrária, com certeza hoje não teríamos um

município que dá a sua participação na produção do Estado e no desenvolvimento da região.

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DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 64 - Secretaria de Serviços Legislativos

Nós temos sérios problemas lá, que é a questão fundiária - e aqui não se falou

nisso – e, quando se fala em regularização fundiária, o nosso município tem tudo ainda para

resolver, por ter sido um assentamento, e com isso vem a dificuldade do produtor. Como ele não tem

um título do INCRA, muito menos uma escritura pública, ele enfrenta burocracia, porque quando ele

se dirige aos órgãos públicos para conseguir algumas certidões, alguns documentos para legalizar a

sua propriedade, vejam que ele está perdendo competitividade que os demais produtores.

O pequeno produtor não tem a mesma barganha que um médio ou grande produtor,

porque ele fica à mercê do sistema financeiro, porque ele cai na mão de uma trading, ou cai na mão

de uma revenda, que achata, e tenho certeza que o seu custo de produção é diferente de outro

produtor.

Eu me refiro, nobre Deputado, quando vamos nessa linha, esse produtor com

certeza tem mais tributos, sejam federais ou estaduais, em cima da produção e daqui a pouco ele vai

estar inviabilizado no nosso município.

Então, eu tenho uma preocupação, como o município começou com a reforma

agrária, pode acabar por concentração de renda nas mãos de poucos lá.

Eu, como Presidente da entidade que represento, tenho essa preocupação porque

ele fica totalmente exposto ao sistema financeiro, que acaba achatando seu lucro.

Agradeço e parabenizo o Deputado pela Audiência Pública.

Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado, Valcir Batista.

Eu quero fazer três respostas aqui antes de chamar o Laércio Lenz.

Alguém disse, parece-me que foi o Adelar Capellari, sugeriu que fosse apresentado

um projeto acabando com a farra das aposentadorias dos legisladores, que é uma coisa precoce.

Eu quero dizer que há 24 anos eu já fiz isso.

Quando tomei posse aqui, em fevereiro de 1991, o meu primeiro projeto foi propor

o fim do Fundo de Assistência Parlamentar, que é um Fundo que permite aos Parlamentares

tornarem-se pensionistas precocemente.

Naquela época precisava pagar 8% durante 12 anos e você iria com o salário

integral para a sua pensão, mas nesses 8% você poderia pagar tudo nUM mandato só. Então, você

poderia pagar os três mandatos de quatro anos num mandato só – oito vezes três, vinte e quatro -, se

você pagasse 24% do seu salário, já tornar-se-ia aposentado para o resto da vida, porque é vitalício.

Há centenas nessa condição e hoje o Estado paga aproximadamente um milhão e quatrocentos mil

reais a eles por mês.

Eu sou um dos poucos que não me aposentei, não aceitei me aposentar, não aceitei

essa mamata. Fui ao Supremo Tribunal contra isso. E, por incrível que o senhor possa acreditar, o

Supremo manteve o FAP de Mato Grosso, disse que ele é constitucional.

Eu fui o primeiro a denunciar e o primeiro a não aceitar. Então, essa proposta sua

eu já apresentei há um quarto de século atrás.

Infelizmente o corporativismo falou mais alto e mantiveram a pensão para

Deputado.

Nós temos Deputados em Mato Grosso, hoje, que ganham como Deputado e

ganham como Deputado aposentado, ou seja, têm dois salários.

Então, isso já está apresentado e essa questão o Supremo já decidiu, na minha

opinião, infelizmente errado.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 65 - Secretaria de Serviços Legislativos

Valcir, que é Presidente de um Sindicato de um município, oriundo de

assentamento rural de pequenos, microprodutores, nós temos mais de trezentos assentamentos no

Estado e esses precisam de um olhar, também, especial, porque a maioria não é autossuficiente.

Hoje, a maioria que habita nesses assentamentos vive do Bolsa Família. Eles foram jogados lá de

qualquer jeito. Desapropriaram áreas que não eram próprias para a agricultura, areão, deserto.

Deixaram essas famílias em pedras, pedregulhos, ao Deus dará, sem assistência técnica da

EMPAER. Destruíram a EMPAER, faliram a EMPAER nos últimos doze anos. Elas estão

completamente abandonadas e o que lhes resta é o Bolsa Família.

E o Governo deu o Bolsa Família para não se desmoralizar, porque é uma

desmoralização o programa de reforma agrária no País. Mais de 50% não deram certo. Abandonaram

os lotes. Alguns já foram vendidos por três, quatro vezes.

No ano passado houve a Operação Terra Prometida, que alguns com maior poder

aquisitivo compraram esses lotes da reforma agrária. Teve gente que foi para a cadeia. Então, fica

um alerta: cuidado! Não comprem lotes de assentamentos da reforma agrária. O juiz de Diamantino

decretou a prisão até do ex-Prefeito de Lucas do Rio Verde, se eu não estiver equivocado. Ficou em

cana por uns trinta dias, porque comprou lotes da reforma agrária. Não pode! É crime! Comete crime

quem vende, mas também comete crime para quem compra.

Não é, Presidente ou eu estou errado? Houve isso aí!

Vamos ouvir, então, o Laércio Pedro Lens, Presidente do Sindicato Rural de

Sorriso; depois o Gilberto, agricultor rural; e o Clóvis Albuquerque que também está inscrito.

Por favor, Laércio...

Está aí ainda ou já foi?

O SR LAÉRCIO PEDRO LENS – Estou aqui!

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Já está no ponto.

Com a palavra o Sr. Laércio Pedro Lens.

O SR. LAÉRCIO PEDRO LENS – Obrigado, Deputado Wilson Santos.

Boa noite a todos!

Rapidamente, Deputado, eu só queria colocar a questão de Sorriso.

Apesar de grande área plantada, por causa da sua situação territorial, hoje, temos

acima de seiscentos mil hectares de lavoura, nós temos praticamente 50% dos produtores, Otávio,

atrás daquela linha de corte que você falou. Praticamente 50% dos produtores do Município de

Sorriso plantam abaixo de mil hectares.

Então, por isso eu me coloco a favor que a Lei Kandir continue. Esse é um

argumento muito bom, assim como em outros municípios também.

Em Sorriso acontece muito essa questão de parcerias. Como o Prefeito de Denise

falou realmente acontece. E isso começou por necessidade, porque a soja no momento que você

colhe tem que tirá-la. Não tem como esperar. Então, acaba que você faz a parceria primeiramente

forçada e, depois, você vê que fica bom e continua.

Nós temos parcerias com estradas; nós temos parcerias com pontes, energia

elétrica e ultimamente o Sindicato fez um convênio com a Prefeitura e está fazendo parceria até com

o aeroporto de Sorriso. O IFMT nós levamos para lá. Nós ajudamos, compramos uma área para o

campus do IFMT para viabilizar o futuro dos nossos filhos, o futuro do nosso município.

Então, realmente se essa Lei Kandir for cortada, isso acarretaria um acréscimo de

impostos na ordem de 10 a 12% e, com certeza, inviabilizará não só o município como todo o

Estado.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 66 - Secretaria de Serviços Legislativos

Bem rapidamente seria isso!

E o meu final o Rui já colocou que seria a questão da galinha dos ovos de ouro.

Enfim, eu acho que nós temos que cuidar para não acabar com a atividade que está

mantendo: Mato Grosso em primeiro lugar em nível nacional na produção de alimentos, na produção

de grãos do nosso agronegócio.

Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito obrigado Laércio.

O próximo é o Gilberto, também agricultor rural (AUSENTE).

Teve que sair devido ao adiantado da hora.

Coma palavra, o Sr. Clóvis Albuquerque, Gerente de Relações Institucionais das

Associações das Empresas Cerealistas do Estado Mato Grosso.

O SR. CLÓVIS ALBUQUERQUE - Boa noite, Deputado!

Em seu nome eu saúdo todos os presentes aqui e todos que estão nos escutando.

A Associação das Empresas Cerealistas do Estado de Mato Grosso representa,

hoje, mais de sessenta empresas associadas. São produtores rurais em sua maioria que ousaram em

construir os seus armazéns para receber soja de diversas localidades deste Estado, acreditando e

depositando, muitas vezes, seus recursos próprios, que os financiamentos são difíceis e viabilizando

locais distantes, em municípios fora dos eixos da BR 163, 158, colocando os seus armazéns à

disposição dos produtores e também da sua própria produção em muitos casos.

Isso foi viabilizado também, em partes, pela Lei Kandir, pela desoneração,

atendendo pequenos produtores em assentamentos.

Deputado, a nossa Associação, muitas vezes, atende também pequenos produtores

localizados em assentamentos que produz soja.

A nossa Associação é totalmente favorável à manutenção da Lei Kandir em função

do que já foi falado aqui por todos e, também, para a manutenção de novos projetos para a

viabilidade de outras áreas no próprio Estado. É um Estado altamente produtivo, que Vossa

Excelência conhece. Os empresários que hoje estão aqui, muitas vezes no passado tiveram muitas

incertezas em permanecer ou não no Estado. Hoje, é uma coisa, mas há trinta anos era bem diferente.

Nós não tínhamos infraestrutura, embora a pesquisa da EMBRAPA, da Fundação Mato Grosso, da

Fundação Rio Verde e de tantas outras instituições que dedicaram seu tempo para domar a soja que

era de clima temperado para colocá-la em clima tropical e viabilizar toda essa pujança que hoje nós

somos contemporâneos.

Então, a mensagem da CEMAT é que olhe com carinho, Deputado, o resultado

positivo que essa desoneração trouxe à cadeia, possibilitando toda essa pujança e com dificuldades.

Hoje, todos aqui sabemos da dificuldade em que está o País, porque todos nós somos brasileiros e

todos nós pagamos muitos impostos.

Muito obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Nós é que agradecemos a sua

participação, Clóvis.

Nós temos mais quatro inscritos. Então, vamos terminar bem mais cedo do que o

previsto.

Com a palavra, o Sr. Ilson José Redivo. Ele é de Sinop, também.

Quem ficou em Sinop para cuidar da cidade? Vieram todos.

O Ilson é o Tesoureiro do Sindicato Rural de Sinop.

O Ilson é meu xará.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 67 - Secretaria de Serviços Legislativos

O SR. ILSON JOSÉ REDIVO – O Antônio Galvão ficou lá em Sinop tomando

conta da cidade.

Nobre Deputado, eu acho que já foi falado bastante sobre a Lei Kandir, eu queria

só colocar algumas coisas: o produtor tem se mostrado muito eficiente da porteira para dentro, isso

eu acho que é comprobatório, plausível de ver a evolução que o Estado teve nos últimos anos. Isso

se deve à eficiência que o produtor teve na condução das suas atividades. É lógico que ele usa

tecnologia de ponta, maquinário de ponta, enfim, faz agricultura de precisão, tem se mostrado

eficiente e esses são os resultados que todos nós vemos.

O que eu queria deixar como contribuição, aqui, é que a Lei Kandir tem

beneficiado e muito... Se não fossem os benefícios trazidos pela Lei Kandir não teríamos alcançado

esses resultados no campo.

Então, eu acho que os mesmos devem ser mantidos. Esse é um trabalho que os

representantes do Legislativo de Mato Grosso devem dar prioridade também.

Eu vejo como problema, como cidadão brasileiro e não só como produtor, que o

cidadão não suporta mais o aumento de carga tributária. Dá dor de barriga quando se fala em

aumento de carga tributaria. Então, os legisladores, os nossos representantes têm que concentrar

esforços em desonerar a nossa carga, porque vivemos num País que tem a maior carga tributária do

mundo.

Pensar que a soja não está onerada, porque tem a Lei Kandir, é uma aberração. Nós

pagamos 50% de ICMS no óleo diesel; pagamos 50% de ICMS numa máquina, de impostos, não só

de ICMS; na compra de uma máquina pagamos 50%; na compra de óleo diesel 50% e na compra dos

insumos 40% a 50%. Então, o produtor rural é altamente tributado, tudo que ele compra para

produzir ele paga de 40% a 50% de impostos. Ele tem o benefício da Lei Kandir que dá esse

privilégio para exportação e, diga-se de passagem, a exportação é responsável pelo superávit da

balança comercial brasileira.

Alguém colocou aqui que o Estado de São Paulo tem um superávit negativo na

balança comercial, nas exportações. Então, se não fosse Mato Grosso ou o agronegócio brasileiro, o

País estaria quebrado. Eu acho que é esse o termo que nós temos que dizer.

Então, nós produtores temos que ser vistos de uma forma melhor. O Governador

Pedro Taques esteve em Sinop na sexta-feira retrasada e colocou o seguinte: “O Estado de Mato

Grosso tem 1,6% da população brasileira; exporta 26% da balança comercial; os produtos mato-

grossenses representam 26% da exportação comercial brasileira e nós temos 1,6% de habitantes.

Então, olha a nossa contribuição para com o País e o nosso Estado não é

valorizado por isso. Nós não temos infraestrutura, precária, estamos no centro do País do lado que

pensarmos em tirar o nosso produto, nós temos um aviltamento no frete.

A nossa estrada BR-163... O Fernando Henrique Cardoso esteve quando lançou o

linhão em Sinop, prometendo que no primeiro mandato dele concluiria a BR-163. Ele governou 8

anos; o Lula mais 8 e 16; a Dilma mais 4, 20, e nós ainda não concluímos a BR-163, faltam 236

quilômetros de asfalto. É uma vergonha.

Eu digo que isso é uma vergonha para um Estado que produz e estamos

produzindo. Então, nós temos que acordar, nós temos mudar o nosso discurso. Nós temos que ser

mais agressivos nas cobranças, porque estamos cansados de ser cobrados, cobrados, cobrados e não

temos direito nenhum.

Deputado, é um desabafo que eu faço, porque a contrapartida nós não recebemos.

Com tudo que nós contribuímos, não recebemos.

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Pág. 68 - Secretaria de Serviços Legislativos

Os índices de criminalidades são alarmantes no Brasil inteiro e isso se deve a esse

Governo petista que está induzindo... Não vamos entrar nessa linha, porque é tragédia, mas se deve

aos nossos governantes que não tem mais pulso firme, cada um faz o que quer. Parece que virou a

casa da mãe Joana este País nas mãos do Governo Federal do jeito que está. Está induzindo o povo a

ser desonesto, que é uma falácia para o Brasil. Dá vergonha.

Nós temos que nos concentrar na corrupção. O nosso Governo anterior deixou

mostras disso, está na cadeia, ou se não está já para lá, mas deveria ficar lá por muito tempo. Nós

temos que começar a cobrar eficiência. Se o produtor é eficiente da porteira para dentro, nós temos

que ser produtor eficiente aqui na Assembleia Legislativa, é contenção de despesa, é contenção de

funcionários, é contenção de cafezinhos, etc., etc.. Vai sobrar dinheiro, porque a carga tributária que

nós pagamos daria para fazer tudo que se pensa em fazer, mas não se faz porque os ralos são muitos.

Era isso que eu tinha a dizer. (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, Sr. Wilson.

Temos mais três inscritos, Moisés Antonio Bock, de Sorriso; depois o Neuri, que é

Vereador e produtor rural em Querência; e José Carlos Bassan, que é o último inscrito.

O SR. MOISÉS ANTÔNIO BOCK – Boa noite a todos!

Muito obrigado por me chamar. Na verdade, eu acho que foi falado muita coisa

aqui e gostaria que estivesse também...

O meu nome é Moisés Antônio Bock, sou produtor rural, represento cem

produtores na minha comunidade, fui presidente do asfalto por quatro anos, e o que se houve falar

no domingo lá é isso que já foi falado aqui, repetido por muitos e muitos. E, infelizmente, nós

construímos o asfalto com o dinheiro do FETHAB, com a arrecadação dos produtores, colocamos

um pedágio, o nosso dinheiro veio aqui para o Estado e desapareceu.

Então, é uma coisa que nos machuca muito. E vir falar da Lei Kandir e cobrando

mais impostos, porque já construímos as pontes, construímos asfalto e vemos no domingo todo lá o

povo falando: “Cadê os políticos”?

Eu gostaria que aqui estivessem os Deputados Dilmar Dal Bosco, Zé Domingos

Fraga, para dizer para os políticos que roubaram devolver o dinheiro, porque não adianta ir para a

cadeia.

A filha do Barack Obama está trabalhando como estagiária em uma livraria nos

Estados Unidos; o Lulinha era empregado de um zoológico. A fortuna que tem essas pessoas, eu não

admito que a pessoa tenha que ir para a cadeia. Tem que devolver o dinheiro e perder o poder

político para nunca mais ser político.

Então, os senhores que são representantes, Deputado Wilson Santos, tenham a

dignidade de respeitar o povo brasileiro que está trabalhando, se matando para deixar o nosso País,

que nós precisamos, ser um dos melhores do mundo.

Então, era isso que eu tinha para dizer. Muito obrigado! (PALMAS)

O SR WILSON SANTOS - Agradecemos a fala do Sr. Moisés Antônio Bock,

também produtor rural de Sorriso.

Com a palavra, o Sr. Neuri Norberto Wink, Vereador e também produtor rural em

Querência, Nordeste de Mato Grosso. Depois, com a palavra, o Sr. José Carlos Bazan.

O SR. NEURI NORBERTO WINK - Deputado este microfone foi feito para

grandes homens e não para homens grandes.

Então, em nome de Vossa Excelência, Deputado Wilson Santos, eu quero

cumprimentar a todos.

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Pág. 69 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu gostaria que a plateia continuasse lotada para ter a oportunidade de dirigir

minhas palavras para mais gente.

Quero dizer que de tudo que se discutiu, se apresentou, se viu e se tem dados em

função desta oportunidade criada nesta Audiência Pública tem coisas muito positivas, mas tem falta

de entendimento de muitas situações também. Isso é plausível de ser entendido. Mas nós devemos

avançar no processo e dar um voto de confiança para os políticos honestos e continuar acreditando

que tem solução.

Temos aqui, por exemplo, o Prefeito de Denise, que se manifestou de uma forma

magnífica.

Eu sou produtor e sou representante do Legislativo da minha cidade, Querência,

inclusive quero aproveitar a oportunidade para convidar todos vocês há um dia conhecê-la porque lá

fica bem claro o quanto o agronegócio é parceiro, não só para as comunidades onde ele é

desenvolvido, mas também para as demais comunidades para o Estado e para a União.

O Deputado muito bem sabe que nós temos, e foi iniciativa do ex-Governador

Dante, instituir o FETHAB, e a partir daquele momento o agronegócio, além de todas as tributações

que tem que carregar, também contribui, se propõem a contribuir, e não é com pouco, dinheiro.

Na fala do Deputado, na abertura, ele questionou se nós deveremos ser mais

eficientes, se nós estamos deixando de ser mais eficientes e que nós temos que ser mais eficientes.

O que acontece? Infelizmente, o setor público está se mostrando muito ineficiente.

Por exemplo, o agronegócio em nosso município em 2014, só em 2014, a

contribuição foi de quatorze milhões de reais para o FETHAB.

Todos esses anos para trás, a única coisa que nós recebemos de volta das

contribuições do FETHAB em nosso Município foram cinquenta casinhas populares, que é muito

pouco, e sempre o “não”, que não tinha condições de ajudar o município no sentido de recuperar,

preservar e manter as estradas estaduais, que no nosso caso são quatrocentos e noventa e seis

quilômetros de estradas estaduais.

O município tem que, além de contribuir com o FETHAB, carregar essa carga

sozinho. Essa é uma coisa que realmente tem que melhorar muito.

Uma questão que acho bem crítica é a burocracia, Deputado. Hoje mesmo, antes

de vir à Audiência Pública, até cheguei um pouco atrasado, nós estávamos tentando achar uma

solução para uma coisa muito simples para conseguir escoar a produção de pupunha de uma floresta

plantada, que simplesmente, por dupla interpretação de um e de outro Estado e os órgãos jogando, o

IBAMA para a SEMA, a SEMA para o IBAMA, e assim por diante, o produtor está perdendo a

produção sem uma solução. Hoje, nós estávamos entre sete, porque chama fulano, chama ciclano, e

ninguém resolve. Portanto, a questão burocrática é muito séria.

Na questão eficiência, Deputado, nós teríamos condições de ter contribuído muito

com o Estado e com os cidadãos mato-grossenses no sentido de investimento e de geração de

empregos.

O que acontece? Não temos energia. Não temos energia!

Simplesmente a Energisa, houve uma situação em nosso município, mandou uma

carta-resposta para uma empresa que investiu três milhões e setecentos numa rede de energia que só

vai ligar energia em 2020. E foi um acordo.

Nós temos misturadora de adubo tocando a motor a diesel porque não tem energia;

temos empresas multinacionais tocando os armazéns a motor porque não tem energia.

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Pág. 70 - Secretaria de Serviços Legislativos

Então, como é que se cobra do empresário investimento, quando ele não tem

condições mínimas? É uma questão séria!

Outra questão é a comunicação. A comunicação é muito precária. O Governo

simplesmente privatizou a questão das comunicações e não cobra o que ficou estabelecido de

responsabilidade dessas empresas para realmente nos atender.

Então, todas essas questões entram nesse todo e é aí que complica a situação.

A CIDE do óleo diesel, que incidente em todo País, nós temos uma tributação

maior dentro do Estado. Atravessando a ponte, no outro lado, em Aragarças, no Estado de Goiás, é

vinte centavos mais barato por litro o óleo diesel.

Então, com certeza, Deputado, nós somos contribuintes em favor da sociedade

como um todo, continuamos contribuindo, tanto é que na nossa cidade a delegacia nova quem

construiu foram os produtores; o quartel novo da polícia, que estava caindo na cabeça dos

responsáveis pela segurança pública, quem está construindo são os produtores; o caminhão do Corpo

de Bombeiros adequado que foi comprado para uso no caso de acidente e das necessidades dele foi o

agronegócio, foram os produtores que contribuíram.

E assim, tudo o que a sociedade pede não se nega, desde que não nos tire as

condições de continuarmos fazendo isso.

Com as estradas a mesma coisa; pontes a mesma coisa, enfim, todos os setores da

comunidade são beneficiados. Só não são mais beneficiados porque, infelizmente, a gestão pública

deixa a desejar em muitas situações. Então, essa é a questão.

Eu acho que tem que melhorar, e nós sabemos, por exemplo, tudo tem sua hora e

sua vez.

Quando desmembrou Mato Grosso de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso do Sul

estava mais desenvolvido e ficou sem a carga da máquina antiga. Mato Grosso ficou com toda carga

da máquina antiga.

Hoje, nós temos um problema sério na gestão pública, que é concurso público, o

senhor sabe. Concurso público é um malefício para o Estado. Ele é bom para o servidor, agora, para

o Estado não é, porque tem muita gente deficiente que jamais poderia estar trabalhando.

O setor do agronegócio, que muitas vezes é taxado de ganhar dinheiro demais,

porque uma caminhonete é necessidade, é uma ferramenta de trabalho, só que o produtor levanta às

cinco e meia da manhã e trabalha até as dez ou onze horas da noite. Muitos nesta época do ano

fazem quatorze, dezesseis horas por dia.

Outra contribuição que o agronegócio dá para a sociedade é que o colaborador do

fazendeiro que produz na terra mora numa casa decente, com ar-condicionado, com decência, coisa

que o Estado à maioria da população não dá.

E aí eu pergunto: temos que contribuir mais para o Rio de Janeiro que tem todo o

dinheiro dos royalties. Onde esse povo coloca dinheiro que não resolve o problema da favela, dos

morros?

Então, a questão é melhorar a gestão, colocar pessoas mais honestas, educar

melhor o nosso povo para ele saber distinguir melhor quem realmente merece chegar e ser o

responsável pela gestão.

Obrigado, Deputado!

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Obrigado, Vereador Neuri, produtor

rural de Querência.

Com a palavra o Sr. José Carlos Bassan, último inscrito.

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 71 - Secretaria de Serviços Legislativos

O SR. JOSÉ CARLOS BASSAN – Senhores, boa noite!

Quando se fez a proposta da discussão nesta Audiência Pública nós não estávamos

querendo discutir se para cada cem sacas que o produtor produzisse ele teria que pagar nove ou treze

de imposto. Essa não era... No entanto, colocou muito bem o seu colega do IMEA: para cada

imposto colocado com a Lei Kandir, com o fim da Lei Kandir vocês teriam que subir de duzentos e

cinquenta hectares para uma produção mínima de trezentos e cinquenta hectares, ou seja, os

produtores acima de quatrocentos hectares são os que teriam sucesso na agricultura. Isso significaria

concentração de terra.

Então, essas são as informações que nós precisamos ouvir de vocês.

Primeiro: o fim da Lei Kandir, concentração de terra; segundo, fim da Lei Kandir,

quantos produtores ficariam neste Estado? Como ficariam as associações de vocês? Qual é a área

média da produção de vocês?

Então, essas informações que são importantes para construir um discurso político

para defender ou não o fim da Lei Kandir, mas, também, o fim dos impostos. Se não fizéssemos

mais impostos...

Como o próprio colega de vocês aqui falou, vocês estão pagando óleo diesel, estão

pagando insumos, estão pagando as escolas, estão pagando a saúde e cada vez que isso recai sobre

vocês aumenta os seus custos e esses dados não foram apresentados para nós. Vamos sentar com o

IMEA e construir isso, porque essa é a grande realidade deste Estado.

O produtor deste Estado colocou calcário na terra; o produtor deste Estado colheu

a sua semente; o produtor deste Estado colocou o setor agronômico, o manejo de solo, o manejo da

agricultura, colocou recentemente o CAR. Então, é um produtor que não foge de ter tecnologia. É

um produtor que não foge de contribuir com o seu município. Ele contribui asfaltando, jogando

cascalho no seu município, construindo a rede de segurança, construindo a rede de saúde. Estão

fazendo isso, mas o mais importante de tudo isso é: o imposto significa mais concentração de terra

para a produção também. Se essa política de aumento de impostos constrói essa concentração, é isso

que nós não queremos fazer neste Estado. Nós queremos, sim, garantir uma produção que garanta

“x” de emprego.

Nós não vimos o número de emprego gerado por vocês. Nós precisamos desses

dados, IMEA. Quantos empregos são gerados diretamente? Falaram em quarenta milhões. É muito

pouco! Não é só isso que vocês fazem. Para cada produtor quantos trabalhadores são contratados?

Cem mil? Quantos trabalhadores vocês contratam? Quatro por produtor? Quantos trabalhadores

indiretos vocês contratam? Mais dois?

Cada produtor que está na pequena faixa de duzentos e cinquenta hectares está

contratando seis, sete pessoas, direta e indiretamente. O fim desse produtor de duzentos e cinquenta

para trezentos e cinquenta hectares significa mais desemprego neste Estado; significa mais

concentração de terra; significa produtor vindo para a cidade; significa trabalhador vindo para a

cidade. O fim da Lei Kandir é isso também.

IMEA, vamos construir isso! (PALMAS)

O SR PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, Sr. José Carlos

Bassan.

Agora, o último inscrito da plateia. Foram quase quarenta inscritos que usaram a

palavra.

Eu vou passar a palavra ao Sr. Rui Prado para fazer suas considerações finais.

Depois, eu falarei e encerrarei esta Audiência Pública.

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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE DEBATER AS CONSEQUÊNCIAS

DA LEI KANDIR PARA O ESTADO DE MATO GROSSO E SEUS MUNICÍPIOS, REALIZADA

NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

Pág. 72 - Secretaria de Serviços Legislativos

O SR RUI PRADO – Gente, primeiro eu quero agradecer a todos que participaram

desta Audiência Pública registrando a sua fala ou mesmo só com a presença. Os produtores que aqui

estiveram receberam o chamamento da APROSOJA na pessoa aqui do Ricardo Tomczyk, nosso

Presidente; também da FAMATO; dos sindicatos rurais.

Portanto, eu agradeço mesmo a todos vocês e tenho certeza que as nossas falas

aqui vão contribuir muito com os conceitos, com os pensamentos e com os encaminhamentos da

Assembleia Legislativa.

Eu acredito nos encaminhamentos do Deputado Wilson Santos e quero agradecer

Vossa Excelência por proporcionar este debate. Eu acredito que o debate por mais cansativo que

seja, por mais maçante que seja enriquece os dois lados. Nós passamos a conhecer melhor quem está

fazendo contraponto e, por outro lado, quem faz o contraponto passa a conhecer melhor, neste caso,

a produção rural e os produtores rurais daqui, do Estado de Mato Grosso.

Eu quero dizer, Deputado, que para nós ficou muito claro o sentimento da plateia

desta Audiência Pública no sentido da importância da Lei Kandir quando Vossa Excelência falou

por repetidas vezes. Eu fiquei feliz também quando Vossa Excelência disse que aqui ninguém está

reunido para propor aumento de impostos.

Nós queremos ter na pessoa de Vossa Excelência, Deputado Wilson Santos, nas

pessoas dos Deputados que por aqui passaram e dos demais Deputados aliados para que possamos

pensar no desenvolvimento do Estado de Mato Grosso e no bem-estar das pessoas que aqui vivem.

Eu acredito que o nosso Estado é um Estado diversificado, um Estado plural - acho que esta é a

palavra que os políticos usam - um Estado que todos contribuem e todos tenham o direito a ter

oportunidades.

Eu tenho a certeza de que nós que estivemos neste debate estamos pensando e

imbuídos nessa questão de aproveitar e oportunizar também a todos o desenvolvimento econômico,

o desenvolvimento social e assim por diante.

Eu quero dizer, também, Deputado, para encerrar, que o IMEA, que é o Instituto

Mato-grossense de Economia Agropecuária, é um Instituto hoje, no Brasil, que tem o maior número

de dados do Estado de Mato Grosso. Não tenho nenhuma dúvida disso! Nós temos interagido com

outras instituições e nós somos fornecedores desses dados. E o Instituto está de portas abertas, na

pessoa do Otávio Celidônio, que é o Superintendente; na minha pessoa também, da nossa equipe que

esteve aqui, para fornecer todos esses dados que, porventura, a Assembleia Legislativa necessite e

que Vossa Excelência necessite também.

Portanto, para nós foi enriquecedora esta Audiência Pública.

Nós acreditamos, Deputado, que Vossa Excelência será um aliado para coibir

aumento de impostos aqui, no Estado de Mato Grosso, principalmente para essa categoria que é tão

sofrida e tão trabalhadora.

Eu acredito no desenvolvimento do nosso Estado.

Muito obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Eu que agradeço a presença de

todos.

Eu quero fazer algumas pontuações.

Primeiro, eu tomaria um puxão de orelha bem grande do meu Partido, foi quem

criou a Lei Kandir; foi quem criou o PESA; foi quem fez a securitização - eu estava no Congresso

Nacional -; foi quem criou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Fomos nós Tucanos do PSDB, aliados

do Jonas Pinheiro, que era um aliado nosso de primeira hora, um líder do segmento rural. Eu fui da

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Pág. 73 - Secretaria de Serviços Legislativos

Comissão Permanente de Agricultura da Câmara dos Deputados. Então, são todas políticas

construídas pelo meu Partido.

E eu tenho isso claro, que o meu partido não soube, inclusive, colocar isso sob o

ponto de vista eleitoral. Mas em Mato Grosso o PSDB ganhou todas as eleições para presidente,

porque os produtores sempre reconheceram isso e votaram.

Em 1994, o Fernando Henrique Cardoso venceu aqui, em primeiro turno, as

eleições; em 1998, foi reeleito em primeiro turno; em 2002, o José Serra venceu as eleições em Mato

Grosso, mesmo perdendo em nível nacional para o Lula; em 2006, quando o Lula deu um passeio, o

Alckmin venceu em Mato Grosso; em 2010, o José Serra ganhou de novo em Mato Grosso; em

2014, o Aécio Neves venceu. Nós temos clara essa percepção, essa sintonia. Temos claro.

Então, houve uma perda de energia e tempo aqui desnecessário, hoje aqui houve.

Não sei por que cargas d’água, talvez no convite feito, tenha colocado essa fagulha de fogo e alguns

vieram para cá embaladíssimos, na certeza de que era uma Audiência Pública para discutir a volta, o

fim, quando, na verdade, a Assembleia Legislativa de Estado nenhuma tem poder para ampliar ou

tirar a Lei Kandir. É uma lei federal. É uma lei federal.

Mas, mesmo assim, eu penso que esse é o papel do Parlamento Estadual, de

permitir também o desabafo. O desabafo que foi feito aqui por vários produtores é legítimo. Eu os

ouvi atentamente e educadamente a todos sem perder, em nenhum momento, o rumo ou equilíbrio,

porque sei o que os senhores passam. Eu sei! Estive dos seus lados muito tempo.

Agora, muito mais maduro e muito mais consciente do meu papel, voltei à política

para ajudar o meu Estado. E tenho feito neste ambiente, e o Rui Prado é testemunha, debates

polêmicos que poucos deputados têm coragem de fazer.

Discutimos, na segunda-feira passada, o agrotóxico em Mato Grosso. Aqui pegou

fogo, porque o pessoal da Universidade Federal veio em peso, os Doutores, Mestres dessa matéria;

os produtores vieram em peso. Foi um debate enriquecedor que, ao final, o Presidente Rui Prado

sugeriu uma visita dele à Universidade.

Eu não tenho dúvida que esse encontro da FAMATO com a Universidade vai

resultar em algo positivo. Eu não tenho duvida disso.

Então, nós temos proporcionado aqui debates que há décadas esta Casa não

assistia, Vereador. Esta Casa escondia, tinha medo de debater certos assuntos e nos temos trazido os

assuntos com todo respeito.

Quero também pontuar em relação a algumas pessoas que colocaram, e isso é

porque está no subconsciente... Olha, se trabalhar fizesse alguém rico, o meu pai era um dos homens

mais rico do mundo. O meu pai era agrimensor, chegou a Mato Grosso em 1962; foi medir terra do

rio Cravari, ali próximo a Brasnorte. Imagina Mato Grosso em 1962! Depois, ele conseguiu

convencer e trazer a família em 1965. Estou em Cuiabá há 50 anos e um mês. A minha família

chegou aqui em 18 de setembro de 1965, quando Cuiabá tinha 60 mil habitantes, a Capital do

Estado. Nós não tínhamos um palmo de asfalto, uma ponte em concreto neste Estado. Então, nós

vimos este Estado crescer. Viemos do interior do Paraná e, também, do interior de São Paulo.

Então, não tem este povo trabalha mais do que aquele. Será que nós hoje

trabalhamos mais do que os garimpeiros?

Há 100 anos, quando abriram as minas de Alto Garças, Barra do Garças, de

Poxoréu, os baianos que vieram a pé da Bahia para cá para fundar Rondonópolis, para fundar

Torixoréu, para fundar Barra do Garças, será que nós trabalhamos mais que eles? Mais do que os

soldado da borracha, enfrentando a malária, leishmaniose, onça, no final do século XIX, em 1890,

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para sustentar o Brasil, quando o Brasil só tinha café e borracha? Será que nós somos mais

trabalhadores do que esses mato-grossenses que tiravam a poaia aqui de Rosário Oeste, de Barra do

Bugres, de Vila Bela da Santíssima Trindade e levavam essa poaia no lombo até o porto de

Manaus? Como eles conseguiram na década de 1920, 30, 40, levar poaia daqui para o porto de

Manaus? Será que eles são menos trabalhadores, menos importantes do que aqueles que guerrearam

em Vila Bela da Santíssima Trindade, em Porto Murtinho, em Corumbá, para defender Mato Grosso

dos paraguaios, dos bolivianos? Será que nós somos mais trabalhadores, mais importantes do que

esses que alargaram o Brasil até onde alargaram, sem whatsapp, sem a televisão, sem o teodolito,

sem automóvel? Não! Todos nós somos trabalhadores tão importantes.

A história de Mato Grosso não foi feita da divisão para cá, a história foi feita desde

1719, quando se fundou um vilarejo chamado Cuiabá. Ninguém é melhor. Ali está o Wilson, é um

negro, está ali, é de Via Bela da Santíssima Trindade, sabe o sofrimento que os escravos tiveram

aqui. Nós somos mais trabalhadores do que eles? Não. Não. Esse discurso teve que desaparecer, nós

somos todos muito bem recebidos.

Mato Grosso é um gigante, entre aspas, senhores. Entre aspas, senhores. Somos

campeões de soja? Somos. De algodão? Também. De milho de pipoca? Também. De girassol?

Também. De carne de boi? Também. Tudo isso sabe quanto dá? Menos de 1,8% do PIB nacional.

Nós produzimos produtos baratos, senhores.

Eu também sei fazer discurso fácil para ser aplaudido! Eu faria discurso aqui que

sairia desta sala carregado pelos senhores. Já passou esse tempo, já sou avô. Nós produzimos

produtos baratos.

Santa Catarina tem 6% do PIB nacional, é um terço, um quinto de Mato Grosso.

Nós somos um gigante e produzimos 1,7 apenas do PIB. Nós temos que pensar sobre isso. A culpa

não é dos senhores, mas nós temos que pensar.

O ciclo da borracha passou; da poaia passou; do diamante e do ouro passou e da

soja também passará, senhores. Também passará.

A FAMATO tem responsabilidade de pensar isso, o IMEA tem responsabilidade.

O que será de Mato Grosso daqui a cinquenta anos sem a soja, sem o algodão? Qual caminho que

nós iremos travar?

Senhores, eu não tenho dúvida, o que foi falado aqui é extremamente pertinente.

Disse aqui algumas pessoas que eu quero endossar cem por cento.

O Brasil deve muito a Mato Grosso. Primeiro, aos primeiros mato-grossenses que

seguraram esse território como brasileiro. Esses foram muito importantes, porque atingiu primeiro os

bandeirantes, aqueles garimpeiros, os escravos que foram para Vila Bela da Santíssima Trindade, os

que guerrearam no Forte de Coimbra, os que construíram o Real Forte Príncipe da Beira, que hoje é

Rondônia. Devemos muito a esses que nós nem sabemos os seus nomes; Peixoto de Azevedo,

muitos moram lá há muito tempo e ninguém sabe quem foi; Teles Pires, sabe que tem o rio e não

sebe quem foram esses herois. Devemos muito a esses homens, mas também acho que o Estado e o

brasileiro devem muito a Mato Grosso.

Poxa, não temos uma rodovia federal duplicada neste Estado. Dá dó! Transportar

quarenta e cinco milhões de toneladas... Eu vi no quadro, que alguém mostrou, nos Estados Unidos

95% do transporte de carga é feito em hidrovia mais ferrovia. Somente 5% da carga passa por

rodovias - somente por 5%!

Lá atrás Vargas foi acusado de participar da máfia dos fabricantes de caminhões.

Como que vou trazer esse assunto para cá?

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Poxa! Quantas vezes a Presidente Dilma Rousseff esteve em Sorriso, Lucas do Rio

Verde, lançando a FICO - Ferrovia da Integração do Centro-Oeste?

É brincar com a gente. É um desrespeito a todos nós.

Cadê a ferrovia, a FICO? Poxa! A ferrovia Santos/Alta Floresta/Querência?

Nós só trabalhamos. Não temos retorno.

Não tenho dúvida de que essa foi uma verdade colocada aqui, senhores. Agora,

quero dizer também que há maus produtores no meio dos senhores, produtores que entram em

cooperativas para lesar, usam a razão social para lesar também os impostos. Há também.

Como há políticos malandros, desonestos, aproveitadores, também há maus

produtores que mentem para o Fisco dizendo que exportou sua produção. Mentira. Ele exportou a

nota, mas a produção está aí, para não pagar o imposto.

Há também esses maus produtores, sabemos, senhores. Fica aqui a produção

interna, mas eles obtêm o benefício da exportação.

Eu não tenho dúvida também, senhores, de que os repasses não são justos aos

Estados que mais exportam. É preciso corrigir.

É um desafio para as entidades representativas também conquistar o meio urbano.

Lembro-me que o Senador Jonas Pinheiro tinha um slogan: “Homem do campo e

da cidade”. Do campo e da cidade. Nós não podemos jogar os homens do campo contra os homens

da cidade, nem os homens da cidade contra os homens do campo.

Você pode até estar no campo, mas o seu filho está aqui fazendo universidade. O

dinheirinho que sobrou você comprou um apartamento na Capital, uma quitinete, um flat. Está

investindo.

Nós não somos adversários. Quem consome os produtos do campo somos nós da

cidade. Não somos adversários. De forma nenhuma, não pode ser visto dessa forma.

Eu quero dizer também que mais dia menos dia a industrialização se consolidará

no Estado, que é um processo irreversível, que ninguém segura. Por quê? Porque a matéria-prima

está aqui e a tendência é que a indústria se instale o mais próximo possível da geração da matéria-

prima para diminuir o custo e tornar o produto mais competitivo. Isso é natural. Nós não vamos

segurar esse processo.

Eu fiquei muito feliz, Rui Prado, com sugestões que surgiram aqui. Daí a razão da

Audiência Pública.

Por exemplo, o Conselheiro Luiz Henrique sugeriu que nós políticos nos

organizemos junto aos Estados do agronegócio, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato

Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rondônia.

Eu pus a carapuça e vou assumir esse papel. Vou correr esses Estados, vou

procurar os colegas Deputados para que possamos cumprir o art. 91 da Constituição Federal de

1988, que é criar a Lei Complementar, que, segundo ele, para os produtores vai superar a Lei Kandir,

vai ser melhor. Se não for, nós não avançamos, mas se for melhor sim.

Eu vou pedir para IMEA nos ajudar nos estudos em relação a isso, que é um

instituto importante de estudo.

Eu vou atrás, vou acatar a sugestão. Vamos unir os estágios dos agronegócio.

Trouxe também aqui o Secretário Seneri Paludo três sugestões, que é a reforma

tributaria do Estado, que o Governo do Estado Pedro Taques - eu saí aqui para atendê-lo - também

disse: “pode reformar para os produtores, Deputado Wilson Santos, que ainda este ano estou

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mandando o projeto de reforma tributaria, dentre eles o novo FETHAB”. O Governador quer mudar

esse novo FETAHB que estai aí, quer fazer um FETHAB novo. “Ah, mas...” Vamos discutir.

Podem ter certeza que vou propor aqui mesmo, vou aguentar de novo seis horas de

esculhambação de alguns maus informados, não digo maus intencionados, mas maus informados.

Vamos debater.

Por quê?

Quando Dante criou o FETHAB a casa caiu, a APROSOJA entrou com uma ADIn

contra a lei, algumas entidades representativas foram à Justiça para não permitir o FETHAB. Hoje

eu ouvi aqui um monte de elogios ao FETHAB.

O bicho pode parecer a princípio muito feio, mas não é.

Está aqui o Prefeito, aliás, a maioria dos prefeitos está sendo salva neste meio de

mandato pelo FETHAB. São duzentos mil por mês, trezentos, quatrocentos, cento e cinquenta, que

representa uma reforma de ponte, um cascalhamento aqui, uma pá-carregadeira que compra, uma

patrol, um caminhão basculante. Tudo isso tem sido oriundo do FETHAB que os senhores pagam.

Eu não ouvi ninguém dos senhores aqui usar essa defesa inteligente: “ora, nós já

pagamos o FETHAB. Como é que nós não pagamos?” Ninguém usou porque a emoção tomou conta

e quando a emoção e a paixão falam mais alto a razão acaba mergulhando.

Vocês já estão pagando, senhores. É mais um argumento para não aceitar acabar

com Lei Kandir. Quem paga o FETHAB são os senhores e as senhoras produtoras e produtores, que

dá quase um bilhão por ano - este ano vai dar quase oitocentos milhões. Saindo de quem? Do

produtor rural.

Outro pedido do Secretário é que haja revisão da política de incentivos fiscais.

Os senhores acham que Silval Barbosa está preso por quê? Ele pode ser preso por

“n” razões, mas essa prisão é porque a Justiça conseguiu comprovar, por documentos, por delações

premiadas, por quebra de sigilos telefônico e bancário e documentos fortíssimos, tanto é que ele não

saiu, foi uma juíza singular aqui que decretou a prisão dele, ele recorreu ao TJ e o Tribunal de

Justiça não reverteu; ele recorreu ao STJ, que também não reverteu a prisão. Então, não é tão

simples assim.

O Silval Barbosa está preso porque há fortes documentos comprobatórios de

práticas de crime na política de incentivos fiscais que foi discutida aqui, Guto. Ainda não é por causa

do VLT, não chegou ainda. Obras da Copa não tem nada a ver; Mato Grosso Integrado, tudo isso

ainda vai ser analisado. Mas a prisão do ex-Governador, diga-se de passagem, o primeiro no Estado

de Mato Grosso, e Mato Grosso já teve quase cento e vinte governadores, o primeiro que foi preso,

ex-Governador é o primeiro - nunca teve - e se for levar a questão pelo lado bairrista, também não é

cuiabano e não é mato-grossense, veio de fora, veio de Borrazópolis. Foi preso por quê? Por causa

de crime praticado na condução da política de incentivos fiscais.

O Seneri Paludo disse revisão. E aí ele disse: priorizando... Quem criou os

incentivos fiscais foi Carlos Bezerra. Sempre teve, mas quem melhor soube trabalhar foi Dante de

Oliveira, que fez por segmento: “Vamos dar incentivo para toda a cadeia do algodão.” Daí deu para

todo mundo do segmento.

Dante de Oliveira foi tão feliz na ideia que até indústrias de fiação vieram, e agora,

no Governo do Silval Barbosa, estão fechando!

Passei ontem por uma em Rondonópolis e está fechada, a Santana Têxtil. Fechou!

Por quê? Porque agora é no varejinho, no esquema: “Eu vou dar um incentivo de trinta milhões e

você me devolve dois milhões para a campanha.” Virou barganha, balcão de negócios.

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Dante de Oliveira criou o PROMADEIRA, PROCOURO, PROCAFÉ,

PROALGODÃO, PROSOJA. Ele não escolhia “a” nem “b”. Todos que estavam na cadeia do

algodão tinham direito aos incentivos; todos que estavam na cadeia do café tinham direitos; na

cadeia do couro tinham direitos.

Quantos curtumes chegaram a Mato Grosso? Mas depois virou uma anarquia

generalizada.

Essa é a razão da prisão do ex-Governador.

É preciso revisar? Nós vamos revisar. Tem uma CPI nesta Casa apurando.

Têm empresas, senhores, que chegaram a receber, Neuri, quatrocentos milhões de

reais em incentivos fiscais.

Eu não estou dizendo aos senhores quatro milhões e nem quarenta, quatrocentos

milhões, quase meio bilhão de reais. É justo isso? É loucura!

E também inovação e tecnologia são sugestões que foram deixadas por vários que

passaram por aqui e que nós vamos atrás de todas elas.

Eu encerro dizendo, Rui Prado, muito obrigado. Quero dizer que nada do que foi

dito aqui pessoalmente é meu. Eu entendo muito mais como um desabafo de quem só sabe trabalhar,

de quem jogou toda a sua juventude nessas estradas, de quem passou noites em caminhões e carros

quebrados, de quem abandonou pai, mãe, primos, tios, o Grêmio, o Figueirense, o Colorado, o

Curitiba e veio sonhar em fazer um futuro melhor aqui, ajudar o Mato Grosso e o Brasil. E nós

conseguimos, pois, Mato Grosso é exemplo nacional e orgulho internacional.

A nossa proposição foi, apenas, para permitir aos senhores, que há muito tempo,

não colocavam os pés nesta Casa ou, talvez, nunca tenham vindo a esta Casa, que pudessem

desabafar, falar um pouquinho o que pensam.

Esta Casa gasta quatrocentos milhões por ano. Não tem necessidade disso! Vocês

sabem que eu já denunciei isso. Só este ano esta Casa vai devolver quase cem milhões ao Executivo.

Se esta Casa vai devolver, é porque não precisa. O Tribunal de Contas, que está ao lado, para cuidar

de um quarteirão gasta trezentos e cinquenta milhões por ano. Não tem necessidade disso! Esta Casa

tem cinquenta policiais, enquanto faltam policiais nas ruas, faltam policiais nos bairros, faltam

policiais no interior. São cinquenta policiais militares pagos pela Polícia Militar e nós temos um

orçamento de quatrocentos milhões.

Só para citar dois exemplos, senhores, de como é possível, sim, economizar

dinheiro; de como é possível, sim, reduzir mordomias, privilégios, concessões indevidas. Quem paga

isso são vocês! São vocês que pagam isso!

Disse muito bem alguém aqui que quem constrói riquezas não é o Estado, seja

municipal, estadual ou nacional. A máquina pública não faz riqueza. Quem faz riqueza é a iniciativa

privada. É o particular que faz riqueza e dos senhores saem 40%. São impostos! Ah é muito caro?

Não é caro! Não é caro! Essa é uma média mundial, da Suécia, da Suíça, da Finlândia. “Ah, mas lá,

Sr. Wilson Santos, nós não pagamos 40% de imposto e temos que pagar escola particular

novamente; temos que ter plano de saúde novamente; temos que ter segurança, um rottweiler para

nos cuidar. O caro não é pagar o imposto. O caro é pagar duas vezes. Pagamos e não temos serviço

de qualidade, não temos estrada que presta.

Talvez alguém que está aqui tenha perdido um ente querido nessas estradas da

vida, nas BR 158, 070, 163, 364. Quantos meninos ficaram por aí e foram sepultados? Quantos

familiares ficaram por aí? Não temos uma estrada decente; não temos uma Polícia equipada,

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NO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2015, ÀS 15H.

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preparada; não temos hospitais. Quantas crianças morrem por falta de UTI Neonatal? É um absurdo!

A qualidade da educação é uma tragédia.

Eu acabei de realizar oito Audiências Públicas. Eu estive em Sinop, em Alta

Floresta, ouvindo... É uma tragédia a qualidade da educação ofertada pelo Estado de Mato Grosso.

Essas crianças estão sendo jogadas na lata de lixo e não têm futuro algum com esse ensino dado na

rede estadual. Se elas não têm educação de qualidade, não têm saúde de qualidade, não têm

segurança de qualidade, não têm estradas de qualidade. Isso que é caro no imposto.

Muito obrigado, senhores! Eu espero revê-los em breve!

Da minha parte eu compreendo, entendo, que este debate precisava ser feito e

outros como este serão feitos até que possamos construir uma política tributária mais justa e que os

senhores possam continuar trabalhando, gerando emprego e riquezas para Mato Grosso e para o

Brasil.

Muito obrigado a todos! (PALMAS)

Está encerrada esta Audiência Pública.

Equipe Técnica:

- Taquigrafia:

- Amanda Sollimar Garcia Taques Vital;

- Ariadne Fabienne e Silva de Jesus Carvalho;

- Cristiane Angélica Couto Silva Faleiros;

- Cristina Maria Costa e Silva;

- Dircilene Rosa Martins;

- Donata Maria da Silva Moreira;

- Isabel Luíza Lopes;

- Luciane Carvalho Borges;

- Tânia Maria Pita Rocha.

- Revisão:

- Regina Célia Garcia;

- Rosa Antonia de Almeida Maciel Lehr;

- Rosivânia Ribeiro de França.