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LEI PENAL NO TEMPO
Profª Simone de Alcantara Savazzoni
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA2
A regra da aplicação da lei vigente à época dos fatos –
TEMPUS REGIT ACTUM (Princípio Regra)
Irretroatividade da lei penal tem previsão expressa na
Constituição Federal, Art. 5º:
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu
Legalidade;
Anterioridade;
exceção: Retroatividade e Ultratividade da Lei Penal Benéfica
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA3
Conceito:
Significa a possibilidade de conferir efeitos presentes a fatosocorridos no passado, modificando, se preciso for, situaçõesjurídicas já consolidadas, sob a égide de lei diversa.
cerne principal = garantir a aplicação da lei benéfica
denominação Princípio da Aplicação da Lei Benéfica
→ não vedar benefícios mesmo aos fatos passados
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA4
Previsão no Código Penal: faz somente menção a retroatividade, pois
analisa a aplicação da lei penal sob o ponto de vista da data do fato
criminoso.
art. 2º
parágrafo único - a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado
caput - ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória O caput é decorrência do parágrafo único.
5
Ultratividade: ocorre quando o juiz aplica uma leijá revogada, no instante da sentença, por sermais benéfica e por ser a vigente à época docrime (ressuscita uma lei morta).
Lei penal intermediária: aquela que surgedepois da data do fato e foi revogada antes dasentença – pode gerar a aplicação concomitantedos efeitos da retroatividade e da ultratividade.
6
Qual a lei mais benéfica? Marco temporal?
marco inicial = data cometimento da
infração (mesmo que durante a investigação
policial)
marco final = extinção da punibilidade pelo
cumprimento ou qualquer outra causa.
Abolitio criminis7
Ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar
crime determinado fato (pex: adultério, sedução e o
rapto consensual).
Art. 107, III, CP – causa de extinção da punibilidade
(retira a tipicidade).
Não subsiste contra o réu nenhum efeito – apaga-se,
inclusive, a folha de antecedentes.
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL
BENÉFICA8
Extratividade:
Ação
Processo
Sentença Extinção
Execução
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA9
Ultratividade:
Ação Revogação Sentença
Lex
Gravior
Lex Mitior
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA10
Retroatividade:
Ação RevogaçãoSentença
Lex
Gravior
Lex Mitior
1
2
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA11
Intermediárias:
Do ponto de vista do julgamento, a lei benéfica anterior ressuscita, aplicando-se aos fatos anteriores à sua revogação.
Do ponto de vista da ação, a lei benéfica posterior retroage, aplicando-se aos fatos anteriores à sua promulgação.
Ação Revogação Sentença
Lei CLei A Lei B
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS12
alteração de determinado tipo incriminador – pode serexcluindo certas maneiras de execução, alterando adescrição da conduta ou modificando a sanção penal– trazendo abrandamento ou concedendo benefíciospenais antes inexistentes.
Ex: Lei 9.714/98 – ppl por prd para todos os delitoscuja pena de reclusão não ultrapassasse 4 anosquando dolosos desde que não violentos.
Não houve abolição das penalidades, mas somenteabrandou-se a punição, aumentando os benefícios.
NOVATIO LEGIS IN PEJUS13
não há abolição da figura delituosa mas olegislador apenas transfere para outro tipopenal incriminador a mesma condutaAUMENTANDO a sua pena.
Ex: art. 219, CP – rapto – Lei 11.106/2005transferiu a conduta para o art. 148, §1º, V, doCP – sequestro ou cárcere para finslibidinosos – pena máxima abstrata MAIOR.
LEI PENAL BENÉFICA EM VACATIO LEGIS
14
SIM – Nucci e Paulo José da Costa –
Tratando-se de lei penal ou processual penal
mais benéfica, inexiste prejuízo algum para
sociedade se imediatamente posta em
prática. Diante disso, pode-se aplicá-la de
imediato. Nucci adverte que a vacatio é
instituída por lei infraconstitucional, não
podendo afastar a aplicação do Princípio
constitucional da retroatividade da lei
benéfica.
NÃO – Frederico Marques, Delmanto,
Damasio – defendem que a lei nova em
período de vacatio ainda não esta em vigor –
relações ainda encontram-se sob a regência
da lei antiga.
Questão: Durantea vacatio, ou seja,após suapublicação masantes de suaentrada em vigor –a lei penal já temforça suficientepara serconsiderada leimais favorávelaplicando-seretroativamente afatos pretéritos?
COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS PARA BENEFICIAR O RÉU
15Questão: Pode o
juiz combinar as leis
penais para extrair a
posição mais
benigna ao réu?
SIM
Frederico Marques, Basileu Garcia, Magalhães Noronha, JulioFabbrini Mirabete, Damásio de Jesus, Celso Delmanto, dentreoutros – trata-se de processo de integração de lei penal,visando a aplicação do preceito “ que de qualquer modofavorecer” – art. 2º. § único do Código Penal.
NÃO
Nelson Hungria, Anibal Bruno, Heleno Fragoso, Paulo José da
Costa Júnior, José Henrique Pierangeli, dentre outros –
significaria deixar ao juiz legislar, criando outra lei não prevista
pelo legislador.
POSIÇÃO INTERMEDIÁRIA
Nucci e Jimenez de Asúa – o juiz deve fazer uma aplicação
mental das duas leis que conflitam – a nova e antiga –
verificando, no caso concreto, qual terá resultado mais favorável
ao acusado mas sem combiná-las.
Se permitir a combinação de leis – coloca-se em risco o Princípio
da Legalidade – magistrado criaria uma norma inexistente. Será
de competência do juiz escolher qual a norma mais favorável,
pois cabe ao Estado e não ao particular aplicar a lei ao caso
concreto.
JURISPRUDÊNCIA16
SÚMULA 510/STJ - A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular depassageiros não está condicionada ao pagamento de multas e despesas.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 600.817/MS - EMENTA: RECURSOEXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PENAL.PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. CRIMECOMETIDO NA VIGÊNCIA DA LEI 6.368/1976. APLICAÇÃO RETROATIVA DO § 4ºDO ART. 33 DA LEI 11.343/2006. COMBINAÇÃO DE LEIS. INADMISSIBILIDADE.PRECEDENTES. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I – É inadmissível aaplicação da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 à penarelativa à condenação por crime cometido na vigência da Lei 6.368/1976.Precedentes. II – Não é possível a conjugação de partes mais benéficas dasreferidas normas, para criar-se uma terceira lei, sob pena de violação aos princípiosda legalidade e da separação de Poderes. III – O juiz, contudo, deverá, no casoconcreto, avaliar qual das mencionadas leis é mais favorável ao réu e aplicá-la emsua integralidade. IV - Recurso parcialmente provido.
COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI
PENAL MAIS BENÉFICA17
Juiz de 1º grau
Tribunal1ª posição: Juiz da Execução Criminal –
Súmula 611/STF: Transitada em julgado asentença condenatória, compete ao Juízo dasexecuções a aplicação de lei mais benigna.
Art. 13. A aplicação da lei nova a fato julgado porsentença condenatória irrecorrivel, nos casosprevistos no art. 2º e seu parágrafo, do CódigoPenal, far-se-á mediante despacho do juiz, deofício, ou a requerimento do condenado ou doMinistério Público. (Lei de Introdução ao Código deProcesso Penal)
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: I - aplicaraos casos julgados lei posterior que de qualquermodo favorecer o condenado; (Lei de ExecuçãoPenal)
2ª posição: Tribunal – Revisão Criminal
Processo em
andamento:
Processo em
grau de
recurso:
Processo com
trânsito em
julgado:
CRIME PERMANENTE E LEI PENAL BENÉFICA18
Aplica-se a lei nova durante a atividade executória docrime permanente ainda que mais severa, desde queprossiga na vigência dela a conduta necessária àpermanência do resultado.
Súmula 711/STF - A lei penal mais grave aplica-seao crime continuado ou ao crime permanente, se asua vigência é anterior à cessação da continuidadeou da permanência.
CRIME CONTINUADO E LEI PENAL BENÉFICA19
1ª posição: Nelson Hungria, Frederico Marques e Aníbal Bruno: mesmaregra do crime permanente. Se os atos sucessivos já eram incriminadospela lei antiga, não há duas séries mas uma única que incidirá sob a leinova, ainda que seja menos favorável que a antiga.
Se, entretanto, a incriminação sobreveio com a lei nova, segundo estaresponderá o agente, a título de crime continuado, somente se os atosposteriores apresentarem homogeneidade característica da continuação ,ficando inteiramente abstraídos os atos anteriores.
2ª posição: Delmanto: O princípio da legalidade deve ser rigidamenteobedecido. A norma penal mais grave só deverá ter incidência na série decrimes ocorridos durante sua vigência e não na anterior.
LEIS INTERMITENTES20
Não respeitam a regra da retroatividade benéfica do art. 2º, CP
nem o Princípio do art. 5º, LX.
São sempre ULTRATIVAS, ou seja, continuam a produzir efeitos
aos fatos praticados durante à sua época de vigência ainda que
tenham sido revogadas.
Art. 3º/CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
LEIS INTERMITENTES21
São espécies:
LEIS EXCEPCIONAIS: são as feitas para durarenquanto um estado anormal ocorrer, pex, estado decalamidade, catástrofe.
LEIS TEMPORÁRIAS: são as leis editadas com operíodo certo de duração, portanto, dotadas deautorevogação
LEI GERAL DA COPA22
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES PENAIS
Utilização indevida de Símbolos Oficiais
Art. 30 - Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer SímbolosOficiais de titularidade da FIFA:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Art. 31 - Importar, exportar, vender, distribuir, oferecer ou expor à venda, ocultar oumanter em estoque Símbolos Oficiais ou produtos resultantes da reprodução,imitação, falsificação ou modificação não autorizadas de Símbolos Oficiais para finscomerciais ou de publicidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa.
LEI GERAL DA COPA23
Marketing de Emboscada por Associação
Art. 32 - Divulgar marcas, produtos ou serviços, com o fim de alcançar vantagemeconômica ou publicitária, por meio de associação direta ou indireta com os Eventosou Símbolos Oficiais, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada,induzindo terceiros a acreditar que tais marcas, produtos ou serviços são aprovados,autorizados ou endossados pela FIFA:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, sem autorização da FIFA ou depessoa por ela indicada, vincular o uso de Ingressos, convites ou qualquerespécie de autorização de acesso aos Eventos a ações de publicidade ouatividade comerciais, com o intuito de obter vantagem econômica.
LEI GERAL DA COPA24
Marketing de Emboscada por Intrusão
Art. 33 - Expor marcas, negócios, estabelecimentos, produtos,serviços ou praticar atividade promocional, não autorizados pelaFIFA ou por pessoa por ela indicada, atraindo de qualquer forma aatenção pública nos locais da ocorrência dos Eventos, com o fim deobter vantagem econômica ou publicitária:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Art. 36 - Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.
CONFLITO ENTRE ART. 3º, CP X ART. 5º, LX25
NORMAS PENAIS EM BRANCO, LEGALIDADE e INTERMITÊNCIA
Devem ser sempre específicas quanto à pena, pois o único órgão que podefixar é o penal e indeterminada quanto ao seu conteúdo, que, entretanto, deveser encontrado em outra norma extrapenal, perfeitamente inteligível.
Normas impropriamente em branco – fontes formais homogêneas –complemento em norma de igual hierarquia. Ex: impedimento matrimonial –art. 237, CP
Normas propriamente em branco – fontes formais heterogêneas – órgãolegiferante diverso – norma de inferior hierarquia. Ex: crime contraeconomia popular, referente à transgressão de preços e Portaria 344.
CONFLITO ENTRE ART. 3º, CP X ART. 5º, LX26
O complemento de uma norma penal em branco é, em regra, de natureza
intermitente, feito para durar apenas um determinado período de tempo.
Observe-se que o complemento pode ter caráter secundário, como, por
exemplo, no crime contra economia popular não é o preço do produto, mas
s a transgressão à tabela de preços, qualquer que seja ela. (Ultrativo)
Todavia, o complemento pode ser parte essencial da norma, ou seja, é
mais importante conhece-lo do que a própria descrição da conduta feita no
tipo penal – aplica-se a retroatividade benéfica. (Retroativo).
TEMPO DO CRIME27
Teoria da Atividade: considera-se praticado o delito no momentoda conduta, não importando o instante do resultado.
Teoria do Resultado: reputa-se cometido o delito no momento doresultado.
Teoria Mista ou da Ubiquidade: o momento do crime pode sertanto o da conduta quanto o do resultado.
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ouomissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
EFEITOS DA TEORIA DA ATIVIDADE28
Determinar a imputabilidade do agente
Fixar as circunstâncias do tipo penal
Possibilitar eventual aplicação de anistia
Dar oportunidade à prescrição
EXCEÇÕES: CRIMES PERMANENTES E CONTINUADOS – regra ESPECIAL –como a consumação se prolonga no tempo é considerado tempo do crime todo operíodo em que se desenvolver a atividade delituosa.
OBS: MENORIDADE x CRIME CONTINUADO: as condutas praticadas pelomenor antes de 18 anos devem ficar de fora da unidade delitiva estabelecidapelo crime continuado – sendo mera ficção para beneficiar o acusado, não devesobrepor-se a norma constitucional
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos àsnormas da legislação especial.
LUGAR DO CRIME29
Teoria da Atividade: considera-se local do delito aquele em que foipraticada a conduta (atos executórios).
Teoria do Resultado: reputa-se lugar do crime como sendo aqueleonde ocorreu o resultado (consumação).
Teoria Mista ou da Ubiquidade: aceita como lugar do crime tantoonde houve a conduta, quanto onde se deu o resultado.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em queocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem comoonde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
CONFLITO APARENTE ENTRE ART. 6º E O ART.
70, CPP30
Art. 70, CPP - A competência será, de regra, determinada pelo
lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa,
pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
ART. 6º, CP – TEORIA MISTA X ART. 70, CPP -
TEORIA DO RESULTADO31
Art. 6º, CP - destina-se a lei penal no espaço –
denominado direito penal internacional (crime à
distância).
Art. 70, CPP – destina-se aos delitos cometidos no
território nacional
JURISPRUDÊNCIA32
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROVA TESTEMUNHAL. INSUFICIÊNCIA. REEXAME DE PROVAS.
A análise das alegações de insuficiência da prova testemunhal e da falta de preparo da juíza que
presidiu o Tribunal do Júri demandaria reexame probatório, sendo certo que os autos não estão
instruídos de modo a permitir inequívoca aferição dos fatos narrados. ARMA DE FOGO. EXAME
PERICIAL. NEGATIVA. PREJUÍZO À DEFESA. EXISTÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS
PROBATÓRIOS. Alegação de prejuízo causado pela ausência de exame pericial em arma de fogo. A
circunstância, por si só, não compromete, em princípio, as conclusões a que pode chegar o órgão
julgador no desempenho de sua função, desde que constem dos autos outros elementos suficientes
à precisa caracterização do quadro fático em exame. Necessidade de ampla dilação probatória.
COMPETÊNCIA. LOCAL DO CRIME. TEORIA DA UBIQÜIDADE. Local do crime e competência para
processamento da ação criminal. A circunstância de o resultado da ação praticada ter ocorrido em
local diferente daquele em que se dera a respectiva ação não invalida a competência do juízo da 2ª
Vara Criminal Federal da Sessão Judiciária de Curitiba/PR para conhecer da ação criminal e
processá-la, nos termos do art. 6º do Código Penal. Ordem de habeas corpus conhecida, mas
denegada.
JURISPRUDÊNCIA33
EMENTA PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS . APLICAÇÃO DA LEI BRASILEIRA.
COMPETÊNCIA JURISDICIONAL. CRIME INICIADO EM TERRITÓRIO NACIONAL. SEQÜESTRO
OCORRIDO EM TERRA. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME PROBATÓRIO. CONDUÇÃO DA VÍTIMA
PARA TERRITÓRIO ESTRANGEIRO EM AERONAVE. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE. LUGAR
DO CRIME - TEORIA DA UBIQÜIDADE. IRRELEVÂNCIA QUANTO AO EVENTUAL
PROCESSAMENTO CRIMINAL PELA JUSTIÇA PARAGUAIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
ESTADUAL. ORDEM DENEGADA. 1. Aplica-se a lei brasileira ao caso, tendo em vista o princípio da
territorialidade e a teoria da ubiqüidade consagrados na lei penal. 2. Consta da sentença condenatória
que o início da prática delitiva ocorreu nas dependências do aeroporto de Tupã/SP, cuja tese contrária
exigiria exame profundo do acervo fático-probatório, incabível em sede de habeas corpus , sendo
assegurado ao acusado o reexame das provas quando do julgamento de recurso de apelação
eventualmente interposto, instrumento processual adequado para tal fim. 3. Afasta-se a competência da
Justiça Federal, pela não-ocorrência de quaisquer das hipóteses previstas no art. 109 da Constituição
Federal, mormente pela não-configuração de crime cometido a bordo de aeronave. 4. Não existe
qualquer óbice legal para a eventual duplicidade de julgamento pelas autoridades judiciárias brasileira e
paraguaia, tendo em vista a regra constante do art. 8º do Código Penal 5. Ordem denegada.
ART. 6º, CP – TEORIA MISTA X ART. 70, CPP - TEORIA
DO RESULTADO34
CRIMES PERMANENTES E CONTINUADOS – será amesma regra de se considerar lugar do crime aquele onde seder qualquer ato de execução ou mesmo onde se concretizouo resultado.
Para solução do juízo competente caso passe por váriascidades segue-se a regra do art. 71, CPP.
Art. 71 - Tratando-se de infração continuada oupermanente, praticada em território de duas ou maisjurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
LEI PENAL NO ESPAÇO35
TERRITORIALIDADE – copiar art. 5º, “caput”, CP –
aplicação da lei penal brasileira aos delitos cometidos
dentro do território nacional – Soberania
EXTRATERRITORIALIDADE – copiar art. 7º, CP –
quando o Brasil tem interesse em punir autores de
crimes ocorridos fora do território. Aplicação da lei
nacional aos delitos ocorridos no estrangeiro.
LEI PENAL NO ESPAÇO36
Defesa ou proteção – nacionalidade brasileira dobem jurídico lesado
Justiça Universal ou cosmopolita – punir crimescom alcance internacional
Nacionalidade ou Personalidade – nacionalidadebrasileira do autor do delito
Representação ou Bandeira – bandeira brasileirada embarcação ou da aeronave privada, situada noterritório estrangeiro.
37
TERRITÓRIO BRASILEIRO – espaço onde o Brasil exerce sua soberania seja ele terrestre, aéreo, marítimo ou fluvial.
TERRITÓRIO BRASILEIRO POR EQUIPARAÇÃO
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido noterritório nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-secomo extensão do território nacional as embarcações e aeronavesbrasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro ondequer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcaçõesbrasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE38
CRIMES COMETIDOS A BORDO DE EMBARCAÇÕES EAERONAVES – COMPETÊNCIA – Justiça Federal – art, 109, IX,CF – de onde pousar a aeronave após o delito ou da comarca ondehouver partido.
Art. 90 - Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional,dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro,ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro doespaço aéreo correspondente ao território nacional, serãoprocessados e julgados pela justiça da comarca em cujoterritório se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarcade onde houver partido a aeronave.
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE39
INCONDICIONADA: interesse punitivo da Justiça brasileiradeve ser exercido de qualquer maneira.
Crimes cometidos contra a vida ou a liberdade doPresidente da República - arts. 121 e 122 e 146 a 154 doCP e arts. 28 e 29 da Lei de Segurança Nacional – Lei7.170/83
Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da U, DF, E, M,EP, SEM, Autarquia ou Fundação instituída pelo PoderPúblico – arts. 155 a 180 e 189 a 311-A, CP.
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE40
Crimes contra administração pública, por quemestá a seu serviço – arts. 312 a 326 c/c 327,CP
Crime de genocídio – art. 1º,da lei 2.889/56
Crime de tortura – art. 2º, da Lei 9.455/97 –aplicação da lei brasileira ao torturador, ondequer que o delito seja cometido, desde que avítima seja brasileira ou esteja o autor dainfração penal sob jurisdição brasileira (art. 2º).
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE41
CONDICIONADA: somente haverá interesse do Brasil em punir o autor de crime cometido no exterior se preenchidas algumas condições:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE42
Crime que, por tratado ou convenção o Brasil se obrigou a reprimir. Ex: tráfico
ilícito de drogas, pirataria, destruição ou danificação de cabos submarinos,
tráfico de mulheres...(P. Justiça Universal)
Crimes praticados por brasileiros – Proibição de extradição de brasileiros,
vedada pela CF (art. 5º, LI) – competência é da Justiça Estadual onde por
último houver residido o acusado. (P. da Nacionalidade ou da Personalidade)
Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
(P. da Bandeira ou da representação)
Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, desde que
não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição e quando houver
requisição do Ministro da Justiça. (P. da Defesa ou da Proteção).
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE43
EXTRADIÇÃO: é um instrumento de cooperação
internacional na repressão à criminalidade por meio do
qual um Estado entrega a outro uma pessoa acusada
ou condenada, para que seja julgada ou submetida à
execução da pena.
Somente a União pode legislar sobre extradição (art. 22,
XV).
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE44
Requisitos para concessão:
Exame prévio do STF – análise do Plenário que não cabe
recurso – ação de caráter constitutivo – formação de título
que habilita o Poder Executivo a entregar um indivíduo a
um país estrangeiro. Decisão do STF não vincula o
Executivo, cujo ato é discricionário. Mas se a decisão do
STF for negativa o Executivo não poderá contrariar o
Judiciário.
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE45
Existência de convenção ou tratado firmado com o Brasil ou, em
sua falta, oferecimento de reciprocidade.
Os Tratados e Convenções nascem da vontade do Presidente da
República (art. 84, VII, CF), referendados pelo Congresso Nacional
(art. 49, I, CF)
Existência de sentença final condenatória – impositiva de ppl ou
prisão preventiva
Ser o extraditando estrangeiro
Fato imputado deve constituir crime perante a lei brasileira e a do
Estado requerente – Princípio da Dupla Tipicidade
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE46
A pena máxima para o crime imputado ao extraditando deve ser
privativa de liberdade superior a 1 ano,
O crime imputado ao extraditando NÃO pode ser POLÍTICO ou de
OPINIÃO – incluídos nestes os de fundo religioso e de orientação
filosófica (art. 5º, LII, da CF e art. 77, VII, do Estatuto do Estrangeiro).
Crime político: aquele que ofende interesse político do Estado, taiscomo a independência, a honra, a forma de governo, entre outros oucrimes eleitorais. Deve-se verificar o bem jurídico ameaçado ouofendido e levar em conta a natureza do motivo que impele à ação –critério misto – STF
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE47
Crime de opinião: aqueles que representam abuso na liberdade de
manifestação do pensamento.
Extraditando não pode estar sendo processado, nem pode ter sido
condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o
pedido – Princípio do ne bis in idem
O Brasil tem que ser incompetente para julgar a infração, segundo suas
leis e o Estado requerente deve provar que é competente para julgar o
extraditando.
O extraditando no exterior não pode ser submetido a Tribunal de Exceção
CRITÉRIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE48
Não pode estar extinta a punibilidade pela prescrição
O extraditando não pode ser considerado, oficialmente,
como refugiado Governo brasileiro
Súmula 421/STF - Não impede a extradição a circunstância
de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho
brasileiro.
EXCEÇÕES A REGRA DA TERRITORIALIDADE49
Convenções, tratados e regras de direito internacional
podem afastar a aplicação da lei penal – art. 5, caput,
CP. Ex: Convenção de Viena – imunidades
diplomáticas
Imunidades parlamentares – instituídas pela CF
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS50
Natureza jurídica: causa de exclusão de jurisdição
Não quer dizer imunidade. Os diplomatas devem serprocessados pelos crimes cometidos nos seusEstados de origem.
A imunidade abrange os diplomatas e os membros doadministrativos e técnico da sede diplomática, desdeque recrutados no Estado de origem.
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS51
Estende-se aos familiares dos diplomatas de
carreira, que são todos os parentes que habitam
com ele e vivem sob sua dependência econômica.
Excluem-se do contexto das imunidades os
empregados particulares dos diplomatas, ainda que
tenham a mesma nacionalidade.
IMUNIDADES CONSULARES52
Possuem imunidade à jurisdição brasileira os
funcionários consulares de carreira quando no
exercício de suas funções, ou seja, somente
quando estiverem atuando em nome do
Estado que os enviou e nos limites gráficos do
distrito consular.
IMUNIDADES PARLAMENTARES53
São essenciais ao correto desempenho do mandato, pois visamassegurar ao congressista absoluta liberdade de ação, através daexposição livre do seu pensamento, das suas ideias e, sobretudo,do seu voto. Livrando-se de determinados procedimentos legais, oparlamentar pode defender melhor o povo, que o elegeu e que épor ele representado.
Pode ser:
SUBSTANTIVA (material, absoluta, real ouirresponsabilidade legal) – que é um privilégio de direito penalsubstantivo e visa a assegurar a liberdade de palavra edebates.
IMUNIDADES PARLAMENTARES54
Natureza jurídica: causa excludente do crime (exclusão da
tipicidade) – art. 53, CF.
Alguns entendem que é ABSOLUTA e outros RELATIVA.
IMUNIDADES PARLAMENTARES55
Não abrange a propaganda eleitoral, embora a processual continue
atuante.
Abrange matéria penal e civil. Não envolver caráter disciplinar, podendo o
parlamentar perder o mandato caso se exceda em ofensas, por exemplos,
outros colegas ou instituições. Art, 55, II, CF – quebra de decoro
parlamentar.
A imunidade pertence ao parlamento e não ao congressista – portanto, é
IRRENUNCIÁVEL.
Súmula 254/STF - A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem
essa prerrogativa.
IMUNIDADES PARLAMENTARES56
PROCESSUAL (formal ou relativa) – que é um privilégio de
natureza processual e tem por finalidade garantir a
inviolabilidade pessoal, evitando que o parlamentar seja
submetido a processos tendenciosos ou prisões arbitrárias.
Art. 53 - Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de
vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da
maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
IMUNIDADES PARLAMENTARES57
A imunidade processual não impossibilita a investigação
policial, de forma que o Parlamento não pode sustar o
curso de inquérito contra qualquer de seus membros.
IMUNIDADE ADVOGADOS58
Estatuto da OAB estabelece ao advogado a imunidade
substancial para o exercício da profissão (IMUNIDADE
PROFISSIONAL).
Art. 2º - O advogado é indispensável à administração
da justiça.
§ 3º No exercício da profissão, o advogado é
inviolável por seus atos e manifestações, nos limites
desta Lei.
IMUNIDADE ADVOGADOS59
Art. 7º - São direitos do advogado:
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, nãoconstituindo injúria, difamação ou desacato puníveisqualquer manifestação de sua parte, no exercício de suaatividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo dassanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos quecometer.
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante,por motivo de exercício da profissão, em caso de crimeinafiançável, observado o disposto no inciso IV desteartigo.
IMUNIDADE ADVOGADOS60
O inciso IV preceitua que o flagrante deve ser lavrado com a presença de
representante da OAB, sob pena de nulidade, quando ligado à profissão e
nos demais casos comunicação expressa à seccional da OAB.
Adin 1.127-8 – Associação de Magistrados Brasileiros – julgamento do
mérito – declarou-se a inconstitucionalidade do termo “desacato”.
STJ tem interpretado restritivamente a imunidade no tocante à injúria e à
difamação, argumentando, que, a prevalecer o conteúdo literal do Estatuto,
estar-se-ia criando um privilégio e não uma imunidade, afinal, das carreiras
jurídicas seria a única atividade que possuiria imunidade substantiva.
IMUNIDADE ADVOGADOS61
Argumentos:
Se a CF diz que todos são iguais perante a lei e juízes e promotores,
igualmente, agentes da Justiça, não possuem a referida imunidade, é
natural que ela não possa ser aplicada exclusivamente aos advogados.
O Estatuto é lei ordinária e estaria negando vigência à proteção
constitucional da honra
Estaria criando no Brasil um “Tribunal de Exceção”, pois a OAB teria
ficado encarregada de apreciar os eventuais “excessos cometidos” nas
manifestações dos advogados, mesmo que causem lesões a terceiros.
IMUNIDADE ADVOGADOS62
Art. 133 - O advogado é indispensável à administração dajustiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações noexercício da profissão, nos limites da lei.
Diante do artigo exposto verifica-se que os advogados continuamcom a imunidade Judiciária previsa no artigo 142,I do CódigoPenal.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pelaparte ou por seu procurador;