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1 2017 - ANO 2 / EDIÇÃO 03 WWW.PUGTIMESMAGAZINE.COM [email protected] E mais Como Lidamos com Pugs Idosos Cesariana: Sim ou Não? LEISHMANIOSE A IMPORTÂNCIA DE SE INFORMAR LEISHMANIOSE A IMPORTÂNCIA DE SE INFORMAR E mais Como Lidamos com Pugs Idosos Cesariana: Sim ou Não?

LEISHMANIOSE - nabucopugs.comnabucopugs.com/pugtimes/files/PugTimes_003_pt.pdf · cesariana? Os rapazes Finn e Sebastian nos contam suas incríveis aventuras com Bandito o Pug, e

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2017 - ANO 2 / EDIÇÃO 03

WWW.PUGTIMESMAGAZINE.COM

[email protected]

E mais Como Lidamos com Pugs Idosos

Cesariana: Sim ou Não?

LEISHMANIOSE A IMPORTÂNCIA DE SE INFORMAR

LEISHMANIOSE A IMPORTÂNCIA DE SE INFORMAR

E mais Como Lidamos com Pugs Idosos

Cesariana: Sim ou Não?

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A Medicina Tradicional Chinesa nos fala da importância da prevenção: a saúde, antes da doença. Um manual para mantermos nossos Pugs felizes

e saudáveis. Sonho ou realidade? Sim, plena-mente possível, desde que atendamos às suas necessidades.

Ainda falando em prevenção, não poderia faltar um artigo sobre o manejo com os Pugs Idosos. Já anteriormente abordado por nós nas mídias, esse tema é sempre atual e alguns cuidados são indispensáveis para que eles pos-sam envelhecer com qualidade de vida, pois sobreviver somente não é o bastante.

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NOSSA REVISTA SEGUE, E TEMAS

IMPORTANTES SOBRE OS PUGS

NUNCA FALTAM!

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C O N TAT [email protected]

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A sessão do Criador nos traz Inge Wilson, Juíza da FCI e criadora da raça Pug, com temas importantes, como a seleção da morfologia com a finalidade de melhorar a saúde dos Pugs. Será que produzir um Pug com focinho mais longo garante uma respiração melhor?

“Aconteceu Comigo” traz mais uma história tocante de uma proprietária de Pugs, e de como um fato mudou radicalmente a sua vida.

Dr. Tiago Vaz Lopes escreve para esclarecer a dúvida de sempre: como saber se nossa Pug pode parir normalmente, e quando precisa da cesariana?

Os rapazes Finn e Sebastian nos contam suas incríveis aventuras com Bandito o Pug, e Luigi o Gato. Imperdível!

E finalmente, diante do conhecimento de tantos casos de Pugs com Leishmaniose nas regiões endêmicas da doença, decidimos abordar esse tema, bastante polêmico, em dois números de nossa revista. A profa. Jo-ziana Muniz de Paiva Barçante, o prof. Thales Augusto Barçante, e a dra Stephanie Karoline Pereira Passos vêm nos informar sobre como proteger nossos Pugs dessa triste realidade.

Uma boa leitura a todos vocês, os eternos amantes da raça Pug!

Angela NabucoEditora

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E X P E D I E N T E

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Í N D I C E

Editora e diretora: Angela Nabuco

Foto capa: Angela Nabuco / Nabuco’s Dona Flor aos 14 anos

Fotos: Todas a fotos de cães são de propriedade do Canil Nabuco, ou enviadas e autorizadas por seus proprietários.

Colaboraram nesta edição: Sebastian Smetham, Finn Paus, Inge Wilmsen, Profa. Joziana Muniz de Paiva Barçante, Sarita Constanzi, Dra Stephanie Karoline Pereira Passos, Prof. Thales Augusto Barçante, Dr Thiago Vaz Lopes e Dr William Costa Estellai

Tradução: Ramon Xavier Monteiro

Direção de arte, diagramação e ilustração: Inhamis Studio

Anúncios, sugestões e reclamações: [email protected]

FINN, SEBASTIAN, O PUG BANDITO E LUIGI, O GATO04 U M A G R A N D E AV E N T U R A

INVESTINDO NA SAÚDE DOS PUGS 08M E D I C I N A O R I E N TA L

CESARIANA: SIM OU NÃO?12 M E D I C I N A O C I D E N TA L

ENTREVISTA COM:INGE WILMSEN (LIMISENGI’S PUGS) 14E X P E R I Ê N C I A S D E C R I A D O R E S

COMO LIDAMOS COM PUGS IDOSOS17 C O M O L I D A M O S

POR SARITA CONSTANZI 20A C O N T E C E U C O M I G O

LEISHMANIOSE: A IMPORTÂNCIA DE SE INFORMAR - PARTE 1

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FINN, SEBASTIAN, O PUG BANDITOE LUIGI, O GATO

Finn e Sebastian fizeram uma viagem que mudou as suas vidas, caminhando 1500 km por toda a Espanha, como uma familia moderna exemplar: dois rapa-

zes e seus amados e tão lindos pets, os então deconhecidos Pug e Gato.

Depois de se conhecerem há 9 anos na cidade de Sitges, na Espanha, onde trabalharam até o final de 2015, os rapazes se deram conta de que não estavam mais vivendo os seus sonhos. O trabalho sazonal até tarde da noite num bar não tinha mais o encanto de antes. Então eles venderam tudo o que possuíam e anunciaram seu apartamento de frente para a praia.

MOTIVADOS PELO FALECIMEN-TO RECENTE DOS PAIS DE FINN, ELES SE DERAM CONTA QUE A VIDA É MESMO MUITO CURTA.

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Uma grande aventuraS E B A ST I A N S M E T H A M & F I N N PAU ST R A D U Ç Ã O A N G E L A N A B U CO

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O plano era atravessar a Espanha a pé, com um carrinho para cães, e carregando todos os seus atuais pertences, sendo, dentre eles, os mais importantes o Pug Bandito e Luigi, o Gato.

E foi exatamento o que eles fizeram, seguin-do a rota do histórico Caminho de Santiago, uma peregrinação do norte da Espanha até as montanhas da Serra Nevada no sul, feita por 200.000 pessoas anualmente.

Sua jornada rapidamente se tornou um su-cesso nas mídias sociais, como as primeiras pessoas a fazerem o trajeto acompanhadas de seus pets. A familia composta pelos quatro membros viveu uma aventura após a outra, enquanto os animais aprendiam a amar a sua nova vida e se acostumavam à caminhada! Atravessaram planaltos, florestas e planícies espanholas, em várias condições climáticas. Sol, chuva, vento e mesmo neve, tudo sob en-comenda para uma jornada épica. A aventura atraiu atenção e os promoveu, abrindo portas para a escrita de futuros livros, se os rapazes forem suficientemente corajosos para um dia publicarem o diário de sua jornada!

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A família parou de

caminhar depois de percorrer 1500 km

em 3 meses, vivendo numa barraca.

A família parou de caminhar depois de percor-rer 1500 km em 3 meses, vivendo numa bar-raca. Finalmente chegaram em sua nova casa, o lugar com o qual eles vinham sonhando, nas colinas onduladas atrás da cidade de Marbella, na Espanha, longe dos flashes e do glamour, e onde os 4 puderam se estabelecer, com sua vida tranquila e sua pequena horta.

Depois de completar a jornada, Sebastian e Finn passaram a levar uma vida simples e retirada em seu lar, situado fora da cidade de Marbella. Eles têm um amor genuino um pelo outro, e, como seguiram acompanhados pela mídia social de forma crescente, hoje servem de inspiração para amantes de Pugs, Gatos e casais pelo mundo afora.

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INVESTINDO NA SAÚDE DOS PUGSP O R D R . W I L L I A M CO STA E ST E L L A I

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Até pouco tempo atrás, a expressão bem-estar animal estava relacio-nada somente aos animais de pro-dução, seus proprietários sempre

procurando enriquecer o ambiente, ao saber que seus animais não estavam expressando seu potencial de produção, principalmente devido ao estresse físico. Aos poucos, este conceito de saúde também está chegando aos cães e gatos. E a melhor forma de proporcio-nar bem-estar aos nossos animais é conhecer suas necessidades.

Todas as raças têm predisposições genéticas. Os Dachshunds, por exemplo, são propensos

aos problemas de coluna. Para evitar isso, de-vemos trabalhar preventivamente, o que pode (e deve) ser feito, tanto através da Medicina Veterinária Ocidental, como através da Medi-cina Tradicional Chinesa.

Para agir preventivamente devemos conhe-cer o individuo, suas características. Uma boa maneira de conseguir isto na Medicina Tradi-cional Chinesa é através da teoria da Consti-tuição. As raças de cães podem ser associadas aos Cinco Elementos: Fogo, Terra, Metal, Água ou Madeira. E a associação de determinada raça com um Elemento específico é chama-da de Teoria da Constituição e diz respeito

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“Os sábios previnem a doença em vez de curá-la, mantêm a ordem

em vez de corrigir a desordem.”

Antigo provérbio chinês

FreeImages.com/Michael & Christa Richert

à natureza do indivíduo em relação ao seu Elemento dominante, expressado no seu tipo de personalidade.

Conhecer o tipo constitu-cional possibilita entender o animal, suas necessidades fundamentais e ajudar no tratamento dos seus desequi-líbrios, que com o tempo, se transformarão em doenças.

De uma forma geral, as raças se enquadram em tipos comportamentais compatíveis com um dos Cincos Elementos, apesar de indiví-duos dentro deste grupo se comportarem de formas diferentes.

Alguns ótimos autores já escreveram sobre a Teoria da Constituição na Medicina Veteriná-ria Tradicional Chinesa. Porém, nenhum dos livros a que tive acesso citou a Constituição do Pug. A minha convivência com os Pugs me

faz acreditar que eles são de Constituição Madeira. A forma como eles respondem aos desafios me faz interpretá-los desta forma, principalmente por dois fatores marcantes: a personalidade forte e como eles se incomo-dam quando são contrariados.

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Características/relações principais do Elemento Madeira

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E S TA Ç Ã O D O A N O

S E N T I M E N TO

E N E RG I A C Ó S M I C A

Ligamentos, Tendões, Músculos, Olhos, Articulações, Unhas, Sistema

imunológico, Sistema reprodutor feminino

O Fígado (Gan) é o órgão relacionado ao Elemento Madeira. Seu acoplado é a Vesícula Biliar. Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, as principais funções energéticas do Fígado são: manter o livre fluxo do Qi (Energia Vital) para dar suporte às atividades vitais do corpo, armazenar o Sangue e ajudar a função diges-tiva do Baço/Pâncreas e do Estômago. Diz-se que o Fígado abre-se nos olhos e manifesta-se nas unhas.

Sendo os Pugs de Constituição Madeira, quando em desarmonia, eles poderão apre-sentar um ou mais dos seguintes problemas: irritabilidade e agressividade excessiva e mui-

Fígado/Vesícula Biliar

Ácido/azedo

Primavera

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Verde Vento

tas vezes injustificada, irregularidades nos cios, retração ou rompimento de tendões, pro-blemas articulares, frouxidão de ligamentos, problemas oculares diversos, olhos congestos, nistagmo, esteatose ou insuficiência hepática, alteração nas enzimas hepáticas, AVC, convul-sões, problemas nas unhas, tremores, proble-mas digestivos...

Dos seres vivos o humano é considerado o ser mais evoluído, com mais capacidade de adap-tação às adversidades; depois vêm os animais e por último as plantas.

O EQUILÍBRIO QUE A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA BUSCA PRECISA ACONTECER EM TRÊS FRENTES: DO INDIVÍDUO COM ELE MESMO, DO INDIVÍDUO COM O AMBIENTE QUE ELE ESTÁ INSERIDO, E DO INDIVÍDUO NA COMUNIDADE ONDE ELE VIVE.

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Os cães não são responsáveis pelas suas esco-lhas. Eles dependem totalmente da vontade e iniciativa dos seus proprietários para realizar suas necessidades básicas. Isso é importante, porque a FRUSTRAÇÃO é o sentimento que causa desequilíbrio no indivíduo de Constitui-ção Madeira. Os Pugs precisam ser atendidos em suas expectativas emocionais e físicas para estarem em equilíbrio. Precisam de espaço para se movimentar e interagir com a natu-reza, necessidades essenciais do Elemento Madeira. O bem-estar dos Pugs passa por condições básicas fundamentais: boa alimen-tação, água fresca e à vontade, atividades físicas, interação social com outros cães, con-tato com a natureza, e conforto no local onde vivem, principalmente o conforto térmico. Estas condições farão com que o indivíduo de Constituição Madeira fique em equilíbrio e provendo, consequentemente, saúde.

Proporcionar bem-estar aos nossos amigos de quatro patas é mais que uma opção, é uma obrigação para quem optou por ter um Pug.

William Costa EstellaiMédico Veterinário – CRMV/MG 10356Pós-graduado em Acupuntura Veterinária Juiz de Fora – [email protected]

A FRUSTRAÇÃO é o sentimento que

causa desequilíbrio no indivíduo de

Constituição Madeira

A tendência às brigas são explicadas pela constituição do Pug , relacionada ao Elemento Madeira, mas o grupo equilibrado e atendido briga raramente, po-dendo conviver.

Para isso é fundamental oferecer o que eles precisam e não o que queremos lhes dar.

Prevenimos e investimos na saúde ou medica-mos as doenças? Você escolhe!

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Ao instituirmos um modelo de criação de cães, especialmente com os bra-quicéfalos, vários pontos são de suma importância, principalmente para os

novatos nessa arte; sendo alguns desses a sanida-de, nutrição, genética, as instalações, bioclimato-logia, e de grande relevância a preocupação com o manejo reprodutivo desses cães, pois toda a dedicação com o melhoramento genético resul-ta em reproduzir os exemplares, que dentro do plantel são os melhores representantes da raça, em genótipos e fenótipos conforme o seu pa-drão.

A reprodução não só para as cadelas, mas para fêmeas de todas as espécies, é encarada fisiologi-camente como um “luxo”, então, o que isso quer dizer? Que elas precisam estar dentro de suas respectivas zonas de conforto; que, nutricional-mente, estejam bem servidas, com fatores estres-santes resumidos ao máximo possível. Estando, assim, tudo em equilíbrio, elas irão ciclar.

Os esforços são inúmeros para que se consiga uma gestação, acertando o melhor momento para a inseminação artificial ou monta natural, dá-se inicio ao processo que é o clímax de todo o empenho. Conforme os dias vão avançando, surge então uma pergunta que geralmente se transforma em uma dúvida, “Parto natural ou cesariana?”.

A cesariana é a arte da intervenção médica cirúr-gica, realizada quando há dificuldades para reali-zação do parto natural, principalmente, quando a mãe ou os filhotes estão correndo algum risco por diversas causas. A literatura aborda esse pro-cedimento como sendo de emergência, que de fato é, na rotina da clínica veterinária.

P O R D R . T H I AG O VA Z LO P E S

CESARIANA: SIM OU NÃO?

Na criação, especialmente de PUG, ao inseminar a cadela já começamos a pensar na data e nos cuidados com o pós-operatório da cesaria-na, não muito distante do que tem acontecido na medicina humana; esse procedimento tem sobressaído ao natural, havendo uma inversão, quando o que deveria ser esporádi-co tornou-se algo rotineiro.

É comum ouvirmos pessoas leigas perguntando “essa raça foi criada em laboratórios?”, “por que tamanha dificuldade com o parto?”, a resposta mais que imediata para o primeiro questiona-mento é um NÃO, porém ela é fruto de uma sequência de cruzamentos que veio selecionando por décadas características que hoje são muito evidentes na raça, sendo que, nesse processo de construção, podemos dizer que foi perdido ou deixado de ser selecionada a habilidade materna, talvez até mesmo pela conformação anatômica, o que justifica o número elevado de intervenções cirúrgicas no parto.

Não deixando, desta forma, de utilizar essa ferramenta, entretanto, espera-se que seja evitada ao máximo possível, pois o parto natural deve ser sempre preconizado. O auxilio de tecnologias, como o ultrassom, são de suma importância para o acompanhamento do criador em relação ao parto, assim como outras técnicas auxiliares, devendo sempre próximo a esse momento ter um médico veterinário de sobreaviso, pois caso não seja possível o parto natural, para que haja uma intervenção de urgência.

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Não deixando, desta forma, de utilizar essa

ferramenta, entretanto, espera-se que seja evitada ao máximo possível, pois o parto

natural deve ser sempre preconizado.

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Thiago Vaz Lopes

Medico Veterinário

Criador da raça Pug

Professor Universitá-rio

Mestre pela Univer-sidade Federal de Pelotas - UFPel

Doutorando em re-produção animal pela Universidade do Acre – UFAC

Diretor administrativo do Kennel Clube de Rondônia e árbitro em formação pela CBKC

LEMBRANDO QUE, SE ESSES PONTOS NÃO PUDEREM SER ATENDIDOS, O MELHOR A SER FEITO É UMA CESARIANA ELETIVA, PARA NÃO COMPROMETER A NINHADA E, SOBRETUDO, A CADELA.

Acompanhamento esse que, na minha vi-vencia como criador, tem me possibilitado conhecer quais são as minhas cadelas que con-seguem ou não realizar o parto normal, dire-cionando não só as próximas seleções, como também a programação dos partos futuros.

Delicadamente e intimamente estas cadelas devem ser acompanhadas pelo criador para que de forma alguma o tempo dentre o início das contrações e o limite máximo da viabili-dade fetal seja extrapolado, e após observado a incapacidade do natural, a cesariana seja instituída. Algumas evidências de maturida-

de fetal podem ser notadas e devem estar presentes, ao optar por um procedimento de cesariana, como o diâmetro do crânio. Os batimentos cardíacos que se mantiveram em média de 230bpm (Batimentos por minuto), próximo ao parto entram em declínio, sen-do que, se baixarem mais do que 170bpm, já pode ser considerado como um estresse fetal, e grosseiramente podemos dizer que já está se passando do tempo de retirá-los com viabilidade; nessa etapa também ocorre a diferenciação das alças intestinais, podendo ser notado à presença de motilidade; aliado a esses, temos a temperatura corporal da cadela como um grande indicativo, pois nas 12 horas que antecedem ao parto a temperatura media corporal cai 1oC, vindo assim ao mundo essas “coisinhas” que nos amam de uma forma incondicional.

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MINHA EXPERIÊNCIA COMO CRIADORADE PUGS

I N G E W I L S E MBélgica

Criadora de Pugs des-de 2004 e Juíza da FCI.

1. HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ CRIA PUGS E POR QUE ESCOLHEU A RAÇA?

Crio Pugs desde 2004, essa é a idade de minha primeira ninhada. Eu vinha seguindo a raça em livros, revistas e exposições desde o início dos anos 90 e me apaixonei por eles pelo seu comportamento e aparência clown (palhaço) e seu temperamento brincalhão. Porém, eu logo percebi a sua condição precária de saú-de. Problemas de marcha, obesidade, joelhos

Inge Wilsem com Limiseng’s Poison

Ivy, uma esperança para o futuro aos 4

meses de idade.

e problemas vertebrais, questões cardíacas e respiratórias, citando alguns deles. Eu nasci num lar de criadores (meus pais criavam Sch-nauzers), e fiquei tentada a trabalhar para a melhoria da saúde dos Pugs, sem perda do seu aspecto exterior. Usei linhagens que eram desconhecidas em meu país e mais além, e de início tive dificuldades nas exposições, mas os juízes logo começaram a apreciar o nosso tipo, e é maravilhoso entrar em pista com um Pug alegre, saudável e que se move adequadamen-te. Essa é a principal razão pela qual comecei a criar Pugs.

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melhorado. PDE s/n está ok, mas eles devem ser cruzados somente com um exemplar PDE n/n. Como eu disse, PDE não é um proble-ma maior em meu país, mas há muito tempo (2002 para ser precisa), eu perdi meu segun-do Pug pet com PDE. Ninguém conhecia a doença naquela época, e eu autorizei o meu veterinário a enviar o corpo de meu pequeno amado para a maior Faculdade de Veteriná-ria de nosso país para a realização de uma autópsia. E aí tivemos conhecimento de sua morte por PDE. É a morte mais horrível que se possa imaginar, e, até onde posso fazer algo a respeito (não somos Deus), nenhum cliente de nosso canil verá seu amigo morrer em seus braços com essa doença.

Além do teste dos olhos, realizamos os tes-tes de condicionamento físico (respiratório e cardíaco), joelhos e vértebras. Se houver algu-ma dúvida com relação a uma linhagem que gostaríamos de introduzir em nosso canil, nós testamos o quadril.

Mas é uma ilusão querer criar Pugs com um teste-A perfeito para os quadris, pois eles pos-suem seu modo próprio de cami-nhar leve e em roll baseado nisso.

O ponto ideal no resultado do exame para avaliar a displasia coxo-femural seria um bom caminho do meio .

4. O QUE É MAIS PRAZEROSO E O QUE É MAIS DIFÍCIL NA CRIA-ÇÃO DE PUGS PARA VOCÊ?

O maior prazer de criar para mim é ver nosso filhote crescer numa família boa, como um membro da família real. Nada me faz mais feliz do que receber e-mails ou mensagens de nossos clientes, dizendo o quanto estão felizes com seu Pug (e vice-versa), e como seus ve-terinários os cumprimentam pela saúde dele, ou sobre a festa de aniversário de 10 anos que fizeram, com a presença do Pug, família e amigos. Minha primeira ninhada vai completar

2. QUAL A SUA EXPERIÊNCIA NAS PISTAS? O QUE VOCÊ RECOMENDARIA A QUEM DESEJA EXPOR SEU PUG?

Não é fácil encontrar o “pacote completo”, nem como expositor nem como juiz. Preci-samos de um Pug com temperamento ade-quado, cabeça típica, boa conformação e um super movimento. Sem dúvida nenhuma, as melhores cabeças estão nos Pugs de tipo inglês. Assim como a pelagem curta e fina. Entretanto eles não são o número um nos quesitos corpo e movimento, que obviamente vêm juntos. Eu pessoalmente, e essa é minha preferência, prefiro o corpo e movimento que se vêm nos Pugs de tipo americano. Infeliz-mente eles vêm com um pelagem mais longa e espessa, perdendo em maciez. Com relação ao temperamento, assim como nós, um cão nasce com uma bagagem que está metade cheia. Nós como proprietários/expositores podemos mudar isso de forma considerável. Mas, como eu disse, a bagagem está metade cheia, e algumas linhagens produzem cães bastante tímidos. E é bem difícil melhorar essa qualidade.

3. EM SUA OPINIÃO, QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE DA RAÇA, E COMO VOCÊ OS PREVINE E LIDA COM ELES?

A maioria dos problemas de saúde que vemos aqui é uma condição precária pela estenose de traquéia e palato alongado e frouxo, pro-blemas de joelho e hemi vértebra. De vez em quando ficamos sabemos de algum Pug que tenha morrido de PDE (Pug Dog Encefalite), mas isso deve ser analisado com cautela.

Meus Pugs são testados por DNA para PDE, o que nos permite considerar este fator na criação. Não significa que todos os Pugs que carreiam genes para PDE devam ser excluí-dos, eu consideraria isso como um item a ser

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13 anos em agosto, e, com a exceção de um (eles eram seis), ainda estão vivos.

E claro que também fico feliz em ver bons resultados em shows, que criador não ficaria?

O mais difícil é seguir trabalhando para me-lhorar a saúde e a conformação, colocando a saúde em primeiro lugar. Temos que lutar por um lado para evitar o exagero das caracte-rísticas da raça, e por outro para evitar a des-truição de suas caraterísticas por aqueles que acham que podem melhorar a saúde dos Pugs dando-lhes um focinho mais longo.

Eu objetivo criar bons narizes com narinas bem abertas, mas um Pug é um Pug, a raça pela qual nos apaixonamos, e sua aparên-cia não deveria ser modificada.

5. O QUE VOCÊ RECOMENDA-RIA AO CRIADOR INICIANTE?

Eu recomendaria aos novos criadores e expo-sitores para aguardarem antes de tomar qual-quer decisão. Aguardarem enquanto obser-vam ao frequentar exposições, conversando

com proprietários e criadores e mesmo juízes, assistindo atentamente os Pugs em pista, em eventos, etc. Contactarem associações da raça e decidirem se o Pug é a escolha correta. E também, se gostarem de determinado criador, esperarem pacientemente até que ele tenha um filhote disponível, mesmo que isso demo-re um ou dois anos. Ter uma boa impressão de um criador é muito importante, pois ele fará parte de sua família enquanto seu Pug viver, e talvez por um tempo ainda maior.

Quando adquirir um Pug para show, eu re-comendaria procurar uma linhagem com o temperamento correto e boa conformação. Como eu disse, não é fácil ter o pacote com-pleto, embora seja esse o nosso objetivo. Procurar por linhagens com boas cabeças, corpos quadrados e compactos com boa an-gulação, movimentação correta, boa pelagem e pigmentação. Pode demorar um pouco, mas estou certa de que excelentes cães podem ser encontrados. E é você que fará do seu Pug um vencedor.

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Limisengi’s No Cure For Crazy, BOB and BIG #5

atualmente, apresentado por minha filha Jolien, que é nossa handler desde que

me tornei juíza.

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COMO LIDAMOSCOM PUGS IDOSOS

Esta não é a primeira vez q falamos so-bre o tema, mas, pela sua importância, voltamos a ele sempre que julgamos oportuno.

Os Pugs nem sempre envelhecem com saúde. Sendo uma raça sensível, de costume, apre-senta as suas mazelas com mais frequência a partir dos 7 anos de idade.

Nossos Pugs envelhecem conosco, e nos habituamos a perceber as alterações ainda no inicio, com maior chance de controlar a situa-ção.

Um Pug velhinho já passou pelas muitas difi-culdades de ser um Pug. Mesmo aqueles que foram amados e cuidados, já tiveram alguma

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vez stress respiratório, ou já apresentaram algum problema de pele, muitos enxergam mal (ou não enxergam nada), outros estão surdos, alguns têm problemas de locomoção, problemas urinários e tantas outras mazelas, ou foram acometidos pelo câncer, bastante comum nos cães, principalmente os idosos.

Somado a tudo isso, sabemos o quanto os Pugs são emocionais. O quanto dependem da nossa companhia, o quanto são ciumentos por muito nos amar, e o quanto somatizam (isto é, trazem para o corpo) todas essas emoções.

E vejam que estamos falando de Pugs amados e cuidados. O que dizer daqueles que tiveram uma vida negligenciada, que foram mal ama-dos, ou que não tiveram amor nenhum e não

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receberam os cuidados que um Pug necessita durante a sua vida? Aqueles que foram usados para reprodução e descartados na velhice? Quando doados ou resgatados, seus adotan-tes amorosos lidam com isso frequentemente. Assim como nos humanos idosos, um senti-mento de tristeza por rejeição abaixa a imu-nidade e geralmente leva o velhinho embora, pois, para fazer sentido e ser desejada, a vida deve propiciar o amor dos que nos são caros.

Assim como o ser humano, o Pug idoso sente muita segurança na sua rotina, na casa onde vive, com as pessoas que conhece e ama. Portanto, evite trocar o lugar do seu velhinho dormir, comer ou tomar água. Ele deve ter hora certa para as refeições e sossego para um sono tranquilo e restaurador.

Se ele enxerga mal, evite mudar os móveis de lugar, pois eles se locomovem bem quando sabem onde estão os obstáculos. Muitos não gostam mais de sair à rua, e ficam inseguros e ansiosos, seja por enxergarem mal, por terem dores articulares, menos energia, ou por aten-derem à fala do instinto, preferindo não ficar

vulneráveis aos predadores (se é que um Pug ainda carrega algo de instinto). Se não são mais os companheiros de passeios, deixe-os ficar em casa descansando, respeitando sua escolha de recolhimento, repouso e horas de sono.

Mudar de casa ou trocar de dono é ainda mais difícil para um velho do que para um jovem, e isso só deve acontecer quando as situações da vida realmente exigirem, ou nos casos de resgate. Nesses últimos, o lar temporário seria a casa ideal para eles, quando possível. Uma troca poderia ser entendida como nova perda. Se você é um criador que vê melhor qualidade de vida para os Pugs aposentados em lares onde serão únicos, não deixe para doá-los de-pois dos 7 anos de idade, enquanto têm mais facilidade para se adaptarem. O ideal é que fiquem com o dono até o final de suas vidas, mas se doá-lo for uma necessidade, que haja a preocupação com uma escolha criteriosa. Imprescindível a seleção de um lar tranqui-lo, onde será muito amado, e cujo ritmo vai respeitar as necessidades de um Pug idoso: uma casa cheia de crianças certamente não é a escolha ideal. Que a família tenha também

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Escalda Patas

massagens e tratamentos caseiros também tem sido muito úteis, como o “escalda-patas”, com água morna, sal grosso e sálvia ou confrei, nas dores articulares.

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condições financeiras de arcar com as muitas despesas da sua velhice.

Os Pugs em geral são muito sensíveis ao calor. O idoso também é sensível ao frio, que piora suas articulações e questões respiratórias. Evite o hiper aquecimento, mas proteja-o também nas baixas temperaturas, com roupas quentinhas, e deixando que ele viva próximo a você, em lugar resguardado.

Importante mantê-los sem sobrepeso. Para isso, e para a saúde em geral, é importante que eles se exercitem dentro da própria esco-lha e limites. A alimentação natural balanceada é o ideal, principalmente nessa faixa etária, suplementada com poli-vitamínicos. Depois de adotar a alimentação natural, nossos velhos passaram a viver mais, com qualidade de vida e disposição, mesmo os que já apresentam as doenças da velhice.

Internações em clínicas veterinárias somente quando forem indispensáveis para a sua so-brevivência. Alguns tem o quadro agravado e não resistem estar fora de casa, e sem os donos.

Pugs velhos costumam não suportar tra-tamentos muito invasivos. Os tratamentos alternativos são menos agressivos. Sempre que possível, dê preferencia a eles, mas sa-bendo a hora em que a Medicina tradicional deve ser utilizada. A prevenção é bem mais fácil do que tratar uma doença instalada. Nossa experiência com a acupuntura e fitoterapia tem sido muito positiva. Massagens e tratamentos caseiros também tem sido muito úteis, como o “escalda-patas”, com água mor-na, sal grosso e Sálvia ou Confrei, nas dores articulares.

A castração e a limpeza dos dentes não deve ser adiada, pois em futuro próximo ele pode não ter mais condições clínicas de ser anestesiado. A bactéria da doença gengival pode acometer

Estar atento diariamente é

fundamental, para identificar precocemente quaisquer alterações nas

fezes, urina, respiração e aparelho locomotor.

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o coração, assim como causar vários outros problemas, e a castração evita as complica-ções comuns no sistema reprodutor.

Evite que seu velhinho fique subindo e des-cendo escadas, ou que pule de sofás (o que é contraindicado também para os jovens). Um piso liso pode trazer problemas articulares sérios, ou agravá-los se já existentes.

Estar atento diariamente é fundamental, para identi-ficar precocemente quais-quer alterações nas fezes, urina, respiração e aparelho locomotor. De um dia para outro eles apresentam problemas que têm que ser sanados com presteza. As avaliações clinicas com exames periódicos são fundamentais para detectar problemas que ainda não podemos perceber.

E por fim, muito amor e atenção. É o que os mantêm felizes e motivados para viver, quan-do o corpinho é mais exigente com relação às condições para se manter saudável, em comparação aos tempos de sua juventude. Todas as medidas que visam a proteção do Pug idoso são benvindas, tendo sempre em mente que eles, mais do que antes, quando jovens, agora precisam muito de todo amor que pudermos dedicar a eles.

Exercício

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P O R S A R I TA CO N STA N Z I

ACONTECEUCOMIGO

Foi um baque só. Não sofreu. Mas nós sentimos uma dor que nunca passou. Ele seguia meu filho Lucas, atraves-sando a rua, a caminho da casa da

vovó Albina. O motorista não teve culpa. Nosso amado Gugu, o Pug mais lindo do mundo, partiu aos 18 meses de idade. Era encantador, apaixonante, e foi adquirido num canil de minha cidade, em Santa Cata-rina.

Comecei a buscar conforto em grupos de resgates de todos os tipos, inclusive de Pugs, e foi aí que passei a entender sobre matrizes e padreadores, e o quanto os cães são explorados em canis irresponsáveis, sem cuidado algum. Já tinham se passado três meses da tragédia, sentíamos muito ainda, quando vovô Pedro e vovó Albina nos presentearam com outro filhote Pug, o lindo Gugu II. Pouco tempo depois, compra-mos um filhote de Boxer, o querido Trovão, e ambos ainda estão conosco, com 6 anos cada um, lindos e saudáveis.

Decidi então ser candidata à adoção de outro Pug. Aparece-ram Jack em São Paulo e Nega em Passo Fundo, no Rio Gran-de do Sul. Optei por Jack, que estava a uma distância menor (2.500 km ida e volta), e pen-sei que nunca seria escolhida como adotante. Mas fui.

A moderadora do grupo de resgates per-guntou se daríamos carona solidária para Nega até São Paulo, rimos muito, aceitamos na hora. Mas contratamos um taxi-dog, que viajou 800 km (ida e volta) e que a trouxe até minha casa. Ela chegou à noite, tão fraca e indefesa, e tudo o que estava ao nosso alcan-ce de fazer por ela, fizemos.

FOI MEU PRIMEIRO CONTATO COM UM PUG RESGATADO. ELA NOS ADMIRAVA COM OS OLHOS BRILHANTES, ENCANTA-DA PELO AMOR QUE RECEBIA, COISA QUE NUNCA HAVIA SENTIDO NA SUA VIDA DE CANIL DE PROPRIETÁRIO NEGLIGEN-TE E SEM AMOR.

No dia seguinte, saímos às 5 horas da manhã, Lucas, a Nega e eu, rumo à São Paulo, para entregá-la ao novo dono e trazer Jack, o Pug resgatado que escolhemos. Viajei apreensiva, com um sentimento de culpa que não cabia no peito, por não tê-la escolhido. Conforme combinado, nos encontramos no estaciona-mento de um shopping em São Paulo. Peguei o Jack e entreguei a Nega, com o coração apertado. Apesar da minha aflição, entrei no carro com a sensação de missão cumprida, porque era visível o amor dos futuros pais por ela. Foi uma viagem sacrificada, mas a partir dela compreendi que tudo vale a pena em favor de um bem maior: tirá-los de lugares horríveis para que sejam felizes e respeitados como todo animal merece. Pelo que sei, Nega (hoje Lola), vive feliz e muito amada.

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Sarita ConstanziFisioterapeuta e Moderadora do grupo de resgates SOS PUGS

A vida segue, hoje sou uma das modera-doras do grupo SOS PUGS, onde resgata-mos Pugs em situação de risco, trabalho voluntário que faço com prazer. Histórias inacreditáveis, ninguém imagina do que o ser humano é capaz por ganância ou indi-ferença. Às vezes é uma corrida contra o tempo, como aconteceu com Frederico, um Pug forte e bonito, que seria eutana-siado naquela tarde, por ser portador de

Sarita e Jack, seu Pug resgatado

Leishmaniose, doença passível de con-trole. Adotantes arrumados na correria, que o receberam de braços abertos. Há os casos de Pugs resgatados em estado de desnutrição avançado, com doenças graves, e que viram estrelinhas apesar de todos os esforços. Mas em sua maioria, eles sobrevivem para conhecer o amor, superam seus traumas e vivem felizes, compensando as horas de trabalho, as noites de sono encurtado, as lágrimas derramadas e as dificuldades financeiras para custear as grandes despesas com a saúde dos Pugs resgatados. Mas por amor, e com a ajuda de tantos amigos, vale muito, muito a pena!

“Hoje sou uma das moderadoras do grupo SOS

PUGS, onde resgatamos Pugs em situação de

risco, trabalho voluntário que faço com prazer.

Histórias inacreditáveis, ninguém imagina do que

o ser humano é capaz por ganância ou indiferença.”

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LEISHMANIOSE: A IMPORTÂNCIA DE SE INFORMARPARTE 1P O R A N G E L A N A B U CO

Consultores para esse artigo: Prof. Thales Augusto Barçante e Profa. Joziana Muniz de Paiva BarçanteOs Pugs resgatados das fotos seguem sob tratamento, com boa qualidade de vida.

Diante do número crescente de Pugs resgatados com o diagnóstico de leishmaniose visceral, entendemos que seria importante orientar sobre

esta doença que acomete os cães, os seres hu-manos e outros mamíferos silvestres e urbanos.

As leishmanioses são doenças parasitárias causa-das por protozoários do gênero Leishmania, que podem se manifestar em duas formas clínicas distintas: visceral e cutânea. As duas formas são ditas zoonoses, ou seja, afetam humanos e animais. Neste artigo, enfocaremos a forma vis-ceral, também conhecida como calazar, por ser a forma mais grave da doença, e que tem grande importância na medicina humana e veterinária.

A leishmaniose visceral é uma doença negligenciada, no senti-do de afetar principalmente as populações pobres que vivem em ambiente com condições sanitárias precárias e sobretu-do nas periferias.

A pesquisa de novos fármacos para o seu tra-tamento não é alvo de interesse de estudos e investimentos pelas indústrias farmacêuticas. No entanto, casos concentrados em regiões metro-politanas, com alto índice de desenvolvimento humano, também têm sido relatados com

grande frequência, tanto em humanos quanto em animais.

A principal forma de transmissão ocorre a partir da participação da fêmea infectada do mosquito palha (flebótomo) também conhecido como cangalinha, polvinha, birigui, asa dura, dentre outros nomes populares. Este inseto se repro-duz na matéria orgânica úmida (lixo, restos de alimentos acumulados no chão, restos de folhas acumuladas no quintal, fezes de animas como galinhas criadas ao redor da casa, frutas acumu-ladas no chão de pomares). Ao sugar o sangue de animais infectados, o mosquito também se torna infectado. Como a pele do cão abriga o parasito, o inseto transmissor que picar um cão infectado tem grande chance de se infectar, e a partir daí transmitir o parasito a outros mamí-feros, inclusive humanos. Neste contexto, o cão doméstico é o principal reservatório do parasito que serve de fonte de infecção para o mosquito palha no ambiente urbano, embora não seja o único. A exemplo disso, no Congresso Mundial de Leishmaniose - Worldleish 2017, foi discutida a participação de coelhos e lebres em um surto urbano no centro de Madri (Espanha). Outras formas de transmissão incluem a transfusão sanguínea, sexual e vertical (da mãe para o feto).

No Brasil, a política pública de controle da doen-ça é baseada no diagnóstico de casos precoces,

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no controle do inseto, no tratamento de huma-nos doentes e na eutanásia de cães infectados, mesmo os que ainda não apresentem sintomas. A doença não é passível de cura parasitológica, mas pode ser mantida sob controle, com quali-dade de vida para o humano e para o animal, sob o uso da medicação adequada, dependendo da fase em que se iniciar o tratamento. A leishma-niose visceral, quando não tratada, pode causar a morte nos indivíduos acometidos, tanto nos humanos quanto nos cães. O advento e a libe-ração no Brasil da substância miltefosina, trouxe uma alternativa à eutanásia canina. Contudo, o tratamento é acessível a uma pequena parcela da população, em função dos custos relativa-mente elevados, o que, em termos de saúde pú-

blica, não configura uma solução.

A utilização da miltefosina no Brasil ainda é recente. Ao que tudo indica, parece manter a doença clínica sob

controle, restando pouca ou nenhuma quanti-dade de parasitos na pele do cão, tendo como consequência a redução do seu papel como fonte de infecção para o inseto. Além do uso da medicação oral, os cães sob tratamento com a miltefosina devem fazer uma série de exames a cada quatro ou seis meses, para avaliar a evo-lução clínica e a presença de parasitos na pele do animal. A miltefosina está liberada para uso veterinário, e tem restrições para o cão que já apresenta lesões renais e hepáticas. É importan-te ressaltar, que, mesmo sob tratamento com a miltefosina, o animal precisa ser mantido com a coleira impregnada de inseticida ou utilizar outro tratamento tópico de longa duração, para evitar ser picado pelo inseto. Nenhuma medida individual isolada é 100% efetiva.

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as leishmanioses são doenças parasitárias causadas por protozoários do gênero leishmania, que podem se manifestar em duas formas clínicas distintas: visceral e cutânea. as duas formas são ditas zoonoses, ou seja, afetam humanos e animais.

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A LEISHMANIOSE VIS-CERAL É UMA DOENÇA

QUE TEM VÁRIAS IMPLICAÇÕES ÉTI-CAS IMPORTANTES, QUE DEVEM SER CONSIDERADAS:

1 - TRANSPORTE DE CÃES INFEC-TADOS PARA REGIÕES LIVRES DA DOENÇA.

Considerando que o mosquito palha tem am-pla distribuição geográfica, é importante que animais infectados não sejam levados para regiões livres, a fim de se evitar a instalação de um potencial foco de transmissão. Caso o transporte seja necessário, se torna obriga-tório o uso de inseticidas (coleira, ou de uso tópico) para que não sejam picados, levando a doença para essa região. Sempre que possível, a manutenção do cão em ambientes telados com tela específica, de malha muito fina, e evi-tado o passeio no período noturno (período de maior atividade do inseto).

2 - CÃES NÃO INFECTADOS EM ÁREAS DE TRANSMISSÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL.

Se o seu cão vive onde a doença está presen-te, ele deverá se beneficiar de todos os meios para se evitar a infecção pela leishmania. As coleiras impregnadas com repelentes de inse-tos ou os produtos tópicos de longa duração, e a vacinação específica são indispensáveis.

3 - REPRODUÇÃO DE ANIMAIS IN-FECTADOS.

Infelizmente, em função do alto valor comer-cial de muitas raças, como os Pugs, existem proprietários que têm colocado para repro-dução animais positivos para leishmaniose visceral. Consideramos esta atitude uma covardia com esses animais, além de ser um crime contra a saúde pública. O acasalamen-to e a reprodução são vetados para animais

A principal forma de transmissão

ocorre a partir da participação da fêmea infectada do mosquito

palha (flebótomo).

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Mosquito palha, transmissor da

leishmaniose (Lut-zomyialongipalpis)

Medindo 2mm, o mosquito

palha costuma passar despercebido

ao olho humano.

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infectados. A transmissão vertical (da mãe para o feto) é uma realidade, assim, a reprodu-ção de fêmeas infectadas pode gerar um ciclo de manutenção do parasito, levando a con-sequências sérias, como o aumento do risco para a saúde pública (inclusive para o próprio criador e sua família), sofrimento para os cães e desgaste emocional para os proprietários de filhotes potencialmente infectados.

Cabe ressaltar, que a leishmaniose visceral no cão pode não apresentar sintomas em muitos animais. Assim, para uma avaliação adequada do animal, o proprietário deve procurar o mé-dico veterinário com reconhecida competên-cia técnica no tema, para indicação da condu-ta ética e clínica mais adequada em cada caso.

O tema seguirá no próximo número de nossa revista, abordando com mais detalhes o trata-mento e a prevenção da leishmaniose, incluin-do a vacinação, dada a sua grande importância para nós humanos e para os cães.

Armadilha luminosa utilizada para pesquisa do mosquito palha.

A informação é a nossa primeira arma no combate a uma doença tão cruel, passível de ser evitada, mas não de ser curada. Vamos divulgar!

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE LEISHMANIOSEArtigo escrito para a nossa revista pela Dra. Stephanie Karoline Pereira Passos, com detalhamento técnico, na modalidade de perguntas e respostas sobre a leishmaniose.

SAIBA MAIS...

Profa. Joziana Muniz de Paiva BarçanteFormada em ciências biológicas pela UFJFDra. em parasitologia pela UFMG.Pós doutorado em imunoparasitologia UFMG.Prof. do departamento de ciências da saúde da Universidade Federal de Lavras (UFLA)Chefe de gabinete da reitoria da [email protected] / [email protected]

Prof. Thales Augusto BarçanteFormado em ciências biológicas pela UFJFDr. em parasitologia pela UFMG.Prof. do departamento de ciências da saúde da UFLAChefe do departamento de ciências da saúde da UFLA [email protected] / [email protected]

http://pre.univesp.br/urbanizacao-e-leishmaniose#.WSRzldy1uM8

http://www.ufla.br/ascom/2017/04/04/leishmanioses-conheca-as-princi-pais-informacoes-e-o-historico-do-trabalho-que-vem-sendo-desenvolvido--em-lavras/

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C R I A D O R E S , P R O P R I E T Á R I O S & E V E N T O S

V E T E R I N Á R I O S

S E RV I Ç O S

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