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Leishmaniose Tegumentar Americana Guia de Orientação Santa Catarina 2009

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Leishmaniose Tegumentar Americana

Guia de Orientação

Santa Catarina 2009

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ESTADO DE SANTA CATARINA

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

GÊRENCIA DE VIGILÂNCIA DE ZOONOSES E ENTOMOLOGIA

VIGILÂNCIA DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR

AMERICANA (LTA)

GUIA DE ORIENTAÇÃO

3ª EDIÇÃO

SANTA CATARINA

2009

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Sumário

Apresentação 4

I – Informações Básicas Leishmaniose Tegumentar Americana 5

II - Medidas Gerais de Controle Leishmaniose Tegumentar Americana 8

1. Vigilância Epidemiológica 8

2. Vigilância Entomológica / Ambiental 10

3. Vigilância dos vertebrados 12

4. Medidas de controle 12

III - Fluxo para atendimento de casos de leishmaniose tegumentar americana (LTA), em municípios com programa de controle

14

IV - Fluxo para atendimento de casos de leishmaniose tegumentar americana (LTA), em municípios sem programa de controle

15

V - Fluxo para Encaminhamento das Amostras – Leishmaniose 16

VI - Critérios para Encaminhamento de Pacientes às Unidades de Referência (LTA) 17

VII – Anexos 18

Anexo I – Ficha de Notificação 19

Anexo II – Ficha de Investigação 20

Anexo III – Cartão de Tratamento Antimonial 22

Anexo IV – Ficha de contra-referência de LTA 23

Anexo V – Ficha clínica para acompanhamento de paciente com LTA 24

Anexo VI – Relação de Abreviaturas 29

Equipe Técnica 30

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Apresentação

Este guia destina-se àqueles que trabalham com Vigilância em Saúde e/ou exercem suas

atividades na Unidade Básica de Saúde, Unidade de Saúde de Referência e Gerência de Saúde. Foi

idealizado para ser um instrumento auxiliar na vigilância e controle de LTA e dar algumas orientações

sobre procedimentos administrativos a serem adotados para melhor desenvolvimento das atividades

do Programa de Controle da LTA.

Longe de ser um documento definitivo e objetivando a consolidação das ações de controle

desta doença que veio se juntar a tantos outros agravos sobre os quais temos a responsabilidade,

em nossa função diária, de contribuir para o controle e de promover a saúde das pessoas.

Para as orientações técnicas deverá ser consultado o Manual de Controle da Leishmaniose

Tegumentar Americana – Ministério da Saúde, disponível também no site www.saude.gov.br/svs.

Para esclarecimentos e/ou sugestões, contactar com a Divisão de Vetores, Reservatórios e Outros

Hospedeiros (DVRH) / Gerência de Controle de Zoonoses / Diretoria de Vigilância Epidemiológica.

Telefones: (48) 3221-8417 – 3221-8419.

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I – Informações Básicas Leishmaniose Tegumentar Americana

O que é?

É uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoários do gênero

Leishmania , que acomete pele e mucosas.

É uma zoonose que afeta outros mamíferos (cães, gatos e eqüinos), em seu habitat natural

e secundariamente os seres humanos.

Como se transmite?

Através da picada de insetos, os flebotomíneos.

Qual seu período de incubação?

Nos seres humanos é em média de 2 meses, podendo apresentar períodos mais curtos ou

mais longos, variando de 2 semanas a 2 anos.

Como a doença se manifesta?

A doença humana caracteriza-se pelo aparecimento de úlcera cutânea, única ou múltipla

(forma clínica cutânea) cuja principal complicação é o comprometimento, por via hematogênica, das

mucosas da nasofaringe com destruição desses tecidos (forma clínica mucosa).

Como é feito o diagnóstico?

A doença pode ser diagnosticada por exames laboratoriais através do encontro do parasita

em material colhido da lesão ou gânglios, outros exames mais complexos e provas imunológicas e/ou

pelas características da lesão com associação a dados epidemiológicos: ocorrência de casos de LTA

na região, procedência de áreas endêmicas, inserção em áreas de matas (diagnóstico clínico

epidemiológico).

A associação das duas formas de diagnóstico é a ideal.

Como se trata a LTA?

O antimonial pentavalente é a droga de primeira escolha no tratamento de todas as formas

da leishmaniose tegumentar. Não havendo resposta satisfatória com este medicamento, as drogas de

segunda escolha são a Anfotericina B e a Pentamidina.

Os esquemas de tratamento são estabelecidos pelo Ministério da Saúde (vide Manual de

Controle de Leishmaniose Tegumentar) e devem ser seguidos pelas Unidades de Saúde, conforme

prescrição médica e anotados no cartão de tratamento antimonial (anexo IV).

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Como está distribuída a doença nas diversas regiões do Brasil?

Nos últimos 20 anos, a LTA vem apresentando franco crescimento em todas as regiões do

Brasil, tanto no número de casos como em expansão geográfica, observando-se surtos epidêmicos,

na maioria das vezes relacionados ao processo predatório de ocupação das matas.

As regiões Norte e Centro Oeste concentram a ocorrência do maior número de casos

seguidos das regiões Sudeste e Nordeste.

No Sul, o estado do Paraná, até o momento, é o responsável pelo maior número de casos

registrados.

Em Santa Catarina temos o registro de casos autóctones da doença desde 1987, nos

municípios de Quilombo e Coronel Freitas, localizados na região oeste. Desde 1997 vem-se

registrando anualmente casos autóctones no município de Piçarras, região do litoral norte,

classificando-o como área de risco para transmissão da doença.

No período de 2000 a 2004 foram diagnosticados 95 casos de LTA no Estado de Santa

Catarina, sendo 14 (14,7%) autóctones.

Em 2005 observamos a ocorrência de um surto da doença nos municípios de Blumenau,

Itapema e Balneário Camboriú com registro de10, 18 e 30 casos respectivamente.

Em 2006 Blumenau apresentou 106 casos e os municípios de Apiuna, Barra Velha,

Botuverá, Corupá, Guatambu, Jaraguá do Sul, Presidente Nereu e Schroeder apresentam seus

primeiros casos autóctones.

Em 2007 foram detectados os primeiros casos da doença nos municípios de Brusque,

Florianópolis, Pomerode e Timbó e em 2008 a doença se expande para os municípios de Indaial,

Bombinhas e Gaspar. A doença não se expandiu para novos municípios no ano de 2009.

O que fazer diante da situação epidemiológica do Estado?

1- Os profissionais de saúde dos vários segmentos, das regiões de ocorrência dos casos,

devem estar atentos ao aparecimento de novos casos suspeitos da doença, conforme definição

apresentada na seção II (pg. 7) “Medidas Gerais de Controle”.

2- A vigilância epidemiológica do município é responsável:

- Pelo encaminhamento dos casos suspeitos ao serviço de saúde de referência para

diagnóstico;

- Pela investigação dos casos confirmados e digitação da ficha de notificação e

investigação epidemiológica no SINAN;

- Pelo acompanhamento do tratamento do doente até sua alta ;

- Pelo encerramento do caso no SINAN (o caso de LTA é encerrada no SINAN após

180 dias do início do tratamento).

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3- A vigilância epidemiológica das Gerências de Saúde em conjunto com a Divisão de

Vetores/Gerência de Zoonoses/Diretoria de Vigilância Epidemiológica / SES, prestará assessoria aos

municípios, na operacionalização das medidas estabelecidas para o controle da LTA, bem como sua

adaptação, frente a cada realidade.

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II - Medidas Gerais de Controle Leishmaniose Tegumentar Americana

1. Vigilância Epidemiológica

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença de notificação obrigatória em

todo o território nacional.

O diagnóstico de casos poderá ocorrer através de:

- Busca ativa em áreas de foco;

- Demanda espontânea;

- Encaminhamento de outros serviços.

1.1. Definição de caso:

Caso Suspeito - indivíduo que apresente:

- Processo ulcerativo com lesão arredondada de bordas elevadas e infiltradas;

- Fundo granuloso com ou sem exsudato;

- Processo ulcerativo crônico (cutâneo ou mucoso), ou lesões verrucosas, tuberosas ou

vegetantes;

- Úlcera na mucosa nasal, palato e nasofaringe com ou sem perfuração

Caso Confirmado - indivíduo clinicamente suspeito que preencha, no mínimo, um dos

seguintes critérios:

- Encontro do parasita nos exames laboratoriais (parasitológicos diretos, biopsia e

outros);

. Residência, procedência ou deslocamento em área de transmissão, e

Intradermorreação de Montenegro (IRM) positiva e/ou exame histopatológico compatível.

Caso Descartado - Casos suspeito com diagnóstico laboratorial negativo ou caso suspeito

com diagnóstico confirmado de outra doença.

1.2. Conduta frente a um caso suspeito:

O caso suspeito deve ser submetido à investigação clínica, laboratorial e epidemiológica.

Caso seja confirmado, faz-se a notificação no SinanNet, inicia-se a investigação e o

tratamento preconizado, acompanhando-se, mensalmente, para avaliação da cura clínica,

durante três meses após a conclusão do esquema terapêutico. Cabe ressaltar a importância

da continuidade do acompanhamento mensal durante 6 a 12 meses após o término do

tratamento, visando avaliar a possibilidade de ocorrência de recidiva.

1.3. Notificação:

O serviço de saúde da rede pública ou privada que fez a suspeita do caso deverá

providenciar o preenchimento do Cadastro de Notificação Individual (CNI), encaminhando-o à

Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (VE – SMS),

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1.4. Investigação:

A investigação epidemiológica inicia-se com o preenchimento da Ficha de Investigação

de LTA (FI-LTA ) preconizada pelo SINAN, contendo dados clínicos, laboratoriais e de tratamento,

bem como informações sobre o local provável de infecção, evolução e encerramento do caso.

Todos os campos da ficha devem ser preenchidos mesm o quando a informação

for negativa ou ignorada , pois são de suma importância para a avaliação epidemiológica e tomada

de decisão das medidas de controle.

1.5. Roteiro de investigação epidemiológica:

Identificação do paciente:: preencher todos os campos dos itens da ficha de investigação

epidemiológica do Sinan (FIE-SINAN), relativos aos dados gerais, notificação individual e dados de

residência.

Coleta de dados clínicos e epidemiológicos: preencher os campos dos itens da FIE-Sinan,

relativos aos antecedentes epidemiológicos, dados clínicos, laboratoriais e tratamento.

Caracterização do local provável de infecção (LPI): estabelecer o LPI, a partir da história

clínica e epidemiológica e informações entomológicas- Verificar se o local de residência reune

condições de transmissão da leishmaniose.

- Investigar se houve deslocamento do paciente para áreas endêmicas num período de 6

meses anteriores ao inicio dos sintomas.

- Levantar se há conhecimento de outras pessoas com as mesmas manifestações clínicas

no local de residência, de trabalho, de lazer e outros.

- A DIVE deverá proceder a investigação entomológica no município caso ainda não tenha

sido realizada, a fim de definir a possibilidade da transmissão domiciliar .

a) Caso importado: quando as informações nos permitem concluir que o paciente

adquiriu a doença fora de Santa Catarina. Nesta situação, a VE - SMS deverá:

- Classificar o caso como IMPORTADO;

- Acompanhar a evolução do caso e digitar a ficha no SINAN;

- Habilitar a ficha no fluxo de retorno (SinanNet) para o município de origem do paciente.

A identificação da LPI é de fundamental importância para o processo da

investigação e adoção das medidas de controle, quando indicadas.

A FI – LTA somente será digitada no SINAN após a co nfirmação do caso.

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b) Caso autóctone: sempre que as informações indicarem que o paciente adquiriu

a doença em Santa Catarina (dentro ou fora do seu m unicípio de residência).

A VE-SMS do local de residência e de notificação do caso deverá;

- Informar à Gerência de Saúde e esta à Gezoo / DIVE sobre a confirmação de caso

autóctone;

- Investigar, acompanhar a evolução do caso e digitar a ficha no SINAN.

A VÊ-SMS do local provável de infecção deverá:

- Realizar busca ativa de casos suspeitos e encaminhar para diagnóstico.

2. Vigilância Entomológica / Ambiental

O objetivo da vigilância entomológica (VEnto) é levantar informações de caráter quantitativo

e qualitativo sobre os flebotomíneos na área de ocorrência de casos para avaliação do risco de

transmissão da doença e planejar medidas de controle.

As ações serão coordenadas pela DVRH/GEZOO/DIVE com a participação da GERSA e

SMS.

A partir da primeira notificação de caso de LTA, o município passa a ser considerado área

de trabalho para a VEnto. Sendo assim, a SMS deve proceder o reconhecimento e delimitação da

área de foco.

2.1. Reconhecimento da Área:

2.1.1. Área de transmissão desconhecida:

Quando se tratar de área nova de transmissão, ou área não trabalhada, deve-se proceder a

uma avaliação do local com a finalidade de se conduzir às ações de vigilância epidemiológica e

entomológica.

Identificar a existência de barreiras naturais que dificultem a dispersão dos flebotomíneos,

tais como: extensas áreas sem vegetação densa, acidentes geográficos (serras, rios) e também as

condições que propiciem a presença do vetor e reservatórios: presença de vegetação até uma

distância de 300m a partir da residência, local de trabalho ou lazer, encostas de morros, locais

úmidos e sombreados, presença de bananeiras. Verificar no peridomicílio a presença de animais

domésticos e sinantrópicos (roedores domésticos), quintais com acúmulo de matéria orgânica em

decomposição e áreas de ocupação recente (inferior a 10 anos).

2.2. Delimitação da área de foco:

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No mapa do município, pontuar a distribuição dos casos de acordo com o LPI, por

localidade e por rua. Levar em conta as características epidemiológicas, geográficas e ambientais de

localidades vizinhas e municípios contíguos.

Após a conclusão destas etapas a VE-SMS solicitará à GESA a realização da VEnto.

Caberá à DIVE avaliar a necessidade de realização de pesquisa entomológica na área.

Métodos para a realização da Vigilância Entomológica:

2.2.1. Pesquisa entomológica em foco:

Tem como objetivo verificar a presença e identificar as possíveis espécies de flebotomíneos

vetores em áreas novas de transmissão de LTA e com isso, auxiliar na definição da autoctonia e da

ocorrência de transmissão no ambiente domiciliar.

Será realizada nos municípios com o registro da ocorrência do primeiro de caso humano,

classificado a partir da identificação do LPI (local provável de infecção), no período mais favorável

para a presença do vetor (outubro a abril).

Em caso de ocorrência de surto, as coletas de vetores serão planejadas de acordo com

cada situação.

2.2.2. Monitoramento

Tem como objetivos: conhecer a fauna flebotomínica, estabelecer curvas de sazonalidade

para as espécies de importância médico-sanitária, monitorar as alterações de comportamento das

principais espécies em relação a seus ecótopos naturais, identificar a fauna flebotomínica no

ambiente antrópico e avaliar intervenções no meio (aplicação de inseticida, manejo ambiental).

Após a realização da investigação entomológica o monitoramento será implantado com a

realização de coletas mensais durante um período mínimo de dois anos, em município selecionado

dentro da área segundo a sua cobertura vegetal natural predominante.

A investigação entomológica será definida pela DIVE e GESA conforme o caso.

2.3. Conceito de foco de LTA:

Uma vez confirmada a transmissão local, a área delimitada passa a constituir um foco de

Leishmaniose, assim conceituado:

Foco de Leishmaniose Tegumentar Americana é toda localidade na qual existem

os fatores necessários à sua transmissão, isto é, relacionamento de população humana

local com flebotomíneos transmissores, e onde tenha sido detectado um ou mais casos

autóctones.

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3. Vigilância dos vertebrados

3.1. Reservatórios Silvestres:

Não são recomendadas ações objetivando o controle de animais silvestres, entretanto e

importante a realização de estudos de modo a ampliar o conhecimento a este respeito.

3.2. Animais Domésticos:

3.3. O principal reservatório doméstico da LTA é o cão.

Não são recomendadas ações objetivando o controle de animais domésticos para a LTA.

O tratamento de animais doentes não é uma medida recomendada pelo MS para o controle

da LTA, pois poderá conduzir ao risco de selecionar parasitos resistentes às drogas utilizadas para o

tratamento dos casos humanos.

Os animais com lesão deverão ser mantidos em locais limpos e afastados das habitações

humanas, se possível.

A eutanásia será indicada somente quando os animais doentes evoluírem para o

agravamento das lesões cutâneas, com surgimento infecções secundárias que poderão conduzir o

animal ao sofrimento.

4. Medidas de controle

A grande diversidade e a constante mudança dos padrões epidemiológicos de transmissão

da LTA, devido à diversidade de vetores, reservatórios e agentes, associadas à ação do homem

sobre o meio ambiente, dificultam as ações de controle da doença. As estratégias de controle devem

ser flexíveis e adaptadas a cada região ou foco, pois na realidade sua aplicação tem caráter restrito

para cada local.

Vale destacar que as ações voltadas para o diagnóst ico e tratamento precoce dos

casos e atividades educativas devem ser priorizada s, em todas as situações.

O Diagnóstico precoce consiste no encaminhamento do paciente conforme definição de

caso suspeito (pg.7).

Os casos confirmados serão tratados conforme critérios determinados pelo Ministério da

Saúde.

4.1. Controle químico

O surgimento de um único caso de LTA numa localidade, mesmo com evidência de

transmissão domiciliar, não orienta para o controle químico, e sim para o acompanhamento do ponto

de vista do aparecimento de novos casos. Medidas de controle relacionadas ao meio-ambiente e

individuais são recomendadas e dependerão das características epidemiológicas e entomológicas de

cada localidade.

Os flebotomíneos, vetores de LTA, ainda têm estreita relação com a presença de

vegetação, isto é, são silvestres, por isso o controle químico não se aplica na maioria dos casos.

4.2. Medidas preventivas:

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4.2.1. No âmbito individual:

o Evitar a exposição nos horários de atividades dos flebotomíneos (crepúsculo e noite);

o Uso de repelentes, camisa de manga comprida e calça quando exposto a ambientes

onde os vetores habitualmente possam ser encontrados;

o Uso de mosquiteiros de malha fina (tamanho 1.2mm a 1.5mm e denier 40 a 100),

bem como telas em portas e janelas.

4.2.2. No âmbito coletivo:

o Manter limpos quintais e terrenos a fim de evitar as condições que propiciem o

estabelecimento de criadouros das larvas do vetor;

o Podar árvores para diminuir o sombreamento do solo e evitar as condições favoráveis

ao desenvolvimento das larvas, que são a umidade e temperatura ambiente;

o Dar destino adequado ao lixo orgânico, a fim de evitar a aproximação de animais

sinantrópicos (gambás, roedores) infectados;

o Manter animais domésticos distantes (200 metros) do domicílio de modo a reduzir a

atração do flebotomíneo para o domicílio;

o Limpar periodicamente os abrigos de animais domésticos.

Medidas educativas: A capacitação técnica das equipes de saúde é fundamental para que

as mesmas possam desenvolver atividades de educação em saúde junto à população, no que se

refere ao conhecimento sobre a doença e sobre as medidas profiláticas.

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III - FLUXO PARA ATENDIMENTO DE CASOS DE LEISHMANIO SE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA), EM MUNICÍPIOS COM PROGRAMA DE

CONTROLE

Caso suspeito de Leishmaniose*

Unidade de Saúde (US)

-Notifica à Vigilância Epidemiológica do Município (VE-SMS); - Preenche o Cadastro Individual de Notificação (CIN);

LACEN - Realiza o diagnóstico parasitológico e emite o resultado para a US solicitante, com cópia para a VE – SMS - Encaminha lâmina e/ou outros materiais para diagnóstico mais complexo aos laboratórios de referência.

IRM Positiva

Unidade de Saúde (US) -coleta amostra para exame parasitológico e histológico; -encaminha material para o LACEN Fpolis

Diagnóstico Positivo Diagnóstico Negativo

US - Define o diagnóstico; - Trata e acompanha o caso, conforme normas; - Preenche cartão de tratamento; - Informa o encerramento do caso à VE – SMS no prazo de 180 dias.

VE – SMS

- Investiga o caso;

- **Digita a ficha no SINAN e faz a transferência dos dados ;

- Encerra o caso no SINAN, até 180 dias após a notificação.

US - Investiga outros diagnósticos.

VE – SMS - Descarta o caso** - Informa à GESA

* Vide definição de caso suspeito (pg. 7).

** Somente os casos confirmados de LTA são digitados no SINAN.

IRM negativa

US - Investiga outros diagnósticos.

VE – SMS - Descarta o caso** - Informa à GESA

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IV - FLUXO PARA ATENDIMENTO DE CASOS DE LEISHMANI OSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA), EM MUNICÍPIOS SEM PROGRAMA DE CONTROLE

Caso suspeito de

Leishmaniose*

Unidade de Saúde (US) -Notifica à Vigilância Epidemiológica do Município (VE-SMS) -Preenche o Cadastro Individual de Notificação (CIN) -Agenda Consulta no Ambulatório de Referência -Encaminha paciente ao Ambulatório de Referência com o CIN preenchido e o Cartão SUS

AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA

- Aplica INTRADERMORREAÇÃO DE MONTENEGRO (IRM) - Colhe material para diagnóstico e envia ao LACEN – Florianópolis

LACEN – FLORIANÓPOLIS

- Realiza o diagnóstico parasitológico e emite o resultado para o AMB. de referência com cópia para a US e VE – SMS de procedência do paciente.

- Encaminha, aos laboratórios de referência, lâmina e/ou outros materiais para diagnóstico mais complexo.

AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA

- Define o diagnóstico

Diagnóstico Positivo Diagnóstico Negativo - Preenche cartão de contra-

referência e encaminha à US – SMS de origem para investigar

outro diagnóstico. AMB. de Referência

- Trata e acompanha o caso; - Preenche a FI (dados de identificação, endereço, dados laboratoriais) e encaminha à US-SMS de residência do paciente; - Preenche cartão de tratamento e contra-referência; - Acompanha a evolução do caso; - Informa o encerramento do caso à VE – SMS de origem, no período oportuno.

VE - SMS - Investiga o caso completa a FI – LTA e digita no SINAN;** - Encerra o caso no SINAN no prazo máximo de 180 dias após notificação.

* Vide definição de caso suspeito.

** Somente os casos confirmados de LTA são digitados no SINAN

US-SMS -Investiga outros diagnósticos; -Informa VE-SMS o descarte

do caso

US - SMS - Realiza o tratamento, conforme prescrição. - Acompanha a evolução do caso; - Providencia os retornos do paciente ao ambulatório de Referência; - Confirma o caso à VE –SMS; -Informa à VE –SMS o encerramento do caso.

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V - Fluxo para Encaminhamento das Amostras – Leishma niose

Laboratório da Rede emite resultadodo exame parasitológico em 2 vias(1ª para unidade solicitante e a 2ª

para Gerência de Saúde)

LACEN-Fpolis emite resultadoem 2 vias (1ª para

unidade solicitante e a 2ªpara Gerencia de Saúde)

Fiocruz realiza os exameshistopatológicos e encaminha

os resultados ao LACEN-Fpolis

LACEN-Fpolis emite resultadoem 2 vias (1ª para

unidade solicitante e a 2ªpara Gerencia de Saúde)

UFSC realiza o PCR e/ou Culturae encaminha os resultados

ao LACEN-Fpolis

LACEN-Fpolis encaminhaos exames mais complexos para

os laboratórios de referência**

Laboratório da Rede realizaexame parasitológico e encaminhapara o LACEN-Fpolis as amostras

para os diagnósticos mais complexos*

Unidade de Saúde encaminhamaterial para Laboratório da Redede Diagnóstico de Leishmaniose

(LACEN ou Lab. Municipal) mais próximo

LACEN - Joaçaba

LACEN - Blumenau

LACEN - Chapecó

LACEN - Criciúma

LACEN - Joinville

Lab. Municipal de Piçarras

Lab. Municipal de Baln. Camboriú

Lab. Microrregional de Itajaí

LACEN - FPOLIS

Rede de Diagnósticode Leishmaniose

*PCR, Histopatológico e Cultura ** UFSC e FIOCRUZ

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VI - Critérios para Encaminhamento de Pacientes às Unidades de Referência (LTA)

1. Pacientes portadores de cardiopatias, hepatopatias, nefropatias, gestantes e

mulheres que estejam amamentando;

2. Pacientes que não estejam respondendo ao tratamento com Antimoniato de

Meglumina, respeitando-se as doses indicadas e o tempo de avaliação preconizado;

3. Pacientes que necessitem interromper o tratamento por apresentarem

reações adversas ao medicamento específico;

4. Casos que apresentem recidiva da doença conforme definição do Manual de

Controle de LTA/ MS;

5. Os pacientes que apresentem coinfecção por HIV e os que necessitem

internação hospitalar deverão ser encaminhados para o Hospital Nereu Ramos/

Florianópolis, após contato prévio com o hospital.

Nota:

* Ambulatório da Univali atende casos referenciados pelos municípios da Gerência

de Saúde de Itajaí.

* O Hospital Nereu Ramos atende os municípios das demais Gerências de Saúde.

* A SMS de Jaraguá do Sul atende os casos referenciados pelos municípios da

Gerência de Saúde de Jaraguá do Sul.

* A SMS de Blumenau atende os casos referenciados pelos municípios da

Gerência de Saúde de Blumenau.

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VII – Anexos

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Anexo I – Ficha de Notificação

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Anexo II – Ficha de Investigação

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Anexo III – Cartão de Tratamento Antimonial

Registro:

Nome:____________________________

Início: _____/______/_______

Dose:______ Via :______ Duração:__________

data Local injetado Rubrica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Queixas / efeitos adversos/ intercorrências

data

1. mialgia; 2. artralgia; 3. rigidez muscular; 4. astenia; 5. hiporexia; 6. náusea; 7. vômito; 8. dor

abdominal; 9. palpitações; 10. tontura; 11. febre; 12. cefaléia; 13. dor local; 13. prurido local; 14. rash;

15. herpes zoster; 16. alteração laboratorial (especificar); 17. Alteração eletrocardiográfica (especificar); 18. suspensão da medicação; 19.

outras (especificar)

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Anexo IV – Ficha de contra-referência de LTA

FICHA DE CONTRA-REFERÊNCIA – LTA

Unidade: Data do atendimento: _____/_____/______

Nome do paciente:

IDRM:

[ ] Positivo [ ] Negativo [ ] Não realizado [ ] Ignorado

Parasitológico:

[ ] Positivo [ ] Negativo [ ] Não realizado [ ] Ignorado

Exames realizados

PCR:

[ ] Positivo [ ] Negativo [ ] Não realizado [ ] Ignorado

Histopatologia:

[ ] Encontrado parasita [ ] Compatível [ ] Incompatível [ ] Não realizado [ ] Ignorado

Caso confirmado: [ ] Sim [ ] Não

Tipo de entrada: [ ] Caso novo [ ] Recidiva [ ] Ignorado

Forma clínica: [ ] Cutânea [ ] Mucosa

Data do inicio do tratamento: __ _/__ _ __/______

Droga inicial administrada: Glucantime

[ ] 10 a 20 mg / kg / dia / 20d [ ] < 10 mg / kg / dia [ ] > 20 mg / kg / dia

Outra: ___________________________________

Local provável de infecção:

Situação do paciente: [ ] Curado [ ] Não Curado

Data do último atendimento: / / Obs.:

___________________, ___/___/___ Assinatura e carimbo do médico:

__________________

Esta ficha contém informações necessárias ao acompanhamento do caso de LTA

pela unidade de origem do paciente e inclusão de dados no SINAN.

1) Deverá ser preenchida pelo serviço de referência por ocasião do diagnóstico e da alta

clínica do doente ou quando o médico responsável pela condução do caso achar conveniente.

2) Deverá ser encaminhada para a Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de

Saúde do paciente.

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Anexo V – Ficha clínica para acompanhamento de paciente com LTA

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Anexo VI – Relação de Abreviaturas

o AMB – Ambulatório de Referência

o CIN – Cadastro Individual de Notificação

o DIVE – Diretoria de Vigilância Epidemiológica

o DVRH – Divisão de Vetores, Reservatórios, Hospedeiros e Outros

o FI – Ficha de Investigação Epidemiológica

o FIOCRUZ – Fundação Instituto Osvaldo Cruz

o GERSA – Gerência de Saúde

o GEZOO – Gerência de Controle de Zoonoses

o IRM – Intradermo Reação de Montenegro

o LACEN – Laboratório Central de Saúde Pública

o LPI – Local provável de infecção

o LTA – Leishmaniose Tegumentar Americana

o SINAN – Sistema Nacional de Agravos de Notificação

o SMS – Secretaria Municipal de Saúde

o VE – Vigilância Epidemiológica

o VEnto - Vigilância Entomológica

o VE-SMS – Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde

o UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

o UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

o US – Unidade de Saúde

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Equipe Técnica

Elaboração

Maria Ernestina Makowiecky

Diretoria de Vigilância Epidemiológica / Secretaria de Estado da Saúde / SC

Marise da Silva Mattos

Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas / Fundação Instituto Osvaldo Cruz /

MS

Sílvia Helena Tormem

Diretoria de Vigilância Epidemiológica / Secretaria de Estado da Saúde / SC

Colaboração

Ana Nilce Elkhoury

Secretaria de Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde

Fernanda Lautert Paiva da Silva

Laboratório Central de Saúde Pública / Secretaria de Estado da Saúde / SC

Udson Piazza

Diretoria de Vigilância Epidemiológica / Secretaria de Estado da Saúde / SC

Vera Lúcia Fonseca de Camargo Neves

Secretaria de Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde

Apoio Administrativo

Alexandre José de Souza

Diretoria de Vigilância Epidemiológica / Secretaria de Estado da Saúde / SC

Franthesco Bertote Guarda

Diretoria de Vigilância Epidemiológica / Secretaria de Estado da Saúde / SC

Juliana Chedid Nogared Rossi

Diretoria de Vigilância Epidemiológica / Secretaria de Estado da Saúde / SC