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VII Simpósio Acadêmico de Violão da EMBAP – Curitiba, 2013 250 Leitura à primeira vista na perspectiva de violonistas especialistas Ricardo Arôxa - Universidade Federal da Bahia [email protected] Resumo: Dentre diversas questões de aprendizado encontradas na formação violonística, a falta de aptidão na leitura à primeira vista parece ser uma das mais paradigmáticas. No entanto, conhecemos casos de violonistas que possuem esta habilidade em nível de expertise tais como Eduardo Fernández, Fábio Zanon, Nícolas de Souza Barros, Mario Ulloa, Eduardo Meirinhos, Paulo Porto Alegre e Caroline Delume. Pretendemos com esse trabalho proporcionar o diálogo entre esses especialistas e a literatura científica da área a respeito da importância dessa habilidade na formação estudante de violão. Palavras-chave: leitura à primeira vista; violão; especialistas. Abstract: Among many issues on the classical guitar learning process, the lack of ability on sight reading seems to be one of the most crucial. Nonetheless, we know some classical guitarists whom has an expertise on that matter such as Eduardo Fernández, Fábio Zanon, Nícolas de Souza Barros, Mario Ulloa, Eduardo Meirinhos, Paulo Porto Alegre e Caroline Delume. We intend with this current paper initiate a discussion among classical guitarists who masters sight-reading and the scientific literature about that skill and its importance to classical guitar students. Keywords: sight-reading; classical guitar; experts. 1. Introdução O ensino de instrumento está imerso em um sem número de questões oriundas da influência significativa de um modelo no qual a figura do professor é considerada o acúmulo de conhecimento para a qualidade da aprendizagem. Sob o viés da relação comum entre “mestre” e “discípulo” percebemos a transmissão vertical de conhecimento de ambos os lados na qual o conhecimento empírico do professor de instrumento parece ser também autenticado por sua trajetória artística. Se por um lado podemos observar relevantes pesquisas que advogam por um modelo de ensino centrado no aluno em seu processo de autonomização, outras argumentam que o influente e criticado modelo tradicional, apesar disso, consegue ser o principal meio para a formação do instrumentista em nível de expertise musical. A aprendizagem do violão clássico se mostra claramente vinculado a exemplos de violonistas de carreira seja como modelos de técnica, sonoridade, expressão musical ou outras competências da performance em alto desempenho. Embora entendamos que o conhecimento musical empírico materializado nas performances ou na trajetória artística destes violonistas sejam fatores motivacionais relevantes para o aluno, percebemos que o ensino do violão sofre com paradigmas que conduzem a um aprendizado enfaticamente solístico e cinestesicamente memorizado do repertório. Nesse sentido, a falta de aptidão na leitura à primeira vista dificulta a inserção desse aluno em um mercado de trabalho que demanda uma interação frequente entre músicos, tal como sugerem as carreiras e concepções dos violonistas em questão.

Leitura a Primeira Vista Na Perspectiva de Violonistas Especialistas

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Leitura a Primeira Vista Na Perspectiva de Violonistas Especialistas

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  • VII Simpsio Acadmico de Violo da EMBAP Curitiba, 2013

    250

    Leitura primeira vista na perspectiva de violonistas especialistas

    Ricardo Arxa - Universidade Federal da Bahia

    [email protected]

    Resumo: Dentre diversas questes de aprendizado encontradas na formao violonstica, a falta de aptido na leitura primeira vista parece ser uma das mais paradigmticas. No entanto, conhecemos casos de violonistas que possuem esta habilidade em nvel de expertise tais como Eduardo Fernndez, Fbio Zanon, Ncolas de Souza Barros, Mario Ulloa, Eduardo Meirinhos, Paulo Porto Alegre e Caroline Delume. Pretendemos com esse trabalho proporcionar o dilogo entre esses especialistas e a literatura cientfica da rea a respeito da importncia dessa habilidade na formao estudante de violo. Palavras-chave: leitura primeira vista; violo; especialistas. Abstract: Among many issues on the classical guitar learning process, the lack of ability on sight reading seems to be one of the most crucial. Nonetheless, we know some classical guitarists whom has an expertise on that matter such as Eduardo Fernndez, Fbio Zanon, Ncolas de Souza Barros, Mario Ulloa, Eduardo Meirinhos, Paulo Porto Alegre e Caroline Delume. We intend with this current paper initiate a discussion among classical guitarists who masters sight-reading and the scientific literature about that skill and its importance to classical guitar students. Keywords: sight-reading; classical guitar; experts.

    1. Introduo

    O ensino de instrumento est imerso em um sem nmero de questes oriundas da

    influncia significativa de um modelo no qual a figura do professor considerada o acmulo

    de conhecimento para a qualidade da aprendizagem. Sob o vis da relao comum entre

    mestre e discpulo percebemos a transmisso vertical de conhecimento de ambos os

    lados na qual o conhecimento emprico do professor de instrumento parece ser tambm

    autenticado por sua trajetria artstica.

    Se por um lado podemos observar relevantes pesquisas que advogam por um

    modelo de ensino centrado no aluno em seu processo de autonomizao, outras

    argumentam que o influente e criticado modelo tradicional, apesar disso, consegue ser o

    principal meio para a formao do instrumentista em nvel de expertise musical.

    A aprendizagem do violo clssico se mostra claramente vinculado a exemplos de

    violonistas de carreira seja como modelos de tcnica, sonoridade, expresso musical ou

    outras competncias da performance em alto desempenho. Embora entendamos que o

    conhecimento musical emprico materializado nas performances ou na trajetria artstica

    destes violonistas sejam fatores motivacionais relevantes para o aluno, percebemos que o

    ensino do violo sofre com paradigmas que conduzem a um aprendizado enfaticamente

    solstico e cinestesicamente memorizado do repertrio. Nesse sentido, a falta de aptido na

    leitura primeira vista dificulta a insero desse aluno em um mercado de trabalho que

    demanda uma interao frequente entre msicos, tal como sugerem as carreiras e

    concepes dos violonistas em questo.

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    O presente trabalho um recorte de pesquisa de mestrado em Educao Musical

    sobre a leitura primeira vista no violo (ARXA, 2013) e tem como objetivo fazer uma

    discusso essencialmente emprica entre o que especialistas em leitura primeira vista

    entendem sobre questes da formao instrumental no desenvolvimento desta habilidade e

    como pensado o assunto a partir da literatura cientfica da rea. Para tanto, salientamos

    que todas as tradues so de nossa autoria.

    2. Fundamentao terica

    O ensino de instrumento tem sido observado e questionado de diversas formas que

    convergem no objetivo de otimizar o aprendizado do aluno. Com isso, um conceito discutido

    com frequncia e relacionado a muitas atividades humanas o da prtica deliberada.

    Segundo Ericsson, Krampe e Tesch-Rmer (1993: 368) se conceitua como atividades

    especialmente designadas para aperfeioar nveis de performance. O conhecimento e

    planejamento dessas atividades implica na percepo das variveis e seleo de quais

    atividades e estratgias proporcionam a otimizao do aprendizado. Essa ideia prxima do

    que se conhece como metacognio (FLAVELL, 1979), que Nisbet e Shucksmith (1986)

    resumem em aprender a aprender.

    Esses dois conceitos gerais esto associados figura de um praticante reflexivo

    (SCHON, 2000), que autorregula suas aes (NIELSEN, 2001). Em outras palavras, um

    estudante ativo em sua aprendizagem, significativamente diferente do que se percebe no

    modelo tradicional outrora mencionado. Outro pilar da educao instrumental

    contempornea a ateno ao estado motivacional do aluno (NIELSEN, 1999), que

    acreditamos ser um fator relevante para atingir em performance em nvel de expertise

    (HALLAM, 2002)

    A aprendizagem da leitura musical e a habilidade da leitura primeira vista podem

    ser observadas com valores antagnicos entre a Educao Musical e Pedagogia do

    Instrumento, a depender do ponto de vista. Na tica de autores que criticam negativamente

    a forma como se d o ensino de msica no modelo tradicional, a leitura musical se configura

    como cdigo abstrato que se esgota em si mesma (PENNA, 1995: 105). Por outros

    autores, dicotomicamente, podemos perceber a habilidade da leitura primeira vista como

    subsdio independncia do aluno enquanto msico (GREGORY, 1972). Nesse sentido,

    concordamos com o segundo autor.

    O conceito de leitura primeira vista tem sido utilizado de diversas formas, como

    tocar a prima vista (GABRIELSSON, 2003: 243), ou na viso de um regente poderia ser a

    atividade de ler silenciosamente atravs da partitura, enquanto imagina ou executa os

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    movimentos apropriados da regncia (LEHMANN; MCARTHUR, 2002: 135). Todavia

    entendemos a leitura primeira vista como:

    [...] a habilidade que proporciona uma execuo musical com o mnimo de ensaio possvel (seja gestual ou mental), com vistas a se aproximar do cuidado expressivo e tcnico de uma performance ensaiada ao mximo possvel (ARXA, 2013: 33)

    3. Materiais e mtodo

    A pesquisa que originou este trabalho utilizou o dilogo entre o referencial

    bibliogrfico-documental e a fonte de conhecimento emprica de violonistas de carreira

    consolidada que tambm so reconhecidos no meio pela proeminente aptido na leitura

    primeira vista. Estes violonistas foram consultados atravs de entrevistas semiestruturas

    presenciais ou por email.

    Para a discusso que se segue sero utilizados trechos das entrevistas de: Eduardo

    Fernndez, uruguaio, membro da Universidad de la Repblica em Montevideo; Fbio Zanon,

    brasileiro, professor visitante da Royal Academy of Music em Londres; Ncolas de Souza

    Barros, brasileiro, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; Mario

    Ulloa, costarriquenho radicado no Brasil, professor da Universidade Federal da Bahia;

    Eduardo Meirinhos, brasileiro, professor da Universidade Federal de Gois; Paulo Porto

    Alegre, brasileiro, professor da Escola de Msica do Estado de So Paulo; e Caroline

    Delume, francesa, professora do Conservatoire National Suprieur de Musique et Dance de

    Paris, com citao explcita de seus nomes1.

    Para organizar o discurso e evitar o excesso de meno ao mesmo trabalho

    (ARXA, 2013), os nomes e sobrenomes dos violonistas mencionados sero usados nas

    citaes com recuo de pargrafo e, apenas os sobrenomes, nas citaes dentro dos demais

    pargrafos.

    Desta forma, resultados essencialmente empricos da pesquisa sero aqui expostos

    em tpicos categorizados atravs da anlise dos testemunhos. Concomitantemente

    pontuaremos ideias de autores cientficos sobre o assunto.

    4. Discusso

    Os violonistas entrevistados foram selecionados pela aptido na habilidade em

    questo, no obstante serem reconhecidos, principalmente, por suas carreiras artstica e

    docente. Aqui contribuiro com suas concepes sobre a formao do violonista e a

    importncia da leitura primeira vista nesse processo.

    1 Os entrevistados concordaram com a utilizao explcita de seus nomes.

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    Para dividir a reflexo, categorizamos os seguintes tpicos: o problema da formao;

    metodologia do estudo do violo; o violonista e o msico; o violonista e outros

    instrumentistas; compromisso com a formao; e importncia da leitura.

    4.1 O problema da formao

    Diversas lacunas de ensino durante a formao do violonista foram relatadas pelos

    entrevistados, desde as etapas iniciais dos estudos ao instrumento at o curso superior de

    msica. Neste tpico conheceremos algumas dessas lacunas.

    Ao se levar em conta a heterogeneidade com que se do os estudos de violonistas

    antes de ingressar num curso formal, um primeiro aspecto que observamos foi de ordem

    organizacional do contedo na formao: como e o que priorizar? Tcnica? Sonoridade?

    Repertrio? Com isso, a leitura primeira vista no percebida como mais importante,

    como nos demonstra o comentrio de Zanon:

    Hoje em dia voc tem aquele negcio: o sujeito estuda na escola, ento a aula comea s duas e termina s trs. E muitas vezes no d para atender a todas as necessidades, ento, claro, o professor tem que priorizar. E muitas vezes tm coisas que ficam para trs. Leitura uma delas [...]. Eu acho que isso um pouco falta de encontrar o espao para aquilo dentro da rotina de aula (Fbio Zanon).

    Ulloa sugere que contedos e competncias poderiam ser mais equilibradamente

    trabalhos se o aluno, ingresso no curso superior, tivesse contato com o estudo de msica

    mais cedo, ele enfatiza:

    Quanto mais cedo se inicia, mais chance voc tem de se desenvolver naturalmente no instrumento, no ouvido [...]. Porque tem repertrio para manter, problema de leitura, de cultura musical. diferente quando voc vem de uma adolescncia, uma infncia em contato com a leitura. Ento isso facilitaria a ocasio (Mario Ulloa).

    Acreditamos que a iniciao musical formal do violonista se d tardia pela maior

    proximidade do violo com a aprendizagem aural do gnero de msica popular e

    concordamos com Elmer (2009) quando conclui que nesse contexto a leitura acaba por no

    se tornar uma parte importante nesse estudo.

    Outro problema identificado na formao do violonista a forma como selecionado

    o repertrio. Zanon contribui com sua reflexo sobre isso:

    O que acontece que voc tem um grande buraco no ensino do violo, que quando o sujeito que deixa de ser iniciante, [...] e de repente voc v o sujeito tocando Preldios de Villa-Lobos, La Catedral, enfim, aqueles grandes hits do repertrio de violo que todo mundo quer tocar para mostrar para os amigos, no . Esse o buraco do meio que acaba

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    criando o grande problema de formao e de leitura entre eles (Fbio Zanon).

    Essa fala de Zanon remete a de outro professor, entrevistado por Tourinho (2001:

    175), dizendo que havia um aluno que tocava de cor um grande nmero de obras mais difcil

    do que seu nvel tcnico que no possibilitara associao correta entre a msica escrita e a

    performance. No nosso trabalho, Meirinhos sugere que uma questo comportamental do

    violonista jovem. Porto Alegre compara e analisa as necessidades de leitura entre msicos

    de orquestra e o violonista:

    Eu acho que uma coisa de comportamento agregado. Por exemplo, um dos fatos, violonista geralmente toca de cor. No toca lendo. [...]. Ento o violonista vai passando por cima das coisas, vai decorando, vai engramatizando, vai colocando na memria cinestsica, nos dedos, na memria muscular, aquelas informaes, o mais rpido que for possvel, para poder curtir, viver a fruio musical [...]. A partitura um meio efmero na mo desse violonista. O que no deveria ser (Eduardo Meirinhos).

    O fato do violonista no precisar (ser que no precisa mesmo?) do trabalho de leitura primeira vista dirio, como um msico de orquestra, faz com que a leitura repetida da msica (ou seja, j no mais primeira vista) sirva apenas para decorar a musica. E como o intrprete avaliado pela sua performance, est tudo bem (ningum sabe da dificuldade que ele teve para ler aquela musica) (Paulo Porto Alegre).

    O problema de memorizar se dramatiza quando percebemos que a meta de

    aprendizado passa a se resumir na execuo motora da pea e no nos artifcios

    expressivos da msica. Delume traz uma viso mais ligada psicologia cognitiva dentro da

    formao:

    Os violonistas no tem um ouvido interno suficientemente desenvolvido para a leitura de partituras. Eles muitas vezes leem como se a partitura fosse um cdigo de gestos e no uma notao de intervalos e de harmonia para se ouvir diretamente (sem tocar) (Caroline Delume).

    4.2 Metodologia do estudo do violo

    Foi perguntado aos entrevistados que aspectos consideram importantes para algum

    se tornar um bom violonista. Fernndez comentou que alm de facilidade tcnica, faz-se

    necessrio uma boa metodologia no estudo. Nesse sentido, outros violonistas comentam e

    apontam faculdades que devem fazer parte desse processo de ensino e aprendizagem:

    Foco mental o mais importante de todos [...]. Vontade. Uma mente organizada, [com] clareza, porque s vezes a pessoa pode ter foco e vontade, e no organizar to facilmente [as ideias]. Ento voc v que pessoas que naturalmente sabem organizar as coisas, dividir, compartimentalizar ateno, tempo, como estudar a pea (...). [Alm disso] deve-se praticar o elemento com coisas simples. Obviamente, se voc

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    nunca estuda uma coisa, como voc vai ficar bom naquela coisa. De forma que necessria uma metodologia de prtica disso (Nicolas de Souza Barros).

    Existem vrios talentos, o talento muscular que pode se desenvolver, e (...), mas tem um que eu acho fantstico, que a focalizao, a concentrao [...]. Se voc pudesse desenvolver o foco, pelo menos durante um bom tempo da vida [...] ter se dedicado a um estudo mais srio do instrumento. Concentrado, porque so muitos os aspectos que a pessoa tem que trabalhar, no . Todos os aspectos que envolvem a tcnica, sonoridade, escalas, ligados, limpeza. Todas essas habilidades e incorporar todos os parmetros levam muito tempo. Tocar as alturas e as duraes das notas apenas um passo, mas tem muitas outras coisas super complexas: vibratos, articulaes, dinmicas, aggicas, acelerandos, crescendos. Todo esse universo, na msica, para voc ter controle disso no instrumento, leva muito tempo (Mario Ulloa).

    Percebemos que saber administrar o tempo na conduo dos contedos formativos

    do violo est alm da vontade ou talento do aluno. Klickstein (2009: 6) sugere a diviso do

    estudo em cinco zonas prticas: material novo; material em desenvolvimento; prtica de

    performance de um material j trabalhado; tcnica do instrumento; e musicalidade. No

    quesito musicalidade o autor inclui o estudo da leitura primeira vista. Alm das

    competncias necessrias ao aluno, tais como foco, vontade e organizao do tempo, o

    professor precisa estar consonante com uma concepo de ensino customizado s

    necessidades do aluno, como Meirinhos advoga:

    Existem certas facilidades e dificuldades inerentes de cada indivduo. E o estudo do instrumento, ele tem que ser personalizado [...], individual, o que a universidade brasileira tem uma dificuldade muito grande em entender. Todo o trabalho didtico [...] desse aluno tem que ser feito em cima de suas facilidades e dificuldades especficas [...] (Eduardo Meirinhos).

    4.3 O violonista e o msico

    Os entrevistados nos demonstram que a formao do instrumentista deve

    ultrapassar o aspecto do desenvolvimento meramente tcnico e prol do intelectual, esttico

    e cultural. Porto Alegre sugere que haja problemas apenas tcnicos, mas tambm na

    formao intelectual do violonista. Curiosamente, trs dos entrevistados demonstraram

    perceber limites entre a nfase na formao tcnica e motora e a formao que agrega

    valores de outras disciplinas, como se percebe em:

    [Buscar repertrio acima do nvel tcnico] acaba gerando um problema srio de leitura tambm, no s um problema obviamente de formao, no [...]. Ou seja, voc aprende uma msica nova, no quer dizer que voc se torna melhor violonista, nem melhor msico, e nem melhora tua leitura [risos] (Fbio Zanon).

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    [...] eu sempre tive uma tica do violo como um instrumento [meio], e no como um fim. Sempre me considero um msico que toca violo, mas no um violonista no sentido estrito [...]. Acho que um violonista no deve ficar s no violo, tem que ter uma cultura musical ampla e uma cultura geral ampla tambm (Eduardo Fernndez).

    Na mesma direo, Meirinhos discorre sobre as competncias que podem encerrar a

    dicotomia:

    Bom, voc perguntou o que fazer para ser um bom violonista. Voc no perguntou um bom msico! Porque s vezes um bom violonista, nem sempre um bom msico, e s vezes um bom msico, nem sempre um bom violonista [...]. Ento, para a formao de um bom violonista, o primeiro passo um trabalho diligente, organizado, disciplinado, em cima das facilidades e dificuldades especficas daquele indivduo [...]. Chega um ponto que comea a se confundir o que ser um bom violonista e o que ser um bom msico. Em certo momento o bom violonista vai ter que ser um bom msico, porque ele vai ter que comunicar sua arte de alguma maneira. Ento, se aquele violonista, ele tem certa facilidade, em um trabalho em cima de inflexo, inflexes de frase musical, inflexes em cima de entendimento estilstico, em termos de contextualizao interpretativa daquela obra, daquela pea, no seu contexto histrico. Tudo isso passa a ser a formao do msico (Eduardo Meirinhos).

    Percebemos atravs dos especialistas que, no caso de estudantes de violo, h

    apreo pela facilidade tcnico-motora do que pelo objetivo musical expressivo da

    performance. Essa uma das caractersticas predominantes da formao tecnicista legado

    do modelo tradicional de ensino (JARDIM, 2002).

    4.4 O violonista e outros instrumentistas

    A prtica de msica de cmara na formao do instrumentista, tanto tem sido

    utilizada com fins didticos quanto profissionais e, principalmente na segunda, permite a

    interao e socializao entre msicos de vrios instrumentos.

    No caso do violonista, percebemos que a nfase no repertrio solista o torna pouco

    frequentador de performances em grupo. Reciprocamente como causa e consequncia essa

    lacuna provoca dficits na habilidade de leitura primeira vista e resoluo de problemas na

    preparao tambm da performance solista. Na prtica, a maioria dos estudantes se sentem

    inseguros na preparao de performance em grupo. Nesse sentido, concordamos com

    Gaylen (2005: 57) quando diz que a habilidade da leitura primeira vista pode ser

    prejudicada se todo o tempo de estudo devoto performance ensaiada.

    Zanon argumenta sobre a falta de contato com a leitura desde cedo, como outros

    instrumentistas e sintetiza o problema em uma atitude comum do violonista:

    [A leitura] d subsdio para o estudante de msica ampliar sua cultura. Se voc tem uma leitura melhor, voc l mais! [risos] [...]. E principalmente para

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    melhorar a maneira como o violonista circula entre os outros msicos. Porque para o cara que est acostumado a tocar na orquestra infantil desde criana, a leitura nunca vai ser um trabalho para ele, agora para o violonista: - Ah , vamos tocar uma msica junto? Ah t, vou levar para casa, semana que vem a gente toca [risos] (Fbio Zanon).

    J Porto Alegre, alm de concordar com Zanon, traz esclarecimentos sobre os limites

    do instrumento e peculiaridades do repertrio camerstico para violo em comparao a

    outros instrumentos:

    A msica de cmara sempre ajuda [na leitura] e o repertrio bem grande, graas a Deus. Mas o violonista, com a j sua fatdica fama de no ser um bom leitor, passa a ser meio marginalizado no meio. Alie-se a isto ao pequeno volume do violo em relao aos outros instrumentos e a ausncia de grandes obras de grandes mestres do passado [...]. Os outros msicos esto acostumados com Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann, Brahms e outros, que s visitam o nosso repertrio por meio de transcries nem sempre felizes e sempre repudiadas pela comunidade musical. Ns temos Carulli, Giuliani, Matiegka, Mertz, Regondi. Sentiu o drama? Difcil [ver] o violonista manter grupos permanentes a no ser com outros violonistas, que sabem de todas as nossas dificuldades (de leitura, volume de som, repertrio, etc). A voc vai me perguntar ento porque no repertrio de cmara com violes no se desenvolve a leitura. Precisa perguntar, ou voc j deduziu que o problema antes individual agora se torna comunitrio? (Paulo Porto Alegre).

    Os argumentos acima denotam como a nfase exclusivamente solista, caracterstica

    do modelo tradicional, acarreta mais do que problemas de aprendizado, a marginalizao

    profissional do violonista perante outros instrumentistas o coloca em desvantagem no

    dinmico mercado de trabalho de msicos da atualidade. Em consonncia com isso,

    Fireman (2010: 64) observa que participantes de grupos musicais normalmente so

    melhores leitores.

    Os especialistas confirmam a ideia de Fireman (2010): alm de exmios solistas, a

    performance camerstica tem sido uma prtica frequente em suas carreiras.

    4.5 Compromisso com a formao

    Nossa fundamentao terica advoga pela busca da autonomia do aluno e a leitura

    primeira vista pode ser meio para tal (GREGORY, 1972). Todavia a transmisso vertical de

    conhecimento clara na passividade de alunos de violo que no buscam participar da

    escolha de seu repertrio e delega irreflexivamente a responsabilidade ao professor. Zanon

    acredita que deve existir nesse aluno a curiosidade pela msica, no s pelo violo.

    Depois de comentar sobre um episdio ocorrido com um colega, durante seus estudos na

    Inglaterra, o violonista alerta sobre a necessidade haver o compromisso do aluno com sua

    prpria formao:

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    Voc no precisa ser um gnio da leitura para ser maestro, voc precisa estudar. Voc, conhecendo a msica, para mim no interessa muito como que voc aprendeu [...]. Cara, a gente no pode ser picareta. Isso a me deu um banho de profissionalismo, se eu vou fazer alguma coisa eu no posso ser picareta. No pode, sabe, empurrar com a barriga [...]. No d para voc comprar um livro de violo e simplesmente ficar girando em torno daquelas peas [...]. Olha, eu acho que o principal voc ter curiosidade, quem no tem curiosidade no vai a lugar nenhum. O aluno que no tem curiosidade em conhecer msica nova, ele comeou mal [...]. O violo, que um instrumento predominantemente solista ou camerista, a tua formao no te permite viver numa feliz ignorncia (Fbio Zanon).

    Percebemos nos comentrios que essa curiosidade (Zanon); vontade (Souza

    Barros; Fernndez); compromisso com a msica (Meirinhos); e conscincia do

    aprendizado, a concentrao, o foco (Souza Barros; Ulloa) apontam para a figura do

    praticante reflexivo, segundo Schon (2000).

    4.6 Importncia da leitura

    Muitos acreditam que a falta de aptido na leitura primeira vista do violonista deve-

    se inteiramente a problemas de idiomatismo do instrumento e essa razo, independente do

    fundamento, parece ser suficiente para que no se busque o desenvolvimento da

    habilidade. Possivelmente isso acontece por no se ter certeza da importncia ou de como

    desenvolver a leitura na formao desse violonista. Na prtica dos violonistas podemos

    identificar vrios ngulos que demonstram os benefcios de uma leitura fluente e a

    necessidade de convencer o aluno dessa importncia.

    Ningum ainda me falou no meio violonstico, da importncia de se conhecer msica profundamente (pelo menos entre os intrpretes) e assim acabamos perdendo a possibilidade da leitura analtica do que se est estudando e no apenas mera leitura [...]. Acredito que seja possvel se desenvolver a leitura primeira vista. preciso tambm, antes de nada, muita vontade e perseverana. Precisamos convencer os violonistas da importncia da leitura (Paulo Porto Alegre).

    O comentrio de Porto Alegre pode indicar que o entendimento de leitura primeira

    vista para alguns violonistas (alunos ou no) prximo a uma decodificao mecnica,

    como ler em voz alta ou digitar de um documento (FINE; BERRY; ROSNER, 2006), porm,

    sua subjeo aponta para a conotao analtica da tarefa, que por sua vez est de acordo

    com Drake e Palmer (2000: 28) quando mencionam que a performance musical em uma

    tarefa de leitura primeira vista envolve a identificao de eventos musicais, concepo

    estrutural de suas relaes e a coordenao dos movimentos necessrios para produzi-la.

    Souza Barros, professor de uma universidade federal, tem participado dos exames

    de habilidade especfica do vestibular para o curso superior de violo desta instituio, que

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    exige como um de seus pr-requisitos a faculdade de ler com o mnimo de fluncia, atravs

    de um curto exame de leitura de partitura, comum em outras universidades. Ele estima o

    resultado: Sabe, de trezentas pessoas que fizeram, [...] em dez anos [...], trs leram bem!.

    Pensamos que se mesmo em cursos superiores de msica no h consenso sobre sua

    importncia, a prpria heterogeneidade da formao musical anterior dos vestibulandos de

    violo anunciaria resultados nessa ordem.

    Por outro vis, Fernndez faz uma ligao direta entre o resultado de ter uma boa

    leitura e a motivao do aluno:

    Eu acho que muito importante que quem aprenda possa conseguir resultado rpido, porque isso estimula muito, a motivao se retroalimenta, a motivao do trabalho [...]. Eu consideraria o nvel de leitura como uma das habilidades bsicas que se tem que adquirir como parte necessria sua aprendizagem (Eduardo Fernndez).

    Meirinhos traz sua impresso da habilidade, relatando, tambm situaes em que

    precisou preparar obras em um curto perodo de tempo:

    Bom, o violonista tem a tradio de ler mal, no . De ser um mau leitor primeira vista [...]. Bem, eu preciso lhe dizer que eu nunca trabalhei sistematicamente a leitura primeira vista [...] A leitura primeira vista para mim : - Eu quero saber como isso aqui soa [...]. Bom, h certos momentos em que voc se v encantoado no ? [...] Voc est em um festival [e dizem]: - Rapaz, vamos tocar aqui; amanh tem um recital, amanh; A partitura t aqui [...]. A sensao essa emoo de corda bamba [...]. Esses momentos assim tambm, so momentos sofridos pra mim, ao mesmo tempo so extremamente enriquecedores porque foram voc [...]. Essa necessidade que tambm uma coisa que contribuiu bastante (Eduardo Meirinhos).

    Podemos observar que tanto o vis da motivao quanto o de conseguir lidar com

    prazos na preparao da performance so igualmente importantes para a consolidao do

    violonista camerista no mercado de trabalho. Zanon comenta uma situao curiosa a

    respeito da preparao de um concerto com orquestra:

    Porque o violonista tem aquele mito, toda hora as pessoas [me] falam: - Ah, voc vai tocar com a orquestra sinfnica tal, quantos ensaios voc vai ter para montar o Concerto de Villa-Lobos? cinco ou seis? [eu respondo] - No, um [...] O cara [de orquestra] tem uma [boa] leitura. A primeira leitura que a orquestra faz j (...) j est valendo! [risos]. No teste. Voc no est ensaiando para ensaiar, o ensaio j est valendo (Fbio Zanon).

    Ter condies de cumprir tarefas em prazos especficos uma competncia pouco

    reconhecida por estudantes de violo, visto que a sua rotina de atividades excessivamente

    individuais no instrumento lhes furta essa percepo. No entanto, os mesmo podem

    experimentar situaes semelhantes a que passou Meirinhos em festivais de msica.

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    Perceber a leitura primeira vista como habilidade bsica, tal como pensa

    Fernndez, pode significar perceb-la como essencial. Sabemos que muitos violonistas

    discordariam desse sentido por conseguir preparar qualquer performance sem a

    necessidade estrita de ter uma boa leitura, mas se a significamos como meio para otimizar

    a preparao da performance sua importncia pode ser mais bem aceita. Meirinhos

    concorda com essa viso e esclarece propsitos delimitados da leitura dentro da preparao

    da performance:

    Da fruio musical. Esse o objetivo da leitura primeira vista, [serve] para voc ter uma impresso o mais imediata possvel daquilo que aquele texto musical est dizendo [...]. Uma ferramenta de conhecimento da obra musical, nem que seja de uma forma preliminar, no ? A capacidade sua de usar essa ferramenta para produzir msica de cmara, geralmente a parte tcnica mais fcil, de uma forma mais imediata, sem precisar daquele ritual de preparao inteiro, no ? O fato de voc poder incorporar a leitura musical a todas as ferramentas do fazer musical que a gente frequentemente negligencia [...]. Agora importante voc entender qual o departamento que voc t trabalhando, leitura primeira vista, se voc vai interpretar e estudar, a o procedimento completamente diferente. A voc vai parar, [fazer] correo, o timbre, o colorido, enfim (Eduardo Meirinhos).

    Essa delimitao deixa claro a diferena entre o estudo da leitura primeira vista e

    da performance ensaiada. McPherson (2002) as entende como habilidades diferentes, mas

    a primeira influencia a segunda. No mesmo sentido Sloboda (2008) concebe como os dois

    primeiros dos trs estgios na preparao da performance.

    5. Consideraes finais

    Podemos considerar que a prtica emprica dos violonistas se mostra em

    consonncia como as referncias cientficas que advogam por um ensino de instrumento

    contextualizado e direcionado independncia do aluno; os violonistas entrevistados se

    mostram conscientes dos problemas deflagrados no ensino de violo; o mesmo modelo de

    ensino que produz instrumentistas de alto nvel provoca diversos paradigmas, como o

    problema da leitura do violonista; e o desenvolvimento da leitura primeira vista pode ser

    ponto de partida para a resoluo de diversos problemas de aprendizagem no violo.

    A prpria heterogeneidade na formao da maioria dos violonistas e a percepo dos

    especialistas demostram que o ensino atravessa um perodo de transio conceitual e

    metodolgica, cuja [auto]reflexo de estudantes e professores subsidiam a busca por meios

    mais deliberados e otimizados para aprender e ensinar violo.

    Sem pretender esgotar o assunto, acreditamos que, em se tratando de um contexto

    fortemente influenciado por referenciais virtuoses como o ensino de violo, a participao

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    dos violonistas aqui mencionados pode resultar positivamente, principalmente, por motivar

    futuras discusses e estreitar ainda mais os conhecimentos empricos e cientficos.

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