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Goiânia, _____ de _____________________ de 2016. Data de Devolução: 22/08/2016 Aluno (a): __________________________________________________ Série: 9º Ano Turma: ______ 07 Lista Semanal Linguagens e Códigos www.unosales.com.br Fone: (62) 3202-4007 / 11ª avenida esq. com 5ª avenida Setor Leste Vila Nova. Leitura TEXTO: 1 - Comuns às questões: 1, 2 Leia o excerto da crônica “Mineirinho” de Clarice Lispector (1925-1977), publicada na revista Senhor em 1962. É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora1. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho2 do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”. Por quê? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim. Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro. Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver. (Clarice Lispector. Para não esquecer, 1999.) 1 facínora: diz-se de ou indivíduo que executa um crime com crueldade ou perversidade acentuada. 2 Mineirinho: apelido pelo qual era conhecido o criminoso carioca José Miranda Rosa. Acuado pela polícia, acabou crivado de balas e seu corpo foi encontrado à margem da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Questão 01 - (UNIFESP SP/2016) Depreende-se da leitura do primeiro parágrafo que a) a cronista compartilha com sua cozinheira a dificuldade de conciliar sentimentos contrários em relação à morte de um criminoso. b) a cozinheira se sente incomodada com a pergunta da cronista porque acredita piamente na inocência de Mineirinho. c) a cronista se sente desconfortável com o fato de sua cozinheira mostrar-se dividida em relação à morte de um criminoso. d) a cronista provoca gratuitamente sua cozinheira com a intenção de impor seu ponto de vista sobre a morte de Mineirinho. e) a cronista se mostra perplexa diante da opinião de sua cozinheira de que um criminoso iria para o céu. Questão 02 - (UNIFESP SP/2016) A gradação presente no terceiro parágrafo tem a função de a) justificar a necessidade da violência policial. b) ressaltar a desproporção da ação policial. c) enfatizar a legitimidade da justiça humana. d) realçar o caráter vingativo da justiça divina. e) ironizar o mandamento “Não matarás”. TEXTO: 2 - Comuns às questões: 3, 4, 5 O texto é um excerto de Baú de Ossos (volume 1), do médico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se essa obra

Leitura - Colégio UnoSales · Leia o excerto da crônica “Mineirinho” de Clarice Lispector ... como um dos representantes de nós, que devo procurar por que ... escondi e depois

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Goiânia, _____ de _____________________ de 2016. Data de Devolução: 22/08/2016

Aluno (a): __________________________________________________ Série: 9º Ano Turma: ______

07 Lista Semanal – Linguagens e Códigos

www.unosales.com.br – Fone: (62) 3202-4007 / 11ª avenida esq. com 5ª avenida – Setor Leste Vila Nova.

Leitura

TEXTO: 1 - Comuns às questões: 1, 2 Leia o excerto da crônica “Mineirinho” de Clarice Lispector (1925-1977), publicada na revista Senhor em 1962. É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora1. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho2 do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”. Por quê? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim. Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro. Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e

oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver.

(Clarice Lispector. Para não esquecer, 1999.)

1 facínora: diz-se de ou indivíduo que executa um crime com crueldade ou perversidade acentuada. 2 Mineirinho: apelido pelo qual era conhecido o criminoso carioca José Miranda Rosa. Acuado pela polícia, acabou crivado de balas e seu corpo foi encontrado à margem da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Questão 01 - (UNIFESP SP/2016) Depreende-se da leitura do primeiro parágrafo que a) a cronista compartilha com sua cozinheira a dificuldade de conciliar sentimentos contrários em relação à morte de um criminoso. b) a cozinheira se sente incomodada com a pergunta da cronista porque acredita piamente na inocência de Mineirinho. c) a cronista se sente desconfortável com o fato de sua cozinheira mostrar-se dividida em relação à morte de um criminoso. d) a cronista provoca gratuitamente sua cozinheira com a intenção de impor seu ponto de vista sobre a morte de Mineirinho. e) a cronista se mostra perplexa diante da opinião de sua cozinheira de que um criminoso iria para o céu. Questão 02 - (UNIFESP SP/2016) A gradação presente no terceiro parágrafo tem a função de a) justificar a necessidade da violência policial. b) ressaltar a desproporção da ação policial. c) enfatizar a legitimidade da justiça humana. d) realçar o caráter vingativo da justiça divina. e) ironizar o mandamento “Não matarás”. TEXTO: 2 - Comuns às questões: 3, 4, 5 O texto é um excerto de Baú de Ossos (volume 1), do médico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se essa obra

no gênero memorialístico, que é predominantemente narrativo. Nesse gênero, são contados episódios verídicos ou baseadas em fatos reais, que ficaram na memória do autor. Isso o distingue da biografia, que se propõe contar a história de uma pessoa específica. 1 O meu amigo Rodrigo Melo Franco de 2 Andrade é autor do conto “Quando minha avó 3 morreu”. Sei por ele que é uma história 4 autobiográfica. Aí Rodrigo confessa ter passado, 5 aos 11 anos, por fase da vida em que se sentia 6

profundamente corrupto. Violava as promessas 7 feitas de noite a Nossa Senhora; mentia 8 desabridamente; faltava às aulas para tomar 9 banho no rio e pescar na Barroca com 10 companheiros vadios; furtava pratinhas de dois 11 mil-réis... Ai! de mim que mais cedo que o 12 amigo também abracei a senda do crime e 13 enveredei pela do furto... Amante das artes 14 plásticas desde cedo, educado no culto do belo, 15 eu não pude me conter. Eram duas coleções de 16 postais pertencentes a minha prima Maria Luísa 17 Palleta. Numa, toda a vida de Paulo e Virgínia – 18 do idílio infantil ao navio desmantelado na 19 procela. Pobre Virgínia, dos cabelos 20 esvoaçantes! Noutra, a de Joana d’Arc, desde os 21 tempos de pastora e das vozes ao da morte. 22 Pobre Joana dos cabelos em chama! Não resisti. 23 Furtei, escondi e depois de longos êxtases, com24 medo, joguei tudo fora. Terceiro roubo, terceira 25 coleção de postais – a que um carcamano, 26 chamado Adriano Merlo, escrevia a uma de 27 minhas tias. Os cartões eram fabulosos. Novas 28 contemplações solitárias e piquei tudo de latrina 29 abaixo. Mas o mais grave foi o roubo de uma 30 nota de cinco mil-réis, do patrimônio da própria 31 Inhá Luísa. De posse dessa fortuna nababesca, 32 comprei um livro e uma lâmpada elétrica de 33 tamanho desmedido. Fui para o parque Halfeld 34 com o butim de minha pirataria. Joguei o troco 35 num bueiro. Como ainda não soubesse ler, 36 rasguei o livro e atirei seus restos em um 37 tanque. A lâmpada, enorme, esfregada, não fez 38 aparecer nenhum gênio. Fui me desfazer de 39 mais esse cadáver na escada da Igreja de São 40 Sebastião. Lá a estourei, tendo a impressão de 41 ouvir os trovões e o morro do Imperador 42 desabando nas minhas costas. Depois dessa 43 série de atos gratuitos e delitos inúteis, voltei 44 para casa. Raskólnikov. O mais estranho é que 45 houve crime, e não castigo. Crime perfeito. 46 Ninguém desconfiou. Minha avó não deu por 47 falta de sua cédula. Eu fiquei por conta das 48 Fúrias de um remorso, que me perseguiu toda a 49 infância, veio comigo pela vida afora, com a 50 terrível impressão de que eu poderia reincidir 51 porque vocês sabem, cesteiro que faz um 52 cesto... Só me tranquilizei anos depois, já 53 médico, quando li num livro de Psicologia que só 54 se deve considerar roubo o que a criança faz 55 com proveito e dolo. O furto inútil é fisiológico e 56 psicologicamente normal. Graças a Deus! Fiquei 57 absolvido do meu ato gratuito...

(Pedro Nava. Baú de ossos. Memórias 1. p. 308 a 310.)

Questão 03 - (UECE/2016) Comparando-se ao amigo, o narrador considera-se a) mais culpado do que ele. b) só relativamente culpado. c) menos culpado do que ele. d) tão culpado quanto ele. Questão 04 - (UECE/2016) Pelo menos em cinco passagens do texto, o narrador emprega o recurso da intertextualidade. Como se sabe, esse recurso ocorre quando um texto remete a outro texto que faz parte da memória social de uma coletividade. Pode-se dizer que acontece um verdadeiro diálogo entre textos. Vamos ater-nos a três ocorrências das cinco ou seis encontrados no texto: I. “A lâmpada, enorme, esfregada, não fez aparecer nenhum gênio” (Refs. 37-38). II. “Raskólnikov. O mais estranho é que houve crime, e não castigo” Refs. 44-45). III. “Eu fiquei por conta das Fúrias de um remorso, que me perseguiu toda a infância, veio comigo [...]” (linhas 47-52). Assinale V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que se diz sobre os três casos de intertextualidade transcritos: ( )Na ocorrência I, o narrador intertextualiza com um dos contos que compõem a coletânea “As mil e uma noites”, no caso, a história de Aladim e a lâmpada maravilhosa. Ao intertextualizar com esse conto, de certa forma desautoriza-o: com ele, a magia da lâmpada não se revelou. O fracasso com a lâmpada enfatiza o estado de espírito negativo do narrador. ( )Na ocorrência II, há alusão ao romance Crime e Castigo, do escritor russo Fiódor Dostoiévisk. Essa obra narra a história de um estudante pobre, Raskólnikov, que mata uma velha usurária que vive dos juros do dinheiro que empresta. Raskólnikov é consumido pelo remorso e entrega-se à polícia. Ao dialogar com a obra de Dostoiévisk, o narrador põe-se no lugar de Raskólnikov. Percebe-se uma dose de fina ironia justificável no contexto. ( )Não se podem apontar diferenças entre os crimes do narrador e o do estudante russo. ( )Há, no terceiro caso de intertextualidade, um diálogo com o discurso mítico. As Fúrias, entidades da mitologia grega, eram encarregadas de atormentar os criminosos. Ao considerar-se sob a tutela das Fúrias, o narrador expressa o tormento em que estava mergulhado por causa dos furtos. Está correta, de cima para baixo, a sequência seguinte: a) V, F, F, V. b) F, F, V, F.

c) F, V, F, V. d) V, V, F, V. Questão 05 - (UECE/2016) “Lá a estourei, tendo a impressão de ouvir os trovões e o morro do Imperador desabando nas minhas costas” (Refs. 40-42). Essa cena, fruto da impressão do menino, tem um significado textual. Ela indicia a confusão em que está a cabeça do menino. Os trovões e o desabamento do morro representam, respectivamente, a) contrariedade e raiva. b) medo e remorso. c) culpa e castigo. d) êxtase e aflição. TEXTO: 3 - Comum à questão: 6 O texto que você lerá a seguir – o poema “Outro verde”, foi retirado da obra Delírio da Solidão, do escritor cearense de Quixeramobim Jáder de Carvalho, que nasceu em 29 de dezembro de 1901 e faleceu no dia sete de agosto de 1985. Jáder de Carvalho foi jornalista, advogado, professor e escritor: poeta e prosador. Sua obra mais conhecida é o romance Aldeota. Outro verde 58 Teus olhos mostram o verde 59 que não é do mar. 60 Não lembram viagens sem fim 61 nem o céu a abraçar-se com as águas, 62 num horizonte parado, 63 que os marujos não alcançam. 64 Qual o verde dos teus olhos, 65 se não é o do oceano? 66 Não é também o das florestas 67 onde cabem mistérios e distâncias. 68 Teu olhar não tem a cor 69 da enseada que eu amo. 70 Nele não gritam tempestades, 71 nem afundam ou se perdem veleiros. 72 Não escondem braços em naufrágios 73 nem vozes que não se ouvem 74 na despedida. 75 O verde dos teus olhos é subjetivo. 76 Não sugere portos nem a foz de um rio. 77 Pintores, dizei-me: 78 qual de vós se atreveria 79 a copiar a cor desses olhos? 80 Ainda não sofreste. 81 Ainda não conheces a saudade.

82 Um dia, entre lembranças doridas, 83 o verde dos teus olhos mudará. 84 Já li nas linhas da tua mão esquerda: 85 tu, sem a estrela dos navegantes, 86 esperas 87 pelo navio perdido do meu amor.

(Jáder de Carvalho. Delírio da Solidão. p. 46-47.)

Questão 06 - (UECE/2016) No estudo de um texto, costuma-se distinguir assunto de tema. Eis algumas das diferenças entre essas duas noções: o assunto é particular, o tema é geral; o assunto encontra-se facilmente na superfície textual, o tema geralmente camufla-se nas camadas mais profundas; o assunto é concreto, o tema é abstrato. Considerando, no poema “Outro verde”, essa distinção entre TEMA e ASSUNTO, atente ao que é dito nos itens a seguir. I. TEMA – As dificuldades que tem o sujeito lírico para determinar a tonalidade do verde dos olhos da mulher amada. II. ASSUNTO – O sujeito lírico tenta determinar a tonalidade de verde dos olhos da amada inutilmente. Chega, então, à conclusão de que a tonalidade do verde dos olhos dela é subjetiva. III. TEMA – Só as vicissitudes da vida e as experiências que nos afetam positiva e negativamente determinam o que seremos. Está correto apenas o que é dito em a) II e III. b) I e II. c) III. d) I. TEXTO: 4 - Comum à questão: 7 1 Estava conversando com uma amiga, dia 2 desses. Ela comentava sobre uma terceira 3 pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a 4 como sendo boa gente, esforçada, ótimo 5 caráter. "Só tem um probleminha: não é 6 habitada". Rimos. Uma expressão coloquial na 7 França - habité‚ - mas nunca tinha escutado 8 por estas paragens e com este sentido. 9 Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma 10 parecida, também costuma dizer "aquela ali 11 tem gente em casa" quando se refere a 12 pessoas que fazem diferença. 13 Uma pessoa pode ser altamente confiável, 14 gentil, carinhosa, simpática, mas, se não é 15 habitada, rapidinho coloca os outros pra 16 dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa 17 possuída, não necessariamente pelo demo, 18 ainda que satanás esteja longe de ser má 19 referência. Clarice Lispector certa vez escreveu 20 uma carta a Fernando Sabino dizendo que 21 faltava demônio em

Berna, onde morava na 22 ocasião. A Suíça, de fato, é um país de contos 23 de fada onde tudo funciona, onde todos são 24 belos, onde a vida parece uma pintura, um 25 rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que 26 a salve do marasmo. 27 Retornando ao assunto: pessoas habitadas 28 são aquelas possuídas por si mesmas, em 29 diversas versões. Os habitados estão 30 preenchidos de indagações, angústias, 31 incertezas, mas não são menos felizes por 32 causa disso. Não transformam suas 33 "inadequações" em doença, mas em força e 34 curiosidade. Não recuam diante de 35 encruzilhadas, não se amedrontam com 36 transgressões, não adotam as opiniões dos 37 outros para facilitar o diálogo. São pessoas que 38 surpreendem com um gesto ou uma fala fora 39 do script, sem nenhuma disposição para serem 40 bonecos de ventríloquos. Ao contrário, 41 encantam pela verdade pessoal que defendem. 42 Além disso, mantêm com a solidão uma relação 43 mais do que cordial. 44 Então são as criaturas mais incríveis do 45 universo? Não necessariamente. Entre os 46 habitados há de tudo, gente fenomenal e 47 também assassinos, pervertidos e demais 48 malucos que não merecem abrandamento de 49 pena pelo fato de serem, em certos aspectos, 50 bastante interessantes. Interessam, mas 51 assustam. Interessam, mas causam dano. Eu 52 não gostaria de repartir a mesa de um 53 restaurante com Hannibal Lecter, "The 54 Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de 55 que o personagem imortalizado por Anthony 56 Hopkins renderia um papo mais estimulante do 57 que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, 58 que só tem gente em casa porque está grávida. 59 Que tenhamos a sorte de esbarrar com 60 seres habitados e ao mesmo tempo 61 inofensivos, cujo único mal que possam fazer 62 seja nos fascinar e nos manter acordados uma 63 madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é 64 melhor ainda.

MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva, 324-325.

Questão 07 - (UECE/2016) Considerando os argumentos da enunciadora do texto, identifique com S (Sim) o que for necessariamente uma característica de uma pessoa habitada, e com N (Não) o que não for. ( )maldade; ( )gentileza; ( )imprevisibilidade; ( )dúvida; ( )coerência; ( )covardia; ( )transgressão; ( )surpresa. Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: a) S, S, N, S, N, N, S, S. b) N, N, S, N, S, S, S, S.

c) S, S, N, N, S, S, N, N. d) N, N, S, S, N, N, S, S.

Gramática 1. (Enem 2002) Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping center, delivery e drive-through sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da soberania nacional, a saber: ........ Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer "Tu vai" em espaços públicos do território nacional; Nenhum cidadão paulista poderá dizer "Eu lhe amo" e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como "Me vê um chopps e dois pastel"; .......... Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra "borraxaria" e nenhum dono de banca de jornal anunciará "Vende-se cigarros"; .......... Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como "casar-me-ei" ou "ver-se-ão".

PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001.

No texto acima, o autor: a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso. b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da língua. c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro. d) revela-se preconceituoso em relação a certos registros linguísticos ao propor medidas que os controlem. e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os pronomes. 2. (Enem 2010) Carnavália Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? […]

ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas., 2002 (fragmento).

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção de coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um (a)

a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. b) neologismo, criação de novos itens linguísticos pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica. e) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade. 3. Sobre o estrangeirismo, todas as alternativas estão corretas, exceto: a) O estrangeirismo é o emprego de palavras, expressões e construções alheias ao idioma tomadas por empréstimos de outra língua. Vocábulos oriundos de outras línguas são incorporados por meio de um processo natural de assimilação de cultura ou ainda por conta da proximidade geográfica com regiões cujos idiomas oficiais sejam outros. b) O estrangeirismo é um fenômeno linguístico orgânico, isto é, ele acontece de maneira espontânea e sua permanência é decidida pelos falantes, que podem, ou não, aportuguesar os empréstimos vocabulares. c) O estrangeirismo é um fenômeno linguístico que coloca em risco a soberania da língua portuguesa, um patrimônio imaterial do Brasil. d) O estrangeirismo não pode ser extirpado da língua portuguesa, mesmo porque isso significaria proibir os falantes de falar. Não é possível delimitar fronteiras para a comunicação, pois a língua é uma ferramenta democrática. e) Os empréstimos devem ser utilizados sem exagero: se existe uma palavra na língua portuguesa que consegue expressar com exatidão o significado de um empréstimo vocabular, o melhor a fazer é preferir o vocábulo tupiniquim ao estrangeirismo, evitando assim possíveis entraves na comunicação. 4. Sobre o neologismo, todas as alternativas estão corretas, exceto: a) Os neologismos podem ser classificados como neologismo lexical, que é a aquisição de uma nova palavra no vocabulário da língua; e neologismo semântico, que é o empréstimo de um novo sentido a uma palavra já existente. b) Um neologismo formado por onomatopeia consiste na criação de palavras para registrar sons, ruídos, vozes de animais, como miar, piar, cataplum, pingue-pongue etc. c) Neologismos são fenômenos linguísticos que consistem na criação de novas palavras ou expressões, ou novas atribuições de sentido a uma palavra já existente na língua. Geralmente, um novo termo ou significado surge quando um falante não encontra a palavra necessária para definir e expressar a ideia pretendida. d) Os neologismos podem ser criados a partir de processos de formação de palavras que já existem na língua, como a justaposição, prefixação, aglutinação, verbalização e sufixação. e) Os neologismos devem ser evitados na língua portuguesa, pois ameaçam as atividades discursivas. A comunicação é a função principal da linguagem, portanto, deve-se evitar o emprego de novos vocábulos a fim de que essa função não seja prejudicada.

5. Leia a charge a seguir e responda:

O sentido da charge se constrói a partir da ambiguidade de determinado termo. O termo em questão é: a) fora b) agora c) sistema d) protestar 6. (Enem/2003) No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete: CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação: a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase. b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha. c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência. d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase. e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase. 7. Todas as sentenças a seguir apresentam duplo sentido, exceto: a) Maria pediu a Márcia para sair. b) O advogado disse ao réu que suas palavras convenceriam o juiz. c) Crianças que comem doce frequentemente têm cáries. d) A mala foi encontrada perto do banco. e) A mãe pediu que o filho dirigisse o carro dela.

Inglês

1- a- ( ) haven´t done

b- ( ) hasn´t doing

c- ( ) hasn´t did

d- ( ) haven´t does

e- ( ) hasn´t done

2- The correct Participle of the verb buy is:

a-( ) buyed

b-( ) buying

c-( ) bought

d-( ) boughted

e-( ) buys

3- What sentence is not correct?

a-( ) My brother hasn´t gone to school recently.

b-( ) John and Susan have traveled a lot.

c-( ) I have lived in London with my friends.

d-( ) She has to visited her friends many times.

e-( ) They have studied for the English Test.

4- The complement for the sentence is:

James ______ to the party last night.

a-( ) hasn´t go

b-( ) didn´t going

c-( ) didn´t go

d-( ) haven´t go

e-( ) did gone

5- What sentence is in the Simple Past?

a- ( ) I haven´t seen my family lately.

b- ( ) He told his friends many funny stories.

c- ( ) They will travel next holiday.

d- ( ) She has gone to the mall with her

boyfriend.

e- ( ) We haven´t written the composition.

ARGENTINA BUILDS A TOWER OF BOOKS

This is simply an audio and visual celebration of

the book – any books, all books, in whichever

language you like. Works by Jane Austen, Dickens,

Henry Blake, Ernest Hemingway, Cervantes, Vargas

Llosa, Tolstoy and Argentina's own favourites,

Borges and Sabato, line the walls of this tower,

each wrapped in plastic for its own protection. The

United Nations has designated the city as the

2011 World Book Capital.

This book tower is 25 metres high and lined with

30,000 donations from more than 50 embassies.

It'll be dismantled at the end of the month and

the books will form the beginning of a multi-lingual

library.

The Buenos Aires Book Fair, one of the biggest in

the world, has just ended, recording more visitors

than ever before. The city boasts hundreds of

bookshops and some cafes even supply works by

Argentina's most renowned literary icon, Jorge

Luis Borges, to read over coffee. Buenos Aires is a

city that loves its books and now it has a tower to

prove it. Daniel Schweimler, BBC News, Buenos

Aires.

06. De acordo com o texto, os autores

favoritos dos Argentinos

são:

a) Jane Austen, Dickens e

Borges.

b) Dickens, Borges e

Sabato.

c) Vargas Llosa, Tolstoy e

Cervantes.

d) Borges e Sabato.

e) Henry Blake, Cervantes, Borges e Sabato.

07. De acordo com o texto,

a) a torre é um presente das Nações Unidas para

os cidadãos da Argentina.

b) as Nações Unidas nomearam Buenos Aires como

a capital do livro para o ano de 2011.

c) os livros não foram encapados para formar a

torre.

d) os autores dos livros que formam a torre foram

escolhidos pelas Nações Unidas em 2011.

e) as Nações Unidas designaram a torre como

capital da cultura argentina.

Espanhol

1. Relaciona las columnas correctamente.

(A) juventud ( ) optimismo

(B) libertad ( ) osadía

(C) pasión ( ) entusiasmo

(D) valor ( ) autonomía

(E) esperanza ( ) adolescencia

2. Retira las palabras que indican:

a) (causa) No voy a viajar porque no tengo dinero.

________________________________

b) (finalidad) Este dinero es para comprar más

alimentos. __________________________

c) (condición) Si ella no estudiar no pasará.

______________________________________

3. Clasifica las conjunciones subordinantes: causal,

final, temporal, consecutiva y concesiva.

a) Cuando sale, se acuesta tarde.

__________________________________________

__________________________________________

b) Trabaja porque lo necesita.

__________________________________________

__________________________________________

c) Sale para divertirse.

__________________________________________

__________________________________________

d) Llegó tarde, así que ahora tiene sueño.

__________________________________________

__________________________________________

e) Voy a la fiesta aunque no quiera.

__________________________________________

__________________________________________

4. Escribe la conjunción que corresponda a las

conjunciones abajo. Usa el cuadro.

a) mientras:

__________________________________________

__________________________________________

b) con tal de que:

__________________________________________

__________________________________________

c) aunque:

__________________________________________

__________________________________________

d) para:

__________________________________________

__________________________________________

e) porque:

__________________________________________

__________________________________________

5. Escribe el antónimo.

a) libertad: _________________________________

b) diversión: ________________________________

c) rivalidad: _________________________________

d) solidaridad: _______________________________

e) protestar: ________________________________

Artes OBS.: Além de resolver a lista, peço que copiem as questões no caderno e respondam, pois faremos correção das mesmas antes da prova e VALERÁ NOTA PARA NA. 01 - Nas culturas em que não existe nenhum tipo de escrita, as histórias são transmitidas oralmente de geração a geração. Na pré-história, qual o meio usado para transmitir o cotidiano e o seu objetivo?

CAUSA TIEMPO CONCESIÓN FINALIDAD CONDICIÓN

02 – Onde se originou a história em quadrinhos e qual o seu primeiro veiculo de comunicação? 03 – As HQs têm como tema os anseios da sociedade e o interesse do público sobre assuntos ou personagens específicos. Atualmente, há no mercado uma grande variedade de estilos e revistas. Que relação você vê entre essa diversidade editorial e a sociedade de hoje? 04 – Observe a charge abaixo e faça uma narrativa sobre o assunto apresentado na imagem.