40
Carmen Silvia C. Torres de Carvalho Déborah Panachão Sarina Bacellar Kutnikas Silvia Maria de Almeida Salmaso Manual do Professor LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 2

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

Carmen Silvia C. Torres de CarvalhoDéborah Panachão

Sarina Bacellar KutnikasSilvia Maria de Almeida Salmaso

Manual do Professor

LEITURA EINTERPRETAÇÃO

DE TEXTOS

2

Page 2: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

ll

Carta ao professor Este material é o produto de 14 anos de trabalho experimental. Nestes anos

todos, tenho buscado compreender de que forma uma pessoa se apropria de umobjeto de conhecimento para, através desse saber, pensar um meio de ajudarprofessores e alunos a realizarem uma apropriação da língua que seja efetiva egratificante.

Algumas idéias nortearam o trabalho. Em primeiro lugar, a consciência deque todo conteúdo, qualquer que seja ele, nunca é um fim em si mesmo. Ele é,sim, apenas um pretexto para se aprender a pensar o próprio conhecimento, parase compreender que aprender não é reproduzir verdades alheias, mas sim olharpara o mundo colhendo dados, transformando-os e tirando conclusões. Enfim,conhecer é produzir, e não reproduzir conhecimento. Esta descoberta da própriacapacidade de produção de conhecimento tem sido fonte de energia interna paraas pessoas olharem o mundo através de seus próprios olhos (e não através dosolhos de outrem...), acreditando no valor daquilo que vêem e pensam. Só destaforma acredito que possamos formar gente crítica e forte o bastante para saber-se capaz de ser agente transformador de sua própria vida e da realidade que acerca.

Para que este objetivo pudesse ser atingido, era necessário que a línguafosse vista como um objeto a ser descoberto, analisado nas suas múltiplas pos-sibilidades de recortes, organizações e relações. Não mais como um conjunto demodelos e regras a serem introjetados, mas um sistema articulado a ser desven-dado. Como uma teia onde o aluno pudesse ir se apropriando de cada fio e grada-tivamente tecendo a trama das relações e significações. Para tal seria necessárioagir sobre a língua e não se submeter a ela. Seria preciso reinventá-la a todo ins-tante, para descobri-la.

Esta postura de investigar o conhecimento em geral e a língua em particu-lar só seria possível de acontecer se houvesse uma forma diferenciada de trans-formar em ação todos estes ideais dentro da sala de aula. E transformar idéiasem realidade não é uma tarefa nada simples. (Vocês, professores, bem osabem!!!)

Para empreendê-la, ao longo destes anos pude contar com uma equipeenorme de trabalho a quem agradeço de coração. Teoricamente, fundamentan-do-me, ensinando-me a pensar e olhar pela perspectiva da teoria de Jean Piagetpude ter o orgulho e o prazer de ter sido formada por meu grande mestre,Professor Lino de Macedo, que mais do que uma perspectiva teórica ensinou-me um modo de olhar para a vida. Na prática, fui auxiliada por um número grandede professores de várias escolas onde trabalhei ou trabalho como assessora eque foram pesquisadores ao meu lado, experimentando estratégias, ajudando-me a conhecer a realidade das crianças, a analisar sucessos e fracassos para queo trabalho pudesse ser aperfeiçoado. Contei também com centenas de criançasque, investigadoras inatas do mundo, ajudaram-me a enxergar coisas que nãovia e que, através de seu entusiasmo, iam me apontando a direção a seguir.

Hoje, finalmente, um antigo sonho, o de partilhar com um número maiorde pessoas toda minha reflexão, está se tornando realidade. Sonhos são coisasmuito sérias e, por isso, vê-los acontecer é sempre muito emocionante. O primeiroimpulso para escrever deu-me minha amiga Guila, cuja fé na possibilidade demeu trabalho vir a se tornar um livro foi decisiva. Meus agradecimentos tambémà Déborah, à Sarina e à Silvia, minhas co-autoras, que partilharam comigo estesonho e ajudaram-me a fazer dele realidade.

Espero que esta coleção possa ajudá-los a manter o prazer de aprendersempre vivo dentro da sala de aula.

Page 3: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

lll

Índice

Apresentação da coleção Construindo a Escrita

Fundamentos teóricos ........................................................................ lVEstrutura da coleção não-consumível ................................................ lVObjetivos gerais do livro Leitura e interpretação de textos .............. VDinâmica do trabalho

1ª parte — Exploração oral .............................................................. V2ª parte — Descobertas textuais .................................................. Vll

Proposta de redação............................................................................ Vll

Objetivos e orientações específicas sobre os textos da 2ª série1º TEXTO — Sua Alteza, a Divinha, Angela Lago .......................... Vlll2º TEXTO — A velhinha inteligente, Simone Chamoud ...................... Xll3º TEXTO — Biografia de Leonardo da Vinci .............................. XV4º TEXTO — O menino e o homem, Fernando Sabino .................... XlX5º TEXTO — Meu caro Barão, Chico Buarque e outros...................... XXll6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, Tatiana Belinky .............. XXlV7º TEXTO — Jornal .................................................................... XXVl8º TEXTO — Homem não chora, Flávio de Souza ...................... XXVlll9º TEXTO — Sistema Solar em escala .................................... XXXl

10º TEXTO — A lenda do guaraná, Roberval Cardoso .................. XXXlll11º TEXTO — Nacos de nuvem, V. Maiakóvski ............................ XXXVl12º TEXTO — Extra! Extra! Tem notícia no ar!!! .................. XXXVlll

Bibliografia para pesquisa teórica ......................................................XLSugestões de leituras complementares ............................................XL

Page 4: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

lV

Apresentação da Coleção Construindo a Escrita

Fundamentos teóricos

Construindo a escrita tem como pressuposto teórico uma perspectivaconstrutivista de aprendizagem, segundo a qual o conhecimento não é vistocomo algo a ser consumido e acumulado, posto para dentro do aprendiz emdoses controladas, e sim algo a ser produzido, construído por ele enquantosujeito e não enquanto objeto da aprendizagem.

Assim sendo, as atividades propostas nesta coleção são vistas comodesencadeadoras de reflexões sobre a forma como a língua escrita se orga-niza e se articula para produzir diferentes significados e emoções.

A idéia central do trabalho parte da compreensão de que a língua es-crita é um outro sistema de representação em relação à língua falada. Falare escrever são objetos de conhecimento distintos, que exigem que o sujeitose aproxime de cada um de uma forma diferenciada.

Na fala, o interlocutor está presente e intervém a qualquer instanteacrescentando, perguntando, confirmando, enfim, regulando a produção. Naescrita, trabalha-se com um interlocutor virtual cujas questões e interferên-cias devem ser pressupostas e inscritas no texto.

Na fala, a emoção e a argumentação são traduzidas também pelo olhar, pelos gestos, pelo movimento do corpo, pelo tom da voz. Na escrita,todos esses elementos de comunicação estão ausentes e é preciso, portan-to, descobrir de que forma a língua escrita se articula para torná-los presentes,a fim de se produzir um texto significativo e envolvente.

Enfim, aprender a escrever, admitindo-se a escrita como um outro sis-tema de representação, significa investigar e descobrir de que modo se ar-ticula a língua para produzir e interpretar textos dentro desse sistema.

Como conseqüência dessa visão, o trabalho de análise de textos busca cons-cientizar o aluno das escolhas do autor no nível semântico, sintático, mor-fológico e discursivo para produzir determinados efeitos que criam um uni-verso único de textualidade, permitindo o jogo de sedução que acontece en-tre autor e leitor.

Como é nas escolhas gramaticais que os interlocutores estão marca-dos e podem ser revelados para os leitores, o trabalho de gramática destevolume consiste em analisar o sistema de leis e articulações possíveis, im-possíveis, prováveis e pouco prováveis dentro da língua, que vão abrir o lequedos jogos discursivos produtores de efeitos e emoções.

A criança, de posse da consciência da função e do funcionamento daGramática no espaço textual, saberá como usá-la ao produzir seus textos.

Por termos neste trabalho buscado um olhar diferenciado sobre a lín-gua, o Livro do Professor traz toda uma discussão de como a compreende-mos, e estratégias para desenvolver em sala de aula que possam propiciaresta reflexão e suas descobertas.

Estrutura da coleção

Para cada uma das quatro séries iniciais foi desenvolvido um volu-me de Leitura e interpretação de textos com uma versão para o aluno eoutra para o professor.

Page 5: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

V

Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno,acrescidos de módulos com reflexões teóricas, sugestões de respostas e de es-tratégias para elaboração de conceitos ou observações sobre a postura duranteo trabalho. Por tudo isso é extremamente importante que o professor sempreacompanhe sua prática em sala de aula com a leitura dessas orientações.

Objetivos gerais do trabalho de Leitura e interpretação de textos

O objetivo geral do livro Leitura e interpretação de textos é a formaçãode leitores e autores. Por isso, houve uma grande preocupação em apresen-tar, ao longo das quatro séries, a maior variedade possível de tipos de tex-tos. Escolhemos a narrativa ficcional como a espinha dorsal de investigação,por ser o tipo de texto mais lido e escrito por crianças dessa faixa etária. Alémdisso, a narrativa de ficção permite-lhes entrar em contato com o imaginárioe projetar nela seu mundo interno, organizando-o. Assim sendo, canalizare-mos nosso potencial de análise para a estrutura da prosa narrativa (históriasde ficção: lendas, contos, crônicas e narrativas curtas) opondo-a às outras es-truturas textuais (poesia, receitas, notícias, cantigas de roda, textos científi-cos, informativos e outros) buscando:

• perceber as funções sociais dos diferentes textos;• efetuar descobertas no nível semântico, sintático, morfológico e dis-

cursivo, de cada modalidade estudada.Acreditamos que, através dessas situações, a criança possa perceber

elementos estruturais, lingüísticos e discursivos que sirvam de subsídios paraque possa transformar qualitativamente sua própria produção de textos.Observamos, também, que essa interação com o texto forma um leitor dife-renciado, mais atento, capaz de perceber o jogo de envolvimento que se es-tabelece entre autor/texto e leitor; um leitor mais crítico que, justamente porcompreender o jogo da textualidade, pode escolher participar ou não dele.

A escolha dos aspectos do sistema da linguagem escrita a serem in-vestigados partiu da análise de textos de alunos de cada série, buscando vero que a criança precisaria descobrir para que seu texto atingisse um outro nívelqualitativo. Fecha-se assim um triângulo: a criança como autora demonstra oque sabe e o que ainda precisa descobrir para evoluir em sua produção textual;como leitora analisa nos textos dos autores consagrados novas possibili-dades de articulação da língua e a solução de dúvidas que estavam implíci-tas em seus “erros”; como essas articulações são gramaticais, descobre osjogos gramaticais dos textos e fecha o triângulo, utilizando-se dessas des-cobertas ao escrever, evoluindo como autora.

Dinâmica do trabalho

1ª parte – Exploração oralNossa proposta de trabalho é que a análise de textos publicados seja

considerada como um momento de geração de conhecimento; um pretextopara que professor e alunos reflitam sobre os aspectos sugeridos. Isto im-plica uma postura de discussão, centrada nas descobertas e na argumen-tação. Conseqüentemente, o certo e o errado se apresentam como leituraspossíveis ou não, determinadas pela própria textualidade. Trabalha-se, dessamaneira, com uma leitura aberta, considerando suas múltiplas significações,sem que se percam os limites dados pelo próprio texto.

Page 6: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

Vl

Por esta razão, o Livro do Professor não traz as respostas das questões,mas o que pretendíamos ao formulá-las. Acreditamos que, procedendo des-ta forma, estamos ajudando o professor a saber para onde dirigir o olhar dascrianças ao longo da discussão e como “amarrar” as opiniões formuladaspor eles.

Nessa perspectiva, é essencial que no desenvolvimento do trabalho se-jam observados alguns aspectos, tais como:

• Criar um clima favorável à leitura, despertando a curiosidade das crian-ças em relação à modalidade do texto. Pode-se, por exemplo, perguntar:“Vocês já ouviram contos de fadas? Quais vocês conhecem? Quem contoupara vocês? O que vocês sentiram ao ouvi-los?”.

No caso de uma notícia, perguntar se elas já leram jornais, que tipo decoisas aparecem neles, se esse tipo de texto provoca as mesmas sensaçõesque um conto de fadas, quem costuma ler jornais, para que eles servem, etc.

• Trabalhar o título do texto como um elemento de antecipação do con-teúdo e da forma. Para isso, ler o título com elas e pedir que falem o queimaginam que possa estar escrito em um texto com aquele título. Caso ascrianças já tenham lido outros textos do mesmo autor, pode-se ajudá-las aantecipar o tipo de história que está sendo contada. Por exemplo: se o autoré Luís Fernando Veríssimo ou Millôr Fernandes, pressupõe-se um texto dehumor; se for Stella Carr, provavelmente será um texto de mistério, e assimpor diante.

• Descobrir o significado das palavras, propondo que as crianças leiam

silenciosamente o texto em questão. Nesse momento começam a surgirdificuldades com o significado das palavras ou mesmo de expressões. Àsvezes as crianças se perdem no texto e o sentido geral não é garantido.

O papel do professor, nesse momento, é conter a ansiedade que talvezseja gerada e instrumentalizar o aluno para enfrentar esse tipo de situação.Consideramos que instrumentalizar é propor que agüente a ansiedade econtinue a ler até o final. Terminada a leitura, voltar ao texto para tentardescobrir o significado das palavras ou expressões através da dedução pe-lo contexto.

Assim sendo, quando um aluno fizer perguntas do tipo “O que querdizer tal palavra?” ou afirmar “Eu não entendi isso”, o professor pode res-gatar com ele o que foi contado na história até então, reler o trecho ondese encontra a palavra e pedir que ele e os colegas digam o que ela poderiasignificar. Substitui-se a palavra pelos significados propostos até que sechegue ao sentido real ou aproximado. Caso as informações dadas anteri-ormente pelo contexto não sejam suficientes para as crianças deduzirem osignificado, o professor propõe que continuem a investigação, lendo o quevem depois. Provavelmente o significado virá explicado nos trechosseguintes. A prática nos mostra que rapidamente as crianças vão se tor-nando exímias “antecipadoras”. Supondo que essas estratégias não sejamsuficientes para a descoberta do significado, o professor informa o sentido.Pensamos que recorrer ao dicionário é uma etapa posterior a esse traba-lho, quando ele será utilizado apenas a título de confirmação.

• Discutir as palavras que trouxeram dificuldade de compreensão paraabrir espaço para a discussão do conteúdo do texto. Primeiro, verifica-se oque as crianças compreenderam do texto lido, pedindo que recontem a

Page 7: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

Vll

história. Nesse momento, mesmo que apresentem alguma divergência dahistória lida, não é conveniente corrigir a compreensão. Na maioria dasvezes o próprio grupo de crianças corrige alguma idéia inadequada queapareça. Caso isso não ocorra, o professor propõe que se leia o texto emvoz alta em busca da confirmação ou não da idéia, e interfere, se necessário,através de questões que levem ao esclarecimento.

A primeira leitura em voz alta deve ser feita pelo professor a fim deque as crianças entrem em contato com questões de entonação, expressãoe emoção. Depois, pede-se que os alunos leiam em voz alta, sendo inte-ressante que se variem as estratégias: ora toda a classe, ora por fileiras, oraum a um, etc.

Como as crianças podem se perder durante a leitura do texto, o queacarretaria problemas na compreensão, é interessante sugerir que elasacompanhem a leitura linha por linha, com auxílio de uma régua.

Após esse trabalho os procedimentos variarão a partir da proposta es-pecífica para cada texto, que virá explicitada posteriormente.

2ª parte – Descobertas textuaisTerminado o trabalho oral, têm início as atividades com as descober-

tas textuais do livro Leitura e interpretação de textos. Reunir os alunos empequenos grupos (duas a quatro crianças) e propor um determinado númerode questões para serem discutidas entre eles, num espaço de tempo definidoanteriormente. Eles discutem oralmente a questão, respondem em seu cader-no e o professor abre a discussão para a classe. Redigem todos juntos a res-posta que conteria as idéias dos grupos, articulando-as. Fica a critério da criançacopiar a resposta da lousa em seu caderno ou tê-la escrita com suas própriaspalavras.

À medida que o trabalho evolui, no decorrer do ano, eles passam a dis-cutir no grupo e redigir sozinhos a resposta. Em seguida, abre-se a discussãopara a classe e cada um completa sua resposta caso ache necessário. Mesmonesse momento do trabalho o professor pode continuar escrevendo na lousaa resposta final, como um modelo de estrutura completa, mas os alunos nãoprecisam copiá-la; podem apenas completar sua resposta.

Algumas questões mais objetivas, ou de retomadas de conteúdo, po-dem ser feitas individualmente na classe, mas este não deve ser um proce-dimento global.

Proposta de redaçãoConsideramos as situações de tema livre as mais importantes de acon-

tecer e, portanto, as que devem ser mais freqüentes. Tendo em vista o fatode não trabalharmos com análise de conteúdo, mas sim com análise discur-siva, o encaminhamento natural das propostas de redação passa a ser o desugerir estilos ou situações em que possam utilizar as descobertas feitas naabordagem textual. Desta forma, consideramos mais coerente que se criemsituações de escrita como as seguintes:

• Você explorou em determinado texto formas que o autor utilizou paracriar suspense. Peça, então, que as crianças escrevam um texto de suspense.

• Você discutiu com seus alunos como se estrutura um diálogo e a pos-sibilidade que ele dá de dinamizar a narrativa. Peça-lhes que escrevam umtexto com diálogo.

Page 8: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

Vlll

Textos coletivos, reescritas, reestruturas, escrever em duplas, dar partedo texto e pedir que completem o que falta, também são situações interes-santes e importantes e devem estar acontecendo. Mas é fundamental que semantenha a temática o mais aberta possível.

Nossa preocupação é a de que o aluno possa fazer uso da escrita comoum espaço de tradução das coisas que pensa, que sabe e que sente, poden-do elaborar e deixar emergir através dela seu mundo interno. Quanto menosnós o restringirmos, mais estaremos dando-lhe a palavra para que aprendaa dizer, através dela, o produto de seu conhecimento e visão do mundo e nãoa palavra alheia.

Para que o aluno possa fazer este uso da escrita, expondo-se como pes-soa e sentindo prazer no ato de escrever, a postura do professor ao ler o tex-to deve ser de respeito e continência. Ou seja, o professor deve ser leitor, enão corretor ou crítico literário, marcando e julgando o texto do aluno. É pre-ciso aprender a saboreá-lo. Nossa larga experiência em tratar os escritos dosalunos desta forma permite-nos afirmar que, assim procedendo, raramentetemos na classe crianças que não gostam de escrever.

Objetivos e orientações específicas sobre os textos da 2ª série

1º TEXTO

Sua Alteza, a Divinha – Angela Lago

ObjetivosDecidimos começar o livro com este texto porque ele possibilita des-

cobertas importantes para a compreensão de textos em geral, já que:1 – Permite introduzir a idéia de polissemia (uma palavra ter várias possi-

bilidades de significado) e a utilização do dicionário como um recurso de con-ferência e descoberta de significados.

2 – Há um jogo de significação produzido pela segmentação dos termos“adivinha” e “a Divinha”, que nos permite discutir a importância da seg-mentação das palavras.

3 – É uma narrativa que apresenta vários problemas e coisas que acon-tecem a partir deles.

Preparação para a leitura do textoAntes de iniciar a leitura do texto é importante que seja desenvolvido

o seguinte trabalho, que tem por objetivo preparar a compreensão.O professor divide a classe em grupos e dá para cada um uma palavra

que seja polissêmica, com as devidas explicações de cada significado. Cadagrupo deve, então, de alguma forma, mostrar para o restante da classe osdiferentes sentidos de sua palavra (pode ser por mímica, dramatização, de-senhando, cantando, etc.; só não vale falando, explicando normalmente).Após cada apresentação a classe escreve a explicação de cada sentido nalousa, em redação coletiva.

Após uma ou duas rodadas de palavras dadas pelo professor, encerra-se o trabalho, discutindo-se o quanto uma palavra pode ter vários sentidos,e só o contexto pode nos garantir a qual significado ela se refere.

De lição de casa pede-se que pesquisem outras palavras que conheçame também sejam polissêmicas.

Page 9: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

lX

Sugestões de algumas palavras que devem ser utilizadas para o jogo(escolha no mínimo três sentidos e dê uma palavra para cada grupo):

• manga = 1. fruta; 2. de camisa; 3. gozar (do verbo “mangar”).• casa = 1. de morar; 2. de casar; 3. de botão de camisa; 4. “isto não casa

bem com aquilo” = isto não combina bem com aquilo.• tomar = 1. “tomar água” = beber; 2. “tomar conta” = cuidar; 3. “tomar

um susto” = levar um susto; 4. “tomar satisfação” = pedir satisfação; 5. “tomaralgo de alguém” = pegar à força; 6. “Tome!” = Pegue!

• quadro = 1. pintura; 2. situação; 3. quadro-negro, lousa; 4. time (de jo-gadores).

• bater = 1. “bater os ovos” = misturar; 2. agitar; 3. “bater a porta” =fechar com força; 4. “bater um vento” = soprar um vento; 5. “bater à máquina”= escrever; 6. “bater em retirada” = fugir, dar no pé; 7. “o bater das horas” =o passar do tempo; 8. “bater a roupa” = lavar.

• apertado = 1. espremido num espaço pequeno; 2. em situação difícil;3. precisando ir rapidamente ao banheiro; 4. estar sem dinheiro.

Estratégia para a leitura e a discussão do textoConcluída a atividade, podemos começar a leitura do texto Sua Alteza,

a Divinha, por um trabalho de dedução: você pede que as crianças tentemimaginar o que acontecerá na história a partir do nome. Vá ajudando-as apensarem através de perguntas do tipo: “Vocês acham que vai ser umahistória que aconteceu de verdade ou uma história inventada?”,“Vocêssabem o que quer dizer Sua Alteza?”,“Quem vocês acham que vai ser per-sonagem nesta história?”,“E a Divinha, o que vocês acham que quer dizer?,“Vocês acham que vai ser uma história de aventura, de mistério, de humor,de amor, ou de que tipo?”.

Vá ouvindo as sugestões dos alunos sem dizer se estão certos ou não.Deixe-os bastante curiosos sobre o que será que essa história conta. Diga-lhes, em seguida, para lerem o texto silenciosamente. É uma história longae com freqüência há crianças que se sentem desanimadas. Deixe claro paraa classe que não tem importância se não conseguirem ler tudo, ou se nãocompreenderem tudo, porque depois você irá ler com eles e todos irão con-versar sobre a história. O que não tiver sido compreendido será discutido etodos ajudarão a entender. É, no entanto, importante que as crianças tentempois a postura de tentar ler, buscar solução para as dificuldades, enfrentar aangústia do texto longo, aprender a pular palavras que não compreenderame continuar em frente desenvolve uma atitude de desafio, de transformaçãoda realidade, muito importante para o trabalho.

Concluída a leitura silenciosa, reúna-os em pequenos grupos e inicie otrabalho proposto por escrito (apenas a 1ª questão).

Abra a discussão, ouça quais palavras acharam possíveis para com-pletar a história. Todas as que tiverem sentido devem ser consideradas. Emseguida leia o texto para eles, procurando garantir a emoção, a entonação econverse informalmente sobre a história, tirando as dúvidas e ampliando acompreensão.

Como este é o primeiro texto do ano, é importante que os passos se-jam claramente trilhados, pois é o tratamento geral que você estará ensi-nando a eles. O trabalho é longo e deve ser realizado em vários dias. Peçaque discutam em pequenos grupos uma ou duas perguntas, abra a discussão

Page 10: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

X

para a classe, redija a resposta juntamente com eles na lousa e, depois, elescopiam no caderno a resposta que é produto do pensamento da classe. Nessemomento, você estará dando um parâmetro de como se redige uma respos-ta, quais dados são importantes.

A seguir, iremos informando qual é o objetivo específico de cada per-gunta. É importante, também, que você esteja consciente de que não iremostrabalhar com respostas certas ou erradas, mas com uma análise de possíveisdentro do contexto do texto. Nosso objetivo é levá-los a refletir sobre algunsaspectos que talvez não tenham observado, ampliando sua compreensão, ouseja, queremos gerar conhecimento e não verificar conhecimento.

Objetivos das questões propostas

1ª questão:O texto vem propositadamente lacunado. Pretendemos com isso que

os alunos deduzam o significado pelo contexto. É uma estratégia que propi-cia o desenvolvimento do raciocínio e da postura de busca de formas de supe-ração da dificuldade. O importante é a discussão das possíveis soluções, de-vendo ser aceitas as respostas diferentes das do texto original, mas que te-nham lógica.

Texto original: 1 – princesa, 2 – três, 3 – homem, 4 – livro, 5 – vaca, 6 –vizinha, 7 – Louva-a-deus, 8 – rosca, 9 – cachorro, 10 – cachorro, 11 – urubus,12 – Louva-a-deus, 13 – ovo, 14 – livro, 15 – coqueiro, 16 – mãos, 17 – coração,18 – Louva, 19 – trombetas, 20 – caixa, 21 – Louva, 22 – princesa, 23 – vaqui-nha, 24 – a vizinha.

2ª e 3ª questões:Pedir que eles resgatem primeiramente o sentido que imaginaram

propicia uma postura de troca com o dicionário. Normalmente, as criançastêm a fantasia de que o dicionário sabe tudo e eles nada sabem, indo “embranco” buscar a solução do significado. Nosso pedido tenta romper comessa atitude passiva, mostrando-lhes que o dicionário é um espaço de con-firmação e não a única possibilidade de solução. Trabalhar assim evita umasérie de dificuldades habitualmente encontradas pelas crianças, tais comonão saber qual dos significados que aparecem no dicionário é o que servenaquele contexto.

4ª questão:É uma questão muito rica que tem vários objetivos:a) trabalhar a relação de significação entre o título e o conteúdo da

história. A princesa não poderia ter outro nome, pois assim não haveria o jo-go de palavras existente entre “a Divinha” e “adivinha”;

b) e c) ainda é comum restarem alguns problemas de segmentação daspalavras no início da 2ª série. Através desta discussão fica evidenciado oquanto a segmentação tem relação com a significação, e que esta segmen-tação pode ser produtora de humor, de jogos de palavras, etc.

Page 11: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

Xl

5ª e 6ª questões:Um dos elementos que estrutura o humor do texto é o fato de não haver

relação lógica entre os dizeres das adivinhas e as soluções. O Louva-a-deusdiz as palavras com um significado e a princesa entende com outro, que, porcoincidência, é a solução da adivinha. Isto pode acontecer exatamente porqueas palavras são polissêmicas. O objetivo das questões 5 e 6 é este, é prepararesta análise.

7ª questão:O que se pretende é que, confrontando a solução descoberta por eles,

e a impossibilidade de solução pela princesa, fique evidenciada a falta de ló-gica. Só quem conhecesse a história anterior é que poderia entender!

8ª questão:É uma questão objetiva, que dirige o olhar das crianças para a letra

maiúscula (que é um dos conteúdos do trabalho de 2ª série), e que vai prepararo jogo de palavras louva-a-deus (bicho) – Louva-a-deus (homem).

Faça com eles o levantamento das situações em que aparece a letramaiúscula: início de parágrafo, depois de ponto-final, de travessão e no nomepróprio. No primeiro parágrafo aparece também em pronome de tratamen-to, mas como as crianças ainda não conhecem tais pronomes, essa discussãoseria muito longa e desviaria a atenção do nosso objetivo, que é preparar ojogo de palavras.

9ª questão:Nela pedimos às crianças que desenvolvam minuciosamente um

raciocínio que vai confirmar as duas colocações anteriores: a do nome próprioe a do humor produzido pelo acaso da descoberta. Nela também temos no-vamente a polissemia da palavra “apertado” como um jogo de humor.

10ª questão:É o fechamento de todo o raciocínio preparado pelas questões de 5 a

9: as crianças poderão concluir que é pelo acaso que a autora produziu o hu-mor. Além da discussão em si e do objetivo deste texto, a discussão é importante,pois será confrontada com a do próximo texto (A velhinha inteligente) no qualjustamente a lógica das relações é que vai promover a solução do conflito e darum tom de “seriedade”, de veracidade ao texto.

11ª questão:O uso consecutivo das expressões “A princesa levou um susto dana-

do” e depois “A Divinha quase caiu para trás” revela que a princesa ficavacada vez mais surpresa com o fato de o Louva-a-deus conseguir adivinhar oimpossível. Perceber isso é importante para que comecem a observar que énesses pequenos detalhes, nessas escolhas de palavras, de expressões, queo autor traduz o sentimento dos personagens.

12ª questão:Essa princesa tão marcante tem sua personalidade traduzida literal-

mente em alguns momentos e sugerida pelas ações em outros. Observar quesentido as crianças deram a essas marcas todas é o nosso objetivo, para quepercebam formas de se construir um personagem.

Page 12: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

Xll

2º TEXTO

A velhinha inteligente - Simone Chamoud

Objetivos

Escolhemos esse texto, A velhinha inteligente, por ser uma narrativacom as seguintes propriedades:

1 – Apresenta um problema e várias ações em conseqüência dele. Istopode ser contraposto com o texto anterior, onde havia muitos problemas pe-quenos.

2 – Apresenta uma linguagem antiga, mais formal, e consideramos im-portante que eles entrem em contato com esse tipo de linguagem.

3 – Há um desencadeamento lógico entre o problema e as ações e asações entre si.

Estratégia para a leitura e a discussão do texto

Para iniciar o trabalho com as crianças, peça-lhes que leiam o texto si-lenciosamente. Mesmo que a princípio reclamem, vá se aproximando delase ajudando-as a prosseguir, pois é muito importante que aprendam a se de-frontar com o texto escrito, tentando desvendá-lo. Para reduzir-lhes a angús-tia, deixe claro que não tem importância que não entendam tudo; se conse-guirem compreender a história geral já está bom, pois depois todos vão con-versar sobre ela e o que não for entendido vai ser discutido em conjunto.

Depois da leitura silenciosa, leia o texto novamente em voz alta, procu-rando uma leitura bem expressiva, que desperte na turma o prazer do texto.Você pode, em seguida, começar uma conversa informal com as crianças so-bre o que compreenderam da história, ajudando-as, assim, a se envolveremmais efetivamente com o texto. Ao longo dessa conversa, pergunte-lhes seimaginam se esta história aconteceu agora, há pouco tempo ou há muito,muito tempo e se sabem alguma coisa daquela época.

Peça-lhes que falem um pouco e que façam um desenho de como ima-ginam a cidade da história a partir das coisas que aparecem. Compare os de-senhos na aula seguinte e explore bastante o como imaginaram.

Aproveite, então, a oportunidade para contar-lhes que há muito, muitotempo atrás, as pessoas da Europa (se você tiver um Atlas mostre-lhes ondefica a Europa) viviam em pequenas cidades cercadas por altos muros (eramos burgos). Era preciso viver assim para se protegerem dos ataques inimi-gos. As plantações de alimentos e a criação de animais eram feitas fora dasmuralhas, no campo, e esses produtos abasteciam a cidade. Lá dentro nãohavia, como hoje, supermercados, açougues, padarias, etc., por isso, se osalimentos produzidos fora dos burgos não chegassem, eles não tinham co-mo sobreviver.

Por isso mesmo é que era comum os exércitos fazerem cerco ao redorda cidade até que ela se rendesse, por fome e sede, sem que precisassembatalhar de frente.

Esta história da velhinha inteligente aconteceu nessa época e mostrauma situação típica de um momento histórico. No filme El Cid o cerco à cidadeaparece de forma clara e determinante. Caso alguma criança tenha assistido,é um excelente pretexto para se conversar sobre o assunto. Esta conversa —

Page 13: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

Xlll

que resgata outros conhecimentos que podem estar complementando, con-firmando, enriquecendo, explicando coisas que aparecem no texto — é muitoimportante. É preciso que, desde cedo, as crianças saibam que a compreen-são de um texto é tanto mais rica quanto mais aprendemos a utilizar todonosso conhecimento de mundo e da cultura para trocarmos com o que o tex-to nos traz. Portanto, é através dessas conversas que esta postura de relaçõese de intertextualidade vai se estabelecer para as crianças.

Texto pensado, discutido e analisado informalmente por todos, reúnaas crianças em pequenos grupos e peça-lhes que comecem a discutir as per-guntas.

Objetivos das questões propostas

1ª questão:Queremos, com esta pergunta, que através do pensamento dedutivo as

crianças descubram o significado das palavras que não conheçam, amplian-do a compreensão.

É importante que, primeiro, os alunos pensem qual o significado queacham provável, pois:

a) aprendem a deduzir sentidos pelo contexto da palavra, o que é umexcelente recurso de ampliação da compreensão;

b) este recurso de pensamento é imprescindível, uma vez que é sóatravés dele que as crianças podem vencer a barreira das “expressões” e das“figuras de linguagem”, tão freqüentes nos textos e que não são encontradasem dicionário;

c) é através deste recurso que podem ultrapassar a barreira da polis-semia que o dicionário oferece. É muito freqüente as palavras terem mais deuma possibilidade de significação. Quando as crianças vão procurá-las no di-cionário e encontram vários sentidos, ficam sem saber qual deles deve servir.Ao se buscar primeiramente a dedução, quando a criança vai ao dicionáriojá traz internamente pelo menos uma possibilidade de significado, o que per-mite ter um critério de decisão interna de qual dos sentidos lhe interessa.

Depois de discutida a primeira questão pelos grupos, o professor abrea discussão para a classe e faz a correção coletiva na lousa (as respostas de-vem ser escritas numa redação coletiva, com as palavras das crianças e nãodo professor). Passa-se então às questões seguintes.

2ª questão:O objetivo desta atividade é os alunos perceberem que o texto começa

por uma descrição que é essencial para a compreensão de todo o restanteda história. Ao enfocar este aspecto, queremos que percebam que:

a) há uma relação de necessidade entre os dados fornecidos e a açãodesenvolvida na história;

b) o que cada um imagina é diferente apenas em parte, pois há algo naforma como o texto está escrito que orienta essa imaginação.

Por isso, pedimos primeiramente que as crianças desenhem o que ima-ginaram e, depois, comparem seus desenhos.

O item b da questão é que vai fechar o raciocínio, pois pede que tomemconsciência de quais palavras do texto orientaram a imaginação. Voltamosmais uma vez a insistir no fato de que a discussão e argumentação destes

Page 14: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XlV

elementos é que são essenciais, e não o fornecimento de uma resposta cor-reta, pronta, para o aluno.

3ª questão:Esta questão permite que as crianças dêem respostas de vários níveis.

O prefeito reuniu todos na praça para dizer às pessoas:a) que elas tinham que se entregar ao inimigo;b) que haviam perdido a guerra (isto é uma inferência);c) que não havia mais solução para o problema da falta de alimentos e,

portanto, teriam que se entregar ao inimigo, para não morrerem de fome. (É claro que dirão todas estas coisas com outras palavras, nunca com

estas.)Ao deslocarmos o olhar das crianças para este aspecto, queremos que

percebam que este é o problema colocado no texto e em torno do qual todaa história se desenvolverá. Isto é importante:

a) para que tomem consciência de que existe um problema na narrati-va, o que é essencial nesta fase de desenvolvimento textual dos alunos, e

b) para mostrar que é possível organizar a narrativa ao redor de umproblema só ou como uma sucessão de vários problemas pequenos, comono texto da Divinha.

4ª questão:Nosso propósito, aqui, é que percebam que o plano da velhinha era to-

do lógico. Esta idéia será resgatada na questão 8.

5ª questão:Ao concluírem, provavelmente, que o inimigo imaginou que a cidade

ainda tivesse alimentos, pois até os animais estavam comendo, fecha-se oraciocínio feito pela velhinha e justifica-se a importância de cada pedido e arazão do sucesso do plano.

É importante que, ao discutir a questão, o professor vá, oralmente, fazen-do perguntas do tipo: “Vocês acham que a velhinha se surpreendeu ao veros inimigos indo embora, ou ela já esperava que isso acontecesse?”,“Vocêsacham que a velhinha era mesmo inteligente como diz o título? Por quê?”Alimente o quanto puder o raciocínio deles.

6ª e 7ª questões:Estas questões pedem uma comparação entre os dois textos em vários

aspectos, para que possam, através dela, concluir o que será pedido naquestão 8. Por isso, é importante que o professor levante outros elementosde comparação além dos sugeridos, para que a análise fique o mais bem ela-borada possível.

8ª questão:Esta é, a nosso ver, uma das perguntas mais importantes do traba-

lho, pois permite que cheguem à conclusão de que um dos elementos que faz o texto da Divinha ser de humor e o da Velhinha ser sério é o fato de,em um, as coisas acontecerem por acaso, e no outro, tudo ser lógico, plane-jado. Esta é uma importante descoberta para a construção de um estilo deescrita.

Page 15: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XV

9ª questão:A proposta desta atividade é perceberem que o fato de não se dar as

explicações gera expectativa, suspense. Ao saber disto, o aluno-escritor pas-sará a conhecer mais uma forma de criar suspense ao escrever.

10ª e 11ª questões:Investigar propriedades do discurso direto é nosso objetivo nestas

questões. Desde muito cedo as crianças lêem textos com discurso direto ecompreendem quem está falando em cada momento. Isto não significa quesaibam o que do texto lhes dá aquelas informações e, por não saberem, nãoutilizam as formas convencionais de estruturação do diálogo. Assim sendo,no item a da questão 10 pedimos que realizem o discurso direto em ação,para que verifiquem que sabem ler um diálogo; em b pedimos que tomemconsciência de seu próprio saber. Acreditamos que sejam capazes de obser-var a mudança de parágrafo, a presença X ausência do travessão, talvez apresença dos verbos falar, dizer indicando a passagem da palavra para o per-sonagem. Faça-os observar os elementos, nunca dê-lhes a solução pronta.

Na questão seguinte chamamos a atenção em especial para a presen-ça X ausência do travessão inicial e pedimos que comecem a pensar quaismudanças a presença do diálogo em um texto pode trazer.

Sugerimos que, como atividade de escrita, redijam uma história uti-lizando o diálogo.

3º TEXTO

Biografia de Leonardo da Vinci

Objetivos

A inclusão de uma biografia em nosso livro e, entre todas as possíveis,a de Leonardo da Vinci, deu-se pelas seguintes razões:

1 – É um tipo de texto importante pela perspectiva histórica. Situa,preserva e partilha informações fundamentais para a cultura.

2 – Para opormos este tipo característico de texto informativo ao textoliterário.

3 – Para opormos uma biografia tradicional como texto informativo e,portanto, comprometido com a veracidade da informação, a um texto dememórias, O menino e o homem (neste mesmo volume), comprometido coma recriação da realidade.

4 – Escolhemos Leonardo da Vinci por ter sido um homem muito es-pecial, que se destacou em múltiplas áreas, sendo por isso uma personali-dade do mundo, não restrita nem ao tempo, nem ao espaço.

5 – É um texto utilizado para pesquisas e que se encontra preferencial-mente em enciclopédias, servindo como pretexto para trazermos este porta-dor de texto para a sala de aula, refletindo sobre ele.

Preparação para a leitura do texto

Visando aquecer a turma para a leitura do texto, despertando sua curio-sidade, propomos o Jogo de Correspondência. Para realizá-lo, proceda daseguinte forma:

• Organize as crianças em pequenos grupos.

Page 16: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XVl

• Escreva na lousa ou faça uma cópia (mimeografada ou xerox) da listaabaixo, com nomes de autores e inventores e seus feitos:

1. John H. Loud ( ) inventou a lâmpada (8)2. Graham Bell ( ) inventou o telefone (2)3. Michelângelo ( ) inventou o rádio (4)4. Marconi ( ) primeiro homem a pisar a lua (5)5. Neil Armstrong ( ) inventou o avião (7)6. Albert Sabin ( ) inventou a caneta esferográfica (1)7. Santos Dumont ( ) fez a escultura Pietà (3)8. Thomas Edison ( ) inventou a vacina em gotas contra

a paralisia infantil (6)• Peça-lhes que discutam e tentem descobrir qual realização corres-

ponde a qual autor. Provavelmente eles não terão certeza de nada. Não háproblema, nosso objetivo é que fiquem curiosos, para que saiam em buscada informação que falta.

• Não corrija em sala de aula. Deixe que cada grupo fale como fez a cor-respondência e proponha-lhes que pesquisem a solução.

A forma de pesquisa pode variar, dependendo das possibilidades desua escola e de seu grupo de alunos. Pergunte-lhes de que forma eles pode-riam descobrir quem fez o quê. As sugestões que costumam ser dadas poreles são de perguntarem para alguém ou de procurarem nos livros. Nestemomento vale perguntar em que tipo de livro estas informações costumamaparecer. Caso ninguém da classe sugira a enciclopédia, vocês podem acres-centar esta questão à pesquisa oral.

Para fazer esta pesquisa vários encaminhamentos são possíveis. Eis al-gumas sugestões:

a) Pesquisa oral: peça-lhes que perguntem aos pais, avós e a outras pes-soas da escola se sabem quem fez o que daquela lista.

b) Pesquisa em livros: se sua escola tiver biblioteca ou houver a possi-bilidade de levar os alunos a uma biblioteca pública, a oportunidade é fan-tástica. Leve-os e peça à bibliotecária para ajudá-lo a encontrar livros que pos-sam oferecer as respostas para eles. Discuta o que puder com eles, ampliandoseus horizontes.

Ao consultarem as enciclopédias, chame a atenção deles para o fato de que elas apresentam o texto diagramado em colunas, que é uma formaprópria de organização espacial.

Depois que a turma tiver descoberto a solução do jogo, é voltar para aclasse e... bom divertimento! Podemos agora nos lançar à biografia doLeonardo da Vinci. Pergunte-lhes se sabem quem ele foi e escreva na lousatodos os “chutes” dados por eles, sem dizer certo ou errado.

Estratégia para a leitura e a discussão do texto

Concluída a conversa, peça-lhes que leiam silenciosamente o texto da biografia de Leonardo da Vinci e depois digam, pelo que leram, o que elesacham que é uma biografia. Provoque-lhes a dedução, conte-lhes que apalavra biografia é formada de bio + grafia. Pergunte quem conhece ou-tras palavras que também começam por bio (biologia, bioquímica, biosfera,biodegradável, etc.). Caso alguém saiba alguma, peça que diga e que expli-

Page 17: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XVll

que o que quer dizer para que possam deduzir que bio = vida. Se ninguémsouber, conte-lhes. Proceda da mesma forma em relação à palavra grafia, pa-ra que saibam que grafia = escrita. Ou seja, biografia = escrever a vida. Opróximo passo é, então, ler o texto em voz alta, você, professor, ou eles,alunos.

Ao conversar sobre a vida e obra de Leonardo da Vinci, dirija a atençãodeles para as ilustrações do livro que mostram algumas de suas obras. Ajude-os a observar o caráter revolucionário do grande mestre, pois alguns de seusinventos só séculos depois foram reinventados e utilizados pelos homens.Peça-lhes que tragam, se tiverem, fotos e desenhos de outros trabalhos delee amplie o quanto puder o conhecimento de sua classe.

Texto lido, ilustrações vistas, conversa informal sobre ele. Abra um es-paço para se colocarem, discutirem as idéias, o tipo de informação, contar sejá haviam lido outras biografias, se só gente importante é que pode ter umabiografia. Depois da discussão, acreditamos que já estarão preparados parao trabalho escrito, portanto reúna-os em grupos e peça-lhes que comecem adiscutir as questões.

Objetivos das questões propostas

1ª questão: Começamos o trabalho pelo levantamento das informações do texto,

para que percebam a especificidade delas. É interessante que o professorajude-os a fazer a organização em grupos maiores de informações, para quepercebam o que é geral: data e local de nascimento, pais, onde e o que es-tudou, fatos importantes da vida, obras realizadas, onde e como morreu, etc.

2ª questão: Pedimos que levantassem a natureza das informações para que, ago-

ra, pudessem observar que são verdadeiras, pois o compromisso com o real é uma das propriedades do texto não literário.

3ª questão: Pedimos aqui a conclusão preparada nas questões 1 e 2: o texto não

literário é o texto comprometido com a veracidade das informações forne-cidas.

4ª questão: A partir desta questão estaremos investigando propriedades lingüísti-

cas dos textos não literários. Uma delas é não apresentarem diálogos. A jus-tificativa que esperamos é dizerem que os diálogos só aparecem em históriasinventadas (textos literários).

5ª questão: Outra propriedade dos textos não literários é a utilização de uma pon-

tuação mais lógica, pois seu objetivo não é a tradução da emoção. Por essemotivo fizemos a seqüência de perguntas:

a) Para que observem que aparecem apenas ponto, vírgula, parêntesese dois-pontos.

b) Uma vez marcada a pontuação presente no texto, pedimos que ob-servem a que está ausente, para confrontá-las.

c) Pedimos que concluam, comparando a pontuação do texto Sua

Alteza, a Divinha com a do texto biográfico, para que observem que, como

Page 18: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XVlll

o texto não literário não deseja passar a emoção da história para o leitor, uti-liza um tipo de pontuação mais objetivo. É uma questão difícil, de relação en-tre dados, e que vale a pena ser cuidadosamente discutida com a classe.Respeite até onde as crianças conseguiram observar, pois nosso objetivo éa reflexão sobre este aspecto e não a repetição de uma resposta pronta.

6ª questão: No item a, queremos que observem que a biografia, como texto infor-

mativo, é escrita em 3ª pessoa. Iremos opor mais para a frente um texto dememórias como texto literário, para que confrontem os dois e descubramsuas propriedades.

Em b, esperamos que observem a presença da 3ª pessoa. Nossa ex-pectativa é a de que dêem explicações tais como: “no texto diz que ele foi umgrande inventor; se fosse ele mesmo contando, estaria dito que fui um grandeinventor”. Ouça seus argumentos, conheça como pensam e proponha-lhesque leiam o início do texto como se fosse o Leonardo da Vinci contando suaprópria história. Peça que escrevam no caderno, conforme vão fazendo atransformação, quais palavras mudaram. É um exercício fantástico de con-cordância e que ajuda as crianças a tomarem consciência das propriedadesda língua.

7ª questão:Nosso objetivo nesta questão é uma síntese de todos os elementos já

percebidos anteriormente por eles, mais todos que tenham descobertoatravés do trabalho. Vale a pena, depois de discutido nos grupos, o profes-sor abrir a discussão no grupão e redigir com eles uma resposta que seja asíntese do conhecimento adquirido pela classe.

8ª questão: Biografias são encontradas preferencialmente em enciclopédias, mas

também se encontram em capas de livros, revistas, jornais e outros porta-dores de texto. Peça às crianças que procurem, que tragam outros portadorespara a classe, que analisem o material obtido e tirem o máximo de conheci-mento.

9ª questão: Investigamos aqui as funções sociais que as crianças conseguem perce-

ber para esta modalidade de texto. As biografias garantem a autoria de obrase inventos, eternizam as idéias das pessoas e apresentam exemplos de vida.

A partir desta discussão pode-se lançar a proposta de escrita. Eis aquialgumas sugestões:

1 – Propor às crianças que pensem em alguém que tenham curiosidadede conhecer e pesquisem sua biografia, escrevam com suas palavras e façamuma pasta de biografias ou uma exposição em quadro mural.

2 – Pedir que pensem em algo que acham curioso, por exemplo, queminventou a bicicleta, ou o rádio, ou qualquer outra coisa. Devem, então, des-cobrir quem inventou e trazer a biografia dessa pessoa para contar para aclasse.

3 – Sugerir que escrevam sua biografia, para que faça parte de um livri-nho de histórias que eles poderiam escrever, ou então, a partir da coletâneade todas as da classe, que se faça um livro de biografias da turma.

Page 19: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XlX

Enfim, dê asas à imaginação e crie uma situação na qual seus alunospossam saborear o prazer de escrever este tipo de texto e que o usem emuma situação o mais viva e real possível.

4º TEXTO

O menino e o homem — Fernando Sabino

Objetivos

Escolhemos um texto de memórias para o livro e o apresentamos logo em seguida à biografia para podermos confrontar estas duas im-portantes modalidades textuais, que apresentam tantas semelhanças e dife-renças.

Havia muito a ser analisado, tanto no texto de Fernando Sabino quan-to em relação ao confronto, e portanto tivemos que fazer muitas escolhaspara que a extensão do trabalho não se tornasse excessiva. Optamos porrecortá-lo nos seguintes aspectos:

1 – A importância do detalhamento, da descrição das cenas e fatos, oque nos permite reconstituir a imagem do que é narrado.

2 – O tratamento em primeira pessoa, em oposição ao texto biográficoapresentado antes, que é em terceira pessoa.

3 – Utilização da linguagem poética.4 – Sua literariedade.5 – O fato de ultrapassar a simples contagem de fatos passados para

ser uma retomada, uma ressignificação dos mesmos.

Preparação e estratégia para a leitura e a discussão do texto

Este texto é extremamente sensível. Por isso, sugerimos uma pre-paração da leitura que possa ajudar as crianças a usufruírem desta beleza.Para isso, se possível, coloque uma música de fundo. O ideal é que seja umamúsica instrumental, de preferência uma música clássica romântica. Coloquea música e peça-lhes que fechem os olhos, fiquem calmos e ouçam a leitura,tentando imaginar como se fosse um filme passando na cabeça. Leia, então,o texto com calma e expressão. Peça em seguida que abram os olhos ecoloque novamente a música. Diga-lhes que agora você vai reler o texto eeles vão acompanhar a leitura em seus livros, tentando imaginar tudo como máximo de detalhes: como era a casa, os móveis, a cor das paredes, o quin-tal, as árvores...

Terminada esta fase, peça-lhes que, sem conversar com os amigos, de-senhem o parágrafo que acharam mais interessante (questão 1). Depois, pen-dure os desenhos na classe e convide-os a observar o de todos. Será quemuitos acharam o mesmo parágrafo o mais interessante? Será que imagi-naram a cena da mesma forma? O que há em comum e de diferente em ca-da um deles?, e assim por diante.

Termine a etapa discutindo livremente o texto com eles. Fique atentoaos comentários e tente aproveitar ao máximo o conhecimento e visão demundo que eles estiverem trazendo para você. É comum, nessa hora, eles

Page 20: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XX

contarem coisas de suas vidas e este se tornar um gostoso momento de tro-ca e recordação.

Depois, reúna-os em grupos e continuem o trabalho com as questõesdo livro.

Objetivos das questões propostas

1ª questão:Pedimos que entrem em contato com o texto pela via da emoção, sentin-

do-o e saboreando-o. Transformar texto em imagem é, a nosso ver, apren-der a ler.

2ª questão:Normalmente a percepção da emoção é um ato mais global, sem que

haja consciência dos elementos textuais que produziram aquela sensação.O objetivo desta questão é começarem a tomar consciência destes ele-mentos, para que depois possam utilizá-los ao escrever. No item a, es-peramos que reparem nas palavras que constituíram a riqueza de deta-lhes, pois é o elemento mais evidente em todos eles.

Em b, queremos que percebam a importância do detalhe para que oleitor possa interagir com o texto, reconstruindo-o internamente.

3ª questão:Pedimos nesta questão que passem o parágrafo de 1ª para 3ª pessoa.

É um exercício desafiador para crianças desta faixa etária, e o fazer em gru-pos vai garantir uma discussão rica e produtiva. As mudanças de pronomes,como “pouco me incomodando” para “pouco se incomodando”; “meus pés”para “seus pés” são bastante complicadas. Não espere que eles acertem to-do o exercício, provavelmente não conseguirão. Nosso objetivo é que discu-tam, observem que quando se diz “eu” ou “ele” muitas mudanças aconte-cem. Corrija a questão na lousa, juntamente com eles, e aproveite as colo-cações que eles fizerem.

4ª questão:a) Ao pedirmos que sublinhem as palavras que foram alteradas, pre-

tendemos que possam tomar consciência dos elementos que se transformame de como se transformam.

b) Toda a transformação analisada vai desembocar na observação deque o narrador é também um personagem. As crianças costumam fazer con-fusões entre autor, narrador e personagem; portanto use a questão para ve-rificar até que ponto eles já conseguem perceber as diferenças entre cada umdeles.

5ª questão:Nosso objetivo é o confronto entre estas duas modalidades textuais,

em vários aspectos: texto informativo X texto literário; narrador em 3ª pes-

Page 21: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXl

soa X 1ª ; discurso direto X ausência de discurso direto; compromisso com averdade X compromisso com a imaginação; função de informar X prazer;falar de sentimentos X falar de fatos; portador de textos diferenciados; etc.

Pedimos para a criança também escrever sua própria observação, as-sim ela pode ampliar a percepção iniciada por nós.

6ª questão:Crianças desta faixa etária costumam gostar de escrever histórias muito

agitadas, repletas de ação, mas traduzir a sensação de movimento é uma dasgrandes dificuldades da escrita. Por esta razão, analisamos aqui um dos ele-mentos possíveis de serem utilizados para produzir a sensação de movi-mento: a escolha vocabular.

a) Retiramos algumas palavras e expressões do texto, aquelas que jul-gamos justamente traduzir a sensação de movimento e pedimos que subli-nhem as palavras retiradas.

b) Pedimos que reflitam e digam qual a mudança de sensação provo-cada. Com freqüência há crianças que, diante de uma questão destas, diz quenão sente diferença alguma. Esta sensibilidade mais sutil diante da lite-rariedade de um texto é algo a ser desenvolvido ao longo do trabalho e nãoum pressuposto com o qual já possamos contar de antemão. Nestes mo-mentos, a diversidade de sensações e opiniões costuma ser enriquecedorapara despertar os que estão mais adormecidos.

Para encerrar o trabalho, iremos propor que escrevam suas memórias,mas antes disso, queremos prepará-los através da atividade Jogo dos autó-

grafos. Faça cópias do jogo e distribua entre os alunos.Objetivo do jogo: Conseguir, entre os colegas, pelo menos vinte assi-

naturas.Como jogar: a um sinal dado pelo professor, todos saem ao mesmo

tempo perguntando um ao outro se “cumpre aquilo que está proposto na li-nha”. Por exemplo, se está dito “Tem medo de barata”, se o aluno para quemse perguntou tiver medo de barata realmente, ele assina na linha, se não ti-ver, diz que não, e o colega tem que continuar procurando, até encontrar al-guém que cumpra com a afirmação da linha.

Vence o aluno que conseguir vinte assinaturas em 1º lugar, mas pode-se continuar o jogo até o 5º ou 10º colocado, como for mais interessante. Aclasse ficará agitadíssima por uns 10 ou 15 minutos, pois é importante quetodos procurem ao mesmo tempo, ou seja, cumpram o papel de entrevista-dor e de entrevistado simultaneamente, mas o resultado valerá a pena!

Concluída a atividade, sente-se com os alunos (de preferência no chão)e conversem sobre o jogo. Que assinaturas foram mais fáceis de conseguir?Quais as mais difíceis? Quem teve alguma surpresa ao descobrir um amigoque nunca havia imaginado que soubesse algo que sabia, ou que sentisse algoque sentia? E assim por diante. Esta conversa costuma trazer recordaçõespara as crianças e, com freqüência, elas trazem histórias de suas vidas. É ummomento gostoso de troca e de conhecimento de todos.

Terminada a conversa, peça a cada um que pense quais as linhas quepoderia assinar e, depois, ajude-os a ver que aquilo que somos é o conjuntodas coisas que sabemos, que fazemos, pensamos e sentimos. Por isso, con-versar sobre estas coisas é conhecer o outro e nos conhecermos. Proponha,

Page 22: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXll

então, que cada um escolha um ou mais fatos de sua vida e escreva um tex-to de memórias de sua vida.

Depois, dê asas à imaginação: junte todos e faça as memórias da tur-ma; troque todos entre si, um lê em voz alta o do outro e a classe tem queadivinhar de quem são as memórias; coloque no jornal mural... só não se es-queça de oferecer um leitor para o texto, a fim de mantê-lo vivo na memória.

5º TEXTO

Meu caro Barão — Chico Buarque e outros

Objetivos

As razões que nos levaram a escolher esta música para o livro são:1 – Letra de música é um tipo de texto que ainda não havia sido explo-

rado por nós e que, via de regra, é presente na vida das crianças.2 – É escrita em verso, numa linguagem poética.3 – Permite trabalhar de forma significativa uma variante da linguagem

que se diferencia da norma culta.4 – Apresenta palavras com a sílaba tônica deslocada de sua posição

normal, possibilitando observar o conteúdo de tonicidade através de um jo-go de efeito produzido no texto.

Preparação do trabalho

Esta música foi escrita para o filme Os Saltimbancos Trapalhões, dosTrapalhões. Consta do disco dos Trapalhões, intitulado com o mesmo nome.Estes dados são relevantes, pois, caso seja possível, é interessante projetaro filme ou, no mínimo, tocar a música para que possam cantar e conhecer amelodia. Essas estratégias são importantes para introduzir o trabalho.

Quando as crianças não conhecem o filme, a história da música é difí-cil de compreender à primeira vista. Por isso, converse com eles sobre saltim-bancos, conte-lhes sobre a vida deste tipo de artistas, sobre a importânciaque tiveram e têm na difusão da cultura popular, o quanto espalham alegriae vida pelo interior afora. Pergunte-lhes quem já viu, como foi, brinque comeles de saltimbanco. Depois, vamos às perguntas...

Objetivos das questões propostas

1ª questão:a) Nosso objetivo, nesta primeira questão, é resgatar o conhecimento

de discussões anteriores, em que aprenderam que os textos podem ser or-ganizados em dois grupos: prosa e verso. As letras de música são textos emverso.

b) Ao perguntar o que observaram, pedimos que tomem consciênciada estrutura do texto, que é organizada em versos e estrofes.

2ª questão:Fizemos esta pergunta para que apliquem o conhecimento sobre es-

trofes e, ao numerá-las, facilitem a localização que será pedida em questõesposteriores.

Page 23: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXlll

3ª questão:Na 3ª estrofe está uma chave para a compreensão da história contada

na letra da música, por isso a estamos enfocando neste momento. a) Perceber que o narrador é o faxineiro é essencial para a compreen-

são do texto. Com freqüência, apesar de já ter sido trabalhado, as criançasconfundem narrador com autor. Caso haja confusão na sua classe, aproveitepara rediscutir o conceito.

b) O fato de o narrador ser personagem — o faxineiro — é condiçãopara a escolha da linguagem e do recorte dos fatos que aconteceram, por is-so, é importante que seja claramente observado por eles. Neste primeiro mo-mento, esperamos apenas que digam que o narrador também é personagem.As relações serão trabalhadas posteriormente.

c) Uma máquina de escrever. É a própria sustentação do texto.d) Perceber que o faxineiro encontrou uma máquina de escrever que

era do Barão e está escrevendo uma carta, ou seja, que o texto é a própriacarta escrita por ele, é a chave da compreensão do restante da música.

e) Para o Barão. Para as crianças, isto não é claro à primeira vista.

4ª questão:Queremos que os alunos percebam os dados sugeridos pelo texto e que

consigam construir a personagem através deles. O desenho é, assim, formaexcelente de materializar a imagem construída.

5ª questão:Aqui pedimos uma recontagem da história em prosa. Optamos por um

texto coletivo, pois propiciaria uma discussão rica de como escrevê-lo, sendoum espaço para que apliquem todo o conhecimento adquirido. O professordeve aproveitar a situação para discutir detalhes de significado do texto quenão foram possíveis de explorar, pois o trabalho ficaria excessivamente lon-go. Faça essa reflexão oralmente: discuta por que o faxineiro diz: “São Bráso proteja, o santo dos ladrão”; explore os ditados populares e o significado,no contexto, de “tinha a faca, o pão, o queijo e os pássaros voando e na mão”;por que ele diz “venha nos visitar, estamos sempre noutro lugar” e assim pordiante. Depois, estarão preparados para transformar a história em um textoem prosa.

6ª questão:Nosso objetivo é perceberem que o texto não está escrito “errado”, que

esta é uma forma de dizer e que foi escolhida pelos autores propositalmentepara traduzir a linguagem do faxineiro, que é um homem do povo e fala, por-tanto, numa linguagem do povo. Ficaria, inclusive, estranho se o texto fosseescrito em norma culta, como a segunda forma exposta nos mostra.

7ª questão:Nosso objetivo é que percebam o caráter itinerante do circo, especial-

mente dos circos mambembes, já como uma preparação para a 10ª questão;e a ironia do convite, que integrada no restante do texto, completa a signifi-cação.

8ª questão:a) Pontuação é um assunto a ser trabalhado ao longo de toda a série e,

Page 24: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXlV

nesta música, temos a oportunidade de resgatar a relação nomenclatura–sinal ao pedirmos que façam a correspondência (Ex.: ponto.).

b) O fato de os sinais aparecerem por extenso dá um toque de humorao texto. É mais um recurso expressivo a ser descoberto por eles.

9ª questão: a) Com freqüência, diante da pergunta de o que todas as palavras têm

em comum, as crianças respondem que elas estão faladas errado. Caso digamisto, pergunte-lhes se este errado é igual ou diferente do errado do “tá quetá que é bão”. Isto é importante para que foquem o olhar na tonicidade eacionem este conhecimento inconsciente, e possam refletir sobre ele.

b) Não foi à toa que os autores escolheram marcar algumas palavrascom a tonicidade errada. É mais uma marca da linguagem do faxineiro a serdescoberta pelas crianças. Elas podem, também, alegar o ritmo, a rima.

10ª questão:Nosso objetivo é o resgate do conhecimento deles e seu posiciona-

mento. Deixe que escrevam e troquem entre si.Optamos por não incluir nova proposta de escrita para finalizar, pois

consideramos a questão 5 como uma situação rica e suficiente de escrita.

6º TEXTO

A operação do Tio Onofre —Tatiana Belinky

Objetivos

Escolhemos esse texto por ser uma narrativa que apresenta uma cons-trução de clímax bem elaborada e recursos literários possíveis de serem iden-tificados por crianças dessa faixa etária. Consideramos importante sua leitu-ra, pois, ao escreverem, as crianças de 2ª série costumam apresentar um tex-to linear, onde nem sempre as coisas que acontecem são preparação para odesfecho, que em geral é mágico, justamente por essa razão.

Estratégia para a leitura e a discussão do textoOptamos por apresentar o texto com lacunas em fatos que considera-

mos relevantes para a dedução do pai no final da história. Peça aos alunos,primeiro, que leiam o texto silenciosamente, mesmo que nem todos aindatenham fôlego para um texto tão longo. Diga-lhes que caso não leiam tudo,ou que não compreendam todas as palavras, não tem importância, porquedepois você lerá em voz alta e todos discutirão. O importante é que se lancemà tarefa de tentar ler e compreender. Explique-lhes que há trechos com lacu-na, os quais os alunos devem completar.

Objetivos das questões propostas

1ª questão:Reúna-os em grupos e peça que discutam qual das lacunas deve ser

preenchida por qual tirinha. É uma atividade que exige das crianças um tra-balho de interpretação de texto bastante desafiador, que para se cumprir re-

Page 25: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXV

quer uma linha de raciocínio lógico importante de ser desenvolvido. Con-fronte as soluções dadas pelos diversos grupos e procure levá-los a justificarsuas respostas. Depois, leia o texto junto com a classe.

2ª questão:Propomos a justificativa por escrito, para levá-los a pensar sobre seu

próprio raciocínio, tomando consciência de elementos lingüísticos. Isso pro-picia uma leitura de maior nível qualitativo.

3ª questão: a) e b) Nosso objetivo é que percebam uma das informações relevantes

para a construção lógica da trama da história, para que possam fazer a gene-ralização mais adiante.

c) Pedimos a rima como forma de brincadeira. É interessante que nessemomento o professor pergunte aos alunos onde eles costumam encontrar ri-mas. Com certeza dirão que é nas poesias. Pergunte-lhes, então, qual a funçãoda rima na poesia. Dirão provavelmente que é deixá-la com melodia, român-tica, mais bonita, ou algo semelhante. Pergunte-lhes, ainda, se essa é a mes-ma função da rima neste texto, ou se nele a função é outra. Ao fazê-los ob-servar isso, poderão perceber que ela é constitutiva do humor do texto, quenão existe apenas em poemas e que pode ter várias funções.

4ª questão:Essa pergunta é um fechamento do que foi discutido até agora, pedin-

do uma generalização de todas as informações. Fizemos um caminho cuida-doso antes de propô-la, pois consideramos uma relação que seria difícil de-mais de ser realizada de pronto por crianças dessa faixa etária.

5ª questão:Nosso objetivo ao pedir um resumo é possibilitar o confronto de duas

formas de se dizer algo, para perceberem que, mais do que o que se diz, aforma como se diz é determinante. Poderíamos ter usado a mesma estraté-gia do livro da primeira série: nós fazíamos o resumo e solicitávamos apenaso confronto. Optamos por pedir o resumo para eles, a fim de aprenderem afazê-lo. E para isso o papel do professor é fundamental.

Resumir não é juntar uma série de frases por parágrafos, como se umtexto fosse uma colcha de retalhos. É necessário uma análise e depois umasíntese de idéias, por isso sugerimos que o professor discuta com a classeoralmente, faça-lhes perguntas, ajude-os a resumir e peça, só depois disso,o resumo em duplas, por escrito. Não se esqueça de deixar claro para ascrianças que detalhes e diálogos não fazem parte de um resumo.

6ª questão:Nos itens a, b e c propomos o confronto. Esperamos que, ao voltarem

os olhos para esses aspectos, descubram a importância dos detalhes, da con-textualização, do jogo de sedução do interlocutor que um texto deve ter.

7ª questão: Esta questão destaca a pontuação, e dentro dela as reticências.a) Pedimos que analisem o efeito produzido pela escolha das reticên-

cias. O recurso de traduzir o tempo da gagueira através delas é de fácil ob-servação.

Page 26: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXVl

Há outros usos de reticências ao longo do texto, como no 5º parágrafodo trecho, onde elas expressam um tempo do pensamento. Caso sua classese interesse, explore-os oralmente também.

8ª questão: Nesta questão queremos analisar alguns elementos da estruturação do

diálogo que não costumam, ainda, estar assimilados por eles neste momen-to. Com freqüência as crianças, ao organizarem o diálogo, colocam o traves-são à esquerda, mas não sabem como pensar para decidir quando o traves-são deve permanecer com o narrador na mesma linha e quando deve iniciarparágrafo. Resolver essa questão implica perceber a diferenciação entre nar-rador e personagem, a possibilidade de o narrador aparecer intercalado ouposposto à fala do personagem e, principalmente, compreender a relação en-tre a natureza do que é dito por um e outro. Essas são questões conceituais,que exigem uma cuidadosa reflexão por parte de todos, alunos e professores.

Nos itens a e b, pedimos que pintem com lápis colorido os três ele-mentos envolvidos: travessão, narrador e personagem. Ao fazer isso, naação, estarão observando a presença dos mesmos.

No item c, destacamos os travessões que intercalam a fala do narradore o que a isola no final da fala do personagem. No livro, paramos por aí, massugerimos que na classe, oralmente, o professor continue a atividade daseguinte forma:

Analise com eles que tipo de coisas o narrador diz quando aparece namesma linha, depois da fala do personagem. Selecione um outro trecho emque o o narrador apareça apenas na linha seguinte. Analise que tipo de coisase diz. Compare as duas formas e deixe que concluam que quando o nar-rador permanece na mesma linha, aquilo que se diz é uma explicação dequem falou ou de como falou o personagem. Quando se muda de linha, éporque o que se diz é novo, não se refere à fala, ao que o personagem disse.

Propomos que, para finalizar o trabalho, escrevam uma história bememocionante em que apareça diálogo.

7º TEXTO

Jornal

Objetivos

Este trabalho com jornal inscreve-se dentro de um projeto de análisedesse portador de texto, que se estende da primeira à quarta série. Na primeirasérie nossa intenção foi que estabelecessem um contato inicial e observas-sem os textos do jornal: a) como textos em prosa; b) como textos não literários,comprometidos com a realidade e por isso apresentam uma pontuação mar-cada por pontos e vírgulas.

Na segunda série o objetivo é a análise da estrutura do jornal, enfo-cando especialmente dois aspectos:

a) as informações da primeira página;b) a organização em cadernos.

Preparação e estratégia para a leitura do textoPara iniciar esta unidade, peça às crianças que tragam de casa um

exemplar de um jornal importante em circulação em sua cidade ou região. O

Page 27: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXVll

professor pode definir com as crianças quais são eles, iniciando já nessa de-cisão o trabalho: Quais vocês conhecem? Quais são os mais importantes?Quais são lidos nas casas de vocês?

Definidos os jornais que devem trazer, no dia combinado proponhaque se reúnam em grupos – de forma que cada grupo tenha exemplares de dois jornais –, e lance as questões que estão na introdução do trabalhono livro do aluno. O objetivo dessa investigação é a descoberta e sociali-zação das informações que o grupo-classe já possui sobre esse portador detexto.

Discussão concluída, os alunos começam a trabalhar sobre as questõesdo livro.

Objetivos das questões propostas

1ª questão:Registrar as informações que foram mais relevantes na opinião da

criança. Não se espera que todos escrevam as mesmas coisas, pois há, ine-vitavelmente, diferenças pessoais nessa decisão.

2ª questão:A primeira página é muito rica em informações, por isso quisemos

destacar algumas. Nos itens a, b, c e d, procuramos sintetizar os dados queidentificam o jornal.

3ª questão: Nosso objetivo é que percebam que existe uma relação entre o tama-

nho das letras e a importância da informação. O professor pode ajudá-losnessa relação, chamando a atenção através de perguntas como: O que é maisimportante para as pessoas, informar o tempo ou se vai haver aumento desalário? O que é mais importante, informar se tal time ganhou ou se foi vota-da uma lei nova? E assim por diante, de forma que possam perceber que háinformações que interessam apenas para algumas pessoas e outras paramuitas, que há informações que mudam bastante a vida do povo e outrasque não mudam nada.

4ª questão: O índice é um elemento organizador e facilitador. Queremos que des-

cubram sua existência e aprendam a se servir dele para encontrar o que de-sejam em livros, revistas, enciclopédias, jornais. Caso deseje e tenha possi-bilidade, pegue outros índices de livros e revistas e discuta os critérios queforam utilizados para serem organizados.

Caso o jornal não tenha índice, sugerimos que a criança investigue co-mo é a forma específica de ele oferecer essas informações aos leitores.Algumas podem estar espalhadas pela página, acompanhando as chamadasdas matérias, outras podem estar na segunda página. Ajude as crianças a realizarem essa investigação e depois faça-as confrontarem as formas pos-síveis para que percebam as vantagens e desvantagens de cada uma.

5ª questão:A relação entre os nomes dos cadernos e os nomes que aparecem no

índice é o nosso objetivo. Para poderem manusear com facilidade um jornal,

Page 28: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXVlll

as crianças precisam perceber a relação índice–cadernos–tipo de matéria,para finalmente poderem encontrar o que desejam.

6ª questão:O universo de coisas possíveis de elas perceberem é enorme. Depois

de alguma investigação, poder descobrir o que chamou a atenção das crianças e o sentido que deram a elas é uma experiência fantástica. Aproveiteos comentários para limpar conceitos, ampliar universos, socializar des-cobertas.

7ª questão:É o último passo para estabelecerem a relação que pretendemos. Vá

circulando pela classe e fazendo perguntas, a fim de que percebam a idéiageral do caderno. A tendência das crianças é a de enumerar as matérias enão a de sintetizar a idéia, por isso é importante que o professor as ajude afazer a generalização.

8ª questão:Esta questão é uma preparação para a 9ª questão.

9ª questão: Queremos que eles percebam que os nomes são diferentes mas os as-

suntos tratados são os mesmos. Às vezes, um jornal possui cadernos quenão estão presentes no outro, ou existem vários assuntos juntos no mesmocaderno. Mas todos possuem estruturas semelhantes e cumprem a mesmafunção.

10ª questão:Essa questão é uma aplicação prática de tudo o que investigaram até

agora. Procuramos pedir informações relacionadas às necessidades deles,para que sintam a utilidade do jornal para si mesmos e preparem-se para ojogo que será sugerido a seguir.

11ª questão:É no jogo que as crianças fixarão os conhecimentos obtidos ao longo

do trabalho. Aproveite os erros cometidos no jogo para discutir conceitos queainda não estejam claros para eles.

8º TEXTO

Homem não chora — Flávio de Souza

ObjetivosEscolhemos esse texto porque reúne um conjunto de qualidades: beleza

da linguagem e tratamento temáticos, jogos de significação construídosatravés da pontuação, que é um dos assuntos mais importantes da segundasérie.

Preparação e estratégia para a leitura e a discussão do texto

É importantíssimo que o poema seja lido individual e silenciosamentepelas crianças, para que possam viver a emoção que ele desperta. Depois,leia-o em voz alta, peça aos alunos que leiam por estrofes ou de outra formaque acharem interessante. Concluída a leitura, converse livremente com eles

Page 29: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXlX

sobre o assunto sugerido pelo texto. É um tema que provavelmente trarámuitas histórias e polêmicas. Alimente a discussão, converse sobre asemoções do ser humano, as questões familiares, a vulnerabilidade dos pais,que também são humanos e frágeis, e tudo o mais que seu grupo sugerir.Em seguida, reúna-os em grupos e dê início ao trabalho escrito do livro.

Objetivos das questões propostas

1ª questão: É uma das mais importantes de todo o trabalho. Através do jogo de pon-

tuações feito por Flávio de Souza, as crianças interpretarão o sentido do tex-to. Não é uma relação fácil e em várias estrofes mais de uma solução é pos-sível. Nós oferecemos a solução do autor, mas, mais do que tudo, é a dis-cussão que a questão abre que é nosso objetivo. Para facilitá-la, trabalhe emtrês etapas:

1- Explore as emoções e a significação traduzidas em cada forma depontuar.

2- Explore as emoções vividas pelos personagens em cada estrofe.3- Peça que façam a relação entre os dois itens. Na seqüência são estas as frases correspondentes às estrofes.HOMEM NÃO CHORA.HOMEM NÃO CHORA?HOMEM, NÃO CHORA!HOMEM NÃO CHORA!SEJA HOMEM: NÃO CHORA!HOMEM NÃO CHORA...HOMEM... NÃO! CHORA?HOMEM, NÃO. CHORA.

2ª questão: Acreditamos que as crianças deverão se emocionar com o texto. Mas

esse sentimento não é gratuito: elementos textuais, de conteúdo, a forma co-mo o texto está escrito, produzem essa emoção no leitor. Ao tentar percebero que sentiu, preparamos a criança para responder à próxima questão.

3ª questão:São esses elementos que tentaremos destacar ao longo do trabalho. O

mais evidente deles é o próprio conteúdo, mas acreditamos que algumas crianças possam perceber também a escolha de imagens, a pontuação ou al-gum outro. É importante que elas saibam que na escolha desses elementosnão há a gratuidade que muitos imaginam.

4ª questão:a) A razão de essa pergunta estar presente é porque queremos voltar o

olhar deles para a importância da forma como se conta. A história pode serigual, mas a emoção é a mesma? Pelo menos na nossa maneira de sentir, aforma em versos, com períodos curtos, é mais poética e, portanto, produzuma intensidade de emoção maior; no entanto, o professor deve considerarcorreta qualquer resposta dada pelo aluno.

b) Algumas alterações feitas: o texto que estava em versos foi trans-formado em prosa; pontos foram substituídos por e; o que era uma estrofefoi substituída por dois parágrafos; as reticências do penúltimo verso foram

Page 30: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXX

substituídas por porque; a frase “homem não chora” que estava em letrasmaiúsculas passou a ser escrita com letras iguais às outras.

c) Acreditando que prefiram a forma em versos por ser mais poética,gostaríamos que percebessem a importância da escolha da forma paratradução de um conteúdo tão intenso.

5ª questão:Gostaríamos que as crianças percebessem o destaque dado ao próprio

tema do texto, marcado pelo recurso de usar letras maiúsculas como diferen-ciação.

6ª questão: Outro recurso utilizado com muita sabedoria por Flávio de Souza é o da

seleção das imagens. Havia muitas para serem destacadas, mas escolhemosapenas uma para que o trabalho não ficasse excessivamente longo. A esco-lha de utilização de um numeral, aliás, tradutor de um número tão grande,tem a função de intensificar, é como um superlativo.

De forma original e gostosa, traduz o nível de angústia que o meninosentia diante de tudo o que estava vivendo. É como se ele dissesse: Eu merevirei muito, muito mesmo na cama.

Aproveite a abertura sugerida pela questão e peça que encontrem notexto outras expressões interessantes, bonitas, emocionantes, etc. e discutaoralmente com eles os jogos de significado e emoção produzidos por elas.

7ª questão:Nosso objetivo nessa questão é resgatar o próprio centro de discussão

do texto: afinal, homem chora ou não? Ao fazer o resgate preparamos paraa questão 8.

8ª questão: Fechamos o trabalho de significação, pedindo que escrevam o que o

menino aprendeu.

9ª questão:As imagens criadas pelas emoções dos animais são belas e intensas.

Os seres vivos, se vivos, não podem estar impassíveis diante dos elementosda vida, e nessa troca constante manifestam suas emoções. Das mais dife-rentes formas. Mas quantas não são as vezes que não reconhecemos as for-mas de manifestação de emoções dos outros, ou que sentimos que os ou-tros não reconhecem as nossas?

Nosso objetivo nessa questão é poder ajudá-los a perceber como sãodiferentes as formas de as pessoas se expressarem, mas que todas são signi-ficativas, para que possam percebê-las como formas diferentes e não co-mo certas ou erradas, aumentando, assim, a possibilidade de compreensãoentre eles.

Para atingir esse objetivo, peça que leiam suas respostas. Compare-as,para que percebam como é variada a forma de as pessoas manifestarem suasemoções.

10ª questão: Até o momento, estivemos mais voltados para o próprio texto. Mas qual

Page 31: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXl

a posição pessoal dos alunos? Essa questão permite que você conheça umpouco de seu aluno como pessoa e interaja com ele.

Sugerimos que para finalizar o trabalho o professor peça às criançasque pensem em uma emoção (de amor, de raiva, de alegria, de dor, etc.) etragam algo que possa representá-la. Pode ser uma música, uma pintura (quea criança tenha feito ou não), um texto (escrito por ela ou por outro), um jo-go de cores sem imagem, a referência a um momento, um fato (que pode serescrito ou contado em voz alta). Seria um espaço de troca de símbolos.

9º TEXTO

Sistema Solar em escala

Objetivos

Analisando erros de interpretação em geral, concluímos que alguns ele-mentos lingüísticos são especialmente difíceis de serem compreendidospelas crianças, produzindo uma transformação parcial ou total na significaçãodo texto. Os mais evidentes são: pronomes, preposições, advérbios e con-junções.

Essa dificuldade aparece de forma muito marcada na leitura de textosinformativos e científicos e acaba gerando uma reclamação freqüente dosprofessores de áreas específicas. O trabalho que procuramos desenvolvercom este experimento busca ajudá-los a desenvolver uma postura de leitu-ra e acuidade para olhar esses elementos textuais que costumam gerar con-flitos.

Preparação para a leitura do texto

Antes da leitura do texto, comece resgatando o conhecimento que ascrianças trazem sobre planetas e sistema solar. É um assunto fascinante, quecostuma deixá-los muito envolvidos, sobre o qual pensam espontaneamentediversas coisas, propondo por vezes questões acima de sua possibilidade decompreensão. Por isso, não se assuste se eles disserem coisas que estão cien-tificamente incorretas, isso é natural. Coloque essas questões em pauta, ouça-os, mas não mostre a solução científica.

Converse sobre sistema solar: Por que solar? O que faz parte dele: a lua,as estrelas, os planetas? Algo mais? O que sabem sobre o tamanho dos plane-tas? Onde ficam? Em que ordem se encontram no Universo?

Vá anotando as observações das crianças sem dizer certo ou errado edepois proceda à leitura do texto da forma como está proposto na questão 1.

Objetivos das questões propostas

1ª questão:A postura das crianças diante do texto não literário costuma ser de cer-

ta passividade. Elas acreditam que a pessoa lê para aprender e acham que otexto vai ensiná-los. Por pensarem dessa forma, acabam tendo um aproveita-mento mínimo das informações do texto.

Nosso objetivo nessa questão é propor uma leitura de troca. Todas aspessoas sabem coisas (cientificamente corretas ou não) sobre diversos as-

Page 32: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXll

suntos e é a partir desses conhecimentos que elas irão interagir com o tex-to. Ele passa a ser seu pólo de confronto: o que eu já sabia, que o texto con-firma; no que ele modifica o que eu já sabia, e o que ele me traz de novo, so-bre o que eu nunca havia pensado. Utilize essa postura de leitura o mais fre-qüentemente possível e, com certeza, você estará formando leitores diferen-ciados.

Não se esqueça de que os trechos marcados serão diferentes para ca-da criança, o que implica em respostas individuais.

Realize com as crianças as experiências. Deixe-as ler os enunciados edizer como acham que devem proceder. Não explique sem ouvi-las primeiro,pois o exercício de pensar os momentos e passos, de ter dúvidas e buscarformas de solução é essencial como postura diante do conhecimento. Depoisdas experiências realizadas, inicie a questão 2.2ª questão:

a) Uma coisa é você pensar o que fez; outra é pensar o que aprendeuao fazer algo. Esse trabalho interno de resgatar a ação, organizá-la e trans-formar em palavras o conhecimento adquirido é uma forma muito impor-tante de tomar consciência. Mais do que a obtenção de uma resposta escri-ta, queremos desenvolver um procedimento interno.

Como a resposta é pessoal, é importante que os alunos leiam o que es-creveram para a classe. O professor pode ir anotando tudo o que foi apreen-dido sobre o trabalho, como o conjunto das descobertas de cada um. Depois,pode-se deixar esse texto em exposição no quadro mural, copiá-lo (em xe-rox ou mimeógrafo) e fixá-lo no caderno.

b) A resposta esperada por nós seria o texto de receitas ou de instruçõesde jogos. Resgatar essa relação tem como objetivo fazer com que percebamque esses textos ensinam a fazer algo em passos, em etapas, para que pos-sam depois responder à parte c desta questão.

c) Pretendemos que notem que a diagramação facilita a execução datarefa e portanto faz com que o texto atinja mais facilmente seu objetivo: en-sinar alguém a fazer algo.3ª questão:

Não relacionar elementos do texto, citados anteriormente, com os da-dos posteriores é uma das dificuldades com as quais as crianças se deparamna interpretação de um texto. Por isso, mostramos na ação do experimentoa importância de se estar atento a essas referências.

a) Os círculos não têm todos o mesmo tamanho. Essa informação cons-ta na tabela dos diâmetros, mas é uma inferência, pois em nenhum momento está explicitamente escrito que os planetas não são do mesmo ta-manho.

b) Nove, porque são nove planetas. Parece óbvio para nós, mas não épara eles.

c) A relação pedida está dada no texto. Onde? No enunciado, quandodiz: “você vai poder comparar o tamanho dos nove planetas”, ou na enu-meração dos nove nomes e seus diâmetros logo abaixo do enunciado.

4ª questão:Outro problema de interpretação de texto é a má leitura do significado

de advérbios. Nesta questão, em a, b e c, ao pedirmos que mostrem onde se-ria o furo a partir de cada enunciado, queremos que enxerguem essas dife-

Page 33: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXlll

renças. No item d, ao verificarem as conseqüências da colocação do furo emcada lugar, para que o experimento possa dar certo, queremos que apren-dam a estar atentos a esse tipo de palavras. No item e, apesar de a conclusãoser pessoal, esperamos que concluam pela importância de se ler com atençãoo significado de cada palavra.

5ª questão:Novamente nosso objetivo é que façam uma inferência: se ele “quase

não recebe os raios solares”, “se se constitui de uma bola de gelo”, é porquedeve ficar distante do Sol.

6ª questão:a) Novamente queremos que as crianças aprendam a deduzir a partir

das afirmações. O texto afirma duas coisas sobre a Terra. Primeira: tem portemédio. Segunda: é maior que seus três vizinhos. A partir da segunda afir-mação é possível eles dizerem que a Terra é o maior dos quatro planetas.

b) A resposta a essa pergunta está subentendida na afirmação 1, de queela tem porte médio. Há, também, outras afirmações ao longo do texto queconfirmam e reforçam essa, mas o objetivo é que percebam que aí já está tu-do dito.

c) Essa resposta está contida na última afirmação do trecho: mundosigualmente rochosos. É interessante que, oralmente, o professor coloque apergunta: “Por que igualmente rochosos? Iguais a que planeta?”, para quepossa ficar bem claro que são iguais à Terra.

7ª questão: Ao longo da segunda série fomos observando os contextos para uso de

letra maiúscula. Esta questão é para aplicá-los.Como sugestão de situação de escrita a partir do trabalho desenvolvi-

do, propomos que cada aluno escolha uma experiência ou algo que saiba fa-zer e descreva como realizar isso. Pode ser um jogo, montar uma conta dematemática, fazer pipa ou qualquer outra coisa. Eles deverão escrever e, nodia seguinte, trocar as instruções entre si, para que um realize o experimentodo outro. Se der certo, é porque quem escreveu foi bem claro ou quem leu foiatento; se não der, houve algum problema e é preciso analisar e fazer de no-vo! De qualquer forma, é uma situação muito interessante de ser realizada!

10º TEXTO

A lenda do guaraná — Roberval Cardoso

Objetivos

A inclusão de uma lenda no livro visa colocar os alunos em contato comum tipo específico de texto e descobrir algumas de suas propriedades: daruma explicação mágica de algo real e ter uma linguagem atemporal e sim-bólica, que fala às raízes mais profundas do ser humano.

Procuramos também, na abordagem, integrar alguns elementos gra-maticais e ortográficos que são objeto de estudo da segunda série.

Preparação para a leitura e a discussão do texto

Esta lenda está escrita em uma linguagem que em geral oferece re-

Page 34: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXlV

sistência às crianças. Há um número grande de palavras – especialmente asde origem indígena – que os alunos não conhecem. Mas, apesar disso, peça-lhes que leiam o texto silenciosamente, tentando entender a idéia geral dahistória. Terminada a leitura, abrir uma discussão sobre a história contada,oportunidade em que o professor poderá ir verificando o que os alunos en-tenderam e quais os pontos de maior dificuldade.

Procede-se, em seguida, a uma leitura pelo professor em voz alta, e ime-diatamente após, reunidos em grupos, os alunos iniciam o trabalho propos-to no livro.

Objetivos das questões propostas

1ª questão:A descoberta de significados através de um raciocínio dedutivo é nos-

so objetivo. A esta altura do ano, as crianças já devem estar conseguindo rea-lizá-lo com tranqüilidade, mas, caso você ache que há um número excessivode palavras para descobrirem, sugerimos que divida as palavras pelos gru-pos e, depois, um grupo conta para o outro o que encontrou.

2ª questão:Esta atividade é uma preparação para a questão seguinte. A descrição

dada sobre a planta é de difícil compreensão, por isso, por meio do desenhoe da correspondência da nomenclatura utilizada, garantiremos o significado.

Chamamos a atenção das crianças e comprovamos a veracidade da ex-plicação dada sobre a planta para que possam fazer as relações pedidas napróxima questão.3ª questão:

O objetivo geral é que percebam uma das características principais dalenda: dar uma explicação mágica de algo que existe na realidade. Para atin-gi-lo, propomos alguns passos:

a) Desejamos que constatem que as informações sobre a planta guaranásão verdadeiras. Caso alguma criança discorde, pergunte-lhe por que e pro-cure compreender seu pensamento. Às vezes, eles enfocam as coisas por ân-gulos tão diferentes dos do adulto, que se torna até difícil prever.

b) Ao formularmos esta pergunta, pedimos uma síntese do texto. Valea pena ressaltar que alguns alunos serão mais sintéticos e outros tenderão arecontar praticamente todo o texto. Caso ache oportuno, redija com eles aresposta em escrita coletiva e use a situação para ensiná-los a fazer uma sín-tese.

c) Ao retornar à explicação em b, pretendíamos que tomassem cons-ciência do quanto ela é mágica, uma vez que dos olhos de alguém não é pos-sível nascer uma planta. Ressaltamos, novamente, que às vezes as criançasenfocam por outro ângulo. Caso isso aconteça em sua classe, não se assuste,ouça o que eles têm para dizer e respeite sua forma de pensar.4ª questão:

Já que o texto é uma lenda, vamos então verificar suas propriedades.a) Informações reais: os índios maués existem; fazem parte do grupo

das tribos da Munducurucânia; vivem na floresta (Amazônica); dão o nomede Tupã a seu deus; a descrição do guaraná é verdadeira; os maués cultivamrealmente o guaraná; o guaraná é fonte de economia para a tribo; o guaranátem as propriedades de estimular, fortalecer e revigorar.

Page 35: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXV

Informações mágicas: toda a explicação dada de como surgiu a plantaguaraná.

b) Esperamos que comprovem.

5ª questão: Esta é uma lenda indígena e a expressão “quatro luas” é típica da lin-

guagem indígena. Observar esta relação é o que pretendemos através destapergunta.

6ª questão: Muitas vezes as crianças, ao escrever, acham que o leitor só irá enten-

der aquilo que está dito diretamente. Isto não é verdade, uma vez que há apossibilidade de se inferir algo dito de forma indireta. É isso que pretende-mos com essa questão.

a) Em nenhum momento do texto é dito com todas as letras que opríncipe era muito amado, mas podemos deduzir que ele era. Como?

b) Pelo cuidado que se tinha com ele, sempre protegido; pela dor da tri-bo quando ele morreu; pela beleza da planta que nasceu dele.

7ª questão: Retornamos à análise da linguagem. A escolha de uma descrição,

onde se compara a planta às características de um curumim, dá belezae vida à árvore, como se ela fosse realmente a encarnação do pequenopríncipe.

8ª questão: Podemos aplicar aqui, mais uma vez, propriedades do sistema de toni-

cidade.a) Há uma tendência da língua indígena para ser oxítona. Em 14 palavras

(consideramos Maué-açu como duas por serem dois radicais) 11 são oxí-tonas!

b) Será que esta hipótese é verdadeira? Vamos verificar através dapesquisa e aproveitar para ampliar este universo de vocabulário para fazerdepois nova generalização. Peça-lhes que perguntem para os pais, que pro-curem em atlas nomes de cidades, que olhem no dicionário, que perguntempara alguém da escola que possa ajudá-los. Acreditamos que irão confirmara primeira generalização!

9ª questão:O trabalho aqui proposto pode ser ampliado em várias direções:1 – Pedir que tragam lendas para serem lidas em classe, conhecendo

outras e verificando se elas confirmam ou não as propriedades discutidas notrabalho.

2 – Enveredar pela questão indígena, ampliando o conhecimento das crianças a respeito da sua cultura, da situação atual dos índios no Brasil.Pedir que tragam recortes de jornal ou reportagens de revistas sobre os ín-dios, integrando o trabalho de lenda com o dos outros tipos de textos.

3 – Fazer uma investigação sobre o guaraná, suas propriedades, seu cul-tivo, a bebida industrializada em confronto com a natural, etc.

A escolha do caminho a seguir deve ser feita a partir do interesse daclasse e da possibilidade de se encontrar material disponível para a pesquisa.

Page 36: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXVl

11º TEXTO

Nacos de nuvem — V. Maiakóvski

Objetivos

Esta belíssima poesia de Maiakóvski proporciona uma excelente opor-tunidade de eles conhecerem este grande poeta e, através dele, descobrir co-mo produzir na escrita imagens visuais, trazendo para o leitor a sensação domovimento. Pela forma como ela está escrita, tivemos também a oportu-nidade de trabalhar com a leitura de numerais e pronomes, que são muitasvezes barreiras a uma boa interpretação de texto.

Preparação e estratégia para a leitura

Esta preparação é fundamental para que possam saborear o poema ecompreender o trabalho proposto. Aqui estão apenas sugestões. Caso tenhaoutras idéias para ampliar as nossas, melhor ainda!

Leve os alunos para fora da classe, deite-os no chão e peça que fiquemde olhos abertos, observando as nuvens. O que elas sugerem? Dêem asas àimaginação e busquem formas. Deixe-os conversarem e um contar para ooutro aquilo que vê. Chame a atenção deles para o movimento das nuvens,o quanto a cada instante elas se transformam! Dê como lição de casa obser-var o céu. Este é um hábito raro na cidade grande...

Ouça os “casos” que eles trouxerem. Este tipo de atividade traz lem-branças, deixa emergir sonhos e recordações do mais íntimo das pessoas.Depois, peça que, deitados lá fora, imaginem como se estivessem vendo mes-mo o que o poema do Maiakóvski lhes sugere. Vá, então, lendo o poema paraeles em voz alta, mais de uma vez.

Deixe que comentem o que viram, como imaginaram, se conseguiramimaginar o que o poeta sugeriu. Acreditamos que, agora, já estarão prontospara o trabalho!

Objetivos das questões propostas

1ª questão: Por ser um poema essencialmente visual, optamos por trabalhar a com-

preensão através das imagens. Nesta questão chamamos a atenção para doisaspectos simultâneos: a ordem, dada pelos numerais; e o contorno, cons-truído na escolha da comparação das nuvens com trapos e farrapos.

2ª questão:A observação concreta da imagem sugerida na questão anterior vai ser

analisada aqui, pois a linguagem é a grande sabedoria do poema.a) Neste item, queremos garantir que conhecem o significado dos ter-

mos “trapos” e “farrapos”.b) Pedimos agora a relação. Não foi por acaso que o poeta escolheu

esses termos: trapos e farrapos são esfiapados como as nuvens, têm con-torno indefinido como elas...

3ª questão:Outra belíssima escolha de imagem, que traduz simultaneamente a le-

veza e o movimento das nuvens está na escolha do termo “flutuavam”.

Page 37: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXVll

Nenhuma outra palavra caberia aqui. Se estivesse escrito encontravam,perdíamos a idéia de movimento; se fosse arrastavam, perdíamos a de le-veza. É a sutileza e propriedade da escolha que gostaríamos que eles desen-volvessem.

4ª questão:Não relacionar o pronome com o termo que ele substitui é outro grande

problema de leitura por parte das crianças. Trabalhar este aspecto é o nossoobjetivo neste momento.

a) “Ele” seria o camelo errante, que acabou de ser citado na estrofe an-terior. Mas isto não é nada óbvio para as crianças. Ouça-as e ajude-as a perce-ber a quem ele se refere.

b) Queremos que percebam que é um quinto ser, não sabemos qual; podeser um camelo ou outro ser qualquer. É importante que percebam essa pro-priedade: sem especificação não é possível saber a que ser o autor se refere.

c) Qualquer uma das soluções é possível, não havendo uma correta. Oprofessor deve destacar justamente isso, a liberdade de imagem produzidapelo termo “quinto” sem uma especificação.

5ª questão:Retornamos às escolhas que produzem a sensação de movimento.a) A contradição da imagem de um elefante, pesado, grande e de-

sajeitado, com a delicadeza de um andar pé-ante-pé, cria, a nosso ver, hu-mor. Como será que as crianças vão senti-la?

b) Eles já viram rima. Separando, rimamos ante com elefante.c) Queremos garantir o significado para podermos refletir sobre

ele depois.d) Opor “se desgarra” a “encontramos” evidencia a sensação de movi-

mento contida numa palavra e a sensação de imobilidade trazida pela outra.Mais uma vez a beleza das escolhas de imagens fica evidente aos nossosolhos!

6ª questão:Para iniciar o fechamento de toda a análise feita até agora, buscamos

algumas conclusões.a) O desenho não deixará dúvidas quanto à transformação.b) Eles sabem que as nuvens também se transformam.c) Aqui a primeira conclusão: o poeta consegue traduzir com palavras

o movimento das nuvens, como elas são na realidade. Fazê-los identificarquais são as palavras que traduzem essa sensação é importante para quesaibam escolhê-las ao escrever seus textos.

7ª questão: A imagem do sol como uma amarela girafa é fantástica. Como será que

eles a imaginam? Compare os desenhos feitos por eles, as diferenças e seme-lhanças, a riqueza das imagens. Uma das belezas da poesia é trabalhar porsugestão...

8ª questão:Depois de tanto esforço, a opinião deles. Esperamos que tenham gosta-

do!!! (tanto quanto nós!)

Page 38: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXVlll

Como fechamento do trabalho, sugerimos que o professor ofereça tin-ta colorida para a classe e peça que façam borrões coloridos com ela. Depois,que olhem bem para os borrões e vejam se surgem imagens... A partir dasimagens sugeridas, podem também escrever um poema!

12º TEXTO

Extra! Extra! Tem notícia no ar!!!

ObjetivosDurante o ano estudamos um pouco da estrutura do jornal. Enfocamos

aqui a notícia, que é um dos tipos de texto de jornal, mas em confronto coma notícia de jornal falado, especialmente de rádio. O rádio é um veículo comgrande poder de penetração no público e que merece ser analisado.

Preparação do trabalhoPeça aos alunos que ouçam, na véspera, noticiários de rádio. No dia

seguinte, converse com eles sobre tudo o que puderam observar. É claro quehá diferenças mas, em geral, os noticiários de rádio são em mais de uma voz(em geral duas ou três); são falados por pessoas que têm uma boa pronún-cia; há uma chamada rápida que resume a idéia, que depois é explanada;muitos fazem comentários pessoais a respeito do assunto da notícia; e ou-tros elementos que poderão ser observados.

Deixe que as crianças tragam o que observaram, aguce mais ainda suacuriosidade e peça que, no dia seguinte, ouçam novamente para confirmarou não o que foi falado pelos colegas. Peça também que ouçam com bas-tante atenção as notícias e tragam uma delas por escrito, com o máximo deinformações que conseguirem retirar.

Peça também que tragam um jornal escrito de sua cidade ou região.Procure sempre trabalhar com os maiores jornais locais, para ter mais garan-tia de sucesso no trabalho. Tudo isso pronto, no dia seguinte podemos ini-ciar o trabalho proposto no livro.

Objetivos das questões propostas

1ª questão:Os portadores de notícias são os jornais escritos, falados e televisiona-

dos. Aqui há uma diferenciação entre notícias e reportagens, pois elas tam-bém são encontradas em revistas.

2ª questão: Essa questão é uma preparação para a questão 4. Uma das diferenças

que queremos que eles observem entre os portadores de notícias – jornal es-crito e o de rádio – é que no rádio a notícia costuma ser mais resumida, darmenos detalhes. Para tal observação ser feita é preciso resgatá-la.

3ª questão:Neste caso, devem aplicar o que aprenderam na exploração da estru-

tura do jornal. Conseguir localizá-la no caderno adequado é, de antemão, tercompreendido a estrutura do jornal e a notícia enquanto todo.

Page 39: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XXXlX

4ª questão: Pedimos aqui a comparação. Como um pedido mais geral poderia deixá-

los um pouco confusos, damos alguns elementos de observação. Não se es-queça de deixar sempre um espaço para que coloquem outras coisas quetenham observado.

a) No jornal escrito há um título, no falado há uma chamada que fun-cionaria como tal.

b) Normalmente a do jornal escrito é mais extensa. É interessante le-vantar com eles o porquê.

c) Queremos que observem a agilidade do rádio. Nele as notícias po-dem ser transmitidas no momento em que estão acontecendo, enquanto ojornal demanda tempo de escrita, editoração, reprodução e distribuição. Noentanto, o jornal escrito proporciona as vantagens de abordar os assuntoscom maior profundidade e poder ser lido na hora e onde o leitor quiser.

d) Costuma haver mais detalhes no jornal escrito por todas as razõesacima mencionadas.

e) Esta resposta é pessoal. Qualquer que seja a opinião da criança, omais importante é você observar as razões para poder conhecê-la melhor.

5ª questão:Esta é uma diferença básica entre textos literários e não literários, e

que já foi bastante estudada. Os fatos das notícias são reais e os do Tio Onofrepodem ser ou não. A partir desta observação, pedir que constatem se as notí-cias são textos literários ou não.

6ª questão: Textos informativos apóiam-se em pontuações lógicas. As excla-

mações, reticências, interrogações não costumam estar presentes. Traduziras informações de forma o mais racional possível faz parte da intenção deconvencer o leitor da seriedade e imparcialidade delas.

7ª questão: Montar um jornal falado é um trabalho empolgante e divertido.

Organize-os em grupos, ajude-os a selecionar notícias do mundo, da escolae da classe para transmitir. Peça-lhes que treinem bem a leitura delas pois,afinal, um repórter que ler gaguejando não vai atrair seu ouvinte, e crie umespaço para a transmissão do noticiário.

O ESPAÇO É O CÉU!

O ano está terminando. Nossa expectativa é a de que os alunos tenhamcrescido muito enquanto autores. Nem sempre eles têm consciência dopróprio crescimento, por isso sugerimos o seguinte:

Peça-lhes que peguem o primeiro texto que escreveram no ano e o últi-mo. Coloquem os dois lado a lado, comparem e escrevam tudo o que agorasabem, mas que no início do ano ainda não sabiam, e vejam o quanto cresce-ram.

Depois, diga-lhes que o último texto do ano é deles. Peça-lhes que es-crevam o que quiserem. E depois, BOAS FÉRIAS!!!

Page 40: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - Paradidádicos · 6º TEXTO — A operação do Tio Onofre, ... Os livros do professor trazem o mesmo conteúdo dos livros do aluno, acrescidos

XL

Bibliografia para pesquisa teóricaBASTOS, Lúcia Kopschitz. A coesão e a coerência em narrativas escolares. São Paulo, Martins

Fontes, 1994.FERREIRO, Emilia. Alfabetização em processo. São Paulo, Cortez, 1986.

————— & TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre, Artes Médicas,1985.

GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Fundação GetúlioVargas, 1973.

KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas, Pontes, 1989.KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. São Paulo, Contexto, 1991.MACEDO, Lino de. Ensaios construtivistas. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1994.ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas,

Pontes, 1987.

—————. Discurso e leitura. São Paulo, Cortez, 1988.

—————. O texto: escrita e leitura. Organização e revisão técnica da tradução: CharlotteGalves, Eni Pulcinelli Orlandi, Paulo Otoni. Campinas, Pontes, 1988.

PIAGET, Jean. A tomada de consciência. Tradução de Edson Braga de Souza. São Paulo,Melhoramentos/Edusp, 1977.

—————. Fazer e compreender. Tradução de Cristina Larroudé de Paula Leite. São Paulo,Melhoramentos/Edusp, 1978.

————— & INHELDER, Barbel. A psicologia da criança. Tradução de Otávio Mendes Campos.São Paulo, Difel, 1980.

Sugestões de leituras complementaresSamantha Gorducha vai ao baile das bruxas, de Michael Twinn. Editora Brinque-Book.Guilherme Augusto Araújo Fernandes, de Mem Fox e Julie Vivas. Editora Brinque-Book.O patinho realmente feio e outras histórias, de Jon Sciezka. Editora Cia. das Letrinhas.O segredo de Tonhão, de Aurélio de Oliveira. Editora Moderna.Os bichos que tive (memórias zoológicas), de Sylvia Orthof. Editora Salamandra.História meio ao contrário, de Ana Maria Machado. Editora Ática.Este admirável mundo louco, de Ruth Rocha. Editora Salamandra.Pedrinho esqueleto, de Stella Carr. Editora Melhoramentos.Rita, não grita!, de Flávia Muniz. Editora Melhoramentos.Uxa - ora fada, ora bruxa, de Sylvia Orthof. Editora Nova Fronteira.Magos, fadas e bruxas, de Heloísa Prieto. Editora Cia. das Letrinhas.Uma professora muito maluquinha, de Ziraldo. Editora Melhoramentos.Luas e luas, de James Thurber. Editora Ática.Fábulas de Esopo, de Russell Ash e Bernard Higton. Editora Cia. das Letrinhas.Berimbau e outros poemas, de Manuel Bandeira. Editora Nova Fronteira.Coleção Quem tem medo. Editora Scipione.Na porta da padaria, de Ivan e Marcello. Editora Scipione.Bruxinha e as maldades da Sorumbática, de Eva Furnari. Editora Ática.Dito e feito, de Jennifer Armstrong e Kimberly Bulcken Root. Editora Brinque-Book.Lá vem história, de Heloísa Prieto. Editora Cia. das Letrinhas.Lá vem história outra vez, de Heloísa Prieto. Editora Cia. das Letrinhas.Coleção Viramundo, de Samuel Murgel Branco. Editora Moderna.Coleção Vamos Explorar Ciências, de David Evans e Claudette Williams. Editora Ática.Coleção Pequenos Bichos, de Roberto Muylaert Tinoco. Editora Moderna.Dilermano Constantino Albuquerque Raposo — o morador misterioso,de Lilian Sypriano. Editora Formato.Coleção Crianças Famosas. Editora Callis.