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/ 13: | Missa com Universitários | II Domingo Advento | 9 Dez. 2012 Leitura I | Bar 5, 1-9 Jerusalém, deixa a tua veste de luto e aflição e reveste para sempre a beleza da glória que vem de Deus. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno. Deus vai mostrar o teu esplendor a toda a criatura que há debaixo do céu; Deus te dará para sempre este nome: «Paz da justiça e glória da piedade». Levanta-te, Jerusalém, sobe ao alto e olha para o Oriente: vê os teus filhos reunidos desde o Poente ao Nascente, por ordem do Deus Santo, felizes por Deus Se ter lembrado deles. Tinham-te deixado, caminhando a pé, levados pelos inimigos; mas agora é Deus que os reconduz a ti, trazidos em triunfo, como filhos de reis. Deus decidiu abater todos os altos montes e as colinas seculares e encher os vales, para se aplanar a terra, a fim de que Israel possa caminhar em segurança, na glória de Deus. Também os bosques e todas as árvores aromáticas darão sombra a Israel, por ordem de Deus, porque Deus conduzirá Israel na alegria, à luz da sua glória, com a misericórdia e a justiça que d’Ele procedem. SALMO RESPONSORIAL | Sl. 126 (125) Refrão: O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo. Diziam então os pagãos: «O Senhor fez por eles grandes coisas.» Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor, estamos exultantes de alegria. Diziam então os pagãos: «O Senhor fez por eles grandes coisas.» Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor, estamos exultantes de alegria. Leitura II | Filip 1, 4-6.8-11 Irmãos: Em todas as minhas orações, peço sempre com alegria por todos vós, recordando- me da parte que tomastes na causa do Evangelho, desde o primeiro dia até ao presente. Tenho plena confiança de que Aquele que começou em vós tão boa obra há-de levá-la a bom termo até ao dia de Cristo Jesus. Deus é testemunha de que vos amo a todos no coração de Cristo Jesus. Por isso Lhe peço que a vossa caridade cresça cada vez mais em ciência e discernimento, para que possais distinguir o que é melhor e vos torneis puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo, na plenitude dos frutos de justiça que se obtêm por Jesus Cristo, para louvor e glória de Deus. Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos, como as torrentes do deserto. Os que semeiam em lágrimas recolhem em alegria. à ida, vão a chorar, levando as sementes; à volta vêm a cantar, trazendo molhos de espigas.

Leitura I - puporto.orgpuporto.org/wp-content/uploads/2012/12/13_9Dez_IIDomAdventoC_A5.pdf · ciência e discernimento, para que possais distinguir o que é melhor e vos torneis puros

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/ 13: | Missa com Universitários | II Domingo Advento | 9 Dez. 2012

Leitura I | Bar 5, 1-9

Jerusalém, deixa a tua veste de luto e aflição e reveste para sempre a beleza da glória que vem de Deus. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno. Deus vai mostrar o teu esplendor a toda a criatura que há debaixo do céu; Deus te dará para sempre este nome: «Paz da justiça e glória da piedade». Levanta-te, Jerusalém, sobe ao alto e olha para o Oriente: vê os teus filhos reunidos desde o Poente ao Nascente, por ordem do Deus Santo, felizes por Deus Se ter lembrado deles. Tinham-te deixado, caminhando a pé, levados pelos inimigos; mas agora é Deus que os reconduz a ti, trazidos em triunfo, como filhos de reis. Deus decidiu abater todos os altos montes e as colinas seculares e encher os vales, para se aplanar a terra, a fim de que Israel possa caminhar em segurança, na glória de Deus. Também os bosques e todas as árvores aromáticas darão sombra a Israel, por ordem de Deus, porque Deus conduzirá Israel na alegria, à luz da sua glória, com a misericórdia e a justiça que d’Ele procedem.

SALMO RESPONSORIAL | Sl. 126 (125)

Refrão: O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo.

Diziam então os pagãos: «O Senhor fez por eles grandes coisas.» Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor, estamos exultantes de alegria.

Diziam então os pagãos: «O Senhor fez por eles grandes coisas.» Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor, estamos exultantes de alegria.

Leitura II | Filip 1, 4-6.8-11

Irmãos: Em todas as minhas orações, peço sempre com alegria por todos vós, recordando-me da parte que tomastes na causa do Evangelho, desde o primeiro dia até ao presente. Tenho plena confiança de que Aquele que começou em vós tão boa obra há-de levá-la a bom termo até ao dia de Cristo Jesus. Deus é testemunha de que vos amo a todos no coração de Cristo Jesus. Por isso Lhe peço que a vossa caridade cresça cada vez mais em ciência e discernimento, para que possais distinguir o que é melhor e vos torneis puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo, na plenitude dos frutos de justiça que se obtêm por Jesus Cristo, para louvor e glória de Deus.

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos, como as torrentes do deserto. Os que semeiam em lágrimas recolhem em alegria.

à ida, vão a chorar, levando as sementes; à volta vêm a cantar, trazendo molhos de espigas.

Evangelho | Lc 3, 1-6

No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide e Lisânias tetrarca de Abilene, no pontificado de Anás e Caifás, foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele percorreu toda a zona do rio Jordão, pregando um baptismo de penitência para a remissão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas; e toda a criatura verá a salvação de Deus’». No nosso caminho de Advento o evangelista Lucas conta-nos que o centro da história, aquilo que dá valor e sentido a todos os acontecimentos históricos, do mundo e pessoais, não é o poder político, nem mesmo o religioso mas a Palavra de Deus dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto.. Ao seu apelo à conversão segue uma instrução dirigida ao povo que interroga: mudar a vida quer dizer praticar a fraternidade e a justiça (Lc. 3,10-14). João vive a sua missão com intensidade e convida a todos à conversão, à mudança de mentalidade. Esta mensagem faz-se ouvir no deserto de viva voz e, daí, por corações tortuosos e acidentados, que precisam de endireitar-se em vista da vinda do Senhor. Ele vem para todos: toda a criatura verá a salvação de Deus! E esta salvação é oferecida a cada um na sua fragilidade, fraqueza, limite, pecado e morte.

A palavra de Deus já veio, mas também hoje ela espera o terreno do nosso coração, para fecundá-lo. Santo Cura d’Ares dizia que a maior desventura para o crente é deixar que a sua alma se entorpedeça. Por isso ele passava horas e horas diante do sacrário e ao mesmo tempo estava atento a todos. ”O meu segredo é simples - afirmava – dar tudo e não guardar nada.

AS BOAS LÁGRIMAS DA SEMENTEIRA

(...) este é um tempo de advento assinalado também pelas lágrimas. E no entanto pode e deve-se, esperar uma nova colheita (...): «Os que semeiam em lágrimas, recolhem com alegria». Quem sabe quantas lágrimas do trabalho de homens e, sobretudo, de mulheres, geraram as orações, os cantos, os gritos recolhidos e guardados por este salmo e por tantos outros. As lágrimas fazem parte do trabalho (...) e de modo tal que se o trabalho não conhece as lágrimas – o suor e a fadiga – é provável que não seja trabalho mas outra coisa e não certamente melhor. A fadiga que vem do trabalho é simplesmente parte da condição humana. Eis então porque quem não faz a experiência da fadiga do trabalho, porque vive de rendas e privilégios, está privado ou priva-se por auto-engano de uma das experiências éticas e espirituais mais verdadeiras da condição humana. Quem trabalha sabe que verdadeiramente começou a trabalhar não tanto quando recebeu o primeiro envelope com o salário mas quando fez a primeira experiência da fadiga, da dureza, das dificuldades do trabalho, superando-as. Se se detém antes

do limiar da fadiga, não se entra no território do trabalho e assim não se recolhem os seus melhores frutos porque a felicitas não é ausência de sofrimento e de fadiga mas o seu salário. Apesar da cultura utilitarista querer convencer-nos que o objetivo das boas sociedades é ‘minimizar as penas’ e ‘maximizar os prazeres’, na realidade existem 'boas penas' e 'maus prazeres'. As boas penas são as que nascem do cultivo das virtudes e do trabalho, os maus prazeres são a maior parte daquelas que nos são apresentados hoje como fáceis felicidades hedonísticas sem fadiga. Toda a excelência, na ciência e no desporto, na arte e no amor, requer, em certos momentos decisivos, as ‘lágrimas’. Uma cultura que não estima e valoriza a fadiga do trabalho, não pode compreender e apreciar nem sequer as verdadeiras colheitas e confunde-as com as falsas (como aqueles demasiados lucros que transpiram injustiça, pilhagens de ambiente e de vidas humanas). Mas nem todas as fadigas e lágrimas do trabalho são boas. Não são boas – são até péssimas – as dos servos e escravos e todas aquelas que não são acompanhadas pela esperança da colheita. Quando não se vê uma ‘criança’ no fim do labor. São muito más as lágrimas derramadas por aqueles trabalhadores e trabalhadoras – e ainda são demasiados milhões no mundo – que trabalham sem direitos, segurança, higiene, respeito e dignidade. Ou as dos muitos que não têm trabalho porque o perderam ou porque, experiência ainda pior, o trabalho nunca o tiveram; sofrimento que aumenta nos dias de festa, porque quando falta o trabalho, a festa faz pior do que a féria. As lágrimas sem pão e sem sal (sem salário…) são lágrimas e basta. Aquela antiga canção de trabalho diz-nos porém ainda alguma coisa muito importante: para esperar recolher não basta chorar - é necessário semear enquanto se chora. Se penso nos jovens, nos estudantes, semear com lágrimas significa estudar bem e estudar coisas difíceis. O mundo universitário nestas últimas duas décadas de profunda crise ética produziu demasiados cursos sem (ou com poucas) lágrimas, apresentados e escolhidos porque fáceis, que geraram e geram poucas ‘colheitas’ e muitos desempregados. Um jovem forma-se estudando coisas difíceis, sobretudo estudando bem, estudando mais em tempos de crise, como reciprocidade no relacionamento com uma comunidade que lhe permite estudar apesar dos recursos escassos. Os estudos sobre o bem-estar subjetivo das pessoas dizem já com enorme clareza que uma das principais determinantes da felicidade (e das depressões) é sentir-se competentes na própria profissão e a competência requer disciplina e lágrimas, sobretudo dos jovens. Também no mundo da economia há tantos semeadores, entre os quais aqueles empresários que estão a investir em tempo de crise, que sofrem mas que vivem o sofrimentos como experiência fecunda, como mola para inovar e caminhar com passo mais decidido, porventura juntamente com outros. Mas para que a fadiga do trabalhador e do empresário levem à alegria da colheita, um papel essencial é assegurado pelas instituições. O processo que vai do trabalho à colheita não é um assunto privado, mas sempre social, coletivo, político: nós podemos e devemos semear com seriedade e empenho, mas controlamos só em parte a alegria da colheita, que depende também de todos aqueles a que estamos direta ou indiretamente ligados. E, assim, demasiadas sementeiras em lágrimas não conhecem o canto da colheita. (...) Um indicador da qualidade civil e moral de um País deveria ser a relação entre as colheitas que chegam aos celeiros e as boas fadigas do trabalho: «À ida vão a chorar, levando as sementes; à volta, vêm a cantar, trazendo os molhos de espigas».

Luigino Bruni, in Avvenire 09 dez. 2012

CAMINHOS DA FÉ

Continuamos a leitura e reflexão da Carta dos Bispos aos diocesanos do Porto, iniciada há duas semanas. Nos n.os 7 e 8 então transcritos, eram citados os discursos inaugurais (de abertura do Concílio Vaticano II e da sua segunda sessão) dos Papas João XXIII e Paulo VI em que, respetivamente, se afirmava a oferta à humanidade da luz de Cristo como o “mais essencial” que a Igreja transporta e que nos revela o que somos nós e o que são os outros e a definição completa e incisiva, que só Cristo nos pode dar, da origem e do fim, bem como do nosso próprio caminho. No nº 9 de, há uma semana, era citada boa parte do nº 1 de um dos mais importantes documentos do Concílio Vaticano II (a “Lumen Gentium)” em que, partindo da afirmação da centralidade de Cristo como “luz dos povos”, se sublinha a vocação da Igreja a fazer resplandecer em seu rosto essa luz, junto de todos os homens. Continuam hoje os nossos Bispos:

10. Justamente nos impressiona o facto da Igreja ter compreendido

que, em Cristo, Deus se dissera plenamente, como neste luminoso trecho que abre a Carta aos Hebreus: “Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos

tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro

de todas as coisas, e por meio de quem fez o mundo” (Hb 1, 1-2). Não se exclui nem dispensa quanto fora e continua a ser dito “antes”; mas é em Cristo que Deus se diz e nos diz a nós, no

encontro definitivo da divindade com a humanidade, tão surpreendentemente simples e tão inultrapassavelmente acontecido.

Como o Concílio também resumiu: “Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade, segundo o qual

os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina. […]

Porém, a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos, por esta revelação, em Cristo, que é, simultaneamente, o mediador e a

plenitude de toda a revelação” (Constituição Dei Verbum 2).

e 7 dias a partir de 1.:

Dom. 16 Dez. / 21h15 – Última celebração da Missa com universitários antes do Natal ( retomaremos a 6 Jan..). Mas, entretanto, não esquecer: ter. 18 (Mirante) - Uma história do Cristianismo; qui. 20 (Taipas) – Oração com Taizé (e possibilidade de Reconciliação); sex. 21 – Cantares (ecuménicos) de Natal…

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