Leitura - Material 2013.2

Embed Size (px)

Citation preview

  • 1

    CENTRO UNIVERSITRIO AUGUSTO MOTTA UNISUAM

    DISCIPLINA: LEITURA E PRODUO DE TEXTOS

    Prof Mrcia Pinheiro

    Ementa:

    O texto e seus diferentes cdigos de expresso. Linguagem verbal falada e escrita. A unidade e a variedade lingstica. A leitura do texto literrio: o cdigo lingustico e outros cdigos. Coerncia e coeso textuais. O texto e os meios lingusticos.

    Objetivo geral:

    Reconhecer os diferentes cdigos de expresso. Distinguir textos de domnios discursivos distintos.

    Objetivos especficos:

    Ler adequadamente textos verbais e no verbais. Perceber a unidade e a variedade da lngua portuguesa.

    Estabelecer semelhanas e diferenas entre a expresso verbal falada e escrita. Compreender a coerncia

    e a coeso textuais como fatores de textualidade. Empregar adequadamente os meios lingusticos na

    expresso verbal escrita.

    Bibliografia mnima:

    ABREU, Antnio Surez. Curso de redao. So Paulo: tica, 2005

    CASSANO, Maria da Graa. Prticas de Leitura e Escrita no ensino Superior. Rio de janeiro: Freitas Bastos,

    2011

    INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. So Paulo: Scipione, 1998

    PLATO E FIORIN. Para entender o texto: leitura e redao. So Paulo: tica, 2000

    Bibliografia complementar:

    SQUARISI, Dad. Escrever melhor. Guia para passar os textos a limpo. So Paulo: contexto, 2008.

  • 2

    Ler ou no ler? Eis a questo...

    O brasileiro no l porque o livro caro? Errado. O brasileiro no l porque no o acostumaram a ler. O preo do CD equivalente ao do livro e, no entanto, vendem-se CDs aos milhes enquanto que uma edio de sucesso de uma obra literria, no ultrapassa, em mdia, trs mil exemplares. No podemos esquecer tambm das bibliotecas onde um livro no custa nada, basta retir-lo, alm dos "sebos", livrarias de livros usados, onde se pode adquirir raridades por preo de banana.

    Na verdade, a grande maioria dos brasileiros no l porque na escola no o ensinaram a ler, no sentido mais profundo da palavra, ou seja, apreender o que est escrito, refletir, questionar, "viajar" com um texto. (...)

    A indstria da educao brasileira ensina apenas para o aluno passar no vestibular. A formao humanstica, a compreenso do mundo atravs de sua histria, no est em questo. A questo "passar ou passar", ou seja, competir e ganhar a corrida para a glria do canudo universitrio.

    A leitura deveria ser passada para a criana e os adolescentes como uma busca, uma ao ldica e prazerosa, que pode perfeitamente substituir com igual grau de prazer uma ida ao cinema, um dia na praia ou um churrasco no stio, sem qualquer remorso.

    Todos aqueles que j descobriram o prazer da leitura, o gosto de elaborar, ele mesmo, o "seu" personagem, a "sua" paisagem, voltar a pgina e emocionar-se de novo com aquelas cenas que mais os tocaram, jamais abriro mo dessa "descoberta". um vrus que, uma vez contrado, no tem mais cura. um no acabar mais de descobrir; uma leitura vai sempre remetendo a outra e a vida torna-se to curta para tanto livro a ser lido.

    S mesmo o portador desse vrus sabe avaliar a diferena entre a "viagem" da leitura e a cena dada pronta, como a daquela via TV. Assistir TV cmodo e chega a ser hipntico. No h participao de quem est do lado de c, o espectador passivo, recebe o prato feito, no tem possibilidade de criar, de imaginar, de "viajar". A cena que ele est vendo s aquela cena, a mesma cena que outros milhes de telespectadores tambm esto vendo. Ao passo que, no ato de ler a mesma pgina de um livro, um mesmo poema que tantos outros j leram, entra em jogo o nosso poder de imaginar, de recriar, prprio do ser humano e que os meios de comunicao de massa encarregaram-se de destruir. (...)

    (VERAS, Dalila Teles. Disponvel em . Acesso em 15 de janeiro de 2007).

    A noo ampla de texto

    Em casa, na rua, na escola, no clube, no restaurante, todos ns, no dia-a-dia, circulamos entre textos. O que texto? Uma conversa telefnica informal entre amigos um texto? A letra de uma msica que ouvimos pelo rdio um texto? Um captulo de novela, um outdoor, um letreiro de nibus, uma conta de telefone, um debate poltico, um anncio publicitrio, uma notcia de jornal, uma bula de remdio, so textos? Quando falamos, tambm produzimos textos ou so textos apenas os escritos? Para que servem os textos? O que diferencia um texto do outro?

    O texto escrito

    A luta que os alunos enfrentam com relao produo de textos escritos muito especial. Em geral, eles no apresentam dificuldades em se expressar atravs da fala coloquial. Os problemas comeam a surgir quando este aluno tem necessidade de se expressar formalmente e se agravam no momento de produzir um texto escrito. Nesta ltima situao ele deve ter claro que h diferenas marcantes entre falar e escrever. Na linguagem oral o falante tem claro com quem fala e em que contexto. O conhecimento da situao facilita a produo oral. Nela o interlocutor, presente fisicamente, ativo, tendo possibilidade de intervir, de pedir esclarecimentos, ou at de mudar o curso da conversao. O falante pode ainda recorrer a recursos que no so propriamente lingusticos, como gestos ou expresses faciais. Na linguagem escrita a falta desses elementos extratextuais precisa ser suprimida pelo texto, que se deve organizar de forma a garantir a sua inteligibilidade.

  • 3

    Escrever no apenas traduzir a fala em sinais grficos. O fato de um texto escrito no ser satisfatrio no significa que seu produtor tenha dificuldades quanto ao manejo da linguagem cotidiana e sim que ele no domina os recursos especficos da modalidade escrita. A escrita tem normas prprias, tais como regras de ortografia - que, evidentemente, no marcada na fala - de pontuao, de concordncia, de uso de tempos verbais. Entretanto, a simples utilizao de tais regras e de outros recursos da norma culta no garante o sucesso de um texto escrito. No basta, tambm, saber que escrever diferente de falar. necessrio preocupar-se com a constituio de um discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que representa uma interao entre o produtor do texto e seu receptor; alm disso, preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual o texto foi produzido. Para que esse discurso seja bem-sucedido deve constituir um todo significativo e no fragmentos isolados justapostos. No interior de um texto devem existir elementos que estabeleam uma ligao entre as partes, isto , elos significativos que confiram coeso ao discurso. Considera-se coeso o texto em que as partes referem-se mutuamente, s fazendo sentido quando consideradas em relao umas com as outras.

    (Disponvel em . Acesso em 15/12/2006).

    a) Uma boa leitura no pode basear-se em fragmentos isolados do texto, j que o significado das partes sempre determinado pelo contexto dentro do qual se encaixam.

    b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trs do texto, j que sempre se produz um texto para marcar posio frente a uma questo qualquer.

    O texto um tecido, uma estrutura construda de tal modo que as frases no tm significado

    autnomo: num texto, o sentido de uma frase dado pela correlao que ela mantm com as demais.

    Conceituando... Assim, a comunicao ocorre quando interagimos com outras pessoas utilizando linguagem. Para se

    comunicar, as pessoas no utilizam apenas a linguagem verbal, isto , as palavras. Elas tambm gesticulam, se movimentam, fazem expresses corporais e faciais. Tudo isso palavras, gestos, movimentos, expresses corporais e faciais linguagem. Alm da linguagem verbal, cuja unidade bsica a palavra (falada ou escrita), existem tambm as linguagens no verbais, como a msica, a dana, a mmica, a pintura, a fotografia, a escultura etc. H ainda, as linguagens mistas, como as histrias em quadrinhos, o cinema, o teatro e os programas de TV, que podem reunir diferentes linguagens, como o desenho, a palavra, o figurino, a msica, o cenrio etc. Mais recentemente, com o aparecimento da informtica, surgiu tambm a linguagem digital, que, valendo-se da combinao de nmeros, permite armazenar e transmitir informaes em meios eletrnicos. Interlocutores so as pessoas que participam do processo de interao pro meio da linguagem. Aquele que produz a linguagem aquele que fala, que pinta, que compe uma msica, que dana chamado de locutor, e aquele que recebe a linguagem chamado de locutrio. No processo de comunicao e interao, ambos so interlocutores.

    LINGUAGENS VERBAL E NO-VERBAL

    CARTUM

    Um tipo de texto humorstico o Cartum. Espcie de anedota grfica sobre o comportamento humano, o Cartum pode usar apenas linguagens no-verbal ou mistur-la com a verbal. Em geral, aborda situaes atemporais e universais, isto , que poderiam acontecer em qualquer tempo ou lugar.

    O nome Cartum veio de um fato ocorrido em 1841, em Londres: para redecorar o Palcio de Westminster, o prncipe Albert promoveu um concurso de desenhos, feitos em grande cartes (cartoons, em ingls) que seriam colados s paredes. Para satirizar os desenhos oficiais, a revista inglesa Punch, a primeira revista humorstica do mundo, resolveu publicar seus prprios cartoons, dando novo significado palavra.

  • 4

    1. veja estes exemplos de Cartum.

    O Cartum um texto humorstico que usa a linguagem no-verbal, combinada ou no com a verbal. Normalmente, retrata situaes universais e atemporais, satirizando os costumes humanos.

    CHARGE

    Ao contrrio do Cartum, que, como vimos, retrata situaes genricas, a charge satiriza um fato especfico, situado no tempo e no espao. Outra diferena que, enquanto os personagens do Cartum costumam ser pessoas comuns, as da charge muitas vezes so personalidades pblicas um poltico ou artista, por exemplo. Tanto o Cartum quanto a charge, porm, tm em comum o fato de poderem usar a linguagem verbal, a no-verbal, ou as duas ao mesmo tempo. Finalmente, ambos costumam ser publicados em veculos de comunicao de massa, como jornais ou revistas. Em francs, a palavra charge significa carga: de fato, o chargista vai carga, atacando com ironia e mordacidade uma situao poltica ou social.

  • 5

    Charge um desenho humorstico, acompanhado ou no de texto verbal. Normalmente, critica um fato ou acontecimento especfico e aborda temas sociais, econmicos e sobretudo, polticos.

    O chargista denuncia um problema social que tem sido combatido, mas que ainda representa uma

    questo preocupante. A charge faz parte do material de opinio, isto , aquela parte dos jornais e revistas em que cada autor

    expressa seu ponto de vista sobre determinado assunto. Em geral, localiza-se na pgina de editoriais, a pgina mais nobre da publicao.

    A compreenso da crtica feita pelo chargista depende da cumplicidade estabelecida entre autor e leitor. Por isso, o leitor precisa ter um conhecimento prvio do assunto abordado e conhecer as circunstncias, os personagens e os fatos retratados. Assim, a charge pode perder seu sentido se o acontecimento que a inspirou j tiver sido esquecido pelo pblico.

    O CARTAZ

    O cartaz um gnero textual que tem a finalidade de informar as pessoas, sensibiliz-las, convenc-las ou conscientiz-las sobre determinado assunto.

    Linguagem e lngua (texto adaptado)

    Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano est a linguagem, que a capacidade de se comunicar por meio de uma lngua. Lngua um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos. (...)Individualmente, cada pessoa pode utilizar a lngua de seu grupo social de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala. Observe: voc, ao falar ou escrever, d preferncia a determinadas palavras ou construes, seja por hbito, seja por opo consciente. Esse seu modo particular de empregar a lngua portuguesa a sua fala (...) Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua fala deve estar contida no conjunto mais amplo que a lngua portuguesa; caso contrrio, voc estar deixando de empregar a nossa lngua e no ser mais compreendido pelos membros da nossa comunidade. Note, pois, que lngua um conceito amplo e elstico, capaz de abarcar todas as manifestaes individuais, todas as falas. Estudar a lngua portuguesa tornar-se apto a utiliz-la com eficincia na produo e interpretao dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desse estudo, amplia-se o exerccio de nossa sociabilidade e, consequentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lcida. Ampliam-se tambm as possibilidades de fruio dos textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem feita, seja pela leitura mais sensvel e inteligente dos textos literrios. Conhecer bem a lngua em que se vive e pensa investir no ser humano que voc . INFANTE, Ulisses, Do Texto ao Texto: curso prtico de redao e leitura So Paulo : Scipione,

    1998, p.28,29.

    Lngua e identidade

    Alm de ser um meio de interao social, a lngua tambm uma forma de identidade cultural e grupal.

    Falar a mesma lngua de outra pessoa geralmente equivale a ter com elas muitas coisas em comum: referncias culturais, esportivas, musicais, hbitos alimentares, etc. A lngua , portanto, um elemento importante na definio da identidade de um povo ou de um grupo social. Mas no s isso. Alm de nossa identidade social, a lngua revela tambm muito do que somos individualmente. Ela mostra nossa agressividade, afetividade, formalidade, gentileza, educao etc.

    Variedades lingusticas Empregada por to grande quantidade de indivduos, em situaes to diferentes e a todo momento, de se esperar que a lngua no se apresenta esttica. Ou seja, condicionantes sociais, regionais e as diversas situaes em que se realiza determinam a ocorrncia de variaes em uma lngua.

  • 6

    Dino Preti subordina o estudo das variedades lingusticas a dois amplos campos:

    1. Variedades geogrficas: . Falares regionais ou dialetos . Linguagem urbana x linguagem rural 2. Variedades socioculturais: a) Variedades devidas ao falante - Dialetos sociais - Grau de escolaridade, profisso, idade, sexo, etc. b) Variedades devidas situao: - Nveis de fala ou registros (formal/coloquial) - Tema, ambiente, intimidade ou no entre os falantes, estado emocional do falante.

    Variedades geogrficas:

    Pode-se perceber facilmente que a maneira como o portugus empregado no Brasil e em Portugal no exatamente a mesma, assim como tambm diferente nas regies geogrficas brasileiras e at numa mesma regio. Tomemos como exemplo o Sudeste: os falares de Minas Gerais e do Rio de Janeiro apresentam suas peculiaridades e distines. Do mesmo modo, as regies urbanas e as regies rurais tambm possuem vocabulrio e pronncia diferentes, bem como expresses tpicas. Portanto, h variaes na lngua condicionadas a aspectos geogrficos.

    Regionalismos

    O Brasil um pas de dimenses continentais e mesmo assim ainda possui uma lngua nica. Alm de contribuir para uma grande diversidade nos hbitos culturais, religiosos, polticos e artsticos, a influncia de vrias culturas deixou na lngua portuguesa marcas que acentuam a riqueza de vocabulrio e de pronncia. importante destacar que as diferenas na nossa lngua no constituem erro, mas so consequncias das marcas deixadas por outros idiomas que entraram na formao do portugus brasileiro. Entre esses idiomas esto os indgenas e africanos, alm dos europeus, como o francs e o italiano. A influncia desses elementos, presentes com maior ou menor intensidade em cada regio do pas, aliada ao desenvolvimento histrico peculiar de cada lugar, fez com que surgissem regionalismos, isto , expresses tpicas de determinada regio. Essa variedade lingstica pode se manifestar na construo sinttica por exemplo, em algumas regies se diz sei, no, em outras no sei -, mas a grande maioria dos regionalismos ocorre no vocabulrio. Assim, um mesmo objeto pode ser nomeado por palavras, diversas, conforme a regio. Por exemplo: no Rio Grande do Sul, a pipa ou papagaio se chama pandorga; o semforo pode ser designado por farol em So Paulo, e sinal no Rio de Janeiro. Na culinria tambm h variados exemplos: a) Nordeste: macaxeira, Sul: aipim, Norte: uaipi ou maniva, Sudeste: mandioca; B) Sudeste: abbora ou moranga, Nordeste: gerimum ou quibebe; C) Sudeste: mexerica ou tangerina, Sul: bergamota. Regionalismo , na lngua, o emprego de palavras ou expresses peculiares a determinadas regies. Em literatura, a produo literria que focaliza especialmente usos, costumes, falares e tradies regionais.

    Variedades socioculturais

    a.1) Grupos culturais Uma pessoa que conhece a lngua que emprega apenas de ouvido, que no teve a oportunidade de tomar conhecimento das regras internas que a compem, domina essa lngua de cujas realizaes participa de forma diversa de uma pessoa que tem contato com esse cdigo lingstico por meio de livros, peridicos, dicionrios ou ainda por intermdio da convivncia com pessoas de boa formao intelectual.

    Ateno: No se quer dizer que um fale melhor ou pior que o outro. Deseja-se apenas registrar o fato de que a formao escolar de um indivduo, por exemplo, suas atividades profissionais, seu nvel cultural podem determinar um domnio diferente da lngua.Cada classe social econmica, mas sobretudo culturalmente falando emprega a lngua de uma maneira especial.

  • 7

    O jargo (uma variao social) Observe os diversos grupos profissionais: cada um deles faz uso de um determinado vocabulrio e expresses que so tpicos do seu trabalho. O jargo essa linguagem tcnica que alguns profissionais dominam empregado por um grupo restrito e muitas vezes inacessvel a outros falantes da lngua. Se pensarmos , por exemplo, na linguagem da economia, da informtica... Quantos de ns estamos preparados para entend-las?

    Falamos genericamente sobre variaes da linguagem, mas seria conveniente destacar ao

    menos trs delas: a linguagem coloquial, a norma culta e a linguagem literria.

    Linguagem coloquial ou norma popular a linguagem que empregamos em nosso cotidiano, em situaes sem formalidade, com

    interlocutores que consideramos iguais a ns no que diz respeito ao domnio da lngua. Na linguagem coloquial, no h preocupao no tocante a um falar certo ou errado, uma vez que

    no nos sentimos pressionados pela necessidade de usar regras e damos prioridade expressividade, transmisso da informao por si.

    Os princpios da norma popular compem uma verdadeira gramtica popular e implicam uma simplificao considervel da gramtica culta, num uso muito grande de elementos afetivos, numa pronncia menos cuidada, num abundante vocabulrio grio e outros elementos afetivos da lngua e, em geral, revelam uma menor dose de reflexo na escolha das formas lingsticas pelo usurio.

    Dino Preti NOTCIA DE JORNAL: LOUCURA: SUPER, MEGA E QUINA ACUMULARAM - S a supersena vai pagar R$ 18 milhes Foi dada a largada para a corrida dos milhes. As casas lotricas do Brasil tm tudo pra ficarem entupidas esta semana, depois da notcia de que a Super-Sena, a Mega-Sena e a Quina acumularam. muita grana em jogo. O prmio previsto pras loterias gordas, se somados, ultrapassam a casa de R$ 21 milhes. A Super-Sena, que acumulou pela quarta vez consecutiva, t com uma bolada calculada em R$ 18 milhes pro sorteio do prximo concurso, que ser o de nmero 50. dos maiores prmios pagos pela super em sua histria. J a Mega-Sena conseguiu ficar acumulada em seu primeiro concurso, sorteado ontem em Braslia. Os nmeros sorteados foram: 04, 05, 30, 33, 41 e 52. Segundo previses da Caixa Econmica Federal, o prmio pro concurso 02 da Mega deve esbarrar as R$ 3 milhas. O sorteio est marcado pra segunda que vem s 11h da manh em Belo Horizonte. J a Quina, outra loteca gorda, pode chegar a R$ 900 mil de prmio em seu concurso 187. O sorteio da Quina vai rolar na prxima quinta-feira. As apostas da loteria das cinco dezenas se encerram hoje. Quem quiser concorrer aos milhes acumulados da Super-Sena e da Mega-Sena tem at a prxima sexta-feira pra fazer sua aposta. Notcias Populares, 12 mar. 1996 Quina e Mega Sena tambm acumulam - Supersena deve dar prmio de R$ 25 milhes Ningum conseguiu acertar os prmios principais da Quina, Supersena e Megasena. Quem ganhasse o concurso 49 da Supersena, que acumulou pela quarta vez consecutiva, receberia R$ 12.382.672,97. A previso da Caixa Econmica Federal que o prmio do concurso 50 chegue a R$ 25 milhes. O maior prmio j pago pela Supersena foi o do concurso 21, em agosto de 95 (R$ 46,9 milhes). O primeiro concurso da Megasena pagaria um prmio de R$ 1.182.088,80. A previso que o prximo pague R$ 25 milhes. Os nmeros sorteados ontem foram 04, 05, 30, 33, 41 e 52. O concurso 186 da Quina pagaria R$ 383.051,74. O prmio do 187 deve ser de R$ 800 mil. A Supersena s paga o prmio principal. A Megasena distribui prmios para quem acertar 5 nmeros (quina) e 4 nmeros (quadra) , e a Quina, para quem faz tambm a quadra e o terno. A Megasena substitui a Sena no dia 4. Em cada concurso, 20% do valor para premiao acumula para os concursos de final zero. Folha de So Paulo, 12 mar. 1996

    A variao de maior prestgio: A norma padro

    Norma culta ou norma padro

    Se h tantas variaes de uma lngua, qual delas a ensinada na escola? Por que essa e no as demais? Quem faz essa escolha? Essas perguntas apenas refletem um fato: de todas as variaes, uma tem mais prestgio que as demais e acaba por ser escolhida como padro a todos os falantes.

  • 8

    Dialeto padro: tambm chamado norma padro culta, ou, simplesmente norma culta, o dialeto a que se atribui, em determinado contexto social, maior prestgio; considerado o modelo da a designao de padro, de norma segundo o qual se avaliam os demais dialetos. Excetuadas diferenas de pronncia e pequenas diferenas de vocabulrio, o dialeto padro sobrepe-se aos dialetos regionais, e o mesmo, em toda a extenso do pas. Magda Soares

    Apesar de haver muitos preconceitos sociais em relao a variedades no padro, todas elas so vlidas e tm valor nos grupos ou nas comunidades em que so usadas. Contudo, em situaes sociais que exigem maior formalidade por exemplo uma entrevista de emprego, um requerimento, uma carta dirigida a um jornal ou revista, uma redao para um concurso pblico a variedade lingustica exigida quase sempre a padro. Por isso, importante domin-la bem.

    Interpretao de texto:

    Tragdia Brasileira Manuel Bandeira Misael, funcionrio da Fazenda, com 63 anos de idade. Conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituda, com sfilis, dermite nos dedos, uma aliana empenhada e os dentes em petio de misria. Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estcio, pagou mdico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria. Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael no queria escndalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. No fez nada disso: mudou de casa. Viveram trs anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moraram no Estcio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marqus de Sapuca, Niteri, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estcio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do mato, Invlidos... Por fim na Rua da Constituio, onde Misael, privado de sentidos e de inteligncia, matou-a com seis tiros, e a polcia foi encontr-la cada em decbito dorsal, vestida de organdi azul.

    Intertextualidade: Dilogo entre os textos.

    Amor fogo que arde sem se ver, ferida que di, e no se sente; um contentamento descontente, dor que desatina sem doer. um no querer mais que bem querer; um andar solitrio entre a gente; nunca contentar-se de contente; um cuidar que ganha em se perder. querer estar preso por vontade; servir a quem vence, o vencedor; ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos coraes humanos amizade, se to contrrio a si o mesmo Amor?

    Cames

  • 9

    Soneto de Fidelidade - Vinicius de Moraes

    De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero viv-lo em cada vo momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angstia de quem vive Quem sabe a solido, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que no seja imortal, posto que chama Mas que seja infinito enquanto dure. Vinicius de Moraes, "Antologia Potica", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pg. 96. Monte Castelo Legio Urbana Ainda que eu falasse a lngua dos homens. E falasse a lngua dos anjos, sem amor eu nada seria. s o amor, s o amor. Que conhece o que verdade. O amor bom, no quer o mal. No sente inveja ou se envaidece. O amor o fogo que arde sem se ver. ferida que di e no se sente. um contentamento descontente. dor que desatina sem doer. Ainda que eu falasse a lngua dos homens. E falasse a lngua dos anjos, sem amor eu nada seria. um no querer mais que bem querer. solitrio andar por entre a gente. um no contentar-se de contente. cuidar que se ganha em se perder. um estar-se preso por vontade. servir a quem vence, o vencedor; um ter com quem nos mata a lealdade. To contrario a si o mesmo amor. Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem. Agora vejo em parte. Mas ento veremos face a face. s o amor, s o amor. Que conhece o que verdade. Ainda que eu falasse a lngua dos homens. E falasse a lngua dos anjos, sem amor eu nada seria. http://www.vagalume.com.br/legiao-urbana/monte-castelo.html#ixzz21XzoTYUC

  • 10

    Comente a intertextualidade presente nos desenhos abaixo:

    A plurissignificao da linguagem literria: denotao e conotao

    A bomba de Hiroxima

    Na manh de 6 de agosto de 1945, quase ao fim da Segunda Guerra Mundial, o bombardeiro B-29 americano Enola Gay lanou a ainda no testada bomba de urnio Little Boy sobre a cidade de Hiroxima, a sudoeste de Honshu, a principal ilha japonesa. Ela rebentou no ar a 600 metros de altura e liberou uma energia equivalente a 20 quilotons (20 mil toneladas) do explosivo qumico TNT, matando 64 mil pessoas instantaneamente. Trs dias depois, aps sobrevoar inutilmente durante 45 minutos um segundo alvo, a cidade de Kokura, sem visualiz-la, o avio mudou de rumo. E Fat Man, outra bomba, esta de plutnio, arrasou mais da metade da rea de Nagasaki, no sul do Japo. Passados seis meses, 40 mil pessoas haviam morrido. O nmero de vtimas poderia ter sido ainda maior e incluir cidados americanos caso o mau tempo no tivesse afastado o bombardeiro 1500 metros do alvo: isso salvou a vida de 1300 prisioneiros de um campo de concentrao japons desconhecido dos Estados Unidos.

    Revista SUPERINTERESSANTE

    Novembro de 1989 (SUPER nmero 11, ano 3)

    A rosa de Hiroxima Vincius de Moraes

    Pensem nas crianas Mudas telepticas

    Pensem nas meninas

  • 11

    Cegas inexatas Pensem nas mulheres

    Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas clidas

    Mas oh no se esqueam Da rosa da rosa

    Da rosa de Hiroxima A rosa hereditria A rosa radioativa

    Estpida e invlida A rosa com cirrose A anti-rosa atmica

    Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada.

    Quando a palavra utilizada com o seu sentido comum, o que aparece no dicionrio, dizemos que foi empregada denotativamente. Quando, porm, utilizada com um sentido diferente daquele que lhe comum, dizemos que foi empregada conotativamente. A linguagem literria, especialmente a linguagem potica, caracterizada por sua plurissignificao, cuja base a conotao.

    Apesar de seu uso constante na linguagem potica, a conotao no exclusiva da literatura. Ela pode estar presente nas conversas do dia-a-dia, em anncios publicitrios, na linguagem dos quadrinhos, nas letras de msica, etc.

    As palavras ou os enunciados so denotativos quando apresentam o sentido literal, do dicionrio; so conotativos quando apresentam sentido figurado, determinado pela situao e pelo contexto histrico-cultural.

    O valor conotativo de uma palavra, de um texto ou de um gesto depende sempre da situao scio-

    histrica e cultural em que se situa. Em certas culturas, por exemplo, arrotar mesa aps a refeio conota satisfao, pois indica que a comida estava e que a pessoa se alimentou muito bem; na nossa cultura, conota falta de educao. Quando as pessoas conversam por telefone, h um conjunto de frases mais ou menos previstas e que conotam polidez, educao. Por exemplo, perguntar Quem est falando? mais polido do que Quem ?; dizer Espera, que eu vou chamar fulano conota grosseria, ao contrrio de Um momentinho, que eu vou chamar fulano.

    1. Interprete o anncio abaixo, tendo por base o uso de denotao ou conotao:

  • 12

    Continuidade e progresso textual Como voc sabe, um texto no uma reunio de frases soltas. Como unidade de sentido que , ele precisa apresentar textualidade. A continuidade e a progresso textual so dois dos elementos essenciais da textualidade. A sequenciao de um texto depende de um duplo movimento: por um lado, a retomada de palavras e idias j expressas, procedimento chamado continuidade; por outro, a introduo de novas idias, procedimento chamado progresso, responsvel pelo andamento do texto. Um texto bem redigido implica um equilbrio entre esses dois movimentos.

    COESO TEXTUAL

    Responsvel pela unidade formal do texto. construda a partir de mecanismos gramaticais e lexicais (as partes se conectam de forma perfeita). O uso adequado dos elementos de coeso confere unidade ao texto e contribui consideravelmente para a expresso clara das idias; o uso inadequado, ao contrrio, causa sempre efeitos como a ambigidade e as passagens incompreensveis no texto. Uma textualidade supe o entendimento claro do que se est querendo dizer, mas a lngua dispe de amplos recursos para construir essa textualidade de forma enxuta e coesa. Trata-se dos mecanismos de coeso. Por exemplo: Pegue aquelas frutas. Coloque as frutas no carrinho. Assim, Pegue aquelas frutas. Coloque-as no carrinho. Repare que o termo frutas foi recuperado pelo pronome as, deixando o texto mais fluido, sem perder sua clareza. Porm quando dizemos: Os maiores problemas do Brasil so estes: a fome e a violncia, o pronome este s faz sentido se recuperado pela sentena posterior: a fome e a violncia. Palavras que assumem funo de conectivo ou elementos de coeso: Preposies, conjunes, pronomes e advrbios Por exemplo: Inadequado: Fernando esteve em Londres. Em Londres, Fernando constatou que a monarquia continua forte por l. Adequado: Fernando esteve em Londres. L, ele constatou que a monarquia continua forte. Porm, podemos ainda suprimir o pronome ele sem prejuzo para a compreenso da frase. um outro mecanismo de coeso, chamado Elipse, que se estabelece quando algum elemento do texto omitido: Fernando esteve em Londres. L, constatou que a monarquia continua forte. EXERCCIOS Para cada um dos exerccios, voc ter um "texto bsico" onde no est ainda realizada a coeso. Esta tarefa caber a voc, na medida em que for capaz de substituir os termos repetidos pelos elementos constantes dos mecanismos de coeso explicitados neste captulo.

  • 13

    O texto a seguir narra a histria de um jovem e seu cachorro. Assim, esses dois personagens so apresentados e retomados durante todo o texto. Sublinhe todos os elementos que retomem o jovem e envolva todos os elementos que retomem o cachorro: Foi na Frana, durante a Segunda Grande Guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esper-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta casa. A vila inteira j conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava at a correr todo animado atrs dos mais ntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado at o momento em que seu dono apontava l longe. Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esper-lo? Continuou a ir diariamente at a esquina, fixo o olhar naquele nico ponto, a orelha em p, atenta ao menor rudo que pudesse indicar a presena do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro, at chegar o dia seguinte. Ento, disciplinadamente, como se tivesse um relgio preso pata, voltava ao posto de espera. O jovem morreu num bombardeio mas no pequeno corao do cachorro no morreu a esperana. Quiseram prend-lo, distra-lo. Tudo em vo. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias, com o passar dos anos (a memria dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que no voltou. Casou-se a noiva com um primo. os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos para outros amigos. S o cachorro j velhssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esper-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro est esperando?Uma tarde (era inverno) ele l ficou, o focinho voltado para aquela direo. Lygia Fagundes Telles. As disciplinas do amor.

    Escreva sinnimos para a palavra tartaruga: A Morte da Tartaruga crnica de Millr Fernandes O menininho foi ao quintal e voltou chorando: a tartaruga tinha morrido. A me foi ao quintal com ele, mexeu na ________________ com um pau (tinha nojo daquele bicho) e constatou que tinha morrido mesmo. Diante da confirmao da me, o garoto ps-se a chorar ainda com mais fora. A me a princpio ficou penalizada, mas logo comeou a ficar aborrecida com o choro do menino. "Cuidado, seno voc acorda o seu pai". Mas o menino no se conformava. Pegou-a no colo e ps-se a acariciar-lhe o casco duro. A me disse que comprava outra, mas ele respondeu que no queria, queria aquela, viva! A me lhe prometeu um carrinho, um velocpede, lhe prometera uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimao. Afinal, com tanto choro, o pai acordou l dentro, e veio, estremunhado, ver de que se tratava. O menino mostrou-lhe a __________ morta. A me disse: - "Est a assim h meia hora, chorando que nem maluco. No sei mais o que fao. J lhe prometi tudo mas ele continua berrando desse jeito". O pai examinou a situao e props: - "Olha, Henriquinho. Deixa ela a e vem c com o pai". O garoto deps-a cuidadosamente junto do tanque e seguiu o pai, pela mo. O pai sentou-se na poltrona, botou o garoto no colo e disse: - "Eu sei que voc sente muito a morte da ______________. Eu tambm gostava muito dela. Mas ns vamos fazer pra ela um grande funeral"(Empregou de propsito a palavra difcil.). O menininho parou imediatamente de chorar. "Que funeral?" O pai lhe explicou que era um enterro. "Olha, ns vamos rua, compramos uma caixa bem bonita, bastante balas, bombons, doces e voltamos para casa. Depois botamos o ______________ na caixa em cima da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniversrio. A convidamos os meninos da vizinhana, acendemos as velinhas, cantamos o Happy-Birth-Day-To-You e voc assopra as velas. Depois pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos ______________ e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em que ela morreu. Isso que funeral! Vamos fazer isso?" O garotinho estava com outra cara. "Vamos papai, vamos! _____________ vai ficar contente l no cu, no vai? Olha, eu vou apanhar ela." Saiu correndo. Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal. "Papai, papai, vem c ela est viva!" O pai correu pro quintal e constatou que era verdade. Ela estava andando de novo normalmente. "Que bom, heim!" - disse - "Ela est viva! No vamos ter que fazer o funeral!" "Vamos sim, papai" - disse o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande - "Eu mato ela".

    MORAL: O IMPORTANTE NO A MORTE, O QUE ELA NOS TIRA. (Millr Fernandes, "A Morte da Tartaruguinha", in: Fbulas Fabulosas, 9 ed., Rio de Janeiro, Nrdica, 1985, pgs. 100-101.)

  • 14

    Sublinhe no texto os elementos de coeso por referncia que retomam a palavra megacidades. Aponte tambm as elipses: Qual ser o futuro das cidades? As megacidades vo mudar de endereo no prximo milnio. Elas concentraro no apenas populao, mas tambm misria. Dificilmente conseguiro dar a tantas pessoas habitao, transportes e saneamento bsico adequados. Porm, mesmo esses locais do topo da hierarquia global, como Nova York, j sofrem com congestionamentos, poluio e violncia. Vo enfrentar ao menos um desafio comum: o aumento da tenso urbana provocado pela crescente desigualdade entre seus moradores. No h mgica tecnolgica vista capaz de resolver as dificuldades.

    Caderno Especial, Folha de So Paulo, p.1, 02/5/1999, texto adaptado

    Construa uma nova verso do texto abaixo, utilizando, em relao palavra China, os mecanismos de coeso que julgar adequados.

    A China mesmo um pas fascinante, onde tudo dimensionado em termos gigantescos. A China uma civilizao milenar. A China abriga, na terceira maior extenso territorial planetria (com 9 960 547 km

    2),

    cerca de l bilho e 100 mil habitantes, ou seja, um quarto de toda a humanidade. Mencionar tudo o que a China, um tanto misteriosa, tem de grande ocuparia um espao tambm exagerado.

    ______________________________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________________________

    ARTICULAO SINTTICA DO TEXTO. USO DOS OPERADORES ARGUMENTATIVOS

    Adversativas Implica a utilizao dos articuladores adversativos mas, porm, contudo, todavia, entretanto, no entanto. Ex.: A polcia conseguiu prender os ladres, mas as jias ainda no foram recuperadas. No lugar do mas, possvel utilizar todos os outros articuladores: porm, contudo, todavia, entretanto, no entanto. O texto anterior poderia ter uma verso como: A polcia conseguiu prender todos os ladres, entretanto as jias ainda no foram recuperadas. Podemos tambm utilizar articuladores de concesso, como embora, muito embora, ainda que, conquanto, posto que, que so conjunes ou locues conjuntivas concessivas e tambm apesar de, a despeito de, no obstante, que so locues prepositivas. Causa Os principais articuladores sintticos de causa so: Conjunes ou locues conjuntivas: porque, pois, como, por isso que, j que, visto que, uma vez que. Preposies e locues prepositivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em conseqncia de, por motivo de, por razes de. Ex.: No fui a Roma porque estava com pressa de vir ao Brasil Utilizando as conjunes e locues conjuntivas, o verbo se mantm em seu tempo finito. Utilizando, entretanto, as locues prepositivas, o verbo da orao assume a forma de infinitivo. No fui at Roma, em virtude de estar com pressa de regressar ao Brasil.

  • 15

    Condio Indicam uma hiptese ou uma condio necessria para a realizao ou no de algo. Os principais so: caso, contanto que, desde que, a menos que, a no ser que. Caso voc viaje noite, poder descansar mais amanh A menos que voc preste ateno, vai errar. Finalidade A maneira mais comum de manifestar finalidade utilizando a preposio para, em sequncias como: Os salrios precisam subir para que haja uma recuperao do mercado consumidor.

    Entre outros articuladores de finalidade, destacam-se: a fim de, com o propsito de, com a inteno de, com o intuito de, com o objetivo de. Ricardo promoveu Carlos com o objetivo de angariar mais votos. Aditiva

    Somam argumentos a favor de uma mesma concluso. Os principais so: e, nem, mas tambm, no s... Conclusiva Os principais articulares de concluso so logo, portanto, ento, assim, por isso, por conseguinte, pois (aps o verbo), de modo que, em vista disso. Sidney vendeu sua moto, logo s poder viajar de carro Agnaldo comprou um capacete, de modo que usar sua moto com maior segurana. Algumas dessas conjunes, como logo, de modo que, s se empregam antes do verbo. A conjuno pois, neste caso, s se emprega depois do verbo. As outras podem ser empregadas antes ou depois do verbo.

    Ex.: Agnaldo comprou um capacete e usar, pois, sua moto com maior segurana

    Exerccios: Uma as frases por meio de conectores. Obedea idia em parnteses e faa as adaptaes necessrias: a) O nibus desgovernado invadiu o prdio. O nibus trafegava em alta velocidade (explicativa) b) O plano de sade se recusou a atender a mulher. A mulher estava em dia com o plano de sade (adversativa) c) A filha da mulher vai processar o plano de sade. A filha da mulher receber uma indenizao (finalidade). d) Existem muitas crianas abandonadas. As iniciativas do Estado em resolver o problema so insuficientes (explicativa) e) O Estado deveria ter polticas mais eficientes de atendimento s crianas. As crianas de hoje so os adultos de amanh (explicativa). f) Raimundo um homem so. Deve trabalhar. (conclusiva) g) Tens razo. No se exaltes. (adversativa)

  • 16

    1. Preencha os espaos com os conectores adequados (mas, portanto, porque, mas, que, pois, porque, quando, alm disso) Muito suor, pouca descoberta O trabalho do arquelogo tem emoes, sim. _______ no pense em Indiana Jones, bandidos e tesouros. verdade _____ os arquelogos passam um bom tempo em lugares excitantes, como pirmides e runas. _______ as emoes acontecem mesmo nos laboratrios, _________ identificam a importncia das coisas que acharam nos stios arqueolgicos. _________, preciso persistncia para encarar a profisso, _________ os resultados demoram, e muita gente passa a vida estudando sem fazer grandes descobertas. No Brasil, necessrio fazer ps-graduao, pois no h faculdade de Arqueologia. _________ preciso gostar de viver sem rotina, _________ arquelogo passa meses no laboratrio e outros em campo. O prmio fazer descobertas que mudam a histria. Super for Kids, n 1 No te amo mais Estarei mentindo dizendo que Ainda te quero como sempre quis Tenho certeza que Nada foi em vo Sinto dentro de mim que Voc no significa nada No poderia dizer mais que Alimento um grande amor Sinto cada vez mais que J te esqueci! E jamais usarei a frase Eu te amo! Sinto, mas tenho que dizer a verdade tarde demais... Clarice Lispector

    COERNCIA

    COERNCIA TEXTUAL Fator fundamental da textualidade, responsvel pelo sentido do texto. Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de So Paulo. Ele era to fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direo. O carro capotou e ficou de rodas no ar. O menino no pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de l o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o at a calada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida. A titulo de exemplo, vamos citar um desses equvocos cometidos em redao, relatado pela Prof Diana Luz Pessoa de Barros num livro sobre redao no vestibular: L dentro havia uma fumaa formada pela maconha e essa fumaa no deixava que ns vssemos qualquer pessoa, pois ela era muito intensa. Meu colega foi cozinha, me deixando sozinho. Fiquei encostado na parede da sala e fiquei observando as pessoas que l estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, etc. Nesse caso, o sujeito no podia ver e viu. O texto tornar-se-ia coerente se o narrador dissesse que ficara encostado parede imaginando as pessoas que estavam por detrs da cortina de fumaa.

  • 17

    Pessoas que tomam caf da manh todos os dias correm menos riscos de ter infeces. As infeces so comuns em crianas que frequentam a escola pela primeira vez. Por isso, a escola tem como filosofia o desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem construtivista. Ambiguidade: A duplicidade de sentido que pode haver numa palavra ou numa construo sinttica damos o nome de ambiguidade. Roberto e Cludia vo se divorciar (Um vai se divorciar do outro ou ambos vo se divorciar dos respectivos cnjuges?) Eles viram os animais quando estavam presos (Quem estava preso? Eles ou os animais?) Existem dois tipos de ambiguidade: a estrutural, como vimos nos exemplos anteriores, e a polissmica, que resulta do mau uso de uma palavra que possui duplo sentido. Exemplos: Voc deve encher seu filho de bolachas (biscoitos ou pancada?) O aluno enjoado saiu de sala (ele era chato ou passava mal?) O gato desceu a escada (um rapaz bonito ou um felino?) Algumas gafes do jornalismo: A nova terapia traz esperanas a todos os que morrem de cncer a cada ano. JB A vtima foi estrangulada a golpes de faco. O DIA No corredor do hospital psiquitrico os doentes corriam como loucos. O DIA Os sete artistas compem um trio de talento. EXTRA Parece que ela foi morta pelo seu assassino. EXTRA 1. Nos fragmentos abaixo h algum tipo de incoerncia. Reescreva de modo adequado: a) O cavalo permaneceu morto na Av. Brasil por vrias horas. b) As reunies daqui para frente sero realizadas duas vezes por ms e no mais quinzenalmente. c) Pel foi o melhor jogador de futebol que o mundo j viu. Maradona tambm foi o melhor. 2. Observe que nos trechos abaixo, a ordem que foi dada s palavras, provoca efeitos semnticos (de significado) estranhos. Fazendo sucesso com a sua nova clnica, a psicloga Iracema Leite Ferreira Duarte, localizada na Rua Campo Grande, 159. Embarcou para So Paulo Maria Helena Arruda, onde ficar hospedada no luxuoso hotel Maksoud Plaza. (Notcias da coluna social do Correio do Mato Grosso) Note que os textos no esto coesos e coerentes. Reescreva-os de forma a corrigir este problema

  • 18

    03.Diga se h erro de coeso ou coerncia:

    a)Mrio pegou um avio e foi resolver um problema em So Paulo. Como a estrada estava muito ruim, Mrio

    comeou a sentir-se mal

    b)Pedro precisa de dinheiro tem muitos filhos

    c)Jonas no tem dinheiro, comprou uma fazenda com mil cabeas de gado e comeou a exportar

    computadores.

    d).Marcela estava grvida. Sentindo-se muito mal o marido foi internado rapidamente e teve um robusto filho.

    3. Os trechos abaixo apresentam problemas de coeso e coerncia por causa do mau uso do conectivo, isto , da palavra que estabelece a conexo. A palavra ou expresso conectiva inadequada est em destaque. Reescreva os textos substituindo pelo conectivo mais adequado:

    a) Em So Paulo j no chove h mais de dois meses, apesar de que j se pense em racionamento de gua e energia eltrica. b) Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, pois o estado do gramado do Maracan no dos piores.

    c) Uma boa parte das crianas mora muito longe, vai escola, com fome, onde ocorre o grande nmero de desistncias. Outros casos de incoerncia narrativa podem ocorrer. Se, por exemplo, um personagem adquire um objeto de outro, claro que esse outro deixou de possu-lo. Assim, incoerente relatar, numa certa altura da narrativa, que roubaram de uma senhora um valiosssimo colar de prolas e, numa passagem posterior, sem dizer que ela o tenha recuperado, referir-se ao mesmo colar envolvendo o pescoo da pessoa da mesma senhora numa recepo de gala. Um outro tipo de incoerncia narrativa pode ocorrer em relao caracterizao dos personagens e s aes atribudas a eles. No percurso da narrativa, os personagens so descritos como possuidores de certas qualidades (alto, baixo, frgil, forte), atribuem-se a eles certos estados de alma (colrico, corajoso, tmido, introvertido, aptico, combativo). Essas qualidades e estados de alma podem combinar-se ou repelir-se, alguns comportamentos dos personagens so compatveis ou incompatveis com determinados traos de sua personalidade. A preocupao com a coerncia e a unidade do texto pressupe que se conjuguem apropriadamente esses elementos. Se na narrativa aparecem indicadores de que um personagem tmido, frgil e introvertido, seria incoerente atribuir a esse mesmo personagem o papel de lder e agitador dos folies por ocasio de uma festa pblica. Obviamente, a incoerncia deixaria de existir se algum dado novo justificasse a transformao do referido personagem. Uma bebedeira, por exemplo, poderia desencadear essa mudana. Muitos outros casos de incoerncia desse tipo podem ser apontados. Dizer, por exemplo, que um personagem foi a uma partida de futebol, sem nenhum entusiasmo, pois j esperava ver um mau jogo e, posteriormente, afirmar que esse mesmo personagem saiu do estdio decepcionado com o mau futebol apresentado incoerente. Quem no espera nada no pode decepcionar-se. incoerente ainda dizer que algum totalmente indiferente em relao a uma pessoa e caiu em prantos quando soube que ela casou-se e foi para o exterior. As incoerncias podem ser utilizadas para mostrar a dupla face de um mesmo personagem, mas esse expediente precisa ficar esclarecido de um modo no decorrer do texto.

  • 19

    O QUE RESUMO?

    Resumo uma condensao fiel das idias ou dos fatos contidos no texto. Resumir um texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista trs elementos: a. cada uma das partes essenciais do texto; b. a progresso em que elas se sucedem; c. a correlao que o texto estabelece entre cada uma dessas partes.

    Muitas pessoas julgam que resumir reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo uma espcie de "colagem". Essa "colagem" de fragmentos do texto original NO UM RESUMO! Resumir apresentar, com as prprias palavras, os pontos relevantes de um texto. A reproduo de frases do texto, em geral, atesta que ele no foi compreendido.

    Para elaborar um bom resumo, necessrio compreender antes o contedo global do texto. No possvel ir resumindo medida que se vai fazendo a primeira leitura. evidente que o grau de dificuldade para resumir um texto depende basicamente de dois fatores: a. da complexidade do prprio texto (seu vocabulrio, sua estruturao sinttico-semntica, suas relaes lgicas, o tipo de assunto tratado etc.); b. da competncia do leitor (seu grau de amadurecimento intelectual, o repertrio de informaes que possui, a familiaridade com os temas explorados). Requisitos de um Resumo: CONCISO: A redao concisa quando as idias so bem expressas com um mnimo de palavras.

    PRECISO: Resultado das selees das palavras adequadas para expresso de cada conceito.

    CLAREZA: Caracterstica relacionada compreenso. Significa um estilo fcil e transparente.

    2. Uma segunda leitura sempre necessria. Mas esta, com interrupes, com o lpis na mo, para compreender melhor o significado de palavras difceis (se preciso, recorra ao dicionrio) e para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inverses com elementos ocultos), bem como as conexes entre elas;

    3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentao do texto em blocos de idias que tenham alguma unidade de significao. Em um texto pequeno, normalmente pode-se adotar como critrio de segmentao a diviso em pargrafos. Quando se trata de um texto maior (o captulo de um livro, por exemplo) conveniente adotar um critrio de segmentao mais funcional, o que vai depender de cada texto. Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes, tenta-se resumir a idia ou as idias centrais de cada fragmento. 4. Dar a redao final com suas palavras, procurando no s condensar os segmentos, mas encade-los na progresso em que se sucedem no texto.

    Alguns procedimentos para diminuir as dificuldades de elaborao do resumo:

    1. Ler uma vez o texto, ininterruptamente, do comeo at o fim: sem a noo do conjunto, mais difcil entender o significado preciso de cada uma das partes. Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupao de responder seguinte pergunta: do que trata o texto?

  • 20

    Resuma os textos a seguir:

    Mais um ponto para o vinho tinto Molcula encontrada na bebida faz camundongos viverem mais e melhor

    NOVA YORK. Uma substncia encontrada no vinho tinto, o resveratrol, pode ajudar a viver mais e a ter

    uma velhice mais saudvel. Por enquanto, os estudos so com animais, mas pesquisadores da Universidade de Harvard ficaram surpresos ao descobrirem que camundongos alimentados com uma dieta altamente calrica e que receberam resveratrol tiveram uma vida mais longa e com menos problemas de sade do que os demais, apesar de serem obesos. Os animais apresentaram ainda uma melhora da coordenao motora.

    O coordenador do estudo, David Sinclair, disse que o resveratrol aparentemente combate vrios riscos sade associados a dietas muito calricas. Porm, a substncia no faz emagrecer. Sinclair acredita que suplementtos alimentares com resveratrol poderiam ter efeitos semelhantes em seres humanos.

    No entanto, ele salientou que mais estudos precisam ser realizados. Os pesquisadores no sabem ainda, por exemplo, se o consumo de vinho surtiria o mesmo efeito que o obtido com os suplementos especficos de resveratrol. O estudo est na edio desta semana da revista britnica Nature.

    O uso da molcula de resveratrol j havia mostrado efeitos semelhantes em fungos, moscas e vermes. Segundo David Sinclair, da Universidade de Harvard, o novo estudo comprova que a molcula funciona tambm em mamferos, mas o verdadeiro desafio agora desenvolver formulaes ou encontrar outras molculas que tratem doenas ligadas ao envelhecimento humano, como diabetes e mal de Alzheimer.

    (Jornal O Globo)

    Meios de comunicao de massa Os principais meios de comunicao de massa so trs: o jornal, o rdio e a televiso. Eles destinam-se a distrair e a informar os leitores, ouvintes e telespectadores, respectivamente. O jornal atravs das mais diversas matrias, sobre os ltimos acontecimentos do Brasil e do mundo. O rdio com msicas, notcias, comentrios etc. A televiso, por sua vez, atravs de novelas, programas de humor, telejornais, programas de auditrio e, hoje, mais do que nunca, programas envolvendo pessoas comuns. Os trs meios de comunicao, no entanto, devem ser encarados com crtica, cautela e desconfiana, para no interferirem em nossas decises, opinies e modo de ver o mundo que nos cerca. O mundo pede socorro Segundo os especialistas no assunto, o aquecimento da Terra no de hoje; vem acontecendo, pouco a pouco, h mais de 150 anos. E a comea a polmica cientfica: ele fruto de causas naturais ou por conta de atitudes provocadas pelo ser humano? Atualmente, a opinio preponderante a segunda. claro que, nos ltimos tempos, com o avano e a modernizao industrial, principalmente, com o desenvolvimento da indstria automotiva, a poluio do ar aumentou de forma considervel. De acordo com conceituados climatlogos, o aquecimento global resultado da concentrao de poluentes espalhados na atmosfera, causando o efeito estufa. Martin Perry, co-presidente do grupo de trabalho do IPCC, entidade que trata dos impactos do aquecimento, declarou que h agora em todos os continentes sinais de mudana climtica que afetam os animais e as plantas. A disponibilidade de gua boa para o consumo e a hidroeletricidade j esto comprometidas, e o problema ser ainda maior no futuro, tornado-se crnico, se as medidas acertadas no forem tomadas.

    Resenha Resenha Crtica a apresentao do contedo de uma obra, acompanhada de uma avaliao crtica. Expe-se claramente e com certos detalhes o contedo da obra, o propsito da obra e o mtodo que segue para posteriormente desenvolver uma apreciao crtica do contedo, da disposio das partes, do mtodo, de sua forma ou estilo e, se for o caso, da apresentao tipogrfica, formulando um conceito do livro. A resenha crtica consiste na leitura, resumo e comentrio crtico de um livro ou texto. Para a elaborao do comentrio crtico, utilizam-se opinies de diversos autores da comunidade cientfica em relao as defendidas pelo autor e se estabelece todo tipo de comparao com os enfoques, mtodos de investigao e formas de exposio de outros autores.

  • 21

    A resenha crtica apresenta as seguintes exigncias 1. Conhecimento completo da obra, no deve se limitar leitura do ndice, prefcio e de um ou outro captulo. 2. Competncia na matria exposta no livro, bem como a respeito do mtodo empregado. 3. Capacidade de juzo crtico para distinguir claramente o essencial do suprfluo 4. Independncia de juzo; o que importa no saber se as concluses do autor coincidem com as nossas opinies, mas se foram deduzidas corretamente. 5. Correo e urbanidade; respeitando sempre a pessoa do autor e suas intenes. Evidentemente, uma resenha crtica bem feita pode converter-se num pequeno artigo cientfico e at mesmo num trabalho monogrfico, podendo ser publicada em revistas especializadas. A resenha crtica compreende uma abordagem objetiva (em que se descreve o assunto ou algo que foi observado, sem emitir juzo de valor) e uma abordagem subjetiva (apreciao crtica onde se evidenciam os juzos de valor de quem est elaborando a resenha crtica). O cientista tem uma capacidade de juzo crtico mais desenvolvida. O estudante esfora-se para o exerccio de compreenso e crtica inicial. A resenha facilita o trabalho do profissional ao trazer um breve comentrio sobre a obra e uma avaliao. Na introduo o acadmico deve apresentar o assunto de forma genrica at chegar ao foco de interesse, ou ao ponto de vista o qual ser focalizado. Uma vez apresentado o foco de interesse, o acadmico procura mostrar a importncia do mesmo, a fim de despertar o interesse do leitor. Por ltimo, deixa-se claro, o caminho/mtodo que orienta o trabalho. A descrio do assunto do livro, texto, artigo ou ensaio compreende a apresentao das idias principais e das secundrias que sustentam o pensamento do autor. Para facilitar a descrio do assunto sugere-se a construo dos argumentos por progresso, que consiste no relacionamento dos diferentes elementos, mas encadeados em seqncia lgica, de modo a haver sempre uma relao evidente entre um elemento e o seu antecedente. A apreciao crtica deve ser feita em termos de concordncia ou discordncia, levando em considerao a validade ou a aplicabilidade do que foi exposto pelo autor. Para fundamentar a apreciao crtica, deve-se levar em conta a opinio de autores da comunidade cientfica, experincia profissional, a viso de mundo e a noo histrica do pas. Nas consideraes finais, deve-se apresentar as principais reflexes e constataes decorrentes do desenvolvimento do trabalho. As referncias bibliogrficas seguem a NBR-6023 de 2000 da ABNT sobre referncias bibliogrficas. O que deve constar numa resenha

    O ttulo A referncia bibliogrfica da obra Alguns dados bibliogrficos do autor da obra resenhada O resumo, ou sntese do contedo A avaliao crtica

    Exemplo de resenha conto A causa secreta, de Machado de Assis ASSIS, Machado de. A causa secreta. In: Machado de Assis - obra completa v.II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986. Este um conto que aborda um tema oculto da alma de todo ser humano: a crueldade. Machado de Assis cria um cenrio em que o recm formado mdico Garcia conhece o espirituoso Fortunato, dono de uma misteriosa compaixo pelos doentes e feridos, apesar de ser muito frio, at mesmo com sua prpria esposa. Atravs de uma linguagem bastante acessvel, que no encontramos em muitas obras de Assis, o texto mescla momentos

  • 22

    de narrao - que feita em terceira pessoa com momentos de dilogos diretos, que do maior realidade histria. Uma caracterstica marcante a tenso permanente que ambienta cada episdio. Desde as primeiras vezes em que Garcia v Fortunato - na Santa Casa, no teatro e quando o segue na volta para casa, no mesmo dia - percebemos o ar de mistrio que o envolve. Da mesma forma, quando ambos se conhecem devido ao caso do ferido que Fortunato ajuda, a simpatia que Garcia adquire exatamente por causa de seu estranho comportamento, velando por dias um pobre coitado que sequer conhece. A histria transcorre com Garcia e Fortunato tornando-se amigos, a apresentao de Maria Luiza, esposa de Fortunato, e ainda com a abertura de uma casa de sade em sociedade. O clmax ento acontece quando Maria Luiza e Garcia flagram Fortunato torturando um pequeno rato, cortando-lhe pata por pata com uma tesoura e levando-lhe ao fogo, sem deixar que morresse. assim que se percebe a causa secreta dos atos daquele homem: o sofrimento alheio lhe prazeroso. Isso ocorre ainda quando sua esposa morre por uma doena aguda e quando v Garcia beijando o cadver daquela que amava secretamente. Fortunato aprecia at mesmo seu prprio sofrimento. possvel afirmar que este conto um expoente mximo da tcnica de Machado de Assis, deixando o leitor impressionado com um desfecho inesperado, mas que demonstra de forma exponencial, verdade - a natureza cruel do ser humano. uma obra excelente para os que gostam dos textos de Assis, mas acham cansativa a linguagem rebuscada usada em alguns deles. Joaquim Maria Machado de Assis considerado um dos maiores escritores brasileiros. Como se inicia uma resenha Pode-se comear uma resenha citando-se imediatamente a obra a ser resenhada. Veja os exemplos:

    "Lngua e liberdade: por uma nova concepo da lngua materna e seu ensino" (L&PM, 1995, 112 pginas), do gramtico Celso Pedro Luft, traz um conjunto de idias que subvertem a ordem estabelecida no ensino da lngua materna, por combater, veementemente, o ensino da gramtica em sala de aula.

    Mais um exemplo: Michael Jackson: uma Bibliografia No Autorizada (Record: traduo de Alves Calado; 540 pginas, 29,90 reais), que chega s livrarias nesta semana, o melhor perfil de astro mais popular do mundo". (Veja, 4 de outubro, 1995).

    Outra maneira bastante frequente de iniciar uma resenha escrever um ou dois pargrafos relacionados com o contedo da obra.

    Observe o exemplo da resenha sobre o livro "Histria dos Jovens" (Giovanni Levi e Jean-Claude Schmitt), escrita por Hilrio Franco Jnior (Folha de So Paulo, 12 de julho, 1996).

    H, evidentemente, numerosas outras maneiras de se iniciar um texto-resenha. A leitura (inteligente) desse tipo de texto poder aumentar o leque de opes para iniciar uma recenso crtica de maneira criativa e cativante, que leva o leitor a interessar-se pela leitura.

    A crtica A resenha no deve ser vista ou elaborada mediante um resumo a que se acrescenta, ao final, uma avaliao ou crtica. A postura crtica deve estar presente desde a primeira linha, resultando num texto em que o resumo e a voz crtica do resenhista se interpenetram. Retirado de http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php. acesso em 11/09/2011

    PROCESSOS DE ELABORAO DO TEXTO

    Dependendo do tipo de texto que se queira produzir, o desenvolvimento dos pargrafos precisar atender a algumas caractersticas especficas. H quatro tipos bsicos de textos, amplamente utilizados em nosso

    dia-a-dia. Em linhas gerais, so eles:

    * NARRAO: quando se deseja contar (ou relatar) um fato que tenha ocorrido;

  • 23

    * DESCRIO: quando se deseja mostrar os detalhes (ou caractersticas) que se referem a um lugar, objeto ou pessoa;

    * DISSERTAO: quando se deseja apresentar uma noo, opinio ou idia;

    * ARGUMENTAO: quando se deseja defender um ponto de vista e tentar convencer outra pessoa.

    Narrar, descrever, dissertar e argumentar so, portanto, os quatro processos fundamentais de

    redao que fazem parte da comunicao do dia a dia e, por isso, so muito utilizados na prtica da escrita. Vejamos como isto se d em termos prticos, atravs do exemplo que se segue:

    Na rua onde voc mora, realiza-se semanalmente uma feira. Voc decide escrever sobre isso.

    Dependendo do enfoque que voc queira dar ao seu texto, o processo de elaborao vai ter de ser diferente. a. Se voc quer mostrar ao leitor como a feira (isto , o que existe nela, que produtos so

    vendidos, como so as barracas, etc.), vai ter de recorrer descrio; b. Se voc quer contar ao leitor algum fato que tenha acontecido na feira (vamos supor, um

    assalto, um desentendimento entre fregueses, etc.), ter de recorrer narrao; c. Mas se voc decidir analisar a presena da feira em sua rua de modo mais profundo e escrever

    sobre a importncia da feira para sua comunidade (proporcionar o encontro entre os vizinhos, a aquisio de alimentos mais frescos e em conta, etc.), neste caso, teremos de recorrer dissertao, para que voc possa expor suas idias;

    d. Por fim, pode-se ainda abordar este tema sob um outro enfoque. Digamos que voc deseja provar a superioridade da feira, enquanto atividade econmica, em relao s redes de supermercados, por exemplo. Neste caso, vai recorrer argumentao, com o intuito de convencer o leitor de sua opinio.

    Mas ateno: difcil que um texto apresente apenas um destes processos de construo em sua elaborao. O mais comum que eles coexistam, isto , que um texto apresente dois ou mais destes processos simultaneamente.

    H mais algumas caractersticas, sobre estes quatro tipos de textos, que podemos destacar: Descrever caracterizar. Ao descrever, voc explica com suas palavras o que percebeu de um

    fato ou objeto, buscando passar para o leitor, o mais fielmente possvel, a viso que voc teve do elemento que busca descrever. Portanto, o texto descritivo costuma fazer uso constante da adjetivao, para enriquecer os detalhes e ajudar a compor os cenrios e/ou personagens;

    Narrar contar. Ao narrar, voc conta um fato acontecido, com quem aconteceu, onde, quando, como, por qu, etc. Por dar nfase s aes ocorridas, na narrao constante o uso de verbos, notadamente os de ao;

    Dissertar dar sua opinio sobre um fato ou tema. Neste caso, o autor deve procurar desenvolver uma idia central, explicando seus pontos de vista, propondo novos aspectos ao tema central, at

    chegar ao seu principal objetivo, ou seja, concluir de modo claro e coerente seu pensamento; Argumentar defender um ponto de vista, buscando convencer o leitor a assumi-lo tambm.

    nesse aspecto de seduo do leitor que consiste a diferena bsica entre textos dissertativos e argumentativos. Bons exemplos de textos argumentativos so os discursos polticos, em que se busca aliciar o leitor ou ouvinte para que assuma determinada posio ideolgica.

    O TEXTO DESCRITIVO A descrio Percebemos o mundo pelos sentidos. Atravs deles, construmos as imagens que temos de pessoas,

    coisas, lugares. Quando queremos transmitir a algum uma imagem, recorremos de novo a nossos sentidos para reconstru-la e depois exterioriza-la por meio da linguagem. Quando utilizamos a linguagem para expressar a imagem que temos de coisas, cenas ou pessoas, construmos um texto descritivo.

    Como voc j viu, na narrao ocorre uma sequncia de fatos que se desenrolam no tempo de tal forma que os personagens vo sofrendo transformaes medida que os acontecimentos sucedem. Na descrio no h essa sucesso de acontecimentos no tempo, de sorte que no haver transformaes de estado da pessoa,

  • 24

    coisa ou ambiente que est sendo descrito, mas sim a apresentao pura e simples do estado do ser descrito em um determinado momento.

    A descrio se caracteriza por ser o retrato de pessoas, objetos ou cenas. Para produzirmos retrato de um ser, de um objeto ou de uma cena, podemos utilizar a linguagem no-verbal, como no caso das fotos, pinturas e gravuras, ou a linguagem verbal (oral ou escrita). A utilizao de uma dessas linguagens no exclui necessariamente a outra: pense, por exemplo, nas fotos ou nas ilustraes com legendas, em que a linguagem verbal utilizada como complemento da linguagem no-verbal. Pense tambm num anncio de animal de estimao perdido em que, ao lado da descrio verbal do animal, tambm apresentada, como complemento quela informao, a foto dele.

    Observao: Dificilmente voc encontrar um texto exclusivamente descritivo (isso ocorre em catlogos, manuais e demais textos instrucionais). O mais comum haver trechos descritivos inseridos em textos narrativos ou argumentativos. Em romances, por exemplo, que so textos narrativos por excelncia, voc pode perceber vrias passagens descritivas, tanto de personagens como de ambientes.

    Exemplo: A casa era grande, branca e antiga. Em sua frente havia um ptio quadrado. direita havia um laranjal onde noite e dia corria uma fonte. esquerda era o jardim, mido e sombrio, com suas camlias e seus bancos de azulejo. A meio da fachada que dava para o ptio havia uma escada de granito coberta de musgo. Em frente dessa escada, do outro lado do ptio, ficava o grande porto que dava para a estrada. A parte de trs da

    casa era virada ao poente e das suas janelas debruadas sobre pomares e campos via-se o rio que atravessa a vrzea verde e viam-se ao longe os montes azulados cujos cimos em certas tardes ficavam roxos. direita, entre a vrzea e os montes, crescia a mata, a mata carregada de murmrios e perfumes e que os Outonos tornavam doirada. Sophia de Mello Breyner Andresen, O Jantar do Bispo Calisto

    Como elaborar um texto descritivo: Elaborar um texto descritivo uma tarefa simples, porm complexa. Como a prpria palavra diz, descritivo condiz a descrever fatos, pessoas, objetos, e outros itens por suas infinitas caractersticas atravs do uso de palavras. Um texto descritivo bem feito permite que o ser descrito seja identificado pelas suas caractersticas individuais em relao a terceiros. Primeiramente necessrio estabelecer o que ser objeto de descrio. Logo preciso relacionar tudo o que envolva aquele objeto. (...) Os verbos de estado apresentar, usar, suportar, ter, ficar, estar, evidenciar so as palavras preferenciais, desde que no os use repetidamente. Se toda a comunicao do texto descritivo estiver precisa quanto aos detalhes, a pessoa que ir ler poder obter o entendimento correto. Assim completar o ciclo de importncia de um texto. Informar, interagir, provocar emoes e acrescentar conhecimento ao leitor. Finalizando o texto interessante verificar se todos os elementos constantes do plano inicial do texto foram inseridos, fazendo todo o sentido. Fonte: http://www.dicasfree.com/texto-descritivo/ acessado em 08/04/12

    NARRAO

    Leia Leia a crnica a seguir, de Mrio Prata: Na fila da liberdade

    interessante notar as diferenas em filas de um lugar para outro. Em Florianpolis, por exemplo, tanto nas filas de banco como nas de supermercado, as pessoas ficam conversando, com calma, esperando. Mesmo no Rio de Janeiro, enfrenta-se uma fila com mais humor. Em So Paulo, a fila uma tortura. A fila triste e interminvel. Parece que, se fosse possvel, a gente mataria aqueles quatro ou cinco que esto na nossa frente. E, se algum conversa com algum, o assunto a prpria fila. Uns chegam a dizer palavras chulas. Xingam, como se a culpa fosse da pobre mocinha que est do outro lado da fila, muito mais aflita que os filenses.

    Pois foi numa dessas filas que o fato se deu. Era uma bela fila, de umas dez pessoas. E em supermercado, com aqueles carrinhos lotados, a gente ali olhando a mocinha tirar latinha por latinha, rolo por rolo de papel higinico, aquela coisa que no tem fim mesmo. E naquela fila tinha um garotinho de uns 10 anos, que existe apenas uma palavra para definir a figurinha: um pentelho. Como muito bem define o Houaiss: "Pessoa que exaspera com sua presena, que importuna, que no d paz aos outros".

  • 25

    Pois ali estava o pentelhinho no auge de sua pentelhao. Quanto mais demorava, mais ele se aprimorava. E a me, ao lado impassvel. Chegou uma hora que o garoto comeou a mexer nas compras dos outros. Tirar leite condensado de um carrinho e colocar no outro. Gritava, ria, dava piruetas. Era o reizinho da fila. E a me, no era com ela. Na fila ao lado (aquela de velhos, deficientes e grvidas) tinha um casal de velhinhos. Mas velhinhos mesmo, de mos dadas. Ali, pelos 80 anos. A velhinha, no aguentando mais a situao, resolveu tomar as dores de todos e foi falar com a me. Que ela desse um jeito no garoto, que ela tomasse uma providncia. No que a me, de alto e bom tom: - Educo meu filho assim, minha senhora. Com liberdade, sem represso. Meu filho livre e feliz. assim que se deve educar as crianas hoje em dia. A velhinha ainda ameaou dizer alguma coisa, mas se sentiu antiga, ultrapassada. Voltou para a sua fila. S que no encontrou o seu marido, que havia sumido. No demorou muito e voltou o marido com um galo de gua de cinco litros e calmamente se aproximou da me do pentelho, abriu e entornou tudo na cabea da mulher. O velhinho colocou o vasilhame (que palavra antiga) no seu carrinho e enquanto a mulher esbravejava e o pentelho morria de rir, disse bem alto:

    Tambm fui educado com liberdade!!! Foi ovacionado. (O Estado de S. Paulo, 16/7/2004.)

    1. A crnica um gnero textual que oscila entre literatura e jornalismo e, antes de ser reunida em livros, costuma ser veiculada em jornal ou revista. Os assuntos abordados pelas crnicas costumam ser fatos circunstanciais, situaes corriqueiras do cotidiano, episdios dispersos e acidentais, como, por exemplo, um flagrante de esquina, o comportamento de uma criana ou de um adulto, um incidente domstico, etc. Qual o assunto abordado na crnica lida?

    2. A crnica quase sempre um texto curto, com poucas personagens, que se inicia quando o fato principal da narrativa est por acontecer. Por essa razo, nesse gnero textual o tempo e o espao so limitados.

    Como voc deve ter observado atravs da leitura do texto, os acontecimentos so contados por

    algum: o narrador. Na histria, aparecem as personagens envolvidas em fatos que se desenrolam em certo tempo e em determinado espao. So esses elementos que caracterizam a narrativa.

    O narrador relata episdios imaginados ou presenciados por ele ou, at mesmo, dos quais tenha participado. Quando se dispe a contar uma histria, j tem em mente a ideia-chave, que a base da narrativa. Para que a narrativa tenha qualidades, o assunto deve ser relatado de forma original e despertar no leitor interesse pelo desenrolar da histria. A linguagem deve ser simples, clara, correta. A histria deve ser verossmil, ou melhor, deve dar ao leitor a impresso de que pode, de fato, acontecer.

    Os principais elementos da narrativa so: a. ENREDO: o enredo ou trama formado pelos fatos que se desenrolam durante a narrativa. No

    suficiente tirar os fatos da realidade e pass-los para o papel; preciso selecion-los. S deve fazer parte da narrativa o que importante para o desenvolvimento da histria.

    b. PERSONAGENS: os fatos envolvem personagens. de acordo com aes, comportamento e caractersticas das personagens que a histria se desenvolve. Por isso elas so elementos fundamentais da narrativa.

    c. ESPAO: os fatos acontecem em um determinado ambiente, o espao. Ele pode funcionar como pano de fundo para a histria ou at como expresso do estado de esprito das personagens, dependendo do tipo de tratamento que o autor d narrativa.

    d. TEMPO: o narrador conta fatos que ocorrem em determinado intervalo de tempo - elemento que indica quando ocorrem as aes das personagens. No texto que lemos, esto presentes duas formas de tempo:

    cronolgico - espao de tempo real em que a personagem realiza suas aes. Os verbos aparecem no presente: Levanto cedo, fao minhas ablues, ponho a chaleira no fogo (...) e abro a porta.

    psicolgico - o que aparece em momentos da narrativa que no correspondem a aes efetivas das personagens, mas a lembranas, devaneios, sonhos, etc. Os verbos no aparecem no presente, j que as aes no esto sendo realizadas naquele momento. Nesse texto que lemos, quando o narrador se lembra da histria do padeiro, os verbos aparecem no pretrito: E enquanto tomo caf vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. (...) Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido.

    ______________________________________________________________

  • 26

    A ltima crnica - Fernando Sabino

    A caminho de casa, entro num botequim da Gvea para tomar um caf junto ao balco. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com xito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisrio no cotidiano de cada um. (...) Sem mais nada para contar, curvo a cabea e tomo meu caf, enquanto o verso do poeta se repete na embrana: "assim eu quereria o meu ltimo poema". No sou poeta e estou sem assunto. Lano ento ltimo olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crnica. Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das ltimas mesas de mrmore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na conteno de gastos e palavras, deixa-se acentuar pela presena de uma negrinha de seus trs anos, lao na cabea, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou tambm mesa: mal ousa balanar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Trs seres esquivos compem em torno mesa a instituio tradicional da famlia, clula da sociedade. Vejo, porm, que se preparam para algo mais que matar a fome. Passo a observ-los. O pai,depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garom, inclinando-se para trs na cadeira, e aponta no balco um pedao de bolo sob a redoma. A me limita-se a ficar olhando imvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovao do garom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atend-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presena ali. A meu lado o garom encaminha a ordem do fregus. O homem atrs do balco apanha a poro bolo com a mo, larga-o no pratinho um bolo simples amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de coca-cola e o pratinho que o garom deixou sua frente. Por que no comea a comer? Vejo que os trs, pai, me filha, obedecem em torno mesa a um discreto ritual. A me remexe na bolsa de plstico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fsforos, e espera. A filha aguarda tambm, atenta como um animalzinho. Ningum mais os observa alm de mim. So trs velinhas brancas, minsculas, que a me espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve coca- cola, o pai risca o fsforo e acende as velas. Como um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mrmore e sopra com fora, apagando as chamas. Imediatamente pe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabns pra voc, parabns pra voc..." Depois a me recolhe as velas, torna a guard-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mos sfregas e pe-se a com-lo. A mulher est olhando para ela com ternura ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebrao. De sbito, d comigo a observ-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaa abaixar a cabea,

    mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso. Assim eu quereria a minha ltima crnica: que fosse pura como esse sorriso. (Femando Sabino. In: Para gostar de ler. So Paulo. tica, 1979-1980. v. 5 p. 40-2) Transforme o narrador para 1 pessoa: O Nariz Lus Fernando Verssimo Era um dentista, respeitadssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade. Um homem srio, sbrio, sem opinies surpreendentes mas uma slida reputao como profissional e cidado. Um dia, apareceu em casa com um nariz postio. Passado o susto, a mulher e a filha sorriram com fingida tolerncia. Era um daqueles narizes de borracha com culos de aros pretos, sombrancelhas e bigodes que fazem a pessoa ficar parecida com o Groucho Marx. Mas o nosso dentista no estava imitando o Groucho Marx. Sentou-se mesa do almoo sempre almoava em casa com a retido costumeira, quieto e algo distrado. Mas com um nariz postio. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

  • 27

    DISSERTAO: CARACTERSTICAS BSICAS

    1. Texto dissertativo: definio O texto dissertativo uma seqncia de idias e opinies a respeito de um determinado assunto. A

    elaborao de um texto dissertativo pressupe esprito crtico, raciocnio, clareza e objetividade na exposio dos fatos e opinies.

    Outro aspecto importante da dissertao diz respeito aos temas propostos que, na maioria das vezes,

    so muito amplos. Torna-se necessrio, portanto, delimit-los, antes de abord-los em um texto dissertativo. Tomemos como exemplo o tema futebol, que pode ser abordado sob os mais diferentes aspectos. Seria impossvel abranger, num nico texto, todas estas possibilidades. Faz-se imprescindvel, portanto, definir o ngulo sob o qual o tema em questo ser abordado. Ex.:

    O futebol e a criana O futebol o pio do povo? A paixo do brasileiro pelo futebol

    O futebol de rua: tradio brasileira

    . . . e assim por diante. So inmeras as possibilidades de abordagem de temas amplos. Caber ao(s) autor(es) do texto definir que caminhos sero escolhidos e abordados. 2. Estrutura bsica do texto dissertativo

    Para que um texto dissertativo apresente lgica e coerncia, deve ter uma determinada estrutura. A estrutura-padro constituda de:

    a) introduo: deve conter a idia principal a ser desenvolvida. Uma vez delimitado o assunto sobre o qual se vai escrever e elaborado um plano para estruturar o

    texto, importante pensar no pargrafo que vai introduzir o tema. Esse pargrafo deve, antes de mais nada, chamar a ateno do leitor para dois itens essenciais: os objetivos e o plano de desenvolvimento do texto. Vejamos exemplos disso:

    Os meios de comunicao social constituem, paradoxalmente, meios de elite e de massa. (Jos

    Marques de Melo). Observe como o autor, em poucas palavras, chama a ateno para a contradio existente nos meios

    de comunicao social e, ao mesmo tempo, nos d idia do que pretende desenvolver (claro, uma discusso em torno dessa contradio).

    De um tecido rstico para cobrir barracas, surgiu a roupa mais universal do homem. Adotadas pela

    juventude, as calas jeans tornaram-se smbolo de uma nova maneira de viver. (Revista Superinteressante). Atravs deste pargrafo, nota-se claramente que o autor pretende traar uma evoluo histrica do

    uso do jeans e demonstrar por que a roupa mais universal e o smbolo de um novo estilo de vida. Os objetivos e o plano de desenvolvimento do texto ficam bem claros nesse pargrafo introdutrio.

    b) desenvolvimento: exposio de opinies que vo fundamentar a idia principal; c) concluso: a retomada da idia principal, que deve aparecer de forma mais convincente, uma vez

    que j foi fundamentada durante o desenvolvimento. Deve conter de uma forma resumida o objetivo proposto na introduo, acrescido da idia bsica empregada no desenvolvimento.

    O texto dissertativo pode ser expositivo ou argumentativo: Expositivo: como o nome diz, expe os fatos mas no apresenta ou prope necessariamente uma discusso, ou ainda, formar uma opinio. Utiliza ideias normalmente conhecidas. Pode-se fazer pesquisas em livros, revistas, jornais, consultas a especialistas, entre outros. Deve-se delimitar o tema e no se pode esquecer do ttulo.

  • 28

    Dicas "infalveis" para escrever bem 1. Deve-se evitar ao mx. a utiliz. de abrev. etc. 2. desnecessrio empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prtica advm de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisstico. 3. No se esquea das maisculas, como j dizia carlos machado, meu professor l do colgio santa efignia, em salvador, bahia.. 4. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz. 5. O uso de parnteses (mesmo quando for relevante) desnecessrio. 6. Estrangeirismos esto out; palavras de origem portuguesa esto in. 7. Evite o emprego de gria, mesmo que parea nice, sacou?? ...ento valeu! 8. Palavras de baixo calo podem transformar seu texto numa "merda". 9. Nunca generalize: generalizar um erro em todas as situaes. 10. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetio da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto em que a palavra se encontra repetida. 11. No abuse das citaes. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros no tem idias prprias". 12. No seja redundante, no preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto , basta mencionar cada argumento uma s vez, ou, por outras palavras, no repita a mesma idia vrias vezes. 13. Seja mais ou menos especfico. 14. Frases com apenas uma palavra? Jamais! 15. Utilize a pontuao corretamente especialmente o ponto e a vrgula pois a frase poder ficar sem sentido ser que ningum mais sabe utilizar o ponto de interrogao 16. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas. 17. Exagerar cem milhes de vezes pior do que a moderao. 18. Evite mesclises. Repita comigo: "mesclises: evit-las-ei!" 19. No abuse das exclamaes! Nunca!!! O texto fica horrvel!!!!! 20. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreenso das idias nelas contidas e, por conterem mais que uma idia central, o que nem sempre torna o seu contedo acessvel, foram, dessa forma, o pobre leitor a separ-la nos seus diversos componentes de forma a torn-las compreensveis, o que no deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hbito que devemos estimular atravs do uso de frases mais curtas. 21. Cuidado com a hortografia, para no estrupar a lnga portuguza. 22. Seja incisivo e coerente; ou no... 23. No fique escrevendo (nem falando) no gerndio. Voc vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigidade, com certeza voc vai estar deixando o contedo esquisito, vai estar ficando com a sensao de que as coisas ainda esto acontecendo. E como voc vai estar lendo este texto, tenho certeza que voc vai estar

  • 29

    prestando ateno e vai estar repassando aos seus amigos, que vo estar entendendo e vo estar pensando em no estar falando dessa maneira irritante. 24. Outra barbaridade que tu deves evitar ch, usar muitas expresses que acabem por denunciar a regio onde tu moras... nada de mandar esse trem... vixi... entendeu, bichinho? 25. No permita que seu texto acabe por rimar, porque seno ningum ir agentar, j que insuportvel o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar

    26. Lembre-se e terminar aquilo que voc

    ARGUMENTAO: CARACTERSTICAS BSICAS

    Um dos aspectos importantes a considerar quando se l um texto que, em princpio, quem o produz est interessado em convencer o leitor de alguma coisa. Todo texto tem, por trs de si, um produtor que procura persuadir o seu leitor (ou leitores), usando para tanto vrios recursos de natureza lgica e lingstica.

    Chamamos procedimentos argumentativos a todos os recursos acionados pelo produtor do texto com vistas a levar o leitor a crer naquilo que o texto diz e a fazer aquilo que ele prope. Tema Sempre supe uma discusso, ou seja, a possibilidade de mais de uma posio sobre o mesmo ponto de debate, por isso mesmo, a existncia de algum a convencer. Tese Representa a tomada de posio diante do tema e pode ser apresentada de acordo com uma posio j tomada ou em oposio a ela. Argumentos Podem ser fruto da experincia pessoal do argumentador, testemunhos de autoridade, evidncias ou julgamentos (inferncias deduzidas dos fatos). Ou seja, os argumentos so sustentados por dados, exemplos, experincias pessoais ou conhecimentos alheios a que atribumos valor indiscutvel.

    O texto deve ter unidade, isto , deve tratar de um s objeto, uma s matria. Essa qualidade um

    dos mais importantes recursos argumentativos j que um texto dispersivo, cheio de informaes desencontradas no entendido por ningum: fica-se sem saber qual seu objeto central. O texto que fala de tudo acaba no falando de nada. Mas preciso no confundir unidade com repetio ou redundncia. O texto deve ter variedade desde que essa variedade explore uma mesma matria, isto , comece, continue e acabe dentro do mesmo tema central. Outro recurso argumentativo a comprovao das teses defendidas com citaes de outros