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Lenóri enn

Lenórienn, A cidade perdida dos Elfos.doc

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Lenrienn

Lenrienn

A CIDADE PERDIDA DOS ELFOS

Antony Willians

Quando a sombra da morte passar pelo globo de luz, Trazendo a vida que trar a morte, Ter surgido o emissrio da dor. O arauto da destruio. Seu nome ser cantado por uns E amaldioado por outros. O sangue tingir os campos de vermelho, Um rei partir sua coroa em dois E a guerra tomar a tudo e a todos, At que a sombra da morte complete seu ciclo E a flecha de fogo seja disparada Rompendo o corao das trevas.

- Antiga Profecia Bugbear Voc pode apenas imaginar Lenrienn! Imaginar seu perfume Sua msica... sua mgica Por mais que leia ou oua sobre essas coisas, no pode fazer mais do que imaginar! Mas eu estive l! Eu vivi em Lenrienn! E eu a perdi!-- Klauskinsk MAPA DA CIDADE NAOimg- APRESENTAO -

Dizem que os elfos so reservados e que no partilham seus segredos, mas voc pode aprender muito sobre eles, se souber onde procurar: Seu idioma, por exemplo. A lgua lfica diz muito sobre o corao desta raa. Ela rica em sensibilidade, poesia e magia, falando de emoo com suas nuances jamais vistas em qualquer outro idioma. Para ter uma idia os elfos tm quase vinte palavras para saudade, que no so sinnimos. Cada uma representa um sentido diferente, desde as saudades mais doces, que nos faz sorrir dor de uma perda terrvel. No entanto, mesmo aqueles que inventaram esta lngua rica em emoes no estavam preparados para o que o destino reservava: A Queda de Lenrienn.

Nesta narrao busco explicar sua histria dividida em trs partes: A Queda, A Busca e A Recrudescncia. Conheam tudo sobre a histria da Maior Nao lfica.Indice

Captulo 1: O Reencontro com o Escolhido

Captulo 2: Lenrienn, O Paraso lfico

Captulo 3: A Proposta de Niele

Captulo 4: O Acampamento Hobgoblin

Captulo 5: As Chamas da Profecia

Captulo 6.1: O Templo Assombrado (Parte I)

Captulo 6.2: O Templo Assombrado (Parte II)

Captulo 7: Cajado & Cultistas

Captulo 8: O Corrupto e o Maculado

Captulo 9: O Punho Falso

Captulo 10: Perseguidores

Captulo 11: As Cidades Humanas do Sul

Captulo 12: A Vingana de Zardisharr

Captulo 13: A Delegao do Tratado: Os primeiros humanos em LenriennPRLOGO

O Elfo BardoChovia torrencialmente naquela noite especial. Raios cortavam o horizonte e relmpagos se faziam sobre a magnfica esttua de Valkaria que reluzia em tom azulado quilo tudo. Uma esttua de meio quilmetro de altura com forma da deusa da humanidade, ajoelhada, com seus braos erguidos para os cus em um olhar misterioso que sempre provocara muitas discusses entre seus fiis. A viso da Deusa no deixava de causar as mais diversas emoes a quem a observava. A Sua Volta, encharcada pela chuva, estava maior e mais importante cidade do Reinado. Ela marcava o ponto zero da civilizao humana, vinda de Lamnor, no continente Norte de Arton. Esta a Cidade-Capital Valkaria.

O elfo de chapu de palha e trajes esfarrapados parecia ignorar as pesadas gotas daquela tormenta torrencial. Andava calmamente pelas ruas pisando nas poas de lama enquanto tocava, em sua flauta dourada, uma melodia abafada pelos troves que ressoavam constantemente e pela chuva que comeara a cair com maior violncia. Ele observava, furtivamente, os mendigos e animais urbanos que fugiam da chuva, como se a temesse, abrigando-se sob qualquer telhado, calada ou detritos. O elfo bardo parecia um poderoso heri ou at uma criatura sobrenatural aos olhos dos moribundos e dos cidados, que observavam a chuva da janela ou sacada de suas casas quentes e segura. Ele apesar da aparncia pobre e frgil caminhava imponente, de cabea erguida, tocando sua flauta sob aquela furiosa tormenta. O raio no o amedrontava. O trovo no o assustava. Nem seu chapu de palha, nem sua capa eram afetados pelas rajadas de vento que corriam aquelas ruas empoadas. Entretanto, havia algo de errado naquele ser. Apesar da aura de poder e virtuosidade, a viso de terceiros sobre o elfo bardo causava uma melancolia e uma tristeza em seus coraes. Essa emoo no era causada por seu ar moribundo ou pelos trajes rasgados e foscos, mas como se estivesse triste... era uma coisa difcil de explicar. Seus olhos estavam escondidos sob as abas mofadas do chapu de palha, mas o corao do voyeur parecia ver o corao do jovem elfo. Todavia, poucos, mais observadores, achavam ver lgrimas furtivas sarem de dentro da escurido do chapu quando ele via outros elfos em condies piores, como cados em becos, totalmente bbados, ou vagando sem rumo como mendigos derrotados pela fome e outras necessidades. Ele s sorrira quando, ao passar pelo bairro lfico, encontrara o Templo Mestre de Glrienn em uma missa com no mais de 20 elfos assistindo e rezando Deusa lfica. Neste momento fugiu outra lagrima, mas de felicidade. O elfo bardo pareceu ficar mais feliz depois de passar pelo templo, agora sua msica era alegre e podia ser ouvida mesmo sob aquela orquestra de sons provocada pela tempestade, e apesar de criar uma anttese entre a msica alegre e a tempestade que parecia composta de gotas de lgrimas entristecidas, ela era exaltada e algumas crianas e animais, que se preparavam para aliviar a sonolncia, tinham os coraes movidos por ela e sentiam-se atrados para segui-la. Os pequenos abriam suas janelas para acompanhar os passos do trovador lfico que respondia os acenos com danas alegres. Os animais seguiam-no pelas ruas como que encantados pelas notas harmoniosas. Ele caminhava incessantemente. Passou ao lado da Arena Imperial, mergulhada na escurido daquela noite chuvosa, subiu e desceu a pequena colina do Palcio Imperial, e voltou ao bairro lfico. Sua capa? Seu chapu? Seus trajes? Incrivelmente estavam secos e quentes como se nunca uma gota sequer os tivesse tocado... Rodeava a borda do grande Lago de Cristal do bairro, atraa ces e gatos e danava ininterruptamente. Seus passos e melodia ecoavam naqueles troncos das rvores que, durante dias ensolarados, oferecia frescura queles que vinham a suas margens apreci-lo. certo que os humanos no puderam desenvolver e nunca tiveram uma sensibilidade especial como dos elfos que conseguem entender a natureza, o cu e o Dahm - uma palavra lfica que designa o reflexo que o mundo expe quando liberta suas emoes -, Mas agora, o bardo elfo pensou trocando sua msica alegre por nova melodia tristonha, aps aquele cataclismo, nem mesmo eles podem sentir ou entender que na antiga Lenrienn, neste momento, os malignos hobgoblins sacrificavam elfos em honra a seu deus profano, e que a Deusa estava a chorar pelas almas de seus filhos, escorrendo lgrimas de dor, perda e vergonha. Mas eu no posso culp-los, eles tm alguma razo, mas espero que tambm tenham, ao menos, piedade da Me deles... Ele caminhou mais alguns minutos e parou diante um porto de ferro de uma grande manso. Finalmente encontrara a famosa Estalagem do Bardo, a maior e mais luxuosa hospedaria-taverna de Valkaria, pertencente a Adrian Kallender, um outro bardo elfo, conhecido por suas aventuras como a de quando se arriscou penetrar sozinho na Aliana Negra e escravizar um grupo de goblins, inclusive o lder deles: Gark Darkteeth. Com a recompensa oferecida pelo regente de Tyrondir pela sua bravura comprou uma grande manso para morar com a me e a irmzinha de 28 anos (7 anos na idade humana), e torn-la uma estalagem-taverna. Da grade do porto dava para perceber que a estalagem do bardo estava completamente absorta pelas sombras causadas pela nuvem negra daquela tempestade, s era possvel distingui-la pela silhueta que aparecia sob os raios e relmpagos e pelas luzes de lampies acessos nos quartos dos vrios andares e no saguo da taverna. O bardo ento parou de entoar suas msicas com sua flauta e abriu um largo sorriso enquanto se encaminhava at o porto de entrada. Que bom! S falta mais um!, ele pensou, ainda que no tivesse visto ningum entrar ou visto l dentro ele sabia... Na verdade no era questo de saber, mas de sentirEm seguida seu olhar foi desviado para uma luz bruxuleante de uma lamparina trazida por uma criaturinha, de pelo menos um metro de altura sob uma capa de chuva feita de pele de algum animal. Ao se aproximar, o elfo pode ver que o pequeno ser tinha orelhas pequenas e pontiagudas e um rosto feio, esverdeado e com traos sunos. Era um dos goblins escravos do senhor Adrian. - Boa noite, senhor! Serja bem vindo! disse o goblin com o trao marcante da voz de sua raa: a rouquido Tordos os aporsentos j esto ocurpados, mas poder ir em taverna! Para o elfo foi um impacto tremendo, chegava parecer um pesadelo. Era a primeira vez, durante toda sua extensa existncia, que via um goblin educado. Pasmo, s tomou conta de si quando um trovo retumbou sobre eles fazendo seu delicado ouvido pontudo atordoar-se. Entrou pelo porto ignorando a criatura goblinide, mas sua capa prendera na grade resistindo contra ele e fez-lhe deixar cair a flauta na lama que respingou no rosto do goblin. - Oras! disse tentando fazer fora para ver se a capa saa, mesmo que rasgasse. Logo parou e observou quem se aproximava. Era um outro elfo, s que mais estranho. Este, apesar de ter as grandes e delicadas orelhas pontiagudas dos elfos, tinha uma pele cinzenta e listras por todo o corpo como um tigre e suas mos tinham garras felinas duras e afiadas. O bardo elfo ento o reconheceu pelo longo manto amarelo, o cajado de madeira segurando um orbe roxo na ponta, o cabelo azul (que reluzia magicamente sob aquela tempestade de raios) e pela pequena criatura humanide com formato de rato que usava um manto igual a de seu dono, ao qual seguia. Era Saga e seu kobold Kix. - Deixe que eu lhe ajude, velho!- disse saga usando a garra em um movimento que cortou a parte da capa presa na grade, enquanto kix pegava a flauta dourada da lama. - Toma, tio! disse o kobold entregando o instrumento. - Obrigado! respondeu o bardo moribundo que tinha sua voz enrouquecida pela idade avanada Pelo menos alguns de ns ainda nos ajudamos! Obrigado, Saga! O mago ficou encabulado. Mas... como ele sabia meu nome?, Saga se perguntou. Enfim todos chegaram!, pensou o bardo enquanto limpava a flauta em seus trapos.

Enquanto se dirigiam para a porta de entrada da estalagem, o bardo elfo ria. Eram raros os elfos que no retinham magoa e remorso deusa depois do Grande Massacre. Todavia, Saga, como todos os outros elfos naquela taverna, faziam parte destes raros elfos, ainda que o mago, secretamente, servisse a um vilo maligno por simples ganncia de poder. Mas ningum sabia sobre isso ali, s o elfo bardo, pois nada passava despercebido por Ele... - Como o senhor me conhece? Saga indagou aps desistir de tentar lembrar dele. - Eu conheo todos os elfos, meu querido! E o que fazem tambm a voz era agora como a de um av para um neto, mas com tom remorsioso Mas no se preocupe, pois sou amigo de voc ainda que tenha se aliado quele demnio... Saga arregalou os olhos felinos, ele sabia seu segredo Todos tambm me conheciam e gostavam de mim, isto , at a queda de nossa nao... Foi quando fui esquecido, mas logo vocs se lembraro de mim novamente! Ento o goblin abriu a porta de entrada para passarem, antes de voltar para o porto sob a pesada chuva.

O saguo de entrada era magnfico. A manso havia sido erguida e pertencida a um casal de aristocratas elfos fugitivos da chacina em Lenrienn. Tudo ali trazia a herana da beleza rara da arte lfica. Um grande salo com sofs de couro de animais silvestres em torno de pilastras ornamentadas em entalhes dourados com estatuas de instrumentos musicais fazia parte da decorao. O aposento era iluminado por um grande candelabro de um cristal vermelho (minrio conhecido como Vermo, encontrado nas montanhas prximas a Lenrienn e em Doherimm, o reino subterrneo dos anes) que dava um efeito especial quando as luzes das velas passavam por eles e espalhava pelas paredes uma cor vermelha com ondas como se fosse refrao na gua de um lago. Havia trs portes duplos (um a norte, outro a oeste e a leste) de madeira trabalhada com destreza lfica para que nunca apodrecesse e continuasse a possuir galhos com folhas e flores aromticas. No centro estava uma bancada circular com entalhes feitos em prata, onde a recepcionista Laurananthallas (ou s Laurana), me de Adrian e sacerdotisa de Glrienn, estava sentada. Um elfa de belas e jovens feies, cabelos loiros e longos e olhos azuis como o grande oceano, mas com marcas de constantes lgrimas furtivas que maculavam sua face de veludo. O bardo deu um passo frente e um outro goblin escravo o abordou. Esse tinha a aparncia mais velha e tinha uma perna de pau. - Brem vindos! ele cumprimentou cordialmente Por fav, dexem seus sapatos sujos de lama cumigu! - Saia da frente, baixinho! disse Saga empurrando a criatura e puxando o elfo bardo Vem, tio! Esse negcio de limpeza mania daquele elfo bardo boiola! - Espere Saga! - o bardo resistiu ao puxo No criemos confuso! Eu dou um jeito! O que veio a seguir foi espantoso para todos os presentes no saguo de entrada. O elfo bardo abriu os braos e comeou a danar e cantar em lfico, saltitando e rodopiando.

Thillani, Thn, Milla~ani Kanne-em Miname-e-e Dhen Kurn Chuvaniin Cantareeni Mollnnnenn!!!!

Enquanto cantava e danava, sua voz ecoava sobrenaturalmente pela cmara, criando uma chuva de brilho mgico que caiu pelo cho. As pegadas de lama, que muitos haviam deixado alm deles, sumiram, a prpria lama no sapato de Saga e nas botas encardidas do velho sumiram do nada e seus trajes secaram instantaneamente. Laurana, que assistia a tudo pasma, se levantou e aplaudiu com um grande e estonteante sorriso entusiasmado. Ela, ao contrario dos outros de sua raa, que passam sculos sem mudar qualquer coisa na fisionomia, havia mudado muito naqueles dezessete anos. Ela tinha olheiras inchadas de tantas noites mergulhadas em prantos incessantes, tinha envelhecido por tanta tristeza e amargura acumulada em seu corao e se tornara muito magra por sua ininterrupta falta de apetite. Ela era um fervorosa serva da Deusa dos Elfos, uma beata como poucos j viram... Tamanha tristeza, por exemplo, vinha de seu corao ao imaginar as dores que sua deusa devia ter por toda desgraa causada a seus filhos e ela prpria, mas desta vez ela sorria e se entusiasmava como nunca fizera desde dezessete anos atrs.- Nossa, senhor! Que lindo! ela disse sorridente. - Bah! Nada demais... apenas uma antiga mgica lfica. Como presente, este brilho continuar caindo e limpando tudo que por aqui passar por seis dias! - Muito obrigada! Pode entrar na taverna, senhor! Aproveite a festa! disse a elfa voltando a se sentar Que Glrienn esteja convosco! - Hyahyahya! o velho bardo riu A Dama lfica est com todos ns, seus filhos. E mais que nunca estar nesta taverna logo, logo! - Oi, tia! - Ah! Oi, Saga! Como vai? - Estou bem! N, Kix? D oi pra tia! - Kikiki! Oi pra tia!- disse o kobold com seu sotaque puxado. - Ai que coisa mais fofa! disse Saga apertando o Kobold num abrao at a criatura ficar sem flego.

Laurana e o bardo riram.

- Com licena, Laurana, vamos entrar agora? - No posso me desculpar! Tenho que esperar para recepcionar os clientes! Alis, o senhor tambm foi misteriosamente convidado para esta tal reunio lfica? - Hoho! No, no! Fui eu quem convidou a todos! neste momento o sorriso de seus rostos apagou e Saga deixou kix cair no cho. Estavam pasmos E ningum mais chegar, todos j esto a, sacerdotisa de Glrienn! Laurana ficou desconcertada e confusa, como ele sabia que todos estavam l, ou pior, como sabia seu nome e que era sacerdotisa de glrienn? Ela nem estava usando seu manto clerical, se era apenas um pobre trovador usando trapos, como sabia tanto, como tinha tal conhecimento de magia herdada de Lenrienn (quase extinta pelos elfos que nunca mais a utilizaram) e conseguira convidar elfos to ilustres que vira passar? - Voc entender! ele respondeu como se lesse seus pensamentos Agora vamos, minha jovem, a histria que vou contar todos vocs vo gostar de ouvir! Como por impulso provido de sua curiosidade, ela saiu de trs do balco e acompanhou os dois elfos at a taverna.Ao abrir o grande, porm leve, porto duplo os trs se viram na grande taverna da Estalagem do Bardo. Neste imenso salo havia o mesmo candelabro de cristal do saguo de entrada, mas feito de Douro (mesmo material que Vermo, porm de tonalidade dourada) que dava um efeito sobre os visitantes que acabavam se sentindo como se estivessem sendo iluminados pela prpria luz fosca do sol de Azgher quando oculto por um dia nublado, apesar de ser aquela noite chuvosa l do lado de fora. Nas paredes da esquerda e direita haviam vitrais bem no alto (lembrando os vitrais de sales de missa de grandes templos e catedrais), com uns quatro metros que a cada raio fazia seu desenho, na forma de uma fnix, brilhar. E no teto, em forma de abbada havia a mais fabulosa pintura lfica encontrada fora dos permetros de Lenrienn... O afresco trazia a imagem de Glrienn, uma linda deusa de cabelos curtos e aparncia jovem, sobre uma nuvem chorando enquanto vrias criancinhas lficas com asas de pombo, como anjinhos, voavam a sua volta com olhares preocupados. A imagem era to perfeita e realista que chegava a ser insuportvel e dava vertigem. Nenhum elfo era capaz de olhar para a deusa elfa em prantos, sem sentir uma vontade arrebatadora de acudir a Dama lfica. O prprio bardo lfico deixou escapar uma lgrima furtiva plena de piedade e pena. Voltando os olhos para baixo, a cmara era um retngulo quase quadrado. O cho era coberto por um carpete verde e macio como uma grama um pouco alta (encantado para no sujar). De norte a sul, nas paredes direita e esquerda, iam grandes balces abrindo uma passarela de mesas lotadas de elfos de todos os estilos que ia da entrada do saguo at um imenso palco de madeira do outro lado do aposento. Por todo lado havia, ainda, grandes tapearias representando as mais diversas aventuras de Adrian Kallender, como a de quando invadiu a Aliana Negra e escapou de Thwor Ironfist, ou quando enfrentou seu arqui-rival, o necromante Tzimicie, que lhe rogou a praga que transformou sua pele em um formato cinza cheio de placas de pedra. Quando o elfo bardo tomou conta de si, viu o mais impressionante. O local estava to lotado que o carpete no cho no aparecia mais sob tantos ps e cabeas de orelhas pontudas. Tinha de todos os tipos: guerreiros, magos, clrigos, ladinos, feiticeiros, druidas e rangers. Com cicatrizes, bonitos, feies tamurianas ou collenianas. Clrigos da paz e sacerdotes da guerra, novios loucos, necromantes, magos glaciais, arqueiros, etc... Todos estavam l, inclusive todos os convidados ilustres: Antonywillians, o grande espadachim megalomanaco do Cl da Rosa (um cl de Lenrienn que baseava suas seculares tcnicas nas propriedades das rosas); Saga, o mago amante de animais e servo secreto de um vilo maligno; Adrian kallender, o dono do lugar, com pedaos de pedra em todo o corpo e altamente perfeccionista; Belleg, lder dos atuais Espadas de Glrienn e maior paladino da Deusa; Simas Lunos, elfo que serve a Thyatis, a fnix da ressurreio, para com tais poderes um dia ajudar sua deusa; Fren, elfo ranger que h pouco tempo fez uma expedio a Lenrienn dominada pelos goblinides; Klaus, dono de loja de poes em Vectora e mago diplomado pela Academia Arcana; e at Tinllins Redwood, o atual sumo-sacerdote da Deusa dos elfos. O elfo bardo abriu um vasto sorriso ao ter a presena de todos ali. Enfim entrou na multido para tentar alcanar o palco. Hoje teremos um grande Show, meus queridos!, ele pensou.Aps uma procura bem difcil, Saga chegou mesa onde estavam Adrian, Antonywillians, Fren, Simas Lunos e Klaus.- Heh! Boa noite, Saga! disse Adrian limpando o culos em um pano mido. Ele usava uma roupa de poca luxuosa, sob um sobretudo e trazia um chapu emplumado verde. - Oi, Cara-de-Pedra! disse Saga sentando mesa. - Voc tambm foi convidado? Simas indagou. O clrigo de Thyatis tinha uma aparncia jovem e bondosa, trajando a bata clerical vermelha tradicional do culto e uma bandana azul na cabea. Sua maior peculiaridade era a marca de queimadura na metade esquerda do corpo com vrias runas feitas do enfermo (uma antiga maldio lhe rogada). Ele alimentava seu kobold fmea de estimao, Kikill, que usava traje igual e devorava uma ma. - Sim! disse o mago aps pedir um guaran Jezzus para uma garonete elfa Pera, voc no se transformava naquela galinha vermelha gigante toda noite? - Mais respeito, eu me transformo numa fnix! E s ocorre quando sou tocado pela luz lunar! disse o clrigo de cara fechada que pegou um fsforo, acendeu e sugou as chamas para se alimentar. - Heh! Pensei que fnix cuspisse fogo, no que comesse! disse Antonywillians trajado como seu primo Adrian, porm com cores mais vivas e com uma grande capa vermelha esvoaante.

- Ol para voc tambm, mago! disse Klaus, com seu tom espinhoso e estressado de sempre. O elfo era muito sinistro, com cabelo e globo ocular negro, como as trevas, e com apenas a pupila totalmente branca. Ele se sentava ao lado de Fren que comia desesperado de fome. - Ah, no havia te percebido! Ol, Fren! Saga cumprimentou ignorando Klaus completamente (o que o deixava bem nervoso). - Ol, Saga! Fazem mais de dezessete anos que no nos vemos, no ? respondeu parando de comer e dando uma fruta para seu Tentacute, Nimrod. - Onde est Neil? Saga indagou procurando-o com o olhar nas outras mesas. - Ouvi dizer que ele estava em uma misso sagrada! disse Adrian ajeitando suas luvas Algo que os Espadas de Glrienn estavam fazendo. - Sim, eu mesmo me encontrei com ele em Hongari! disse Antony tomando um pouco de vinho tinto. - O que vocs estiveram fazendo? Simas perguntou a todos. - Nada que seja da sua conta, clrigo! Klaus respondeu com rudeza. - Heh! Quanta simpatia! disse adrian limpando a mesa para deix-la brilhando e pra nenhum copo molhado manch-la. - Ele simptico? Antony riu Esse cara to simptico quanto um Lich servo de Leenn! - E fede a um! Simas disse. - Ah, pensei que fosse cheiro de tequila! disse Fren fazendo todos rirem. - compl agora? Klaus enfureceu-se tomando mais um gole de sua garrafa de tequila. - Eu estava em Myrvallar h dezessete anos! No vivo sem decapitar ao menos um goblinide ao dia, n Nimrod? Todos riram do elfo ranger de cabelo verde. Todos estavam impressionados, por ele usar sempre apenas uma cala de couro e permanecer com o peito nu, revelava sua alta definio de msculos e uma horrenda cicatriz no peito que parecia ter sido cauterizada com fogo, e nada disso tinha na ultima vez que se encontraram. - E voc ainda druida e mago, ainda?- indagou a Saga Me lembro que era um grande estudioso naquela poca. Saga baixou a cabea em tristeza. - Heh! Temos um arquiinimigo que lhe fez perder os poderes da deusa da natureza! - Quanto estudioso, bem... saga comeou Acho muito chato o estudo de magia dos humanos... - Heh! um indisplicente! Adrian alegou, ainda que metade da mesa no tenha entendido bem o que queria dizer tal palavra. - Pois bem, o que lhe trouxe ao Reinado? Simas indagou. - Enquanto eu relaxava massacrando os monstros l, duas garotas humanas... neste momento Antony parou de admirar o aroma de uma de suas rosas e parou para prestar ateno em Fren -... Apareceram e tive que gui-las at a Cidade, em seguida houve um teleporte e vim parar em Valkaria! Quando falou que foi Cidade todos ficaram paralisados, at Klaus engasgou com a tequila. - Eu entrei l! E descobri algo que muitos elfos precisam saber para ter a esperana de voltar... - Tolice! Klaus resmungou Nada far os elfos mudarem de idia! A cidade morreu em ns! Ns estamos mortos por dentro! At abandonados pela Criadora ns fomos! - No diga isso, seu elfo bastardo! Simas bradou. - Por favor... Calma, no quero nada quebrado aqui! disse Adrian. Logo se aproximou um ser sob um manto escuro e encardido. - Boa noite a todos! disse o ser. Todos na mesa reconheceram o hobgoblin Raarkhen, um ranger que trabalhou na Aliana Negra mas se tornou renegado quando viu a proporo do massacre e se ops em causar mais terrores, tendo como meta acabar com a Aliana. Ele vinha sob o manto para no correr riscos com tantos elfos que odiavam sua raa. - Pensei que aqui fosse uma reunio lfica, no uma apresentao do circo dos horrores! Klaus resmungou. - Heh! Realmente, primo Adrian, ele continua simptico e corts como sempre! disse Antony que acabara de interrogar Fren sobre cada atributo e gostos das duas humanas. - Senhor Antonywillians disse Raarkhen ao elfo parceiro de aventuras Henk j est fazendo suas malas e Zoolk, o halfling disse que vai ficar uns dias no Templo de Tanna-toh estudando! - Sim, j imaginava que aquele pequenino no iria largar os livros quando chegssemos. - Enfim, que horas isso aqui deve comear? Saga indagou impaciente. - O convite diz apenas que ser noite! disse Fren examinando seu convite feito num pedao de pergaminho que j estava meio rasgado, amassado e sujo. -Quem teria nos convocado? Klaus indagou confuso. - Foi aquele tio ali! disse Saga apontando para o palco aonde um velho bardo elfo moribundo se arrumava como se fosse fazer um grande espetculo. E de certa forma faria... - Estranho, no sei dizer, mas meu poder oracular concedido por Thyatis diz que esta ser uma noite inesquecvel! disse Simas.

O elfo bardo estava sorridente e ansioso. De cima do palco a multido parecia um mar enorme e revoltoso, sendo que esta viso fez outra lgrima furtiva escorrer-lhe pela face. Uma rara lgrima de felicidade. Comeou a procurar algo pelo palco, e sua inquietante busca fez com que o elfo sumo-sacerdote da Deusa, de olhos prpura e cabelos prateados, se aproximasse do palco afastando-se de seus discpulos. - Deseja algo, irmo? Tinllins indagou bondosamente. - Irmo!? Ah, sim, irmo... entendeu o bardo elfo que ficou desconcertado que normalmente voc me chama de outro modo! Mas de qualquer forma, preciso de uma cadeira! - Tome! Tinllis entregou-lhe a mais prxima perto do palco - Obrigado Irmo! disse o bardo com um grande sorriso. Quando terminou de arrumar a cadeira sobre o palco, sentou-se e observou o mar de elfos que se divertiam e falavam sem parar. Vendo que ningum lhe percebera sobre o palco, resolveu apelar. Pegou em uma sacolinha azul celeste umas frutinhas secas parecidas com nozes roxas. Esmigalhou na mo as cascas e em um movimento rpido espalhou-as no cho de modo que ao tocarem o palco, estalaram e explodiram em um belo show de luzes e fumaas coloridas e aromticas. A taverna parou e observou atenta ao palco, onde o bardo sumira na cortina de fumaa multicolorida. Enquanto ela se dissipava gradual e vagarosamente, uma melodia comeou a ser entoada pelo saguo. Uma msica vinda de uma lira, como alguns elfos bardos reconheceram (inclusive o sbio Adrian). Uma delicada melodia lfica provinha, sem duvidas, de um legitimo instrumento musical lfico. Depois veio a voz do elfo bardo que aumentava quanto mais sua silhueta se tornava seu corpo. Sua voz era encantadora quando cantava.Thanthalen Lenrienn Thanthalen Lenriennn... Thanthalen, Thanthalen, Thanthalen, Elfics t lenrienn!

Minnero Balder Lhana Kar Niest Don Rien Illemmina mnn Sien!

Noro lim, Noro lhim, h, Carpi Dien Elfics t puriin Lenrienn ni Kalinn!

Thanthalen Lenrienn! Thanthalen Lenrieeeennn!Todos estavam pasmos. Ningum naquela taverna ouvia aquela cano h mais de 17 anos. Alguns elfos estavam pasmos, outros choravam por antigas lembranas remanescentes que fluam em suas mentes como um giser.- O que est havendo? Raarkhen indagou Que magia foi essa?

- Essa, meu caro, ... Adrian usou um leno esterielizado para enxugar uma lgrima furtiva de saudades - ... A Magia de Lenrienn! Uma cano que todos ns nativos da cidade conhecemos. Os templos de Glrienn cantavam-na toda missa do amanhecer! As pessoas cantavam-na nas ruas antes de comearem suas vidas ativas! Os bardos entoavam em todos os cantos de nossa cidade e at as mes de cada elfo neste local, cantounos-a antes de irmos dormir quando ramos nada mais que bebs...Glrienn t Glrienn! Evanus t Glrienn! Elfics t Glrienn! Havann, Lenrienn t Glrienn!- uma cano que s os elfos sabem cantar, e dependendo dos efeitos capaz de causar as mais diversas emoes! Adrian continuou usando um pano mido para limpar os culos embaados pelas lgrimas. Ela conta sobre como os elfos chegaram Lenrienn e sobre as belezas da cidade, alm de servir para louvar a Deusa Glrienn! Fabuloso, devo salientar!Nimri! Nai hiirivaly Glrienn, Glrienn t Lenrienn, havann, Lenrienn t Glrienn Nai Ely hiruvva, Lhannn! Thanthallen Lenrienn! Thanthallen Lovithlrienn!Logo todos os elfos tiveram seus coraes dominados pelo sentimento da triste saudade, e aqueles que ainda podiam fazer algo alm de chorar, puderam ver o velho elfo bardo sobre o palco, sentado em uma cadeira, tocando a lira, cantando e sendo rodeado por folhas verdes que giravam sua volta como se levantadas por um ciclone mgico. Todavia, aqueles que tinham os olhos preenchidos por lgrimas e a viso tornara-se embaada, apenas entoava o resto do cntico em coro, relembrando cada parte, e dos momentos (muito mais que) felizes em que o ouviram.Lauri Lantar Lassi Srinen, Yn ntaime v samms Aldaronen! Yni v lint avnier Lisse-miruvreva Eni Lenrienn...

Namrii lenrienn! Namrii lovithlrienn! Namrii, Namrii, Namrii, Elfics t Lenrienn!Ao acabar todos os elfos daquele salo sentiram um forte impulso de seus coraes fazendo-os levantarem-se e aplaudir em unanimidade. O elfo bardo fez uma mesura com a cabea enquanto as folhas caiam sobre o palco j que a magia havia sido encerrada. Ele ergueu o brao em sinal de silncio. E quando todos se sentaram, comeou a falar com uma voz alegre:

- Thanthallen a todos! uma grande honra para mim que todos tenham vindo a esta reunio! Uma reunio na qual se encontram grandes heris de nossa raa lfica, tanto como aventureiros, como fiis Deusa! Seu olhar correu a cada um que sorriu em resposta Heris que desejam um dia voltar aos tempos magnficos da Antiga Lenrienn! Heris que desejam um dia salvarem sua Me Criadora do abismo que a envolve! Sou chamado de muitas formas, nos vrios cantos deste mundo, mas podem me chamar hoje de Lrevan! - Eu como disse no convite, viajei por vrios pontos de Arton atrs da minha pesquisa. Estive em lenrienn antes, durante e depois do massacre de sua Queda. Acompanhei cada caravana e colhi muitas informaes. Por fim conheo toda a historia. Sei sobre cada goblinide naquela Aliana Negra e cada elfo neste mundo! Alguns sussurravam entre si, mas ele continuou empolgado. Eu sei muito bem que muitos de vocs no sabem o que ocorreu com Lenrienn, meus queridos! Mas vocs entendero neste momento o que realmente ocorreu com os elfos, os goblinides, os deuses e com Lenrienn!Ento lrevann pegou sua lira e comeou a entoar uma melodia suave de fundo para sua histria. Estava tudo saindo como planejado, ele pensou, e agora s falta uma parte!. Aps um longo suspiro comeou a contar a histria da Queda da Nao lfica, que todos prestaram muita ateno. Nenhum elfo naquela taverna jamais esqueceria aquela noite que lhes revelaria tanta coisa, com uma histria sada dos sujos lbios de um simples, maltrapilho e misterioso velho bardo elfo...CAPTULO 1O REENCONTRO COM O ESCOLHIDOImg

Era tarde, em pouqussimo tempo o cu avermelhado pelo pr-do-sol j teria as primeiras estrelas, e a escurido abenoada de Tenebra engoliria o mundo. O firmamento estava mais vermelho do que nunca. Era como se o prprio Deus dos Bugbears, Ragnar, estivesse usando o sangue derramado naquele dia para pint-lo.

A brisa era uma antagonista. Leve e refrescante, mas com um aroma de morte, mas era fresca o suficiente para o forasteiro que se aproximava da pequena cidade de Fardden, alis, o ar de morte nada assustava quele devoto dela.

Aps a longa caminhada pelo sul de Lamnor, em busca de poder, o velho voltara para o mundo civilizado, onde iniciara sua misso sagrada. Gaardalokk um bugbear, uma espcie da raa dos horrendos goblinoides, que so divididos entre os pequenos goblins; Os inteligentes (mas nem tanto) hobgoblins, e os gigantes, fortes e peludos Bugbears, que medem no mnimo dois metros de altura. O velho Gaardalokk era um bugbear bem constitudo apesar de sua avanada idade, uns 90 anos, pois ainda que andasse curvado e tivesse uma catarata que danificara seu olho direito, tinha porte e resistncia de um jovem. Seu longo cabelo e plos eram to grisalhos que chegavam a brilhar como feitos de prata, trajando um manto escuro acinzentado de peles costuradas de variados animais, e usando apetrechos diversos como jias, anis, braceletes, uma tiara e um amuleto mgico em seu peito. Seu cajado com uma jia azul que refletia intensamente tanto a luz lunar quanto a solar, era usada para ele se apoiar pela fadiga que caa sobre seus ombros como um fardo da idade. Alguns j pensaram que ele fosse frgil e incauto pelas eras que tinha, mas qualquer um que focalizasse seus olhos tremeria de medo ante tanto poder, crueldade, inteligncia e sabedoria (esses ltimos rarssimos nesta raa).

Gaardalokk estava ansioso, seu lbio com quatro presas amarelas e cariadas saltando para fora se contorcia em um sorriso que mais parecia uma careta naquele rosto horrvel desfigurado. Finalmente havia chegado hora do reencontro aps aqueles curtos dezenove anos. O velho burgbear lembrava como se fosse ontem...

Aps ouvir os boatos e investigar sobre a profecia bugbear inscrita em uma roda de pedra, vagou at o Deserto sem Retorno aonde, finalmente, encontrara a caverna. Em plena manha uma lua negra se aproximava do sol, forjando uma cortina negra que aos poucos ia encobrindo no apenas o deserto, mas toda Arton. Gaardalokk esperou at o globo negro tampar completamente a luz do sol, assistindo cada momento com muito cuidado. Era o primeiro eclipse de Arton.

Para a raa dos bugbears, o eclipse a passagem da sombra de seu deus Ragnar, o Deus da Morte, que leva todos as almas dos mortos e amaldioados com ele para o outro mundo durante seu passeio de trevas. Durante este momento, muitos clrigos desse Deus Bugbear estavam se nos reunindo mais diversos pontos para realizar seus rituais profanos em honra ao deus, mas Gaardalokk no ia se reunir com nenhum outro servo da morte, como alto-sacerdote dos mais importantes ao Deus, ele ia participar do ritual mais sagrado e profano que podia existir.

Quando firmamento e deserto foram consumidos pelas trevas da sombra de Ragnar a primeira parte do ritual estava completa. Tal afirmativa foi comprovada quando o clrigo comeou a descer as escadas rsticas de pedra que levavam ao fundo da caverna em uma aldeia construda em uma grande cmara subterrnea, e no meio do caminho escutou um urro de uma me bugbear que morria em um parto difcil do qual nascia o Enviado de Ragnar. Thwor Ironfist.A aldeia estava em constante movimento. A mulher do lder havia falecido. Gaardalokk se aproximou de Ghormm, o lder que urrava de dor pela mulher perdida.- Senhor, venha comigo! Precisamos tratar de um assunto importante!

- O que seria mais importante que minha esposa morta? Ghormm rosnou em lgrimas.

- O destino de seu filho! o sacerdote respondeu de imediato Alm de tudo sou um dos clrigos de mais pesada hierarquia e se me atender farei um funeral a ela!

O lder assentiu, ainda assustado, e levou-o a um buraco na parede oeste tampado por uma cortina de pele de um grande animal que estava cheio de sangue manchado sujando-o. O orifcio era a Casa do lder - assim como os outros eram dos outros bugbears -, uma pequena gruta com um lago subterrneo, gaiolas prendendo animais e humanos (a comida) e palhas em uma parte do cho (a cama).

- O que voc quer clrigo? Ghormm indagou repondo sua pose de lder Que momento mais inoportuno, no?

- No! gaardalokk retrucou com velocidade Como deve ter visto, meu caro... ele colocou um p no orifcio ocular de um crnio prximo que em segundos exalou uma fumaa negra que se abriu como um olho mostrando uma janela dimensional que revelava um eclipse - Seu filho nasceu no exato momento de um eclipse. A sombra de Ragnar o est abenoando neste momento! E eu sou Gaardalokk, Um alto-sacerdote de nosso Deus!

- No lhe darei meu filho, clrigo! Ghorm grunhiu ameaadoramente.

- Cale-se, tolo maldito! Se eu o quisesse no ia te pedir, mas sim matar vocs todos e leva-los, seu verme! Ghorm colocou a mo no machado que vinha amarrado s suas costas Pare, lder! No quero oferec-lo como sacrifcio ao meu deus, no hoje! Meu propsito bem maior! Ghorm soltou a arma, receoso - Ragnar me deu a misso sagrada! Como sabe, seu filho o enviado, como reza aquela antiga profecia de nossa raa gravada no crculo de pedras. Ele o novo lder de nossa raa! O lder previsto!

- C-como voc tem tanta certeza? Ghorm indagou irritado.

- Primeiro porque sou um dos maiores servos de Ragnar, aquele que ditou a profecia! sua voz era cavernosa e sinistra E segundo, a prova da beno o tamanho de seu filho que deve ter dilacerado boa parte de sua esposa!

- Certo! Ghorm assentiu E o que tenho que fazer?

- Desde agora educ-lo como um lder estrategista e ensin-lo sobre a gloriosa misso a ele concedida!

- Se for o que meu deus Ragnar quer, e se para voc tirar esse rabo peludo de minha tribo logo, eu farei, clrigo!

- Acho bom! Ou Ragnar devorar sua alma em sua morte! ento o velho bugbear deu-lha as costas Estou de partida e no futuro procurarei o pequenino qual ser seu nome?

- Pensei em Thwor Ironfist! disse Ghorm com orgulho.

- Um nome besta, mas tudo bem! Gaardalokk rosnou ainda dando as costas Depois do funeral que devo fazer para sua esposa, irei em uma misso sagrada para meu deus! Venha, voc no faltar ao funeral da tua prpria mulher, no mesmo? e continuou andando para sair daquele buraco fedido. Haviam se passado dezenove anos desde ento. Agora ele, o Escolhido de Ragnar, de acordo com que ouvira em rumores de outros goblinoides, estava na ativa j. Fazia pouco tempo que Gaardalokk tinha retornado de sua misso sagrada no sul de Lamnor, porm j escutara de alguns goblins que o poderoso bugbear estaria unificando vrias tribos goblinoides em um grandioso exercito, e juntos haviam derrubado uma cidade humana. Ele enfim comeou!, Gaardalokk pensou sorrindo com suas presas amarelas.

Para o sacerdote no fora difcil calcular onde estaria o goblinoide, a tribo de Ghorm era prxima a uma outra de bugbears que foi unificada e a cidade humana mais prxima ficava a duas horas dali, era a pequena cidade de Fardden.

Gaardalokk aps sua longa jornada, enfim entrara na cidade. Ou ao menos o que restou dela. A cena comprovava seus clculos, o local estava imerso em puro caos. Fardden havia cado ante uma provvel poderosa e selvagem liderana. Ainda havia algumas casas de p e intactas, mas outras desmoronaram ou sucumbiram s labaredas ateadas a elas.

Enquanto caminhava, o sacerdote via corpos de animais domsticos, homens, mulheres, crianas e idosos estirados pelo cho onde se formara poas de sangue. Todos na cidade estavam mortos. Alguns esmagados, alguns mutilados, outros queimados e uns at mastigados. Gaardalokk admirava aquilo como se fosse uma obra de arte feita pelo mais detalhista bardo de todos os reinos. Como servo do Deus da Morte Bugbear, aquilo tudo o animava, desde os corpos ao odor podre que exalava de seus corpos profanados.

As nicas criaturas que se via nas ruas eram urubus, abutres e carniceiros, que se deliciavam com o banquete farto que hes deram naquela tarde. Gaardalokk odiava estes ltimos, carniceiros so aves um pouco maiores que os outros dois tipos, mas to necrfago quanto, todavia, preferem mortos-vivos, sendo tambm imunes aos poderes das trevas e magias como as que causam pnico e invisibilizam. Uma verdadeira praga para magos e clrigos das trevas, como ele.

O cheiro da cidade era insuportvel para qualquer humano, e delicioso para Gaardalokk. Fedor de morte e putrefao. Alm do odor emanado de uma fumaa negra que se condensava sobre os telhados das casas, vinda do centro da cidade, de onde se provinha rosnados e uivos que denunciava uma comemorao de Bugbears.

Gaardalokk apressou-se, no podia esperar mais. J no via a hora de reencontr-lo e dar inicio ao plano de seu Deus RagnarO centro da cidade parecia uma cena tirada do inferno, se houvesse um. No meio, onde haveria tido uma linda e verde praa de grama alta e rvores aconchegantes, havia apenas horror. Tudo foi queimado e as arvores ou haviam sido arrancadas do cho ou destroadas com a fora incomparvel dos monstros. A fonte de onde poderia estar vertendo gua pura e cristalina, agora estava amontoada por corpos desviscerados e membros aleatrios de crianas e cidados que ardiam sob labaredas, como uma imensa e bela fogueira de corpos, alguns se mexendo por breve momento de desespero e dor. Gaardalokk finalmente entendeu o porqu daquela fumaa, que empestiava a cidade, exalar um aroma to delicioso. O anjo que ali ficava sobre fonte vertendo gua por suas mos e penas, derretia junto a ela, contorcendo-se em uma obra disforme e horripilante. Em volta da maravilhosa viso, uns cinqenta Bugbears, to grandes quanto Gaardalokk e at mais, festejavam rosnando, urrando, xingando, bebendo e comendo as partes fritas das vtimas na fonte, que retiravam usando galhos das rvores derrubadas. Dois brbaros at brincavam de marionete com duas cabeas decepadas. Porm, o mais impressionante era o templo de Khalmyr, o Deus Cavaleiro da Ordem e Justia. Uma grande igreja no lado oeste da praa, com grgulas empoleiradas em nichos e feito de pedras gigantescas de mrmore branca, brilhante como se feita de prata, que rua exposio do calor das brasas imbudas dentro dela. As janelas expeliam fumaa e fogo como as narinas de um demnio e a prpria torre do sino de ouro estava pintada com cinzas.

Essa viso que para muitos seria um pesadelo terrvel, para Gaardalokk era um sonho. No futuro, se tudo ocorresse como Ragnar planejara, o mundo seria assim. Enquanto admirava, algo lhe prendeu a ateno.

Sobre as escadarias da Igreja de Khalmyr estava em p um bugbear do tamanho de uma casa (trs metros e meio para ser mais exato), de aparncia jovem, musculoso, com pelos e cabelos ruivos-fogo, de pele cinza escuro, com dois caninos do tamanho de um brao humano, ameaadoramente brancos e saltando do lbio inferior, com olhos vermelhos que pareciam faiscar de inteligncia excessiva e fria sem tamanho e usando um cordo com o crnio de um humano (que chega ser to pequeno para ele que cabe na palma de sua mo). Ele urrou com uma voz poderosa, grossa, gutural, medonha, ecoante e totalmente sobrenatural que causou arrepios at em Gaardalokk, algo muito raro para um servo da morte que nem se arrepia quando tocado por um fantasma. O grande bugbear ainda segurava um grande machado de guerra sujo do sangue de seus inimigos, o qual ergueu sobre a prpria cabea indicando vitria. A luz alaranjada do fim de tarde refletiu na lamina da arma criando um efeito visual de brilho assustadoramente divino.- Sou o Punho de Ferro de Ragnar! bradou o monstro em sua lngua O lder das lendas! O Arauto da Destruio! Sou Thwor Ironfist! Seguir-me garantir a glria de nossa raa! Opor-se a mim desafiar nosso deus! Somos a raa mais poderosa deste mundo! Devemos mostrar nossa fora a todos, pois j hora de ocupar nosso devido lugar!!! HARRRRRR!!!!!!!!!!!

- Humanos, elfos, anes So todos fracos e miserveis! Obras imperfeitas dos deuses! continuou Gaardalokk ardilosamente enquanto subia a escadaria Dominaram Arton por tanto tempo por que os deuses trapacearam Ragnar! Thwor o observou atento, surpreso e indagado. Primeiro pensou que era um infeliz dos bugbears bbados, ento pela aparncia e trajes percebeu que lhe lembrava algum que seu pai, Ghorm, citara antes de Thwor fugir de casa Mas agora isso mudou! O general nos incitar vitria! Morte a todos! Gloria ao General! Glria a Ragnar! GLRIA A THWOR IRONFIST!!!!!

A multido urrou, uivou, rosnou e bradou suas armas no ar em resposta. Quando a comemorao voltou ao normal, Thwor virou-se para Gaardalokk que sorria, afinal, seu plano estava progredindo.

- Quem voc velho? Acho que j ouvi sobre voc em algum lugar Thwor rosnou.

- Sou Gaardalokk, o mais poderoso clrigo de Ragnar! Seu pai Ghorm deve ter falado de mim, ao menos xingando, no? E como ele est?

- Eu o matei! disse Thwor com orgulho como uma criana que fez a coisa certa.

- Que bom! Gaardalokk parecia j imaginar a resposta Poderia conversar com voc a ss, General?

O Bugbear respondeu com um sorriso medonho na boca. Thwor o levou at as runas de uma casa que sozinho arrancara o telhado com seu machado, dentro estava intacta, apesar da baguna feita pelos bugbears que a invadiram. Gaardalokk sentou-se no corpo de uma mulher mutilada e estuprada, usando-a como almofada e Thwor sentou-se no cho (nada iria sustent-lo).

- Diga, clrigo, o que voc quer comigo! o General ordenou ameaadoramente.

- Como voc mesmo disse, General - Gaardalokk comeou pegando o brao decepado do corpo abaixo dele e comeou a devor-lo -, s o lder prometido pela antiga profecia. Nascera sob a beno de Ragnar durante o eclipse. Voc o escolhido! A palavra do clrigo causava certo orgulho no general que apanhou o corpo de uma criana cada ali e puxou a perna at arrebentar para comer Voc tem como misso unificar todos os goblinoides e lider-los em um exercito que chacinar as demais raas, que so pragas para ns! Voc o agente que est em misso sagrada ao nosso deus, e eu, Gaardalokk, o maior sacerdote da morte, servial de Ragnar, me ofereo como conselheiro! Afinal, essencial que voc tenha algum em contato direto com o Deus, para determinar e realizar seus designos sagrados!Um breve e sbito silncio caiu sobre o local, apenas se ouvia o som das peles se rasgando e os ossos quebrados a cada mastigada. Thwor pensava e Gaardalokk sorria.

Thwor borbulhava em idias. Na sua frente estava um clrigo de Ragnar. Seria confivel? Tantos outros j o tentara enganar como O Maior Sacerdote Enviado para gui-lo Entretanto, algo lhe dizia que sim, pois nenhum outro pronunciou um encontro passado com seu pai e este apenas disse o nome Gaardalokk que Ghorm amaldioara tanto. Alm de que, ele mesmo que tivesse incerteza sobre a veracidade da profecia, o clrigo e seu exercito acreditava fielmente. Ento explodiu algo em sua mente estrategista: aquele clrigo alm de poder usar foras msticas, que so bem teis em combate contra os humanos que possuem conhecimento arcano, possua uma oratria impressionante e contagiadora que podia arrebanhar mais soldados para seu exercito, e converter outros em clrigos que aumento o poder mgico dele. Thwor soltou um sorriso medonho e obsceno.- Se o designo de Ragnar, clrigo Gaardalokk, no serei eu que irei me opor a ele! Guie-me e meu exercito! Ser o meu principal conselheiro e meu brao direito!

- Que seja vossa vontade, General!

- Amanha atacaremos a vila de Mirighan e depois partiremos para unificar outra tribo! disse thwor terminando de raspar a carne do osso do p da criana e saindo das runas da casa Reze por ns, clrigo, e me siga!

- Como preferir, General Thwor Ironfist! o sorriso de Gaardalokk nunca fora to macabro quanto naquele momento.

ImgCAPTULO 2LENRIENN, O PARASO LFICOBem, irmos, disse o elfo bardo, Assim ser, contarei o que aconteceu dos dois lados. Agora vamos ao melhor, relembremos o que ocorreu em nossa belssima cidade!

H exatamente 1402 anos, antes mesmo que os humanos recebessem o dom da escrita e leitura provido pela Deusa do conhecimento Tanna-toh, uma frota, com grandes embarcaes de cascos verdes e velas douradas, cruzava o oceano leste de Arton rumo a costa de Lamnor. De onde vieram? S Glrienn sabe. Apesar da conhecida longevidade lfica, nenhum dos membros da expedio original ainda vive e todos os antigos registros da jornada foram destrudos pelos recentes hobgoblins. Alguns salientam que a chegada dos elfos prova a existncia de outro continente alm-mar que pertenceu a essa raa. Outros tm a teoria que a frota veio de outro plano, um outro mundo, aps atravessar um portal dimensional. E os clrigos da Deusa lfica tm uma longa e comovente cano sobre como cada navio foi colocado sobre o mar pelas mos da prpria Glrienn, e por ela guiados.

Aquele lindo povo de orelhas pontiagudas costuma atingir em mdia 300 anos, 3 vezes mais que os humanos. Essa longa vida exerce forte influencias sobre sua personalidade e ajuda a explicar seus comportamentos. Por exemplo, apenas os maiores amigos ou inimigos so lembrados por eles (afinal, impossvel de lembrar todo mundo que voc conheceu em 100 ou 200 anos atrs...). Eles alm de tudo apreciam os prazeres da vida mais lentamente e por isso tm a sensibilidade de saber o que acontece no mundo apartir do Dahm e so muito delicados quanto beleza, a magia, as artes, a natureza e aos prazeres em geral.IMGA prpria arquitetura lfica e obras-de-arte lficas so altamente valiosas e capazes de moldar um suspiro prolongado mesmo naqueles de vida curta e sentidos rpidos. E a mais famosa, maior e bela obra fora a cidade de Lenrienn, que na lngua desta raa significa Novo Lar.

Construda as voltas do rio Narlaruen, Vida Veloz, est ela. A nica cidade elfica que j existiu em Arton at hoje Contudo, chamar Lenrienn de cidade seria como dizer simploriamente que a borboleta um simples inseto. Torres de vidro, cristal, bronze, ouro, prata, mrmore e demais minrios lficos, luziam acima da vegetao emanando um arco-ris mesmo em dias sem chuva e at nublados. Palcios dourados abraavam as rvores e jardins sem derrubar qualquer uma delas ou molestar uma nica ptala das flores de l. E a delicada figura de Glrienn podia ser apreciada em toda parte, na forma de esttuas que enfeitavam as residncias, ruas, fontes e chafarizes. To detalhadamente trabalhadas que pareciam que a qualquer minuto fossem falar e andar.

Ela era encontrada tambm nas pinturas e tapearias nos templos e castelos ou mesmo nas emanaes mgicas da prpria cidade, que ocasionalmente projetavam imagens de pura poesia nos cus de Lenrienn. O prprio firmamento parecia encantado, pois as paredes metlicas e as de cristal da arquitetura lfica refletiam a luz do sol e da lua nos cus da forma que parecia pint-lo com as mais diversas cores. Os jardins da cidadela so at hoje cantados como os lugares mais belos e mgicos de toda Criao. Imensos e imensuravelmente belos, muito mais do que simples abrigos para plantas ornamentais. Os jardins exalavam aromas e cores capazes de purificar a alma, prolongando a vida lfica ainda mais, e capazes de curar qualquer enfermo de seu visitantes em algumas horas. Entre esses locais, haviam alguns com mosteiros no quais os monges passavam seus dias treinando e meditando sob tal harmonia e beleza pura.

Lenrienn tinha jardins to exuberantes que podiam abrigar as mais belas ninfas e drades e alguns, de fato, abrigavam. Entre sprites, nereidas, stiros e dragonetes, muitos outros representantes do povo fada viviam ali, como amigos queridos dos elfos.

Jardins grandiosos, alguns canteiros podiam chegar a ser bosques ou campos com flores das mais diversas, exticas, aromticas e belas espcies. Haviam ainda jardins com lagos que pareciam feitos de cristal liquido de to brilhantes, alguns com cachoeiras imensas e esplendorosas, e outros eram de grandes lamos, muito visitados por estudantes que aproveitavam sua sombra fresca. Todavia, o maior e mais exuberante jardim o lendrio Corao de Glrienn, onde vivia a principal guardi de todos os jardins, a drade Eline.

Esta a antiga Lenrienn que permeia os sonhos, a imaginao e as lembranas de ns, elfos. E ali viveram grandes heris de nossa raa. Contarei como tudo comeou, primeiramente. A parte dos elfos nesta histria que narro comea bastante tempo depois do reencontro dos dois Bugbears na cidade humanatrqr tEra um novo amanhecer em Lenrienn. A msica suave e calma da noite, vinda de no sabe onde, havia dado lugar a uma mais alegre com tons de liras, alades e flautas de P. S que no a musica, mas um aroma enfeitiante, vindo de incensos acesos em algum lugar na casa, foi o que acordara Neillann.

O belo e jovem elfo possua cabelo tom prateado metlico at a nuca e lindssimos olhos cor prpura. Ele tinha l seus 51 anos (mas aparncia de 17), um jovem forte de traos bem marcados. Levantou-se da cama de cristal com colcho forrado com penas de cisnes, colocou uma tnica azul-clara sobre seu corpo despido, ps um cinto na cintura com sua espada sagrada embainhada que ficava batendo na coxa quando andava e abriu as janelas. O brilho harmonioso da cidade entrou e afastou a escurido sedativa, repondo alegria e esperana ao quarto e na sua face.

Pegou ento seu peitoral de ao dourado trazendo um desenho de uma espada atravessada em um arco armado com uma flecha (smbolo dos paladinos da deusa, conhecidos como os Espadas de Glrienn) e vestiu sobre a tnica. Andou at o altar em seu quarto onde uma estatueta de Glrienn, com traos e toques altamente realistas , o observava com as mos abertas como se o saudasse em um abrao. Ajoelhou ante ao pequeno altar e acendeu um incenso de aroma de orvalho na alvorada.- Thanthallen, minha deusa! Me, abenoe-me com seu poder para que eu, seu filho e seu eterno servo, tenha muitas alegrias apartir da alvorada desse dia! Thanthallen!

Descendo as escadas de madeira, com um corrimo feito de um tronco vivo, ainda com vinhas e folhas, ele observou sua irm que bagunara a sala logo abaixo afastando todos os mveis e estofados. Ela era desejada por muitos por sua beleza incomparvel, mas ningum se atrevia a nada ao lembrar que o irmo da maga meiga, Tullyniasinn, era Neillann, o aprendiz de Espada de Glrienn e desmembrador de goblinoides, e filha de ningum menos que o poderoso paladino mximo da Deusa, Berforam, lder dosEspadas de Glrienn, os respeitveis maiores paladinos da Me Sagrada dos elfos.

- Thanthallen, Tully! cumprimentou ao se aproximar de sua irm que estava desenhando no cho um crculo mgico com giz de p de prata.

- Ah, thanthallen, irmo! O papai disse que a Ordem o convocou com urgncia ento teve que sair mais cedo!

- Hunf! Os tolos dos hobgoblins devem estar aprontando mais uma... Neil respondeu com escrnio.

- Alis, sua amiga Niele - ela fez um tom sarcstico - esteve aqui pela manha e pediu para que fosse se encontr-la no Narlaruen, assim que acordasse. Quem diria, hein? ela soltou um sorriso malicioso.

- Pode tirando esse sorrisinho, no deve ser nada do que est pensando! disse vermelho e desconcertado Eu j disse que no deu certo e e viramos apenas amigos!

- Ah, sei - ela respondeu ainda com o sorriso Se prefere acreditar nisso ento t!

- Bem, vou l! Cuide-se e diga para mame que tenho o pressentimento de talvez no voltar para o almoo.

- Claro! Mas pressentimento ou certeza?Tully soltou um sorrisinho levantando, aps terminar o crculo, para pegar um livro com as instrues da magia. Neil saiu vermelho,porta afora.As ruas e travessas da cidade estavam bastante movimentadas. Bardos cantavam e danavam alegremente em corais ou at sozinhos, crianas aprendizes de mago caminhavam em grupos para as escolas de magia e demais elfos passeavam pela maravilhosa cidade admirando suas belezas indescritveis. As ruas de Lenrienn, em grande parte, era a pura terra de uma trilha aberta na mata como se a vegetao se afastasse para permitir o caminho dos elfos, nunca voltando a crescer naquele ponto at que o caminho fosse inutilizado por anos. As prprias casas e estruturas foram erguidas de forma a no molestar as plantas, sendo feitas encostadas nas rvores, dentro delas (quando troncos bem grossos) ou mesmo cercando-as. Se uma cidade humana uma mancha que destri a natureza, a cidade lfica a comunho com a prpria natureza, de modo a embelez-la ainda mais.- Thanthallen! Neil respondia aos guardas, trajados com armaduras feitas de prata ou cristal que acentuavam a delicadeza dos seus corpos, e aos clrigos que passavam.Aps passar pelas belas casas, torres douradas e cristalinas e por praas com infinitos monumentos em honra a Glrienn, logo comeara a sentir a brisa vinda das movimentadas guas do rio Narlaruen. Ele exalava um aroma que os elfos chamam de Ahtlnn, aroma de gua pura.

Ao chegar ponte do extenso rio com metros e metros de largura, que corria dividindo Lenrienn ao meio, ele pde ver, sentada nas ameias do parapeito da ponte, a linda elfa de longos cabelos azuis e trajando uma roupa comum da corte, porm chamativa pelas cores em tom forte de amarelo e vermelho. Era Niele que conversava com outros cinco elfos (para seu desprazer): o jovem e belo Fren (na poca sem tanto msculo e de cabelo longo, verde e lambido); o espadachim de capa esvoaante e chapu emplumado, Antonywillians; o mago Saga (na poca sem as maldies que, hoje em dia, molestam os traos lficos); o bardo Adrian Kallender (sem usar os culos, e com a pele lmpida sem qualquer sinal da maldio que a deixou com placas de pedra e cinza) e Simas Lunos (sem a queimadura da metade do corpo), clrigo de Glrienn na poca.- Ah, zent, o Neilzinho chegou! disse Niele sempre extrovertida e tresloucada Vem c, fofo!

- Ento, Niele, agora vai nos contar o que houve com a Tanya? Fren indagou preocupado e impaciente.

- O que? Houve algo com a princesa? Neil se surpreendeu pondo a mo na espada embainhada.

- Calma, gente! que eu ando preocupada com a priminha! Ela ta m depr! Tudo por causa daquela vidinha de princesa...

- Heh! Depr! Uma princesa lfica depressiva. Que coisa no? Adrian riu pegando sua harpa por impulso e entoando uma msica.

- E o que ns devemos fazer? Saga perguntou enquanto fazia gestos mgicos com a mo e criava frutas que pareciam vir do nada para comer Suruba? Acho que o rei no ia gostar muito! disse com seu eterno sarcasmo.Todos olharam para ele, repreendendo-o.- Eu s vou contar quando ela estiver com a gente! Niele cruzou os braos em sorriso malicioso, como se segurasse o segredo fortemente em seu brao.

- Heh! Claro, linda dama! Aguardo ansioso por vossas palavras to amveis, milady! diz Antonywillians reverenciando a ela e deixando uma rosa vermelha cair aos seus ps.

- Por Glrienn! disse Simas absorto em tdio Outra das suas idias sem p nem cabea, Niele? J no chega semana passada que buscamos o tal ladro que assaltava o Palcio Real todas as noites, mas na verdade era o Rei Khilanas que toda noite ia assaltar a cozinha por fome?!

- Ahahahahahahah! Nem me lembre disso! Aquele pijaminha dele com aqueles desenhos de um rato amarelo com bochecha vermelha era supremamente supremo! Saga comeando a gargalhar.

- Pois , e graas a isso estamos proibidos de voltar-mos ir e dormir l at o prximo ms! Fren lembrou.

- Ih, fofo! Nada tema, com Niele no h problema! A Nina, ama-seca de Tanya , me ensinou uma passagem secreta at os jardins onde a princesa passa todas as horas que tem folga! E ento, vamos?

- Heh! Nada melhor que uma aventura, n primo? disse Antony para Adrian.

Adrian sorriu em resposta.

- Claro! Saga respondeu sem dar muita ateno, se preocupando mais com a fruta que comia.

- Mas tente pegar nada de valor desta vez, mago! disse Neil para Saga.

- Humph! Estraga prazeres!wSeguindo a ponte e andando mais um pouco pelas ruas da cidade, eles finalmente alcanaram o Palcio Real. Um grandioso e fabuloso castelo todo de ouro com umas 6 torres colossais, erguidas entre as rvores, com detalhes a ouro e prata, com jardins suspensos no alto de cada uma delas e dentro de algo imenso como um pires gigante pendurado. O porto principal, que aberto era um imenso arco por onde entravam e saam dezenas de elfos burocrticos e polticos, estava protegido por vrios Espadas de Glrienn e guardas comuns, mas no menos pomposos ou treinados.

Niele levou o grupo at o lateral leste do castelo aonde se esconderam atrs de arbustos no momento que uma patrulha de guardas passava. Niele se agachou e comeou a apalpar o cho freneticamente procurando algo.- Cad? Cad? Niele repetia para si mesma nervosa.

- Achei! disse o clrigo Simas de um canto puxando um alapo camuflado por folhas e feito com a prpria terra do cho Seria isso que estava procurando?

- Sim! Brigada, Luninho! disse Niele j se atirando no buraco do cho Bora, gente!

- Heh! Essa garota empolgada, no? Adrian comentou entrando no alapo tambm.

- Heh! Quem deve dizer isso o Neil! Antony riu.O paladino entrou por ltimo e enrubescido como um tomate.

A passagem era um tnel subterrneo cavado na terra de modo excepcional, s no to bem feito quanto por um ano (raa um tanto desconhecida para os elfos na poca). Formado na forma de estrutura de nave, como de um corredor de templo e vrias esculturas de elfos armados e em nichos que pareciam espreitar e proteger o lugar, Simas chegou a sentir que um deles havia se movido, mas foi s impresso. O tnel, apesar de dar a impresso de estreito, permitia dois elfos andarem lado a lado com folga. Porm logo que fecharam o alapo que oferecia um mnimo de luz vindo de fora, tudo ficou to escuro que perderam todos os sentidos de direo.- Heh! E agora? Como chegaremos outra ponta neste breu? Adrian indagou rindo.

- Fofo! disse a voz de Niele vinda da sua frente O tnel reto, s seguir em frente!

Simas Lunos e Neil se sentiam desconfortados em estar ali no pleno escuro com aquelas esttuas medonhas e armadas que pareciam que iam se mover a qualquer momento. Os dois pularam quando Niele gritou. Neil sacou a arma preparado para derrubar uma esttua. - T! Tudo bem! Pode ir falando quem passou a mo na minha bunda! disse Niele em tom nervoso.

- Antony? Fren apostou.

- Por que logo culpam o espadachim? respondeu de trs de todos no grupo.

- Adivinha! Adrian disse sarcstico.

- Deixa eu resolver essa quizumba! Kalinn Dhama noir Mesuriunn! Saga cantarolou e um globo de luz surgiu em sua frente assustando Adrian que no esperava uma idia inteligente daquele mago.

- Bom, sigamos! disse Antony.

- No vai ficar assim, no, hein! Niele resmungou Ainda quero saber quem o elfo safado que passou a mo na minha bunda!Eles caminharam durante algum tempo guiados pelo globo mgico de luz de Saga. Neil e Simas estavam realmente aliviados que todas as esttuas pelo menos parecessem estar em seus lugares. Adrian, Saga e Antony eram os ltimos do grupo, conversando e pregando peas uns nos outros. Niele ia a frente com Fren que continuava com a expresso preocupada por causa da princesa, ainda que Niele dissesse a ele que no era nada demais, a todo o momento.

Logo comearam a sentirem-se cansados de tanto andar, subir e descer alguns degraus de terra que apareciam pela frente. Estava mido, abafado e o ar era rarefeito, pois mesmo que o tnel tivesse sido formado de jeito a torn-lo com ar vindo de pequenos buracos na terra que nunca fechavam e pareciam feitos por roedores, eram seis elfos e consumiam muito ar. Mas ento veio a esperana... razes desciam do teto e entravam no cho como uma cortina de madeira com espaos que se passava com um pouco de destreza. Estavam j sob os jardins dos fundos do Palcio Real.- Ali est a sada! disse Fren que com seus olhos apurados, mais que o normal para a raa, por seus talentos rangers pde ver uma fenda na forma de um quadrado.e

e

e Enquanto isso, longe dali, fora da cidade, a pelo menos uma hora de viagem pela floresta, um acampamento hobgoblin montado as pressas ao lado de uma extenso do Narlaruen para abrigar os soldados da guerra que iria comear a qualquer momento, recebeu uma visita inesperada. Ele era misterioso. Sua figura chegava a ser perturbadora. Um Hobgoblin sob um manto negro que ao esvoaar revelava um sobretudo negro bordado com tendes de provveis elfos capturados e sua cala e bota de couro humano e lfico, quando no de animais. A capa roxo-escura suja de lama e fedida como um cadver tinha um capuz que ocultava seus olhos sob sombras, revelando apenas suas narinas sunas e a boca com os dois caninos inferiores escapulindo dela.

Assim que chegou, montado em um Warg, uma espcie de lobo monstruoso e atroz, dois hobgoblins armados e mal-encarados pararam-no.- Ghark Druaar? Eles falavam na lngua prpria da raa goblinoide, que era uma mistura de rosnados e uivos em meio a palavres Quem voc?

- Grum Raarkhen! o ser respondeu demonstrando superioridade Sou Raarkhen!

- Dortek Krin? o outro indagou O que voc quer?

- Morrdur Balder Crinerr! respondeu friamente dando um puxo nas rdeas que ligavam ao focinho do lobo-monstro para que andasse Quero falar com o General!

Os guardas assentiram e permitiram a passagem do Warg que fazia seu cavaleiro balanar desajeitado como um bufo a cada passo que dava.

Raarkhen entrou finalmente no acampamento. Enquanto passava por aquelas tendas que seriam horrendas para muitos no-goblinoides, tanto pelo fedor quanto pelo que eram feitas, observava os demais hobgoblins, todos espalhados e fazendo seus deveres, desde afiar espadas-decepadoras-de-cabeas-de-elfos quanto preparar comida para o exrcito. Raarkhen imaginava no que pensariam os elfos e os humanos se vissem aquela cena, pois apesar da nojeira comum da raa, tudo estava at limpo de certa forma, e no s os hobgoblins haviam se dividido perfeitamente em seus afazeres, formando filas disciplinadas para concluir tudo com maior agilidade, como as prprias barracas foram enfileiradas e divididas friamente por hierarquia militar.

Enquanto olhava, Raarkhen relembrava a histria toda de sua vida.

Quando era nada mais que uma pequena criana, vivia ao sul da floresta de Myrvallar, em uma comunidade enorme que vivia exilada do mundo. Desde pequeno foi-lhe contada, assim como para as demais crianas hobgoblins nascidas ao sul, a historia da tragdia perante os invasores de orelhas pontudas. A floresta sempre foi habitada pelos hobgoblins que viviam ao norte em pura felicidade, ainda que desorganizada, de repente um batedor deu a noticia de embarcaes que chegaram ao litoral despejando centenas de humanos de orelhas pontudas e com obras de arte de horror indescritvel (afinal toda a beleza das raas um horror para esses seres). Em poucas semanas esses viles auto-proclamaram a floresta como o bem sagrado dos elfos, e quando os hobgoblins atacaram, ainda que peritos em participar de conflitos com outros povos, perderam diante da lendria percia elfica com magia, espadas longas, comunho com a floresta e manejo de arco e flecha. Inferiores, os hobgoblins foram expulsos de seus lares para ali erguer a tal cidade de Lenrienn, um nome que alguns hobgoblins nem pronunciam de tanto dio, pois no h palavro grotesco o suficiente para conseguir ser digno de xing-la.

Derrotados, os de sua raa rumaram para o sul, e realizaram uma revoluo de conceitos para conseguir derrotar os amaldioados elfos. Empregando quase 400 anos para tal revoluo, forjaram armas mais afiadas, armaduras mais resistentes, desenvolveram o conceito de ordem, desde pequenos eles seriam acostumados com o perfeccionismo e disciplina rgida, bem voltada ao militar, e o principal, fizeram uma revoluo tecnolgica que montaria mquinas de guerra gigantes capazes de esmagar as rvores em seu caminho ou queim-las at virarem cinzas lanando pedras incandescentes ou rochas imensas apenas, e que tambm disparassem uma chuva de flechas que seria superior a qualquer magia lanada por eles. Enfim, prontos, retornaram ao norte para testar os novos brinquedos e o resultado foi: em um dia, pegos de surpresa, Lenrienn quase caiu. Muitas torres de cristal, palcios e demais belezas sucumbiram ao ataque. Neste momento Raarkhen passava a uns 10 metros da rea onde estavam umas cinco dessas incrveis mquinas de guerra, que pareciam ter sado de um pesadelo lfico. No momento alguns hobgoblins faziam-lhe a manuteno e ornamentao com partes que sobraram de elfos mortos. A sorte daqueles tolos era que construram uma cidade sem fronteira, em comunho com a floresta, tornando-a at mais difcil para a invaso, assim levavam vantagem e a guerra se estendia. Essa os dois lados chamavam de a Infinita Guerra, pois parecia nunca haver um vencedor. Pelo menos agora sua raa j havia retornado do Sul e cercado a cidade lfica com acampamentos e pequenos fortes ocultos pela vegetao. Raarkhen, como todo hobgoblin macho foi chamado para entrar nas fronteiras do exercito goblinoide, mas servindo de batedor, por sua aptido ranger de comunho com a mata. Ele tinha orgulho da disciplina e tecnologia de sua raa, que a mais evoluda at os dias de hoje! Mas seu maior desejo, como as outras crianas criadas com ele, era retomar a cidade e fazer os elfos pagarem pelo que fizeram a seus antepassados. Afinal aquela terra era deles por direito. Quando se deu por si, o Warg estava uivando para chamar sua ateno, haviam chegado a tenda principal, grande e ao leito do rio que corria alguns metros longe do toldo.

Raarkhen desceu da criatura e prendeu uma coleira nele com uma corrente que enrolou em uma rvore prxima (das poucas que no derrubaram para montar o acampamento) e seguiu para dentro da tenda.

- Ento, Ghurrar Darkblood, perdemos novamente para aqueles viados! a voz inconfundvel do general estava sob uma ira insana Mesmo com todas essas mquinas de guerra ainda no derrubamos esses elfos fudidos!A tenda estava cheia. Haviam vrios hobgoblins ao redor de outros dois ajoelhados e segurando o elmo debaixo do brao frente a um outro, sentado em um trono improvisado com madeira, crnios (lficos claro) e couro animal. Este sentado e trajando uma armadura completa, com um elmo que deixava apenas sua face a mostra, urrava essas palavras em uma bronca de deixar os cabelos da nuca em p. Ele era o General Holgor, lder mximo dos hobgonlins. E os dois ajoelhados eram comandantes do exrcito que acabara de perder mais uma guerra para os elfos no dia anterior. Holgor Greatfang era, no sul, parceiro de Raarkhen, sempre se aventuravam na floresta em busca de elfos para matar (e achavam uma pena s ter elfos no norte). Acostumado com as florestas, Raarkhen nunca se perdia naquelas vegetaes e aprendeu at a falar com animais por entender suas aes, servindo como batedor para a comunidade, e Holgor era o prncipe da comunidade, filho do lder Greatfang, um hobgoblin impiedoso que aps falecer de velhice na vinda para o norte, deixou tudo nas mos do filho que se tornara um general disciplinado e cruel como poucos. Assim que comeou a liderar o exrcito, os dois amigos se afastaram, mas Holgor o proclamara Batedor-Mor, servindo direto ao general.

Raarkhen ficou em um canto apenas observando.- J o terceiro ataque com as mquinas que foi derrotado! Holgor continuava em brados, que alguns imaginavam se no era capaz de serem escutados na cidade lfica - Eu no aceito falhas, Ghurrar!

Portanto v e encontre um meio de derrot-los sem que nossa raa seja extinta por suas estratgias, comandante! O Mesmo para voc Comandante Rurianurr!

- Sim, senhor! Ghurrar e Rurianurr responderam submissos, e aps uma mesura partiram acompanhados por cinco soldados hobgoblins cada.

- Voc! Holgor acenou rispidamente para Raarkhen que se escondia sob o capuz e o manto O que quer?

- Sou Raarkhen, general! disse ajoelhando-se a sua frente e retirando o capuz para revelar a si e seu sorriso Mandou me chamar? Holgor enrubesceu ficando desconcertado com o modo que tratou o parceiro de infncia (por mais que essa cena parea ser aliengena para ns).

- Hor-hor-hor! Raarkhen, h quanto tempo errr Levante-se! Como pde ver, mesmo nossas mquinas no so suficientes para derrubar esses malditos viados! E os nmeros de nosso exercito esto diminuindo assustadoramente. Como meu batedor principal lhe dou uma misso importantssima e emergencial! Eu ordeno que junto a uma escolta de quatro hobgoblins v ao reino humano e encontre um meio de derrubar a cidade lfica!

- Sim, general! este ttulo, pronunciado por Raarkhen para Holgor fazia os dois sorrirem por ironia (daquela forma horripilante que s os da raa sabem fazer, mesmo no sorriso mais alegre que acaba obsceno). Fez uma reverncia respeitosa e disse antes de sair da tenda Ns teremos o que nosso por direito, General!

CAPTULO 3A PROPOSTA DE NIELEComo j dito, Lenrienn possua os jardins mais belos j visto naquele mundo, espalhados pela imensa cidade-floresta dos elfos, aonde todos tinham acesso a sua beleza e majestade. Havia os pssaros cantando, o Dahm de bondade e serenidade, os animais silvestres vivendo entre as fadas e elfos, o verde das rvores e at as obras delicadas dos elfos, como trilhas pavimentadas com pedras lisas, esculturas de elfos importantes e as fontes da Deusa, que no raramente possuam alguns peixes em suas lmpidas guas.

No Palcio Real no era diferente. Seu jardim de fundo privado fora erguido sobre o menor dos jardins, mas no menos esplendoroso. Um jardim como tantos outros, porm o nico na cidade vigiado dia e noite por guardas. E o nico permitido doce princesa Tanya.

O grupo havia sado por um banco de mrmore, parecido com uma esquife baixa, falso e oco com a tampa na forma de assento.- Agora s falta encontrar a priminha! disse Niele saindo e ajeitando o cabelo, antes de dar uma mozinha pro pessoal que se atrapalhava para sair do banco falso.

- Deixa comigo! disse Fren saindo do buraco, e com a habilidade de um perito em floresta saltou em uma rvore, fez uma acrobacia, subiu em um galho forte e saltou para o de outra rvore. Tudo sem fazer um nico som Nada melhor para rastrear do que rangers quanto se trata de bosques e florestas! e depois do comentrio entrou na copa verde da rvore e desapareceu, provavelmente pulando furtivamente de galho em galho at achar a princesa.

- Heh! Impulsivo como sempre! disse Adrian com sorriso bobo enquanto Saga o ajudava sair.

Alguns minutos depois, andando em meio aos arbustos para evitar serem notados pelos guardas que vez ou outra apareciam, Fren caiu de um galho a frente deles em p. E sorrindo disse:

- Achei! Sigam-me!Ele os levou pelos jardins, evitando a rea pavimentada de pedras lisas aonde andavam os vigias. Niele observava os animaizinhos silvestres como esquilos e cervos que os olhavam, no com o medo que sentiam dos humanos caadores (que ainda tinham coragem de intitul-los como assustadios), mas com olhares de curiosidade e amabilidade. Logo chegaram a uma clareira prxima das muralhas do palcio, aonde havia uma enorme estrutura imagem de Glrienn feita toda de prata, que sorria enquanto vertia gua de suas mos, em um gesto como se abaixasse para oferec-los. Ao cair, a gua pura e cristalina criava uma pequena cascata que preenchia uma lagoa de vertentes em forma de rios que seguiam por vrias partes do jardim.

No centro da lagoa, ligado ao leito por um per de madeira viva, havia um coreto lfico, onde se podia ver a jovem elfa de longos cabelos roxo-claro e um vestido verde luxuoso to delicado quanto um vu e to resistente quanto uma armadura (uma verdadeira obra de arte lfica feita na forma de traje aristocrtico). Ela cantava uma bela e serena melodia que, como todos puderam sentir, era cheia de certo melancolismo que se infiltrava em seus coraes.

- Heh! Ela tem dom para canto, no? Antony comentou enquanto passavam pela ponte.

- Glrienn maravilhosa mesmo! Nenhum outro deus capaz de tal obra! disse Simas Lunos observando a gua da lagoa, que mais parecia um espelho liquefeito que refletia apenas as coisas boas no corpo do clrigo e demais pessoas que olhassem para ele.

- Oi, priminhaaaaaaa! Niele gritou, esquecendo dos guardas, correndo para abraar a princesa surpresa.

Adrian, Saga, Antony, Fren, Neil e Simas observavam a princesa, maravilhados com sua beleza. A princesa Tanya era a elfa mais bela dentre a raa lfica. Muitos a desejavam, incluindo esses quatro elfos (Saga nunca ligou para namoro e amor, contanto que haja algum para sacanear, dinheiro para gastar e magia para lanar, sua vida est completa), porem o grupo sabia que o Rei Khinlanas, regente da raa lfica, jamais aceitaria, sendo eles de famlia nobre (Neil, Adrian e Antony) ou no (Simas, Saga e Fren). Mas ainda sim o elfo Fren parecia esquecer o detalhe do pai dela existir, nestes casos.

- Uma imbrells para a mais linda flor desse jardim magnfico! disse Fren entregando a ela uma flor roxa, conhecida pela lenda de unir laos de amores impossveis.

- Muito agradecida, Fren! ela agradeceu com um sorriso.

- Quem diria, hein prima! Arrumando um rangerzinho romntico! riu Niele se sentando na mureta do coreto.

- Ah, Niele! Tanya respondeu envergonhada No sei de onde voc tira essas idias! Sentem-se, gente!

Obedecendo, mais por impulso da ordem do que por vontade prpria, quela avatar nnfica de beleza lfica, se sentaram nos bancos macios do coreto. Entretanto, um olhar mais atento revelava algo por traz de sua beleza estonteante, uma face triste de olhos melanclicos e pessimistas. Como uma elfa pouco vivida.

- Mas... A que devo a essa visita to inesperada!

- No precisamos de motivos para visit-la, princesa, se quer um, VOC o motivo! sorriu Antony lhe entregando uma rosa vermelha, enquanto ela sorria.

- pode at ser! Mas Niele disse que tem algo para dizer-nos quando reunssemos com voc! disse Saga sem muita demora, e cortando bruscamente qualquer sinal de clima romntico ou meloso demais para sua gana.

- Gente, depois que o papai foi pego daquela forma constrangedora, ele nem quer v-los aqui!

- Desencana, priminha! disse Niele indignada Voc precisa se impor mais contra o tio Khinlanas! Seno nunca que vai sair desse palcio! E foi isso que eu planejei!IMGC-Como assim?! Tanya temia a resposta, afinal Niele era uma doida.

- H algumas horas daqui, em Myrvallar, eu encontrei uma masmorra abandonada, parece um templo antigo. E

- Nem pensar, Niele! Outro de seus lugares secretos no! disse Tanya relutante idia e to assustada quanto o resto do grupo (at Saga engasgara com a prpria saliva) Pode haver monstros e o meu pai iria me matar se eu

- Pra prima! No quero ver minha prima m assim! E eu at j fui l e no tem qualquer perigo! Mesmo se tivesse temos um grupo de aventureiros aqui! Um mago experiente, um bardo perito, um ranger que domina as floresta como ningum, um espadachim de tcnicas jamais vista e que ainda pode usar as rosas como se fizesse magia, um clrigo representante de nossa deusa e um paladino que todo mundo teme na escola! Voc quer morrer neste antro de tdio, prima? Niele exaltava a voz cada vez mais de to brava, os demais tinham at medo de ser mordidos se tentassem interromp-la No quer conhecer o mundo? Ver coisas novas? Duvido que conhea metade do seu prprio quarteiro, ou tenha parado por horas para se refrescar nas brisas do Narlaruen! Voc s sai daqui para ir a Escola de Magia e o Templo de Glrienn, para estudar e rezar! isso que realmente deseja? ? Fez-se silencio, at Niele percebeu que havia ido longe demais. Tanya baixou a cabea. Fren pensou que ela fosse chorar ento se dirigiu para seu lado de modo a consol-la.

Tanya voltou seus olhos para Niele com uma face to sria que at amedrontou a elfa. Durante toda a vida Tanya viveu trancafiada dentro do palcio, como uma priso domiciliar, vivendo sob cuidados extremos e um luxo incomparvel. Sua vida se resumia em estudar magia, rezar todos os dias de missa, fingir ser simptico em bailes dados de vez em quando (momento nico que podia conversar com algum fora das muralhas do palcio), treinar mira com arco e flecha ou usar espadas longas (armas tradicionais da raa, mas nunca fora uma guerreira excepcional) e visitar os jardins do palcio, que para ela era como sair do prprio e aterrisar em outro mundo. Tudo que fazia era melanclico, triste, vazio, sem sentido e sem vontade prpria, pois o seu pai, Rei da Cidade-Nao lfica era quem escolhia as vontades dela, tudo para seu bem maior e proteo. Quando ela se portou de jeito a demonstrar algum sinal de certeza plena e prpria sobre o assunto, no havia quem no se surpreender.Voc est certa, Niele! disse Tanya segura, mas ficando receosa em seguida Eu vou! Mas que seja a ltima vez!

- OK! Niele aceitou, mas como Antony viu, cruzando os dedos atrs das costas.

- Por Glrienn! disse Simas Os hobgoblins esto por perto! No sei se seria boa idia!

Ao pronunciar o nome da raa Tanya tremeu com um frio sobrenatural que correu por todo seu corpo.

- claro que no ! disse algum, rispidamente, vindo na direo deles.

Era Klauskinsk, o filho do conselheiro-mor de Khinlanas. Um elfo de cabelos e olhos negros como feito de trevas (sendo que a diferena, arrepiante, era que o preto em seus olhos era o globo ocular, a pupila era braa, como se invertesse). Ele trajava uma roupa luxuosa de cor rubra forte e um cachecol verde-claro nos ombros, e vinha na direo do coreto.

- Voc fumou alguma erva alucingena, Niele? Klaus continuou enquanto entrava no coreto. Ele tinha cara de poucos amigos (bom, no mudou muito para hoje em dia) Sua prima a Princesa de Lenrienn!!! E fora da cidade h monstros e hobgoblins que faro de tudo para colocar as garras nela! Caso voc no saiba, elfa - Sua entonao era seca e desprezvel H uma guerra l fora! Tem uns 400.000 hobgoblins ou mais atacando nossa cidade! E o pior, ESTAMOS PERDENDO!!!! Klaus ento se calou, percebera que falara demais.

Como filho do conselheiro-mor, tinha permisso de mandar nos serviais do rei e ir a certos locais, proibidos para muitos, e certo dia, ouviu sem querer um comentrio do rei para a mulher e o seu pai. Sob misto de frustrao e raiva, o rei pedia conselhos geis a seu pai sobre o que fazer, pois os recentes trs ataques dos hobgoblins conseguiram derrubar todo um bairro de Lenrienn e quando contra atacavam, os Hobgoblins fugiam. De um lado os hobgoblins acreditavam estar perdendo por diminuir assustadoramente o numero de suas fileiras, fugindo, mas s no haviam derrotado os elfos ainda por causa das fronteiras incertas que Lenrienn tinha por ter comunho com a floresta e por que usavam estratgias de batalha sem qualquer sutileza, realizando manobras sempre envolvendo tambores, gritos de guerra e estandartes vistosos, para anunciar aos prprios deuses que o mais poderoso exrcito do mundo estava a caminho! Os elfos revidavam com ataques, mas no havia defesas ou ataque poderoso que funcionassem o suficiente contra as carruagens mecnicas dos goblinoides. Os elfos atacam e os hobgoblins resistem, se resumindo nisso a chamada Infinita Guerra Infinita at que descobrissem um meio de encontrar e passar pelas fronteiras. Khinlanas disse: O que faremos? Perder inconcebvel! Afinal somos perfeitos, nada nos superaria! E sem aquela idia tola de desfazer o Tratado de Lamnor de No-Interveno do Mundo Humano!; O pai de Klaus riu e respondeu: Esse conselho daquele padre dos animais, no meu! Ele entende de esquilos, no de elfos! Glrienn vai nos ajudar! Apenas vamos resistir! Ela impedir que eles entrem!. Klaus se assustou com tudo, pois acreditava que estava tudo perdido, s restava a defender e esperar interveno da Deusa para impedi-los. Mas, felizmente, evitou contar tal episodio aos presentes no coreto.- Ah, fofo, como eu disse temos um grupo aqui!

- Tanya! Klaus chamou-a com raiva ignorando Niele Princesa, voc vai ficar, n?

- Voc vem, n priminha? Niele fez cara de cachorrinho triste.

- Acho melhor desistir da idia, princesa! disse Neil ponderando.

- Eu cuido dos Hobgoblins! disse Fren rindo e mostrando os (poucos) msculos do brao.

- Contanto que no seja um lugar sujo eu vou! disse Adrian.

- Besteira! disse Klaus fixando os olhos na princesa que pedia ajuda e opinies a cada um com seu olhar receoso e triste.

- Heh! Topo uma aventura nova! disse Antony que h muito no saa em aventuras.

- Que Glrienn nos proteja! Simas orou como se j adivinhasse os maus bocados da aventura.

- Espero que tenha uma montanha de ouro l! disse Saga com brilho ganancioso nos olhos.

- No havia pensado por esse lado! comentou Antony.

- Ento? Vamos? Fren indagou rindo Estou com abstinncia em cortar pescoo de hobgoblins!

- Prima? Vamos?

- no! NO! NO!!!! Klaus bradou. Pardais prximos bateram asas piando assustados com o grito A PRINCESA FICA!

- NO! Tanya gritou se levantando, Klaus se calou Eu vou! a ltima vez que saio com Niele assim! Ela prometeu! E voc pra de escolher o que vou ou no fazer!

Klaus parecia inchar em ira enquanto sua pele plida avermelhava-se. Ento se virou e saiu batendo os ps na ponte em direo a sada.

- No hei de ser comparsa nessas tuas insanidades, Niele! Klaus falava decidido sem olh-los e andando firme Vou impedir-lhes! Ou melhor, o Rei Khinlanas vai!

- NO! Tanya gritou fino em desespero.

- Ah, fofo, mas voc vai vir com a gente! disse Niele sorrindo. Klaus parou em um demorado segundo e se virou falando rispidamente:

- Quem ir me obrigar?

Fren fez gestos de esmagar, Saga conjurou uma bola de fogo que pairava levitando sobre a palma de sua mo e Antony desenbainhara o sabre e lhe apontava a lamina afiada, enquanto apreciava o aroma de uma rosa que retirara de um canteiro na mureta do coreto.

- Ns!

- Vocs enlouqueceram! Esto ameaando o filho do Conselheiro Real, sabiam? Que seja, eu irei, mas apenas para verificar a integridade da princesa!

- Heh! Como simptico - Adrian riu dedilhando sua harpa.

Niele comeou a pular de alegria.

- Eeee!!!! Ento ta, Zent! Saga disfara a princesa com uma iluso e ns iremos pela passagem secreta!

Neil e Simas se entreolharam temerosos (as esttuas!!!).

- Devemos ir e voltar rpido ou vo dar falta da princesa! Antony lembrou.

- Certo! Ento vamos logo! disse Klaus de braos cruzados De repente h um guarda prximo que nos ache e expulse vocs daqui antes que cometam essa idiotice!

- Que Glrienn nos proteja! Simas orou juntando as mos e olhando para a Esttua da Deusa que vertia a cascata da lagoa.

- Tomara! Vamos precisar! disse Neil receoso quanto idia de visitar um lugar fora de Lenrienn...

A fuga fora bem sucedida. Conseguiram chegar passagem secreta do banco sem maior problemas, nem apareceu guarda algum. A passagem pelo tnel foi como antes, calmo, silencioso, abafado, asfixiante e medonho (para Simas e Neil que andavam preparados para um ataque das esttuas assassinas). Tanya achava aquilo tudo incrvel. Nunca correra perigo ou fizera algo errado, uma vida regulada e vazia. Mas algo entrava nela naquela viagem, uma chama se acendia nela. O perigo, o medo de ser descoberta, o receio do inesperado e desconhecido futuro da jornada e a excitao de finalmente fazer algo que contrariava as ordens de seu pai (o que poucos ousavam fazer), a estimulava e at fazia ela se sentir feliz, algo que nem lembrava depois de tantos anos de melancolia. Ela poderia at ser capaz de rir. Imagine um canrio em uma gaiola, ela era o pssaro e aquela passagem escura e desconfortvel era a portinha de sada da gaiola.

Enfim chegaram sada (para alegria da princesa e tambm Simas e Neil, que no acreditavam que finalmente acabara o terror). Saga a disfarou rapidamente, mudando as cores do cabelo da princesa, transformando os trajes em roupas simples e modificando a altura e traos da face para no ser reconhecida (Fren ficou triste de ficar sem a beleza da elfa por um tempo). Niele percebia a excitao mgica que se aflorara na princesa com aquela liberdade toda, se segurou para uma lgrima no correr furtiva por sua face.

Essa era a primeira vez que Tanya andava pelas ruas de trilha da cidade de Lenrienn, sem os guardas, sem bajuladores e com todos passando e ignorando a existncia dela por no a conhecer (ela achava estranha a situao: estava feliz por que todos a ignoravam como se fosse insignificante!).IMGSeus olhos brilhavam enquanto caminhavam. As fontes, as esttuas, torres, o prprio Palcio Real ao longe, o povo Tudo parecia diferente quando no eram olhadas com o seu olhar melanclico de princesa controlada. Tudo parecia vivo quando visto fora das muralhas, at quando passavam em ruas tumultuadas, nos bairros de comrcio por exemplo, achava agradvel o abafado e encontres que levava no meio da multido, os berreiros de crianas malcriadas e at os elfos bomios ou jovens que (para piorar o cimes de Fren) assoviavam para ela, j que at hoje a maioria dos caras que a flertaram eram mauricinhos filhinhos de papai que apareciam nos bailes.

- Mininhos gostosinhos, n prima? riu Niele Se quiser ir l beijar um deles a gente espera! Mais que isso vai demorar muito!

Klaus e Fren, ainda que por motivos distintos, no pareceram se agradar com a gentileza da elfa. O ranger, como Antony reparou, se segurava para no pular em cima de um e arrancar as vsceras do coitado.

- Niele!!! Tanya disse completamente desconsertada e apertando o passo.

Niele estava adorando ver a prima naquele sonho realizado. Nascida na aristocracia lfica pelo irmo da Rainha Sheyla, sempre viveu no Palcio Real com a prima. Aos 24 anos (equivale 8 anos) perdeu o pai para os hobgoblins, ficando rf, pois a me contraira uma doena e falecera no jardim Corao de Glrienn, graas a isso se tornara muito intima da drade Lomnen que Guardi principal de todos os jardins da cidade. Apartir de ento o Palcio da famlia fora vendido e passou a viver no Palcio Real com a prima, aonde o prprio Khinlanas cuidou dela a pedido de Sheyla. Ela desde pequena foi uma tresloucada e extravagantemente alegre, saltitando, pregando pea, fazendo piadas e qualquer outra coisa que fizesse cada elfo daquela cidade rir ao menos uma vez na vida. Rumores dizem que esse jeito de querer ver todo