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ATUALIZAÇÃO CONTINUADA Lentes intraoculares multicais Até muito recentemente, quando o paciente candidato à cirurgia de catarata nos manistava vivo interêsse em não usar óculos após o implante de cristalino artificial, tínhamos duas opções para atender sua vontade: provocar o apare- cimento de um astigmatismo cirúrgico em too de - 1 ,50 cil a vor da regra, ou operar os dois olhos, com um determi- nado intervalo, deixando um deles emétrope e o contlatel com a mio- pia próxima de -2,00 esf. Na primeira alternativa, co mo aprendemos com o Conóide de Sturm, criamos uma situação de astigmatismo miópico si mples, onde alguns dos i- xes luminosos provenientes de um ob- jeto situado no infinito, ao passarem por um dos meridianos da cóea, irão rmar imagem sobre a retina, enqu an- to outros somente cairão també m so- bre a mesma, se o objeto estiver próx i- mo, atravessando o meridiano perpen- dicular ao primeiro. Est a solução en- contra um grande in conve nie nte no to de não ser defini tiva a manuten- ção do astigmatis mo criad o proposi- talmente durante a c ectomia, exceto quando ele já exist ia pré-operatória- mente. Na maior ia dos casos, o astigmatismo c irúrgico tende não só a regredir mas até a se inverter (para 90 º ) com o passar do te mpo. Na segunda alternativa, depende- mos do estágio em que se encontra a catarata no outro olho a ser operado, e também, de certa maneira, da profis- são do paciente. Em algu mas situa- ' ' ' Membro Fundador e Ex-Presidente da Sociedade Bra- sileira de Catarata e Implantes de Lentes Intraoculares. Presidente do Centro de Estudos da Oſtalmoclínica Botago, Rio de Janeiro. ARQ. BRAS. OFTAL. 58(3), JH0/1995 Miguel Ângelo Paa 1 11 ções, mesmo uma pequena anisome- tropia como de duas dioptrias, pode não ser bem tolerada por ceos indiví- duos. Do mes mo modo como zemos com as lentes de contato, onde por ve- zes podemos nos valer deste recurso, colocando determinado grau e m um dos olhos para emetropizá- lo, e o outro deixando ligeiramente míope, deve- mos escolher o olho predominante para desutar de boa visão para longe. Exatamente para tentar sanar tais inconvenientes, vários pesquisadores começaram a estudar a possibilidade de devolver a visão para longe e para peo nos pacientes operados de cata- rata, com a i mplantação de um crista- lino artificial multica l. Vários modelos surgiram baseados em princípios reativos e diativos das lentes, permitindo que tanto os i- xes luminosos provenientes de objetos situados ao longe quanto de perto con- vergissem sobre a retina. De acordo com algumas teorias, haveria um certo grau de "visão seletiva cerebral ", ora o cérebro optando pelas imagens que lhe chegam oriundas do infinito, ora "apagando " tais imagens e visuali- zando aquelas provenientes de perto. No momento atual, dois são os mo- delos com os quais mais resultados clínicos têm sido acumulados: as len- tes baseadas em princípios ópticos reativos, idealizadas por Nie lsen e desenvolvidas pela IOLAB, e aquelas resultantes de uma co mbinação de princípios reativos e diativos, de- senvolvidas originalmente pela 3 M, hoje ALCON. As primeiras, denominadas NUVUE, são conccionadas inteiramente em PMMA, com 7 mm de diâmetro, com- binando duas supercies esricas na sua ce anterior, com um disco central de 2 mm, onde o poder dióptrico é maior (em 4 dioptrias) do que o da periria. A parte central seria respon- sável pela visão de perto, enquanto a peririca, pela visão de longe. PHARMACIA OPHTALMICS tam- bém desenvolveu uma lente bica l bastante semelhante a NUVUE, total- mente em PMMA, com três direntes supercies esricas reativas, onde ao redor do disco central ( também com 2 mm de diâmetro) existe um anel de aproximadamente 1,4 mm de largu- ra, este sim responsável pela visão de perto, ficando o disco central e toda a área periférica ao anel respons áveis pela visão de longe (Figura 1 ). O raciocínio para estabelecer este tipo de "design" partiu do to de, na dependência do diâmetro da pupila, a parte peririca poderia ficar encoberta pela íris, acarretando uma visão limita- da aos ixes luminosos que passarem pelo disco central da lente intraocular. Por esta razão, os pesquisadores da PHARMACIA evoluíram para um de- senho que reduzisse as chances de tal "complicação ". l P ur Figura 1 : Lente multifocal com três diferentes su- peícies esféricas refrativas. 209 http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19950069

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ATUALIZAÇÃO CONTINUADA

Lentes intraoculares multifocais

Até muito recentemente, quando o paciente candidato à cirurgia de catarata nos manifestava vivo interêsse em não usar óculos após o implante de cristalino artificial, tínhamos duas opções para atender sua vontade: provocar o apare­cimento de um astigmatismo cirúrgico em torno de - 1 ,50 cil a favor da regra, ou operar os dois olhos, com um determi­nado intervalo , deixando um deles emétrope e o contralateral com uma mio­pia próxima de -2,00 esf.

Na primei ra a lternat iva , como aprendemos com o Conóide de Sturm, criamos uma situação de astigmatismo miópico simples, onde alguns dos fei­xes luminosos provenientes de um ob­jeto situado no infinito, ao passarem por um dos meridianos da córnea, irão formar imagem sobre a retina, enquan­to outros somente cairão também so­bre a mesma, se o objeto esti ver próxi­mo, atravessando o meridiano perpen­dicular ao primeiro . Esta sol ução en­contra um grande inconven iente no fato de não ser defini t i va a manuten­ção do astigmatismo c ri ado proposi­talmente durante a facectomia, exceto quando ele já ex i s t i a pré-operatória­mente . Na m a i o r i a dos casos , o astigmatismo ci rúrgico tende não só a regredir mas até a se inverter (para 90º) com o passar do tempo.

Na segunda alternativa, depende­mos do estágio em que se encontra a catarata no outro olho a ser operado, e também, de certa maneira, da profis­são do paciente. Em algumas situa-

' ' ' Membro Fundador e Ex-Presidente da Sociedade Bra­sileira de Catarata e Implantes de Lentes Intraoculares. Presidente do Centro de Estudos da Oftalmoclínica Botafogo, Rio de Janeiro.

ARQ. BRAS. OFTAL. 58(3), JUNH0/1995

Miguel Ângelo Padilha 111

ções, mesmo uma pequena anisome­tropia como de duas dioptrias, pode não ser bem tolerada por certos indiví­duos. Do mesmo modo como fazemos com as lentes de contato, onde por ve­zes podemos nos valer deste recurso, colocando determinado grau em um dos olhos para emetropizá-lo, e o outro deixando ligeiramente míope, deve­mos escolher o olho predominante para desfrutar de boa visão para longe.

Exatamente para tentar sanar tais inconvenientes, vários pesquisadores começaram a estudar a possibilidade de devolver a visão para longe e para perto nos pacientes operados de cata­rata, com a implantação de um crista­lino artificial multifocal .

Vários modelos surgiram baseados em princípios refrativos e difrativos das lentes, permitindo que tanto os fei­xes luminosos provenientes de objetos situados ao longe quanto de perto con­vergissem sobre a retina. De acordo com algumas teorias, haveria um certo grau de "visão seletiva cerebral", ora o cérebro optando pelas imagens quelhe chegam oriundas do infinito, ora "apagando" tai s imagens e visuali­zando aquelas provenientes de perto .

No momento atual, dois são os mo­delos com os quais mais resultados clínicos têm sido acumulados: as len­tes baseadas em princípios ópticos refrativos, idealizadas por Niel sen e desenvolvidas pela IOLAB, e aquelas resultantes de uma combinação de princípios refrativos e difrativos, de­senvolvidas originalmente pela 3 M, hoje ALCON.

As primeiras, denominadas NUVUE, são confeccionadas inteiramente em

PMMA, com 7 mm de diâmetro, com­binando duas superfícies esféricas na sua face anterior, com um disco central de 2 mm, onde o poder dióptrico é maior (em 4 dioptrias) do que o da periferia. A parte central seria respon­sável pela visão de perto, enquanto a periférica, pela visão de longe.

PHARMACIA OPHTALMICS tam­bém desenvolveu uma lente bifocal bastante semelhante a NUVUE, total­mente em PMMA, com três diferentes superfícies esféricas refrativas, onde ao redor do di sco central (também com 2 mm de diâmetro) existe um anel de aproximadamente 1 ,4 mm de largu­ra, este sim responsável pela visão de perto, ficando o disco central e toda a área periférica ao anel responsáveis pela visão de longe (Figura 1 ) .

O raciocínio para estabelecer este tipo de "design" partiu do fato de, na dependência do diâmetro da pupila, a parte periférica poderia ficar encoberta pela íris, acarretando uma visão limita­da aos feixes luminosos que passarem pelo disco central da lente intraocular. Por esta razão, os pesquisadores da PHARMACIA evoluíram para um de­senho que reduzisse as chances de tal "complicação" .

l

Pharmacla Armular

Figura 1 : Lente multifocal com três diferentes su­perfícies esféricas refrativas.

2 0 9http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19950069

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A 3 M optou pelo modelo que com­bina uma superfície anterior esférica refrativa e superfí c i e s múltip las difrativas em sua face posterior. Nor­malmente estas lentes têm cerca de 30 anéis concêntricos na sua superfície posterior, permitindo que os feixes lu­minosos provenientes tanto de longe quanto de perto caminhem para formar foco sobre a retina, independente do diâmetro pupilar (Figura 2) .

Outro s mode lo s base i am-se em combinações de superfícies anterior esférica e asférica (W right Medical, lnc . , Nordan, IOPTEX) e combinações de superfície esférica anterior refrativa com múltiplas superfí c i e s na face posterior da lente (ALLERGAN ME­DICAL OPTICS) . Esta lente, conhecida como de Array, tem cinco zonas em sua face posterior, que adicionam pro­gressivamente de O a 5 dioptrias ao seu poder original, o que permite ao pa­ciente focalizar obj etos situados desde o infinito até 20 cm, de forma também independente do diâmetro pupilar.

Alguns trabalhos tomaram-se clás­sicos na avaliação crítica do comporta­mento das lentes multifocais, compa­rando sua performance com as das len­tes monofocais, cabendo destacar o de 1. T. Holladay et al . 1 • Naquele estudo, várias características de diversas len­tes, como eficiência de resolução, sen­sibilidade de contraste, função modu­lar, e outros parâmetros , através de testes de laboratórios incluindo-se tes­tes fotográficos, foram minuciosamen­te comparadas umas às outras, e delas com as lentes monofocais . Sumarizando os seus achados clínicos e de laborató­rio, Holladay concluiu pela constata­ção de que a qualidade das imagens obtidas pelas lentes multifocais não se iguala àquelas alcançadas pelas lentes monofocais . Ou seja, há uma perda de contraste de 50% em troca do ganho de profundidade de foco.

Resultados semelhantes também fo­ram apresentados por H. Gimbell et ai . 2 , levando-os no sumário de seu es­tudo a afirmar: "somente encorajamos

2 1 O

Lentes intraoculares multifocais

Figura 2: Modelo de LIO multifocal, combinando princípios refrativos e difrativos (3 M/ALCON).

a indicação dos implantes de len tes multifocais, quando os pacientes co­nhecem as implicações de seu empre­go, e estão dispostos a sacrificar algo da qualidade da visão em troca do conforto de não mais precisarem usar óculos".

Na nossa experiência 3, tivemos a oportunidade de implantar 32 lentes multifocais, sendo 1 5 do modelo da IOLAB e 1 7 do modelo da 3 M/ ALCON, em pacientes com idades va­riando de 59 a 84 anos . Neste grupo observamos que 8 1 % dos casos atingi­ram acuidade visual igual ou melhor que 20/40 (para longe) e J l - J3 (para perto), e 1 9% entre 20/60 a 20/80 e 14 - 1 6 , sem correção . Com l ente s corretoras , tais percentuais se altera­ram para 94% (A V igual ou melhor que 20/40 e J l - 13), e 6% com 20/60 e 14 - 16, resultados estes que justificam plenamente a sua utilização. Os pa­cientes relataram uma grande sensação de liberdade por não precisarem usar óculos para perto, pelo menos na maior parte do tempo. Alguns, entretanto, se queixaram de notar alguma dificuldade ao lerem jornais ou livros quando em ambientes com pouca iluminação, ven­do-se obrigados a procurar iluminação adequada, o que não ocorria com pa­cientes portadores de lentes monofo­cais e com corrreção para perto, quan­do em situações idênticas.

Indicações - no momento em que estamos pensando em indicar o im­plante de uma lente multifocal, temos que estabelecer se o olho a ser operado reúne condições ideais para extrair

todo o proveito em função das caracte­rísticas deste tipo de cristalino : ausên­cia de astigmatismo, meios ópticos oculares absolutamente transparentes, e mais importante que tudo, se não há doença macular. Qualquer anormalida­de na retina, principalmente na mácu­la, contraindicará tal tipo de implante.

As lentes multifocais estão contra­indicadas em pacientes com alto nível de ex igênc ia de qualidade visual , exceto quando dispostos a se verem livres do uso de óculos 4 • Também es­tariam contraindicadas em pacientes monoculares , portadores de ambliopia, ou naqueles casos onde o olho contra­lateral tem alguma ametropia que exija uso de lentes corretoras, ou se já opera­do, ainda necessita correção.

Outro fator a ser considerado quan­do da indicação destas lentes, se relacio­na com o seu elevado custo . Algo em tomo de US$ 250,00. Entretanto, acre­ditamos, tal valor deverá diminuir nos próximos anos, levando-se em conta que estas mesmas lentes já chegaram a custar o dobro, num passado não muito longínqüo.

Técnica cirúrgica - empregamos a facoemulsificação, com incisão escle­ral , do tipo "autoselante" , com a finali­dade de impedirmos o aparecimento de astigmatismo induzido pela cirurgia. A capsulorrexis é extremamente impor­tante, pois a centralização de uma len­te multifocal, principalmente do tipo NUVUE, representa ponto extrema­mente crítico.

Complicações - em diversos levan­tamentos realizados por cirurgiões que acumularam centenas de lente s multifocais j á implantadas, estão rela­cionadas queixas de presença de glare, halos, anéis por parte dos pacientes . Se bem que em percentual bastante pe­queno, tais complicações não chega­ram a comprometer os resultados das cirurgias, mas podem adquirir contor­no mais sério se, previamente à inter­venção, tais pacientes não receberem informações adequadas e suficiente-

ARQ. BRAS. OFT AL. 58(3), JUNH0/1 995

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mente claras, para entendimento e in­terpretação destas manifestações.

Futuro - sem dúvida alguma, o fu­turo nos leva a crer que, superadas as dificuldades iniciais e introduzindo-se aperfeiçoamentos na confecção de tais lentes, elas ocuparão um espaço de destaque na rotina diária dos cirurgiões que se dedicam a elevar a facectomia a um verdadeiro estágio de arte. Um dos avanços mais importantes para justifi­car sua maior aceitação, será poder in­troduzí-la através de uma pequena in­cisão, e para isto um dos fabricantes (ALLERGAN) já a vem comercializan­do como lente dobrável, de silicone. Outro avanço extremamente interes­sante, no sentido de tomá-la uma "len­te ideaf' para corrigir integralmente o vício de refração, será a incorporação de um componente que possibilite a correção do astigmatismo congênito . Neste sentido, a ST AAR já vem desen-

ARQ. BRAS. OFT AL. 58(3), JUNH0/1 995

Lentes intraoculares multifocais

volvendo lentes intraoculares dobrá­veis tóricas. J . Sheppard, com pouco mais de 50 lentes já implantadas, apre­sentou resultados altamente favoráveis com o seu emprego, demonstrando sua boa e stabil idade dentro do saco capsular em um percentual maior do que 90% dos casos ( 12% apresentou rotação dentro do "bag", dos quais apenas 6% foi significante), e que as aberrações visuais decorrente s de eventuais deslocamentos são pratica­mente inexistentes.

No momento, entretanto, alguns problemas continuam desafiando aque­les cirurgiões que estão implantando lentes multifocais : 1) melhorar a sua qualidade óptica, a fim de superar as dificuldades decorrentes do ·nível de iluminação ambiente; 2) diâmetro da pupila versus zona óptica da LIO; 3) efeitos de acidental descentração.

Acreditamos que, ultrapassado este

estágio, tais lentes serão, inexoravel­mente, incorporadas no dia-a-dia dos cirurgiões de catarata.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 . HOLLADAY, J. T. ; VAN DIJK, H. ; LANG, A.; PORTNEY, V.; WILLI S , T . R. ; SUN, R. ; OKSMAN, H. C. - Optical performance of multifocal intraocular lenses. J. Cat. Ref Surg.

16 : 4 1 3-429, July 1 990. 2. GIMBEL, H. V.; SANDERS, D. R.; RAANAN,

M. G. - Visual and refractive results ofmultifocal intraocular lenses. Ophthalmology 98: 8 8 1 -888 , 1 99 1 .

3. PADILHA, M. A. - Lentes multifocais : prós e contras. Simpósio Internacional da Sociedade Brasileira de oftalmologia, Rio de Janeiro. Junho/ 1 992.

4. STEINERT, R. F . ; POST, C. T. ; BRINT, S . F.; FRITCH, C. D . ; HALL, D. L. ; WILDER, L. W.; FINE, 1. H.; LICHTENSTEIN, S. B . ; MASKET, S . ; CASEBEER, C . ; OKSMAN, H. - A prospective, randomized, double-masked compa­rision of a zonal-progressive multifocal intraocular tens and a monofocal intraocular lens . Ophthalmo/ogy 99: 853-86 1 , 1 992.

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