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Leonardo Costa Tavares Coelho Anaplasmose bovina: parâmetros clínicos e de patologia clínica em bezerros infectados experimentalmente Dissertação apresentada à Escola de Veterinária da UFMG como requisito parcial para a obtenção de grau de Mestre em Medicina Veterinária. Área de Concentração: Clínica e Cirurgia Veterinárias Orientador: Antônio Último de Carvalho Belo Horizonte Escola de Veterinária da UFMG 2007 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com

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Leonardo Costa Tavares Coelho

Anaplasmose bovina: parâmetros clínicos e de patologia clínica em bezerrosinfectados experimentalmente

Dissertação apresentada à Escola deVeterinária da UFMG como requisitoparcial para a obtenção de grau deMestre em Medicina Veterinária.Área de Concentração: Clínica e CirurgiaVeterináriasOrientador: Antônio Último de Carvalho

Belo HorizonteEscola de Veterinária da UFMG

2007

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C672a Coelho, Leonardo Costa Tavares, 1978-Anaplasmose bovina: parâmetros clínicos e de patologia clínica em bezerros infectados

experimentalmente / Leonardo Costa Tavares Coelho. – 2007.65 p. : il.

Orientador: Antônio Último de CarvalhoDissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de VeterináriaInclui bibliografia

1. Bovino – Doenças – Teses. 2. Bezerro – Doenças – Teses. 3. Anaplasmose – Teses.I. Carvalho, Antônio Último de. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola deVeterinária. III. Título.

CDD – 636.208 969

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Tese defendida em 09 de março de 2007 e aprovada pela Comissão Examinadoracomposta por:

_______________________________Prof. Antônio Último de Carvalho

(Orientador)

_______________________________Prof. Elias Jorge Facury Filho

_______________________________Prof. Múcio Flávio Barbosa Ribeiro

_______________________________Profª. Adriana de Souza Coutinho

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Dedico aos animais, mais nobreshabitantes deste planeta e razão destetrabalho, e a meus pais Ricardo e Beatrizpelo eterno incentivo.

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“...Viver e a nossa alegriaSeguir é a nossa missãoE tudo se resumeEm estar aqui num diaNoutro dia não...”

Hora do Clarão – Almir Sater

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me mandar pra este mundo e a meus pais por me ensinarem o valor doestudo e do trabalho.

Aos Grão-Mestres, Profs. Elias e Último em primeiro lugar pela amizade, confiança, paciência(inesgotável), pelos inestimáveis ensinamentos sobre os fantásticos ruminantes e seufuncionamento e pelo exemplo de postura ética e profissional.

Aos Professores Paulo Marcos, Marília, Lívio, Monteiro, Valentim, Sandra, Fabiene e Állanpelos exemplos de conduta profissional e por compartilharem suas experiências profissionais edisponibilizarem seus conhecimentos com amor.

Aos Professores Múcio e à Camila pelo apoio, amizade, confiança e por viabilizarem arealização do experimento.

Ao Professor Paulo Ricardo pela amizade e apoio incondicionais e pela disponibilização dosexames laboratoriais.

À Professora Maristela Palhares pela confiança, pelo exemplo de seriedade e sem a qual arealização deste trabalho não seria possível.

Ao Professor Marcos, grande estatístico e futuro violeiro, pela gentileza na orientação dasanálises estatísticas.

Aos funcionários da Escola de Veterinária da UFMG Dário, Adão, Pedro, Aílton, Carlos, Tião,Regina, Joelma, Marcinha, Palhinha, Liu, Nilda, Ana Maria, Maricélia e Fabinho pelo carinho,amizade e apoio eterno em todas atividades.

Aos eternos amigos, sem os quais não seria possível a vida na Terra: Rafa, Márcio, Débora,Fernando, Ângelo, Bel, Marina, Lu, Moisés, Jair, Aníbal, Alemão, Aninha, Nersão, Enxurrada,Juliano, Luciano, Carlos Pelegrino, Fujão, Divino, Pagode, João M., Fontes, Goiás, Matheus,Helen, Déia, Luciana, Mala, Serginho, Marcinho, Neto, Marine, Linguagem, Mary’s, Danilo,Dani, DeBiolas, Paraíba, Chico Estrela, Flávio Costa, Raul Morais, Luiza, Teca, Tonim, LucasCarol, Mamão e aos adoráveis esquecidos.

Aos irmãos do Trio Viola, Mutum e Canjão, pelos impagáveis momentos de alegria, porfazerem as pessoas mais felizes com seu canto e pela grande amizade cultivada.

Aos bezerros que participaram involuntariamente da realização deste trabalho, sem reclamar.

Aos fiéis estagiários que sofreram a cada agulhada e garantiram o bem estar e comodidade dosanimais, com muita boa vontade, disposição e carinho, auxiliando com eficiência a realizaçãodeste trabalho.

À Biobrás Diagnósticos por ceder as fitas de urinálise.

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Sumário

Lista de Anexos........................................................................................................................... 09Lista de Tabelas.......................................................................................................................... 7Lista de Abreviaturas.................................................................................................................. 11Resumo........................................................................................................................................ 12Abstract…………………………………………………………………………………………………... 131. Introdução.......................................................................................................................... 142. Revisão de Literatura..........................................................................................................142.1. Anaplasmose...................................................................................................................... 14

2.2. Parâmetros Hematológicos ....................................................................................172.2.1. Hematócrito (Ht)................................................................................................18

2.2.2. Hemoglobina (Hb) .........................................................................................18Tabela 1 – Relação entre o hematócrito e as proteínas plasmáticas..........................................19

2.2.3. Índices Hematimétricos: Volume Corpuscular Médio (VCM), Concentração deHemoglobina Celular Média (CHCM) e Distribuição Espacial dos Eritrócitos (RDWc)..192.2.4. Alterações morfológicas.................................................................................202.2.5. Anemias.........................................................................................................202.2.5.1. Anemia na Anaplasmose............................................................................212.2.6. Leucograma...................................................................................................22

2.3. Homeostase............................................................................................................222.3.1. Sódio (Na+).......................................................................................................22

2.3.2. Potássio (K+) .................................................................................................232.3.3 Cloro (Cl-) .....................................................................................................24

2.4 Equilíbrio Ácido-Básico .........................................................................................242.4.1. pH .................................................................................................................252.4.2. Bicarbonato (HCO3

-) .....................................................................................252.4.3. Pressão Parcial de Dióxido de Carbono (pCO2) ............................................252.4.4. Dióxido de carbono Total (tCO2) ...................................................................252.4.5. Excesso de Bases (BE) ...................................................................................252.4.6. Diferença Aniônica (Anion Gap - AG)............................................................26

2.5. Parâmetros Bioquímicos ........................................................................................262.5.1. Uréia Nitrogenada (BUN)..............................................................................262.5.2. Glicose ..........................................................................................................262.5.3. Proteínas Totais.............................................................................................26

2.6. Urinálise................................................................................................................262.6.1. Densidade específica (DE).............................................................................272.6.2. pH .................................................................................................................272.6.3. Proteínas .......................................................................................................272.6.4. Glicose ..........................................................................................................272.6.5. Corpos Cetônicos ..........................................................................................272.6.6. Bilirrubina.....................................................................................................272.6.7. Sangue Oculto ...............................................................................................27

3. Material e Métodos............................................................................................................ 283.1. Local e período ......................................................................................................283.2. Animais..................................................................................................................283.3. Experimentos .........................................................................................................28

3.3.1. Experimento I ................................................................................................283.3.2. Experimento II ...............................................................................................29

3.4. Inóculos .................................................................................................................293.4.1. Amostra com apêndice...................................................................................293.4.2. Amostra sem apêndice ...................................................................................29

3.5. Coleta de Dados.....................................................................................................293.5.1. Exames Físicos ..............................................................................................293.5.2. Coleta de Material.........................................................................................30

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3.5.3. Análises Laboratoriais...................................................................................313.6. Análises Estatísticas...............................................................................................31

4. Resultados e Discussão...................................................................................................... 314.1. Experimento I.........................................................................................................31

4.1.1. Hematócrito e Parasitemia ............................................................................314.1.2. Exames Físicos ..............................................................................................34

4.2. Experimento II .......................................................................................................384.2.1. Hematócrito e Parasitemia ............................................................................384.2.2. Exames Físicos ..............................................................................................394.2.3. Equilíbrio Eletrolítico....................................................................................434.2.4. Equilíbrio Ácido-Básico.................................................................................454.2.5. Hemogramas .................................................................................................494.2.6. Parâmetros Bioquímicos................................................................................514.2.7. Urinálise........................................................................................................524.2.8. Achados de necropsia ....................................................................................55

5. Considerações Finais......................................................................................................... 556. Conclusões......................................................................................................................... 577. Referências Bibliográficas................................................................................................. 58

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Lista de AnexosAnexos................................................................................................................................61Anexo 1 – Análise de correlação entre hematócrito, parasitemia e escore de coloraçãomucosas, durante o Experimento I. .....................................................................................61Anexo 2 – Análise de correlação entre hematócrito, temperatura, freqüência respiratória epontuação de exame do sistema respiratório, durante o Experimento I. ..............................61Anexo 3 – Análise de correlação entre hematócrito e os parâmetros fisiológicos, durante oExperimento I. ....................................................................................................................61Anexo 4 – Análise de correlação entre hematócrito, parâmetros fisiológicos e escore dehidratação, durante o Experimento I..................................................................................61Anexo 5 – Análise de correlação entre hematócrito, parâmetros fisiológicos e escore decomportamento, durante o Experimento I............................................................................61Anexo 6 – Análise de correlação entre hematócrito, parâmetros fisiológicos e escores deexames clínicos, durante o Experimento I. ..........................................................................61Anexo 7 – Análise de correlação entre hematócrito, parasitemia e escore de coloração demucosas, durante o Experimento II. ....................................................................................62Anexo 8 – Análise de correlação entre hematócrito, parasitemia e temperatura retal, duranteo Experimento II. ................................................................................................................62Anexo 9 – Análise de correlação entre hematócrito, parasitemia e parâmetros fisiológicos,durante o Experimento II. ...................................................................................................62Anexo 10 – Análise de correlação entre hematócrito, parâmetros fisiológicos e escore deexame clínico do sistema respiratório durante o Experimento II..........................................62Anexo 11 – Análise de correlação entre hematócrito, parâmetros fisiológicos e escore deexame clínico de comportamento, durante o Experimento II................................................62Anexo 12 – Análise de correlação entre hematócrito, parâmetros fisiológicos e escore dehidratação, durante o Experimento II. ................................................................................62Anexo 13 – Análise de correlação entre hematócrito, parâmetros fisiológicos e escore deexame clínico geral, durante o Experimento II. ...................................................................63Anexo 14 – Análise de correlação entre hematócrito, parasitemia e escores de exame clínico,durante o Experimento II. ...................................................................................................63Anexo 15 – Análise de correlação entre hematócrito, parasitemia, T°C, FC e FR, durante oExperimento II....................................................................................................................63Anexo 16 – Análise de correlação entre hematócrito e a concentração sérica dehemoglobina, durante o Experimento II. .............................................................................63Anexo 17 – Análise de correlação entre o hematócrito, e. as concentrações séricas de Na, Cle K, durante o Experimento II .............................................................................................63Anexo 18 – Análise de correlação entre o hematócrito, a pCO2, pCO2, o pH e asconcentrações séricas de HCO3, durante o Experimento II. ................................................63Anexo 19 – Análise de correlação entre o hematócrito, excesso de bases e ânion gap, duranteo Experimento II. ..............................................................................................................644Anexo 20 – Análise de correlação entre o hematócrito, e as concentrações séricas deglicose e uréia, durante o Experimento II................................................................644

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Relação entre o hematócrito e as proteínas plasmáticas......................................... 19

Tabela 2- Escore de Exame Clínico........................................................................................... 30

Tabela 3 – Interpretação da pontuação de escore de exame físico (EEC)................................ 30

Tabela 4 – Cálculo das concentrações séricas de Na+, Cl- e HCO3- a partir do valor do

hematócrito na anaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB (n=5),, com 90 a 110 dias de idade. Belo horizonte, 2006........... 48

Tabela 5 – Valores médios e desvios padrão das concentrações de Na+, Cl-, K+, HCO3- e do

pH, pCO2 e tCO2 na fase de patência da anaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepade A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB, com 90 a 110 dias de idade........................ 65

Tabela 6 – Valores médios e desvios padrão das concentrações de BUN, hemoglobina e glicosee dos valores do hematócrito, BE e AG na fase de patência da anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB, com 90 a 110 diasde idade....................................................................................................................................... 65

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Lista de AbreviaturasNH4 AmôniaAG Diferença AniônicaBE Excesso de BasesBUN Uréia NitrogenadaCHCM Concentração de Hemoglobina Celular MédiaCl- CloroCo CobaltoCO2 Dióxido de CarbonoCu CobreDE Densidade Específica da urinadL DecilitrosEEF comp Escore de Exame Físico do ComportamentoEEF geral Escore de Exame Físico GeralEEF hidr Escore de Exame Físico do Grau de HidrataçãoEEF muc Escore de Exame Físico das MucosasEEF resp Escore de Exame Físico do Sistema RespiratórioFC Freqüência CardíacaFe FerroFR Freqüência Respiratóriag GramaH+ HidrogênioH2CO3 Ácido CarbônicoH2O ÁguaHb HemoglobinaHCO3- Íon Carbonato (Bicarbonato)HPB Holandês Preto e Branco (Raça)Ht% HematócritoK+ PotássioL LitroLEC Líquido ExtracelularLIC Líquido Intracelularmg MiligramamL MililitrosmmHg Milímetros de Mercúriommol MilimolesMSP’s Proteínas Principais de SuperfícieNa+ SódioNH3 UréiaO2 OxigêniopCO2 Pressão Parcial de Dióxido de CarbonoRDWc Distribuição Espacial das Células VermelhasSMF Sistema Monocítico FagocitárioSNC Sistema Nervoso CentraltCO2 Dióxido de Carbono TotalTPB Tristeza Parasitária BovinaTR Temperatura RetalVCM Volume Celular Médio

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Resumo

Foram realizados dois experimentos para avaliar o comportamento clínico e alterações depatologia clínica da anaplasmose induzida experimentalmente por duas cepas diferentes de A.marginale. No Experimento I, seis bezerros HPB, com idade entre 30 e 40 dias, foraminoculados com uma cepa de A. marginale com apêndice. No Experimento II, cinco bezerrosHPB, com idade entre 90 e 110 dias, foram inoculados com uma cepa de A. marginale semapêndice. No Experimento II foram avaliadas as alterações nos parâmetros hematológicos,bioquímicos, perfil eletrolítico e o equilíbrio ácido-básico. No Experimento I, os animaisapresentaram quedas de mais de 50% do hematócrito e sinais clínicos brandos da doença. Operíodo convalescente foi de 30 dias e, após cerca de 70 dias, foi observada uma recidiva dainfecção, com aumento discreto da parasitemia, atingindo em torno de 1%. Neste momento, nãoforam observadas redução do hematócrito nem a manifestação de sinais clínicos. NoExperimento II, os animais apresentaram quedas de mais de 50% do hematócrito e sinaisclínicos intensos da doença, incluindo apatia, redução do apetite, hipertermia, mucosas pálidasou ictéricas, taquipnéia e taquicardia. Durante o período patente da anaplasmose os animaisapresentaram desidratação moderada com diminuição de Na+, Cl- e HCO3

-, acidose metabólicacompensada, hipoglicemia, aumento de uréia nitrogenada sanguínea. A urina apresentou-seácida, com aumento da excreção de bilirrubina e urobilinogênio. As alterações nos parâmetroshematológicos indicaram a ocorrência de uma anemia inicialmente normocítica enormocrômica, evoluindo para macrocítica e normocrômica, além de leucocitose com aumentonas contagens de linfócitos e neutrófilos. Foi observada a existência de uma correlação positivaentre os valores do hematócrito e as concentrações de Na+ (r²=0,7767), Cl- (r²=0,6778) e HCO3

-

(r²=0,7003), permitindo a realização de um cálculo para estipular o déficit destes íons, a partirdo valor do hematócrito. A anemia causada pela anaplasmose é responsável por alterações doequilíbrio eletrolítico e ácido-básico que demandam ativação dos mecanismos de compensação,alterando parâmetros fisiológicos para manutenção da vida do animal. O conhecimento dessasalterações pode permitir a elaboração de tratamentos de suporte mais adequados visandoaumentar o sucesso da terapia da anaplasmose.

Palavras Chave: Anaplasmose; Equilíbrio ácido-básico; Anemia; Doenças de bezerro; TristezaParasitária.

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Abstract

Two studies were done to evaluate the clinical and clinic-pathological findings ofexperimentally induced bovine anaplasmosis, using two different strains of A. marginale. Thefirst used six 30 to 40 days old Holstein calves inoculated with a A. marginale strain with aninclusion appendage and the second one with five 110 to 120 days old calves, inoculated with aA. marginale strain without inclusion appendage. The Experiment II evaluated thehematological and biochemical parameters, electrolytic profile and acid-base balance of infectedanimals. Animals of the Experiment I presented a drop of more than 50% on the package cellvolume (PCV) and mild clinical signs during the patent period of the disease. The convalescentperiod was 30 days long and until 70 days after the peak of anemia animals presented mildcyclic elevations in the ricketsemia, but without clinical signs neither reduction in the PCV,characterizing the carrier stage. The animals of Experiment II presented high drops in PCVvalues (below 50%) and more severe clinical signs, including depression, loss of appetite,hyperthermia, pale or icteric mucous membranes, increase heart and respiratory rates andmoderate dehydratation. Decreased concentrations of Na+, Cl- e HCO3

-, metabolic acidosis,hypoglycemia and an increase in levels of blood urea nitrogen have been observed. Urinesample analysis demonstrated to be acid with higher values of bilirrubin and urobinogen. Thehematological findings were indicative of anemia changing from normocitic, normochromic atthe beginning to macrocitic, normochromic. Leukicytosis was often detected with high values oflymphocytes and neutrophiles. It was noticed the existence of a negative correlation between thePCV values and the Na+, Cl- and HCO3

- concentrations, leading to the development of anequation, by a linear regression analysis, to predict the concentrations of Na+ (r²=0,7767), Cl-

(r²=0,6778) e HCO3- (r²=0,7003), using the PCV values, that could be used for the development

of new treatment strategies. Anaplasmosis anemia is implicated to modify blood electrolyteprofiles and acid-base balance, which requires the activation of mechanisms of protection forbody to compensate the variations of clinical signs, to maintain the life of sick animals.Knowledge of disease and the study of disturbances caused by it allow the development oftreatment strategies pointing to the correction of this alterations to support the success ofanaplasmosis control.

Keywords: Anaplasmosis; acid-base balence; anemia; calves diseases; Tick fever;

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1. Introdução

A anaplasmose é uma doença causada poruma bactéria da ordem das Riquétsias e daespécie Anaplasma spp., cuja principalrepresentante, a A. marginale que,juntamente com a babesiose forma umcomplexo de doenças hemolíticas,denominado Tristeza Parasitária Bovina queé responsável por prejuízos significativosna pecuária mundial. Estima-se que naAmérica Latina as perdas econômicascausadas anualmente pela doença sejam daordem de US$ 800 a 875 milhões (Kocan etal., 2003).

Na maior parte do Brasil, onde a populaçãode vetores está presente durante o anointeiro, os animais são relativamenteresistentes à doença, desenvolvendoimunidade nos primeiros meses de vida,devido à infecção precoce pelo A.marginale, quando ainda estão protegidospelos anticorpos colostrais. Nestas regiões,surtos e altas taxas de mortalidade sãoraros, criando uma condição de estabilidadeenzoótica (Souza et al., 2000). Porém,vários levantamentos epidemiológicosrealizados no Brasil têm observado aocorrência de surtos e casos clínicos deanaplasmose, caracterizando a ocorrênciade áreas epiendêmicas (Ribeiro e Reis,1981b; Araújo et al., 1998).

Os animais acometidos pela forma agudaapresentam febre, anorexia, apatia e anemiasevera. O grau de anemia parece estardiretamente relacionado à mortalidade nadoença, porém os mecanismos que osconectam não estão bem esclarecidos e aelaboração de um prognóstico com basenestas alterações é difícil (Allen e Kuttler,1981).

As alterações decorridas da destruiçãomaciça de hemácias, com a redução dacapacidade de transporte de O2 e CO2levando à hipóxia tecidual, e a liberação deprodutos originados da sua lise provocamalterações no equilíbrio eletrolítico e ácido-básico. A diferença entre a vida e a morteestá na capacidade de regulação do pHsangüíneo dos animais acometidos (Allen eKutler, 1981).

O conhecimento das alterações eletrolíticase ácido-básicas durante a fase de patência,quando ocorrem as manifestações clínicasda doença, é de grande utilidade para aelaboração de um tratamento de suporte epara a determinação do prognóstico,reduzindo significativamente os prejuízoscausados pela doença. Porém, estes examesnormalmente só podem ser efetuados emlaboratórios clínicos e levam alguns diaspara serem realizados.

O objetivo geral foi avaliar as interaçõesentre os parâmetros clínicos e de patologiaclínica e suas conseqüências sobre osanimais acometidos, visando à elaboraçãode futuras estratégias para tratamento econtrole da doença.

Este trabalho teve como objetivosespecíficos:

Descrever a evolução clínica daanaplasmose, induzida experimentalmentepela inoculação de uma cepa, de A.marginale com apêndice em bezerrosHolandês Preto e Branco (HPB), com idadeentre 30 e 40 dias;

Avaliar as alterações nos parâmetrosclínicos e de patologia clínica, durante afase de patência da anaplasmose, induzidapela inoculação de uma cepa de A.marginale sem apêndice, em bezerros HPB,com idade entre 110 e 120 dias;

2. Revisão de Literatura

2.1. Anaplasmose

A doença é causada por uma bactéria intra-eritrocitária obrigatória, da ordemRickettsiales, da família Anaplasmataceae edo gênero Anaplasma, sendo as principaisespécies a Anaplasma marginale (maispatogênica) e Anaplasma centrale (Losos,1986). A transmissão é feita por carrapatos,vetores biológicos (Connell, 1974), e pormoscas e mosquitos hematófagos e materialcirúrgico ou agulhas contaminadas, vetoresmecânicos (Losos, 1986). Também hárelatos da transmissão por via intra-uterinae transplacentária (Ribeiro et al., 1995;Benesi et al., 1999).

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A doença é endêmica nas regiões tropicais esubtropicais, estando intimamenterelacionada com a distribuição geográficado carrapato Boophilus microplus (Losos,1986; Wanduragala e Ristic, 1993). NoBrasil, a inter-relação entre o carrapato e atristeza parasitária bovina gera duassituações epidemiológicas diferentes, quedevem ser consideradas:

A primeira situação é observada nas regiõesonde há uma flutuação periódica napopulação de vetores, que pode ser devidaàs condições climáticas ou pode serprovocada por estratégias inadequadas nocontrole de ectoparasitas. Nestas condições,quando os animais estão por um longoperíodo sem contato com o agente e seinfectam com o Anaplasma marginale,apresentam uma sintomatologia clínicaaguda, com altas taxas de mortalidade.Nestes casos, a situação é denominada deinstabilidade enzoótica (Ribeiro et al.,1984; Oliveira et al., 1992; Nascimento etal., 2006).

A segunda situação ocorre nas áreasendêmicas, onde população de vetores estápresente durante o ano todo. Nestas regiões,os animais apresentam maior resistência àinfecção, pois desenvolvem imunidade nosprimeiros meses de vida, ao sereminfectados pelo Anaplasma quando aindaestão protegidos pelos anticorpos colostrais,e passam a ser portadores. Esta situaçãocaracteriza áreas de estabilidade enzoótica,onde não são esperados surtos, nem altastaxas de mortalidade (Ribeiro e Reis,1981a; Souza et al., 2000).

A evolução da doença pode ser dividida emquatro estágios: período de incubação, fasede desenvolvimento ou de patência, períodoconvalescente e fase de portador (Richey,1993).

O período de incubação varia entre 20 a 40dias. Neste período, as formas infectantesdo A. marginale, denominados corpúsculosiniciais, invadem as células epiteliais e emseguida hemácias, por um processodenominado rofeocitose, formandovacúolos parasitóforos na margem dascélulas. Neste estágio, multiplicam-se por

divisão binária, originando entre quatro aoito corpúsculos de inclusão, que podem serliberados por um processo de rofeocitosereversa ou transmitidos por meio de pontesentre as células, sem provocar orompimento das membranas, iniciando umnovo ciclo (Losos, 1986; Wanduragala eRistic, 1993).

Na fase de patência, o principal sintoma daanaplasmose é a anemia, acompanhada deapatia, anorexia, mucosas pálidas ouictéricas, hipertermia, dispnéia, taquicardia,fadiga, sialorréia, diarréia e poliúria,podendo levar à morte. A doença podeapresentar-se na forma aguda, subaguda oucrônica. Altos níveis de parasitemia sãoobservados durante a fase de patência e,posteriormente, diminuem após odesenvolvimento da imunidade. Ossintomas são mais brandos nos animaisjovens e mais acentuados nos adultos queapresentam maiores índices de mortalidade.(Losos, 1986; Wanduragala e Ristic, 1993;Radostitts et al., 2002). O hematócrito podecair para até 7%, tornando o prognósticodesfavorável. No entanto, com umhematócrito de 11% e com evidências deregressão da anemia, o prognóstico é bom,se o animal for tratado e mantido emrepouso (Jain, 1986). Os principais achadosde necropsia são carcaça e mucosas pálidasou ictéricas, esplenomegalia, fígado friávele vesícula biliar distendida (Richey, 1993;Radostitts et al., 2002).

O período convalescente é de cerca de um adois meses, mas, comumente pode durartrês meses ou mais. Após este período, oanimal se torna portador e baixos níveis deinfecção podem ser observados durantemeses ou anos. Os animais portadorespodem eliminar o parasito do seuorganismo ou manifestar novamente adoença, em caso de queda na imunidade(Wanduragala e Ristic, 1993). A ocorrênciade variações antigênicas, durante os ciclosintracelulares do parasito, resulta eminfecção persistente, caracterizada porciclos seqüenciais de aumento dariquetsemia, com intervalos deaproximadamente cinco semanas, masatingindo níveis de parasitemia mais baixosdo que os alcançados no primeiro pico,sendo rapidamente controlados pelo

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desenvolvimento de uma resposta imuneespecífica. A manutenção da condição deportador depende diretamente domecanismo de fagocitose das célulasparasitadas, durante os episódios deaumento da riquetsemia que caracterizamesta fase da doença (Kieser et al., 1990).

Trabalhos realizados em diversos paísestêm demonstrado a existência de formasmorfologicamente diferentes de A.marginale, uma sem e outra com apêndice,que apresentam grande variedade antigênicanas diferentes regiões geográficas domundo, devido a diferenças biológicas, nacomposição antigênica, na virulência e nacapacidade de gerar proteção contra cepashomólogas ou heterólogas. A diferenciaçãodessas amostras tem sido realizada combase na sua transmissibilidade porcarrapatos (Wickwire et al., 1987),morfologia (Kocan et al., 1984), perfilprotéico pela análise de fragmentos deDNA (Fuente et al., 2003) e reatividade aanticorpos monoclonais (Waghela et al.,2000).

O desenvolvimento de uma imunidadeeficiente e duradoura contra a A. marginale,para auxiliar no controle da infecção e narecuperação total dos animais, depende deuma perfeita interação entre as respostashumoral e celular. Estas, por sua vez,dependem do estímulo antigênico de cadacepa do microorganismo. Os antígenos daA. marginale podem ser classificados emduas categorias: antígenos solúveis ecorpusculares (Losos, 1986).

Os antígenos solúveis são glico oulipoproteínas originadas a partir dometabolismo bacteriano. Estas proteínas sãoencontradas no plasma e no interior dascélulas parasitadas, durante a fase aguda dadoença, atingindo seu pico entre um e doisdias antes do pico de parasitemia. Porém,estes antígenos não promovem odesenvolvimento de imunidade e aparentamestar relacionados à patogenia da anemiaauto-imune (Losos, 1986).

Os antígenos corpusculares são proteínasespecíficas presentes na superfície da A.marginale (proteínas principais desuperfície – PPS’s) que induzem a produção

de imunoglobulinas, principalmente a IgM,durante a fase de início da riquetsemia, eem seguida, a IgG2, durante o período depatência da infecção. Estes anticorposfuncionam como opsoninas, facilitando afagocitose e a destruição dosmicroorganismos pelos macrófagos etambém bloqueiam a invasão de novashemácias, impedindo a aglutinação dascélulas pelos corpúsculos iniciais (Buening,1973; Grafias et al., 2003).

Foram identificados seis tipos de MSP’s(MSP1a, MSP1b, MSP2, MSP3, MSP4 eMSP5) em microorganismos da espécie A.marginale. Essas proteínas podem sersintetizadas a partir de um único gene(MSP1a, MSP4 e MSP5) ou de um grupode genes (MSP1b, MSP2, MSP3). AMSP1a e a MSP1b são adesinas,responsáveis pela adesão domicroorganismo aos eritrócitos e às célulasintestinais e das glândulas salivares doscarrapatos (MSP1a). A MSP1a apresentagrande variação entre os diferentes isolados,podendo ser utilizada para diferenciaçãoentre as amostras. As MSP2 e MSP3parecem estar ligadas à indução de umaresposta protetora contra o A. marginale etambém apresentam variações antigênicasentre os isolados das diferentes regiõesgeográficas. As funções da MSP4 e MSP5ainda são desconhecidas. A MSP5 induz aprodução de anticorpos específicos, quepodem ser detectados por examessorológicos, tendo utilidade diagnóstica(Kocan et al, 2003). A ocorrência devariações antigênicas destas proteínasdurante a fase crônica da anaplasmose é ummecanismo de evasão da resposta imune epode estar associado às flutuações nariquetsemia durante o período de portador,à manutenção da imunidade e aodesenvolvimento de proteção contra cepasheterólogas (Kieser et al., 1990).

A reposta celular é mediada,principalmente, por Linfócitos Tauxiliadores (CD4+), que produzem acitocina interferon-ã (INF- ã). Essa citocinaé responsável pela ativação de macrófagos etambém estimula a produção da IgG2 pelosLinfócitos B (Buening, 1973; Grafias et al.,2003; Koocan et al., 2003).

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Embora os mecanismos da anemia aindanão estejam completamente elucidados, háevidências de que a A. marginale provocaalterações na membrana celular doseritrócitos parasitados. Estas alteraçõesinduzem à produção de anticorpos contraestas células e também contra os eritrócitosnão parasitados, que são retirados dacorrente sanguínea pelas células do SistemaMonocítico Fagocitário (SMF). Giardina etal. (1993) e Meléndez (2005), observaram,em testes in vitro, a fagocitose de eritrócitosparasitados e não parasitados de animaisinoculados com A. marginale e também dehemácias de animais sadios, que nuncativeram contato com o agente, após a adiçãode soro de um animal portador na culturacelular.

O diagnóstico da anaplasmose é realizadoatravés da análise dos sinais clínicos econfirmado pela visualização do parasito nointerior das hemácias do sangue periférico,no exame de esfregaço sangüíneo (Losos,1986; Radostitts et al., 2002; Thrall, 2004).Também podem ser realizadas provassorológicas diretas e indiretas como ostestes de ELISA (Braz et al., 1995), RIFI(Vieira et al, 2002) e de aglutinação em gel(Ameralut e Roby, 1968), para detecção deanticorpos contra o microorganismoindicadas, principalmente, nas fases debaixa parasitemia.

2.2. Parâmetros Hematológicos

A produção dos eritrócitos é regulada pelaeritropoietina, hormônio secretado pelosrins. Se houver suprimento adequado deproteínas, minerais e vitaminas, a medulaóssea pode aumentar seu ritmo de produçãode seis a oito vezes, em 48 a 78 horas, sob oestimulo deste hormônio. No entanto, emcasos de deficiência de algum dessesnutrientes, ocorre redução da eritrogênese(Jain, 1986; Meyer et al., 1995).

A produção das células vermelhas dosangue ocorre principalmente na medulaóssea e, em menor escala, no baço e nofígado. Os eritrócitos são produzidoscontinuamente a partir de células-troncomultipotenciais com capacidade de auto-renovação, que se diferenciam para formaras células precursoras das linhagens

linfóide e mielóide. As células da linhagemmielóide se diferenciam novamente, dandoorigem aos grupos de células especializadasque produzirão os eritrócitos, plaquetas,monócitos, neutrófilos, eosinófilos,basófilos e mastócitos (Williams et al.,1972; Meyer et al., 1995).

As células precursoras dos eritrócitos sãonucleadas e se dividem por mitose, sob oestímulo da eritropoietina, passando por umprocesso de diferenciação, a cada divisão,até originar um novo eritrócito, que éliberado na corrente sangüínea. Elas seorganizam em colônias formadas por umaou duas células-tronco, circundadas pelasdemais células da linhagem eritroblásticaem diferentes estágios de desenvolvimento(Williams et al., 1972; Meyer et al., 1995).

As primeiras células especializadas naprodução das hemácias são osprorrubrícitos, programados exclusivamentepara produção, empacotamento e proteçãodas moléculas de hemoglobina. São célulasgrandes com um núcleo altamente ativo eno citoplasma, repleto de mitocôndrias eribossomos, o complexo de Golgi e oretículo endoplasmático liso e rugosoapresentam sinais de intensa atividade. Ahemoglobina é sintetizada no núcleo e,posteriormente, lançada no citoplasma naforma de grânulos de ferritina ouhemossiderina (Williams et al., 1972;Meyer et al., 1995).

As sucessivas divisões e as alteraçõesmorfológicas dos prorrubrícitos até aformação do eritrócito compreendem umasérie de eventos programados. Inicialmente,nota-se uma intensa atividade metabólicacelular e a produção de hemoglobina, quevão sendo gradualmente reduzidas apóscada divisão e diferenciação em uma novacélula da linhagem eritróide. Osprorrubrícitos dão origem aos rubrícitosbasofílicos e estes originam os rubrícitosnormocrômicos. Os rubrícitosnormocrômicos são as últimas células dalinhagem eritróide que realizam mitose,formando os metarrubrícitos, que, após umperíodo de maturação, saem da matriz ósseapara os capilares da medula óssea por umprocesso de diapedese, perdendo seusnúcleos e originando os reticulócitos. Após

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a perda do núcleo, as atividadesmetabólicas diminuem e as organelasdesaparecem gradualmente. Em cerca de 48horas, o período de maturação dosreticulócitos está terminado e os novoseritrócitos são lançados na circulação(Williams et al., 1972; Meyer et al., 1995).

Os eritrócitos senescentes são destruídoscontinuamente pelos macrófagos do SMF.Após a remoção dos eritrócitos do sangue, ahemoglobina é metabolizada liberando oFé, que é estocado temporariamente, naforma de um composto denominadoferritina, para ser reutilizado. A globina vaipara um reservatório de aminoácidos e abilirrubina é excretada pelo fígado (Meyeret al., 1995).

Os parâmetros avaliados para se determinaras alterações hematológicas e a eritropoiesesão: o hematócrito (Ht - %); a contagem donúmero de células por µL de sangue; aconcentração de hemoglobina (Hb - g/dL);o volume celular médio (VCM) e aconcentração de hemoglobina celular média(CHCM). Outras informações podem serfornecidas pela avaliação das alteraçõesmorfológicas e da contagem de leucócitos ereticulócitos em esfregaço sangüíneo(Meyer et al., 1995; Thrall, 2004).

Os parâmetros hematológicos dos bovinosestão sujeitos à variação devido a diferençasfisiológicas, dependendo da atividademuscular, hora do dia, temperaturaambiente, excitação, balanço hídrico,altitude, nutrição, idade e raça do animal(Meyer et al., 1995).

2.2.1. Hematócrito (Ht)

O hematócrito deve ser a escolha clínicapragmática para uma análise inicial dasituação, pois o número de hemácias e aconcentração de hemoglobina geralmente semantêm paralelas ao valor do hematócrito.O método mais comum para suadeterminação é a centrifugação domicrohematócrito e seu valor reflete ovolume de células vermelhas no sangue,sendo um indicador chave do grau dehidratação ou de anemia e tambémrefletindo a capacidade de transporte de O2.A desidratação é a principal causa de

aumento no valor do hematócrito e asanemias (hemolítica, hemorrágica, pordepressão medular ou por deficiência de Fe)provocam redução do valor deste parâmetro(Jain, 1986; Thrall, 2004). Os valoresnormais de hematócrito variam entre 26 e42% nos bovinos (Meyer et al., 1995).

Uma informação complementar, que podeauxiliar na interpretação do hematócrito,pode ser obtida através da análise darelação entre seu valor com a concentraçãode proteínas plasmáticas, comoexemplificado na Tabela I (Meyer et al.,1995).

2.2.2. Hemoglobina (Hb)

Após a destruição das hemácias nas célulasdo SMF a hemoglobina liberada écatabolizada em uma fração protéica(globina) e na fração heme. A globina seincorpora ao conjunto de proteínasplasmáticas e a fração heme é novamentecatabolizada, até Fé+3, que é retido peloorganismo para ser reutilizado, e em umaporfirina (hemobilirrubina), que é liberadana corrente sangüínea. Ao atingir o fígado,a hemobilirrubina é conjugada formando acoleobilirubina, que é excretada na bile elançada no intestino, onde é convertida pelaflora bacteriana em urobilinogênio. A maiorparte do urobilinogênio é excretada nasfezes e uma pequena parte é reabsorvida enovamente excretada pelo fígado e pelosrins (Allbritton e Seger, 1962).

A determinação da concentração dehemoglobina pode ser afetada em casos delipemia e na presença de corpúsculos deHeinz. A hemólise in vivo ou in vitro podeaumentar os valores da hemoglobina totalde uma amostra e o valor da concentraçãode hemoglobina celular média (CHCM).Normalmente, o valor da hemoglobina é deum terço do hematócrito (Jain, 1986; Thrall,2004). Os valores normais de hemoglobinavariam entre 5 e 8,7 g/dL nos bovinos(Meyer et al., 1995). Nos casos clínicos deanaplasmose, diversos autores relatam umaredução acentuada dos níveis dehemoglobina, abaixo de 3 g/dL,concomitante à redução do hematócrito(Allbritton e Seger, 1962).

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Tabela 1 – Relação entre o hematócrito e as proteínas plasmáticasHematócrito Proteínas Plasmáticas Interpretações

Aumentado

Aumentado

Normal

Diminuído

Desidratação

Contração esplênicaPolicitemia primária ou secundáriaDesidratação com hipoproteinemia

Hipoproteinemia com contração esplênica

Normal

Aumentado

Normal

Diminuído

Anemia mascarada por desidrataçãoAumento de globulinas

Normal

Elevada perda de proteínas (rins ou tratogastrointestinal)Diminuição da produção (distúrbiohepático)

Diminuído

Aumentado

Normal

Diminuído

Anemia associada com desidratação

Elevada destruição de hemáciasDiminuição da produçãoPerda de sangue crônica (deficiência deFe)

Super hidrataçãoPerda de sangue extrema

(Meyer, 1995)

2.2.3. Índices Hematimétricos: VolumeCorpuscular Médio (VCM),Concentração de HemoglobinaCelular Média (CHCM) eDistribuição Espacial dosEritrócitos (RDWc)

O VCM se refere ao tamanho da célula quepode estar normal (normocítica), reduzida(microcítica) ou aumentado (macrocítica).A RDWc é um parâmetro que pode serdeduzido como uma representaçãonumérica, altamente precisa de anisocitoseeritrocitária, refletindo o grau variação notamanho das células. O uso combinado daRDWc e do VCM pode ser útil na

classificação numérica das anemias, umavez que estes valores estão relacionados(Jain, 1986; Meyer et al., 1995; Thrall,2004).

A CHCM é a concentração média de Hbnum dado volume de hemácias. Os valoresnormais são determinados comonormocrômicos e os reduzidos comohipocrômicos. Fisiologicamente, oseritrócitos não são produzidos comconteúdo maior de Hb, portanto este achadodeve ser sempre considerado como artefato(Jain, 1986; Meyer et al., 1995).

O VCM e CHCM são índices eritrocitáriosmais usados clinicamente, mas deve-seressaltar que são sinais grosseiros das

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alterações eritrocitárias e, em caso deanormalidade, é necessária umainvestigação mais apurada (Meyer et al.,1995).

A RDWc é uma reflexão da variaçãovolumétrica dos eritrócitos, bem maissensível que a inspeção visual destaalteração pelo esfregaço sangüíneo. UmaRDWc aumentada indica a presença de umaalteração nas subpopulações de eritrócitosmaiores, menores ou uma combinação. Emcaso de macrocitose, observa-se tambémum aumento no VCM, pois estesparâmetros estão diretamente relacionados,embora a RDWc possa apresentaralterações quando o VCM ainda é normal,uma vez que a RDWc é mais sensível àsvariações volumétricas das hemácias(Meyer et al., 1995).

2.2.4. Alterações morfológicas

Através da leitura de um esfregaçosangüíneo, é possível analisar a morfologiados eritrócitos. As alterações encontradascom maior freqüência são anisocitose(variação no tamanho), poiquilocitose(variação no formato), alterações naspropriedades tintorias (policromasia ehipocromasia) e a presença de inclusões eagentes infecciosos nas hemácias (Meyer etal., 1995; Thrall, 2004). A anisocitoseocorre comumente no sangue bovinonormal, mas pode estar acentuada no casode uma anemia macrocítica regenerativa,quando os reticulócitos são liberados damedula óssea para o sangue, aumentando oVCM ou no caso de uma anemiamicrocítica, secundária a uma deficiênciade Fe+3, com redução do VCM (Jain, 1986;Meyer et al., 1995). Os reticulócitos podemser reconhecidos em esfregaços de sanguepelo seu tamanho maior e pela característicapolicromatofílica com corante deRomanowsky e, se presentes em númerosuficiente, o VCM estará aumentado,indicando macrocitose. A reticulocitosenão é observada no sangue de bovinossaudáveis, mas a ocorrência dareticulocitose durante a anemia é um sinalpositivo da recuperação da doença (Meyeret al., 1995, Thrall, 2004).

2.2.5. Anemias

As anemias podem ocorrer devido à perdaexcessiva de sangue e por destruição ouredução da produção de eritrócitos, sendoclassificadas em hemorrágica, hemolítica epor deficiência de produção. As anemiashemorrágicas podem ocorrer apósprocedimentos cirúrgicos cruentosprolongados, traumatismos, ruptura uterinapós-parto, etc. As principais causas deanemia hemolítica em bovinos sãoanaplasmose, babesiose, leptospirose,intoxicação crônica por Cu ou reação àtransfusão sangüínea. As anemias porredução na produção de eritrócitos ouhemoglobina são causadas por deficiênciasde minerais (Fe, Co, Cu e K), por doençassupurativas crônicas, intoxicação porsamambaia e parasitismo intestinal (Jain,1986; Radostits et al., 2002).

As alterações clínicas observadas durante asanemias estão em parte relacionadas à suaetiologia e patogênese. Nas anemiashemorrágicas agudas, por exemplo, ocorreredução do volume circulante e perda deproteínas plasmáticas. Nas anemiashemolíticas, em que ocorre destruiçãointravascular de eritrócitos, pode ocorrernecrose hemoglobinúrica, levando àdepressão da função renal, podendointerferir na produção de eritropoietina(Radostits et al., 2002; Thrall, 2004).

Os sinais clínicos das anemias nãoaparecem até que as concentraçõessangüíneas de hemoglobina caiam abaixode 50% do normal. Se a redução não forrápida, os animais podem suportar quedasde até 80% dos níveis normais dehemoglobina. Ocorre, paralelamente,redução da contagem de eritrócitos e dohematócrito. Nas anemias hemolíticas ehemorrágicas, observa-se aumento donúmero de reticulócitos no sangue. Naanemia hemorrágica, ocorre redução naconcentração de proteínas totais, o que nãoé observado na anemia hemolítica (Meyeret al., 1995; Radostits et al., 2002).

Independente da causa, a primeira alteraçãofuncional que ocorre nas anemias é a anóxiaanêmica, que promove aumento naatividade eritropoiética estimulada pela

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eritropoietina, que é secretada pelas célulasrenais em resposta à hipóxia tecidual(Williams et al., 1972; Radostits et al.,2002; Thrall, 2004).

Alguns dos sintomas das anemias estãoligados à redução da capacidade detransporte de oxigênio, gerando hipóxiatecidual e ativando mecanismoscompensatórios para bloquear ou atenuar aslesões causadas por esta alteração. Osprincipais mecanismos compensatórios dasanemias, que podem ser observadasclinicamente são: aumento da perfusãotecidual nas regiões vitais, aumento dodébito cardíaco e aumento da funçãopulmonar (Williams et al., 1972).

O principal sinal clínico da anemia é apalidez das mucosas, mas podem ocorrergraus consideráveis de anemia, semalterações clínicas visíveis na suacoloração. Outros sinais clínicosobservados nas anemias são: fraquezamuscular e depressão. Podem ocorreralterações nas bulhas cardíacas, comosopro, aumento da intensidade dosbatimentos cardíacos em processos agudose redução na fase terminal. A dispnéia não éacentuada, sendo mais evidente umadificuldade respiratória causada por umaumento na profundidade da respiração(dispnéia mista), sem grande aumento nafreqüência. Nas fases terminais podeocorrer respiração forçada (dispnéiainspiratória) (Radostits et al., 2002; Thrall,2004; Feitosa, 2004).

2.2.5.1. Anemia na Anaplasmose

Na anaplasmose, observa-se a ocorrência deuma anemia progressiva, devido àdestruição extravascular dos eritrócitos nobaço e na medula óssea. Inicialmente, aanemia é normocítica e mais tarde, evoluipara macrocítica, com hiperplasia demedula óssea, reticulocitose, aumento doVCM (Thrall, 2004) e da fragilidadeosmótica das hemácias (Baker et al, 1960) eleucocitose, devido à linfocitose eneutrofilia. Os eritrócitos parasitados sãoremovidos num período de poucos dias,reduzindo em até 80% o número dehemácias. Como há pouca hemóliseintravascular, normalmente não se observa

hemoglobinemia ou hemogloninúria, maspode ocorrer icterícia em alguns animais(Losos, 1986; Wanduragala e Ristic, 1993).

Com o aparecimento dos corpúsculosinicias no sangue periférico, ocorre reduçãogradual do número de eritrócitos, conteúdode hemoglobina e capacidade deoxigenação. As contagens de eritrócitospodem cair abaixo de dois milhões e aconcentração de hemoglobina, abaixo de3g/dL (Wanduragala e Ristic, 1993). Comoocorre redução das concentrações defosfolipídeos na membrana das hemácias,acredita-se que este fato seja responsávelpela redução da resistência osmótica doseritrócitos, que demonstram maiorfragilidade osmótica e mecânica (Baker etal, 1960), juntamente com anisocitose,poiquilocitose e policromasia. Aleucocitose normalmente é observada comcontagens podendo ultrapassar 20.000céls/mm³ (Wanduragala e Ristic, 1993).

O ponto máximo da anemia, com o valor dohematócrito podendo cair abaixo de 10%,ocorre entre um e três dias após o pico deparasitemia. O número de célulaseliminadas não é proporcional ao númerode células parasitadas, devido à destruiçãoimunomediada de eritrócitos nãoparasitados pelas células do SMF e porimunoglobulinas (Jain, 1986; Losos, 1986;Richey, 1993).

Quatro ou cinco dias após o pico de anemia,pode haver tão poucas células parasitadasque o diagnóstico pelo esfregaço sanguíneotorna-se praticamente impossível, por issoesses exames não devem ser realizadosmuitos dias após o pico de parasitemia e acrise hemolítica (Jain, 1986).

Nos casos fatais, a morte dos animais podeestar diretamente ligada à anemia, mas aelaboração de um prognóstico baseado nograu da anemia é difícil. Baixos níveis depotássio plasmático, atraso na reticulocitosee acidose metabólica não compensada estãoassociados à mortalidade (Allen e Kuttler,1981).

Diversos estudos do quadro hematológicona anaplasmose demonstram a ocorrênciade uma anemia do tipo regenerativa,

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normocítica e normocrômica durante a fasede patência, evoluindo para uma anemiamacrocítica e normocrômica no períodoconvalescente. É comum a observação deanisocitose, policromasia (Thrall, 2004) e apresença de reticulócitos no esfregaçosangüíneo indica um prognóstico favorável(Allen e Kutler, 1981).

2.2.6. Leucograma

A contagem de leucócitos totais nosbovinos pode apresentar pouca variação,mesmo durante inflamações agudas. Porisso, é necessário realizar contagemdiferencial para auxiliar na investigação dedoenças inflamatórias. Os bovinosapresentam menor número de neutrófiloscirculantes e pequena reserva medular deleucócitos. Os linfócitos e eosinófiloscirculantes são mais numerosos do que nasoutras espécies (Coles, 1986; Dirksen et al.,1993; Thrall, 2004).

As alterações leucocitárias podem sercausadas pela liberação de adrenalina,corticesteróides e citocinas. A adrenalinacausa uma leucocitose fisiológica, pelaelevação da pressão sanguínea e aocorrência de contração esplênica,promovendo a liberação de leucócitosmarginais para a corrente circulatória. Aelevação da contagem de leucócitos émoderada, observando-se neutrofilia,linfocitose, eosinopenia e contagensvariáveis de monócitos (Jain, 1986; Meyeret al., 1995).

Fatores intrínsecos, como raça, idade, sexoe estado fisiológico, e fatores extrínsecos,como manejo e estação do ano, podeminfluenciar nos resultados do leucogramaem bovinos, alterando as contagens total ediferencial de leucócitos (Thrall, 2004).

Os valores de referência para o número deleucócitos em bovinos jovens variam de5.000 a 12.000/mm³ (Dirksen et al., 1993).O leucograma na anaplasmose revela umaleucocitose, devido ao aumento delinfócitos e neutrófilos segmentados (Losos,1986; Wanduragala e Ristic, 1993).

2.3. Homeostase

Há um equilíbrio dinâmico entre os fluidoscorporais, principalmente os extracelulares(LEC), pois no espaço intravascular asforças osmótica e hidrostática regulam ofluxo de água. A pressão osmótica e ovolume do LEC são determinados emgrande parte pela concentração do Na+, umavez que água tende a fluir para dentro oupara fora dos compartimentos, em respostaàs alterações deste íon (Meyer et al., 1995).

A água representa 60% do peso corporal deum adulto e entre 70 a 80% dos jovens.Dois terços da água do organismocompõem os fluidos intracelulares (LIC) eum terço os extracelulares (LEC), sendoeste último dividido entre o plasma (25%) eos líquidos intersticiais (75%) (Meyer et al.,1995). Perdas de até 5% raramente induzema manifestação de sinais clínicos. Noentanto, uma desidratação de 15% podeprovocar a morte do animal (Cuningham,1993).

Os principais íons presentes no LIC são oK+ e os PO4

-3 e os principais eletrólitos doLEC são o Na+ e o Cl-, além dos íonsHCO3

-. A osmolaridade varia de 280 a 320mEq/L (Di Bartola, 2000).

2.3.1. Sódio (Na+)

O Na+ é o íon mais abundante no LEC,sendo primariamente responsável pelamanutenção da pressão osmótica e peloequilíbrio ácido-básico, juntamente com oK+ e Cl-. Além disso, o Na+ é essencial parao desenvolvimento do potencial demembrana, que é de fundamentalimportância para várias funções celularesespecializadas, como as contraçõesmusculares, cardíacas e a transmissão deimpulsos nervosos. A manutenção da suaconcentração corporal é controladaunicamente pela ingestão e excreção (DiBartola, 2000).

A distribuição do Na+ no espaçointravascular é bem diferente daquelaprevista pelo potencial de membrana, sendocompensada por um sistema enzimáticocom gasto energético (Bomba Na+/K+-

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ATPase), que retira o Na+ e introduz K+ nointerior das células (Tietz, et al., 1994).

As concentrações de Na+ nos vegetais sãomuito pequenas e não são suficientes paraatender aos requisitos nutricionais dosherbívoros, que necessitam desuplementação na dieta. De maneira geral,os requerimentos dietéticos de Na+ sãocontrolados pelas perdas do mineral peloorganismo. As necessidades de Na+ variamconforme a temperatura ambiente, acapacidade produtiva e o nível de atividadedo animal. Elevados níveis de K+ na dietaaumentam os requisitos de Na+ (Tasker,1971; Cunningham, 1993).

O Na+ é excretado através do suor, nasfezes dos bovinos e eqüinos e,principalmente, pelos rins. Cerca de 90% doNa+ que passa pelos gromérulos éreabsorvido nos túbulos proximais e nasalças de Henle, dependendo da suaconcentração no organismo. A aldosteronae o hormônio anti-diurético (ADH) são osprincipais hormônios controladores dasconcentrações de Na+, mantendoequilibrada a relação entre Na+:K+. Em casode hipernatremia, a secreção de aldosteronaé reduzida, diminuindo a reabsorção deNa+. Nos casos de hiponatremia, ocorreaumento da secreção, promovendo maiorreabsorção renal. O ADH é responsávelpelas mudanças na pressão osmótica doLEC. Em casos de hiponatremia, ocorreinibição da sua secreção, causando aumentoda excreção renal de água econseqüentemente redução do LEC e dovolume sangüíneo circulante, levando àhipotensão e a distúrbios na circulaçãoperiférica (Tietz, et al., 1994; Meyer et al.,1995; Di Bartola, 2000).

Cerca de metade do Na+ orgânico estácontido no LEC, onde exerce seu maiorefeito fisiológico e, do restante, a maiorparte está nos ossos. No LIC, asconcentrações de Na+ são muito reduzidas(Tasker, 1971).

Os níveis séricos normais de Na+ para osbovinos variam entre 132 e 152 mmol/L(Meyer et al., 1995). Durante o períodopatente da anaplasmose, Allen e Kutler(1981) observaram redução das

concentrações sangüíneas de Na+, mas semultrapassar os limites fisiológicos.

2.3.2. Potássio (K+)

O K+ é o maior responsável pelamanutenção da pressão osmóticaintracelular, sendo essencial para inúmerasfunções bioquímicas e fisiológicas doorganismo. A concentração de K+ no LECinfluencia o desenvolvimento dos potenciasde membrana, estando relacionado àstransmissões nervosas e às contraçõesmusculares. O K+ também influencia ometabolismo de carboidratos e o transportede elétrons, uma vez que várias enzimasque compõem estas vias metabólicas sãodependentes de K+ (Tietz, et al., 1994;Meyer et al., 1995; Di Bartola, 2000).

O K+ é o mais abundante íon do LIC deplantas e animais. Por isso, este elementoestá presente em altas concentrações namaioria dos alimentos e a deficiência de K+

é raramente observada nas dietas (Tasker,1971; Tietz, et al., 1994).

Devido à alta ingestão de K+ pelos animais,grandes quantidades deste íon necessitamser excretadas para evitar intoxicação doorganismo. A maior parte é excretada pelaurina. O suor, as secreções do tratodigestivo e as fezes, principalmente dosbovinos e eqüinos, também contribuem paraa sua eliminação (Tasker, 1971).

Normalmente, há pouca necessidade deretenção de K+ no organismo e os rinsatuam principalmente para evitar o acúmulodeste íon em quantidades tóxicas. Em casosde interrupção da ingestão, a reabsorçãorenal de K+ se faz necessária, porém, os rinstêm baixa capacidade de retenção de K+

(Cunningham, 1993; Meyer et al., 1995; DiBartola, 2000).

As concentrações de K+ no LEC sãobaixíssimas e, em condições normais, cercade 90% do K+ do organismo está no LIC,principalmente no tecido muscular (Tasker,1971).Os níveis séricos normais de K+ para osbovinos variam entre 3,8 a 6,0 mmol/L(Meyer et al., 1995). Durante a fase dedesenvolvimento da anaplasmose, Allen e

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Kutler (1981) observaram reduçãosignificativa das concentrações sangüíneasde K+ em casos fatais da doença eassociaram esta redução diretamente àmortalidade dos animais, juntamente comoutros fatores discutidos adiante.

2.3.3 Cloro (Cl-)

O mais abundante ânion do LEC é o Cl-,estando presente apenas em baixasconcentrações no LIC. O Cl- está presentenos alimentos, normalmente associado aoNa+ ou K+. Sua absorção, distribuição eexcreção ocorrem de forma passiva, umavez que este íon normalmente acompanha oNa+, sendo distribuído de acordo com osgradientes elétricos originados pelotransporte ativo do Na+ (Tasker, 1971;Cunningham, 1993; Di Bartola, 2000).

Os níveis séricos normais de Cl- para osbovinos variam entre 97 e 111 mmol/L(Meyer et al., 1995). Durante a fase depatência da anaplasmose, Allen e Kutler(1981) observaram redução dasconcentrações sangüíneas de Cl-, mas nãoultrapassando os limites fisiológicos.

2.4 Equilíbrio Ácido-Básico

Os processos bioquímicos normais do corposão altamente influenciados por enzimasintracelulares. Estas reações enzimáticasocorrem com maior eficiência somenteentre uma pequena faixa de variação do pH.Por isso, a regulação e a manutenção do pHdos fluidos corporais em níveis normais sãode fundamental importância, uma vez que obalanço hidroeletrolítico está altamenterelacionado com o equilíbrio ácido-base eas doenças que alteram um dessesparâmetros influenciam a ocorrência dealterações nos outros (Cunningham, 1993;Meyer et al., 1995; Di Bartola, 2000).

O equilíbrio ácido-básico envolve o balançode CO2, de ácidos diferentes do carbônico ede bases. O pH normal do sangue variaentre 7,31 a 7,41 e sua manutenção éessencial para o pleno funcionamento dosprocessos metabólicos e celulares. Trêssistemas são responsáveis pela manutençãoda homeostase ácido-básica: os tampões

intra e extracelulares e o sistemarespiratório, que são responsáveis porcorreções rápidas das alterações do pH, e osrins, responsáveis por correções de longoprazo e pela excreção dos íons H+ emexcesso (Cunningham, 1993; Di Bartola,2000).

Existem diversos tampões intra eextracelurares, como a hemoglobina eoutras proteínas, o carbonato dos ossos, osfosfatos e o bicarbonato, que agem paratitular o H+ e manter o pH dentro doslimites fisiológicos, neutralizandorapidamente alterações agudas na cargaácida, desde que sua capacidadetamponante não seja excedida(Cunningham, 1993).

A ação dos tampões na regulação do pHpode ser explicada tomando-se comoexemplo o sistema-tampão bicarbonato, noqual os íons de hidrogênio (H+) reagem como bicarbonato (HCO3

-), formando o ácidocarbônico (H2CO3) e, posteriormente, gáscarbônico (CO2) e água (H2O) (Tietz et al.,1994).

H++HCO3- H2CO3

- H2O+CO2

O sistema-tampão bicarbonato é o maisimportante do plasma, sendo sua eficáciadevido à sua alta concentração plasmática eao fato do CO2 poder ser prontamenteeliminado pelos pulmões, além dapossibilidade de retenção de HCO3

- pelosrins. Outro importante sistema-tampão doplasma é o das proteínas, que completa aação do bicarbonato. Os principais tampõesintracelulares são os fosfatos (HPO4

-2) e ahemoglobina (Tietz et al., 1994; Di Bartola,2000).

Os pulmões têm papel importante namanutenção do pH sangüíneo dentro dosníveis normais, principalmente em respostaa alterações rápidas na carga ácida,alterando a taxa de remoção de CO2 dosangue e, conseqüentemente, reduzindo aconcentração de ácido carbônico (H2CO3)(Cunningham, 1993; Tietz et al., 1994).

Os rins compõem a terceira linha de defesaao equilíbrio ácido-base, sendoresponsáveis pela excreção do H+ e retenção

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de HCO3- (Cunningham, 1993; Meyer et

al., 1995).

2.4.1. pH

O pH do sangue venoso varia entre 7,31 e7,41, valores menores que 7,31 indicamacidose e maiores que 7,41, alcalose. Ovalor do pH é igual ao logarítimo negativoda concentração de H+ (Tietz, et al., 1994;Meyer et al., 1995; Di Bartola, 2000). Allene Kutler (1981), observaram reduçãoacentuada do pH do sangue, durante a fasede patência da anaplasmose nos casos fataisda doença e aumento nos casos não-fatais,indicando a compensação da acidosemetabólica.

2.4.2. Bicarbonato (HCO3-)

Os íons bicarbonato são de fundamentalimportância na manutenção do equilíbrioácido-base do organismo. A maioria dobicarbonato é de origem endógena, sendoproduzido a partir da hidratação do CO2 dascélulas, originando o ácido carbônico e,posteriormente, da dissociação deste ácidoem íons bicarbonato e hidrogênio. Suaeliminação é feita pelas secreções do tratodigestivo e pela urina (Cunningham, 1993;Tietz et al., 1994; Di Bartola, 2000).

O HCO3- é o componente metabólico

alcalinizante do equilíbrio ácido-básico eindica a capacidade de tamponamento dosangue. As principais causas de acidosemetabólica primária, quando há redução doHCO3

-, são a cetose, a acidose lática e adiarréia. Já as principais causas de alcalosemetabólica primária são os vômitos(Cunningham, 1993; Tasker Tietz et al.,1994; Meyer et al., 1995).O valor fisiológico de HCO3

- plasmático éde 27 mmol/L nos bovinos (Meyer et al.,1995). Allen e Kutler (1981), observaramredução nas concentrações de HCO3

-

durante o período de patência daanaplasmose.

2.4.3. Pressão Parcial de Dióxido deCarbono (pCO2)

O CO2 é o componente respiratórioacidificante do equilíbrio ácido-básico e,

juntamente com o pH, a pCO2 é utilizadapara avaliação deste equilíbrio, sendo umamedida da tensão ou pressão de CO2dissolvido no sangue, que reflete oequilíbrio entre sua produção pelas célulasdo organismo e sua remoção pelos pulmões.O aumento da pCO2 é chamado de acidoserespiratória primária podendo ocorrer emcasos de obstrução das vias respiratórias,pneumonias e durante anestesia ou sedação.A alcalose respiratória (redução da pCO2)pode ocorrer em casos de hiperventilaçãomecânica ou ser provocada por distúrbiosneurológicos (Tietz, et al., 1994; Meyer etal., 1995; Di Bartola, 2000).

Os níveis fisiológicos da pCO2 variam entre34,7 e 44 mmHg nos bovinos (Tasker,1971). Allen e Kutler (1981), observaramredução na pCO2 durante o período depatência da anaplasmose.

2.4.4. Dióxido de carbono Total(tCO2)

É a soma das concentrações de bicarbonato(maior parte do CO2) e CO2 dissolvido,dando uma indicação grosseira da situaçãoácido-básica. Valores de tCO2 reduzidossão indicativos de acidose e aumentadosindicam alcalose. A influência de fatoresmetabólicos e respiratórios limita o valor deinterpretação da tCO2 (Meyer et al., 1995).

Os níveis fisiológicos de tCO2 variam entre25,6 e 33,4 mmHg nos bovinos (Tasker,1971). Allen e Kutler (1981), observaramredução na tCO2 durante o período depatência da anaplasmose.

2.4.5. Excesso de Bases (BE)

O BE é o valor da diferença entre o total debases tituláveis e o de ácidos tituláveis. Umvalor positivo indica um excesso de base(HCO3

-) ou alcalose e um valor negativo,indica deficiência de base (redução deHCO3

-) ou acidose. É uma medida utilizadapara investigar alterações metabólicas e avantagem da sua utilização na avaliação doestado ácido-básico é que este valorpermanece praticamente constante durante

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alterações agudas da pCO2, refletindoapenas o conteúdo não respiratório dasalterações do pH no fluido extracelular(Tietz, et al., 1994; Meyer et al., 1995).Allen e Kutler (1981), observaram reduçãono BE durante o período de patência daanaplasmose.

2.4.6. Diferença Aniônica (Anion Gap- AG)

É a diferença entre os cátions Na+ e K+ e osânions Cl- e HCO3

-, sendo representada naequação:

AG = (Na+ + K+) – (Cl- + HCO3-)

O tamanho da diferença reflete o intervaloentre os cátions e ânions não mensurados(fosfato, sulfato, lactato, cetonas). O limitenormal é entre 12 a 18 mEq/L e a AG podeser utilizada para classificar o grau deacidose metabólica em “alta” ou “normal”,auxiliando na detecção de um aumento deânions que são difíceis de medir (Tietz, etal., 1994; Meyer et al., 1995; Di Bartola,2000). Allen e Kutler (1981), observaramaumento na AG durante o período patenteda anaplasmose.

2.5. Parâmetros Bioquímicos

2.5.1. Uréia Nitrogenada (BUN)

A uréia é hidrolisada em íons de amônio nareação catalisada pela urease:

NH3+ H2O+2H+ urease 2NH4++CO2

O aumento da uréia nitrogenada no sangueé indicativo de disfunções renais e podeocorrer em casos de hemorragiagastrointestinal e em dietas com excesso deproteínas. Em casos de desnutrição,insuficiência hepática e hiper-hidratação,ocorre redução nos valores séricos de BUN(Tasker, 1971; Cunningham, 1993; Thrall,2004).

Os níveis fisiológicos de BUN variam entre20 a 30 mg/mL nos bovinos (Meyer et al.,1995). Allen e Kutler (1981), observaramaumento nas concentrações séricas de BUN,durante a fase de patência da anaplasmose,mas não o suficiente para indicar aocorrência de lesão gromerular.

2.5.2. Glicose

A glicose é a única fonte de energia para osistema nervoso central (SNC) e é fonte deenergia primária para os outros tecidos.Suas concentrações sanguíneas sãoaltamente influenciadas pela ingestão dealimentos e reguladas pelos hormôniospancreáticos, insulina e glucagon. Os níveisfisiológicos de glicose variam entre 45 a 75mg/mL nos bovinos (Meyer et al., 1995) enão foram encontrados relatos sobre ocomportamento da glicose sangüínea naanaplasmose.

2.5.3. Proteínas Totais

As proteínas plasmáticas são sintetizadasprincipalmente no fígado e a suamensuração pode ser utilizada para avaliar aintegridade hepática e também da funçãorenal, por estar relacionada ao mecanismode filtração glomerular. Tambémrepresenta, indiretamente, a condiçãonutricional do animal (Jain, 1986; Meyer etal., 1995). A hipoproteinemia pode serobservada nas anemias hemorrágicas,diarréia, carência nutricional, parasitismointestinal grave, hepatopatias ou doençarenal grave.

Os valores de referência para proteínasplasmáticas em bovinos variam entre 6,0 a8,5 g/dL (Dirksen et al., 1993). SegundoLosos (1986), após o pico de parasitemia,acompanhando a anemia, ocorre aumentodas proteínas séricas totais devido aoaumento das globulinas.

2.6. Urinálise

Há poucos relatos na literatura sobre asalterações nos exames de urina, provocadaspela anaplasmose. Allbitron e Seger (1962),relataram o aumento da excreção urináriade bilirrubina e urobilinogênio, na fase depatência da anaplasmose. Não foramencontrados outros relatos sobre asalterações nos exames de urina durante adoença.

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2.6.1.Densidade específica (DE)

A densidade específica é a razão entre amassa de uma solução comparada à mesmamassa de água Ela não é uma mensuraçãodireta do número de partículas de umsoluto, como a osmolaridade, mas as duasdeterminações estão relacionadas. O testeda DE é de grande significado clínico, poisreflete a habilidade dos rins em concentrarurina. A perda dessa capacidade é um dosprimeiros sinais de doença tubular renal. ADE do filtrado glomerular pode variar entre1,001 a 1,060, dependendo do grau dehidratação do animal. Normalmente, o valorda DE está entre 1,020 a 1,040 e para queocorra variação além desses limites, énecessária a atuação das células tubularesrenais (Dirksen et al., 1993).

2.6.2. pH

O pH da urina depende da dieta. Osherbívoros apresentam um pH urinárioalcalino. O aumento da acidez da urinapode ser resultado da privação dealimentos, febre, acidose metabólica ourespiratória, esforço muscular prolongadoou da administração de sais ácidos, como ocloreto de amônio. O aumento daalcalinidade pode ser provocado poralcalose metabólica ou respiratória, por umacistite bacteriana ou pela ingestão debicarbonato de sódio (Meyer et al., 1995).

2.6.3. Proteínas

Normalmente, a pequena quantidade deproteínas que atinge o filtrado gromerular éreabsorvida, não sendo normal encontrarresultados positivos para proteína na urina.Numa urina concentrada (DE > 1,050),reações de traço a uma cruz podem serconsideradas normais. Por outro lado, se adensidade estiver baixa, o resultado deveser considerado anormal. A febre, fadigamuscular e o estresse podem causar umaleve proteinúria transitória (Meyer et al.,1995).

2.6.4. Glicose

A avaliação da glicose na urina deve seracompanhada por uma avaliação simultâneada glicose sangüínea. A glicose passa para ofiltrado gromerular e é completamentereabsorvida pelas células tubulares, nãosendo detectada na urina normal. A causamais comum de glicosúria é o excesso deglicose no sangue, superando a capacidadede reabsorção tubular renal. Em ruminantes,o limiar de absorção renal de glicose é de,no máximo, 80mg/mL (Fettman e Rebar,2004).

2.6.5. Corpos Cetônicos

Assim como a glicose, os corpos cetônicossão detectados na urina quando suaconcentração sangüínea excede o limiar deabsorção no filtrado gromerular. Cetose ecetonúria refletem uma produção exageradade corpos cetônicos, que ocorre quando ataxa de mobilização de gordura, dosdepósitos de reserva corporal, excede acapacidade hepática de oxidação ou deconjugação com lipoproteínas. Oaparecimento dos corpos cetônicos na urinaocorre em diversas condições quando adisponibilidade de glicose é limitada(Fettman e Rebar, 2004).

2.6.6. Bilirrubina

A detecção de bilirrubina é um indicadormais específico de lesão hepática do que dafunção renal. A maior parte da bilirrubinaconjugada vem do sangue e o seu aumentoé indicativo de colestase. Contudo, outrosdistúrbios, como as anemias hemolíticas,podem provocar o aumento da formação debilirrubina conjugada pelo fígado e a suaexcreção urinária (Fettman e Rebar, 2004).

2.6.7. Sangue Oculto

Uma reação positiva é indicativa dapresença de hemácias, hemoglobina livre oumioglobina. Deve-se suspeitar demioglobinúria se houver aumentoconcomitante da atividade da creatininacinase (CK) no soro. A hematúria reflete apresença de hemorragia no trato urinário epode ser confirmada verificando-se a

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presença de hemácias em um examemicroscópico dos sedimentos. Ahemoglobinúria sugere a destruiçãointravascular de eritrócitos e geralmente, éacompanhada de sinais clínicos de anemiaou icterícia (Fettman e Rebar, 2004).

3. Material e Métodos

O trabalho foi dividido em doisexperimentos. No primeiro, foi observada aevolução da anaplasmose, induzidaexperimentalmente pela inoculação de umacepa de A. marginale com apêndice. Nosegundo, foram avaliadas as alterações nosparâmetros clínicos e de patologia clínica,durante a fase de patência da anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A.marginale sem apêndice.

3.1. Local e período

Os experimentos foram realizados naEscola de Veterinária da UniversidadeFederal de Minas Gerais, no período de 07de julho a 05 de outubro de 2006. Asanálises laboratoriais foram realizadas noLaboratório de Análises Clínicas destaInstituição.

3.2. Animais

Foram utilizados onze bezerros machos, daraça Holandesa Preta e Branca (HPB),nascidos entre os dias 25 de maio a 04 dejunho em uma propriedade de exploraçãoleiteira situada no município de Inhaúma,Minas Gerais. Para realização destetrabalho, foram utilizados seis bezerros noExperimento I e outros cinco noExperimento II, distribuídos aleatoriamente.

Após o nascimento, todos os bezerrosreceberam dois litros de colostro, de suasrespectivas mães, nas primeiras duas horasapós o nascimento e foram alojados emsistema de casinha, com piso de areia. Osanimais foram alimentados com quatrolitros de leite, 500g de ração por dia e águaà vontade e permaneceram na propriedadeaté o dia 06 de julho de 2006, quando foramtransferidos para as instalações da Escola deVeterinária.

No dia 08 de junho de 2006, foi coletadosangue de todos os animais, por punção daveia jugular, para realização de exames dereação em cadeia de polimerase (PCR)(Lew et al., 2002), confirmando que todoseram negativos para Anaplasma marginale.Também foram realizados exames deimunofluorescência indireta (RIFI),confirmando a presença de anticorposcontra o A. marginale, fornecidos pelocolostro.

No dia 07 de julho, os bezerros foramtransferidos para as instalações do pavilhãoda Clínica de Ruminantes do HospitalVeterinário da Escola de Veterinária daUniversidade Federal de Minas Gerais, umgalpão de alvenaria com 50m decomprimento por 25m de largura.

No galpão, os animais foram criados emsistema “tie-stall”, com camas de serragem.Cada animal dispunha de uma área de 2m²,um cocho com 60x40x20cm e um baldegalvanizado e graduado, para ofornecimento de ração e água,respectivamente.

Todos os animais receberam quatro litros deraspas de leite em pó1 (130g/L de água) atéos 45 dias de idade. Tinham água ealimento (ração e feno) à vontade epassaram por um período de adaptação deuma semana antes do experimento. Osbezerros eram banhados semanalmente comproduto à base de Cipermertrina2 (1mL/20Lde água-mg/mL), para controle decarrapatos e moscas.

3.3. Experimentos

3.3.1. Experimento I

Foram utilizados onze bezerros HPB, comidade variando entre 30 a 40 dias, pesandoentre 36 a 70 kg, selecionadosaleatoriamente. No dia 10 de junho de2006, seis animais foram inoculados comamostra de Anaplasma marginale, comapêndice, caracterizada por Ribeiro et al.(1997), multiplicada em bezerroesplenectomizado e criopreservada em

1 Raspa de leite – Itambé - Brasil2 Fly-tick – Valeé – Brasil

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DMSO, formando o Grupo 1. Os outroscinco animais foram inoculados comsolução salina, formando o Grupo Controle.Foram realizados, diariamente, examesfísicos para avaliação dos sinais clínicos ecoletas de sangue para avaliação dohematócrito e do grau de parasitemia detodos os animais, sendo contados 10campos de 200 células em cada lâmina. Osexames foram realizados entre os dias 07 dejulho a 20 de agosto de 2006. Nesteexperimento, avaliou-se o comportamentoclínico da anaplasmose durante os períodosde patência, convalescência e na fase deportador.

3.3.2. Experimento II

Nesta etapa, foram utilizados os cincobezerros HPB, que compunham o GrupoControle do Experimento I, com idadevariando entre 110 a 120 dias, pesandoentre 83 a 112 kg, e comprovadamentenegativos para o agente. No dia 20 deagosto de 2006, os animais receberam umacepa de Anaplasma marginale semapêndice, obtida a partir de um animalnaturalmente infectado e reproduzida embezerro esplenectomizado, e foramretirados do Experimento I. Além dosexames realizados diariamente noExperimento I, foram avaliados o perfileletrolítico e gasométrico do sangue, ohemograma e as alterações na urina dosanimais do Experimento II. As coletasforam realizadas a partir do início dasmanifestações clínicas ou de um aumentoda parasitemia entre os dias 15 de setembroa 05 de outubro de 2006.

Neste experimento, avaliou-se ocomportamento clínico e dos parâmetrosbioquímicos, o perfil eletrolítico e oequilíbrio ácido-básico da anaplasmose,durante a fase de patência.

3.4. Inóculos

3.4.1. Amostra com apêndice

Os bezerros do Experimento I foraminoculados, por via endovenosa com umacepa de baixa patogenicidade, de A.marginale com apêndice (comunicação

pessoal, Ribeiro, 2006), obtida a partir deum animal naturalmente infectado ecultivada nos Laboratórios doDepartamento de Protozoologia Veterináriado Instituto de Ciências Biológicas daUniversidade Federal de Minas Gerais ecriopreservada em nitrogênio líquido,utilizando dimetilsulfóxido comocrioprotetor. Os animais receberam uminóculo contendo 107 hemácias parasitadasreproduzido em bezerro esplenectomizado.

3.4.2. Amostra sem apêndice

No Experimento II, os animais foraminoculados, por via endovenosa, com 107

hemácias parasitadas por Anaplasmamarginale sem apêndice, obtida a partir deum animal naturalmente infectado ecultivada nos Laboratórios doDepartamento de Protozoologia Veterináriado Instituto de Ciências Biológicas daUniversidade Federal de Minas Gerais,criopreservada em nitrogênio líquido comdimetilsulfóxido como crioprotetor.

3.5. Coleta de Dados

3.5.1. Exames Físicos

Os exames físicos foram realizadosdiariamente, entre as oito e nove horas damanhã, no período de adaptação e após asinoculações durante as fases de patência,convalescência e portador, no ExperimentoI e de patência e convalescência, nosegundo experimento. A temperatura e asfreqüências cardíaca e respiratória foramavaliadas, juntamente com os seguintesparâmetros clínicos qualitativos: coloraçãodas mucosas, tipo e modo respiratórios,presença de secreção nasal e reflexo detosse, tipo de fezes, comportamento, apetitee grau de desidratação. Para avaliaçãodestes parâmetros, foi criado um escorenumérico para facilitar a realização dasanálises estatísticas (Quadro 1). Os valoresobtidos para os parâmetros clínicosdescritos no Quadro 1 foram somados,criando um escore único para a condiçãofísica geral dos animais (EEF geral).Também foram somados os valores inter-relacionados, criando escores paraavaliação do comprometimento do sistema

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respiratório (EEF resp), do grau dehidratação e tipo fezes (EEF hidr),depressão de comportamento e do apetite(EEF comp). O escore de coloração de

mucosas (EEF muc) foi avaliadoindividualmente. A interpretação dapontuação dos exames de cada sistema estádescrita na Tabela 2.

Tabela 2 - Escore de Exame FísicoRespiração 1 = Eupnéia

2 = Dispnéia (Mista, Inspiratória ou Expiratória)Tipo de Respiração 1 = Costo-abdominal

2 = AbdominalMucosas 1 = Normocoradas

2 = Hipocoradas3 = Pálidas4 = Ictéricas

Fezes 1 = Normais – Fezes bem formadas2 = Diarréia Moderada – Fezes Pastosas3 = Diarréia Intensa – Fezes Liquefeitas

Apetite 1 = Bom = Animal alimenta-se freqüentemente, com avidez peloalimento2 = Reduzido = Animal alimenta-se ocasionalmente, com poucointeresse pelo alimento3 = Ausente = Animal não se alimenta ou demonstra interesse peloalimento

Grau de Hidratação 1 = Normal – Olhos e mucosas brilhantes e turgor de pele normal.2 = Moderada – Endoftalmia discreta, focinho seco, mucosa oralpegajosa, redução do turgor de pele.3 = Severa – Endoftalmia evidente, redução acentuada do turgor depele, mucosas ressecadas e extremidades frias

Comportamento 1 = Normal2 = Apático = Bezerro fraco, fica de pé e alimenta-se com menorfreqüência3 = Deprimido = Animal incapaz de se levantar e alimentar-se

Tabela 3 – Interpretação da pontuação de Escore de Exame Físico (EEF)Grau de Comprometimento no Exame Físico

EEF Min/Máx Normal Moderado GraveGeral 7 – 20 7 – 9 11 – 13 15 – 20Comp 2 – 6 2 – 3 3 – 4 4,1 – 6Hidr 2 – 6 2 – 3 3 – 4 4,1 – 6Resp 2 – 4 2 3 4Muc 1 – 4 1 2 3 – 4

3.5.2. Coleta de Material

Nos dois experimentos, após a realizaçãodos exames físicos diários, ainda no períododa manhã, foram realizadas as coletas desangue dos vasos da orelha em tubo capilar,para determinação do volume globular, pelatécnica de microhematócrito, e da ponta dacauda, para confecção de lâminas de

esfregaço sangüíneo, para avaliação daparasitemia (Jain, 1986).

Nos dias 15, 18, 21, 22, 23, 24, 26, 28 e 30de setembro e 02 e 05 de outubro, noperíodo da manhã, foram realizadas ascoletas de sangue e urina para realizaçãodas análises laboratoriais do ExperimentoII. O sangue foi coletado por punção daveia jugular em seringa estéril de 3mL, semanti-coagulante, utilizando agulha

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descartável estéril, de calibre 25x7, paraanálise imediata dos parâmetroshemogasométricos, do perfil eletrolítico edo pH. Também foram realizadas coletas desangue em sistema à vácuo, em tubos comEDTA, para realização de hemograma. Aurina foi coletada em frasco estéril, porestimulação manual através de massagemprepucial.

3.5.3. Análises Laboratoriais

As análises do pH, pCO2, tCO2,bicarbonato, excesso de bases, diferençaaniônica e das concentrações de sódio,potássio, cloro, glicose, uréia ehemoglobina foram realizadas no i-Stat®3

(analisador portátil), imediatamente após acoleta com a utilização de um cartucho, noqual foram instiladas duas gotas de sanguesem anticoagulante para realização dasanálises, apresentando os resultados emcerca de dois minutos.

Os hemogramas foram realizados nomesmo dia da coleta, no contadorautomático de células4 e a contagemdiferencial e leucócitos, foi realizadadiretamente em esfregaço sanguíneo, emmicroscópio óptico5, com objetiva deimersão.

A urina foi analisada por fita de urinálise6 ea densidade foi avaliada com a utilização deum refratômetro, imediatamente após acoleta.

3.6. Análises Estatísticas

Os resultados obtidos nos exames físicosdos Experimentos I e II foram avaliadospela estatística descritiva, obtendo-se asmédias e desvios-padrão de cada parâmetro,para a descrição do seu comportamento.

Como o período de incubação e asmanifestações clínicas da doença variam, deacordo com cada animal, os dados foramajustados de forma que o dia de menor

3 i-STAT Co. - Abbott Laboratories - EUA4 Abacus Jr. Vet ® – Diatron - EUA5 Karl Zeiss ® - Alemanha6 Urofita 10DLU ® – Biobrás Diagnósticos S/A- Brasil

valor de hematócrito, que foi considerado odia zero, coincidisse para todos os animais,permitindo a avaliação das alterações deacordo com grau de anemia.

Os resultados obtidos na avaliação dosparâmetros eletrolíticos, ácido-básicos e depatologia clínica foram comparados com ovalor do hematócrito e com os parâmetrosclínicos relacionados no Quadro I, nosmomentos referentes às coletas de cadaamostra, para verificar a existência decorrelação entre estes valores.

Para avaliar as correlações entre osparâmetros clínicos e o hematócrito, nosdois experimentos, foi utilizado o métodode análise de dados multidimensionais porcomponentes principais (SAMPAIO, 1993).

Este método pode ser utilizado quando háum número restrito de observações ou paraavaliação simultânea de varáveis emrelação às observações, buscando umaassociação entre elas, condições observadasnos experimentos. Neste esquema derepresentação gráfica, observamos aexistência de correlação positiva quando ospontos que representam cada parâmetroocupam o mesmo quadrante do gráfico e,quanto mais próximos os pontos, mais forteé a correlação entre eles. Quando os pontosestão em quadrantes simetricamenteopostos, observa-se a existência decorrelação negativa (SAMPAIO, 1993).

Para a avaliação das correlações entre ovalor do hematócrito e os parâmetros depatologia clínica avaliados no ExperimentoII, foram realizados cálculos de curvas deregressão linear (SAMPAIO, 1993).

As análises estatísticas de regressão ecorrelação foram realizadas plotando-setodos os dados em tabelas utilizando oMicrosoft Excel 2003.

4. Resultados e Discussão

4.1. Experimento I

4.1.1. Hematócrito e Parasitemia

O período de incubação da amostra comapêndice, utilizada no Experimento I foi de

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35 dias. A literatura indica que a duração doperíodo de incubação, que pode variar entre20 a 45 dias, é influenciada pelo tamanhodo inóculo, pela virulência das cepas e pelograu de imunidade contra a doença (Losos,1986; Wandrugala e Ristic, 1993).Considerando que a fase de patência seiniciou com a primeira observação dehemácias parasitadas nos esfregaços eterminou com a estabilização daparasitemia abaixo de 1%, sua duração foide 25 dias (entre os dias -15 a 10). Nessafase observou-se um aumento acentuado nacontagem de hemácias parasitadas,atingindo o seu valor médio máximo (7,3%)dois dias antes do pico de anemia, variandoentre 0,2 e 12%. Após atingir o pico (dia -2), a parasitemia decresceu gradativamenteatingindo valores abaixo de 1% por volta dodia 10. A partir daí, a se manteve em baixosníveis durante vários dias, enquanto aanemia se recuperava gradualmente,caracterizando o período convalescente, quedurou cerca de 25 dias, observado entre osdias 10 e 35, quando os valores dohematócrito retornaram aos limitespróximos dos fisiológicos. Durante todo operíodo convalescente e após aestabilização do hematócrito, observaram-se discretos aumentos na parasitemia epequenas oscilações do hematócrito (dias19, 40, 48, 60 e 73), indicando a ocorrênciade recidivas, sem causar alterações clínicas.A ocorrência de recidivas no curso daanaplasmose é característica da fase deportador (Kieser et al., 1990), emboratambém tenha sido observada durante operíodo convalescente neste experimento.Este comportamento é resultado daocorrência de variações antigênicas nasproteínas principais de superfície (MSPs)do Anaplasma marginale durante o ciclobiológico, que funcionam como ummecanismo de evasão da resposta imune etambém estão associadas aodesenvolvimento de uma imunidade

eficiente e duradoura contra a infecção,garantindo proteção relativa contra adoença e a manutenção da condição deportador (Kieser et al., 1990).

Na fase de patência, o hematócrito mostrouredução acentuada, concomitante aoaumento da parasitemia, atingindo seumenor valor no 43° dia pós-inoculação, quefoi designado como dia zero (0), para asanálises desse trabalho. Neste momento,seu valor médio foi de 13%, variando entre10 e 18%. Cinco animais, dos seisinoculados no Experimento I, apresentaramreduções de mais de 50% do hematócrito,mas se recuperaram naturalmente. A partirdo dia 1, houve um aumento gradual dosvalores do hematócrito demonstrando umarecuperação da anemia. Com a estabilizaçãoda parasitemia em valores baixos, em tornodo dia 10, iniciou-se o períodoconvalescente que se estendeu até o 35° dia,quando os valores do hematócritoretornaram à normalidade.

Sacco et al. (2001), utilizando comoimunógenos cepas de A. centrale emnovilhas da raça Hereford, com 24 meses deidade e sorologicamente negativos para o A.marginale e, Kessler et al. (1998),utilizando cepas atenuadas de A. marginaleem novilhas da raça holandesa, encontraramresultados semelhantes, com o pico deparasitemia variando entre 3,6 e 5,5%,respectivamente, e queda significativa nosvalores de hematócrito, com redução médiade 30%. O comportramento da parasitemia,hematócrito e temperatura na fase depatência da anaplasmose pode serobservado nos Gráficos 1 a 3.

Os animais do Grupo Controle nãoapresentaram parasitemia ou reduçõessignificativas do hematócrito durante oExperimento I.

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Gráfico 1 - Comportamento dos valores médios da parasitemia e do hematócrito na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros da raça holanesa pretae branca (HPB) (n=6), com 30 a 40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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Parasitemia G1 Parasitemia Cont

Gráfico 2 - Comportamento dos valores médios da parasitemia na anaplasmose, induzida pela inoculaçãode uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros da raça holandesa preta e branca (HPB) (n=6),com 30 a 40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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Gráfico 3 - Comportamento dos valores médios do hematócrito na anaplasmose, induzida pela inoculaçãode uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros da raça holanesa preta e branca (HPB) (n=6),com 30 a 40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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4.1.2. Exames Físicos

4.1.2.1. Parâmetros Fisiológicos

Na análise da temperatura retal (TR),durante a fase de patência, observou-se quetodos os animais apresentaram temperaturaretal acima de 39,5°C, pelo menos por doisdias, antes do pico de parasitemia, comopode ser observado nos Gráficos 4 e 5. Atemperatura retal apresentou correlaçãopositiva com a parasitemia indicando quequando ocorre aumento da parasitemiaocorre também aumento na temperatura.

A febre é um estado patológico de aumentona produção e de redução na perda de calor,sendo um processo curativo e defensivoimportante. Geralmente, é acompanhada deretenção de líquidos, distúrbios digestivos eaumento nas freqüências cardíaca erespiratória. Nos animais homeotérmicos, aconstância da temperatura é mantida pelofuncionamento de centros regulatórioslocalizados na região do hipotálamo, quegovernam mecanismos periféricosrelacionados com a perda e produção decalor. A febre é desencadeada por produtosderivados de microorganismos ou dopróprio metabolismo do corpo, como asprostaglandinas, principalmente a PGE, queatuam diretamente nos centroshipotalâmicos de controle da temperatura(Dirksen et al., 1993). A elevação datemperatura retal observada juntamentecom o aumento da parasitemia foi

desencadeada, provavelmente, peloaumento do número de hemáciasparasitadas, potencializando a respostaimune por induzir a liberação demediadores inflamatórios pelas células dosistema imunológico.

A ocorrência de febre e flutuações natemperatura é descrita como um sinalclínico freqüente na anaplasmose,principalmente durante o período deaumento da parasitemia, embora não sejaobservada em todos os casos (Losos, 1986;Richey, 1993).

Na análise da freqüência cardíaca (FC) e dafreqüência respiratória (FR) durante a fasede patência, verificou-se aumento gradualna freqüência cardíaca a partir do dia 1,após o pico de anemia. A freqüênciarespiratória manteve-se acima dos 40MR/min praticamente durante todo operíodo convalescente, como pode serobservado nos Gráficos 6 e 7. O aumentoda freqüência cardíaca e, secundariamente,da freqüência respiratória em resposta aanemia são relatados por diversos autorescomo sinais presentes no quadro clínico dadoença (Wanduragala e Ristic, 1993;Radostits et al., 2002).

Os animais do Grupo Controle nãoapresentaram alterações significativas nasfreqüências cardíaca e respiratória e natemperatura retal durante todo oExperimento I.

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Gráfico 4 - Comportamento dos valores médios da parasitemia e da temperatura retal na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros HPB (n=6) com 30 a40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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Gráfico 5 - Comportamento dos valores médios do hematócrito e da temperatura retal na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros HPB (n=6) com 30 a40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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FC Hem atócrito

Gráfico 6 - Comportamento dos valores médios da freqüência cardíaca e do hematócrito na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros HPB (n=6), com 30 a40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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FR Hematócrito

Gráfico 7 - Comportamento dos valores médios da freqüência respiratória e do hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros HPB(n=6), com 30 a 40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

4.1.2.2. Escore de Exame Físico (EEF)

Os principais sinais clínicos apresentadospelos bezerros com anaplasmose, além dasalterações dos parâmetros vitais descritasanteriormente, foram: apatia, desidratação

leve, redução moderada do apetite emucosas hipocoradas ou pálidas. Asalterações foram mais intensas no dia zero,resultando em maiores valores no escore deexame físico geral (EEF geral).

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Em uma análise geral do comportamentoclínico da doença, a inoculação com a cepacom apêndice provocou o aparecimento desinas clínicos moderados em apenas umanimal, que se recuperou naturalmente, sema utilização de medicamentos. Observou-seapenas uma pequena oscilação nos valoresdos escores do exame físico geral, docomportamento, da coloração das mucosas,de hidratação e das alterações respiratória(Tabela 2).

Dos seis animais inoculados noExperimento I, cinco apresentaram quedasde mais de 50% do valor basal dohematócrito, mas, em apenas um deles,foram observados sinais clínicos: letargia,anorexia, mucosas pálidas, taquicardia,taquipnéia e desidratação. Nos outrosanimais, a única alteração encontrada noexame físico foi a observação de mucosashipocoradas. Provavelmente, este fato foidevido às excelentes condições deinstalação e à restrição à movimentaçãocaracterística do sistema “Tie-stall”. Se osanimais estivessem expostos às condiçõesde campo, possivelmente os efeitos daanemia se agravariam e os sinais clínicosseriam bem mais evidentes, podendoinclusive ocorrer mortes.

Estes achados são semelhantes aosencontrados por Kessler et al. (1998) eSacco et al. (2001), quando poucos dosanimais inoculados apresentaram sinais

clínicos evidentes. Diversos autores alertampara o fato de as manifestações clínicas dadoença só ocorrerem quando a anemia égrave e dependem da virulência de cadacepa (Ajayi et al., 1978; Losos, 1986;Richey, 1993; Wanduragala e Ristic, 1993;Radostits et al., 2002).

Foi observada a existência de correlaçãonegativa entre o valor do hematócrito e aspontuações de exame físico, indicandomaior comprometimento geral com aredução do hematócrito.

A correlação entre o hematócrito e acoloração das mucosas foi negativa, masmuito baixa, demonstrando que a avaliaçãodeste parâmetro não é um bom indicador dograu de anemia. Este fato se deve àsdiferenças na amplitude de variação dosparâmetros analisados. O hematócrito é umexame preciso da porcentagem de célulasvermelhas do sangue, estando sujeito apequena influência de fatores externos, seprocessado corretamente. Já a avaliação dacoloração das mucosas é um parâmetroaltamente subjetivo, que pode variar deacordo com a experiência do examinador.

As alterações que ocorreram nos sinaisclínicos podem ser observadas nos Gráficos8 a 12 e a análise gráfica das correlaçõesentre estes parâmetros, o hematócrito e aparasitemia nos Anexos 1 a 7.

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EEF geral G1 Ht G1

Gráfico 8 – Média do escore geral de exame físico (EEF Geral) e valores de hematócrito na anaplasmoseinduzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros HPB (n=6), com 30 a40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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EEF resp G1 Ht G1

Gráfico 9 – Pontuação média de exame clínico do sistema respiratório (EEC Resp) e valores dehematócrito na anaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, embezerros HPB (n=6), com 30 a 40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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EEF hidr G1 Ht G1

Gráfico 10 – Escore médio de exame clínico do grau de hidratação (EEC Hidr) e valores de hematócritona anaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros HPB(n=6), com 30 a 40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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EEF comp G1 Ht G1

Gráfico 11 – Pontuação média do exame de comportamento (EEC Comp) e valores de hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros HPB(n=6), com 30 a 40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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Gráfico 12 – Escore médio do exame de coloração de mucosas (EEC Muc) e valores de hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale com apêndice, em bezerros HPB(n=6), com 30 a 40 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

4.2. Experimento II

A inoculação com a cepa de A. marginalesem apêndice, em cinco bezerros de 110 a120 dias, provocou o aparecimento desinais clínicos acentuados em três animais emoderados em dois animais. Dos cincoanimais, um morreu no dia 0, durante acoleta de amostras, e foi necropsiado emseguida. Outro animal apresentou umquadro clínico de pneumonia e foidescartado do experimento, a partir domomento do diagnóstico, realizado no dia5. Um terceiro animal recebeu transfusão dequatro litros de sangue no dia 2 e foimantido no experimento. Os outros animaisse recuperaram naturalmente.

4.2.1. Hematócrito e Parasitemia

Os animais foram inoculados no dia 24 deagosto e, a partir do dia 06 de setembro,foram observadas as primeiras hemáciasparasitadas nos esfregaços sangüíneos,caracterizando o período de incubação, queteve duração média de 13 dias. Durante operíodo de patência, que teve duração de 14dias, observou-se um aumento significativona parasitemia, atingindo seu valor máximodois dias antes do pico de anemia. Seguiu-se uma rápida redução do número dehemácias parasitadas, retornando a menosde 1% no dia 4 e permanecendo abaixodeste valor até o final do experimento,caracterizando o início do período

convalescente, que durou cerca de 10 dias.O valor médio do pico de parasitemia foi de11,86% variando entre 7 e 20%. Ohematócrito mostrou redução gradualacompanhando o aumento da parasitemia eatingindo seu menor valor médio (10%) nodia 0 (26° dia após a inoculação), variandoentre 9 e 12%. A partir do dia 1 houve umaumento gradual do hematócrito até o finaldo experimento (dia14) demonstrando umarecuperação da anemia.

Estes achados condizem com os resultadosencontrados por Ajayi et al. (1978) edescritos por diversos autores, com o picode parasitemia podendo ultrapassar os 50%de células parasitadas, ocorrendo entre um eseis dias antes do pico da anemia, quando ovalor do hematócrito pode atingir até 7%(Losos, 1986; Richey, 1993; Wanduragala eRistic, 1993; Radostits et al., 2002).

Os testes realizados demonstraram,novamente, a existência de correlaçãonegativa entre os valores de parasitemia ede hematócrito, concordando com relatos dediversos autores (Ajayi et al., 1978; Losos,1986, Wanduragala e Ristic, 1993). Aanálise gráfica das correlações entre ohematócrito e a parasitemia, podem serobservadas no Anexo 8.

O comportamento destes parâmetrosdurante o Experimento II pode seracompanhado no Gráfico 13.

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Parasitem ia Hematócrito

Gráfico 13 - Comportamento dos valores médios da parasitemia e do hematócrito na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 110 a120 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

4.2.2. Exames Físicos4.2.2.1. Parâmetros Vitais

Na análise dos parâmetros vitais TR, FC eFR, verificou-se aumento da temperaturaretal acima dos níveis fisiológicos nos cincobezerros inoculados com a cepa de A.marginale sem apêndice. Este aumento foiobservado entre os dias -3 e -1, coincidindocom o pico de parasitemia e atingiu seumaior valor no dia -1, com média de 40,84°C, variando entre 40,3 e 41,2 °C. Com aredução do número de hemáciasparasitadas, a temperatura não apresentouvariação acima dos valores fisiológicos. Foiobservado um aumento considerável nafreqüência cardíaca, ultrapassando os 120BC/min entre os dias -3 e 2 e mantendo-seacima dos valores normais para bezerros(acima de 90 BC/min) durante toda a fasede patência da doença. A freqüênciarespiratória elevou-se acima dos níveisfisiológicos (mais de 40 MR/min) entre osdias -5 e 5, coincidindo com o período deevolução e recuperação da anemia.

A febre é descrita como sinal clínico daanaplasmose, principalmente durante operíodo de aumento da parasitemia, emboranão ocorra em todos os casos. O aumentoda FC e da FR em resposta à anemia, sãorelatados por diversos autores como sinaisclínicos freqüentes da doença (Losos, 1986;Richey, 1993; Wanduragala e Ristic, 1993;Radostits et al., 2002).

Os testes realizados no Experimento IIdemonstraram a existência de correlaçãonegativa entre os valores de hematócrito eparasitemia, como descrito por Ajavi et al.(1978) e Losos (1986), e com asfreqüências cardíaca e respiratóriaindicando que, à medida que o hematócritocai, aumenta o número de movimentosrespiratórios e de batimentos cardíacos. Foiobservada a existência de correlaçãopositiva entre a temperatura retal e aparasitemia, como no Experimento I(Anexo 16).

O comportamento da TR, FC e FR duranteo período de patência da anaplasmose noExperimento II estão ilustrados nosGráficos 14 a 17.

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Gráfico 14 - Comportamento dos valores médios da temperatura retal e do hematócrito na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 110 a120 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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Gráfico 15 - Comportamento dos valores médios da parasitemia e da temperatura retal na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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FC Hem atóc rito

Gráfico 16 - Comportamento dos valores médios da freqüência cardíaca e do hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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Hem

atóc

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F R Hem atóc rito

Gráfico 17 - Comportamento dos valores médios da freqüência respiratória e do hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

4.2.2.2. Escore de Exame Físico (EEF)

Os principais sinais clínicos apresentadospelos bezerros com anaplasmose, além dasalterações dos parâmetros vitais descritasanteriormente, foram: apatia e desidrataçãomoderada, redução acentuada do apetite,respiração abdominal, dispnéia e mucosaspálidas ou ictéricas. As alterações forammais intensas no dia 0 resultando emmaiores valores no escore de exame físicogeral (EEF geral).

Na análise dos parâmetros clínicos duranteo período de patência, observou-se grandeaumento nos valores dos escores de examefísico geral, de comportamento, decoloração de mucosas, do grau dehidratação e do sistema respiratório,atingindo faixas de pontuação consideradasgraves (três animais) e moderada (doisanimais) (Tabela 2). Entre os dias -7 a 9,ocorreu um aumento significativo em todosos parâmetros avaliados, atingindo suaspontuações máximas no dia 0, coincidindoexatamente com o pico da anemia, excetono exame do sistema respiratório, o qualatingiu seu valor máximo no dia 2. Entre osdias -1 a 3, período de maior grau deanemia, os animais apresentaram apatia,redução ou ausência de apetite, mucosaspálidas em quatro animais e ictéricas emum, alterações respiratórias, principalmentedispnéia e respiração abdominal além dedesidratação leve a moderada.

O aumento nos valores do EEF Geral foiocasionado pela intensidade dos sinais

clínicos, apresentando elevações em todosos parâmetros. Os animais apresentaramapatia, redução total ou parcial do apetite,dispnéia e respiração abdominal, elevandoos EEF de comportamento e respiratório. Aocorrência de desidratação moderada emgrande parte dos animais, responsável peloaumento no EEF de hidratação, estárelacionada com as alterações decomportamento, com possível redução daingestão de água e com o aumento daexcreção urinária devido à febre. Outrofator que pode ter contribuído para adesidratação, foi a perda de água pelarespiração, uma vez que ocorreu taquipnéia.Estes achados são descritos em diversostrabalhos como sinais clínicos comumenteobservados na anaplasmose e estãodiretamente ligados ao grau de anemiaprovocado pela doença (Ajayi et al. 1978;Losos, 1986; Richey, 1993; Wanduragala eRistic, 1993; Radostits et al. 2002).

Foi demonstrada a existência de correlaçãonegativa entre o valor do hematócrito e aspontuações do exame físico geral, decomportamento, de coloração de mucosas edo grau de hidratação, de forma que, com aqueda do número de hemácias, ocorremparalelamente um aumento proporcional napontuação dos exames clínicos.

As alterações que ocorreram nos escores deexame físico podem ser observadas nosgráficos 18 a 22 e a análise das correlaçõesentre estes escores e o hematócrito podemser observadas nos Anexos 8 a 16.

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%

EEF Geral Hematócrito

Gráfico 18 – Escore médio do exame físico geral (EEF Geral) e valores de hematócrito na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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Hem

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%

EEF Res p Hematócrito

Gráfico 19 – Escore médio do exame do sistema respiratório (EEC Resp) e valores de hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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%

EEF Comp Hematócrito

Gráfico 20 – Escore médio do exame de comportamento (EEF Comp) e valores de hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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%

EEF Hidr Hematócrito

Gráfico 21 – Escore médio do grau desidratação (EEC Hidr) e valores de hematócrito na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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%

EEF Muc Hem atócrito

Gráfico 22 – Escore médio de coloração de mucosas (EEC Muc) e valores de hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

4.2.3. Equilíbrio Eletrolítico

Observou-se uma queda significativa nasconcentrações de Na+ e Cl-, paralela àqueda do hematócrito, embora os valoresmédios não tenham ultrapassado os limitesfisiológicos. Os valores mínimos foramatingidos no dia 0, coincidindo exatamentecom o pico de anemia, indicando aexistência de uma correlação positiva entreestes parâmetros. A concentração média deNa+ no dia 0 foi de 133,6 mmol/L e variouentre 131 a 136, enquanto a de Cl- foi de 98mmol/L, variando entre 95 a 101. Com arecuperação da anemia suas concentraçõesaumentaram gradualmente. Os níveisséricos de K+ apresentaram uma pequenavariação e oscilaram constantementedurante o experimento, ficando um pouco

abaixo dos níveis fisiológicos no dia 2 eentre os dias 4 a 7, apenas em dois animais.

Há poucos relatos na literatura sobre asalterações eletrolíticas e ácido-básicas naanaplasmose. Allen e Kutler (1981),estudando estes parâmetros durante a fasede patência da doença, em bezerrosesplenectomizados, associaram àmortalidade à redução acentuada dos níveisde K+, à não compensação da acidosemetabólica e ao atraso na respostaeritrogênica da medula óssea, que serãodiscutidos posteriormente.

O animal que morreu durante oexperimento, contrariando os resultados deAllen e Kutler (1981), que verificaramredução dos níveis de K+ plasmático noscasos fatais, apresentou aumento dos níveis

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44

séricos deste íon, atingindo sua maiorconcentração, 5,8 mmol/L, no dia da suamorte (dia 1). O aumento dos níveis de K+ éuma resposta fisiológica à acidosemetabólica (Tietz et al., 1994). A saída de

K+ do LIC para o LEC força a entrada doH+ nas células, ajudando a compensar aacidose. As alterações na concentração deNa+, Cl- e K+ podem ser acompanhadas nosgráficos 23 a 25.

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N a H e m a t ó c r it o

Gráfico 23 – Concentração média de Na+ e valores de hematócrito na anaplasmose, induzidapela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo horizonte, 2006.

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T e m p o (D ia s)

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%C l H e m a tó c r it o

Gráfico 24 – Concentração média de Cl- e valores de hematócrito na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5),, com 90 a 110dias de idade. Belo horizonte, 2006.

3 ,2

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T e m p o (D ia s)

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K H e m a tó c ri t o

Gráfico 25 – Concentração média de K+ e valores de hematócrito na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a 110dias de idade. Belo horizonte, 2006.

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As análises de correlação entre ohematócrito e as concentrações de Na+, Cl-

e K+, confirmaram a existência decorrelação positiva entre o hematócrito e osníveis séricos de Na+ e Cl-, permitindo odelineamento de curvas de regressão e,assim, a formulação de duas equações, comrespectivamente 70% e 67% de precisão,para a predição das concentrações desses

íons a partir do valor do hematócrito. Nãofoi encontrada correlação significativa entreo hematócrito e as concentrações de K+.

As curvas de regressão linear e os prováveisvalores de Na+ e Cl-, calculados a partir dovalor do hematócrito, podem ser observadosnos gráficos 26 e 27 e na Tabela 3,respectivamente.

T í tu l o d o g r á f i c o

y = - 0 ,0 0 2 4 x 3 + 0 ,1 3 1 2 x 2 - 1 ,9 0 6 5 x + 1 4 3 ,0 4R 2 = 0 ,7 7 6 7

1 3 31 3 41 3 51 3 61 3 71 3 81 3 91 4 01 4 1

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5

h e m a t o c r it o

Na

Gráfico 26 – Análise de regressão entre hematócrito e as concentrações séricas de Na+ na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo horizonte, 2006.

T ít u l o d o g r á f i c o

y = 0 , 1 8 9 8 x + 9 7 , 0 7 2R 2 = 0 , 6 7 7 8

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0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5

h e m a t o c r i t o

Cl

Gráfico 27 – Análise de regressão entre hematócrito e as concentrações séricas de Cl- na anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo horizonte, 2006.

4.2.4. Equilíbrio Ácido-Básico

Considerando que a faixa de variaçãofisiológica do pH sanguíneo de bovinos estáentre 7,31 e 7,41, verificou-se a ocorrênciade acidose metabólica totalmentecompensada em quatro dos cinco animais.Ocorreu acidose metabólica nãocompensada apenas no bezerro que veio aóbito, atingindo valores mais baixos nos

dias 0 e 1, quando morreu (7,261 e 7,165respectivamente).

Nos outros animais o, pH médio manteve-se elevado, indicando a ocorrência dealcalose entre os dias -4 e -1 variando entre7,43 e 7,51. Após o dia -1 houve umapequena redução do pH sangüíneo queatingiu seu menor valor médio, 7,38 noprimeiro dia após o pico de anemia (dia 1),mantendo-se em torno de 7,40 até o final doexperimento. Estes resultados são

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semelhantes aos encontrados por Allen eKutler (1981), que observaram aumento nopH sangüíneo de bezerros com anemiaprovocada pela inoculação de Anaplasmamarginale, mas que se recuperaram dainfecção. Neste mesmo trabalho

observaram que, somente nos casos fatais opH se tornava ácido, indicando uma nãocompensação da acidose metabólica. Ocomportamento do pH sangüíneo durante aevolução da doença pode ser observado noGráfico 28.

7 , 3

7 , 3 5

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-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8T e m p o (D i a s)

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Gráfico 28 – Valores médios do pH e do hematócrito na anaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias de idade. Belo Horizonte,2006.

A pCO2 apresentou uma redução discreta apartir do dia -2, atingindo seu menor valorde 31,8 mmHg no dia 0 e variou entre 27,6e 34,9 mmHg e aumentando gradualmenteaté o final do experimento. A maior reduçãona pCO2 foi observada no dia 0, no bezerroque morreu. Os outros cinco animaisapresentaram redução deste parâmetro, masdentro do limites fisiológicos. Este

comportamento pode ser explicado peloaumento da freqüência respiratória duranteo período patente. A redução do pHsangüíneo estimula uma hiperventilação,resultando em redução da pCO2, paramanutenção do equilíbrio ácido-básico(Tietz et al. 1994). O comportamento dapCO2 durante a evolução da doença podeser observado no Gráfico 29.

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Gráfico 29 – Valores médios da pCO2 e do hematócrito na anaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias de idade Belo Horizonte,2006.

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A concentração de HCO3-, apresentou uma

redução concomitante à redução dohematócrito, atingindo seu menor valormédio (20,52 mmol/L) no dia 0 e variouentre 12,4 e 24 mmol/L. Após o pico deanemia, ocorreu um aumento gradual daconcentração de HCO3

-, retornando aosníveis fisiológicos no dia 4. O bezerro quemorreu apresentou concentrações muitobaixas de HCO3

- nos dois últimos dias devida (respectivamente, 12,4 e 8,5 mmol/L).

Resultados semelhantes foram encontradospor Allen e Kutler (1981) em bezerrosesplenectomizados com anaplasmoseinduzida. A redução do HCO3

- é esperadaem casos de acidose, pois ele é o principaltampão do meio extracelular (Tietz et al.,1994; Meyer et al., 1995). Ocomportamento do HCO3

- sangüíneodurante a evolução da doença pode serobservado no Gráfico 30.

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Gráfico 30 – Concentração média de HCO3 e valores do hematócrito na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

As análises de regressão entre ohematócrito e as concentrações de HCO3

-

confirmaram a existência de correlaçãopositiva entre estes parâmetros, permitindoo delineamento de uma curva e aformulação de uma equação (Gráfico 31),com 70% de precisão para a predição das

concentrações de HCO3-, a partir do valor

do hematócrito. A curva de regressão lineare os prováveis valores de bicarbonato,calculados a partir do valor do hematócritosão apresentados no Gráfico 31 e na Tabela3, respectivamente.

y = - 0 ,04 84 x 2 + 2 ,35 99 x + 0 ,5 97 5R2 = 0 ,7 00 3

05

10152025303540

0 5 10 15 20 25 3 0 35

h e m a to cri to

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Gráfico 31 – Análise de regressão entre hematócrito e as concentrações séricas de HCO3-, naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade. Belo horizonte, 2006.

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Tabela 3 – Cálculo das concentrações séricas de Na+, Cl- e HCO3- a partir do valor do hematócrito naanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade. Belo horizonte, 2006.

Hematócrito % Na mmol/l Cl mmol/l HCO3 mmol/l25 139 101 2924 139 101 2923 139 101 2922 139 101 2921 138 101 2820 138 100 2819 137 100 2718 137 100 2717 136 100 2616 136 100 2515 135 99 2514 135 99 2413 135 99 2312 134 99 2111 134 99 2010 134 98 199 134 98 178 134 98 167 135 98 14

O maior valor médio da diferença aniônica,de 19,2, foi observado no dia 0 e variouentre 12 e 17. O menor valor médio doexcesso de bases, igual a -4,2, foi observadono dia 0 variando entre -15 e 0. Os maioresvalores da diferença aniônica e os menoresvalores do excesso de bases foramobservados no bezerro que morreu (AG=27,BE=-15). Dos demais, somente um animalapresentou alterações significativas nestesparâmetros (AG=22, BE=-5) e os restantesapresentaram aumento da AG e redução doBE, mas dentro dos limites fisiológicos.Segundo Jain (1986), o aumento dadiferença aniônica acima de 18 e um valornegativo no excesso de bases, sãoindicativos de acidose metabólica e, quantomaior a diferença, maior o grau de acidose.A redução significativa nas concentraçõesde HCO3

- e Cl-, principais ânionsextracelulares, mesmo com a redução dosníveis de Na+, principal cátion do LEC,explica as alterações dos valores de AG eBE. Allen e Kutler (1981) observaram

resultados semelhantes em relação à AG eatribuíram o aumento da diferença aniônicaà produção de grandes quantidades de ácidolático, que pode ser observada nas anemiase é responsável pelo maior consumo dotampão HCO3

-. A produção de ácido láticoé causada pela grave hipóxia tecidual,secundária à anemia grave e provavelmentefoi responsável pelo alto valor de AG noanimal que morreu, caracterizando umaacidose metabólica não compensada, umavez que o pH sangüíneo foi de 7,165, no diade sua morte. Os outros animaisapresentaram uma acidose metabólica pordéficit de bicarbonato, porém, os valoreselevados de pH e baixos de pCO2 indicam aocorrência de uma acidose metabólicatotalmente compensada, mesmo no animalque apresentou valores ultrapassando osníveis fisiológicos (Tietz et al., 1994). Ocomportamento da AG e do BE durante aevolução da doença pode ser observado nosGráficos 32 e 33.

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Gráfico 32 – Valores médios da diferença aniônica e do hematócrito na fase de patência da anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade.

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B E H e m a t ó c r it o

Gráfico 33 – Valores médios do excesso de bases e do hematócrito na fase de patência da anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade.

4.2.5. Hemogramas

A análise dos hemogramas demonstrou aocorrência de uma anemia normocítica enormocrômica, que evoluiu paramacrocítica e normocrômica em todos osanimais acometidos. Foi observada umaqueda acentuada na contagem de hemácias(RBC) e nos níveis séricos de hemoglobina,que atingiram seus menores valores no dia2. Observou-se aumento na RDWc e noVCM, entre os dias 1 e 3, respectivamente,indicando a ocorrência de reticulocitose.Também foi observado aumento na CHCMe na CHM após o pico de queda dohematócrito indicando a recuperação daanemia. As contagens de leucócitosrevelaram a ocorrência de leucocitose

devida principalmente à linfocitose e a umaumento discreto nas contagens desegmentados entre os dias 3 e 7 após o picode anemia. Houve redução gradual nascontagens de plaquetas e a menor contagemfoi observada no dia 0. A partir do dia 1ocorreu uma recuperação rápida no númerode plaquetas.

Os resultados encontrados no quadrohematológico da anaplasmose nestetrabalho são semelhantes aos descritos pordiversos autores (Losos, 1986; Sharma etal., 1986; Wanduragala e Ristic, 1993;Richey 1993; Radostits et al., 2002). Asalterações observadas nos hemogramas dosanimais estão esquematizadas nos gráficos34 a 37.

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Gráfico 34 – Valores médios do RBC, VCM, RDWc e do hematócrito na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

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Gráfico 35 – Valores médios da CHCM, CHM, hemoglobina e do hematócrito na anaplasmose, induzidapela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a 110 diasde idade. Belo Horizonte, 2006.

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Gráfico 36 – Valores médios das contagens de leucócitos e do hematócrito na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

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Gráfico 37 – Contagem de plaquetas e valores do hematócrito na anaplasmose, induzida pela inoculaçãode uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias de idade. BeloHorizonte, 2006.

4.2.6. Parâmetros Bioquímicos

Paralelamente à queda do hematócrito,observou-se um aumento gradual naconcentração de uréia nitrogenada (BUN),atingindo sua concentração máxima, de23,3 mg/mL, no dia 0, variando entre 10 e33 mg/mL. A mensuração dos níveis deglicose revelou queda nas suasconcentrações paralela à redução dohematócrito, atingindo seu menor valor54,67 mg/mL no dia 0, variando entre 18 e76 mg/mL. Após o pico de anemia, asconcentrações séricas de uréia e glicoseretornaram rapidamente aos níveisfisiológicos.

As concentrações de proteínas plasmáticasapresentaram uma redução discreta no dia

-2 e atingiu seu menor valor médio (5 g/dL)no dia 1, contrariando as afirmações de.Losos (1986), que cita a ocorrência deaumento das proteínas séricas totais(principalmente pelo aumento dasglobulinas) seguindo o pico de parasitemiae acompanhando a anemia, o que não foiobservado neste experimento. Este achadopode estar relacionado à ocorrência dedistúrbios hepáticos, que podem ocorrerdurante a anaplasmose (Allbitron e Seger,1962), ou à utilização das proteínas comotampão sangüíneo, reduzindo suasconcentrações séricas (Jain, 1986).

As alterações nas concentraçõesplasmáticas de uréia, glicose e proteínaspodem ser observadas nos gráficos 38 a 40.

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Gráfico 38 – Concentração sérica média de uréia nitrogenada e valores do hematócrito na fase de patênciada anaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade.

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Gráfico 39 - Concentração média de glicose sangüínea e valores do hematócrito na fase de patência daanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade.

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Gráfico 40 - Concentração média de proteínas plasmáticas e valores do hematócrito na fase de patência daanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade.

Há relatos de aumento nas concentraçõesséricas de uréia durante a fase de patênciada anaplasmose. Um aumento acima de150mg/mL é indicativo de insuficiênciarenal, porém os valores obtidos nessetrabalho, mesmo no animal que morreu, nãose aproximaram deste patamar. Allen et al.(1981), relacionaram o aumento nasconcentrações de uréia observado na fase depatência da doença ao metabolismo dahemoglobina, com a liberação decatabólitos da globina pelas células dosistema monocítico fagocitário, verificandoe existência de uma forte correlaçãonegativa entre as contagens de hemácias eas concentrações de uréia, concordandocom os resultados obtidos nesteexperimento. A redução dos níveis deglicose pode ser explicada pela falta desuprimento energético adequado (Dirksen etal. 1993), uma vez que os animaisacometidos apresentaram redução

significativa no apetite durante a fase depatência da doença e as concentrações deglicose nos bovinos variam muito,dependendo da ingestão de alimentos.

4.2.7. UrináliseOs exames de urinálise revelaramalterações na: densidade, pH, bilirrubina eurobilinogênio, observadas em todos osanimais. Não foi constatada a presença dehemácias, hemoglobina, glicose, corposcetônicos, nitritos e leucócitos.

Observou-se uma variação constante dadensidade da urina, que permaneceu entreos limites fisiológicos durante todo operíodo do experimento, exceto no dia -2,quando houve uma pequena redução do seuvalor. O pH apresentou uma redução apartir do dia -3, mantendo-se abaixo dosníveis fisiológicos a partir do dia 0,atingindo seu menor valor no dia 3 e

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permanecendo ácido até o final doexperimento. Foi observado aumento naexcreção de bilirrubina, urobilinogênio eproteínas. Os picos de concentração debilirrubina e urobilinogênio foram

observados no dia 2, e o de proteínas no dia4. As alterações observadas nos exames deurina podem ser observadas nos Gráficos 41a 45.

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Gráfico 41 – Valores médios da densidade da urina e do hematócrito na fase de patência da anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade.

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Gráfico 42 – Valores médios do pH urinário e do hematócrito na fase de patência da anaplasmose,induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade.

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Gráfico 43 - Concentração média de proteínas na urina e valores do hematócrito na fase de patência daanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade.

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Gráfico 44 - Concentração urinária média de bilirrubina e valores do hematócrito na fase de patência daanaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade.

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Gráfico 45 - Concentração urinária média de urobilinogênio e valores do hematócrito na fase de patênciada anaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB(n=5), com 90 a 110 dias de idade.

Segundo Meyer et al. (1995) a excreção dosíons H+ na urina faz parte da função renalna regulação do equilíbrio ácido-básico e éuma resposta fisiológica à acidosemetabólica.

Meyer et al. (1995) também descrevem aocorrência de leve proteinúria transitóriaapós fadiga muscular, estresse e febre.

Allbritton e Seger (1962) relatam oaumento nas concentrações séricas e naexcreção urinária de bilirrubina eurobilinogênio, durante a fase de patênciada anaplasmose, com o pico deconcentração destes pigmentos na urina,ocorrendo dois dias após o pico de anemia.Após a destruição das hemácias dentro dascélulas do SMF a hemoglobina é

catabolizada, originando a hemobilirrubinaque é liberada na corrente sangüínea. Aoatingir o fígado a hemobilirrubina éconjugada formando a coleobilirubina, queé excretada na bile e lançada no intestino,onde é convertida em urobilinogênio. Amaior parte do urobilinogênio é excretadanas fezes e uma pequena parte éreabsorvida e novamente excretada pelofígado e pelos rins (Allbritton e Seger,1962). A excreção de bilirrubina eurobilinogênio na urina, está diretamenterelacionada ao aumento das concentraçõesséricas destes pigmentos (Meyer et al.,1995).

A redução discreta da densidade da urinapode ser causada pela poliúria (Meyer etal., 1995) que é relatada como um sinal

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clínico da doença, embora não tenha sidoavaliado o volume urinário (Losos, 1986;Ristic, 1993). A excreção de íons dehidrogênio na urina é fundamental pararegulação do pH sangüíneo (Meyer et al.,1995) e explica a redução do pH urinárioobservada durante a fase de patência daanaplasmose, quando os animaisapresentaram uma acidose metabólica.Também houve um aumento na excreçãourinária de proteínas, em todos os animais apartir do dia 0, este aumento pode serindicativo de uma lesão renal, uma vez quefoi observado aumento discreto nasconcentrações séricas de BUN (Meyer etal., 1995). Foram observados aumentos naexcreção de bilirrubina e urobilinogênioindicando aumento nos níveis séricosdesses pigmentos, que são metabólitos dahemoglobina, sendo eliminados pelo fígadoe excretados principalmente nas fezes,também podendo ser eliminados na urina.Não foi encontrada a presença dehemoglobina na urina o que é esperado naanaplasmose uma vez que as hemácias sãodestruídas no interior das células do SMFnão havendo hemólise e a conseqüenteliberação de hemoglobina no espaçointravascular (Allbritton e Seger, 1962).Isso também explica a redução dos níveisséricos de hemoglobina observada em todosos animais.

4.2.8. Achados de necropsia

O animal que morreu durante oExperimento II foi necropsiado e osprincipais achados foram: icteríciageneralizada, congestão hepática eesplênica, vesícula biliar distendida ecaquexia. Estes achados coincidem com osde diversos autores (Losos, 1986;Wanduragala e Ristic, 1993; Richey, 1993;Radostits et al. 2002). Também foiencontrada uma área de aderência no lobocranial do pulmão direito, com 10x3 cm,entre a pleura visceral e parietal, indicandoa ocorrência de uma pneumonia, durante afase de adaptação.

O aumento de volume observado no baço eno fígado do animal necropsiado pode estarrelacionado ao aumento da atividadehematocitopoiética. Nestes locais ocorreuma pequena parte da produção e

principalmente a remoção dos eritrócitos eo metabolismo dos produtos originados dadestruição das hemácias, principalmente dabilirrubina.

A intensa icterícia observada em toda acarcaça, a distenção da vesícula biliar, aevidenciação do padrão lobular e acoloração acastanhada do fígado e dos rinspodem ser indicativas de lesão ousobrecarga da função hepática e renal, o queteria causado o acúmulo da bilirrubina nostecidos e pode ter contribuídosignificativamente para a morte do animal.

5. Considerações Finais

No campo o diagnóstico da anaplasmose,na maioria das vezes, é realizado com basenos sintomas clínicos que, geralmente, sóaparecem alguns dias após o pico deparasitemia, quando a anemia é grave.Além disso, os tratamentos usualmenterealizados se baseiam no combate ao agenteetiológico, não considerando as alteraçõesdecorrentes da anemia. Invariavelmente,quando os animais são tratados dessaforma, o número de células parasitadas ébaixo e o tratamento com antibióticos nãointerfere na evolução da anemia. Estesfatores contribuem para baixa a eficiênciano tratamento convencional e para as altastaxas de mortalidade observadas naanaplasmose bovina.

Como pudemos observar nesseexperimento, o curso da doença é longo,cerca de 90 dias, os sinais clínicos sóaparecem quando a anemia é grave e operíodo de recuperação dura vários dias.Embora o período convalescente tenhadurado cerca de 30 dias, diversos autoresrelatam que ele pode durar entre dois e trêsmeses ou mais (Ristic, 1993; Wandrugala eRistic, 1993; Radostitts, 2002). SegundoAjayi et al. (1978), animais com boascondições nutricionais, como os destetrabalho, tendem a apresentar sinais clínicosmais evidentes e maiores reduções dohematócrito durante a fase de patência dadoença, porém apresentam umarecuperação mais rápida, reduzindo operíodo convalescente. Por isso os prejuízoscausados pela doença são enormes, mesmonas áreas endêmicas, uma vez que os

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animais acometidos são tratadostardiamente e demoram muito tempo até serecuperarem, ficando mais susceptíveis aocorrência de doenças oportunistas, como apneumonia, e apresentando grande atrasono seu desenvolvimento. Portanto aelaboração de estratégias para o diagnósticoprecoce da doença e a elaboração de umprotocolo de tratamento visando, não só ocombate ao agente, mas principalmente arecuperação da anemia e dos distúrbios porela provocados, pode minimizar osprejuízos causados pela anaplasmose,reduzindo o período convalescente e osíndices de mortalidade.

Para a realização do diagnóstico einstituição do tratamento no momentocorreto da doença é necessário oacompanhamento freqüente dos animais e omonitoramento do hematócrito e daparasitemia. Porém, estes exames ainda nãosão acessíveis à maioria das propriedadesbrasileiras que não podem contar com mãode obra especializada tão freqüente e/ouadquirir os equipamentos necessários. Naimpossibilidade da realização destesexames o melhor parâmetro a ser avaliado,que pode indicar o momento ideal para otratamento com antibióticos antes doagravamento da anemia, é a temperaturaretal, que deve ser aferida pelo menos trêsvezes por semana, no período da manhã,principalmente nas categorias maisacometidas pela doença, pois como foiverificado neste experimento ocorreuaumento no seu valor, durante apenas trêsou quatro dias, concomitante ao aumento daparasitemia. Entretanto, devemos lembrar afebre na anaplasmose não é muitoacentuada, além disso, é um sinalinespecífico e ocorre em várias situaçõesdiferentes. Deve-se, portanto, conhecer aepidemiologia da doença na propriedade emonitorar as categorias mais predispostas àdoença.

No Experimento II, os animaisapresentaram quedas de mais de 50% dohematócrito e sinais clínicos intensos dadoença. A avaliação dos parâmetrosbioquímicos revelou aumento nasconcentrações séricas de uréia nitrogenada(BUN) e redução dos níveis de glicose ehemoglobina. As alterações nos parâmetros

hematológicos indicaram a ocorrência deuma anemia inicialmente normocítica enormocrômica evoluindo para macrocítica enormocrômica. Também foi observada umaleucocitose devida ao aumento nascontagens de linfócitos e neutrófilos. Osanimais apresentaram redução nos níveis deNa+, Cl- e HCO3

- e aumento nasconcentrações de K+. Os exames degasometria revelaram a ocorrência de umaforte acidose metabólica com aumento dadiferença aniônica e do déficit de bases,redução da pCO2 e da tCO2. Foi observadaa existência de uma forte correlaçãopositiva entre os valores do hematócritocom as concentrações de Na+, Cl- e HCO3

-

permitindo a realização de um cálculo paraestipular o déficit destes íons a partir dovalor do hematócrito. Com base nestescálculos pode-se formular uma soluçãoisotônica de fornecimento oral parareposição destes íons, principalmente oHCO3

-, essencial para a correção da acidosemetabólica e de glicose, para disponibilizarenergia para os tecidos, inclusive o sistemanervoso central, uma vez que, normalmente,os animais não se alimentam durante a faseaguda da doença.

Os aumentos significativos nas freqüênciascardíaca e respiratória, observados durantepraticamente todo o período patente, noExperimento II, são uma respostafisiológica às alterações causadas pelahipóxia tecidual e acidose metabólica,provocadas pela anemia. O aumento nafreqüência cardíaca só ocorre quando asconcentrações de hemoglobina estão muitobaixas para garantir uma melhordistribuição do oxigênio nos tecidos. Oaumento da freqüência respiratória ocorresecundariamente à anemia e à acidosemetabólica sendo responsável pelaoxigenação do sangue e pela eliminação doCO2 principal componente respiratório daacidose (Williams et al, 1972). Notamosclaramente a ativação dos mecanismosfisiológicos de compensação da acidosemetabólica provocada pela anemia aguda nafase de patência na anaplasmose.Inicialmente, verificou-se um aumentosignificativo da freqüência respiratóriapermitindo maior excreção de CO2confirmada pela redução da pCO2.Juntamente com o aumento da freqüência

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respiratória foi observada uma drásticaredução dos níveis de HCO3

-, principaltampão do LEC e maior responsável pelamanutenção do pH sanguíneo (Cuningham,1993). Estes são os dois mecanismos decompensação rápida da acidose metabólica.O terceiro mecanismo de ação lenta eprolongada responsável pela compensação alongo prazo da acidose é a excreção renaldos íons H+, confirmada pela acidificaçãodo pH da urina após o pico de anemia(Tietz et al, 1994). Quando estesmecanismos não são capazes de compensara acidose o prognóstico do animal édesfavorável. A manipulação do bezerroque morreu para coleta de material talveztenha sido o fator desencadeante de umaumento da demanda de oxigenaçãotecidual além da capacidade compensatória,uma vez que o hematócrito, o pHsanguíneo, as concentrações dehemoglobina e de HCO3

-, estavam muitobaixas. Nos animais a campo, as chances desobrevivência diminuem ainda mais, poisnos sistemas de criação utilizados sãosubmetidos a exercícios físicos constantes eos doentes permanecem no mesmo manejodos demais.

Foi observada uma alta incidência dediarréia e pneumonia, principalmentedurante o Experimento I. A ocorrência dasdiarréias se concentrou no período deadaptação, nas primeiras duas semanas doexperimento, e foi atribuída à mudança doambiente e da dieta dos bezerros, recémchegados da fazenda. Foi observada aocorrência de pneumonia em cinco dos seisanimais experimentais entre as duassemanas seguintes ao dia 0, entre o 4° e 15°dia após o pico de anemia. Os bezerrosforam tratados com penicilina procaína nadosagem de 30000 UI/Kg, durante cincodias consecutivos. A ocorrência daanaplasmose e pneumonia é comumenterelatada por veterinários e produtoresapontando a existência de uma possívelligação entre as duas doenças, comotambém foi observado durante oexperimento.

O aumento na freqüência respiratóriacausado pela anemia pode ser o fator chavede ligação entre a anaplasmose e àspneumonias. O aumento da ventilação

pulmonar expõe os pulmões a uma maiorcarga de partículas e microorganismos doambiente que, associado à desidratação,levando a menor produção e aoespessamento do muco secretado pelamucosa do sistema respiratório,dificultando os batimentos ciliares econsequentemente o “clearence” dospulmões. Além disso todas as alteraçõesprovocadas pela anaplasmose contribuempara o estabelecimento de um quadro deimunossupressão favorecendo a ocorrênciade pneumonia.

Outro fator a ser considerado, que pode terinfluenciado a ocorrência de pneumoniasdurante o experimento foi a alta amplitudetérmica observada na cidade de BeloHorizonte no início do Experimento I.

É importante ressaltar que a ocorrência depneumonia durante os períodos deincubação, patência e até o final do períodoconvalescente da anaplasmose, piora oprognóstico uma vez que a correção dasalterações provocadas pela anemia,principalmente a acidose metabólica,depende em grande parte de da saúdepulmonar.

Uma vez que a intensidade da doença éinfluenciada pela idade dos animais, pelograu de imunidade e pela capacidade dosistema imune em produzir uma respostahumoral e celular eficiente (Wandrugala eRistic, 1993), não foi possível realizarcomparações entre o comportamento clínicodos animais inoculados com as cepas com esem apêndice. Porém o maior período deincubação da doença observado nos animaisdo Experimento I, e a manifestação desinais clínicos discretos, permite acaracterização da amostra com apêndice,como sendo de menor patogenicidade doque a amostra sem apêndice.

6. Conclusões

A análise das alterações clínicas e doequilíbrio eletrolítico e ácido básico dosquadros de anaplasmose experimentalobtidos no presente trabalho permitiu asseguintes conclusões:

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A anaplasmose em bezerros apresentaperíodo de patência e convalescêncialongos e é responsável por causar anemiaintensa;

As alterações clínicas são pouco intensas noinício da doença e só se intensificamquando a anemia é grave;

Os animais enfermos apresentam acidosemetabólica proporcional ao grau de anemiae conseguem sobreviver quando osmecanismos de compensação são eficientes;

Existe uma correlação entre o hematócrito eas concentrações sanguíneas de Na+, Cl- eHCO3

-, permitindo calcular seus valores apartir do hematócrito;

7. Referências Bibliográficas

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Anexos

Análise gráfica de dados multidimensionais por componentes principais:

-0,12

-0,1

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0

0,02

-0,14 -0,12 -0,1 -0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0 0,02

Hematócrito Parasitemia EEC muc

Anexo 1 – Análise de correlação entrehematócrito, parasitemia e escore de coloraçãomucosas na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale comapêndice, em bezerros da raça holanesa preta ebranca (HPB) (n=6), com 30 a 40 dias de idade.Belo Horizonte, 2006.

-0,2-0,1

00,10,20,30,40,50,60,70,80,9

-0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Hematócrito T°C FR EEC resp

Anexo 2 – Análise de correlação entrehematócrito, temperatura, freqüênciarespiratória e pontuação de exame do sistemarespiratórionto na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale comapêndice, em bezerros da raça holanesa preta ebranca (HPB) (n=6), com 30 a 40 dias de idade.Belo Horizonte, 2006.

-0,8-0,6

-0,4-0,2

0

0,20,40,6

0,81

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematócrito T°C FC FR

Anexo 3 – Análise de correlação entrehematócrito e os parâmetros fisiológicos naanaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale com apêndice, embezerros da raça holanesa preta e branca (HPB)(n=6), com 30 a 40 dias de idade. BeloHorizonte, 2006.

-0,8-0,6-0,4-0,2

00,2

0,40,6

0,81

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematócrito T°C FC FR EEC hidr

Anexo 4 – Análise de correlação entrehematócrito, parâmetros fisiológicos e escore dehidratação na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale comapêndice, em bezerros da raça holanesa preta ebranca (HPB) (n=6), com 30 a 40 dias de idade.Belo Horizonte, 2006.

-0,8-0,6-0,4-0,2

00,2

0,40,6

0,81

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematócrito T°C FC FR EEC comp

Anexo 5 – Análise de correlação entrehematócrito, parâmetros fisiológicos e escore decomportamento na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale comapêndice, em bezerros da raça holanesa preta ebranca (HPB) (n=6), com 30 a 40 dias de idade.Belo Horizonte, 2006.

-0,12-0,1

-0,08-0,06-0,04-0,02

00,020,040,060,08

-0,06 -0,05 -0,04 -0,03 -0,02 -0,01 0 0,01 0,02

Hematócrito EEC geral EEC resp EEC hidr EEC comp EEC muc

Anexo 6 – Análise de correlação entrehematócrito, parâmetros fisiológicos e escoresde exames clínicos na anaplasmose, induzidapela inoculação de uma cepa de A. marginalecom apêndice, em bezerros da raça holanesapreta e branca (HPB) (n=6), com 30 a 40 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

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-0,12

-0,1

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0

0,02

-0,005 0 0,005 0,01 0,015

Hematócrito EEC muc

Anexo 7 – Análise de correlação entrehematócrito, parasitemia e escore de coloraçãode mucosas na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

-0,25-0,2

-0,15-0,1

-0,050

0,050,1

0,150,2

0,250,3

-0,1 -0,05 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Hematcrito Parasitemia T°C

Anexo 8 – Análise de correlação entrehematócrito, parasitemia e temperatura retal naanaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, embezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

-0,6

-0,4

-0,2

00,2

0,4

0,6

0,8

1

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematcrito T°C FC FR

Anexo 9 – Análise de correlação entrehematócrito, parasitemia e parâmetrosfisiológicos na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

-0,6

-0,4

-0,2

00,2

0,4

0,6

0,8

1

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematcrito T°C FC FR EEC resp

Anexo 10 – Análise de correlação entrehematócrito, parâmetros fisiológicos e escore deexame clínico do sistema respiratório naanaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, embezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

-0,6

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematcrito T°C FC FR EEC comp

Anexo 11 – Análise de correlação entrehematócrito, parâmetros fisiológicos e escore deexame clínico de comportamento naanaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, embezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

-0,6

-0,4

-0,2

0

0,2

0,40,6

0,8

1

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematcrito T°C FC FR EEC hidr

Anexo 12 – Análise de correlação entrehematócrito, parâmetros fisiológicos e escore dehidratação na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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-0,6

-0,4

-0,2

0

0,2

0,40,6

0,8

1

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematcrito T°C FC FR EEC geral

Anexo 13 – Análise de correlação entrehematócrito, parâmetros fisiológicos e escore deexame clínico geral na anaplasmose, induzidapela inoculação de uma cepa de A. marginalesem apêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90a 110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

-0,25

-0,2-0,15-0,1

-0,050

0,050,1

0,15

-0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04

Hematcrito Parasitemia EEC resp EEC compEEC hidr EEC geral

Anexo 14 – Análise de correlação entrehematócrito, parasitemia e escores de exameclínico na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

-0,6

-0,4-0,2

0

0,2

0,40,6

0,8

1

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Hematcrito Parasitemia T°C FC FR

Anexo 15 – Análise de correlação entrehematócrito, parasitemia, T°C, FC e FR naanaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, embezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

Correlação - Ht vs.Hb

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

-0,025 -0,02 -0,015 -0,01 -0,005 0

Ht Hb

Anexo 16 – Análise de correlação entrehematócrito e a concentração sérica dehemoglobina na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

Correlação- Ht vs. Íons

-0,05

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

-0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Ht K Cl Na

Anexo 17 – Análise de correlação entre ohematócrito, e. as concentrações séricas de Na,Cl e K na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

Correlação - Ht vs. Gases Sangüíneos

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

-0,025 -0,02 -0,015 -0,01 -0,005 0

Ht tCO2 pH pCO2 HCO3

Anexo 18 – Análise de correlação entre ohematócrito, a pCO2, pCO2, o pH e asconcentrações séricas de HCO3

- naanaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, embezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

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Correlação- Ht vs. AGe EB

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

-0,035 -0,03 -0,025 -0,02 -0,015 -0,01 -0,005 0

Ht EB AG

Anexo 19 – Análise de correlação entre ohematócrito, excesso de bases e ânion gap naanaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, embezerros HPB (n=5), com 90 a 110 dias deidade. Belo Horizonte, 2006.

Correlação-Ht vs. Bioquímica

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

-0,25 -0,2 -0,15 -0,1 -0,05 0 0,05

Ht GLI BUN

Anexo 20 – Análise de correlação entre ohematócrito, e as concentrações séricas deglicose e uréia na anaplasmose, induzida pelainoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB (n=5), com 90 a110 dias de idade. Belo Horizonte, 2006.

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65

Tabelas

Tabela 5 – Valores médios e desvios padrão das concentrações de Na+, Cl-, K+, HCO3- e do pH, pCO2 e

tCO2 na fase de patência da anaplasmose, induzida pela inoculação de uma cepa de A. marginale semapêndice, em bezerros HPB, com 90 a 110 dias de idade.

DataNa+

mmol/LCl-

mmol/LK+

mmol/L pHpCO2mmHg

HCO3-

mmol/LtCO2mmHg

-2 138±2,75 103±0,96 4,08±0,32 7,45±0,03 41±3,31 29±1,08 30±1,26-1 136±2,61 100±1,41 4,26±0 7,46±0,02 39±3,61 28±2,45 29±2,490 134±2,23 99±2,56 4,18±0,21 7,41±0,08 34±5,32 22±5,33 23±5,641 136±4,08 100±4,36 4,20±1 7,39±0,11 36±6,73 23±6,98 24±7,312 136±3,83 100±4,51 3,60±0,39 7,42±0,02 37±1,79 24±2,24 25±2,503 137±4,34 102±3,21 4,24±0 7,39±0,05 42±3,86 25±1,72 27±2,174 138±4,55 100±3,58 3,70±0,22 7,42±0,04 43±3,21 28±1,73 29±1,735 140±1,29 101±0,96 3,60±0,27 7,42±0,04 45±2,93 29±1,34 31±1,506 140±1,83 101±2,75 3,63±0,46 7,41±0,04 46±2,38 29±1,94 30±2,067 140±1,73 102±0 3,63±0 7,40±0,01 44±2,71 27±2,32 29±2,318 141±0,71 104±2,12 4,15±0,21 7,42±0,01 46±1,63 30±0,07 31±0

Tabela 6 – Valores médios e desvios padrão das concentrações de BUN, hemoglobina e glicose e dosvalores do hematócrito, BE e AG na fase de patência da anaplasmose, induzida pela inoculação de umacepa de A. marginale sem apêndice, em bezerros HPB, com 90 a 110 dias de idade.

Data Ht% Hb g/dL BE AGBUNmg/mL Glic. mg/mL

-2 24±7,68 5±2,71 5±0,96 11±0,82 10±6,03 89±16,11-1 17±4,76 4±1,49 4±2,55 13±1,14 17±4,93 78±9,200 11±3,78 2±1,24 -3±6,62 18±6,05 23±7,97 55±20,001 14±3,39 3±1,51 -2±8,73 18±6,28 21±9,83 60±22,212 16±1,63 4±0,29 -1±2,65 16±3,06 12±1,00 81±23,393 17±4,69 5±0,54 1±2,61 14±1,67 13±1,92 68±8,584 19±2,97 6±1,10 3±2,30 13±1,30 10±2,77 69±12,985 24±2,65 7±0,50 5±2,22 13±1,41 7±2,22 70±4,906 26±3,27 7±1,18 5±2,52 14±1,29 8±2,63 72±7,427 27±5,29 7±1,21 2±2,65 14±1,73 11±2,08 78±4,738 29±0,71 8±0,28 6±0,71 12±0,71 9±0,00 80±12,02

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