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PATRICIA PONCHIO BENITEZ GONSALEZ
LESO MEDULAR AGUDA E CRNICA EM CES
SO PAULO
2009
i
PATRICIA PONCHIO BENITEZ GONSALEZ
FMU/FIAM-FAAM
LESO MEDULAR AGUDA E CRNICA EM CES
Monografia realizada como
exigncia para concluso da
graduao em Medicina Veterinria
do Centro Universitrio das
faculdades Metropolitanas Unidas,
sob orientao da professora Aline
Machado de Zoppa
SO PAULO
2009
ii
PATRICIA PONCHIO BENITEZ GONSALEZ
LESO MEDULAR AGUDA E CRNICA EM CES
___________________________________________
Prof. Dra. Aline Machado de Zoppa
FMU - Orientador
___________________________________________
Prof. Dra. Ana Claudia Balda
FMU
___________________________________________
Prof. Dra. Thais Fernanda da S Machado FMU
Trabalho apresentado disciplina de
clnica e cirurgia de pequenos animais
do curso de medicina veterinria da
FMU, sob orientao da Prof.Aline
Machado de Zoppa.
Defendido e aprovado em de
de pela banca examinadora
constituda pelos professores:
iii
Dedico este trabalho aos meus pais,
Jeovania e Marcos que sempre
estiveram presentes ao meu lado em
todos os momentos e sempre me
apoiaram na realizao do meu sonho
de me tornar mdica veterinria.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente aos meus pais pela dedicao que sempre tiveram, me
apoiando nas horas difceis e comemorando ao meu lado as minhas conquistas.
Ao meu namorado Marcos por todo o apoio que me deu desde o dia que nos
conhecemos, pela ajuda nos dias de prova e por todo o amor que recebo.
As minhas queridas amigas do feminino Ivih, Monica, Marina, Fernanda, Ana
Luiza, Mariana, Brisa, Sheila, Nathalia e Aline, que sempre estiveram me
apoiando.
As minhas queridas avs Josefa e Neusa, aos meus avs Esorito e Jeov pela
pacincia de me ouvir falar dos bichos desde criana.
Ao meu irmo Rodrigo que sempre me ajudou sempre que eu precisei.
A todas as pessoas especiais que eu conheci durante o curso de medicina
veterinria, em especial a Ritinha, Kate, Carla, Rita, Camila, Amanda,
Amandinha entre tantos outros que sempre vou guardar com muito carinho
todos os momentos que passamos juntos.
A professora Aline Zoppa pela ajuda na realizao deste trabalho e a todos os
professores do curso de medicina veterinria por todo o conhecimento ensinado
ao longo destes cinco anos.
v
RESUMO
A leso medular uma das principais causas de paralisia na clnica de ces e
gatos. Essa leso pode ser aguda normalmente causada por choques, traumas e
atropelamentos que iniciam uma seqncia de eventos vasculares, bioqumicos e
inflamatrios que resultam no desenvolvimento de leses teciduais secundrias,
levando destruio progressiva do tecido neuronal com conseqncias
desastrosas e freqentemente irreversveis s funes motoras e sensoriais do
animal. Deve ser considerada uma afeco de emergncia, pois uma interveno
rpida e correta dentro de um tempo apropriado, diminui a extenso do dano no
tecido neural, melhorando a probabilidade de recuperao deste paciente. Os
frmacos normalmente utilizados no tratamento deste tipo de leso so
neuroprotetores que visam controlar leses secundrias e podem ou no serem
associados cirurgia para descompresso e estabilizao da coluna vertebral. A
mielopatia degenerativa, doena de disco degenerativa e a embolia
fibrocartilaginosa so leses medulares secundrias que tambm podem levar a
paralisia do paciente.
Esse trabalho tem como objetivo abordar as principais doenas e causas de leso
medular em ces assim como os tratamentos mais utilizados.
Palavras- chaves: Leso, Medula Espinhal, Ces.
vi
ABSTRACT
A spinal cord injury is one of the main causes of paralysis at the clinic for cats
and dogs. This disturbance can be acute normally caused by collisions with
vehicles, conflicts, and traumas that initiate a sequence of vascular, biochemist
and a inflammatory events that result in the development of secondary tissue
injuries leading to the progressive destruction of the neural tissues. The
consequences of such injuries are disastrous. The animal often irreversibly
losses all motive functions and sensory skills. It ought to be considerate a matter
of emergency because a precise intervention within a right period of time
diminishes the extension of the damage to the neural tissue, greatly improving
the probability of patients recovery. The drugs normally used on the treatment
such injuries seize to control secondary traumas and can be used in association
to surgery to decompress and stabilize the spine. The degenerative myelopathy,
degenerative disc illnesses are secondary spinal injuries that may also lead to the
paralysis of the patient...
This essay seeks to explore the main illnesses and causes of spinal cord injuries,
and also the most used treatments.
Key words: trauma, spinal cord, dogs.
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Segmentos da medula espinhal e suas localizaes em relao s
vrtebras............................................................................................... 12
Figura 2 Inter-relao entre os NMS e os NMI com relao topografia da
leso medular........................................................................................ 16
Figura 3 . Esquema do disco intervertebral e estruturas adjacentes....... 18
Figura 4 Divises do disco intervertebral ............................................... 27
Figura 5 Extruso de disco intervertebral do tipo I............................... 28
Figura 6 Radiografia lateral simples demonstrando diminuio do espao
intervertebral entre T13-L1................................................................... 31
Figura 7 Esquema demonstrando localizao entre L4-L5 para aplicao de
contraste na regio lombar................................................................... 32
Figura 8 Tomografia realizada em um Cocker com suspeita de extruso de
disco tipo I ......................................................................................... 32
Figura 9 Protruso de disco intervertebral do tipo II............................ 50
Figura 10 Padro mielografico normal................................................ 57
Figura 11 Padro mielografico extradural............................................ 58
Figura 12 Padro mielografico intradural/extradural .......................... 58
Figura 13 Padro mielografico intramedular ....................................... 59
8
SUMRIO
1. INTRODUO ..................................................................................................10
2. ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL.....................................................11
2.1. Tratos medulares .......................................................................................... 14
2.2 Tratos sensoriais ascendentes ....................................................................... 14
2.3 Tratos motores descendentes ........................................................................ 15
2.4 Disco Intervertebrais ..................................................................................... 16
3. FISIOPATOLOGIA DA LESO MEDULAR AGUDA ............................. 19
3.1. Efeitos imediatos do trauma ........................................................................ 21
3.2. Alteraes vasculares ................................................................................... 22
3.3. Eventos bioqumicos .................................................................................... 23
3.4 . Peroxidao lipdica ................................................................................... 24
3.5. Reao inflamatria .................................................................................... 25
4. DOENA DO DISCO INTERVERTEBRAL AGUDA.............................. 27
4.1. Caractersticas clnicas ............................................................................... 29
4.2. Diagnstico .................................................................................................. 32
4.3. Tratamento .................................................................................................. 33
4.4. Prognstico .................................................................................................. 35
5. TRAUMA DA MEDULA ESPINHAL ........................................................ 36
5.1. Exame Neurolgico .................................................................................... 37
5.2. Exame Sensorial ......................................................................................... 38
5.3 Exame radiogrfico simples ....................................................................... 39
5.4 Exame radiogrfico contrastado ............................................................... 39
5.5. Tratamento ................................................................................................. 40
5.5.1. Tratamento Cirrgico ............................................................................... 41
5.6. Prognstico ................................................................................................. 42
6. MIELOPATIA EMBLICA FIBROCARTILAGINOSA ....................... 44
6.1. Caractersticas Clnicas ............................................................................. 44
6.2. Diagnstico ................................................................................................. 45
6.3. Tratamento ................................................................................................. 46
6.4. Prognstico ................................................................................................. 46
7. FISIOPATOLOGIA DA LESO MEDULAR CRNICA ...................... 48
8. DOENA DO DISCO INTERVERTEBRAL CRNICA ........................ 50
9
8.1. Caractersticas Clnicas ............................................................................. 51
8.2. Diagnstico ................................................................................................. 52
8.3. Tratamento ................................................................................................. 53
8.4. Prognstico .................................................................................................. 54
9. MIELOPATIA DEGENERATIVA ............................................................. 54
9.1. Fisiopatologia .............................................................................................. 54
9.2. Caractersticas Clinicas .............................................................................. 55
9.3. Diagnstico ................................................................................................... 55
9.4. Tratamento ................................................................................................... 56
9.5. Prognstico.................................................................................................... 56
10. NEOPLASIA.................................................................................................. 57
10.1. Tumores extradurais................................................................................... 57
10.2. Tumores intradurais/ extramedulares...................................................... 58
10.3. Tumor intramedular.................................................................................... 59
10.4. Sinais Clnicos .............................................................................................. 60
10.5 Diagnstico .................................................................................................... 61
10.6 Tratamento ................................................................................................... 62
10.7 Prognstico ..................................................................................................., 63
11. Concluses Finais ............................................................................................ 64
REFERNCIAS..................................................................................................... 66
10
1. INTRODUO
A leso da medular espinhal normalmente ocorre em ces e gatos
devido a causas endgenas ou exgenas.
As leses exgenas geralmente esto relacionadas a acidentes
automobilsticos, quedas, traumas (como pontaps, pauladas e agresses fsicas)
e projeteis (leses por armas de fogo).
As leses endgenas geralmente decorrem da extruso ou protruso
do disco intervertebral, fraturas patolgicas, anormalidades congnitas e
instabilidade (SHORES, BRAUND, BRAWNER, 1990).
Na maior parte das doenas da medula espinhal nota-se dficit
bilateral, mas geralmente esse dficit mais evidente no lado da leso. Quando
h leso de medula espinhal as informaes proprioceptivas e nociceptivas e os
impulsos motores voluntrios que se deslocam para o crebro podem ser
afetados. Em geral, na doena progressiva da medula espinhal, nota-se
inicialmente, dficit proprioceptivo, seguido de dficit na capacidade motora
voluntaria e finalmente, dficit na percepo de estmulos dolorosos
(nocicepo). (DEMEY, 2006)
11
2. ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL
A medula espinhal est localizada dentro do canal vertebral e contm
razes dorsais (sensitivas) e ventrais (motoras) que iro unir-se sada de cada
forame intervertebral para formar os nervos espinhais do Sistema Nervoso
Perifrico (LECOUTEUR e CHILD, 1992). Essas razes so parcialmente
recobertas pelas meninges.
Em comparao com as outras regies da coluna vertebral, a regio
cervical apresenta um espao maior dado ao maior dimetro do canal medular,
sendo que esse espao residual se encontra preenchido pela gordura epidural
(WHEELER e SHARP, 2005). A medula espinhal afunila-se formando o cone
medular e termina prximo ao segmento vertebral L6 na maioria dos ces e L7
em gatos formando, a partir desse ponto, a cauda eqina. A medula espinhal
pode ser dividida de acordo com os segmentos medulares da seguinte forma:
- Cervical (C1-C8); Torcica (T1-T13); Lombar (L1-L7); Sacral (S1-
S3) e caudal ou coccgea, em nmero varivel (LECOUTEUR e CHILD, 1992;
WHEELER e SHARP, 2005).
12
Figura 1-Segmentos da medula espinhal e suas localizaes em relao s vrtebras, em um co. Fonte: Dewey
Nos segmentos correspondentes ao plexo braquial (C6-T2) e
lombossacral (L4S2) encontram-se as intumescncias cervical e lombar, que
apresentam o dimetro aumentado pelo fato de se localizarem nessas regies os
corpos dos neurnios motores inferiores para os membros plvicos e torcicos
(GHOSHAL, 1986; PRATA, 1993; WHEELER e SHARP, 2005).
Na fase embrionria, os nervos espinhais emergem da medula pelos
seus respectivos forames intervertebral, porm com as diferenas de crescimento
entre o esqueleto e as estruturas neurais, a medula espinhal fica menor que a
coluna vertebral, de modos que no animal adulto observada uma disparidade
entre a localizao do segmento medular e o vertebral (WHEELER,
1992;PRATA, 1993). Dessa forma, importante compreender a relao entre
13
medula espinhal e coluna vertebral para localizar as leses neurolgicas, j que
existem oito segmentos e apenas sete vrtebras cervicais (WHEELER, 1992).
O conhecimento do trajeto dos tratos e sua localizao, na periferia ou
interior da medula espinhal, refletem-se diretamente nos sinais clnicos e na
gravidade das leses medulares, contribuindo ainda para o prognstico dos
animais principalmente no que concerne via da dor (PELLEGRINO, 2003)
2.1. Tratos medulares
A substncia branca ocupa a rea perifrica da medula espinhal e a
primeira afetada em casos de leso medular. Nessa regio encontra-se o trato
ascendente ou sensorial, que carreia as informaes sensitivas do Sistema
Nervoso Perifrico (SNP) e conduz ao Sistema Nervoso Central (SNC)
(WOLF,1993).
2.2. Trato sensorial ascendente
a regio cuja funo compreende a transmisso da sensibilidade
exteroceptiva da superfcie corporal e a propriocepo desde a parte mais
profunda do aparato locomotor, ou seja, tendes, articulaes e msculos. Esta
ltima transmitida pelos tratos do funculo dorsal e lateral. A partir da os
14
axnios so projetados tanto para a rea somestsica do crtex quanto para o
cerebelo. A temperatura e a dor superficial so transmitidas pelas fibras
mielnicas de vrios tratos, incluindo o espinotalmico lateral, no funculo
lateral.
J a dor nociceptiva carreada por fibras no mielinizadas,
particularmente do trato espinoreticular e proprioespinhal. As informaes sobre
a repleo da bexiga tambm so conduzidas via trato espinotalmico at o
crebro (PELLEGRINO, 2003).
2.3. TRATOS MOTORES DESCENDENTES
Dois sistemas so responsveis pela transmisso da funo motora, o
sistema de Neurnio Motor Superior (NMS) e o Inferior (NMI).
O NMS compreende a idia de projeo dos neurnios de comando
situados no crtex motor primrio e ncleos do tronco enceflico, que ativam ou
inibem os motoneurnios do corno ventral da substncia cinzenta medular.
Os NMS exercem normalmente uma ao inibitria sobre a atividade
motora intrnseca de cada segmento medular. Quando ocorre uma leso em
NMS ocorre uma liberao dessa atividade, desencadeando-se um conjunto de
sinais e sinais clnicos conhecidos como Sndrome do NMS, caracterizada
entre outros por hiperreflexia (PELLEGRINO, 2003b).
O NMI compe o neurnio efetor do arco reflexo. Seus corpos
celulares se encontram na regio ventral da substncia cinzenta. Os axnios
emergem da medula espinhal nas razes ventrais e passam atravs dos plexos
lombossacrais e braquiais para formarem os troncos nervosos perifricos para os
membros. O outro componente do arco reflexo, o neurnio sensitivo, encontra-
15
se na periferia e penetra na medula espinhal via raiz dorsal. A partir da, projeta
as informaes ao NMI via interneurnio, sendo que um ramo sempre ascende
aos centros medulares rostrais. No co ainda se identifica um trato motor
ascendente, originrio das clulas marginais da substncia cinzenta do segmento
medular lombar L1-L7 (WHEELER e SHARP, 2005). Seus axnios inibem os
neurnios motores extensores dos membros torcicos e leses que interfiram
nesse trato manifestam-se com o sinal de Schiff-Sherrington, isto ,
hiperextenso de membros torcicos e flacidez de membros plvicos (DE
LAHUNTA, 1983; KORNEGAY, 1998; WHEELER e SHARP, 2005). A inter-
relao entre os NMS e os NMI com relao topografia da leso medular, pode
ser melhor compreendida na da Figura (2)
16
Figura 2-Inter-relao entre os NMS e os NMI com relao topografia da leso medular. Fonte: Dewey
2.4. Discos intervertebrais
Com exceo de C1-C2 e das vrtebras sacrais, que so fusionadas,
todos os corpos vertebrais articulam-se por meio de discos intervertebrais, que
17
so responsveis pela flexibilidade da coluna e atuam como absorventes de
impacto (SIMPSON, 1992; TOOMBS e BAUER, 1998; CHIERICHETTI e
ALVARENGA, 1999; WHEELER e SHARP, 2005).
Os discos so ricos em gua e so compostos pelo anel fibroso,
constitudo de material fibrocartilaginoso e pelo ncleo pulposo, constitudo de
material gelatinoso (SIMPSON, 1992; CHIERICHETTI e ALVARENGA,
1999; WHEELER e SHARP, 2005). A capacidade de absorver impacto diminui
com a idade e os processos degenerativos (WHEELER e SHARP, 2005). O
disco aparentemente nutrido por difuso das placas terminais das vrtebras ou
tecidos adjacentes, uma vez que controversa a existncia de um sistema
vascular para sua manuteno (SIMPSON, 1992).
O ligamento longitudinal dorsal e o anel fibroso, especialmente na sua
lmina mais externa, so estruturas inervadas e capazes de causarem a percepo
da dor (SIMPSON, 1992).
Os ligamentos do canal vertebral tm um significado importante na
estabilidade e mobilidade da coluna. A sustentao que proporcionam varia nas
diferentes regies da coluna vertebral (TOOMBS e BAUER, 1998;WHEELER e
SHARP, 2005). O ligamento longitudinal dorsal, junto com o anel fibroso, um
dos fatores responsveis pela manuteno da estabilidade do disco (SIMPSON,
1992). Possui uma estrutura larga e espessa na regio cervical, oferecendo maior
resistncia a herniao dorsal do disco; entretanto, torna-se mais delgado nas
regies torcica caudal e lombar, o que permite a herniao e conseqente
compresso da medula (TOOMBS, BAUER, 1998). Na coluna torcica, isto ,
entre T1 e T11, a protruso ou extruso menos comum, devido aos ligamentos
intercapitais (conjugal) que unem as cabeas das costelas opostas, cruzando o
assoalho do canal espinhal, por sobre o anel fibroso dorsal (LECOUTEUR e
CHILD, 1992).
18
Figura 3- Esquema do disco intervertebral e estruturas adjacentes. Fonte: Slater
19
3. FISIOPATOLOGIA DA LESO MEDULAR AGUDA
O trauma medular agudo resulta em leses por meio de dois
mecanismos. A leso primaria decorrente das foras que causam dano
mecnico instantaneamente aps o evento traumtico, tais como compresso,
transeco, lacerao, flexo e trao (BERGMAN ET AL., 2000). Ocorre no
momento do trauma e envolve a ruptura e o esmagamento de elementos neurais
e vasculares (COUGHLAN, 1993, BRAUND, 1994). Inclui a ruptura de
axnios, corpos celulares nervosos e estruturas de suporte (clulas da glia)
resultando em interrupes fisiolgicas e ou morfolgicas dos impulsos nervoso
(RUCKER, 1990, BAGLEY et al, 1999).
A leso secundaria desenvolve-se minutos ou dias aps o trauma,
devido a alteraes locais intracelulares e extracelulares, associada a leses
sistmicas como hemorragia, hipxia e outras decorrentes do trauma.
(JANSSENS, 1991; BRAUNS, 1994; LECOUTER, 1998). O traumatismo
inicial pode deflagrar uma cascata de eventos destrutivos que causam a perda do
tecido neural inicialmente no comprometido (COUGHLAN, 1993; BERGMAN
ET AL, 2000).
Varias alteraes sistmicas, focais e celulares caracterizam as leses
secundarias, resultando em mudanas biomecnicas e patolgicas que podem
causar deteriorao funcional e comprometer a integridade estrutural da medulas
espinhal (SHORES, 1992, MEINYJES; HOSGOOD; DANILOFF; 1996).
A medula espinhal pode ser lesionada de forma aguda por meio de
quatro mecanismos bsicos, que incluem: a interrupo anatmica, a concusso,
a compresso e a isquemia. (KRAUS, 2000; NETO, RABELO, CROWE, 2005).
20
A interrupo anatmica a destruio fsica (total ou parcial) do
tecido nervoso, ocorrendo mais freqentemente nos casos de fratura, luxaes e
subluxaes vertebrais. (KRAUS, 2000; NETO, RABELO, CROWE, 2005).
A concusso o impacto agudo na medula espinhal, com ou sem
compresso residual, geralmente causado pela extruso de disco intervertebral,
fraturas e subluxaes vertebrais (KRAUS, 2000; NETO, RABELO, CROWE,
2005) e ocasiona o inicio imediato da cascata de eventos que levam a
progressiva disfuno da medula espinhal. Em relao extruso de disco
intervertebral, a gravidade da leso concussiva primaria depende da massa e da
velocidade da extruso do disco intervertebral no canal vertebral. A substncia
cinzenta mais rgida e frgil que a substancia branca, sendo mais susceptvel a
leso concussiva. (AMSELEM, TOOMS, LAVERTY, 2003).
A compresso um efeito em massa, freqentemente causado por
extruso de disco intervertebral, causando aumento da presso no interior do
canal vertebral (NETO, RABELO, CROWE, 2005). Os graus de compresso na
doena do disco intervertebral (DDIV) dependem do volume da massa, do
dimetro do canal (sendo mais grave na regio torcica) e do grau de
desidratao da massa do ncleo pulposo (BERGMAN, SHELL, 2000; GREEN,
BOSCO 2008), no qual o material do disco voltara a se hidratar dentro do canal
vertebral, devido ao componente hdrico da gordura epidural (GREEN, BOSCO
2008). Nos casos de fraturas/luxaes vertebrais, a compresso na maioria das
vezes causada por fragmentos sseos e cogulos (CAMBRIDGE 1997). Na
extruso de disco intervertebral, a concusso e a compresso costumam ocorrer
em conjunto. O material discal e o hematoma presentes no canal vertebral
podem resultar em massa compressiva (AMSELEM, TOOMS, LAVERTY,
2003).
Ao contrario do que ocorre nas leses concussiva, a substancia branca
mais susceptvel que a cinzenta nos eventos compressivos, uma vez que, ao
21
tentar preservar os corpos neurais, ocorre depleo da mielina e dos axnios
para acomodar a massa compressiva. (KRAUS, 2000; NETO, RABELO,
CROWE, 2005).
A isquemia compreende a interrupo do suprimento sanguneo arterial
para a medula espinhal. geralmente causado por embolismo (na maioria das
vezes por embolo fibrocartilaginoso), no qual a interrupo sangunea pode ser
transitria ou permanente. (KRAUS, 2000; NETO, RABELO, CROWE, 2005).
Quando ocorre a reperfuso tecidual, a reintroduo do oxignio resulta
em formao de radicais livres, que iniciam o processo de peroxidao lipdica.
A substncia cinzenta mais sensvel a essa leso que a substancia branca, uma
vez que em condies normais a proporo da circulao em relao s
substancias cinzenta e branca de 5:1. As leses celulares da isquemia iniciam
na substancia cinzenta e se estendem circunferencialmente por todo um
segmento espinhal (KRAUS 2000; BRAUND, SHORES, BRAWNER 1990;
BRAUND 1996).
3.1. Efeitos Imediatos Do Trauma
Aps o impacto na medula espinhal, existe um bloqueio total da
conduo nervosa devido ao influxo de potssio advindo das clulas lesadas
mecanicamente. A mudana da quantidade de potssio extracelular e intracelular
promove a despolarizao e conseqente bloqueio de conduo (JANSSENS
1991; JEFERY, 1995; OLBY; JEFERY, 2003).
22
3.2. Alteraes Vasculares
Aps o trauma ocorre perda da auto-regulao do fluxo sanguneo
no segmento medular afetado e a presso de perfuso torna-se diretamente
relacionada presso arterial sistmica, que na maioria das vezes esta baixa
devido s leses sistmicas concomitantes (COUGHLAN, 1993; CAMBRIDGE,
1997; OLBY 1999). O fluxo sanguneo na substancia cinzenta reduz
drasticamente durante as primeiras duas horas e permanece baixo nas primeiras
24hs. Na substancia branca o fluxo sanguneo tambm comprometido dentro
das primeiras 6 horas aps a leso, mas retorna ao normal.
O aumento da concentrao de substancias vasoconstritora (como por
exemplo, a prostaglandina PGF2 e o tromboxano A2) no segmento lesado,
somado a hipotenso do sistema que ocorre aps o trauma, pode causar o
declinio do fluxo sanguineo medular, levando a isquemia neural (JERRAM,
DEWEY, 1999). A microcirculao afetada pela ao do tromboxano A2 que
um potente vasoconstritor facilitando a agregao plaquetaria.
O decrescimo de perfurso na area lesada reduz o suprimento de
oxigenio e energia para os neuronios e celulas da glia, causando dano a
membrana celular, levando ao aumento da sua permeabilidade e consequente
penetrao de fluidos, componentes sanguineos e substancia lesivas aos
neuronios (KRAUS,2000; OLBY, JEFERY, 2003).
Logo aps a leso concussiva severa, a hemorragia que ocorre na
substancia cinzenta tambem causa decrescimo generalizado no fluxo sanguineo
medular (JEFERY,1995 b). A isquemia causada pela leso afeta principalmente
a substancia cinzenta da medual espinhal, pois comparada a substancia branca
23
essa regio da medula mais vascularizada e possui uma maior necessidade de
oxigenio e glicose.
A compresso da medula espinhal decorrente de eventos primrios
tipicamente associado ao desenvolvimento de edema vasognico , que ocorre
devido a obstruo da drenagem venosa. O edema vasognico associado a
compresso aumenta a presso intraparenquimatosa, exacerbando os eventos
isqumicos (NETO,RABELO,CROWE, 2005).
3.3. Eventos Bioquimicos
Momentos aps a ocorrencia da leso ocorrem mudanas metabolicas
severas, associadas a reduo do fluxo sanguineo na medula espinhal.
Normalmente a concentrao de L-Glutamato, que um neurotransmissor
excitatrio, regulada por um mecanismo ativo e eficiente efetuado por
astrcitos. O dano mecnico aos neurnios associado a falta de energia local,
leva ao aumento da liberao neural de glutamato e decrescimo da ao do
mecanismmo dos astrcitos sobre o mesmo, elevando a concentrao deste
neurotrasmissor a nveis txicos. A interao do L-glutamato com o receptor N-
metil-D-asparato (NMDA), um receptor para L-glutamato nas membranas ps-
sinpticas (JANSSENS,1991; COUGHLAN. 1993; JEFEREY, 1995; OLBY
1999), abrem os canais de sdio, cloreto e principalmente clcio. (JEFEREY,
1995; OLBY, JEFERY, 2003).
O aumento da concentrao do clcio intraceluar ativa proteases como
a calpana e a capase, que destroem o citoesqueleto e o DNA cromossomal
24
iniciando a necrose e a apoptose. Isso ativa tambm a fosfolipase A2 que inicia
a resposta inflamatria. A ativao da fosfolipase A2 desencadei a produo de
leucotrienos, tromboxanos, histamina, prostaglandinas. O aumento nos nveis de
protaglandinas causa o aumento da permeabilidade vascular e vasoconstrio ou
vasodilatao. Ocorre tambm alterao da funo plaquetria, que pode causar
obstruo de vasos sanguineos e liberao de serotonina , a qual tambm ativa a
permeabilidade vascular, favorecendo a formao de edema (JANSSENS,
1991).
3.4. Peroxidao lipdica.
Na leso medular aguda, h acmulo de meteblitos e enzimas que, ao entrarem
em contato com o oxignio, geralmente, aps a reperfuso capilar, resultam em
formao e acmulo de radicais livres extremamente reativos, que, quando
reagem com molculas normais, levam a formao de outras espcies de radicais
livres, criando assim uma reao em cadeia.
Foi proposto que a peroxidao lipdica o maior meio de destruio secundria
aps a leso medular aguda (OLBY, 1999), causando transtornos aos neurnios
e s clulas da glia e endoteliais(AMSELLEM,TOOMBS,LAVERTY, BREUR,
2003). O tecido neural particulamente sensvel a leso mediada por radicais
livres(NETO,RABELO,CROWE,2005), pois os cidos poli- insaturados ligados
aos fosfolipdeos da membrana so especialmente susceptveis ao ataque dos
radicais livres(BRAUND,SHORES, BRAWNER1990; BRAUND1996). Ao
reagirem com componente lipdico das membranas celulares, um processo de
25
peroxidao leva a sua disfuno e a morte celular
(NETO,RABELO,CROWE,2005).
Imediatamente aps a leso da medula espinhal, os nveis teciduas dos
subprodutos dos cidos graxos poli-insaturados da membrana celular ficam
aumentados, enquanto os nveis de antioxidantes endgenos como o
alfatocoferol sofrem depleo (BRAUND,SHORES,BRAWNER1990;
BRAUND1996).
Aps a hemorragia devida a uma leso medular, ocorre extravasamento de
componentes sanguneos, como ferro e cobre, e produtos da degradao da
hemoglobina como a hematina, que catalisam o processo de peroxidao da
membrana(AMSELLEM,TOOMBS,LAVERTY,BREUR,2003;BRAUND,SHO
RES, BRAWNER1990; BRAUND1996).
3.5. Reao Inflamatria
A leso traumtica do sistema nervoso central desencadeia
rapidamente uma resposta inflmatria que se desenvolve aps o impacto inicial
(OLBY,JEFERY, 2003). Tal resposta inflmatria resulta na produo de uma
variedade de citotoxinas e agentes protetores. As celulas microgliais liberam
citocinas, interleucina-1, fator alfa de necrose tumoral e produtos txicos
potentes como o perxido de hidrognio, xido ntrico e proteinases, minutos
aps a ocorrncia da leso (OLBY,JEFERY, 2003). Os mediadores
inflamatrios tm efeitos prejudiciais na conduo inica e trasmisso sinptica,
alterando a funo neural (SMIYH, MCDONALD,1999).
26
Ocorrem duas fases de infiltrao celular durante o desenvolvimento
da resposta inflamatria na leso medular. Inicialmente h um influxo de
neutrfilos que atigem nveis mximos dentro de poucas horas, havendo ento o
posterior recrutamento de macrfagos cujo o pico estabelecido entre 5 a 7
dias(DUSART, SCHWAB, 1994). Esta segunda fase de infiltrao celular
coincide com a desmielizao secundria e perda de axnios(OLBY,JEFERY,
2003).
Na medula espinhal lesada pode-se constatar a presena de leuccitos
polimorfonucleares fagocticos no interior e adjacentes as paredes vasculares e
as reas de hemorragi, sugerindo a possibilidade do trauma induzir a ativao
das lipases das membranas hidrolizando os fosfolipdeos das mesma e liberando
vrios cidos graxos, principalmente o cido araquidnico. (OLBY,JEFERY,
2003)
27
4. DOENA AGUDA DO DISCO INTERVERTEBRAL
Os discos intervertebrais so amortecedores de tecido elstico
colocados entre os corpos vertebrais a partir de C2 e C3 at as vrtebras
coccgenas. Eles absorvem os choques e facilitam a movimentao da coluna
vertebral. Os discos intervertebrais so constitudos de uma poro externa
fibrosa, o anel fibroso, e uma poro interna constituda por uma substncia
gelatinosa, o ncleo pulposo (CHRISMAN, 1985).
Figura 4- Divises do disco intervertebral
Fonte: http://www.spinalstenosis.net/images/Disc%20and%20Vertebra%20Anatomy.jpg
Esse tipo de leso comum em ces de pequeno porte com
caractersticas condrodistrficas, porem pode ocorrer com qualquer tipo de co
ocorrendo, mas comumente em ces de trs a seis anos.
28
A ruptura aguda de um disco intervertebral conhecida como
degenerao condride,Hansen tipo 1 ou simplesmente extruso de disco tipo 1.
Nessa doena o ncleo pulposo que normalmente gelatinoso perde a
capacidade de se ligar a gua, sofrendo degradao dos componentes
glicosaminoglicanos e freqentemente se torna calcificado. O anel dorsal
vertebral normalmente enfraquece e ocorre extruso do contedo do ncleo
pulposo anormal, atravs do anel do canal vertebral enfraquecido comprimindo
a medula espinhal. Acredita-se que a gravidade da leso da medula espinhal
provocada pela extruso de disco tipo um est relacionada taxa de extruso
(fora do impacto ou concusso), com a durao da compresso e a quantidade
de material do disco deslocado. (DEWEY,2006).
Figura 5- Extruso de disco intervertebral do tipo I
Fonte: Dewey
29
4.1. Caractersticas Clnicas
Alguns ces com doena aguda do disco intervertebral so
apresentados com dor e sem dficits neurolgicos associados. Outros sofrem de
leso concussiva e compressiva grave da medula espinhal em conseqncia da
extruso de disco e so apresentados com vrios graus de leso de medula
espinhal. As manifestaes clnicas dependem da localizao e da gravidade da
leso espinhal (NELSON, COUTO1998).
Essa doena pode acometer os discos cervicais, torcicos posteriores e
lombares. Em geral, a doena de disco cervical tipo 1afeta os discos cervicais
craniais (mais comumente, C2-C3) e tipicamente provoca dor cervical intensa,
com dficit neurolgico discreto ou inaparente. Com freqncia o animal
mostra-se aptico e com o s dorso arqueado. Quando de movimentam, esses ces
tendem mais a mover a cabea e o pescoo como uma nica unidade, que a
flexionar o pescoo. Pode-se notar fasciculao da musculatura do pescoo,
especialmente durante a palpao da regio cervical. Ocasionalmente, esses ces
gemem e caem de dor. s vezes o animal manifesta claudicao de um membro
torcico, condio denominada compresso/pinamento de raiz e acredita-se que
seja causada pelo pinamento das razes de nervos cervicais pelo material do
disco que expelido lateralmente. A compresso/ pinamento de raiz do
membro plvico menos comumente diagnosticada. Em vrios casos dessa
afeco os membros anormais se mantm em posio flexionada e sua extenso
estimula uma resposta de dor. (DEWEY, 2006).
A maioria das extruses de disco ocorre na espinha torcica caudal ou
lombar, com 65% de todas as leses de disco toracolombares aguda ocorrendo
entre T11 e L2. As extruses de disco intervertebral que causam compresso da
30
medula espinhal nessa regio resultam em sinais de neurnio motor superior nos
membros posteriores, com membros anteriores normais. Pode ocorrer extruso
de disco intervertebral em uma intumescncia (C6 a T2 ou L4 a S3)resultando
em sinais de neurnio motor inferior nos membros correspondentes, tendo o
prognostico muito mais reservado para o retorno da funo. (NELSON,
COUTO1998).
Os discos T12-T13 e T13-L1 so os locais mais comuns para a
extruso de disco em ces de pequeno porte, j ces de grande porte apresentam
a regio L1-L2 e L2-L3 mais comumente afetadas.
Esses animais podem apresentar ocasionalmente dor na regio lombar,
com dficit neurolgico mnimo ou ausente, porem mais comum apresentarem
paraparesia ou paraplegia aguda, possvel que isso ocorra devido limitao
do espao epidural no canal vertebral toracolombar, comprado a regio cervical.
Freqentemente esses animais apresentam dor ao redor do local da extruso.
4.2. Diagnstico
O diagnostico da doena de disco intervertebral aguda baseia-se na
resenha, anamnese, nos sintomas e nos resultados de exames complementares,
como a anlise do liquido crebro-espinhal, e obteno de imagens da coluna
vertebral. (DEWEY, 2006).
31
A avaliao clinica muito importante para se chegar a um
diagnostico correto e ao melhor tratamento. Deve-se avaliar o estado de
conscincia do animal e avaliao dos reflexos espinhais.
Os animais com suspeita de doena discal so submetidos a exames
radiogrficos da coluna quando necessrio, sendo realizada primeiramente uma
radiografia simples do local aonde se suspeita da leso, seguido por uma
mielografia, ambos com o animal sob anestesia geral.
Figura 6-Radiografia lateral simples demonstrando diminuio do espao intervertebral entre T13-L1
Fonte: SLATTER
A mielografia um procedimento no qual se obtm radiografias da
coluna vertebral, aps a aplicao de contraste radiopaco na regio
subaracnide. Utilizam-se contrastes hidrossolveis iodados no inicos.
(DEWEY,2006)
A puno para a injeo do contraste realizada na cisterna
atlantoccipital ou da regio lombar.
32
Figura 7-Esquema demonstrando localizao entre L4-L5 para aplicao de contraste na regio lombar.
Fonte: Nelson e Couto
Os exames de tomografia computadorizada e ressonncia magntica
tambm podem ser utilizados para a realizao do diagnstico de doena de
disco intervertebral.
Figura 8-Tomografia realizada em um Cocker com suspeita de extruso de disco tipo I
Fonte: Arquivo pessoal
33
4.3. Tratamento
O tratamento de extruso aguda de disco intervertebral pode ser
clinico ou cirrgico. O repouso estrito (em gaiola) prescrito para um paciente
que apresente um nico episodio de dor dorsal ou cervical sem dficit
neurolgico e ocasionalmente para ces com pequenos dficits neurolgicos
resultantes de doena de disco toracolombar. Se a dor for grave e o diagnostico
muito certo, podem ser administrados corticosterides (dexametasona, dose
nica, 2mg/kg IV, seguida de 0,1 mg/kg VO ou SC 2 vezes ao dia por 3 dias, ou
prednisona 0,5mg/kg VO 2 vezes ao dia por 3 dias) (NELSON,COUTO1998).
Porem importante estar consciente que a ao dos corticosterides pode
diminuir a dor, causando uma maior atividade do animal causando um maior
risco de prolapso adicional do material discal. recomendado que este animal
permanea uma semana hospitalizada para ser mantido o repouso em gaiola.
Aps este perodo so recomendadas mais duas semanas de repouso
em gaiola em casa e aps este perodo, trs semanas de confinamento em casa
com exerccios restritos na coleira. Aps este perodo se faz o aumento gradual
dos exerccios. Se o animal apresenta um leso cervical a coleira utilizada deve
ser a do tipo peitoral para evitar uma recidiva da leso. Durante todo o perodo
de tratamento o animal deve ser constantemente avaliado pelo medico
veterinrio para observao de deteriorao do estado neurolgico. Se aps duas
semanas o animal no apresentar melhora em seu estado geral ou apresentar uma
piora e deteriorao do estado neurolgico, ento indicada terapia cirrgica
para este paciente.
A interveno cirrgica realizada em pacientes que no apresentam
melhora ao tratamento de confinamento, pacientes que com dficit neurolgico
34
moderado a grave (tetraparesia, tetraplegia), pacientes que no conseguem
caminhar e pacientes com agravamento evidente da funo neurolgica,
independente se tem ou no capacidade de caminhar.
As intervenes cirrgicas indicadas so: descompresso ventral ou
fenestrao ventral em ces que a apresentam extruso aguda do disco
intervertebral cervical.
Em ces que apresentam extruso do disco intervertebral toracolombar
indicado a hemilaminectomia dorso-lateral, fenestrao lateral ou
descompresso lateral.
4.4. Prognstico
O prognstico em relao recuperao funcional de pacientes com
doenas de disco toracolombar e cervical tipo1 geralmente bom a excelente. O
percentual esperado de recuperao funcional de pacientes com extruso de
disco toracolombar do tipo1submetido ao tratamento cirrgico e de percepo
normal de dor nos membros plvicos varia de 80 a 95%. (DEWEY, 2006).
J os pacientes que apresentam perda da percepo de dor profunda o
prognosticam j muda para reservado a desfavorvel. A ocorrncia da perda da
percepo de dor profunda nos membros plvicos mais freqente nos casos de
extruso de disco toracolombar. A qualidade do prognstico nestes casos esta
35
relacionada com o tempo decorrido da perda da percepo da dor profunda at a
descompresso cirrgica.
36
5. TRAUMA DA MEDULA ESPINHAL
O trauma da medula espinhal deve ser sempre considerado uma
emergncia e ao rpida perante a esse caso instituindo mais rapidamente
possvel o tratamento adequado o fator critico na limitao da degenerao e
necrose do tecido neural.
A estabilizao do estado geral em um paciente politraumatizado
sempre prioridade, visando o controle da hipotenso, hipotermia e vias areas.
Aps a estabilizao do paciente, deve-se realizar um exame fsico e clinico
meticuloso, observando principalmente a funo respiratria, freqncia e ritmo
cardaco, grau de perfuso capilar, capacidade de realizar movimentos
voluntrios e o nvel de conscincia (BAGLEY, 1999), alem da monitorao da
funo visceral, pois um trauma abdominal ou torcico pode ter ocorrido,
podendo levar o animal a bito dias depois por ruptura diafragmtica ou ruptura
de vescula urinaria.
Ces atropelados podem apresentar instabilidade da coluna vertebral,
luxao espinhal entre outras, por este motivo o animal deve ser mantido
imobilizado em uma maca, em decbito lateral, para evitar a ocorrncia de
novas leses se houver instabilidade vertebral.
Com o animal imobilizado realizado cuidadosamente o exame
neurolgico, visando localizar o segmento medular lesado e a severidade desta
leso.
37
5.1. Exame neurolgico
O exame neurolgico deve ser realizado para determinar a etiologia da
leso, a localizao neuroanatmica e extenso da leso e para identificar leses
medulares mltiplas, alem de ajudar a determinar a terapia adequada e
estabelecer o prognstico da leso. (ARAJO,ARIAS,TUDURY, 2009)
Um animal que apresenta diminuio da conscincia e ou deficincia
em nervos crnios aps um trauma muito provvel que tambm tenha sofrido
um traumatismo cranioencefalico concomitante.
Durante o exame, deve-se observar a ocorrncia de qualquer
movimento voluntario que se associa a um melhor prognstico. A postura de
Schiff-Sherrington geralmente ocorre em leses agudas graves da poro
toracolombar da coluna, estando muitas vezes associada a mal prognostico. O
reflexo cutneo do tronco pode ser til para determinar o nvel da leso medular
espinhal. (ARAJO, ARIAS, TUDURY, 2009).
O animal deve ser posicionado em decbito lateral, porem um
exame limitado, podendo ser avaliado apenas o estado mental, dos nervos
cranianos, postura, tnus muscular, reflexo espinhal e percepo de dor.
A percepo de dor profunda o indicador de prognostico mais
importante, pois se no existe a sensao de dor profunda caudal a leso medular
traumtica o diagnostico se demonstra muito desfavorvel.
38
5.2. Exame sensorial
O exame sensorial visa testar a sensibilidade do animal superficial,
isso feito comprimindo o espao interdigital com a unha. Se nenhuma resposta
for obtida se utiliza uma pina hemosttica, para comprimir lentamente a prega
interdigital. Devem-se observar duas reaes: a retirada do membro e
comportamental. A retirada do membro apenas uma resposta de reflexo
normal, indicando que o arco-reflexo permanece intacto. A resposta
comportamental na qual o animal chora se mostra ansioso, vira a cabea para o
membro pinado, vocaliza, rosna e tenta morder o examinador significa a
percepo dolorosa superficial.
Se a dor superficial esta presente o exame de dor profunda no se faz
necessrio, pois demonstra a presena do mesmo. Porem se a resposta
comportamental for negativa deve-se realizar o exame de dor profunda, aonde
realizado o pinamento da cauda,base da unha e dgitos.
de importncia vital compreender que a percepo de dor significa
reconhecimento do crtex cerebral resposta ao estimulo nocivo, e que o
reflexo flexor de uma parte do corpo no indica percepo dolorosa. O paciente
deve apresentar alguma reao comportamental para que se considere normal a
percepo dolorosa consciente (AMSELEN, TOOMS, LAVERTY, BREUR,
2003; DEWEY 2006).
O prognstico se torna desfavorvel na ausncia da percepo de dor
profunda, pois os tratos espinhais que possuem fibras sensitivas para a dor
profunda so bilaterais, multissinpticos, compostos de fibras de pequeno
dimetro, amielinizadas, distribudas por toda a medula e, portanto muito
39
resistente a leses(LORENZ,KORNEGAY,2006;DENNY,BUTTERWORTH
2006),o que significa uma grau de leso muito grave e profundo..
5.3. Exame radiolgico simples
A coluna inteira deve ser avaliada radiograficamente em busca de
leses espinhais mltiplas que podem no ter sido detectadas ao exame clinico.
Sinais de problemas no neurnio motor inferior em um membro podem
obscurecer uma leso no neurnio motor superior localizado mais cranialmente
na medula espinhal, de forma que a avaliao radiogrfica e a clinica so
importantes (NELSON, COUTO1998).
5.4. Exame radiolgico contrastado- Mielografia
Esse exame indicado para verificar a existncia de outras leses
medulares, quando o exame radiolgico simples no indica a localizao da
leso. Para determinar se a compresso medular persistente, e ainda determinar
se existe a transeco da medula espinhal.
40
Sendo ainda indicada para animais candidatos a cirurgia em potencial,
pois o tempo de anestesia e as complicaes possveis devem ser pesados antes
da realizao deste exame.
5.5. Tratamento
O tratamento da leso medular primaria tem como principal objetivo
auxiliar a sobrevivncia neural, interrompendo os eventos fisiopatolgicos desta
leso. Alem de prevenir a destruio bioqumica do tecido nervoso, diminuir o
edema medular e controlar a hemorragia intra e extra medular
(ARAJO,ARIAS,TUDURY, 2009).
A utilizao de neuroprotetores visa prevenir ou limitar a leso
secundaria da medula espinhal (OLBY, JEFERY, 2003). Os neuroprotetores
mais utilizados so: antioxidantes, antagonistas dos canais de clcio e opiaceos,
antiinflamatrios no esteroidais e corticosterides que so os mais utilizados.
A aplicao do corticosteride deve ser imediata aps a estabilizao
do paciente, o frmaco de eleio a metilpredinisolona (SSMP) na dosagem de
2-4mg kg/Iv. Esse frmaco possui o efeito na inibio da peroxidao lipdica
induzida pelos radicais livres, na melhora do fluxo sanguneo ps traumtico
medula espinhal, no bloqueio da liberao de cidos graxos livres e de
eicosanides, na perda de colesterol, na facilitao da remoo intracelular do
acumulado, na promoo da atividade NA+/K+ATPase, na inibio da resposta
inflamatria, na preveno da liberao de enzima lisossomais e na reduo do
edema. (ARAJO, ARIAS, TUDURY, 2009). A utilizao associada de
41
bloqueadores de receptores H deve ser utilizada caso apaream sinais
gastrointestinais.
Pode-se tambm ser aplicada a tcnica de fixao externa no
tratamento de fraturas/luxaes espinais em pacientes paraplgicos com
sensao de dor profunda presente, processos articulares e suporte vertebral
ventral intacto, que no apresentem fraturas plvicas e nenhuma leso
significativa em tecidos moles, alem de poder ser empregada em conjunto a uma
fixao interna.
5.5.1. Tratamento cirrgico
A cirurgia indicada para pacientes com instabilidade ou compresso
da medula espinhal. O grau de instabilidade junto avaliao leso pela teoria
dos trs compartimentos ir indicar o melhor tratamento cirrgico.
Se no houver transeco da medula espinhal e nem sinal de extensa
necrose aps a avaliao radiogrfica e a mielografia, o cirurgio ira optar por
praticar a hemilaminectomia nos casos de compresso extradural ou a fixao
cirrgica nos casos de instabilidade vertebral.
Os procedimentos cirrgicos descompressivos podem ser a
hemilaminectomia uni ou bilateral e a laminectomia dorsal (NETO, RABELO,
CROWE, 2005), sendo a hemilaminectomia prefervel, por promover menos
instabilidade adicional que a laminectomia dorsal (LORENZ, KORNEGAY,
2006; GREEN, BOSCO, 2008). Os procedimentos cirrgicos para a
42
estabilizao vertebral toracolombar incluem a fixao dos processos espinhosos
dorsais com placas plsticas ou metlicas; a fixao dos corpos vertebrais com
pinos Steinman ou parafusos interligados com polimetilmetacrilato, ou ainda
com placas plsticas ou metlicas; e a fixao segmentar dorsal, dentre outras.
(WHEELER, SHARP, 1999; NETO, RABELO, CROWE, 2005;
NETO, TUDURY, SOUZA, 2003). A escolha da tcnica e dos materiais vai
depender da leso, da idade do paciente, dos materiais disponveis e da
preferncia do medico veterinrio tratante.
5.6. Prognstico
A ausncia da percepo de dor profunda (PDP) em pacientes que
sofreram traumatismo medular exgeno esta relacionada a um prognstico
desfavorvel de recuperao das funes motoras normais destes animais. Isto
ocorre, pois a ausncia da nocicepo esta intimamente relacionada transeco
da medula espinhal ou ao rpido desenvolvimento de mielomalacia, muito
comum neste tipo de leso.
A determinao do prognstico por meio de imagens radiogrficas se
baseia no grau do estreitamento do canal vertebral e do deslocamento vertebral.
Ces sem PDP que apresentam algum grau de deslocamento vertebral possuem
menos de 5% de possibilidade de recuperao funcional, ao passo que nos
animais sem PDP e sem deslocamento vertebral, as possibilidades sobem para
25%.
43
O deslocamento de 100% do canal vertebral e a ausncia da perda de
dor profunda, j fornece o diagnostico de transeco total da medula espinhal
indicando que esta paciente no ter possibilidade alguma do retorno funcional.
O critrio de prognstico grave em ces sem PDP o deslocamento igual o
superior a 30% do canal vertebral, enquanto outros autores observam ser 60% o
grau mximo de deslocamento na regio lombar para manter a PDP intacta nos
membros plvicos. No entanto, a utilizao de imagens radiogrficas para
determinar o prognstico de ces com traumatismo vertebral tem uma srie de
limitaes, pois a radiografia revela o grau de leso da coluna vertebral e no da
medula espinhal. A presena de sinais neurolgicos como a postura de Schiff-
Sherrington, sinal de Babinski e o reflexo extensor cruzado so indicadores de
uma leso medular grave que associados aos exames radiogrficos do ao
medico veterinrio um critrio mais amplo para a eleio do seu prognstico.
44
6. MIELOPATIA EMBLICA FIBRINOCARTILAGINOSA
A mielopatia emblica fibrinocartilaginosa um sndrome comum
causada pela embolizao do suprimento arterial e/ou venosa para uma regio da
medula espinhal. O material embolizante identificado como fibrocartilagem e
acredita-se que se origina do ncleo pulposo do disco intervertebral (DEWEY,
2006). O mecanismo como ocorre chegada deste material aos vasos
sanguneos da medula espinhal desconhecido.
Esta doena acomete mais ces de raas grandes ou gigantes, sem
predileo por sexo e na faixa etria entre trs a sete anos. Porem podem afetar
ces de raas pequenas sem condrodistrofia sendo mais comumente afetados os
ces das raas Shetland sheepdog e Schnauzer miniatura na mesma faixa etria.
6.1. Caractersticas clnicas.
O incio dos sinais neurolgicos muito sbito e os sinais no progridem na
maioria dos casos. Em alguns casos os sinais podem agravar-se de maneira
progressiva em 2 a 4 horas (NELSON,COUTO.2001). Normalmente os sinais
clnicos aparecem aps a atividade fsica ou a um discreto evento traumtico.
Durante o exame clnico o animal no apresenta sinais de dor mesmo quando
manipulada a coluna vertebral, sendo muito til este sinal para a diferenciao
45
entre outras doenas que causam disfuno neurolgica, como a protruso aguda
de disco.
Os sintomas variam em funo da localizao e da gravidade da leso isqumica
da medula espinhal, normalmente com dficit assimtrico.
Os ces de raas grandes normalmente tm a regio da medula toracolombar e a
intumescncia lombossacra mais acometida por esta doena. Enquanto os ces
de raas pequenas so mais comumente afetados na regio da medula cervical.
6.2. Diagnstico
Suspeita-se do diagnstico com base na identificao do paciente, na
anamnese e no reconhecimento de uma disfuno aguda, no progressiva e
indolor da medula espinhal. As radiografias da regio acometida da coluna
auxiliam na avaliao de discoespondilite, fraturas, neoplasia vertebral e doena
do disco intervertebral, sendo normais em casos de embolia fibrocartilaginosa. O
liquido cefalorraquidiano (LCR) costuma estar normal, embora um aumento na
concentrao de protenas possa ser observado em alguns casos.
Nas primeiras 24horas aps o inicio dos sinais clnicos, alguns ces
apresentam aumento discreto do nmero de neutrfilos do LCR. A mielografia
geralmente normal. Algum grau de edema medular pode ser reconhecido em
alguns pacientes, mas a mielografia serve para descartar leses compressivas da
medula espinhal como fraturas, protruso de disco e neoplasias. O diagnostico
46
da mielopatia emblica fibrinocartilaginosa s pode ser feito pela a excluso dos
distrbios medulares compressivos e inflamatrios (NELSON, COUTO, 2001).
6.3. Tratamento
No existe nenhum tratamento com eficcia comprovada para este
tipo de afeco, os cuidados gerais de enfermagem so mais uteis para animais
que permanecem em decbito do que qualquer tratamento medicamentoso
propriamente dito. Em animais que so atendidos nas primeiras 6horas aps o
aparecimento dos sintomas institudo um tratamento semelhante ao
recomendado para animais com traumatismo espinhal, sendo utilizados
corticosterides, na tentativa de diminuir a inflamao e o edema na medula
espinhal alem de fisioterapia, que pode ser instituda por um tempo prolongado.
6.4. Prognstico
Os ces afetados por este tipo de afeco possuem um prognstico
muito imprevisvel em relao recuperao funcional devido gravidade da
leso instituda. Sendo favorvel a pacientes que apresentam percepo a dor
profunda intacta, sinais estritamente atribudos ao neurnio motor superior e
47
aqueles que apresentam a recuperao das condies funcionais dentro das duas
primeiras semanas aps a leso. Entretanto uma minoria poder se recuperar
entre 15 e 45 dias (GANDINI, CIZINAUSKAS, LANG, FATZER, JAGGY,
2003). Os ces de raas grandes e gigantes com apresentam incapacidade de
caminhar j apresentam um prognstico reservado, devido dificuldade para o
proprietrio no manejo desses animais (como o controle da bexiga e cuidados
gerais de enfermagem). A ausncia da percepo de dor profunda assim como os
sinais clnicos de paralisia assimtrica envolvendo o neurnio motor inferior
indicativa de um prognstico desfavorvel para a recuperao do animal.
48
7. FISIOPATOLOGIA DA COMPRESSO CRNICA
A medula pode suportar certo grau de compresso antes do
aparecimento de alteraes neurolgicas. Esta variao depende da velocidade
com que a compresso ocorre e a localizao da mesma. A compresso crnica
pode decorrer de neoplasias de crescimento lento, protruso crnica do disco
intervertebral, ou de doenas congnitas e degenerativas das vrtebras, como por
exemplo, a espondilomielopatia cervical caudal (OLBY; JEFERY, 2003). Sendo
que tambm pode ocorrer a juno de duas doenas, causando leso contuso
aguda e compresso crnica.
Existem diversas diferenas fisiolgicas entre a compresso aguda e a
crnica. Durante leso crnica existe o mantimento dos nveis de fluxo
sangneo e dos nveis de oxignio na medula espinhal. O edema axonal e a
desmielinizao so as principais alteraes neste tipo de leso, o aumento da
compresso medular ocorre aps um perodo de tempo mais longo devido ao
edemaciamento da substncia branca pela ocorrncia de edema vasognico.
Quando um pequeno volume da material discal prolapsa para o interior do canal
vertebral h produo de uma fora dinmica mnima, levando assim a sinais
clnicos brandos. Na compresso crnica a fora dinmica baixa e a medula
espinhal pode lanar mo de mecanismos compensatrios ao deslocamento que
se desenvolveu, induzindo a mudanas em sua forma. Quando a compresso
supera este mecanismo, se desenvolve hipxia local, assim como
desmielinizao, degenerao axonal. (TOOMBS; WATERS, 2003).
Os sinais clnicos deste tipo de leso ocorrem devido ao da fora
mecnica direta que capaz de alterar a conduo normal dos impulsos nervosos
alem da deformidade mecnica que ocorre por a medula ser constituda de um
49
tecido macio e delicado e o edema que causado pelo interrompimento da
drenagem dos vasos.
50
8. DOENA DO DISCO INTERVERTEBRAL DO TIPO II
Essa patologia conhecida como degenerao fibride, doena do
disco intervertebral do tipo II ou Hansen tipo II. Ela causada pelo
espessamento progressivo do anel fibroso dorsal, que se projeta dorsalmente no
canal intervertebral, alem da ruptura parcial do nulo do disco que permite o
prolapso de uma pequena quantidade de material do disco atravs do anulo
fibroso, que em conjunto com uma reao fibrtica concomitante, resulta na
formao de uma protuberncia arredondada na superfcie dorsal do disco no
canal espinhal. O prolapso parcial repetido e a resposta concomitante causam
sinais lentamente progressivos da compresso da medula espinhal. Esse tipo de
leso mais comum em ces idosos de raas de grande porte, mas pode
acometer as raas de pequeno porte. (DEWEY, 2006; NELSON, COUTO,
2001).
Figura 9- Protruso de disco intervertebral do tipo II Fonte: Dewey
51
8.1. Caractersticas clinicas
Os sinais clnicos resultam da compresso da medula espinhal, embora
o desconforto vertebral seja aparente em alguns ces. A doena do disco
toracolombar do tipo II muito comum, resultando em sinais neurnio motor
superior nos membros posteriores, com os anteriores permanecendo normais.
Haver hiperestesia se as razes nervosas estiverem comprimidas ou se tiver
ocorrido herniao do tipo I (NELSON, COUTO, 2001).
8.2. Diagnstico
A presena de sinais progressivos de disfuno da medula espinhal
sugere a presena discal do tipo II, sendo a discoespondilite, as neoplasias e a
mielopatia degenerativa o diagnostico clinico diferencial. A realizao do exame
neurolgico assim como na discopatia do tipo I sugere o local da leso. Assim
como a realizao de exames radiogrficos simples da coluna vertebral visando
observao da diminuio do espao intervertebral, presena de osteofitos e
esclerose. A mielografia tambm realizada para determinar a extenso e o
local da leso, assim como a analise do liquido cerebroespinhal e se o
veterinrio possuir acesso a realizao de uma tomografia computadorizada.
52
8.3. Tratamento
O animal deve ser classificado dentre os graus de leso para ser
estabelecido o tratamento.
1. Dor
2. Ataxia, diminuio da propriocepo
3. Paraplegia
4. Paraplegia com reteno ou incontinncia urinria
5. Idem quatro e perda da sensibilidade profunda
Graus trs, quatro e cinco so considerados emergncia cirrgica no
adianta tratar com medicamentos e esperar resposta, No grau cinco o prazo para
cirurgia de 48-72 horas, depois disso a paralisia pode ser irreversvel
O tratamento com o uso de corticides utilizado para animais
classificados em grau um e dois, sendo uma terapia de suporte que visa melhorar
o estado geral do animal. Alem dos corticides indicada a restrio a atividade
fsica.
A interveno cirrgica recomendada para animais a partir do grau
trs e tem como funo a descompresso da medula, estabilizao do estado
neurolgico do paciente, diminuio da dor. As tcnicas utilizadas so a mesmas
que a para a Hansen tipo I- Se a leso for localizada na regio cervical
realizada fenda ventral ou slot ventral. Leses em regio toracolombar so
realizadas a hemilaminectomia ou a laminectomia dorsal. Aps o tratamento
cirrgico necessrio a realizao de fisioterapia.
53
O tratamento atravs da acupuntura tem se mostrado eficaz, mas ainda
necessita mais estudos.
8.4. Prognstico
Pacientes com doenas de disco tipo II freqentemente so
controlados adequadamente com tratamento clinico durante longos perodos de
tempo. Em geral, o prognstico da doena de disco tipo II submetida ao
tratamento cirrgico reservado,quando comparado ao da doena tipo I,
especialmente quando h leso da medula espinhal toracolombar. Nesses
pacientes mais provvel o agravamento substancial da funo neurolgica aps
a cirurgia, s vezes irreversvel. A causa dessa afeco desconhecida, porm
pode ser decorrente de fatores que incluem leso por reperfuso e deficiente
capacidade de reserva funcional da medula espinhal (devida a compresso
crnica). (DEWEY, 2006).
54
9. MIELOPATIA DEGENERATIVA
uma patologia que leva a degenerao da substancia branca da
medula espinhal caracterizada pela perda generalizada de axnios e mielina
freqentemente assimtrica acometendo a medula espinhal toracolombar e
principalmente a torcica.
Os ces de raas medias e grandes com idade acima de cinco so os
mais acometidos, sendo os ces da raa pastor alemo os mais afetados.
9.1. Fisiopatologia
A causa da ocorrncia desta doena incerta. Alguns mdicos
acreditam estar relacionada deficincia de nutrientes ou vitaminas
(principalmente a B12 e E), outros acreditam que seja uma doena
neurodegenerativa imunomediada semelhante esclerose mltipla em humanos.
A depresso da imunidade mediada por clulas e o aumento dos complexos
imunes circulantes so achados consistentes em ces com mielopatia
degenerativa, tendo-se documentado deposio medular de imunoglobulinas e
complemento associada a leses histolgicas da doena. (NELSON, COUTO
2001).
55
9.2. Caractersticas clinicas
Normalmente o animal apresenta um quadro de mielopatia em regio
T3-L3, sem a presena de dor e progressiva (de seis meses a um ano).
Apresentando perda da capacidade proprioceptiva do membro plvico o que leva
a uma ataxia e a um arrastar de patas o que causa um desgaste da superfcie
dorsal da unhas, seguido de uma perda gradativa da funo motora voluntaria.
Tipicamente, os reflexos espinhais dos membros plvicos so normais a hiper-
reflexivos. Contudo se observa a reduo ou ausncia de reflexo patelar em
cerca de 10 a 15% dos pacientes e podem refletir leso seletiva as razes
nervosas lombares dorsais. (DEWEY, 2006)
9.3. Diagnstico
Deve-se suspeitar de um diagnostico de mielopatia degenerativa em
qualquer co de grande porte com progresso lenta de ataxia medular e fraqueza
de neurnio motor superior nos membros posteriores. (NELSON, COUTO,
2001). Tanto a radiografia de coluna quanto a anlise do LCR no so eficientes
no diagnostico desta doena, pois ambos os exames se apresentam normais,
sendo assim o diagnstico realizado por excluso. Portanto um co idoso que
apresentam sinais de neurnio motor superior lentamente progressivo em
membros plvicos e com radiografia simples de coluna normal, mielografia
56
espinhal normal e o exames citolgico do LCR normal justifica o diagnstico de
mielopatia degenerativa. O diagnostico apenas pode ser confirmado aps a
necropsia aonde o animal apresenta leses histopatolgicas caractersticas na
medula espinhal
9.4. Tratamento
O tratamento eficaz para esta doena ainda esta sendo pesquisado. So
recomendados exerccios fsicos, suplementao de vitaminas e o uso de
glicocorticides, de inibidor de protease e de acido aminocaprico. Porem no
esta comprovada que realizao destes tratamentos tenha algum efeito na
diminuio da evoluo da doena.
9.5. Prognstico
O prognstico ruim por ser tratar de uma doena degenerativa e
progressiva. A maioria dos animais submetida eutansia por apresentarem
grave disfuno dos membros plvicos progressivamente, normalmente de seis
meses a um ano aps o aparecimento dos primeiros sintomas.
57
10. NEOPLASIAS
Os tumores que comprimem e lesam o parnquima da medula espinhal
freqentemente causam piora crnica e progressiva dos sinais de disfuno da
medula espinhal. Os tumores que mais comumente acometem a medula espinhal
no co so os extradurais originados do corpo vertebral, tumores intradurais /
extramedulares e tumores intramedulares (NELSON, COUTO, 2001).
Figura 10-Padro mielografico normal. Fonte: Dewey
10.1. Tumores extradurais.
Este tipo de tumor se desenvolve fora da dura-mter, englobando
nesta categoria os tumores do corpo vertebral e aqueles localizados no espao
extradural do canal vertebral. Tumores extradurais podem ser de origem
metasttica (mais comumente carcinomas) e envolvem a vrtebra e o espao
extradural. Assim, a descoberta de um tumor extradural pode indicar a possvel
58
presena de um foco primrio em alguma parte, particularmente nas glndulas
mamarias tiride ou rins. (WHEELER, SHARP, 1999).
Figura 11- Padro mielografico extradural. Fonte: Dewey
10.2. Tumores intradural/extramedulares
Este tipo de tumor se desenvolve na dura-mter, mas no dentro do
parnquima medular. O tipo mais comum o tumor nas bainhas nervosas,
ocorrendo normalmente na regio cervical (C1/C5)e toracolombar (T3/L3). Esse
tipo de neoplasia causa compresso da medula espinhal o que leva o animal a
apresentar sinais de disfuno espinal.
Figura 12- Padro mielografico intradural/extradural. Fonte: Dewey
59
10.3. Tumores intramedulares
Tumores intramedulares ocorrem na substncia da medula espinal e
so do tipo menos comum. Eles so gliomas ou, muito ocasionalmente tumores
metastticos.
Figura 13- Padro mielografico intramedular. Fonte Dewey
10.4. Sinais Clnicos
No ocorre uma predileo sexual nem de raa para este tipo de
patologia, porm os ces de raas grandes so mais acometidos. Os ces mais
velhos com idade acima de cinco anos aparecem como os mais afetados por esta
doena.
Os sinais clnicos produzidos pelos tumores da coluna espinal so os
mesmos vistos para qualquer distrbio da espinha. Animais com tumores
60
espinais tm freqentemente modelo tpico inicial de desconforto,
completamente no especifico, seguido pelo desenvolvimento de deficincia
neurolgica progressiva e evidencia mais definitiva de dor espinhal
(WHEELER, SHARP, 1999).
Uma caracterstica marcante das neoplasias espinhais intradurais/
extramedulares a hiperestesia espinhal, que freqentemente antecede o inicio
do dficit motor proprioceptivo e voluntario. Normalmente, a hiperestesia
espinhal no caracterstica clinica precocemente notada em pacientes com
tumores espinhais intramedulares, provavelmente pelo no envolvimento da
meninge. (DEWEY, 2006).
Os sinais agudos aparecem por diversos fatores, como a fratura
patolgica de uma vrtebra, necrose ou hemorragia aguda de um tumor existente
e a leso do parnquima medular pelo crescimento rpido de uma neoplasia.
10.5. Diagnstico
O diagnstico realizado pela anamnese, sinais clnicos e nos
resultados encontrados nos exames de imagem da medula espinhal. Na maioria
das neoplasias vertebrais possvel visualizar lise ssea, com ausncia do
contorno cortical nas imagens radiogrficas das vrtebras acometidas, com ou
sem evidencia de proliferao ssea. A radiografia simples da coluna vertebral
se mostra normalmente inalterada em neoplasias espinhais de tecidos moles.A
uso de mielografias,ressonncia magntica e tomografia computadorizada so
61
muito importantes para a realizao corretado do diagnostico.Assim como a
analise histopatolgica da leso
10.6. Tratamento
O tratamento para neoplasias medulares dividido em tratamento de
suporte ou tratamento definitivo. O tratamento de suporte tem como objetivo
tratar as seqelas deixadas pelo tumor, como edema da medula e dor. Essa
terapia realizada com a administrao de doses antiinflamatria de
glicocorticide (0,5 mg de prednisona/kg/12hs), esta dose pode ser aumentada
ou diminuda conforme a necessidade, e pode ou no ser associada com
analgsicos dependendo do estado geral do paciente. O tratamento definitivo
tem como funo a retirada dos tecidos neoplsicos, principalmente por cirurgia
e radioterapia de megavoltagem.
A quimioterapia indicada para pacientes que apresentem
linfossarcoma ou mieloma. No h relato do uso de quimioterapia em outras
neoplasias espinhais (por exemplo, gliomas) (DEWEY, 2006).
62
10.7. Prognstico
O prognstico para paciente com neoplasia espinhal desfavorvel. O
tratamento de suporte alivia os sintomas gerados pela neoplasia, entretanto a
maioria dos pacientes ser submetida eutansia devida progressiva disfuno
da medular espinhal causada pela doena. As neoplasias vertebrais tambm
geram um prognostico desfavorvel, pois a descompresso cirrgica gera uma
melhora temporria dos sintomas. Porem este tipo de leso gera normalmente
uma extensa destruio ssea at a realizao de um diagnostico definitivo,
ento qualquer tipo de instabilidade adicional gerada por uma interveno
cirrgica (por exemplo, a laminectomia) pode acelerar o aparecimento de uma
fratura patolgica.
63
11. CONCLUSES FINAIS
extremamente importante o conhecimento das doenas relacionadas
medula espinhal pelo medico veterinrio. Essas patologias possuem origens e
modos de ao diferentes, entretanto todas levam a uma diminuio na
qualidade de vida deste animal, levando ao sofrimento destes pacientes e seus
proprietrios, pela leso neurolgica causada podendo at ser indica a eutansia
dependendo do estado do paciente.
As leses medulares agudas tm como principais conseqncias os
eventos inflamatrios, bioqumicos e vasculares que podem causar uma
destruio irreversvel do parnquima neural, causando seqelas que podem
deixar o animal incapacitado para sempre. um desafio para o medico
veterinrio conseguir amenizar ou at mesmo interromper estes eventos, sendo
vital a compreenso por parte de medico veterinrio a fisiopatologia da mesma
para poder adotar medidas adequadas visando a no destruio progressiva do
tecido nervoso, proporcionando assim a recuperao funcional do animal. No
caso de trauma medular, principalmente por atropelamento, o desafio ainda
maior devido aos outros tipos de leses relacionadas, como ruptura
diafragmtica, ruptura de rgos vitais como bao e fgado que levam o animal a
ter uma hemorragia interna, ento o veterinrio tem que se preocupar
primeiramente em estabilizar o animal para depois pensar no trauma medular, o
que pode causar uma leso irreversvel pela destruio secundaria progressiva
do tecido nervoso causada pelas reaes ao trauma da medula espinhal. Porem o
tratamento do ABC do trauma ainda o mais indicado, mantendo as vias areas,
respirao, circulao, imobilizao do paciente, oxigenao, manuteno da
presso sangnea e imobilizao da coluna vertebral se necessrio.
64
O tratamento para as leses medulares ainda tem que ser muito
estudado, com a realizao de pesquisas visando um melhor resultado final ao
tratamento. As pesquisas em relao aos fenmenos e mecanismo bsico da
leso medular foram realizadas intensamente ao longo dos anos, proporcionando
ao medico veterinrio uma melhor compreenso destes eventos, no entanto
pesquisas relacionadas a novas formas de tratamento no foram to realizadas,
deixando assim o veterinrio sem muitas alternativas de tratamento para este
tipo de doena.
As leses medulares crnicas normalmente esto relacionadas com
animais que possuem uma idade avanada e podem decorrer de neoplasias,
protruso crnica do disco intervertebral, doenas degenerativas ou congnitas.
Normalmente este tipo de leso apresenta sintomas brandos e progressivos
levando a um diagnstico tardio diminuindo as chances de total recuperao do
paciente.
O tratamento para este tipo de leso tambm necessita ser mais
estudado e aprimorado aumentando assim as chances de cura do paciente, que
no atual momento apresenta normalmente um prognstico reservado quando
diagnosticado com este tipo de leso.
65
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