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PORTFOLIO Letícia Lampert

LETICIA LAMPERT

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portfolio letícia lampert Exposições Individuais 2009 » Escala de Cor das Coisas | Galeria la photo | porto Alegre, rS 2008 » (des)construções | Galeria dos Arcos - Usina do Gasômetro | porto Alegre, rS letícia lampert porto Alegre, 1978 www.leticialampert.com.br [email protected] portfolio Escala de Cor das Coisas

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CUrrÍCUlo

letícia lampertporto Alegre, [email protected]

Formação Acadêmica2009 » Graduada em Artes Visuais, ênfase em fotografia | UfrGS 2000 » Graduada em Design industrial, ênfase em programação Visual | UlBrA/rS

Exposições Individuais2009 » Escala de Cor das Coisas | Galeria la photo | porto Alegre, rS2008 » (des)construções | Galeria dos Arcos - Usina do Gasômetro | porto Alegre, rS

Prêmios e Seleção em Editais2009 » prêmio Açorianos de Artes plásticas “Destaque em fotografia” indicada também na categoria “Artista revelação“ | porto Alegre, rS2009 » Edital do fumproarte - Seleção do projeto “Escala de Cor das Coisas” | porto Alegre, rS 2009 » festfotopoa 2009 - fotograma livre | Centro Cultural Erico Veríssimo | porto Alegre, rS 2008 » Edital de ocupação da Galeria dos Arcos - Usina do Gasômetro | porto Alegre, rS2008 » 1° prêmio Gaúcho de Arte Eletrônica | porto Alegre, rS

Salões e Mostras Seletivas2010 » Sydney Designboom Mart | powerhouse Museum | Sydney, Austrália2010 » Muito mais que uma imagem em papel | NY Gallery| porto Alegre, rS2010 » Exposição prêmio Açorianos 2009 | paço Municipal | porto Alegre, rS 2010 » Salão de Abril | integrante do projeto Desvenda | fortaleza, CE2009 » reflexos Contemporâneos | Espaço Cultural Chico lisboa | porto Alegre, rS

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2009 » festfotopoa 2009 - fotograma livre | Centro Cultural Erico Veríssimo | porto Alegre, rS2008 » 20o Salão do Jovem Artista | Casa de Cultura Mário Quintana | porto Alegre, rS2008 » 12o Salão paulista de Arte Contemporânea | Casa das rosas | São paulo, Sp 2007 » Arte + Arte - Em nome da terra | Casa de Cultura Mário Quintana | porto Alegre, rS 2007 » festfotopoa 2007 | StudioClio e Santander Cultural | porto Alegre, rS2006 » 19o Salão do Jovem Artista | Margs | porto Alegre, rS2003 » “Mail Me”, fabrica | itália

Exposições Coletivas2009 » 20x20 | Bolsa de Arte | porto Alegre, rS2009 » Desvenda porto Alegre - São paulo | Cachalote | São paulo, Sp2009 » projetos de Graduação | pinacoteca do instituto de Artes da UfrGS | porto Alegre, rS2009 » Desvenda porto Alegre - Salvador | QG do Gia no pelourinho | Salvador, BA2007 » 20x20 | Bolsa de Arte | porto Alegre, rS 2007 » fotossenssíveis | Casa de Cultura Mário Quintana | porto Alegre, rS 2007 » Bienal B | Casa de Cultura Mário Quintana | porto Alegre, rS2007 » Essa poa é Boa | o Espírito dos Sais | DC Navegantes | porto Alegre, rS2006 » iii Concurso fotográfico paralelo 30 | Allegro Café | porto Alegre, rS2006 » foto 1 | Memorial do rio Grande do Sul | porto Alegre, rS 2006 » ii Concurso fotográfico paralelo 30 | Café do porto | porto Alegre, rS 2006 » ii Mostra fotográfica do parque Estadual itapuã | Shopping praia de Belas | porto Alegre, rS 2006 » i Concurso fotográfico paralelo 30 | Café do porto | porto Alegre, rS

Publicações2009 » Escala de Cor das Coisas | porto Alegre, rS

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portfolio

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Escala de Cor das Coisas

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Escala de Cor das Coisas

A cor palavra. A palavra fotografada. A cor tentando se explicar. Lite-ralmente. Intangíveis, cores não passam de convenções, de conceitos abstratos. Não temos como avaliar se a noção de cor de cada um é exa-tamente igual. E, na tentativa de criar um denominador comum, nomes são dados a elas, nomes de “coisas”. Mas as pessoas realmente se dão conta que o azul montanha tem este nome por que as montanhas, vis-tas ao longe, tem esta cor? E o azul celeste ou o azul calcinha?

Fotografando as “coisas” que dão nome às cores é instigada a reflexão de ambos os signos, o visual e o verbal, além das relações entre real e imaginário, natureza e convenção, e, de forma lúdica, os processos de significação na criação de um imaginário coletivo das cores. A fotografia permite este jogo por trazer o referente original à visão, referente este que, no uso corriqueiro das palavras, vira um dado quase abstrato.

Inspirado no formato dos catálogos de normatização de cores, como o Pantone, este projeto deu origem a um livro/catálogo que conta com 58 cores-coisas fotografadas e que, ao invés de atestar uma suposta veraci-dade de determinada cor, busca mostrar exatamente o oposto, uma vez que, em matéria de cores e palavras, a imprecisão é a regra.

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Escala de Cor das CoisasAzul Montanha2008140 x 30 cm (3 fotos 30 x 45 cm)

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Escala de Cor das CoisasVerde folha2009140 x 30cm (3 fotos 30 x 45 cm)

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Escala de Cor das CoisasAmarelo ovo2009140 x 30 cm (3 fotos 30 x 45 cm)

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Escala de Cor das CoisasCor de Carne2009140 x 30 cm (3 fotos 30 x 45 cm)

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Escala de Cor das Coisasrosa Antigo2009140 x 30 cm (3 fotos 30 x 45 cm)

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Escala de Cor das CoisasCor de Burro quando foge2009140 x 30 cm (3 fotos 30 x 45 cm)

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Aguadas

Estudos de Corletícia lampertletícia lampert 30x20 cm (cada imagem)fotografia2009 (em desenvolvimento)

Acinzentadas

Queimadas

Esfumaçadas

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Escala de Cor das CoisasVistas da exposição - Galeria la photoporto Alegre, 2009

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Escala de Cor das Coisaslivro de Artistaletícia lampert200928 x 6 x 2 cm

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Escala de Cor do tempo

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Escala de Cor do tempo

Na fotografia, as coisas só existem através da luz e do tempo. O tempo é congelado, retido, apropriado, gravado pela luz. A luz, com seus claros e escuros, dá forma ao que vemos. Não apenas forma. A luz é percebida como cor. Milhares delas.

O tempo, portanto, na fotografia, tem cor, uma cor inexorável, daquele momento que já foi. Se cada tempo é único, a cor de cada momento também será. Como uma nova medida do tempo. O tempo-cor.

Para realizar este projeto, foram captadas 12 séries, uma para cada mês do ano, cada uma com 12 fotografias, totalizando 144 imagens. Estas fotografias foram obtidas entre as 6 da manhã e as 7 da noite, a cada mês, sempre na mesma janela.

Este projeto permite diferentes montagens, pois os meses são tratados aqui como módulos. Dois livros de artista também foram desenvolvidos como desdobramento do projeto: “Escala de Cor do Tempo - para dias de sol” e “Escala de cor do Tempo - para dias de chuva”.

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Escala de Cor do TempoPara o Ano que Passou - Montagem 1Letícia Lampert2009230 X 140 cmFotografias

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Escala de Cor do tempopara o Ano que passou - Montagem 2pinacoteca Barão de Santo Ângeloporto Alegre, 200823 X 0,1 mfotografias

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Escala de Cor do tempopara o Ano que passou (Detalhe)letícia lampert200810 x 15 cmfotografias

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Escala de Cor do tempopara o Ano que passou (Detalhe)letícia lampert200810 x 15 cmfotografias

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Escala de Cor do tempopara o Ano que passou (Detalhe)letícia lampert200810 x 15 cmfotografias

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Escala de Cor do tempopara o Ano que passou (Detalhe)letícia lampert200810 x 15 cmfotografias

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Escala de Cor do tempopara o Ano que passou (Detalhe)letícia lampert200810 x 15 cmfotografias

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Escala de Cor do tempopara dias de Solpara dias de Chuva200815 X 21 x 2 cmlivro de Artista

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(des)construções

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(des)construções

A cidade cresce do jeito que dá. Desordenadamente. Pra cima, pros la-dos, pra onde tiver lugar. Junta tudo, o novo e o antigo. O industrial e o caseiro. O jeitinho. O puxadinho.

Grandes e imponentes edificações surgem, meio desproporcionais, ao lado de singelas casas de bairro. Estas talvez um dia já tenham tido sua imponência, mas hoje, ficam ali, oprimidas pelo concreto, quase impro-váveis na paisagem urbana.

A paisagem vira um grande emaranhado de concreto. Já não é possível ver uma casa em sua totalidade, uma fachada é invadida pela outra. Não há unidades, mas um grande conjunto disforme. E é dentro deste emaranhado que o homem vive, sem assombro, como se fosse seu habitat natural.

É a partir desta percepção da cidade que surgiu “(des)construções”, en-saio composto de 18 colagens que, de forma lúdica, junta partes desco-nexas de casas e prédios para construir com eles novas moradias, que, de tão improváveis, chegam a ser muito familiares.

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(des)construção no 1letícia lampert200793 X 90 cmMontagem fotográfica

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(des)construção no 2letícia lampert200882 X 99 cmMontagem fotográfica

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(des)construção no 3letícia lampert200895 X 123 cmMontagem fotográfica

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(des)construção no 4letícia lampert200882 X 139 cmMontagem fotográfica

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(des)construção no 5letícia lampert200885 X 115 cmMontagem fotográfica

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(des)construção no 6letícia lampert200865 X 85 cmMontagem fotográfica

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(des)construção no 7letícia lampert2008104 X 97 cmMontagem fotográfica

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(des)construção no 8letícia lampert2008100 X 110 cmMontagem fotográfica

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(des)construção no 9letícia lampert200884 X 91 cmMontagem fotográfica

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outros projetos

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Qual?letícia lampert200630 X 45 cmfotografia

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paisagem Íntimaletícia lampert2006100 X 140 cmfotografia

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Série Minúcias #1letícia lampert2008formatos variadosfotografia

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Série Minúcias #2letícia lampert2008formatos variadosfotografia

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textos Críticos

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Em suas (des)construções, letícia lampert nos convida a uma experiência de estranheza frente às possibilidades de composição do espaço fotográfico. Baseada no princípio da foto-montagem, estratégia utilizada desde as vanguardas, principalmente no Dadaísmo, a artista não escamoteia o sentido artificial dessas arquiteturas desconstruídas e, posteriormente, re-construídas sob o princípio de uma desordem ordenada. A partir das suas imagens, podemos vislumbrar a negação do apagamento da nossa memória seletiva ao processar o excesso de estímulos visuais cotidianos. Aparentemente simples, essas fotomontagens são povoadas de ambigüidades, oferecendo uma densidade crítica à vida contemporânea nas cidades. Em tais combinações, que remetem às construções improvisadas das favelas, não ficam de fora o kitsch singelo dos elementos decorativos, o desconforto da proteção exagerada e a contun-dência do desgaste que o tempo opera sobre coisas e pessoas. os próprios habitantes dessas imagens, apresentados em escalas diversas, ao mesmo tempo em que desestabilizam a nos-sa expectativa de ordenação perspéctica do espaço, também apontam para a sua incômoda fragilidade como peças quase aleatórias dessa paisagem poética.

Alexandre SantosHistoriador e Crítico de Arteporto Alegre, junho de 2008

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Visão diferenciada do espaço

Uma das principais características da arte contemporânea é a exploração da capacidade indi-vidual de descobrir aquilo que a tecnologia oferece para responder as inquietações artísticas de cada um. Nesse sentido, as possibilidades da fotografia como campo de exploração da linguagem se tornam um universo infinito.

Nascida em porto Alegre, rS, em 1978, letícia lampert, formada em Desenho industrial, busca nas imagens uma forma de interrogar, desmontar e remontar a realidade visível. Em 2008, em sua primeira individual em sua cidade natal e selecionada para o 12º Salão paulista de Arte Contemporânea, dá um passo decisivo.

pelo mecanismo da fotomontagem, mostra o relativismo daquilo que entendemos como verdade. Sua ótica é a da justaposição de fotos, que faz um sentido, mas, ao mesmo tempo, gera um estranhamento. Grades, grafites e pichações são colocados em nova perspectiva para gerar residências imaginárias.

As imagens funcionam como alegorias de uma sociedade marcada pela fragmentação e pela descontinuidade. Com medo daquilo que vemos e também do que desconhecemos, o univer-so apresentado pela artista gaúcha mostra o que temos receio de ver, pois surge desarticula-do, como de fato o é, mas não queremos admitir.

letícia lampert oferta ao observador uma visão diferenciada do espaço com figuras que de-sejam se integrar e, ao mesmo tempo, não conseguem harmonia. A questão central está na apresentação de um acúmulo de imagens que questiona o cotidiano e o posiciona de uma nova maneira, contestadora e incômoda, mas poeticamente bela.

oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo instituto de Artes da Unesp, integra a As-sociação internacional de Críticos de Arte (AiCA- Seção Brasil).

São paulo, julho de 2008

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Uma escala de fé

Se nos perguntarem “O que significam as palavras vermelho, azul, preto, branco?”, podemos, bem entendido, mostrar imediatamente coisas que têm essas cores. Mas a nossa capacidade de explicar o significado dessas palavras não vai além disso.

ludwig Wittgenstein, in Anotações sobre as Cores

Dedicado a investigar, entre tantas questões, a relação entre linguagem e realidade, o filósofo austríaco ludwig Wittgenstein (1889-1951) acreditava que, uma vez que o signo representa-va o objeto, a forma lógica da linguagem seria a forma mesma do mundo. isso nos permitiria pensar, partindo do preâmbulo deste texto, que o nome da cor é também cor. E, de fato, ele é parte fundamental da percepção cromática que temos das “coisas do mundo”, ativando e solicitando nosso saber, nossa memória e imaginação. É na discussão de aspectos congêne-res que letícia lampert vem pautando sua poética, adotando a fotografia como meio e a cor como assunto.

No presente trabalho, Escala de Cor das Coisas, letícia dialoga com um dos mais populares sistemas de padronização de cores, o pantone Color Guide. Empregado internacionalmente em gráficas, editoras e agências publicitárias, ele funciona como um mostruário, indicando, de forma muito próxima e crível, como as cores se manifestam ao serem impressas.

No formato e na aparente função, também o catálogo de letícia parece permitir a aferição cromática. Contudo, se o observarmos atentamente, perceberemos que suas cores, como medidas, são intangíveis, uma vez que operam no território da linguagem, da subjetividade e da fantasia. Como explicar o azul calcinha, o vermelho tomate, a cor de carne, a cor de pele? Aliás, estendendo a problematicidade: cor de pele de que raça? E o que dizer da cor de burro quando foge? Como seria possível defini-la, ou mesmo imaginá-la? Apresentadas como fotografias de detalhes e texturas das coisas as quais seus nomes remetem, essas “cores” es-cancaram, uma vez mais, sua natureza incomensurável. ora, no verde musgo cabem dezenas de tonalidades de verde, assim como no verde limão e no verde folha... oriundas de associa-ções e metáforas usadas no dia-a-dia, essas denominações reforçam a carga experiencial por

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trás do ato de nomear e de se relacionar com o mundo. E se, isoladas do contexto, parecem absurdas, o que não dizer de suas versões para o inglês, a língua franca adotada em manuais semelhantes? Nessa incongruência, o léxico das cores, dos mais líricos que existem, mostra-se absolutamente rebelde à tradução.

o fato é que a provocativa e lúdica Escala de Cor das Coisas perturba a familiaridade do pensamento, e isso talvez se deva menos ao fato de conhecermos e de usarmos os nomes substantivados e sistematizados pela artista, e mais por nos darmos conta, se não de sua impossibilidade, pelo menos de sua imprecisão.

Esta sutil complexidade também desponta no trabalho Escala de Cor do tempo. Nele, a ar-tista novamente buscou medir o imponderável por meio da cor; no caso específico, o tempo. Ambos os conceitos, cor e tempo, são por natureza abstrusos, e a proposta de mensurar um a partir do outro beira o delírio. tomando um único enquadramento, a janela do banheiro de seu apartamento, letícia fotografou as impressões de luz, tendo entre ela e a paisagem exte-rior somente o vidro canelado da abertura, naturalmente marcado pela gradação encontrada nas escalas. limitando-se a esse recorte, produziu, ao longo de um ano, dezenas de imagens, que deram corpo a duas escalas cromáticas: uma para dias de sol e outra para dias de chuva, mas ambas sem qualquer aplicação ou funcionalidade.

Quanto a isso, vale lembrar que a artista, cuja formação inicial é em Design, trabalha rotinei-ramente com sistemas como o já citado pantone, ou o Kodak Color Chart. São eles que aferem a “verdade” das cores, assegurando as opções e percepções do profissional da área. portanto, quando se lança a criar não apenas novas e oníricas medidas, a exemplo do tempo-cor e da coisa-cor, como também etéreas tabelas, letícia lampert nos convida tanto a pensar acerca da inconsistência de nossos sistemas de classificação e ordenação do mundo, como estende ao cotidiano o lirismo e a poesia próprios do universo da arte.

paula ramos

porto Alegre, outubro de 2009

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As cores da vida

o livro Escala de cor das coisas, de letícia lampert lançado em porto Alegre, rS, tem como principal mérito trazer à tona uma série de discussões propiciadas pelo assunto enfo-cado e pela maneira como foi desenvolvido o projeto gráfico. o casamento entre essas duas vertentes gera um resultado de inegável impacto plástico. Quanto ao conteúdo, trata-se da apresentação de três fotografias literais, mas sem perder a poeticidade, das mais diversas coisas. É o caso amarelo limão ou da cor de mel, representados por esses elementos. A cor ganha assim uma concretude, seja no animal (ama-relo canário), metal (amarelo ouro) ou fruta (verde abacate) ao qual alude. Em relação à forma, existe a evocação do pantone, um guia utilizado mundialmente que auxilia gráficos, editores, designers e artistas a conseguirem atingir as cores desejadas num processo gráfico. A escala proposta, ao ter suas páginas folheadas rapidamente com apenas uma das mãos, constrói, assim, um arco-íris. o espectro vai da flor violeta à fotografia da cor de “burro quando foge”, num leque que mostra bom humor, observação e uma louvável relação entre a palavra (o nome da cor) e a imagem (a cor em si). Da conversa saudável entre esses elementos, nasce um trabalho intenso, que nos ajuda a ver melhor as escalas de cores da vida. oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo instituto de Artes da Unesp, integra a As-sociação internacional de Críticos de Arte (AiCA- Seção Brasil).

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