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Wave (Vou te contar) Letra e música: Tom Jobim Vou te DM7 contar, os Bdim olhos já não podem Am7 ver D7b9 Coisas que GM7 só o cora Gm6 ção pode en F#13 tender F#75+B9 B7b9 Fundamen E9 tal é mesmo o amor É impos Bb7 sível ser fe A7 liz Dm7 sozinho A75+ O resto é mar, é tudo que eu nem sei contar DM7 Bdim Am7 D7b9 São coisas lindas que eu tenho pra te dar GM7 Gm6 F#13F#75+ B9 B7b9 Vem de man E9 sinho a brisa e me diz É impossível ser feliz sozinho Bb7 A7 Dm7 G7 Da primeira vez é a cidade Gm7 C9 FM7 Da segunda, o cais, a eternidade Fm7 Bb9 Gm7 X1 X2 X3 Agora eu já sei da onda que se ergueu no mar DM7 Bdim Am7 D7b9 E das estrelas que esquecemos de contar GM7 Gm6 F#13X4 B9 X5 O amor se E9 deixa surpreender Enquanto a noite vem nos envolver Bb7 A7 Dm7 A75+ nota: X1=A7b9(3) X2=A7b9(6) X3=A7b9(9) X4=B7b9 X5=F#75+ 72 Brasil Arquivo de letras de música 28 de Janeiro de 2002 1

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Wave (Vou te contar)

Letra e música: Tom Jobim

Vou teDM7contar, os

Bdimolhos já não podem

Am7ver

D7b9

Coisas queGM7só o cora

Gm6ção pode en

F#13tender

F#75+B9 B7b9

FundamenE9tal é mesmo o amor

É imposBb7sível ser fe

A7liz

Dm7sozinho

A75+

O resto é mar, é tudo que eu nem sei contarDM7 BdimAm7 D7b9

São coisas lindas que eu tenho pra te darGM7 Gm6 F#13F#75+B9 B7b9

Vem de manE9sinho a brisa e me diz

É impossível ser feliz sozinhoBb7 A7 Dm7 G7

Da primeira vez é a cidadeGm7 C9 FM7

Da segunda, o cais, a eternidadeFm7 Bb9 Gm7 X1 X2 X3

Agora eu já sei da onda que se ergueu no marDM7 BdimAm7 D7b9

E das estrelas que esquecemos de contarGM7 Gm6 F#13X4 B9 X5

O amor seE9deixa surpreender

Enquanto a noite vem nos envolverBb7 A7 Dm7 A75+

nota:

X1=A7b9(3)X2=A7b9(6)X3=A7b9(9)X4=B7b9X5=F#75+

72

Brasil

Arquivo de letras de música

28 de Janeiro de 2002

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Conteúdo

Águas de Março . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4Alô, alô marciano . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6Amando sobre os jornais . . . . . . . . . . . . . . 7Apelo (Meu amor não vás embora) . . . . . . . . . 8A rosa de Hiroxima . . . . . . . . . . . . . . . . . 10Avarando . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11A voz do dono e o dono da voz . . . . . . . . . . . 12Berimbau (Quem é homem de bem) . . . . . . . . 13Bom conselho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14Cálice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Casa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Construção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Cuidado Com A Outra . . . . . . . . . . . . . . . 18Desafinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19Dois pra lá, dois pra cá . . . . . . . . . . . . . . . 20Estrada de sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Fado tropical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22Felicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24Festa da Música . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Filosofia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27Folhetim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28Funeral do lavrador . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Garota de Ipanema . . . . . . . . . . . . . . . . . 30Geni e o zepelim . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31João e Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34Lágrima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35Marambaia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36Me Deixe Mudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37Minha história (Menino Jesus) . . . . . . . . . . . 38Não existe pecado ao sul do equador . . . . . . . . 40O Filho Que Eu Quero Ter . . . . . . . . . . . . . 41O que será quer será . . . . . . . . . . . . . . . . . 43O sino da minha aldeia . . . . . . . . . . . . . . . 44Pato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45Pau de arara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46Pedro pedreiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Pela luz dos olhos teus . . . . . . . . . . . . . . . 50Quotidiano (cotidiano) . . . . . . . . . . . . . . . 51Recado para o Chico . . . . . . . . . . . . . . . . 52Romaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53Samba da Benção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54Samba de uma nota só . . . . . . . . . . . . . . . . 55Samba em prelúdio . . . . . . . . . . . . . . . . . 57Segue o teu destino . . . . . . . . . . . . . . . . . 58Sem compromisso . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59Tanto mar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Tanto mar II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

2

Valsinha

Música: Vinicius de MoraesLetra: Chico BuarqueMicheline Barroso e Tiago Santos

Um dia ele chegou tão diferentedo seu jeito sempre chegarOlhou-a dum jeito muito mais quentedo que sempre costumava olharE não maldisse a vida tanto quantoera seu jeito sempre falarE nem deixou-a a só num canto,para seu grande espanto convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonitacomo há muito tempo não queria ousarCom seu vestido decotadocheirando a guardado de tanto esperarDepois os dois deram-se os braçoscomo há muito tempo não se usava darE cheios de ternura e graçaforam para a praia e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dançaque a vizinhança toda despertouE foi tanta felicidadeque toda a cidade enfim se iluminouE foram tantos beijos loucosTantos gritos roucos como não se ouvia maisQue todo mundo compreendeuE o dia amanheceuEm paz

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Valsa do bordel

Letra e música: Vinicius de MoraesIn: ’Um pouco de Ilusão’, 1980Victor Almeida

Longas piteirasperfumes no arroxas olheirasem torno do olharque brincadeira fazer profissãoda mais antiga e mais sem soluçãoDiscos francesestão sentimentaisvelhos fregueses com taras iguaisah! quem me dera voltar para trássem sentira mais tanta solidãoE, de repente entre tanto clienteLá chega o gostosãoe, incontinente,abre conta-correnteem nosso coraçãoA gente apanhamas sente prazerdá o que ganhae o que vai fazerele é a paixão todo o resto é sabervender um pouco de ilusão

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Tarde Em Itapuã . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62Teresinha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64Tigresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65Um tempo que passou . . . . . . . . . . . . . . . . 66Vaca Profana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68Valsa do bordel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70Valsinha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71Wave (Vou te contar) . . . . . . . . . . . . . . . . 72

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Águas de Março

Letra e música: Tom JobimIntérprete: Elis Regina; Tom JobimNuno

É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o solÉ a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba no campo, é o nó da madeiraCaingá candeia, é o matita-pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceiraÉ o misterio profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeiraÉ a viga, é o vão, festa da cumeeira

É a chuva chovendo, é conversa ribeiraDas águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeiraPassarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chãoÉ um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminhoNo rosto um desgosto, é um pouco sozinho

É um estepe, é um prego, é uma conta, é um contoÉ um pingo pingando, é uma conta, é um ponto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhandoÉ a luz da manhã, é o tijolo chegando

É a lenha, é o dia, é o fim da picadaÉ a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projecto da casa, é o corpo na camaÉ o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é uma sapo, é uma rãÉ um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão

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Vaca Profana

Letra e música: Caetano VelosoIntérprete: Caetano VelosoCarlos Coutinho

Intr.:Am F G F C

CRespeito muito minhas

Flágrimas, mas

Cainda mais minha

Amrisada

Escrevo assim minhas paDmlavras na voz de uma mulher sagrada

F

CVaca profana põe teus

Dcornos prá

C#fora e acima da manada

C[bis]

Ê,Cdona de divinas

Dtetas, derr

Fama o leite bom na minha cara

E oCleite mau na cara dos

Fcaretas

C F C F

Segue a ’movida Madrileña’, também te mata BarcelonaNapoli Pino, Pí, Pau, punks, picassos movem-se por LondresBahia onipresentemente, Rio e belíssimo horizonte [bis]

Ê, vaca de divinas tetas, la leche buena toda em mi gargantaLa mala leche para los ’puretas’

Quero que pinte amor Bethânia, Stevie Wonder, AndaluzMais do que tive em Tel Aviv, perto do mar, longe da cruzMas em composição cubista, meu mundo Thelonius Monk’s blues [bis]

Ê, dona das divinas tetas, quero teu leite todo em minha almaNada de leite mau para os caretas

Sou tímido e espalhafatoso, torre traçada por GaudiSão Paulo é como um mundo todo, no mundo um grande amor perdiCaretas de Paris e New York, sem mágoas estamos aí [bis]

Ê, vaca das divinas tetas, teu bom só para o oco, minha faltaE o resto inunde as almas dos caretas

Mas eu também sei ser careta, de perto ninguém é normalÀs vezes segue em linha reta, a vida que é meu bem, meu malNo mais, as ramblas do planeta, Orchata de chufa, si us plau [bis]

Ê, deusa de assombrosas tetas,gotas de leite bom na minha caraChuva do mesmo bom sobre os caretas,la mala leche para los ’puretas’Nada de leite mau para os caretas,e o leite mal na cara dos caretasChuva do mesmo bom sobre os caretas,e o resto inunde as almas dos caretas

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É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é JoséÉ um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verãoÉ a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinho

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã

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Alô, alô marciano

Letra e música: Rita Lee; Roberto CarvalhoIntérprete: Elis ReginaIn: ’Saudade do Brasil’ (1980)Victor Almeida

Alô, Alô MarcianoAqui quem fala é da TerraPra variar, estamos em guerraVocê não imagina a loucuraO ser humano está na maior fissura, porque...

Tá cada vez mais down no high societyDown, down, down no high society

Alô, Alô marcianoA crise esta virando zonaCada um por si, todo o mundo na lonaE lá se foi a mordomiaTem muito rei aí pedindo alforria, porque...

Tá cada vez mais down no high societyDown, down, down no high society

Alô, Alô marcianoA coisa está ficando ruçaMuita patrulha, muita bagunçaO muro começou a pixarTem sempre um aiatolá pra atolar Alá

Ta cada vez mais down no high societyDown, down, down no high society

6

quem sabe, dobram juntasas dores colectivas, quiçáno canto mais pungente que há

Ou dançam numa torreas nossas sobrevidasvidas, vidasa se encantara se combinarem vidas futuras

Enquanto o vinho corre, corre, corremorrem de rirmas morrem de rirnaquelas alturaspois sabem que não volta jamaisum tempo que passou

(Ou dançam numa torre...)

(Enquanto o vinho corre, corre, corre...)

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Um tempo que passou

Música: Sérgio GodinhoLetra: Chico BuarqueIn: ’coincidências’ 1983Luís Alçada

Vouuma vez maiscorrer atrásde todo o meu tempo perdidoquem sabe, está guardadonum relógio escondido por quemnem avalia o tempo que tem

Oualguém o achouexaminoujulgou um tempo sem sentidoquem sabe, foi usadoe está arrependido o ladrãoque andou vivendo com meu quinhão

Ou dorme num arquivoum pedaço de vidaa vida, a vida que eu não gozeieu não respireieu não existia

Mas eu estava vivovivo, vivoo tempo escorreuo tempo era meue apenas queriahaver de voltacada minuto que passou sem mim

Simencontro enfimiguais a mimoutras pessoas aturdidasdescubro que são muitasas horas dessas vidas que estãotalvez postas em grande leilão

Sãomais de um milhãouma legiãoum carrilhão de horas vivas

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Amando sobre os jornais

Letra e música: Chico BuarqueIntérprete: Maria BethâniaIn: ’Mel’, 1982Victor Almeida

Amando noites aforaFazendo a cama sobre os jornaisUm pouco jogados foraUm pouco sábios demaisEsparramados no mundoMolhamos o mundo com delíciasAs nossas peles retintasDe notícias

Amando noites a fioTramando coisas sobre os jornaisFazendo entornar um rioE arder os canaviaisDas páginas flageladasSorrimos, mãos dadas e, inocentesLavamos os nossos sexosNas enchentes

Amando noites a fundoTendo jornais como cobertorPodendo abalar o mundoNo embalo do nosso amorNo ardor de tantos abraçosCaíram paláciosRuiu um impérioOs nossosDe mistério

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Apelo (Meu amor não vás embora)

Música: Baden PowellLetra: Vinicius de MoraesIntérprete: Vinicius de Moraes; Maria BethâniaIn:jj, Fernando Faria (<a href=’http://www.geocities.com/Paris/1557/vm1.html’>English

transation</a> (Isabel Ruivo))

Ah meu amor não vás emboraEm B7

Vê a lua como choraE7 Am

Vê que triste esta cançãoE7

Não eu te peço não te ausentesAm Em

Pois a dor que agora sentesF#7

Só se esquece no perdãoB

Ah minha amada me perdoaEm B7

Pois embora ainda te doaE7 Am

A tristeza que causeiE7

Eu te suplico não destruasAm Em

Tantas coisas que são tuasC B7

Por um mal que já pagueiEm B7

Ah meu amado se soubesseA tristeza que há nas precesQue a chorar te faço eu

Se tu soubesses num momentoTodo o arrependimentoComo tudo entristeceu

Se tu soubesses como é tristeEu saber que tu partisteSem sequer dizer adeus

Ah meu amor tu voltariasE de novo cairiasA chorar nos braços meus

[ De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a brumaE das bocas unidas fez-se a espumaE das mãos espalmadas fez-se o espanto

8

TigresaLetra e música: Caetano VelosoIntérprete: Maria BethâniaCarlos Coutinho

Intr.: Bm

Bm Em Bm GUma tigresa de unhas negras e íris cor de mel

Bm Em A7 D EUma mulher, uma beleza que me aconteceu

Bm E Bm F#mEsfregando sua pele de ouro marrom do seu corpo contra o meu

G A7 BmMe falou que o mal é bom e o bem cruel

Bm Em Bm GEnquanto os pelos dessa deusa tremem ao vento ateu

Bm Em A7 D EEla me conta, sem certeza, tudo que viveu

Bm E Bm F#mQue gostava de política em mil novecentos e setenta e seis

G A7 BmE hoje dança no Frenetic Dancing Days

Bm Em Bm GEla me conta que era atriz e trabalhou no ’Hair’Bm Em A7 D E

Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulherBm E Bm F#m

Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amorG A7 BmE espalhado muito prazer e muita dor

Bm Em Bm GMas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudarBm Em A7 D EPorque ela vai ser o que quis, inventando um lugarBm E BmOnde a gente e a natureza feliz vivam sempre em comunhãoG A7 BmE a tigresa possa mais do que um leão

Bm Em Bm GAs garras da felina me marcaram o coraçãoBm Em A7 D EMas as besteiras de menina que ela disse nãoBm E BmE eu corri para o violão, num lamento, e a manhã nasceu azulG A7 BmComo é bom poder tocar um instrumento

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Teresinha

Letra e música: Chico BuarqueIntérprete: Gal Costa; Maria BethâniaIn: ’Ópera do Malandro’, 1978(também interpretado por Simone, Alcione e Elba Ramalho)

O primeiro me chegouComo quem vem do floristaTrouxe um bicho de pelúciaTrouxe um broche de ametistaMe contou suas viagensE as vantagens que ele tinhaMe mostrou o seu relógioMe chamava de rainhaMe encontrou tão desarmadaQue tocou meu coraçãoMas não me negava nadaE, assustada, eu disse não

O segundo me chegouComo quem chega do barTrouxe um litro de aguardenteTão amarga de tragarIndagou o meu passadoE cheirou minha comidaVasculhou minha gavetaMe chamava de perdidaMe encontrou tão desarmadaQue arranhou meu coraçãoMas não me entregava nadaE, assustada, eu disse não

O terceiro me chegouComo quem chega do nadaEle não me trouxe nadaTambém nada perguntouMal sei como ele se chamaMas entendo o que ele querSe deitou na minha camaE me chama de mulherFoi chegando sorrateiroE antes que eu dissesse nãoSe instalou feito um posseiroDentro do meu coração

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De repente da calma fez-se o ventoQue dos olhos desfez a última chamaE da paixão fez-se o pressentimentoE do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repenteFez-se de triste o que se fez amanteE de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distanteFez-se da vida uma aventura erranteDe repente, não mais que de repente. ]

Ai meu amor tu voltariasE de novo cairiasA chorar nos braços meus

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A rosa de Hiroxima

Música: Gerson ConradLetra: Vinicius de MoraesIntérprete: Secos e Molhados; Ney MatogrossoPatricia Tedesco

Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas oh nao se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroximaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválidaA rosa com cirroseA anti-rosa atómicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada

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Falar de amor em Itapuã

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Tarde Em Itapuã

Música: ToquinhoLetra: Vinicius de MoraesMicheline Barroso e Tiago Santos

Um velho calsão de banhoO dia pra vadiarUm mar que não tem tamanhoE um arco-iris no arDepois na praia CaymmiSentir preguiça no corpoE uma esteira de vimeBeber uma água de côco

É bomPassar uma tarde em ItapuãAo sol que arde em ItapuãOuvindo o mar de ItapuãFalar de amor em Itapuã

Enquanto o mar inauguraUm verde novinho em folhaArgumentar com doçuraCom uma cachaça de rolhaE com olhar esquecidoNo encontro de céu e marBem devagar ir sentindoA terra toda a rodar

É bomPassar uma tarde em ItapuãAo sol que arde em ItapuãOuvindo o mar de ItapuãFalar de amor em Itapuã

Depois sentir o arrepioDo vento que a noite trazÉ o diz-que-diz-que maçioQue brota dos coqueiraisE nos espãos serenosSem ontem nem amanhãDormir nos braços morenosDa lua de Itapuã

É bomPassar uma tarde em ItapuãAo sol que arde em ItapuãOuvindo o mar de Itapuã

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Avarando

Letra e música: Caetano VelosoIntérprete: Maria BethâniaVictor Almeida

Cada palmeira da estradatem uma moça recostadauma é minha namoradae essa estrada vai dar para o marCada palma enluaradaTem de estar quieta, paradaQualquer canção, quase nadaVai fazer o dia nascerVai fazer o sol levantarNamorando a madrugadaEu e minha namoradaVamos andando na estradaVamos dar no avarando do amanhecerNo avarando do amanhecer

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A voz do dono e o dono da voz

Letra e música: Chico BuarqueIn: ’Almanaque’ 1981Victor Almeida

Até quem sabe a voz do donoGostava do dono da vozCasal igual a nós, de entrega e de abandonoDe guerra e

Fizeram bodas de acetato - de fatoAssim como os nossos avósO dono prensa a voz, a voz resulta um pratoQue gira para todos nós

O dono andava com outras dosesA voz era de um dono sóDeus deu ao dono os dentes, Deus deu ao dono as nozesÀs vozes só deu seu dó

Porém a voz ficou cansada apósCem anos fazendo a santaSonhou se desatar de tantos nósNas cordas de outra gargantaA louca escorregava nos lençóisChegou a sonhar amantesE, rouca, regalar os seus bemóisEm troca de alguns brilhantes

Enfim, a voz firmou contratoE foi morar com novo algozQueria-se pensar, queria ser um pratoGirar e se esquecer, veloz

Foi revelada na assembleia - ateiaAquela situação atrozA voz foi infiel trocando de traqueiaE o dono foi perdendo a voz

E o dono foi perdendo a linha - que tinhaE foi perdendo a luz e alémE disse: Minha voz, se vós não sereis minhaVós não sereis de mais ninguém

(O que é bom para o dono é bom para a voz)

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Tanto mar II

Letra e música: Chico BuarqueIn: 1976Victor Almeida

Foi bonita a festa, páfiquei contente’inda guardo renitente, um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pámas, certamenteesqueceram uma semente nalgum canto de jardim

Sei que há leguas a nos separartanto mar, tanto marSei também como é preciso, pánavegar, navegar

Canta a Primavera, pácá estou carentemanda novamente algum cheirinho de alecrim

Nota:

A primeira versao de ’tanto mar’ tinha sido censurada devidoa canção ser uma saudação à Revolução de Abril de 1974 emPortugal. Foi gravada totalmente pela primeira vez num es-pectáculo ao vivo com a Maria Bethania, que foi passado paradisco(em 1975). A segunda versão foi gravada no início de1976 e refere-se ao Novembro de 1975 em Portugal e ao fimdo período mais revolucionário que por cá se vivia.

Ver tambem ’Tanto Mar’ versao I

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Tanto mar

Letra e música: Chico BuarqueIn: 1975 (primeira versão)Nivaldo

Sei que estás em festa, páFico contenteE enquanto estou ausenteGuarda um cravo pra mim

Eu queria estar na festa, páCom a tua genteE colher pessoalmenteUma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separarTanto mar, tanto marSei também que é preciso, páNavegar, navegar

Lá faz primavera, páCá estou doenteManda urgentementeAlgum cheirinho de alecrim

Nota:

Letra original, vetada pela censura; apenas a versão instru-mental foi gravada no Brasil. Gravação com letra editada ape-nas em Portugal, em 1975.

Ver tambem ’Tanto Mar’ versao II

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Berimbau (Quem é homem de bem)

Música: Baden PowellLetra: Vinicius de MoraesIntérprete: Vinicius de Moraesversos de segunda

Quem é homem de bem,não traiO amor que lhe querseu bemQuem diz muito que vainão vaiAssim como não vainão vemQuem de dentro de sinão saiVai morrer sem amarninguémO dinheiro de quemnão dáé o trabalho de quemnão temCapoeira que é bomnão caiE se um dia ele caiCai bem!

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Bom conselho

Letra e música: Chico BuarqueIn: 1972Nivaldo

Ouça um bom conselhoQue eu lhe dou de graçaInútil dormir que a dor não passaEspere sentadoOu você se cansaEstá provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigoDeixe esse regaçoBrinque com meu fogoVenha se queimarFaça como eu digoFaça como eu façoAja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempoVim de não sei ondeDevagar é que não se vai longeEu semeio o ventoNa minha cidadeVou pra rua e bebo a tempestade

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Sem compromisso

Letra e música: Geraldo Pereira; Nelson TrigueiroIntérprete: Chico BuarqueIn: 1943Victor Almeida

Você só dança com eleE diz que é sem compromissoé bom acabar com issoNão sou nenhum Pai JoãoQuem trouxe você fui euNão faça papel de loucaPra não haver bate-bocaDentro do salão

Quando toca o sambaEu lhe tiro pra dançarVocê me diz: NãoEu agora tenho parE sai dançando com eleAlegre e felizQuando para o sambaAgradece e pede bis

Você só dança com eleE diz que é sem compromissoé bom acabar com issoNão sou nenhum Pai JoãoQuem trouxe você fui euNão faça papel de loucaPra não haver bate-bocaDentro do salão

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Segue o teu destino

Música: Sueli CostaLetra: Ricardo Reis; Fernando PessoaIntérprete: Maria BethâniaIn: ’Imitação da Vida’, 1997Victor Almeida (Espectáculos de S Paulo de Dezembro de 1996 e Janeiro de

1997)

Segue o teu destinoRega tuas plantasAma as tuas rosasO resto é sombraDe arvores alheias

A realidadeSei que é mais ou menosDo que nós queremosSó nós somos sempreIguais a nós próprios

Suave é viver só.Grande e nobre é sempreViver simplesmente.Deixa a dor nas arasComo ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.Nunca a interrogues.A resposta está além dos deuses.

mas serenamenteImita o OlimpoNo teu coração.Os deuses são deusesPorque não se pensam.

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Cálice

Letra e música: Gilberto Gil; Chico BuarqueIntérprete: Chico BuarqueJosé Roberto Molina(1973)

Pai, afasta de mim esse cálicePai, afasta de mim esse cálicePai, afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amargaTragar a dor, engolir a labutaMesmo calada a boca, resta o peitoSilêncio na cidade não se escutaDe que me vale ser filho da santaMelhor seria ser filho da outraOutra realidade menos mortaTanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar caladoSe na calada da noite eu me danoQuero lançar um grito desumanoQue é uma maneira de ser escutadoEse silêncio todo me atordoaAtordoado eu permaneço atentoNa arquibancada pra a qualquer momentoVer emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a proca já não andaDe muito suada a faca já não cortaComo é difícilo, pai, abrir a portaEssa palavra presa na gargantaEsse pileque homérico no mundoDe que adianta ter boa vontgadeMesmo calado o peito, resta a cucaDos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequenoNem seja a vida um fato consumadoQuero inventar o meu próprio pecadoQuero morrer do meu próprio venenoQuero perder de vez tua cabeçaMinha cabeça perder teu juízoQuero cheirar fumaça de óleo dieselMe embriagar até que alguém me esqueça

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Casa

Letra e música: Vinicius de Moraes(canção infantil)Mislav Matacic

Era umaCcasa

Fmuito engra

Cçada

Não tinhaG7teto, não tinha

Cnada

Ninguém podia enFtrar nela,

Cnão

Porque naG7casa não tinha

Cchão

NinC7guém pod

Fia dormir na re

Cde

Porque na caG7sa não tinha pare

Cde

C7Ninguém pod

Fia fazer pi

Cpi

Porque peniG7co não tinha a

Cli

Mas eraCfeita

Fcom muito esm

Cero

Na rua dosG7Bobos, número

Czero

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Samba em prelúdio

Letra e música: Vinicius de MoraesIntérprete: Vinicius de Moraes; Maria CreuzaCarlos Coutinho

[1: Vinícius]Eu sem você,Não sei nem porquê,Porque sem você,Não sei nem chorar,Sou chama sem luz,Jardim sem luar,Luar sem amor,Amor sem se dar.

E eu sem você,Sou só desamor,Sou barco sem mar,Sou campo sem flor,Tristeza que vai,Tristeza que vem,Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.

[2: Maria]Ah, que saudade,Que vontade de ver renascer nossa vida,Volta querido,Os meus braços precisam dos teus,Teus abraços precisam dos meus.

Estou tão sozinha,Tenho os olhos cansados de olhar para o além,Vem ver a vida,Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.

[1 (Vinicius) + 2 (Maria), simultâneamente]Sem você, meu amor, eu não sou ninguém...

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G 4 4 2 2 2 7D 4 3 2 1 2 7A - - - - - -M 4 3 2 1 1 7

Bb5-7 A7+ A6 Am7 D79 E7+ E79-E - - - 5 - 0 1B 5 5 5 5 5 0 0G 7 6 6 5 5 1 1D 6 6 4 5 4 1 -A - - - 5 5 - -M 6 5 5 5 - 0 0

G7+ G6 Gm7 C79 F7+ F6 F#m5- B7E - - 3 - - - - -B 3 3 3 3 1 1 1 0G 4 4 3 3 2 2 2 2D 4 2 3 2 2 0 2 1A - - 3 3 - - - 2M 3 3 3 - 1 1 2 -

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Construção

Letra e música: Chico BuarqueIn: 1971Nivaldo

Amou daquela vez como se fosse a últimaBeijou sua mulher como se fosse a últimaE cada filho seu como se fosse o únicoE atravessou a rua com seu passo tímidoSubiu a construção como se fosse máquinaErgueu no patamar quatro paredes sólidasTijolo com tijolo num desenho mágicoSeus olhos embotados de cimento e lágrimaSentou pra descansar como se fosse sábadoComeu feijão com arroz como se fosse um príncipeBebeu e soluçou como se fosse um náufragoDançou e gargalhou como se ouvisse músicaE tropeçou no céu como se fosse um bêbadoE flutuou no ar como se fosse um pássaroE se acbou no chão feito um pacote flácidoAgonizou no meio do passeio públicoMorreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o últimoBeijou sua mulher como se fosse a únicaE cada filho seu como se fosse o pródigoE atravessou a rua com seu passo bêbadoSubiu a construção como se fosse sólidoErgueu no patamar quatro paredes mágicasTijolo com tijolo num desenho lógicoSeus olhos embotados de cimento e tráfegoSentou pra descansar como se fosse um príncipeComeu feijão com arroz como se fosse máquinaDançou e gargalhou como se fosse o próximoE tropeçou no céu como se ouvisse músicaE flutuou no ar como se fosse sábadoE se acabou no chão feito um pacote tímidoAgonizou no meio do passeio náufragoMorreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquinaBeijou sua mulher como se fosse lógicoErgueu no patamar quatro paredes flácidasSentou pra descansar como se fosse um pássaroE flutuou no ar como se fosse um príncipeE se acabou no chão feito um pacote bêbadoMorreu na contramão atrapalhando o sábado

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Cuidado Com A Outra

Letra e música: Nelson Cavaquinho; Augusto Tomaz Jr.Intérprete: Chico BuarqueIn: ’sinal fechado’Andreas Gösele

Vou abrir a porta,Mais uma vez pode entrar.É dia das mães,Eu resolvi lhe perdoar.

Eu vou abrir.

Vou abrir a porta,Mais uma vez pode entrar.É dia das mães,Eu resolvi lhe perdoar.

Deus me ensinou praticar o bem,Deus me deu essa bondade.Vou abrir a porta para você entrar,Mas não demore,Que a outra pode lhe encontrar.

Eu vou abrir a porta,Mais uma vez pode entrar.É dia das mães,Eu resolvi lhe perdoar.

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Samba de uma nota só

Música: Tom JobimLetra: Newton MendonçaJ. Alex Campoe; Rui Ricardo

Eis aqui esse sambinhaG#m7G7

feitoF#m7numa nota

F[5-]7só

outras notas vão entrarG#m7G7

masF#m711a base é

F7+11+uma só

F[5-]7.

Essa outra éBm711consequên

Bb5-7cia

do que acabo de dizerA7+ A6 Am7

como eu só a consequênciaD79 G#m7G7

iF#m7nevitá

F5-7vel de

E7+você

E7

Tanta gente existe por aíAm7 Am7

que fala fala e não diz nadaD7 G7+ G6

Ou quase nadaG7+ G6

Já me utilizei de toda escalaGm7

e no final não deu em nadaC79 F7+

ou quase nadaF6 F#m711

E voltei pra minha notaB7 G#m7G7

como euF#m7volto pra você

F5-7

Vou contarG#m7pra minha nota

G7

como euF#m7gosto de você(?)

F7+

E quemF5-7quer todas

Bm7as notas

Bb5-7

re, mi, fa, sol, la, si, doA7+ A6 Am7

fica sempre sem nenhumaAm6 G7+ F#7

fica numa nota só.F7+ E7+

Nota: Posições de viola

G#m7 G7 F#M711 F5-7 F7+11+ Bm711E - - - - - -B 0 0 0 0 0 5

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Samba da Benção

Música: Baden PowellLetra: Vinicius de MoraesMicheline Barroso e Tiago Santos

É melhor ser alegre que ser tristeAlegria é a melhor coisa que existeÉ assim como a luz no coraçãoMas pra fazer um samba com belezaÉ preciso um bocado de tristezaÉ preciso um bocado de tristezaSe não, não se faz um samba não.

Fazer samba não é contar piadaE quem faz samba assim não é de nadaO bom samba é uma forma de oraçãoPorque o samba é a tristeza que balançaE a tristeza tem sempre uma esperançaTristeza tem sempre uma esperançaDe um dia não ser mais triste não.

Ponha um pouco de amor numa cadênciaE vai ver que ninguem no mundo venceA beleza que tem num samba nãoPorque o samba nasceu lá na BaíaE se hoje ele é branco na poesiaSe hoje ele é branco na poesiaEle é negro demais no coração.

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Desafinado

Letra e música: Tom Jobim; Newton MendonçaIntérprete: João GilbertoIn: ’História da Música Popular Brasileira - Tom Jobim’, Edi-tora Abril, 1982.Murgel

Se você disser que eu desafino, amorSaiba que isso em mim provoca imensa dorSó privilegiados têm ouvido igual ao seuEu possuo apenas o que Deus me deuSe você insiste em classificarMeu comportamento de anti-musicalEu mesmo mentindo, devo argumentarQue isso é bossa nova, que isso é muito naturalO que você não sabe nem sequer pressenteÉ que os desafinados também têm um coraçãoFotografei você na minha Rolley FlexRevelou-se a sua enorme ingratidãoSó não poderá falar assim do meu amorEle é o maior que você pode encontrar, viuVocê com sua música esqueceu o principalÉ que no peito dos desafinados,No fundo do peito bate calado,É que no peito dos desafinados também bate um coração.

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Dois pra lá, dois pra cá

Letra e música: João Bosco; Aldir BlancIntérprete: Elis ReginaPatrícia Coelho

Sentindo frio em minh’almaTe convidei pra dançarA tuaSão dois pra lá, dois pra cáMeu coração traiçoeiroBatia mais que o bongôTremia mais que as maracasDescompassado de amorMinha cabeça rodandoRodava mais que os casaisO teu perfume gardêniaE não me pergunte maisA tua mão no pescoçoAs tuas costas maciasPor quanto tempo rondaramAs minhas noites vaziasNo dedo um falso brilhanteBrincos iguais ao colarE a ponta de um torturanteBand-aid no calcanharEu hoje me embriagandode uísque com guaranáOuvi tua voz sussurrandoSão dois pra lá, dois pra cá.

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Romaria

Letra e música: Renato TeixeiraIntérprete: Elis ReginaPatrícia Coelho

É de sonho e de póO destino de um sóFeito eu Perdido em pensamentosSobre o meu cavaloÉ de laço e de nóDe gibeira o jiló, dessa vidaCumprida a sol

Sou caipira, Pirapora NossaSenhora de AparecidaIlumina a mina escura e fundaO trem da minha vida

O meu pai foi peãoMinha mãe solidãoMeus irmãos perderam-se na vidaA custa de aventurasDescasei, joguei Investi, desistiSe há sorte eu não seinunca vi

Me disseram porémQue eu viesse aquiPra pedir De romaria e precePaz nos desaventosComo eu não sei rezarSó queria mostrarMeu olhar, meu olhar, meu olhar

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Recado para o Chico

Letra e música: Paulo de CarvalhoIn: 1980Victor Almeida (Ver também ’tanto mar’ I e II do Chico Buarque)

Estou cá na festaA Primavera de que falas já foi VerãoO cravo que tu queriasA flor do meu jardimJá passa sem se ver de mão em mão

Há tanto mar mas pouco tempo p’rá chegada páTraz o cheirinho de alecrim que te mandaramE se ele não fizer faltaTu sabes bem que a maltaDevolve é porque os tempos já

Tanto mar nós aquiEsperando vocêO cravo à esperaMas tanto marMilhões de abraçosP’ra navegar

Não temos morro temos lata é o mesmo páNão temos samba mas temos fado e futebolCuica e tamborimViola mais guitarra é bomMas não se vive só com o sol

Quando vieres eu estarei cá com a nossa gente páJá não vens cedo mas eu sei que há tanto marÉ dura a festa aquiÉ tal e qual o samba aiVem cá pois é preciso navegar

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Estrada de sol

Letra e música: Tom Jobim; Dolores DuranIntérprete: Gal CostaIn: ’Personalidade’Carlos Ilharco

É de manha vem o solmas os pingos da chuvaque ontem caiuainda estão a brilharainda estão a dançarao vento alegreque me traz esta cançãoquero que você me dê a mãovamos sair por aísem pensar no que foique sonhei que chorei que sofripois a nossa manhãjá me fez esquecerme dê a mão vamos sairpra ver o sol

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Fado tropical

Letra e música: Chico Buarque; Ruy GuerraIn: 1972-1973Nivaldo

Oh, musa do meu fadoOh, minha mãe gentilTe deixo consternadoNo primeiro abrilMas não sê tão ingrataNão esquece quem te amouE em tua densa mataSe perdeu e se encontrouAi, esta terra ainda vai cumprir seu idealAinda vai tornar-se um imenso Portugal

“Sabe, no fundo eu sou um sentimentalTodos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismoMesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar,trucidarMeu coração fecha aos olhos e sinceramente chora...”

Com avencas na caatingaAlecrins no canavialLicores na moringaUm vinho tropicalE a linda mulataCom rendas do AlentejoDe quem numa bravataArrebato um beijoAi, esta terra ainda vai cumprir seu idealAinda vai tornar-se um imenso Portugal

“Meu coração tem um sereno jeitoE as minhas mãos o golpe duro e prestoDe tal maneira que, depois de feitoDesencontrado, eu mesmo me contesto

Se trago as mãos distantes do meu peitoÉ que há distância entre intencão e gestoE se o meu coração nas mãos estreitoMe assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da lutaOstento a aguda empunhadura à proaMas o meu peito se desabotoa

E se a sentença se anuncia bruta

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Quotidiano (cotidiano)

Letra e música: Chico BuarqueIn: 1971

Todo dia ela faz tudo sempre igualMe sacode às seis horas da manhãMe sorri um sorriso pontualE me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidarE essas coisas que diz toda mulherDiz que está me esperando pro jantarE me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder pararMeio-dia eu só penso em dizer nãoDepois penso na vida pra levarE me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperarEla pega e me espera no portãoDiz que está muito louca pra beijarE me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastarMeia-noite ela jura eterno amorE me aperta pra eu quase sufocarE me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igualMe sacode às seis horas da manhãMe sorri um sorriso pontualE me beija com a boca de hortelã

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Pela luz dos olhos teus

Letra e música: Vinicius de Moraesversos de segunda

Quando a luz dos olhos meusE a luz dos olhos teusResolvem se encontrarAi que bom que isso é meu DeusQue frio que me dá o encontro desse olharMas se a luz dos olhos teusResiste aos olhos meus só p’ra me provocarMeu amor, juro por Deus me sinto incendiar

Meu amor, juro por DeusQue a luz dos olhos meus já não pode esperarQuero a luz dos olhos meusNa luz dos olhos teus sem mais lará-laráPela luz dos olhos teusEu acho meu amor que só se pode acharQue a luz dos olhos meus precisa se casar.

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Mais que depressa a mão cega executaPois que senão o coração perdoa”

Guitarras e sanfonasJasmins, coqueiros, fontesSardinhas, mandiocaNum suave azulejoE o rio AmazonasQue corre Trás-os-MontesE numa pororocaDeságua no TejoAi, esta terra ainda vai cumprir seu idealAinda vai tornar-se um imenso PortugalAi, esta terra ainda vai cumprir seu idealAinda vai tornar-se um imenso Portugal

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Felicidade

Música: Tom JobimLetra: Vinicius de Moraeslaura

Tristeza não tem fimFelicidade sim...

A felicidade é como a plumaQue o vento vai levando pelo arVoa tão leveMas tem a vida brevePrecisa que haja vento sem parar.

A felicidade do pobre pareceA grande ilusão do carnavalA gente trabalha o ano inteiroPor um momento de sonhoPra fazer a fantasiaDe rei, ou de pirata, ou jardineiraE tudo se acabar na quarta-feira.

Tristeza não tem fimFelicidade sim...

A felicidade é como a gotaDe orvalho numa pétala de florBrilha tranquilaDepois de leve oscilaE cai como uma lágrima de amor.

A minha felicidade está sonhandoNos olhos de minha namoradaÉ como esta noitePassando, passandoEm busca da madrugadaFalem baixo por favor...Pra que ela acorde alegre como o diaOferecendo beijos de amor.

Tristeza não tem fimFelicidade sim...

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esperando um filho pra esperar tambémesperando a festaesperando a sorteesperando a morteesperando o norteesperando o dia de esperar ninguémesperando enfim nada mais que alémque a esperança aflita, , bendita, infinita do apito do trem.

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Pedro pedreiro

Letra e música: Chico BuarqueIntérprete: Zélia BarbosaIn: ’Brésil Sertão & Favelas’Carlos Ilharco

Pedro pedreiro penseiroesperando o tremmanha parece carecede esperar também para o bemde quem tem bemde quem não têm vintém.

Pedro pedreiro fica assim pensandoassim pensando o tempo passae a gente vai ficando para trazesperando, esperando, esperando, esperando o solesperando o tremesperando o aumentodesde o ano passadopara o mês que vem

Pedro pedreiro espera o carnavale a sorte grande do bilhetepela federal todo o mêsesperando, esperando, esperando, esperando o solesperando o tremesperando o aumentopara o mês que vêmesperando a festaesperando a sortee a mulher de Pedrotá esperando um filhopra esperar também.Pedro pedreiro ta esperando a morteou esperando o dia de voltar pró nortePedro não sabe mas talvez no fundoespera alguma coisa mais linda que o mundomaior que o mar.Mas pra quê sonhar sei lá?No desespero de esperar demaisPedro pedreiro quer voltar atrásquer ser pedreiropobre e nada mais sem ficaresperando, esperando, esperando, esperando o solesperando o tremesperando o aumentopara o mês que vêm

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Festa da Música

Letra e música: Gabriel o PensadorCarla Fernandes

Há muito tempo tá rolando essa festa maneira Da música PopularBrasileira Ninguém me convidou mas eu queria entrar Peguei o 175e vim direto pra cá Festa da música Tupiniquim Que tá rolandoaqui na rua Antônio Carlos Jobim Todo mundo tá presente e nãotem hora pra acabar E muita gente ainda tá pra chegar Naportaria o segurança pediu o crachá do Gilberto Gil Ele apenassorriu Acompanhado por Caetano, Djavan, Pepeu, Elba, Moraes,Alceu Valença (Xá comigo! Dá licença! Abre essa porta, cabra dapeste) E foi assim que eu penetrei com a galera do Nordeste Babytá na área, senti firmeza! E aí Sandra de Sá! - ’Bye byetristeza ...’ Birinight à vontade a noite inteira Olha o EdMotta assaltando a geladeira Olha quanta gata bonita e gostosa!Olha o Tiririca com uma negra cheirosa Ué! Cadê os críticos?!Ninguém convidou? ’Barrados no Baile uououo’ Não é festa docabide mas o Ney tirou a roupa Bzz... Paulinho Moska pousou naminha sopa Cidade Negra apresentou um reggae nota cem Tá rolandoum Skank também! E o Tim Maia até agora nem pintou Mas o JorgeBenjor trouxe a banda que chegou ’Pra animar a festa’ Festa damúsica Tupiniquim Que tá rolando aqui na rua Antônio CarlosJobim Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar E muitagente ainda tá pra chegar A festa tá correndo bem O Lobão atéagora não falou mal de ninguém O Barão e os Titãs tão tocandoRaulzito A Rita Lee tá vindo ali ... ãnh? Não acredito! Elaolhou pra mim e disse ’Baila comigo’ Eu senti aquele frio noumbigo Mas é claro que adorei o convite E fui dançar ouvindo osom do Kid Abelha, Paralamas e a Blitz (Isso aqui tá muito bom,isso aqui tá bom demais ...) ’Segura o tchan, amarra o tchan’(Xô, Satanás!) Há! Há! Lulu Santos acabou de chegar Com PimentaMalagueta pro Planeta balançar O Chico César, Science e oBuarque Observam um pessoal dançando break no chão E no andar láde cima um dos donos da festa Tá na boa, tá em paz, tá tocandoum violão: ’Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal,não agüento mais birita’ Festa da música Tupiniquim Que tárolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim Todo mundo tá presentee não tem hora pra acabar E muita gente ainda tá pra chegarChopp na Tulipa, vinho na taça (camisinha na boquinha dagarrafa!) ... Salve-se quem puder! Ih... o João Gordo vomitou nomeu pé Fui limpar e dei de cara com os Raimundos Que me contaramque entraram pelos fundos Perguntei pelo banheiro e fiz papel demané Os sacanas me mandaram pro banheiro de mulher As meninastavam lá e foi só eu entrar Que a Cássia Eller, Zizi Possi e aGal começaram a gritar (Ahhhhh!) Quanta saúde! Fernanda Abreu,Daniela Mercury, Marisa Monte, Daúde ... Calma, eu não vi nada!A Ângela Rô Rô queria me dar porrada Mas os três malandros,

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Moreira, Bezerra e Dicró, me ajudaram a escapar do pior Fui proFundo de Quintal, Casa de Bamba Todo mundo bebe todo mundo sambaBeth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho Neguinho da Beija-Flor... Diz aí Martinho Comé que é, professor? - ’É devagar, édevagar, devagarinho’ Festa da música Tupiniquim Que tá rolandoaqui na rua Antônio Carlos Jobim Todo mundo tá presente e nãotem hora pra acabar E muita gente ainda tá pra chegar E essafesta é uma loucura Olha lá o Carlinhos Brown com o pessoal doSepultura Vieram com os índios Xavantes E a polícia veio atrástentando dar flagrante E-e-e-ê! O índio tem apito e eu nãoentendi porquê Começaram a apitar quando a polícia chegou Mas agalera do cachimbo da paz nem escutou Porque o Olodum tavafazendo um batuque maneiro Até chegarem milhares de funkeirosEram tantas duplas que eu até me confundi Chamei o Leandro eLeonardo de MC! E o Zezé di Camargo e o Luciano ficaram mezoando E o funk rolando! Aah ... vocês tinham que ver!Chitãozinho e Xororó gritando Uh! Tererê! O pessoal da JovemGuarda agitando sem parar Estavam em outra festa mas vieram pracá Passei ali por perto e ouvi o Roberto comentar: ’Ê hei! Queonda, que festa de Arromba!’ Todo mundo no maior astral Masrolou um boato que preocupou o pessoal Diziam as más línguas, àboca pequena Que o Michael Jackson tava chegando pra roubar acena E foi aí que a Marina ouviu uma buzina E todos foram prajanela na maior adrenalina Uma Brasília Amarela dobrava aesquina Adivinha quem era? Festa da música Tupiniquim Que tárolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim Todo mundo tá presentee não tem hora pra acabar E muita gente ainda tá pra chegar

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aqui não sou nadasou só Zé com fomesou só Pau de Araranem sei mais cantovou picar minha mulavou antes que tudo rebenteporque estou achando que o tempo está quentepior do que antes não pode ficar.

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Pau de arara

Letra e música: Vinicius de Moraes; Carlos LiraIntérprete: Zélia BarbosaIn: ’Brésil Sertão & Favelas’Carlos Ilharco

Eu um dia cansado que tavada fome que eu tinhaeu não tinha nadaque fome que eu tinha ,que seca danada no meu Cearáeu peguei e junteium restinho de coisas que eu tinha :duas calças velhas e uma violinhae num pau de araratoquei para cá.E de noite eu ficava na praia de Copacabanazazando na praia de Copacabanadançando o chachado pras moças olhá

Virgem Santaque a fome era tantaque nem voz eu tinhaMeu Deus quanta moçaque fome que eu tinha

Mais fome que tinha no meu Cearápuxa vida que num tinha uma vidapior do que a minhaque vida danada , que fome que eu tinhazazando na praia pra lá e pra cáquando eu via toda aquela genteno come que comeeu juro que eu tinha saudades da fomeda fome que eu tinha no meu Cearàe ai eu pegava e cantavae dançava o xaxadoe só conseguia porque no xaxadoa gente só pode mesmo se arrastá.

Virgem Santaque a fome era tantaqu’inté parecia que mesmo xaxadomeu corpo subiaigual se tivesse querido voar.

Vou-me embora pró meu Cearáporque lá tenho um nome

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Filosofia

Letra e música: Noel RosaIntérprete: Chico BuarqueIn: ’sinal fechado’Andreas Gösele

O mundo me condenaE ninguém tem penaFalando sempre mal do meu nomeDeixando de saberSe eu vou morrer de sedeOu se vou morrer de fome.

Mas a filosofiaHoje me auxiliaA viver indiferente assim.Nesta prontidão sem fimVou fingindo que sou ricoPara ninguém zombar de mim.

Não me incomodoQue você me digaQue a sociedadeÉ minha inimiga.[Hoje] cantando neste mundoVivo escravo do meu sambaMuito embora vagabundo.

Quanto a vocêDa aristocraciaQue tem dinheiroMas não compra alegriaHá de viver eternamenteSendo escrava desta genteQue cultiva hipocrisia.

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Folhetim

Letra e música: Chico BuarqueIntérprete: Gal CostaIn: ’Personalidade’Carlos Ilharco

Se acaso me quiseressou dessas mulheresque só dizem simpor uma coisa à toauma noitada boaum cinema, um botequime se tiveres rendaaceito uma prendaqualquer coisa assimcomo uma pedra falsaum sonho de valsaou um corte de cetime eu te farei as vontadesdirei meias-verdadessempre à meia luze te farei, vaidoso, suporque és o maiore que me possuismas na manhã seguintenão conte até vintete afasta de mimpois já não vales nadaés pagina viradadescartada do meu folhetim

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Pato

Letra e música: Vinicius de Moraes(canção infantil)

Lá vem o patoPata aqui, pata acoláLa vem o patoPara ver o que é que há.

O pato patetaPintou o canecoSurrou a galinhaBateu no marrecoPulou do poleiroNo pé do cavaloLevou um coiceCriou um galo

Comeu um pedaçoDe jenipapoFicou engasgadoCom dor no papoCaiu no poçoQuebrou a tigelaTantas fez o moçoQue foi pra panela.

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O sino da minha aldeia

Música: Roberto MendesLetra: Fernando PessoaIntérprete: Maria BethâniaIn: ’Imitação da Vida’, 1997Victor Almeida (Espectáculos de S Paulo de Dezembro de 1996 e Janeiro de

1997)

Ó sino da minha aldeiaDolente na tarde calmaCada tua badaladaSoa dentro de minh’almae é tão lento o teu soarTão como triste da vidaQue já a primeira pancadaTem o som de repetida

Por mais que me tanjas pertoQuando passo sempre erranteÉs para mim como um sonhoSoas-me na alma distanteA cada pancada tuaVibrante no céu abertoSinto mais longe o passadoSinto a saudade mais perto

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Funeral do lavrador

Letra e música: João Cabral de Melo Neto; Chico BuarqueIntérprete: Zélia BarbosaIn: ’Brésil Sertão & Favelas’Carlos Ilharco

Esta cova em que estásCom palmos medidose a conta menorque tiraste em vida !

E de bom tamanhonem largo nem fundoe a parte que te cabenesse latifúndio ...

Não é cova grandee a cova medidae a terra que queriasvai ser dividida

E uma cova grandepra teu pouco defuntomas estás mais anchoque estavas no mundo

E uma cova grandepra teu defunto parcoporém mais que no mundote sentirás largo.

E uma cova grandepra tua carne poucomas a terra dadanão se abre a boca

E a parte que te cabenesse latifúndioE a terra que queriasver dividida

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Garota de Ipanema

Música: Tom JobimIntérprete: Vinicius de Moraesversos de segunda

Olha que coisa mais lindaMais cheia de graçaé ela menina, que vem e que passaNum doce balanço a caminho do mar

Moça do corpo douradoDo sol de IpanemaO seu balançado é mais que um poemaé a coisa mais linda que já vi passar

Ai! Como estou tão sozinhoAi! Como tudo é tão tristeAi! A beleza que existeA beleza que não é só minhaE também passa sozinha

Ai! Se ela soubesse que quando ela passaO mundo interinho se enche de graçaE fica mais lindo por causa do amor

Só por causa do amor...

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O que será quer será

Letra e música: Chico Buarque

O que será que seráQue andam suspirando pelas alcovasQue andam sussurrando em versos e trovasQue andam combinando no breu das tocasQue anda nas cabeças, anda nas bocasQue andam acendendo velas nos becosEstão falando alto pelos botecosE gritam nos mercados que com certezaEstá na naturezaSerá que seráO que não tem certeza nem nunca teráO que não tem conserto nem nunca teráO que não tem tamanho

O que será que seráQue vive nas idéias desses amantesQue cantam os poetas mais delirantesQue juram os profetas embriagadosQue está na romaria dos mutiladosQue está na fantasia dos infelizesEstá no dia-a-dia das meretrizesNo plano dos bandidos dos desvalidosEm todos os sentidos, será que seráO que não tem decência nem nunca teráO que não tem censura nem nunca teráO que não faz sentido

O que será que seráQue todos os avisos não vão evitarPorque todos os risos vão desafiarPorque todos os sinos irão repicarPorque todos os hinos irão consagrarE todos os meninos vão desembestarE todos os destinos irão se encontrarE mesmo o padre eterno que nunca foi láOlhando aquele inferno vai abençoarO que não tem governo nem nunca teráO que não tem vergonha nem nunca teráO que não tem juízo

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Geni e o zepelim

Letra e música: Chico BuarqueIn: ’Ópera do malandro’ 1977-1978Nivaldo, Isabel Cruz

De tudo que é nego tortoDo mangue e do cais do portoEla já foi namoradaO seu corpo é dos errantesDos cegos, dos retirantesÉ de quem não tem mais nadaDá-se assim desde meninaNa garagem, na cantinaAtrás do tanque, no matoÉ a rainha dos detentosDas loucas, dos lazarentosDos moleques do internatoE também vai amiúdeCo’os velhinhos sem saúdeE as viúvas sem porvirEla é um poço de bondadeE é por isso que a cidadeVive sempre a repetirJoga pedra na GeniJoga pedra na GeniEla é feita pra apanharEla é boa de cuspirEla dá pra qualquer umMaldita Geni

Um dia surgiu, brilhanteEntre as nuvens, flutuanteUm enorme zepelimPairou sobre os edifíciosAbriu dois mil orifíciosCom dois mil canhões assimA cidade apavoradaSe quedou paralisadaPronta pra virar geléiaMas do zepelim giganteDesceu o seu comandanteDizendo - Mudei de idéia- Quando vi nesta cidade- Tanto horror e iniquidade- Resolvi tudo explodir- Mas posso evitar o drama- Se aquela famosa dama- Esta noite me servir

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Essa dama era GeniMas não pode ser GeniEla é feita pra apanharEla é boa de cuspirEla dá pra qualquer umMaldita Geni

Mas de fato, logo elaTão coitad e tão singelaCativara o forasteiroO guerreiro tão vistosoTão temido e poderosoEra dela, prisioneiroAcontece que a donzela- e isso era segredo delaTambém tinha seus caprichosE a deitar com homem tão nobreTão cheirando a brilho e a cobrePreferia amar com os bichosAo ouvir tal heresiaA cidade em romariaFoi beijar a sua mãoO prefeito de joelhosO bispo de olhos vermelhosE o banqueiro com um milhãoVai com ele, vai GeniVai com ele, vai GeniVocê pode nos salvarVocê vai nos redimirVocê dá pra qualquer umBendita Geni

Foram tantos os pedidosTão sinceros tão sentidosQue ela dominou seu ascoNessa noite lancinanteEntregou-se a tal amanteComo quem dá-se ao carrascoEle fez tanta sujeiraLambuzou-se a noite inteiraAté ficar saciadoE nem bem amanheciaPartiu numa nuvem friaCom seu zepelim prateadoNum suspiro aliviadoEla se virou de ladoE tentou até sorrirMas logo raiou o diaE a cidade em cantoria

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O Filho Que Eu Quero Ter

Música: ToquinhoLetra: Vinicius de MoraesIntérprete: Chico BuarqueIn: ’sinal fechado’Andreas Gösele

É comum a gente sonhar, eu sei,Quando vem o entardecer;Pois, eu também dei de sonharUm sonho lindo de morrer.Vejo um berço e nele eu me debruçarcom um pranto a mim correre assim chorando acalentaro filho que eu quero ter.

Dorme, meu pequenininhoDorme, que a noite já vemTeu pai está muito sozinhoDe tanto amor que ele tem.

De repente eu o vejo se transformarNo menino igual a mimQue vem correndo me beijarQuando eu chegar lá de onde vim.Um menino sempre a me perguntarUm porquê que não tem fimUm filho a quem só queira bemE a quem só diga que sim.

Dorme, menino levadoDorme, que a vida já vemTeu pai está muito cansadoDe tanta dor que ele tem.

Quando a vida enfim me quiser levarPelo tanto que me deu,[Sentir-lhe] a barba me roçarNo derradeiro beijo seu.E ao sentir também sua mão vedarMeu olhar dos olhos seus,[Ouvir-lhe] a voz a me embalarNum acalanto de adeus.

Dorme, meu pai sem cuidadoDorme, que ao entardecerTeu filho sonha acordadoCom o filho que ele quer ter.

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Não existe pecado ao sul do equador

Letra e música: Chico Buarque; Ruy GuerraIntérprete: Ney MatogrossoIn: ’Feitiço Elektra’, 1978Carlos Ilharco

Não existe pecado do lado debaixo do Equadorvamos fazer um pecado, rasgadosuado a todo o vaporme deixa ser seu escrachocapacho, teu cachoum riacho de amorquando é lição de esculachoolha aí, sai de baixoque eu sou professorDeixa a tristeza para lá.Vem comer, me jantarsarapatel, caruru, tucupi, tacacávê se me usa, me abusa, lambuzaque a tua cafuzanão pode esperardeixa a tristeza para lávem comer, me jantarsarapatel, caruru, tucupi, tacacávê se se esgota, me bota na mesaqua a tua holandesanão pode esperarnão existe pecado do lado debaixo do Equadorvamos fazer um pecado, rasgadosuado a todo o vaporme deixa ser seu escrachocapacho, teu cachoum riacho de amorquando é missão de esculachoolha aí, sai de baixoeu sou embaixador

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Não deixou ela dormirJoga pedra na GeniJoga bosta na GeniEla é feita pra apanharEla é boa de cuspirEla dá pra qualquer umMaldita Geni

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João e Maria

Música: SivucaLetra: Chico BuarquePatrícia Coelho

Agora eu era o heróiE o meu cavalo só falava inglêsA noiva do cowboyEra vocêAlém das outras trêsEu enfrentava os batalhõesOs alemães e seus canhõesGuardava o meu bodoqueE ensaiava um rockPara as matinês

Agora eu era o reiEra o bedel e era também juizE pela minha leiA gente era obrigado a ser felizE você era a princesaQue eu fiz coroarE era tão linda de se admirarQue andava nua pelo meu país

Não, não fuja nãoFinja que agora eu era o seu brinquedoEu era o seu piãoO seu bicho preferidoVem, me dê a mãoA gente agora já não tinha medoNo tempo da maldadeAcho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatalQue o faz-de-conta terminasse assimPra lá desse quintalEra uma noite que não tem mais fimPois você sumiu no meu mundoSem me avisarE agora eu era um louco a perguntarO que é que a vida vai fazer de mim

Nota:

A música foi composta por SIVUCA em 1947, recebendo de-pois a letra escrita por Chico (1977 ?).

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Viro a mesa, berro, bebo, brigo

Os ladrões, as amantesMeus colegas de copo e de cruzMe conhecem só pelo meu nomede Menino Jesus

lá lá lá lá

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Minha história (Menino Jesus)

Letra e música: Dalla PallotinoIntérprete: Chico BuarqueJosé Roberto Molina (Gesumambino)

Ele vinha sem muita conversaSem muito explicarEu só sei que falava e cheiravaE gostava de mar

Sei que tinha tatuagem no braçoE dourado no denteE minha mãe se entregouA esse homem, perdidamente

Ele assim como veio partiunão se sabe pra ondeE deixou minha mãe com o olharCada dia mais longe

Esperando, parada, pregadaNa pedra do portoO seu homem, com o velho vestidoCada dia mais curto

Quando, enfim, eu nasciMinha mãe embrulhou-me num mantoMeu vestiu como se eu fosse assimuma espécie de santo

Mas por não se lembrar de acalantosa pobre mulherMe ninava cantando cantigasde cabaré

Minha mãe não tardou a alertartoda vizinhançaA mostrar que ali estava bem maisque uma simples criança

E não sei bem se por ironiaou se por amorResolveu meu chamar com o nomede nosso senhor

Minha história, esse nomeAinda hoje carrego comigoQuando vou para um bar

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Lágrima

Letra e música: Sebastião Nunes; José Garcia; José Gomes Fi-lhoIntérprete: Chico BuarqueIn: ’sinal fechado’Andreas Gösele

Nenhuma lágrima derramei com você.Nenhuma lágrima derramei com você.

Quando você foi emboraMeu coração não parou.Sei, que você hoje choraporque não tem mais o meu amor.

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Marambaia

Letra e música: Henricão; Rubens CamposIntérprete: Elis ReginaVictor Almeida (uma canção que tem um ritmo espectacular)

Eu tenho uma casinha lá na MarambaiaFica na beira da praiaSó vendo que belezaTenho uma trepadeira que na primaveraFica toda florescida de brincos de princesaQuando chega o verãoEu sento na varandaPego o meu violãoE começo a cantarE o meu moreno que esta sempre bem dispostoSenta ao meu lado e começa a cantar

Quando chega a tardeUm bando de andorinhasVoa em revoadaFazendo VerãoE lá na mata o Sabia gorgeiaLinda melodiaPra alegrar meu coraçãoAs seis horas o sino da capelaToca as badaladasDa Avé MariaA lua nasce por detras da serraAnunciando que acabou o dia

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Me Deixe Mudo

Letra e música: Walter FrancoIntérprete: Chico BuarqueIn: ’sinal fechado’Andreas Gösele

Não diga nada,Saiba de tudo,Fique calada,Me deixe mudo.

Seja no canto,Seja no centro,Fique por fora,Fique por dentro.

Seja o avesso,Seja a metade,Se for começoFique a vontade.

Não me pergunte,Não me responda,Não me procure,E não se esconda.

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