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Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

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Charles R. Marsh

Editora Sepal

Os muçulmanos são inacessíveis por sua fanática devoção ao islamismo? Por que tão

poucos seguidores dessa religião aceitaram o convite de Jesus: “Vinde a mim… e eu vos aliviarei”? O autor, missionário em países muçulmanos durante 45 anos, permite que penetremos no pensamento muçulmano, sugerindo algumas respostas a essas perguntas e

revelando o profundo, mas insatisfeito, anseio do povo muçulmano, anseio este que somente Jesus pode satisfazer. Além de explanar claramente as tradições e crenças

islâmicas, o autor expõe alguns princípios que podem levar os cristãos a adotar procedimentos culturalmente aceitáveis para apresentar o Evangelho aos muçulmanos sem comprometer a verdade. Por experiência própria, tem visto Deus honrar estes princípios

fazendo muçulmanos render-se aos pés da cruz. Não se trata de um livro de métodos, no qual se apresentam fórmulas infalíveis; sua finalidade é aprofundar conhecimentos.

LEVANDO CRISTO AO MUNDO MUÇULMANO será de grande ajuda, não somente para os missionários dos países muçulmanos, como também para os crentes que possuem amigos dessa religião, e para todo cristão interessado na expansão do Reino de Deus entre

os povos. Se considerarmos que nos países ocidentais vivem hoje milhões de muçulmanos religiosamente ativos, esta obra passa a ter uma importância especial para os cristãos do

mundo todo.

Charles R. Marsh foi missionário pioneiro durante muitos anos na Argélia e mais recentemente missionário e intérprete na República do Chade. Autor de várias obras, teve

também uma importante participação na tradução da Bíblia e também cooperou com as seguintes traduções: o Novo Testamento no árabe do Chade, os quatro evangelhos em bereber, o Novo Testamento em cábila e o Novo Testamento em árabe. Desde 1968 viaja

pela Argélia e pelo Chade, formando evangelistas para trabalhar entre os muçulmanos.

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Traduzido do original em inglês: Share your faith with a muslim

@ 1975 por The Moody Bible Institute of Chicago Traduzido por Elça Martins Clemente

@ 1993 por Editora Sepal Todos os direitos reservados na língua portuguesa por

Editora Sepal Caixa Postal 2029

01060-970 – São Paulo – SP Telefone: (11) 5523-2544 www.editorasepal.com.br

[email protected]

Salvo onde outra fonte for indicada, as citações bíblicas foram extraídas da Edição Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil.

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Agradecimento

Queremos expressar nossa gratidão ao P.M. Internacional e a Misiones Mundiales da Argentina, os quais cederam os direitos autorais e também nos ajudaram a conseguir os

direitos dos outros livros sobre o assunto para publicações em português. Agradecemos a todos os que ajudaram com tradução, revisão e sugestões, a Missão Portas Abertas que gentilmente cedeu a foto utilizada na capa e, em especial, ao missionário Ted

Limpic que, com amor, dedicação, esforço e recursos, ajudou a tornar possível a publicação deste livro.

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ÍNDICE

Introdução à edição em português Introdução

1. Princípios gerais

2. Islamismo

3. O jejum do mês de Ramadã

4. A festa religiosa de „Id

5. A festa islâmica

6. Crenças islâmicas adicionais

7. O Senhor Jesus Cristo

8. Jesus, o Filho de Deus

9. Jesus Cristo e sua morte expiatória

10. A aproximação individual

11. Temas úteis

12. Como aproximar-se das mulheres e das moças

13. Controvérsia

14. Ajuda ao convertido

15. Sugestões finais e conclusão

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Introdução à edição em Português

Há muito temos sentido a necessidade de leitura que auxilie na propagação do Cristianismo no mundo Islâmico. Parece absurdo, mas o Cristianismo, com quase dois mil anos, vem

perdendo terreno para o Islamismo, que com pouco mais de mil e trezentos anos procura varrê- lo em todos os lugares onde se estabelece. A Igreja Evangélica praticante não possui informações sobre o Islamismo, possibilitando,

assim, o avanço de sua doutrina expansionista, que procura impor-se pela persuasão e pela espada, como ocorreu em todo o norte da África e Espanha no sétimo século, logo após a

morte de Maomé. Ultimamente, os seguidores de Maomé mudaram suas estratégias com a finalidade de introduzirem sua religião nos países ocidentais. Para tanto, procuram atuar camufladamente

no comércio, escolas, envolvendo-se na sociedade e influenciando a política dos países alvos do islã.

A técnica utilizada na implantação de sua doutrina no norte da África no século sétimo difere da utilizada atualmente tanto no continente Africano como no Ocidente. Atualmente, procuram dominar por meio do poder econômico e pela persuasão religiosa; como

exemplo, podemos citar o Senegal, que possui 92% da população muçulmana. Os muçulmanos têm penetrado em todas as áreas da sociedade, com grande influência nos

meios políticos, culturais, educacionais e sociais. Sua proposta religiosa consiste no extermínio do Cristianismo, o que está comprovado historicamente. A Palestina, berço do Evangelho, atualmente é quase toda muçulmana; o norte da África, que até o século sexto

era cristão, hoje é totalmente islâmico. No primeiro século, vemos a expansão do evangelho na chamada Ásia Menor, onde foram

plantadas muitas Igrejas. (Atos e 1 Pe 1.1). Onde estão essas Igrejas e tantas outras que existiram na época? Hoje, essa região é a Turquia, com cinqüenta e cinco milhões de habitantes, dos quais 99, 6% são muçulmanos e com severas restrições à propagação do

Evangelho. Em nossos dias não há um país sequer que possa ser considerado totalmente evangélico. No

entanto, há aproximadamente vinte países totalmente muçulmanos. Em se tratando do Brasil, com a segunda maior Igreja Evangélica do mundo, ainda não tomamos consciência da nossa responsabilidade para com os muçulmanos. Eles chegam e,

nós, cristãos, os recebemos de braços abertos, enquanto muitos deles, em seus países de origem, matam os cristãos simplesmente por propagarem o Evangelho. Aqui no Brasil,

encontram um solo fértil para disseminar suas heresias por meio de literaturas; principalmente aquelas que podem persuadir brasileiros indoutos, que, por falta de conhecimento sobre o Islamismo, tornam-se presas fáceis das mentiras por eles

transmitidas. Os muçulmanos, que representam atualmente a quinta parte da população mundial, são

escravizados pelo diabo, pois não conhecem o amor de Deus para com eles e a Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Este livro, primeiro de uma série que será traduzida, como outros que serão escritos e

publicados pela Editora SEPAL e Edições KAIRÓS, tem a finalidade, portanto, de ajudar a Igreja Evangélica a comunicar as Boas Novas ao povo muçulmano, que em nosso país já

conta com mais de quatro milhões de adeptos.

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Assim, a Kairós vem se esforçando para que, de alguma forma, a Igreja Brasileira seja

despertada e perceba o risco que corre por não evangelizar os muçulmanos, que crescem em nosso país, oriundos de várias partes do mundo.

Nossa oração é em favor da Igreja Evangélica Brasileira, para que tenha um testemunho eficaz em seu contexto cultural, de tal forma que seu evangelismo não deixe brechas para a penetração de heresias, compartilhando o genuíno evangelho com este grupo para que

possam ter uma visão da verdadeira liberdade que há na pessoa de Cristo Jesus. Use este livro como ferramenta de trabalho na evangelização de muçulmanos.

Pr. Waldemar de Carvalho

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Introdução Em 1927, eu era um missionário pioneiro e solitário entre os muçulmanos. Sentia falta de

um texto que me servisse de guia na evangelização daquela gente difícil mas simpática, à qual Deus havia me chamado. Durante os quarenta e cinco anos seguintes de serviço ativo

entre eles, aprendi muitas lições; algumas delas estão consignadas neste livro, redigido com dupla finalidade de ajudar jovens missionários que se sentem chamados para trabalhar em terra estranha e pessoas desejosas de melhor conhecer a religião dos estrangeiros

domiciliados em seu país. O contato com milhares de muçulmanos de diversos países e seu visível interesse pela

mensagem do Evangelho, não torna mais fácil a tarefa de instruir outros na arte de ganhar tal povo para Cristo. O muçulmano tem orgulho de sua religião, encarando-a como uma irmandade mundial, responsável pela unidade de todos os muçulmanos. Mas, se de um lado

os dogmas do Islamismo não variam, de outro a língua, o meio, os costumes e as práticas de cada país diferem sensivelmente.

Os métodos e lições esboçadas na presente obra foram aprendidos e ensinados no norte da África e na República do Chade. O livro foi escrito originalmente para servir de curso em francês e em árabe, incorporando-se também palavras árabes familiares. Algumas delas

aparecem entre parênteses e podem ser adaptadas aos países onde o estudante espera ir. O livro foi concebido com o objetivo prático de ilustrar os diversos artigos de fé e as práticas

dos muçulmanos como ponto inicial de contato na exposição do Evangelho. Alguns dos países dominados pelo Islamismo permanecem fechados ao Evangelho, mas muitos muçulmanos mudaram-se para o Ocidente. Evidentemente, todos os cristãos têm o

dever e o privilégio de colocá-los em contato com a mensagem cristã. O muçulmano é com freqüência uma pessoa intolerável por religião. É possível, em suma, abordá-lo. Não é

impossível ganhar sua confiança e, quando se estabelece verdadeiro contato com ele, mostra-se freqüentemente cativado pela mensagem cristã. A língua desempenha, neste sentido um papel muito importante. FALAR a um homem em sua língua materna é

aproximar-se de seu coração. Este deve ser o primeiro objetivo de quem vai trabalhar com muçulmanos em tempo integral. Aos demais, isso não será possível; sua própria língua será

então o meio de aproximação. Lembre-se, nesse caso, que o vocábulo religioso do muçulmano é muito limitado e que as palavras devem ser utilizadas em seu exato significado; de outra forma, poderão transmitir algo completamente diferente. Sua mente é

repleta de preconceitos, não somente devido à doutrina do Islamismo, mas também pela vida, conversa e crenças dos ocidentais, aos quais vêem, sem exceção, como cristãos.

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Capítulo 1

Princípios gerais Uma atenta comparação de Jo 3.1 com Jo 4.7-26 mostra que Jesus apresentou uma

mensagem à samaritana de uma maneira completamente diferente que a Nicodemos. Em At 2.14-36, Pedro anunciou o Evangelho aos judeus, enquanto que em At 10.34-43, expôs

virtualmente a mesma mensagem aos gentios. A mensagem é basicamente idêntica em ambos os casos, mas sua apresentação varia de acordo com o contexto dos ouvintes. São expostos aspectos diferentes do mesmo Senhor, empregando vocábulos diferentes e

estímulos diversos. Portanto, a população à qual nos dirigimos deve não somente decidir nosso vocabulário, como também a maneira de apresentar a mensagem sem alterações. Não

basta dominar profundamente o conteúdo bíblico; deve-se também conhecer os homens com quem se está tratando. A abordagem a um pagão deve ser totalmente diversa em relação a um muçulmano que creia em Deus.

Existe, além disso, uma grande diversidade no que diz respeito à cultura, educação e moralidade entre os muçulmanos. Alguns conhecem bem o Corão, enquanto outros

limitam-se a repetir o primeiro capítulo. Alguns são realmente devotos e tementes a Deus, enquanto outros servem-se da religião para encobrir seus pecados. Todo muçulmano leva a marca de seu país de origem, mas a base de sua fé será a dos correligionários e a forma de

aproximação será, sob muitos aspectos, a mesma. Por outro lado, muitos estudantes muçulmanos residentes no exterior falam freqüentemente com desdém do Islamismo, declarando que romperam com ele. Provavelmente, a única

maneira de os atingirmos seja falando muito bem seu idioma nativo. Certamente, a melhor forma de aproximação seria a que empregaríamos para falar com agnósticos de nosso

próprio círculo. Logo veremos que sua declarações dissimulam os verdadeiros sentimentos de seu coração e de sua mente. Alguns muçulmanos são pessoas fanáticas e intolerantes, enquanto outros, simpáticos e

desejosos de ouvir. Nos países ocidentais, os muçulmanos constituem uma minoria, motivo pelo qual podem tornar-se desconfiados quanto às razões dos cristãos de ganhar sua

amizade. De qualquer forma, fora de seu contexto, podem romper mais facilmente com tradições e vínculos familiares, obstáculos à aceitação do Salvador. A maneira de abordar pessoas deve variar de país para país, assim como a abordagem a um muçulmano culto com

relação a um analfabeto. Ao tratar com pessoas com classes mais baixas de qualquer país, o cristão deverá acautelar-se em comparar os méritos do Cristianismo e do Islamismo. Muitos

missionários procedem assim inadvertidamente com os muçulmanos da África. Em muitos países, os muçulmanos têm ainda um conhecimento muito superficial de sua religião. Reiteram sua adesão a Maomé, recitam orações muçulmanas e observam o jejum

do Ramadã. Lembramo-nos de que, embora devamos conhecer tais crenças, nossa missão não é comparar religiões, mas levá-los à adesão pessoal de Jesus Cristo como Salvador. É

também de suma importância um bom conhecimento da língua nativa e do árabe, ao menos os termos religiosos importantes entre os muçulmanos, ainda que sua língua materna não seja o árabe. Eles possuem seu próprio léxico religioso, que o missionário cristão deve

conhecer e usar; algo impossível, ao contrário, para o homem médio do Ocidente ou para os obreiros que trabalham em curto período. Quando utilizamos nossa língua para nos

comunicarmos, é muito importante que ajudemos o muçulmano a compreender vocábulos

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religiosos como expiação, calvário, cruz, regeneração, Espírito Santo e Filho de Deus. Tais

expressões nada significam para ele, podendo até mesmo criar equívocos em sua mente. Para maior clareza, devemos evitar explicar palavras desse tipo. Nossa tarefa é transmitir-

lhe a mensagem de forma que possa entendê- la e captá- la. Em outra palavras, devemos nos comunicar. Lembremo-nos de que nossos termos religiosos podem não ter significado para a pessoa que nos ouve. Por outro lado, um termo árabe pode ter um significado para o

cristão e sugerir outro completamente diferente para um muçulmano. Este tem sido o inconveniente de muitas traduções missionárias anteriores.

Ao nos referirmos à palavra céu (al janna), por exemplo, poderemos estar sugerindo ao muçulmano a idéia de seu paraíso, concebido como um lugar no qual poderá satisfazer seus desejos sensuais com mulheres virgens, onde correm rios de vinho etc. Por isso, será

necessário definir céu com outras palavras, mencionando, por exemplo, a presença de Deus ou a casa do Pai.. A oração (salat) é para nós, em grande parte, imprecatória; para os

muçulmanos significa primariamente os cinco períodos da oração ritual, nos quais repete frases aprendidas através de memorização. Diz respeito, antes de tudo, à adoração ou submissão à vontade de Deus; um mero ritual. Portanto, o convite à oração: “Vamos

suplicar a benção de Deus (barakat Allah) sobre sua casa,” ou “sobre esta criança enferma,” é mais adequado que: “Oremos juntos.”

Freqüentemente, usaremos a palavra árabe crer (amama); qualquer muçulmano devoto poderá declarar-se honestamente crente em Jesus. Por isso, devemos mostrar- lhe o verdadeiro significado da fé salvadora, recorrendo a outras palavras que incluam a idéia e a

crença em feitos históricos registrados na Bíblia (Kalâm Allah). Ele não somente deve crer nas afirmações e promessas da Bíblia, mas também confiar implicitamente (ittakala) no

Senhor Jesus para salvar-se, entregando-Lhe a vida em suas mãos e obedecendo a Seus mandamentos. Ao falarmos em pecado (danb), o muçulmano provavelmente pensará que nos referimos a

uma destas três palavras ou a todas elas: o adultério (Zima), o homicídio (all gatt) ou o pecado de comparar um homem a Deus, ou seja, colocar Jesus Cristo no lugar de Deus

(Shirk). Para expressar os diferentes aspectos do pecado, uma ampla gama de palavras é empregada, tais como: transgressão, desordem e desobediência. Se as utilizarmos, possibilitaremos que assimile o verdadeiro sentido do pecado. Trabalhando em sua própria

terra, o obreiro experiente deve estar em condições de equipar o jovem missionário com tal vocabulário. É de suma importância utilizar palavras corretas na língua nativa; o árabe

possui um vocabulário religioso muito rico. Alguns princípios gerais devem ser considerados na apresentação do Evangelho aso muçulmanos:

1. Devemos evitar condenar o Islamismo ou referir-se a Maomé de forma

depreciativa. Compreensão e simpatia são estratégias mais inteligentes que a crítica ao

Islamismo. É prova de sensatez não nos envolvermos em longas discussões sobre a vida ou o caráter do homem que veneram como profeta. Nosso objetivo deve ser atraí- los a Jesus, mostrando- lhes um Cristo vivo, capaz de salvá- los e satisfazer- lhes o coração. O

Senhor estabeleceu um importante princípio de ensino aos discípulos: “...não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas” (Lc 6.44). Os espinhos e o

abrolho da controvérsia repelem, mas o fruto atrai. Apontar a um muçulmano as deficiências de sua religião é confrontar-se com ele. Alguns cristãos referem-se ao Islamismo como uma religião de obras, e que somente a graça de Deus pode salvar.

Insistem em depreciar a forma de oração dos muçulmanos pelo fato de Deus buscar o

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coração humilde e contrito, e não a mera prostração do corpo. Sustentam que um

verdadeiro profeta não teria tantas mulheres quanto Maomé. A mensagem desses cristãos é negativa e crítica. O muçulmano sente-se rejeitado e ferido pelos “espinhos.”

Nosso propósito deve ser, acima de tudo, apresentar o verdadeiro vinho, de forma que o muçulmano deseje apropriar-se do fruto do Evangelho. A apresentação da verdade deve ser positiva. Não devemos provocá- lo com discussões reivindicativas.

2. O muçulmano crê no único Deus verdadeiro e em Sua lei. É provável que suas idéias sejam distorcidas, mas um estudo atento dos 99 nomes de Deus, os quais repete com a

ajuda de seu rosário, prova que crê e adora o único e verdadeiro Deus, pois muitos desses atributos encontram-se tanto na Bíblia quanto no Corão. Por isso, podemos sempre lhe falar de Deus, Sua existência, poder, juízos, fidelidade e santidade. O

muçulmano sabe que Deus é onipotente, onipresente e onisciente. Não devemos tratá-lo nunca como pagão, agnóstico ou idólatra.

3. No coração de todo verdadeiro muçulmano existe temor a Deus. Esta é a base mais firme para nossa aproximação. Não só crê teoricamente em Deus, mas sabe também no mais profundo de seu coração, que se encontrará com Ele no juízo. Conhece seus

defeitos e falhas. Sabe da existência de um inferno e causa- lhe horror ser lançado nele. Esta atitude de temor é expressa quando se prostra em oração, pois adota a postura do

escravo na presença do amo. Esta idéia contrasta abertamente com a atitude filial dos que crêem em Cristo, os quais conhecem a Deus como seu pai celestial; mas, onde existe autêntico temor a Deus, há uma base para apelar à consciência. O temor a deus,

característica hoje escassa em nossa pátria, subsiste em muitos países muçulmanos, apesar de alguns o manifestarem por superstição. Contudo, todo cristão atuante entre

muçulmanos tem consciência de seu valor. 4. A maioria dos muçulmanos tem certa noção do pecado. Não há uma profunda

convicção, mas a exata consciência do fracasso de seus esforços para alcançar o nível

exigido por Deus. A religião apela até certo ponto à sua consciência e à Lei de deus; ele sabe quando transgrediu. Nas orações cotidianas, pede perdão e continuamente repete a

fórmula: “Suplico o perdão de Deus” (astaghapr Allah). Espera ser perdoado pela misericórdia de deus. Entretanto, é consciente de que sua religião não pode dar-lhe a certeza da remissão de seus pecados. Pode unicamente desejar esse perdão. Contudo,

anseia ardentemente por ele. Compreende a natureza perversa do homem, a qual a Bíblia faz referência com os termos carne ou pecado. Esta idéia é expressa através de

formas diversas, empregando diferentes palavras; todo muçulmanos devoto leva dentro de si uma profunda consciência do mal. Sabe que sua natureza é má. Deseja ser bom, mas se sente impotente. Tenta sinceramente cumprir seu código moral, mas fracassa,

consciente da malícia de seu coração. Somente Cristo é a resposta à profunda necessidade de sua alma. Tenhamos isto em mente ao nos aproximarmos dele.

5. Pelas razões precedentes, devemos levar em consideração que o muçulmanos é um

ser humano como nós, um pecador. Os pecadores necessitam de um Salvador e somente nós possuímos a mensagem capaz de satisfazer esta necessidade. O

muçulmano tentará insistentemente discutir sua religião, sublinhando as diferenças existentes entre Cristianismo e Islamismo. Quanto a nós, procuraremos fazê-lo enxergar

a necessidade de um Salvador, evitando discussões e apelando sobretudo à sua consciência. Devemos mostrar- lhe nossa fé lógica, procurando alcançar o homem total. É necessário abordar os problemas teológicos, mas temos de dirigir-nos primeiramente

ao coração e à consciência. Uma das características do muçulmano é jamais se

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envergonhar de sua crença. Manifesta suas convicções com toda franqueza. Não

vacilará em tentar conseguir nossa adesão a Maomé e converter-nos ao Islamismo. Tal atitude de zelo e franqueza é louvável, bem como a pública confissão da fé. As

verdades da Bíblia não devem ser ocultas, tampouco reduzidas ou harmonizadas com as crenças do muçulmano. Islamismo e Cristianismo são diametralmente opostos; é impossível torná-los uma fé comum, adaptando-se a mensagem cristão ao pensamento

muçulmano. O islamita possui uma visão aguçada e descobre rapidamente qualquer intenção de mascarar a verdade ou conquistá- lo em favor de um compromisso cristão. O

Dr. Zwemer falou, certa vez, ser possível dizer qualquer coisa a um muçulmano, desde que com amor e um sorriso. Tal povo respeita o homem que, em meio a uma multidão de adversários muçulmanos, mantém suas convicções e não vacila em dizer a verdade.

É de suma importância que a expressão de nossa convicção esteja respaldada por uma vida coerente.

6. É realmente muito importante considerar que a mensagem é sempre julgada

segundo a conduta do mensageiro. Na primeira aproximação, o mensageiro é tão importante quanto a mensagem. No passado, nem sempre o “portador das Boas Novas”

mostrou-se parecido com Cristo; assim, os muçulmanos (e não somente eles) não quiseram ouvi- lo. O fruto do Espírito é o amor, gozo, paz, paciência, afabilidade,

bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Tais virtudes constituem o caráter cristão, e unicamente o Espírito Santo pode reproduzi- las em nós. A Bíblia ensina claramente que o importante é o caráter do servidor. Ele será de fato respeitado segundo

sua conduta: o amor, apesar do ódio e rancor de seus opositores; amor que tudo sofre e é amável, tudo suporta, tudo crê, tudo espera; a alegria no Senhor apesar da oposição e

perseguição; a paz de Deus, a qual, com tanto ardor, ambicionam; a paciência perseverante; a bondade prática da qual não podem desfrutar com argumentos; a fidelidade à palavra empenhada; a fé viva em Deus e em Sua mensagem; a mansidão

quando se defronta com a arrogância; e o domínio próprio ao se irritar com a insensatez dos argumentos de seus ouvintes. A estas qualidades deve-se adicionar um espírito de

reverência e sobriedade. Os muçulmanos não conseguem entender a alegria que caracteriza os cristãos. O homem de Deus é uma pessoa alegre, mas deve mostrar-se sóbrio e reverente, especialmente ao falar das verdades cristãs. Exposto o conteúdo

acima, podemos agora formular o princípio mais importante da aproximação: 7. Devemos partir do conhecimento do muçulmano para levá-lo a aceitar a verdade

total da Palavra de Deus. Ao examinarmos sua crença, encontraremos muitos pontos comuns ao cristianismo. Dentre outros conceitos, sabe, por exemplo, que Deus é luz e nEle não há treva alguma; que Cristo é o filho de Maria; que um de Seus títulos é Verbo

de Deus (Kalimat Allah); e que o homem deve ser puro para aproximar-se de Deus em oração. Assim, podemos concluir que o muçulmano possui uma noção de verdade.

Devemos dar graças a Deus por isso. Podemos felicitá- lo pelo que sabe e crê, tentando induzi- lo a aprofundar-se na verdade. É provável que aceite nossos ensinamentos de imediato, mas refletirá. Recorramos pois a seu conhecimento, a fim de conduzi- lo a

uma verdade mais profunda. 8. Outra noção, igualmente importante, é o fato de que o muçulmano responde ao

amor. Ele deve sentir que realmente nos preocupamos com sua pessoa, que o amamos e nutrimos verdadeiro interesse não somente por sua alma. Na maioria dos casos de conversão de um muçulmano, o amor cristão é o principal fator de influência.

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Nebarek era um jovem estudante do Corão que ensinava as crianças na mesquita a recitar

seu livro sagrado. Durante muitos anos tinha participado da Escola Dominical, sem que tais ensinamentos tivessem lhe causado alguma impressão. Seu coração se endurecia diante do

Evangelho e zombava de seus progressos. Aos 18 anos, muito orgulhoso de seus conhecimentos acerca do Islamismo, foi à casa de uma missionária e pediu- lhe alguns evangelhos em árabe, alegando interesse em voltar a lê- los. A missionária sentiu-se

emocionada. Um jovem buscava ao Senhor como resposta de suas orações. Nebarek tomou os evangelhos nas mãos, folheou-os, e logo, com olhar de desafio, fê-los em pedaços e

atirou-os ao chão, pisando-os. Estava certo de que receberia uma forte repreensão por haver tratado a Palavra de Deus daquela forma. Em ver disso, viu que os olhos da missionária se encheram de lágrima e, com um olhar de indescritível tristeza, mas cheia de amor, afastou-

se sem dizer palavra. Entrou em casa para orar por ele. Nebarek dirigiu-se para casa, mas a expressão do paciente amor de Cristo, a mansidão e

bondade, atingiram-lhe a alma. Depois de uma hora, voltou à missionária, mas desta vez como pecador convicto em busca de salvação. Aquela simples expressão de amor (como Jesus chorando sobre Jerusalém) conseguiu o que anos inteiros de ensinamentos não

puderam obter. O mensageiro é tão importante quanto a mensagem. Ao longo dos séculos, o cristão tem falhado nesse aspecto, desde o tempo das cruzadas até

nossos dias. Ainda há missionários que combatem o Islamismo ridicularizando-o com argumentos e insultos. É de suma importância demonstrar esse amor de forma prática, derrubando pouco a pouco as barreiras. Jamais deixar de cumprimentar um muçulmano

amigo com um sorriso, mesmo em momentos de tensão política. Demonstrar- lhe simpatia na enfermidade ou em horas de luto. Prestar-lhe pequenos serviços. Ser escrupulosamente

honrado em assuntos de negócio. Mostrar coerência cristã nos menores detalhes da vida. (Se, por exemplo, um vendedor muçulmano vender-nos um artigo em más condições, não devemos omitir em mostrar- lhe o erro – com amor). Ser respeitador e dar provas de estima.

Demonstrar amor, tentando compreender o ponto de vista do outro. Saber ouvir. Deus ensinou-me, na velhice, a sabedoria de ouvir pacientemente aos demais, desde o

adolescente inglês muçulmano intransigente. Se pudermos tecer elogios, devemos fazê-lo, mas com sinceridade transparente. O muçulmano lê nosso interior como a um livro; os apelidos que freqüentemente adotam nos missionários e em outras pessoas são sempre

muito cabíveis. O verdadeiro amor não esconde a verdade. Temos uma mensagem de amor a comunicar. Antes de aceitar e amar nosso Senhor, o muçulmano deve aprender a amar-

nos. Recordemos, pois, que o amor é o caminho de Deus. 9. Para encerrar, devemos sublinhar o trabalho do Espírito Santo. É preciso depender

inteiramente de sua orientação, a fim de conseguirmos convencer do pecado e da fé em

Cristo, criarmos vida nova e oferecermos segurança de paz. Sem o Espírito Santo como guia, todos nossos esforços serão absolutamente vãos (Jo 16.8-14).

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Capítulo 2

O Islamismo O Islamismo é a religião dos muçulmanos. A palavra significa submissão a deus; o islamita

declara-se inteiramente submisso à vontade de Allá. As expressões maometismo e o maometano não agradam aos muçulmanos e devemos evitá- las. Os muçulmanos sustentam

que Abrão foi o primeiro verdadeiro muçulmano, e todos os profetas que o seguiram também. Tais idéias são incompatíveis com o sentido que hoje tem a palavra muçulmano, ou seja, o que crê em Maomé como o profeta de Deus e submete-se ao Corão como a

vontade divina. Alguns livros nos oferecem o relato da vida de Maomé e a história do Islamismo; mas

nosso propósito não é discorrer sobre tais temas. A religião islâmica consta de crenças (al isman) e de práticas (al din).

Os artigos da fé muçulmana

Os muçulmanos crêem: 1. Em Allá, que é único, todo-poderoso e misericordiosos para com todos os muçulmanos; 2. Em seus anjos e nos maus espíritos;

3. Em suas Escrituras, os “Livros Revelados,” dos quais há quatro importantes: a Lei de Moisés (Taurah), os Salmos de David (Zabur), o Evangelho de Jesus (Injil) e o Corão de Maomé;

4. Em seus mensageiros e profetas, dos quais Maomé é o último e o selo dos profetas; 5. No dia da ressurreição;

6. No destino, pois quando Allá decreta, seja bom ou mau, tem que acontecer.

São cinco os Pilares da Prática Muçulmana:

1. A profissão de fé (Shahada): “Confesso que não há outro Deus a não ser Allá, e que

Maomé é seu enviado;” 2. As orações rituais (rolat); 3. O pagamento das esmolas rituais (Zahat), ao qual deve acrescentar-se oferendas

voluntárias (Sadaga); 4. O jejum do Ramadã (Saum);

5. A peregrinação a Kaaba em Meca para os que puderem financiá- la (Hajj).

O Testemunho

Repetir as palavras “La ilhaja illa Allah, Wamohammed Rasul Allah” significa converter-se

ao islamismo. Embora a profissão de fé deva ser proferida com convicção (niya), os muçulmanos se alegrarão em convencer um cristão a simplesmente pronunciá-la. Portanto, devemos evitá- la. É extremamente simples aprendê- la e repeti- la; a reiteração da fórmula

não implica em nenhuma mudança de vida. Pronunciá- la significa converter-se em membro da grande irmandade muçulmana, com a esperança fina de alcançar o paraíso.

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Os muçulmanos fazem se empenhar para persuadir os cristãos a pronunciarem sua profissão

de fé. Qual deve ser nossa postura a este respeito? “Não posso repetir sua profissão de fé, tampouco afirmar que creio em Maomé. Sou cristão. Obviamente, sou crente (mumin), mas

não muçulmano. Eu confesso (ashahad) meu Senhor Jesus e gostaria de testemunhar-lhe sobre a mudança que ocorreu em minha vida.” Pessoalmente, procurei sempre expor meu testemunho de forma prática: “Quando jovem, o

mundo e seus prazeres me fascinavam. Ensinaram-me a praticar a religião, a crer em Deus, orar, ir à igreja (usar o termo mesquita) e adorar a Deus. Eu estendia uma das mãos a Deus

e a outra ao mundo. Deus de um lado e o pecado de outro. Meu coração vivia em constante combate; não tinha paz. Não me atrevia a deixar a Deus, tampouco desejava afastar-me do mundo. Então, Jesus penetrou em minha alma. Bateu à porta de meu coração e limitei-me a

dizer: „Dignai-vos a entrar.‟ Quando Jesus chegou, meu desejo de pecado desvaneceu-se. Abandonei o mundo com seus prazeres (Zabu) e entreguei todo meu ser a deus. Agora,

submisso a Jesus, a paz substituiu a inquietação que havia em meu coração, e Deus me fez andar por Seu caminho.” É importante acompanhar as palavras com gestos. O muçulmano gosta sempre de ouvir o testemunho das relações de Deus com uma pessoa. É algo que não

sabem rejeitar, especialmente quando parte de uma vida pura e conseqüente. O cristão poderá também compartilhar sobre a unicidade de Deus, mencionando a

passagem a respeito do homem que indagou a Jesus acerca do primeiro e maior dos mandamentos, obtendo como resposta: “...Ouve, ó Israel, o Senhor Nosso Deus é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração...” (Mc 12.29-30). Cristãos,

israelitas e muçulmanos concordam com a existência de um só Deus; mas, pode alguém dizer que realmente ama a Deus com todo seu coração, a lma, mente e todas suas forças? É

muito fácil confessar um credo e esquecer o mandamento que implica amar a deus. Tais questões podem contribuir para uma interessante discussão ou uma conversa sobre a incapacidade do homem para amar a Deus e a necessidade de uma mudança em seu

coração. Se não imprimirmos esta direção à conversão, o muçulmano tentará abordar unicamente a negativa do cristão em aceitar a Maomé, pois ele admite a primeira frase da

profissão de fé, mas rejeita a segunda.

Oração

Todo muçulmano devoto recita as orações rituais, no mínimo, cinco vezes ao dia. São elas:

a oração pela manhã (al faju), ao meio-dia (ad ad hum), entre o meio-dia e o pôr-do-sol (al’aser), ao pôr-do-sol (almeghreb) e uma hora após o pôr-do-sol (al’asha). Constituem um rito que devem realizar em árabe e expressam principalmente louvor a Deus. Os

muçulmanos são realmente sinceros e reverentes em suas orações, as quais começam com a “formulação de intenções:” “Oh Deus, vou fazer a oração da manhã...” Segue-se a

cerimônia da purificação com abluções de diversas partes do corpo em água ou areia. Então diz: “Confesso que Ele é o único e não há outro Deus. Ele não possui nenhum rival. Declaro que Maomé é seu servo mensageiro. Oh Deus, faz com que eu esteja entre os

arrependidos e os puros.” Em seguida, continua: “Deus é grande,” e repete sua profissão. Recita uma doce oração e

depois uma declaração a Satanás, a qual repete três vezes, dizendo: “Busco refúgio em Deus contra Satanás, o lapidado.” A seguir, o primeiro capítulo do Corão (al Fatihali): “Em nome de Allá, o Bondoso, o misericordioso. Todo louvor pertence a Allá, Senhor dos

muçulmanos, o Bondoso, o Misericordioso, Dono do dia do Juízo. A ti somente adoramos e

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a ti somente imploramos ajuda. Guia-nos pelo caminho reto, o caminho daqueles a quem

outorgaste tuas benção, os quais não incorreram em irar-te e não se perderam.” Neste ponto, provavelmente repetirá uma parte do Corão.

Então, declara novamente: “Deus é grande,” e se prostra. Nesta posição, recita três vezes: “Glória a deus, o dono do mundo.” Põe-se em pé e diz: “Deus, ouve a quem te louva.” Prostra-se três vezes, exclamando: “Glória a Deus, Senhor Altíssimo.” Em seguida, repete a

oração: “Oh Deus, perdoa-me, tem piedade de mim, dirigi-me, preserva-me e faz-me grande. Robustece minha fé e enriquece-me.” Antes de prostrar-se pela segunda vez, diz:

“Deus é grande.” Cada oração compreende um certo número destes rak’s, conforme a hora do dia. Então repete um capítulo do Corão à sua escolha e, se desejar, poderá recitar uma curta oração espontânea. Volta então a cabeça para o lado direito, a fim de saudar o ano que

ali se encontra registrando sua boas ações; em seguida, volta-se para esquerda, a fim de cumprimentar o outro anjo o qual registra, segundo crê, suas más ações: “A paz seja

contigo, e contigo esteja a paz.” Observemos os seguintes pontos: 1. A intenção (na niya). Qual é a finalidade do crente ao orar? Por que ora? Para o

muçulmano, trata-se de um dever (Wajib), um preceito ou obrigação (fard) e uma dívida contraída com Deus (din). Para o cristão, a oração constitui-se no falar com seu

Pai celestial (Mt 6.5-15). Mas Deus não pode ser nosso Pai a menos que tenhamos nascido de novo. Em Jo 3.1-14, Jesus fala-nos acerca do novo nascimento. Quem crê em Cristo, primeiramente ouve a Deus que lhe fala através da Bíblia, depois fala com

Deus pela oração. Sabe que Deus entende qualquer língua; por isso fala com Ele em sua língua materna. Este propósito ou intenção é da maior importância na oração e na fé; é

possível desenvolver o tema. Por exemplo, um muçulmano pode afirmar crer em Jesus Cristo, mas o verdadeiro crente o é com a intenção de encontrar salvação somente nEle, Jesus.

2. A cerimônia das abluções. O princípio no qual se baseia o rito é: uma alma pura deve falar com Deus em corpo puro. Por isso, o muçulmano deve purificar-se antes de cada

oração. Não há dúvida de que se trata de um ponto de contato, de aproximação. É possível que tenhamos oportunidade de observar um amigo muçulmano com suas devoções ou que ele escolha deliberadamente orar em nossa presença. Não devemos

dizer- lhe que Deus não ouvirá sua súplica por tratar-se de uma fórmula ou de frases meramente piedosas criadas por uma religião de obras. É mais prudente adotarmos a

seguinte linha: “Amigo, tenho observado que, antes de orar, você lava cuidadosamente várias partes do corpo. Suponho fazê- lo compreender que deva apresentar-se puro diante do Deus santo. Concordo plenamente. Entretanto, a Bíblia diz: „aproximemo-nos,

com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo os corações purificados de toda má consciência, e lavado o corpo com água pura‟ (Hb 10.22). Certamente você compreende

uma importante verdade. Para aproximar-se de Deus é necessário estar puro. Contudo, observei que, na ablução dos vários membros do corpo, você omitiu o coração. Se vocês dizem que o coração é o rei (sultão) dos membros, não será suficiente lavar todo

o corpo, deixando o coração à parte. É preciso purificar a força motivadora e reguladora de nosso corpo.” Ele replicará: “É impossível ao homem lavar seu coração,” ao que

você responderá: “Concordo plenamente; mas o que é impossível ao homem é possível a deus. A Palavra de Deus afirma que „o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado‟ (1 Jo 1.7).

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Assim, elogiamos o princípio que está de acordo com a Palavra de Deus, mas também

pudemos mostrar- lhe que semelhante purificação corporal não é suficiente. Ele próprio admitiu que pode purificar seu coração; talvez até pergunte como fazê- lo. Devemos seguir

este princípio: partir dos elos/ sinais de verdade presentes em sua religião e levá- lo ao pleno conhecimento da revelação de Deus. Não ofendê- lo, condenando abertamente sua maneira de orar, mas mostrar-lhe simpatia e amor, guiando-o com a virtude do Espírito Santo.

3. A atitude de oração. O muçulmano deve prostrar-se (sajada y rak’a) durante a oração, pois adota a atitude do escravo na presença de seu Senhor. Tal postura indica medo da

cólera e do castigo de Deus, contrastando com a reverência e o santo atrevimento com os quais o cristão aproxima-se de seu Pai Celestial. É possível prostrar-se exteriormente, negando a Deus obediência e submissão de coração e vida. Podemos

recorrer a passagem das Escrituras, tais como Lucas 18.9-14 e Atos 9.6. 4. Pode-se utilizar o capítulo inicial do Corão como ponto de partida com muçulmanos

mais cultos. Existe uma diferença sutil entre os títulos “bondoso” (ar Rahman) e “misericordioso” (ar Rahim). A primeira palavra indica o que deus representa em si mesmo, e a segunda a

bondade e misericórdia manifestos em sua relação com os homens. Como Deus, eternamente ar Rah Man, manifesta-Se como ar Rahim no amor que perdoa? A resposta só

pode ser encontrada na fé cristã (2 Co 5.19; Jo 1.1-3, 3.16). As frases iniciais do Corão, as quais expressam louvor a Deus, estão constantemente nos lábios do muçulmano piedoso. “Todo louvor pertence a Allá, Senhor do mundo.” O

muçulmano adora a Deus como criador e dá- lhe graças pelas bênçãos espirituais (Ef 1.3-9; 2 Cr 9.15; Sl 103.1-6).

“Guia-nos pelo reto caminho.” Trata-se, sem dúvida, de uma oração excelente, mas, para sermos guiados pelo reto Caminho, devemos conhecê-lo. Jesus Cristo afirma em João 14.6: “Eu sou o caminho” (Jo 14.6). Não basta conhecer o caminho de casa; precisamos caminhar

por ele. Através de Sua morte, Jesus deu-nos vida para caminhar pela senda de Deus. Agradar a Deus implica em não somente sabermos que Jesus Cristo é o caminho, mas

também segui- lO. Os profetas mostraram aos homens um caminho para Deus, mas somente Cristo disse: “Eus sou o caminho.” 5. Em sua oração, o muçulmano pede a Deus muitas bênçãos espirituais só encontradas

em Cristo, tais como : perdão, refúgio, direção, perseverança, paz, libertação de Satanás e seu poder. Confessa procurar refúgio em Deus. Um refúgio é inútil, se inacessível.

Cristo é o refúgio e o Salvador (Hb 2.14, 15; At 2.21). 6. A forma mais simples de oração para muçulmano é a invocação de um atributo de

Deus. Dirá, por exemplo: “Yal al ghaffá” (Tu que perdoas), querendo expressar: “Tu

que estás disposto a perdoar, perdoa-me.” Quando percebe sua debilidade, exclamará: “Oh, Tu, Poderoso” (Ya al Radú), que implica em: “Digna-te fortalecer-me.” Desta

forma usa os atributos de Deus como uma oração de uma só palavra. É uma invocação do nome do Senhor, que somente e realiza de forma plena.

Orações improvisadas

Além das orações de rituais do Islamismo (salat), há também de intercessão ou petição (du’ao). Nas primeiras, o intercessor deve prostrar-se da maneira prescrita. Nas últimas, estende as mãos com as palmas para cima, como se esperasse receber a benção de Deus. Ao

orarmos por muçulmanos, ou com eles, parece lícito e natural estender as mãos como eles o

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fazem, em substituição da forma cristão de juntar as mãos e fechar os olhos.

Evidentemente, trata-se de uma pequena concessão. Quando adotamos tal atitude, devemos fazê-lo em nome do Senhor Jesus. A resposta final quase sempre será “Amem.”

Não é fácil para o cristão unir-se aos muçulmanos em suas orações rituais, pelo fato de incluírem as repetições da Shahada; contudo, é importante aproveitar tais oportunidades de orar na presença de muçulmanos ou, se for possível, com eles. Devemos mostrar- lhes que

oramos em família com regularidade e fazemos reuniões de oração para pedir as bênçãos de Deus sobre seu país e governantes. Antes de oferecer tratamento médico em casa ou numa

clínica, o cristão deve orar sempre em nome de Cristo, utilizando a oração ad du‟a, com as mãos estendidas. Em minha clínica em Angélica, nunca tratei das pessoas sem antes orar com elas, e a oração era seguida, sem exceção, com reverência. O muçulmano atribuía a

cura ao poder do Senhor Jesus, e não à habilidade do missionário. Tal fato preparava-o para ouvir a mensagem da Bíblia. O nascimento de um filho e a visita a um enfermo ou amigo

são também ocasiões nas quais podemos convidá- lo a orar: “O que você acha de implorarmos a benção de Deus?” (barakat Allah). Desta forma, com santa ingenuidade, o muçulmanos expressará temor a Deus através da súplica; este pode ser um começo para a

exposição do evangelho.

Page 19: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

Capítulo 3

O Jejum do Mês de Ramadã A observação do jejum do mês de Ramadã é uma prática obrigatória para todos os

muçulmanos. Em seu calendário lunar, o mês de Ramadã dura 29 a 30 dias. Todos os anos, encaixa-se aproximadamente nove dias antes do ano precedente. O jejum inicia-se a cada

dia no momento em que é possível distinguir entre um fio branco e um preto, findando com o pôr-do-sol. Passam a noite comendo e bebendo; durante esse mês, gastam mais dinheiro que em qualquer outro período do ano. “Como vamos jejuar se não comemos bem?,” é o

comentário usual. Durante o dia, é proibido comer, beber, fumar, tragar saliva, ter contato com pessoas do sexo oposto, jogar jogos de azar e ter relações sexuais. As noites são

passadas em prazeres e excessos. Normalmente, as crianças iniciam a prática do jejum (por apenas alguns dias) quando têm oito ou nove anos, competindo entre elas para ver quem resiste por mais tempo. À mulher

grávida é permitido quebrar o jejum se considerar que o bebê corre perigo. As mulheres não jejuam no período menstrual; entretanto, tais dias devem ser compensados durante o ano.

Os viajantes no deserto, o soldado durante a guerra santa (jihad), os idosos mais fracos e as crianças que ainda não chegaram à puberdade estão desobrigados do jejum. O jejum é uma dívida contraída com Deus (din) e uma obrigação (frad). Diz-se que em

parte é expiação pelos próprios pecados, auxílio no domínio das paixões e mérito para ganhar o paraíso. O muçulmano deve declarar sua intenção de jejuar (miya) todos os dias antes do amanhecer. Recomenda-se não jurar, nem proferir palavras torpes; não irar-se,

nem falar mal dos outros durante o período do jejum. Muitos cristãos denominam este jejum de “festa”* de Ramadã, demonstrando absoluta falta

de compaixão pelos muçulmanos que sofrem. O obreiro cristão não deve deixar transparecer que também jejua; entretanto, em consideração a seus semelhantes, deverá abster-se de comer ou beber em sua presença. Freqüentemente, eles se oferecerão ao

missionário para preparar-lhes o café ou as refeições durante esse mês; é necessário recusar, mas com cortesia, expondo simultaneamente as razões. Em muito países islâmicos, ainda

está em vigência a lei da apostasia. Esta lei estabelece que todo o que não observa a prática do jejum é infiel; portanto, é lícito privá- lo de seus bens e da própria vida. A mulher apóstata deve ser confinada em um cômodo separado, deixando-a morrer de fome e

chicoteando-a até que se volte novamente à religião islâmica. O missionário cristão não deve esquecer de que o muçulmano convertido a Cristo que romper o jejum correrá o

perigo de ser morto ou envenenado. Meu livro Too Hard for God? (“Algo Muito Difícil para Deus?)**, ainda não traduzido para o português, cita mais detalhes a esse respeito. O obreiro cristão considera que o Ramadã interrompe o programa normal das atividades

que durante esse período de jejum os muçulmanos estão propensos a ficar irritados. Por outro lado, muitos deles deixam de trabalhar, empregando o tempo em conversas. Talvez

seja mais sensato não evangelizar diretamente durante os primeiros dez dias. Gradativamente, as pessoas passam a alterar o horário das refeições. As mulheres começam a preparar a refeição da tarde (fadhun) logo depois do meio-dia; tal fato deve ser

considerado pelas mulheres cristãs. A última refeição da noite ocorre por volta das duas horas da manhã e chama-se sahur. Observa-se que, durante o Ramadã, a conversa centra-se

no jejum.

Page 20: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

Qual deve ser a resposta do cristão as perguntas como esta: “Vocês jejuam (saim) ou

comem (fatar)?” Talvez a melhor saída seja: “O que você quer dizer exatamente: se me abstenho de comida ou do pecado? O jejum diz respeito não somente ao domínio do desejo

de comer, mas também a todos os apetites carnais do homem. Nós, cristãos, tentamos dominar nossos desejos maus, mas temos consciência de que é impossível fazê- lo sem a ajuda de Deus. Para isso, contamos com um Salvador vivo que nos auxilia. Da mesma

forma como você domina o desejo de comer, deve fazê- lo em relação aos olhos, a fim de que não atentem para coisas ruins, nem leiam livros obscenos. Preserve sua língua da

mentira e calúnia. Domine suas mãos e a você mesmo, evitando o que é proibido (haram).Verá que é impossível por suas próprias forças e por isso necessita de um Salvador, Jesus Cristo.”

Caso faça- lhe a pergunta: “Jesus jejuou?,” leia Lucas 4.1-2, acrescentando: “Sim, Jesus absteve-se de comida durante 40 dias, mas não durante o mês de Ramadã. Ele não era

muçulmano. Nesse período, Jesus foi tentado e demonstrou ser homem perfeito. Por isso, pôde redimir-nos.” Se indagar- lhe: “Por que vocês cristãos não jejuam?,” responda: “Os cristãos jejuam (Leia Mt 6.16-18; 17.21; 1 Co 7.5; At 13.2). Entretanto, não o fazem no

mês de Ramadã. Para entender o por quê de os cristãos não observarem o Ramadã, temos de partir do jejum muçulmano (niya). Vocês jejuam com o intuito de Deus perdoar- lhe os

pecados. Os cristãos já têm este perdão, pois Cristo pagou sua dívida. Deus perdoou-nos por Sua misericórdia, sem considerar nossas obras. Os judeus perguntaram a Jesus por que Seus discípulos não jejuavam. A resposta está registrada em Lucas 5.34-38. Comparo o

Ramadã a um retalho de tecido novo utilizado para remendar uma veste velha. É evidente que Deus não se dá por satisfeito com um mês de jejum, quando feito para remendar uma

vida de pecado. É necessário remover a vida toda; na “peça” nova deve viver um novo homem. Somente Jesus Cristo pode fazer isso” (2 Co 5.17). Assinalamos a seguir algumas passagens das Escrituras que podem ser utilizadas nessas

discussões. Observemos que cada uma delas serve de plataforma para abordar a questão da salvação.

Isaías 58.3-11. Este é o verdadeiro jejum. Pode-se enfatizar que no Ramadã há mais brigas e contendas que em qualquer outro período do ano. Veja o versículo 4. Por que deus não aceitou o jejum? Devido ao pecado. O verdadeiro jejum, bem como as bênçãos dele

decorrentes, encontram-se nos versículos 6-7. Marcos 7.15-23. Jesus mostrou não ser o alimento que se come o responsável pela

contaminação, mas o que sai do coração do homem. Os muçulmanos concordarão facilmente que os pecados enumerados nos versículos 21 e 22 contaminam e necessitam ser purificados. É fundamental modificar a natureza pecadora. Leia João 3.1-17 e 1 João 1.7.

Atos 10.1-43. Cornélio era um homem bom; jejuava e orava, mas ainda não havia obtido o perdão. Por ser sincero e temente a Deus, o Senhor enviou-o a Seus mensageiros para que o

ensinassem como obtê- lo. Pedro falou- lhe de Cristo, Sua vida irrepreensível (v. 38), Seus sofrimentos e Sua morte (v. 39), Sua ressurreição (v. 40) e Sua volta como juiz (v. 42). Cornélio encontrou o perdão somente quando creu em Cristo (v. 43). Devem dizer aos

muçulmanos que Deus conhece seu desejo de agradar- lhe com o jejum. Ele (Deus) também enviou-nos como mensageiros para ensinar- lhes como obter perdão.

Mateus 6.16-18. Jesus ensinou a seus discípulos que ninguém deveria saber quando jejuassem. Nesse ponto da discussão, seria interessante indagar se alguns muçulmanos sentem-se orgulhosos do seu jejum. Afinal, eles não o ocultam. Pergunte- lhes: “Qual sua

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intenção ao jejuar? Vocês desejam agradar a homens ou obter a salvação por meio de

obras?” (Leia Ef 2.8). Lucas 18.9-14. A parábola do fariseu e do publicano pode ser a mensagem mais útil da

Escritura para trabalhar com muçulmanos durante o jejum. A aplicação é óbvia. São necessários muito amor, sabedoria, paciência e grande tato nesse período do ano. Alguns missionário têm procurado demonstrar afeto e simpatia pelos muçulmanos jejuando

durante o Ramadã, mas sem intenção de obter méritos. Entretanto, se tal gesto não for compreendido, não contribuirá para alcançar nenhum muçulmano para Cristo.

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Capítulo 4

A Festa Religiosa do ‘ID O jejum do Ramadã termina com três dias de festejos, (‘id al fit). Setenta dias depois vem a

festa de ‘id al kabir ou ‘id al Adha. Cada família sacrifica um carneiro de chifres bem grandes. Eles recordam que Deus enviou um carneiro a Abraão para que o sacrificasse em

lugar de seu filho. Os muçulmanos insistem no fato de haver sido Ismael, e não Isaque. É interessante verificar que no Islamismo também existe a idéia de sacrifício (dahuja), assim como a doutrina do homem redimido (fada) por um animal. Esta festa é sempre um tempo

de grande regozijo; mas o cristão em contato com os muçulmanos enfrenta alguns problemas.

Freqüentemente, o muçulmano convidará seus amigos para comer com ele durante a festa, oferecendo- lhe uma porção da carne do carneiro sacrificado. Os cristãos deverão comê-la ou tal atitude comprometerá sua fé? A recusa ofenderá o muçulmano? É provável que a

resposta seja diferente em cada país. Observemos os seguintes pontos: 1. Pessoas humildes normalmente desejam manifestar gratidão ao missionário por favores

prestados durante o ano. Esta será praticamente a única ocasião em que poderão oferecer algo “valioso;” são muitos os que desejam expressar afeto e estima dessa forma.

2. Recusar um convite para comer ou não aceitar um obséquio poderá criar uma séria barreira. Comer com alguém, compartilhar de seu alimento, sentar-se e alegrar-se espontaneamente em sua companhia é a forma mais rápida de aproximar-se de seu

coração. 3. Em todos os países muçulmanos, a carne vendida nas feiras é sacrificada por

açougueiros muçulmanos. Como todo islamita ao sacrificar o cordeiro no „ID, eles pronunciam uma “fórmula,” voltando-se para Meca.

4. Certos cristãos mais fracos podem crer que se comerem dessa carne estarão

participando da fé muçulmana, o que para eles é motivo de tropeço. É possível, inclusive, que alguns muçulmanos adotem este mesmo ponto de vista. Entretanto, é

muito improvável que o cristão se recuse a pronunciar Shahada ou a observar o mês de Ramadã. É possível que o cristão mais fraco seja o que faça objeções.

5. Perguntando e ouvindo, o cristão pode assegurar-se do significado exato que se dá ao

derramamento do sangue do animal. Em alguns países isso é visto como um espécie expiação pelos pecados ou como poder mágico protegendo contra Satanás, demônios e

poderes invisíveis. Todo aquele que trabalha entre muçulmanos deve decidir por si mesmo, tendo em mente algumas passagens das Escrituras como Romanos 14.1-23 e Coríntios 8.1-13. Cada um deve ter sua própria convicção e consciência perante Deus,

sem esquecer o efeito que sua atitude pode provocar primeiramente entre os muçulmanos e também entre os cristãos mais fracos. Se um cristão decide não aceitar

fazê-lo com cortesia, procurando dar muitas desculpas e explicando suas razões. É melhor explicar-se antes que tal ocorra e não na presença de outros, pois poderia deixar o amigo muçulmano embaraçado.

Esta festa é uma excelente oportunidade para expor o Evangelho, relatando a história de Gênesis 22.1-13. É necessário ter muito tato ao falar de Isaque como filho de Abraão para

evitar discussões estéreis. Os muçulmanos sempre insistirão em acrescentar o nome de

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Ismael, entretanto é absoluta perda de tempo tentar explicar quem foi Isaque. Quando se

converter, o muçulmano estará preparado para reconhecer a verdade bíblica; até então, questões menos importantes como estas devem ficar subordinadas ao único objetivo

importante, que é levá- lo à fé pessoal em Jesus Cristo. Leia Gênesis 22; João 1.29 e Hebreus 10.1-8, ou partes dessas passagens. Pessoas ignorantes, ou de pouca formação, não conseguem concentrar-se quando são lidas

passagens mais longas das Escrituras. Devem escolher os versículos essenciais e decorar outros até ser capaz de contar a história sem olhar. Os pontos principais são:

1. O jovem foi condenado à morte, mas felizmente ignorava o perigo que corria. Deus havia dito a Abraão que tomasse seu filho e o sacrificasse no altar. O juízo de deus pesava sobre ele. Saiu de casa pela manhã muito animado. Ia passar o dia fora com seu

pai e estava muito contente. Não sabia que Deus o tinha condenado à morte. Deus ordenou a Abraão que ajuntasse algumas pedras, pusesse lenha sobre elas, atasse seu

filho e depois o sacrificasse, queimando em seguida seu corpo. (Os muçulmanos não sabem o que é um holocausto). O jovem era como os homens e mulheres de nossos dias. Estão debaixo do juízo de Deus, condenados à morte, mas não o sabem (Rm 3.19-

20). 2. Acordou para a verdade. Refletiu que freqüentemente as pessoas do seu país ofereciam

seus filhos em sacrifício no alto das montanhas. De repente, percebeu o que estava acontecendo e uma pergunta começou a incomodar sua mente: Onde está o cordeiro? Compreendeu então que, se não havia cordeiro para sacrifício, ele seria o sacrificado.

Esta é a grande verdade. Todo homem deve oferecer um sacrifício, convertendo-se em vítima. Por isso, ao longo dos séculos têm ressoado estas perguntas arrasadoras: “Onde

está o cordeiro?,” “Onde está o cordeiro capaz de redimir o homem?” É evidente que o animal sacrificado na festa do „ID não é suficiente, pois foi comprado no mercado por um determinado valor e o homem não tem preço. Quanto custa um criança? Seu valor é

incalculável. É precisa porque é criatura de Deus, feita à sua imagem. Por isso, não pode ser redimida com o sangue de um animal (Hb 10.4). É impossível que o sangue

de touros ou de bodes apague o pecado. A alma que desperta e vê este perigo buscará que a salve, um cordeiro que a redima. “Onde está o cordeiro?”

3. Salvou-se. Glória a Deus por isso! Deus enviou um cordeiro para que o jovem não fosse

sacrificado. Abraão, porém, não o via. Mas, como era um verdadeiro crente, havia submetido tudo a Deus. Cria que, embora sacrificasse seu filho, Deus poderia levantá-lo

da morte. Estava completamente submisso (muçulmano) a Deus ma cego ao mais importante. Deus havia providenciado o sacrifício não era necessário que seu filho morresse. Mas Abraão foi incapaz de ver o cordeiro até que Deus, em Sua misericórdia,

enviou um mensageiro para fazê-lo ver. (Leia Gn 22.11-13) Vocês, amigos, são iguais a Abraão. Não vêem que Deus enviou um cordeiro para morrer no lugar de vocês. João

Batista (yahya ibn Zakaria) viu Jesus e disse: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). Viemos mostrar a vocês que Jesus é o cordeiro que Deus proveu. Deus enviou a Cristo para que fosse o único sacrifício e plenamente suficiente para os

pecados de todo mundo. Vocês são como Abraão. Crêem, proclamam que estão inteiramente submissos a Deus, mas continuam sem enxergar a verdade essencial de

que Jesus é o cordeiro de Deus. Por isso, viemos aqui. Ouçam, vamos ler Jo 1.29. (Referir o relato da crucificação de modo bem simples.)

Abraão desamarrou seu filho e deixou-o livre. Em seguida, ofereceu o cordeiro em lugar de

seu filho. Ouçam como o jovem louvou a Deus: “Louvado seja Deus, porque me salvou.

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Estou livre. Deus me salvou.” Seu um árabe o tivesse ouvido, diria: “Cala-te. Não digas

„louvado seja Deus, por me salvou.‟ Somente podemos dizer ‘In sha Allah (ou Ma sha Allah – serei salvo).‟” O jovem volta-se para seu pai, perguntando: “Pai é verdade que vou

ser sacrificado como cordeiro?” Abraão responde: “Não filho, Deus te redimiu. Deus enviou um cordeiro. Está salvo.” Então o jovem pôde dizer: “Louvado seja Deus, porque me salvou.” O cristão também pode louvar a Deus por ter sido salvo, pois Deus não exigirá

(o pagamento) duas vezes da mesma pessoa. O primeiro pagamento já foi feito por Cristo, que é meu fiador e o pagou com seu sangue. O jovem não disse: “Obrigado, pai, porque

comprou o cordeiro,” e sim: “Louvado seja Deus,” porque foi Deus quem havia proporcionado o sacrifício. É óbvio que o tema pode ser mais desenvolvido. Constitui-se em uma das formas mais impressionantes de se conseguir que o muçulmano aceite a

verdade do Evangelho, começando pelo que já se sabe. Retenhamos, pois, estes 3 pontos: condenado, desperto, salvo.

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Capítulo 5

A Fé Islâmica O muçulmano crê em Alá, a quem considera o único, todo-poderoso e misericordioso com

todos os muçulmanos.

Alá - Sua unicidade

Esta é a idéia dominante sobre Deus e está expressa na frase “La ilaha ilha Allah” (não há outro Deus a não ser Alá).

Ele é absolutamente único e inconcebível para o homem. “Pense o que quiser nossa mente, Deus não é isso.” Esta idéia exclui terminantemente o conceito da Santíssima Trindade. O pecado mais grave que o homem pode cometer é adorar a outro que não seja Alá ou

associar outro a Ele, colocando-o no mesmo nível. - Sua grandeza

Allah Akbar (Deus é grande, ou mais literalmente, Deus é o maior), repete-se constantemente nas orações muçulmanas. Deus é maior que qualquer idéia que se possa ter a Seu respeito. Devido a sua força e poder, o muçulmano prostra-se em adoração, adotando

a posição de escravo. Alá é tão grande que pode fazer o que quiser, até mesmo quebrar suas próprias leis. A palavra al Oader expressa não somente seu poder, mas também, que tudo quanto ele decide se cumprirá. É impossível tentar lutar contra o que Ele decretou. Daí vem

a palavra mektub (está declarado ou escrito). Tudo o que acontece no mundo foi decretado por Deus: no Islamismo o livre arbítrio do homem fica totalmente eliminado.

- Sua misericórdia Allah ar Rah mán wa ar Rahim (Deus é bom e misericordioso). Ele terá piedade de todos os muçulmanos (embora pequem), mas não ama a todos os homens. É muito difícil para o

muçulmano imaginar Deus como Pai. Pensa que significa uma paternidade física. É muito difícil entenderem o amor de Deus expresso através de Jesus Cristo. De fato, alguns

muçulmanos agora cristãos insistem em que esse é o último método para uma aproximação com os muçulmanos. Muitos muçulmanos piedosos têm um rosário de 99 contas, cada uma das quais representa

o nome de Deus. O nome atribuído ao número 100 é inefável e desconhecido para o homem. Muitos alegam que somente o camelo o sabe, e, que em seu olhar há tanto orgulho,

porque só ele possui tal conhecimento. Em nossas conversas com muçulmanos, verificamos que não é necessário insistir na existência de Deus, como acontece quando nos relacionamos pela primeira vez com pagãos. É importante dar uma idéia correta de Deus,

que Ele é amor, luz e espírito. Devemos sempre nos lembrar de que o homem não pode conhecer a Deus como Pai a não ser por relação direta (Mt 11.25-27). Lembremo-nos

sempre de que dependemos do Espírito Santo. Nossa linha de aproximação variará conforme a mentalidade do muçulmano. Com um muçulmano que aprendeu a pensar e que está em contato com cristãos podemos comparar a

Bíblia com o Corão. No Islamismo, Deus envia seus profetas, mensageiros, livros etc. No Cristianismo, Deus fez-Se homem. A palavra se fez carne (Jo 1.14). Deus estava em Cristo,

reconciliando o mundo com Ele (2 Co 5.19).

Page 26: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

O Islamismo recomenda ao homem que busque a Deus, o qual realmente nunca pode ser

encontrado. Na Bíblia, Deus busca o homem e o encontra (Lc 19.10; 1 Tm 1.15). As parábolas da ovelha e da dracma perdidas (Lc 15.1-32).

O Islamismo é mais uma das religiões do mundo e como toda religião enfatiza sempre aquilo que o homem deve fazer por Deus, ou seja: o homem deve trabalhar para obter sua Salvação. Deve orar, ir aos lugares sagrados e às mesquitas. A mensagem do Evangelho, no

entanto, nos fala do que Deus fez pelo homem. Sua obra é sempre perfeita. “Está acabada.” No Islamismo, o homem toma iniciativa; deve buscar a Deus. Na Bíblia, a iniciativa é

tomada por Deus. Ele escolhe, chama, busca, salva; e o Espírito Santo convence do pecado, mostra ao homem sua necessidade e lhe revela Cristo. No Islamismo, o homem tenta conseguir vida observando uma série de proibições e tabus:

“Faça isto.” “Não faça aquilo.” O Novo Testamento fala de uma nova vida que Deus dá ao homem. O homem morre para viver. Tendo recebido uma vida nova pela morte e

ressurreição de Cristo, ama a Deus e deseja agradá- lo. A parábola do filho pródigo sempre atrai o muçulmano (Lc 5.11-32). O cristão deve aprender a contá- la de forma realista, dando- lhe cor local. O pai continuava amando seu

filho, embora este se encontrasse em um país longínquo e comportando-se mal. Quando o filho voltou, o pai tinha três possibilidades: 1) Rejeitar terminantemente o filho. (Tal atitude

seria indigna de um Deus de amor.) 2) Castigar severamente o filho e negar-se a recebê-lo. (Como Deus é diferente!) 3) Continuar amando-o, esperando pacientemente e sofrer. Nessa situação, quem sofre mais, o pai ou o filho? Esse sofrimento abriu o caminho para que o

filho voltasse (1 Pe 3.18). É útil, às vezes, comparar o amor de Deus e sua justiça. Vamos utilizar as duas mãos para

uma ilustração; a direita significa a justiça de Deus e a esquerda sua misericórdia. Se Deus tivesse julgado e condenado todos os homens ao inferno teria sido justo, mas teria agido contrariamente à sua condição de Deus amoroso. Se, por outro lado, t ivesse demonstrado

sua misericórdia a todos os homens sem exigir arrependimento e, levando-os todos ao céu, teria sido bondoso, mas injusto; o céu, então, seria parecido com este mundo com toda sua

pecaminosidade e sofrimento. Ele deve ser justo (al’ adil). Juntar as mãos com as palmas voltadas para cima. Como Deus pode mostrar seu amor às custas de sua justiça, não será justo. A única resposta possível deve ser buscada na mensagem do Evangelho (2 Co 5.21;

Rm 3.23-26. Os exemplos tirados da vida humana não servem para o muçulmano sofisticado, mas servem em geral para a gente simples). Quem trabalha entre os

muçulmanos pode usar com freqüência 1 Tm 2.5, que enfatiza a unidade de Deus: “Um só Deus e um só mediador.”

Page 27: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

Capítulo 6

Crenças Islâmicas Adicionais

Os livros sagrados

Os muçulmanos sustentam que deus enviou 104 livros, dos quais quatro são importantes: a Lei de Moisés (Taurah), os Salmos de David (Zalm), o Evangelho de Jesus (Injil) e o Corão de Maomé, também chamado de Furgan. O Corão é o último, o maior e suplanta os demais.

Os muçulmanos afirmam que o verdadeiro Injil se perdeu e que os evangelhos atuais foram alterados para serem adaptados à doutrina cristã. O Islamismo atual fundamenta-se na

tradição (al Hadith) como no Corão. Será necessário para o cristão citar o Corão a fim de convencer seus ouvintes? Não. Isso não é aconselhável por várias razões: 1) A Bíblia é a espada do Espírito e, se for deixada de

lado para citar o Corão, será como abandonar a virtude divina pelo raciocínio humano. 2) Os muçulmanos não respeitarão os ensinamentos, deve ser coerente e aceitar todas as outras

partes do livro. Quem evangeliza muçulmanos sem dúvida deve conhecer o Corão, e é conveniente que decore algumas partes-chave. Porém, é bom lembrar que somente as Escrituras possuem autoridade e poder. No trato com muçulmanos, devemos sempre dar

total importância à Bíblia. Devemos não somente citá- la, mas também lê- la na presença deles. O Corão chama os cristãos de “o povo do Livro” (ahl al kitab). Eles não são considerados pagãos ou idólatras. Haverá uma melhor designação do que essa? Sejamos

pois o povo do Livro. Vamos lê- lo, buscá-lo, responder às objeções contra ele e colocá-lo nas mãos dos muçulmanos. Não nos contentemos simplesmente em citá- lo; vamos lê-lo

também, especialmente se conhecermos a linguagem árabe. Todos os muçulmanos acreditam que alteramos a Palavra de Deus para apoiar nossas “falsas” doutrinas. Seremos, portanto, observados atentamente por eles, pois tentarão

descobrir alguma evidência disso em nossos ensinamentos. Ao lermos uma passagem bíblica não devemos procurar compromissos nem omitir versículos controvertidos. Eles

sabem que cremos na divindade de Cristo, em sua morte expiatória e no poder de sua ressurreição. Tentar evitar estas verdades ao lermos a Bíblia para os muçulmanos é dar- lhes a impressão de que somos covardes e de que não cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus.

Sejamos, de fato, o “povo do Livro.” Passei mais de trinta e cinco anos evangelizando muçulmanos na Argélia. Durante os últimos vinte anos não era raro o dia em que estava

num café, onde os homens jogavam cartas e outros jogos. Aqueles muçulmanos costumavam interromper seu jogo para dizer-me: “Sheik, leia para gente alguma coisa do Livro.” Muito doentes, em virtude do grande número de pessoas que ficavam várias horas

esperando ser atendidas, insistiam em que lhes déssemos uma mensagem do “Livro.” Essa é, sem dúvida, uma prova de que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada. Ela pode cativar

um auditório hostil e convertê- lo em ouvintes ávidos ou dóceis. Devemos utilizar “o Livro.”

Os Profetas (Al Anbiya Wa Ar Rusul)

Page 28: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

Muitos muçulmanos afirmam que Deus enviou cento e vinte e quatro mil profetas e

apóstolos e que há três grandes profetas: Moisés, Jesus e Maomé. Este é o último e o ma ior deles; é o selo dos profetas (Khatim). Os muçulmanos são capazes de mencionar uns 30

profetas que se encontram no Corão: Harum (Aarão), Ibrahim (Abraão), Adão, Dawud (Davi), Alisa‟ (Eliseu), “Usair (Esdras), Isahp (Isaac), Ismail (Ismael), Ya‟qub (Jacó), Yahya (João), „Isa (Jesus no Corão; nos Evangelhos, chama-se Yasu‟), „Yunus (Jonas), Ló,

Maryan (Maria), MusA (Moisés), Noh (Noé), Suliman (Salomão), Talut (Saul), Zakaria (Zacarias), Chu‟aib, Ichis (Enoque), „Anran, Jalut wa Talut (Saul e Golias). Também Du al

kifl, hud, Salih, Du al Qurnain. Para cada nome antepõem um título: Sayyidna Ya‟ qub (nosso senhor Jacó). No Corão, todos os relatos bíblicos foram alterados e falsificados. Ao falar deles, não é

necessário assinalar os erros; basta expor simplesmente a verdade tal como se encontra na Bíblia. O mero fato de que conheçam o nome do profeta constitui um ponto de contato e a

história lhes interessará. Por exemplo, o relato da criação ou do dilúvio. Todas as passagens que se seguem vêm muito a propósito; o interessado deve assiná- las na Bíblia: “Todos os profetas (At 10.43; Lc 24.25-44); Lalla Maryan (o título “senhora,” sempre se antepõe a

Maria, a mãe de nosso Senhor, Lc 1.26-38; 2.4-14); Yahya bem zakaria (João Batista) e sua mensagem de arrependimento (Lc 3.2-17); Noh (Lc 17.26,27); musa (Lc 9.28-36); Ibrahim

(Lc 16.19-31; 13.28).

Uma Ilustração

A ilustração que se segue é muito apropriada e foi dada por um senhor cristão, convertido do Islamismo. É o tipo de ilustração (mathal) que eles facilmente compreendem. Ele disse:

“Oh, Abd al Masih, todo profeta é como a lua que brilha na escuridão deste mundo. Um profeta nasce como a lua nova e cresce em tamanho e força até parecer com a lua cheia; em seguida, diminui e morre. Mas não se preocupe. Deus não deixará o mundo em trevas,

porque outra lua nascerá. E assim ocorreu com os profetas; foram enviados um após o outro. Veio um profeta, anunciou sua mensagem e morreu. Mas olhe para o sol, Abd al

Masih, e diga-me se é o mesmo sol que brilha em sua cidade. Alguma vez percebeu se ele diminuiu de tamanho ou de força? Jesus disse: „Eu sou a luz do mundo.‟ Ele é como o sol. Ele veio para toda a humanidade, para todas as raças e jamais diminuirá ou morrerá. Abd al

Masih, olhe para o céu. Vê a lua? É claro que não. O sol está brilhando, e quem precisa da lua quando o sol está presente?” A lição é ainda mais apropriada e impressionante se

utilizados os símbolos de toda a mesquita.

O Dia do Juízo

Os muçulmanos pensam freqüentemente no dia do juízo futuro. Chamam-no Yaum ad din

(o dia do pagamento de dívidas, quando será necessário acertar as contas com Deus), Yaum al qiyama y yaum al ba’th (o dia da ressurreição), Yaum al hisab (o dia do acerto de contas), Yaum al fast (o dia da divisão) e Yaum al akhir (o último dia). Eles crêem que

Deus tomará uma balança e pesará as boas e as más, o homem será salvo. Se os pecados pesarem mais que as boas obras, irá para o inferno. Mas deus é grande e misericordioso

para com todos os muçulmanos. Perdoará àqueles a quem quiser perdoar. A decisão daquele dia dependerá de Sua Vontade e não de Sua Justiça. Maomé será o grande intercessor (Shafi‟) em favor de todos os muçulmanos. Crêem que tudo o que o homem faz

está escrito em um livro; no último dia, os livros serão abertos e o que neles está será

Page 29: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

colocado em sua mão direita ou esquerda. Se for colocado na mão esquerda, se perderá. A

salvação será segundo as obras. Que mistura de verdade e erro! Você poderá utilizar a verdade que os muçulmanos conhecem sobre o juízo futuro para

ensinar- lhes toda a verdade do Novo Testamento. O que o Senhor ensinou sobre o juízo? (Jo. 3.14-21) Como Deus julgará?

“O julgamento é este: Que a luz veio ao mundo” (Jo. 3.19). Deus, primeiramente, elucida o homem sobre si mesmo, sobre seu pecado e, em seguida, sobre o único Salvador e as

condições da salvação. O homem já está condenado. Deus o ama e enviou a salvação. Cada um deve aceitá- la ou rejeitá- la. Por que Deus julga os homens?

Pelo fato de se afastarem da luz, pois suas obras são más. Amam mais as trevas do que a luz (v. 19).

Quando Deus julga? Aqui e agora (v. 18). Existem dois grupos: os perdidos e os salvos. Não é necessário esperar. As obras dos homens mostram de que grupo fazem parte (vv. 20,21).

“Deus enviou a luz por meio de Jesus Cristo, segundo a Bíblia, sua Palavra, e por nosso intermédio, seus mensageiros. Nós temos trazido a luz a vocês. A luz veio a vocês.”

Os outros pontos da fé muçulmana são também muitas vezes apropriados. Sua crença nos anjos bons e maus, o medo a toda forma de maus espíritos, demonstram grande interesse pelo mundo invisível, sobre o qual aprendemos através dos evangelhos, que o Senhor Jesus

Cristo é Senhor e soberano.

Anjos e espíritos maus

O medo dos maus espíritos ocupa um destacado papel na vida de muitos muçulmanos. Essa

crença não se baseia somente no Corão, pois é anterior ao Islamismo, visto ser parte das crenças pagãs da África que se incorporou à sua religião. Eles crêem que todo o universo,

em cada uma de suas partes, está ocupado por espíritos bons e maus, ou gê nios. Se um muçulmano entra numa sala vazia, ele saúda os espíritos dizendo: “Paz seja convosco.”. Ao encontrar-se com um companheiro, não o saúda dizendo: “Paz seja contigo.”; utiliza, porém

o plural, não para saudar o homem, mas sim aos anjos e espíritos que porventura o acompanhem. Em outras ocasiões, usa esta mesma expressão de saudação para saber se a

pessoa à qual se dirige também pertence à fé muçulmana. A resposta da pessoa indicará se sim ou não. Dizem que os maus espíritos ficam rondando especialmente cemitérios, casa vazias ou

locais próximos à água, sangue ou cinzas. Em muitas partes do norte da África, conservam-se ainda os lugares altos antigamente

dedicados ao culto de Baal; os nomes das montanhas são alternadamente masculinos e femininos. Na Argélia, até a guerra da independência, sacrificavam-se animais, em tempo de seca, no alto das montanhas, aos “deuses do país”. Em tais ocasiões, grandes grupos de

homens e mulheres passavam a noite juntos nesses lugares altos, entregues a prazeres e pecados. É impossível entrar nos pequenos edifícios erigidos nesses altos sem perceber a

presença do mal. Entretanto, é necessário sublinhar que esse medo dos maus espíritos faz mais parte da cultura na qual vivem os muçulmanos do que do próprio Islamismo, isto é daquilo que realmente ensina o Islamismo, embora alguns muçulmanos o tenham

incorporado a suas crenças.

Page 30: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

Muitos muçulmanos levam talismãs ou amuletos ao redor do pescoço ou no corpo. Esses al

huruz contêm versículos do Corão, conchas de moluscos, sementes, etc., e costumam dizer que protegem quem os usa de influências malignas. Com freqüência, pinturas da mão de

Fátima são vistas nas paredes das casas muçulmanas. Mães colocam uma faca embaixo do travesseiro de seus bebês e penduram uma pequena mão de prata em volta de seu pescoço para protegê- los de “mau olhado”. Se um vizinho invejoso entrar no quarto de um bebê,

lançar- lhe um mau olhado e for embora, no dia seguinte a criança se negará a comer e se debilitará gradualmente, sendo até possível que morra. Em certa ocasião, minha esposa

levou nossa pequena filha à festa de um casamento muçulmano. Uma gentil senhora aproximou-se e lhe disse: “É melhor que você leve Saliha para casa imediatamente. Estão olhando e comentando sobre ela”. Na mesma hora minha esposa saiu com nossa filha.

Naquela noite, a menina, que estava perfeitamente sã, teve muita febre e ficou muito mal. O único remédio foi a oração em nome do Senhor Jesus.

Alguns muçulmanos poderão tentar impedir a obra de Deus, colocando talismãs na casa de um missionário, amarrando as plantas do jardim ou colocando cordas junto a uma porta pela qual transitarão as pessoas. Poderão também tentar utilizar-se de drogas ou magia para

com os convertidos e obreiros cristãos. É importante estar prevenido sobre todas estas possibilidades. O fato de o missionário conhecê- las facilita muito sua aproximação dos

muçulmanos. “Começam a nos conhecer”, comentam eles. Não levará muito tempo até que aquele que trabalha entre muçulmanos encontre as mulheres ou os homens chamados de “santos”. Tais pessoas predizem o futuro por meio do

trigo, aveia ou cevada; com freqüência caem em transe e falam um jargão ininteligível, próprio de uma linguagem estática. A maioria deles são médiuns e sua influência é

extremamente perniciosa: separam casais, semeiam a discórdia em uma família feliz, mantêm o cristão afastado das pessoas, etc. É justo dizer que os mestres modernos do Islamismo condenam semelhantes práticas perniciosas. Na Argélia, foi feito grande esforço

na época da independência, para erradicar tais práticas, mas o muçulmano normal continua tendo muito medo do mundo dos espíritos. Crê em Satanás e utiliza com freqüência a

fórmula bi ism Allah (no nome de Deus) para proteger-se da influência dos maus espíritos. Tal costume faz parte da cultura regional na qual vivem os muçulmanos e não da verdadeira fé islâmica.

A lição para os obreiros cristãos é dupla. Precisamos sempre nos lembrar de que lutamos contra um adversário espiritual (Ef. 6.11,12). Tal percepção deve fazer com que nos

lancemos nos braços de Deus. O cristão que caminha com Deus, que é protegido pelo precioso Sangue de Cristo e fortalecido pela virtude do Espírito Santo, não precisa temer o efeito de talismãs ou demônios. Devemos consagrar nossos filhos a Deus e colocá- los

debaixo de sua proteção. Temos de ensiná- los a maneira de se portarem corretamente em visita a casas de muçulmanos e em suas relações com crianças muçulmanas. Jesus Cristo é

Senhor do mundo espiritual; e parte da mensagem do Evangelho é proclamar Sua vitór ia sobre Satanás e todas as suas hostes. A versão dada pelo Corão à queda do homem, na qual Satanás desempenha um papel importante, é completamente falsa; mas os muçulmanos

ouvirão com reverência o relato bíblico. Isso pode servir de preparação e introdução à mensagem do Evangelho.

Os relatos do poder de Cristo sobre os maus espíritos são bem apropriados. Vemos exemplo disso nas seguintes passagens: Mt. 8.28-34; 9.32,33 e 12.22-29. A fé em Seu Nome triunfa sobre os maus espíritos e o cristão não necessita de amuletos nem talismãs.

Page 31: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

O contato crescente com muçulmanos indoutos demonstrará até que ponto sua vida está

influenciada pelo temor ao mundo invisível ou dominada pelos maus espíritos. Será, portanto, apropriado ao crente guardar-se de ver em todas as partes poderes ocultos.

Caminhando em comunhão com Deus e com a virtude do Espírito Santo poderá demonstrar de uma maneira prática que Cristo entrou na casa do homem forte e venceu a Satanás, e que em Seu Nome, é possível confrontar-se com todo o tipo de mal e triunfar (Mt. 10.1; Mc.

16.17).

Page 32: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

Capítulo 7

O Senhor Jesus Cristo

Todos os muçulmanos declaram que crêem em Jesus; no entanto, trata-se de “outro Jesus”. O „Issa do Corão é somente mais um profeta entre cento e vinte e quatro mil. Foi enviado

unicamente aos judeus. Não era o Filho de Deus. Negava a Trindade. Nasceu da Virgem Maria, mas Gabriel foi seu pai, segundo Bedâwi (intérprete do Corão de 1282 A.D., escreveu muitos livros sobre a Teologia Islâmica- nota do tradutor). Falou quando ainda era

bebê e quando menino fez um pássaro de barro como Adão. Curou cegos e leprosos e teve poder para ressuscitar mortos, mas isso decorreu somente por permissão de Deus. Previu a

vinda de Maomé (veja João 14.16). Amaldiçoou Israel. Não foi crucificado, nem morreu; Mas fez com que assim parecesse aos homens. No momento está vivo e voltará a este mundo, onde se casará, terá filhos e morrerá em Medina, onde será enterrado em um

túmulo ao lado de Maomé. Reinará durante quarenta anos e estabelecerá o Islamismo em todo o mundo.

É este „Issa nosso glorioso Senhor? Alguns sugerem que mudando o nome Uasu‟ por „ Issa obtemos o verdadeiro perfil de Jesus. A experiência demonstra que a mudança do nome nada altera. Devemos verbalizar o conteúdo correto, comunicando assim a verdade. Isto

somente pode ser feito através daquilo que ensinamos, de nossa pregação e de nossa conversa. Seja qual for o nome usado pelos cristãos na região à qual vai o novo obreiro, ele nunca deve falar de Ennebi „Issa ou „Issa al Mashihn, e, sim, sempre se há de dar a Jesus

Seu título de Senhor. Poderá ser Rabbana ou Sayyidna. Muitos cristãos árabes que trabalham entre os muçulmanos preferem chamá-lO Sayyidna al Fadi (Nosso Senhor, o

Redentor) ou Sayyidna al Masih (Cristo, nosso Senhor). Devemos considerar agora que o Corão nega categoricamente as duas verdades mais destacadas do Evangelho: a divindade de Cristo e Sua morte expiatória. O cristão deve

proceder com o maior tato possível ao referir-se a Jesus como Filho de Deus; o contrário poderá reforçar o que para eles é uma mentira, ao pretender insistir na verdade. É

necessário tentar compreender o ponto de vista muçulmano. Para eles, a expressão “Filho de Deus” significa que Deus manteve relações sexuais com uma mulher, e que Jesus é o fruto resultante. Isto, dizem, é uma blasfêmia. Deus é grandioso. Quando deseja algo, basta

ordenar que assim se faz. Os muçulmanos recitam a “Sura” 112 do Corão em suas orações. Nela se diz: “Qul hwa Allahu ahad... Lam Yalid wa lam Yulad” (Ele é Allah, o único; não

gera, nem é gerado). Os muçulmanos crêem verdadeiramente que a expressão filho de Deus desonra a Deus e ao Senhor Jesus. Entretanto, muitos realmente querem conhecer a verdade a respeito da pessoa de Jesus, e alguns estão dispostos a admitir o usa da expressão no

sentido espiritual. Devemos comunicar, de alguma maneira, que Jesus é divino, pois um salvador que seja

inferior a Deus é como uma ponte quebrada. Entretanto, dizer a um muçulmano que Jesus é Deus é aumentar o abismo. Ele nos perguntará se queremos dizer que, quando Jesus nasceu, era Deus quem nascia, e se, quando morreu, era Deus quem morria. Ironicamente nos

perguntará quem cuidava do mundo quando Deus esteve morto por três dias.

Transmitindo a Verdade sobre o Filho de Deus

Page 33: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

1. Consideremos como evitar mentir ao insistirmos na verdade. Quando o muçulmano pergunta: “Jesus era o Filho de Deus?”, não devemos nunca dar uma resposta afirmativa

incompleta. Respondamos, no entanto, com outra pergunta: “O que você entende pela expressão Ibn Allah?” Provavelmente ele replicará: “Não pode ter mais que um significado: que Deus se deitou

com uma mulher e nasceu uma criança”. Assim, a imagem tomou forma em sua mente. É hora então de “entrarmos com tudo”: “Nenhum cristão em todo o mundo crê em tal coisa.

Isso é uma terrível blasfêmia. Um cristão nem ousaria expressar tal idéia!” Surpreendido, é provável que o muçulmano pergunte: “Então, o que significa?” Exatamente aí é que devemos estar preparados para transmitir- lhe a verdade.

2. Devemos nos lembrar que os muçulmanos nos acusam de transformar um homem em Deus. Devemos fazer com que saibam que jamais tentamos tal coisa. A Bíblia ensina que

Deus se fez homem. A Palavra eterna Se fez carne. O movimento vem de cima para baixo, e não o contrário. Podemos ilustrar utilizando flechas, assinalando acima e abaixo, e, baseando-se em textos da Escritura como João 1.1-18 e Filipenses 2.

3. Os fariseus perguntavam com freqüência a Jesus se Ele era o Messias, mas Ele poucas vezes respondeu que sim. Por quê? Simplesmente porque as idéias que eles tinham do

Messias eram falsas. Jesus ensinava a verdade sobre si mesmo de outras formas; por exemplo: empregava o nome de Deus e acrescentava simples ilustrações, tais como: “Eu sou o pão da vida”; “Eu sou o bom Pastor”; “Eu sou a porta”. Nós também podemos

comunicar ao muçulmano as maravilhas da pessoa de nosso Senhor sem usar a expressão “Filho de Deus”. Isso, até que ele tenha começado a compreender. É importante lembrar

que, enquanto não entender essa verdade, não poderá salvar-se (Jo. 3.36). Levará tempo para isso; mas, quando ocorrer, valerá a pena. (veja o estudo do próximo capítulo). 4. Muitos cristãos sinceros pensarão que evitar referir-se a Jesus como Filho de Deus é

encobrir a verdade e ser infiel. Entretanto, um estudo minucioso das mensagens dos apóstolos no livro de Atos nos mostra que, ao falar a pagãos ou a gentios, eles não se

referiam a Jesus como o Filho de Deus, mas empregavam a expressão Senhor. O texto de Atos 8.37 baseia-se em manuscritos de autoridade duvidosa. Em Atos 9.20 e 13.33, a mensagem é comunicada aos judeus. Em outras passagens, nas quais a mensagem é

transmitida a gentios, faz-se referência a Jesus como “o Senhor” . Uma vez que cressem em Jesus, eram encaminhados à plena compreensão de Sua filiação eterna, confo rme registrado

nas epístolas. Para que nossa mensagem seja comunicada de maneira eficaz às pessoas que pretendemos evangelizar, devemos nos servir do vocabulário que elas utilizam. 5. Parece que a palavra árabe Rabb (senhor) comunica a idéia de “O Supremo”, a qual os

muçulmanos utilizam continuamente para Deus. Usemos, então Rabba na ‘Issa, nosso Senhor Jesus, implicitando assim claramente sua divindade.

6. O primeiro passo é assegurar a nossos amigos muçulmanos que cremos somente em um Deus único, e não em três. Muitos pensam que os cristãos crêem em Deus Pai, em Maria, a mãe de Deus e em Jesus, o Filho. Devemos insistir no fato de que Maria era somente uma

mulher e que Jesus nasceu pela virtude de Deus sem intervenção humana. 7. Podemos explicar que, na linguagem coloquial, a expressão “filho de” é usada como

metáfora (mathal) e não implica relação física. Por exemplo: Ibn al haram significa “homem mau”. Podemos acrescentar “o filho do chacal” ou “filhos do trovão”. Não nos ocorre que o chacal tenha prole humana ou que o trovão gere filhos. A expressão transmite

meramente a idéia de semelhança.

Page 34: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

8. Um estudo completo do emprego da palavra nos Evangelhos ajuda muito a entendermos

seu verdadeiro significado. Limitemo-nos a estas passagens: Lucas 1.35; 3.22; 4.41; 8.28; 9.35.

9. Os muçulmanos fazem freqüente referência a Jesus Cristo, chamando-O de Kalimat Allah (A Palavra de Deus). Podemos ler- lhes João 1.1-4,14, acrescentando: “Deus certamente fala aos homens. Fala através de Sua Palavra, como o estou fazendo. Aonde

estavam minhas palavras antes que saíssem de minha boca? Em meu cérebro ou em meus pensamentos; mas se abrirem minha cabeça não as encontrarão aí. De uma maneira

misteriosa, eu e minha palavra somos a mesma coisa. Faça o que fizer minha palavra, seja incomodando- lhe seja agradando- lhe, você pode dizer que sou em quem o faço. Assim também o que a Palavra de Deus faz, é o próprio Deus quem o faz”.

10. Quando lermos: “ No princípio era o Verbo... Todas as coisas foram feitas por Ele”, etc., os muçulmanos ouvirão, e, então começaremos a nos comunicar. Devemos, pois,

depender do Espírito Santo para revelar aos muçulmanos as belezas e excelências de nosso Senhor.

Page 35: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

Capítulo 8

Jesus, o Filho de Deus Este capítulo contém um esboço quase completo da primeira palestra que dei em uma

aldeia nas montanhas da Argélia. Sendo o único europeu no distrito, passei 15 dias entre os muçulmanos, dormindo no prédio vazio de uma ex- lanchonete, dependendo inteiramente

deles. Todas as noites reuniam-se de 20 a 30 cábilas para ouvir nossa mensagem. Havia gasto muito tempo e muita oração preparando as palestras e, na primeira noite, temi e tremi. Já conhecia as reações violentas de homens fanáticos. Depois da pregação, os homens

saíram um atrás do outro em silêncio, mas não se dispersaram. Em seguida, um deles voltou.

“Chegou a hora. Um deles está voltando para me matar”, pensei. Para minha grande surpresa, o homem disse: “Sheik, muito obrigado pela mensagem. É exatamente isso que queremos saber. Queremos saber quem é Jesus Cristo. Fale-nos mais amanhã sobre Ele”.

Dito isto, saiu e em seguida vieram cinco, homens, um após o outro manifestando apreciação.

Meses depois falei sobre o mesmo tema a alguns árabes da região de Argel. A resposta foi a mesma. Tempos depois, usei esta pregação no deserto, embora em outro dialeto. É a única mensagem apreciada por ouvintes muçulmanos ao ponto de vários deles voltarem para

agradecer. Evidentemente, alguns aspectos perdem-se na tradução, especialmente quando envolvem termos muçulmanos. Mas podem servir de base para práticas semelhantes. É possível utilizá- la como pregação ou como tema de estudos bíblicos individuais em noites

sucessivas. Procuremos nos onze pontos a seguir apresentar o máximo possível de Cristo

1. O que vocês pensam de Cristo? (Mt. 22.42)

O que vocês pensam de Cristo? Tudo depende da resposta que derem a esta pergunta; a

felicidade neste mundo e o destino de sua vida futura. Jesus Cristo voltará breve e, quando voltar, perguntará como perguntou aos antigos fariseus: “Qual a opinião de vocês sobre

mim?” Eu venho a vocês como cristo. Desejo ser seu amigo. Desejo sinceramente que vocês conheçam a Jesus. É de fundamental importância que ninguém os confunda sobre esta

fundamental questão. Não creiam que Ele é simplesmente um profeta, um bom homem, entre muitos. Não. Ele é único, incomparável. Não há ninguém como Ele no mundo

presente nem no porvir.

2. O que vocês pensam de Seu miraculoso nascimento?

Ninguém jamais nasceu como Ele. Jesus é o filho de Maria. Vocês chamam de Ismael o

filho de Abraão; de João o filho de Zacarias e de Maomé, o filho de Abudallad. Todos os outros homens tomam o nome de seu pai. Por que Jesus toma o nome de sua mãe? Porque não tinha pai terreno. Nasceu da Virgem Maria. Nasceu pelo poder de Deus (quadrat

Allah), sem intervenção de homem algum. Setecentos anos antes de seu nascimento, o profeta Isaías predisse como Ele nasceria (Is.

7.14). Ocorreu exatamente como escrito, segundo podemos ler em Mateus 1.18-25.

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Deus criou Adão, nosso pai, do barro, e todos nós somos filhos de Adão, inclusive os

profetas. Somos da terra, terrenos. O Senhor Jesus desceu do céu. Chama-se Al Manzul: Aquele que desceu. Foi puro e limpo como a neve e a chuva. Nós somos como a terra:

sujos, impuros e manchados pelo pecado. Lemos que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (I Tm. 1.15). Ele veio a um lugar estranho, da mesma forma que eu vim ao país de vocês. Vocês não vieram de fora. Vocês nasceram aqui. Jesus estava na

presença de Deus antes de vir a té nós. Escolheu vir a este mundo para nos salvar. “No princípio era o Verbo” (Jo. 1.1-4). Tomou forma humana e Se fez homem. Veio de cima.

Uma vez dois homens caíram num poço profundo. Um disse ao outro: “Tire-me deste lugar horrível. Tire-me do barro e do lodo”. O outro respondeu: “Tolo, como vou fazer isso? Estou no mesmo apuro que você”. Os dois estavam no buraco e um não podia ajudar o

outro. Então, ouviram uma voz do alto que dizia para se agarrarem a uma corda. Aquele que não havia caído no poço era o único que podia salvá- los. Ajudou-os lá de cima. O

melhor dos profetas não poderia nos salvar do fosso do pecado; Jesus, ao contrário, não herdou a natureza pecaminosa. Ele veio de cima. Deus enviou anjos para anunciar Seu nascimento (Mt. 1.20; Lc. 2.9). Como tudo isso é maravilhoso! Jamais homem algum

nasceu como Jesus. Ele é único em Seu nascimento. É incomparável.

3. O que vocês pensam de Seu caráter?

Ele era perfeito. Não pecou uma só vez. Jamais cometeu um erro. Nunca teve que pedir

perdão (astaghfr); Todo o homem que teme a Deus tem que confessar seus pecados e pedir perdão. Davi fez isso, Abraão também. Um profeta disse, inclusive, que pedia perdão a

Deus 70 vezes por dia (era Maomé, mas não é necessário mencionar seu nome). Em vão, vocês procurarão na Bíblia ou no Corão um só versículo no qual Jesus peça perdão. Não necessitava de perdão porque não tinha pecado. Seus amigos mais íntimos escreveram

sobre Ele e disseram: “Não conheceu pecado. Não pecou. Não havia pecado nEle”. Eram homens que O conheciam bem. Deus perdoou os profetas quando confessaram seus

pecados, mas Jesus necessitava de perdão. Não tinha pecado. Pôde dizer inclusive a Seus inimigos: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo. 8.46). Ninguém dentre eles pôde assinalar um só pecado em Sua vida. Quem de nós se atreveria a dizer semelhante

coisa a nossos inimigos? Jesus foi conduzido perante o juiz Pilatos e acusado falsamente; mas Pilatos não achou nEle nada digno de censura, motivo pelo qual lavou suas mãos e

disse: “Sou inocente do sangue deste justo”. Jamais houve outro homem que não tivesse pecado. Ele é o Único profeta sem pecado. É único e incomparável.

4. O que vocês pensam de Suas palavras?

Em certa ocasião, Seus inimigos enviaram soldados para prendê- lo. Eles ouviram seus ensinamentos e voltaram sem detê- lo, dizendo-se assombrados: “Jamais alguém falou como este homem” (Jo. 7.46). Consideremos o que disse. Suas palavras foram: “Eu sou a

luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida” (Jo. 8.12). Um ancião certa vez explicou-me o que Jesus quis dizer: “Como vocês sabe, amigo,

os profetas são como a lua. A lua brilha na noite e os profetas trouxeram a luz de Deus a este pobre mundo de trevas. A lua crescente é justamente como um profeta. Brilha cada vez mais até ser lua cheia; logo míngua e morre. Mas não tema, outra lua virá em seu

lugar. Também os profetas vieram um após outro. Um anunciava sua mensagem, morria e

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deixava seu lugar para outro. Todas as nações têm tido alguma luz de Deus. As religiões

dos homens são como a luz de uma vela ou da lua. Mas, quem usa essas luzes quando o sol aparece? Jesus disse: “ Eu sou a luz do mundo”. Ele é o Sol da justiça. Alguma vez o sol

falhou? Não, jamais! Ele existe para todos. Jesus Cristo é como o sol, jamais diminui. Existe em todos os países e para todos os homens. Ele também disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Todos os profetas vieram para mostrar o caminho para Deus. Eles

disseram: “ Este é o caminho de Deus. Fazei isto. Segui esta doutrina. Este é o caminho. Guardai os mandamentos”. Mas Jesus disse: “Este é o caminho. Segui-me”.”

Um menino se perdeu em uma grande cidade. Era de outro país e não sabia expressar-se claramente. Pediu a um policial que lhe mostrasse o caminho para voltar para casa. O policial lhe disse: “Siga por esta rua, vire a segunda à esquerda e, em seguida, tome a

terceira à direita, cruze a ponte, siga o caminho tortuoso e tome o caminho do meio”. O menino começou a chorar. O policial lhe havia indicado o melhor e verdadeiro caminho,

mas o menino estava muito fraco e assustado para seguir as instruções. Naquele exato momento passou por ali um homem da cidade do garoto. Primeiro pegou-o pela mão. Depois, quando o menino estava tão cansado que não podia mais caminhar, pegou-o no

colo e levou-o para casa. O policial mostrou-lhe o caminho, mas o segundo homem foi o caminho. Jesus disse: “Eu sou o caminho”. Jesus é o caminho à casa do Pail.

O que vocês acham de seus relatos maravilhosos? O que vocês acham destas palavras? (ler Lc. 15). O que vocês pensam de seus convites maravilhosos? Ele disse: “ Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviares"” (Mt. 11.28). Que

maravilhoso! O que vocês acham destas palavras? Jamais ninguém falou como este homem. Ele é Único, incomparável. Não há outro como Ele, seja no céu ou na terra.

5. O que vocês pensam de Seus nomes e títulos?

Cada profeta tem seu nome peculiar. Abraão é chamado de amigo de Deus (Khalil Allah). Moisés, o porta-voz de Deus (Kalim Allah). Outros são chamados de Ruh Allah (Jesus) e

Habib Allah (Maomé). Pois bem, a quem o homem mais ama? A seu amigo (habib) ou a seu próprio espírito (ou seja, a si mesmo, ruh)? Sejam absolutamente sinceros. Deixem que seu coração responda. Sim, Jesus é chamado de Ruh Allah. Nos Evangelhos, lemos o

que Deus disse sobre Jesus: “Este é o meu Filho, o meu eleito: a ele ouvi”. (Lc. 9.35). Novamente pergunto: a quem o homem mais ama? A seu amigo ou a seu filho? Claro que

a seu filho. Para distingui- lo dos demais, Deus chamou a Jesus de Seu Filho. O que Deus queria dizer? Dizemos que o filho é a própria imagem (mathal) do pai. Vendo a Jesus, sabemos mais de Deus. (Jo. 14.9). O filho pode ficar no lugar de seu pai e representá-lo.

Pode falar pelo pai. É o que fez Jesus enquanto aqui esteve. E por isso se chama a Palavra de Deus. Deus falou por meio dEle (Hb. 1.3)*1 Seus títulos são únicos. É incomparável.

6. O que vocês pensam de seu poder?

Ele tudo pode. Todo poder e autoridade Lhe foram dados... Na realidade, não há obra de Deus que Jesus não tenha feito enquanto esteve aqui na Terra. Quem pode ressuscitar

mortos a não ser Deus? Jesus ressuscitou os mortos. Quem pode realmente curar leprosos

1 *Nos países muçulmanos, onde os títulos dos profetas são conhecidos, esse parágrafo é eficaz. Nenhuma

referência deve ser feita citando o nome de Maomé.

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a não ser Deus? Jesus curou e limpou os leprosos. Quem pode abrir os olhos aos cegos a

não ser Deus? Jesus fez tudo isso. Curou todo o tipo de enfermidade. Jamais despediu alguém por não poder curá- lo. Expulsou os maus espíritos com Sua palavra. Mudou

muitas vidas salvando-as do pecado. (Quando, na África, as pessoas iam à minha clínica, eu orava sempre a Deus que os curasse antes de indicar- lhes algum tratamento. Cuidava deles no nome de Deus. Jesus, no entanto, nunca curava em nome de Deus. Curava

sempre homens e mulheres por Seu próprio poder e em Seu próprio nome. A um homem que não andava já há trinta e cinco anos, disse: “E te digo, levanta-te e anda.” O homem se

levantou e andou. Nunca empregou medicamentos. Curava os homens em Seu próprio nome e com Seu próprio poder. Um homem chamado Lázaro morreu. Depois que o enterraram, chamaram a Jesus.

Quando Jesus chegou, Lázaro estava morto e enterrado já há quatro dias. Jesus foi ao sepulcro e disse: “Lázaro, vem para fora”. (Jo. 11.43). O morto saiu da tumba. Jesus não

deixou dúvidas sobre Seu poder para ressuscitar os mortos. Ele disse: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo. 11.25) Chegará o dia em que todos os que estiverem mortos ouvirão Sua voz e sairão para fora. Vocês, se estiverem mortos, sairão das sepulturas. Da

mesma forma, Moisés, Abraão e todos os profetas. Mas hoje mesmo Jesus pode dar- lhes vida nova, uma vida divina, uma vida eterna. No presente momento, vidas estão sendo

transformadas em todas as partes do mundo. Ele pode transformar suas vidas. O que vocês acham de Seu poder soberano? Ele é único, Todo-Poderoso, incomparável.

7. O que vocês acham de Seus sofrimentos?

O que vocês pensam de Sua morte? Vocês sabem onde morrerão? Aqui ou em outro país? No mar, na rua ou em seu próprio leito? Onde? Além disso, como morrerão? Será de enfermidade, por um acidente, morte natural? Como morrerão? Podem ao menos dizer

quando morrerão? Quantos anos vocês terão? Em que dia, de que mês? O que aco ntecerá a vocês depois da morte? Vocês e eu temos de admitir que não sabemos. Deus é quem

decide tudo. Jesus, porém, sabia e predisse onde morreria: em Jerusalém. Deu também todos os detalhes envolvidos (Lc. 18.31-33). Disse a Seus discípulos quando morreria: na festa, quando

todos sacrificariam o Cordeiro para celebrar a Páscoa; morreria como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Disse- lhes que após três dias ressuscitaria. Tudo ocorreu

exatamente como disse que ocorreria. Ele sabia. Não era como os outros homens. Nós não sabemos. Os profetas não sabiam. Vocês e eu morreremos quando, como e onde Deus decidir.

Jesus disse: “Ninguém a tira [tira] a vida de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê- la”. (Jo. 10.18). Ele não era

obrigado a morrer. Poderia ter subido ao céu sem ter passado pela morte. Mas, escolheu morrer por amor a nós. Deu Sua vida por nós. Morreu para que pudéssemos ser perdoados. Morreu por nós. Ele, o bom Pastor, deu Sua vida por Suas ovelhas. Jamais homem algum

fez o que Ele fez. É incomparável e único entre os homens.

8. O que vocês pensam de Sua vitória sobre a morte?

Ele morreu e os homens O enterraram. Seus inimigos fizeram todo o possível para mantê-

lO no sepulcro. Puseram uma grande pedra na entrada da tumba. Selaram-na e colocaram

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guardas armados no sepulcro. Não havia dúvidas de que estava morte; os homens fizeram

de tudo para mantê- lO na tumba. Mas Ele ressuscitou da morte e apareceu vivo a Seus discípulos, a Pedro, a Maria e a mais de quinhentas pessoas. Ressuscitou assim como havia

dito. Deus O ressuscitou da morte porque queria manifestar a todo o mundo que havia aceitado a obra de Jesus. Todas as pessoas O viram! Tocaram-nO, comeram e beberam com Ele depois de Sua ressurreição. Mostrou- lhes as feridas de Suas mãos, de Seus pés e

do lado do Seu corpo. A morte é o grande inimigo. Vocês morrerão assim como eu. Os profetas morreram e continuam mortos. Graças a Deus, Jesus Cristo triunfou da morte. É

único e incomparável. Não há ninguém como Ele na Terra nem no céu.

9. O que vocês pensam de Sua ascensão?

Leia Atos 1.9-11 e Filipenses 2.6-11. Se eu agora perguntasse a um grupo de judeus quem

eles gostariam que ocupasse o posto mais alto dos céus, todos diriam Moisés. Se perguntasse aos muçulmanos, diriam Maomé. Se perguntasse aos cristãos, diriam Jesus. Deus, entretanto, não consultou os judeus, os muçulmanos ou os cristãos. Deus exaltou

Jesus e Lhe deu um Nome que está sobre todo o nome. Isso é obra de Deus. Todo joelho orgulhoso deve dobrar-se perante Ele.

10. O que vocês pensam de Sua volta à Terra?

Ele voltará novamente, pois assim o disse (Jo. 14.1-3). Os anjos também o afirmaram (At. 1.11). Todos os cristãos o esperam. Os muçulmanos sabem que Ele voltará a reinar.

Arrebatará Seu povo (Umma) para que esteja com Ele no céu. Voltará para reinar sobre toda a Terra; Ele é o Rei do mundo. Reinará até que todos os Seus inimigos estejam rendidos a Seus pés. Alguns se equivocam a esse respeito e dizem que reinará por 40 anos.

Deus diz mil anos. Eu creio em Deus. Penso que mil anos de bênção e paz é melhor que quarenta! Sim, Ele logo voltará. Todos então admitirão que Ele é o Rei dos Reis e Senhor

dos Senhores. Ele logo virá. Todos vocês estarão perante Ele, que será o Juiz. Quando vocês O virem face a face, Ele lhes perguntará: “ O que pensam de mim?” Que resposta Lhe darão? Se vocês disserem que Ele é somente um entre os profetas, Ele lhes

perguntará o por quê de não terem seguido Seus mandamentos. Vocês serão condenados por terem crido que Ele é apenas um entre os muitos profetas, quando, na realidade, Ele é

incomparável. Ele é o único Salvador. Quem voltará para reinar? Moisés, Abraão, Davi ou algum outro profeta? Não! O Senhor Jesus virá e será o Juiz. Deus deu provas disso a todos os homens ressuscitando-O da morte. Ele voltará! Todo olho O verá. Ele é único.

11. O que vocês pensam de Suas exigências?

Ele diz: “Vinde a mim... e eu vos aliviarei” (Mt. 11.28). Ele os chama hoje. Quando chamou Seus primeiros discípulos, eles deixaram casa, pais , trabalho, tudo para segui- lO.

Ele pede que vocês façam o mesmo, Ele pede que confiem nEle, que creiam nEle como Salvador, que Lhe entreguem a vida, reconhecendo-O como Senhor. Ele pede tudo. Se é

quem diz ser, Suas exigências são absolutamente lógicas. É único e incomparável em Seu nascimento, em Sua vida e em Seu caráter imaculados, em Seus títulos exclusivos, em Suas palavras maravilhosas, em Seu poder supremo e em Seu sofrimento e morte. Ele está vivo;

está com os que crêem nEle. Intercede no céu pelos que confiam nEle. Virá em breve.

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Não há ninguém como Ele no céu ou na Terra. Por tudo isso, pede para ser Rei e Senhor de

suas vidas.

Talvez alguns questionem que, com um sermão deste tipo, não mostramos claramente a divindade de Cristo. Na realidade, começamos a transmitir a verdade maravilhosa de que Ele é o Senhor e que está acima de tudo. Esta era a senha dos primeiros cristãos: “Jesus é o

Senhor”. Contemos, portanto, com Ele para ensinar esta verdade fundamental a nossos amigos muçulmanos.

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Capítulo 9

Jesus Cristo e Sua Morte Expiatória

“Wa ma qatalu hu wa ma salabu hu, walakin shubiha lahum ” (Suira 4:158. (Não o mataram, nem o crucificaram, mas lhes pareceu assim). Portanto, o Corão nega

categoricamente o fato da morte de Cristo. E, embora nem todos os muçulmanos concordem com a interpretação deste texto, todos negam o valor da morte expiatória de Cristo. A maioria pensa da seguinte forma: Seria possível que um homem bom como Jesus

morresse? Evidentemente que não. Seria necessário que morresse para expiar os pecados dos homens? A resposta é

novamente não, pois é imoral pensar que um homem bom deva morrer por pecadores culpados. Morreu ou não morreu? Não, não morreu, porque Deus é Todo-Poderoso e certamente O

salvou de uma morte tão terrível. A maioria dos muçulmanos crêem que Deus levou Jesus ao céu justamente antes de Sua

crucificação e que em Seu lugar foi crucificado um substituto, talvez Judas. De fato, honram mais a Jesus admitindo este mito do que crendo que morreu por nossos pecados. Outros crêem que Jesus foi cravado na cruz, mas foi tirado enquanto ainda estava vivo,

subindo ao céu. Outros ensinam, que embora Seu corpo tenha morrido, não mataram Seu espírito. Embora as opiniões divirjam sobre o fato de Sua morte, todos concordam que não teve valor expiatório. Como o cristão deve, então, combater esse erro que vai contra a base

de nossa fé? (1 Co. 15.3-8). Estamos diante de fatos históricos, testemunhados por centenas de pessoas fidedignas, que os têm afirmado de forma permanente nas Escrituras.

Sem vacilar, podemos insistir continuamente nestes fatos, repelindo todo temos de que por dizer a verdade possamos transmitir uma idéia falsa. São necessários três princípios ao falarmos da morte e ressurreição de nosso Senhor:

1. Em primeiro lugar, temos de mostrar a exigência e a necessidade de Sua morte. 2. Todas nossas mensagem devem basear-se nesta verdade, e devemos insistir no fato de

Sua paixão. Enquanto não tivermos feito nossos ouvintes compreenderem que Jesus Cristo morreu por seus pecados e ressuscitou, não teremos proclamado as Boas Novas. 3. Nunca devemos falar somente de Sua morte, mas também de Sua vitória sobre ela, de

Sua ascensão e de Sua volta à Terra. É certo que morreu, mas o quer devemos enfatizar é que agora vive, e vive para sempre. Nunca devemos deixar a mente de nossos ouvintes na

cruz ou no sepulcro. Ele está vivo, e vai volta! Ao falarmos pela primeira vez sobre o tema, é aconselhável evitar o uso da palavra “morte”, empregando um vocábulo mais geral. São preferíveis expressões como: Redimiu-

nos com Seu sangue, entregou-Se (sallana nafsahu) à morte, sofreu por nossa causa, ofereceu Sua vida como sacrifício a Deus, sacrificou-Se por nossos pecados (dahiya).

Todo cristão que testemunha a muçulmanos deve saber contar, com palavras simples, a história da paixão e do triunfo do Senhor sobre a morte. Nada lhes chama mais a atenção do que esta história maravilhosa contada com simplicidade, reverência, amor e profundo

interesse. Termine sempre com o relato da ressurreição. Durante os primeiros anos de meu ministério entre os muçulmanos, tive constantemente de

ouvir o verso 158 do capítulo 4 do Corão. Pelo fato de expor simplesmente a verdade

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durante anos inteiros, a maioria aceitou o fato histórico da morte e ressurreição de Jesus.

Isto não implicava em fé, mas quase não ouvi mais o mencionado versículo do Corão. Nos últimos três anos de meu ministério, na Argélia, estive em contato com mais de uma

centena de jovens ganhos para Cristo do Islamismo. Em quase todos os casos, sua conversão ocorria quando compreendiam o por quê de Jesus ter sofrido e morrido. Esta maravilhosa verdade constrangeu seus corações: “O Filho de Deus, que me amou e a si

mesmo se entregou por mim.” (Gl. 2.20b)

O Equilíbrio de uma Verdade

Três aspectos da verdade devem estar presentes em nossas mentes:

1. O pecado do homem na conspiração para matar a Jesus. A acusação que O levou à morte foi acúmulo de pecados comuns. A intransigência e o ódio das pessoas religiosas de seu

tempo, o amor ao dinheiro de um de Seus discípulos, o medo que levou Pilatos de comprometer-se, a zombaria depreciativa da massa popular, a determinação de seguir Seu caminho por parte dos que proclamavam: “Não queremos que este homem reine sobre nós”

– foram esses os pecados que realmente O levaram à morte. Esses pecados que realmente O levaram à morte. Esses pecados também prevalecem hoje em dia. Talvez não tenhamos

ainda nos dado conta dos terríveis resultados que podem ter tais corriqueiros pecados. Olhemos para o Salvador que sofre. Meus pecados causaram esse sofrimento. 2. O amor de Cristo quando escolheu morrer. Quando se relata a história de Sua paixão

temos de frisar o fato de que Ele poderia ter desistido de tudo e salvar-Se. Ele conhecia as profecias do Antigo Testamento que se cumpririam com Sua morte. A culpa da morte do

Senhor repartiu-se entre os chefes religiosos que O odiavam, o traidor, o juiz e os soldados; mas Ele a tomou para Si. Ele poderia dizer com toda propriedade que ninguém poderia Lhe tirar a vida. E assim se fez. Ninguém a tirou. Ele a deu por escolha própria, de

conformidade com a vontade de Seu Pai (Jo. 10.17-18). O motivo foi o amor. Poderia evitar a cruz, mas decidiu ir a Jerusalém. Como homem, o sofrimento o aterrorizava e orou

para que, se fosse possível, o cálice do sofrimento fosse afastado. Mas, continuou: “Contudo, não se faça a minha vontade, e, sim, a tua” (Lc. 22.42). Foi à morte, deu Sua vida em resgate por nós.

3. A vontade de Deus. Muitos anos antes da vinda de Cristo à Terra, Deus estabeleceu que os profetas predissessem como Cristo deveria sofrer. Particularmente, Ele nos deu o

maravilhoso capítulo de Isaías, no qual lemos: “Foi transpassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados” (Is. 53.5). “O Senhor fez cair sobre Ele a

iniqüidade de todos nós... ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele sua alma como oferta pelo pecado...” (Is. 53.6,10). Deus aprovou o sacrifício de Jesus

ressuscitando-O da morte. É necessário que sempre sublinhemos o equilíbrio daquilo que os homens fizeram quando crucificaram a Jesus; do ato de Jesus ao dar Sua vida e do que Deus pretendeu e fez quando O ressuscitou dentre os mortos.

É da maior importância mostrar a necessidade de Sua morte. Embora o Islamismo negue a necessidade de um sacrifício expiatório, baseando-se em que cada um deve pagar por seus

próprios pecados com suas boas obras. Entretanto, existe uma arraigada consciência da necessidade permanente de um sacrifício expiatório. O que diz a Palavra de Deus? Temos de apelar a ela, pois o Espírito Santo pode convencer os homens de sua necessidade por

meio da Palavra escrita.

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Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hb. 9.22). Um estudo dos

sacrifícios do Antigo Testamento é muito eficaz. Devemos contar com simplicidade as histórias de Adão e Eva e como Deus os vestiu com roupas de pele; a de Caim e Abel

(Qabil wa Habil) Gn. 4; a de Noé, que ofereceu sacrifícios quando saiu da arca (Gn. 8.20); o incidente do cordeiro sacrificado no lugar de Isaque (Gn. 22); o cordeiro pascal (Êx. 12); a vaca vermelha (Nm. 19). Os muçulmanos conhecem todos estes relatos; podemos

mostrar que todos os crentes do Antigo Testamento se aproximaram de Deus por meio do sacrifício. Podemos expor as verdades de Hebreus 10.1-18, mostrando finalmente seu

sacrifício (v. 12). Este tema não deixa nunca de impressionar os muçulmanos e conduz à aceitação do perdão em Cristo (Ef. 1.7).

Figuras da Cruz

Para a mente oriental, a verdade torna-se mais convincente quando é acompanhada de exemplos tomados da vida cotidiana. Pode-se escolher entre as seguintes ilustrações, ou usá- las todas. Dependerá em grande parte da mentalidade do ouvinte. O Espírito Santo

guiará, mostrando onde devemos colocar ênfase. À medida que formos expondo um exemplo após o outro, o ouvinte se dará conta, pouco a pouco, da transcendência da

verdade de que Cristo morreu por nós. 1. O Cordeiro que Deus proveu (Gn. 22; Jo. 1.29; 19.34). 2. A serpente levantada (Jo. 3.14). Mostrar que Jesus foi levantado para morrer na cruz. A

causa foi o pecado dos homens. Deus exaltou-O nas alturas. Com nossa proclamação da mensagem, demostramos que estamos fazendo o mesmo que Moisés fizera no passado –

elevando a Jesus. 3. O bom Pastor que deu-Se ás ovelhas para poder dar- lhes Sua vida (Jo. 1.11,27). 4. O grão de trigo que deve cair na terra e morrer, para poder reproduzir nova vida (Jo.

12.24). 5. O único Mediador entre Deus e o homem (1 Tm. 2.5). Quando duas pessoas brigam

seriamente, não se reconciliam se uma terceira pessoa não os ajuntar. Esta imagem é bem conhecida no Oriente. Não deixemos de assinalar que o homem precisa se reconciliar com Deus e não Deus com o homem.

6. O Redentor (al Fadi). Ele é o único que paga o resgate para que o escravo possa ser libertado (Ap. 5.9; 7.9-12).

7. O Fiador. Ele é o único que sai em garantia de outro e paga por ele. (Gl. 2.20). Podemos acrescentar outros exemplos representativos da morte de Cristo. Talvez a melhor maneira de expor o significado do sofrimento e da morte do Salvador seja explicar com

toda simplicidade o que Ele significa pessoalmente para você. Podemos procurar versículos adequados das Escrituras e decorá- los, enfatizando como por meio de Seu

sacrifício encontramos o perdão e a purificação dos pecados. Comove-nos profundamente saber que alguém Se interessou tanto por nós que “ me amou e Se entregou por mim”. É necessário explicar o significado de um versículo como “o sangue de Jesus... nos purifica

de todo pecado” (1 Jo. 1.7). Para eles é muito difícil entender literalmente palavras como essas. O simples pensar em ser literalmente purificados pelo sangue é algo repugnante.

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Capítulo 10

A Aproximação Individual

É preciso que aproveitemos todas as oportunidades que surgirem para anunciarmos a

mensagem do Evangelho a grupos de muçulmanos; mas é evidente que, especialmente no início de sua tarefa, o cristão deve limitar-se a contatos individuais. Em Sua sabedoria e

graça, Deus não permitiu que fosse possível transmitir eficazmente o Evangelho aos muçulmanos sem o conhecimento de sua língua. É durante o longo período de estudo da língua que o obreiro consegue conhecer a mentalidade do muçulmano. Somente na

eternidade saberemos o enorme dano que a distribuição indiscriminada de literatura causou nos países muçulmanos, e os contatos, bem intencionados mas equivocados, de certos

indivíduos para iniciar um movimento de massas. Tais pessoas nem sequer chegam a tocar a superfície e tornam mais árduo o laborioso esforço do obreiro cristão para conquistar almas para o Senhor. Quando Deus quis comunicar-Se conosco, fez-Se homem e aprendeu

a falar a língua de Sua pátria, a Palestina. Não era preciso que o fizesse, mas foi esse o método que utilizou. Com isso estabeleceu o padrão.

Muitos jovens obreiros declaram ser incapazes de aprender a língua ou sustentam que podem transmitir o Evangelho por meio de uma língua européia. Talvez, até certo ponto, seja possível com universitários ou com os que vivem em nações ocidentais; mas é

inacreditável que o mesmo Espírito Santo que chamou o obreiro a propagar o Evangelho e que outorgou o dom de línguas no Pentecostes, não possa fazer com que o atual pregador do Evangelho aprenda a língua do povo. O dom de línguas consiste sempre em falar uma

língua conhecida, e pessoalmente posso testemunhar do poder do Espírito Santo a este respeito. Eu fui péssimo aluno e tive as notas mais baixas em francês; entretanto, preguei

minha primeira mensagem em cabila com apenas dez semanas após ter iniciado o estudo dessa difícil língua. Usando o livro sem palavras, falei durante cinco minutos a um grupo de muçulmanos, os quais fizeram tudo o que podiam para me ajudar e encorajar.

Somente através do amor poderemos ganhar um muçulmano para Cristo. Quando ele percebe que alguém está se preocupando ao ponto de sacrificar seu tempo para tentar

aprender sua língua, foi dado o primeiro passo para a conversão. É provável que a maioria dos jovens queiram conseguir a ajuda de um professor de línguas, mas isso não é essencial. Nunca tive um professor de árabe argelino. Era a quarta língua que eu aprendia em cinco

anos, e humildemente, posso dar testemunho do poder do Espírito Santo nessa área. Peça a um amigo, ou a um vizinho, que leia com você e lhe mostre os erros que comete. Se for

possível, use o Novo Testamento ou um dos Evangelhos como livro de texto, escolhendo uma história simples ou uma parábola. Desta forma, estará gradualmente apresentando a mensagem e, ao mesmo tempo, perceberá como pensa o muçulmano, por sua forma de

reagir. Não é fácil ganhar muçulmanos para Cristo. Nenhum homem ou mulher chamado a trabalhar de maneira permanente entre eles deve tentar fazê-lo sem aprender a língua, e

aprendê-la bem. Este é o sine qua non da evangelização muçulmana. Devemos aproveitar toda e qualquer oportunidade para travar amizade com vizinhos, comerciantes ou outros muçulmanos. Mostre- lhes amor de maneira prática. Não tente

pregar. Seja um bom ouvinte. É aqui onde falhamos hoje em todos os lugares. Devemos ouvir as pessoas com simpatia e paciência. Assim, compreenderemos seu ponto de vista,

suas dificuldades e até sua incompreensão do Cristianismo. Convide os muçulmanos para

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tomar café em sua casa, e aceite sempre os convites que lhe fizerem, especialmente para ir

às suas casas. Durante os primeiros dias, é prudente não falar de temas espirituais com seu amigo na presença de terceiros. Ele pode ficar embaraçado e ser forçado a defender sua fé.

Procure falar com ele em particular. Talvez possa encontrar algumas fitas ou discos em sua língua. Quando em conversas particulares, procure recordar-se das palavras do Senhor: “Pode

porventura um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco?” (Lc. 6.39). Você perceberá claramente por onde conduzir a conversa: Pelo caminho da vida. Ele está cego

pelo deus deste mundo. Não vê o caminho, e o demônio tentará desviá- lo. Procurará questionar e discutir. Tenha bem presente a meta. Trate de um assunto de cada vez. Sempre que ele quiser mudar de tema, volte continuamente a mostrar- lhe o caminho.

Confie que o Espírito Santo encaminhará tanto a ele quanto a você à plenitude da verdade. Lembre-se de que, embora ele seja muçulmano e você cristão, ambos são “crentes”. Pode

falar- lhe como a um crente. Pode dizer- lhe, por exemplo: “Como alguém que crê em Deus, você deve saber que todo homem tem três inimigos, que são o mundo, o demônio e, qual é o terceiro?” Com quase toda a certeza, ele responderá: “a carne” ou “meu coração”

. “Qual, a seu ver, é o mais difícil de conquistar?” A natureza pecadora, o coração perverso.

É o coração que guia os olhos para o mal. O coração é que move as mãos para roubar, e que encaminha os pés para entrarem na casa do vizinho. (Por dedução, compreenderá que a finalidade de entrar é cometer adultério). Sim, o coração é o maior inimigo do homem.

Deixe-me ler uma passagem da Palavra de Deus que se refere a isto (leia Rm. 7.15-24). Que grande verdade contêm essas palavras: “Desventurado homem que sou! Quem me

livrará?” Mesmo que os termos utilizados para definir a natureza perversa do homem variem conforme o país, é muito difícil encontrar um muçulmano que não responda a este questionamento pessoal.

1. Quando ocorrer um falecimento na família, devemos sempre expressar condolências. “Que Deus console (Allah yusalai) vossos corações”. Eles sabem que Jesus ressuscitou dos

mortos, mas não conhecem os detalhes. Podemos ler 11.1-44 ou alguma outra parte desta passagem. Continue com João 5.2,29 e volte ao versículo 24. Os muçulmanos sempre se impressionam muito com essas passagens das Escrituras. Outra maneira de começar é:

“Você sabe por que Deus nos deu este mundo? (dunia) Sem dúvida para que nos preparemos para o outro (al axhiva)”.

2. É possível que durante a conversa o muçulmano diga: “Peço perdão a Deus” (astaglafi Allah). Continue dizendo: “É bom ver que você comp reende sua necessidade de perdão; mas, você tem certeza de que Deus o perdoou ou tem de dizer: „Ma sha Allah’ ou „In sha

Allah‟ (o que na realidade implica dúvida)? Há dois tipos de pessoas no mundo hoje: aquelas que esperam que Deus as perdoe um dia porque tentaram seguir sua religião (din) e

as que se regozijam porque Deus as perdoou, pois alguém já pagou a sua dívida (din). Davi tinha certeza de que estava perdoado (leia Rm. 4.6-8). Deus concedeu ao Senhor Jesus poder para perdoar os pecados (leia Lc. 5.18-26; At. 10.43).

3. Com gente simples, uma dor de dente pode servir de pretexto para iniciar a conversa, especialmente se o obreiro é hábil na extração de dentes. “Olá. O que há? Dor de dente?

Lembro muito bem que tive uma dor parecida. Como doía! O dente estava cariado e oco. Tentei acalmar a dor com um algodão embebido num remédio. Foi inútil. Percebi que meu dente estava tão ruim e doendo que só havia um remédio, tirá- lo. O problema é que eu não

podia fazê-lo. Não conseguia movê-lo. Então, fui ao dentista, sentei-me numa cadeira, abri

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a boa e, confiando plenamente nele, pedi- lhe que o extraísse. Que alívio eu senti! Dei

graças a Deus. Com o pecado ocorre o mesmo. Se deixamos o pecado no coração, com o tempo se manifestará e nos ferirá. Não é possível entender-se com ele. Na realidade, só há

Um que pode entender-se eficazmente com o pecado. Deixe-me ler as palavras de João Batista (Jo. 1.29). Eu abri minha boca e deixei que o dentista se virasse com meu dente. Se você abre confiantemente seu coração a Jesus Cristo, Ele Se virará com seu pecado”.

4. Durante a conversa, inevitavelmente falaremos sobre o Senhor Jesus. “Ele abriu os olhos do cego. Sabe como? Posso ler como Ele o fez? (Lc. 18.35-43). Jesus Cristo pode fazer

muito mais que isso por um homem. Ouça enquanto eu leio como Jesus pode transformar a conduta de um homem e toda sua vida (Lc. 19.1-10)”. 5. Jesus, o Filho de Maria. Sim, é correto que Jesus foi filho de Maria. “Vocês sabe como

Ele nasceu? Permita que eu leia Lc. 1.26-36 e 2.4-12”. Mostre a eles o motivo de Jesus ter vindo (Lc. 2.11; Tm. 1.15).

Alguns pensam que podem ensinar inglês e usam o Novo Testamento como texto. Nesse caso é importante empregar uma paráfrase inglesa moderna, como A Bíblia Viva (The Living Bible), e não utilizar alguma versão mais antiga.

6. Não levará muito tempo até você poder testemunhar do poder salvador e protetor de Jesus. É necessário fazer um esboço com antecedência, decorá- lo e dar especial atenção à

maneira pela qual você chegou a entender a obra e a missão de Cristo e aceitá- lO pela fé. Procure falar de coração para coração. Lembre-se de que o muçulmano é um pecador pelo qual Cristo morreu.

7. Todo aquele que trabalha entre muçulmanos deve ter vários textos dos Evangelhos em árabe em diversos lugares de sua casa. Coloque-os de tal forma que o visitante possa ver

um texto por vez. Sem dúvida, é necessário sabê- los de cor e conhecer seu significado, embora não se saiba árabe. Pode ser que o visitante seja semi-analfabeto; então, podemos ajudá-lo na leitura dos textos. É uma boa maneira para iniciar a conversa. Também

podemos ter uma série de textos no escritório, na biblioteca, ou na sala para mostrar a eles. Este sistema pode abrir muitas portas.

8. Muitos de nós não concordamos com o uso de caixas de promessa como meio de orientação; entretanto, podem ser muito úteis para iniciar uma conversa. Aqueles que fumam pensam que é uma caixa de cigarros, e se surpreendem ao encontrar um versículo

(aya) da Palavra de Deus.

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Capítulo 11

Temas Úteis Conforme o novo obreiro for desenvolvendo novo conhecimento da língua, encontrará mais

oportunidades para falar do Senhor. Sempre que possível, deverá se apresentar como professor, pois é mais aceito do que enfermeiro, mestre ou missionário. Os muçulmanos de

minha região chamavam-me Sheikh. A palavra significa professor de religião. Eis a seguir alguns temas úteis.

Os Dois Caminhos

Leia Mateus 7.13,14. É possível que este seja o melhor tema para começar. Essa mensagem apresentada a um muçulmano temente a Deus, estando sob o poder do Espírito Santo, chega até o mais profundo de sua alma. Isso faz com que o obreiro seja aceito como

servo de Deus. Podem fazer um desenho com dois caminhos, um largo e um estreito, com duas portas, duas praças e duas árvores. O caminho largo vai se estreitando pouco a pouco,

aparecendo cada vez mais limitado e, finalmente, chega o inferno. O caminho estreito se dilata gradualmente e conduz à vida. Entre a vida e a destruição há um enorme abismo, um grande precipício. Se for possível escrever o versículo na parte superior – em árabe – será

uma grande ajuda para apresentar o tema. A mesma lição pode ser dada com flanelógrafo. Podemos recortar figuras de dois homens e de duas mulheres de uma revista popular. Cada pessoa leva uma carga. Aquela que escolhe o caminho estreito perde a carga ao passar pela

porta estreita e responder ao convite do Senhor Jesus (Mt. 11.28). A principal lição que devemos deixar é a que Jesus ensinou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14.6).

A mesma lição pode ser exposta a propósito dos dois filhos de Lucas 15 – o caminho largo que leva à fome e à miséria, e o caminho estreito que nos leva de volta à plenitude da casa paterna. Também pode ser a lição de Lucas 16.19-31, onde vemos dois homens neste

mundo separados por um enorme abismo.

O Livro sem Palavras

O segundo melhor tema para principiantes pode ser usado tanto com grupos quanto

individualmente. Convém recordar que, para os muçulmanos, o céu é verde, e não dourado, e o fogo do inferno é negro. Podemos utilizar um lenço limpo para tampar a

página negra e ilustrar as boas obras, que não tiram o pecado, mas somente o tampam. O homem parece estar limpo até que no dia do Juízo Deus tira as boas obras e descobre o coração do pecador. O lugar das boas obras está situado depois da purificadora fé em

Cristo. Somente dessa forma, quando se examinarem as boas obras no dia do Juízo, veremos que ocultam um coração puro. Podemos também recorrer a determinado número

de provérbios locais para expressar a verdade desta e de outras lições. Recolhi na Argélia mais de 500 provérbios em cabila. A frase: “As boas obras apagam os pecados” evidentemente não é verdade, mas podemos mudá-la para: “Os pecados arruinam as boas

obras”. Ou então: “Tu estás limpo e resplandecente por fora; mas, qual é teu estado por dentro?” É recomendável utilizar provérbios adequados; deve-se porém ter certeza de sei

exato sentido antes de usá- los.

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O Abismo Transposto

Este é o título de um folheto ilustrado publicado em árabe clássico pelo „Stirling Tract Depot‟. É muito útil. A página branca representa a figura de um Deus santo. A seguinte é negra e mostra ao homem seu pecado. Na terceira página aparece um abismo negro, que é o

pecado separando o homem de Deus. A quarta página mostra alguns homens que, com várias tábuas, esperam unir o abismo; na última aparece o abismo transposto pelo Senhor

Jesus Cristo. Uma tira comprida, na qual está escrito: “Fé”, pode ser vista em cima da ponte e a une lado a lado. O mesmo tema pode ser usado com flanelógrafo, trançando-o como se segue:

1. O traçado do abismo. O homem foi criado para gozar a presença de Deus, mas pecou e foi expulso do Paraíso (Rm. 5.12). Traçar os dois lados do abismo, um branco com a

palavra Allah, e outro negro com palavra homem. 2. O abismo transposto por Jesus Cristo no Calvário (1 Pe. 3.18; Ef. 2.13). Fazer pequenas tiras de cartolina com as seguintes palavras: boas obras, oração, jejum, etc. Estas não

conseguem transpor o abismo. Em seguida, colocar uma longa tira vermelha “por Seu sangue”, e outra do mesmo comprimento com a palavra “fé”. Colocar esta em cima da

palavra “sangue”. 3. O abismo estabelecido (Lc. 16.26). Após a morte, é tarde demais para mudanças. Este tema impressiona muito. Pode ser um pouco agressivo para um primeiro contato;

entretanto, os muçulmanos admiram realmente o homem que sabe no que crê e o afirma abertamente.

Perdão dos Pecados

Este é um tema muito freqüente, especialmente quando for necessário darmos assistência a pessoas enfermas em suas casas ou no hospital. O melhor texto que podemos usar é Lucas

5.17-26. Eis aqui os pontos que devemos destacar: 1. Um enfermo. O que ele tem? Quer andar, mas não pode (Rm. 7.19). 2. Amigos sinceros. Conhecem alguém que pode curá-lo e o levam a Jesus. Este é o nosso

propósito. Somos seus amigos. 3. Um Salvador Onipotente. Ele pode curar o corpo e salvar a alma.

4. Pessoas que o atrapalham. Havia uma multidão entre ele e Jesus. O mesmo ocorre atualmente. 5. Uma palavra dura. “Filho, teus pecados”. Jesus os conhecia a todos. Ele também

conhece os seus. 6. Uma palavra graciosa. “Teus pecados são perdoados”. Ele pode dar o perdão, porque

morreu pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de poder levar-nos a Deus. Ele é o único mediador. 7. Crítica dos sacerdotes. Ignoravam Seu poder porque não criam nEle.

8. Uma prova contundente. “Levanta-te”- nova vida; “toma tua cama” – nova força; “anda” – novo caminhar. Encontrou a cura e o perdão.

Juízo

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Muitos muçulmanos preocupam-se profundamente com o dia do Juízo e, durante anos a fio,

foi-me de grande ajuda a seguinte mensagem: “Preparai-vos para o encontro com Deus” (Am. 4.12; Jo. 5.1-14,24). Deus nos deu este mundo a fim de que possamos nos preparar

para a eternidade. Você tem que morrer, tem que passar para a eternidade, tem que encontrar com Deus. Mas, como você morrerá? Como Deus o tratará, como juiz ou como pai? Na eternidade há dois lugares, céu e inferno. Para onde você irá? O profeta disse que

nos preparemos, mas não disse como. Jesus o fez. Disse-nos: “ouvi minha palavra, crede em mim, e aqueles que o fizerem, obterão três grandes bênçãos.

Havia um homem paralítico, que durante 38 anos não podia andar. Desejava a cura. Todos os dias dizia: ‘Ih sha Allah, hoje melhorarei‟, mas nunca o conseguia. Da mesma forma que vocês (Rm. 7.19,20). Jesus disse: “Ouvi minha palavra”.

1. Uma palavra sobre sua vontade. “Você quer ser curado?” (Exponha a doutrina do arrependimento). “Você quer ser o homem que Deus deseja? Quer ser curado? Deus quer

salvá- lo (1 Tm. 2.4), mas o demônio quer destruí- lo. Você está entre eles. Se desejar realmente, Cristo o curará. Deus deu a você uma vontade para que possa decidir, para que escolha entre o bem e o mal. O homem da passagem respondeu: “Senhor, não tenho

ninguém. Não posso”. Ao olhar para Jesus, deve ter pensado: “Somente tu podes me ajudar”. Ele confiava na onipotência do Salvador, não em muitos profetas.

2. Uma palavra sobre sua fé. “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. (Jo. 5.8). Você não pode, mas Eu posso: “Levanta-te!” Deu- lhe uma nova vida: “Toma tua cama”. Deu-lhe novas forças: “Anda”. Fez dele um novo homem (2 Co. 5.17). Este é o milagre que se

realiza no coração de quantos confiam no Senhor Jesus. Aquele homem foi criticado logo depois; você também o será. Eles pensavam do ponto de vista da religião. Ele obedecia ao

novo Senhor que tinha encontrado (Jo. 5.10-11). 3. Uma palavra sobre sua consciência. “Não peques mais” (v. 14). Veja 1 João 3.4-9. Encontrou ali três bênçãos (Jo. 5.24):

a) passou da morte para a vida (conversão); b) recebeu a vida de Deus, uma nova vida (vida nova em Cristo);

c) salvou-se do juízo futuro. Poderíamos expor vários outros esboços. No entanto, aqueles que ap resentamos foram postos em prática e Deus os abençoou com a salvação de alguns.

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Capítulo 12

Como Aproximar-se das Mulheres e das Moças

Existe um grande abismo entre as jovens muçulmanas que estudam em universidades européias e suas irmãs indoutas que passam a vida fechadas numa cabana ao norte da

África. O mesmo ocorre entre as mulheres ricas da cidade que se cobrem com véu e as da África Central, amorais e sem véu, que andam quilômetros e quilômetros para chegar ao mercado do distrito e comprar manteiga e queijo. Este amplo leque de distinções sociais,

de graus de conhecimentos, de costumes locais divergentes nas diversas regiões etc., é o que torna muito difícil dar orientação sobre este tema.

Talvez na maioria dos casos, haja três coisas que caracterizem todas estas mulheres. Em primeiro lugar, está o medo, que é o elemento dominante em sua vida. Desde a primeira infância da menina, seus irmãos são estimulados a bater nela e a dominá- la. Quando

jovem, ensinam-na a conhecer o poder dos maus espíritos e penduram talismãs e amuletos em volta de seu pescoço. Ao se casar, o medo do divórcio pende sobre sua cabeça como

espada de Dâmocles. Teme também a sogra autoritária, que domina na casa. A sogra, quando jovem, sofreu muito, e agora faz tudo para que sua nora sofra tanto ou mais. Quando há uma segunda esposa, cada uma teme que a outra conspire contra si para que o

marido a mande embora. Teme as línguas murmuradoras das mulheres mais velhas, que vão de casa em casa semeando discórdias e separando os cônjuges. Quando nasce um filho, teme os vizinhos, que podem entrar, invejá- lo e dar a ele um mau olhado. E, acima

de tudo, está o medo da morte e do além, pois muitos crêem que as mulheres não têm lugar no céu, apesar de o Islão ensinar que homens e mulheres têm a mesma possibilidade de ir

para o céu. Mas, nem os homens nem as mulheres podem ter a certeza de seu destino eterno. Todos os muçulmanos têm medo do além, e as mulheres mostram esse medo inclusive em suas devoções. O medo é que as faz rezar, forçando-as a jejuar e a professar

sua adesão a Maomé. Inclinam-se perante Allah e adotam uma postura servil de escrava na presença de seu severo amo. As jovens e mulheres que confiam no Senhor Jesus vivem

continuamente com o mesmo medo das más línguas, da ameaça de divórcio, do veneno e das drogas, dos açoites, dos golpes e de todo tipo de maus tratos. Por sua tendência inata ao medo, às vezes duvidam da sinceridade de suas companheiras de fé e temem que, devido

às suas fúteis conversas, sejam desprezadas. A segunda característica das mulheres muçulmanas é que são dominadas pelos homens, ou

pelo menos por um homem. Muitas jovens modernas não querem admiti- lo, mas essa é a realidade. As leis islâmicas ensinam que a mulher é somente meia pessoa na questão da herança e que o marido tem autoridade completa sobre ela. O pai e os irmãos vigiam suas

filhas e irmãs. A mulher casada está debaixo do domínio do marido e não se atreve a fazer nada, ou ir a algum lugar, sem sua permissão. Tentar seria expor-se ao divórcio. A mulher

divorciada ou viúva é vigiada de perto por seus parentes masculinos. As condições imorais que imperam em muitos países muçulmanos tornam essa atitude necessária. Tal situação repercute em toda tentativa de chegar a elas com o Evange lho ou de ajudá-las quando se

tornam cristãs. Apesar das aparências externas devidas à influência do Ocidente, continua existindo, no

fundo, um temor supersticioso ao mundo dos espíritos invisíveis, um grande respeito aos

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chefes religiosos do Islamismo e normalmente um medo muito arraigado de Deus. Pode

ser que muitas destas coisas sejam ignoradas pelo missionário ocidental que não fala a língua fluentemente, mas constituem pano de fundo de vida e pode ser uma das formas de

aproximação ao seu coração. A mulher missionária que deseje chegar a essas mulheres, tem de, em primeiro lugar, admitir que não sabe nada; sim, nada! O estudo oficial da Bíblia, os métodos ocidentais de

evangelização massiva, as técnicas de publicidade e a convicção de que “nós somos os bons, e vocês têm de nos ouvir”, tudo isso deve ser descartado reiteradamente, porque

atitudes semelhantes não somente repugnam, mas podem causar um dano irreparável. Mais de 50 anos de observação demonstraram que talvez esta seja a lição mais difícil que o missionário deve aprender; mas é absolutamente essencial.

Os princípios que Paulo estabeleceu na epístola aos Galátas aplicam-se ao trabalho missionário com mulheres muçulmanas da mesma forma que a qualquer outro tipo de

trabalho cristão. Tentemos aprender com ele.

O Plano

Até ver a “Cristo formado em vós” (Gl. 4.19). Este era o ardente desejo de Paulo, e deve

ser também o nosso; não pregar-lhes, nem persuadi- las a que mudem de religião ou meramente creiam em Jesus Cristo, mas que se forme nelas uma nova vida pela virtude do Espírito de Deus. Qualquer que seja a linha de aproximação que utilizemos, seja ensiná- las

a ler, falar uma língua européia, cuidar de seus enfermos, distribuir propaganda ou fazer cursos por correspondência, nossa meta deve ser sempre a mesma: que Cristo venha nelas

habitar. O Cristianismo não é uma simples mensagem religiosa em que devem crer, mas uma vida se recebe na pessoa do Senhor Jesus. A vida de Cristo deve ser reproduzida nas mulheres e jovens muçulmanas. Por isso, não é suficiente uma profissão de fé feita

oralmente ou por escrito; deve haver vida nova, a qual se manifestará na mudança de conduta. Nós nada podemos fazer. Cristo somente poderá nelas habitar através do novo

nascimento realizado pela virtude do Espírito Santo. Não é nossa obra para Deus, mas Sua obra através de nós. “Filhos meus”, escreve Paulo, “me vejo perplexo a vosso respeito” (Gl. 4.20). “Sois meus filhos ou sois realmente filhos de Deus?” Ele aponta o perigo que

aguarda o trabalho entre os muçulmanos. Eles podem chegar a amar o missionário, imitá-lo, a sentir-se seus filhos, a confiar nele. Mas, quando o missionário abandona o campo,

sentem-se órfãos, deixam de ir às reuniões cristãs e reincidem no Islamismo. Isso ocorre freqüentemente no trabalho com muçulmanos. Por outro lado, entretanto, essas mulheres deveriam sentir-se, até certo ponto, como filhas da missionária. Aprendendo a confiar nela,

chegarão a confiar em seu Salvador. Aprendendo a amá- la, chegarão a amar o Salvador.

O Apelo

“Sede qual eu sou” (Gl. 4.12). Esta foi sempre a exortação de Paulo. Na presença de

Agripa pôde dizer: “Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias”

(At. 26.29). Não um prisioneiro, mas um cristão. “Cristo é tão real para mim, que desejo que compartilhem sua vida comigo, o gozo e a paz que somente Ele dá, a segurança do perdão e a salvação. Sejam como eu”.

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Esse deve ser o apelo; mas somente poderão fazê-lo se Cristo viver realmente em vocês.

Mais ainda: devem mostrar com a vida. Paulo irradiava Cristo. Que nós possamos fazer o mesmo! Não podia ocultar-se. É isto que as mulheres e as jovens muçulmanas precisam

ver: Cristo em vocês e em mim. Por isso, no contato com elas, o mensageiro tem a mesma importância que a mensagem. O valor do que dizemos depende de nosso modo de ser, de nossa conduta e da forma que o dizemos, Nossas experiências pessoais, toda nossa atitude

e nossa vida são parte integrante do Evangelho. Os muçulmanos conhecem por instinto se são queridos ou se somente nos mostramos condescendentes com eles como um dever que

temos que cumprir.

A Forma de Aproximação

É tríplice. Primeiramente: “Também eu sou como vós” (Gl. 4.12). Paulo se põe no lugar

deles. Trata-se de um princípio extremamente importante se quisermos estabelecer comunicação. Precisam perceber que são queridos o bastante para que cheguem a se abrir. Vocês devem estar preparados para sentar com eles, ouvi- los, condoer-se deles, até que

entendam de fato que vocês se preocupam e desejam conhecê- los. Pessoalmente, tive muitas vezes ocasião para fazer isso quando viajava de aldeia em aldeia pelas montanhas da

Argélia. Corriam torrentes das montanhas e às vezes me molhava até os ossos sob a chuva que me ensopava, mas logo sentava-me com eles em suas esteiras em volta do fogo cheio de

fumaça e compartilhava de sua comida simples. A fumaça que lhes fazia arder os olhos, também fazia arder os meus até que lágrimas corriam pela minha face. As pulgas que os

picavam também me picavam. Compartilhava da dura esteira que era a cama e respirava o odor do esterco animal, pois as vacas e as ovelhas compartilhavam do mesmo lugar. Esta é a maneira de compreendê- los de verdade, de simpatizar com eles, de chegar a conhecê- los

realmente e de descobrir seus sentimentos, seus pensamentos e suas reações. Não basta conhecer a Bíblia. Devemos conhecer também as mulheres com quem estamos.

Se realmente desejamos que elas sejam como nós na fé e na doutrina, devemos primeiramente nos tornar como elas, pelo amor e pela compaixão. Este é o caminho de Deus. Ele Se fez homem para poder falar aos homens, Falou nossa língua, suportou nossas

provas e enfrentou tentações para que pudesse experimentar o que é ser um homem. Sentou-se com a mulher junto ao poço. Deixou que falasse. Utilizou linguagem e

descrições simples que ela podia entender. Desceu aos fatos mais escabrosos de sua vida. Se vocês querem ganhar as mulheres muçulmanas para o Senhor, é essencial que aprendam bem sua língua. Ao aprender a linguagem delas, aprenderá a conhecê-las.

Há três etapas na aprendizagem de uma língua. Na primeira etapa, aprende-se a comunicar a mensagem com palavras a uma amiga. Na segunda, pode-se compreender tudo o que ela

diz quando fala de qualquer tema. Na terceira, podem-se captar os pequenos “apartes” entre ela e as outras mulheres. Inclusive, é possível entender sua linguagem por sinais, quando falam com os olhos ou com os dedos do pé. Esta deve ser sua meta. Então será

possível chegarmos a seus corações. Logo perceberá que as mulheres têm uma linguagem própria, que nem os próprios homens entendem totalmente. Você, porém, deve procurar

entendê- la. Se não fizer dessa forma, perceberá que, embora esteja convencida de ter manifestado a verdade e exposto a mensagem com fidelidade, na realidade terá comunicado uma mentira.

Por isso, devem compartilhar a vocês mesmos, e não somente a mensagem. Isso significa

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renunciar a um tempo precioso para ouvir, para sensibilizar-se com seus problemas, para

chorar com elas, para mostrar- lhes que vocês também são fracas e têm defeitos, mas que conhecem Alguém capaz de ajudar e amparar. Enquanto não as aceitarem, não aceitarão a

mensagem que levam. Lembrem-se de que podem passar anos antes que os aceitem. Uma mulher jovem foi a uma importante cidade francesa para contatar mulheres muçulmanas. Alugou um apartamento barato em um grande bloco onde era a única

européia. A população da cidade era cosmopolita, e a cidade um antro do crime. Algumas missionárias mostraram- lhe o perigo que supunham existir vivendo ali. “Os subúrbios são

sujos, o barulho é contínuo, os edifícios sem higiene e sua vida pode correr perigo”, mas ela insistiu e, ao final de algumas semanas, mais de 90 crianças muçulmanas estavam indo às suas aulas sobre a Bíblia. Recebia visitas de mulheres jovens, tinha amizade com as

vizinhas e antes que se passasse muito tempo foi aceita como uma delas. As missionárias, que viviam em suas amplas e cômodas casas, longe do ruído e do alvoroço, estranhavam

seu sucesso. O êxito deveu-se, entretanto, ao fato de ela ter seguido os princípios estabelecidos por Paulo. Paulo, tão somente após colocar-se no lugar de seu povo alvo é que ousava dizer as

verdades que os incomodavam. “Tornei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade?” , perguntou- lhes (Gl. 4.16); Era franco, ousado e destemido com eles. Chegou

revestido de autoridade de um Senhor vivo, e eles então aceitaram. Seu método contratava de forma aberta com o dos falsos mestres. “Os obsequiam”, ele diz no versículo 17. “O adulam e adaptam sua mensagem a vossos desejos”. Paulo, ao contrário, dizia- lhes a

verdade abertamente. Colocar-se no lugar de uma mulher muçulmana não quer dizer que seja necessário

dissimular a mensagem por medo de ofendê- la. Se vocês estão resolvidos a manter a verdade perante os muçulmanos, eles os respeitarão, quer se trate de homens ou mulheres. Na Argélia, um grupo de meninas adolescentes de famílias muçulmanas discutiam sobre a

igreja que freqüentavam aos domingos. “Vamos semana após semana, mas não há nada que nos fira, nada que nos ofenda, nada que realmente nos moleste”. Surpreendido, um

servidor de Cristo, Abd al Masih, perguntou: “Mas, sem dúvida, vocês não gostam de ser feridos”. “É claro que gostamos”, responderam, “porque se não formos feridas, nunca iremos a Cristo para que nos cure”. Que grande verdade! A irmã de uma das moças, uma

jovem de 18 anos, dizia: “Nunca encontramos um servidor de Cr isto que nos ame tanto. Por isso nos ajuda tanto e pode nos dizer coisas que ninguém mais se atreveria a dizer”.

Um jovem muçulmano foi à casa de uma missionária enquanto seu marido estava fora. O jovem manifestou a intenção de entrar e esperar que o marido voltasse, mas ela se opôs. Ele então replicou: “Mas você é estrangeira, e isso é o que fazem as pessoas em seu país!”

Ela disse: “Eu vivo no Irã. Tenho vizinhos e sinto muito, mas não posso deixá- lo entrar”. Como tinha razão! O jovem ofendeu-se por ela fazer o que era justo? Ao contrário, tanto

ele como os vizinhos a admiraram e respeitaram. Uma ação assim contribui muito para ganhar respeito, amor e confiança das pessoas. Sobre ela dirão: “É uma mulher temente a Deus, uma mulher íntegra, que diz a verdade”.

O último ponto é o mais importante do método de Paulo: “Filhinhos meus, por quem sofro de novo dores de parto até que Cristo se forme em vós”. Ele trabalhou com dor por eles.

Comparou-se a uma jovem mãe. Durante nove meses, carregou seu filho conheceu a agonia do parto sem anestesia, e é seu primeiro parto. Que decepção quando o bebê nasce morto! Mas, como deseja um filho vivo, está disposta a passar tudo de novo, a suportar

pacientemente os longos meses de sofrimento, a passar pelas dores de parto pela alegria de

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trazer ao mundo um filho vivo. Paulo tinha sofrido física, psíquica e espiritualmente por

aqueles gálatas. Eles tinham declarado que criam em Cristo, mas não davam sinais da nova vida. Ele estava disposto a continuar sofrendo, a trabalhar pacientemente com eles, a

ensinar, a orar com tal poder para dar vida espiritual ao menos a alguns deles. Esta é a principal lição para todos quantos trabalham com mulheres ou jovens muçulmanas. A vida eterna pode ser oferecida a outros somente quando o servidor está preparado para

sofrer em plena comunhão com o Salvador que morreu. Estes são, portanto, os princípios que devem guiá- los na aproximação com as mulheres muçulmanas.

Vocês não devem esperar atrair muitas mulheres muçulmanas às suas casas ou à igreja. O Senhor Jesus tratou individualmente com as pessoas. Falou com a mulher junto ao poço, com a Maria que se sentou aos Seus pés e com a Maria que chorou junto à tumba. Não

esperou que as pessoas fossem a Ele. Ele foi a elas. Vocês não devem esperar que essas mulheres cheguem até vocês, especialmente no princípio, vocês devem ir a elas. É verdade

que algumas vezes Jesus falou às multidões; mas não foi a todas as casas. Antes, concentrou-Se nos que realmente mostravam-se atraídos e interessados. Vocês devem fazer o mesmo sob a direção do Espírito Santo. Devem procurar as portas abertas. Quando uma

mulher tiver um bebê, poderão visitá-la levando um pequeno presente para a criança. Aproveitem para conversar com a mãe. Antes de sair, talvez uma de vocês possa oferecer-

se para orar pedindo as bênçãos de Deus sobre a nova vida. Não tentem nunca admirar a criança ou elogiá- la. Lembrem-se do receito do “mau olhado”. Luto, divórcio ou enfermidade são oportunidades para fazer visitas. Aproveite o ensejo para sugerir que

gostariam de voltar em outra ocasião. Quando permitirem que vocês entrem em suas casa, sentem-se com as mulheres na esteira.

Tirem os sapatos para não pisar na esteira em que oram. Se estiverem sentadas no chão, não aceitem cadeiras, mas sentem-se como elas o fazem. Notem que será mais adequado às mulheres não usar saia muito curta. Em qualquer caso, vocês devem estar preparadas, pois

poderão tentar ver sua roupa íntima. Freqüentemente são muito curiosas. Lembrem-se de que, embora vocês sejam jovens, são servidoras de Deus. Evitem a exibição exterior e a

risada estrepitosa. Dessa forma, uma missionária jovem pode escandalizar terrivelmente as mulheres, especialmente se estiverem na presença de homens. Elas certamente perguntarão o que vocês fazem; o melhor é dizer claramente que são servidoras de Deus. “Estou aqui

entre vocês porque Deus me enviou a dizer coisas que vocês não sabem”. Não tentem nunca dizer que quem os enviou foi uma missão ou grupo. Se não estão convencidas de que

Deus as chamou e enviou, de que as apóia e dirige em cada um de seus passos, então é melhor que fiquem em casa. O que vem a seguir é realmente fundamental em nosso ministério. É quase alarmante

comprovar em que grau o convertido reflete o caráter do missionário ou do chefe. Se vocês dependem do grupo de origem para o envio, apoio e sustento com oração, então os

convertidos refletirão sua atitude. Dependerão de vocês e do seu grupo. Ao contrário, se vocês unicamente dependem do apoio, guia e força do Senhor, então podem ensinar- lhes desde o princípio a depender do Senhor e a não contar com vocês. Não deixem que sejam

“seus” filhos, mas lancem-nos nos braços do Senhor desde o começo da vida cristã. É da maior importância encaminhá- las a um grupo de fiéis nacionais ou a uma igreja local o

mais depressa possível. Elas deverão procurá- las para que vocês lhes digam o que devem ou não devem fazer, buscando um código de regras, já que foram educadas na atmosfera do Islamismo, que é uma religião legalista. Devemos dar- lhes princípios, e não regras, e fazer

que as apliquem por si mesmas conforme seu meio cultural e seu país. Evitem introduzir

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tudo o seja ocidental. É sempre de grande utilidade para os cristãos provenientes do

Islamismo fazer um estudo atento e sistemático da epístola aos Gálatas. Tal estudo feito durante algumas semanas pode operar uma transformação em sua vida espiritual.

Conforme avançamos, é muito importante: Usar a inteligência. Recordando que o medo é a base de sua vida, perguntem-se como vocês reagiriam nas circunstâncias em que elas vivem. Não criem problemas com uma

mulher indo contra os costumes do país. Não insistam com uma mulher chamando-a à porta quando esta, evidentemente, não as espera. De fato, em alguns países muçulmanos a

última coisa a fazer é chamar alguém à porta. Assim, pois, é necessário aprender os costumes locais. No meu ambulatório de Hamoman, na Argélia, ganhei a confiança da população até o ponto de mulheres com véu virem em busca de tratamento, Tiravam o véu

e permitiam que as examinasse detidamente porque confiavam em mim. Mas quando eu passava pela rua perto de uma delas e estava cuidadosamente coberta pelo véu, eu fazia de

conta que não a conhecia. Caso contrário traria um grande desgosto a ela. Quando um homem está presente na casa na qual uma missionária está visitando, não será possível falar com as mulheres de coisas espirituais até que ele se vá. Em qualquer caso, o melhor é

esperar que a dona da casa peça que leiamos algo da Bíblia. Vocês são seus convidados, e ela sabe melhor o que convém. Sob todos estes aspectos deve-se procurar conhecer as

pessoas e utilizar a sabedoria divina. Usar convertidos do Islamismo. Eles conhecem seu povo melhor que qualquer estrangeiro, e seus conselhos serão inestimáveis. Talvez lhes pareçam muito cautelosos, mas é

necessário ponderar cuidadosamente o que disserem. Perderam-se anos inteiros de serviço porque alguns missionários não levaram em conta os conselhos dos cristãos nativos.

Usar missionárias mais velhas. É necessário, além disso, discernimento. A observação dirá logo se uma missionária mais velha ganhou a confiança e o afeto das mulheres. A duração do ministério não tem nada a ver com isto. Há muitas mulheres (e da mesma forma

homens) que passaram anos inteiros numa região sem que as pessoas as tenham aceitado e sem que tenham entrado realmente em suas vidas. Não consultem a esses. Ao contrário, se

há missionárias com idade e com experiência que conhecem os costumes das pessoas, as missionárias jovens devem fazer-lhes perguntas e seguir seus conselhos. Isto não significa que não se posam introduzir novas vias de aproximação, mas é necessário ser prudente e

seguir o conselho dos companheiros. Usar os olhos e os ouvidos. Esta forma é a forma mais eficaz de aprendizagem. O esboço

de um sorriso significará que incorremos num erro. Não haverá dúvida disso se provocarmos ressentimento, cólera ou dor com nossas palavras ou ações. Devemos então refletir e perguntar em que falhamos: “Disse ou fiz algo que os tenha desgostado?”

Veremos que falam por senhas. Enquanto transmitimos nossa mensagem, veremos que eles se comunicam entre si pelos dedos dos pés. Tentemos descobrir o que estão dizendo.

Aprendamos seus provérbios. As mulheres sabem muitos mais deles que os homens, e é um meio rápido para ganharmos sua confiança. Devemos, no entanto, ter certeza de que o provérbio não possui um sentido obsceno. Precisamos aprender a tomar um café numa

xícara que talvez não esteja de acordo com nossas normas de limpeza, e comer alimentos que nem sonhamos comer em nossa casa.

Se nos perguntarem: “O que você fez?”, devemos responder prontamente que somos servas de Deus e que nosso trabalho é ajudar outros a encontrar a paz de Deus em seus corações. É da maior importância que logo desde o princípio sejamos conhecidas como mulheres do

Livro, e não como enfermeira ou professora, inclusive missionária; simplesmente como

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mulher do Livro. Então, vocês serão convidadas a visitar uma mulher enferma e a ler o

Livro. Entrará alguma outra, que por sua vez se interessará pela mensagem e pedirá para que você também a visite em sua casa. Recordemos que há poder na Palavra de Deus. Ela

é a espada do Espírito Santo. Acima de tudo, é necessário ter paciência. Lalla Juhra deu aulas da Bíblia para mulheres durante todo um ano, e somente uma mulher as assistia. Com o passar dos anos, a classe

cresceu até o ponto de haver freqüentemente 25 a 30 mulheres por semana, embora, durante um ano, não houvesse mais do que aquela única mulher.

As jovens muçulmanas que fazem cursos superiores em seu próprio país ou no exterior pretendem dar a impressão de que romperam com o Islamismo. Tentam imitar as européias, seguindo a moda. Pode ser que nem usem mais o véu, mas isso não significa

que estejam abertas ao Cristianismo. Entretanto, muitas delas sentem um desejo profundo de conhecer a Deus. São estas as que devemos procurar. Deusas conhece, e por meio do

Espírito Santo nos conduzirá até elas. Finalmente, tenhamos presentes estas quatro coisas relacionadas com os muçulmanos: 1. Respondem ao amor, a um amor verdadeiro e sem afetação. Conhecem logo os que têm

uma sinceridade transparente em seu amor a Deus e a eles. 2. Respondem à sua própria língua. Embora saiba falar bem outra língua, se falarmos a

uma mulher em sua língua nativa, alcançaremos a alma. 3. Respondem à oração. Peçamos muito a sabedoria e a direção do Senhor antes de estabelecer contato; depois de uma conversa, ore constantemente.

4. Somente podemos ganhá-las através do sofrimento. Unicamente podemos chegar a conhecer uma mulher muçulmana quando ganhamos sua confiança. Quando ela perceber

que pode confiar em nós, se tornará acessível. Isso pode levar tanto cinco quanto vinte anos. De qualquer forma, uma vez que tenhamos ganhado sua confiança, estaremos no bom caminho para ganhá-la para o Senhor. Freqüentemente, confiará mais na missionária

que em qualquer pessoa de sua própria raça. Essa confiança, porém, é necessária ser conquistada. Podemos conseguir com amor e simpatia, mas comumente a conseguimos

com lágrimas. O trabalho com as mulheres é muito desgastante. Quando conseguia a confiança de adolescentes muçulmanas nos sucessivos acampamentos da Argélia, eu me colocava em seu lugar, ouvia suas histórias, e orava para obter a devida resposta; meu

travesseiro estava freqüentemente molhado de lágrimas. Somente quando tinha chorado por elas, Deus me permitia ganhar alguma para Cristo. Elas respondem às lágrimas. Dessa

forma é que poderemos conquistá- las para o Senhor.

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Capítulo 13

Controvérsia

Sempre que possível, o cristão deve evitar controvérsias. Porém, não deve nunca dar a impressão de que os argumentos muçulmanos contra a fé cristã são definitivos e

irrefutáveis. É preciso estar preparado para fazer- lhes frente e responder com amor. Devemos ter sempre ante nós o Servo perfeito, cujo caráter está descrito em Isaías 42.1-4. Paulo tinha em mente esta passagem quando escrevia ao jovem Timóteo: “Ora, é

necessário que o servo de Deus não viva a contender, e, sim, deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se opõem” (2. Tm.

2.24,25). Devemos decorar este texto. A seguir, mais algumas sugestões: 1. Evite atitudes que provoquem polêmicas. Dizer com toda a franqueza: “Eu não vim para discutir religião, para disputar ou provar que o Cristianismo tem razão. Somente quero

dizer algo que não conhecem”. Provavelmente suscitará outra pergunta: “E o que é que não conhecemos?” Nossa resposta deve ser: “Vocês sabem como encontrar a paz com Deus?

Sabem como vencer a Satanás e o mal que há em seu coração? Eu encontrei a resposta a estas perguntas e, se me permitirem, compartilharei o que encontrei. Poderemos assim conversar sobre nossas crenças.

2. Evite temas que provoquem discussão. Todo muçulmano precisa escolher inevitavelmente entre Maomé e Cristo. Quem tem razão: a Bíblia ou o Corão? Mas é inútil discutir sobre a pessoa de Maomé ou o valor do Corão. Fazer isso é suscitar hostilidade.

Nosso dever é transmitir as Boas Novas, e não criticar sua maneira de orar, a conduta de seu profeta ou a pouca moralidade de muitos muçulmanos. Isto somente conseguirá afastá-

los do Senhor. 3. Evite lugares onde possa provocar controvérsias. Nos primeiros dias de meu ministério, ia freqüentemente à mesma mesquita, onde se reuniam os homens. Mas os chefes

religiosos são pagos para que defendam o Islamismo. Foi, pois, um passo muito imprudente de minha parte, porque levava diretamente a discussões e à defesa da fé. Por

outro lado, alguns anos depois me pediam que fosse à mesquita para ler a Bíblia. Nas cafeterias da região encontrei um terreno mais neutro. Mas creio que o melhor lugar realmente é a casa de um amigo; porém leva tempo para ganhar a confiança a ponto de

poder entrar em suas casas. Qual, pois, será sua resposta se lhe perguntarem o que pensa de Maomé? “Seu eu cresse

nele como vocês, é claro que não seria cristão.” “Mas por que você não crê nele?” Nós cremos no Senhor Jesus; por que você não crê, por sua vez em nosso senhor Maomé?” “Todo crente procura as bênçãos de Deus. Vocês poderiam me mostrar uma só bênção que

eu possa receber em Maomé que já não possua pela fé em Cristo?” “Então, o que vocês pensam de Maomé?”

Devemos ser sempre corteses ao responder, dando algum título a seu profeta. Podemos dizer algo como: “Maomé verificou que os árabes adoravam muitos deuses e os levou à fé um só Deus. Estabeleceu a unidade em seu povo desgarrado por rivalidades internas. Tudo

isso diz muito em seu favor. Chamou-se a si mesmo profeta enviado por Deus, mas jamais pretendeu ser um salvador, mas um simples pregador. Jesus Cristo proclamou-Se Salvador

do pecado. Podemos, então, aceitar a palavra de cada um a seu próprio respeito. Maomé

Page 58: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

mostrou aos homens o caminho de Deus, dizendo- lhes que não pecassem, e Jesus Cristo

proclamou que era o único caminho para Deus. Vamos procurar compreender o que cada um dizia de si mesmo.”

Podemos também perguntar delicadamente: “Onde está enterrado Maomé? Em Meca ou Medina? Onde está o Senhor Jesus? Está vivo para sempre. Ressuscitou dentre os mortos. (Se o cristão não perguntar onde seu profeta está enterrado, eles afirmarão que está vivo da

mesma maneira que Jesus, estando apenas ausente). Como sei que está vivo? Tenho a prova das Escrituras, nas quais creio. Além disso, eu o sei porque vive dentro de meu

coração.” Lembre-se de que a um muçulmano pode-se dizer praticamente qualquer coisa, desde que o façamos com cortesia e com um sorriso. Eles sabem por instinto quando o cristão os ama,

simpatiza com eles e deseja o seu bem. Tenha sempre presente que o muçulmano poderá tentar provocá- lo e fazer com que perca as

estribeiras. Ele sabe que, se conseguir seu intuito, haverá outros que não o escutarão. Se por outro lado, alguém do grupo deles se descontrolar, isso poderá ser vantajoso para você. Acaricie sua barba, ou queixo, e diga: “Por favor, perdoem-me. Não tive a menor intenção

de perturbá- los. Se soubesse o que iria ocorrer, não teria dito a verdade tão claramente. Peço que me perdoem.” (Dizem que a barba de um turco se arrepia quando ele está irado).

Às vezes, basta acariciar a barba, olhar para os que estão ao redor e sorrir. Se estivermos falando para um pequeno grupo e um chefe religioso quiser monopolizar a atenção da conversa, é prudente ter em mente os outros presentes e suas necessidades

espirituais. Fale para eles, e não somente ao homem que pretende discutir. Lembre-se de que eles o observam atentamente para ver suas reações e o ouvem com todo o cuidado.

Haverá ocasiões em que um dos homens do grupo continuará fazendo objeções. Pegue então seu relógio e o coloque diante deles, dizendo: “Vou dar- lhes dez minutos para que vocês digam exatamente o que Maomé fez por vocês. Depois, concedam-me outros dez

minutos para que eu diga o que Cristo fez por mim. Eu ouvirei enquanto vocês falam, e confio que vocês farão o mesmo comigo.” Evidentemente, é necessário ser muito cortês e

deixá-los falar primeiro. Nunca vi um muçulmano que demorasse mais de dois minutos para terminar. Depois, você poderão contar com inteira sinceridade tudo o que o nosso maravilhoso Senhor significa para você e para quantos confiam nEle. Atenção, se não

deixar que o muçulmano fale primeiro, ele se limitará a transferir tudo o que ouviu para Maomé. Este método surte efeito quando algum fanático tenta monopolizar a conversa

para impedir que os outros ouçam do Senhor. Se trabalhar em aldeias ou com um grupo de homens, será quase inevitável que, às vezes, um ou mais deles se sintam realmente incomodados. A única coisa que se pode fazer então

é deixá- los, mas invocando ao mesmo tempo as bênçãos de Deus sobre eles, de forma que o ouçam. Talvez profiram maldições contra você, mas é preciso falar bem deles e pedir a

Deus que os abençoe. Tão breve quanto possível, deve-se voltar ao grupo ou à aldeia, não para recomeçar a discussão, mas para mostrar- lhes que continua os amando. Cumprimente-os da mesma forma, sente-se com eles e converse. É bem provável que se mostrem

francamente amistosos e que façam perguntas sobre o que havíamos tentado explicar na ocasião anterior. O amor não falha.

É bom lembrar que o muçulmano é sempre forte quando parte para a ofensiva na discussão. Dispara uma rajada de perguntas e nos leva a ficarmos na defensiva; porém, se os papéis se invertem e nós assumimos a ofensiva, torna-se inseguro e perplexo. Será necessário ter

muito amor e muito tato para lidar com essa situação. Você pode dizer: “Você diz que o

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Corão é a Palavra de Deus. Poderia então dar-me uma prova concreta disso?” Ou então:

“Jesus Cristo me assegurou o perdão de meus pecados passados, a esperança para o futuro e a paz de Deus no presente. Que outra bênção posso ter crendo no que vocês crêem?”

Finalmente, é muito importante recordar que o Espírito Santo, o Conselheiro, os guiará em todas as respostas. Conte com Ele para usar a “Espada do Espírito”. Sobretudo, cuide de tratar um só tema por vez. Leve a conversa sempre de volta ao assunto, empregando

trechos apropriados das Escrituras.

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Capítulo 14

Ajudar o Convertido

O que o mundo muçulmano mais necessita hoje é de pessoas que saibam se colocar no lugar dos cristãos que antes foram muçulmanos; que possam apreciar seus problemas,

compartilhar de seus sofrimentos e fazê- los sentir que são compreendidos e aceitos realmente pelos centros cristãos. Com freqüência, existe um tremendo abismo entre o missionário com sua casa confortável e seu automóvel moderno e o homem que enfrenta o

ostracismo em cada momento do dia, ou a jovem casada com um muçulmano. Nos países muçulmanos, o novo cristão enfrenta literalmente a perda de todas as coisas por amor de

Cristo. Freqüentemente, perde seu lar, trabalho, posição na comunidade, status, família e às vezes até a própria vida. Todos os dias enfrenta o abandono, a zombaria e em certas ocasiões até sua integridade física é comprometida. É visto como traidor de sua pátria.

Rejeitado por sua comunidade, com freqüência é olhado com receio pelos cristãos, que se mostram relutantes em recebê- lo em sua igreja local. É de suma importância que ele sinta

que os lares cristãos estão abertos. Que tenha a certeza de que será bem recebido a qualquer momento e que encontre alguém com quem possa compartilhar seus problemas e orar. Aqui também a principal lição que o missionário pode tirar é aprender a ouvir toda a

história até o final. Após cada conversão, deve seguir-se um período de instrução individual. Se a pessoa não souber ler, deve-se tentar ensiná- la através das Escrituras. Se possível, deve-se ajudá- la a

ler a Bíblia em sua língua nativa. A grande maioria dos jovens cristãos dos países muçulmanos lê hoje o Novo Testamento em uma língua européia simplesmente porque é a

única língua que o missionário conhece ou fala fluentemente. A Bíblia árabe clássica pode ser a resposta, mas em alguns países é difícil para os jovens crentes segui- la, embora normalmente não queiram admiti- lo, por tratar-se de árabe erudito. Se usar o inglês, é

importante que seja uma versão moderna, como a „New American Standard Bible‟. Pode ocorrer que o convertido já saiba de memória algumas partes do Corão. Temos de

explicar-lhes a diferença que há entre essa prática e o estudo da Bíblia. Seu objetivo não deve ser repetir longas passagens, mas fazê- lo ver a Bíblia como tendo instruções divinas que o ensinam a viver como cristão. Deus revela Sua vontade através da Bíblia. Em

contrate com o Corão – que, segundo os muçulmanos, desceu do céu e foi dado a Maomé pelo anjo Gabriel – a Bíblia nos foi dada durante um longo período e sua mensagem vai de

encontro às diversas necessidades das pessoas. É a Palavra inspirada de Deus, dita pela voz de Deus, trazendo a mensagem de Deus a cada pessoa, em qualquer circunstância que possa estar atravessando. Em cada página da Bíblia, deve-se buscar a Cristo, descobrir o que

Deus lhe diz sobre a maneira de viver a cada dia. É bem provável que o convertido oriental possa compreender certas partes da Bíblia melhor que o próprio missionário, pois o

ambiente da Bíblia é sua própria terra. Não “distorça” a interpretação de nenhum versículo para fazer com que se encaixe na doutrina evangélica. Tomemos o Novo Testamento em seu sentido literal.

O convertido do Islamismo corre o risco de que lhe tirem a Bíblia, de ser preso ou perseguido de outras maneiras. Por isso é necessário incentivá- lo a decorar passagens mais

longas, de forma que possa recordar-se delas em momentos de perseguição. Se tiver

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condições de ouvir programas evangélicos pelo rádio, isso pode ajudá- lo a tomar

consciência de que é membro de uma grande família espalhada pelo mundo todo. Temos de encorajá- lo a seguir um sistema de leitura diária da Bíblia, como “Luz Diária”, “O

Cenáculo”, etc. Batismo

Os muçulmanos geralmente olham o batismo como a ruptura definitiva com o Islamismo,

porque constitui uma confissão pública de fé em Cristo. É muito problemático ser um crente verdadeiro em segredo, sem confessar a própria fé. Ocultar continuamente a luz e levar uma vida dupla leva à perda da alegria no Senhor. O primeiro passo, portanto, é

confessar a Cristo, reconhecê- lO como Senhor, contar a outros – familiares e estranhos – o caminho maravilhoso que encontrou. Antes de dar o passo seguinte do batismo, é preciso

considerar várias coisas. Ao batismo, segue-se normalmente a admissão entre os membros da Igreja e a participação na ceia do Senhor. A maioria dos cristãos considera desonroso para o Senhor o abster-se de participar de Sua ceia para observar o jejum muçulmano do

Ramadã. O cristão deve ter isto em mente. É muito difícil para eles quebrar o jejum; por isso, o desejo de fazê- lo e o querer ser batizado não deixam dúvidas a respeito da

sinceridade da sua fé. Conseqüentemente, não se deve exigir que o recém-convertido espere o batismo após a conversão, como ocorre em alguns países pagãos. O objetivo é assegurar-se da realidade de sua nova vida em Cristo.

Aquele que se converte do Islamismo está disposto a enfrentar a própria morte para demonstrar sua sinceridade. É óbvio, portanto, que se ele realmente deseja o batismo e tem

consciência e identificação com seu Senhor, não se deve obrigá- lo a esperar. No caso de um menor de idade, deve-se obter a permissão dos pais. Uma mulher jovem convertida ao Cristianismo dificilmente poderá ser batizada sem a permissão de seu marido, e

provavelmente de seus pais. Deve-se procurar defendê- la de todas as formas possíveis e assegurar- lhes proteção.

Pode ser que alguns crentes queiram prorrogar o batismo até que se encontrem numa situação virtualmente independente da sociedade em que vivem. O ideal seria aguardar o necessário e batizar várias pessoas de uma só vez.

O Ensino dos Apóstolos

É necessário fazer todo o esforço possível para ensinar todas as verdades fundamentais do Novo Testamento, A epístola aos Gálatas é ideal para os que chegam a Cristo provenientes

do Islamismo. Se não é possível organizar estudos coletivos, é imprescindível, então, o ensino individual. O recém-convertido deve saber explicar sua fé aos outros e refutar as

objeções utilizando o Novo Testamento. Por exemplo, talvez seu amigo muçulmano insista que Jesus predisse a vinda de Maomé. Ele deverá saber citar João 14.16: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador...” “É exatamente isso”, replicará o muçulmano. O

cristão deve chamar a atenção de seu amigo para o contexto, sublinhando as palavras: “a fim de que esteja para sempre convosco”. Então você perguntará: “Ele ainda está com

vocês?” O versículo seguinte mostra precisamente quem é a ajuda: “o Espírito da verdade”. É preciso ensiná- lo a usar da Palavra – a espada do Espírito – primeiramente em si mesmo e em seguida na defesa de sua ainda recente fé.

Page 62: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

Fraternidade

Fraternidade é o que mais necessita o jovem cristão nos países muçulmanos. Enquanto era

muçulmano, fazia parte de uma ampla comunidade, na qual era aceito. Agora, ao tornar-se cristão, mostra em cada momento do dia que é alguém separado, pois o Islamismo penetra em todos os aspectos da vida cotidiana. É muito importante que os cristãos do lugar o

envolvam com afeto e cuidados, para que saiba que faz parte do novo co rpo. Isto é ainda mais importante do que doutrinas e crenças especiais. Agora está separado de sua antiga

comunidade. Precisa sentir que realmente pertence à nova que abraçou. Deve haver uma atmosfera de amor na igreja. A princípio, se sentirá muito estranho nas reuniões comunitárias. É importante que

tentemos enxergar através de seus olhos. Na Mesquita, havia um clima de reverência e temor. Ele também espera encontrar o mesmo na igreja; mas, com freqüência, não o acha

nos círculos evangélicos. O Islamismo caracteriza-se pela importância que concede ao louvor e à adoração. Graças a Deus, isso é algo que vai aumentando entre os jovens cristãos hoje em dia conforme vão conhecendo o Espírito Santo e deixando que Ele os governe. As

mensagens deverão ser sempre sinceras, apropriadas às necessidades cotidianas e expostas com amor.

O Partir do Pão

O partir do pão é algo a que o nosso convertido do Islamismo pode ter acesso porque, de certa forma, parece-se com o ritual do Islamismo. Através dessa celebração, poderá mostrar

seu amor ao Senhor Jesus, recordando-se dEle e participando da Sua mesa. Antes de recebê- lo como membro da igreja, deveria fazer com que veja que o participar da ceia do Senhor implica no rompimento com o Islamismo, especialmente durante a festa do

Ramadã.

Orações

Vimos que nos Islamismo, a oração é um ritual que se pratica em momentos determinados,

sendo que na Arábia é constante. O novo cristão provavelmente sentirá falta do ritual e levará algum tempo para entender que quando o cristão ora es tá falando com o Pai celestial.

É imprescindível que lhe seja ensinado o modelo de oração de Mateus 6.9-13, pois ali encontrará a base de suas orações diárias. A principal dificuldade que ele encontrará será um lugar onde possa estar a sós com seu Pai para orar e meditar na Sua Palavra. É

praticamente impossível, em uma casa muçulmana, ficar em silêncio e a sós com Deus. Caso se trate de um homem, poderá retirar-se para o campo ou para as montanhas. Algumas

mulheres optam por fazer suas orações colocando uma manta na cabeça à noite. Embora tenham o costume de dizer “no nome de Deus” antes das refeições, é necessário ensinar-lhe que o cristão dá graças a Deus por tudo, inclusive pelo alimento. Ensinem-no a fazer suas

orações seguindo este modelo: “Dou-te graças, Senhor. Perdoa-me, Senhor. Peço-te, Senhor”. Deve extravasar seu coração agradecendo as bênçãos, confessando qualquer coisa

que esteja impedindo sua comunhão com Deus e pedindo perdão; então, intercedendo por si mesmo e pelos outros, e implorando respostas definitivas no nome de Cristo. Pode ser útil que tentemos nos colocar no lugar dos cristãos dos países muçulmanos.

Lembremo-nos de todas as coisas que eles têm de renunciar por amor a Cristo. Deixar o

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Islamismo é tornar-se apóstata, é ser visto como traidor de sua pátria, deparar-se com

contínua oposição e perseguição das autoridades religiosas e civis, mas, sobretudo, da própria família. Pensando nisso, o estrangeiro deverá fazer tudo que estiver ao seu alcance

para ajudar o convertido. Em seus esforços de evangelização, devem ter sempre em mente as possíveis reações de seus atos, embora zelosos, possam suscitar contra os cristãos locais. O estrangeiro deve deixar o país depois de seus desacertos, mas o cristão nacional tem de

ficar e pagar as conseqüências. É aí que poderemos demonstrar quão profundo e sincero é nosso amor ao Senhor e aos outros. Que o Senhor nos livre de sermos cristãos imaturos e

superficiais a esse respeito.

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Capítulo 15

Sugestões Finais e Conclusão

1. Os muçulmanos criticam freqüentemente as roupas utilizadas pelos ocidentais, mas o

fato de se colocar um turbush ou turbante , como o fazem as mulheres na maioria de seus países, é ser imediatamente classificado como seguidor do Islamismo.

Naturalmente, é difícil fazer uma firmação genérica que englobe todos os países. É necessário consultar as mulheres e jovens que vivem na região. A contestação de uma universitária diferirá, obviamente, da de uma mulher mais humilde, mas todas devem

ser levadas em consideração. Na Argélia, a expressão the shoudd thimharemth (colocar/ pôr turbante) significa que a pessoa se tornou muçulmana. O missionário não deve usar

calções curtos quando estiver com os muçulmanos, e a jovem que usar saia curta se encontrará em apuros quando tiver de sentar-se nas esteiras com as mulheres muçulmanas. Deve cobrir o corpo tanto quanto seja possível. Isto se aplica tanto na

África Central, entre pagãos islamizados, como no Oriente Médio. 2. Quando se trabalha em uma aldeia com muçulmanos, o mais importante, ao falar, é

escolher com cuidado lugar e a posição de ficar. É necessário ter todo o auditório à frente, de sorte que se possa ver a todos. Sentar-se tendo atrás um muçulmano crítico ou estar em uma casa com dois andares tendo um oponente acima e fora de vista é fatal.

Não haverá sequer necessidade de que o outro fale, pois usará sinais e mímica para desacreditar tudo o que dissermos.

3. Não é prudente falar a um muçulmano de sua fé pessoal, ou de nossa própria, presença

de outros. Procure evitar tal situação. Ele se colocará na posição de defender ou promover sua religião. Sempre que possível, devemos falar- lhe em particular. Isto se

aplica também a países em que parte da população é muçulmana e parte pagã ou cristã. 4. Na evangelização de muçulmanos, é aconselhável seguir as instruções do Mestre e sair

de dois em dois. Não há vantagem alguma em ir em grupo; pelo contrário, há sim

muitas desvantagens. 5. Quando estiver com muçulmanos que se assentam em esteiras, não hesite em sentar-se

com eles. Talvez tragam uma cadeira e insistam para que se sente nela, como uma espécie de chefe, mas é necessário recusar a todo custo. Eles precisam ver que somos humanos como eles e que desejamos compartilhar, e não dominar. É bom lembrar que

eles oram sobre as esteiras e, por essa razão, tiram os sapatos antes de pisar nelas. O missionário deve fazer o mesmo. É simples cortesia.

6. Você perceberá que, normalmente, o mestre senta-se para falar. Sendo este o caso, o obreiro deverá seguir essa prática local. Na maioria dos países muçulmanos, é melhor não se por de pé para pregar, mas sentar-se. Há exceções e, às vezes, será necessário

pregar em pé no mercado, caso seja possível e permitido. Quando a lei do país proíbe as reuniões ao ar livre, o cristão deve observá- la.

7. É muito importante ler a Bíblia, e é estrategicamente interessante que as pessoas vejam que ela está em sua própria língua, especialmente se possuir caracteres arábicos. O arábico é chamado de “língua dos anjos”, e eles têm, inclusive certa reverência pela

escrita arábica. Devemos nos servir dessa superstição, demonstrando que nós também a admiramos e nos agradamos em lê- la.

Page 65: Levando Cristo ao Mundo Muçulmano

8. Entre muçulmanos é aconselhável expor uma mensagem direta e simples, que dure

aproximadamente uns 10 minutos. Essa mensagem inicial deve formar o centro da conversa, e o missionário deve voltar a ela continuamente durante a discussão. Antes de

deixar o grupo, deve-se repassar novamente os pontos mais importantes. 9. Deve-se abordar um tema de cada vez. Se falar sobre arrependimento, trate a fundo esse

aspecto. Não se deve misturar mensagens sobre perdão, paz, vida eterna etc. Uma

verdade cada vez é suficiente. 10. Nunca tema dizer toda a verdade. O muçulmanos admira o homem que, corajosamente,

verbaliza tudo aquilo em que crê. 11. Se fizerem uma pergunta cuja resposta não conheça, é melhor dizê- lo francamente.

Prometa que considerará a questão e comunicará a resposta ao interessado mais tarde.

12. Tenha sempre em mente que uma das regras fundamentais do ensino é partir da verdade que eles conhecem, passando em seguida a novas verdades.

13. Ore antes de encontrar-se com muçulmanos e ao deixá- los. 14. Prepare cada vez uma mensagem objetiva e tenha notas na Bíblia escritas na linguagem

deles. É bom sublinhar o versículo ou versículos que constituem a chave da conversa.

Marque na Bíblia todos os versículos importantes, de modo que seja fácil localizá- los. 15. Obedeça à orientação do Espírito Santo. Pode ser que você nem chegue a expor a

mensagem que tinha preparado, mas não tenha dúvidas de que ela será útil em outra ocasião.

16. Tenha um livro no qual possa anotar todas as objeções à fé cristã. Reserve uma página

para cada objeção. Ore em silêncio sobre cada uma. Peça a Deus que mostre quais versículos da Bíblia tratam cada objeção da maneira mais eficaz. Pense em algumas

ilustrações que possam ser utilizadas. De que maneira deve ser explicada a fé cristã de forma a resolver algum impedimento específico que esteja inquietando a mente dos muçulmanos?

17. O mais sensato é evitar doutrinas que não se encontram especificamente tratadas em algumas passagens das Escrituras, por exemplo, a da Trindade. Exemplos como o de

um mesmo homem que desenvolve três funções, tais como membro da igreja, esposo e padeiro, não impressionam os muçulmanos. Nem também a do sol visto como um corpo celeste, como luz solar e como raios com os quais podemos nos aquecer. Pode ser que

tais ilustrações convençam uma mente ocidental, mas não eficazes para comunicar essa verdade ao muçulmano.

18. Lembre-se de que, enquanto o homem não reconhecer que é pecador, não procurará um Salvador. Não terá um arrependimento genuíno, a não ser que enxergue o pecado como uma rebeldia contra Deus. Jamais se submeterá a Cristo como Senhor sem a intervenção

do Espírito Santo. Dependemos totalmente dEle. 19. O muçulmano não se impressiona com o fato de um cristão falar em línguas. Atribuirá

tal acontecimento aos maus espíritos, ou dirá que o cristão é um dervish. Não entra na cabeça do muçulmano que alguém diga ter o dom de línguas mas seja incapaz de falar o dialeto ou a língua muçulmana. Para ele, a melhor prova do poder do Esp írito Santo é

uma mensagem adequada à sua necessidade, expressa em sua própria língua e baseada na Bíblia. Ele se sentirá deveras atraído por ela e desejará voltar a ouvi- la.

20. Lembre-se da importância da Bíblia. Uma mensagem pode ser logo esquecida; mas as Escrituras continuam a falar. A livre distribuição de porções das Escrituras é sumamente imprudente. É muito melhor vender o Novo Testamento ou os Evangelhos

do que dá-los de presente. O muçulmano aprecia aquilo que tem que comprar. Pode ser

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que se recuse a comprá-lo, por não ter a fórmula muçulmana bi ism Allah nele impressa.

Devemos lembrá-lo de que o pão que compra também não tem essa fórmula. Ele diz bi ism Allah, e o come. Por que, então, não fazer o mesmo com o pão da vida, a Palavra de

Deus? Procure tratar a Bíblia com a mesma reverência com que eles tratam o Alcorão. Jamais o trarão abaixo da cintura, porque o consideram precioso. Por esta razão, quando vêem

folhetos ou Escrituras que contêm o nome de Deus e este são pisados, tendem a depreciá-los. Assim, pois, requer-se muita prudência para fazer com que a Bíblia, ou parte dela, lhes

seja acessível. Não se deve, porém, distribui- la de modo que tenha seu valor rebaixado aos olhos das pessoas. Somos “o povo do Livro”. Que possamos, então, reverenciá- lo e honrá-lo exatamente pelo que é: a Palavra do Deus vivo.

É evidente, nos dias de hoje, a ação de Deus entre os muçulmanos de muitos países. Muitos procuram a verdade. Inúmeros são os que confiam no Salvador e enfrentam o exílio, a

perseguição e até a morte com tremenda coragem. Quando em determinados países portas se fecham, Deus chama um número cada vez maior de jovens para servi- lO entre os muçulmanos.

A evangelização de muçulmanos exige muita paciência, mas é recompensadora e glorifica a Deus. A vontade do Senhor é que todo homem ou mulher ouça as Boas Novas.

Continuemos trabalhando até o dia em que uma grande multidão, a qual nenhum homem poderá contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, esteja perante o trono clamando: “Ao nosso Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap 7.10).