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INSTITUTO DE AGRONOMIA - DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA LEVANTAMENTO ESTRUTURAL APLICADO POR IMAGEAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO NA FOLHA DE ITAGUAÍ - RJ GUSTAVO GROSSI ROBERTO Orientador: Prof. Dr. Fernando Machado de Mello Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Geólogo. UFRRJ Dezembro de 2010 Obra para Consulta

levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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Page 1: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

INSTITUTO DE AGRONOMIA - DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

LEVANTAMENTO ESTRUTURAL APLICADO POR

IMAGEAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO

NA FOLHA DE ITAGUAÍ - RJ

GUSTAVO GROSSI ROBERTO

Orientador: Prof. Dr. Fernando Machado de Mello

Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Geólogo.

UFRRJ

Dezembro de 2010

Obra para Consulta

Page 2: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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1 – ROBERTO, GUSTAVO GROSSI

Levantamento Estrutural Aplicado por Imageamento e Sensoriamento

Remoto na Folha de Itaguaí - RJ

Curso de Geologia / Departamento de Geociências Instituto de Agronomia / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRuralRJ [Seropédica] Ano 2010

Trabalho de Graduação

Monografia

Área de Concentração: Sensoriamento Remoto, Geologia Estrutural e Análise Ambiental

Obra para Consulta

Page 3: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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INSTITUTO DE AGRONOMIA - DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

Gustavo Grossi Roberto

Monografia APROVADA EM _____/_____/______ ( ___ de dezembro de 2010)

__________________________________________ Prof.Dr. Fernando Machado de Mello (UFRuralRJ)

(Orientador)

(Banca Examinadora)

__________________________________________ Décio Tubbs Filho (UFRuralRJ)

__________________________________________ Gustavo Mota de Sousa (UFRuralRJ)

UFRRJ

Dezembro de 2010

Obra para Consulta

Page 4: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

4

AGRADECIMENTOS

Seria impossível listar em breves palavras todas as pessoas, seres ou

estruturas, que de alguma forma, escalaram essa montanha em minha

companhia.

Minha mãe, Maria Inês Guerra Grossi, onipresente, praticamente tão

Geóloga quanto eu. Sonhadora incansável e crítica presente. Pai, José Félix

Roberto, ouvido sábio em momentos turbulentos e companheiro fiel em horas

de alívio. Irmão, Felipe Grossi Roberto, amigo inseparável.

Vó Maria José Guerra Grossi, matriarca serena e confiante,

acompanhada de um Luar eterno e carinhoso em meio às estrelas. Família

indispensável. Aos tios e primos, espectadores ansiosos dessa jornada.

Amigos... aos que foram, aos que serão e aos que são. Alex Chavier

Silva, de tempos primordiais. Lara Carneiro Matos, amiga leal e Geóloga de

talento. Ao passado ouropretano e raízes espeleológicas, que me abriram um

sorriso geológico de que quem vê e compreende.

Ao orientador e amigo Profº. Fernando Machado de Mello, pelas horas

de dedicação.

Ao ensino público e gratuito, direito de todos.

Obra para Consulta

Page 5: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

5

"Para o homem consciente só há um dever:

procurar a si mesmo, afirmar-se em si

mesmo e seguir sempre adiante o seu

próprio caminho, sem se preocupar

com o fim a que isso possa conduzí-lo."

Hermann Hesse

Obra para Consulta

Page 6: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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ÍNDICE

RESUMO............................................................................................................ 9 ABSTRACT ...................................................................................................... 10 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11

1.1. Localização e Vias de Acesso ........................................................... 11 1.2. Materiais e Métodos ........................................................................... 13 1.3. Objetivos ............................................................................................ 13

2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS .................................................................. 15 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 19

3.1. Geologia Regional.............................................................................. 19 3.2. Geologia Estrutural ............................................................................ 21

4. GEOLOGIA LOCAL .................................................................................. 25 4.1. Complexo Rio Negro .......................................................................... 26 4.2. Suíte Serra das Araras ....................................................................... 27 4.3. Unidade Colúvio-Aluvionar ................................................................. 28 4.4. Geologia Estrutural ............................................................................ 29

5. SENSORIAMENTO REMOTO .................................................................. 32 5.1. Uso no levantamento de recursos naturais ........................................ 32

6. INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS GERADAS ....................................... 34 6.1. Composição RGB .............................................................................. 35

6.1.1. Composição 3 – 2 – 1 ................................................................. 37 6.1.2. Composição 4 – 5 – 7 ................................................................. 38 6.1.3. Composição 5 – 3 – 1 ................................................................. 39

6.2. Razão entre Bandas .......................................................................... 40 6.2.1. Razão 4/5 – 4/2 – 4/7 .................................................................. 40 6.2.2. Razão 5/7 – 4/3 – 4/1 .................................................................. 41

6.3. Modelo Digital de Terreno .................................................................. 43 6.4. Sombreamento Direcional .................................................................. 44 6.5. Filtros Direcionais............................................................................... 47 6.6. Principais Componentes .................................................................... 48 6.7. Principal Componente 1 (PC1) .......................................................... 49 6.8. Análise Estrutural ............................................................................... 50

7. ENTORNO DE SEROPÉDICA–RJ E IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS ........ 57 CONCLUSÕES ................................................................................................ 59 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 61 ANEXOS .......................................................................................................... 66

Lista de Abreviações .................................................................................... 67

Obra para Consulta

Page 7: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Articulação geográfica das cartas, área de estudo em destaque. ..... 12

Figura 2: Principais vias de acesso à área de estudo ...................................... 12

Figura 3: Mapa destacando principais feições geomorfológicas e geológicas

dos riftes terciários da região costeira do sudeste do Brasil ............................ 16

Figura 4: Perfil morfo-estrutural interpretado do Rifte do Paraíba do Sul (Gráben

de Taubaté) e do Rifte Litorâneo (Sub-Gráben de Paraty) ............................... 17

Figura 5: Imagem de satélite do Gráben da Guanabara .................................. 18

Figura 6: Porção continental da plataforma sul-americana .............................. 19

Figura 7: Esboço do mapa geológico – tectônico do estado do Rio de Janeiro.

Extraído de Silva et al. (2003). ......................................................................... 20

Figura 8: Esboço estrutural do Cinturão Paraíba do Sul .................................. 22

Figura 9: Croquis ilustrativos de famílias de juntas sistemáticas ...................... 23

Figura 10: Direção dos esforços obtidos, relacionados à transcorrências e

distensões, com compressão local NW-SE e extensão local NE-SW .............. 24

Figura 11: Trecho do mapa geológico do RJ.................................................... 25

Figura 12: Foto de afloramento em Japeri-RJ .................................................. 26

Figura 13: Foto de monzogranito com aspecto bandado, em Japeri-RJ. ........ 27

Figura 14: Figura de colinas aplainadas e os depósitos aluvionares ............... 28

Figura 15: Plano de falha com direção indicada aproximada E-W ................... 30

Figura 16: Foto mostrando foliação principal, com caimento para NE ............ 30

Figura 17: Composição 3 – 2 – 1, cena 217/76, satélite Landsat 7 . ................ 37

Figura 18: Composição 4 – 5 – 7, cena 217/76, satélite Landsat 7. ................ 38

Figura 19: Composição 5 – 3 – 1, cena 217/76, satélite Landsat 7 . ................ 39

Figura 20: Razão 4/5 – 4/2 – 4/7, cena 217/76, satélite Landsat 7 . ............... 41

Figura 21: Razão 5/7 – 4/3 – 4/1, cena 217/76, satélite Landsat 7 . ................ 42

Figura 22: Modelo digital de terreno e SRTM, cena 217/76, Landsat 7. .......... 43

Figura 23: Modelo digital de terreno e composição 4 – 5 – 7 ,cena 217/76,

satélite Landsat 7. ......................................................................................... 44

Figura 24: Combinação de Modelo Digital de Terreno com sombreamento

direcional. ......................................................................................................... 45

Obra para Consulta

Page 8: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

8

Figura 25: Combinação de Modelo Digital de Terreno com sombreamento

direcional. ......................................................................................................... 45

Figura 26: Combinação de Modelo Digital de Terreno com sombreamento

direcional .......................................................................................................... 46

Figura 27: Combinação de Modelo Digital de Terreno com sombreamento

direcional. ......................................................................................................... 46

Figura 28: Imagem com filtro direcional S30°W, realçe de estruturas NW. ...... 47

Figura 29: Principais descontinuidades transversais na região do Rifte

Continental do Sudeste Brasileiro. ................................................................... 48

Figura 30: PC1 das bandas 3, 4 e 5. ................................................................ 49

Figura 31: Principais elementos estruturais na área de estudo. ....................... 51

Figura 32: Cartograma de intensidade de lineamentos estruturais .................. 52

Figura 33: Exemplos de integração em ambiente tridimensional .................... 55

Figura 34: Riftes (cinza) Cenozóicos e esforços transtensionais ..................... 56

Figura 35: Fotografia do local, mostrando o nítido abandono do lixo que não

recebe nenhuma seleção ou tratamento (Abril de 2010). ................................. 58

Obra para Consulta

Page 9: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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RESUMO

Esta monografia propõe uma metodologia de levantamento de possíveis

lineamentos estruturais mascarados através de técnicas de sensoriamento

remoto, tendo como área alvo a região compreendida na Folha Itaguaí (SF 23 –

Z – A - VI), com especial atenção à Bacia do Rio Guandu.

O reconhecimento de prováveis lineamentos estruturais, fraturas e juntas

e os padrões em que estão dispostas além de outras relações que estas

possam apresentar, podem fornecer valiosas informações sobre uma região

em estudo.

Além disso, este trabalho também objetiva identificar as imagens, bem

como as técnicas empregadas no desenvolvimento das mesmas, que melhor

expressam estes lineamentos. Para elaborar estes produtos, foram utilizadas

imagens do satélite Landsat ETM+.

Após o reconhecimento destes lineamentos, foi realizada uma análise

estrutural e uma relação temporal entre os campos de tensão e as estruturas

geradas por eles, comparando dados produzidos em outros trabalhos, que

foram revisados para o presente relatório.

A relação espacial entre o controle hidrológico no Sub-Gráben do

Guandu-Sepetiba, inserido no Gráben da Guanabara, e os lineamentos NE do

embasamento, falhas de transferência e falhas de borda da Província

Mantiqueira não são completamente compreendidos. A aplicação de

imageamento digital sobre determinadas áreas tem mostrado importantes

resultados no arcabouço geodinâmico e sua significância no controle

hidrológico-estrutural. Nesta área, a interpretação de imagens Landsat 7 e

MDE (Modelo Digital de Elevação), aliados com a revisão bibliográfica e dados

de campo, mostram que o Rio Guandu e seus tributários estão instalados ou ao

longo de zonas de cisalhamento NE, ou zonas secundárias de direção NW, que

consistem em ramificações de uma zona de cisalhamento possivelmente ligada

a zonas de transferência. Tal informação representa um importante passo no

entendimento da arquitetura crustal da região e seus possíveis problemas,

além de mostrar como as técnicas de sensoriamento remoto podem ser úteis

ferramentas, na identificação de lineamentos estruturais em áreas complexas.

Obra para Consulta

Page 10: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

10

ABSTRACT

This monograph propose a methodology of structural lineaments survey

through remote sensing techniques on Itaguaí Map (SF 23 – Z – A - VI),

specially in Guandu-Sepetiba Subgráben (SGGS).

The recognition of structural lineaments, fractures, the pattern of joints which

they are disposed and other relationships, could provide valuable information

about a region.

Althoug, this report propose identify the best images, and the techniques

used in their development, to identify that structures. Landsat 7 imagery were

used to elaborate these products.

After lineaments recognition, a structural analysis were perfomed, and a

temporal relationship between stress and linked structures generate by them,

comparing data from others papers.

Guandu Basin is the most important supplier of metropolitan region of

Rio de Janeiro city. The spatial relationship between the hydrologic control in

Guandu Sub Graben of the GG and the crustal scale NE lineaments of the

basement (Mantiqueira Province) is not completely understood. The application

of digital imaging over an area in the has shown important results on the

structural framework and its significance as structural hydrologic . In this area

the interpretation of fused LANDSAT 7-TM and DEM (Digital Elevation Model)

images coupled with field papers reviews and field data have shown that the

Guandu River and his tributaries are settled along NW-trending subsidiary

shear zones that consist of ramifications of the largest NE crustal shear zones.

Such observation is an important step in the study of the crustal geodynamics of

the region and its possible problems shows how the techniques of remote

sensing can be an useful tool to the strutural lineaments in complex areas.

Elaborate research studies like this, are very usefull on environmental

and natural resources administration and urban planning.

Obra para Consulta

Page 11: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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1. INTRODUÇÃO

O estudo que compreende o presente trabalho envolvendo as áreas de

geologia estrutural, sensoriamento remoto, geoprocessamento e com

aplicações em geologia ambiental, abrange principalmente o município de

Seropédica, região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro-RJ, a UFRRJ,

principal ponto de referência, além de boa parte de Japeri e Queimados-RJ.

Pretende-se neste trabalho realizar o levantamento de possíveis

lineamentos estruturais e conjunto de fraturas a partir de imagens, de satélite

Landsat 7, MDT, sombreamentos e filtros direcionais além de levantamento

geológico-estrutural, associados a ferramentas de sensoriamento remoto, na

área da Folha Itaguaí (SF23 – Z – A – VI), com destaque para a área de

Seropédica-RJ e com implicações ambientais, focadas na localização de

depósitos de resíduos.

Esta região necessita de maiores investigações geológicas, visto que a

espessa cobertura quaternária, muitas vezes, impede a visualização de

estruturas em campo. Além disso, a Bacia do Guandu representa hoje o

principal fornecedor de água da região metropolitana da cidade do Rio de

Janeiro e, em seu controle de drenagem, o condicionamento estrutural é

evidente.

Inserida neste contexto, a elaboração de mapas geológico-estruturais é

parte fundamental no desenvolvimento de material técnico aos gestores e a

todos os outros segmentos envolvidos nestas questões.

A partir de mapas e imagens de satélite, é possível fazer análises

estruturais aplicadas a avaliações de risco e susceptibilidade de uma

determinada área, tendo como parâmetros aspectos físicos, econômicos e

sociais. Tais medidas permitiram dimensionar com melhor precisão os

possíveis riscos, custos, e suscetibilidade a riscos.

1.1. Localização e Vias de Acesso

A área abrange toda a parte superior direita da Folha de Itaguaí (SF23-

Z-A-VI), na escala 1: 100.000 do IBGE entre as coordenadas geográficas

Obra para Consulta

Page 12: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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22°30/23°00’ S e 43°30’/44°00’ W (Figura 1).

As principais vias de acesso à área de estudo são a BR – 116 (Via

Dutra) que cortam toda a área transversalmente de leste a oeste, bem como a

antiga estrada Rio - São Paulo, BR- 465 que atravessa o município de

Seropédica-RJ e as vias de acesso secundárias, pavimentadas ou não, ligando

a estrada principal aos povoados e bairros existentes nas adjacências da

região. (Figura 2)

Figura 1: Articulação geográfica das cartas, com a área de estudo em destaque. (modificado de CPRM, 2007).

Figura 2: Principais vias de acesso à área de estudo. Modificado do DNIT (2009).

Obra para Consulta

Page 13: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

13

1.2. Materiais e Métodos

O trabalho teve início com levantamento e revisão da bibliografia

disponível sobre os aspectos geológicos da região, como a evolução tectônica,

geologia estrutural e outros trabalhos relevantes de caráter ambiental.

Dando suporte ao trabalho, foram usadas imagens de satélites, que

auxiliaram nas saídas de campo, no reconhecimento de estruturas locais a

partir de outras estruturas de escala regional.

Finalmente, a partir de dados gerados em campo, foi confeccionado o

presente relatório, e com auxilio de softwares de sensoriamento remoto, edição

de imagens, e programas de geoprocessamentos, as imagens de satélites

foram processadas, conforme o objetivo deste trabalho, em escritório.

Foram utilizadas imagens de satélite SRTM 90m, NASA para extrair as

principais feições lineares.

Os materiais e programas usados durante a elaboração do relatório

foram:

GPS (Global Position System);

Bússola tipo Brunton;

Imagens de satélite Landsat 7, cena 217/076, 2003;

Mapa geológico do Estado do Rio de Janeiro, 2007 (CPRM);

Software ENVI®4.5 e Corel Draw 12.0

1.3. Objetivos

Ao elaborar este trabalho, vários foram os objetivos traçados durante o

seu desenvolvimento.

Com este relatório, propõe-se como objetivo principal, verificar através

da elaboração de imagens de satélites com auxilio de softwares de

sensoriamento remoto, quais as composições que são de melhor aplicação ao

levantamento de lineamentos estruturais e outros estudos relativos ao campo

da geologia estrutural.

Além disso, também objetivo secundário, derivado deste principal, o

desenvolvimento de novos dados, que possam porventura servir de suporte a

Obra para Consulta

Page 14: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

14

futuros estudos, sejam eles de gestão territorial, avaliação ambiental ou

geológico, uma vez, que área de estudo abrange a Bacia do Guandu,

importante fonte de captação de água da região metropolitana da cidade do Rio

de Janeiro.

Obra para Consulta

Page 15: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

A série de grábens de idade cenozóica que ocorre na região Sudeste do

Brasil, desde o Paraná até o norte do Rio de Janeiro, incluindo a presente área

de estudo, tem sido bastante estudada por pesquisadores de Geociências.

Denominações diversas têm sido utilizadas para nomeá-las coletivamente:

Sistema de Riftes da Serra do Mar (Almeida, 1976), Sistema de bacias

tafrogênicas do Sudeste Brasileiro (Melo et al. 1985) e Rift Continental do

Sudeste do Brasil (Riccomini, 1991). Sua área de ocorrência coincide com a

extensão da Serra do Mar e com a Serra da Mantiqueira.

A evolução geomorfológica no Sudeste brasileiro é resultado,

principalmente, de um processo iniciado durante o Mesozóico, de separação do

supercontinente Gondwana, devido a um regime distensivo. Esse regime foi

responsável por um soerguimento regional, no Mesozóico-Paleogeno, seguido

de grandes desnivelamentos de blocos através de falhas predominantemente

NE responsáveis pela individualização das serras ancestrais do Mar e da

Mantiqueira e pela geração dos grábens terciários (Hasui et al. 1998).

No Neogeno-Quaternário houve a compartimentação da região em

grandes domínios morfológicos com características transpressivas,

transtensivas ou extensionais. Os processos exogenéticos que atuaram no

Cenozóico deixaram suas marcas na paisagem através das feições erosivas e

sedimentares, além das características morfoestruturais e morfotectônicas

segundo Coelho Netto et al., 1994 e Coelho Netto, 1999 (Figura 3).

Obra para Consulta

Page 16: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

16

Figura 3: Mapa destacando principais feições geomorfológicas e geológicas dos riftes terciários da região costeira do sudeste do Brasil. Fonte: Zalan. 2005.

O registro de imponentes escarpamentos com desnivelamentos, por

vezes superiores a 2.000m, alternados com depressões e bacias sedimentares,

reflete uma marcante influência da tectônica na compartimentação do relevo do

estado do Rio de Janeiro incluindo a região de estudo. Essa tectônica ligada ao

rifteamento continental da borda do sudeste brasileiro, com maior intensidade

entre o Cretáceo e o Terciário Inferior (Almeida, 1976), mas com reflexos em

uma neotectônica recente, registrados até o Quaternário (Ricomini, 1989).

As rochas das falhas reativadas e mesmo das zonas de cisalhamento

antigas, devido à baixa resistência à erosão diferencial, controlam o traçado da

rede de drenagem. Em adição, Ricomini et al. (1989) descrevem evidências de

falhamento tectônico em camadas sedimentares de idade pleistocênica ou até

mesmo mais novas.

O gráben da Guanabara formou-se no Paleoceno no interior do Planalto

Atlântico. Nessa ocasião este se estendia bem mais para sudeste. O recuo

erosivo de suas escarpas durante meia centena de milhões de anos fez com

que se aproximasse da borda sul do gráben, desfazendo-a em morros e serras

Obra para Consulta

Page 17: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

17

que constituem os Maciços Litorâneos. Este gráben foi analisado

estruturalmente por Ferrari (1990, 2001), sendo posteriormente subdividido

Zalán (2005) nos sub-grábens da Baía da Guanabara, Guandu-Sepetiba e

Paraty; separados por um divisor de águas (Zona de Transferência Tinguá-

Tijuca) e pela região em ilhotas que separam as baías de Sepetiba e da Ilha

Grande (Zona de Acomodação de Ilha Grande-Sepetiba). O perfil dos grábens

é invariavelmente assimétrico com a borda falhada sempre próxima a Serra do

Mar, com desnível variando de 1 200 m – 2 200 m. O estilo tectônico em

dominó é reconhecido em perfis (Figuras 4 e 5).

Figura 4: Perfil morfo-estrutural interpretado do Rifte do Paraíba do Sul (Gráben de Taubaté) e do Rifte Litorâneo (Sub-Gráben de Paraty). Perfil típico de tectônica dominó, ambos grábens assimétricos com bordas falhadas a norte (nas serras da Mantiqueira e do Mar, respectivamente). Por uma questão de simplificação, nem todas as falhas do mapa foram indicadas no perfil. Linha vermelha representa uma interpretação da atitude atual da Superfície de Aplainamento Japi, segundo Zalan (2005).

Obra para Consulta

Page 18: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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Figura 5: Imagem de satélite (Landsat 7, S-23-20_2000.sid, webpage Nasa Applied Sciences Directorate) com a interpretação estrutural detalhada do Gráben da Guanabara; subdividido em sub-grábens da Baía, Guandu-Sepetiba e Paraty, pelas Zona de Transferência Tinguá-Tijuca e Zona de Acomodação de Ilha Grande-Sepetiba, segundo Zalan, 2005.

Estudos desenvolvidos na região sudeste indicam uma superfície de

aplainamento, sendo identificada como Superfície do Japi (Almeida, 1964 e

1976) identificado ao norte da área adjacente a região em pauta.

Estas depressões tectônicas foram preenchidas por sedimentos

normalmente eocênicos-miocênicos (Melo et al., 1985), que não chegam a

alcançar 1000 m de espessura na Bacia de Taubaté, a maior delas. Sua fácies

sedimentar é típica de bacias intermontanas (predominânciade fanglomerados

e ambiente fluvial a lagos rasos), refletindo alta energia oriunda da criação

constante de relevos pela movimentação vertical diferencial das montanhas

circundantes. (Hackspacher et al. (2003) apontam para um soerguimento

acentuado a partir de 10 Ma até o Plioceno relacionado a reativações

tectônicas. Sugere-se que tal movimento possa ter sido o gerador do Gráben

do Rio Santana, calha tectônica desenvolvida imediatamente ao norte do

Gráben da Guanabara.

Obra para Consulta

Page 19: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

19

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Geologia Regional

A Plataforma Sul-Americana tem aproximadamente 15 milhões de km2 e

cerca de 40% dessa área está exposta e é representado por 3 escudos pré-

Cambrianos: os escudos da Guiana, Brasil - Central (Guaporé) e Atlântico

(Figura 6).

Figura 6: Porção continental da plataforma sul-americana, modificado de Almeida et al .(1976).

A Província Mantiqueira (Almeida et al. 1981), é constituída de um

sistema orogênico complexo, reunidos sob a denominação de Brasiliano / Pan

– Africano. Os terrenos presentes (em predominância) podem ser reunidos em:

A - Embasamento Arqueano e / ou Paleoproterozóico mais velho que 1,7

Ga;

B - Seqüências metassedimentares depositadas em bacias intracontinentais

Paleoproterozóicas a Mesoproterozóicas;

C- Seqüências metassedimentares e metavulcano – sedimentares

Neoproterozóicas que incluem seqüências de margem passiva (abertura

oceânica), seqüências relacionadas ao fechamento de oceanos (bacias

Obra para Consulta

Page 20: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

20

de ante – arco e retro – arco) e ao estágio da colisão continental (bacias

molássicas e de antepaís);

D- Granitóides Neoproterozóicos pré – colisionais, gerados em arco

magmático intra – oceânico ou de margem continental ativa, portanto

contemporâneos ao processo de subducção;

E- Granitóides Neoproterozóicos sincolisionais;

F- Coberturas Neoproterozóico – Cambrianas associadas a bacias tardi –

orogênicas e magmatismo pós – colisional.

Os processos relacionados acima, denominados de Orogênese Brasiliana,

ocorridos entre 880 Ma. e 520 Ma., foram subdividos por Silva (2001) em

Brasiliano I, Brasiliano II e Brasiliano III, devido a longa duração desta colagem.

O Cinturão Paraíba do Sul (CPS) (Ebert 1955, 1968) ou Faixa (ou

Cinturão) Ribeira (Almeida et al. 1973) no Estado do Rio de Janeiro,

compreende um segmento com orientação NE-SW deformado e metamorfizado

no Neoproterozóico, sendo constituído por rochas ígneas e metamórficas de

alto-grau,que bordejam a extremidade SE do Cráton São Francisco (CSF)

(Silva et al. 2003) (Figura 7).

Figura 7: Esboço do mapa geológico – tectônico do estado do Rio de Janeiro. Extraído de Silva et al. (2003).

Obra para Consulta

Page 21: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

21

3.2. Geologia Estrutural

No arcabouço tectônico da Faixa Paraíba do Sul três padrões de

lineamentos estruturais principais são reconhecidos: NE-SW, NW-SE, e E-W.

Os dois primeiros padrões são considerados os mais importantes e

representam descontinuidades pré-existentes no embasamento da bacia, que

foram reativadas sucessivamente durante a sua evolução e podem

corresponder a falhas simples ou extensas zonas de falhas (comprimento de

centenas de km e largura de poucas dezenas de km), por vezes associadas à

estruturas em flor, dobras e falhas reversas escalonadas ou grandes falhas

normais. Cabe salientar que as direções estruturais NW e NE são as que

apresentam o mais alto índice de concordância entre os elementos dos mapas

gerados por diferentes fontes de dados, enquanto as demais direções

apresentam índices baixos. Durante a ruptura continental do Gondwana,

ocorrida no Juro-Cretáceo, o padrão estrutural NW sofreu reativação, enquanto

o padrão NE, encontrado no embasamento adjacente e relacionado com

movimentação normal, não teria sido reativado e, ao contrário do padrão NW,

não estaria associado à colocação de diques básicos (Zalán et al., 1987). No

embasamento pré-Cambriano ressaltam-se lineamentos com direções

estruturais dominantes NE e NNE e direções isoladas NW.

A geologia estrutural da área assim como ao longo da Faixa Ribeira-

Paraíba do Sul é composta por diversos tipos de macro e micro estruturas.

As macroestruturas são diversas, estrutura em flor (Figura 8), sistemas

de sinformes e antiformes e aquelas associadas a intrusões que afetaram toda

região. Foliação principal (Sn) apresenta caimento principalmente para NW e

algumas medidas para nordeste. Falhas foram identificadas por análise de foto

aérea e em campo e possuem na maior parte das vezes trend NE e algumas

falhas NW todas condicionadas por drenagens (ex: Rio Guandu). Além destas,

grandes diáclases foram mapeadas e descritas de vários tamanhos e famílias.

Obra para Consulta

Page 22: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

22

Figura 8: Esboço estrutural do Cinturão Paraíba do Sul (CPS) no Estado do Rio de Janeiro (Modificado de Machado & Demange 1994 e Silva et al. 2000).

Hartwig & Ricomini (2009), fizeram um levantamento sistemático de

medidas de um conjunto amplo de falhas, fraturas e juntas na região da Serra

dos Órgãos no estado do Rio de Janeiro. Neste trabalho os autores,

subdividiram essas medidas em famílias, conforme a direção e freqüência de

cada uma destas. Das oito classes possíveis, as famílias NE-SW, NW-SE, E-W e

WNW-ESE representam 90% das estruturas medidas pelos autores (Figura 9).

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Page 23: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

23

Figura 9: Croquis ilustrativos das relações identificadas entre as famílias de juntas sistemáticas

de direções NE-SW, NW-SE, WNW-ESE e NNE-SSW (Hartwig & Ricomini, 2009).

Salvador (1994), realizou um levantamento estrutural na região entre os

municípios de Itatiaia (RJ) e Cruzeiro (SP). A autora fez uma análise estrutural

mais apurada das estruturas, como falhas/fraturas e juntas, e verificou a

relação temporal entre estas, num cenário neotectônico. Através de relações

de campo e análise de estereogramas, foi possível dividir essas estruturas em

duas classes geocronológicas: estruturas geradas/reativadas durante o

Cenozóico e numa fase neotectônica. Além disso, determinou os campos de

tensão atuantes e as estruturas produzidas em cada regime, que variou entre

fases extensionais, transcorrentes e compressivas (Figura 10).

Obra para Consulta

Page 24: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

24

Figura 10: Direção dos esforços obtidos, relacionados à transcorrências e distensões, com compressão local NW-SE e extensão local NE-SW. 1- embasamento pré-cambriano; 2- rochas alcalinas (MPQ- Maciço de Passa-Quatro, MIT- Maciço de Itatiaia); 3- sedimentos da Formação Resende; 4- sedimentos quaternários; 5- falha, falha inferida; 6- principais localidades (IT- Itatiaia, CR- Cruzeiro); 7- Barragem do Funil; 8- Rio Paraíba do Sul; 9- direções de esforços compressivos (Modificado de Salvador,1994).

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Page 25: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

25

4. GEOLOGIA LOCAL

O levantamento realizado na área de estudo (Figura 11), foi realizado

com fins de reconhecimento geral da região que é composta em grande parte

por depósitos de planície aluvionar (60%), que estão situados na maioria das

vezes em cotas inferiores ou iguais a 40 metros. Os outros 40% área são

compostos por maciços rochosos que estão alinhados conforme a estrutura

regional NE-SW.

Figura 11: Trecho do mapa geológico do RJ retirado do mapa da CPRM-2007 destacando a área em estudo.

Nos levantamentos de campo foi possível a identificação de 3 tipos

litológicos, representados pelos granitos do Complexo Rio Negro, granitos da

Suíte Serra das Araras e uma cobertura colúvio-aluvionar da Formação

Piranema. Estas unidades serão melhores descritas a seguir.

22°30’ / 43°30’

23º00’/44º00’

Obra para Consulta

Page 26: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

26

4.1. Complexo Rio Negro

O Complexo do Rio Negro é constituída por uma associação de rochas

gnáissicas a migmatíticas, de características híbridas, representados seja por

litotipos de alto grau metamórfico, seja, por variados litotipos ígneos. Desta

forma, são variadas as estruturas relacionadas ao processo de migmatização

identificados na área.

As rochas de alto grau metamórfico foram descritas na maior parte por

rochas gnáissicas com acentuado bandamento que variam em bandas de

menos de 2 centímetros até mais de 50 cm, com uma de alternância de cores

claras e escuras sucessivas e sem padrão no tamanho (Figura12).

Figura 12: Foto de afloramento em Japeri-RJ, rocha de característica híbrida (migmatito), com litotipos metamórficos de alto grau e variados litotipos ígneos intercalados.

O bandamento de cor clara (branca) é constituído principalmente por

minerais félsicos (quartzo, plagioclásio e muscovita) e o bandamento de cor

escura é formado de minerais máficos (biotita, piroxênio e anfibólio). Em

Obra para Consulta

Page 27: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

27

algumas partes megacristais de K-feldspato (3 a 7cm) são identificados no

gnaisse.

Os litotipos ígneos desta unidade são bem variados e demonstram ter

sua gênese no próprio processo metamórfico com a fusão parcial e local

(anatexia) de parte destes gnaisses possibilitando a formação de granitos

nebuliticos, dioritos e também em diversos tipos e estilos de veios e bolsões.

Além das estruturas de gnaissificação e nebulítica já descritas, a que

mais evidencia se tratar de uma rocha migmatítica são estruturas pitgmáticas

aonde é possível destacar tanto o neosoma (característica félsica) e o

paleosoma (característica máfica) de variados tamanhos e padrões. Outras

estruturas identificadas foram foliações, lineação mineral, planos de falhas,

fraturas e degraus cinemáticos.

4.2. Suíte Serra das Araras

É constituída por uma rocha ígnea de cor acinzentada, mesocrática e

textura fanerítica, homogêneo, composta mineralogicamente quartzo (25%), K-

feldspato (40%), plagioclásio (25%) e biotita(10%), podendo assim ser

classificada como um monzogranito, que exibe relações intrusivas em outras

unidades (Figura 13).

Figura 13: Foto de monzogranito com aspecto bandado, em Japeri-RJ.

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Page 28: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

28

4.3. Unidade Colúvio-Aluvionar

O sistema de baixada é caracterizada pelo ofuscamento de paisagens

originais, provocadas pela intensa ocupação humana. Observa-se uma

expansão urbana desordenada, onde cidades como Engenheiro Pedreira e

Japeri ampliam sua periferia, através das baixas e médias encostas das

Colinas Aplainadas, principalmente, e das Colinas Estruturais, pré-Cambrianas

(Batólito Serra dos Órgãos). São nestas planícies que Pastagem e Sítios

Rurais ocuparam a área. Nos setores mais próximos ao Sistema Serrano, onde

predominam as altas Colinas Estruturais, ainda observa-se uma cobertura

vegetal mais densa e residual da Mata Secundária e se distribuem em suas

encostas.

Esta unidade é composta de sedimentos quaternários de origem colúvio-

aluvionar, depósitos de sistemas fluviais, como barras de pontal, meandros

abandonados, sedimentos de preenchimento de canal, que em sua maioria

margeiam o atual curso do Rio Guandu na área de estudo. Os sedimentos

apresentam características imaturas, pouco selecionados, cor avermelhada a

amarelada (Figura14).

Figura 14: Figura evidenciando as colinas aplainadas e os depósitos aluvionares geralmente encobertos na cidade de Japeri-RJ.

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Page 29: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

29

4.4. Geologia Estrutural

A interpretação de imagens de sensoriamento remoto constitui

ferramenta básica para estudos tectônicos e geomorfológicos, notadamente

para a identificação de feições lineares tais como fraturas, falhas, traços de

foliação, bandamento, contatos litológicos e zonas de cisalhamentos, bem

como de feições circulares e de áreas de bacias sedimentares. Neste contexto,

desenvolveu-se aqui um estudo para o reconhecimento estrutural, tectônico e

geomorfológico no continente, com o intuito de identificar principalmente as

feições lineares que se projetam para dentro do Sub Graben do Guandu-

Sepetiba (SGGS), o que se fez através do processamento de imagens digitais.

A imagem SRTM 90m (Shuttle Radar Topography Mission) é um tipo de

produto de sensoriamento remoto que permite gerar um modelo topográfico

tridimensional da superfície, vem sendo aplicado para estudos geológicos, em

especial para a identificação de feições geomorfológicas (vales lineares, linhas

de cristas, facetas triangulares etc.), condicionadas pelas principais estruturas

tectônicas (foliação, zonas de cisalhamento dúctil e rúptil, estruturas

vulcânicas, grandes fraturas e outras) e também para destacar as bacias

sedimentares. Com base nessas informações, foram utilizadas imagens de

SRTM 90m obtidas na webpage do U.S. Geological Survey (USGS) cobrindo a

folha estudada.

Através da integração e comparação dos resultados com os obtidos a

partir da imagem de Landsat 7ETM+ e com outras informações, este trabalho

pretende contribuir para a melhor caracterização geológica, estrutural e

geomorfológica das falhas, fraturas e suas densidades.

Sistemas de sinformes e antiformes causados por diversas intrusões

graníticas que afetaram toda região. Foliação principal (Sn) apresenta caimento

principalmente para NW e algumas medidas para nordeste. Falhas foram

identificadas por análises de imagens e em campo (Figura 15). Possuem na

maior parte das vezes trend NE e algumas falhas NW todas encaixando

drenagens (ex: rio Guandu). Além destas, grandes diáclases foram mapeadas

e descritas de vários tamanhos e famílias (Figura 16).

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Page 30: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

30

Figura 15: Plano de falha com direção indicada aproximada E-W, via Dutra, próximo ao trevo de Japeri-RJ.

Figura 16: Foto mostrando foliação principal, com caimento para NE, corte de ferrovia, estrada Japeri-Paracambi-RJ.

E-W

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Page 31: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

31

Além das falhas normais sintéticas e antitéticas próprias do regime

distensivo atuante na instalação do Gráben da Guanabara, o seu

desenvolvimento normalmente envolve outras importantes falhas, de

transferência e compartimentais, de movimentação lateral. Elas influenciam

muito na configuração geométrica da bacia, erosão e acumulação sedimentar.

As falhas reconhecidas na margem continental têm sido correlacionadas com

lineamentos tectônicos presentes na faixa costeira da região Sudeste. Estes

lineamentos são de direção predominantemente NE-SW e relacionados com as

estruturas pré-existentes. Ocorrem falhas transversais, reconhecidas neste

trabalho, NW-SE e WNW-ESE que as interceptam e se projetam para dentro

da bacia, podendo corresponder a possíveis zonas de transferência. As falhas

de transferência são falhas transcorrentes, cujas direções são praticamente

perpendiculares à direção geral da faixa tectônica em que se situam,

deslocando segmentos de falhas normais ou inversas. Essas falhas deslocam

blocos de um lado da bacia para outro e a movimentação principal pode ocorrer

em ambiente tectônico puramente distensivo ou compressivo.

Quanto as microestruturas, foram evidenciadas estruturas de sigmóide,

com lineação de estiramento mineral de megacristais de k-feldspato em média

45/5 NE, contidos no plano de foliação milonítica e indica direção de

movimento nas Zonas de Cisalhamento Dúctil.

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Page 32: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

32

5. SENSORIAMENTO REMOTO

Sensoriamento remoto é uma importante fonte de dados para o SIG

(Sistema de Informação Geográfica), permitindo uma interpretação visual e

análise de numerosos dados espaciais, seja sob a forma analógica (através de

fotografias aéreas) ou digital (através de imagens orbitais), buscando a

identificação de feições impressas nas imagens e a determinação de seu

devido significado. Como resultado, a interpretação dessas imagens consiste

em um processo para a obtenção de mapas temáticos através dos dados

obtidos pelo sensoriamento remoto.

Os alvos na superfície terrestre emitem radiação registrada pelos

sensores, sendo que para cada alvo, este possui uma curva espectral particular

(assinatura espectral), suas características biofísicas podem ser analisadas e

interpretadas.

5.1. Uso no levantamento de recursos naturais

Os dados de sensoriamento remoto têm-se mostrado extremamente

úteis para estudos e levantamentos de recursos naturais, principalmente por:

Resolução temporal que permite a coleta de informações em diferentes

épocas do ano e em anos distintos, o que facilita os estudos dinâmicos

de uma região;

Resolução espectral que permite a obtenção de informações sobre um

alvo na natureza em distintas regiões do espectro, acrescentando assim

uma infinidade de informações sobre o estado dele;

Resolução espacial, que possibilita a obtenção de informações em

diferentes escalas, desde as regionais até locais, sendo este um grande

recurso para estudos abrangendo desde escalas continentais, regiões

até um quarteirão.

Após o advento destes satélites os estudos ambientais deram um salto

enorme em termos de qualidade, agilidade e número de informações.

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Page 33: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

33

Principalmente os países em desenvolvimento foram os grandes beneficiados

desta tecnologia, pois através de seu uso é possível:

Atualizar a cartografia existente;

Desenvolver mapas e obter informações sobre áreas minerais, bacias de

drenagem, agricultura, florestas;

Melhorar e fazer previsões com relação ao planejamento urbano e

regional;

Monitorar desastres ambientais tais como enchentes, poluição de rios e

reservatórios, erosão, deslizamentos de terras, secas;

Monitorar desmatamentos;

Estudos sobre correntes oceânicas e movimentação de cardumes,

aumentando assim a produtividade na pesca;

Estimativa da taxa de desflorestamento da Amazônia Legal;

Suporte de planos diretores municipais;

Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e Relatórios de Impacto sobre

Meio Ambiente (RIMA);

Levantamento de áreas favoráveis para exploração de mananciais

hídricos subterrâneos;

Monitoramento de mananciais e corpos hídricos superficiais;

Levantamento Integrado de diretriz para rodovias e linhas de fibra ótica;

Monitoramento de lançamento e de dispersão de efluentes em domínios

costeiros ou em barragens;

Estimativa de área plantada em propriedades rurais para fins de

fiscalização do crédito agrícola;

Identificação de áreas de preservação permanente e avaliação do uso

do solo;

Implantação de pólos turísticos ou industriais;

Avaliação do impacto de instalação de rodovias, ferrovias ou de

reservatórios.

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Page 34: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

34

6. INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS GERADAS

Através de técnicas de sensoriamento remoto, foi possível um estudo

indireto da área por meio de imagens obtidas por sensores remotos.

Com o auxílio de programas livres como Google Earth 4.0 e World

Wind/NASA, escolhidos por serem de fácil manejo e alta resolução, foi feito

uma análise preliminar, permitindo uma melhor localização e ambientação com

a área de estudo. Posteriormente foram utilizadas imagens obtidas pelos

satélites Landsat 5 e 7, através de sensores TM (Thematic Mapper) e ETM+

(Enhanced Thematic Mapper Plus).

As cenas utilizadas para a execução deste trabalho foram: cena 217/76,

obtida em 18/01/1988 pelo satélite Landsat 5 e em 28/10/2001 pelo satélite

Landsat 7; e cena 218/76, obtida pelo satélite Landsat 5 em 22/06/1984 e

Landsat 7 em 15/05/2002. Segundo o INPE – Instituto de Pesquisas Espaciais -

, as características na aquisição das imagens são:

Cena 217/76 – datum SAD 69, elipsóide de referência SAD 69; unidade

em metros, sistema cartográfico UTM, zona -23 sul, e Product Framing

Method (Método de quadro do produto), Path 217 e Row 076;

Atividades de campo visaram reconhecer feições estruturais imageadas

e medição de atitudes de feições estruturais, através de bússolas e GPS.

As demais atividades de escritório deste trabalho foram realizadas

através da utilização de programas tais como ENVI® 4.5, Stereonett®,

AutoCAD 2007® e AutoCAD Map.

Foram desenvolvidas para este trabalho diversas imagens, cada qual

com suas características específicas e finalidades distintas, listadas a seguir:

Composições RGB (Red, Green and Blue);

Razões entre bandas;

Modelo Digital de Terreno (MDT);

Sombreamento direcional;

Filtros Kernel Direcionais;

Principais Componentes.

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Page 35: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

35

6.1. Composição RGB

Trata-se de um dos artifícios de maior utilidade na interpretação das

informações do Sensoriamento Remoto. Ela é fundamental para uma boa

identificação e discriminação dos alvos terrestres. O olho humano é capaz de

discriminar mais facilmente matizes de cores do que tons de cinza. A

composição colorida é produzida na tela do computador, ou em outro

dispositivo qualquer, atribuindo-se as cores primárias (vermelha, verde e azul),

a três bandas espectrais quaisquer. Este artifício é também conhecido como

composição RGB (do inglês: Red, Green and Blue). Associando, por exemplo,

a banda 3 à cor vermelha (R), a banda 4 à cor verde (G) e a banda 5 à cor azul

(B), produz-se uma composição colorida representada por 345 (RGB).

As interpretações das imagens com diferentes arranjos da composição

em RGB, alternando as bandas nesses canais e explorando as possibilidades

de combinações que ressaltem / refletem diferentes atributos dos solos, das

rochas, da água, estrutural e vegetação. Estará indicado também, junto às

interpretações, o que de melhor é ressaltado na combinação usada, ou seja,

para que fim pode ser usado tal composição.

Todas as imagens abaixo são coloridas e obtidas através dos satélites

Landsat 7 com os respectivos sensores TM e ETM+. Estas imagens permitem

que se faça uma comparação, por vezes, ao longo do tempo, de uma mesma

área, para diversos aspectos como crescimento urbano, desmatamento,

poluição marinha, estudos das correntes marítimas, dentre outros estudos.

A chave de interpretação (Tabela 1) utilizada no presente estudo é

modificada de Netto (1993) e tem como objetivo classificar, identificar, e

individualizar áreas para futuras quantificações.

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Page 36: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

36

Tabela 1: Chave geral de interpretação de imagens de satélites. Modificado de Netto (1993).

Neste estudo foram aplicadas um conjunto de composições coloridas no

sistema RGB, dentre as quais as 3/2/1, 4/5/7 e 5/3/1 forneceram os melhores

resultados. A análise de imagens digitais Landsat 7 e MDT, conjuntamente,

tem mostrado que a arquitetura crustal na região é dada por uma mosaico

complexo de lineamentos estruturais gerados durante o Brasiliano.

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Page 37: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

37

6.1.1. Composição 3 – 2 – 1

Esta composição, das composições elaboradas neste estudo, é aquela

que representa com maior fidelidade ao visível ao olho humano (Figura17).

Nesta imagem, pode-se fazer uma boa classificação de parâmetros

como ocupação urbana, representada na mesma por cores claras (branco),

além de uma razoável diferenciação entre áreas de maiores altitudes daquelas

de mais baixa altitude.

Complementando o este quadro interpretativo, podemos individualizar

corpos d’água, conforme sua natureza: rios, represas, areais e o próprio

oceano.

Figura 17: Composição 3 – 2 – 1, cena 217/76, satélite Landsat 7 .

22°30’/43°30’

23°00’/44°00’

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Page 38: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

38

6.1.2. Composição 4 – 5 – 7

Das composições RGB desenvolvidas durante a elaboração do presente

trabalho, esta foi considerada como a melhor imagem para fins de

levantamentos de lineamentos estruturais preliminares (Figura 18).

Nesta imagem, estas feições são realçadas com bastante clareza e

expressam nitidamente a orientação principal destes lineamentos (NE/SW),

representantes de um trend Brasiliano, além de outras classes de lineamentos

com outras direções.

As regiões serranas inseridas nesta imagem são bem reconhecidas pelo

contraste entre as cores desta composição, bem como áreas de ocupação

urbana e corpos de água presentes na região.

Figura 18: Composição 4 – 5 – 7, cena 217/76, satélite Landsat 7.

22°30’/43°30’

23°00’/44°00’

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Page 39: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

39

6.1.3. Composição 5 – 3 – 1

A composição 5/3/1 destacou o sistema de lineamentos NE e NW ao

longo dos quais se instalam as principais drenagens na área estudada Tal

arranjo pode ser observado a partir da análise da composição RGB 5/3/1.

Esta composição (Figura 19) mostrou uma boa resposta no realce dos

lineamentos, fato que pode ser explanado pelas propriedades das bandas

escolhidas, especialmente as bandas 5 e 3 que mostram boas respostas para

óxido de ferro e umidade. Devido aos processos de acúmulo de umidade e

oxidação serem mais intensos ao longo dos cisalhamentos, é justificada esta

resposta desse triplete. No triplete 5/3/1 a imagem é expressa com cores de

vermelho, que tornam-se mais intensos em direção ao cisalhamentos

facilitando a determinação da continuidade dessas estruturas

.

Figura 19: Composição 5 – 3 – 1, cena 217/76, satélite Landsat 7 .

22°30’/43°30’

23°00’/44°00’

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Page 40: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

40

6.2. Razão entre Bandas

A razão entre bandas permite discriminar diferenças sutis existentes no

comportamento espectral de diferentes alvos. Em bandas originais apenas as

diferenças mais grosseiras são notadas. Observando-se o comportamento

espectral dos alvos de interesse, selecionaram-se as bandas nas quais aplicou-

se a razão, selecionando-se as bandas que cobrem valores máximos e

mínimos de reflectância (bandas pouco correlacionadas) e que expressassem

o gradiente da curva espectral dos objetos de interesse, proporcionando,

assim, o realce desses objetos.

A razão entre bandas tem a desvantagem de causar o exagero de ruídos

e perda de textura devido à atenuação do sombreamento. Esta ocorre porque o

sombreamento é altamente correlacionado em todas as bandas sendo esta

correlação suprimida quando se efetua a razão, o que provoca perda de

informação relativa à topografia. Outra desvantagem da razão entre bandas é a

não distinção entre alvos com comportamento espectral similar. Se alvos

possuem albedos diferentes (expressos na imagem pela intensidade de brilho

do nível de cinza) mas propriedades espectrais inerentes similares, ao se fazer

a razão de bandas esses alvos acabam por serem expressos de forma

semelhante ou igual, tornando-se indistintos, ao passo que nas bandas

originais são perfeitamente distinguíveis devido à diferença no albedo (Mather,

1987; Crosta,1993; Drury, 1993).

6.2.1. Razão 4/5 – 4/2 – 4/7

Para a figura 23, foi usado a Razão entre Bandas, onde a banda 4 passa

por numerador em todas as composições RGB, e as bandas 5, 2 e 7 atuam

como denominadores, ficando a composição: 4/5 – 4/2 – 4/7, todas do satélite

Landsat 7 ETM+ de 2001 (Figura 20).

Esta imagem é bem diferente das descritas anteriormente, pois as áreas

de pastagens assumem cores bem mais quentes do que em qualquer

composição descrita anteriormente. As regiões de cores mais claras

representam regiões de Mata Atlântica, ficando bem evidente aonde estas

ocorrem.

Obra para Consulta

Page 41: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

41

Os aglomerados urbanos não obtiveram uma boa resposta espectral,

pois se confunde muito com as cores verdes das áreas de pastagem.

As respostas espectrais dos corpos d’água assumiram coloração

vermelha e alguns cursos d’água que não apareciam em outras composições

pode ser identificado nesta imagem como na parte noroeste da imagem um rio

de grande extensão que não aparecia em outras composições e ficou bem

evidente. Esta imagem se mostrou bem eficiente para a distinção de áreas de

pastagens de áreas de Mata Atlântica na região, devido ao grande contraste

dessas duas.

Figura 20: Razão 4/5 – 4/2 – 4/7, cena 217/76, satélite Landsat 7 .

6.2.2. Razão 5/7 – 4/3 – 4/1

Nesta composição, foi usada a razão entre bandas, onde a banda 4

passa por numerador nas composições Green e Blue, e as bandas 7, 3 e 1

22°30’/43°30’

23°00’/44°00’

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42

atuam como denominadores, ficando a composição: 5/7 – 4/3 – 4/1, todas do

satélite Landsat 7 ETM+ de 2001 (Figura 21).

Esta imagem permite uma boa distinção de aglomerados urbanos,

evidenciados por tons de roxo e áreas alagadas e confinadas onde existem

sedimentos em suspensão como regiões de areais (parte central da figura) e

em locais adjacentes a Restinga da Marambaia (regiões de mangue). As

regiões serranas são destacadas por tons claros, próximo ao branco.

Esta imagem não produziu uma boa resposta, para estudos de

levantamento de lineamentos estruturais.

Figura 21: Razão 5/7 – 4/3 – 4/1, cena 217/76, satélite Landsat 7 .

22°30’/43°30’

23°00’/44°00’

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Page 43: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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6.3. Modelo Digital de Terreno

Nestas representações do terreno realizadas no ENVI® 4.5 a partir do

MDT e composição RGB 4 – 5 – 3 com o modelo de elevação gerando um

modelo em 3 dimensões (Figuras 22 e 23).

Com imagens desse tipo é possível a visualização das estruturas e

outras feições em diversos ângulos e direções, conforme o objetivo do estudo.

Através dessa imagem, o Gráben de Santana, na porção nordeste da

área, bem como lineamentos encaixados neste vale. Além dessas, tem-se uma

boa visão das principais estruturas que controlam a drenagem da Bacia do

Guandu.

Figura 22: Combinação Modelo digital de terreno e SRTM, cena 217/76, satélite Landsat 7.

22°30’ / 43°30’

23°00’ / 44°00’

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Page 44: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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Figura 23: Combinação Modelo digital de terreno e composição 4 – 5 – 7 ,cena 217/76, satélite Landsat 7.

6.4. Sombreamento Direcional

Por meio desta técnica de sensoriamento, pode-se variar o ângulo de

iluminação da imagem, bem como, a direção azimutal dessa iluminação

(Figuras 24 a 27).

Com isto tem-se a possibilidade de ressaltar estruturas, ou até mesmo o

registros de novas feições que não tenha sido eventualmente fotointerpretadas,

segundo outra direção e ângulo de iluminação.

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Page 45: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

45

Figura 24: Combinação de Modelo Digital de Terreno com sombreamento direcional com ângulo de iluminação 45° de inclinação e direção azimutal de iluminação 0°(N).

Figura 25: Combinação de Modelo Digital de Terreno com sombreamento direcional com ângulo de iluminação 45° de inclinação e direção azimutal de iluminação 180°(S).

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Figura 26: Combinação de Modelo Digital de Terreno com sombreamento direcional com ângulo de iluminação 45° de inclinação e direção azimutal de iluminação 270°(W).

Figura 27: Combinação de Modelo Digital de Terreno com sombreamento direcional com ângulo de iluminação 45° de inclinação e direção azimutal de iluminação 90°(E).

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6.5. Filtros Direcionais

A aplicação de filtros Kernel 3x3 do ENVI® 4.5 do tipo passa-altas

direcional de alta frequência foi exclusivamente utilizada para a identificação de

feições lineares (Figura 28).

Com a interpretação das imagens e a análise de Souza (2008) obteve-

se nesta monografia indicações de duas possíveis zonas de transferência

associadas a falhas NNW e NW sinistrais (Figura 29).

Figura 28: Imagem tratada com filtro direcional S30°W, realçando as estruturas NW.

23°00’ / 44°00’

22°30’ / 43°30’

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48

Figura 29: Principais descontinuidades transversais na região do Rifte Continental do Sudeste Brasileiro, com a área de estudo em destaque (Modificado de Souza, 2008).

6.6. Principais Componentes

Vários métodos estatísticos e matemáticos são direcionados para

aplicação em sensoriamento remoto, entre eles, a análise por principais

componentes (ACP), que é um método estatístico que pode ser usado

facilmente para fazer correlações entre imagens de satélite.

O método de análise por componentes principais elimina essa repetição

de dados resumindo as informações de interesse em um conjunto menor. A

análise por componentes principais que também é conhecida como

transformação por principais componentes. Em um conjunto de N imagens de

entrada, depois de processadas pela ACP, vai produzir um outro conjunto de N

imagens de saída com nenhuma correlação entre si. O primeiro conjunto de

saída será chamado de primeira componente principal ou CP1, o segundo

conjunto de saída será chamado de CP2, o terceiro, de CP3, e assim por

diante. A primeira componente principal ou CP1 irá conter a informação que é

comum a todas as bandas N originais. A CP2 conterá a feição espectral mais

significante do conjunto. As CPs seguintes conterão feições espectrais cada

vez menos significantes, até a ultima CP, que conterá a informação que sobrar,

Obra para Consulta

Page 49: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

49

ou seja, a menos significante (Crosta, 1992). Para a aplicação da ACP não há

necessidade da utilização de um conjunto com todas as bandas da imagem,

podendo-se selecionar e compor apenas as bandas de interesse para o objeto

da pesquisa, que no referido trabalho se resume às bandas que melhor

expressam as respostas dos alvos solo e vegetação.

6.7. Principal Componente 1 (PC1)

A primeira Principal Componente tem a maior variância (maior

contraste), contém a informação de brilho associada às sombras de topografia

e às grandes variações da refletância espectral geral das bandas. Esta

componente principal possui a maior parte da variância total dos dados,

concentrando a informação antes diluída, em várias dimensões. (Figura 30)

Figura 30: PC1 das bandas 3, 4 e 5.

Obra para Consulta

Page 50: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

50

Através da presença desse sombreamento presente na PC1 das Bandas

3 4 e 5, as feições topográficas da região ficam muito clara ressaltando todas

as feições regionais com trend NE-SW, e característica geomorfológicas,

destacando o domínio de baixada e de serra predominantes na área de estudo.

Outra característica bem evidente é o contraste de área com floresta

e/ou vegetação para áreas desmatadas e com pastagem.

A delimitação de corpos d’água é muito facilitado nesta imagem como o

caso da represa de Ribeirão das Lajes.

Indicação: Destacar as principais feições locais e regionais bem como

distinção de áreas com vegetação e sem, e delimitação de corpos d’água.

6.8. Análise Estrutural

Aplicou-se o modelo de fotointerpretação de Amaral (1994) e Liu (1984)

para a identificação dos principais elementos estruturais, dentro das seguintes

categorias: linhas de cristas, vales estruturais, linhas de drenagem, escarpas e

depressões. Esses elementos indicam feições estruturais significativas para a

análise de zonas de cisalhamento, falhas e fraturas. Para uma melhor

visualização, o programa ENVI 4.5 permite variar os ângulos de azimute e de

elevação da iluminação simulada do sol sobre a superfície da imagem,

realçando as direções perpendiculares ao azimute do sol. Cita-se, como

exemplo, que o azimute do sol na direção N, destaca as feições S.

Uma vez que a região em estudo está inserida entre a Serra dos Órgãos

e Itatiaia-RJ, foi feita uma extrapolação dos dados gerados por Hartwing &

Ricomini (2009) e Salvador (1994), para a mesma, para verificar as principais

estruturas presentes, suas direções principais, relações temporais entre estas

estruturas e o regime tensional a que estava submetida (Figura 31).

Obra para Consulta

Page 51: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

51

Figura 31: Principais elementos estruturais interpretados na área de estudo.

Reis (2009) efetuou análises de intensidade de lineamentos e produziu

catogramas de intensidade de lineamentos (Figura 32). Neste tipo de análise o

mais importante é verificar a extensão dos lineamentos que indiretamente,

remetem à intensidade dos eventos. Seguindo o mesmo o modelo de análise

efetuado nas densidades, as 10 classes geraram as tendências de lineamentos

de maiores extensões, para dados serranos e dados de baixada.

Obra para Consulta

Page 52: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

52

Com relação às estruturas na Bacia do Guandu, Reis (2009) distinguiu

duas regiões semelhantes, com concentrações de lineamentos de maiores

extensões associados às regiões transicionais, fronteiriças entre o

Compartimento Serrano e de Baixada, mais ao norte. Este autor identificou à

sudoeste da região, outra concentração de valores. Em termos geológicos, a

primeira descrição possui contato entre materiais do Complexo Rio Negro com

Depósitos Colúvio-aluvionares, de idade Quaternária, a segunda descrição

relaciona-se aos Depósitos Colúvio-aluvionares e como um fator de interesse,

a localização do Rio Guandu que corre sobre esta unidade.

Figura 32: Cartograma de intensidade de lineamentos estruturais região de baixada, no qual se analisa a densidade de lineamentos em uma determinada área (Modificado de Reis, 2009).

A partir da interpretação das imagens foram extraídas feições lineares,

tendo sido também elaborado um mapa de lineamentos tectônicos. A análise

revelou, em ordem decrescente, as seguintes direções principais:

- NE-SW. Os lineamentos são anostomosados, curvilíneos e extensos,

às vezes curtos e retilíneos. Coincidem com as principais estruturas tais como

as zonas de cisalhamento dúctil, contatos e foliação metamórfica principal do

embasamento e parecem se interceptar com o sistema NNE (duas modas,

N50-60 e o N60-70). Fraturas por vezes preenchidas por quartzo,

(Neoproterozóico-Cambriano) associados a tensões E-W com SHmax NE,

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Page 53: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

53

depois com SHmin NW distensionais no Eocretáceo (Sigma 1 horizontal para

N, numa transcorrência sinistral) junto a alcalinas. A esse sistema se acham

encaixadas as bacias Cenozóicas, o Rio Paraíba do Sul e seus principais

afluentes. Essas estruturas foram reativadas em falhas, que efetivamente

exercem o controle das orientações dessas feições e estão listadas a seguir:

NNE-SSW, Os lineamentos são de curto comprimento e retilíneos, com

alguns quilômetros de extensão. Em algumas áreas, essa direção

intercepta as principais estruturas do sistema anterior;

NW-SE. Os lineamentos são de curto comprimento e retilíneos. Eles

coincidem com as direções de juntas e falhas observadas na região. As

falhas (normal do Eocretáceo com 2 modas) deslocam (transcorrência

sinistral predomina) lineamentos NE-SW, bem como feições geológicas,

estruturais de fraturas mais antigas do pré-Cambriano deslocadas pelas

NE, com drenagens ao longo do Rio Paraíba do Sul e seus afluentes;

ENE-WSW - São lineamentos curtos e retilíneos. Expressados por vales

estruturais que alojam rios encaixados em linhas de fraturas e falhas.

Nesta direção também ocorre como lineamentos de menor comprimento

e retilíneos, interceptando algumas estruturas NW-SE;

NNW-SSE - São lineamentos extensos e retilíneos. Expressados por

vales estruturais que alojam rios rejuvenescidos encaixados em linhas

de fraturas e falhas. Nesta direção também ocorre como lineamentos de

menor comprimento e retilíneos, interceptando algumas estruturas NE;

N-S, de direção entre N0-5E e N0-5W. Os lineamentos são os menos

expressivos na região e aparecem como traços curtos e retilíneos;

E-W. Os lineamentos são curtos e retilíneos. Algumas direções

acompanham as curvaturas das zonas de cisalhamento anastomosadas

e, na evolução geomorfológica, condicionam certas escarpas de falhas

menores na Serra do Mar.

Analisando em conjunto o mapa de lineamentos (Figura 31), foram

correlacionadas idades de eventos que influenciaram a estruturação, a

geomorfologia e a evolução da área de estudo:

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Page 54: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

54

Cretáceo Inferior – Ligado a um primeiro campo distensivo que levou à

ruptura do Gondwana Ocidental, indicando que aquela estruturação foi

controlada pelas descontinuidades pré-cambrianas, afetando mais a

região da Serra da Mantiqueira e a ele se associando uma proto-Serra

do Mar (Macedo, 1989), em relação com um primeiro soerguimento

regional;

Cretáceo Superior – relaciona-se com um segundo pulso da tectônica

distensiva, que se desenvolveu mais na Serra do Mar, envolvendo

deslocamentos de blocos por falhas normais ao longo das estruturas do

embasamento Pré-Cambriano (NE-SW). Na região da Serra da

Mantiqueira, uma reativação parece marcar o limite K/T, diferentemente

da Serra do Mar;

Paleogeno – associado a um segundo soerguimento da ombreira do

rifte mais para o interior. A ele se relacionam os últimos registros do

magmatismo alcalino e o soerguimento final das serras do Mar e da

Mantiqueira. Relacionada a intrusões alcalinas e início da estruturação

das bacias do Sistema Rifte Continental do Sudeste (Riccomini, 1989),

que se encontram alinhadas e encaixadas ao longo das zonas de

cisalhamento dúctil reativadas, com sigma 1 na vertical, e sigma 3 na

direção NWW. Pode ser observado através dos lineamentos

interpretados, pois estes apresentam a mesma direção NE a ENE das

feições lineares da fase rifte da bacia, com falhas de borda em half

grabens assimétricos, a borda flexural para NW, falhas WNW, e

transferentes NNW. Essa reativação também influenciou a

compartimentação geomorfológica da Serra do Mar e a evolução da

Bacia de Santos, a qual durante esse período foi responsável pelo

rejuvenescimento da drenagem e, supostamente, desviou o aporte de

sedimentos clásticos da Bacia de Santos para de Campos. Falhas

Transferentes na Bacia de Santos tem sido projetadas para a região do

SGGS, como apontado na por Souza et al (2007) (Figura 33);

Eoceno - Transcorrências Sinistrais ao campo compressional, sigma 1

em NE e falhas NE sinistrais

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Page 55: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

55

Mioceno-Quaternário – 3 eventos, Ligando lineamentos seccionando as

bacias terciárias e quaternárias . As feições lineares no interior dos sub-

grabens Cenozóicos do GG apresentam direções NW destrais, com

sigma 1 NW, depois extensão EW com falhas ENE sinistrais e vales

NS, compressão EW no Holoceno, com falhas conjugadas com ângulos

de 20 a 80 graus com Sigma 1. Isto sugere atividade tectônica mais

jovem que os respectivos sedimentos (neotectônica). Nesta última são

descritas falhas do par NE-SW e NW-SE, e do par ENE-SSW e WNW-

ESE (Ricomini, 2000). Essas diferenças entre as direções de lineamento

do embasamento e das bacias indicam que os campos de tensão

sucessivos ao longo da evolução geológica da área, podendo estar

associados a novos planos de fraqueza independentes do

embasamento, sob campos de tensão competitivos da placa de Nazca

e originários da dorsal Meso - Atlântica.

Figura 33: Exemplos de integração em ambiente tridimensional (Gocad): A) topografia do continente; intervalos estratigráficos e falhas interpretadas em seções sísmicas (strike); e projeção das possíveis falhas de transferência. Area de estudo marcado em preto. Modificada de Souza et al., (2007).

Alternativamente, Zálan (2005) postula que o regime tectônico atuante

durante o Cenozóico foi o distensional predominantemente perpendicular

(mecanismo de deformação por cisalhamento puro) a ligeiramente oblíquo

Zona de Transferência

provável

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Page 56: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

56

(mecanismo de deformação por cisalhamento simples de 15º), que acabou

implantando uma suave transtensão sinistral que moldou rombo-grábens e

escalonou sutilmente à direita os grábens mais orientais e mais offshore

(Figura 34).

Figura 34: Riftes (cinza) desenvolveram-se durante o Cenozóico por colapso gravitacional da SMC, segundo uma orientação (S51E) oblíqua ao alongamento N54E da mesma. Esforços transtensionais sinistrógiros resultantes levaram à orientação escalonada à direita dos grábens mais orientais

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Page 57: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

57

7. ENTORNO DE SEROPÉDICA–RJ E IMPLICAÇÕES

AMBIENTAIS

A área apresenta diversas estruturas, dúcteis e rupteis, sistemas de

sinformes e antiformes, estruturas em flor e outras relacionadas por diversas

intrusões igneas que afetaram toda região. A Foliação Principal (Sn) apresenta

direção de mergulho principalmente para NW e algumas medidas para

nordeste. Falhas foram identificadas por análise de imagens de fusão e em

trabalhos de campo e possuem na maioria das vezes trend NE e algumas

falhas NW todas condicionando drenagens (ex: Rio Guandu). Além destas,

diáclases e suas concentrações foram mapeadas, descritas e classificadas

conforme o tamanho e famílias a que pertencem.

É neste contexto de ambiente de falhas de borda, transferentes e em

ombreira de Rifte (Rift Shoulder) que se inserem tanto o futuro Aterro e o Lixão

de Seropédica, área de deposito de resíduos de todos os tipos, como chorume,

dejetos, carcaças de animais p.e., sem qualquer seleção, podendo causar

danos ambientais severos.

De acordo com Beli et al. (2005) no Brasil, estima-se que a maior parte

do lixo é jogado a céu aberto, gerando uma ameaça constante de epidemias,

muitos estudos têm sido feitos acerca dos impactos ambientais provocados

pelas áreas de disposição final do lixo urbano e industrial. Estas áreas não têm

infra-estrutura adequada para evitar os danos causados por essa atividade. Os

principais impactos são vistos no solo, água e ar. Um sério problema que

ocorre nos aterros sanitários é a formação de chorume, que é o líquido

produzido pela massa orgânica do lixo durante o processo de degradação

biológica do mesmo (Nascimento Filho et. al., 2001). O chorume é o maior

poluidor do solo e da água quando se fala em depósito de lixo. De acordo com

Serafim et al. (2003), este chorume gerado pela degradação dos resíduos em

lixões, em contato com a água da chuva, que percola a massa do aterro possui

altos teores de metais pesados dissolvidos e amônia.

Este caso não é diferente de tantos outros lixões que crescem

desordenadamente no entorno de grandes metrópoles e surgem como um dos

grandes vilões nas questões ambientais, tornando indispensável o

Obra para Consulta

Page 58: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

58

desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias, ferramentas e métodos nas

decisões tomados relativas ao meio ambiente.

Entre os principais impactos observados pelo lixo acumulado, pode-se

citar: a poluição/contaminação de nascente, rios, lençol freático, aqüíferos e

seus locais de recarga, poluição visual, contaminação do solo pela formação do

chorume, presença de vetores de doenças, poluição do ar através da queima

constante do lixo, e os impactos sociais devido a presença de pessoas vivendo

da coleta do lixo em condições insalubres.

O lixão em Seropédica merece especial atenção devido a este estar

localizado na Bacia do rio Guandu-RJ, principal abastecedor de água para o

município do Rio de Janeiro e da região metropolitana (Figura 35).

Figura 35: Fotografia do local, mostrando o nítido abandono do lixo que não recebe nenhuma seleção ou tratamento (Abril de 2010).

Na etapa de campo realizada no local e na fotografia obtida é notória a falta

de tratamento adequado para o lixo, que além de estar instalado em uma área

de relativo declive, o chorume se acumula na parte mais baixa colocando em

risco a qualidade da água da região.

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Page 59: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

59

CONCLUSÕES

Na execução e desenvolvimento deste trabalho foi destacada a

importância do uso e aplicação do sensoriamento remoto para estudos de

diversos ramos das geociências, incluindo a análise das imagens com

interesse na parte estrutural aplicada ao estudo ambiental.

Aliado a estas novas tecnologias, o mapeamento geológico foi de

extrema importância, visando reconhecer principais litologias, feições

estruturais e reconhecimento geral da região e alvos de interesse. Foi

elaborada uma revisão da literatura sobre a geologia das áreas vizinhas,

comparando-se estruturas similares.

Assim, esta contribuição visou preencher lacunas de estudos em

sensoriamento remoto aplicado na região, seja com o interesse considerado

estutural e geoambiental.

A análise dos mapas de relevo sombreado ressaltou lineamentos em

escala regional, observáveis em escalas menores do que 1:100.000,

destacados nas imagens de satélite mas de difícil visualização no terreno. Foi

gerado inicialmente um mapa contemplando esses lineamentos e os da

vizinhança.

Destacam-se, em comprimento, as direções NE e NW e,

subordinadamente, NNE, EW e WNW, que atravessam a área, englobando

praticamente todas as unidades geológicas. São estruturas geradas em grande

parte por reativação de estruturas anteriores presentes tanto na sucessão

sedimentar das bacias do Rifte Continental do Sudeste, como no seu

embasamento pré-cambriano.

A direção da estrutura principal (NE-SW) é fruto do padrão estrutural do

embasamento (falhas e zonas de cisalhamento anastomosadas) e condiciona

as principais zonas de fraqueza da área, que se associam ao curso das

principais drenagens e são, potencialmente as áreas mais susceptíveis a

problemas ambientais por contaminação da água.

Os resultados aqui obtidos evidenciaram as vantagens do uso de mapas

de relevo sombreado e imagens de satélite LANDSAT-TM no estudo estrutural

de regiões de relevo aplainado e de baixa exposição de rochas, em particular

Obra para Consulta

Page 60: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

60

na investigação de estruturas regionais e sua expressão local. Na área do

Lixão de Seropédica são estas estruturas que estão mascaradas pela

cobertura de solo; lixo e aterros, o que nos levou a extrapolar observações

realizadas na circunvizinhança, nas rochas e no padrão geomorfológico. No

controle da contaminação desta área, a componente geológico-estrutural

necessita de estudos mais aprofundados, sugerindo-se uma investigação

geofísica. No entanto, estes primeiros resultados aqui apresentados mostram

que possíveis falhas ou fraturas podem ser responsáveis pelo agravamento e

intensificação desta dispersão de contaminantes. A ferramenta de análise aqui

apresentada pode ser utilizada para sugerir locais adequados em futuras áreas

de disposição de resíduos, o mais distante possível de áreas de deformações

(principalmente do domínio rúptil) muito intensas.

O produto final obtido a partir do processamento digital das imagens

Landsat 7-ETM+ e MDT, mostra a importância do sensoriamento remoto como

ferramenta no mapeamento geológico por diferentes razões: a relativa

facilidade de sua aplicação e o destaque de lineamentos subsidiários como

bons condutos de fluidos em geral mineralizantes. A constatação dos controles

de drenagem por cisalhamentos NE e NW consiste em um passo importante no

estudo das relações entre o arcabouço tectônico do SGGS e os possíveis

problemas ambientais associados. Essa relação também é importante do ponto

de vista de modelagem do gráben, pois abre novas perspectivas para o

controle estrutural destas ocorrências minerais vizinhas na Bacia de Santos e

reforça a necessidade de conhecimento sobre a geometria e a cinemática dos

cisalhamentos e a evolução rúptil terciária ao longo dos quais se encontram

alojados estes grábens.

Obra para Consulta

Page 61: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

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Page 66: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

66

ANEXOS

Obra para Consulta

Page 67: levantamento estrutural aplicado por imageamento e sensoriamento

67

Lista de Abreviações

Geologia

GG – Gráben da Guanabara

CSF- Cráton São Francisco

CPS - Cinturão Paraíba do Sul

ZCPS - Zona de Cisalhamento Paraíba do Sul

SGGS – Sub-gráben Guandu - Sepetiba

Instituições

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPE – Instituto de Pesquisas Espaciais

DNIT – Departamento Nacional de Infra – Estrutura de Transporte

FLONA- Floresta Nacional Mário Xavier

NASA – National Aeronautics and Space Administration

UFRuralRJ – Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro

USGS – United States Geological Survey

Outros

EIA-estudos de Impactos Ambientais

Landsat – (Land Remote Sensing Satellite) Satélite de Detecção Remota da Terra

RIMA- Relatórios de Impacto sobre Meio Ambiente

RJ – Rio de Janeiro

Programação

CP1-Primeira Componente Principal

DTM ou MDT – Modelo Digital de Terreno

ENVI – Ambiente para Visualização de Imagens

ERTS -Earth Resource Technology Satellite

ETM+ – (Enhanced Thematic Mapper Plus) Mapeador Temático Mais Realçado

IHS – Intensidade, Matiz e saturação

MSS-Multispectral Scanner

ACP-Análise por Principais Componentes

RGB – Red, Green and Blue

SIG -Sistema de Informação Geográfica

SR-Sensoriamento Remoto

SRTM- Shuttle Radar Topography Mission

TIR-infravermelho térmico

Obra para Consulta