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0 FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENCIA COMPLEMENTAO PEDAGGICA LIBRAS: LNGUABRASILEIRA DE SINAIS FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENCIACOMPLEMENTAO PEDAGGICALIBRAS: LNGUABRASILEIRA DE SINAISPRECISO DE SERENIDADE PARA ACEITAR AS COISAS QUE NO POSSO MUDAR. CORAGEM PARA MUDAR O QUE POSSO E SABEDORIA PARA CONHECER A DIFERENA(R. NIEBUHR). NOVA VENCIA 2010 FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENCIACOMPLEMENTAO PEDAGGICA LIBRAS: LNGUABRASILEIRA DE SINAIS PRECISO DE SERENIDADE PARA ACEITAR AS COISAS QUE NO POSSO MUDAR. CORAGEM PARA MUDAR O QUE POSSO E SABEDORIA PARA CONHECER A DIFERENA(R. NIEBUHR). 1 FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENCIA LIBRAS: LNGUABRASILEIRA DE SINAIS PRECISO DE SERENIDADE PARA ACEITAR AS COISAS QUE NO POSSO MUDAR. CORAGEM PARA MUDAR O QUE POSSO E SABEDORIA PARA CONHECER A DIFERENA(R. NIEBUHR). 2 NOVA VENCIA 2010 SUMRIO 1 O QUE LIBRAS?05 1.LIBRAS: LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS05 2.INFORMAES TCNICAS 06 2.1 LIBRAS06 1. SINAIS06 1.CONFIGURAO DAS MOS07 2.2.2 PONTO DE ARTICULAO07 2.2.3 MOVIMENTO07 1.EXPRESSO FACIAL E/OU CORPORAL07 2.ORIENTAO/DIREO07 3 CONVENES DA LIBRAS 08 3.1 A GRAFIA08 3.2 A DATILOLOGIA (ALFABETO MANUAL)08 3.3 OS VERBOS08 3.4 AS FRASES08 3.5 OS PRONOMES PESSOAIS08 4 LEI DA LIBRAS 11 4.1 O QUE A CONFIGURAO DE MOS?11 4.2 O QUE O ALFABETO MANUAL?11 5 HISTRIA DOS SURDOS 11 3 5.1 AT IDADE MDIA12 5.1.1 ROMA13 5.2 AT IDADE MODERNA13 6 INES (INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAO DE SURDOS) 15 7 HISTRIA DA EDUCAO DOS SURDOS E DA LIBRAS 16 8 CONGRESSO DE MILO 18 9 QUASE UM SCULO DEPOIS... O QUE MUDOU? 20 10 FUNDAMENTOS DA EDUCAO DOS SURDOS 22 11LIBRASLNGUABRASILEIRADESINAIS:INTRODUO LINGSTICA 22 12 LINGUAGEM 24 13 LNGUA E SIGNOS LINGSTICOS 25 4 13.1 O QUE LNGUA?25 13.2 O QUE A LNGUA DE SINAIS?25 13.3 DATILOLOGIA26 14 IMPLICAES LINGSTICAS E SCIO-CULTURAIS 26 14.1 FAMLIA27 14.2 CONDUTA DO PROFESSOR29 15 FONTICA E FONOLOGIA 30 16 UM BREVE PASSEIO PELAS RAZES DA HISTRIA DE EDUCAO DE SURDOS31 17 MCDLLCS LDUCACICNAIS NA LDUCAC DL SUkDCS36 17.1 O ORALISMO 37 17.2 COMUNICAO TOTAL UMA MODALIDADE MISCIGENADA38 17.3 O BILINGISMO39 17.4PEDAGOGIASURDA:TRAOSCULTURAISDADIFERENAEDA MEDIAO INTERCULTURAL 39 18ASPOLTICASDEINCLUSOEEXCLUSOSOCIAISE EDUCACIONAIS 40 19 AULA PRTICA 47 3 20 PRODUO, EXPRESSO E RECEPO 48 21 A QUESTO DO MOVIMENTO NAS LNGUAS DE SINAIS 52 22 AS EXPRESSES FACIAIS NAS LNGUAS DE SINAIS53 23 BIBLIOGRAFIA BSICA 55 24 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 55 25 SITES CONSULTADOS 55 1 O QUE LIBRAS?6 2.LIBRAS: LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS AsLnguasdeSinais(LS)soaslnguasnaturaisdascomunidadessurdas.Ao contrriodoquemuitosimaginamasLnguasdeSinaisnososimplesmente mmicasegestossoltos,utilizadospelossurdosparafacilitaracomunicao.So lnguas com estruturas gramaticais prprias. Atribui-se s Lnguas de Sinais o status de lngua porque elas tambm so compostas pelos nveis lingsticos: o fonolgico, o morfolgico, o sinttico e o semntico. Possuitodososelementosclassificatriosidentificveisdeumalnguaedemandade prticaparaseuaprendizado,comoqualqueroutralngua.umalnguavivaeautnoma, reconhecida pela lingstica. Oquedenominadodepalavraouitemlexicalnaslnguasoral-auditivasso denominadossinaisnaslnguasdesinais.OquediferenciaasLnguasdeSinais dasdemaislnguasasuamodalidadevisual-espacial.Assim,umapessoaque entra em contato com uma Lngua de Sinais ir aprender uma outra lngua, como o Francs,Inglsetc.Osseususuriospodemdiscutirfilosofiaoupolticaeat mesmo produzir poemas e peas teatrais. LIBRAS, ou Lngua Brasileira de Sinais, a lngua materna dos surdos brasileiros e, como tal,poderseraprendidaporqualquerpessoainteressadapelacomunicaocomessa comunidade. Pesquisascomfilhossurdosdepaissurdosestabelecemqueaaquisioprecoceda LnguadeSinaisdentrodolarumbenefcioequeestaaquisiocontribuiparao aprendizado da lngua oral como Segunda lngua para os surdos. OsestudosemindivduossurdosdemonstramqueaLnguadeSinaisapresentauma organizaoneuralsemelhantelnguaoral,ouseja,queestaseorganizanocrebroda mesma maneira que as lnguas faladas. 7 ALnguadeSinaisapresenta,porserumalngua,umperodocrticoprecoceparasua aquisio,considerando-sequeaformadecomunicaonaturalaquelaparaoqualo sujeitoestmaisbempreparado,levando-seemcontaanoodeconfortoestabelecido diante de qualquer tipo de aquisio na tenra idade. impossvelparaaquelesquenoconhecemalnguadesinaisperceberemsua importncia para os surdos, sua enorme influncia sobre a felicidade moral e social dos que so privados da audio e sua maravilhosa capacidade de levar o pensamento a intelectos quedeoutraformaficariamemperptuaescurido.Enquantohouverdoissurdosno mundo e eles se encontrarem, haver o uso de sinais. (J. Schuylerhong) 3.INFORMAES TCNICAS 2.1 LIBRAS ALIBRAS(LnguaBrasileiradeSinais)temsuaorigemnaLnguadeSinais Francesa. As Lnguas de Sinais no so universais. Cada pas possui a sua prpria lngua de sinais, que sofre as influncias da cultura nacional. Como qualquer outra lngua, ela tambm possui expresses que diferem de regio para regio (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como lngua. 1.SINAIS Ossinaissoformadosapartirdacombinaodaformaedomovimentodasmosedo ponto no corpo ou no espao onde esses sinais so feitos. Nas lnguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parmetros que formaro os sinais: 1.CONFIGURAO DAS MOS 8 Soformasdasmosquepodemserdadatilologia(alfabetomanual)ououtrasformas feitas pela mo predominante (mo direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mos. OssinaisDESCULPAR,EVITAReIDADE,porexemplo,possuemamesmaconfigurao de mo (com a letra y). A diferena que cada uma produzida em um ponto diferente no corpo. 2.2.2 PONTO DE ARTICULAO olugarondeincideamopredominanteconfigurada,ouseja,localondefeitoosinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espao neutro. 2.2.3 MOVIMENTO Os sinais podem ter um movimento ou no. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM-P no tm movimento; j os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento. 2.EXPRESSO FACIAL E/OU CORPORAL As expresses faciais / corporais so de fundamental importncia para o entendimento real do sinal, sendo que a entonao em Lngua de Sinais feita pela expresso facial. 3.ORIENTAO/DIREO Ossinais tmumadireocom relaoaosparmetrosacima.Assim, osverbosIReVIR se opem em relao direcionalidade. 3 CONVENES DA LIBRAS 9 3.1 A GRAFIA OssinaisemLIBRAS,parasimplificao,serorepresentadosnaLnguaPortuguesaem letra maiscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR. 3.2 A DATILOLOGIA (ALFABETO MANUAL) Usada para expressar nomes de pessoas, lugares e outras palavras que no possuem sinal, estar representada pelas palavras separadas por hfen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P--T-E-S-E. 3.3 OS VERBOS Seroapresentadosnoinfinitivo.Todasasconcordnciaseconjugaessofeitasno espao. Ex.: EU QUERER CURSO. 3.4 AS FRASES Obedecero estrutura da LIBRAS, e no do Portugus. Ex.: VOC GOSTAR CURSO? (Voc gosta do curso?) 3.5 OS PRONOMES PESSOAIS Serorepresentadospelosistemadeapontao.ApontaremLIBRASculturalmentee gramaticalmente aceito. 10 OBSERVAO: ParaconversaremLIBRASnobastaapenasconhecerossinaisdeformasolta, necessrio conhecer a sua estrutura gramatical, combinando-os em frases. ALFABETO MANUAL11 NMEROS 12 4 LEI DA LIBRAS ConformeaLein10.436oficializadaem24deAbrilde2002,eregulamentadapelo Decreto 5.626/05. LIBRAS a sigla da Lngua Brasileira de Sinais. Percepo visual e as expresses faciais e corporais so os fatores fundamentais da Lngua Brasileira de Sinais. A LIBRAS no universal. Cada pas tem a sua prpria lngua, com as suas prprias estruturas gramaticais. 4.1 O QUE A CONFIGURAO DE MOS? Configuraodemoumdosparmetrosgramaticaisdalnguadesinais.As configuraesdemos,quetambmpodemserdadatilologia,soasformasfeitaspelas duas mos ou pela mo predominante do emissor ou sinalizador de LIBRAS. 4.2 O QUE O ALFABETO MANUAL? adatilologia.Noalfabetomanualalnguaescritaservedebasepara aspalavrasserem digitadas atravs das mos. A datilologia utilizada para soletrar nomes de pessoas, ruas, objetos ou palavras que no possuam sinais. 5 HISTRIA DOS SURDOS AhistriadosSurdosregistraosacontecimentoshistricosdossurdos,como grupo que possui uma lngua, uma identidade e uma cultura. Aolongodaseras,osSurdostravaramgrandesbatalhaspelaafirmaodasua identidade, da comunidade surda, da sua lngua e da sua cultura, at alcanarem o reconhecimento que tm hoje, na era moderna. 5.1 AT IDADE MDIA 13 NoEgipto,osSurdoseramadorados,comosefossemdeuses,serviamde mediadoresentreosdeuseseosFaras,sendotemidoserespeitadospela populao. Na poca do povo Hebreu, na Lei Hebraica, aparecem pela primeira vez, referncias aos Surdos. NaAntigidadeoschineseslanavam-nosaomar,osgaulesessacrificavam-nos aosdeuses Teutates, emEsparta eramlanadosdoaltodosrochedos.Na Grcia, os Surdos eram encarados como seres incompetentes. Aristteles ensinava que os quenasciamsurdos,pornopossuremlinguagem,noeramcapazesde raciocinar. Essacrena,comumnapoca,faziacomque,naGrcia,osSurdosno recebessemeducaosecular,notivessemdireitos,fossemmarginalizados (juntamentecomosdeficientesmentaiseosdoentes)equemuitasvezesfossem condenados morte. No entanto, em 360 a.C., Scrates, declarou que era aceitvel queosSurdoscomunicassemcomasmoseocorpo.Snecaafirmou:Matam-se ces quando esto com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as cabeas dasovelhasenfermasparaqueasdemaisnosejamcontaminadas;matamosos fetoseosrecm-nascidosmonstruosos;senasceremdefeituososemonstruosos afogamo-los, no devido ao dio, mas razo, para distinguirmos as coisas inteis das saudveis. Os Romanos, influenciados pelo povo grego, tinham ideias semelhantes acerca dos Surdos,vendo-ocomoserimperfeito,semdireitoapertencersociedade,de acordocomLucrcioePlnio.Eracomumlanaremascrianassurdas (especialmenteaspobres)aorioTibre,paraseremcuidadospelasNinfas.O imperadorJustiniano,em529a.C.,criouumaleiqueimpossibilitavaosSurdosde celebrar contratos, elaborar testamentos e at de possuir propriedades ou reclamar heranas (com excepo dos Surdos que falavam). 14 5.1.1 ROMA EmConstantinopla,asregrasparaosSurdoserambasicamenteasmesmas.No entanto,losSurdosrealizavamalgumastarefas,taiscomooserviodecorte, comopajensdasmulheres,oucomobobos,deentretenimentodosulto.Mais tarde, Santo Agostinho defendia a ideia de que os pais de filhos Surdos estavam a pagarporalgumpecadoquehaviamcometido.AcreditavaqueosSurdospodiam comunicarpor meiodegestos,que,emequivalncia fala,eramaceitesquanto salvao da alma. AIgrejaCatlica,atIdadeMdia,criaqueosSurdos,diferentementedos ouvintes, no possuam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os sacramentos. John Beverley, em 700 d.C., ensinou um Surdo a falar, pela primeira vez (em que h registo).Poressarazo,elefoiconsideradopormuitoscomooprimeiroeducador de Surdos. s aqui, no fim da Idade Mdia e inicio do Renascimento, que samos da perspectivareligiosaparaaperspectiva darazo, emqueadeficinciapassaa ser analisada sob a ptica mdica e cientfica. 5.2 AT IDADE MODERNA FoinaIdadeModerna quesedistinguiu,pelaprimeiravez,surdezde mudez.Aexpresso surdo-mudo, deixou de ser a designao do Surdo. Pedro Ponce de Len PedroPoncedeLeninicia,mundialmente,ahistriados Surdos,talcomoaconhecemoshojeemdia.Paraalmde fundarumaescolaparaSurdos,emMadrid,elededicou grandepartedasuavidaaensinarosfilhosSurdos,de pessoas nobres, esses que de bom grado lhe encarregavam osfilhos,paraquepudessemterprivilgiosperantealei 13 (assim,apreocupaogeralemeducarosSurdos,napoca,eratosomente econmica).Lendesenvolveuumalfabetomanual,queajudavaosSurdosa soletraraspalavras(hquemdefendaaideiadequeessealfabetomanualfoi baseadonosgestoscriados por monges,quecomunicavamentre sidesta maneira pelo fato de terem feito voto de silncio). Nestapocaeracostumequeascrianasquerecebiamestetipodeeducaoe tratamentofossemfilhasdepessoasquetinhamumasituaoeconmicaboa.As demaiseramcolocadasemasiloscompessoasdasmaisdiversasorigense problemas, pois no se acreditava que pudessem se desenvolver em funo da sua "anormalidade". JuanPabloBonet,aproveitandootrabalhoiniciadoporLen,foiestudiosodos Surdos e seu educador. Escreveu sobre as maneiras de ensinar os Surdos a ler e a falar, por meio do alfabeto manual. Bonet proibia o uso da lngua gestual, optando o mtodo oral. JohnBulwer,mdicoingls,acreditavaquealnguagestualdeveriapossuirum lugardedestaque,naeducaoparaosSurdos;foioprimeiroadesenvolverum mtodo para comunicar com os Surdos. Publicou vrios livros, que realam o uso de gestos. JohnWallis(1616-1703),educadordeSurdoseestudiosodasurdez,depoisde tentar ensinar vrios Surdos a falar, desistiu desse mtodo de ensino, dedicando-se maisaoensinodaescrita.Usavagestos,noseuensino.GeorgeDalgarno desenvolveuumsistemainovadordedactilologia.KonrahAmman,defensorda leitura labial, j que considerava que a fala era uma ddiva de Deus que fazia com queapessoafossehumana(noconsideravaosSurdosquenofalavamcomo humanos).Ammannofaziausodalnguagestual,poisacreditavaqueosgestos atrofiavamamente,emboraosusassecomomtododeensino,paraatingira oralidade. 16 CharlesMicheldeL'pe,nascidoem1712,ensinava,numaprimeirafase,os Surdos,pormotivosreligiosos.Muitosoconsideramcriadordalnguagestual. Embora saibamos que a mesma j existia antes dele, L'pe reconheceu que essa lnguarealmenteexistiaequesedesenvolvia(emboraanoconsiderasseuma lngua com gramtica). Os seus principais contributos foram: 1.criao do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris (primeira escola de Surdos do mundo);2.reconhecimento do Surdo como ser humano, por reconhecer a sua lngua;3.adoo do mtodo de educao coletiva;4.reconhecimentodequeensinaroSurdoafalarseriaperdadetempo,antes quese devia ensinar-lhe a lngua gestual. Jean Itard, primeiro mdico a interessar-se pelo estudo da surdez e das deficincias auditivas,usavaosseguintesmtodosnassuaspesquisas:cargaseltricas, sangramentos, perfurao de tmpanos, entre outras. OmaiordefensordaimplementaodooralismonosEUAfoiAlexanderGraham Bell,inventordotelefone,queveiodaEscciaondesuafamliatrabalhavacomo oralismo na educao de surdos. NoBrasil,aeducaodesurdosteveincionogovernoImperialdeD.PedroII, quandooprofessorfrancsHernestHuet,aconvitedeD.PedroII,veioparao Brasilparafundaraprimeiraescolaparameninossurdos.Seguidordaidiado abade L Epe (Charles Michel LEspe, nasceu em 1712 e foi ordenado sacerdote em1738),HernestHuetnasceunaFranaem1822eficousurdoaos12anosde idade. 6 INES (INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAO DE SURDOS) 17 Pormuitosanosessafoianicainstituiooficialquerecebeualunossurdosde todooBrasiledepasesdaAmricaLatina.Em1951,oMinistriodaEducao (MEC)promoveuainstalaodecursosespecializadosparaformaode professores. Segundo Rinaldi (1998, p.284): DesdeentoossurdosnoBrasilpassaramapodercontarcomoapoiode uma escola especializada para a sua educao, obtendo a oportunidade de criaraLnguaBrasileiradeSinais(Libras),misturadalnguadesinais francesa com os sistemas de comunicao j usados pelos surdos das mais diversaslocalidadesbrasileiras. AtualmenteoInstitutoumCentro NacionaldeReferncianareadasurdez.Comtodasasinstrues passadasemLibras(LnguaBrasileiradeSinais),oInstitutoaindaministra o portugus como segunda lngua. 7 HISTRIA DA EDUCAO DOS SURDOS E DA LIBRAS Iniciamosnossobate-papofalandodehistria,nopara procurar benfeitores e entregar-lhes louros, nem viles para oscrucificarem,masparaquesetornepossvelentender asmotivaes,osembates,aslutas,asconquistas,os discursos que delinearam o passado e que influenciaram a configurao do presente (S, 2006, p.70). Vriospersonagensenvolveram-secomaeducaodossurdos, como por exemplo, Ponce de Leon, sculo XVI, Charles Michel de Lpp,sculoXVIII,ThomasHoplinsGallaudet,sculoXIX, dentre tantos outros. O primeiro, de acordo com registros de seus discpulos, foi o inventor do alfabeto manual, que o utilizava junto aalgunssinais,comesforocentradonaescritaenafala.O segundo,jnosculoXVIII,coma permissodoReiLuiz,fundouaprimeira escolapblicaparasurdosemParis,Frana;oltimofundou uma instituio de ensino para surdos nos Estados Unidos da Amrica,estainstituio,atualmente,aGallaudetUniversit, situadaemWashington.Todososesforoscentravam(FENEIS, 2005). NaAlemanhaSamuelHeinick,inaugura o mtodode escolapblicabaseadanomtodooral(1750),rejeitandoalnguadesinais.O inventordo(patenteadorescolaoralistaedefendia[...]oensinodafalaequeosurdonopoderiacasar entre si, nem lecionar para outros surdos (FENEIS, 2005, p. 4). Lopes (2005) critica tais aes afirmando que:normalizao do surdo atravs da fala, produzidas, tambm pela escola, confortam os pais de surdos com a esperana da fala e com a possibilidade de as perceberem a surdez (LOPES, 2005, Strbel(2007),corroborandocomLopes,dizque:[...]quantomaisinsistemem colocar mscaras nas suas identidades e quanto mais manifestaes de que para o surdoimportantefalarparaseremaceitosnasociedade,maiselesficamnas prpriassombras,commedos,angstiaseansiedade.Asopressesdasprticas ouvintistas so comuns na histria passaemmscaraselaelencavriossurdosmascaradospelasociedade,entreeles Thomas Edson (o inventor da lda Princesa Isabel, herdeira do trono de D. Pedro II, dentre outros (STRBEL, 2007, apud QUADROS & PERLIN, 2007). FalandodeBrasil...Nosesabeo educao dos surdos demonstrado por 1855,aconvitedoimperadorchegaaoBrasiloprofessor surdo, discpulo de Lpp, fundar, no Rio de Janeiro, antiga capital do pas, uma escola parasurdos.E,compesquisanascomunidadessurdas brasileiras inaugura, em 1857, o Instituto dos Surdos ington.Todososesforoscentravam-senoensinodafala lHeinick,inaugura o mtododeoralizao e fundaaprimeira escolapblicabaseadanomtodooral(1750),rejeitandoalnguadesinais.O inventordo(patenteador)telefone,AlexanderGrahamBell,abrenoCanaduma escolaoralistaedefendia[...]oensinodafalaequeosurdonopoderiacasar entre si, nem lecionar para outros surdos (FENEIS, 2005, p. 4). Lopes (2005) critica tais aes afirmando que: As representaes realistas sobre a normalizao do surdo atravs da fala, produzidas, tambm pela escola, confortam os pais de surdos com a esperana da fala e com a possibilidade de as (LOPES, 2005, apud SKLIAR, 2005, p. 111Strbel(2007),corroborandocomLopes,dizque:[...]quantomaisinsistemem colocar mscaras nas suas identidades e quanto mais manifestaes de que para o surdoimportantefalarparaseremaceitosnasociedade,maiselesficamnas sombras,commedos,angstiaseansiedade.Asopressesdasprticas ouvintistas so comuns na histria passada e presente para o povo surdo. emmscaraselaelencavriossurdosmascaradospelasociedade,entreeles Thomas Edson (o inventor da luz eltrica), Gasto de Orlans, o Conde dEu, marido da Princesa Isabel, herdeira do trono de D. Pedro II, dentre outros (STRBEL, 2007, apud QUADROS & PERLIN, 2007). FalandodeBrasil...Nosesabeorealinteressepela educao dos surdos demonstrado por D.PedroII, mas em 1855,aconvitedoimperadorchegaaoBrasiloprofessor surdo, discpulo de Lpp,ErnestHuet,com aintenode fundar, no Rio de Janeiro, antiga capital do pas, uma escola rasurdos.E,compesquisanascomunidadessurdas brasileiras inaugura, em 1857, o Instituto dos Surdos-mudos, 18 senoensinodafala oralizao e fundaaprimeira escolapblicabaseadanomtodooral(1750),rejeitandoalnguadesinais.O ,abrenoCanaduma escolaoralistaedefendia[...]oensinodafalaequeosurdonopoderiacasar presentaes realistas sobre a normalizao do surdo atravs da fala, produzidas, tambm pela escola, confortam os pais de surdos com a esperana da fala e com a possibilidade de as pessoas no apud SKLIAR, 2005, p. 111). Strbel(2007),corroborandocomLopes,dizque:[...]quantomaisinsistemem colocar mscaras nas suas identidades e quanto mais manifestaes de que para o surdoimportantefalarparaseremaceitosnasociedade,maiselesficamnas sombras,commedos,angstiaseansiedade.Asopressesdasprticas da e presente para o povo surdo. E falando emmscaraselaelencavriossurdosmascaradospelasociedade,entreeles uz eltrica), Gasto de Orlans, o Conde dEu, marido da Princesa Isabel, herdeira do trono de D. Pedro II, dentre outros (STRBEL, 2007, Instituto Nacional de Educao de surdos - INES 19 atual Instituto Nacional de Educao dos Surdos (INES). (FENEIS, 2005, p. 4). Voltandoaoglobo...Lulkin(2005,apudSKLIAR,2005,p.36)afirmaqueantesda primeirametadedosculoXIX,asinvestigaessobreoouvidoeaaudiono passavamdeumaantologiadeatoscientficos.Oautordizaindaqueascrianas surdas,usadascomocobaias,ficavamcobertasdebolhas,inchaoecicatrizes envolta das orelhas. SegundoLulkin,oDr.Blanchetqueocupavaocargodemdiconainstituiode Paris[...]investenareeducaodoouvidoatravsdeumaemissodesonsem crescenteintensidadeeporumaexcitaodosnervosdasensibilidadegeral.E, em1853,geraumaviolentapolmicaacercadeseusextravagantesmtodos: abertura do crnio e colocao de um perfurador, cortes de bisturi no ouvido mdio, entre outros procedimentos empricos (LULKIN, 2005, apud SKLIAR, 2005, p. 36). 8 CONGRESSO DE MILO Nodia11deSetembrode1880realiza-seemMilo,Itlia,oCongresso InternacionaldeEducadoresdeSurdos.Nestecongressoficoudecididopelos professores ouvintes a proibio da lngua de sinais. Os professores surdos foram excludosdestavotao.(FENEIS,2005,p.4-grifonosso).Essediaficou conhecido, entre os surdos como o dia do diabo, ou incio do holocausto. Dos 174 votos vlidos, dois teros eram de congressistas italianos, os demais eram franceses,ingleses,suecos,suos,alemeseamericanos.Destesapenasquatro votaram a favor da lngua de sinais, os outros 170 votaram contra a lngua de sinais e a favor do oralismo/ouvintismo (LULKIN, 2005, apud SKLIAR, 2005). Asmanifestaesdapoca,marcadapelaracionalidadeemoposioemoo eram fcilmente percebidas na fala de um congressista italiano, como afirma Lulkin 20 (2005) citando Grmion, que dizia que se as instiuies interessadas em introduzir, sincera e eficazmente, o verdadeiro mtodo da palavra deveria separar os surdos experientes dos iniciantes, a fim de desenraizar a erva daninha da lngua de sinais, pois[...]exaltaossentidoseprovoca,demasiadamente,afantasiaea imaginao(LULKIN, 2005, apud SKLIAR, 2005, p. 37). Lulkin(2005),aindacitandoGrmion,afirmaqueosdocumentoserigidosapartir das atas finais do Congresso determinaram as propostas educacionais e as polticas pblicasatcercade1970,asquaisrecomendavamoseguinte:OCongresso, considerandoaincontestvelsuperioridadedapalavrasobreossignospara devolverosurdosociedadeeparadar-lheummelhorconhecimentodalngua, declaraqueomtodooraldeveserpreferidoaodammicaparaaeducaoe instruo dos surdos-mudos. (...) O Congresso, considerando que o uso simultneo dapalavraedossignosmmicostemdesvantagemdeinibiraleituralabialea precisodasidias,declaraqueomtodooralpurodeveserpreferido.(...)A terceiraresoluoumvotoemfavordaextensodoensinodossurdos-mudos. Considerandoqueumgrandenmerodesurdos-mudosnoreceberamos benefcios da instruo; que essa situao provm dos poucos recursos das famlias edosestabelecimentos,emiteovotoqueosgovernostomemasmedidas necessriasparaquetodosossurdosemudospossamserinstrudos(LULKIN, 2005, apud SKLIAR, 2005, p. 37). Aprimeiramedidaparacolocaremprticaoquedeterminavaasresoluesdo Congressofoiobrigarosalunossurdosasentaremsobreasmos.Eparatentar impediracomunicaosinalizada,retiraram as pequenas janelas das portas. Quanto aos professores surdos e seus auxiliares e demais surdosadultosenvolvidoscomaeducao, responsveispelairradiaodeaspectos culturais,deveriamdeixarasescolaseos institutos.(LULKIN,2005,apudSKLIAR, Imagem 6 Betty G. MillerA imagem nao pode ser exibida. Talvez o computador nao tenha memria suficiente para abrir a imagem ou talvez ela esteja corrompida. Reinicie o computador e abra o arquivo novamente. Se ainda assim aparecer o x vermelho, podera ser necessario excluir a imagem e inseri-la novamente.21 2005, p. 38). Essa nova pedagogia, [...] o controle sobre os estudantes surdos, o conhecimento e asdisposiessobeasuaeducaoclnica,consultrios,escolas,instituies, centrosprofissionalizantespassaramparaodomniodoscientistasmdicose sociais (LULKIN, 2005, apud SKLIAR, 2005, p. 38). OCongressodeMilo,em1880,foiummomentoobscuronaHistriadossurdos, umaquelumgrupodeouvintes,tomouadecisodeexcluiralnguagestualdo ensinodesurdos,substituindo-apelooralismo(ocomitdocongressoeraunicamenteconstitudoporouvintes).Emconsequnciadisso,ooralismofoia tcnica preferida na educao dos surdos durante fins do sculo XIX e grande parte do sculo XX. 9 QUASE UM SCULO DEPOIS... O QUE MUDOU? Quaseumsculodepoissepercebeograndedeclnioocorridonaeducaodos surdos e surge, ento, uma oportunidade de regressar/avanar o ensino a partir da lngua de sinais. OlingistaWillianC.Stokoetornou-seumconeimportantssimonahistriada lnguadesinais,pois,apspesquisaraestruturalingsticadaslnguasdesinais, lana,em1965,aobraDictionaryofAmericanSignLanguageonLinguistic Principles, apresentando as principais caractersticas dessa lngua em relao sua dupla articulao (morfemas e queremas), a no existncia de artigos, preposies, e outras partculas (LEITE, 2005, p. 32). Skliar (2005, p.7) resume o perodo anterior como sendo: [...] mais de cem anos de prticas enceguecidas pela tentativa de correo, normalizaoepelaviolnciainstitucional;instituiesespeciaisqueforam reguladas tanto pela caridade e pela beneficncia, quanto pela cultura social 22 vigentequerequeriaumacapacidadeparacontrolar,separarenegara existnciadacomunidadesurda,dalnguadesinais,dasidentidades surdas e das experincias visuais, que determinam o conjunto de diferenas dos surdos em relao a qualquer outro grupo de sujeitos. Atualmente,noBrasil,hmuitosdiscursoseprticas alternativasbuscandoarecolocaodadiscussonum contexto mais apropriado situao scio-histrico-cultural elingsticadosujeitosurdo.Umavezqueapedagogia aplicadaparaossurdos,equeaindahojesearrasta,no considerousuadiferena,sualngua,suaculturaesuas identidades, que por supervalorizar a voz, lhes negou a vez (S, 2003, apud ESPAO, 2003, p. 90). Entretanto os conhecimentos so administrados como forma de medicalizao para surdez,considerando-oscomoanormaise, porestevis,aplica-seumapedagogia corretiva, normalizadora, isso porque, como afirma Wriglei (1996), citado por Strbel (2007)ossurdossovistoscomopessoascomouvidosdefeituosos[...]se pudssemos consertar... (STRBEL, 2007, in QUADROS & PERLIN, 2007, p. 24). Assim sendo, muitos materiais so forjados para essa correo/conserto. A exemplo disso,oMinistriodaEducaoedoDesporto(MEC)atravsdaSecretariade Educao Especial (SEESP) lana, em 1997, a Srie Atualidades Pedaggicas que, noseunmeroquarto,intituladodeProgramadeCapacitaodeRecursos HumanosdoEnsinoFundamentalDeficinciaAuditiva,gastaaproximadamente 700pginas,subdivididasemdoisvolumes,paratratardeassuntosinerentes patologia da surdez, objeto a ser consertado e, um volume com pouco mais de 120 pginas, para tratar da lingstica da LIBRAS e sua aquisio. Esta srie enftica, quando se aborda a integrao dos alunos surdos, dando aprendizagem da fala e escritadaLnguaPortuguesaumcarterprioritrio,comosendoonicomeiode efetivarsuaintegraonarederegulardeensino(RINALD,1997,apudBRASIL, 1997, vol. I p. 297). Ancorados nesta tica, surgem prticas e discursos opondo-se s escolas de surdos comumreceiodachamadasegregaoescolar.Deixandotransparecer,como A imagem nao pode ser exibida. Talvez o computador nao tenha memria suficiente para abrir a imagem ou talvez ela esteja corrompida. Reinicie o computador e abra o arquivo novamente. Se ainda assim aparecer o x vermelho, podera ser necessario excluir a imagem e inseri-la novamente. 23 afirma Machado (2008, p.24), citando Souza &Ges (1999), uma impresso de que paraoalunosurdoomaisimportanteaconvivnciacomosnormaisdoquea prpria aquisio de conhecimento mnimo necessrio para a sua, a sim, integrao social.E,aindaumconsensomudodequesetodosfalamesteestudantedeve tambm falar. Sendooensinodossurdosbaseadosnumapedagogiaquepensadaporepara ouvintes,criam-seassim,simulacrosdeouvintes.Talassuntotorna-seinquietante, como assegura Machado (2008, p.23), citando Lacerda (1989), porque as diferentes prticas pedaggicas, nessa tica, apresentam uma srie de limitaes, geralmente levandoessesalunos,aofinaldaescolarizaobsica,anoseremcapazesde desenvolversatisfatoriamentealeituraeaescritanalnguaportuguesa,eano terem o domnio adequado dos contedos acadmicos. Saviani(1997,p.73)eMachado(2008,p.76)concordamquenessaspedagogias ausenta-se as consideraes quanto historicidade do aluno (sendo surdo ou no). O primeiro afirma que faltam-lhes a conscincia dos condicionantes histrico-sociais da educao. O segundo afirma que no so considerados, nas prticas escolares, os sujeitos reais com suas histrias, seus valores, crenas, ritmos, comportamentos, origemsocialeeconmica,experinciaevivncia.Isto,negam-lhesa idiossincrasia num discurso hegemnico e homogeneizador. 10 FUNDAMENTOS DA EDUCAO DOS SURDOS Sabe-sequeosurdoumsujeitodeexperinciasvisuais,daaimportnciade proverumaeducaoqueleveemcontatalexperincia,outracoisa,nosepode perder de vista o fato de existir diversas leis que amparam uma educao bilnge. Algoquepoucosbrasileirossabemqueem2002,atravsdalei10.436,oBrasil tornou-se bilnge e em 2005 foi decretado o uso e ensino da LIBRAS para o acesso dossurdoseducaoeoutrasinstanciasdasociedade,umadascolunas 24 centrais do projeto Escola Plo Bilnge. 11LIBRASLNGUABRASILEIRADESINAIS:INTRODUO LINGSTICA Hquemdigaqueaslnguasdesinaissomerosgestosicnicosqueinterpretam aslnguasorais.Muitoscomesteequvocoaschamamdelinguagemdesinais, comosevememdiversosartigos,livroseoutros.EntretantoSaussure(1972) esclarecequealnguaapenasoprodutoouumaparteessencialdalinguagem que pertence ao domnio individual e social (SAUSSURE, 1972, p. 17). Aosereportarspalavraslinguagemelnguamuitostmamesmainteno:a comunicao.Entretantofaz-senecessrio,porcartermeramentemetodolgico, distingui-las uma da outra. Terra(1997)definelinguagemcomosendotodosistemaconvencionalquenos permite realizar atos de comunicao. (TERRA, 1997, p. 12). Assim sendo pode-se utilizarexemplostais como:sinais detrnsito,ossmbolos alocadosnos banheiros pblicosindicandomasculinoefeminino,osidiomasdetodapartedomundo,etc. Em relao lngua, Terra (1997) afirma que: [...] Trata-se de um sistema de natureza gramatical, pertencente a um grupo deindivduos,formadoporumconjuntodesinais(aspalavras)eporum conjuntoderegrasparaacombinaodestes.,portanto,umainstituio socialdecarterabstrato,exterioraosindivduosqueautilizam,que somente se concretiza atravs da fala, que um ato individual de vontade e inteligncia (TERRA, 1997, p.13). Aslnguasdesinaissoconsideradaspelalingsticacomolnguadevidosua aquisio natural, como as lnguas orais, e porque, segundo Brito: [...] surgiram espontaneamente da interao entre pessoas e porque, devido suaestrutura,permitemaexpressodequalquerconceitodescritivo, emotivo,racional,literal,metafrico,concreto,abstrato,enfim,permitema 23 expresso de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano (BRITO, 1998, in BRASIL, 1998, p. 19). Felipe(2007)afirmaque,aspessoassurdasportodapartedomundo,queesto inseridas em Culturas Surdas, possuem suas prprias lnguas de sinais, e que as lnguasdesinaisdistinguem-setantoumasdasoutrascomotambmindependem daslnguasoral-auditivasutilizadasnospases.Ouseja,nosouniversais.Pode se citar, por exemplo, a Lngua de Sinais America, Francesa, Portuguesa, Britnica, Peruana, Brasileira, dentre outras (FELIPE, 2007, p.20). No Brasil a lngua de sinais utilizada pelas comunidades surdas urbanas a LIBRAS LnguaBrasileiradeSinais.Felipe(2007)ressalta,ainda,quealmdelah registrodeoutralnguadesinaisqueutilizadapelosndiosUrubus-kaaporna Floresta Amaznica (FELIPE, 2007, p. 20). A LIBRAS foi eleita a segunda lngua oficial do Brasil em 24 de abril de 2002 atravs da aprovao da Lei10.436 e regulamentada pelo Decreto5.626/05. importante lembrar tambm que a LIBRAS no o portugus feito com as mos, onde os sinais substituemaspalavrasdesta,ouqueelasejalimitadaaexpressarapenas informaes concretas, pois, como mencionado, ela capaz de expressar qualquer conceito. E ainda, que a LIBRAS no constituda apenas pelo alfabeto manual, o mesmoumemprstimolingsticodoportugusparaescreversubstantivos prprios e/ou neologismo em portugus (BRITO, 1998, in BRASIL, 1998, p. 24). As lnguas de sinais distinguem-se das lnguas orais no s pela utilizao de canais diferentes,nestecaso,viso-espacialenquantoqueaoutraooral-auditivo,mas tambm pela estrutura gramtica. As lnguas de sinais se assemelham a qualquer outra lngua, pois as mesmas so estruturadasapartirdeunidadesmnimasqueformamunidadesmaiscomplexas. (FELIPE,2007,p.21).Ouseja,todaspossuemnveislingsticos:fonolgicos, morfolgicos, sinttico e semntico. 26 12 LINGUAGEM

O que Linguagem? a capacidade que o homem e alguns animais possuem para secomunicar eexpressarseuspensamentos. osistema decomunicao natural (comunicao no sentido amplo). Alinguagempermiteaohomemestruturarseupensamento,exprimirseus sentimentos, transferir e adquirir conhecimentos e comunicar-se de maneira geral. A linguagemmarcaoingressodohomemnacultura,tornandooumsercapazde realizarcoisasnuncaantesimaginadas.Alinguagemaprovadaintelignciado homem. Umalinguagempode serumconjuntodepalavrasouat mesmodesinaiscriados comointuitodetransmitiremalgumsignificado.Ohomemutilizainstrumentos lingsticos para efetuar a comunicao escrita, falada ou sinalizada e transmitir sua cultura, assim a lngua um fenmeno scio cultural disposio de todos. O que a Fala? o processo mecnico de comunicao verbal que compreende o emprego da voz, da articulao, do ritmo, da entonao e da intensidade. 13 LNGUA E SIGNOS LINGSTICOS 13.1 O QUE LNGUA? oconjuntodaspalavraseexpresses,faladasouescritas,usadasporumanao.A lnguadeumanao,oidioma,possuisuaprpriaestrutura,dividindo-seem:sintaxe, fonologia, morfologia, semntica e pragmtica. Alnguaumsistemaabstratodesinaisoudesmbolosdeumacomunidade, portanto um instrumento lingstico particular de determinado grupo. Para expressar idiasoserhumanoutiliza-sedesinaisoupalavrasquesoconhecidoscomo A imagem nao pode ser exibida. Talvez o computador nao tenha memria suficiente para abrir a imagem ou talvez ela esteja corrompida.Reinicie o computador e abra o arquivo novamente. Se ainda assim aparecer o x vermelho, podera ser necessario excluir a imagem e inseri-lanovamente.27 signoslingsticos.Signoacombinaodoscomplexossonorosevisuaisedo significadoqueestecomplexocomunica.Aspartesqueconstituemosignosoo significante (palavra ou sinal) e o significado (conceito). 13.2 O QUE A LNGUA DE SINAIS? aprimeiralnguados Surdos.umalnguanaturalemuito ricaemseusdiversosnveis lingsticos, que so o sinttico, o morfolgico, o semntico, o pragmtico e o querolgico; cujos queremas compem-se em 5 parmetros: - Configurao de mo; - Ponto de articulao; - Movimento; - Orientao; - Expresso facial e/ou corporal 13.3 DATILOLOGIA A datilologia a soletrao de uma palavra usando o alfabeto manual de LIBRAS. A datilologia atual tambm conhecida como alfabeto manual, utilizada para informar (representar)coisasqueaindanopossuemumsinalnaLIBRAS,paraexpressar nomes e palavras de lnguas estrangeiras. No entanto a datilologia atribuda a um monge,PedroPonce deLon(1520-1584) ainveno do primeiroalfabeto manual conhecido. Este trabalho est registrado nos livros da instituio religiosa que relata sucesso de uma metodologia que inclua datilologia, escrita e fala. A datilologia mais usada para expressar nome de pessoas, localidades e outras palavras que no possuem um sinal especfico. s vezes, uma palavra da lngua portuguesa que por emprstimo passou a pertencer a LIBRAS, por ser expressa pelo alfabeto manual com uma incorporao de movimento prprio desta lngua, ser apresentada pela soletrao ou parte da soletrao como as palavras reais e nunca, por exemplo. 28 14 IMPLICAES LINGSTICAS E SCIO-CULTURAIS Equivocadamente,alnguadesinaisconsiderada,umammicaqueinterpretaa lngua oral e que os surdos no oralizados utilizam para se comunicar. Aslnguasdesinaistmregrasprpriasemtodososnveislingsticosehojeem diasoestudadascientificamentepordiversospases.Elaspodemexpressaros pensamentosmaiscomplexoseasidiasmaisabstratas,seususuriospodem discutirpoltica,literatura,esportes,moda,contarhistrias,eumagamadeoutros conhecimentos scio-cientfico-cultural. AcomunicaoatravsdaLibrasaconselhadadesdeonascimentodacriana surda ou to logo seja diagnosticada a surdez, para que esta possa adquirir o mais rpidopossvelumaoutraformadecomunicao,ecomeceacompreendere sercompreendido.ALibraspossibilitaaestruturaodopensamentoeda cognio da pessoa surda e conseqentemente, proporciona uma maior interao e tambm o desenvolvimento da linguagem. Pense... Os jovens ouvintes, tem seus cdigos particulares egrias.Vocachaqueosjovenssurdostambmcriam seus cdigos e grias para suas conversas? 14.1 FAMLIA Umamecomentacomumaamiga:Meu filho tocalminhodormetranquilamente,temum sonopesadopossoentrarnoquartoficar conversando,aportabaterelecontinua dormindo... A imagem nao pode ser exibida. Talvez o computador nao tenha memria suficiente para abrir a imagem ou talvez ela esteja corrompida. Reinicie o computador e abra o arquivonovamente. Se ainda assim aparecer o x vermelho, podera ser necessario excluir a imagem e inseri-la novamente.29 Como primeiro e principal ncleo ao qual o ser humano pertence, a famlia atua no sentido de amparar fsica, emocional e socialmente os seus membros. Ospaispodemperceber,precocemente,asurdezdeseufilho,seobservarem algunsindciosousintomas,apresentadospelacriana,equepodemindicar anormalidades no seu comportamento auditivo. Os principais indcios apresentados pelas crianas que possuem deficincia auditiva so: 1.no se assustar com portas que batem ou outros rudos fortes;2.no acordar com msica alta ou barulho repentino;3.no atender quando so chamadas;4.serem distradas, desatentas, desligadas, apticas, no se concentrar;5.no falar de modo compreensvel;6.no falar, aps dois anos de idade;7.parecer ter atraso no desenvolvimento neurolgico ou motor. Averdadeque,sejaporrazesorgnicas,ambientaisouporforadefatores hereditrios ou adquiridos, muitas pessoas so portadoras de um atraso significativo nodesenvolvimentoqueascaracterizacomoportadorasdedeficinciaauditiva. Trata-sede umacondiocomplexaevariadaquesemanifestapelafaltade audio,peloinsuficientedesenvolvimentodafala,comprejuzointeraodo indivduo com o meio em que vive. Umacriana,dequalquerfaixaetria,quenoreajaarudosambientais,asons instrumentais e voz humana, provavelmente surda e dever receber atendimento 30 mdico e educacional especializado. Nesse caso, os pais e/ou a famlia devero procurar osservioscomunitrios:mdicos,psicossociais,educacionais,associaesdepaisde surdos e associaes de surdos. Voc conhece alguma famlia com situao semelhante?

Asociedadedesconheceoqueasurdez,quemapessoasurda,suas especificidades, sua capacidade para exercer qualquer funo na sociedade desde que no requeira exclusivamente habilidades auditivas. Amaioriadossurdosseveroseprofundosmesmoosquetiveramatendimento especializadoduranteanos,comrarasexcees,dificilmentecompreendem integralmente a leitura labial de seu interlocutor e ou falam com legibilidade fontica que proporcionem aos ouvintes perfeita compreenso da mensagem falada. Sua consLruo e slgnlflcao das colsas e do mundo so capLadas, apreendldas e compreendldas pelo senLldo da vlso, sendo esLe seu prlnclpal rgo recepLor para se comunlcarem e lnLeraglrem com o mundo, e, com lsso, preclsam da uLlllzao de recursos Lecnolglcos adapLados as suas necessldades, como: 1.Campanhia com luz nos diversos cmodos da casa; 2.Despertadores com luz piscante ou vibrador no colcho; 3. Telefonesfixosespeciaiscomtecladoalfabtico(TDD)oufax,degrande valia seria se houvessem telefones fixos com a funo de enviar e receber torpedos; 4. Telefones celulares com vibrador e que enviem e recebem torpedos; 5.A Internet que proporciona a comunicao atravs de e-mails e chats; 6.Estaesdetelevisescomprogramasefilmeslegendados,closedcaption (legenda oculta) o ou quadrinhos com interpretes; 7.Filmes legendados em portugus, tanto os estrangeiros quanto os nacionais; 31 8.Necessitamdeinterpretesparasecomunicarememdiversassituaesda vida (Hospitais, Delegacias, Frum, etc.) para entenderem e se fazerem entender. Ser que essas coisas realmente esto acontecendo? 14.2 CONDUTA DO PROFESSOR A educao inclusivapara aspessoassurdas um desafioeducacionaltanto para o professor quanto para o aluno surdo. As escolas de ensino regular devem se adaptar proporcionando condies fsicas e psicopedaggicas para que ocorra a todesejadainclusodosalunossurdos.Informadodopblicoalvo,oprofessor poder moldar estratgias de ensino.Assim sendo, o professor dever respeitare seadequarindividualidadedosseusalunos,modificandoalgumas atividades.Paratanto,precisadeapoio,tempodestinadoaisso,capacitaoe principalmente o querer, o desejo de mudana.

Nasestratgiasdeavaliao,oscritriosdeveroseradequadosrespeitandoas leis.Asescolasqueatendemalunossurdosdevematentarparaofatodeque alunoseprofessoresprecisamcomunicar-seemLnguaPortuguesa(falada e/ou escrita) e tambm em Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS), devendo criar estratgiasaseremutilizadasnodesenvolvimentocurricular.Todosos profissionaisdarea,principalmenteosprofessores,queestejamenvolvidosno processo da educao de surdos devem preferencialmente aprender a Lngua de Sinais, para que os objetivos sejam alcanados. De que forma voc acha que a pessoa surda entenderia melhor o conceito de pessoa fsica e pessoa jurdica?Atravs de Libras ou de outro meio de comunicao? 15 FONTICA E FONOLOGIA 32 Afonticaumacincianoespecificadalingsticaqueestudaossons produzidospeloaparelhofonador,masnoquaisquersons,preocupa-seapenas com aqueles que integram a fala (CABRAL, 1985, p.42). A fonologia, por sua vez, apartedalingsticaresponsvelpeladescriodosfonemas,variantese combinaese,ainda,suasmodificaes.SegundoCabral(1929)Adescrio fonolgicadeumalnguaumateoriacientficaprovisoriamenteaceitacomoum conjunto de hipteses (CABRAL, 1929, p. 85). Cabral(1929)afirmaaindaqueafonologiaeuropiafoifundadapelopolons BaudoindeCourtenayem1870,queaplicoudescriolingstica,pelaprimeira vez, o conceito de fonema como classe de sons (CABRAL, 1985, p.62). Sendoosfonemasclasse/conjuntodesons,osompor sisapenasumamassaamorfa,semforma,sem entendimento.Poroutroladoauniodestessons produzido atravs do aparelho fonador e percebidos pelo aparelhopsicoaudiomotorformamosfonemas,de acordo com a imagem acstica. (CABRAL, 1929, p.62). Fonemas so unidades sonoras mnimas capazes de estabelecer distines entre as palavras.Tomemoscomoexemplo,dalnguaportuguesa,osfonemas/f/c/a/,que podem se combinar formando a palavra faca, todavia, se trocar o fonema /c/ pelo /d/, ou /f/ por /v/, por exemplo, muda-se a palavra (ex.: fada/vaca). Pelofatodeosfonemasseremunidadessonoraseaslnguasdesinaisno utilizaremocanalauditivoelaseapropriadeunidadesmnimasvisuais, denominadasqueremas(tiradodapalavragregakheirparamo)poranalogiaa fonemas (WILCOX & WILCOX, 2005, p. 44). Osqueremasaprincipioforamsubdivididosemtrsparmetros:configuraode mos, ponto de articulao e movimentos. Sendo acrescidos, mais tarde, mais dois 33 parmetros: orientao e expresso corpo-facial. 16 UM BREVE PASSEIO PELAS RAZES DA HISTRIA DE EDUCAO DE SURDOS Pararefletirmosasfundamentaesdaeducaodesurdosatual,nohnada melhor do que fazer um breve passeio pelas razes da histria de surdos. Conhecer a histria de surdos no nos proporciona apenas para adicionarmos conhecimentos, mastambmpararefletirmosequestionarmosdiversosacontecimentos relacionadoscomaeducaoemvriaspocas,porexemplo,porqueatualmente apesar de se ter uma poltica de incluso, o sujeito surdo continua excludo? Ahistriadaeducaodesurdosnoumahistriadifcildeseranalisadae compreendida,elaevoluicontinuamenteapesardevriosimpactosmarcantes,no entanto, vivemos momentos histricos caracterizados por mudanas, turbulncias e crises, mas tambm de surgimento de oportunidades. Como vemos pelo LlLulo do LexLo 'um breve passelo pelas ralzes da hlsLrla de educao de surdos'. orque ralzes? L pelas ralzes numa hlsLrla que surge revelaes Lrazendo a luz as dlscusses educaclonals das dlferenLes meLodologlas, pode-se observar que a ralz cenLral das dlspuLas sempre esLeve llgada a respelLo da llngua, ou se[a, se os su[elLos surdos deverlam desenvolver a aprendlzagem aLraves da llngua de slnals ou da llngua oral? Antesdesurgiremestasdiscussessobreaeducao,ossujeitossurdoseram rejeitadospelasociedadeeposteriormenteeramisoladosnosasilosparaque pudessem ser protegidos, pois no se acreditava que pudessem ter uma educao em funo da sua anormalidade, ou seja, aquela conduta marcada pela intolerncia 34 obscuranaviso negativasobreossurdos viam-noscomoanormais oudoentes. Muitosanosdepoisossujeitossurdospassamaservistoscomocidadoscom direitos e deveres de participao na sociedade, mas sob uma viso de assistencial excluda. Naquelapoca,notinhamescolasparaossujeitossurdos.Comestapreocupao educacionaldesujeitossurdosfizeramsurgirnumerososprofessoresquedesenvolveram seus trabalhos com os sujeitos surdos e de diferentes mtodos de ensino. CuandonsobservamosaLenLamenLeaslLuaoaLualdaeducaodesurdos,nspodemos perceberquehouverupLuraemalgumaparLedehlsLorladesurdosequeesLarupLuraesLaos poucos sendo preenchlda nesLas ulLlmas decadas. ALe recenLemenLe os povos surdos sofreram com esLarupLura,polsparaamalorladelesaeducaoverdadelracomeousomenLedepolsquando salram da escola na ldade de adolescncla, ao Lerem conLaLo com os ouLros su[elLos surdos adulLos nas assoclaes de surdos. Canode1880folocllmaxda histria de surdos, que adicionou a fora de um lado de muitos perodosdeduelospolmicosdeopostoseducacionais:alnguadesinaiseooralismo. NesteanofoirealizadoumCongressoInternacionaldeProfessoresdeSurdosemMilo, Itlia, para discutir e avaliar a importncia de trs mtodos rivais: lngua de sinais, oralista e mista (lngua de sinais e o oral). Cs Lemas proposLos foram: vanLagens e desvanLagens do lnLernaLo, Lempo de lnsLruo, numero de alunos por classe, Lrabalhos mals aproprlados aos surdos, enfermldades, medldas, medldas curaLlvas e prevenLlvas, eLc. Apesar da varledade de Lemas, as dlscusses volLaram-se as quesLes do orallsmo e da llngua de slnals (8C8nL, 2002, p. 31). nenhumouLroevenLonahlsLorladesurdosLeveumlmpacLomalornaeducaodepovos surdos como esLe que provocou uma Lurbulncla serla na educao que arrasou por mals de cemanosnosqualsossujeitossurdosficaramsubjugadossprticasouvintistas, 33 tendoqueabandonarsuacultura,asuaidentidadesurdaesesubmeteramauma etnocntricaouvintista,tendodeimit-los.Porexemplo:houveavanosnaviso clnica,quefaziamdasescolasdossurdosespaosdereabilitaodefalae treinamentoauditivopreocupando-seapenasemcurarossurdosqueeramvistos como deficientes e no em educar. Aps o congresso, as maiorias dos pases adotaram rapidamente o mtodo oral nas escolasparasurdosproibindooficialmentealnguadesinaisealicomeouuma longa e sofrida batalha do povo surdo para defender o direito lingstico cultural. nofolsempreasslm,havlamomenLosanLesdocongressode1880emqueallnguade slnalseramalsvalorlzada.Por exemplo: havia professores que juntavam na tarefa de demonstraraveracidade da aprendizagemdossujeitossurdos ao usaralnguade sinais e o alfabeto manual e em muitos lugares havia professores surdos. Na poca os povos surdos no tinham problemas com a educao, maiorias de sujeitos surdos dominavamnaartedaescritaehevldnclaquehavlammulLosescrlLoressurdos, arLlsLas surdos, professores surdos e ouLros su[elLos surdos bens sucedldos. Houveacrisesriaentreaculturasurdaeaeducao,poisaopercorreratrajetria histricadopovosurdoesuasdiferentesrepresentaessociaisvemososdomniosdo ouvintismo relativos a qualquer situao relacionada vida social e educacional dos sujeitos surdos. Houve fracassos na educao de surdos devido predominncia do oralismo puro na forma de ouvintismo, entretanto, em ltimos 20 anos comearam perceber que os povos surdos poderiam ser educados atravs da lngua dos sinais. Avotao deCongressodeMilo provocou umromboque ocasionou aquedade educaodesurdoseagoraospovossurdosestocriandoforaseanimopara levantarem-seelutarempelosseusdireitosaeducao.Entretanto,istono significouabanimentodosmtodosoralistas,quecontinuaramaserutilizadosat hoje,masalnguadesinais,culturaeidentidadesurdaganharammaispotnciae sendo mais valorizada. 36 Aproibiodalnguadesinaispormaisde100anos sempreestevevivanasmentesdos povos surdos at hoje, no entanto, agora o desafio para o povo surdo construir uma nova histriacultural,comoreconhecimentoeorespeitodasdiferenas,valorizaodesua lngua, a emancipao dos sujeitos surdos de todas as formas de opresso ouvintistas e seu livre desenvolvimento espontneo de identidade cultural! CONCEITOS Ouvintismo:(...)umconjuntoderepresentaesdosouvintes,apartirdo qualosurdoestobrigadoaolhar-seenarrar-secomosefosse ouvinte.(SKLIAR, 1998, p 15). VisoClnica:nestavisoaescoladesurdosssepreocupacomas atividadesdareadesade,vemossujeitossurdoscomopacientesou doentesnasorelhasquenecessitamseremtratadosatodocustopor exemplo: os exerccios teraputicas de treinamento auditivos e os exerccios de preparaodosrgosfonador,quefazempartedotrabalhodoprofessorde surdosquandoatuanaabordagemoralista.Nestavisoclinicageralmente categorizamossujeitossurdosatravsdegrausdesurdezenopelassuas identidades culturais. PovoSurdo:Quando pronunciamos povo surdo, estamos nos referindo aos sujeitossurdosquenohabitamnomesmolocal,masqueestoligadospor uma origem, por um cdigo tico de formao visual, independente do grau de evoluolingstica,taiscomoalnguade sinais,aculturasurdaequaisquer outros laos. (STROBEL, 2008, p.29). ComunidadeSurda:Ento entendemos que a comunidade surda de fato no sdesujeitossurdos,htambmsujeitosouvintes-membrosdefamlia, intrpretes,professores,amigoseoutros-queparticipamecompartilhamos mesmos interesses em comuns em uma determinada localizao. (...) Em que 37 lugares?Geralmente em associao desurdos, federaesdesurdos,igrejas e outros. (STROBEL, 2008, p.29). Esteretipo:(...)umavisosupersimplificadaeusualmentecarregadade valoressobreasatitudes,comportamentoeexpectativasdeumgrupooude umindivduo.Taisvises,quepodemserprofundamentebaseadasem culturassexistas,racistasoupreconceituosas,soaltamenteresistentes mudanaetemumpapelsignificativonamodelagemdasatitudesdos membrosdaculturaparacomosoutros(...).(EDGAReSEDGWICK,2003, p.107) SerSurdo:(...)olharaidentidadesurdadentrodoscomponentesque constituem as identidades essenciais com as quais se agenciam as dinmicas depoder.umaexperincianaconvivnciadosernadiferena(PERLINE MIRANDA, 2003, p.217) Etnocentrismo:DeacordocomROCHA(1984),etnocentrismoumavisodo mundoondeonossoprpriogrupotomado comocentrodetudoetodososoutros sopensados(...)atravsdosnossosvalores...,partindodesteconceito,dentrodo contexto de histria de surdos, podemos dizer que etnocntrica ouvintista a idia de sujeitos ouvintes que no aceitam os sujeitos surdos como diferena cultural e sim que elestmdemoldarcommodeloouvinte,isto, temdeimitaraosouvintes falandoe ouvindo. 17 MCDLLCS LDUCACICNAIS NA LDUCAC DL SUkDCS Noprincpiodahistriadeeducaodesurdosossujeitossurdoseramconsiderados intelectualmenteinferiores,porissoeramtrancadosemasilosequandoseperceberam queossujeitossurdostinhamacapacidadedeaprenderecomistosurgirampesquisase experimentosdasdiferentesmetodologiaseformasadaptadasdeensino.Nestetrabalho procuramosfundamentarnoscincosmodeloseducacionaisnaeducaodesurdose 38 presentes em maior ou menor intensidades nas escolas para surdos que so o Oralismo, a Comunicao Total, o Bilingismo, a Pedagogia do Surdo e processo Intercultural. 1.ORALISMO 2.COMUNICAO TOTAL3.BILINGISMO 4.PEDAGOGIA DO SURDO 17.1 O ORALISMO Na histria houve uma poca que tinha ampla valorizao e aceitao da lngua de sinais e apartirdocongressodeMilode1880,alnguadesinaisfoibanidacompletamentena educao de surdos impondo ao povo surdo o oralismo. Devidoevoluotecnolgica que facilitavam aprticadaoralizaopelosujeito surdo,o oralismo ganhou fora a partir da segunda metade do sculo XIX. Amodalidadeoralistabaseia-senacrenadequeanicaformadesejvelde comunicao para o sujeito surdo, e a lngua de sinais deve ser evitada a todo custo porque atrapalha o desenvolvimento da oralizao. Essaconcepodeeducaoenquadra-senomodeloclnico,estavisoafirmaa importnciadaintegraodossujeitossurdosnacomunidadedeouvinteseque paraistopossaocorrer-seosujeitosurdodeveoralizarbemfazendouma reabilitao de fala em direo normalidade exigida pela sociedade. O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integrao da criana surda comunidade de ouvintes,dando-lhecondiesdedesenvolveralnguaoral(nocasodoBrasil,o Portugus).Ooralismopercebeasurdezcomoumadeficinciaquedeveser minimizada atravs da estimulao auditiva (GOLDFELD, 1997, pp. 30 e 31). Ecomistopersistiuaaplicaodeinmerosmtodosoralistas,geralmenteestrangeiros, buscando estratgias de ensino que poderiam transformar em realidade o desejo de ver os sujeitossurdosfalandoeouvindo,fazendocomqueosrgosgovernamentaisdessem 39 enormesverbasparaaaquisiodeequipamentosemquepudessempotencializaros restosauditivosecomosprojetosdeformaodeprofessoresleigosquemuitasvezes faziamopapeldefonoaudilogos,ficandoassimapropostaeducacionaldirecionada somenteparaareabilitaodefalaaossujeitossurdos.Dessaforma,aterecentemente muitossujeitossurdosforamtriadoseavaliadosclinicamente,encaminhadosemescolas publicas e foi estimulada a criao de instituies de reabilitao particulares. As tcnicas mais utilizadas no modelo oral: 1.O TREINAMENTO AUDITIVO 2. O DESENVOLVIMENTO DA FALA 3.A LEITURA LABIAL 1.Otreinamentoauditivo:estimulaoauditivaparareconhecimentoe discriminaoderudos,sonsambientaisesonsdafala,geralmentefazem treinamento com as aparelhagens como AASI, e outros. CONCEITO: AASI:oaparelhodeamplificaosonoraindividual,queaumentaossons, possibilitando que o sujeito com surdez consiga escutar, este aparelho auditivo, tem vrios tipos de fabricaes e de diferentes modelos, o mais tradicional o colocado atrsdaorelhacommoldedaorelhainterna,conhecidopopularmentecomo aparelho auditivo. 2.Odesenvolvimentodafala:exercciosparaamobilidadeetonicidadedos rgosenvolvidosnafonao,lbios,mandbula,lnguaetc,eexercciosde respirao e relaxamento, 3.Aleituralabial:treinoparaaidentificaodapalavrafaladaatravsda decodificao dos movimentos orais do emissor 17.2 COMUNICAO TOTAL UMA MODALIDADE MISCIGENADA 40 DeacordocomDentonapudFreeman,Carbin,Boese(1999,171),adefiniocitada freqentemente sobre a Comunicao Total a seguinte: AComunicaoTotalincluitodooespectrodosmodoslingsticos:gestos criadospelascrianas,lnguadesinais,fala,leituraoro-facial,alfabeto manual, leitura e escrita. A Comunicao Total incorpora o desenvolvimento dequaisquerrestosdeaudioparaamelhoriadashabilidadesdefalaou deleituraoro-facial,atravsdeusoconstante,porumlongoperodode tempo,deaparelhosauditivosindividuaise/ousistemasdealtafidelidade para amplificao em grupo. A Comunicao Total foi desenvolvida em meados de 1960, aps do fracasso de Oralismo puroem muitossujeitossurdos,comearamaponderaremjuntarooralismo comalngua de sinais simultaneamente como uma alternativa de comunicao. 17.3 O BILINGISMO A modalidade Bilnge uma proposta de ensino usada por escolas que se sugerem acessaraossujeitossurdosduaslnguasnocontextoescolar.Aspesquisastm mostrado que essa proposta a mais adequada para o ensino de crianas surdas, tendo em vista que considera a lngua de sinais como primeira lngua e a partir da sepassamparaoensinodasegundalnguaqueoportugusquepodeserna modalidade escrita ou oral. O Bilingismo caracteriza-se da seguinte forma: O Bilingismo tem como pressuposto bsico que o surdo deve ser Bilnge, ousejadeveadquirircomolnguamaternaalnguadesinais,que considerada a lngua natural dos surdos e, como Segunda lngua , a lngua oficialdeseupas(...)osautoresligadosaoBilingismopercebemosurdo deformabastantediferentedosautoresoralistasedaComunicaoTotal. Paraosbilingistas,osurdonoprecisaalmejarumavidasemelhanteao ouvinte, podendo assumir sua surdez (GOLDFELD, 1997, p. 38). 17.4PEDAGOGIASURDA:TRAOSCULTURAISDADIFERENAEDA MEDIAO INTERCULTURAL 41 Saindodasmodalidadestradicionaisdeeducaodesurdosquetrabalhamcoma normalidadeoumtodosclnicosouqueusamoutrosmtodosderegulao, entramos na modalidade da diferena. Fundamentar a educao de surdos nesta teorizao cultural contempornea sobre aidentidadeeadiferenapareceserocaminhohoje.Estamodalidadeoferece fundamentoparaaeducaodossurdosapartirdeumavisoemumaoutra filosofiainvarivelhoje.Emqueaeducaod-senomomentoemqueosurdo colocadoemcontatocomsuadiferenaparaqueaconteaasubjetivaoeas trocas culturais. uma modalidade querida e sonhada pelo povo surdo, visto que a luta atual dos surdos pela constituio da subjetividade ao jeito surdo de ser. O procedimento da mediao cultural no rejeita a cultura ouvinte. A cultura ouvinte est a como cultura, e a metodologia arma estratgias para a posio de diferena, para a afirmao cultural.Neste procedimento o processo inverte a regulao. No mais o ouvinte que regula o surdo, no mais o anmalo, ou o surdo excludo na suainferioridade.aculturasurdaqueregulaosurdoemdireoaseuser diferente e a sua defesa diante daquilo que chamo de prticas discriminatrias que mapeiampopulaessobremarcasvisveisetransparentesdepoderqueas mantm na subalternidade. importante dizer que este procedimento est constitudo no interior da cultura e da diferena, de forma a favorecer a subjetivao. Nesta perspectiva, a pedagogia e o currculo tm a identidade e a diferena como questes de poltica. A sua posio enunciativa, para os tempos atuais, complexa e problemtica, mas presente.AconcepodeHall(1997)paraaquiloqueelechamadefechamento arbitrrio oriunda de um outro olhar sobre o sujeito surdo que quer ser aceito como , com sua identidade e sua diferena. Este fechamento necessrio ao sujeito para aaberturadeespaosdesubjetivaodasidentidades.Nessecasosurdosque estodefendendoquenohmaissurdez,deficincia,masaeducaodeveser constitudadeumaoutramodalidademetodolgica,combasenaculturasurda.E 42 tambm neste caso os ouvintes esto olhando para o surdo como sendo diferentes, isto aqueles que so portadores de outra cultura. 18ASPOLTICASDEINCLUSOEEXCLUSOSOCIAISE EDUCACIONAIS Est havendo uma poltica em rumo apelidada de incluso, a sociedade comea a perceber a existncia de povo surdo e procura se organizar para receb-los de forma adequada e os prpriossujeitossurdoscomeamaexigirseusespaos,suarepresentaodediferena cultural lingsticos. Ainclusonoocorresomentenasescolas,podeocorrertambmnosrestaurantes,nos shoppings, nos trabalhos, nos rgos pblicos, nas lojas, nas igrejas e em outros ambientes de interao humana. REFLEXO Quandocomentamosemincluirporquetemsujeitosqueestoexcludosisto, esto fora. Aeducaoinclusivanoserefereapenasaossujeitosdeficientes,referetambm educao para todos, ento vamos refletir, o fato desses sujeitos estarem dentro da escola significa que eles esto includos? Voces sabem como comeou a poltica de incluso de surdos nas escolas de ouvintes? No anode1994,osrepresentantesdemaisdeoitentapasesserenemnaEspanhae assinamaDeclaraodeSalamanca,umdosmaisimportantesdocumentosde compromissodegarantiadedireitoseducacionais.Estedocumentodeclaraasescolas regulares inclusivas como o meio mais eficaz de combate discriminao e ordena que as escolasdevamacolhertodasascrianas,independentementedesuascondiesfsicas, intelectuais, sociais, emocionais ou lingsticas. ApolticaevidenciadanaDeclaraodeSalamancafoiadotadanamaioriados pasesenaelaboraodaLeideDiretrizeseBasesdaEducao(lein9394/96) observamos que em um de seus captulos sobre a educao especial onde apia e 43 incluiparmetrosparaaintegrao/inclusodoalunoespecialnaescolaregular,a Declaraofazressalvasituaolingsticadossurdosedefendeuasescolase classes para eles (item 30). Oproblemaqueosgovernosnorespeitamessaressalvaetrataramossurdos comoosdemaisalunos.Muitosespecialistasalimentamosdiscursosdeincluso; semperceberemasconseqnciasdesteprocessoquestemcontribuindomais ainda para a frustrao educacional dos sujeitos surdos. Estes especialistas no tm nenhumaexperincianaprticaemsala deaulacomossujeitos surdosacabando em colocarem-nos no mesmo patamar dos deficientes visuais, deficientes mentais e outros, sem se dar conta que os sujeitos surdos possuem uma identidade lingstica e cultural que os diferencia. Segundo SKLIAR: Umdosproblemas,naminhaopinio,aconfusoquesefazentre democracia e tratamento igualitrio. Quando um surdo tratado da mesma maneiraqueumouvinte,eleficaemdesvantagem.Ademocracia implicaria,ento,norespeitospeculiaridadesdecadaalunoseuritmo de aprendizagem e necessidades particulares (1998, p.37). Sabemosqueapropostagovernamentalcolocarosujeitosurdonasaladeaula juntocomprofessoressemcapacitaoparatrabalharcomsurdos.Vemosmuitos sujeitossurdosconcluremoEnsinoMdiosemsaberescreversequerumbilhete. Porqueocorreuestenoescolarizaodosmesmos?Entoosalunossurdosque antesqueeramexcludossoagorasendodestitudosdodireitodesualnguana inclusodentrodeescolasdeouvintes.Masvamosrefletir:istoestsendofeito corretamente? Isto o ideal? Realmente significa a incluso para os surdos? Aopercorreratrajetriahistricadopovosurdoesuasdiferentesrepresentaessociais, procuramosalcanaracompreensodeoporququehouvemuitossujeitossurdos tiveram fracassos na incluso nas escolas de ouvintes. Vamosrefletirestesmomentoshistricosdaexcluso,integraoeinclusoporque passava a educao de surdos. Embora sejam poucos estes registros frente ao povo surdo, vemos que historicamente o povo ouvinte sempre decidiu como seria a educao de surdos. 44 Na antiguidade no havia a preocupao de formao educacional de sujeitos surdos, uma vez que os mesmos no eram vistos como cidados produtivos ou teis sociedade. ApartirdaIdadeMdia,muitospedagogosefilsofosapaixonadospelaeducao discutiam sobre a integrao social dos surdos: de qual integrao se tratava? Qual seriaopreoqueopovosurdoiriapagarporestaintegrao?Nestafaseo atendimento era voltado filantropia e ao assistencialismo, os sujeitos surdos eram entreguespelasfamliassinstituieseasilosemregimedeinternatoatque estivessemaptospararetornarparaoconvviofamiliar,oque,invariavelmente acontecia no inicio da idade adulta. Depoisentraemcenaapreocupaoderesgatarossurdosdoanonimatoetraz-losao convviosocialcomosujeitoscomdireitosquemereceriamaatenodetodasas instituieseducacionaisorganizadaseocorreuaexpansodoatendimentoespecializado com as campanhas de preveno e identificao da surdez. Com a incluso dos surdos no processo educacional, vimos que esses sujeitos no desenvolveramoseupotencialemvirtudequesujeitosouvintesqueriamqueos sujeitossurdostivessemomodeloouvintista,impondo-lhesooralismoeo treinamentoauditivonorespeitando aidentidadecultural dosmesmos.Ecomisto houve o desequilbrio educacional dos sujeitos surdos. Estediscursosobreaeducaodesurdosestavaforadocontexto,poismuitasvezesos sujeitossurdoseramvistoscomoretardadossendopoupadosdoscontedosescolares maiscomplexos,empurradosdeumasrieparaoutrasrieetambmforamproibidasde compartilhar uma lngua cultural do povo surdo, sendo tratados como dbeis mentais com a eternizao da infncia. Percebemos pelosrelatosdosprofessores das escolasde ouvintesque,apesarde todos os obstculos e dificuldades, alguns se mostram receptivos e abertos para dar continuidadeaoprocessoeoutrossemostramresistnciasemaprenderdecomo lidar com alunos surdos. 43 Os povos surdos lutam pelas escolas de surdos, no entanto, a realidade que existe no Brasil o total de 5.564 Municpios e ofertado atendimento de educao especial 82,3% destes Municpios. HojeoBrasilcontacomvriasclassesespeciais,salasderecursos,ouseja, espaos educacionais para surdos dentro de escolas regulares e escola para surdos paragarantiroatendimentodealunossurdosmatriculadosnasdiferentesescolas brasileiras.Eosmunicpiosmenorespoderoestarorganizandoatividadesde educao em escolas plos sistematicamente, j que os sujeitos surdos necessitam interagir entre si para que a lngua de sinais esteja evoluo e fluncia lingstica. Oidealquenainclusonasescolasdeouvintes,queasmesmassepreparem para dar aos alunos surdos os contedos pela lngua de sinais, atravs de recursos visuais,taiscomofiguras,lnguaportuguesaescritaeleitura,afimdedesenvolver nos alunos a memria visual e o hbito de leitura, que recebam apoio de professor especialista conhecedor de lngua de sinais e enfim, dando intrpretes de lngua de sinais, para o maior acompanhamento das aulas. Outra possibilidade contar com a ajudadeprofessoressurdos,queauxiliemoprofessorregenteetrabalhemcoma lngua de sinais nas escolas. Cito novamente Skliar: Nesse sentido, a escola democrtica aquela que se prepara para atender cadaumdeseusalunos.Seelanotemcondiesdefazeresse atendimento,oprofessorprecisaentraremcontatocomosrgos competentesediscutirotema.Comoresponsvelporvrioscursosde libras e de interpretes, entendo que a formao de professores para atender aalunossurdosdependedaconvivnciacomacomunidadesurda,a aprendizagemdalnguadesinaiseoestudodeumapedagogiaampla (1998, p.37). FelizmenteoMEC,freqentementepormeiodesuavalorosaSecretariade EducaoEspecial,temfeitoesforoscrescentesparavalorizaraLibrasepara garantiroseuensinoaoprofessorado,emobservnciaestritaleifederal10.172 que determina o ensino de Libras aos surdos e familiares, e lei federal 10.436 que determinaqueossistemaseducacionaisfederal,estaduaisemunicipaisincluamo ensinodaLibrascomopartedosparmetroscurricularesnacionaisnoscursosde 46 formaodeeducaoespecial,fonoaudiologiaemagistrionosnveismdioe superior. importante refletirmos na pedagogia surda e procedimento intercultural Esta nova proposta da pedagogia da diferena inspira novos mtodos de ensino na educao aos surdos, tambm propcia uma metodologia de ensino que produz o enunciativo dodesejodesubjetivaocultural.Levaemcontaumaestratgiapedaggicae curriculardeabordagemdaidentidadeedadiferena,precisamenteas contribuiesdateoriaculturalrecente.Nestaposio,entraemdiscussoa construo da subjetividade que celebra a identidade e a diferena culturais. Este oprocedimento deensinoaosurdoque aconteceatualmente nos palcos dassalas de aula, em presena de professores surdos e ouvintes, se bem que pouco visvel, no pesquisado, mas presente. Osprofessorescomprometidoscomoprojetodapedagogiadadiferenatmpor objetivo abrir base material e discursiva de maneira especfica a produzir significado erepresentaradiferenasurdanosseusprojetospedaggicos.Seriaumerro considerarestadiferenteconcepodeconstruodasubjetividadesurda,como umaconstruoparaumguetocomomuitosreferem.Adiferenasersempre diferena. A construo da subjetividade cultural o objetivo mais presente nesta metodologia. Trata-semaisdeumaconceposociolgicadosurdocomopertencenteaum grupo cultural. Primapelasuadiferenacomoconstruo sociolgicana defesa de umaliberdade socialondeosujeitosurdoestpresenteesetornacapazdedesvencilhar-sedas diversaspressessociaisduranteainteraocultural,comonocaso,noquala sociedadelheimpeopapeldedeficiente.OBrasilnecessitaperceberosujeito surdo,comoumadiferenalingsticaecultural.Comoqueosgovernantes brasileirosepartedasociedadedefendemainclusodetantosgrupos 47 marginalizados,comoumaformadetransformaosocial,sesequerconseguem notar as diferenas de quem est concretamente ao seu lado, sem ser notado? (...)Compreendemosquenobastaapenastransmitirnossos conhecimentos.precisoquesaibamoscompreender,ouvir,atenderas angstias, os anseios, s lutas e, principalmente, reconhecer as conquistas, por menores que sejam, pois de pequenos fragmentos que se constroem pavilhes (LORENZETTI, 2006). CONCEITO Escolasplo:soasescolasdesurdosouescolasregularescomclasses especiais que atendem somente surdos. Em alguns Estados Brasileiros existe estes servios.Nasreferidasescolastemprofessorbilnge,interprete einstrutorsurdo. Os alunos so da regio ou regies adjacentes Regulaonosprocessosculturais-nosentidoquedeacordocoma teorizaops-estruturalistaquefundamentaboapartedosestudosculturaisa identidade cultural s pode ser compreendida como um processo social discursivo. Ela est em conexo com a produo da diferena. 48 19 AULA PRTICA 1 e 2 Bimestre - LEIVA (SINAL) Alfabeto Manual: Treine seu Nome, sua Cidade, sua Rua etc... Nmeros: Treine seu N Telefone, n da sua casa, CEP, idade, etc...Cumprimentos: Oi, Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite, Tchau Famlia:Pai,Me,Irmo,Filho,Tio,Av,Primo,Beb,Criana,Cunhado,Sogro, Marido, Noivo, Casamento Alimento: Arroz, Feijo, Carne, Macarro, Ovo, Salada Frutas: Banana, Coco, Uva, Jaca, Abacaxi, Melancia, Laranja, Mexerica Estados do Brasil: Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo, Bahia, Braslia Cidades:NovaVencia,SoGabriel,Colatina,Vitria,SoMateus,VilaPavo, Linhares Pas: Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Japo, Itlia, Inglaterra,Cores: Azul, Amarelo, Branco, Preto, Roxo, Verde, Cinza, Rosa, Vermelho, Verbos: Andar, Correr, Falar, Beber, Fazer, Rir, Chorar, Pular, Sentir, Amor, Gostar, Beijar, Namorar, Perguntar, Esconder, Estudar, Ajudar, Esperar, Vesturio: Cala, Blusa de manga, Regata, Calcinha, Cueca, MeiosdeTransportes:Carro,Bicicleta,Moto,nibus,Caminho,Navio,Avio, Helicptero Palavras: Paz, Mentira, Verdade, Guerra, Amigo, Falso, Professor,49 Materiais Escolares: Rgua, Borracha, caderno, Lpis, Apontador, Caneta, LivroPerguntas: Onde?, Quando?,Porque?, Quem?, O Que? Pronomes Possessivos: Meu, Minha, Seu, Sua, Teu, Tua, Nosso Animais:Boi,Galinha,Porco,Peru,Cobra,Cavalo,Leo,Sapo,Urso,Macaco, Elefante, Jacar, Zebra, Cachorro, Gato, Peixe, Passarinho, Borboleta, Barata, Semana: Segunda Feira, 3 Feira, 4 Feira, 5 Feira, 6 Feira, Sbado, Domingo Ms:Janeiro,Fevereiro,Maro,Abril,maio,Junho,Julho,Agosto,Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro 20 PRODUO, EXPRESSO E RECEPO LNGUA PORTUGUESA: oral-auditiva Principalcaracterstica:linearidade,ouseja,osouvintesproduzemosfonemas (oraliza) um de cada vez. LNGUA DE SINAIS: motora-espaovisual Principalcaracterstica:simultaneidade,osparmetrosprimriosrealizadosao mesmo tempo, com expresses faciais, por exemplo. PORTUGUS Produo e expresso 30 PORTUGUS recepo 31 LIBRAS produo e expresso LIBRAS Recepo 32 AGRADECIMENTOS Obrigada! (LIBRAS) 33 34 21 A QUESTO DO MOVIMENTO NAS LNGUAS DE SINAIS Enquanto as pesquisas de aquisio de lngua de sinais por crianas surdas revelam queascaractersticasfundamentaisdestalnguavisual-espacialindependemda modalidade,nopodemosdeixardeladoofatodeque,apesardisto,huma diferenaentrelnguasfaladasesinalizadasequeopadroauditivoeopadro visual entram no crebro por canais separados. Assim, POIZER e BELLUGI (1989) fazemaseguintepergunta:como,ento,estesdoiscanaisaparentemente diferentesparaanalisarpadressensoriaissustentamumsistemalingstico comum?Paratentarencontrarumaresposta,elesdecidiramestudarasdiferenas entre a maneira como sinalizantes e no sinalizantes percebiam movimento. Ahiptesedospesquisadoreseradequeasexperinciasdeumalnguavisual espacialpodiammodificarapercepodoselementosdalinguagemdamesma maneiraqueaexperinciaemumalnguafaladamodificaapercepodestes elementos.Paraisso,oprimeiropassofoiisolarosmovimentosdossinaisatravs deumaadaptaodatcnicadesenvolvidaparaestudarcomoaspessoas percebiam movimentos do corpo humano. Assim,elescolocaramnovepontosdeluz(umnacabea,umemcadaombro, cotovelo, punho e ponta do dedo indicador) no corpo de um sinalizante vestido todo depreto,fazendomovimentosemumasalaescura,paraquefossepossvelpara sinalizantesnativosidentificarocarterlingsticodosmovimentosfeitosporoutro sinalizante.Comestesistema,seriapossvelestudarquestesbsicassobrea relaoentrepercepodemovimentoeprocessamentodeinformaolingstica. Isto porque o carter espacial das lnguas de sinais adiciona caractersticas ASL, quepossibilitamaaplicaodevriosprocessosgramaticaissimultaneamente, atravs de movimentos. 33 Assim,osautoresiniciaramsuabuscapormodificaesperceptuaisassociadas experinciacomalnguadesinais,utilizandoosistemacompontosdeluzem indivduosouvintesquenoconheciamlnguadesinaisecomindivduossurdos sinalizantesdesdeainfncia.Comestatcnica,apenasospontosdeluzeram visveis. Informaes sobre configurao de mo, expresso facial ou outra informao visual noerampercebidas.Ossujeitosviamosmovimentosemgruposdetrse deveriamidentificarosdoismovimentosquefossemmaissimilares.Os pesquisadores,ento,aplicavam umaanlisematemticacomplexaaosresultados que os fizessem identificar certas caractersticas dos movimentos, as quais deveriam ser utilizadas pelos indivduos, tanto surdos como ouvintes, para distingui-los. Dentre estascaractersticasesto:adireo,aextenso,arepetioeoplanodos movimentos. Aps a anlise dos resultados, foram encontradas muitas diferenas entre surdos e ouvintes no que se refere s caractersticas dos movimentos utilizados na avaliao desimilaridaderealizadaporeles.Entretanto,amaiordiferenaestavanopadro globaldascaractersticasdosmovimentosqueosdoisgruposdeindivduos acharamimportantesaofazeremsuasavaliaes.Ascaractersticasdos movimentosquesedestacaramparaossujeitosouvintesrefletemuma predisposio natural para olhar os movimentos humanos, enquanto aquelas que se destacaramparaosusuriosdaASLrepresentamumconjuntodeefeitosdesta predisposio e da experincia lingstica. As alteraes perceptuais, ento, parecem ser a conseqncia usual de aquisio de um sistema lingstico formal, independentemente do modo de sua transmisso. Osresultadosencontradospelosautoresconfirmamahipteseporeleslevantada: de que a experincia modifica a percepo dos elementos da linguagem de acordo com a modalidade. 36 22 AS EXPRESSES FACIAIS NAS LNGUAS DE SINAIS Paraosusuriosdelnguasdesinais,asexpressesfaciaistmduasfunes distintas: expressar emoes (assim como nas lnguas faladas) e marcar estruturas gramaticaisespecficas(comooraesrelativas),servindoparadistinguirfunes lingsticas, uma caracterstica nica das lnguas de modalidade visual-espacial. Aexistnciadeduasclassesdiferentesdefunesdeexpressofaciallevanta questionamentosacercadocontroleneuraldalinguagemedefunesno-lingsticas. Aobservaodepadresneuraisdeexpressesfaciaisparadiferentesfunes, lingsticaeafetiva,forneceumaperspectivadedeterminantesparaa especializaodoshemisfrioscerebrais.Asmarcaslingsticaseafetivasdas expresses faciais se diferem na ASL de vrias maneiras. 37 23 BIBLIOGRAFIA BSICA 1 MAZZOTA, Marcos J. S. Educao especial no Brasil histria e polticos pblicos. 2 ed. So Paulo: Cortez. (199-208 p. 906 exemplares); 2 RIBAS, Joo Baptista Cintra. O que so pessoas deficientes. 6 ed. So Paulo : Brasiliense, 2003 v. 89, 103 p. (5 exemplares). 24 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 1BRITO,LucindaFerreira.Porumagramticadelnguasdesinais.Riode Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingstica e Filologia, 1995. 2 FELIPE, T. Libras em contexto: curso bsico, livro do estudante cursista. Braslia: Programa Nacional de Apoio Educao dos Surdos, MEC; SEESP, 2001; 3QUADROS,RoniceMullerde;KARNOPP,LodenirBecker.Lnguadesinais Brasileira: estudos lingsticos. Porto Alegre : Artmed, 2004. 4SKLIAR,Carlos.ASurdez:umolharsobreasdiferenas.PortoAlegre:Editora Mediao, 1998. 25 SITES CONSULTADOS 1 LIBRAS Lngua Brasileira de Sinais www.libras.org.br 2 FENEIS Federao Nacional de Educao e Integrao dos Surdos www.feneis.org.br