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Libras A3

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    Centro Universitrio talo -Brasileiro

    Aula 3 O SURDO E O MUNDO ATUAL; A EDUCAO DO SURDO NO BRASIL;

    APARELHOS AUDITIVOS

    O surdo e o mundo atual

    As tecnologias desempenham um papel importantssimo na vida dos surdos como, por

    exemplo, mensagens por celular (SMS), janela com traduo em Libras na televiso,

    legendas nos meios de comunicao visual, aparelhos auditivos (prteses) para ajudar na

    percepo dos sons e o uso de diversas ferramentas de comunicao atravs da internet.

    Segundo a FEBRABAN (em seu artigo de 2006), o acesso informao, a troca de

    experincias, a facilidade de comunicao, e convenincia propiciada pelo mundo digital e

    internet contribuem para uma sociedade mais inclusiva.

    Esse avano da iniciativa da incluso social no pas motivo de esperana, e a comunicao

    em Libras tambm uma forma de incluso. Ela o canal que o surdo utiliza para se

    conectar com o mundo e vice-versa!

    Esse movimento da incluso consequncia da viso social de um mundo democrtico,

    onde se anseia respeitar direitos e deveres de todos, independente das diferenas de cada

    um.

    Ainda segundo a FEBRABAN, os cidados com deficincia auditiva foram mais beneficiados

    pela poltica de cotas. Deles, 61,4% trabalham, sendo que destes 72,9% esto no mercado

    formal. Este fato se explica se levarmos em conta que as necessidades especficas dessa

    populao se relacionam, principalmente a comunicao. Incluir uma pessoa surda no

    ambiente de trabalho no requer adaptaes fsicas, nem tecnolgicas, o que significa

    menos investimento ou no investimento na estrutura do trabalho.

    A poltica de cotas foi necessria justamente para tentar equilibrar uma situao secular de

    desequilbrio social.

    claro que ainda h uma necessidade de maiores investimentos em conscientizao da

    sociedade, para que percebam seus potenciais alm da obrigatoriedade nas empresas em

    desenvolver programas de qualificao, mas chegaremos l!

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    Benefcios de contratar uma pessoa surda

    As habilidades que os surdos desenvolvem podem ajudar muito a empresa. A viso o

    sentido primordial da comunicao e, portanto, bastante desenvolvida.

    As pessoas surdas apresentam timo desempenho em funes onde a viso bastante

    requisitada, como por exemplo, em trabalhos na rea de informtica, design, desenho etc.

    Alm disso, outras habilidades sensitivas como o tato e o olfato podem contribuir muito em

    negcios de produtos artesanais ou de perfumes.

    Exemplo que deu certo!

    A empresa Nana Grassi arte em cosmticos da empreendedora Patrcia Rodrigues, um

    exemplo que deu muito certo. A empresa produz barras de sabonetes artesanais e

    cosmticos a partir de extratos de frutas brasileiras, e hoje conta com 90% da sua fora de

    trabalho composta por mulheres surdas! De acordo com a empreendedora, as

    colaboradoras trabalham muito o lado do tato, pois tm a percepo da delicadeza mais

    aguada, e diz ter sido assertiva quando passou a trabalhar com colaboradoras surdas.

    A responsabilidade social da Nana Grassi uma excelente ferramenta de marketing, e isso

    tambm serviu para equiparar os produtos da fabricante brasileira com os de marcas

    internacionais famosas. Atualmente, a maior parte dos produtos da empresa vai para outros

    pases.

    Conhea a empresa e seus produtos nos endereos eletrnicos abaixo:

    http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI83797-17180,00-

    DOS+FUNCIONARIOS+DE+EMPRESA+SAO+SURDOS+E+MUDOS.html

    http://www.youtube.com/watch?v=I5B9xsiu1iI

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    Mais um caso de sucesso!

    Outro caso de sucesso o do estudante de Engenharia Mecnica Thierry Cintra Marcondes,

    de 25 anos, que surdo de nascena. Ele fundador da Lux Sensor (empresa iniciante de

    tecnologia), que surgiu aps a sua equipe antes chamada Gloriosos vencer o Desafio

    Unicamp de Inovao Tecnolgica, competio de modelo de negcios realizada pela

    Agncia de Inovao Inova Unicamp.

    No dia a dia de empreendedor, situao como apresentao em frente a uma plateia,

    conversa com investidores e busca por clientes no permitem timidez, e Marcondes toma a

    palavra sempre que tem oportunidade.

    Conhea a histria completa em http://www.inova.unicamp.br/noticia/2757

    Agora que voc j aprendeu a diferena entre deficincia auditiva e surdez, e viu que a

    pessoa surda est inserida SIM no mercado de trabalho, vamos falar sobre a expresso

    correta a ser utilizada?

    Afinal, qual o termo correto a se utilizar ao lidar com uma pessoa surda?

    Voc sabia que nem toda pessoa surda muda? Isso mesmo! As pessoas com perda auditiva

    total tm voz (cordas vocais), e podem desenvolver ou no a fala, portanto, podem sim

    aprender a falar com a ajuda de um fonoaudilogo.

    Desta forma, incorreto se referir a uma pessoa surda pela expresso surda-muda, pois

    ela traz uma carga pejorativa e que iguala deficincias que podem no ser consequentes.

    A pessoa muda aquela que perdeu completamente a voz, e no necessariamente a pessoa

    surda tambm muda, alis, a maioria dos surdos no muda, a pessoa surda pode apenas

    no ter desenvolvido a fala.

    Portanto, a expresso correta de se utilizar pessoa surda ou apenas surda.

    Outro fato importante para ser mostrado, que, segundo a FEBRABAN (artigo de 2006), as

    pessoas com alguma deficincia preferem ser vistas como cidados normais, onde a

    circunstncia de ser deficiente no lhes atribui nenhuma particularidade, alm daquela j evidente.

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    Um pouco mais sobre a lngua de sinais

    Segundo Marcia Honora (2009), as lnguas de sinais so naturais, pois surgiram do convvio

    entre as pessoas. Atravs delas, pode ser passado qualquer conceito, concreto ou abstrato,

    emocional ou racional, complexo ou simples.

    Trata-se de lnguas organizadas e no de simples juno de gestos, e que possuem

    mecanismos morfolgicos, sintticos e semnticos.

    O que chamamos de palavra na lngua oral, chamamos de sinal nas lnguas de sinais, no

    podendo ser chamado de gesto ou mmica.

    Da mesma forma que temos nas lnguas orais pontos de articulaes dos fonemas, temos na

    lngua de sinais pontos de articulaes que so expressos por toques no corpo do usurio da

    lngua ou no espao neutro.

    Como todas as outras, as lnguas de sinais so vivas, pois esto em constante transformao

    com novos sinais, sendo introduzidos pela Comunidade Surda de acordo com a sua

    necessidade.

    A lngua de sinais, assim como a lngua oral, a representao da cultura de um povo,

    portanto, ela no universal. Em alguns pases com a mesma lngua oral, podem ter lnguas

    de sinais diferentes.

    A educao dos surdos no Brasil

    De acordo com as autoras Marcia Honora e Mary Frizanco (2009), no Brasil, a educao dos

    surdos teve incio durante o Segundo Imprio, com a chegada do educador francs Hernest

    Huet, ex-aluno surdo do Instituto de Paris, que trouxe o alfabeto manual francs e a Lngua

    Francesa de Sinais, dando origem Lngua Brasileira de Sinais, com influncia da Lngua

    Francesa. Huet apresentou documentos importantes para educar os surdos, mas ainda no

    existia na poca escolas especiais. Foi ento que o francs solicitou ao Imperador Dom Pedro

    II, um prdio para fundar, em 26 de setembro de 1857, o Instituto dos Surdos-Mudos do Rio

    de Janeiro, atual Instituto Nacional de Educao dos Surdos INES.

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    Desde ento muitas outras escolas especiais foram fundadas, desempenhando um papel

    importantssimo para a educao do surdo no Brasil e ao redor do mundo.

    Da insero da educao dos surdos at os dias atuais, possvel citar trs diferentes

    metodologias: Oralismo, a Comunicao total e o Bilinguismo.

    Oralismo: primeira tendncia que apareceu na educao dos surdos, e tem como

    objetivo capacit-los na compreenso e na produo de uma lngua oral. Nessa

    metodologia, a lngua de sinais vista como um impedimento para o

    desenvolvimento da fala.

    Comunicao total: segunda tendncia, desenvolvida mais amplamente a partir de

    1980. Traz como princpios que toda a forma de comunicao vlida na tentativa de

    que a criana com deficincia auditiva tenha uma lngua. Seja a fala, leitura orofacial,

    treinamento auditivo, expresso facial e corporal, mmica, leitura e escrita ou sinais.

    Bilinguismo: essa terceira tendncia a mais atual das metodologias, nasceu na

    Sucia, e teve como princpio metodolgico fundamental que a lngua de sinais fosse

    vista como a primeira lngua (lngua materna) da comunidade surda, e a lngua oral

    vista como uma possibilidade e no uma obrigao.

    Desenvolvimento da criana com perda auditiva

    Segundo Mrcia Goldfeld, a criana surda no possui nenhuma deficincia cerebral,

    portanto, no sofre nenhum retardo mental ou problema neurolgico. errado inclusive

    pensar o contrrio. A autora relata tambm que:

    O desenvolvimento da criana passa sempre por duas etapas: primeiro em nvel interpsquico, para depois ser internalizado e vivido intrapsiquicamente. Estas pressuposies so fundamentais para garantir uma viso mais ampla e cientfica a respeito da criana surda (...). A psicologia sociointeracionista nos mostra ento que o estudo acerca da criana surda deve englobar, alm da prpria criana surda, seus interlocutores e a(s) cultura(s) da(s) qual(is) ela faz parte (2002, p.16).

    Ainda segundo a autora, fatdico que a cultura, a linguagem e o dilogo so fatores

    essenciais para o desenvolvimento da criana, logo, as dificuldades que uma criana surda

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    enfrenta, traz reflexes mais profundas sobre o assunto, pois justamente esta a rea

    comprometida no surdo, conclui-se portanto que as consequncias da surdez devem

    ultrapassar a dificuldade comunicativa e atingir todas as reas do desenvolvimento infantil.

    Especialistas dizem que a identificao e interveno precoces da perda auditiva em bebs e

    crianas pequenas, so de extrema importncia para o processo de adaptao do indivduo

    no mundo, pois poder garantir a comunicao em suas relaes interpessoais.

    Atualmente, se reconhece a importncia dos educadores, terapeutas e familiares na vida da

    pessoa surda. Esse esforo crescente mostra o aumento da conscientizao humana, na

    busca por um mundo melhor, com oportunidades iguais para todos.

    Aparelhos auditivos

    Ao contrrio do que muitas pessoas pensam o aparelho auditivo no faz a pessoa com

    surdez absoluta escutar!

    Ele utilizado apenas para transmitir vibraes dos sons e tambm para controlar o volume

    da voz de uma pessoa surda, j que ela no escuta a prpria voz e no tem como controlar o

    volume sem a ajuda do aparelho ou de uma pessoa ouvinte.

    A escolha do aparelho auditivo individual, portanto, as caractersticas de cada paciente

    que indicam o aparelho adequado. O Fonoaudilogo far uma srie de testes audiolgicos e

    perguntas que vo ajudar a determinar qual o melhor aparelho auditivo.

    A avaliao leva em conta vrios fatores: o grau de perda auditiva, a anatomia do ouvido,

    habilidade manual, o estilo de vida e o ambiente que o indivduo frequenta, alm da

    preferncia esttica e disponibilidade econmica.

    Os aparelhos auditivos so classificados pelo tamanho e tecnologia.

    Aprender a escutar com o uso de aparelhos auditivos requer um perodo de adaptao,

    tanto por parte do usurio como por parte da famlia e amigos. Os aparelhos auditivos

    amplificam todos os sons do ambiente, e por isto o usurio deve reaprender a filtrar e

    eliminar os sons indesejveis. A pacincia, perseverana, motivao so muito importantes

    neste processo de adaptao para acostumar-se com os sons novamente. O usurio comea

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    a responder aos aparelhos em curto perodo de tempo e recupera a habilidade natural de

    perceber tanto a direo como o significado dos sons.

    AASI Aparelho de Amplificao Sonora Individual

    O AASI (Aparelho de Amplificao Sonora Individual) tem por objetivo amplificar o som

    proveniente do meio ambiente para ser conduzido orelha da pessoa com deficincia

    auditiva, a fim de ser interpretado pelo crebro. Essa transmisso sonora pode ser feita por

    via area (VA) ou por via ssea (VO).

    Como a deficincia auditiva bastante diversificada, uma nica soluo para recuperar

    parte (ou quase completamente) a audio perdida no seria suficiente. Com o avano da

    cincia e da tecnologia, hoje existem diversos tipos de aparelhos e com os mais diversos

    recursos e programas tecnolgicos, todos visando a amplificao dos sons da forma mais

    agradvel possvel e com especificaes para cada tipo e grau de perda auditiva.

    Os AASI por conduo ssea so somente indicados se surgem problemas com a adaptao

    dos AASI por conduo area.

    Crianas tm prioridade em receber aparelhos sem nenhum custo, atravs do Programa de

    Sade Auditiva do SUS, alm de terapia fonoaudiologia.

    Maiores detalhes: http://portal.saude.gov.br/portal/sas/mac/area.cfm?id_area=848 ou pelo

    Disque Sade 136.

    Conhea alguns modelos de aparelhos auditivos, no Anexo 1 deste curso, com o texto

    complementar Um pouco mais sobre aparelhos auditivos.