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Libras - Unit - AVA

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Jouberto Uchôa de Mendonça

Reitor

Amélia Maria Cerqueira Uchôa

Vice-Reitora

Jouberto Uchôa de Mendonça Junior

Superintendente Geral

Ihanmarck Damasceno dos Santos

Superintendente Acadêmico

Eduardo Peixoto Rocha

Diretor de Graduação

Jane Luci Ornelas Freire

Gerente de Educação a Distância

Maynara Maia Muller

Assessora Pedagógica de Projetos Online

Lucas Cerqueira do Vale

Coordenador de Tecnologias Educacionais

Redação:Núcleo de Educação a Distância - NeadAv. Murilo Dantas, 300 - FarolândiaPrédio da Reitoria - Sala 40CEP: 49.032-490 - Aracaju / SETel.: (79) 3218-2186E-mail: [email protected]: www.ead.unit.br

Equipe de Produção de Conteúdos Midiáticos:

AssessorRodrigo Sangiovanni Lima

Corretores ortográficosAncéjo Santana Resende

Fabiana dos Santos

DiagramadoresAndira Maltas dos Santos

Claudivan da Silva Santana Edilberto Marcelino da Gama Neto

Edivan Santos Guimarães

IlustradoresGeová da Silva Borges Junior Matheus Oliveira dos Santos Shirley Jacy Santos Gomes

WebdesignersFábio de Rezende Cardoso

José Airton de Oliveira Rocha JúniorMarina Santana Menezes

Pedro Antonio Dantas P. Nou

Equipe de Elaboração de Conteúdos Midiáticos:

Supervisor Alexandre Meneses Chagas

Assessoras PedagógicasKalyne Andrade Ribeiro

Lívia Lima Lessa

Projeto GráficoAndira Maltas dos Santos Edivan Santos Guimarães

Fotos: Luiz Dinarte Gonçalves da SilvaParticipação em foto: Mariângela Dias Santos

P659lPinto, Daniel Neves

Língua brasileiras de sinais / Daniel Neves Pinto. – Aracaju:UNIT, 2012. Série bibliográfica.192 p. : il. 22 cm.

ISBN: 978-85-7833-130-6

Inclui bibliografia.

1.Língua brasileira de sinais. 2. Educação de surdos.I. Universidade Tiradentes. II. Educação à Distância. III. Título.

CDU: 81’221.24(81)

Impressão:Gráfica Santa Marta

Rua Hortêncio Ribeiro de Luna, 3333 Distrito Industrial - João Pessoa - PB

Telefone: (83) 2106-2200Site: www.graficasantamarta.com.br

Banco de Imagens:Shutterstock

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Palavra do Autor

Prezado(a) leitor,

Para que uma inclusão aconteça de verdade, é preciso que todos se envolvam com este processo e incluir os surdos em nossa vida social é inegavelmente necessário.

A Lei nº 10.436, de 2002 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão, onde os sistemas educacionais devem garantir a inclusão nos cursos de formação em seus níveis médio e superior, do ensino de Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, porém, somente em 2005 se tornou obrigatória.

A comunicação é uma necessidade de todos e esta interação vai além da busca por compreensão. Facilitar o processo de comunicação é fazer com que o silêncio dos surdos não sejam manifestados por injúrias culturais e exclusão social, mas, reconhecer as possibilidades semelhantes. A Libras tornou-se um diferencial curricular, acadêmica e social das pessoas com e sem surdez, assim como na realidade de convívio, pois trata-se de um meio necessário aos seus usuários diretos, como também, aos lugares em que este grupo de pessoas fre-quenta.

Se nos basearmos no princípio “Igualdade e Oportunidade” e “Educa-ção para todos”, certamente enfrentaremos um grande desafio, não como obri-gação, mas, tomando a inclusão como desígnio, responsabilidade e dignidade.

O aprendizado da Libras a qual estarás pronto a conhecer, tem sido re-conhecida como caminho necessário para uma efetiva mudança nas condições de acessibilidade e inclusão, assim como, elemento essencial para a interação e fortalecimento de uma identidade.

O conhecimento aqui posteriormente adquirido, orientará para a pers-pectiva da diversidade, com estratégias diferenciadas, cuja capacitação depende-rá de sua responsabilidade no conjunto dos recursos disponíveis de aprendizado.

Se está disposto(a) a concretizar todo este objetivo em ocasião, seja bem vindo(a) a esta cultura que proporcionará boas colheitas.

Bom trabalho!

Daniel Neves Pinto

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Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Parte 1 História, Cultura e Linguística da LIBRAS

1 Aspectos Históricos, Conceituais e Sociais __________12

1.1 Nomenclaturas e conceitos sobre língua e linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.2 Fundamentos históricos e culturais da Língua Brasileira de Sinais . . . . . 23

1.3 Aspectos biológicos e suas de inições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

1.4 Iniciação à língua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Resumo do Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Exercício de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

2 Estudos Linguísticos _______________________________63

2.1 Léxico, vocabulários icônicos, arbitrários e soletrados . . . . . . . . . . . . . . . . 64

2.2 Estruturas sublexicais e suas expressões não manuais . . . . . . . . . . . . . . . . 71

2.3 Morfologia e seus estudos internos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

2.4 Diferenças Básicas em Libras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

Resumo do Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .102

Exercício de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103

Sumário

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Parte 2 Surdez: interações e implicações

3 Surdez e Interação _______________________________ 109

3.1 Aspectos comunicativos corporais e classi icadores . . . . . . . . . . . . . . . . . .111

3.2 Interação argumentativa com estrutura da surdez e família . . . . . . . . . .117

3.3 Interações através da Língua de Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .124

3.4 Surdez, sociedade em seu processo de inclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .132

Resumo do Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .139

Exercício de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .140

4 Língua de Sinais: saberes e fazeres _____________ 147

4.1 Aspectos pedagógicos em suas possibilidades

no contexto de ensino-aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .149

4.2 Possibilidades de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .158

4.3 Conduta e legislação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .164

4.4 Frases em expressões da Libras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175

Resumo do Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .184

Exercício de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .185

Referências Bibliográ icas ___________________________ 189

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Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Ementa

Fundamentos históricos, socioculturais e definições referentes à Língua Brasileira de Sinais. Legislação e conceitos sobre língua e linguagem. Entendimen-tos dos conhecimentos necessários para a inclusão dos surdos quanto aos aspectos biológicos, pedagógicos e psicossociais.

Justificativa

A Libras passou a ser uma disciplina “universal”, a qual facilitou o acesso das pessoas com surdez às escolas e à sociedade globalizada. A partir deste mo-mento, a lei também proporcionou a cidadania de inúmeras pessoas que convivem com o silêncio e aos demais que vivem em sua volta, pois, a Libras foi reconhecida como língua oficial no Brasil.

A Língua de Sinais precisa ser disseminada por todos os profissionais, proporcionando em todos locais de atendimento ao público e por da nossa socie-dade com vistas a garantir o respeito à diferença e à singularidade linguística das pessoas que apresentam a surdez.

Objetivos

compreender os fundamentos históricos, culturais e psicossociais da Língua de Sinais, nomenclaturas e seus conceitos, auxiliando no pro-cesso das ações inclusivas;

conhecer noções legislativas, utilizando-as de forma coesa;

conhecer os aspectos patológicos da surdez, possibilitando uma refle-xão sobre o preconceito vivido no contexto dos surdos;

Concepção da Disciplina

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desenvolver noções práticas de verbalização e sinalização da Língua de Sinais junto a sua estrutura lexical, morfológica, sintaxe, semântica e pragmática, colocando em prática a Língua Brasileira de Sinais;

estimular embasamento cênico, teórico, prático, técnico e pedagógico, acrescentando tais embasamentos em suas práticas interpretativas;

despertar no aluno, o interesse em trabalhar com os surdos;

compreender os conhecimentos básicos e domínios necessários para a comunicação simples e direta às pessoas com surdez, facilitando a inclusão social e possibilidades em relação interpessoal através do uso da Libras;

utilizar Libras com coesão e coerência para que haja entendimento.

Avaliação

A avaliação da disciplina será realizada a partir da:

Medida de Eficiência (ME): que deverá ser feita ao longo das Unidades no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) no total de duas ME por Uni-dade. O prazo para realizar a ME é de até 48h antes da data da avaliação (por Unidade). Para cada ME você terá duas tentativas de resposta.

Avaliação Presencial: é realizada presencialmente através de prova es-crita, sendo uma por Unidade, com o valor de 0,0 a 8,0 pontos. A avaliação é individual e sem consulta, com questões objetivas e subjetivas contextualizadas.

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Organização da Disciplina

Bibliografia Básica

CAPOVILLA, Fernando Cesar; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário enciclo-pédico ilustrado trilíngue: língua brasileira de sinais português/inglês/libras. 3. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua brasileira de Sinais: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

QUITES, Tatiana P. Pimenta. Estudo básico da gramática da libras: centro de ca-pacitação de profissionais e de educação às pessoas com surdez. Belo Horizonte 2007.

PINTO, Daniel Neves. Língua Brasileira de Sinais. 1 ed. Aracaju: UNIT, 2010.

Metodologia de estudo

A disciplina propõe orientá-lo em seus procedimentos de estudo e na pro-dução de trabalhos científicos, possibilitando que você desenvolva em seus traba-lhos pesquisas rigor metodológico e espírito crítico necessários ao estudo.

É importante que você observe algumas orientações:

cuide do seu tempo de estudo! Defina um horário regular para aces-sar todo o conteúdo da sua disciplina disponível neste material e no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Organize-se de tal forma para que você possa dedicar tempo suficiente para leitura, prática e reflexão;

esforce-se para alcançar os objetivos propostos na disciplina;

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utilize-se dos recursos técnicos e humanos que estão ao seu dispor para buscar esclarecimentos e para aprofundar as suas reflexões. Estamos nos referindo ao contato permanente com o professor e com os colegas a partir dos recursos disponíveis no AVA.

Para que sua trajetória na disciplina ocorra de forma tranquila, você deve realizar as atividades propostas, acompanhar as atividades semanais e es-tar sempre em contato com o professor.

Paute-se na autonomia, responsabilidade, cooperação e colaboração. Isso, requer uma nova postura do aluno e uma nova forma de concepção de educação.

Por isso, você contará com o apoio das equipes pedagógicas e técnicas envolvidas na operacionalização da disciplina, além dos recursos tecnológicos que contribuirão na mediação entre você e eu.

Exercícios de aprendizagem

Ao final de cada Tema, você terá a oportunidade de testar seus conheci-mentos diante dos Exercícios de Aprendizagem que são compostos por questões objetivas e subjetivas. O gabarito das respostas estará no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

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Entendendo os ícones do livro

Ao longo do Conteúdo da Disciplina você irá encontrar no livro ícones que irão orientá-lo nos estudos. Conheça cada ícone:

Para Refletir: apresenta reflexões sobre o conteúdo abordado durante o texto a fim de desenvolver postura crítica – reflexiva sobre a realidade.

Atenção: destaca um conteúdo importante do texto para compreensão da temática.

Saiba Mais: são informações ou relatos de experiências considerados inte-ressantes para o entendimento do conteúdo que está sendo abordado.

Indicação de Leitura: ficará no final de cada conteúdo e seu objetivo é promover a fundamentação: sugestão de texto, livro ou site que reforçam ou ampliam o conteúdo.

Anotação: tem por finalidade o registro das reflexões dos alunos.

Está no AVA : indica acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem para conhecer outros recursos que irão contribuir com o conteúdo estudado.

Exercício de Aprendizagem: indica uma atividade que está asso-ciada aos conteúdos estudados, que irá conter questões objetivas e subjetivas.

Resumo do Tema: síntese dos conteúdos do Tema abordado.

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Onde tirar as dúvidas?

No Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), acesse o "Fale Conosco" no mural principal para registrar suas "Dúvidas de Conteúdo" com o professor da disciplina e "Dúvidas Técnicas" quando for relacionado ao AVA.

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H I S T Ó R I A,CULTURA, E LINGUÍSTICADA LIBRAS

Parte 01

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Neste tema, vamos estudar o que é a disciplina de Metodologia Científica e por que ela é importante para a sua formação acadêmica e profissional. Como estamos no início dos conte-údos da disciplina, estudaremos também técnicas e procedimentos para organização dos estudos e um melhor aproveitamento no estudo de textos.

É importante destacar que o seu suces-so nos estudos e, consequentemente, profissional, depende apenas de você, da sua capacidade de ir em frente e de buscar “aprender a aprender”. Você perceberá que a Metodologia Científica vai se tor-nar uma auxiliar fundamental em seus estudos.

Objetivos da AprendizagemAo terminar a leitura e as atividades do Tema 1, você deverá ser capaz de:

entender a importância da disci-plina para a formação acadêmica e profissional;

adotar procedimentos e técnicas na organização dos estudos;

desenvolver o hábito pela leitura, realizando análises de texto;

praticar as técnicas de sublinhar, esquematizar, resumir e fichar no estudo de texto.

METODOLOGIA CIENTÍFICA E TÉCNICAS DE ESTUDO

Diante do tema, iremos conhecer os conceitos culturais e históricos da Língua de Si-nais e dos surdos com seus aspectos biológicos e linguísticos.

Na perspectiva de apoiar a Educação Es-pecial tão enfocada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD), a Língua Brasileira de Sinais (Libras) surgiu não somente com a expec-tativa de colaborar com a LDB, mas também para possibilitar a comunicação como direito de todos. O Poder Público instituiu a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, que dispõem sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Tal Lei rege a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial no Brasil e como disciplina curricular obri-gatória, assegurando aos surdos uma comunicação eficaz e objetiva. Dentro deste contexto, alicerça-se uma proposta inovadora sempre com o objetivo de consolidar a comunicação e a efetiva integração na vida em sociedade.

Objetivos da Aprendizagem

Conhecer os conceitos culturais e históricos da Língua de Sinais e dos surdos com os seus aspec-tos biológicos, patológicos e linguísticos.

ASPECTOS HISTÓRICOS, CONCEITUAIS E SOCIAIS

Tema

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Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS 14

1.1 Nomenclaturas e conceitos sobre língua e linguagem

Libras ou LSB?Eis aí uma grande dúvida entre estas duas siglas. Qual é a correta ou a

mais utilizada?Libras é pronunciada nacionalmente como Língua Brasi-leira de Sinais difundida pela Federação Nacional de Edu-cação e Integração de Surdos (FENEIS), instalada como matriz na cidade do Rio de Janeiro e tem como meta prin-cipal disseminar esta língua pelo Brasil. Popularmente conhecida, a Libras vem ganhando seu es-paço e não é mais confundida com moeda ou horóscopo.

A Língua de Sinais é a língua natural, materna, ou seja, primeira língua (L1) dos surdos e é usada pela maioria deles no Brasil, assim como o português é a língua materna para os ouvintes. No Brasil, há somente duas línguas reco-nhecidas pela República Federativa do Brasil: o Português e a Libras, porém, há alguns municípios brasileiros que co-oficializaram outros dialetos devido ao grande número de grupos indígenas.

Conforme Capovilla (2006, p. 1479), “Língua de Sinais é o verdadei-ro equipamento da vida mental do Surdo; ele pensa e se comunica apenas por este meio.” O surdo utiliza a modalidade linguística quiroarticulatória-visual, ou seja, através das mãos para passar as informações e dos olhos para receber e não oroarticulatória-auditiva, que se dá através da oralização (boca) para passar elementos e do ouvido para receber informações.

A Libras é também conhecida como LSB (Língua de Sinais Brasileira), sigla que segue padrões internacionais de denominação das Línguas de Sinais, assim como, a American Sign Language (LSA), ou seja, Língua de Sinais Ameri-cana, bem como, a Língua de Sinais Francesa (LSF), Língua de Sinais Mexicana (LSM) e assim por diante.

Vamos entender melhor. Há uma grande confusão sobre as nomencla-turas e sua forma de pronunciar, assim, Língua Brasileira não existe, filosofica-mente falando, o correto é “Língua de Sinais Brasileira”, pois, o termo “Língua de Sinais” constitui uma unidade vocabular, ou seja, funciona como se as três

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palavras (língua, de e sinais) fossem uma só. Não existe uma Língua Brasileira (em sinais ou falada).

Além das formas de escrever ou proferir a Libras ou LSB, temos que atentar para seu significado.

A correta é “Libras” e não “LIBRAS”. Quando foi divulgado o uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta sigla da seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “LiBras”, a sigla significa: Li de Língua de Sinais, e Bras de Brasileira, assim, deixa claro que Libras não são simplesmente gestos, é uma língua com estruturas linguísticas que compreende e comunica através das mãos, do corpo e da face.

Muitos imaginam que a Libras é constituída apenas pelo :"alfabeto ma-nual, números" e de alguns movimentos. Ela é como outro idioma reconhecido oficialmente, ou seja, é uma língua com regras, com estruturas gramaticais pró-prias e ainda necessita de um vasto apoio corporal e facial para que sua intera-ção seja eficaz e completa.

A Libras foi oficializada como língua oficial não apenas por ser um meio de interação e comunicação de um grupo de pessoas, mas também, por obter seus próprios planos linguísticos como o sistema morfológico, fonológico, sintático e semântico, planos estes que contém em qualquer língua oralizada.

Ronice Quadros (2003) deixa claro a diferença entre as línguas orais--auditivas e gesto-visuais fazendo uma comparação se significados onde uma palavra na Língua Portuguesa é designado sinal em Libras.

O maior diferencial entre língua de sinais e línguas orais é a sua forma de interatuar. Assim, quem utiliza a Libras "fala com as mãos" e quem utiliza a língua oralizada apoia-se na "fala com a boca".

A Língua de Sinais Brasileira e a Língua Portuguesa têm uma vasta diferença desde a pronuncia até a escrita.

Muitas diferenças são intensas como a modalidade de utilização da lín-gua e outras são percebíveis quanto a sua gramática. Vamos conferir algumas delas apresentadas por Quadros (2004, p. 84):

a Língua de Sinais é baseada nas experiências das comunidades surdas mediante as interações culturais surdas, enquanto a Língua Portuguesa constitui-se baseada nos sons.

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Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS 16

a Língua de Sinais apresenta uma sintaxe espacial incluindo os chamados classificadores. A Língua Portuguesa usa uma sintaxe linear utilizando a descrição para captar o uso de classificadores.

Os Classificadores são recursos visuais da Libras que utilizamos para deixar a sinalização com mais vida, ou seja, ela é feita de forma que fique clara e objetiva a mensagem.

a Língua de Sinais utiliza a estrutura tópico-comentário, enquanto a Língua Portuguesa evita este tipo de construção;

a Língua de Sinais utiliza a estrutura de foco através de repetições sistemáticas. Este processo não é comum na Língua Portuguesa;

a Língua de Sinais utiliza referências anafóricas1 através de pontos estabelecidos no espaço que exclui ambiguidades que são possíveis na Língua Portuguesa;

a Língua de Sinais não tem marcação de gênero como a Língua Por-tuguesa. O gênero é marcado ao ponto de ser redundante, o que en-volve na última letra como “a” para feminino e “o” para masculino;

a Língua de Sinais atribui um valor gramatical às expressões faciais. Esse fator não é considerado como relevante na Língua Portuguesa, apesar de poder ser substituído pela prosódia;

1 Referência anafórica é trocar palavras ou ideias para que não se repitam no texto, porém, deverá ter o mesmo sentido.

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coisas que são ditas na Língua de Sinais não são ditas usando o mesmo tipo de construção gramatical na Língua Portuguesa. Assim, encontramos diversos contextos que em Português consi-deramos comprido, enquanto que em Libras pode ser feito com apenas um sinal;

a escrita da Língua de Sinais não é alfabética.

Intérprete

O Intérprete é a pessoa que faz a transmissão de duas línguas distintas. Assim, passa a língua fonte para a língua alvo. É como se houvesse uma palestra discorrida em Português (no caso língua fonte) e este profissional a interpreta em Libras (língua alvo).

Língua Fonte é a língua que o Intérprete ouve ou vê para, a partir dela, fazer a interpretação e atingir a língua alvo, ou seja, a língua para a qual queremos que os outros recebam as informações.

Intérprete de Língua Brasileira de Sinais

Profissional que transforma uma língua oral ou outra língua de sinais qualquer que não seja brasileira para a Língua de Sinais Brasileira ou da Língua de Sinais para uma outra determinada língua.

A pessoa pode saber Libras e não ser capaz de realizar uma interpretação. O fato de a pessoa saber Libras, não quer dizer que ela é Intérprete.

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Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS 18

É fundamental que se considere, também, que o profissional inter-mediador ou Intérprete de Libras é apenas um elemento para que se garanta a acessibilidade. Sempre deverão lembrar que os surdos precisam de tempo para olhar no ouvinte e Intérprete, para as ano-tações, caso houver. Outro aspecto importante é a garantia da parti-cipação do surdo através de perguntas e respostas que exigem tempo para pensar, para que a interação se dê efetivamente. (CAS, 2007, p. 3).

Língua

Conjunto de palavras e expressões com regras gramaticais utilizadas por uma nação, conhecida também como idioma. Ela pode ser verbal ou sina-lizada, porém, à língua deve ser sancionada por lei e deve haver estudos rela-cionados a sua ampliação e melhora. A linguagem própria de uma pessoa ou familiar não é uma língua, pois, permite várias interpretações e se restringe a um pequeno grupo. A língua permite a comunicação comum entre os indivíduos de sua natureza como um fato social, ou seja, um sistema coletivo de uma de-terminada comunidade linguística. É a expressão linguística tecida em meio a trocas sociais, culturais e políticas, visto que:

As línguas naturais apresentam propriedades específicas da espécie humana: são recursivas a partir de um número reduzido de regras, produz-se um número infinito de frases possíveis, são criativas, dis-põem de uma multiplicidade de funções argumentativas, poéticas, conotativas, informativas, persuasivas e original que apresentam formas e significados. (QUADROS, 2003, p. 7).

Portanto, o correto é “Língua de Sinais” porque trata-se de uma língua viva, sancionada por Lei e, logo, a quantidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novos sinais.

O sinal de “idade” representado abaixo é uma língua e não linguagem.

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Água 1

Água 2

Língua oral-auditiva

Modalidade em que utilizamos a voz (oralização) para oferecer informa-ções e a audição para receber elementos de outra pessoa. É uma língua ‘falada com a boca’ utilizada pelos ouvintes. Temos como exemplo a Língua Portuguesa.

Língua visual- espacial

Refere-se à língua sinalizada, ‘falada com as mãos’. Utiliza a visão para receber/compreender as informações e o espaço para produzir/passar as ideias.

Linguagem

São formas de comunicação sem regras ou gramáticas próprias. Tudo é válido para que a informação seja passada para expressar ideias, sentimentos, modos de comportamento etc. Este sistema serve como meio de comunicação entre indivíduos de grupos pequenos ou meio familiares.

“São diversas formas de transmissão como sistema de símbolos, signos con-vencionais, sonoros, gráficos, gestuais, entre outros, o que leva a distinguirem-se vá-rias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil etc.” (MARCHESI, 1995, p. 24).

Há surdos que criam sua própria linguagem para conseguir comunicar--se em casa. Esta comunicação é restrita a sua família e não são compreendida por pessoas de fora.

Este sinal na figura ao lado tem o significado de “água” em um grupo familiar em que não há uma língua desti-nada à comunicação, mas, somente este grupo entende o seu significado, assim, este sinal não é língua e sim linguagem.

Já nesta figura é o sinal de “água” em Libras, ou seja, deixou de ser linguagem por se tratar de um significado concreto e conhecido pela comunidade surda brasileira.

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Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS 20

Tradução

A tradução é a atividade que envolve a alteração, mudança de um texto em certo idioma para outro. A escrita original (língua fonte) que será modifica-do para língua alvo poderá ser de qualquer modalidade comunicativa, seja oral ou em sinais. O tradutor que irá fazer a ponte entre as duas línguas terá tempo hábil para finalizar a tradução, assim sendo, o profissional poderá pesquisar livros, dicionários, internet e até mesmo outros profissionais para que o texto saia adequadamente.

Interpretação

A interpretação é a ação que estabelece a transição comunicativa de um idioma para outro, seja ela: língua oral para outra língua oral, língua oral / língua de sinais, língua de sinais / língua oral ou até mesmo língua de sinais / língua de sinais de outro país. Na interpretação não há tempo para pesquisa, o profissional que faz esta mudança de idiomas deverá estar seguro e ser fluente nas duas línguas e ainda deverá manter o mesmo tipo de interpretação do início ao fim da fala. Há três tipos de interpretação: a simultânea, a intermitente e a consecutiva.

Interpretação Simultânea

Interpretação simultânea é a transposição que acontece simultanea-mente à fala da língua fonte, ou seja, sucede ao mesmo tempo. O intérprete ouve ou vê a informação da língua fonte, processa a informação e, posteriormente, faz a passagem para a língua alvo. Neste caso, o intérprete utiliza o lag-time, que é o intervalo entre a recepção da língua e o processamento até repassar para a língua alvo. Este processo leva de 4 segundos a um minuto e meio, dependendo do profissional e da complexidade do texto.

Interpretação Intermitente

Já a interpretação intermitente é o processo de interpretação feita blo-co por bloco, ou seja, o enunciador passa sua ciência em trechos enquanto o

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intérprete processa a informação, faz a interpretação e, logo após, o enunciador entra novamente com sua oração e assim sucessivamente. Um sempre espera o outro para completar a informação.

Interpretação Consecutiva

A interpreteação consecutiva é a forma interpretativa mais utilizada para textos ou informações sucintas (breves), ou seja, a passagem para a língua alvo acontece somente após a conclusão do enunciador da língua fonte, sem a necessidade de ser uma comunicação completa ou detalhada.

Surdos ou deficientes?

“Sinal de surdo” Até o fim dos anos 90, a nomenclatura “deficiente au-ditivo” ou “DA” era muito utilizada e referenciada por todos aqui no Brasil, ganhando posteriormente outras terminologias até chegar a “Surdo”. O uso da expres-são deficiente auditivo já foi muito criticado, refletindo uma visão preconceituosa. Nela, o surdo é visto como portador de uma enfermidade localizada que precisa ser tratada, para que seus efeitos sejam sobrepujados. Já os profissionais ligados às áreas médicas científicas

têm ainda utilizado largamente este termo "Deficiente Auditivo (DA)". Todas as investigações atuais têm chamado a atenção para a adequação

do emprego do termo “Surdo”. Expressão esta optada pelos próprios surdos e comunidades surdas do Brasil.

É muito importante considerar que o surdo difere do ouvinte, não ape-nas pela ausência da audição, mas porque desenvolve uma percepção vibratória muito elevada e principalmente pelas potencialidades psicoculturais próprias.

No plano pessoal, a decisão quanto a usar o termo “pessoa com defi-ciência auditiva” ou os termos “pessoa com surdez” e ”surda”, fica por conta de cada pessoa. Geralmente, pessoas com surdez leve, moderada ou acentuada referem-se a si mesmas como tendo uma deficiência auditiva. Já as que têm sur-

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dez severa, profunda ou anacusia2 preferem ser consideradas surdas, mas não há nada especificamente condizendo ou detalhando quem é surdo ou quem é deficiente, o que realmente deverá acontecer é o respeito e condito em apontá--los como surdos.

Surdo ou mudo?

Surdo - mudo, provavelmente, é a mais antiga e incorreta designação atribuída aos surdos. O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. Pessoas surdas que não desenvolveram a fala, provavelmente não tive-ram condições terapêuticas de aprenderam a falar com profissionais responsá-veis pela dicção e expansão oral. Hoje em dia, muitos fazem a leitura labial, e podem emitir diversos sons com a boca como rir, chamar etc., afinal, os surdos não são mudos.

Quanto à pessoa surda:Como mencionaremos sobre estas pessoas? Surdo, Deficiente auditivo, D.A. , Mudo ou Surdo-mudo ?E quanto aos termos Linguagem de Sinais e Língua de Sinais? Qual é a corre-ta quando falamos sobre Libras?

Você acabou de conhecer as diversas terminologias e conceitos relacio-nados aos surdos e sua língua materna. Já no próximo conteúdo, conhecerá a história dos surdos desde os tempos antigos até o dia de hoje.

2 Anacusia consiste na perda auditiva devido ao fator idade.

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No Ambiente Virtual de Aprendizagem você encontrará uma atividade rela-cionada aos tipos de interpretação. Não deixe de ativar este interativo. Certa-mente será muito útil em sua formação.Neste mesmo ambiente, você encontrará um vídeo no qual poderá perceber melhor a diferença entre surdo e deficiente, fato tão discutido hoje em dia. Não deixe de assistir.

Uma boa indicação de filme para este capítulo é Mr. Holland “Adorável pro-fessor” em que um professor vem a ter um filho surdo e se dedica a dar toda sua atenção, deixando de lado um grande sonho.

MR. Holland “Adorável professor”. Direção de Stephen Herek. Estados Unidos: Buena Vista Picture, 1995. 140 min., color. legendado.

1.2 Fundamentos históricos e culturais da língua brasileira de sinais

A Língua de Sinais não é universal e cada país possui a sua própria língua, que sofre as influências culturais. A nossa Língua Brasileira de Sinais (Libras) é originada pela influência francesa.

Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que dife-rem de região para região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua.

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Fundamentos históricos

Como todo povo há sua história, os surdos não poderiam ficar de fora. Mas, infelizmente, as vidas das pessoas que não escutavam eram totalmente sombrias, pois, historiadores trazem relatos que, em sua maioria, eram pessoas amaldiçoadas e assim sacrificadas.

Ao longo dos tempos os surdos tiveram que correr atrás de seus direi-tos e sua identidade até firmarem a estaca do reconhecimento de sua língua e cultura próprias.

Até a Idade Média

De acordo com o site da AMPID, na maioria das regiões do mundo, os surdos eram sacrificados por entenderem que eram pessoas amaldiçoadas devi-da sua falta de linguagem e comunicação.

No Egito

Os Surdos eram considerados deuses e a população egípcia os respeita-va, pois serviam como intercessores aos faraós.

China

Os chineses lançavam os surdos em alto mar para não deixar marcas ou chances de se reproduzirem.

Gália

Os gauleses sacrificavam os surdos para o deus Teutates a fim de rece-ber bens.

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Esparta

Os surdos eram atirados do alto dos rochedos para não terem como sobreviver. Historiadores dizem ainda que, após o choque ao chão, os surdos eram lançados às águias e aos leões famintos a fim de não haver chances de sobreviver.

Grécia

Por não possuírem uma linguagem, os surdos eram vistos como pesso-as sem condições de raciocinar, tachados como criaturas incapazes de realizar qualquer atividade, chegando ao holocausto por desamparo ou arremetidos em abismo.

Os Romanos

Influenciados pelo povo grego, tinham ideias semelhantes acerca dos surdos, vendo-os como seres imperfeitos, sem direito a pertencer à sociedade. Era comum lançar as crianças surdas (especialmente as pobres) ao rio Tigre. Isso era feito pelos próprios pais.

Turquia

Em Constantinopla (hoje Istambul), os surdos realizavam algumas ta-refas, tais como o serviço de corte, como pajens das mulheres, ou como bobos, para entretenimento do sultão.

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Igreja Católica

A igreja católica, através de Santo Agostinho, colocava aos seus segui-dores que a surdez de um filho era um castigo aos pais devido a algum pecado realizado por eles. Assim, os pais trancafiavam seus filhos surdos em casa para não apresentarem à sociedade e se resguardarem de algum comentário.

EVANGELHO – Jo 9, 1-41 Apud AMPID

Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nas-cença. Os discípulos perguntaram-Lhe: “Mestre, quem é que pecou para ele nascer cego? Ele ou os seus pais?” Jesus respondeu-lhes: “Isso não tem nada que ver com os pecados dele ou dos pais; mas aconteceu assim para se mani-festarem nele as obras de Deus”. [...]

Curiosidade

A primeira pessoa a ensinar um surdo a falar que se tem registro foi John Beverley, em 700 d.C.,

Fim da Idade Média e início do Renascimento

Época onde a surdez passou a ser analisada mais detalhadamente por juntas médicas e científicas.

Idade Moderna

Distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão surdo-mudo deixou de ser a cognome do Surdo.

França

Primeiro país a fundar uma instituição de ensino direcionada somente à surdos: o “Instituto Nacional de Surdos-Mudos” (1712 – Paris)

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O surdo foi reconhecido como ser humano e a partir deste momento entendera que ensinar ao surdo a falar seria perda de tempo, que o ensino prin-cipal deveria ser a língua gestual. Jean Massieu: um dos primeiros professores de surdos do mundo.

Idade Contemporânea até os dias de hoje

Estados Unidos

O norte americano Gallaudet, foi quem deu o início à educação de sur-dos nos Estados Unidos. Estabeleceu a ASL (Língua de Sinais Americana) como língua das pessoas com surdez. A instituição Galleudet é uma referência em educação de surdos, onde atende este grupo de pessoas a partir do nascimento até à universidade.

Alemanha

Destaque de superação, Hellen Keller ficou cega e surda logo aos 19 meses de idade. Teve como referência pessoal a professora Anne Sullivan, que a ensinou a ler e a escrever. Hellen virou escritora e conferencista e ainda descre-veu que “a surdez é o mais infortune dos sentidos humanos”.

Itália

Em 1880, aconteceu o Congresso de Milão, que deixou confusa a histó-ria dos surdos. Um grupo de ouvintes tomou a decisão de excluir a língua gestu-al do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo. A partir deste momento, a oralização e a leitura labial foram os métodos mais utilizados na educação dos surdos entre os séculos XIX e XX, quase abominado de toda Europa.

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BrasilO Brasil só passou a ter uma referência no ensino de surdos a partir do momento em que o francês Hernest Huet chegou por intermédio de D. Pedro II para ga-rantir o ensino ideal aos surdos brasileiros. Logo fun-daram a primeira escola de surdos: a “Imperial Ins-tituto de Surdos – Mudos”, atualmente o “Instituto Nacional de Educação de Surdos” (INES) situada no Rio de Janeiro.Desde o século XIX, as escolas tradicionais existen-tes no método oral mudaram de filosofia e, até hoje, boa parte delas vêm adotando a comunicação total.

Comunicação Total: Expõe a criança à língua oral acompanhada simultane-amente da língua de Sinais, da escrita e de quaisquer outros meios que se considerem importantes para o seu desenvolvimento. “O importante é comu-nicar, independente do modo”.

Em 1988, realizou-se o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais, organizado pela FENEIS. Foi a primeira vez que houve um intercâmbio entre Intérpretes do Brasil e a avaliação sobre ética do profissional Intérprete.

Você deve lembrar sempre que a Libras não é universal e sim nacional, e ainda contém seus regionalismos.

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Somente em 24 de abril de 2002 foi reconhecida a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial das comunidades surdas no Brasil através da Lei nº 10436. Este foi o primeiro e grande passo para o reconhecimento e formação do profissional Intérprete de Libras.

A língua de sinais teve um desenvolvimento muito grande até os dias de hoje apesar do pouco tempo de legalização.Como você tem discernido a Língua de Sinais para seu crescimento pessoal?Em sua comunidade, trabalho ou bairro há surdos? Tente conversar com eles, a prática é a melhor maneira de aprender a Língua Sinalizada.Como os surdos têm sido vistos e, consequentemente, tratados na sociedade brasileira?

Aparelhos auditivos

Em 1898, os aparelhos usados eram cornetas ou tubos acústicos e so-mente em 1948 surgiram aparelhos com pilhas incorporadas e em 1953 come-çou a ser usado o transistor em próteses.

Os primeiros implantes “cocleares” ocorreram em 1970. Cirurgia deli-cada que, de início, gerou muita discussão em relação ao surdo e à reabilitação da audição, pois, quem fizesse este implante deveria se sujeitar a não pular, nadar e outras atividades comuns de criança. Hoje, esta cirurgia está disponível pelo SUS, porém, há uma grande fila de espera.

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Cultura surda e sua identidade

Ao longo dos séculos os surdos foram formando uma cultura própria centrada principalmente em sua forma de comunicação. Hoje, no Brasil, encon-tramos em todos os grandes polos Associações de Surdos, onde eles se reúnem e convivem socialmente.

Os surdos têm uma cultura e característica própria, são utilizadores de uma comunicação espaço-visual, ou seja, comunicam-se através da visão e de sinais explorados no espaço.

O processo de busca por uma identidade de uma pessoa com surdez pode ser afetado desde o seu processo de aprendizagem, pois, é o período em que os pais descobrem a surdez.

O condicionamento do surdo junto à sociedade tem se tornado cada vez mais comum, porém, muitos ainda têm o olhar de “deficiente” quando re-lacionados a certas ocasiões como profissões, atividades escolares e até mesmo posições afetivas dentro de um lar onde os pais os superprotegem com medo das afrontas e até mesmo dos preconceitos que seu filho surdo venha receber. Outros encaram a Língua de Sinais como primitiva, ou inferior, à língua falada. Não é de admirar que, com tal ignorância, alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos.

Todos sentem a necessidade de ser entendidos. A comunicação e a in-teração são essenciais para qualquer ser humano. Por estarmos em um país com uma vasta cultura trazida de décadas passadas influenciados por ouvintes, os surdos acabam se auto ofuscando as verdadeiras habilidades característicos que este grupo têm em contraste. A comunicação fluente entre surdos existe, fal-tando desenvolver sua própria autoestima que busque novos ares acadêmicos, sociais e profissionais, pois, historicamente e culturalmente já há uma grande registro e conhecimento. Hoje ainda há certa desconfiança dos surdos em re-lação aos ouvintes. Isso se dá desde o “Congresso de Milão”, onde os ouvintes respondiam pelos surdos.

O contato com o surdo sinalizado é exclusivamente através da visão, o contrário de uma pessoa ouvinte, que utiliza a modalidade oral-auditiva para se comunicar.

Agora lhe faço uma pergunta: Se você tivesse que chamar um surdo e este está de costas para você, o que você faria?

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Não adianta gritarmos ou chamá-los pelo nome. Seria em vão, pois, como sabemos o surdo não ouve. Assim, o mais correto é tocá-lo ou fazer um movimento com o braço onde ocorreria uma sobra e se caso estivesse um pouco mais distante, o melhor procedimento é pedir que outra pessoa o indicasse.

Dependendo da situação, em termos de distância e local físico, pode-se dar umas pisadas com uma certa força no chão ou fazer piscar a luz do ambien-te. Esses e outros métodos apropriados para captar a atenção dão reconheci-mento à experiência dos surdos e fazem parte de sua cultura.

Quando dirigir-se ao surdo, nunca use os termos: Deficiente Auditivo, D.A., Surdo-mudo, Surdinho e Mudinho. Estes termos NÃO são corretos.

Esta oportunidade que tens através desta leitura, certamente não ficará mais confusa assim que encontrar ou atender um surdo. O que poderia ser “di-ferente” no tratamento será uma ótima oportunidade de aproximação e contato direto com ele. Não se exime em interagir. No momento em que o surdo percebe sua intenção e que você conhece o mínimo da Libras, ele irá lhe ajudar na comu-nicação, tornando-a fácil e prazerosa.

A visão crítica às vezes pode ser confundida com a visão do conheci-mento e tratar um surdo como se não houvesse nada de diferente estaríamos ignorando sua característica pessoal, se é um fato, existe, devemos tentar ao máximo comunicar através das mãos.

Por causa da surdez, é evidente que o surdo venha a ter dificuldades para desempenhar algumas atividades. Mas, por outro lado, poderá ter uma extraordinária habilidade para fazer outras coisas como por exemplo: promover diversas prestezas em relação à arte que os ouvintes normalmente têm dificul-dades.

A maioria das pessoas com surdez não se importa de responder per-guntas a respeito da sua característica ou sobre como realiza algumas tarefas. Quando alguém deseja alguma informação de uma pessoa surda, o correto seria dirigir-se diretamente a ela, e não a seus acompanhantes ou Intérpretes.

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Para os ouvintes, o tom da voz é um diferencial e um fator determinante quando expressa sentimentos ou expansão de raiva e alegria. Já para os surdos, esta possibilidade não se tornaria enérgica, mas se a gradação da voz for bem substituída pela expressão corporal e facial, terá a mesma significação e eficácia.

No Brasil, há uma lei que resguarda o direito igualitário e acessibilida-de (nº 10.098), assim, devemos lembrar que os ouvintes não são diferentes dos surdos, eles têm os mesmos direitos. Devemos propor aos surdos uma comuni-cação real e um tratamento que os levam ao mesmo objetivo dos ouvintes.

Dentro da comunidade surda, existem três tipos de surdos: surdos si-nalizadores, surdos oralizadores e surdos bimodais.

De acordo com o censo demográfico de 2000 realizado pelo IBGE, no Bra-sil, existem aproximadamente 5,7 milhões de surdos dos quais quase 777 mil estão em idade de escolarização e apenas 70 mil estão nas escolas se-gundo Inep.E de acordo com um levantamento acadêmico que acompanho e oriento em Sergipe, mais de 90% dos surdos estão irregulares nas escolas em re-lação à idade/série escolar.

Surdos sinalizadores

São os surdos que utilizam única e exclusivamente a modalidade qui-roarticulatória-visual (Libras) como meio de comunicação. Quando houver a comunicação com este tipo de surdo, a pessoa deverá ficar em lugar iluminado, evitando também ficar contra a luz (de uma janela, ou refletor, por exemplo), assim, pode dificultar a visão das mãos. Quando o surdo não oralizado estiver acompanhado de um Intérprete, dirigir-se sempre a ele (ao surdo), não ao intérprete.

Sinal de “AMIGO”

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Caso necessário, comunique-se com o surdo através de bilhetes. O importan-te é comunicar, independente do método.

Surdos oralizados

São os surdos que comunicam apenas pela oralização, ou seja, pela lei-tura labial e fala. Estes surdos desenvolveram sua técnica vocal através da ajuda de profissionais que abordam a saúde vocal. Com os surdos, devemos falar de maneira clara, pronunciando bem as palavras, sem exageros nas articulações da boca, usando a velocidade normal, a não ser que ela peça para falar mais deva-gar. Falar diretamente com a pessoa surda e de frente para ela. Fazer com que a boca esteja bem visível. Qualquer objeto e até mesmo se a mão estiver próxima à boca, tornará dificultoso a leitura labial.

Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz, que indicam sentimentos ou expressões de agressividade ou mansas, as expressões faciais, gestos ou sinais e o movimento do corpo são excelentes in-dicações do que se quer dizer ou destacar. Concluindo, no fim de uma conversa com um surdo você terá um feedback positivo ou negativo que é o retorno visual se ele compreendeu ou não.

Não necessita gritar com um surdo oralizado, ele vai ler os lábios e não lhe ouvir.

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Surdos bimodais

São os surdos que utilizam a comunicação através da sinalização e oralização concomitante-mente como recurso e auxílio para o entendimento. Ele sinaliza e oraliza no mesmo instante, ou seja, é o uso de duas línguas distintas ao mesmo tempo. E é diferente do Bilinguismo, que é o conhecimento e o domínio de dois idiomas diferentes.

Você deve lembrar sempre que a Libras não é universal e sim nacional e, ain-da contém seus regionalismos.

No exemplo ao lado veja o sinal de “CASA” + o uso da oralização de “CASA”.

Isso é bimodalismo.

Para o próximo conteúdo, você co-nhecerá todos os aspectos biológicos da audi-ção, como: aparelho auditivo, causas da surdez, diagnósticos, entre outros.

No Ambiente Virtual de Aprendizagem você encontrará situações pro-blemas nas Rotas de Consolidação de Aprendizagem (RCA) que nos auxiliará com as condições históricas dos surdos que até hoje os aflinge.

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Vale a pena conhecer a história de Helen Keller desde sua infância. Mulher que ficou cega e surda ainda quando criança e conseguiu ser alfabetizada e ainda virou escritora e conferencista. Para conhecer melhor, veja através dos vídeos em historinha em qualquer site de procura e digite “Helen keller PT parte 1” e “Helen keller PT parte 2” ou então copie estes links em seu navegador.

Helen Keller Pt Parte 1. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=hs_c0EEHrGg >. Acesso em: 29 mar. 2012.

Helen Keller Pt Parte 2. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=GpvQnqWHH6g&feature=related>. Acesso em: 29 mar. 2012.

1.3 Aspectos biológicos e suas definições

Antes de conhecer as verdadeiras patologias3 da surdez, é importante buscar e compreender as funções básicas da audição, sentido esse que controla a linguagem e a fala.

Localização e identificação

Estabelece de onde vem a direção e a fonte sonora. Quando queremos fazer um teste ou até mesmo um exame clínico em uma criança para saber se há algum problema de audição, basta chamá-la, se ela não responder ou não voltar para onde vem a voz pode ser um sinal de surdez. Para intensificar a certeza faça um barulho mais intenso como bater panelas por trás da criança, caso ela não se assuste ou não vire procurando de onde vem o som, deve-se procurar com urgência um médico especialista (Otorrinolaringologista).

3 Estudo das doenças

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Alerta

Esta possibilita atentar os estímulos de curiosidade e periculosidade que nos rodeia como, por exemplo, uma moto em nossa direção.

Socialização

Ao nascermos, damos o início à socialização, onde adquirimos hábitos, habilidades paralelas e estimas de cada situação.

Para Barreto, 2012, “[...] existem etapas pelas quais o homem passa para se transformar em um ser cultural e social. Socialização primária são as funções aprendidas no seio familiar.”

Comunicação

Visto que a fala é um dos instrumentos de comunicação mais utilizados no mundo, sua compreensão depende de um nível de audição.

Os sons percorrem um caminho que compreende desde o meio am-biente, passando pelo ouvido externo, médio, interno, nervo auditivo e seguin-do até o cérebro.

Com base no site de medicina da USP (otorrinousp.org.br), no livro de Sobotta (1995) e Pedroso (2006) apresenta-se a parte biológica do ouvido humano.

Ouvido externo

É constituído pelo pavilhão auricular(1), pelo conduto auditivo(2) e pela membrana timpânica(3). Estas

estruturas são responsáveis pela captação e con-dução dos sons.

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Ouvido médio

Nele encontramos os ossículos, ou seja, os três menores ossos do corpo humano: martelo, bigorna e estribo. A orelha média é responsável pela trans-formação da energia sonora em energia mecânica, e pela proteção da orelha in-terna de sons muito intensos, por meio da contração de um músculo chamado estapédio.

Ouvido interno

Possui formato de caracol e compreende a có-clea(1) e os canais semicirculares(2). Nestes canais, encontram-se as estruturas responsá-veis pelo equilíbrio e na cóclea há o órgão de Corti, que transforma a energia mecânica em impulso nervoso. Do ouvido interno, o som é conduzido pelo nervo auditivo e demais estruturas da via audi-tiva até chegar ao córtex cerebral.

Para ter uma compreensão mais clara do funcionamento destes três ouvidos, vamos unir estas informações.

O som é captado pelo pavilhão auricular, passa pelo canal auditivo e é transmitido à membrana timpânica, fazendo-a vibrar. Essa vibração é transmi-tida aos ossículos. O estribo provoca a movimentação da membrana da janela oval, que liga o ouvido médio ao ouvido interno. Esta movimentação provocada pelo estribo faz com que ocorra um deslocamento nos líquidos que se encon-tram dentro da cóclea, estimulando o órgão de Corti, ocorrendo a transmissão do impulso nervoso para o nervo auditivo. A partir desta transmissão, o som passa por diversas estruturas, até o cortex cerebral, onde é interpretado.

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Se vier a acontecer alguma lesão em algumas dessas estruturas, poderá haver danos na sensibilidade auditiva.

A surdez consiste em um impedimento para detectar a energia sonora e, com isso, há graus de perdas auditivas, quais sejam:

Perda Leve ou Ligeira (26 a 40 dB)

A palavra é ouvida, mas certos elementos fonéticos ficam complicados de entender. Tem, por exemplo, dificuldade em compreender uma conversa a uma distância superior a 3 metros. Neste grau, a surdez não provoca atraso na aquisição da linguagem, pode haver dificuldades de articulação e dificuldades em ouvir a voz em tom natural (são pessoas tidas como muito distraídas). Ne-cessitam de ensino de leitura da fala e de estimulação da linguagem. Deve-se ob-servar também uma posição adequada para conversar, ou seja, frente a frente.

Perda Moderada (41 a 70 dB)

Só consegue ouvir a palavra quando esta é de intensidade forte, alta.Esta perda traz dificuldades na linguagem, tanto na escrita quanto na

leitura. A pessoa que tem uma surdez moderada utiliza-se muito do apoio visual dos lábios para facilitar no entendimento. Certamente, há a necessidade de um acompanhamento fonoaudiológico para que seja feito o treino auditivo e esti-mulação da linguagem.

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Pergunta-se muito “hein, o quê”? Troca palavras foneticamente seme-lhantes como (linha/pinha, mão/não, pão/cão).

Perda Severa (71 a 90 dB)

A pessoa que obtém a perda auditiva severa, não é capaz de entender uma palavra em seu tom normal. Será necessário agravar a voz. O uso do apa-relho auditivo é indicado, nestes casos, para que facilite o entendimento. Estas pessoas escutarão somente sons intensos como furadeira, escapamento de moto ou então gritos ao pé do ouvido.

Perda profunda (superior a 90 dB)

A audição, neste caso, está totalmente comprometida. Não é capaz de reagir de forma adequada aos sons ambientais, pois

escuta somente sons graves que transmitam vibrações, como trovão, aviões, ex-plosões, foguetes etc.

As perdas auditivas podem ter diversas origens: congênitas, quando o problema ocorreu antes do nascimento ou adquiridas quando acontece no Peri (durante) ou pós-natal.

Para conhecer as causas da surdez, teremos como auxílio os sites (www.abcdasaude.com.br) e (www.otorrinousp.org.br).

Durante este capítulo, podemos conhecer a classificação da surdez e os tipos de surdos. Pois bem, para todo esse retrospecto, há motivos para que essas reduções ou perdas auditivas aconteçam e para cada uma questionamos: Quando?

Causas pré-parto

As causas pré-parto são aquelas ocasionadas antes do nascimento, e a principal delas é a hereditariedade, que é transmitida geneticamente de geração em geração, particularmente quando existem casos de surdez na família a qual também seja por causa hereditária. Quando o pai e a mãe são surdos e a causa dessa surdez não é hereditária, seus filhos não serão surdos. Mas ainda há ou-tros destaques como:

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rubéola: vírus que é transmitido por via respiratória infectada por mulheres grávidas. É a principal causa congênita;

sífilis: adquirida na relação sexual, esta bactéria pode causar várias consequências ao bebê, inclusive a surdez;

toxoplasmose: parasita presente em animais domésticos, como cachor-ro, gato etc. A gestante contamina o feto através da placenta, provocan-do sérias complicações, principalmente nos três primeiros meses de gestação e pode acontecer de o bebê nascer com deficiência múltipla como surdez, retardo mental e visão subnormal;

citomegalovírus: vírus herpes que predomina principalmente em regiões mais pobres. Dá-se por contágio principalmente por falta de cuidados higiênicos. Sua contaminação pode acontecer ainda na gravidez ou durante sua passagem através do canal do parto;

anomalias craniofaciais: anormalidades morfológicas do pavilhão auricular e do canal auditivo;

medicamentos Oto tóxicos: a ingestão de drogas por mulheres grávidas leva à lesão do ouvido do bebê. Antibióticos, diuréticos e anti-hipertensivos. Além destas medicações, algumas outras subs-tâncias são perigosas e estão presentes nas fórmulas de produtos domésticos como: monóxido de carbono, tabaco, mercúrio, álcool, arsênio e chumbo;

exposição aos Raios X: A maioria dos exames de raios X com fina-lidade diagnóstica (no dentista, por exemplo) expõe o feto a níveis elevados de radiação para que haja consequências negativas, por isso, mas, no dia do exame, não se pode deixar de mencionar uma grávidez, assim poderá ser melhor protegida com uma espécie de colete de chumbo.

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Peri parto (durante o parto)

Neste momento, a surdez é originada no momento do parto e, geral-mente o médico aconselha que o “parto normal” seja substituído pela cesárea.

A herpes, doença sexualmente transmissível (DST), é o que mais se destaca neste período. A transmissão acontece durante o nascimento e pode até levar o bebê à morte.

Pós parto

As causas pós-parto direcionam a surdez quando o bebê já nasceu. É neste período que se desenvolvem as maiores ocorrências, e podemos destacar:

ruído ocupacional: perda auditiva induzida por ruído (PAIR), que é um distúrbio auditivo que afeta boa parte da população devido à exposição diária a sons graves e estrondos, a exemplo das músicas através dos fones de ouvido;

hipóxia: diminuição da oferta de oxigênio para o feto no momento do nascimento;

medicamentos Oto tóxicos: quando utilizados em múltiplas doses ou em combinação com diuréticos;

ventilação mecânica: quando o bebê fica exposto por cinco dias ou mais;

infecção por vírus ou bactérias: além da meningite, que é o maior causador da surdez em bebês, há outros como sarampo, caxumba e a otite média recorrente ou persistente por mais de três meses;

lesões traumáticas: mais comum em traumatismos crânio-encefá-licos;

presbiacusia: perda auditiva gradual devido ao fator idade, ocor-rência mais comum em pessoas com mais de 65 anos.

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amamentação4: na ingestão do leite com o bebê deitado sem qual-quer inclinação. O leite passa pela Trompa de Eustáquio e chega ao ouvido médio, provocando uma otite média.

Surdez por condução

A surdez por condução, por muito das vezes há possibilidades de re-versão, a depender de sua gravidade e o causador pode ser a própria pessoa e podemos citar:

excesso de cerúmen (cera no ouvido);

limpeza incorreta do ouvido;

secreção na orelha média (Otite Secretora ou Otite Serosa);

infecções agudas ou crônicas do ouvido (Otite Média Aguda ou Crônica);

perfuração timpânica, erosões dos ossículos;

otosclerose ou aderências: Imobilização de um ou mais ossos do ou-vido;

tumores na orelha média.

Northern e Downs (1996 apud Pedroso, 2006, p. 48) uma em cada mil crianças nasce com surdez. Além disso, duas em mil adquirem a surdez na infância. No caso de as crianças possuírem fatores de risco para a surdez, essa proporção aumenta para uma criança em cinquenta.

4 Para evitar a surdez por este meio é muito simples. Basta não cortar o bico da mamadeira e dar uma pequena inclinação no bebê ao amamentar.

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Como vimos, são muitas as doenças que podem induzir a surdez em crianças e adultos. Percebe-se que boas incidências são através da mãe, a qual deve manter seus cuidados até mesmo antes da gravidez.

Hoje, há vários diagnósticos e avaliações para um atendimento mais eficaz e preventivo. A detecção precoce é de fundamental importância para mi-nimizar suas consequências.

Após o nascimento de um bebê, deve ser feito, de preferência em sua primeira semana de vida, o Teste do Pezinho, que é um exame de prevenção realizado no recém-nascido com a finalidade de detectar e prevenir o desen-volvimento de doenças doenças graves que podem causar na criança. Hoje em dia, também é disponibilizado por todos os municípios brasileiros o “Teste da Orelhinha” em recém-nascidos, gratuitamente. Esse teste é uma (triagem au-ditiva neonatal), é indolor e de rápido diagnóstico.

Este sim é o primeiro exame a ser feito que possa diagnosticar a surdez ou um futuro problema de audição. Quando precocemente diagnosticada a sur-dez, a criança terá maiores condições no seu desenvolvimento linguístico.

Além destes exames, vamos conhecer outros que poderão ser indicados:

audiometria de tronco cerebral (BERA): avalia a audição periféri-ca e a condução nervosa até o colículo inferior. É uma técnica não invasiva e objetiva, que pode ser aplicada em adultos e crianças de qualquer idade. O BERA é realizado dentro de uma cabine acústica, e utiliza 3 eletrodos de superfície, colocados na fronte e mastoides. O resultado é expresso em um audiograma, que é um gráfico que revela as capacidades auditivas do paciente;

imitanciometria: neste exame, uma pequena sonda é posicionada, de forma indolor, na entrada do conduto auditivo do paciente.

timpanometria: avalia a complacência da orelha média, ou seja, a condutância sonora das estruturas das orelhas externa e média.

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reflexo estapédico: avalia a integridade do arco reflexo estapediano e, por consequência, de forma indireta, as estruturas das orelhas mé-dia e interna, nervo auditivo e tronco cerebral. É de extrema utilida-de para o diagnóstico das otites catarrais crônicas em crianças.

As classificações da surdez dependem da lesão no ouvido e de acordo com seu período ou época em que ocorreu a perda da audição.

Se você perceber alguém que troca de letras na fala e na escrita, com dificul-dade de aprendizado, desatento, sem amizades e estão sempre isolados, isto pode ser um indicativo de um problema na audição. Encaminhe-o para um especialista em otorrinolaringologia.

Tipos de surdez

Surdez Pré Verbal

São os surdos que nasceram ou perderam a audição antes mesmo de desenvolverem a fala e a linguagem.

Surdez Pós Verbal

São aqueles que perderam a audição após o desenvolvimento da lin-guagem, ou seja, aprenderam a falar e entender outra língua oral antes de ficar surdo.

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Surdo-cegueira

Independente do tipo de surdez, o essencial é que o surdo aprenda a Libras, pois, será o melhor meio de comunicação e interação.

Surdo-Cegueira

É uma deficiência múltipla que apresenta a perda da audição e da visão simultaneamente, impossibilitando o uso dos sentidos, criando necessidades especiais de comunicação e causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais e sociais.

Algumas pessoas surdas-cegueira são retraídas e isoladas, pois se de-param com a dificuldade de se comunicar, não apresentam curiosidade, nor-malmente apresentam problemas de saúde que acarretam sérios atrasos no de-senvolvimento, não gostam do toque das pessoas, não conseguem se relacionar com as pessoas e encontram dificuldade na habilidade com a alimentação e com a rotina do sono, têm problemas de disciplina, atrasos no desenvolvimento so-cial, emocional e cognitivo e, o mais importante, desenvolvem estilo único de aprendizagem. (HONORA, s/d, p. 122).

Nesta foto ao lado representa o ato de comunicar com uma pessoa sur-do-cegueira. A utilização da Libras é indispensável, também é necessá-rio o uso do tato sobre as mãos, que acompanhará toda movimentação dos sinais.

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HONORA (s/d, 25-35), em diversos momentos apresenta algumas in-formações quanto a surdo-cegueira:

Classificação: surdo cegueira total; surdez profunda com resíduo visual; surdez moderada ou leve com cegueira; surdez moderada com resíduo visual; perdas leves, tanto auditivas quanto visuais.

Tipos: cegueira congênita e surdez adquirida; cegueira e surdez adquirida; surdez congênita e cegueira adquirida; baixa visão com surdez congênita ou adquirida; cegueira e surdez congênita.

Causas:Alguns problemas e doenças podem causar surdo cegueira, como:

icterícia; prematuridade; sífilis congênita; meningite; síndrome de West; anóxia; fator RH negativo; glaucoma; síndrome de Usher; toxoplasmose; consanguinidade.

Fatores de risco: epidemias de doenças como rubéola, sarampo, meningite; doenças venéreas; infecções hospitalares; gravidez de risco; Falta de saneamento básico.

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Diante de tantas situações que podem provocar a surdez, às vezes afirmamos: É muito difícil nascer ouvinte! São muitas as doenças que podem gerar esta carência sensorial e mesmo assim é possível prevenir para evitar a surdez e até mesmo amenizar os problemas de desenvolvimento linguístico, familia-res, comunicativos e sociais.Como podemos contribuir para que a prevenção da surdez seja eficaz e como cooperar para que o surdo não tenha atraso cognitivo?

No próximo capítulo, iremos abordar o início da prática desta língua visual. Lembre-se: Você deverá acompanhar com as mãos para facilitar o apren-dizado.

No Ambiente Virtual de Aprendizagem você encontrará um vídeo feito espe-cialmente para você mostrando detalhadamente todo o percurso que o som faz dentro do ouvido e ainda pode entender um pouco mais no pod cast dis-ponível deste conteúdo.

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Doenças do ouvido. [online] Disponível em: <HTTP://abcdasaude.com.br>. Acesso em: 29 mar. 2012.

MEDICINA USP. O ouvido. Disponível em: <HTTP://otorrinousp.org.br>. Acesso em: 29 mar. 2012.

Nestes dois sites, você poderá rever detalhadamente todas as particularida-des do ouvido humano.

1.4 Iniciação à língua

Neste conteúdo, iniciaremos os conceitos práticos da Língua de Sinais propriamente dita, necessitando de sua intensa leitura e movimentação manual sobre as informações aqui expostas.

Alfabeto Manual

O alfabeto manual é determinado por diversos formatos das mãos, que representam as letras do alfabeto em português. Ele é um recurso da Língua Bra-sileira de Sinais e não a língua por completo. Assim, tem função específica nos contextos e não tem a papel em bancar toda uma conversa ou interpretação. Em geral, é um grande erro comparar o alfabeto manual com a Língua de Sinais.

Este recurso é muito utilizado para explorar nomes próprios, palavras científicas, lugares ou elementos que ainda não têm sinal. Utilizar este meio sig-nifica que estaremos soletrando as palavras através do alfabeto manual, a qual também chamamos de DATILOLOGIA.

Você verá em algumas bibliografias e vídeos pela internet e até mesmo no uso por Intérpretes e surdos o “empurro das palavras” que é um “tapinha no ar” como se estivesse passando a linha de baixo através da antiga máquina de

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escrever. Este tal tapinha servia para separar vocábulos, mas este método não se usa mais.

Quando houver necessidade de fazer a datilologia de palavras compos-tas ou de duas ou mais palavras seguidas, entre uma palavra e outra, dê uma pequena pausa (conte mentalmente até dois) e faça a palavra seguinte.

Inicialmente, logo quando se aprende o alfabeto, as pessoas costumam lançar a mão configurada na letra do alfabeto para frente, esta atitude não é cor-reta, uma vez que a datilologia deverá ser feita a frente do tronco ou do ombro, com a mão parada e a modificação da estrutura (configuração) da mão deverá ser feita sutilmente e sem pressa, muito das vezes a velocidade faz com que as pessoas não compreendam as palavras e, também, velocidade não é resultado de sabedoria ou alto conhecimento.

Alfabeto Manual não é tudo na Libras, ele é apenas um recurso da lín-gua que facilitará a comunicação. Podemos compará-la com a soletração de uma palavra em português e a utilizamos para explorar nomes próprios ou palavras que ainda não têm sinais.

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Vamos conhecer o Alfabeto Manual?

A B C ÇA B C Ç

D E F GD E F G

H I J KH I J K

L M N OL M N O

P Q R SP Q R S

T U V XT U V X

Y W ZY W Z

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Para desenvolver com mais agilidade o alfabeto manual, pegue um livro e acompanhe o texto com as mãos. Você deverá fazer a datilologia de todas as palavras. Faça de forma clara e sem pressa. Rapidez nas mãos não é prova de conhecimento. As configurações bem feitas em suas mãos valem mais que a agilidade.

Além do alfabeto manual, existe o alfabeto em sinais que é realizados pelo pés. Este alfabeto é destinado às pessoas com surdez que não possuem os membros superiores ou que não tenham mobilidade nas mãos. Para conhe-cer este recurso, acesse o blog “Nosso mundo / alfabeto com os pés”.

A acentuação não é muito utilizada ao fazer a datilologia das palavras em um contexto interpretativo e até mesmo em diálogos informais, porém, não se deve deixar de lado na alfabetização, pois, é um meio de conhecer as palavras e suas acentuações.

Os sinais de cada acentuação são bem representativos e destacáveis. Para cada letra, a acentuação deverá ser feito logo após a datilologia da letra com acentuação.

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Conheça o movimento certo para sinalizar as acentuações:

´ ` ^ ~

Veja o exemplo de como ficaria uma palavra

B R A ´ S

Percebe-se que após a letra “A” vem a acentuação aguda para formar o nome “BRÁS”.

Você acha que apenas com o alfabeto manual nas mãos é o suficiente para atingirmos a comunicação ideal para com os surdos?

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Números

Os números em Libras têm certa especificidade entre as formas de construir. É importante atentar-se aos seus formatos, eles são importantes e farão diferenças em seu aprendizado, principalmente se você pretende ser um Intérprete de Libras.

A articulação dos números através das mãos é representada em situa-ções ou contextos referentes à: horas, idade, dinheiro, número do manequim e calçados, número da casa, número da sala de aula, explicativos, classificadores, ordem de chegada, etc.

Assim são eles:

1 2 3 41 2 3 4

5 6 7 85 6 7 8

9 09 0 Quando necessário contar os números com mais de uma casa decimal,

você fará os números na ordem repetindo-os em sinais e nunca utilize as duas mãos como se cada uma representasse um número.

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Forma correta Forma errada

Outra forma de expressar os números é através dos “numerais”.

Veja como é feita a datilologia destes numerais:

Este números são utilizados exclusivamente em contextos relaciona-dos a quantidades como, por exemplo: 2 lápis, 5 livros, 1 casa, 3 amigos etc.

Esta maneira de perpetrar é mais utilizada em interpretações.

No próximo Tema, faremos uma abordagem sobre a gramática da Libras com todas as suas características e exemplos para facilitar o conhecimento.

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5 6 7 8 9

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No Ambiente Virtual de Aprendizagem você poderá desenvolver o alfabeto manual e os números através dos conteúdos interativos. Não perca a opor-tunidade de explorar o AVA, ele é feito para que você tenha o máximo de aproveitamento.

Para um conhecimento geral da Língua Brasileira de Sinais, é importante co-nhecer e até obter o livro de:

CAPOVILLA, Fernando Cesar; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário enciclopédico ilustrado trilingue: e língua brasileira de sinais por-tuguês/inglês/libras. 3. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.

Neste livro, você encontra toda parte inicial da Libras, como também teorias e sinais, além de servir como dicionário trilíngue: Português / Libras / Inglês.

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Diante de tantas informações e curiosidades buscadas para atender o pro-cesso de aquisição de conhecimento, comunicação e atendimento às pessoas com surdez, podemos perceber que a Língua Brasileira de Sinais vem, histo-ricamente, ganhando seu espaço junto à comunidade brasileira obtendo suas nomenclaturas atualizadas a favor de conceitos e de uma nova ideologia vol-tada aos surdos. A anatomia do ouvido e suas patologias são inegavelmentes necessários para nosso conhecimento, pois, trazem respostas importantes para o desenvolvimento e aprendizado das pessoas com surdez, além de au-xiliar na prevenção e detecção da surdez. Observa-se que estamos iniciando a prática para nos comunicar com os surdos e, é através do alfabeto manual e dos números que podemos inicialmente estimular um contato com a língua. É importante que esta iniciação seja plena para podermos prosseguir nos es-tudos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais.

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Através da Libras é possível fazer a interpretação para outra língua por três técnicas diferentes. Quais são elas e como são suas diferenças?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quais as diferenças entre um surdo sinalizador e surdo oralizador?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Quais são as principais patologias que ocasionam a surdez nos períodos pré, peri e pós-natal.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Em que momento utilizamos o "Alfabeto Manual"?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Qual o significado da sigla Libras?

Língua Brasileira dos surdos-mudos.Linguagem dos Surdos Brasileiros.Linguagem Brasileira dos Surdos.Língua Brasileira de Sinais.Linguagem dos Surdos-mudos Brasileiros.

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Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Marque a resposta INCORRETA em relação à Libras.

a) É a língua materna dos surdos brasileiros, assim como, o Português é dos ouvintes.b) A maior diferença em Libras e português é que a primeira 'fala-se com as mãos' e com o corpo e a segunda 'fala-se com a boca'.c) O maior usuário da Libras são os surdos.d) A Libras é totalmente sinalizada e utiliza as mãos como seu maior instru-mento de comunicação.e) Classificadores na Libras é um ato de soletrar as palavras através do alfa-beto manual quando necessário.

Em qual ano a Libras foi reconhecida como língua oficial no Brasil?

a) 1885

1985

c) 2001

2002

c) 2012

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Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Qual é a melhor forma de chamar um surdo quando ele se encontra distan-te de ti, porém, no mesmo ambiente?

Piscando a luz do local.Gritando o máximo possível.Batendo palmas.Ligando para o celular dele.Jogando uma bolinha de papel.

Uma criança de 10 anos teve uma grande infecção no ouvido (otite), e a partir deste momento ele tornou-se surdo. Esta surdez foi uma surdez...

Pré-parto.Peri-parto.Pós-parto.Ainda não determinada.Pré-parto com complicações Peri-parto.

O que se entende por Presbiacusia?

Doença hereditária em que a pessoa nasce sem o tímpano.Perda da audição devido ao fator idade.Nome da doença ocasionada pela DST “sífilis”.Traumas dos distúrbios metabólicos.Peso no nascimento inferior a 1,3 quilos.

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Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Diante das palavras em Libras, assinale a opção em que as palavras este-jam em português sequencialmente.

Rato; Prata; Pata; pato; Carro; caro; Viajar; vigiar.

a) Rota; prato; pata; pato; carro; caro; viajar; vigiar.b) Rato; prato; pato; pata; caro; carro; viajar; vigiar.c) Rota; prata; pata; pato; carro; caro; vigiar; viajar.d) Rato; prata; pata; pato; carro; caro; viajar; vigiar.e) Rata; prato; pato; pata; caro; carro; viajar; vigiar.

Diante dos dados na tabela, assinale a opção que traga os mesmos dados CORRETAMENTE e sem erro ortográfico.

Edvania 6 anos 9 amigos

Edvamia 6

anos

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amiqos

Edvania 6

anos

9

amigos

Egvania 6

anos

9

amigos

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Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Edvania 9

anos

6

amiqos

Edvani5 6

anos

9

amigos

No AVA você encontrará todas as respostas do exercício.

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Tema

Neste tema, vamos estudar o que é a disciplina de Metodologia Científica e por que ela é importante para a sua formação acadêmica e profissional. Como estamos no início dos conte-údos da disciplina, estudaremos também técnicas e procedimentos para organização dos estudos e um melhor aproveitamento no estudo de textos.

É importante destacar que o seu suces-so nos estudos e, consequentemente, profissional, depende apenas de você, da sua capacidade de ir em frente e de buscar “aprender a aprender”. Você perceberá que a Metodologia Científica vai se tor-nar uma auxiliar fundamental em seus estudos.

Objetivos da AprendizagemAo terminar a leitura e as atividades do Tema 1, você deverá ser capaz de:

entender a importância da disci-plina para a formação acadêmica e profissional;

adotar procedimentos e técnicas na organização dos estudos;

desenvolver o hábito pela leitura, realizando análises de texto;

praticar as técnicas de sublinhar, esquematizar, resumir e fichar no estudo de texto.

METODOLOGIA CIENTÍFICA E TÉCNICAS DE ESTUDO

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O presente tema apresenta a gramáti-ca da Libras com todas suas particularidades dentro das estruturas lexicais, auxiliando na compreensão, aprimoramento e construção do vocabulário.

Objetivos da Aprendizagem

Conhecer as estruturas gramaticais da Libras dando embasamento para a criação do contexto, além de auxiliar no encaixe dos parâ-metros com os devidos movimentos dos sinais que encontraremos.

ESTUDOS LINGUÍSTICOS

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64 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

2.1 Léxico, vocabulários icônicos, arbitrários e soletrados

Segundo Brito (1995), a Língua Brasileira de Sinais é constituída a par-tir de elementos de uma gramática formada das palavras ou itens lexicais e de um léxico que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam características próprias e elementos básicos gerais. Essas estruturas nos permitem fazer ironias, ditados populares e sentidos me-tafóricos.

Léxico

Muitos pensam que a Língua Brasileira de Sinais é apenas a comunica-ção através do alfabeto manual.

Várias pessoas falam que sabem se comunicar através da Libras, mas, na verdade, sabem apenas o alfabeto e acham que soletrar letra por letra (dati-lologia) em Libras já é a própria língua. Como por exemplo:

Na frase: Qual é seu nome? Ou Como você se chama?A pessoa que imagina que o alfabeto manual é a própria Libras faz:

Qual e seu nome?Na verdade, conversar somente através da datilologia não é Libras. O

alfabeto é um recurso, assim como, o alfabeto em Português. Imaginemos con-versar em Português soletrando as palavras. Seria quase impossível.

Podemos ser mais claros.A palavra “CONHECER”

CONHECER (não é Libras)

Em Libras é:

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Que palavra seria essa?

COMPUTADORProvavelmente conseguiu identificar, mas isso

não significa que é um Intérprete ou que tenha fluência em Libras, conhecer este recurso já é um bom início, mas, devemos ampliar nossos conhecimentos, assim, o sinal desta palavra é:

No entanto, Libras não é a escrita através do alfabeto manual de uma palavra em Português. Em escolas infantis virou moda e brincadeira falar com as mãos e Libras é muito mais do que isso. Podemos comparar a soletração ma-nual com as palavras que pegamos emprestadas do inglês como, por exemplo, “e-mail”.

Acima podemos perceber que o empréstimo da palavra em Português está soletrado. Os sinais em si são o léxico ou itens lexicais.

O "Alfabeto Manual" é um recurso usual e é oportunizado nos momentos de expressar nomes próprios, lugares, palavras desconhecidas ou, então, um meio de conferir a ortografia em Português

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66 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Sinais Icônicos, Arbitrários e soletrados

Icônicos

Qualquer leigo conseguiria entender este tipo de sinal. São sinais visu-almente característicos com o que estamos acostumados a ver pela rua. Eles não são universais, mas transmitem o real.

Posso dizer com toda certeza e segurança que todos sabem diversos destes sinais ou lembrarão vários deles, mesmo antes de terminar este item.

Quero que você imagine e reflita qual sinal que poderia ser encaixado neste desenho:

Diante dos sinais abaixo você conseguirá compreender muito bem as de-finições, e estes significados são utilizados e muito na Língua Brasileira de Sinais.

Tchau Dormir Cigarro

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Agora reflita sobre as palavras abaixo e tente realizar os sinais.Mais ou menos Quantas horas Não Dinheiro AndarBebê Louco Mau cheiro Ladrão BeberDepois Forte Calor Macaco PescarFrio Andar Dirigir Carona Fotografar

Reflita amplamente os “sinais icônicos” não descritos aqui que são presen-tes em sua vida.

Os sinais icônicos são fáceis de entendimento, porém representam a minoria dos sinais na Libras.

Arbitrários

Os Sinais Arbitrários não parecem com a realidade. Será preciso um pouco mais de conhecimento da Língua de Sinais para conhecê-los e desenvol-vê-los. São sinais sem regras e não possuem formas convencionais. Na verdade, um leigo verá o sinal e não entenderá nada do que está sendo dito.

Tente imaginar como seriam os sinais das palavras: banheiro, feio, ho-tel, mulher, amante e filho. Você pode ter imaginado vários movimentos, sinais estranhos e até cômicos, mas, se nunca teve contato com esta língua, dificilmen-te conseguirá se aproximar do correto, suas tentativas serão em vão e o mesmo aconteceria se alguém tivesse feito os sinais para você identificar.

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68 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Para você entender melhor o que são sinais arbitrários, verá alguns sinais e, assim, tente descobrir qual é o significado:

Conseguiu entender os sinais?

Você que está conhecendo a Libras pela primeira vez, certamente não entenderá o significado destes sinais, isso significa que são palavras de sinais arbitrários.

A ordem dos sinais são as seguintes: “eu te amo”, “primo” e “domingo”. Estes sinais não parecem com realidade e não têm ligação nenhuma com seu significado.

Soletrados

Palavras que não têm sinal próprio, são chamadas de sinais soletrados. É necessário fazer a datilologia para representar tal palavra, a exemplo das pa-lavras: “DIA” (referente ao dia do mês), “MAIO” (mês do ano), “CLARO” (con-cordância), entre outros.

dia maio claro

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Tente descobrir quais destas palavras são icônicas, arbitrárias e soletradas.

Roxo Andar Cavalo

Tempo

Real

Tio

Acredito que não tenha encontrado dificuldade para idealizar os sinais e nem para acertar as palavras. Além destas, há muitas outras que certamente você saberia fazer, mas nunca refletiu sobre como são e se realmente são utili-zados pelos surdos.

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70 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Sinal soletrado é diferente da datilologia. Um sinal soletrado significa que a palavra tem um sinal e este sinal é imposto através do alfabeto manual. Dati-lologia é utilizar o alfabeto manual como recurso quando não se sabe o sinal.

No próximo conteúdo você conhecerá os detalhamentos de cada sinal, como são criados e estruturados.

No Ambiente Virtual de Aprendizagem você encontrará uma lista com mais de 200 vocábulos diferenciando os tipos de sinais alternando com palavras + sinal, somente palavras e somente sinais.

QUADROS, Ronice Muller, de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua brasi-leira de Sinais: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

No livro de Ronice Muller você poderá aprofundar-se na teoria sobre a inicia-ção da Língua Brasileira de Sinais.

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2.2 Estruturas sublexicais e suas expressões não manuais

Segundo Felipe (apud QUITES, 2007, p. 1), “[...] o sinal é formado a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço à frente ao corpo”.

Podemos comparar os fonemas e, às vezes, os morfemas às articula-ções das mãos, as quais são chamadas de PARÂMETROS.

As estruturas sublexicais fazem parte da gramática da Língua de Si-nais. Esta estrutura compõe-se de 5 parâmetros:

- Configuração das mãos (CM)

São as formas, as configurações, os desenhos que as mãos tomam na realização do sinal. Podem ser oriundas do alfabeto manual e dos números ou em outras configurações feitas pela mão predominante do emissor.

TelevisãoCerto / correto

Configuração oriunda do alfabetoConfiguração não oriunda do alfabeto manual ou números

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72 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Ontem

Professor

Os sinais oriundos do alfabeto manual ou números são aqueles sinais para os quais sua mão predominante tem a configuração (desenho) da mão igual a uma letra ou número em Libras.

Identificamos a mão predominante como sendo aquela que temos mais facilidade na movimentação: mão direita para os destros e mão esquerda para os canhotos.

Vamos entender no exemplo o que é uma Configu-ração de Mão.O sinal de “outubro” tem a configuração de mão em “O”. Assim, devemos parar com o movimento do si-nal, olhar para a mão predominante e verificar com qual letra ou número ela parece.

Neste caso, o sinal de “professor” está na Configuração de Mão em “P”, mas, posso di-zer que esta configuração também está em “K” ou “H”, pois sua configuração é a mesma. No alfabeto manual o que muda é seu movimento.

Neste caso, o sinal tem uma configuração oriun-da do alfabeto e do número. Assim, podemos identificar qualquer um dos dois. Na palavra “ontem” podemos dizer que sua configuração está em “L” ou “2”.

Outubro

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No quadro a seguir você verá as diversas configurações apresentadas em Libras.

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- Pontos de articulação (PA)

São os pontos onde a mão predominante configurada incide para a re-alização dos sinais.

Podemos incidir a mão configurada nos seguin-tes pontos:

Cabeça: queixo, boca, nariz, olhos, testa, bo-chechas, orelhas, maçã da face.

Tronco: cintura, barriga, busto, pes-coço, ombro.

“Queijo”

“Meu”

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Braço: pulso, antebraço, coto-velo, braço.

Mão: palma da mão, dorso da mão, dedos (polegar, indicador, médio, anelar e míni-mo).

Espaço Neutro: A frente do tronco ou acima da cabeça.

“Banheiro”

“casado”

“Deus”

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76 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Os Pontos de Articulação são cabeça, tronco, braço, mão e espaço neu-tro. As especificações seguintes aos pontos são apenas uma referência para você se localizar mais precisamente.

Exemplo: Eu não posso falar que o Ponto de Articulação da palavra

“queijo” é queixo, e sim cabeça, pois a mão configurada em “L” está no ponto de articulação “cabeça”.

- Movimento (MV):

Na Língua de Sinais, as mãos do sinalizador representam o objeto, en-quanto o espaço é a área onde se realiza o movimento. Portanto, para a realiza-ção do movimento, é preciso haver um Objeto e um Espaço.

Analisa-se o movimento por: tipo, direção, maneira e frequência das mãos configuradas.

Assim como no Ponto de Articulação, o Movimento também expressa o sen-tido correto dos sinais, modificando seu significado. Portanto, muito cuidado ao utilizá-lo.

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Tipos:

Busca o contato, interação, contorno e movimento das mãos.

Contato Exemplos de sinais

Deslizamento QuenteTocar Experiência

Agarrar MúsculoRiscar Coitado

Pincelar VarrerEscovar Lavar roupaLigação Unir

InteraçãoExemplos de sinais

Alternado DiscutirCruzado FugirInserção Dentro

Aproximação Combinar (acordo)Separação Longe

Contorno

Exemplos de sinaisCircular Solteiro

Semicircular Antes

Helicoidal Furacão

Sinuoso Difícil

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78 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Movimentos das mãos Exemplos de sinaisDesdobramento simultâneo dos dedos DemitirDobramento simultâneo dos dedos SaberAbertura simultânea dos dedos BrutoFechamento simultâneo dos dedos CheirarAbertura gradativa dos dedos MadrugadaFechamento gradativo dos dedos Roubar

Direção:

Os movimentos podem ser analisados de quatro formas quanto aos seus direcionais.

O direcionamento auxilia a quem estamos apontando. Por exemplo, em EU TE AJUDO faz-se o sinal direcionando a quem irá ajudar, enquanto que em VOCÊ ME AJUDA a direção do sinal é de quem vai ajudar para quem está fazendo o sinal.

O direcionamento é muito importante na Língua de Sinais, ele representa para quem é a informação.

Não direcionais é sem movimento, são paralisados junto ao corpo, como:

Exemplo de sinal

Sem movimento • Culpado

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Unidirecionais: movimentam apenas para uma direção.Exemplos de sinais

Para direita Morrer

Para esquerda AviãoPara baixo Deficiente

Para cima Deus

Para frente Ir

Para trás Por favor

Para o centro Pequeno

Para as laterais Amplo

Bidirecionais: movimentam em direções diferentes e simetricamente com uma ou duas mãos.

Exemplos de sinaisPara frente e para trás Comparar

Para cima e para baixo Político

Para direita e para esquerda Não

Multidirecionais: sinais que se utilizam das várias direções e exploram

vários itens lexicais, como os sinais a seguir:

Exemplos de sinaisAmolar

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80 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

No fim deste capítulo, você verá uma indicação de site onde poderá acessar os sinais com movimento, mas lembre-se: poderá ocorrer uma diferença entre os sinais aqui representados com os sinais do site devido aos regionalismos.

Maneira:

Refere-se à velocidade e tensão do movimento.

• Velocidade e tensão positiva – Um sinal feito com uma velocidade mais intensa e tensão do início ao fim.

Ex.: Rápido.

• Velocidade e tensão negativa – Sinal mais vagaroso e frouxo.

Ex.: Calmo.

• Frequência

Destaca a repetição do movimento.

• Simples – Sinais com apenas um movimento ou que não necessita de várias movimentações com a mesma mão configurada para originar o sinal.

Ex.: Sentar, responder.

• Repetido – Necessita de uma série de repetições para que o sinal tenha originalidade.

Ex.: Combinar (programar), namorar.

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- Orientação (OR)

Tende nos facilitar para melhor compreender. Quando um sinal tem sua direção e há uma inversão, significa a oposição, contrário ou concordância.

- Expressão facial e ou corporal (EFC)

As expressões facio/corporais são componentes extremamente impor-tantes para qualquer transmissão em Língua de Sinais.

Os quatro parâmetros, com auxílio deste quinto, formam os sinais. No conjunto destes elementos, conseguimos chegar à totalidade das informa-

ções desejadas com as mãos, ou seja, é possível falar, rir, discutir e chorar com as mãos.

Palavra CM PA MV OR EFC

Não D Espaço NeutroÀ frente do

tronco-

Triste Y Cabeça • Queixo Tristeza

Cinza C Mão Dorso da mão -

Aeroporto Y Braço Braço Soprar

Gostar 5 Tronco Peito Sim

Expressões não manuais

Também chamadas de Expressão Corporal e Facial, funciona como meio visual de reforçar uma ideia que está sendo transmitida e, em outras oca-siões, chega até mesmo a confundir-se com o próprio argumento, caso não seja feito similar à palavra desejada. Assim, a expressão não manual tem como fina-lidade não só de incluir aos meios gramaticais, mas primordialmente melhorar a comunicação com o receptor.

Para sinalizar com eficiência é preciso saber adequar as expressões ao contexto, ao ambiente e ao tom da voz transmitida e, este é um dos pontos que merecem uma atenção constante, pois, você terá que transmitir através das mãos, do corpo e da face na mesma tonalidade do orador.

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82 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Dentre todas as partes do corpo, a face é a que melhor detalha a ex-pressão em um contexto, uma vez que é a região do corpo mais observada pelos surdos. É nela que há diversas modificações que permitem conduzir uma comu-nicação eficaz. Assim, de nada valeria uma sinalização bem feita com as mãos se acompanhada por uma expressão facial e ou corporal inconveniente ou apática.

Vamos lembrar algumas situações que possivelmente você já percebeu ou passou por elas:

- Uma criança vem correndo para os seus braços, há um metro de chegar, ela tropeça. Pense na cara que você fez ou faria.

- Na rua, você olha para o alto e vê que o tempo fechou e que em pou-cos minutos vai ‘descer água’ e você está sem guarda-chuva. Que cara, heim!

- Quando na TV a repórter retrata um assassinato cruel e ainda mostra as imagens, qual seria sua reação?

A reação e a ação são modos de expressão.Para as expressões não manuais, não apenas a cabeça é fundamental,

ela emana também a movimentação dos braços, pernas e tronco simultanea-mente, devendo procurar uma sincronização do corpo por inteiro.

Com o corpo e a face você consegue transmitir: insegurança, paz, ale-gria, arrogância, inveja, dor, tristeza, frio, timidez, enfim, você deverá expressar todos os substantivos abstratos ligados a sentimento e ainda nos momentos de necessidade gramatical.

Quando seus amigos estão chateados, tristes ou alegres, você repara e mesmo sem falarem algo, você já percebe e comenta: "nossa... Como você está alegre hoje!” ou “Por que você está triste”?

É com a mesma produção que você deve utilizar na comunicação com os Surdos.

A expressão facial deve sempre guardar relação com a mensagem que se deseja transmitir, e isto se dá pelo fato de que o semblante funciona como um indicador da sinceridade daquilo que é falado. Conhecido também como expressão faciocorporal, que destina aos movimentos do corpo e da face, deve

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sempre manter a realidade com o significado da palavra. A utilização adequada destas expressões irá consistir em segurança aos surdos e, fazendo assim, a interação sairá com mais clareza.

É muito importante o uso das expressões. É interessante que você trei-ne algumas palavras à frente do espelho e somente assim verá seu desenvol-vimento. A partir do momento em que estiver interagindo com o surdo, estas expressões sairão naturalmente.

Vamos conhecer alguns atos:

- inconformidade: abaixa a cabeça e salienta a expressão negativa (não);

- agressividade: fecha as mãos, fecha um pouco os olhos, treme a cabeça, range os dentes;

- impaciência: caminha ‘de lá pra cá’, soprando.

Agora diga qual é a expressão

- postura rígida, tronco bem ereto;- balançando para um lado e outro com os braços colados ao corpo;- sobrancelhas levantadas e boca aberta;- sobrancelhas abaixadas e dentes cerrados;- sobrancelhas levantadas, olhos arregalados e lábios cerrados;- olhos cerrados, boca aberta;- testa franzida e boca torta para o lado;- puxar o tronco para trás ou para frente;- boca em "O", olhar de espanto.

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84 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Perceba as expressões que fazem parte de nosso cotidiano e veja qual a que mais se encaixa ao seu perfil.

Sua face e seu corpo em uma ação ou reação ocasiona uma expressão não manual espontânea e é nela que você deve espelhar.

Os entrelaces dos conhecimentos se dão por conta da magnitude de seu significado e, a partir deste próximo conteúdo, você poderá conhecer as unida-des mínimas de significados de cada palavra em seu sinal.

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No Ambiente Virtual de Aprendizagem você pode conferir através dos vídeos as diversas faces e atitudes que temos em nosso dia a dia que também são utilizados na Libras.

Acesse o dicionário de Libras virtual e aprenda os sinais das palavras com movimentos. Caso não encontre da forma que digitou, procure pelo verbo da palavra, o sinônimo desta palavra ou em sua forma lexical.

Acessibilidade Brasil. Disponível em:<http://www.acessobrasil.org.br/libras> Acesso em 9 de abr. 2012.

2.3 Morfologia e seus estudos internos

Segundo Quadros (2004, p. 65), Morfologia é o estudo da estrutura interna das palavras ou dos sinais, assim como, das regras que determinam a formação das palavras. A palavra morfema expressa morfhé, que significa for-ma. Os morfemas são as unidades mínimas de significado.

A Língua de Sinais possui também um sistema de estrutura e formação de palavras como nas línguas orais, caracterizado quanto ao:

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86 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Gênero

Em sinais, independente de serem pessoas ou animais, destacamos o sexo a partir do sinal de homem (masculino) e mulher (feminino), ma-cho ou fêmea. Uma particularidade ocorre quan-do nos referimos ao modo masculino. “Sempre” que você sinalizar no gênero masculino, não há necessidade de serem seguidos pelo sinal de homem, mas, há exceções, como os sinais de “papai” e “vovô”. Não confunda-se, há um sinal próprio para relacionar às pessoas e outro para animais conforme exemplos.

Tempo

O tempo não correlaciona com o "estado do tempo" como chuva, ca-lor, frio e sim com passado e futuro. O passado é feito com movimento sobre o ombro atingindo atrás da orelha e quanto mais distante for este passado, mais distância e intensidade você coloca no sinal. Transformar um sinal para o fu-turo, você fará a PALAVRA NO INFINITIVO + SINAL DE FUTURO. Já para presente, na maioria das vezes o sinal estará no infinitivo, mas, a intensidade e a expressão são necessárias para distinguir a proximidade do presente.

Mulher Fêmea

Homem

Macho

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Grau

Diferencia-se pela intensidade, movimento e velocidade como: (cheio, curto). E outros pela intensidade da expressão que poderá ser positivo ou nega-tivo como: (BONITO, LINDO, BONITINHO).

Para este item morfológico, há uma grande necessidade de expor as expres-sões corporais e ou faciais.

Negação

Estamos acostumados em nosso dia a dia a fazer “NÃO” de várias ma-neiras, seja com o dedo ou com a cabeça. Na Língua de Sinais, além destes dois recursos, temos mais um que é com o sinal próprio e cada um deles usará em situações específicas, veja os exemplos:

- Com a cabeça: “NÃO PRECISA”, sinal de PRECISAR + EXPRES-SÃO DE NÃO feito com a cabeça.

- Com o dedo: Quando utilizamos o sinal negativo feito com o dedo, a palavra torna-se mais agressiva, algo definitivo, autoritário a exemplo de “NÃO PODE”. PODE + sinal de NÃO com o dedo.

- Sinal próprio: NÃO PODE, sinal próprio. Torna-se a referência mais educada.

NÃO PODE

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88 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Revendo a Morfologia, tente transformar uma única palavra em várias, mo-dificando-as através deste recurso.

Morfemas lexicais e gramaticais

A partir de suas unidades mínimas de significação na Libras, temos os morfemas lexicais e gramaticais onde poderá oscilar com as palavras em Por-tuguês.

LEXICAL GRAMATICALAmigo (s) pluralPossibilidade (im) negaçãoChorar aos prantosFofocar fofocar sem parar

Para os itens lexicais, você utiliza os sinais várias vezes para impor a situação gramática ou fazendo a diferença entre o lexical e o aumentativo ou negativo.

Para conhecer estas palavras lexicais, acesse o site <http://www.acessobrasil.org.br/libras> e assim que visualizar tente modificar estas mesmas palavras para seu item gramatical através dos recursos aqui já apresentados.

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Aspecto verbal pontual e aspecto verbal continuativo

O Aspecto Verbal Pontual distingue-se por se trazer a uma ação ou evento ocorrido e finalizado em algum ponto bem definido, enquanto o Aspecto Verbal Continuativo dá a continuidade e se dá outra palavra.

[ELE] [TENTAR] [FALAR] [AMIGO] [ONTEM] (Ele tentou falar com o amigo ontem), concluiu o “TENTAR”, utilizou apenas uma vez. Se você utilizar o sinal “TENTAR ATÉ CONSEGUIR” ou “TENTAR SEM PARAR” mudaria o senti-do da frase no exemplo “[EU] [TENTAR], [TENTAR], [TENTAR] [FALAR] [AMI-GO]” (Eu tentei por diversas vezes falar com meu amigo) refere-se a uma ação que tem uma continuidade na palavra “TENTAR” sofrendo assim, uma alteração.

Itens lexicais para tempo e marca de tempo

Na Língua Brasileira de Sinais não há os tempos verbais (conjugação dos verbos) como no Português. Os verbos são flexionadas apenas no infinitivo. (EU BRINCAR, ELE CHORAR). Quando necessitar marcar o tempo, os itens lexicais ou os advérbios que irão referir-se ao passado, presente e futuro como os sinais de “ontem”, “ano passado”, “hoje”, “agora”, “semana que vem”, não sofrerão ambiguidade.

A utilização da expressão corporal neste momento é importante para expressar o passado e futuro, jogando levemente o corpo para trás51 quan-do passado e para frente quando futuro (ANO PASSADO, ANO QUE VEM). Quanto mais você joga o corpo, mais distante é o tempo (MUITOS ANOS ATRÁS).

Intensidade e quantificação

A intensidade ocorre quando o sinal conduz movimentos longos em ritmo ligeiro, ou seja, os sinais são feitos de forma mais acelerada e forte.

Usará o mesmo sinal, porém, com mais intensidade e expressão.

5 O jogo de corpo nos faz considerar que realmente a Libras é uma língua que depende do visual-espacial.

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90 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Exemplo: CHUVA (feito de forma branda), TEMPESTADE (CHUVA + EXPRESSÃO DE MUITO) com intensidade e rapidez.

Já a quantificação é obtida com o uso de quantificadores como “MUITO”, repetições sucessivas, várias vezes.

Exemplo: BATER ATÉ QUEBRAR (sinal de bater, bater, bater, bater até que quebre).

Incorporação de argumento

O método de “Incorporação de Argumento” é muito frequente e visível na Libras devido às características espaciais. Seria mais óbvio ir direto ao real do que interpretar a palavra e depois explicar o significado dela. Em nossa Lín-gua Portuguesa utilizaríamos a mesma entonação, a mesma escrita, mas logo, já sabemos qual o sentido e como seria na prática.

Exemplo: em Português podemos escrever ou falar a palavra “COR-TAR”. Em uma apreciação poderemos falar “cortei uma árvore”, “cortei o dedo”, “cortei um papel” ou então “cortei uma pipa”. O complemento da frase do verbo “cortar” traz informação da ação de alguém ou alguma coisa. O “cortar” torna--se muito variável na Língua de Sinais, pois, deve haver transformação em suas frases de acordo com cada contexto, isso porque o “cortar de um dedo”, de “um papel” ou de “uma árvore” são totalmente diferentes na realidade e na Libras corresponderá a um sinal diferenciado.

Vamos ver como ficaria em um exemplo prático:

Usando a palavra “CAIR”, vem em nossa mente várias frases nas quais poderíamos encaixar esta palavra. “Cai na calçada”, “cai de moto” ou “o papel caiu”. Estas frases contêm variantes de incorporação e argumentos.

Vou lhe ajudar a entender melhor, mas preciso que você, após esta lei-tura, vá aos recursos do vídeo e do AVA.

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Cai na calçada Cai de moto

Papel caiu

Certamente a ação do “CAIR” não é da mesma forma para as três situações.

Formações de palavras por derivação e por composição

Lembrando que estamos falando da Língua de Sinais, suas palavras por derivação são formadas através dos sinais e não pela escrita e observamos que as primeiras palavras são constituídas a partir de seus radicais, os quais se ligam aos afixos ou morfemas gramaticais. Por este método, vejamos como ficaria a ilustração.

“NÃO QUERER” é derivado do “QUERER” por meio de afixo negativo, “FEIOSO” é derivado do “FEIO” através da expressão facial, assim como “FEI-NHO” é grau diminutivo utilizado pela adjunção da expressão facial.

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“TENTAR ATÉ CONSEGUIR” explora o aspecto continuativo e é deri-vação de “TENTAR”.

O processo de composição pode ser também a união de dois sinais para formar uma palavra por composição.

O sinal de:

Para o sinal de “FARMÁCIA” é ne-cessário uma adjunção dos sinais de “CASA” + “REMÉDIO”.

“ANIMAIS”: Utiliza-se o sinal de “LEÃO” + “COISAS”.

Como no Português, a Libras também tem seus tipos de palavras, po-rém não podemos confundir Português com Libras, assim, não deixe de ler o próximo capítulo, onde abordaremos justamente isto.

Farmácia

Animal

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Com os recursos da morfologia, disponibilizamos no AVA um seguimento de uma única palavra que se decompôs em 12 palavras modificadas apenas pelos recursos morfológicos.

Para compreender bem estas palavras e todos estes termos, leia o livro de: QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua Brasi-leira de Sinais: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

ou então de:

QUITES, Tatiana P. Pimenta. Estudo básico da gramática da libras: centro de capacitação de profissionais e de educação às pessoas com surdez. Belo Horizonte 2007.

Nestas duas bibliografias você poderá conhecer outros exemplos e outras for-mas de explicação. Ronice Muller é uma das referências no Brasil quando se fala em gramática da Libras.

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94 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

2.4 Diferenças Básicas em LIBRAS

As Diferenças Básicas em Libras trazem o conhecimento da distinção de cada sinal, dando-nos a consciência que cada sinal tem sua representativida-de como no português.

Para compreender melhor as diferenças básicas e como dica de apoio e me-morização dos sinais, faça os sinais aqui representados. Se tiver dificuldades em entender os movimentos, volte ao capítulo 2.2 ou acesse novamente o site já indicado.

Palavras

Sinais que utilizam a configuração das mãos oriundas do alfabeto ou números, ou seja, sinais com configuração em “A”, “D”, “X”, “1”, “5” etc.

Exemplo: configuração em “Y” – Avião, perfume, bobo, idade, etc.

Configuração de mão em “4”: (ADMIRAR)

Configuração de mão em “L” ou “2” (ÁGUA)

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As “palavras” deverão ser feitas com a sua mão predominante e que não tenha o Ponto de Articulação braço e mão.

Palavras simples

Para as Palavras Simples não há necessidade da Configuração da Mão ser oriunda do alfabeto ou dos números, mas deverão ser feitos também com apenas a sua mão predominante e não ter Ponto de Articulação braço e mão.

Veja algumas configurações não oriundas:

Para lembrar de todas, volte ao conteúdo 2.2.

Exemplos: Perceba que a mão não tem uma configuração igual às le-tras do alfabeto ou dos números.

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Certo Pinga / cachaça Dinheiro Querer

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96 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Palavras compostas

Como já vimos anteriormente no processo de formação de palavras por composição, as "Palavras Compostas" são combinações de dois ou mais sinais que irão formar a palavra.

Não podemos esquecer que a palavra composta na Língua Portuguesa não interfere na palavra composta da Língua de Sinais. Uma palavra simples em Português pode formar uma palavra composta em Língua de Sinais, assim como, uma palavra composta no Português pode ser uma palavra simples na Libras. Então não há uma regra que relacione a Língua Brasileira de Sinais com a Língua Portuguesa. Temos que levar em conta a movimentação dos sinais. Ha-vendo mais de um sinal para uma palavra, trata-se de uma “Palavra Composta”.

Vejamos os exemplos:

Almoçar

Padaria

Escola

Mamãe

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Palavras de duas configurações diferentes

São palavras realizadas com dois movimentos diferentes, ou seja, uma mão configurada não pode ter a mesma configuração da outra mão. Utilizare-mos movimentos com as duas mãos e configurações diferentes ou a mão predo-minante configurada sobre o braço como ponto de articulação.

Para entender melhor, veja os exemplos:

Mão predominante em “P” sobre a outra mão com outra configuração.

A mão predominante se movimenta sobre o braço em configuração de mão em “B”

Faqueiro

Pedra

Acostumar

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98 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Palavras de movimentos iguais

Palavras com movimentos iguais são as palavras que podem ter dois ou mais movimentos iguais, ou seja, tais movimentos serão feitos com as duas mãos simultaneamente e com a mesma "Configuração de Mão", independente do movimento ou da orientação. Podemos falar que são sinais fáceis de sinalizar e de visualizar. Temos que lembrar que a mão predominante deverá estar igual à outra mão que fará o "Ponto de Articulação". Então se sua mão predominante está configurada em “B”, o ponto de apoio deverá também estar em “B”, “B” mão direita e “B” mão esquerda podemos formar o sinal de (CASA).

Temos outros exemplos que poderão ser úteis para o seu aprendizado.

Palavras de sentidos e sinais distintos

Estas palavras mantêm a mesma escrita no Português. São Homôni-mos Homógrafos, isto é, palavras que têm grafia igual e significado diferente e haverá também sinais díspares, como por exemplo: BANCO (assento) e BANCO (agência bancária); CANTAR (música) e CANTAR (paquerar); CAIR do skate (tombo) e CAIR na gandaia (festa).

Primo

Por que

Beijo na boca

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Vejamos os exemplos:

Nem sempre uma palavra em português terá o mesmo sinal em Libras para todos os seus sentidos. Assim, as palavras que têm a mesma grafia com senti-dos diferentes deverão ser observadas sua ação ou sua definição para realizar o sinal. Veja no AVA algumas palavras deste aspecto.

Palavras dessemelhantes na grafia e com o mesmo sinal

Estas palavras poderão conter o mesmo sen-tido, mas sua escrita no Português será diferente e terá o mesmo sinal na Língua de Sinais. Resumindo, tere-mos o mesmo sinal para as palavras sinônimas.

Para o sinal de "TRISTE", conforme o sinal na figura ao lado, pode-se expressar também como: INFELIZ, ABATIDO, DEPRIMIDO, JURURU, MA-GOADO, DESGOSTO etc.

Além de apenas visualizar o sinal, faça você mesmo o sinal, repita seus sinônimos juntamente com o sinal por diversas vezes.

Manga (fruta) Manga (camisa)

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100 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Calmo, tranquilo, acomodado, pacato, sereno, sossegado, pacífico etc.

Medo, amedrontado, temor, asco, receio etc.

Sempre que você encontrar dificuldade em achar o sinal de uma palavra, pro-cure o sinônimo dela. Em libras terá o mesmo efeito.

Frases com apenas um sinal

São frases que poderemos fazer com apenas um sinal. Este sinal será rele-vante ao que o contexto condiz e será acompanhado da expressão facial ou corporal.

Temos como exemplo várias frases interrogativas:

Nas frases interrogativas e exclamativas também há uma grande necessidade de inserir expressões.

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Quantos anos você tem?Sinal de IDADE + expressão interrogativa [?] (levante as sobrance-

lhas e o queixo)

Onde você mora? Sinal de CASA + expressão interrogativa [?]

Qual é o seu nome? Sinal de NOME + expressão interrogativa [?]

Qual é o seu sinal? Sinal de SINAL + expressão interrogativa [?]

No próximo capítulo, começaremos a caminhar pelas interfaces de in-terpretação, com o uso e exploração das expressões corporais e classificadores.

Não deixe de assistir aos vídeos disponíveis no AVA e reveja quantas vezes for necessário. Lá você verá diversos exemplos de como fazer a expressão inter-rogativa que poderá lhe ajudar a aprender melhor.

CAPOVILLA, Fernando Cesar; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário enciclopédico iustrado trilíngue: e língua brasileira de sinais portu-guês/inglês/libras. 3. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.

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102 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Será muito interessante que você busque diversas palavras e seus sinais que se encaixem neste capítulo e, para isso, você tem à disposição no mer-cado o dicionário ilustrado de CAPOVILLA e ainda o site do acessobrasil com movimentos.

Acessibilidade Brasil. Disponível em:<http://www.acessobrasil.org.br/libras> Acesso em 15 de abr. 2012.

Os estudos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais projetam o conheci-mento para diferenciar a Língua de Sinais do Português e, compreendermos as estruturas dos sinais “populares” como: os sinais icônicos e os sinais arbi-trários a quais deverão ter seus fundamentos estudados. As estruturas sub--lexicais e suas expressões trata a primeira parte teórica da Língua de Sinais obtendo 5 parâmetros importantes na compreensão dos sinais, tendo como quinto elemento, a expressão corpo facial, que auxilia a toda estrutura contex-tual da Libras. A morfologia e seus estudos internos determinam a estrutura-ção das palavras quanto ao seu gênero, tempo, grau e negação determinando suas incorporações que conduzem aos movimentos ideais. Observadas as di-ferenças básicas em Libras, conhecemos os diversos tipos de palavras dentro da Língua Brasileira de Sinais, facilitando assim a compreensão da língua.

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O que significa Datilologia?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Na Libras há diversos recursos para que a interpretação seja realizada de for-ma coerente e correta, entre eles existe a “Expressão Corporal e Facial”. Qual a importância deste ato?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Qual é a estrutura que a Libras necessita para obter unidades mínimas de sig-nificado que diferenciem sexo, passado e futuro, aumentativo e diminutivo e negação?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Descreva algumas palavras diferenciando-as pelos sinais simples e sinais compostos.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS 104

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Diante dos sinais abaixo assinale a opção que descreve corretamente os tipos de sinais.

Sinal icônico, sinal arbitrário e sinal arbitrário.Sinal arbitrário, sinal icônico e sinal arbitrário.Sinal arbitrário, sinal icônico e sinal icônico.Sinal icônico, sinal icônico e sinal arbitrário.Sinal icônico, sinal arbitrário e sinal icônico.

Identifique os sinais soletrados.

MAIO – DIA – CLARO – UTOPIA

Mago – dia – Clara – utopiaMagro – tia – Clara – utópico Magia – tia – clara – espinhaMaio – tia – Clara – utópicoMaio – dia – claro – utopia

abcde

abcde

Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Qual a Configuração de Mão e Ponto de Articulação do sinal abaixo.

Configuração de Mão é “P” e Ponto de Articulação é “braço”.Configuração de Mão é “G” e Ponto de Articulação é “mão”.Configuração de Mão é “H” e Ponto de Articulação é “mão”.Configuração de Mão é “K” e Ponto de Articulação é “espaço neutro”.Configuração de Mão é “P” e Ponto de Articulação é “tronco”.

A expressão corporal e facial é ESSENCIAL para uma boa comunicação em Libras. Assinale a 1ª coluna de acordo com a 2ª.

( ) Fecha as mãos e os olhos, trema a cabeça e range os dentes.( ) Caminha de um lado para o outro soprando.( ) Abaixa a cabeça e a movimenta de um lado para outro.( ) Sobrancelhas levantadas e boca aberta.

I; III; IV; IIII; I; IV; IIIIII; IV; I; IIIV; II; III; III; III; I; IV

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I – InconformidadeII – AgressividadeIII – ImpaciênciaIV – Surpresa

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Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Quando utilizo o sinal de BONITO + EXPRESSÃO DE MUITO tenho que utilizar umas das morfologias. Qual é esta morfologia e qual palavra se forma através deste sinal e expressão?

Morfologia de “Tempo” e forma a palavra “bonito”.Morfologia de “Grau” e forma a palavra “gostoso”.Morfologia de “Negação” e forma a palavra “bonito”.Morfologia de “Gênero” e forma a palavra “gostoso”.Morfologia de “Grau” e forma a palavra “lindo”.

Para formar a palavra “AMIGA” tenho que utilizar a morfologia como recur-so. Como seria esta formação?

Basta utilizar o sinal de “AMIGO”.Sinal de MULHER + AMIGO.Sinal de AMIGO + CABELO COMPRIDO.Sinal de MULHER + NÓS DOIS.Sinal de AMIGO + MULHER + NÓS DOIS.

Atente-se aos sinais:

Igreja Libras Água

Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Após a verificação dos sinais, assinale a opção que relaciona adequadamente o tipo de palavra em Libras.

“Igreja” é uma palavra simples, “Libras” é uma palavra de movimentos iguais e “Água” é uma palavra simples.

“Igreja” é uma palavra de movimentos diferentes, “Libras” é uma pala-vra simples e “Água” é uma palavra composta.

“Igreja” é uma palavra composta, “Libras” é uma palavra de movimen-tos iguais e “Água” é uma palavra simples.

“Igreja” é uma palavra com movimentos iguais, “Libras” é uma palavra composta e “Água” é uma palavra de movimentos diferentes.

“Igreja” é uma palavra composta, “Libras” é uma palavra de movimen-tos diferentes e “Água” é uma palavra simples.

Qual das alternativas apresenta todas as palavras compostas em Libras?

Faqueiro, salada de frutas, papai e surdo.Marido, saúde, brincar e animais.Verduras, colorido, computador e livro.Cereais, açougue, vaca e escola.Filha, celular, aluno, guarda-chuva.

No AVA você encontra todas as respostas do exercício.

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S U R D E Z : INTERAÇÕESE IMPLICAÇÕES

Parte 02

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Nesta unidade, iremos interatuar as ações comunicativas e práticas com as teóricas, relacionadas ao contato direto com o surdo e suas percepções quanto à legislação, funções lin-guísticas, metodologia de ensino e aprendizagem e ainda contextos interpretativos, afirmativos e interrogativos.

Objetivos da Aprendizagem

compreender os conhecimentos básicos e domínios necessários para a comunicação simples e direta às pessoas com surdez, faci-litando a inclusão social e possibilidades em relação interpessoal através do uso da Libras.

conhecer as leis relacionadas à surdez e a Língua Brasileira de Sinais.

SURDEZ E INTERAÇÃO

Tema

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3.1 Aspectos comunicativos corporais e classifica-dores

A Comunicação Corporal é um artifício de interação com o qual com-partilhamos mensagens, sentimentos, emoções e ideias, podendo influenciar o comportamento das pessoas que, por sua vez, reagirão a partir de suas crenças, valores, história de vida e cultura.

A comunicação servirá em seu dia a dia para desempenhar diversas atividades, dentre elas a sua função como educador, colaborador ou intermedia-dor, exigindo uma habilidade que tende a facilitar o alcance dos objetivos que é passar a informação.

Por considerarmos afirmativas essenciais para o aprimoramento pro-fissional, a linguagem não-verbal será um meio de interação que possibilitará ao surdo compreender seus efeitos e suas inúmeras mensagens manifestadas corporalmente.

Aspectos comunicativos corporais

A linguagem corporal, através da Língua de Sinais, tem um grande va-lor para a comunicação espaço-visual e sempre deverá ser inserida aos sinais destacando realidades e expressões diversas a fim de potencializar e auxiliar na clareza da contextualização dos sinais.

A voz do corpo (linguagem corporal) proporciona um suprimento efi-caz, objetivo, assertivo que contribui para a clareza da mensagem, tornando-a real. O anseio positivo e o impacto facial e corporal são fundamentais em um contexto e poderão ser utilizados a todo o momento em uma interpretação, po-rém, deverão ser adequados ao ambiente, ao momento e à mensagem.

Este tipo de linguagem aproxima o comunicador da Libras ao surdo, repassando qualquer sentimento e emoção positiva ou negativa. Ao recebermos um feedback61positivo do surdo, conseguimos nos autoanalisar. Com isso, ga-nhamos indiretamente um incentivo para continuarmos nos comunicando com as mãos e com o corpo.

6 É o retorno visual positivo ou negativo do espectador sobre o desempenho da pessoa que passou a informação.

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Para você manter um padrão de excelência em linguagem ou expressão corporal, terá que entender e valorizar a forma de interação dos surdos.

Falar com o corpo é expressar sentimentos, emoções e transmitir men-sagens, cujos significados são influenciados pelo contexto. O conhecimento deste recurso é um meio de ampliar a percepção de quem realmente precisa e é mais um instrumento para melhorar a qualidade da conversação da Língua de Sinais.

Importância da linguagem corpofacial

Sabemos da importância da expressão não verbal nos contextos em Li-bras, mas, além disso, temos que nos atentar à sua importância na influência das frases.

“É preciso valorizá-la, observá-la e utilizá-la.”

Sinal SEM significado Mesmo sinal, porém, COM significado

Para este sinal que acabou de visualizar, foi necessário e importante o emprego da expressão. No primeiro momento, há o sinal de “triste”, mas, não há o significado real de tristeza, pela ausência da expressão. Já na segunda ima-gem, além do sinal, foi inserida a expressão facial. O surdo leva em conta mais a sua expressão que o sinal. Você poderia ter feito o sinal de “triste” e fazer a expressão de “alegria”, ele iria entender pela sua expressão e não pelo seu sinal, como também poderia o deixar confuso: “Será que é triste ou alegre?”

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Como profissionais que estarão em constante interação com outras pessoas, você deverá se lembrar das diferentes crenças, valores e culturas que permeiam estas relações e estar consciente da influência que sofremos e exerce-mos, mutuamente, através da linguagem corporal.

A trajetória da expressão corporal pode transformar as interações em situações de “troca”, que venham a ser enriquecedoras para os envolvidos no processo de comunicação.

A busca de uma solução reflexiva é que resgata e valoriza a interpreta-ção e a construção de seu conhecimento. Assim, a comunicação visual é o ins-trumento mais importante do ser surdo. Somente com este tipo de comunicação eles podem perceber as mensagens implícitas ou explícitas.

Função da linguagem corpofacial

Como já deve ter percebido, a função da linguagem corporal é expres-sar, através do corpo, emoções, sentimentos, reações de forma que os surdos consigam assimilar o sinal com a expressão, desempenhando um papel de suma importância no contexto da comunicação.

Ao observarmos o simples modo de se vestir das pessoas, de andar, de falar e promover atitudes diferenciadas, saberá se estão ou são alegres, tristes, cansadas ou oprimidas.

Muitas vezes a comunicação não-verbal modifica o significado da fala, ou seja, a mensagem verbal é contrária ao que é expresso pela comunicação cor-poral, mas se bem utilizada será muito mais fácil o entendimento de seu aluno, paciente, cliente, amigo surdo.

Expressão e movimento

O movimento corporal não exige regras, mas, devemos manter uma concordância para que a interação seja completa. Nada adianta eu fazer um si-nal de (CANSADO) e fazer uma expressão (CHEIO DE VONTADE) ou então fa-zer o sinal de (ÓDIO) e não utilizar o movimento corporal que exprime a mesma ideia.

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No vídeo deste conteúdo, haverá ações e reações diversas que apresentam a praticidade desta linguagem, para conhecer melhor, não deixe de visualizar.

Leitor, as expressões no quadro a seguir são apenas indícios, e a lin-guagem corporal e facial deve ser sempre interpretada dentro do contexto co-municativo.

Possíveis Interpretações Expressões não verbaisSuperioridade, Orgulhoso Levantar o nariz e virar o rostoAvaliação, pensamento Dedo indicador na fronte ou coçar o queixoAnsiedade, insegurança Roer unhas, esfregar as mãosCansaço, aborrecimento Coçar sobrancelhas, curvar o troncoIncompreensão, agressividade Parar com as mãos na cinturaImpaciência Andar de um lado para o outroFalta de entusiasmo, desmotivado Andar calmamente, olhando para baixoAvaliação negativa Coçar a testa, olhos fechadosFrustração, ódio Mãos fechadas, ranger os dentesDesconfiança Desviar o olharDefensiva Braços cruzados no peito

“O movimento corporal se faz palavras para aqueles que estão atentos e envolvidos na comunicação.” (CORRAZE, 1982, p. 37).

A literatura em geral não conceitua especificamente a linguagem cor-poral, mas Corraze (1982, p. 37) adverte que “quando se mostra a existência de formas universais nas mensagens não-verbais, não se pode deixar de pensar que a cinésica72 só estuda uma parte delas.” Isto é, no processo de comunicação verbal, é necessário muito mais do que apenas a linguagem do corpo. Há que se considerar o tom da voz, o espaço utilizado, o toque e os fatores do ambiente inseridos em um determinado contexto. O significado atribuído vai depender de todos estes elementos interrelacionados.

7 Cinésica: Falar sem ser exclusivamente pela palavra oral.

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Comunicação e surdez

A pessoa com surdez adquire sua linguagem corporal naturalmente. É uma característica própria dos surdos, além de adquiri-la também ao se relacio-nar com outras pessoas. A linguagem nos proporciona interação. É ela que torna possível a comunicação entre indivíduos, à transmissão de informação e à troca de experiência.

Situações espontâneas de relacionamento entre pais, amigos, professo-res podem realizar estimulação e interação através da linguagem corporal, man-tendo assim, sua atenção e ajudando-os a se expressar por atitudes corporais e, sequencialmente, transformá-las em auxílio para os próprios sinais.

A partir do momento em que uma pessoa com surdez percebe que suas expressões tomam um progresso e se torna necessidade para a comunicação diária, passa a espelhar involuntariamente todo seu estigma através de sua face, seus gestos e seu corpo, passando a explorar cada vez mais estes recursos.

Pantomima

Muitos confundem expressões corporais e faciais, sinais, gestos e pan-tomima, dizendo que tudo faz parte da Língua de Sinais.

A pantomima na verdade é um teatro gestual que utiliza o mínimo pos-sível de palavras oralizadas e faz um maior uso de gestos. É um artifício de nar-rar com o corpo em modalidade cênica, excelente para comediantes, cômicos, atores e pessoas que necessitam correlacionar com estes atos. É uma represen-tação praticamente universal entendida facilmente por todos.

Esta modalidade não está ligada à Língua de Sinais, pois costuma ser exagerada e chama muito a atenção de quem vê, mas pode ser um bom suporte para ajudar o ouvinte e até mesmo o surdo a se desprender da timidez e começar a fazer expressões de forma mais natural, uma vez que as expressões faciais e corporais são recursos mais difíceis na comunicação da Libras

Classificadores

Com este recurso podemos falar que conseguiremos atingir a língua de forma que os surdos de qualquer lugar do mundo compreendam a língua.

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O classificador é um feitio que estabelece um tipo de concordância em que suas Configurações de Mãos se referem à pessoa, animal e objetos funcio-nando como marcadores semelhantes.

Você já sabe que para a Língua de Sinais a reprodução, a forma, a des-crição, o movimento e sua relação espacial são essenciais, tornando mais inten-sos e perceptíveis os significados do emitir.

Segundo Brito (1995, p. 103), os classificadores funcionam como parte dos verbos em uma sentença, sendo chamados verbos de movimento ou de lo-calização, indicando o objeto que se move ou é localizado.

Os classificadores são representados por configurações específicas de mãos ligadas às expressões corpo/faciais, logo, nada têm em comum com mímicas.

Os classificadores tornam mais vivo e compreensível o significado do que se quer proferir representando por uma adjetivação descritiva, a qual atribui quanto ao seu tamanho, forma e espessura.

Para classificadores de animal e pessoa e numa frase no singular si-nalizamos, com apenas um dedo fazendo o movimento (UMA PESSOA CAMI-NHANDO) e no plural, marcado por duas ou mais pessoas ou animais simul-taneamente com as duas mãos ou com dois dedos (DOIS LEÕES ANDANDO), sequencialmente relacionando a forma de andar do animal ou da pessoa.

Os classificadores, na maioria das vezes, representam características físicas do referente como o nosso próprio comportamento ou movimento, o que confere grande flexibilidade denotativa e conotativa aos sinais.

Se pensarmos o andar de uma pessoa, de um carro, de uma bicicleta e até mesmo de um elefante, cada um tem sua característica própria, portanto, o classificador do “andar” deverá ter suas peculiaridades e isso você terá que passar ao surdo de forma visual.

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Veja algumas frases que devem ser feitas de forma diferen-ciada devido a sua ação:

MARIA EDUARDA passou por PEDRO (representação de um dedo passando pelo outro dedo da outra mão).

PEGUEI UM PEQUENO DADO (você terá que lembrar que o DADO é pequeno e que você pegaria com apenas dois dedos. Imagine você pegando um dado. Esta forma é o classificador de PEGAR DADO PEQUENO).

Agora imagine que você irá pegar uma CAIXA GRANDE E PESADA. Como seria isso no real?

Certamente o nosso ato de “pegar um dado” será bem diferente do “pe-gar uma caixa grande e pesada” e é esta mesma forma que deveremos observar para realizar os movimentos em Libras.

Não devemos confundir os classificadores com movimentos que repre-sentam iconicamente qualidades de objetos.

Por exemplo, na frase:

“O casaco da minha sobrinha Sarah é de bolinhas”?

Esta expressão será desenhada no peito do sinalizador, mas esta descrição não é um classificador e sim um adjetivo que, embora classifique, constitui apenas uma relação de qualidade do objeto e não relação de concordância de gênero.

Para o próximo conteúdo, iremos interagir no aspecto familiar, ponto im-portante para que os nossos conhecimentos ultrapassem os limites do conhecimento.

Ao acessar o AVA, exatamente nos vídeos disponíveis, você verá na prática o que é o Classificador. Vale a pena assistir.

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PEASE, Allan; PEASE, Barbara. Desvendando os segredos da lingua-gem corporal. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.

Neste livro, você poderá conhecer um pouco mais sobre a comunicação da linguagem corporal de forma descontraída e verdadeira. Ele pode ser um bom guia de aprimoramento.

3.2 Interação argumentativa com estrutura da sur-dez e família

Este tema possui duas palavras-chave: interação e família. A família é o

principal núcleo social, é nela que a primeira educação acontece. A família desempenha a responsabilidade de cuidar, educar, promover

a saúde, o bem estar e proteção. Em família com membro surdo, acrescenta-se a isto a função da aprendizagem de outra língua, a Libras. É a família que propor-ciona os primeiros passos à aquisição de uma linguagem ao bebê surdo e esta linguagem é de fundamental importância para que este ser venha, futuramente, interagir com outras pessoas, assim, convivendo em uma sociedade harmônica. Por outro lado, interação é um elemento constituinte no processo de desenvol-vimento cognitivo e aprendizagem surgindo o interesse em torno da interação social que é a “descoberta.”

Com isso, tem-se uma renovação em torno da interação social, consi-derando o surdo não só como mero receptor passivo, mas também, como al-guém com um papel mais ativo com sua língua, sendo agente construtivo inde-pendente de seus mediadores. A partir daí, começa a se expandir a visão de que o surdo é capaz.

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O maior problema da interação entre a família e o surdo é a comunicação, pois é através dela que conseguimos nos adaptar ao meio em que vivemos.

É necessário que os pais saibam lidar com esse fato e compartilhem suas inquietações com outras famílias ou até mesmo que busquem uma asso-ciação de surdos, pois lá encontrarão outras pessoas que passam pela mesma situação.

Conscienciosos ou inconscientemente, há pais que tendem a negar a existência da surdez de seu filho. Pensam que se trata de uma situação transitó-ria, que a criança vai acabar superando. Recorrem, por isso, a novos diagnósti-cos e a diferentes especialistas, com a finalidade de conseguir uma informação positiva ou garantias de cura para um futuro próximo. Este posicionamento evi-ta também ter que adotar um estilo comunicativo e interativo diferente. Já que a criança “não vai ser surda”, não é necessário pensar que em sua linguagem e educação serão diferentes dos irmãos e de outras crianças de sua idade. Assim,

Quando uma criança surda nasce, seus pais ou responsáveis sentem-se impossibilitados de agir normalmente com ela. Apresentam-se fragilizados nos primeiros tempos, encontram inúmeras dificulda-des à sua frente e, quase sempre, alteram seus planos de vida em função desta nova situação. Os encargos e as responsabilidades nor-mais de uma família ficam modificados e exagerados com a chegada de uma criança diferente. (STELLING, 1996, p. 34).

O início da escolarização e o papel da família

Após a família passar por este processo de “impacto”, começa a ques-tionar o que a escola pode oferecer ao filho. A criança e a família terão que se adaptar novamente. Esta nova adequação se dará agora, no mundo da escola-rização. Lá buscará a segunda educação, formulada através de regras impostas para que possa ser incluída na sociedade. Nesta etapa, compete aos pais possi-bilitarem segurança, carinho e comunicação com a criança surda.

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A inclusão da criança surda na escola visa favorecer oportunidades para que ela possa se desenvolver, adquirindo meios culturais e entrosamento na sociedade, construindo sua própria subjetividade, terá recursos para sua in-serção no processo linguístico, trocando ideias, sentimentos, compreendendo o que se passa em seu meio e adquirindo, então, novas concepções de mundo, dando início à aquisição de uma língua.

A família deverá ter consciência de que precisará desenvolver a língua de seu filho pelo meio corporal, gestual e até por meio dos sinais. Simultane-amente, deverá agir normalmente com a criança comunicando o tempo todo como se fosse um filho ouvinte antes de aprender a falar, fazendo suas pergun-tas e respondendo o que for solicitado e também cantando e contando histori-nhas infantis, porém, em Libras.

Como início ao atendimento educacional e a integração da família, a criança certamente será incluída em todos os aspectos, tendo o direito comum de participar de todos os processos educacionais. Pois,

A continuidade da escolarização visa a oferecer à criança surda as mesmas chances que são oferecidas às outras crianças no que diz respeito ao exercício efetivo de sua cidadania, para que possa se de-senvolver como pessoa, adquirir meios culturais para se posicionar na comunidade e para adquirir habilidades para o seu entrosamento eficiente e produtivo na sociedade. (BRASIL, 1997, p. 134).

Perspectivas da família

As famílias vêm compreendendo mudanças que acarretam na exigência de serviços de qualidade na educação para seus filhos surdos, pois, por vários anos, essas famílias se viram sem voz aguardando que outros determinassem sobre o futuro educacional de seus filhos sem saber qual seria a melhoria e a qualidade.

Para conhecer melhor toda a estrutura familiar, não deixe de assistir e comentar os fóruns, debates, filmes e palestras disponibilizados.

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Os pais que descobrem a surdez de seu filho tardiamente não conse-guem oferecer ou não sabem onde procurar auxílios benéficos. Assim, estimam “soluções” de desenvolvimento intelectual e social ao filho através de terapias fonológicas, psicológicas, cursos de apoio, escolas e tarefas, tudo simultane-amente. Ao perceberem resultados insatisfatórios, reconhecem que tudo não passou de um equívoco, seu filho não conseguiu aprimorar nenhum dos objeti-vos traçados e, somente a partir deste momento, passa a buscar apoio com pro-fissionais capacitados e associações. Os pais devem se render e optar por apenas uma direção, o endereço que deverá ser tomado desde o princípio escolar que é mantê-los em escola regular e na alfabetização em Libras, assim, o resultado se consegue com grandes alacridades e agilidade.

Os pais devem dar liberdade de autoescolha, o surdo deve ter uma vida social como a dos ouvintes.

“Quanto mais confortáveis todos os membros da família estejam com a surdez, melhor” (LUALDI apud HOFFMEISTER, 1999, p. 128).

As construções no ambiente escolar permeiam perspectivas boas às famílias dos surdos de tal modo que as decisões são tomadas cada vez mais cedo e acabam contribuindo diretamente a seus filhos.

Um dos direitos adquiridos pelas pessoas surdas é o direito à inclusão e não mais a força de uma lei que obrigue a família a optar pelo que não deseja. Nada melhor que o prazer de ser incluído em todos os espaços sociais.

Metodologia de atendimento educacional ao surdo

Como já visto, a família deve participar do processo educacional do seu filho surdo, desde a fase inicial e, para um bom desenvolvimento e atendimento, a escola deve deixar a par seus professores e todo corpo institucional para que possam ter um atendimento especializado. E este atendimento especializado não pode ser visto como um sistema paralelo à educação geral, mas que dela faça parte um conjunto de recursos pedagógicos e de serviço de apoio, que faci-litem a aprendizagem de todos esses alunos.

O atendimento educacional deverá seguir alguns programas para incentivar e capacitar o aluno surdo para a obtenção de melhores resultados.

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Que estratégias devem ser utilizadas para estimular um surdo precocemente nas atividades sociais?Você está preparado(a) para receber um aluno, cliente, paciente e até mesmo um(a) filho(a) surdo(a)?

• Envolvimento precoce83

O envolvimento precoce deve acontecer inicialmente em casa com os pais e, posteriormente, na escola, onde irá realizar atividades com objetivos de alcançar a ludicidade, afetividade, naturalidade e o cotidiano o mais cedo possível.

Atuar com benevolência e naturalidade por meio de brincadeiras que possam levar à interação, que é fundamental para o êxito do trabalho construin-do vínculo e tomando estratégias que motivem a realizar tarefas.

• Estimulação específica

A estimulação específica visa ao desenvolvimento da língua com atividades que levam à ampliação dos campos da surdez afetando e constituindo uma prática para evitar que acarrete outros problemas. Em conjectura, pode originar:

- Estimulação para aquisição da Língua Brasileira de Sinais.- Estimulação e treinamento auditivos e vocacionais.- Estimulação da leitura orofacial.

8 Quando dizemos “Precoce” não significa que seja o envolvimento ainda quando criança, porém, o mais cedo possível, ou seja, com semanas de vida.

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• Disposição psicomotora

Disposição psicomotora é um acondicionamento que proporciona a capacidade motriz, expressiva e criativa de um surdo a partir do movimento corporal, obtendo percepções motoras e capacidades de atuar e agir consigo mesmo toda informação que explora o ambiente físico e humano e passa assim a conhecer e explorar o caminho que visa ao equilíbrio e ao controle motor.

• Envoltura linguística

Consiste em aplicar métodos e técnicas para a aquisição e o uso da Lín-gua de Sinais como elemento principal para a comunicação, fazendo com que o surdo participe do social com uma linguagem formal e oficial pressupondo atitudes de reciprocidade e evolução no processo de inclusão dando-lhes condi-ções de uma vida diária com argumentos, decisões e respeito.

Não podendo “consertar” a surdez, desligam-se, acomodam-se e transferem-se suas responsabilidades para terceiros, principalmente para os profissionais, pois se consideram incapazes para o grande de-safio de educar um filho diferente, de uma maneira diferente, numa língua também diferente. É comum constatarmos pais que fingem ver a surdez do filho, até porque a surdez não é visível fisicamente. Deste modo, não cumprem o seu papel, não definem sua função, e depositam suas expectativas de sucesso na escola e/ou na clínica, delegando poderes a outras pessoas. (STELLING, 1996, p. 67).

Na aquisição da leitura e da escrita, as crianças surdas passam por di-ferentes níveis de aprendizado, escrevendo e arquitetando hipóteses de signifi-cação que parecem ser reais. Entretanto, os surdos estabelecem primeiramente noções visuais, que dão sentido à escrita.

A Língua de Sinais diferencia-se das outras línguas por utilizar a moda-lidade visual-espacial, que propicia a descoberta da textualidade em produções com os sinais e não com a escrita.

Reconhecemos que a participação da família ouvinte/surda na educa-ção dos sujeitos surdos é fundamental para o crescimento cognitivo e psicosso-cial da criança surda.

Em uma família que recebe uma pessoa surda, a comunicação não pode ser desigual. Deve haver discussões e diálogos para que os envolvidos possam crescer e compreender o mundo.

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Desta forma, a comunicação entre a família ouvinte e o surdo deve ser processada levando-se em consideração a Libras e, além de mergulhar nessa lin-guagem, também devem fazer das suas casas um ponto de encontro e apren-dizagem desta língua.

Atualmente, existem diversas possibilidades de crescimento e infor-mações às famílias de como tratarem a situação da surdez com mais naturalida-de e um dos ganhos é a regulamentação da Lei 10436. Com essa lei, os futuros profissionais que estão entrando nas universidades terão maiores capacidades no atendimento e educação dos surdos.

A partir do próximo conteúdo estaremos interagindo com as particula-ridades nas funções didáticas e linguísticas dos surdos. Não pare por aqui, ainda temos muito a alcançar.

No Ambiente Virtual de Aprendizagem você encontrará uma entrevista feita com pais de surdos explicando a importância da Libras para sua vida intelec-tual, profissional e social.

SOUZA, Regina Maria; SILVESTRE, Núria. Educação de surdos: pontos e contra pontos. São Paulo: Summus, 2007.

O livro “Educação de surdos”, traz diversas questões que tratam sobre a edu-cação de surdos. Para quem tem o interesse em seguir este caminho, este livro poderá auxiliar nesta tomada.

PLANK, D. Desenvolvendo competências para atendimento às ne-cessidades educacionais de alunos surdos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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Os livros da editora “Vozes” têm um direcionamento importante aos surdos, que facilita o atendimento e entrosamento à educação de surdos em nosso país.

3.3 Interações através da Língua de sinais

As Línguas de Sinais têm sido pesquisadas e abrigadas na maioria dos países. O seu uso está difundido pela nossa nação, seja na educação, serviços de atendimento ao público ou interações sociais. Assim,

Todos têm a oportunidade para o desenvolvimento linguístico na-tural, educação de boa qualidade e educação contínua durante a vida toda. Os países que antes ignoravam a língua de sinais estão avançando rapidamente na sua pesquisa e documentação e na cria-ção de legislação que garante o uso desta língua nativa. (MOURA, 2008, p. 115).

Interagir ou comunicar é importante e indispensável para qualquer ser humano. Tanto os homens quanto os animais usam a comunicação para intera-tuarem entre si.

O surdo adquire sua linguagem ao ligar as experiências que se vive com a verbalização e/ou sinais que ele observa em outra pessoa (pai, mãe, colega, professores etc.), bem como, ao relacionar o que está sendo falado pelo outro com suas próprias experiências e também ao comunicar seus pensamentos de forma oral, escrita ou com sinais.

A difusão de informações e a troca de experiências torna possível a co-municação entre duas ou mais pessoas.

Quando alguém como você tem alguma experiência de vida, mesmo as crianças, há sempre excelentes ocasiões para conversar das ocorrências que estão acontecendo, do que estão vendo, ouvindo e de outros momentos que nos leva ao prazer de conversar, bater papo, fofocar, brincar e contar piadas, mas, não é pela falta de uma língua oralizada, do som da voz que devemos excluir, omitir ou deixar de repassar ou receber estes tipos de informações. Com a Lín-gua de Sinais, podemos realizar essas comunicações com os mesmos detalhes de uma língua oralizada.

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A interação junto à Língua de Sinais se faz indispensável à criança ou a qualquer outra pessoa surda e devemos de alguma forma motivar sempre a aprendizagem e a interação com essa língua.

Lembre-se: na hora que estiver interagindo com um surdo, não mencione "surdo-mudo".

Em diversas circunstâncias, pessoas que convivem com surdos têm algumas atitudes impróprias em relação a como interagir com eles. Isso acon-tece naturalmente sem ao menos percebermos, mas, devemos tratar estes des-confortos para desenvolvermos uma satisfatória interação. E para que isso não aconteça, deve-se tomar os seguintes cuidados:

acredite e nunca desconfie das condições de plena compreensão da mensagem;

deposite sua própria confiança que irá conseguir interagir com o surdo;

aja com naturalidade em todos os aspectos de interação e informa-ção;

ao interagir com surdos, não vire o rosto, eles também se comuni-cam olhando para os olhos ou utilizam a leitura labial;

não deixe passar despercebidas frases que você não entendeu, mui-ta gente acaba fazendo a expressão de sim com a cabeça como se estivesse entendendo e, na verdade, não compreendeu nada. Se houver dúvidas ou não entendeu, peça para repetir até entender o contexto;

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não superproteja os surdos. Eles são pessoas capazes e sabem “se virar” para interagir;

não se utilize de frases “Pergunta pra ele se...”, dirigindo-se ao In-térprete. Sempre que estiver interagindo com o surdo fale direta-mente para ele, mesmo que ele tenha Intérprete;

quando estiver conversando com um surdo oralizado, pronuncie bem as palavras sem exageros.

SEUGNDO AS PESQIUASS, NÃO IPMOTRA A ODREM DAS LERTAS DE UMA PALARVA DSEDE QUE A PIRMIERA E A ÚTLIMA LERTA ESTAJEM NO LGUAR COERRTO.ITSO SE DVEE AO FTAO DE QUE A MNETE HUAMNA NÃO LÊ CDAA LERTA SEPRADAMEANTE E SIM A PAVALRA CMOO UM TDOO.

Neste exemplo, podemos verificar que é possível ler sem problemas o texto, pois estamos associando a imagem da palavra (imagem mnemônica) e não a associação da fonética. Esta é uma pequena demonstração de que a interação não depende somente de processos cheios de regras. Você poderá interagir na hora e no momento que desejar com qualquer surdo. Seu nervosismo em achar que não conseguirá deve ser deixado de lado e enfrente a comunicação de "frente".

Moura (2008) apresenta uma visão cujo desejo é que seja alcançada até 2020:

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direitos humanos completos [...];

acesso pleno à comunicação, língua e informação;

educação de qualidade, com educadores surdos fluentes na língua de sinais, acesso ao ensino superior e programas de educação para adultos ao longo da vida;

respeito total e amplo uso da língua de sinais por pessoas não-sur-das;

diversidade nos atendimentos públicos [...];

interação livre graças à disponibilidade de intérpretes e tecnologias da informática;

“Nada sobre nós sem nós” será a norma;

reconhecimento da Língua de Sinais e dos direitos linguísticos em pleno vigor;

os surdos em países em desenvolvimento, as mulheres e os jovens, bem como outros grupos vulneráveis terão avançado significativa-mente, atingido a igualdade e a qualidade de vida.

Até que a visão de Moura seja alcançada, temos que interagir com qual-quer pessoa independente da forma de comunicação. Comunicar e interagir fazem parte da natureza humana e são sucessíveis ao passar dos anos.

Para uma criança obter interação, (Lenneberg apud Honora, s/d, p. 37-38) descreve um gradual desenvolvimento onde elas alcançam funções sociais importantes, tendo uma sequência fixa e em idades cronológicas relativamente constantes.

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Veja a evolução da interação de uma criança quanto às funções básicas da linguagem.

Idade aproximada Funções sociais e linguísticas básicas

NascimentoConforto pelo som da voz humana; as expressões comuns re-presentam choro por desconforto e fome.

6 semanasResposta à voz humana, emissão de sons de prazer e choro para conseguir ajuda.

2 meses Começa a distinguir diferentes sons de fala.

3 mesesDireciona o olhar para o local de onde desponta o som, emite respostas vocais à fala de outros e começa a balbuciar ou con-trolar sons silábicos com ritmo.

4 meses Começa a variar o tom das vocalizações e imita sons.6 meses Começa a imitar sons feitos por outras pessoas.

9 mesesComeça a transmitir significado pela entonação, usando pa-drões que se assemelham às entonações dos adultos.

12 mesesComeça a desenvolver um vocabulário. Um bebê com 12 meses de idade possui vocabulário de 5 a 10 palavras que irá dobrar nos próximos 6 meses.

36 mesesO vocabulário pode chegar entre 900 e 1000 palavras; faz sen-tenças simples.

4 anosPossui um vocabulário de mais de 1500 palavras, faz muitas perguntas e suas sentenças ficam complexas.

6 anos Compreende de 20 mil a 24 mil palavras.

As situações vistas no quadro se referem a uma criança ouvinte num ambiente familiar. Mas, com a falta de audição, é conveniente impor precoce-mente situações lúdicas que produzam ruídos e vibrações com cores e movi-mentos. Deve-se lembrar sempre que a utilização de métodos visuais como fo-tos, figuras de jornais, palavras com sinais e o incentivo são essenciais ao surdo para assegurar sua atenção.

Envolver a interação da pessoa surda no mundo da comunicação e da tecnologia não é impossível, há diversos instrumentos de entretenimento no mundo visual, perceptíveis e vibratórios que deverão ser usados diariamente:

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São diversas as formas de comunicação e interação com o surdo. Com a inclu-são estampada por todos os lugares, pergunto: será que estamos preparados para interagir e receber os surdos seja qual for o local?

Tecnologias para a comunicação com os surdos

Telefone CelularMuita gente pensa: o que um surdo vai fazer com um celular? Hoje,

os celulares são de baterias com vibra call, ou seja, o celular vibra e com isso o portador sabe o momento que o telefone está em chamada. Os surdos utilizam o celular para: enviar e receber mensagens, despertador, agenda, entre outros.

InternetA Internet tem sido um dos meios mais utilizados não só pelos ouvintes.

Os surdos têm se especializado cada vez mais para buscar seu aprimoramento e assim utilizam todas as ferramentas existentes na internet para a comunicação como: e-mail, msn, chats, sites de relacionamento, pesquisa, estudos etc.

TDD (telecomunications device for the deaf)Telefone para surdos, denominado também como TTS (Terminal Te-

lefônico para Surdos), é um equipamento de comunicação telefônica através do qual os surdos se comunicam com outras pessoas escrevendo suas mensagens em um teclado e visualizando em um display as mensagens que lhes são envia-das. O produto usa tecnologia brasileira com o objetivo de quebrar as barreiras de comunicação. Quando um surdo quer falar com algum ouvinte que não pos-sui o TDD, ele liga para a central da operadora (142) e a atendente faz a interme-diação entre o surdo e o ouvinte e vice- versa. É um método simples e funcional.

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Closed Caption ou Legenda OcultaÉ uma função existente nos televisores que permite ao surdo acompa-

nhar os programas transmitidos. As legendas ficam ocultas até que o usuário do aparelho acione a função na televisão através de um menu ou de uma tecla específica.

A legenda oculta descreve, além das falas dos atores ou apresentadores, qualquer outro som presente na cena: palmas, passos, trovões, música, risos etc. destacado por uma cifra musical.

Janela de IntérpreteA janela não acontece em todos os programas e nem em todas as emis-

soras. A janela de intérprete é uma janela que fica ao canto inferior do televisor em que um profissional faz toda a interpretação do programa ou parte dele.

EscritaA escrita é considerada um eficiente recurso, utilizada na interação en-

tre um surdo e um ouvinte tendo aproveitamento manuscrito e visual. Pode-mos dizer que a escrita envolve também o desenho. Muitos surdos que não são alfabetizados e não são sinalizadores utilizam-se de desenhos e formas para se comunicar e entender a pessoa com quem gostaria de manter o acesso e a infor-mação. Hoje, facilitou muito, mesmo a pessoa não tendo papel e caneta, o uso de touch screen virou "moda".

Dispositivo luminosoÉ um dispositivo utilizado em residências de pessoas surdas. São usa-

dos nos telefones e campainha. Sua instalação depende de um profissional qua-lificado e experiente, pois, os fios da campainha e do telefone são ligados direta-mente às lâmpadas de todos os cômodos da casa, inclusive no banheiro. Quando o dispositivo da campainha é acionado, ele faz com que as luzes pisquem; já as luzes do telefone ficam piscando até que ele seja atendido. Outro método se dá pelo uso das cores das luzes. Geralmente, a campainha pisca uma luz branca e o telefone pisca uma luz amarela por um determinado tempo.

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Curiosidades sobre o surdo

Sinal PróprioQuando conhecemos alguém, logo fala-

mos seu nome ou, se não conhecemos, pergunta-mos como se chama. O sinal próprio serve para que todas as vezes que quisermos nos referir àquela pessoa, tenhamos um signo, um batismo que nos representa, assim, denominado “Sinal pessoal”.

Após obter o sinal próprio, dá-se início à participação na comunidade surda. O sinal do “nome” se trata de uma marca, um traço ou per-sonalidade da pessoa. Uma vez recebido o sinal, não mais se pode trocar.

Dia do SurdoEm 1857, exatamente no dia 26 de setembro9,4foi inaugurada a pri-

meira escola de surdos no Brasil, hoje intitulada INES. Assim então, ficou deter-minado no calendário brasileiro o dia 26 de setembro como o “Dia Nacional dos Surdos”. Esta data é sempre lembrada pelas lutas em busca de melhorias princi-palmente em relação à dignidade e cidadania. Já o “Dia do Surdo” determinado pela federação mundial de surdos, celebra no dia 30 de setembro.

A inclusão é um tema que está em alta desde o início do século XXI, po-rém, há muito a se fazer em relação ao atendimento, capacitação e socialização, à cultura. Assim, o próximo conteúdo estará abordando justamente esta ideia.

No AVA, a partir dos vídeos, você pode conferir todo este conteúdo a partir de ilustrações e demonstrações práticas. Este recurso é de grande importância para seu desenvolvimento e conhecimento.

9 Neste dia, procure a associação de surdos ou escolas inclusivas mais perto de sua casa e partici-pe dos movimentos que acontecerão. Este é um ótimo momento de contato e fluência com surdos e a língua.

Sinal de “sinal”

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Você já viu na casa de alguém com funciona o dispositivo luminoso?No site disponível você verá um vídeo demonstrando exatamente o funcio-namento deste recurso dos surdos. É importante conhecer, pois, poderemos indicar a uma família surda que ainda não tenha.

Curiosidades sobre a comunidade surda. Disponível em: <http://curiosida-dessobreacomunidadesurda.blogspot.com/>. Acesso em: 15 jan. 2012.

3.4 Surdez, sociedade em seu processo de inclusão

Os processos psicossociais, enfatizando a inclusão de surdos, é um as-sunto muito complexo. Sua situação depende da realidade de cada centro, es-tado ou região. Para analisar cada fato é preciso conhecer o surdo e sua vida cotidiana dentro das práticas de uma questão sociocultural.

A inclusão social tem oferecido aos surdos oportunidades de participa-rem de todos os sistemas governamentais, e estas oportunidades possibilitam a descoberta de situações fascinantes e geram também a desconfiança e incerte-zas de normas constantes.

Há uma distinção de fatores e conhecimentos quando se fala de in-clusão de surdos, além de sua diversidade (língua, cultura, tradições etc.). Na inclusão, alguns fatores primordiais favorecem o surdo e um deles é a valori-zação de sua cultura e comunicação espaço/visual que os elevam no sentido de compreender o universo em seu entorno, construindo uma experiência visual.

A Língua de Sinais não deve ser encarada como instrumento de inclu-são, mas sim de valorização da cultura surda, aceitando-a como língua oficial.

Favorecer o aprendizado do indivíduo surdo utilizando a Língua de Si-nais é ter certeza de que ele adquirirá o conhecimento. Com isso, pode-se citar o livro “O voo da gaivota”, da autora surda Emmanuelle Laborit (1996, p. 61):

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Utilizo a língua dos ouvintes, minha segunda língua, para expressar minha certeza absoluta de que a Língua de Sinais é nossa primeira Língua, aquela que nos permite ser seres humanos comunicadores. Para dizer, também, que nada deve ser recusado aos Surdos, que to-das as linguagens podem ser utilizadas, a fim de se ter acesso à vida.

Você tem proporcionado a inclusão?O que a inclusão pode oferecer às pessoas com surdez?

A sociedade não é composta somente de pessoas que ouvem e, assim, a inclusão é um tremendo benefício para inverter papéis e trocar experiências aprendendo e cultivando novas línguas. Essa troca pode levar a uma maior inte-gração e inclusão social. O surdo, a se ver valorizado e respeitado em sua carac-terística, pode ampliar o interesse pelo aprendizado da Língua Oral Portuguesa, a qual, hoje, não é uma obrigação legal para pessoas surdas.

“As frases nas mãos” não apenas substituem a forma gráfica da Língua Portu-guesa, elas também repassam sentimentos.

Há tempos, os surdos eram obrigados a se oralizar para serem incluí-dos na sociedade. Talvez fosse mesmo o melhor meio para enriquecer as rela-ções entre os pais e a família.

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Inclusão dos surdos na escola

Atualmente, no Brasil, a inclusão dos surdos nas escolas, virou um grande desafio. Temos observado, em diversas escolas regulares, surdos que chegam sem saber ao menos sua língua materna, enquadrando-se aos verda-deiros excluídos, pois, não entendem a oralização dos professores e tão pouco entendem sua própria língua. Daí surgem muitas aflições e questionamentos. Em cursos de capacitação em Libras oferecidos pelos governos, fala-se em inter-pretação e expressão dentro da sala de aula independente dos surdos saberem ou não a Língua de Sinais. Tudo bem, realidade de grandes centros referenciais em Libras estão adaptados e acostumados em receberem alunos de níveis eleva-dos de entendimento interpretativo. Mas, o que fazer com os alunos de interior, independente do estado e que, não têm apoio desde a infância?

Inclusão escolar dos surdos requer uma boa elaboração tanto para o aluno quanto para a escola. Assim, ambos se sentirão aptos a participarem deste processo.

As Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001 apud GLAT, 2007, p. 31):

[...] necessidades educacionais especiais. [...], trata-se de um concei-to amplo: em vez de focalizar a deficiência da pessoa, enfatiza o ensi-no e a escola, bem como as formas e as condições de aprendizagem; em vez de procurar, no aluno, a origem de um problema, definiu-se pelo tipo de resposta educativa e de recursos e apoios que a escola deve proporcionar-lhe para que obtenha sucesso escolar; por fim, em vez de pressupor que o aluno deva ajustar-se a padrões de ‘nor-malidade’ para aprender, aponta para a escola o desafio de ajustar-se para atender à diversidade de seus alunos.

Muitos acham que incluir é apenas colocar o aluno surdo em sala de aula. O trabalho é longo, constante e necessita da participação de todos do am-biente para garantir a inclusão.

Ouve-se muito: “Nem eu e nem a escola estamos preparados para rece-ber os surdos aqui.” “Não tenho obrigação de trabalhar com os surdos porque o governo não dispõe de meios para atendimento”. Estes comentários não são iso-lados, acontecem e acontecerão em vários lugares e com diversos profissionais e, quem fala, esquece que a escola tem o Intérprete e que a ela disponibilizou sim de “um meio” para intermediar os professores.

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É preciso apaziguar esta amargura, este desconforto e esta inseguran-ça, pois, a inclusão depende dos professores e, querendo ou não, vem também testar o potencial dos profissionais. É preciso que os professores se incluam no ensino aprendizado da Libras e incluam os surdos em suas salas de aula como um outro aluno qualquer.

O primeiro passo está dado, e agora?Qual a capacidade de aprendizado dos surdos?Como primeiro passo, há as leis que asseguram a inclusão e estas crian-

ças têm entrado na escola achando que sabem Libras porque já conhecem o alfabeto e pensam que sabem oralização porque sabem se comunicar em casa. A realidade é essa e às vezes confundimos se está havendo a inclusão ou se estão querendo fazer a inclusão.

Ensinar a alfabetização da Libras e Português ao mesmo tempo é uma prática confusa e desastrosa, assim como tentar ensinar para diversos surdos com níveis diferentes. O apoio que deveria ser inclusivo e eficiente, passa a ser uma tentativa de aquisição lenta.

Alunos surdos com idades mais avançadas têm um aprendizado infe-rior tanto na Libras quanto no português, mas, têm maior interesse em apren-der. Os mais novos aprendem, mostram interesse em adquirir conhecimento e preferem a sua língua natural como referencial. Já os que intercalam as idades estão na fase mais confusa, pois, já adquiriram anteriormente o ensino através da oralização sem conhecer o português ou a Língua de Sinais e acabam utili-zando o bimodalismo.

Laborrit (2006, p. 23) deixa claro o que é uma inclusão de surdo. A frase dele foi muito feliz:

Quando eu aceito a língua de outra pessoa eu aceitei a pessoa [...] Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós mesmos [...] Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o Surdo, e é importante ter sempre em mente que o Surdo tem o direito de ser Surdo.

Diversas são as dificuldades e problemas encontrados por todos no processo de inclusão, mas, tentar facilitar a inclusão dos surdos no social é de-ver de todos nós.

Grande parcela da população de pessoas surdas vivem ainda no con-texto limitado. As barreiras sociais lhes impõem restrições ao exercício da cida-

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dania plena, de uma vida digna e participativa. A realidade social necessita dos esforços da família, dos governos e da sociedade em geral no sentido de promo-ver a melhoria de vida de toda a coletividade de forma igualitária e democrática.

A garantia do conhecimento da Libras na formação de profissionais aprova a construção de uma sociedade para todos, ajustada ao princípio da in-clusão, sugerindo preparação e aprendizagem, atentas às diversidades linguís-ticas que encontraremos.

As discussões existentes sobre pessoas com necessidades educacionais especiais pautam-se no desenvolvimento de ações educativas assentadas nos pressupostos de uma educação inclusiva, sugerindo a formação de um profissio-nal cujo perfil de atuação seja compatível com a necessidade apontada.

A ideia da inclusão é que todos (surdos e ouvintes) participem e apren-dam por igual independente de suas dificuldades, diferenças ou instituição. Po-rém, ainda há uma grande barreira diante dos professores e salas de aula que nunca tiveram um aluno surdo incluído, tudo isso ocorre pela presença do in-térprete e pela vasta diferença metodológica que o profissional deverá assumir. É um desafio que todos nós devemos abraçar, apoiar e agir.

As dificuldades se darão em função do despreparo dos educadores atu-antes no ensino fundamental. Por isso, hoje, você está se capacitando para que no futuro não tenhamos mais surdos com dificuldade de comunicação. Você irá incluí-los e estará se incluindo ao mundo do silêncio.

Inclusão e o Papel do Profissional

Este termo “inclusão”, tanto lido aqui como visto no dia a dia, irá per-mutar por vários autores e até mesmo por várias outras vezes neste livro. Mas esta palavra e sua ação estarão ligadas diretamente a você, compartilhando com diversos segmentos da sociedade nos inúmeros serviços na área da saúde e educação.

Apesar de toda discriminação, o surdo está incluído em uma sociedade cheio de pesares, mas, está em meio a uma nação alegre, que dará auxílio para sobrevivência e desenvolvimento dos surdos. Muitas das vezes os próprios sur-dos são preconceituosos, e o papel do profissional é também fazer com que o surdo se inclua, ou seja, passe a aceitar seus familiares, seus professores, seus amigos, alguém que lhe oriente como lidar com um ser tão “excludente”.

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Os surdos não são deficientes a ponto de não produzirem ou não terem condições de assumir compromissos, por isso, a proposta da inclusão é acredi-tar no potencial deste grupo de pessoas.

Uma pessoa quando abarcada no programa de inclusão não deve ser classificado como “coitado”, deve ser tratado com a visão de garantir acesso e a participação ativa, cobrando normalmente suas tarefas e deveres em cima das possibilidades de empenho e produtividade.

Os colaboradores surdos deverão ser percebidos como sujeitos que têm diferença e não deficiência10.5O fato de não ouvir não significa que não pode ou não consegue. É preciso considerar sua cultura, suas possibilidades e suas capacidades.

Para este processo seguir conforme esperamos, você deverá refletir acerca da importância do papel do profissional como agente intercessor na in-clusão do surdo no mercado de trabalho, aprendendo e proporcionando diver-sidade, experiência e motivação.

De acordo com as concepções do “Projeto Incluir”, busco sugerir possi-bilidades de acesso e permanência dos surdos em ambientes distintos, sem que sejam exclusas adotando como fator importante o papel do profissional.

Para conhecer melhor sobre o projeto incluir, acesse o site Acessibilidade Brasil. Disponível em:<http://www.acessobrasil.org.br/>. Acesso em 16 de abr. 2012.

Conheça como inserir os surdos na sociedade com a colaboração de um profissional:

planejando os passos do surdo através de reforços negativos ou po-sitivos, desenvolvendo do mais simples para o mais difícil com mé-todos repetitivos criando experiência e baseando-se em resultados apresentados;

10 Eficientes SIM! Deficientes NÃO.

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facilitando o aprendizado fundamentado na imaturidade;

possibilitando diálogos nas duas línguas (português e Libras), en-volvendo a compreensão e aceitação, assim, inovando diálogos e tolerando erros;

compartilhando conhecimentos específicos para desenvolver pro-cessos distintos e interdependentes. O processo de inclusão consis-te em crescer envolvendo quem inclui e quem é incluído.

Diante destas concepções, permita o avanço na perspectiva do acolhi-mento e da diferença, propiciando o alargamento nas trocas de conhecimentos e na formação humana.

Para entender bem algumas fases no atendimento pedagógico, o pró-ximo conteúdo traz exatamente estas intermediações entre educador, comuni-cador e surdo.

Além destas indicações de vídeo na internet, você pode conferir no AVA re-portagens e entrevistas sobre inclusão e o papel do Intérprete que desenvol-vemos especialmente para você.

O programa “Ação”, apresentado por Serginho Groisman, vem apresentar uma matéria mostrando a verdadeira e eficiente inclusão de alunos surdos em salas de aulas com alunos ouvintes. Vale a pena conferir.

AÇÃO. Inclusão de alunos em salas de aula de alunos que ouvem. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=4BZQhWGkvNQ&NR=1>. Acesso em: 17 abr. 2012.

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Já na reportagem de uma emissora de TV, apesar da nomenclatura “mudo” apresentada incorretamente, vem complementar o programa “Ação” com suas coordenadas e práticas dentro de sala de aula em escola regular pública no Brasil.

REPORTAGEM. Inclusão de Mudos e Surdos na Escola Pedro Loba-to. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=v2THomC5QC0&feature=related>. Acesso em: 17 abr. 2012.

A surdez em seus aspectos comunicativos e interação prepara artifícios para a comunicação corporal. Esta comunicação é uma das mais importantes dentro da Libras, pois, facilita a compreensão e assessora os sinais em um contexto, assim como os classificadores, que são marcadores de concordân-cia, nos traz o real. A estrutura e apoio dos familiares são essenciais à vida de qualquer pessoa, principalmente no lar que acaba de receber um surdo. A barreira existente na comunicação pode atrasar todo o processo de esco-larização e desenvolvimento linguístico neste novo membro e, nesse sentido, novas perspectivas vêm sendo criadas para combater o paradigma da exclusão até atingir a aceitação e interações perfeitas. A inclusão é um fato muito comentado nos dias de hoje e vem favorecer os surdos dentro da sociedade, pois possibilita facilidades para entrar no mundo do aprendizado de forma total e incondicional.

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Verifique no AVA as respostas do exercício.

Sabemos o quanto é importante a expressão corporal e facial. Como pode-ríamos aprofundar neste recurso?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O que a família deveria fazer para incluir melhor seu filho surdo na socie-dade?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Qual a importância de interagir/comunicar com o surdo através da Língua de Sinais?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O que pode ser feito para que a inclusão dos surdos nas escolas e na socie-dade seja mais acolhedora?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Assinale a segunda coluna de acordo com a primeira.

I – Tem como função expressar toda pala-vra relacionada a sentimento.

II – Teatro gestual.

III – Ação dos movimentos através das mãos, traz o real para a quirologia.

( ) Classificadores

( ) Linguagem Corporal

( ) Pantomima

II; III; II; II; III;III; I; IIII; I; IIII; III; II

Diante das expressões, assinale V para as expressões que compreendem verdadeiro e F para as falsas.I. Mãos fechadas e ranger os dentes pode ser a expressão de cansaço ou orgulho.II. Roer as unhas e esfregar as mãos pode ser a expressão de ansiedade.III. Olhos nos olhos, testa franzida e cara fechada podem ser a expressão para ódio ou enfrentamento.IV. Coçar o queixo e o pescoço, olhar para os lados pode ser a expressão de disfarce ou pensamento.

São verdadeiras as questões II, III e IV.São verdadeiras as questões I, II e III.São verdadeiras as questões III e IV.São verdadeiras as questões II e III.Todas a questões são verdadeiras.

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Verifique no AVA as respostas do exercício.

Todo surdo deverá ter um trabalho precoce para que seu desenvolvimento seja igual aos ouvintes, mas, este processo depende muito da família para que o surdo não tenha prejuízos intelectuais, psicomotores e sociais. Qual a idade propícia a iniciar o ensino a este surdo?

De 0 a 2 anosDe 3 a 6 anosDe 6 a 10 anosDe 10 a 15 anosQuanto mais velho melhor

O que não é papel dos pais quanto às perspectivas de um filho surdo?

Incluir a criança surda em escolas regulares.Aceitar a surdez e aprender a Libras junto com seu filho surdo.Dar conforto e liberdade para que a criança aprenda a Libras assim que

despertar esta comunicação.Propor um atendimento educacional de qualidade.Insistir que a criança surda aprenda desde bebê a Língua de Sinais.

O que significa o “sinal próprio” para a comunidade surda?

É a interação através do alfabeto manual dentro da comunidade surda.Dispositivo que auxilia na comunicação com as pessoas cegas.Sinal de uma pessoa como se fosse um batismo na comunidade surda.Recurso da escrita utilizado somente dentro da comunidade surda.É a datilologia do próprio nome.

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Verifique no AVA as respostas do exercício.

Diante das alternativas, o que não é um recurso tecnológico utilizável pelos surdos?

TTS (Terminal Telefônico para Surdos).Telefone celular.Impressora em Braille.Legenda oculta ou close caption.Janela de Intérprete.

Assinale I para as afirmações que proporcionam INCLUSÃO e E para as alternativas que propõem EXCLUSÃO dos alunos surdos na escola.

I. Oportunizar aos surdos os mesmos recursos utilizados aos ouvintes.II. Propor a mesma avaliação em sala de aula quando há surdos e ou-vintes.III. Assinalar ausência ao surdo quando o mesmo não estava em sala de aula.IV. Separar os surdos dos ouvintes em uma apresentação de trabalho.V. Explicar os conteúdos sem apoio do intérprete.

As alternativas I; II e III propõem inclusão e as alternativas IV e V propõem exclusão.

As alternativas I; IV e V propõem inclusão e as alternativas II e III propõem exclusão.

As alternativas II; III e V propõem inclusão e as alternativas I e IV propõem exclusão.

As alternativas III; IV e V propõem inclusão e as alternativas I e II propõem exclusão.

Todas as alternativas propõem inclusão.

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Qual a língua que o surdo deverá aprender primeiro?

PortuguêsLibrasBrailleClassificadorDatilologia

Estão no AVA as respostas do exercício.

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Tema

Neste tema, você verá de forma prática como se comunicar e trabalhar com um surdo. Portanto, prepare sua criatividade e faça parte destes saberes e fazeres.

Objetivos da Aprendizagem

conhecer noções legislativas, utilizando-as de forma coesa;

compreender os conhecimentos básicos e domínios necessários para a comunicação simples e direta às pessoas com surdez, faci-litando a inclusão social e possibilidades em relação interpessoal através do uso da Libras;

utilizar Libras com coesão e coerência para que haja entendimento.

LÍNGUA DE SINAIS: SABERES E FAZERES

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4.1 Aspectos pedagógicos em suas possibilidades no contexto de ensino-aprendizagem

O surdo se utiliza principalmente da visão em sua interação com o meio comunicativo e de aprendizagem. Para o surdo, a Língua de Sinais é primordial (L1) onde sua modalidade é totalmente visual-espacial e L2, que é a Língua oral-auditiva.

L1 e L2 são identificadores muito utilizados por escritores para identificar qual é a primeira ou a segunda língua de um indivíduo.

Para o aprendiz surdo, o processo é o mesmo da alfabetização em por-tuguês, o que se alteram são as ênfases dadas aos modelos e figuras, tudo é visual11.

Com a falta da audição, os surdos desenvolvem outros meios, incons-cientemente, para suprir esta necessidade, como é o caso da percepção vibra-tória e visão, porém, ainda apresentam algumas dificuldades na aprendizagem. Uma rica imagem permanece mais tempo viva na memória do que uma exten-sa explicação. Imagens ilustradas ou reais são de grande importância para o aprendizado e no desenvolvimento de práticas, tendo a função de instrumen-tar o crescimento dos alunos surdos. O visual, tanto na representação abstrata quanto na figurativa tem o potencial de ser aplicado como recurso na transmis-são de conhecimento e no desenvolvimento do raciocínio.

Para o aprendizado de uma criança surda, além da parte visual, é de grande importância que eles participem de associações, grupos ou espaços onde se permitem a socialização entre pessoas de diferentes níveis educacionais e idades. Assim, poderá ter um ambiente diversificado que de tal modo irá desen-volver suas diversas práticas de aprendizado, frisando que a Libras é a primeira

11 A comunicação visual é o que mantém a atenção do surdo.

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língua dos surdos e a L1 deverá fazer parte da vida do surdo antes mesmo da L2 (português).

O surdo possui determinadas características que podem comprometer ou inibir o aprendizado, fazendo que a visão e a percepção vibratória supram e organizem as informações recebidas na falta da audição. Um “prejuízo” dos sur-dos, devido a seu déficit auditivo, envolve a perda de informações existentes no meio ambiente em que vivemos, pois, há elementos sonoros que nos permitem sonhar, conhecer e proteger.

Conforme Russo e Santos (1989), a função auditiva está sempre em desenvolvimento. As habilidades auditivas vão se aprimorando conforme o de-senvolvimento da criança e conforme os estímulos que esta criança recebe.

Conheça algumas habilidades auditivas:

atenção auditiva: capacidade da criança de apresentar uma res-posta voluntária a um estímulo sonoro;

consciência auditiva: capacidade da criança de perceber a pre-sença e a ausência do som;

localização sonora: capacidade da criança para reconhecer de onde a fonte sonora partiu;

discriminação de sons: capacidade de detectar diferenças e se-melhanças dos sons;

seleção figura/fundo: habilidade de selecionar um estímulo so-noro significativo dentro de outros sons apresentados simultanea-mente;

detecção sonora: capacidade de perceber se existiu ou não o som;

sensação sonora: habilidade de saber como era o som;

reconhecimento auditivo: capacidade de saber qual foi o even-to que causou o som;

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compreensão auditiva: compreender por que razão o evento so-noro ocorreu;

memória auditiva: capacidade de perceber o que ficou retido e que pode ser evocado do som apresentado.

Não se inclua totalmente no mundo das figuras e das imagens. Se você insistir exclusivamente neste contexto, poderá causar defasagem no aprendi-zado de um surdo, seja criança ou adulto, pois as ilustrações trazem também distrações, ocasionando dificuldades em absorver a atenção de forma mais inin-terrupta.

O início de um trabalho de ensino-aprendizado da escrita e da leitura é de grande importância. A escrita, sendo uma das primeiras atividades, iniciará um meio de identificação e os fazem sentir atração por livros e, sequencialmen-te, pela leitura. Recorte, colagem, montagem de frases através de figuras corres-ponderão à memorização dos objetos relacionando às palavras com a realidade. Somente assim eles (os surdos) saberão o que estão lendo e o que estão sinali-zando.

Para você entender melhor como funciona o contexto de aprendizado dos surdos, dividirei em subtópicos explicando passo a passo.

A utilização de figuras com o manuseio do lápis chegando à escrita é uma ótima estratégia de aprendizagem, pois, busca o caminho necessário, que é o visual e somente com o recurso do visual possibilita a compreensão e ansie-dade de aprender mais.

Veja a seguir algumas dicas e aproveite essa ideia.

Desenvolvimento da coordenação Motora fina:Com um lápis, faça o caminho em que o cachorro deverá fazer até che-

gar a sua casinha.

Coordenação MotoraA Coordenação Motora deverá auxiliar a criança no desenvolvimento

de suas habilidades físicas propondo reconhecimento, acompanhamento e se-gurança sobre o que fará, assim, você poderá criar diversos desenhos tracejados e esta criança deverá seguir os traços com um lápis sem se esquivar.

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Coordenação Motora FinaPara desenvolver a “Coordenação Motora Fina”, desenvolva um dese-

nho como, por exemplo: Um cachorro de um lado e uma casinha do outro lado havendo apenas um caminho a seguir. Esta criança deverá rabiscar este cami-nho com um lápis, fazendo a passagem em que o cachorro deverá seguir até chegar a sua casinha.

MatemáticaPara desenvolver a matemática, você poderá criar quadrados com di-

versas estrelas dentro e solicitar que pinte os quadrados que contenham 6 estre-las. Este método auxilia rapidamente no reconhecimento de quantidade.

Noção de números através da contagem e quantidadeRelacionado à matemática, você poderá desenvolver um grande plano

com algum desenho como, por exemplo, flores e solicite à criança que circule de 5 em 5 estas flores. Desta forma, forçará a contagem matemática e, ainda, a coordenação motora ao circular estes desenhos.

Noção de espaçoFaça duas colunas desenhando figuras geométricas e solicite à criança

que pinte com a mesma cor as formas da coluna 1 que cabem dentro das formas da coluna 2. Assim, ela estará aprimorando sua noção de conhecimento de figuras e noção de espaço.

Discriminação visual e lateralidadeEsta situação também não é nada complicada de desenvolver. Desenhe

uma pata mãe ou qualquer outro bicho voltado a um lado e, logo atrás, desenhe patinhos (filhotes) em direções diversas e peça que a criança pinte os patinhos que estão na mesma direção da mãe.

Alfabetização através do Alfabeto em LibrasFaça um desenho qualquer e coloque apenas pontos com letras em Li-

bras para que possa fazer a ligação alfabética e descobrir o desenho. Este método, além de alfabetizar em Libras, auxilia na coordenação motora, coordenação motora fina e reconhecimento de figuras.

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152 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Atenção e concentração:Caça-palavras em Libras

A M I G O D H Y T LQ W M N B U I X Z ÇA B R I R S Ç K S DF R G C C X I J O PE I H Y A F A Q L IJ N O U S V P N M LO C G W A R A R F SH O U C Z M P Y Q Ç

Descoberta dos números, atenção e concentraçãoCircule as mãos que correspondem a números.

5 H 5 R P A 2 C X ZI 1 U Y T 8 F E 0 BN M 5 T 8 R 9 I X 67 A T 6 Y 1 Ç K 3 MU E N 1 B I H 5 Y N

Você, ao receber ou atender uma pessoa com surdez, seja homem ou mulher, deverá estar atento, pois assumirá a responsabilidade de desvelar meios que assegurem a construção do conhecimento, favorecendo a comunicação, o entendimento e o atendimento aos surdos. Será necessário que você procure adaptações e estratégias a fim de facilitar a participação, o desenvolvimento e a aprendizagem do seu cliente, seja ele aluno ou paciente.

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Glat (2007) propõe didáticas importantes a profissionais que traba-lham no processo de ensino para surdos:

utilizar sempre a Língua de Sinais, independente se o surdo sabe ou não LIBRAS;

utilizar sempre a escrita no quadro, slides, desenhos para os surdos escreverem a palavra chave;

empregar palavras que não estão incluídas no vocabulário diário e anexá-los em um mural;

proferir frases completas não exagerando nas articulações e nem na velocidade;

organizar espaços que permitem ao surdo desenvolver e estimular a criatividade, autonomia, ludicidade, memorização, raciocínio ló-gico e sociabilização.

Fazendo um breve apanhado do que foi apresentado, é sempre neces-sário que a Libras seja oferecida como meio de comunicação e expressão no desenvolvimento do processo de aprendizado. É preciso, por parte dos profis-sionais, da escola, dos pais, uma mudança de comportamento, pois sabemos que o preconceito e a falta de informação contribuem para o fracasso dos surdos no seu processo de socialização e aprendizagem.

Você acha que a sociedade um dia dará todo suporte necessário para que os surdos sejam incluídos nos aspectos educativos, sociais e culturais?

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A comunicação visual é fundamental, tanto para o aprendizado da Lín-gua Portuguesa oral quanto para a aquisição da língua de sinais.

Espero que você reflita e se auto-avalie sobre as questões apresentadas no seu propósito e na sua estimulação de despertar que será o ensejo de apren-dizagem e construção de autoestima de uma criança ou de um adulto surdo.

Surdez e as dificuldades no contexto de ensino aprendizado

A dificuldade escolar traz índices de evasão e reprovação não só para surdos, embora a natureza das disfunções na aprendizagem leve a uma relação direta entre dificuldade de aprendizagem e fracasso escolar. De fato, dificulda-des, transtornos, distúrbios e problemas, todos estão sujeitos. O aluno que não aprende, não realiza nenhuma das funções sociais da Educação, representa de forma visível as dificuldades no processo de ensino e aprendizado. Assim,

[...] é necessário enfatizar que as condições de aprendizagem no pro-cesso de escolarização do aluno surdo dependem, por via de regra, do modo pelo qual são encaradas suas dificuldades e as diferenças ocorridas no processo educacional [...]. (SILVA, 2001 apud GLAT, 2007, p.107).

Problemas como falta de atenção, dificuldade de memorização, compreensão e desinteresse podem se manifestar como os primeiros obstáculos da vida escolar do surdo.

De acordo com vários autores, existe um numeroso grupo de crianças bra-sileiras de diferentes camadas sociais que abandonam precocemente a escola por serem surdas, mas, não citam se é por falta da verdadeira inclusão, a qual o aluno se desmotiva a ir à escola, ou se por abandono sugerido ou apoiado pelos pais.

Para compensar esta falha na carência cultural foram organizados no Brasil projetos de educação compensatória com surdos e ouvintes na mesma sala de aula e este tipo de educação tem servido para avançar e somar com a inclusão.

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É preciso, inicialmente, reconhecer que a grande dificuldade enfren-tada pelos surdos e professores de alunos surdos é a cicatriz quase que alheia à comunicação e a dúvida é entre falar oralmente ou usar Língua de Sinais.

Aí está uma dica para você que se interessa ou interessou por Libras. Quem sabe não é o tema-chave para um estudo de conclusão de curso ou até mesmo de um artigo.

Independente do que vier a nós, devemos sempre permitir ao surdo o direito de acesso à sua língua natural, que é a Língua de Sinais.

Esta língua ostenta outro conjunto de estruturação gramatical alta-mente complexa que permite ao seu usuário um tipo diferente de pensamento, baseado nas possibilidades inteiramente visuais.

Você faz a diferença e o futuro do ensino e aprendizado do surdo de-penderá exclusivamente de você.

Atividades pedagógicas

Para alcançar a aquisição da linguagem, os educadores deverão seguir alguns objetivos considerados específicos e importantes na organização da Libras.

Quadros (2004) propõe sugestões de algumas atividades:

atividades de rotina em sinais; brincadeiras e jogos em sinais; realização de experiências em sinais; hora do conto em sinais; passeios; atividades diversas com surdos locais; mini cursos ou aulas ministradas por outras pessoas surdas.

Junto às aparências formais da Libras, devem ser exploradas funções da língua que auxiliem a forma prática e educativa nos seguintes aspec-tos:

configuração das mãos; alfabeto manual;

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uso de uma mão; uso de ambas as mãos com configurações iguais e diferentes; exploração dos pontos de articulação dentro do espaço de sinalização; intensidade, modo, tempo, forma e tamanho; incorporação de negação; emprego das relações de significado lexical; sentenças; figuras de linguagem.

As funções diversas e o uso da linguagem:

conversação com diferentes pessoas da comunidade com níveis di-ferenciados de formação;

exploração de jogos dramáticos; acesso a aulas em vídeo e jornais televisivos; exploração de relato de estórias; poesias; momentos de conversa sobre fatos históricos da comunidade surda

e da sociedade brasileira.

Explorando a arte da língua de sinais:

produzir histórias usando o alfabeto manual; produzir histórias usando os números; produzir histórias usando configurações de mãos específicas; produzir histórias sobre pessoas surdas; produzir histórias sobre pessoas ouvintes; produzir histórias com pessoas surdas no mundo dos ouvintes; relatar histórias, contos e fábulas explorando os jogos de posições

do corpo e direção dos olhos para estabelecimento de personagens.

Pensar em diferentes formas de ensinar e aprender, considerando di-ferentes formas de pensar, de expressar, de ver o outro, nos redimensiona e nos provoca no sentido de busca e de encontro. Os efeitos da modalidade provocam novos olhares sobre a pedagogia. As línguas de sinais, nos contextos em que

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são usadas pelas pessoas surdas, apresentam diferentes faces de uma possível pedagogia, a pedagogia visual. Podemos brincar, ler, sentir, perceber o mundo, aprender, ensinar através do visual que organiza todos os olhares de forma não auditiva (QUADROS, 2004, p. 63).

No próximo tema você terá um conhecimento sobre as profissões dire-cionadas aos surdos e aos usuários da Língua de Sinais.

No AVA, você encontrará vídeos e pod cast relacionados a este conteúdo. Não deixe de utilizar este meio. Será muito útil e importante em seu aprendizado.

MARCHESI, Alvaro. Comunicação, linguagem e pensamento das crianças surdas. In: Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

Através desta bibliografia, você poderá obter melhores conhecimentos sobre a comunicação e o desenvolvimento psicológico das crianças com surdez.

BOTELHO, Paula. Linguagem e letramento na educação dos surdos: ideologias e práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

Este livro descrito acima nos dá uma boa base no que diz respeito às práticas e metodologias de ensino e educação aos surdos.

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4.2 Possibilidades de trabalho

Todos nós sabemos que a dificuldade em conseguir emprego é realida-de no Brasil e até mesmo no mundo. Os países têm enfrentado, hoje, uma gran-de crise social e econômica em que, infelizmente, uma parte considerável da população se destaca pela falta de oportunidades. Normalmente, esta parte da população não tem acesso, sequer, aos meios de informação, para que estejam preparadas a disputar dentro do mercado de trabalho. Paralelamente, encon-tramos pessoas que não dispõem de meios para conseguir uma boa colocação em termos de emprego.

Em algumas atividades, que englobam percepção, concentração e avalia-ção visual, os surdos se destacam dos ouvintes. Tal fato se deve, principalmente, à falta de conhecimento da população, de uma forma geral, de que o surdo, tanto quanto qualquer outra pessoa tem capacidade de estar exercendo atividades pro-fissionais variadas, desde que não envolvam a necessidade de ouvir.

Como vimos, existe um número bem significativo de pessoas surdas no Brasil. É importante lembrar que surdez não é sinônimo de inaptidão, pois, existem pessoas que apesar de sua limitação sensorial têm capacidade para in-gressar no concorrido mercado de trabalho.

A Constituição Federal de 1988, artigo 7º, deixa claro que qualquer pessoa com necessidade especial não poderá sofrer preconceito e discriminação nas oportunidades de trabalho, seja ela no salário ou critérios de admissão.

Uma profissão digna oferece ao trabalhador uma ascensão no ego, traz autoestima, confiança e prazer e com a decorrência e recebimento dos advindos ainda constitui melhorias e condições de vida.

Importância do trabalho aos surdos

O trabalho na vida do surdo é tão importante quanto na vida dos ou-vintes. Assim, a diferença entre pessoas com surdez implica, basicamente, num caráter de sentido “diferente”. A impostura dos que não enxergam e titula a sur-dez como incapacidade se dá por que eles não conhecem as potencialidades dos surdos. Isto é claro: são pessoas com potencial produtivo dentro das limitações que são intrínsecas à sua condição.

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Um componente que poucos assimilam é que não apenas a falha ou a falta sensorial marca como deficiência12.

A importância do trabalho não pode ou, pelo menos, não deve ser en-carada exclusivamente como a satisfação de uma necessidade de sobrevivência. O trabalho, muitas das vezes na condição particular do surdo, não tem unica-mente como meta riquezas ou bens. Embora, inegavelmente, seja o meio mais comum de conseguir tranquilidade, serve também como meio de construção de amizades e relações interpessoais.

No recinto de trabalho desenvolvem-se os anseios profissionais do in-divíduo surdo e é o campo perfeito para a aplicação daquilo que foi aprendido na vida e na instituição de ensino pela qual passou. O trabalho, ainda que inte-lectual, implica criação, produção e ocupação.

O Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), refe-rência nacional em qualificação e encaminhamento ao emprego, montou um banco de dados para promover a articulação entre a demanda das empresas e a oferta de mão de obra. Esta necessidade veio com alta demanda de procura pelas empresas com mais de 100 (cem) funcionários devido à cota de contra-tação de pessoas com necessidades especiais.

Possibilidades de trabalho aos surdos

A capacitação profissional de uma pessoa surda deve ser refletida a partir de uma contextualização do mundo do trabalho, da realidade político-econômica--social em que o país vive. Atualmente, o brasileiro está cercado de empresas que valorizam a excelência, a produtividade e a qualidade total dos serviços prestados. Tanto ouvintes quanto os surdos necessitam melhorar sua qualidade profissional a fim de se inserirem no mercado de trabalho.

12 Será que toda falta de produtividade significa uma deficiência?

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O surdo adulto ainda encontra dificuldades em ser aceito no mercado de trabalho, uma vez que suas reais potencialidades ainda não são reconhecidas pela classe empresarial por falta de informações e pelo preconceito relativo às pessoas com necessidades especiais em geral.

Nos concursos públicos, os surdos têm a garantia da Lei de Reserva de Mercado (10%) em todas as instâncias, procurando respeitar proporcionalidade entre as deficiências.

É de extrema importância que os pais participem efetivamente no pro-cesso de inclusão de seu filho surdo no mercado de trabalho.

A sociedade está presenciando a contribuição e desempanho dos surdos na execução de atividades relacionadas a serviços gráficos, à digitação (na informática), a serviços bancários e administrativos, às funções docentes (Instrutores), entre outras.

Se você tivesse ou administrasse uma empresa, você empregaria um surdo?Em sua opinião, existe preconceito no mercado de trabalho com relação aos profissionais surdos?

Conforme instrui o INES, os Instrutores de Libras poderão atuar em:

cursos de Língua Brasileira de Sinais;

atividades de Estimulação Precoce (para possibilitar a aquisição de Libras pelas crianças surdas);

auxílios da Pré-Escola, do Ensino Fundamental, do Médio e até do Superior (para viabilizar a aquisição/aprendizado de Libras pelos alunos surdos, para inclusão de conteúdos curriculares, em classes ou escolas especiais e em salas de recursos).

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A maioria dos surdos que consegue atingir os níveis mais elevados de en-sino, hoje, são professores. Assim, atuam em Programas de Estimulação Precoce, em Escolas Especiais, em Salas de Recursos para apoiarem as atividades curricu-lares dos alunos surdos que se encontram em processo de integração em classe comum do Ensino Regular, ministrando aulas de Língua Brasileira de Sinais.

Hoje, podemos afirmar que os surdos só não teriam possibilidades de desenvolver um trabalho na função de telemarketing, se contratado por empre-sa que naão dispões do TDD.

90% dos funcionários de uma empresa de cosméticos de Fortaleza-Ce são surdos.Segundo o Instituto do Desenvolvimento do Trabalho, o nordeste é o cam-peão de empregadores de "deficientes" no Brasil, fazendo a colocação de milhares de trabalhadores, o que ajudou o Brasil a ter recorde mundial.

Qualificação

A inclusão dos surdos no mercado de trabalho está relacionada à Lei Federal 8.213/90, que garante vaga de emprego para pessoas com necessidades especiais em empresas com mais de cem funcionários, na proporção de 2% a 5%. Porém, analistas de recursos humanos de diversas empresas brasileiras, di-zem que enfrentam grandes dificuldades para encontrar portadores de necessi-dades especiais com qualificação para certos tipos de trabalho e, mesmo assim, considera alto o número de contratações.

COTAS:

de 100 a 200 empregados: 2%; de 201 a 500 empregados: 3%; de 501 a 1.000 empregados: 4%; de 1.001 em diante: 5%.

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Apesar de ter espaço no mercado de trabalho, eles precisam se expres-sar e mostrar que têm direito de levar uma vida “normal”.

É preciso oportunizar aos surdos o seu verdadeiro “poder”. Incentivar pessoas com surdez é algo muito rico no processo de inclusão.

Uma coordenadora de recrutamento e seleção de uma grande empresa brasileira diz que tem a cumprir uma cota estipulada por lei, o equivalente a 60 funcionários de sua empresa, e ela fala que já fizeram diversas campanhas, inclusive ofereceram cursos de qualificação, mas ninguém apareceu.

Na mesma oportunidade, a coordenadora aponta duas barreiras difí-ceis de superar a inserção dos deficientes no mercado de trabalho. A primeira delas é a ignorância e o preconceito, pois, muitos empresários ainda não sabem lidar com a diferença e acreditam que o convívio social destas pessoas é difícil, mas o que acontece, na prática, é exatamente o contrário. O segundo problema é a falta de interesse profissional dos próprios surdos.

Surdos: exemplos de superação

Thomaz Alva Edson, grande inventor da lâmpada elétrica. Marlee Martlin, primeira atriz surda que ganhou Oscar de

melhor atriz. Helen Keller, professora surda e cega que revolucionou o ensino

dos surdos e cegos. Vanessa Vidal, Miss Ceará e 2ª colocada do Miss Brasil 2008. Ludwig Van Beethoven, grande músico, elemento da transição

entre o Classismo Romantismo com formas clássicas herdadas de Mozart.

Possibilidades de trabalho aos intérpretes

A profissão de Intérprete de Libras é reconhecida por Lei em 2004 e foi regulamentada somente em 2010 através da Lei 12.319. Quadros (2003) ainda diz que “o tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa”. Independente disso, o mercado cresceu e vem despertando na sociedade um ótimo estímulo para a inclusão.

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A Língua Brasileira de Sinais está se expandindo, fazendo de seu mercado um campo promissor. Para atuar como intérprete não basta ter o domínio da Língua de Sinais. É de extrema importância que a cultura do surdo faça parte de sua vida.

É a área educacional que vem necessitando de mais profissionais para atuar como Intérprete de Libras. Há leis que asseguram a acessibilidade e direi-tos de comunicação dos surdos na sociedade em relação à educação inclusiva, prevendo que cada vez mais pessoas com surdez frequente o ambiente escolar fazendo com que aumente os números de vagas para intérpretes, pois, onde estiver um aluno surdo dentro de uma sala de aula, deverá ter um intérprete acompanhando o aluno.

Além de intérpretes educacionais, todos os ambientes de atendimento ao público seja de empresas públicas ou privadas, deverá haver um Intérprete para comunicar com os futuros usuários surdos, assim, podemos citar: rodoviá-rias, aeroportos, shoppings, fóruns, hotéis, entre outros.

As possibilidades de trabalho estão abertas, embora não existam vagas do ponto de vista formal. Mas elas serão criadas. Tornar-se um Intérprete de Libras já pode ser garantia de um futuro promissor. Mas não podemos esquecer que para ser intérprete, deve-se ter fluência na língua, compromisso, conheci-mento e contato direto com os surdos.

Preconceito

O preconceito é um dos grandes obstáculos que dificultam a inclusão social e profissional dos surdos no Brasil.

A inclusão de surdos no mercado de trabalho passa por algumas difi-culdades que ultrapassam os próprios limites impostos pela condição física. O preconceito para com os surdos é um problema grave, pois traz fortes reflexos para sua vida, dificultando não só o acesso ao mercado de trabalho, mas tam-bém a sua vida social.

É necessário haver adequação. Uma pessoa surda é tão capaz ou mais que uma pessoa ouvinte em determinados afazeres, desde que possua condições ideais de trabalho.

Não tenha preconceito, aceite-o e serás surpreendido.

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Quer conhecer mais sobre as leis e condutas referentes aos surdos e à Língua Brasileira de Sinais? Então não deixe de ler o próximo conteúdo.

Você poderá conhecer um pouco mais sobre este assunto através do AVA. Nos vídeos, verá a entrevista com uma surda em seu local de trabalho, fazen-do sua função e seus benefícios.

Nesta indicação complementar, há uma reportagem sobre o surdo profissio-nal em seu local de trabalho. Este vídeo nos apresenta a realidade e a compe-tência que os surdos têm. É uma lição de vida e porque não dizer também que é uma lição de moral.Para facilitar seu acesso, entre em qualquer site de busca e digite “280910 surdo trabalho”.Surdos no mercado de trabalho. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=xKj_Aw4ryLM>. Acesso em: 17 abr. 2012.

4.3 Conduta e Legislação

A conduta, quando diz respeito à Língua de Sinais, tem como objeti-vo proteger profissionais ou futuros profissionais que utilizam ou utilizarão a Libras, alunos surdos, clientes surdos, pacientes surdos e a quem mais utilizar esta língua a fim de padronizar seu comportamento e sua comunicação de for-ma digna e correta.

Toda profissão necessita haver uma conduta acercada de responsabili-dades e deveres, exercida de forma honrosa. Em seu dia a dia, deverá ser cons-ciente do trabalho prestado e agir adequadamente sob princípios e valores.

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Independente da área e profissão deverá ter com a Língua de Sinais uma qualidade constante para que os surdos tenham condições de comunicar, criando atitudes comuns com dedicação, humildade, honestidade, respeito, res-ponsabilidade e cooperação.

O profissional que utiliza a Língua de Sinais tem como função primor-dial estabelecer a intermediação comunicativa entre os usuários da Língua de Sinais e os de Língua Oral, estimulando a relação direta entre o surdo e o ouvin-te ou entre você e o surdo.

Quando intermediar uma conversa, um estudo ou um negócio entre o surdo e o ouvinte, você não poderá assumir nenhuma responsabilidade de inter-ferir, ensinar, negociar ou outra atividade que não seja de sua delegação, tendo consciência que estará apenas dando acesso à informação.

Deverá ser fidedigno à interpretação, não omitindo e nem acrescen-tando nenhuma informação ao diálogo estabelecido entre o usuário da Língua de Sinais e o de Língua Oral. Ser confidencial, não podendo, em nenhuma hi-pótese, nem mesmo sobre pressão ou ameaça, revelar os diálogos particulares envolvidos.

Você, como comunicador ou Intérprete de Libras, não interferirá com conselhos, considerações ou opiniões pessoais, zelando por imparcialidade e neutralidade, não perguntando e nem respondendo em lugar do intermediado.

Antes de você interpretar, deverá ouvir e compreender a mensagem, deve manter um lag-time para evitar erros e, posteriormente, é só transmitir os dados recebidos.

Legislação

A legislação garante uma sociedade segura e pacífica, na qual, os direi-tos coletivos e individuais são respeitados. Sem ela, não haveria o respeito às particularidades, cada pessoa agiria de forma preconceituosa e com seus pró-prios conceitos e ideais. Mesmo em uma sociedade organizada, há desenten-dimentos e conflitos, e as leis, devem proporcionar uma maneira de resolver, propor e punir. Com isso, levando-se em conta a Língua de Sinais aos surdos, as leis nos propõem:

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oficialização e a regulamentação da Língua Brasileira de Sinais – Libras, nos municípios, estados e federação;

reconhecimento da língua de sinais como língua da educação do Surdo, ou seja, a “língua do povo surdo”, em todas as escolas e clas-ses especiais de surdos;

assegurar a toda criança surda o direito de aprender prioritariamen-te línguas de sinais e após, também, português e outras línguas;

assegurar às crianças, adolescentes, adultos e idosos surdos, educação em todos os níveis, como pressuposto a uma capacitação profissional;

levar ao conhecimento das escolas os direitos dos surdos;

promover a conscientização sobre questões referentes aos surdos;

recomendar que programas da mídia (TV, rádio, jornal) não veiculem posturas que gerem atitudes discriminatórias contra o uso da língua de sinais e direitos dos surdos defendendo posturas ouvicêntricas;

levar em conta o conhecimento da língua de sinais para a escolha dos professores de surdos. Entende-se como prova de conhecimen-to em língua de sinais: certificado específico de curso reconhecido pelas Associações e Federações de Surdos, com aprovação poste-rior em banca constituída pela comunidade surda e intérpretes;

iniciativas legais visando impedir preconceitos contra surdos;

regularizar ou implementar o ensino para os surdos onde quer que eles estejam. Ex.: escolas, associações, cursos, universidades;

formular políticas públicas para levantamento e atendimento edu-cacional de crianças de rua surdas, conselho tutelar, respeitando sua cultura.

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"Ouvicentricismo são práticas discursivas e dispositivos pedagógicos colo-nialistas em que o ser/poder/conhecer dos ouvintes constitui uma norma, não sempre visível, por meio da qual tudo é mediado e julgado". (MIRANDA, 2007, P.27)

Em concursos públicos, nos quais o surdo concorre com outras pessoas com necessidades especiais, sua prova de Português também precisa ser anali-sada com critérios específicos e inclusive na presença de Intérpretes.

Além das propostas já constituídas em leis, a comunidade surda luta por outros direitos como:

direcionar os patrimônios dos surdos, assim como o patrimônio das escolas de surdos quando deixar de existir e que o patrimônio da cultura surda, adquirida ao longo dos anos, seja entregue à co-munidade surda;

liberação do trabalho para os pais que têm filhos surdos para faze-rem cursos de língua de sinais;

criar programas de apoio aos surdos idosos, meninos surdos de rua, internos em instituições e/ou casas de detenção, mulheres sur-das, portadores de HIV, drogados, como também aos vendedores de panfletos, excluídos do mercado formal de trabalho.

Os surdos têm direito a:

Intérprete de Libras no ambiente de júri, sem ônus.

Intérprete em momentos do interrogatório e prisões.

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Para que você possa se basear de forma mais extensa, no fim deste capítulo verá algumas indicações de sites que possam lhe apoiar nas pesquisas.

Em 2002, sob a Lei nº 10.436, de 24 de Abril, foi homologada a lei federal que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio de comunicação objetiva e de utilização das comunidades surdas no Brasil. Este foi o primeiro e largo passo da comunidade surda.

O Decreto Federal 5296, de dezembro de 2004, que regulamentou as Leis de acessibilidade (10.098) e de atendimento prioritário (10.048) forneceu elementos técnicos que estipularam prazos para que vias públicas, estacionamen-tos, construções, prédios públicos e edifícios de uso coletivo mantidos pela inicia-tiva privada. Apesar disso, muitas agências bancárias ainda não estão acessíveis.

Reforçando a necessidade de fazer valer os diretos da pessoa com defi-ciência, o Ministério Público Federal e a Federação Brasileira dos Bancos (FE-BRABAN) assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que prevê a acessibilidade e atendimento prioritário às pessoas com necessidades especiais, seja ela física(motora), sensorial ou mental nas instituições financeiras de todo país, onde deverão adotar padrões universais.

Entre as mudanças previstas pelo acordo, as agências bancárias de todo o país terão que disponibilizar pessoal e equipamentos capazes de manter comunicação com pessoas com surdez.

O TAC deixou firmado junto às agências financeiras e seus respectivos equi-pamentos e postos de atendimento prazos para se adaptarem ao novo conceito de acessibilidade, sendo cabível a implicação de multas caso não cumpra a legislação.

Em 2005 foi promulgado o Decreto 5.626, de 22 de dezembro, que tornou obrigatória a inserção da inclusão da Língua Brasileira de Sinais como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério em nível médio e superior.

Também através deste Decreto (5.62613), os surdos terão melhor aten-dimento dentro de empresas públicas de todo país. O decreto já está valendo e os órgãos da administração pública deverão incluir em seus orçamentos anuais e plurianuais os recursos para formação, capacitação e qualificação de professo-res, servidores e empregados para o uso e interpretação de Libras.

13 Desde esta lei, todas as empresas públicas federais, estaduais e municipais são obrigadas a ca-pacitar, pelo menos, 5% dos empregados para o uso e interpretação da Língua Brasileira de Sinais.

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Nos aeroportos, rodoviárias, delegacias de polícia, ou seja, todos os ór-gãos precisam ter uma pessoa de plantão que utilize Libras para atender o sur-do. Quem irá avaliar se as instituições se adequaram corretamente ao decreto e aplicar possíveis penalidades que devem ser decididas de acordo com cada reclamação é o Ministério Público.

A inclusão e o aprendizado também estão assegurados por lei pelos documentos legais: Lei Federal 7.853/89; Decreto Federal 3.298/99; Parecer CEE 424/03; Resolução CEE 451/03; Orientação SEE/SD 01/2005. Além des-tes destaques, há outras leis que facilitam o acesso e a comunicação dos surdos dando também apoios aos Intérpretes de Libras.

É importante você estar por dentro das leis, elas sempre caem em concursos e sempre haverá alguém que irá lhe perguntar sobre leis afins.

Em seguida, você terá uma lei e um decreto através da qual você deverá adquirir conhecimento.

“A lei maior da Libras” LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras provi-dências.

[...]Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a

Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela asso-ciados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que [...], constituem um sistema lin-guístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

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Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e em-presas concessionárias de serviços públicos, [...] meio de comunicação objetivo e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.

Art. 3o [...], garantir atendimento e tratamento adequado aos portado-res de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais es-taduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme le-gislação vigente.

Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa.

[...]Brasília, 24 de abril de 2002; FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.Regulamenta a Lei 10.436/02, que dispõe sobre a Língua Brasileira de

Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098/00.

DECRETA:

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARESArt. 1o Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de

2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela

que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Lín-gua Brasileira de Sinais - Libras.

[...]

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CAPÍTULO IIDA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULARArt. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigató-

ria nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em ní-vel médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhe-cimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério.

§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos de-mais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

CAPÍTULO III[...]Art. 5º § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação

previstos no caput.[...]Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensi-

no médio que oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as instituições de educação superior que oferecem cursos de Fonoau-diologia ou de formação de professores devem incluir Libras como disciplina curricular[...]

Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina cur-ricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Peda-gogia e Letras, ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas.

Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de pro-fessores para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa.

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[...]Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior,

preferencialmente os de formação de professores, na modalidade de educação a distância, deve dispor de sistemas de acesso à informação como janela com tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às pessoas surdas, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004.

[...]

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES FINAIS[...]Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 22 de dezembro de 2005; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

LEI Nº 12.319, DE1º DE SETEMBRO DE 2010.

Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.

[...]Art. 1o Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e In-

térprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.

Art. 2o O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpre-tação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa.

[...]Art. 5o Até o dia 22 de dezembro de 2015, a União, diretamente ou por

intermédio de credenciadas, promoverá, anualmente, exame nacional de profi-ciência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa.

[...]Art. 6o São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas

competências:

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I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, sur-dos e surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa;

II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares;

III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos;

IV - atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de ensino e repartições públicas; e

V - prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos adminis-trativos ou policiais.

Art. 7o O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, ze-lando pelos valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial:

I - pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da infor-mação recebida;

II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou orientação sexual ou gênero;

III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber tra-duzir;

IV - pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa do exercício profissional;

V - pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito social, independentemente da condição social e econômica daqueles que dele necessitem;

VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda. [...]Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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Brasília, 1º de setembro de 2010.LUIZ INÁCIO LULA DA SILVALuiz Paulo Teles Ferreira BarretoFernando HaddadCarlos LupiPaulo de Tarso Vanucchi

Hoje, não basta só contratar, é preciso sensibilizar toda a sociedade e conhe-cer as capacidades e habilidades de cada uma dessas pessoas dando oportu-nidade de crescimento e convocando-os para vagas em aberto.Os surdos, quando se propõem a buscar seus objetivos, conseguem. Mas, quanto a nós, que ficamos ao seu redor, estamos dispostos a ajudá-los nessa busca?

No próximo capítulo, iremos direcionar todo seu conhecimento aqui adquirido às expressões e frases em Libras.

No Ambiente Virtual de Aprendizagem debateremos o assunto deste capítulo nas Rotas de Consolidação de Aprendizagem para que possamos conhecer e trocar ideias e experiências. Não deixem de firmar este compromisso com o aprendizado.

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Para conhecer estas leis aqui apresentadas e outras também importantes à vida dos surdos ou leis que apoiam as pessoas com necessidades especiais, estão aqui duas indicações:

JUSBRASIL. Lei 12.319. [online] Disponível em: <HTTP://jusbrasil.com.br>. Acesso em: 06 Nov. 2011.

Ministério da Educação. [online] Disponível em: <HTTP://mec.gov.br>. Acesso em: 16 Dez. 2011.

4.4 Frases em expressões da libras

Muitos acharão que nas frases em Libras, as palavras estarão fora do lugar, mas isso já é uma natureza e uma estrutura que deixa de lado o português. Os surdos não utilizam palavra por palavra e, raramente, um texto completo vem recheado de sinais.

Na transmissão para a Língua de Sinais, não são inseridos os artigos (A, O, AS, OS) e os verbos são imaginados no infinitivo.

Para leigos, os surdos são falhos na escrita, mas, para eles, passa a ser natural. Com isso, a Língua de Sinais não pode ser estudada com base na Lín-gua Portuguesa, pois ela tem gramática diferenciada, independente da língua oral. A ordem dos sinais na construção de um enunciado corresponde a normas próprias que refletem a forma de o surdo processar suas ideias, na percepção visual-espacial.

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Veja alguns exemplos que demonstram exatamente essa independên-cia sintática14 do português:

EU IR UNIVERSIDADE! (verbo direcional). Em Português “Eu irei à universidade!”

EU VER SHOPPING TÊNIS CARO MUITO.“Eu vi no shopping um tênis muito caro.”

Quando houver palavras subscritas, significa que você deverá fazer a expres-são e não o sinal.

AMIG@ FAZENDA PRECISAR MÉDIC@ CACHORRO CUIDAR ANIMAIS.“Um amigo da fazenda precisa de um veterinário para cuidar dos animais.”

Sempre que houver uma palavra com o uso do “@” significa que poderá estar no masculino ou feminino.

Expressões Interrogativas e Exclamativas

Para as frases exclamativas e interrogativas em Libras, é preciso ficar muito atento às expressões faciais, pois, nestas situações se utilizam sinais e expressões simultaneamente.

14 Procure buscar sempre as palavras aqui apresentadas através do dicionário digital já indicado e tente fazer todas as frases para você entender melhor sua estrutura. É importante que você te-nha um contato com surdos para obter um melhor aproveitamento. Caso isso não seja possível, procure um surdo ou alguém que conheça as estruturas da Libras.

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Interrogativa: esta expressão necessita que você levante as sobran-celhas e faça uma ligeira inclinação com o queixo que significará uma frase com pergunta [?].

Exclamativa: sobrancelhas abaixadas e um movimento da cabeça inclinando-a para baixo.

Na frase representada na figura ao lado: “Qual é o seu nome?” ou “Como você se chama”Basta fazer o sinal de NOME + EXPRESSÃO INTERROGATIVA.

"Quantos anos você tem?” ou “Qual sua idade?”IDADE + EXPRESSÃO INTERROGATIVA.

“Meu nome é Daniel!”NOME + EXPRESSÃO EXCLAMATI-

VA + D – A – N – I – E – L

“Tenho 28 anos!”IDADE + EXPRESSÃO EXCLAMATI-

VA + 28.

“Por que você está triste hoje? (Português)TRISTE PORQUE INTERROGATIVA (Libras)

“Hoje você está triste!” (afirmação que você está triste) VOCÊ TRISTE EXCLAMATIVA

Nome

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Na estruturação das frases em libras, observa-se que há regras próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções, porque esses conectivos estão incorporados ao sinal.

“Aprender Língua Brasileira de Sinais é fácil?”LIBRAS APRENDER FÁCIL INTERROGATIVA

“Aprender Língua Brasileira de Sinais é fácil!LIBRAS APRENDER FÁCIL EXCLAMATIVA

Caxambu é muito longe?CAXAMBU LONGE MUITO INTERROGATIVA

Caxambu é muito longe!CAXAMBU LONGE MUITO EXCLAMATIVA

É bom viajar para Minas?BOM VIAJAR Minas INTERROGATIVA

Você gosta de ir às festas?VOCÊ GOSTAR IR FESTA INTERROGATIVA

Eu gosto de ir ás festas sim.GOSTAR FESTA.

Expressões positivas e negativas

Nas frases positivas e negativas nem sempre terá que ser feito o sinal e a expressão simultaneamente, pois, há sinais próprios que já implicarão no contexto.

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Afirmativa: A expressão facial poderá ser indiferente ou poderá fazer uma expressão de concordância.

Bom Querer

Negativa: Pode ser feita através de três artifícios:

a) Sinal de negação diferente do afirmativo:

Pode Não pode

Devemos relacionar o sinal negativo em seu contexto e ver se o correto para o momento é o antônimo da palavra mais o sinal de negação ou o sinal próprio em negação.

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b) Movimento negativo com a cabeça, simultaneamente à ação que está sendo negada.

+

Não perdoo / Não desculpo

Neste caso acima, são feitas duas expressões ao mesmo tempo, “cara fechada + EXPRESSÃO de NÃO” além do sinal de “DESCULPAR”.

c) Sinal NÃO (com o dedo indicador) à frase afirmativa.

+

Não quebre

Após o sinal de “QUEBRAR”, utiliza-se o sinal de “NÃO” com o dedo indicador, aquele sinal icônico popularmente conhecido em nossa sociedade.

Expressões Imperativas

Nestas frases, você já implicará a tonalidade da palavra na expressão, se o tom for mais agressivo, o sinal com a expressão deverá ter a mesma inten-sidade da palavra como, por exemplo: CALE A BOCA!

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Ou então:

Seu bobo Você é um estúpido

Estenda as expressões:

FAZENDA DONO ESTÚPIDO E IGNORANTE

BARATA MEDO

QUEM ALI ESTÁ

CARRO 15 MIL DINHEIRO

AMIGO TRABALHAR FACULDADE

Expressões temporais

Nas noções temporais, adicionamos sinais que informam o tempo pre-sente, passado ou futuro.

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182 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Presente (já / hoje / agora)

“Você já acabou a prova?”PROVA ACABAR JÁ

“Hoje irei ao futebol com meu pai”HOJE FUTEBOL EU^IR JUNTO PAI.

“Estou indo embora agora.”AGORA EMBORA

Passado (Ontem / Há muito tempo / Passou)

“Ontem, eu fui à casa do meu amigo.”ONTEM EU IR CASA AMIG@

“Semana passada eu viajei.”SEMANA PASSADO EU VIAJAR

“Anos atrás caí de bicicleta.”ANOS PASSADO EU BICICLETA CAIR

Futuro (amanhã / futuro / depois / próximo)

“Amanhã irei brincar de novo”EU BRINCAR AMANHÃ REPETIR

“Um dia comprarei um lindo carro”FUTURO EU COMPRAR CARRO BONITO MUITO

“Depois irei descansar”DEPOIS EU IR DESCANSAR

“Jogarei vôlei no domingo.”DOMINGO EU VÔLEI

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Você já parou para pensar como seu tom de voz se altera dependendo da situ-ação? Este tom deverá ser revertido para a expressão corporal e facial.Você já se imaginou surdo? Iria depender muito da comunicação não é? Este é o momento de refletir sobre esta necessidade.

No Ambiente Virtual de Aprendizagem você poderá conferir todas as situa-ções de expressões afirmativas, negativas, interrogativas e exclamativas em frases e contextos explicativos. Este é o grande momento de finalizar com um pouco mais de conhecimento.

CAPOVILLA, Fernando Cesar; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário enciclopédico iustrado trilíngue: língua brasileira de sinais português/inglês/libras. 3. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.

Como já indicado anteriormente, este dicionário irá lhe ajudar e muito neste desenvolvimento das frases. Não há como tentar aprender Libras sem buscar o vocabulário em sinais e esta bibliografia o auxiliará justamente neste ponto.

Acesse também o dicionário de Libras virtual e aprenda os sinais das palavras com movimentos, caso não encontre da forma que digitou, procure pelo ver-bo da palavra, o sinônimo desta palavra ou em sua forma lexical.

Acessibilidade Brasil. Disponível em:<http://www.acessobrasil.org.br/libras> Acesso em 15 de dez. 2011.

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184 Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS

Conhecer a melhor forma de ensino aprendizado é um aspecto importante na alfabetização de uma criança surda, assim, faremos com que estas crian-ças iniciem suas atividades educacionais precocemente sem comprometer seu desenvolvimento pedagógico. Em possibilidades de trabalho, a importância, a qualificação e a vontade deve superar o medo e o preconceito tanto para o sur-do quanto para os ouvintes, tornando real a inserção no mercado de trabalho. As condutas ligadas aos surdos e aos ouvintes garantem uma sociedade mais inclusiva e os textos abordam todas estas particularidades. Em 2002, através da Lei 10436, a Libras foi reconhecida a língua materna dos surdos. Apesar de tardia, é a principal lei voltada aos surdos e a partir desta foram criados outros decretos regulamentares. Além de aprofundar e assimilar a independência do Português com a Libras, todo este conjunto se fecha nas expressões (frases), determinantes para a comunicação entre o surdo e o ouvinte.

INDICAÇÃO DE FILMES RELACIONADOS À SURDEZ

Filhos do silêncio Lágrimas do silêncioO milagre de Anne Sullivan Adorável professor

Seu nome é Jonas O pianoMinha amada imortal No silêncio do amor

Som e fúria Além do silêncioGestos de amor Depois do silêncioA cor do paraíso Nell

Testemunha muda Tiro na escuridãoTortura perigosa Tudo em família

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Os surdos, ao entrarem na escola, têm encontrado algumas dificuldades. Que dificuldade são estas?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Temos visto hoje diversos surdos no mercado de trabalho como em super-mercados, shoppings etc. O que um emprego pode proporcionar a uma pessoa com surdez?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Qual lei é considerada a vitória dos surdos no Brasil?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Para uma frase interrogativa ficar com uma ação correta em Libras deve-se realizar um tipo de expressão facial. Descreva como seria esta expressão.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Diante das habilidades, qual das alternativas NÃO propõe uma didática importante para o processo de ensino para surdos.

Utilizar sempre o português, independente se o surdo sabe ou não esta língua.

Utilizar sempre apoio visual para auxiliar o surdo na compreensão.Utilizar Libras a todo o momento.Propor estímulos à criatividade, autonomia e memorização.Utilizar palavras não comuns em nosso cotidiano.

Quando é proposto o alfabeto manual a uma criança surda, estamos trabalhando qual área de conhecimento?

Alfabetização.Noção de espaço.Lateralidade.Coordenação motora.Matemática.

Qual das funções o surdo não conseguiria desenvolver em uma empresa?

Embalador ou empacotador.Administrador.Cabeleireiro.Dentista.Operador de telemarketing.

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Para contratar uma pessoa, devemos observar, na entrevista, se ela terá ou não condições de assumir certo cargo. Qual função sensorial o surdo deverá ter aguçado para desenvolver um trabalho de Astrônomo?

Tato.Olfato.Paladar.Visão.Audição.

O que reza a Lei 10.436, considerada a lei maior dos surdos e da Libras?

Garantia da disciplina Libras no ensino fundamental e médio.Exigência de intérpretes em locais de atendimento ao público.Melhoria no atendimento aos cegos.Reconhecimento da Libras como meio legal de comunicação.Prioridade em filas bancárias para os surdos.

Qual é a lei dos profissionais intérpretes de Libras e quando foi regula-mentada?

Lei 12.319 regulamentada em 2010.Lei 10.436 regulamentada em 2002.Lei 10.048 regulamentada em 2008.Lei 10.098 regulamentada em 2007.Lei 5.626 regulamentada em 2005.

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Em um contexto em Português que tenha entonação interrogativa, deve-mos utilizar um recurso na Libras para que a frase tenha o mesmo efeito. Que recurso é este?

Classificadores.Datilologia.Acentuação.Morfologia.Expressão corporal e ou facial.

Em uma frase negativa, podemos utilizar três formas de expressar a frase sem perder o sentido, porém, deve-se cuidar com o significado de cada situação para empregá-las corretamente.Para a frase: “Você não pode ir ao banheiro.” “NÃO PODE” é utilizado de forma rude e autoritária. Como seria este trecho da frase em libras?

Sinal próprio de NÃO PODE.Sinal de PODE + expressão de NÃO com a cabeça.Sinal próprio de NÃO PODE + expressão de NÃO com a cabeça.Sinal de PODE + sinal de NÃO.Sinal de NÃO + sinal de PODE + expressão de NÃO com a cabeça.

No AVA você encontrará todas as respostas do exercício.

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Referências Bibliográficas

Acessibilidade Brasil. Disponível: <http://www.acessobrasil.org.br/libras> Acesso em 16 abr. 2012.

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______. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Acessibilidade. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF. 20 dez. 2000. Disponí-vel em: <http://www.Libras.org.br>. Acesso em: 06 out. 2010.

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