15
»PRA COMEÇAR 1 A REVELAÇÃO DE DEUS LIÇÃO Há uma grande área verde nos fundos da minha igreja. O espaço era gramado, mas não tinha qualquer árvore. Como eu gosto de árvores, durante uma visita, resolvi voltar para casa com um pequeno galho de amoreira, quebrado delicadamente de uma árvore da calçada. Sem muita convicção, enterrei-o no chão. Todas as folhas do pequeno galho murcharam e caíram. Mesmo assim, diariamente eu o visitava com um pouco de água. Passou-se um bom tempo, e quando já começava a desistir, um minúsculo broto começou a aparecer no galho ressecado. Quando eu visito minha bela e vistosa amoreira atualmente, ainda lembro com carinho do momento em que ela era apenas um galho seco. Coisas grandes já foram pequenas um dia. Foi assim que começou o grande plano salvífico de Deus. TEXTO BÍBLICO JOÃO 1.1-51 TEXTO ÁUREO JOÃO 1.14 //EBD .9 //ALUNO

LIÇÃO A REVELAÇÃO DE DEUS nos amou tanto que nasceu em nosso mundo para poder falar conosco de uma forma que pudéssemos entender. Como um professor que adapta seu ensino por amor

  • Upload
    buinhu

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

»P

RA

CO

MEÇ

AR

1A REVELAÇÃO DE DEUS

L I Ç Ã O

Há uma grande área verde nos fundos da minha igreja. O espaço era gramado, mas não tinha qualquer árvore. Como eu gosto de árvores, durante uma visita, resolvi voltar para casa com um pequeno galho de amoreira, quebrado delicadamente de uma árvore da calçada. Sem muita convicção, enterrei-o no chão. Todas as folhas do pequeno galho murcharam e caíram. Mesmo assim, diariamente eu o visitava com um pouco de água. Passou-se um bom tempo, e quando já começava a desistir, um minúsculo broto começou a aparecer no galho ressecado. Quando eu visito minha bela e vistosa amoreira atualmente, ainda lembro com carinho do momento em que ela era apenas um galho seco. Coisas grandes já foram pequenas um dia. Foi assim que começou o grande plano salvífi co de Deus.

TEXTO BÍBLICO

JOÃO 1.1-51

TEXTO ÁUREO

JOÃO 1.14

/ / E B D

.9//ALUNO

É comum que só percebamos a importância de um fato da história bem depois que ele tenha acontecido. É somente depois, quando olhamos para trás, que percebemos como ele mudou a nossa vida, bem como a sociedade a nossa volta.

Foi exatamente isso que aconteceu há pouco mais de dois mil anos, quando o mundo recebeu Jesus de Nazaré. Ele mudaria toda a história da humanidade. O mundo nunca mais seria o mesmo depois de sua passagem pela terra. Mas, durante sua vida, poucos perceberam sua singularidade e importância.

Seus conterrâneos não conseguiam ver o quanto ele era especial. Poucos percebiam que por trás daquela imagem aparentemente comum estava o Verbo de Deus, o grande Criador de todo o universo.

Mas esse é o mecanismo que Deus usa para se revelar. Ele precisa falar conosco na nossa linguagem, na nossa altura, para que venhamos a compreender. Algum tempo depois de Jesus, mas antes das palavras de João terem sido escritas, Paulo argumentaria que o Verbo “a si

mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em fi gura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fp 2.7,8).

É exatamente isso que enxergamos no Evangelho de João. De ponta a ponta, vemos a história contínua de um homem esvaziado de status, de força humana, de poder terreno, mas cheio da glória, do poder e da dignidade de Deus.

NO PRINCÍPIO ERA O VERBOO Evangelho de João inicia sua narrativa de uma forma completamente diferente dos demais Evangelhos. Na verdade, a forma de ele contar a história de Jesus é tão diferente que os estudiosos do Novo Testamento costumam dividir o estudo dos Evangelhos em duas partes. Na primeira, estuda-se Mateus, Marcos e Lucas, naquilo que costumamos chamar de leitura sinótica, já que eles possuem uma mesma estrutura literária e teológica. Numa segunda parte, trabalhamos isoladamente com João.

» C O M E N T A N D O O T E X T O B Í B L I C O O T E X T O B Í B L I C O O T E X T O B Í B L I C O» C O M E N T A N D O» C O M E N T A N D O» C O M E N T A N D O O T E X T O B Í B L I C O O T E X T O B Í B L I C O

10. //ALUNO//ALUNO

O Quarto Evangelho tem uma perspectiva teológica diferente dos demais Evangelhos. Essa diferença já se nota nas primeiras linhas. Enquanto Mateus e Lucas dedicam seus primeiros capítulos para as narrativas da infância de Jesus, João inicia olhando para a eternidade, para um momento que ele denomina de “princípio”. “No princípio era o Verbo” é uma expressão que se parece muito com o primeiro versículo do livro de Gênesis: “No princípio criou Deus”. O que ele estaria indicando com isto? Que aquele homem, que recebeu muito pouco crédito enquanto caminhava pela Palestina, era a mesma fi gura divina que estava no princípio de todas as coisas, quando Deus criou o universo.

Em vez de começar com o nascimento de uma criança, inicia com o nascimento do próprio mundo. Usando novamente o vocabulário de Paulo: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste” (Cl 1.15-17).

NA PLENITUDE DO TEMPOPara entendermos o que estava acontecendo nos dias de João

Batista e antes de Jesus aparecer, é importante olhar um pouco para trás na história dos judeus. Antes dos romanos tomarem conta da Palestina, a região era dirigida pela linhagem judaica dos Hasmoneus, conhecidos popularmente como Macabeus.

Durante este curto período histórico, os judeus eram novamente donos e senhores de sua terra. Esse período durou do ano 167 a.C. até a chegada romana sob a liderança do general Pompeu, em 63 a.C.

Infelizmente, apesar da independência política, os governantes – então da linhagem dos Hasmoneus – não conseguiram trazer tranquilidade à população. Os próprios líderes enfraqueceram o país com uma série de brigas internas pelo poder.

O pai de Herodes, Antípater, não era judeu. Sua origem era idumeia. Mesmo assim se tornou primeiro-ministro no governo de um dos últimos governantes hasmoneus. Nessa posição, fez alianças com os romanos e incentivou o casamento do seu fi lho com Mariane, de linhagem real judaica.

Herodes tinha boas relações com Roma, e isso torna compreensível o fato dos romanos o terem eleito rei da Judeia. Era um reino subordinado, entretanto, às orientações do senado romano.

A chegada dos romanos não implicou uma guerra. Os

.11//ALUNO

judeus não tinham condições de enfrentar as poderosas legiões romanas. A expansão romana atendia a uma ideologia chamada Pax Romana, uma forma de dizer que o que Roma queria era simplesmente promover a paz. Que tipo de paz era essa? Era uma paz sustentada pelas legiões romanas e pelo pagamento de impostos. Enquanto os judeus pagavam, continuavam suas vidas normalmente. Caso deixassem de pagar, teriam suas cidades destruídas.

Foi sob o controle dos romanos que os judeus ouviram os sermões e presenciaram os milagres de Jesus de Nazaré. Nascido na cidade de Belém, Jesus assumiu sobre si as profecias messiânicas. Ele não escondeu dos seus discípulos que era o Messias profetizado no Antigo Testamento, mas fez questão de esclarecer que o reino que ele veio trazer era completamente diferente do reino almejado pelos seus contemporâneos.

O reino de Deus era o sonho de muitos judeus daquela época. De cativeiro em cativeiro, eles esperavam ansiosamente pela intervenção de Deus para trazer o seu reino. Seria um momento em que Deus invadiria a história humana para libertá-los da opressão dos seus adversários. Essa intervenção seria tão profunda e miraculosa que

simplesmente dividiria suas vidas em antes e depois da chegada do reino.

UM HOMEM CHAMADO JOÃOPor causa desse contexto, podemos imaginar o que causaram as pregações de João Batista. Ele era um homem singular. Vivia no deserto, comia gafanhotos e mel silvestre, se vestia com pelo de animais. Mas, muito mais impactante do que sua aparência era o seu discurso. Inúmeras pessoas vinham até o Jordão para se batizar por ele. O murmúrio que corria pelas esquinas era que ele poderia ser o Messias que eles aguardavam.

João tinha tudo para ser reconhecido e aclamado por seu povo. Mas ele não foi chamado para aparecer ou ser reconhecido. Sua vocação era testemunhar sobre Jesus.

E o que João falou sobre Jesus? Que ele era o Cordeiro de Deus que viera para tirar o pecado do mundo. Sua voz não encontrou acolhida num número grande de pessoas. Dos que resolveram confi ar neste testemunho, destacaram-se André, Pedro, Filipe e Nataniel. Eram pessoas simples, pescadores, geralmente iletrados, que até para ouvir a Palavra precisariam da ajuda dos escribas, que eram os poucos que dominavam a língua hebraica das sinagogas. Foram eles os primeiros discípulos de Jesus.

12. //ALUNO//ALUNO

Cristo nos amou tanto que nasceu em nosso mundo para poder falar conosco de uma forma que pudéssemos entender. Como um professor que adapta seu ensino por amor aos alunos, Deus desceu ao nosso nível para revelar o evangelho. Aproveite-o, então. Leia a Bíblia, estude-a, pois ela é consequência direta de um grande gesto de amor.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . » P R A T O M A R U M A A T I T U D E

» A L I Ç Ã O E M F O C O

– Jesus é anunciado por João como o próprio Deus. Essa mensagem ainda é escândalo para muitas pessoas. Tem gente que não consegue aceitar que Deus possa ter se encarnado na forma de uma pessoa e andado no meio de nós. Mas, escândalo ou não, essa é a principal mensagem da igreja de Cristo. Você já reconheceu Jesus como Deus de sua vida?

– Deus se fez homem para revelar o caminho de volta para Deus. Ele veio revelar-se de uma forma que poderíamos entender e compreender. Jesus é a revelação máxima de Deus e de sua vontade. Você já reconheceu Jesus como o caminho, a verdade e a vida?

– Deus resolveu escolher as coisas loucas do mundo para envergonhar as sábias. Em vez de um príncipe, colocou João Batista para ser o porta-voz do seu Filho. Em vez de letrados e sábios, escolheu pessoas simples e rudes para serem discípulos. Pode ser estranho, mas este é o jeito de Deus agir. Você já reconheceu a forma sobrenatural e poderosa de Deus agir na sua vida?

{ }{ }» A L I Ç Ã O{ }» A L I Ç Ã O» A L I Ç Ã O{ }» A L I Ç Ã O E M F O C O{ } E M F O C O{ }

.13//ALUNO

»P

RA

CO

MEÇ

AR

2 AS PRIMEIRAS AÇÕES NO

MINISTÉRIO TERRENO DE

JESUS

L I Ç Ã O

Como pastor, já fi z muitos casamentos. Mas ainda lembro dos rostos ansiosos dos noivos no primeiro deles. Eles espe-ravam por aquela data com ansiedade, e torciam para que tudo saísse como planejado. Que as fl ores enfeitem, que a música funcione, que os convidados apareçam, que a co-mida agrade. Eventualmente, uma ou outra coisa não fun-ciona como deveria. Às vezes, a daminha não quer entrar na igreja, ou um padrinho fi cou preso no engarrafamento, ou a comida não foi sufi ciente. Em uma experiência tão comum como essa foi que Jesus começou o seu ministério.

TEXTO BÍBLICO

JOÃO 2TEXTO ÁUREO

JOÃO 2.11

/ / E B D

14.14.14. //ALUNO//ALUNO//ALUNO

» C O M E N T A N D O O T E X T O B Í B L I C O O T E X T O B Í B L I C O O T E X T O B Í B L I C O» C O M E N T A N D O» C O M E N T A N D O» C O M E N T A N D O O T E X T O B Í B L I C O O T E X T O B Í B L I C O

O início de todo projeto é difícil. Para Jesus isso não foi diferente, com uma grande diferença: as difi culdades o acompanharam durante toda sua vida. A rejeição da sociedade à sua mensagem e ministério foi uma nota constan-te. Até mesmo seus discípulos enfrentavam sensações de alto e baixo. Confi avam nele, mas não sabiam a natureza exata da sua missão.

A estratégia de Jesus foi difundir seu ministério num tripé: prega-ção, milagres e ensino. Em alguns momentos ele discursava, em outros realizava prodígios, e em outros ensinava. É verdade que tudo culminava no ensino, mas sua variação de métodos deixava seus adversários perplexos.

Neste sentido, o que precisa fi car claro é que seus milagres não foram simples demonstrações de poder. Ele os fazia para ensi-nar. Ao curar, exorcizar ou ope-rar milagres, ele queria ensinar algum aspecto do reino de Deus que viera anunciar.

VINHO NOVO EM DIA DE FESTAO Evangelho de João coloca o ponto inicial do ministério de Jesus numa festa de casamen-to. O versículo 11 assim afi rma:

“Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (Jo 2.11).

Os casamentos daquela época, como hoje também, eram uma importante expressão de alegria da sociedade. Todos que conhe-ciam os noivos estavam alegres porque mais uma família seria constituída. Os noivos esperaram muito por aquele dia. Os noiva-dos poderiam acontecer em ida-des tenras, fazendo com que eles tivessem que esperar anos para o grande dia do matrimônio.

Há registros da época que indi-cam que festas de casamento poderiam durar até uma semana inteira. Durante todos os dias, os convidados e familiares se diver-tiam, cantavam e bebiam em ho-menagem à felicidade dos noivos.

Ora, seria um desastre se a festa tivesse que terminar mais cedo por falta de vinho ou comida. To-dos esperaram muito por aquele momento. Uma falha marcaria o início da vida daquele casal por um bom tempo.

Mas foi exatamente isso que aconteceu no casamento men-cionado pelo evangelista. Faltou vinho, o que levou a própria mãe de Jesus solicitar a sua aju-

.15//ALUNO

da. Isso indica que Maria teria alguma relação especial com os noivos. Talvez ela fosse membro da família, ou uma amiga muito próxima deles.

A resposta de Jesus a Maria não é, de forma alguma, desonrosa para aquele contexto. Era um re-cado de fi lho para mãe. Ele ainda não poderia manifestar-se ma-jestosamente para a multidão. Podemos perceber que o milagre da multiplicação do vinho, ao contrário da multiplicação do pão, foi percebido por poucos, e essencialmente pelos seus discí-pulos, que creram nele.

Jesus agiu discretamente. Não fez nenhum gesto espalhafatoso. Não houve relâmpagos, luzes ou trovões. Ele ordenou ao garçom para encher as talhas que as pessoas usavam para se lavar ao chegar na casa. Depois, solicitou para que se tirasse então e le-vasse ao chefe de cerimônia da festa. A expressão bíblica “tirai agora” deixa o leitor com uma dúvida. Era para tirar água do mesmo lugar que eles tiraram para encher as talhas, ou seja, de um poço, ou das próprias talhas? Grande parte dos comentaristas prefere a segunda possibilidade: Jesus transformou a água dos vasos em vinho. E não é assim que Jesus faz conosco? Ele sem-pre nos surpreende nos dando muito mais do que pedimos ou pensamos.

A narrativa termina com o recla-me do perplexo chefe de cerimô-

nia da festa ao experimentar um vinho que era muito superior ao que ele havia servido primeiro. O vinho que Jesus ofereceu era su-perior a tudo o que eles haviam experimentado.

ANTIGOS VÍCIOS EM DIA DE CULTODepois do milagre do vinho, o evangelista passa a narrar o confronto de Jesus com a situa-ção triste em que se encontrava a instituição religiosa da sua época. Jerusalém era, para os judeus, a cidade de Deus. Nela fi cava o templo, o centro da vida religiosa dos judeus.

Símbolo da presença de Deus, no templo aconteciam os sacrifí-cios e a adoração comunitária.

A vida religiosa judaica era re-gida por uma série de atos e práticas que deveriam funcionar como lembretes contínuos da singularidade do povo diante das demais nações. Para isso, exis-tiam festas e celebrações.

O sábado era a mais frequenta-da dessas e servia para lembrar

A família que tem Jesus como presença contínua terá sempre suas necessidades preenchidas, principalmente a alegria e a paz

16. //ALUNO//ALUNO

a libertação da escravidão do Egito. Depois de seis anos ir-rompia o ano sabático. Nele se deveria promover o descanso do campo, o cancelamento de dívi-das e a libertação de escravos. Após 49 anos vinha o ano do jubileu, quando as terras perdi-das deveriam ser devolvidas aos seus donos originais.

Instituídas como festas anuais existiam a Páscoa, as Primícias e as Tendas. A festa da Páscoa re-cordava o milagre no Egito, quan-do apenas os primogênitos dos egípcios foram mortos pela últi-ma praga. A festa das Primícias, realizada após a colheita de tribo, permitia comemorar a provisão divina sobre a nação. A festa das Tendas, que durava uma semana inteira, deveria acontecer sob tendas, para recordar o período de peregrinação pelo deserto.

Sem dúvida, a mais importante cerimônia era o Dia do Jubileu. Nesse dia, apenas uma vez ao ano, o sumo sacerdote adentra-va o lugar santíssimo do templo. Era um ato de expiação pelos pecados do povo. Com isso, eles deveriam aprender que Javé é um Deus misericordioso, mas também é santo. A iniquidade não poderia fi car sem penalida-

de. Um ser vivo deveria tomar o lugar do outro na recepção da pena pelo erro.

As instituições religiosas judaicas surgiram no Antigo Testamento como instrumentos que deve-riam aproximar as pessoas de Deus. Mas a reação de Jesus diante do que ele viu no templo indica que todos os atos foram pervertidos. Muitos usavam a expressão de fé popular para ga-nhar dinheiro. Os pobres acaba-ram excluídos da prática litúrgica ofi cial, já que não tinham o que trocar. Os líderes religiosos pas-saram a trabalhar pelo dinheiro e não em benefício da vida espi-ritual dos seus liderados.

O templo deixou de ser uma instituição religiosa para se tor-nar uma instituição fi nanceira. Na época de Jesus, seus cofres estavam abarrotados de ouro e objetos preciosos.

Tal situação explica o brado de Jesus contra aquela situação. Seu povo era oprimido pelos instru-mentos que deveriam ajudá-lo. O ato de Jesus foi mais uma de suas ações pedagógicas. Ele nos ensina com seu gesto que Deus não to-lera os que fazem de sua relação um mercado. A piedade do povo não pode virar fonte de lucro.

.17//ALUNO

» A L I Ç Ã O E M F O C O

– Jesus fortalece a instituição familiar ao iniciar seu ministério numa festa de casamento. A família que tem Jesus como presença contínua terá sempre suas necessidades preenchidas, principalmente a alegria e a paz. Essas transbordarão continuamente num jorrar contínuo, se Cristo não for apenas um convidado, mas um personagem constante na vida dos pais, fi lhos e outros membros da família.

– Não apenas o vinho de Jesus é superior ao humano, mas todas as bênçãos espirituais que ele oferece. Fracassam aqueles que tentam preencher suas carências espirituais em outras fontes. O destino de quem busca as drogas, o sexo, o roubo ou qualquer outra fonte humana para satisfazer as ansiedades espirituais é triste e doloroso.

– Não podemos transformar nossa relação com Deus numa situação de mercado, em que só o buscamos em troca de benefícios que podem até ser comercializados. Nossa fé não é moeda de troca. Deus nos abençoa pela graça. Tudo o que recebemos de Deus nos vem de forma graciosa, e devemos transmiti-los de igual forma.

{ }{ }» A L I Ç Ã O{ }» A L I Ç Ã O» A L I Ç Ã O{ }» A L I Ç Ã O E M F O C O{ } E M F O C O{ }

As coisas podem não ter sido fáceis para você até agora. Entenda, entretanto, que um início tumultuado não é sinal de que sua vida inteira será assim. Tenha esperança de que dias melhores podem chegar. Afi nal, se o choro dura uma noite, a alegria pode vir pela manhã.

» P R A T O M A R U M A A T I T U D E

18. //ALUNO//ALUNO

»P

RA

CO

MEÇ

AR

O NOVO NASCIMENTO

É possível que uma igreja afaste as pessoas de Deus em vez de aproximá-las dele? É possível que um grupo de fi éis se torne pedra de tropeço em vez de braços na obra de Deus? É possível que uma comunidade de fé produza mais doenças do que benefícios na vida de seus membros? Infelizmente, em alguns momentos, essas perguntas pedem uma resposta positiva. É isso que aprendemos com as histórias do capítulo três de João. Um líder religioso que estava longe de Deus se torna um paradoxo da experiência de fé do povo de Deus. Paradoxos como esse ainda podem ser encontrados.

TEXTO BÍBLICO

JOÃO 3

TEXTO ÁUREO

JOÃO 3.16

3L I Ç Ã O

/ / E B D

.19//ALUNO

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

QUANDO A RELIGIOSIDADE SE TORNA UM IMPECILHOO capítulo 3 de João descreve o encontro de Jesus com Nicode-mos, um dos líderes religiosos dos judeus. Dentro deste Evan-gelho nada aparece por acaso. O próprio João dirá mais a fren-te que se fosse escrever tudo o que Cristo disse ou fez, nem todos os livros do mundo cabe-riam (Jo 21.25). É uma fi gura de linguagem para dizer que nem tudo o que Jesus falou, ensinou ou fez apareceu no seu livro. Muitas coisas fi caram de fora, e fi caram porque o evangelista escrevia com um critério em mente, só iria registrar o que fosse necessário para que seus leitores pudessem crer, e cren-do tivessem vida eterna.

Este é o princípio norteador que levou o escritor a defi nir as nar-rativas que comporiam o Quarto Evangelho. As histórias precisa-vam despertar a fé, que geraria a salvação.

É nesse contexto que devemos entender o registro do encontro de Nicodemos com Jesus. Ao lê-la, muito tempo depois, os leitores do Evangelho de João saberiam que os pastores de

» C O M E N T A N D O O T E X T O B Í B L I C O O T E X T O B Í B L I C O O T E X T O B Í B L I C O

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . » C O M E N T A N D O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . » C O M E N T A N D O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . » C O M E N T A N D O O T E X T O B Í B L I C O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O T E X T O B Í B L I C O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Israel se encontraram com Jesus e reconheceram sua origem celestial, mas os preconceitos e as tradições fortemente arrai-gados os afastaram do Mestre a tal ponto que se tornaram seus adversários.

Mas o que leva um sistema re-ligioso a afastar seus membros daquele a quem deveria adorar? Eram eles que deveriam honrar e adorar Jesus enquanto ele realizava seu ministério pela Palestina. O próprio evangelista precisou dizer que “ele veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam” (Jo 1.11). Ana-lisando a história agora, depois de tudo o que aconteceu, pode-mos dizer que o legalismo foi o principal responsável por essa que pode ser chamada a maior das crises do povo de Deus.

O legalismo é um exagero na expressão religiosa de um gru-po. O sábado, por exemplo, que deveria ser uma resposta de adoração a Deus pela criação, se transformou numas das mais di-fíceis regras religiosas judaicas. As regras que se amontoavam em torno dele impediam qual-quer pessoa comum de se mo-ver dentro dele sem transgredir

20. //ALUNO//ALUNO

alguns dos seus preceitos. Um desses preceitos obrigava os fi éis a só comerem ovos postos no sábado se a galinha que os botou fosse morta no dia se-guinte. Outro preceito impedia as pessoas de se movimenta-rem fora de suas casas acima de determinada distância, o que as impedia de ajudarem até mesmo seus amigos e parentes quando precisassem de ajuda. Durante uma batalha, no perío-do dos Macabeus, mais de 100 anos antes de Jesus nascer, um grupo de valentes judeus foram mortos porque se negaram a levantar suas espadas num dia de sábado.

Eles não eram simplesmente exagerados ou excêntricos. Eram legalistas, pessoas que imaginavam que alcançariam o favor de Deus se conhecessem e praticassem a lei e os preceitos que se avolumaram em cima dela.

Quem não conseguisse viver em função da lei era denominado de impuro. Essas pessoas eram forçadas a viver afastadas do templo, das sinagogas e das expressões de fé e culto regu-lares. Com isso, o sistema reli-gioso judaico oprimia e punia as pessoas mais simples, que não tinham condições de atingir os elevados preceitos religiosos, porque precisavam trabalhar num horário proibido ou porque simplesmente não conseguiam ler e conhecer a lei.

O que Jesus demonstrará com grande clareza no encontro com Nicodemos é que todo o conhecimento que ele tinha das ordenanças não era sufi ciente para salvá-lo. Somente a prática completa dos mandamentos poderia satisfazer a justiça di-vina. Mas essa via é impossível de ser trilhada. Ninguém pode cumprir cabalmente todos os mandamentos. Não há uma só pessoa que consiga cumprir a Lei de Deus do fundo do cora-ção. Se o afi rma, é mentirosa. Somente Jesus, o Deus-homem, o conseguiu.

Os judeus achavam que eram muito melhores que as pessoas mundanas e impuras pela sua herança religiosa e suas tradi-ções. Mas Jesus esclarece para Nicodemos que a salvação não pode vir das obras. Ela vem pela fé no Filho unigênito de Deus: “Por que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu fi lho unigênito para que todo aquele que nele crer não perece, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Nicodemos precisava nascer de novo. Sua vida inteira preci-sava ser mudada. E isso não é possível apenas com força de vontade ou com muita disposi-ção. Alguém pode pensar: “Eu vou mudar. De hoje em diante eu sou uma nova pessoa”. Isso é até possível quando o assunto é alguma alteração comportamen-tal, mas é impossível quando se trata de vida espiritual. Paulo

.21//ALUNO

dirá nas suas cartas que apenas aquele “que está em Cristo é uma nova criatura, as coisas antigas já passaram, e eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17).

O VERDADEIRO ESPÍRITO DE TESTEMUNHAJoão Batista foi um grande per-sonagem da história judaica. Certamente ele despertou gran-des esperanças no meio do povo quando apareceu. Inúmeras pes-soas eram atraídas pelas suas palavras fortes e contundentes sobre arrependimento e reino de Deus.

Seu ministério era um sucesso. Ho-mens, mulheres, crianças, pessoas de todos os lugares iam até seus pontos de pregação. Não eram lu-gares de fácil acesso. Mas mesmo assim cabeças se multiplicavam para ouvir aquele profeta anunciar a proximidade da intervenção de Deus.

Será que ele sentiu ciúmes quan-do seu primo, Jesus, fi lho de Maria, começou um ministério visando ao mesmo público que ele? Alguns dos seus discípulos

logo foram ouvir Jesus. Alguns nem chegaram a voltar, fi caram com o Nazareno. Outros voltaram reclamando que Jesus também estava batizando e atraindo pessoas que antes esta-vam com João.

É nesse momento que João de-monstrou seu grande espírito de entrega e abnegação à obra de Deus. Não importava que esti-vesse fazendo a obra, se ele ou Jesus, o importante é que a obra estava sendo feita. João não viu Jesus como um concorrente, mas como o alvo de sua pregação. Era para isso que ele tinha sido levantado por Deus: para apon-tar para Jesus, o Cordeiro que veio tirar o pecado do mundo.

As igrejas de hoje, junto com seus líderes e membros, preci-sam aprender com João Batis-ta. Não precisamos competir uns com os outros. Não somos concorrentes, mas parceiros no grande projeto de Deus de realizar sua vontade no mundo. Quando igrejas forem abertas, ministérios forem inaugurados, vamos dar nosso apoio, nosso incentivo e nossa oração.

22. //ALUNO//ALUNO//ALUNO//ALUNO//ALUNO

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . » P R A T O M A R U M A A T I T U D E

» A L I Ç Ã O E M F O C O

– A vida eterna só é alcançada pela fé em Cristo. Mesmo que alguém consiga esforçar-se até os limites da sua humanidade para cumprir todos os itens das ordenanças divinas, o estará fazendo por medo de punição ou por amor à recompensa, e não por livre disposição para obedecer. Justamente por isso, a salvação pelas obras é impossível para o ser humano.

– Grande parte da religião de alguns consiste em achar defeito nos outros. O ambiente de algumas igrejas, em vez de confortável e restaurador, tem se transformado em neurótico e destrutivo. Eventualmente, as igrejas obrigam as pessoas a mudar de vida e comportamento antes de participar da comunidade de fé. Dizem alguns para elas: “mude de vida primeiro, e depois participe conosco”. Não foi esse o apelo de Jesus, que chamava todos do jeito que estavam. Não é possível que uma pessoa mude para depois vir até Jesus. Ninguém consegue mudar de vida sem o auxílio de Jesus, por causa do seu coração pecaminoso. Somente ele pode promover o novo nascimento. E, a partir daí, naturalmente virá o novo comportamento.

{ }{ }» A L I Ç Ã O{ }» A L I Ç Ã O» A L I Ç Ã O{ }» A L I Ç Ã O E M F O C O

{ } E M F O C O

Nascer de novo signifi ca aceitar que uma vida sem Deus não é vida de verdade. Se as pressões sobre Nicodemos eram grandes em seus dias, as de hoje parecem ser ainda maiores. Está lançado o desafi o: independentemente das forças que querem afastar-nos de Deus, vamos escolher o caminho do Batista em vez da saída de Nicodemos.

.23//ALUNO