Licao Biblica - 282 - Jan-mar 2008 - Vidas Que Ensinam

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    JOSU

    RAABE

    SAN

    SO

    ABIGA

    IL

    GEAZI

    MARTA

    NAAM

    DOR

    CAS

    ABSALO

    JOANA

    JUDA

    S

    PRISCILA

    ANANIAS

    REVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BBLICAS N 282 JANEIRO/MARO 2008

    vidasqueensinam

    Porque tudo o que estnas Escrituras foi escrito para

    nos ensinar. (Rm 15:4)

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    Grfica e Editora A Voz do Cenculo

    J est disponvel aedio em espanhol do livro

    Os Dois Grandes Pontos:A Lei e o Sbado

    PEDIDOS PELO TELEFONE(11) 6955-5141

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    MISSO DA ESCOLA BBLICA

    Transformaraspessoas

    emdiscpulasdeCristo,

    atravsdoensinoedaprtica

    dapalavradeDeus.

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    Copyright 2008 Igreja Adventista da PromessaRevista para estudos na Escola Bblica. proibida a reproduo parcial

    ou total sem autorizao da Igreja Adventista da Promessa.

    DEPARTAMENTO DE EDUCAO E CULTURA RELIGIOSA

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    Pr. Jos Lima de Farias Filho

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    Pr. Otoniel Alves de Oliveira

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    Pr. Gensio Mendes

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    Dsa. Rute de Oliveira Santos

    REDAO

    Jornalista responsvel Pr. Elias Pitombeira de Toledo MTb. 24.465

    Autores desta srie Pr. Alan K. P. da Rocha Pr. Genilson Soares da Silva Pr. Jos Lima de Farias Filho Pr. Valdeci Nunes de Oliveira Dsa. Vilma de Oliveira Pimentel

    Redao e preparao Pr. Jos Lima de Farias Filhode originais Pr. Genilson Soares da Silva

    Reviso de textos Eudoxiana Canto Melo

    Editorao Farol Editorial e Design

    Seleo de hinos Dsa. Rute de Oliviera Soarese leituras dirias

    Capa Marcorlio Murta

    Atendimento e trfego Geni Ferreira LimaFone: (11) 6955-5141

    Assinaturas Informaes na pgina 104

    IMPRESSO

    Grfica RegenteAv. Paranava, 1.146 Parque Industrial BandeirantesFone: (44) 3366-7000 Maring PR

    EXPEDIENTE

    REDAO Rua Boa Vista, 314 6 andar Conj. A Centro So Paulo SP CEP 01014-030Fone: (11) 3104-6457 Fax: (11) 3107-2544 www.iapro.com.br [email protected]

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    SUMRIO

    vidasqueensinam

    JOSU Um homem obediente 8

    RAABE Uma mulher confiante 16

    SANSO Um homem vacilante 23

    ABIGAIL Uma mulher pacificadora 30

    GEAZI Um homem mudado 37

    MARTA Uma mulher atarefada 44

    NAAM Um homem poderoso 51

    DORCAS Uma mulher generosa 58

    ABSALO Um homem astucioso 64

    JOANA Uma mulher apoiadora 72

    JUDAS Um homem avarento 80

    PRISCILA Uma mulher cooperadora 88

    ANANIAS Um homem acolhedor 96

    1234

    56789

    10111213

    APRESENTAO 5

    ABREVIATURAS 4

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    ABREVIATURAS DE LIVROS DA BBLIAUTILIZADAS NAS LIES

    ANTIGO TESTAMENTO

    Gnesis Gnxodo ExLevtico LvNmeros NmDeuteronmio DtJosu JsJuzes JzRute RtI Samuel I SmII Samuel II SmI Reis I Re

    II Reis II ReI Crnicas I CrII Crnicas II CrEsdras EdNeemias NeEster EtJ JSalmos SlProvrbios PvEclesiastes Ec

    Cantares CtIsaas IsJeremias JrLamentaes LmEzequiel EzDaniel DnOsias OsJoel JlAms AmObadias Ob

    Jonas JnMiquias MqNaum NaHabacuque HcSofonias SfAgeu AgZacarias ZcMalaquias Ml

    NOVO TESTAMENTO

    Mateus MtMarcos McLucas LcJoo JoAtos AtRomanos RmI Corntios I CoII Corntios II CoGlatas GlEfsios EfFilipenses Fp

    Colossenses ClI Tessalonicenses I TsII Tessalonicenses II TsI Timteo I TmII Timteo II TmTito TtFilemon FmHebreus HbTiago TgI Pedro I Pe

    II Pedro II PeI Joo I JoII Joo II JoIII Joo III JoJudas JdApocalipse Ap

    ABREVIATURAS DE TRADUES E VERSESBBLICAS UTILIZADAS NAS LIES

    BLH Bblia na Linguagem de HojeRA Revista e AtualizadaRC Revista e CorrigidaNVI Nova Verso Internacional

    BV Bblia VivaBJ Bblia de JerusalmTEB Traduo Edumnica da BbliaNTLH Nova Traduo na Ling. de Hoje

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    APRESENTAO

    PESSOAS E MQUINAS

    grande o nmero de pessoas que lem a Bblia e a vem meramente como umconjunto de regras a serem obedecidas pelo ser humano. Essa percepo deficientesobre as Escrituras Sagradas v tambm a pessoa de Deus como um ser indiferente

    a sua criao; v, ainda, as pessoas como se fossem mquinas criadas unicamentepara cumprir ordens e tarefas programadas por seu Criador.Essa concepo v as pessoas como seres que no precisam de nada, no tm

    outras necessidades, a no ser serem alimentadas por doutrinas, princpios moraise regras comportamentais. Contudo, quando lemos a Bblia Sagrada com ateno,facilmente percebemos que ela trata acerca do Deus Criador e da forma comoele se relaciona com as pessoas que criou: ele se mostra, se apresenta, se revela ahomens e mulheres cheios de virtudes, defeitos, desejos, vontades.

    PESSOAS E DEUS

    Quando lemos a Bblia Sagrada com ateno, vemos Deus falando, trabalhan-do, encorajando, disciplinando, amando e castigando homens e mulheres.1Cadapessoa tratada por Deus com singularidade, seja negro ou branco, baixo ou alto,forte ou fraco, culto ou inculto. Antes de revelar suas verdades, Deus se revela s

    pessoas; antes de dar-lhes regras, mostra-se a elas. Primeiramente, ele se apresen-ta: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servido(x 20:2). Depois, revela seus princpios:No ters outros deuses diante de mim (x20:3). Esse o padro de relacionamento de Jesus com a sua igreja: ele se apresentaa ela, repreende-a e faz-lhe elogios, censuras e recomendaes (Ap 23).

    Quando lemos a Bblia Sagrada com ateno, constatamos que o Senhor Deusnunca v o homem como um crebro ambulante, mas como um ser que pensa,sente e tm vontade. Conquanto seja Deus soberano, cuja vontade sempre preva-

    lece, deu ao homem livre arbtrio para analisar, sentir e decidir sobre as questesda vida. por isso que a Bblia mostra homens e mulheres fracos que confiam emDeus e o adoram, e so usados por Ele (...) e poderosos deste mundo, que no con-

    1GARDNER, Paul. Quem Quem na Bblia Sagrada. So Paulo: Vida, 2002.

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    fiam no Senhor nem o adoram, despojados de seus tronos, quando Deus exerce suasoberana vontade.2Da mesma forma, a Bblia apresenta pessoas pecadoras sendoperdoadas, porque se voltaram com f para Deus, e pessoas sendo castigadas, porse recusarem at mesmo a ouvir os avisos sobre o juzo de Deus.3

    PESSOAS DA BBLIA E PESSOAS DE HOJE

    Ao ter contato com esta srie de estudos sobre personagens bblicos, o estudantelogo perceber que todos eles so pessoas pecadoras, e, por isso, se identificar comsuas qualidades e seus defeitos, constatando que os homens e as mulheres da Bbliaso como qualquer outro ser humano, em qualquer poca da vida. No obstante,

    ver, tambm, como Deus perdoou todos os que se arrependeram, e assim, temosesperana para ns mesmos, se tambm confiarmos em seu perdo e salvao.4Tudo isso produzir no estudante um conhecimento mais profundo do Deus queama, perdoa, salva o homem do castigo e o conduz eternidade junto consigo. 5

    Ao estudar sobre a vida deJosu,Raabe, Sanso,Abigail,Geazi,Marta,Na-am,Dorcas,Absalo,Joana,Judas,Priscila eAnanias, voc entender melhoro lugar de cada servo de Deus dentro dos propsitos divinos e da histria de seupovo;6 isso porque a melhor maneira de entender o relacionamento de Deus

    com os seres humanos estudando os homens e as mulheres [da Bblia] em suacomunho com Deus.7Por outro lado, talvez uma das formas mais eficientes dese ter uma viso geral das Escrituras Sagradas seja atravs da vida dos homens edas mulheres que viveram as experincias escritursticas; afinal, a histria dessagente tambm nos d experincia com a Bblia. Quando lemos, na Bblia, o queaconteceu com nossos semelhantes, entendemos, com mais clareza, a batalha quese trava ao nosso redor, em nossa alma, em nossa busca por Deus.

    Desta forma, garantido ao estudante que, se se envolver com esta srie de es-

    tudos, ter ricas experincias com o Deus das pessoas com quem ele se relacionouno passado, incluindo, entre essa gente, pacificadores e guerreiros, santos e mar-ginais, reis e camponeses, profetas e rebeldes (...), homens reais cujas dificuldadese vitrias muitas vezes espelham nossa prpria luta para crer e obedecer.8E mais:

    2Idem.3Idem.4Idem.5Idem.6Idem.7Idem.8SPANGLER, Ann e WOLGEMUTH, R.Eles: 54 homens da Bblia que marcaram a histria dopovo de Deus. So Paulo: Mundo Cristo, 2004.

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    voc vai poder apreciar melhor como o Senhor trabalha na vida dos indivduos etambm obter maior apreciao da natureza e carter dele.9

    Portanto, a esperana do Departamento de Educao e Cultura da IgrejaAdventista da Promessa que estes estudos bblicos lhe possibilite se envolver

    com as verdades que enchem as pginas da Bblia.Os responsveis por esta pu-blicao esto seguros de que, ainda que as pessoas da Bblia tenham vivido numtempo e numa cultura extremamente diferentes dos nossos, suas perspectivas,

    vitrias, derrotas e paixes so notavelmente similares s que voc e eu experi-mentamos todos os dias.10

    Toda honra e glrias sejam dadas a Jesus Cristo!

    Pastor Jos Lima de Farias Filho

    Diretor do DEC

    9 Idem.10Idem.

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    LEITURA DIRIA

    TEXTO BSICO:Seja forte e corajoso, porque voc conduzir este povo para herdara terra que prometi sob juramento aos seus antepassados. ( Js 1:6 NVI)

    INTRODUO:Mais conhecido como o sucessor de Moiss, na liderana dopovo de Israel, Josu , sem dvida, um dos personagens mais interessantes de todaa Bblia. Sua histria tem muito a nos ensinar. Ele foi um exemplo de servo deDeus e um excelente lder; foi considerado um heri da f e sua trajetria marcadapor inmeras vitrias e conquistas. Portanto, o estudo de hoje objetiva analisar umpouco de sua vida e sua obra, a fim de extrairmos lies importantes para nossas

    vidas. Veremos que ele confiava em Deus. Isso o fez destacado, em meio a umagerao desobediente; e, por conta disso, Deus o escolheu para pastorear o povo deIsrael, conduzindo-o conquista da terra prometida.

    A lio de hoje nos mostrar que, se desejamos agradar a Deus e ter uma vidacrist vitoriosa, devemos seguir o exemplo de Josu.

    I O QUE A BBLIA DIZ SOBRE JOSU

    Josu era filho de Num, da tribo de Efraim; nasceu no Egito, por volta do ano

    1.405 a.C., quando o seu povo ainda era escravo ali (x 1:12-14); cresceu nutrindoa esperana de que o Deus de seus antepassados os libertaria da mo opressora doterrvel Fara. Ainda moo, teve o privilgio de ver este sonho se realizar. Ele pre-senciou e participou de todos os acontecimentos relacionados ao xodo. Todavia,aparece de forma mais notvel na primeira batalha que Israel precisou enfrentar,

    Autor:Pr. Alan K. Pereira da Rocha

    15JANEIRO2008

    jOSUUm homem obediente

    Hinos sugeridos: BJ 223 CC 346 / BJ 146 CC 349

    OBJETIVO

    Domingo, 30 de dezembro: Js 1:1-9Segunda, 31: Ex 17:8-16Tera, 1 de janeiro: Nm 14:5-10Quarta, 2: Nm 14:26:30

    Quinta, 3: Nm 27:18-23Sexta, 4; Js 5:13-15Sbado, 5: Js 6:1-21

    Mostrar, atravs da histriade Josu, a importncia de seconfiar em Deus e ser fiel a suapalavra, pois nisto que consisteuma vida crist vitoriosa.

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    num lugar chamado Refidim, contra os amalequitas, que eram um grupo de n-mades ferozes e vorazes. Neste conflito, enquanto Moiss, no monte, com o apoiode Aro e Hur, intercedia a Deus, ininterruptamente, pelo povo, Josu combatia osinimigos no vale. Como resultado, Josu derrotou completamente os amalequitas(x 17:8-16). Este o primeiro registro bblico sobre Josu.

    Na caminhada pelo deserto, Josu logo se tornou assistente direto de Moiss, comquem aprendeu a amar a Deus, de modo leal e fiel. Ele foi a nica pessoa autorizadaa subir com Moiss ao Monte Sinai, para receber os dez mandamentos (x 24:13,32:17). Na Tenda da Aliana, enquanto o lder conversava com Deus, para transmitir amensagem ao povo, Josu, ainda jovem, ficava porta, montando guarda (x 33:11). Deacordo com o dicionarista bblico J. D. Douglas, este perodo de proximidade e convi-

    vncia com Moiss foi extremamente importante para a formao do carter de Josu,pois eleaprendeu a esperar no Senhor e nos anos que se seguiram, algo da pacincia e

    da mansido de Moiss certamente foi tambm adicionado ao seu valor pessoal1.Quando foi escolhido um membro de cada uma das doze tribos para espiar

    a terra de Cana, Josu foi o eleito da tribo de Efraim. S que seu nome noera Josu, mas, sim, Osias (Nm 13:8). Foi Moiss quem mudou o nome deOsias que significa salvao para Josu que significa Iav a Salvao(Nm 13:16). Na verdade, o que Moiss fez no foi, propriamente, uma troca denome, mas um acrscimo de nome. Ele apenas acrescentou o nome do Deus daaliana (Yahweh) ao nome Osias. Com isso, Moiss estava lhe ensinando uma

    importante lio: com a sua dependncia e a sua esperana depositadas em Deus,vitrias seriam alcanadas. Com o poder de Deus, inimigos poderosos seriamtombados, cidades fortificadas seriam conquistadas.

    A prtica dessa atitude de confiana em Deus vista claramente em Josu,quando ele e mais onze homens foram enviados para inspecionar e examinar nosomente a terra, mas tambm o povo de Cana. Aps quarenta dias de reconhe-cimento, os espias retornaram e relataram que a terra era realmente muito boa,manava leite e mel; todavia, dez deles vieram bastante desanimados, quanto con-

    quista daquele territrio, alegando que os seus habitantes eram mais fortes que osisraelitas e aconselhando o povo desistncia:E, diante dos filhos de Israel, infama-ram a terra que haviam espiado(Nm 13:32a). Disseram que a terra pelo meio da qualpassamos a espiar terra que devora os seus moradores; e todo o povo que vimos nela sohomens de grande estatura(Nm 13:32b). Somente Josu e seu amigo Calebe, numato de coragem e f, insistiram em confiar em Deus para aquela conquista.

    O povo preferiu acreditar nos medrosos; revoltou-se contra Moiss e Aro. Arevolta foi to grande, entre os israelitas, que se discutiu a escolha de um coman-

    dante que os levasse de volta ao Egito. Eles no queriam mais seguir o comando deMoiss. Em meio aquele motim, Moiss se prostrou em orao, diante de Deus, e

    1 DOUGLAS, J. D. (Editor Geral). O Novo Dicionrio da Bblia. So Paulo: Vida Nova,1995, p. 869.

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    Josu, filho de Num, e Calebe, filho de Jefon, dois dos lderes que haviam espionado a terra,rasgaram as suas roupas em sinal de tristeza(Nm 14:6 NTLH). A seguir, Josu e Ca-lebe fizeram um discurso inflamado e veemente, instando os israelitas a confiaremna vitria de Deus:... no temais o povo dessa terra, porquanto, como po, os podemosdevorar; retirou-se deles o seu amparo; o SENHOR conosco; no os temais(Nm 14:9b).O povo, porm, no lhes deu ouvido. No fosse a manifestao da glria do Senhor,na tenda da congregao, os dois teriam sido violentamente apedrejados.

    Deus reagiu a isso tudo com muito furor; declarou que nenhum homem daque-la gerao que sara do Egito entraria na terra prometida, exceto Josu e Calebe.O Senhor declarou, ainda, que iriam peregrinar no deserto, durante quarenta anos,um ano para cada dia da misso dos espies (Nm 14:26-35). Muito tempo depois,quando Moiss estava prestes a morrer, preocupando-se com a liderana do povo,pediu um sucessor a Deus, que escolheu Josu:... chame Josu, filho de Num, homem

    em quem est o Esprito, e imponha as mos sobre ele. Ao impor as mos sobre Josu,Moiss estaria lhe concedendo autoridade e lhe transferindo responsabilidades.Aps isto, Deus pediu a Moiss que levasse Josu ao sacerdote Eleazer e a toda acomunidade e o comissionasse na presena deles; desse-lhe parte da sua autorida-de para que toda a comunidade de Israel lhe obedecesse (Nm 27:18-20).

    Assim como o Senhor Deus ordenou, Moiss obedeceu, e, de modo solene e p-blico, investiu Josu com autoridade sobre o povo, como seu sucessor. Aps a mortede Moiss, coube, ento, a Josu a desafiadora tarefa de conquistar a terra prome-

    tida. Quando isso ocorreu, ele tinha, provavelmente, 70 anos de idade.2

    Na leiturado primeiro captulo do livro de Josu, temos a sensao de que, com a ausncia deMoiss, todo o povo fora tomado de muita tristeza e muito desnimo. O prprio

    Josu se deixou abater pela perda do amigo e lder. O servo do Senhor morrera, mashavia muita coisa a ser feita. Deus, ento, disse a Josu:... dispe-te, agora, passa esteJordo, tu e todo este povo, terra que eu dou aos filhos de Israel (Js 1:2).

    A misso no seria fcil, mas Josu no estaria sozinho. Deus lhe garantiu a suapresena pessoal e constante, dizendo:Assim como estive com Moiss, estarei com voc,

    nunca o deixarei, nunca o abandonarei. Algum j disse que a presena de Deus amelhor das bnos, porque inclui todas as outras. Nada inspira mais as pessoas quea promessa e a garantia da companhia divina. Assim, todas as vezes que a empreitada gigante e complexa, o Senhor faz questo de enfatizar queles que so chamados arealiz-la a garantia da sua presena (x 3:12; Jr 1:8; Mt 28:29), sem a qual ningumpode ser bem-sucedido. As palavras animadoras de Deus continuam: Seja forte e cora-joso, porque voc conduzir este povo para herdar a terra que prometi (...). No se apavore,nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estar com voc por onde andar( Js 1:5,6,9).

    Em sua misso de conquistar a terra de Cana, Josu deveria estar o tempo todoatento lei do Senhor. O livro da Lei do Senhor deveria ser estudado, meditado,cumprido e ensinado por Josu:

    2Ibdem.

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    To-somente s forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo todaa lei que meu servo Moiss te ordenou; dela no te desvies, nem para a direitanem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares.No cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para quetenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele est escrito; ento, farsprosperar o teu caminho e sers bem-sucedido.

    Quando olhamos para a histria desse lder, vemos que cumpriu esse man-damento. Sua relao com a palavra de Deus era de confiana e obedincia, e,certamente, era esse o segredo de suas vitrias.

    Apesar da manifesta aprovao de Deus, Josu ainda no desfrutava da com-pleta confiana do povo. Ainda precisava provar que Deus estava com ele, e oprimeiro teste foi a travessia do rio Jordo (Js 3:1). Seguindo a orientao di-

    vina, colocou os sacerdotes para irem frente do povo com a Arca da Aliana,

    que representava Deus adiante do seu povo, preparando o caminho. Quando ossacerdotes tocaram os ps nas guas, elas se partiram, formando uma grandebarreira de conteno, e todo Israel, a p enxuto, atravessou o Jordo e entrou naterra prometida: Naquele dia o Senhor exaltou Josu vista de todo o Israel; e eles orespeitavam enquanto viveu, como tinham respeitado Moiss( Js 4:14).

    Seu desafio, agora, era conquistar a fortificada Jeric, com seus enormesmuros. Essa cidade era importante por seu tamanho, sua riqueza, mas eratambm um empecilho entrada dos israelitas na terra prometida. Aquela

    batalha estava alm das possibilidades humanas disponveis. Josu precisavade ajuda, e buscou em Deus. O Senhor, ento, falou-lhe como devia organizaro seu exrcito para tomar Jeric. Ele, um estrategista militar j experiente,ficou surpreso com as orientaes que o Senhor lhe deu para o ataque: cidaderodeada, sacerdotes com trombetas tocando, e gritos! Seria isso possvel? Noentanto, Josu aprendera a confiar e obedecer; acatou a ordem de Deus e acumpriu, e todos viram um grande milagre acontecer: as muralhas ruram eIsrael foi vitorioso naquele dia.

    O prximo passo, ento, era conquistar a pequena cidade chamada Ai.Aquela batalha parecia ser fcil demais, que nem precisava consultar ao Se-nhor. Menosprezando o inimigo, enviaram apenas trs mil homens, menos dedez por cento do que podia ser enviado. Qual foi o resultado? Tiveram umaderrota humilhante; perderam vrios homens (Js 7:3-5). Muito entristecido,

    Josu orou, buscando entender aquele fracasso, e o Senhor lhe mostrou acausa: havia pecado no meio do povo (Js 7:11). Um homem chamado Ac,na batalha contra Jeric, havia desobedecido ordem divina e apoderou-se,

    indevidamente, de objetos de valor. Ento, no vale Acor, Ac e sua famliaforam mortos e queimados com seus pertences e com os objetos roubados.Logo aps, Josu e seu exrcito invadiram a cidade de Ai e, com uma excelen-te estratgia militar, venceram facilmente.

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    Muitas outras batalhas foram enfrentadas e vencidas pelo povo de Israel. Contudo,o xito de Israel era sempre pelo poder do Alto, e no pelo prprio poder ou habili-dade do povo.3Ao final das muitas batalhas, Josu, j bem velho, rene todo o povo,em Sil, e, ali, estabelece o santurio nacional e faz a diviso oficial das terras. Todavia,o Senhor lhes afirma:Ainda resta muita terra para conquistar (Js 13:1). Esta afirmaodivina sugere que o processo histrico de conquista de Cana foi mais complicado doque costumamos imaginar.4A caminhada ainda prosseguia. A conquista completa e opovoamento das terras dependiam da iniciativa de cada tribo. Josu, ento, aconselhouo povo a ser fiel, de modo a poder herdar o restante das terras, e o alertou sobre a ira doSenhor, caso desobedecessem aos seus mandamentos. Josu era o pastor daquele povo(Nm 27:17) e, enquanto pde, sempre o exortou a se manter firme diante do Senhor.

    O ltimo ato pblico deste heri da f encontra-se no livro de Josu 23 e 24,quando ele reuniu todas as tribos em Siqum, a fim de fazer uma renovao da

    Aliana, pois, naquele momento, todos j possuam suas terras e muitos delesestavam se esquecendo e se afastando de Deus. Josu fez lembrar aos israelitastudo o que Senhor havia feito por eles e as promessas a seus antepassados, queestavam se cumprindo em suas vidas. Portanto, era necessrio tomar uma deciso:escolher ao Senhor ou aos outros deuses pagos. Os ltimos conselhos de Josuconsistiram no desafio emocionante de escolherem o Deus Todo-Poderoso, queos libertara do Egito e os introduzira naquela terra abenoada. Josu lhes mos-trou, ainda, os perigos e os riscos de servirem aos falsos deuses. Ele apelou: Agora

    temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade... se, porm no lhes agradaservir ao Senhor, escolham hoje a quem iro servir (...). Mas eu e a minha famlia ser-viremos ao Senhor( Js 24:14-15). O povo deveria fazer uma deciso de amor, nopor fora, nem por obrigao, por que o amor a base da verdadeira adorao.Naquele dia, Israel escolheu servir ao Senhor.

    Josu foi fiel at o fim e faleceu aos 110 anos de idade; foi sepultado em suaprpria terra (Js 24:28-30). Ele deixou uma linda histria a ser contada, de umhomem que confiou em Deus, que nascera escravo e tivera um sonho de liberdade,

    tornara-se livre, heri e lder de uma grande nao.1. Com base em x 17:9-10, 24:13, 33:11; Nm 13:8,16, responda:

    Quem era Josu e o que podemos dizer sobre sua infncia e sua juventude?Qual o significado do seu nome?

    3WILKINSON, Bruce & BOA, Keneth. Descobrindo a Bblia. So Paulo: Candeia, 2000, p. 57.4CHOURAQUI, Andr. Os Homens da Bblia. So Paulo: Companhia das letras, 1990, p.38.

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    2. Leia Nm 13:1,2,26-31, 14:6-9 e responda: Qual era a diferena de Josu eCalebe para os outros dez espias?

    3. Aps ler Js 1:8, responda: Alm da misso de conquistar a terra de Cana, queincumbncia adicional recebeu Josu do Senhor Deus? Como isso se refletiuem seu ministrio?

    4. A vida de Josu marcada pela obedincia e pela confiana no Senhor.Comente como essas duas atitudes se manifestaram em suas vitrias: natravessia do rio Jordo (Js 3:1-17) e na conquista de Jeric (Js 6:1-21),e como foi, tambm, crucial para a derrota na cidade de Ai (Js 7:1-4).

    II LIES DA VIDA DE JOSU

    1. A vida de Josu nos ensina a importncia do aprendizado.Sem dvida, muito do que foi Josu deve-se ao aprendizado que recebeu deMoiss, quando era o seu auxiliar. Segundo Clasen5, suas aes e qualidades evoca-

    vam as de seu predecessor, pois seguia as suas pegadas. Como bom aprendiz, Josureunia, em si, muitas das atitudes exigidas para aqueles que desejam ser discpulosde Jesus (Mc 8:34; Jo 8:31): disposio a aprender, entrega, obedincia, compro-misso, humildade, entre outras. Aquele que muito maior do que Moiss disse:...aprendei de mim, que sou manso e humilde de corao(Mt 11:28).

    Ento, a exemplo de Josu, devemos estar prontos a aprender de nosso mestre.Outra importante fonte de aprendizado para Josu era o livro da lei do Senhor(Js 1:8), a leitura dele e a obedincia aos mandamentos nele contidos foi fatordeterminante para o sucesso deste servo de Deus.

    5. Leia o comentrio e responda: De que modo a vida de Josu nos ensina aimportncia do aprendizado?

    5 CLASEN, Jaime (Editor em portugus). Quem quem na Bblia. Rio de Janeiro: ReadersDigest, 2005, p. 248.

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    2. A vida de Josu nos ensina que Deus pode mudar nossa histria.Ao olharmos a trajetria abenoada de Josu, devemos lembrar que ele no

    teve um incio fcil: nasceu sob o jugo de Fara e, como escravo, no tinhaperspectiva alguma de futuro, a no ser a espera de um milagre. E o milagreaconteceu! Pelas fortes mos do Senhor, ele e seu povo foram libertos do Egito.Logo foi colocado como comandante do exrcito israelita e, tempos depois, foiescolhido pelo prprio Deus para liderar todo o Israel, na conquista de Cana.

    Tornou-se, ento, um heri para seu povo e saiu da posio de escravo para a delder de uma grande nao. Assim como Deus mudou a vida deste personagem,transformando-o em um vencedor, pode mudar a nossa. No existe problemainsolvel para o nosso Deus e nem h situao que ele no possa mudar. Ento,devemos agir como Josu: entregar nossa causa ao Senhor e mantermo-nos fiis Palavra, confiantes em suas promessas.

    6. Com base em Js 1:1-9 e no comentrio, responda: O que aprendemos comJosu, no que diz respeito realizao de nossos sonhos e transformaode nossa histria?

    3. A vida de Josu nos ensina a importncia de sermos confiantes.A palavra de Deus nos diz que os queconfiam no Senhor so como o monte Sio,que no se pode abalar, mas permanece para sempre (Sl 125:1). Este texto expressamuito bem a vida e a obra de Josu. Entre as suas muitas qualidades, a que muitose ressaltava era a confiana no Senhor. Ele sabia que o Deus de Israel era a razode seu sucesso, em todos os combates. Essa era a diferena entre ele e os outros dezespias de Cana (Nm 13:26-31). Estes, embora tivessem sado do Egito, em seuscoraes, no eram realmente livres; por isso, no primeiro desafio, ficaram apavo-

    rados; escolheram desistir e voltar atrs. Por outro lado, Josu teve uma atitude def, por que, em sua vida, estava o Esprito de Deus (Nm 27:18).O crente cheio do poder de Deus confiante, no se abala com facilidade, no

    desiste diante de desafios e provaes, mas ousado na f, pronto a viver uma tra-jetria de conquistas na caminhada espiritual. Assim como Josu foi perseveranteat a conquista da Terra Prometida, ns tambm devemos estar firmes, at nossaentrada na ptria celestial.

    7. Aps ler Sl 125:1; Nm 14:6-9; Js 1:6, responda: Como a vida de Josu nosensina a importncia de sermos confiantes?

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    CONCLUSO:Josu foi exemplo, como servo de Deus e como lder. Sua vidatransmite-nos f e esperana, mostra-nos que vale a pena confiar no Senhor eobedecer a sua Palavra, porque, assim como Deus abenoou a Josu, desde a sadado Egito, at a entrada na terra prometida, tambm estar conosco, abenoando ecumprindo todas as suas promessas em nossas vidas.

    Peamos, portanto, ao Senhor Deus, que tenhamos a mesma firmeza de pro-psito, perseverana, franqueza e deciso que encontramos em Josu, pois, agindodesta forma, seremos vencedores como ele foi. Assim como ele prevaleceu, diantede todos os desafios e alcanou seu principal objetivo, que era a terra quemanavaleite e mel, do mesmo modo, ns prevaleceremos, at a volta de Cristo, quandoentraremos na Cana celestial.

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    Autor:Pr. Genilson Soares da Silva

    LEITURA DIRIA OBJETIVO

    212JANEIRO2008

    RAABEUma mulher confiante

    Hinos sugeridos: BJ 337 HC 459/ BJ 74 CC 375

    TEXTO BSICO: Raabe subiu ao terrao e disse a eles: Eu sei que o SENHORdeu esta terra a vocs, os israelitas. O Deus de vocs, o SENHOR, Deus l em cima nocu e aqui em baixo na terra. ( Js 2:8a-9a,11b NTLH)

    INTRODUO:A lio de hoje gira em torno da vida de Raabe, a pros-tituta cuja histria narrada nos captulos dois e seis do livro de Josu. Oque uma mulher que teve uma vida imoral pode nos ensinar? Ela pode nosensinar o modo certo de se confiar em Deus! Parece chocante, mas verdade.Raabe um incrvel exemplo de confiana em Deus. H, no Novo Testamen-to, dois extensos, instrutivos e valiosos captulos a respeito da f (Hb 11; Tg2). Em ambos captulos, a f autntica conceituada e exemplificada. Sabequem tambm citada nestes captulos, como exemplo de f autntica? Raa-be. Diante disso, vale a pena prestar ateno no que a Bblia tem a nos dizersobre a vida desta mulher.

    I O QUE A BBLIA DIZ SOBRE RAABEPor ordem de Deus, Josu assumiu o lugar e a misso de Moiss de levar o povo

    para tomar posse da to sonhada e desejada Cana. Deus disse a Josu:Moiss, meu

    servo, morto; dispe-te, agora, passa este Jordo, tu e todo este povo, terra que eu douaos filhos de Israel. No era nada fcil para Josu assumir o lugar de Moiss. Nunca fcil substituir lderes notveis e tementes a Deus. Ele, porm, no tinha razopara temer nem para tremer, pois Deus garantira a vitria: Voc nunca ser derrota-do. Eu estarei com voc como estive com Moiss. Nunca o abandonarei. Ento, depois de

    Domingo, 6:Js 2:1-16Segunda, 7: Js 1:17-24Tera, 8: Js 6:22-25Quarta, 9:Mt 1:5-6

    Quinta, 10: Hb 11:31;Mt 24:13Sexta, 11: Tg 2:24-26Sbado, 12: Tt 2:14; Pv 4:18

    Mostrar ao estudantedas Escrituras Sagradas quea confiana em Deus precisaser afirmada, mostradae guardada.

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    ser grandemente encorajado pelo Senhor, Josu tomou as primeiras providnciaspara a conquista da Palestina Ocidental.

    No mais absoluto sigilo, Josu enviou dois homens a Jeric. Esta misso foi cui-dadosamente mantida em segredo, at mesmo dos israelitas, para que uma possvelcirculao de um relatrio desfavorvel no desanimasse o povo. Os espias deve-riam examinar bem a terra, especialmente a cidade de Jeric. Josu precisava de infor-maes detalhadas a respeito da identidade e do territrio do inimigo. Elesforam,pois, e entraram na casa de uma mulher prostituta, cujo nome era Raabe, e pousaram ali.Muitos afirmam que Raabe no era uma prostituta, mas, sim, uma estalajadeira,isto , algum que administra uma estalagem. Isto, porm, muito improvvel,porque a palavra hebraica traduzida por prostituta znah que, normalmente, empregada para descrever uma prostituta comum.

    Mesmo tendo tomado medidas de precauo, a chegada daqueles homens

    cidade de Jeric foi percebida pela populao, que estava bastante vigilante. O reifoi imediatamente informado da presena dos israelitas:Eis que, esta noite, vieramaqui uns homens dos filhos de Israel para espiar a terra.Cana, durante esse perodo,no possua nenhum governo centralizado. Ao invs disso, tinha um sistema deorganizao poltica de cidades-estados. Os governantes dessas cidades so cha-mados de reis, no livro de Josu. To logo soube disso, ele mandou um grupo debusca casa de Raabe para prend-los. Eles disseram: Os homens que esto na suacasa vieram para espionar toda a terra! Traga esses dois para fora!

    Raabe escondeu os dois israelitas, e mentiu para os homens que o rei lhe mandara,dizendo que eles j haviam ido embora. A mentira oportuna de Raabe foi um pecadode fraqueza de algum, cuja conscincia estava comeando a ser despertada das tre-

    vas do paganismo. Uma pessoa de f desenvolvida aprende a responder sem mentir.1Ao proteger esses homens, ela estava arriscando sua prpria vida. Ela no precisavafaz-lo, pois, ao que parece, eles no a ameaavam. Pelo tipo de vida que levava, serianatural que fizesse o que fosse mais fcil e seguro para ela, e isto implicaria, primeira

    vista, entregar os homens para que fossem punidos.Ela, porm, os fizera subir ao eirado e

    os escondera entre as canas do linho que havia disposto em ordem no eirado( Js 2:6).Ento, os soldados saram em busca dos espies, at chegarem parte rasado rio Jordo. Antes que os espies dormissem, Raabe foi falar com eles, edisse-lhes: Bem sei que o SENHOR vos deu esta terra, e que o pavor que infundiscaiu sobre ns, e que todos os moradores da terra esto desmaiados( Js 2:9). Raabe eos demais moradores de Jeric estavam bem informados a respeito das pode-rosas intervenes de Deus. Como ele secara o Mar Vermelho, a fim de que osisraelitas pudessem escapar dos feitores de escravos egpcios. Como lhes dera

    1 PFEIFFER. Charles F. e HARRISON, Evereste F. (Editores). Comentrio Bblico Moody. SoPaulo: Imprensa Batista Regular, 1984, volume 02, p. 6.

    2 SPANGLER, Ann. & SYSWERDA, Jean.Elas: 52 mulheres da Bblia que marcaram a histriado povo de Deus. So Paulo: Mundo Cristo, 2003, p. 102.

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    vitria na batalha contra Seom e Ogue, dois reis dos amorreus.2Ela aindaafirma: quando ouvimos essas coisas, perdemos a coragem e todos ns f icamos commuito medo por causa de vocs(Js 2:11a).

    Aps admitir que o Deus de Israel Deus soberano, que controla os eventoscelestiais e terrenos, Raabe suplicou por misericrdia: Agora, pois, jurai-me, vospeo, pelo SENHOR que, assim como usei de misericrdia para convosco, tambm delausareis para com a casa de meu pai (Js 2:12a). Este seu pedido evidencia o quanto ocorao daquela prostituta era amoroso. Ela no pensou apenas na sua prpria sal-

    vao, mas se importou, tambm, com a salvao de seus familiares e parentes. Elabem poderia ter proposto um acordo de livramento pessoal, ou, talvez, at mesmoter fugido com os espias, deixando Jeric entregue destruio. Porm, pediu pelafamlia: Salvem o meu pai, a minha me, os meus irmos e as minhas irms e as famliasdeles. No deixem que nos matem ( Js 2:13 NTLH).

    Os espias prometeram prostituta que seus familiares no seriam aniquilados,desde que ela observasse trs medidas de cooperao e precauo. Ela deveria amar-rar um cordo vermelho na janela ( Js 2:18a), reunir toda a sua famlia dentro da casae mant-la ali ( Js 2:18b), e guardar segredo, quanto ao combinado com os espias ( Js2:20). Qualquer que faltasse com a observao dessas medidas seria responsvel pelasua prpria morte. Depois de ouvir todas estas condies, Raabe disse aos espias:Segundo as vossas palavras, assim seja( Js 2:21a). Assim que os despediu, Raabeatou ocordo de escarlata janela(Js 2:21b). Ela creu e agiu!

    Os espias, ento, seguindo orientaes da prostituta, seguiram para as monta-nhas circunvizinhas, onde permaneceram trs dias, escondidos. Enquanto isso, ossoldados do rei os procuravam por toda aquela regio. No conseguindo localiz-los, voltaram para Jeric. To logo viram que no corriam mais risco de serempresos, os dois espias voltaram para junto de Josu. Passaram para ele as informa-es que puderam colher, sobretudo, a notcia de que o pnico se alastrava entre oshabitantes de Jeric. E terminaram o relatrio com uma declarao de confiana:Estamos certos de que o SENHOR nos deu toda esta terra. Todo mundo aqui est mor-

    rendo de medo de ns( Js 2:24 NTLH).No dia seguinte, o povo partiu de Sitim para atravessar o Jordo e entrar em Ca-na. Por uma ao de Deus, as guas do Jordo se abriram para o povo passar paraoutro lado. A notcia da travessia milagrosa espalhou-se rapidamente. Assim queos reis amorreus,que habitavam deste lado do Jordo, ao ocidente, e todos os reis dos ca-naneus que estavam ao p do mar, ouviram dizer que o SENHOR tinha secado as guasdo Jordo, de diante dos filhos de Israel, at que passassem; desmaiou-se-lhes o corao,e no houve mais alento neles, por causa dos filhos de Israel(Js 5:1). O Senhor estava

    dando a terra a Israel, e, perante a sua poderosa mo, ningum podia resistir.Josu estava ao p de Jeric, a cidade cananita mais prxima de Gilgal. Podiaver as fortificadas muralhas da cidade, que, aparentemente, eram inconquistveis.Possivelmente, imaginava como haveria de tom-las. De repente, um visitante so-brenatural apareceu-lhe. Ele viu um homem com uma espada na mo parado na

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    sua frente. Josu se aproximou rapidamente dele, perguntando:s tu dos nossos oudos nossos adversrios? Aquele homem identificou-se como sendo o prncipe doexrcito do Senhor. Esta viso, sem dvida, foi um encorajamento para Josu; ser-

    viu para lembrar-lhe de quem seria o verdadeiro comandante naquela campanhamilitar. Logo depois dessa viso, disse o SENHOR a Josu: Olha, entreguei na tuamo Jeric, o seu rei e os seus valentes (Js 6:2).

    Deus ordenou a Josu que fizesse os homens de guerra de Israel rodearem a cida-de, cercando-a uma vez, e isto por seis dias. Sete sacerdotes, marchando frente daarca da aliana, levariam consigo sete trombetas. No stimo dia, os homens rodea-riam a cidade sete vezes, os sacerdotes tocariam as trombetas e o povo todo gritariacom grande grito. Ento, disse o Senhor:... o muro da cidade cair abaixo, e o povosubir nele ( Js 6:2-5). E foi assim que se deu a queda de Jeric. Deus ordenou a Israelque destrusse totalmente a cidade e a tudo o que nela houvesse, incluindo sua popu-

    lao:Tudo quanto na cidade havia destruram totalmente a fio de espada, tanto homenscomo mulheres, tanto meninos como velhos, tambm bois, ovelhas e jumentos ( Js 6:21).Raabe havia feito tudo que os espias tinham dito. O cordo vermelho estava

    amarrado na janela. E os seus familiares? Tambm estavam todos reunidos emsua casa.O clima era de apreenso e agitao, pois, a qualquer momento, Jericseria invadida e arrasada. O povo de Israel j havia atravessado, milagrosamente, o

    Jordo. Os portes da cidade estavam rigorosamente fechados. Ningum saa nementrava. Raabe vivia numa casa sobre o muro de Jeric. Da janela, podia detectar

    qualquer movimentao externa. Foi dali que Raabe notou cerca de uns quarentamil homens de guerra armados (Js 4:13), que marchavam uma vez ao redor dacidade. Com eles, havia outros sete que tocavam trombetas de chifre de carneiro.No se ouvia nenhuma palavra; somente o barulho das trombetas.

    Por seis dias, Raabe assistiu quela mesma cena. No stimo dia, ainda muitocedo, Raabe observou aqueles homens marchando ao redor da cidade novamente.Desta vez, porm, eles no marcharam uma nica vez, mas sete vezes. Na stima

    vez, quando as trombetas foram tocadas, ela ouviu tambm o povo gritando. De

    repente, Raabe sentiu um forte tremor. Era o tremor da queda da muralha deJeric. Dificilmente se poderia creditar uma vitria ao exrcito que s fez marcharem crculos e gritar. Mas foi assim que se deu a queda de Jeric. Todos subiram,entraram na cidade e a tomaram. A cena que se seguiu era horrvel: pessoas e ani-mais sendo destrudos pela espada dos israelitas.

    De repente, os mesmos espias que haviam sido salvos por Raabe, apareceramem sua casa de novo. A misso deles fora dada por Josu: Entrai na casa damulher prostituta e tirai-a de l com tudo quanto tiver, como lhe jurastes (Js 6:22).

    Eles foram e fizeram sair Raabe, o seu pai, a sua me, os seus irmos e o restanteda famlia. Tiraram todas as pessoas da casa e colocaram-nas do lado de forado acampamento israelita. Depois, incendiaram a cidade inteira e tudo o quenela havia. A histria de Raabe, porm, no acaba aqui. Ela viveu em Israel peloresto de seus dias; casou-se com Salmon, quefoi pai de Boaz, e a me de Boaz foi

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    Raabe. Boaz foi pai de Obede, e a me de Obede foi Rute. Obede foi pai de Jess, quefoi pai do rei Davi (Mt 1:5-6 NTLH), de cuja descendncia nasceu Jesus, oMessias e Salvador do mundo.

    Por volta do ano 64 e 68 depois de Cristo, o Esprito Santo estava inspirando aproduo de mais uma carta para compor o Novo Testamento. O nome da carta?Hebreus. No dcimo primeiro captulo desta epstola, o Esprito Santo registragrandiosos exemplos de f, que devem ser seguidos pelos cristos. Dentre esteexemplos, encontra-se o de Raabe (Hb 11:31), que no tinha educao judaica,herana religiosa, famlia piedosa, marido devoto, carter decente. Por ter tido fem Deus, Raabeno morreu com os que tinham desobedecido a Deus! Ela foi trans-portada da raa infame para a raa eleita.

    1. Leia Js 2:1 e responda: Qual era a misso dos espias enviados por Josu aJeric e onde eles se hospedaram? Baseie-se tambm no comentrio anterior.

    2. Com base em Js 2:2-7, responda: Qual foi a reao de Raabe, quando apresena dos espias em sua casa foi denunciada?

    3. Aps ler Js 2:12-21, reconte, com suas palavras, a splica eloqente de Raabepor sua vida e pela de seus familiares?

    4. Leia Js 6:22-25; Mt 1:5-6 e responda: De que modo a f de Raabe foigrandemente recompensada por Deus?

    II LIES DA VIDA DE RAABE

    1. Precisamos afirmar nossa confiana em Deus.Na sua conversa com os espias, Raabe fez uma declarao de f que revela, com

    clareza, o seu conhecimento acerca da pessoa e do carter de Deus. E quanto a

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    voc, prezado estudante? O que voc o conhece a respeito da natureza de Deuse de sua relao com o seu povo? Quais os atributos de Deus que voc conhece?Voc capaz de declarar claramente o conhecimento que tem a respeito de Deus?Aps pensar um pouco, diga em voz alta em que voc acredita e, depois, siga oexemplo de Raabe e declare, ousadamente, a sua f a outras pessoas.

    5. Por que importante afirmar a nossa confiana em Deus? De que modo estaatitude pode nos ajudar em tempos de aflio? Leia o comentrio.

    2. Precisamos mostrar nossa confiana em Deus.

    A f de Raabe no consistia somente de declaraes e de afirmaes teolgicacorretas e bonitas. A sua f era cheia de boas obras. Ela escondeu de seu rei osespias de Josu; salvou a vida deles, fazendo-os sair da cidade por um caminhosecreto (Tg 2:25). Uma pessoa entra no reino de Deus somente pela f,inde-pendentemente das obras (Rm 3:28; Gl 2:16). Deus, porm, exige e aguarda boasobras daqueles que j esto dentro do seu reino (At 9:36; Ef 2:10; I Tm 6:18;

    Tt 2:14; I Pe 2:2). As boas obras so uma prova da f autntica. Uma f que nose mostra em obras uma f intil, vazia e morta.Porque, assim como o corpo sem

    esprito morto, assim tambm a f sem obras morta (Tg 2:26). Uma f sem obrasno pode salvar. Deus glorificado com as boas obras praticas por seus filhos efilhas (Mt 5:16).

    6. Tiago 2:26 instrui os crentes a no esquecerem que as obras so um produtoimportante da f. Como os atos de Raabe demonstram essa verdade?

    3. Precisamos guardar nossa confiana em Deus.Raabe acreditou que a sua cidade estava definitivamente destinada condena-

    o e destruio. Suplicou, ento, por livramento pessoal e familiar; recebeu apromessa de que ela e sua famlia seriam poupados, quando a cidade fosse invadidapelos soldados israelitas (Js 2.12-14). E foi o aconteceu. Graas a sua espera pa-ciente, Raabe e a casa de seu pai, e tudo quanto tinham foram preservados! No

    basta conhecer as promessas divinas; preciso esperar a sua realizao, ainda quedemore.Guardemos firmemente a esperana da f que professamos, pois podemos confiarque Deus cumprir as suas promessas (Hb 10:23 NTLH). Que, no final da nossa

    vida, possamos declarar:... combati o bom combate, completei a carreira, guardei a f(II Tm 4:7).Aquele que perseverar at ao fim ser salvo (Mt 24:13).

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    7. Leia Hb 10:23; Mt 24:13 e responda: O que significa guardar a confiana emDeus? O que Raabe tem a nos ensinar acerca disso?

    CONCLUSO: A Bblia diz: Os pecadores no tm futuro; eles so como umaluz que est se apagando (Pv 24:20 NTLH). O que ocorreu com os habitantesde Jeric mostra que isso mesmo. O pecador no arrependido no tem futuro.Ele como palha que o vento dispersa. O seu fim terrvel, frustrante, trgico e,alm de tudo, definitivo e irreversvel. Por outro lado, os pecadores arrependidos

    tm futuro. Eles so como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais, at serdia perfeito (Pv 4:18). O que aconteceu com Raabe mostra que isso mesmo.Garanta o seu futuro. Faa como Raabe: apresente-se diante de Deus como umapessoa falida, extremamente necessitada da graa, humilde, suplicante e, ao mes-mo tempo, cheia de f. Valorize o seu futuro.

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    Autor:Pr. Jos Lima de Farias Filho

    LEITURA DIRIA OBJETIVO

    319JANEIRO2008

    SansoUm homem vacilante

    Hinos sugeridos: BJ 339 HC 171/ BJ 306 HC 193

    TEXTO BSICO:E disse: Com uma queixada de jumento um monto, outro mon-to; com uma queixada de jumento feri mil homens.( Jz 15:16)

    INTRODUO: A maioria das crianas crists nascem ouvindo incrveis his-trias sobre personagens bblicos: Davi e Golias, Jonas e o grande peixe, Sansoe os filisteus. Este ltimo o tema do estudo de hoje. Diferentemente do queouvimos na infncia, quando os heris nos so apresentados de uma forma umtanto ldica, veremos que Sanso no um exemplo bom, no um modelo a serseguido, ainda que tenha sido escolhido por Deus, desde a sua infncia.

    A histria de Sanso, conforme narrada nas Escrituras Sagradas, mostra-nosque ele se transformou num homem vacilante e pecaminoso, uma pessoa que mi-grou do espiritual para o carnal. Ele foi um homem que falhou na sua misso de

    juiz e teve um fim terrivelmente trgico. Estudemos com ateno sua histria eaprendamos a no praticar os seus erros.

    I O QUE A BBLIA DIZ SOBRE SANSO

    Sanso, cujo nome significa pequeno sol, conhecido por sua fora incomum,por suas faanhas violentas, por sua performance muscular, por sua fria incontro-lvel. Poesias e canes so feitas em sua homenagem, sem, contudo, haver lem-brana de que a maioria de suas aes espelhava a sua total ausncia de domnioprprio. Ele, que nasceu por volta de 1090 a.C., deve ter dado incio sua misso de

    Domingo, 13: Jz 13:1-7.24Segunda, 14: Jz 14:1-9Tera, 15: Jz 14:10-20Quarta, 16: Jz 15:1-8

    Quinta, 17: Jz 15:14-20Sexta, 18: Jz 16:1-22Sbado, 19: Jz16:23-31

    Levar o estudante a refletirseriamente sobre a maneiracomo Sanso lidou com a graa

    de Deus e a forma vacilantecomo se comportou, na funode juiz de Israel, para quetenha atitudes opostas s dessepersonagem bblico.

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    juiz pouco tempo depois da terrvel batalha que se feriu perto de Afegue, por voltade 1070 a.C., quando os filisteus capturaram a arca e incendiaram Silo (1 Sm 4).1

    No livro de Juzes, nos captulos 13 a 16, encontramos a histria de Sanso, queviria a ser o ltimo dos doze juzes de Israel, antes da ascenso de Samuel. Os juzeseram lderes carismticos que Deus levantava para livrar seu povo de perigos espec-ficos, em tempos especficos. Deus levantou esse tipo de liderana, porque,Naquelesdias, no havia rei em Israel; e cada um fazia o que achava mais reto ( Jz 21:25). Sansosurge nesse ambiente catico. Tudo em sua vida comeou quando os israelitas volta-ram a pecar contra Deus, e, como castigo, o Senhor os entregou nas mos dos filis-teus, por quarenta anos (Jz 13:1). Foi nesse tempo que o Anjo do Senhor veio es-posa de Mano, que era estril, e lhe garantiu um filho, advertindo-a:No corte nuncao cabelo dele, pois ele ser consagrado a Deus como nazireu desde o dia do seu nascimento.Ele vai comear a livrar o povo de Israel do poder dos filisteus ( Jz 13:5 NTLH).

    O voto de nazireu bem explicado no livro de Nmeros, captulo 6. Nazireusignifica separado para Deus desde o nascimento.2A pessoa consagrada ao na-zireato no poderia beber vinho ou bebida alcolica, nem comer uva ou algo de-rivado da vinha; tambm, no poderia cortar o cabelo e se aproximar de cadveres(Nm 6:1-6). Havia outras regras a que o nazireu tinha de se submeter (cf. Nm6:7-26). Desta forma, conforme dissera o Anjo do Senhor, amulher de Mano deu luz um filho e ps nele o nome de Sanso. O menino cresceu, e o SENHOR o abenoou ( Jz 13:24 NTLH). J crescido, Sansoestava no campo de D, entre Zora e Estaol,

    quando comeou a sentir que o Esprito do SENHOR o dirigia (Jz 13:25 NTLH).Ambos os versculos citados no deixam dvidas: Sanso tinha a bno de Deuse era dirigido pelo Esprito Santo. De tal forma o Esprito de Deus estava com eleque lhe dava fora fsica para realizar coisas incrveis (cf.Jz 14:6,19, 15:14).

    No bastasse a presena de Deus em sua vida, Sanso recebeu toda a herana tra-dicional de seus pais, quanto aos mandamentos, estatutos, juzos e princpios divinos;ele tambm foi, criteriosamente, treinado por seus pais, quanto ao modo de viver e aoservio que viria a fazer para Deus ( Jz 13:8,12-14). Em outras palavras, Sanso tinha

    tudo para dar certo. Mas, lamentavelmente, fracassou. Na verdade, ele teve sucessosespordicos, durante o perodo de vinte anos (Jz 15:20, 16:31); resolveu muitos pro-blemas que atingiam as tribos de D e Jud, ambas envolvidas diretamente em gravesconflitos com os impiedosos filisteus. A propsito, a Bblia, no nega que Sanso con-fiava em Deus (Hb 11:32-34); mas mostra que ele no tinha essa atitude em certasocasies. Logo no incio de sua vida adulta ele se mostrou descuidado com seu votode nazireu, ao se aproximar de um cadver de Leo (Jz 14;8-9; cf. Nm 6:6).

    Mais frente, Sanso no hesitou em fazer um banquete como os moos cos-

    tumavam fazer, ou seja, com vinhos ou bebidas alcolicas, na ocasio da festa de

    1DOUGLAS, J. D. (Editor Organizador). O Novo Dicionrio da Bblia. So Paulo: Vida Nova,1962, p. 1481.

    2GARDNER, Paul. Quem Quem na Bblia Sagrada. So Paulo: Vida, 2002, p. 581.

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    seu casamento com uma filistia (Jz 14:10; cf. Nm 6:3). Aprofundando-se na de-sobedincia, Sanso quebrou o voto nazireu: ele deixou de dedicar-se exclusiva-mente a Deus e se relacionou sexualmente com uma prostituta da cidade de Gazae com Dalila (Jz 16:1-4). Nessa etapa da vida, Sanso era fisicamente forte, mas,moralmente, fraco (cf.Jz 14:1-20, 16:1-3, 16:4-22). semelhana de Salomo,perdeu-se entre as mulheres.

    A facilidade com que Sanso eliminava at mil homens num dia (Jz 15:20),a maneira humilhante como vencia seus adversrios (Jz 16:2-3), provavelmente,fizeram que se engrandecesse, e, portanto, se enfraquecesse espiritualmente e es-quecesse de sua sagrada misso de juiz de Israel. Ele passou a se gabar de sua foramonumental: Com uma queixada de jumento um monto, outro monto; com umaqueixada de jumento feri mil homens ( Jz 15:16 Grifo nosso). Ele no diz: A forade Deus que em mim habita feriu mil homens, mas diz: Eu feri mil homens!.

    Certo estava Davi, quando disse:O SENHOR a minha rocha, a minha cidadela, omeu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a fora daminha salvao, o meu baluarte (Sl 18:2).

    O que vemos na vida de Sanso a funo de juiz sucumbir fora fsica; amisso de livrar Israel desaparecer, diante da performance humana; a essncia do

    voto nazireu ser engolida pelo desempenho individual. Quantos cristos, nos diasde hoje, no se deixam levar pela aparncia da fora e do desempenho pessoal? Afora de Sanso vinha de Deus, mas ele usou a graa do Senhor para impressionar

    os inimigos. Com suas faanhas fsicas, chamou a ateno dos filisteus para si pr-prio, ao invs de faz-los saber que deviam temer ao Deus de Israel, de quem vinhasua colossal energia muscular. Em situao semelhante, frente de um poderosofilisteu, Davi agiu de forma bem diferente (I Sm 17:45-47).

    Desta forma, o homem que era cheio do Esprito Santo se tornou carnal,impulsivo, incontrolvel, violento, vingativo. Certa vez, foi cidade de As-quelom e matou trinta homens inocentes; tirou-lhes a roupa fina e deu-as aosrapazes que haviam respondido sua adivinhao. Enquanto isso ocorria, sem

    que Sanso estivesse presente, o pai de sua esposa deu-a em casamento a outrohomem (Jz 14:1-20).Quando Sanso voltou cidade sua esposa morava em Timinate e ele, pro-

    vavelmente, em Hebrom, segundo Jz 14:1, 16:3 , seu sogro recusou-se a entre-gar-lhe a filha. Se, antes, j havia agido com violncia gratuita, agora, encontrarauma justificativa para destilar toda a sua fria: ele incendiou todos os campos e asplantaes dos filisteus, levando pnico aos adversrios. Como resultado, os filis-teus queimaram vivos sua esposa, seu sogro e toda a famlia. Como Sanso no era

    homem de dilogo nem de paz, vingou-se com uma grande matana (Jz 15:1-8).Sanso sucumbiu pela autoconfiana, pelo excesso de violncia, pela con-cupiscncia da carne; caiu nas garras da manhosa Dalila, a quem os filisteussubornaram para descobrir a fonte da fora dele. No resistindo aos encantos,carcias e amores de Dalila, Sanso lhe contou que o segredo de sua fora estava

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    em seus cachos de cabelo. Ao revelar seu voto nazireu, Sanso rompeu a alianacom Deus. Na verdade, ele sabia que sua fora no vinha de seu cabelo, mas doSenhor. Desde ento,retirou-se dele a sua fora, mas ele no sabia ainda que j oSENHOR se tinha retirado dele (Jz 16:19-20). Ambos os versculos mencionadosno deixam dvidas: Sanso no tinha mais a bno de Deus, no era mais di-rigido pelo Esprito Santo. Nesta vida, no pode haver tragdia maior, pois, semDeus, nada de bom se pode fazer ( Jo 15:5).

    Sanso, os filisteus chegaram!, gritou Dalila para um Sanso sonolento.Ele se levantou, partiu em direo aos poderosos inimigos, mas foi pego comincrvel facilidade. O Senhor se fora de sua vida. A f em Deus se esvaziara, seenfraquecera, se esfacelara, acabara. Assim como o Esprito Santo deixara Esa,Gideo, Saul (Hb 12:16-17; Jz 8:27; I Sm 15:26-28), deixou Sanso. Em situaosemelhante, Davi clamou a Deus:No me repulses da tua presena, nem me retires

    o teu Santo Esprito (Sl 51:11). Mas Sanso no era homem de ver seus prpriosdefeitos; no enxergava que, sem Deus, seus braos de nada valiam. Ele confiavanos msculos, na forma fsica, na impostao da voz.

    Com um ferro vermelho em fogo, o carrasco filisteu se aproximou de Sansolevando a pea ardente at seus olhos, que explodiram, diante do ferro em brasa;uma outra possibilidade que tenham arrancado violentamente seus olhos. Ocerto mesmo que, fraco e cego, Sanso foi levado a Gaza para o crcere. Comoescravo, foi posto para trabalhar humilhantemente, empurrando uma pesada m,

    onde o trigo era modo, para alimento de seus adversrios. Num dos dias de festaem que os filisteus cultuavam seu deus, Dagom, trouxeram o ilustre prisioneiropara ser zombado. Nesse tempo, o cabelo de Sanso j havia crescido. Ele pediua um dos moos que o guiava para ser colocado entre as duas colunas que sus-tentavam o templo.

    A casa estava cheia de homens e mulheres; tambm ali estavam todos os prn-cipes dos filisteus. Sobre o teto, havia uns trs mil homens e mulheres, que olha-

    vam, enquanto Sanso os divertia ( Jz 16:27). Ento este clamou ao Senhor e

    disse:SENHOR Deus, peo-te que te lembres de mim, e d-me fora s esta vez, Deus, para que me vingue dos filisteus, ao menos por um dos meus olhos ( Jz 16:28). Emseguida, ele abraou as duas colunas e fez fora sobre elas, falando alto:Morra eue os filisteus! Sanso se inclinou com toda a sua forae a casa caiu sobre os prncipese sobre todo o povo que nela estava; e foram mais os que matou na sua morte do que osque matara na sua vida (Jz 16:30).

    Sanso foi um homem que comeou bem e terminou mal. Seusirmos desceram,e toda a casa de seu pai, tomaram-no, subiram com ele e o sepultaram entre Zor e Es-

    taol, no sepulcro de Mano, seu pai (Jz 16:31). Sanso foi um homem que comeouno Esprito e terminou na carne.Estejamos atentos, para levarmos a srio esta triste histria, pois, como diz a

    Escritura:... tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que,pela pacincia e pela consolao das Escrituras, tenhamos esperana (Rm 15:4).

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    1. Com base em Jz 13:1-5, explique a origem de Sanso, e, com base em Jz 13:4-5,14; Nm 6:1-6, explique o voto nazireu.

    2. Com base em Jz 13:5b,25, responda: Alm de ser homem separado pelonazireato, Sanso foi cheio do Esprito Santo para executar que misso?

    3. Com base em Jz 14:6,19, 15:14, explique os atos de Deus que demonstram suafidelidade, no acordo que fez com Sanso.

    4. Com base em Jz 14:8-10, 16:1-4, explique os atos de Sanso que demonstramsua infidelidade no acordo que fez com Deus.

    5. Com base nos fatos narrados no captulo 16 de Juzes ou no comentrio,explique as graves conseqncias da desobedincia de Sanso.

    II LIES DA VIDA DE SANSO

    1. Precisamos reagir corretamente ao de Deus em nossa vida.Sem dvida, o Esprito de Deus estava na vida de sanso (Jz 13:24-25).

    Da mesma forma, no h dvida de que ele, pelo poder de Deus, fez proezaspara proteger Israel dos inimigos (Hb 11:32-34). Contudo, no podemos negar

    que Sanso vacilou, quando usou a fora, que a graa de Deus lhe dera, parase vingar, e o carisma que essa graa lhe conferira, para desfrutar de prazerespecaminosos. Ateno: No usemos o poder do Esprito Santo para ameaarpessoas que discordam de ns ou criticam nossa conduta impura, nem usemos

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    a imagem carismtica, que Deus gera em ns, pelo mesmo Esprito, para atrairpessoas e envolv-las em pecados carnais. Tais atitudes provam que a pessoa,conquanto possa fazer prodgios publicamente, na verdade, no reflete mais aobra do Esprito Santo (Gl 5:22-23).

    6. Com base em Is 11:12; Gl 5:22-23 e na primeira aplicao, d exemplosprticos sobre como reagir corretamente ao de Deus.

    2. Precisamos ter uma viso de longo prazo sobre a ao de Deus emnossa vida.

    As atitudes vacilantes de Sanso comprovam que ele era um homem que agia

    motivado por resultados imediatos,urgentes; seus atos no demonstram preocu-pao com o futuro. De fato, somente no livro de Juzes encontramos a histria deSanso. Ele ficou l, quase que restrito ao Antigo Testamento. Fora dos captulos13 a 16 de Juzes, seu nome no aparece em nenhum outro lugar da Bblia, ex-ceo de Hebreus 11:32. No estranho que nenhum profeta, nenhum apstolonem Jesus o citem como exemplo? At mesmo Jonas, o profeta desobediente, foilembrado por Jesus (Mt 12:39-42, 16:4). Ateno: H crente que pensa que suas

    atitudes erradas de hoje no tm conseqncias no futuro: mente com facilidade,negocia com bases mundanas, d sempre um jeitinho no pecado. Contudo, aBblia nos alerta:No vos enganeis: de Deus no se zomba; pois aquilo que o homemsemear, isso tambm ceifar (Gl 6:7).

    7. Com base em Gl 6:7 e na segunda aplicao, d exemplos prticos sobre como ocristo pode ter uma viso de longo prazo, quanto s aes de Deus em sua vida.

    3. Precisamos usar ao de Deus em nossa vida de forma construtiva.Sanso colheu o que semeou. Ele plantou violncia? Seus adversrios ma-

    taram sua esposa e seu sogro, torturaram-no e vazaram-lhe os olhos. Ele seentregou prostituio? Deus lhe tirou as foras e seus inimigos o humilharampublicamente. Contudo, Sanso era teimoso: at no ltimo dia de sua vida, que-

    ria vingana (Jz 16:28); usou o poder de Deus para se autodestruir. evidenteque Deus, em sua soberania, usou Sanso para punir os filisteus, mas jamaisusou os pecados dele como meio de fazer justia. No teria sido melhor se ele[Sanso] tivesse sido um instrumento finamente lapidado e moldado [por Deus]

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    para realizar o propsito divino para sua vida?3Se Deus lhe devolveu as foras,no poderia devolver-lhe a viso e a misso de juiz? Sim! Ateno: O cristo striunfar, nesta vida e no porvir, se usar as bnos de Deus construtivamente.(cf. Rm 15:2; I Co 14:12,26; II Co 10:8, 13:10).

    8. Com base na terceira aplicao, d exemplos prticos sobre como o cristopode usar as aes de Deus de forma construtiva.

    CONCLUSO:Diante de uma histria triste e, em certo sentido, comovente,Deus nos ensina que, sem ele, por mais forte que pareamos ser, no passamos

    de vaidade (Ec 12:8). A vaidade fez de Sanso um homem fraco, cego e escravo.Mas o castigo til para nos humilhar. Rodando o moinho pesado, Sanso tevetempo para pensar nos seus erros; voltou a orar. Apesar de sua orao ter sidomotivada por vingana, talvez mostre evidncia de arrependimento, de dispo-sio para ser usado como instrumento de Deus para derrotar um povo que portanto tempo oprimiu o seu.4No podemos negar o fato de que Deus ouviusuas ltimas palavras, ele [Deus] falou e respondeu a sua orao, tornando-oainda mais eficiente na morte do que fora na vida.5

    3SPANGLER, Ann e WOLGEMUTH. Eles: 54 homens da Bblia que marcaram a histria dopovo de Deus. So Paulo: Mundo Cristo, 2004, p. 137.

    4Idem, p. 138.5Idem.

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    Autor:Pr. Genilson Soares da Silva

    LEITURA DIRIA OBJETIVO

    426JANEIRO2008

    AbigailUma mulher pacificadora

    Hinos sugeridos: BJ 07 CC 547 / BJ 22 HA 146

    TEXTO BSICO: Nabal era o nome deste homem, e Abigail, o de sua mulher; estaera sensata e formosa, porm o homem era duro e maligno em todo o seu trato. Era ele dacasa de Calebe.(I Sm 25:3)

    INTRODUO: H pessoas que so especialistas em contruir muros: vivemerguendo barreiras entre aqueles com os quais convivem, com os quais trabalham,com os quais estudam, com os quais congregam. Fazem isto promovendo discr-dias, semeando contendas, espalhando fofocas, denegrindo a imagem de outro,inventando histrias. No sem razo que, de um modo geral, tantas crises faamparte das relaes humanas. Mas, hoje, vamos estudar sobre uma mulher que eraespecialista em construir pontes. O seu nome? Abigail. Alm de linda, ela erasbia, muito sbia. Ela usou essa sabedoria para construir uma ponte entre Davie Nabal, o seu marido. Esta sua atuao pacificadora extremamente instrutiva eedificante. Vamos aprender muito com esta mulher, cuja histria est registradano primeiro livro de Samuel (25:2-42).

    I O QUE A BBLIA DIZ SOBRE ABIGAIL

    1 O pedido humilde:Logo depois do sepultamento de Samuel, Davi partiue desceu de Par, regio desrtica e inspita. Desse lugar, soube que Nabal estavacortando a l das suas ovelhas, num vilarejo chamado Carmelo. Esse pecuarista,extremamente poderoso e prspero, descendente do famoso Calebe, era casado

    Domingo, 20: I Sm 25:2-17Segunda, 21: I Sm 25:2:18-35Tera, 22: I Sm 25:36-38Quarta, 23: I Sm 25:39-42

    Quinta, 24: Pv 31:30; Mt 5:9Sexta, 25: Pv 15:1, 25:15Sbado, 26: Pv 25:11; Hb 12:14

    Mostrar ao estudante dapalavra de Deus, com basena histria de Abigail, que os

    conflitos interpessoais precisamser resolvidos com urgncia,prudncia e pacincia.

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    com Abigail, uma mulher muito linda e muito gentil. O tempo da tosquia eraum tempo de mostrar hospitalidade e generosidade, quando os envolvidos eramservidos com muita comida e bebida. Sendo assim, esta era a ocasio certa paraDavi pedir uma ajuda a Nabal. Foi o que fez. Enviou a Nabal dez homens, como objetivo de solicitar-lhe ajuda material para suprir as necessidades daqueles

    que o acompanhavam.Davi e os que o seguiam nunca tiveram contato pessoal e direto com aquelehomem abastado. Mas, em outro tempo, em campo aberto, tiveram contato comaqueles que pastoreavam o seu rebanho. Nessa poca, Davi e o seu bando for-mado, na maioria, por pessoas endividadas, insatisfeitas, empobrecidas poderiamter atacado os pastores e roubado o rebanho de Nabal. Mas fizeram exatamenteo contrrio: foram como um muro ao redor deles, protegendo-os e ajudando-oscontra possveis ataques de ladres violentos e animais ferozes do deserto. O pedi-

    do de Davi, portanto, era razovel. Ainda hoje, esta espcie de preo de proteo regularmente arrecadado pelos bedunos, nas fronteiras entre as terras desrticase as terras cultivadas.1

    2) A recusa estpida:Ao chegarem presena de Nabal, os homens enviadosfizeram uma abordagem altamente diplomtica, civilizada e conveniente. Fizeramexatamente conforme a orientao de Davi. No se utilizaram, em tempo algum, demecanismos chantagistas ou ameaadores para extorquir dinheiro e favores de Na-bal. Eles simplesmente disseram:... d, pois, a teus servos e a Davi, teu filho, qualquer

    coisa que tiveres mo (I Sm 25:8b). Assim que deram este recado, sentaram-se eaguardaram a resposta. Eles devem ter imaginado uma resposta igualmente educa-da e bondosa. Nabal, porm, fiel ao significado do seu nome, respondeu aos polidosmensageiros de Davi de maneira altamente grosseria e insultuosa.

    Apesar de possuir um nome com significado negativo Nabal significa es-tupidez e insensatez , aquele homem poderia ter reagido de maneira positiva eagradecida, oferecendo sua bebida e sua comida queles homens. A pessoa noest obrigada a comportar-se negativamente, somente porque o seu nome tem

    um sentido negativo. O nome quer seja positivo, quer seja negativo noexerce influncia no carter, na conduta e no destino de uma pessoa. Se fosseassim, pessoas com bons nomes jamais teriam maus comportamentos e pessoascom maus nomes jamais teriam bons comportamentos. Tudo depende da decisopessoal. Logo, Nabal respondeu com grosseria, no por causa do nome negativo,mas por causa da opo pessoal.

    3) O desejo vingativo:Os homens enviados retornaram e relataram a Davi queforam tratados com profundo descaso e completo desprezo por Nabal. Davi ficou

    grandemente indignado com aquele tratamento desrespeitoso. Convocou, imedia-tamente, quatrocentos homens bem armados com afiadas espadas, para subirem

    1PFEIFFER, Charles F. e HARRISON. Evereste F (Editores). Comentrio Bblico Moody. SoPaulo: Imprensa Batista Regular, 1984, volume 04, p. 69. , p. 109.

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    ao encontro daquele homem mesquinho. Nabal pagou o bem de Davi com o mau.Agora, pois, Davi iria pagar o mal de Nabal com o mal. Nabal e toda a sua casa se-riam brutalmente assassinados por aquele exrcito movido pela vingana imediata.Perseguido por Saul, Davi no foi vingativo; antes, entregou tudo a Deus. No casode Nabal, porm, ficou irado, e disps-se a vingar-se dele. As Escrituras Sagradascondenavam abertamente esta reao rancorosa e esta atitude vingativa.

    Davi sabia que o seu Deus era favorvel realizao da justia, mas contrrio manifestao da vingana. Isto estava registrado em Levtico, captulo dezenove,

    versculo dezoito:No se vingue, nem guarde dio de algum do seu povo, mas ame osoutros como voc ama a voc mesmo. Eu sou o SENHOR (Lv 19:17 NTLH). Nose podia mesmo esperar uma reao diferente daquela mostrada por Nabal. Queoutra reao teria um filho de Belial? A reao dele era, portanto, condizente comseu carter autoritrio e com sua natureza dominadora. Mas a reao de Davi

    espantosa e assustadora. Por qu? Porque Davi tinha o Esprito do Senhor. Desdeque fora ungido por Samuel, o Esprito do SENHOR se apossara de Davi (I Sm16:13). Por isso, a sua reao poderia e deveria ser diferente.

    4) A notcia terrvel:Nabal ignorou o favor de Davi e de seu grupo, mas umdos seus servos o reconheceu. Este foi s pressas at Abigail, mulher de Nabal,para anunciar o ocorrido:Davi enviou do deserto uns mensageiros com saudaes parao nosso patro, mas ele os tratou mal (I Sm 25:14b). A seguir, o mesmo servo confir-mou a bondade de Davi e dos que o seguiam:... no entanto, eles tm sido muito bons

    para a gente: nunca nos incomodaram e, durante todo o tempo em que estivemos com elesnos campos, eles no roubaram nada que era nosso (I Sm 25:15 NTLH). Disse maisainda:Eles nos protegeram dia e noite todo o tempo em que estivemos com eles tomandoconta dos nossos rebanhos (I Sm 25:16 NTLH).

    Logo depois, o sbio servo fez um sombrio alerta a Abigail, ao mostrar que avida de Nabal e a de todos os demais que viviam na sua casa corriam risco:... pois,considera e v o que hs de fazer, porque j o mal est, de fato, determinado contra o nossosenhor e contra toda a sua casa. Nabal era mesmo desajuizado, pois arriscou sua vida

    e de toda a sua famlia, por conta de sua ingratido, sua arrogncia, sua prepotn-cia. O pior de tudo era que ele no permitia a ningum lhe advertir ou lhe alertarsobre o perigo que estava correndo. O servo admitiu isso, quando disse: ... e ele filho de Belial, e no h quem lhe possa falar (I Sm 25:17b).

    5) A deciso prudente:Abigail, depois de ser avisada do perigo a que seu maridohavia exposto toda a famlia, apressou-se para reverter a situao. Ela, porm, agiucom extrema prudncia. O momento inspirava cuidado, pois a sua misso era salvar

    vidas e no destru-las. Qualquer gesto ou qualquer fala fora de lugar poria tudo a

    perder. Mas, alm de bela, Abigail era muito sbia. O seu gesto de enviar a sua fren-te algo para Davi e sua gente comerem e beberem serviria para apaziguar aqueleshomens dominados pela clera e pela amargura. Assim que os servos dela foram,Abigail partiu, em cima do seu animal. De repente, numa curva, na descida, encontrouDavi e os seus homens, que vinham na sua direo (I Sm 25:20 NTLH).

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    De novo, Abigail se mostrou sbia. To logo viu Davi, desceu do animal, pros-trou-se com o rosto em terra e pediu uma chance para lhe falar. Primeiramente,Abigail pediu perdo a Davi:Ah! Senhor meu, caia a culpa sobre mim (...)eu, porm,tua serva, no vi os moos de meu senhor, que enviaste (I Sm 25:24a,25b). A seguir,Abigail pediu a Davi que deixasse seus inimigos com o Senhor, que os jogarialonge,como um homem que atira pedras com a sua funda (I Sm 25:29b). Depois, apsafirmar que, no tempo certo, o Senhor poria Davi no trono de Israel, Abigail fri-sou:E, quando isso acontecer, o senhor no ter motivo para se arrepender, ou sentir re-morso por haver matado sem razo, ou por ter se vingado por si mesmo (I Sm 25:31a).

    6) A mudana imediata: O Esprito de Deus tomou as palavras de Abigailcomo espada afiada de dois gumes e enterrou diretamente no corao de Davi.O valente guerreiro ficou profundamente comovido. Ele passou a pesar todos osacontecimentos, consultar a conscincia, considerar o preo daquela deciso peca-

    minosa, pensar no futuro. Davi, ento, voltou atrs no seu voto. Ele tinha dito:...que Deus me castigue se eu no matar at o ltimo daqueles homens antes do amanhecer!(I Sm 25:22 NTLH). Ele se deu conta de que aquele voto, feito impensada-mente, em momentos de desespero, baseado em raciocnios falazes e gerado pelapecaminosidade latente, no atingiria o alvo e no agradaria a Deus. Ele deveriaser anulado e quebrado. Foi o que Davi fez: recolheu a sua espada da vingana; saiudos caminhos de destruio e misria e transferiu-se para o caminho da paz.

    O verdadeiro Davi, ento, reapareceu. Ficou to grato que louvou a Deus por

    aquele encontro, fruto no da casualidade, mas, sim, da providncia divina: Ben-dito o SENHOR, Deus de Israel, que, hoje, te enviou ao meu encontro.Davi era umhomem especial, escolhido pelo Senhor, no para lutar as prprias batalhas, maspara lutar a batalhas de seu Deus. Ele no tinha o direito de governar sobre simesmo. Por esto razo, Deus no o deixou andar na teimosia do seu corao (Sl81:12). Ele enviou-lhe Abigail, mulher corajosa, temente, sensvel, humilde, dis-ponvel, bondosa, pacfica, para evitar que se tornasse o causador de uma chacinaque mancharia a sua integridade e roubaria a sua autoridade. Diante de to grande

    livramento, Davi agradeceu a Deus e a Abigail (I Sm 25:33-35).A mulher que temeao SENHOR, essa ser louvada (Pv 31:30b).7) A justia divina:Aps cumprir a sua misso de paz, voltou Abigail a Nabal (I

    Sm 25:36a). Essa volta de Abigail para o marido incrvel. Ela no estava voltandopara um marido generoso, carinhoso, tranqilo, mas para um marido mesquinho,grosseiro e irascvel. Abigail, porm, no o abandonou, mas retornou para ele. Elateve a chance de fugir com Davi, mas no fugiu. Ao chegar a sua casa, Abigail sedeparou com um banquete suntuoso e um marido embriagado. Ela logo notou que

    aquela no seria a melhor ocasio para conversar com ele,pelo que no lhe referiuela coisa alguma, nem pouco nem muito, at ao amanhecer (I Sm 25:36). Pela manh,Abigail contou a Nabal tudo que havia ocorrido. Qual foi a reao de Nabal?Eleteve um ataque e ficou completamente paralisado (I Sm 25:37b NTLH). Dez diasaps,feriu o SENHOR a Nabal, e este morreu (I Sm 25:38).

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    Por que Deus deixou que Nabal vivesse ainda dez dias? Por causa da sua lon-ganimidade (II Pe 3:9). Deus estava lhe dando um tempo para que mudasse o seumodo de viver, da perversidade para a santidade. Deus amava a Nabal e queriamuito que aquele homem perverso se convertesse do seu mau caminho (Ez 18:23,33:11). Nabal, porm, no soube aproveitar aquela oportunidade misericordiosa.Ento, o Senhor o feriu de morte. Como Abigail havia dito, Deus cuidou da causade Davi. Ao saber disso, Davi, novamente, louvou a Deus, dizendo:Ele me vingoude Nabal, que me insultou. E assim livrou este seu servo de fazer o mal. O SENHORcastigou Nabal por sua maldade (I Sm 25:39a NTLH). Depois disso, mandouDavi falar a Abigail que desejava tom-la por mulher (I Sm 25:39b). Abigail aceitoue se apressou em partir para junto dele (I Sm 25:40-42).

    1. Leia I Sm 25:2-11 e responda: De que modo Nabal respondeu ao educadopedido de Davi? O que esta resposta revela sobre o carter daquele homem?

    2. Leia I Sm 25:9-13 e responda: Qual foi a reao de Davi, ao saber da respostade Nabal? O que havia de errado nesta reao?

    3. Leia I Sm 25:14-31 e responda: Ao saber da reao irada de Davi, como seportou Abigail? Comente sobre a prudncia dela.

    4. Leia I Sm 25:32-39 e responda: Abigail foi bem sucedida na sua aopacificadora? Como a justia divina se manifestou na vida de Abigail e de Davi?

    II LIES DA VIDA DE ABIGAIL

    1. Procuremos resolver os conflitos interpessoais com urgncia.O senso de urgncia de Abigail fica evidente na narrativa (I Sm 25:18,23,34).

    Assim que soube, pelo seu servo, das resolues do corao de Davi, Abigail apres-

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    sou-se para apazigu-lo e pacific-lo. Uma tragdia foi evitada! Talvez voc co-nhea algum que tenha resolvido nunca mais pr os ps na igreja, que tenharesolvido abandonar o cnjuge, que tenha resolvido vingar-se de algum, que te-nha resolvido entregar-se s aventuras da carne, jogar fora toda a herana cristadquirida at agora. No fique inerte e imvel diante disso. Mova-se! No seja

    vagaroso! Trilhe, agora, o caminho da pacificao. Inicie-se na arte de pacificaras relaes conflitantes. Deus pode usar voc para ajudar algum a revogar umadeciso tomada, que ir trazer remorso, angstia, tristeza.Bem-aventurados os pa-cificadores, porque sero chamados filhos de Deus (Mt 5:9).

    5. O que significa resolver os conflitos interpessoais com urgncia? O queAbigail pode nos ensinar a esse respeito? Leia a primeira aplicao.

    2. Procuremos resolver os conflitos interpessoais com prudncia.Abigail no tinha somente senso de urgncia, mas tinha tambm senso de pru-

    dncia. A sua prudncia pode ser vista, principalmente, no seu jeito de falar. Seisvezes chamou a si mesma de tua serva (I Sm 25:25,27,28,31,41), e oito vezeschamou a Davi de meu senhor (I Sm 25:25-27,31,41). A sua fala era humilde

    e tranqila. No havia ira em sua fala. Que aula de prudncia! No foi toa queDavi a louvou. H pessoas que no sabem falar sem elevar o tom da voz. Assimforam criados: obedeciam no grito; agora, tambm, tudo se resolve no grito. s ve-zes, at nas igrejas assim: tudo gritado. Vence quem fala mais e alto. H algunscujas palavrasso como pontas de espada (Pv 12:18). Todavia, o falar prudenteevita uma sucesso de erros que podem aumentar ainda mais o conflito. Por meioda prudncia conserta-se o conflito.

    6.

    Que lies de prudncia podemos aprender com Abigail? Por que aprudncia essencial na resoluo de conflitos interpessoais?Recorra segunda aplicao.

    3. Procuremos resolver os conflitos interpessoais com pacincia.

    Na hora em que ouviu dizer que Davi queria matar o seu marido, Abigailpoderia ter dito: Pode matar o meu marido. o que ele merece. Mas no disse.Ela deixou Deus fazer a justia na hora certa e do modo certo! Por favor, presteateno: sempre que voc perceber que no pode fazer mais nada, espere peloSenhor:A pessoa de mau gnio sempre causa problemas, mas a que tem pacincia traz

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    a paz (Pv 15:18 NTLH). S Deus pode gerar justia, e ele nos convida a sermosseus parceiros, no que se refere a causas que nos envolvem (I Sm 25:3) ou que en-

    volvem outras pessoas (I Sm 25:26). Coloque a injustia sofrida diante de Deus,que a tomar como uma causa dele. Deixe-se instruir por ele sobre os caminhosa serem seguidos (I Sm 25:29). Quando voc faz o que certo, Deus cuida deencaminhar as situaes da melhor forma (I Sm 25:38-39).Sendo o caminho doshomens agradvel ao SENHOR, este reconcilia com eles os seus inimigos (Pv 16:7).

    7. A falta de pacincia na resoluo de conflitos interpessoais pode levar-nos afazer nossa prpria justia? Explique com base na terceira aplicao.

    CONCLUSO:Deus quer que voc seja um pacificador, ou seja, algumque atua restaurando e fortalecendo relacionamentos. Antes, porm, de agirnuma situao conflituosa, ore a Deus, pedindo a sabedoria do alto, que pacfica (Tg 3:17). Pea-lhe autocontrole para neutralizar a gritaria, com pa-lavras suaves; para responder s ameaas, com tranqilidade; para falar cla-ramente, sem usar de sarcasmo; para no utilizar intrigas; para no ser umpermanente alimentador de fofocas e no fomentar contendas; para ser um

    melhor ouvinte e um melhor observador.Seja um pacificador ativo; construa pontes de aproximao. O pacfico deseja apaz, mas o pacificador promove a paz, encoraja reconciliao, e estabelece o en-tendimento. Valorize os relacionamentos e esforce-se, ao mximo, para mant-losem paz (Rm 12:18; Ef 4:3).

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    Autor:Pr. Valdeci Nunes de Oliveira

    LEITURA DIRIA OBJETIVO

    52FEVEREIRO2008

    gEAZIUm homem mudado

    Hinos sugeridos: BJ 104 HC 303 / BJ 56 HC 111

    TEXTO BSICO: Era isto ocasio para tomares prata, e para tomares vestidos, eolivais, e vinhas, e ovelhas e bois e servos e servas?(II Rs 5:26).

    INTRODUO: nos captulos 4-8 do segundo livro dos Reis que vamosencontrar as informaes que marcaram a presena de Geazi, como personagemda histria do antigo povo de Deus. Embora conhecido como o moo de Eli-seu, Geazi mencionado nesse trecho das Escrituras, pelo prprio nome, pelomenos doze vezes (cf.II Rs 4:12,14,25,27,29,31, 5:20,21,25, 8:4). O significadodo seu nome, em hebraico, negador ou diminuidor. O que vemos na pessoa deGeazi uma espcie de satlite que brilha sob o reflexo de uma luz maior queera o profeta Eliseu, a quem servia.

    Como crente, Geazi demonstrou fraquezas, por mais de uma vez, mas nem todasas suas aes foram marcadas por fragilidades. Analisando o seu modo de proceder,em circunstncias diferentes, percebemos que errou e acertou, como acontece comqualquer discpulo em processo de aprendizagem. No seu caso, porm, contou comuma grande vantagem: Era acompanhado por um homem de muita f e suficien-temente amadurecido para reorient-lo. O presente estudo, portanto, tem comopropsito apreciar o modo de agir de Geazi, na busca de alguma lio prtica.

    I O QUE A BBLIA DIZ SOBRE GEAZI

    Geazi, o moo de Eliseu:Ao falarmos de Geazi, no podemos deixar de falara respeito de Eliseu, a quem Geazi chamava de senhor, pois a histria de um est

    Domingo, 27: II Rs 4:8-17Segunda, 28: II Rs 4:17-37Tera, 29: II Rs 5:20-27Quarta, 30: II Rs 6;8-17

    Quinta, 31: II Rs 8:1-5Sexta, 1 de fevereiro: Rm 12:2Sbado, 2: Jo15:14; Pv 21-26

    Mostrar ao estudante queat as pessoas crentes e bemintencionadas podem cometer

    erros grosseiros, se no estiverematentas aos ensinos dogrande Mestre, Jesus.

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    intimamente ligada do outro. Em I Rs 19:19-21, encontramos algumas informa-es sobre Eliseu. Nesse texto da Escritura, est escrito que Eliseu era um lavrador,filho de Safate, e, no momento em que foi chamado para o exerccio do ministrioproftico, estava lavrando a terra. To entusiasmado ficou com o chamado divinoque pediu apenas para ir beijar e se despedir de seus pais. Feito isto, tomou umadas juntas de bois com que estava arando a terra, matou-a e, com a aparelhagemque utilizava no servio, cozeu as carnes e as deu ao povo; em seguida, acompa-nhou a Elias, por intermdio de quem foi chamado. Depois disto, s no captulo2 do segundo livro dos Reis que temos a continuao de sua histria. Por essetempo, havia, em Israel, uma escola de profetas dirigida por Elias, da qual Eliseudevia ser um dos estudantes. Com o arrebatamento de Elias, Eliseu passou a ser oseu sucessor (II Rs 2:9-11).

    Geazi entra em cena:Reconhecido como um santo homem de Deus, Eliseu

    foi alvo da benevolncia de um casal de Sunm, que lhe construiu um aposento,nos fundos de sua casa, para que, de passagem por Sunm, ali se hospedasse. Cons-trangido com a atitude daquele casal, Eliseu props, em seu corao, recompen-s-lo. aqui que Geazi entra em cena, pela primeira vez. Eliseu se utilizou delecomo mensageiro, para chamar a mulher que lhe fizera tal cortesia, com a seguintemisso: Dize-lhe: Eis que tu nos tens tratado com todo o desvelo; que se h de fazer porti? Haver alguma coisa de que se fale por ti ao rei ou ao chefe do exrcito? E disseraela: Eu habito no meio do meu povo (II Rs 4:12-13). Com estas palavras, a mulher

    deu a entender que, no momento, no precisava de favores. Mas Eliseu insistiaem gratific-la. Ento inquiriu de Geazi:Que se h de fazer, pois por ela? E Geazidisse: Ora, ela no tem filho e seu marido velho (II Rs 4:14). E, assim falando, Geaziestava sugerindo que Eliseu intercedesse junto a Deus para que este desse um filhoquela mulher. O profeta acatou a sugesto e, certo de que Deus honraria a suapalavra, prometeu:A este tempo determinado, segundo o tempo da vida, abraars umfilho (...) E concebeu a mulher, e deu luz um filho, no tal tempo determinado, segundoo tempo da vida que Eliseu lhe dissera (II Rs 4:16-17).

    Fatos aos quais o nome de Geazi aparece associado:A esta altura do nossoestudo, observamos que, para conhecermos bem uma pessoa, precisamos analisaro seu modo de proceder em situaes diferentes. Portanto se quisermos conhecerbem quem era Geazi, precisamos analisar o seu modo de agir em circunstnciasdiferentes. Os episdios descritos nos captulos 4-8 do segundo livro dos Reis,nos quais o nome de Geazi mencionado, do-nos uma idia dos altos e baixos

    verificados no desenvolvimento do carter desse homem. Os referidos episdiosaconteceram (a) quando sugeriu uma recompensa mulher sunamita; (b) por

    ocasio da morte do filho da sunamita; (c) quando ambicionou para si os pre-sentes que Eliseu havia recusado de Naam, o general srio; (d) quando temeuos exrcitos do rei da Sria, no cerco da cidade de Dot; (e) e quando narrou,perante o rei Joro, os feitos de Elizeu (II Rs 4:12-14, 5:20-24, 6:15-17, 8:2-5).Analisemos mais de perto sua conduta.

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    a) Quando sugeriu uma recompensa mulher sunamita:Como dissemos an-teriormente, Geazi foi a pessoa a quem Eliseu consultou sobre o que deveria fazerpara retribuir mulher sunamita a cortesia que lhe fizera. Embora Geazi fosseainda um jovem, deu a Eliseu uma prova de que era inteligente, pois, consideran-do que a mulher no tinha filhos, concluiu que nenhuma ddiva seria melhor queesta. Ele estava atendendo a um dos mais fortes desejos de uma mulher hebria,que era o de ter um filho. Ento, sugeriu a Eliseu que intercedesse junto a Deuspela concesso de um filho quela mulher. Eliseu acatou a sugesto, Deus ouviu opedido, e, no tempo determinado, a mulher deu luz um filho.

    b) Quando o menino da sunamita faleceu: O filho que Deus concedeu mulher sunamita, atravs da intercesso de Eliseu, estando ainda pequeno, veioa sofrer uma forte dor de cabea e a morrer. Eliseu e Geazi estavam no monteCarmelo, quando foram avisados da morte do menino. Provavelmente, o profeta

    estava muito ocupado, pois sua deciso inicial fora a de mandar Geazi em seulugar. Isso demonstra que este era uma pessoa da confiana de Eliseu. Depois deter dado todas as instrues sobre como Geazi devia proceder, disse-lhe:

    Cinge os teus lombos, e toma o meu bordo na tua mo, e vai. Se encontraresalgum no o sades, e se algum te saudar, no lhe respondas; e pe o meu bordosobre o rosto do menino. Porm disse a me do menino: Vive o Senhor e vive a tuaalma, que no te hei de deixar. Ento ele se levantou e a seguiu. E Geazi passou

    adiante deles, e ps o bordo sobre o rosto do menino; porm no havia nele voznem sentido. E voltou a encontrar-se com ele, e lhe trouxe aviso, dizendo: Nodespertou o menino (II Rs 4:29-31).

    Coube, pois, a Eliseu ressuscit-lo. Depois disso, o profeta chamou Geazi e oencarregou de dar me do menino a notcia de que o filho dela vivia.

    c) Quando cobiou os presentes do general Naam: Esta, talvez, tenha

    sido a maior demonstrao de fraqueza revelada por Geazi. Naam, generalsrio, havia sido informado, atravs de uma escrava israelita, que, se fosse terra de Israel, o homem de Deus (Eliseu), que estava em Samaria, o curariade sua lepra. Naam acreditou no que ouviu e, motivado pela esperana de sercurado, formou uma grande comitiva e foi a Samaria, levando muitos presentesa Eliseu, caso fosse curado. Chegando a Israel, obedeceu aos procedimentosdeterminado