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I Fórum das Licenciaturas da UESPI
Licenciatura: diálogos sobre o processo de
formação docente e as perspectivas de inserção
A formação do licenciado: para
que/quem está sendo formado?
Ana Maria Iorio Dias
Teresina, maio/2017
• Um bom professor tem um papel
fundamental na vida do seu aluno. A
decisão sobre como devem ser formados os
novos profissionais impacta no projeto
educacional do nosso País.
• Os cursos de licenciatura devem preparar os
futuros professores para dialogarem com a
nova realidade da sala de aula, atuando
como mediadores de aprendizagem
• A atração de profissionais para o ingresso na
carreira docente é um dos primeiros entraves
para a formação inicial no país.
• A forma com que se trata o professor é um dos
primeiros problemas que hoje enfrentamos para
atrair alguém para dar aula no Brasil – e, se nós
não cuidarmos dos professores da educação
básica, estamos fadados a continuar tendo dados
educacionais de baixo nível
(Valeska Maria Fortes de Oliveira, UFSM; coordenadora do GT de
formação de professores da ANPEd – entrevista em
http://porvir.org/desafios-caminhos-para-formacao-de-professores-
brasil/)
• O PNE (Plano Nacional de Educação, Lei nº
13.005, de 25 de junho de 2014) dedica
quatro de suas 20 metas aos professores:
prevê formação inicial, formação
continuada, valorização do profissional e
plano de carreira;
• meta número 15 do PNE: prevê que todos
os professores da educação básica tenham
formação específica de nível superior,
obtida em curso de licenciatura na área em
que atuam.
• As novas diretrizes tentam lidar com um dos
gargalos da formação de professores: a articulação
entre teoria e prática.
• As universidades, regra geral, continuam
oferecendo licenciaturas que se assemelham a
bacharelados.
• “Não adianta reformular os currículos dos cursos
(...) de licenciatura, se a própria postura e
concepção dos professores formadores dentro das
universidades não mudar”
(Anna Helena Altenfelder, do Cenpec - Centro de Est. e Pesq. em
Educ., Cult. e Ação Com. – entrevista em http://porvir.org/desafios-
caminhos-para-formacao-de-professores-brasil/)
AS LICENCIATURAS
Os cursos de licenciatura foram
inicialmente instituídos no Brasil em 1934,
na Universidade de São Paulo, com a
finalidade de explicitar e oferecer aos
bacharéis das várias áreas os conhecimentos
pedagógicos necessários às atividades de
ensinar.
UM EXAME DO PANORAMA
INTERNACIONAL
Constata-se nos países mais avançados, um
crescimento da preocupação com a
formação e o desenvolvimento profissional
de professores universitários e com as
inovações no campo da Didática, existem
alguns fatores que têm contribuído com essa
preocupação:
a) a expansão quantitativa da educação superior e o consequente aumento do número de docentes – entretanto, em sua maioria, sem formação pedagógica
b) preocupação com a qualidade dos
resultados do ensino superior, sobretudo, do
ensino na graduação. As pesquisas
demonstram a importância da preparação no
campo específico e no campo pedagógico
dos docentes;
c) novas demandas de trabalho – isso envolve:
qualidade da educação; educação a distância e tecnologias da informação e da comunicação;
gestão democrática da Educação Superior;
financiamento para o ensino, a pesquisa e a extensão;
o mercado de trabalho e a sociedade; a autonomia e as responsabilidades das instituições;
os direitos e liberdades do professor de Educação Superior; as condições de trabalho;
dentre outras...
d) influência das novas configurações de
trabalho na sociedade contemporânea da
informação e do conhecimento; das
tecnologias avançadas e do Estado Mínimo,
reduzindo a empregabilidade. Em
decorrência, nota-se um afluxo de
profissionais de diferentes áreas ao
exercício da docência na Educação
Superior, cuja oferta de empregos se
encontra em expansão.
e) exigência de permanente requalificação como
condição de trabalho. O resultado disso é a
expansão da oferta de cursos superiores de
graduação e de pós-graduação lato e stricto
sensu.
A preparação para o exercício do magistério
superior far-se-á em nível de pós-graduação,
prioritariamente em programas de mestrado e
doutorado.
Parágrafo único: O notório saber, reconhecido
por universidade com curso de doutorado em
área afim, poderá suprir a exigência do título
acadêmico (LDB, art. 66)
• A docência no ensino superior compreende
além da apresentação, socialização de
conteúdos, a articulação de pesquisas,
projetos e ações que promovam o
fortalecimento da teoria e prática
profissional.
• Mas deve ocupar-se também do
conhecimento de documentos oficiais
regentes da sua prática e norteadores de
aspectos filosóficos e epistemológicos e
práticos, tais como:
a) colocar- se a par das Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN) para os cursos de graduação
em que se atuará, identificando quais
conhecimentos, competências e atitudes são
propostos;
b) conhecer bem o projeto do curso que vai
lecionar, pois o documento traz, de modo
explícito e sucinto, quais competências das
DCN foram privilegiadas pela instituição para
definir o perfil do profissional egresso;
c) planejar sua disciplina de forma a
contribuir para atender às propostas do projeto
pedagógico da instituição.
• Munido destas informações o docente
legitima sua prática com a articulação de
conteúdos, objetivos e ações.
• Mas por onde começar? Quando? Como?
Por quê? Estes são questionamentos que
emergem ao ingresso do docente no
exercício de ministrar uma disciplina...
DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO
SUPERIOR: FINALIDADES
1. propiciar um conjunto de
conhecimentos métodos e técnicas
científicos, que assegurem o domínio
científico e profissional do campo
específico e devem ser ensinados
criticamente;
2. conduzir o aluno a uma progressiva
autonomia;
3. considerar o processo de ensinar e aprender como
atividade integrada à investigação;
4. desenvolver a capacidade de reflexão;
5. substituir a simples transmissão de conteúdos por
um processo de investigação do conhecimento;
6. integrar, vertical e horizontalmente, a atividade
de investigação à atividade de ensinar do
professor, o que supõe trabalho em equipe;
7. criar e recriar situações de aprendizagem;
8. valorizar as avaliações diagnóstica e
formativa;
9. conhecer o universo cultural e de
conhecimentos dos alunos e desenvolver,
com base nele, processos de ensino e
aprendizagem interativos e participativos.
O docente na Educação Superior
A formação do professor, no que se refere aos
conhecimentos científicos de seu campo e do campo
da Educação, da Pedagogia e da Didática, requer
investimentos acadêmicos (individuais, coletivos e
institucionais)
Uma formação que o campo social da prática
educativa e de ensinar como objeto de análise , de
compreensão, de crítica, de proposição que
desenvolva no professor atitudes de pesquisar;
Pesquisar a prática em sala de aula é ação
realizada com intencionalidade que revela a
profissionalização do docente: rever a
própria prática, refletir sobre ela é
necessário em toda profissão;
PROFESSOR REFLEXIVO
Saberes da docência: saberes conceituais,
integradores e pedagógicos;
A importância da reflexão na ação e da
formação contínua.
• ter uma visão reflexiva sobre a Didática, a
Filosofia, a História, a Psicologia da
Educação Superior e sobre a Prática do
Ensino Superior, além dos princípios éticos
da profissão e da educação;
Estar bem informado não significa saber tudo, mas o que é necessário saber, conhecer as fontes de informação e utilizá-las como instrumento. Significa saber recuperar e transformar a informação das fontes assim que desejar, no momento oportuno.
Para que haja a formação e o
desenvolvimento profissional
docente é preciso:
• refletir e analisar aspectos históricos, políticos e
legais da Educação Superior Brasileira;
• estabelecer a pesquisa como princípio educativo
– incentivando a capacidade de questionamento
crítico do estudante, fazendo com que ele
identifique fontes de informação e
conhecimento que podem ser utilizadas para
pesquisa (bibliotecas, acervos culturais, museus,
internet); aguçando a capacidade de selecionar e
manusear informações; incentivando o uso da
tecnologia disponível; possibilitando uma
postura cientifica para o tratamento
metodológico das questões;
• analisar os diferentes aspectos que norteiam a avaliação na Educação Superior, numa perspectiva conceitual, metodológica ou de contribuição para o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem;
• exercer a reflexão crítica e promover um debate interdisciplinar em torno do fazer e do pensar acadêmicos no cotidiano em sala de aula;
• refletir sobre o uso das novas tecnologias no ensino superior;
• conhecer os atuais desafios da profissão;
• participar ativamente dos processos de Avaliação Institucional, Profissional e Acadêmica;
• compreender os conceitos epistemológicos de Aprendizagem e Ensino;
• realizar uma transformação didática dos conteúdos a serem lecionados;
• conhecer o Projeto Pedagógico do(s) Curso(s) que participa:
História do Curso; Missão do Curso; Princípios
norteadores do projeto; Concepção de formação
profissional; Estrutura curricular: pressupostos;
integralização; Linhas de pesquisas; Programas
de extensão (parcerias); Programas de Pós-
Graduação (e articulação com o Curso de
Graduação); Infraestrutura (condições de oferta);
Corpo Docente; Bolsas de apoio ao estudante;
Propostas de autoavaliação.
• apresentar, para análise e discussão,
experiências desenvolvidas (articulação
teoria-prática);
• desenvolver um plano de trabalho
organizado, revendo, inclusive, disciplinas e
horários;
• promover uma avaliação formativa.
Dificuldades:
• Desconhecimento, por parte dos
professores, da necessária formação
pedagógica;
• Falta de política pública para formação
docente nesse nível;
• Nas IES, falta uma política institucional
consistente e permanente;
• A intensificação/precarização do trabalho
docente - em decorrência de vários fatores:
reformas que ampliam as atividades
docentes sem a consequente com
diminuição de direitos; legislação pouco
consistente, confusa/contraditória;
• Relação ensino-pesquisa-extensão: o que
fazer?
• Publicações???
(e ao mesmo tempo cumprir metas?)
As DCNs para Formação de Professores
para a Educação Básica
• A Resolução CP/CNE nº 02, de 1 de julho
de 2015, define novas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a formação
inicial em nível superior (cursos de
licenciatura, cursos de formação pedagógica
para graduados e cursos de segunda
licenciatura) e para a formação continuada.
• As Instituições de Ensino Superior terão 2
(dois) anos para (re)adequar seus projetos
político-pedagógicos.
• Aumento da carga horária de 2.800 (duas
mil e oitocentas horas) para 3.200 (três mil
e duzentas) horas, com duração de 4
(quatro) anos.
• Art. 1º § 2º As IES devem conceber a formação
inicial e continuada dos profissionais do
magistério da educação básica na perspectiva
do atendimento às políticas públicas de
educação, às DCNs, ao padrão de qualidade e
ao SINAES, manifestando organicidade entre o
seu Plano de Desenvolvimento Institucional
(PDI), seu Projeto Pedagógico Institucional
(PPI) e seu Projeto Pedagógico de Curso (PPC)
como expressão de uma política articulada à
educação básica, suas políticas e diretrizes.
• Art 3º § 6º O projeto de formação deve ser
elaborado e desenvolvido por meio da
articulação entre a instituição de educação
superior e o sistema de educação básica,
envolvendo a consolidação de fóruns
estaduais e distrital permanentes de apoio à
formação docente, em regime de
colaboração, e deve contemplar:
• I - sólida formação teórica e interdisciplinar
dos profissionais;
• II - a inserção dos estudantes de licenciatura
nas instituições de educação básica da rede
pública de ensino, espaço privilegiado da
práxis docente;
• III - o contexto educacional da região onde
será desenvolvido;
• IV - as atividades de socialização e a
avaliação de seus impactos nesses
contextos;
• V - a ampliação e o aperfeiçoamento do uso
da Língua Portuguesa e da capacidade
comunicativa, oral e escrita, como
elementos fundamentais da formação dos
professores, e da aprendizagem da Língua
Brasileira de Sinais (Libras);
• VI - as questões socioambientais, éticas,
estéticas e relativas à diversidade étnico-
racial, de gênero, sexual, religiosa, de faixa
geracional e sociocultural como princípios
de equidade.
Ver também na Resolução:
• Art 5º ao Art 13
• Art. 16. A formação continuada compreende
dimensões coletivas, organizacionais e
profissionais, bem como o repensar do processo
pedagógico, dos saberes e valores, e envolve
atividades de extensão, grupos de estudos,
reuniões pedagógicas, cursos, programas e
ações para além da formação mínima exigida ao
exercício do magistério na educação básica,
tendo como principal finalidade a reflexão sobre
a prática educacional e a busca de
aperfeiçoamento técnico, pedagógico, ético e
político do profissional docente.
• Parágrafo único. A formação continuada
decorre de uma concepção de
desenvolvimento profissional dos
profissionais do magistério (...)
• Art. 17. A formação continuada, na forma
do artigo 16, deve se dar pela oferta de
atividades formativas e cursos de
atualização, extensão, aperfeiçoamento,
especialização, mestrado e doutorado que
agreguem novos saberes e práticas,
articulados às políticas e gestão da
educação, à área de atuação do profissional
e às instituições de educação básica, em
suas diferentes etapas e modalidades da
educação.
• Ver Art 18 – estamos promovendo essa
formação?
• Há também a formação contínua...
pessoal, “intransferível”, por toda a vida
profissional...
Observações Finais (de volta ao começo)
• Uma licenciatura integra docência, gestão e
produção de conhecimento.
• Necessidade de aprofundamento conceitual.
• A epistemologia da prática deve perpassar
toda a trajetória de formação do licenciado,
assegurando a relação dialética de teoria e
prática.
• A formação pedagógica passa pelo princípio
da interdisciplinaridade que deve assegurar
‘múltiplos olhares’ sobre o fenômeno
educacional.
• Por isso, é preciso construir uma nova
metodologia de ensino (visando a
aprendizagem), na qual a relação entre
prática-teoria-prática possa reverter a lógica
usual de apropriação e produção do
conhecimento;
• Um outro desafio é procurar proporcionar o
emprego de técnicas didáticas adequadas e
condizentes com os modernos conceitos de
aprender e ensinar, com o intuito de
melhorar o nível de interesse e participação
dos alunos nos processos de ensino e de
aprendizagem (cultura digital articulada a
uma pedagogia crítica, com relações
orientadas pela ética e em direção à
(re)construção da democracia econômica,
social e cultural).
• Melhoria da qualidade de ensino, indispensável
para assegurar à população o acesso pleno à
cidadania e à inserção nas atividades
produtivas, permitindo uma maior qualidade de
vida, deve constituir um compromisso de todos
os educadores.
• Mas é preciso que tenhamos uma
valorização do(a) educador(a) – o que
implica numa formação profissional
adequada e que assegure o seu
desenvolvimento profissional, através do
domínio de conhecimento de seu objeto de
trabalho e do domínio e da qualificação dos
processos pedagógicos e administrativos
que promovam a sua atuação.
• É necessário que educadores,
independentemente de sua área de atuação e de
conhecimento, tenham como competência
integrar processos pedagógicos na
implantação, no acompanhamento, na
avaliação formativa e continuada e no
aperfeiçoamento dos projetos pedagógicos, na
pesquisa, desenvolvendo ações conjuntas com
os demais educadores da instituição
escolar/educacional, para que seja assegurada
a melhoria do processo educacional.
• Reformar o pensamento para reformar o
ensino e reformar o ensino para reformar o
conhecimento. (Morin, 2008).
(MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma,
reformar o pensamento. 10a ed. -Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2008).
Obrigada!!!!