LIDERANÇA

5/12/2018 LIDERANÇA - slidepdf.com

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Samuel Costa da Silva

LIDERANÇA EFICAZOs desafios do líder cristão no século XXI

Editora2006

Copyright @ Samuel Costa da Silva



Composição e fotolitos

RevisãoCynira Amaral Costa Alvim

Capa

Silva, Samuel Costa da.Liderança Eficaz: os desafios do líder cristão no século XXI, Local: Editora,2006.

1. Vida Cristã – 2. Liderança Pastoral – 3. Teologia – I. Título

CDD _____

CDU _____

As citações bíblicas são da versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil, 2ªedição, com todos os direitos reservados pelaSOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL.

SUMÁRIO

Agradecimentos................................................................................................................. 7

Prefácio............................................................................................................................. 8

Introdução........................................................................................................................ 10



Capítulo 1 – Os desafios do mundo contemporâneo..................................................•1 O Crescimento Populacional Mundial•2 As Cidades Modernas•3 A Terceira Idade•4 O Tráfico de Drogas•5 A Pornografia Virtual•6 A Violência na Mídia Televisiva•7 A Globalização da Economia e o Desemprego em Massa

13

Capítulo 2 – O pastor, como líder cristão eficaz, e os fardos emocionais..................•1 A necessidade de parecer perfeito•2 A oposição à liderança pastoral•3 O estresse litúrgico•4 A falta de planejamento•5 As dificuldades financeiras

19

Capítulo 3 – Os inimigos invisíveis do líder cristão eficaz.......................................•1 O narcisismo•2 A secularização•3 A inveja•4 A falta de oração e poder •5 O ativismo

34

Capítulo 4 – O que se espera de um líder cristão eficaz..........................................•6 Modernizar para pastorear uma igreja contemporânea numa sociedade

desafiadora•7 Ser um “perturbador” da ordem social•8 Vencer a amargura advinda da vida moderna•9 Quebrar paradigmas superados•10Conscientizar-se de que a experiência do passado sem a busca pelo novo pode

levar à morte ministerial•11Combater a religião e a violência na igreja•12Conhecer a cultura brasileira para transformar a sociedade•13Unir liderança pastoral a responsabilidade social

51

Capítulo 5 – O líder cristão revitalizado....................................................................•1 A graça que consola•2 Deus faz o que é impossível ao homem realizar •3 Deus levanta amigos de onde não se espera•4 A vida é sempre uma surpresa

73

Capítulo 6 – O líder cristão eficaz com uma vida vitoriosa...................................•1 O líder cristão eficaz e o caráter de humildade•2 O líder cristão eficaz e a vida sexual•3 O líder cristão eficaz e o coração limpo•4 O líder cristão eficaz e o perdão

78



Conclusão........................................................................................................... 86

Bibliografia…………………………………………………………………........……... 91

Ao Guilherme e ao Lucas,que me ajudaram a compreender

o real sentido da liderança cristã eficaz.

AGRADECIMENTOS

Nada do que fazemos é só por mérito próprio. Nenhuma obra é construída sem a

contribuição de outros. O bondoso Deus, pela sua maravilhosa graça, nos presenteia com acompanhia de irmãos e amigos que cooperam amorosamente conosco.

Minha gratidão a Cynira Alvim, pela revisão primorosa. Não foram poucas as horas gastas

neste trabalho meticuloso. Ela o fez com muito amor e dedicação.

Sou grato também ao Alcides Martins Jr. e ao Luciano C. Ximenes, meus companheiros de

ministério pastoral. Muito do que escrevi é o resultado de nossos encontros semanais de oração e do

compartilhar ministerial de nossa equipe.

Não poderia esquecer de agradecer também ao Conselho da Igreja Presbiteriana do JardimBotânico, pelas segundas-feiras de oração, sempre em busca de uma liderança eficaz.



Por fim, minha gratidão aos irmãos da minha igreja. Todos, de alguma maneira, estão

refletidos no livro, quando trato da graça e do amor de Deus.

PREFÁCIO

Para remir o tempo e atender ao pedido de urgência que acompanhou a solicitação para a

feitura deste prefácio, lancei mãos à obra, no percurso do vôo entre São Paulo e Brasília. Em tempos

não muito remotos, ainda nos dias de minha infância, essa viagem exigiria muito sacrifício e penosa

demora. Hoje, é feita em cerca de hora e meia, sob os cuidados de atenciosas comissárias de bordo.

A vida está assim, mais fácil, mas acelerada.

A nanotecnologia, os ônibus espaciais, a potência extraordinária dos micro-processadores, a

informática e tantos outros rumores de modernidade fazem-nos crer que tudo cabe na palma da mão

e está ao alcance do indicador. O mundo ficou pequeno. Não diminuir com ele é um dos muitos

desafios do líder contemporâneo. Pensando melhor, decidi terminar a honrosa tarefa em momento

mais oportuno. Correr para quê?

A urgência é tirânica. Não obstante, é nosso dever, mercê de Deus, resistir à opressão dos

tempos pós-modernos com suas exigências e imposições de toda ordem. Moisés esperou oitenta

anos para iniciar seu ministério. Porém, seu nome está inscrito, para sempre, na história eclesiásticae secular, como uma das maiores referências de liderança em todos os tempos. Coube a ele, além de



Elias, aparecer em glória ao lado de Jesus transfigurado. Era com ele que Deus falava “face a face”

nas muitas horas disponíveis para esse diálogo. Hoje, entre um “e-mail” e outro, sonhamos com a

intimidade de Deus - Sem chance!

Conhecer sua época e ajustar-se para saber o que e como fazer, a exemplo dos filhos de

Issacar (I Cr 12.32), é imprescindível para quem pretende impactar, com eficiência e eficácia, tantoa sua como posteriores gerações. No entanto, não haverá esse impacto positivo se o líder zombar da

profundidade -geralmente inimiga da pressa e dos muitos afazeres.

A superficialidade, marca desta geração “ fast-food ”, é uma afronta a Deus, à sua palavra

revelada e ao bom senso. Liderar é esculpir, é edificar, é nortear, é traçar rumos. Para tanto, é

preciso muito mais que “marketing” e belas palavras; é preciso conteúdo. Samuel Costa o tem de

sobra. Esta obra silencia qualquer parecer contrário.

Seria inócuo e infrutífero escrever sobre liderança sem abordar o cotidiano do líder. Aselucubrações líricas, valiosas para embalar ilações sem resultado prático, devem ficar por conta dos

ficcionistas. A abordagem atualizada, direta e realista - opção do autor - ilumina o ponto onde há

obscuridade. A clareza na exposição, sem rodeios, ajuda o leitor a tomar atitude em face da lição

aprendida. Ao povo de Deus não falta tanto conhecimento; falta posicionamento firme. Há

informação demais, atitude de menos. A melhor obra é aquela que, além de provocar reflexão,

motiva ações concretas.

Liderar não é fácil. É tarefa solitária e extenuante, embora pareça glamourosa. Os bons

resultados são, via de regra, solidarizados, enquanto os fracassos são debitados na cota única de

quem está à frente. Quando há reconhecimento explícito, geralmente, quem o merece não está mais

vivo para receber as honrarias. Ser lembrado num trabalho que descortina a modernidade, enquanto

discute o papel e as ações do líder, apontando desafios e apresentado soluções, é uma justa

homenagem a quem, como servo bom e fiel, não fugiu à luta e aceitou com bravura e

desprendimento o ministério da liderança.

Boa leitura!

Alcides Martins Junior Pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Botânico



INTRODUÇÃO

Esse livro trata da liderança pastoral. Mas não é um livro apenas para pastores. É um livro

para todos aqueles que receberam de Deus o dom de liderar uma igreja, uma comunidade cristã.

Não é fácil liderar. Entretanto, mais difícil ainda é não liderar quando se tem o dom da liderança.

Muitos, por causa dos obstáculos impostos à liderança pastoral, resolvem enterrar seus talentos para

não sofrerem mais do que o necessário.

Liderar é um trabalho difícil, sobretudo, quando essa liderança tem de ser exercida numa

igreja. Os pastores, principalmente, têm sido machucados ao longo de seus ministérios de liderança

cristã. Contudo, não apenas esses, mas também os coordenadores de departamentos, os regentes de

corais, os líderes de bandas musicais, os professores da Escola Dominical, os presbíteros, os

diáconos, enfim, todos que se dispõem a liderar na igreja. Todos esses são pastores daqueles que o

Senhor pôs sob sua responsabilidade.

Portanto, nas próximas páginas, sempre que eu me referir ao pastor, não o farei apenas

àquele que oficialmente dirige uma igreja, mas também aos anônimos pastores distribuídos nos

mais diversos cargos e funções de uma igreja, nela exercendo algum tipo de atividade com o fim de

glorificar a Deus. Todos esses, sejam pastores oficiais ou não, são líderes cristãos. Cabe a elesserem líderes cristãos efetivamente contemporâneos.

A igreja necessita de uma liderança cristã que se caracterize pela eficácia de suas ações. A

liderança cristã eficaz é aquela que não perde o compasso com o seu tempo, por isso, o compreende,

o traduz corretamente e consegue comunicar o Evangelho do Senhor adequadamente. Ser um líder

eficaz significa conhecer o seu tempo.

O líder cristão eficaz não é anacrônico, antes anda em sintonia com sua época e a discerne

corretamente. O primeiro livro das Crônicas revela que, dentre os homens de Davi, havia também osfilhos de Issacar que eram “conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer”. (I

Crônicas 12:32). Assim como os filhos de Issacar, os líderes cristãos eficazes devem conhecer sua



época, se desejam efetivamente saber como o Israel de Deus – a Igreja – deve proceder.

No livro do profeta Jeremias há algumas palavras específicas aos líderes, mais

especificamente aos pastores. Dentre as profecias e advertências aos pastores, destaco duas

passagens. A primeira é uma constatação de que os pastores, ao tempo de Jeremias, eram maus,

egocêntricos e não mais temiam a mão de Deus. Viviam como se Deus não existisse, conquantotrabalhassem em Seu nome. O profeta registra: “Porque os pastores se tornaram estúpidos e não

buscaram ao Senhor; por isso, não prosperam, e todos os seus rebanhos se acham dispersos”

(Jeremias 10:21). A estupidez dos pastores é uma gradual conseqüência do afastamento de Deus

(“os pastores se tornaram estúpidos e não buscaram o Senhor”). A segunda passagem é uma

profecia aos líderes contemporâneos de Jeremias. São palavras firmes e difíceis de serem ouvidas

pelos transgressores, mas maravilhosamente alentadoras aos ouvidos das ovelhas, ávidas por serem

pastoreadas por santos pastores. Declara o profeta:

Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! - diz o Senhor. Portanto, assimdiz o Senhor, o Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes asminhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a maldadedas vossas ações, diz o Senhor. Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas asterras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; serão fecundas e semultiplicarão. Levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e elas jamais temerão, nem seespantarão; nem uma delas faltará, diz o Senhor (Jr 23. 1-4).

Deus mesmo recolherá as ovelhas afugentadas pelos falsos pastores e as reunirá em apriscos

seguros, sob a liderança de pastores escolhidos por Ele. Serão pastores fiéis, íntegros, santos, com o

único objetivo de glorificar o Senhor.

Esses líderes cristãos estão em todo lugar e em todo tempo, mas, geralmente, não são

percebidos, porque eles próprios não buscam sua projeção, mas a de seu supremo pastor – Jesus

Cristo. Eles podiam ser vistos 600 anos antes de Cristo, no tempo de Jeremias. Aliás, o próprio

Jeremias era um desses fiéis pastores. Contudo, esses pastores também podem ser encontrados hoje,mas não com facilidade. Apenas pelos que observam a vida com um olhar atento. São os líderes

cristãos eficazes do Senhor. Os verdadeiros. Eles têm muitos desafios a serem vencidos, enfrentam

muitos inimigos. São abençoados, mas não sem luta. Sua vida é uma contínua batalha espiritual que

só terminará quando o Senhor determinar.

Não há como falar em líder sem se lembrar de Davi, o pastor que se tornou um guerreiro

vitorioso. Davi era o homem do campo que teve de aprender a guerrear sem perder a doçura dos

prados em flor. Observando a vida de Davi, de Jeremias e de todos os demais homens usados pelo

Senhor, é possível entender que o pastor é o homem que Deus retira do campo, dos vales, das

montanhas batidas de ventos frescos, da margem de águas tranqüilas - ao lado de suas ovelhas - e



coloca no meio de lobos ferozes, em noites escuras, mares bravios e ventos uivantes e impetuosos.

O pequeno Davi teve de aprender a lutar contra todo tipo de inimigos, boa parte deles em sua

própria casa, como Absalão – seu filho e Saul – seu sogro. Davi aprendeu a desviar-se das lanças de

Saul em sua própria casa. Jeremias angustiou-se com os líderes de seu tempo, seus contemporâneos.

Foi perseguido por eles, caluniado impiedosamente. Mas é possível passar por essa luta constante,com graça e abundante vida. Sabendo usar as armas espirituais corretas, o líder cristão

contemporâneo vencerá a batalha, sem perder a doçura do campo, a simplicidade das campinas, a

calma dos vales e a suavidade dos ribeiros de águas.

Os líderes cristãos estão em todo lugar. Pastoreiam de maneira sábia e inteligente, pois

foram capacitados por Deus para o pastoreio. Ele próprio declara: “Dar-vos-ei pastores segundo o

meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência” (Jeremias 3:15). Que

todos sejamos os fiéis e contemporâneos pastores que o Senhor certamente usará na presentegeração.

CAPÍTULO I

OS DESAFIOS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Os desafios que cercam os líderes cristãos do século XXI não são pequenos. É bem verdade

que também não eram menores os desafios dos pastores dos séculos passados. Mas o século XXI é

diferente. Há algo nele que difere, em muito, dos demais séculos vividos pelas gerações passadas. Oséculo XXI trás o desafio da contemporaneidade em meio à tecnologia. Somos uma geração



“tecnologizada”, o que faz de nós um amontoado de pessoas cujos contatos sociais tornaram-se

superficiais, indiretos. Por conta da tecnologia sabemos o nome de Nelson Mandela, líder político

da África do Sul, mas não o do vizinho. Para conhecer o vizinho é preciso um contato pessoal, o

que nem sempre estou disposto a fazer. Já o nome de Mandela, a mídia se encarrega de me fazer

saber. Como ser um líder eficaz atualizado com esse tempo “tecnologizado” e, ao mesmo tempo,atrelado aos princípios da Palavra?

O Crescimento Populacional Mundial

O crescimento populacional mundial sofreu um crescimento vertiginoso a partir do século

XX. Até então, o volume populacional que, durante séculos, como ocorrera ao longo da Idade

Média, estivera estacionário ou crescera muito lentamente, passou a se ampliar dramaticamente. O

ritmo de crescimento da população mundial, até final do século XIX, era lento porque era definido por uma alta mortalidade, sobretudo a infantil, gerando uma baixa esperança de vida. Os três

flagelos clássicos – a peste, a fome, a guerra – muitas vezes associados, acabavam ditando o ritmo

da população.

O mundo atinge o seu primeiro bilhão de habitantes somente no início do século XIX, por

volta de 1804. Na entrada do século XX, em 1900, chega a 1,6 bilhão e, no final do mesmo século,

no ano 2000, passamos a contabilizar 6,1 bilhões.

Contabilizando em números o crescimento populacional dos dois últimos séculos (XIX e

XX) e projetando-os para meados do século XXI, poderíamos dispor de dados quantitativos, que

nos levassem a uma análise qualitativa. Entre 1804 e 1927, portanto num período de 123 anos, o

contingente populacional do mundo dobrou, passando de um bilhão para dois bilhões. Para atingir

seu terceiro bilhão o mundo levaria apenas 33 anos; sendo que, 14 anos mais tarde, em 1974, a

Terra já contava quatro bilhões de pessoas. Considerando então que em 1999 atingimos a marca de

seis bilhões de habitantes e que este aumento ocorreu na proporção de um bilhão de pessoas a cada

13 anos, aproximadamente, poderíamos inferir que em 2043 chegaremos à marca de nove bilhões de

pessoas morando no mesmo espaço do pequeno planeta Terra.

Segundo esses dados observa-se que o crescimento se produziu, especialmente, na segunda

metade do século. O aumento foi da ordem de 80% após 1950, de modo que a população mundial

cresceu duas vezes e meia em apenas meio século, entre 1950 e 2000. Enquanto a passagem do

primeiro para o segundo bilhão demorou 133 anos, a passagem do quinto para o sexto bilhão se deu

em apenas 12 anos. Isso significa que o crescimento atual foi 11 vezes mais rápido. Até então, não

havíamos experimentado um crescimento tão rápido assim.

As Cidades Modernas



As cidades, com sua complexidade social, cultural, econômica, emocional e espiritual

constituem-se campo propício para atuação da igreja ou do inferno; dos cristãos ou dos feiticeiros;

dos homens de bem ou dos assassinos. A cidade em que vivemos é campo de batalha entre Deus e o

diabo. Segundo Linthicum (1993, p. 23), os sistemas sociais, econômicos, políticos, educacionais e

outros, na cidade, estão sob a influência dos demônios, das potestades das trevas. É preciso muito poder, muita oração, muito jejum e muita ação para que as estruturas das cidades sejam tomadas do

poder do inimigo. O desafio é grande. Quanto maiores as cidades mais se tornam refúgio ideal para

criminosos, centros de prostituição, de crime, de violência.

A Terceira Idade

Outro desafio ao líder cristão eficaz se traduz na Terceira Idade. A expectativa média de

vida da humanidade aumentou com a passagem dos séculos. Na Idade Antiga, a expectativa das pessoas que viviam sob o domínio romano era de 22 anos de idade. Durante a Idade Média, em

pleno regime feudal, a projeção de idade avançada alcançada era de 33 anos. Do início para o final

do século XX, a média de tempo de vida da população subiu de 45 para 75 anos. Temos, portanto,

na formação dos grupos populacionais, mais pessoas com mais idade do que antes. Isso nos leva a

entender que, segundo dados estatísticos, essa tendência deverá continuar, e, em 2092, poderemos

acrescentar, talvez, uma expectativa de vida longeva, de 116 anos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS –, em 2004 o mundo comemorou o

Ano Internacional do Idoso com 580 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais, o que

representa 6% da população mundial. Desses, 335 milhões (60%) vivem nos países em

desenvolvimento. Para os cientistas, a terceira idade começa aos 60 anos. O Brasil não está

preparado para cuidar da terceira idade. E a igreja? Que tipo de atividade a igreja tem

proposto à terceira idade?

O Tráfico de Drogas

De acordo com pesquisas recentes, 11,6% dos brasileiros com mais de 12 anos já usaram

drogas. Uma das facilidades com que os traficantes brasileiros contam é a abundância de pistas de

aviões cuja existência é omitida às autoridades aeronáuticas. No estado de São Paulo, levantamento

da Secretaria de Segurança contabilizou 366 “aeroportos clandestinos” em 166 cidades, segundo

dados da Polícia Federal. Somente em 2002, a produção mundial de cocaína foi de 800 toneladas; a

de heroína, de cerca de 450 toneladas. Essa produção chega a um enorme público consumidor,

espalhado por todo o mundo, e movimenta somas impressionantes de dinheiro. Segundo estimativas

da ONU, cerca de 14 milhões de pessoas usaram cocaína entre os anos de 2000 e 2001. A heroínateve um público consumidor de 9,5 milhões de usuários no mesmo período.



A Pornografia Virtual

Outro grande desafio ao líder cristão eficaz é o da pornografia virtual. Possivelmente, o

instrumento tecnológico mais utilizado para veiculação da pornografia hoje é a Internet. A violênciavirtual por meio da pornografia atinge todos os indivíduos da sociedade, bastando a esses serem

providos de tecnologia cibernética. As classes sociais média e alta, que têm maiores condições

financeiras para adquirir aparelhagem completa de um computador, estão à mercê da pornografia,

mesmo sem sair de casa.

Há alguns anos poucos se arriscavam a ir a uma banca de revistas ou a uma Sex Shop para

comprar um exemplar pornográfico. Hoje, não é preciso sair para ter dentro de casa todo tipo de

material pornográfico, com requintes de perversão jamais mostrados na mídia escrita, como a pedofilia, a zoofilia ou a necrofilia. Os níveis de violência virtual, por meio da pornografia,

atingiram hoje índices inimagináveis há 20 anos, quando a Internet ainda era apenas um avançado

projeto científico, distante das residências domésticas. Segundo Castelo Branco, de um modo geral,

pesquisadores detectaram que 83% do tempo gasto na Internet é utilizado com pornografia.

A Violência na Mídia Televisiva

Há ainda o desafio do sistema de televisão. A TV tornou-se um dos meios de tecnologia

mais importantes para a comunicação às massas populares. Não é sem razão que boa parte dos

políticos brasileiros tem uma ou mais concessão de algum tipo de veículo de comunicação,

preferencialmente, uma concessão para transmissão de imagens via televisão. A TV é uma grande

aliada no pleito político. O que nela é veiculado quase sempre é legitimado pela sociedade.

A TV tem grande poder de influência sobre os indivíduos de uma determinada sociedade.

Pierre Bourdieu escreve que “não é mais possível conduzir lutas sociais sem dispor de programas de

luta específica com e contra a televisão.” A televisão passou a influenciar a sociedade moderna, de

tal forma, que não é possível fazer qualquer transformação social urbana sem que passe por ela.

Um mapeamento da ONU, realizado em 1998, revelou que os desenhos animados na

televisão brasileira exibem 20 crimes a cada hora. A organização monitorou, durante uma semana,

912 horas de desenhos animados exibidos em seis emissoras de sinal aberto e o resultado foi o

seguinte:

Foram detectados 1432 crimes, a maioria de lesão corporal (57%), seguida de homicídio(30%). Quase nunca o criminoso é punido. Existe a intenção de matar ou ferir e a motivaçãoé normalmente justificável. O campeão do crime em desenho animado foi o SBT, com 753casos. A TV Cultura, cuja grade de desenho animado responde por 4,44% da programaçãototal, apresentou 65 crimes alcançando a média de 11 crimes a cada hora.



Considerando que as crianças em idade escolar passam até 50% mais tempo assistindo à

televisão do que em atividades como deveres da escola, tarefas de ajuda à família e brincadeiras fora

de casa, entre outras, não é de estranhar o aumento da violência urbana nas atuais sociedades

ocidentais. Violência essa que recebe um incentivo velado, mas poderoso, pois, diariamente milhõesde crianças e adolescentes gastam horas diante de um aparelho de televisão apreciando a alta

produção de um violento desenho animado. A tecnologia da TV proporciona estar diante de cenas

criminais que dificilmente seriam experimentadas na vida real, caso não houvesse uma TV. Na

televisão vê-se sangue virtualmente derramado sobre os tele objetos e não sobre pessoas. As pessoas

tornam-se objetos televisivos, desumanizados.

A Globalização da Economia e o Desemprego em MassaCabe ao líder cristão eficaz vencer também o desafio da economia globalizada e o

conseqüente desemprego em massa. O neoliberalismo, com todas as suas implicações no mercado

de trabalho, tem estimulado, em última análise, a configuração de uma sociedade mais violenta. O

desemprego advindo da “tecnologização” no mercado de trabalho é um incentivo à emergência de

indivíduos mais violentos. O desempregado, então, passa a desempenhar outro papel na sociedade.

Será ele, agora, desconectado e excluído na sociedade “tecnologizada”. Ele terá, ao longo de sua

jornada de desemprego, uma transformação em relação às “ideologias estéticas e políticas que

professa”.

A carta abaixo é um exemplo de inúmeras pessoas desempregadas que não conseguem se

recolocar no mercado de trabalho. Eu a recebi pelo endereço eletrônico de meu gabinete pastoral.

Uma das hipóteses consideradas pela autora da carta, de 42 anos, é o suicídio, em face de seu

desemprego e da dificuldade de encontrar uma nova oportunidade de trabalho na sociedade.

Perversamente, a tecnologia que a desempregou é a mesma que lhe dá meios de falar de sua

angústia. A autora do e-mail assume-se como vítima na sociedade “tecnologizada” e considera a

hipótese de usar a violência, por meio do suicídio. É a violência expressa sob a forma do

desemprego.

Neste momento estou usando a Internet do amigo do meu filho. Desculpe se o incomodo. O problema é que estou precisando de ajuda neste momento. Estou muito deprimida hoje, se eutivesse uma arma aqui em casa hoje, eu já teria feito uma besteira... não tenho amigos, só tenhomeus filhos, estou desempregada e ao mesmo tempo desesperada. (sic.) Ultimamente estou muitodeprimida por não saber mais o que fazer. Preciso de ajuda. Estou precisando de ajuda antes defazer uma besteira, (sic.) o senhor sabe que o desemprego aqui está muito, (sic.) e eu não sei maiso que fazer para criar meus filhos.... Será que o senhor pode me ajudar? Não quero dinheiro não,

só quero uma ajuda para conseguir ir... Não sei mais o que fazer... Tem horas que me desespero... Não quero fazer nenhuma besteira...



A carta fora escrita de maneira anônima. Quem escrevia dizia, em outro trecho da mesma

carta, que estivera no culto dominical, à noite, em minha igreja, participara da Santa Ceia. Agora,

em sua casa, ela dizia que a depressão voltava a atormentá-la. Mais tarde consegui um contato

pessoal com a autora da carta e tentamos recolocá-la no mercado de trabalho.

Muito ainda se poderia apontar como desafios atuais ao líder cristão, tais como o tráfico devidas humanas, a rede de prostituição, as superfortunas (mais de 100 milhões de dólares) em meio à

miséria de boa parte da população mundial, entre outros. Esses, contudo, bastam para fazer-nos

vislumbrar que os atuais desafios, impostos ao líder cristão eficaz, não são pequenos.

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