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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE LIDIANE MARTINS MENDES GOMES INCLUSÃO DE CAROTENOIDES DE PIMENTÃO VERMELHO EM CICLODEXTRINAS E AVALIAÇÃO DA SUA ESTABILIDADE, VISANDO APLICAÇÃO EM ALIMENTOS NITERÓI/RJ 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE

LIDIANE MARTINS MENDES GOMES

INCLUSÃO DE CAROTENOIDES DE PIMENTÃO VERMELHO EM

CICLODEXTRINAS E AVALIAÇÃO DA SUA ESTABILIDADE, VISANDO

APLICAÇÃO EM ALIMENTOS

NITERÓI/RJ

2012

LIDIANE MARTINS MENDES GOMES

INCLUSÃO DE CAROTENOIDES DE PIMENTÃO VERMELHO EM

β-CICLODEXTRINA E AVALIAÇÃO DA SUA ESTABILIDADE, VISANDO

APLICAÇÃO EM ALIMENTOS

. Dissertação de Mestrado apresentada ao

Curso de Mestrado do Programa de Pós-

graduação em Ciências Aplicadas a

Produtos para Saúde da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal

Fluminense, como requisito para

obtenção do grau de Mestre.

Orientadora: Profa Dra. KÁTIA GOMES DE LIMA ARAÚJO

Co-orientadora: Prof ª Dr ª. DEBORAH QUINTANILHA FALCÃO

Niterói

2012

LIDIANE MARTINS MENDES GOMES

INCLUSÃO DE CAROTENOIDES DE PIMENTÃO VERMELHO EM

β-CICLODEXTRINA E AVALIAÇÃO DA SUA ESTABILIDADE, VISANDO

APLICAÇÃO EM ALIMENTOS

BANCA EXAMINADORA

Prof ª. Dra. KÁTIA GOMES DE LIMA ARAÚJO - Orientadora

Universidade Federal Fluminense – UFF

Prof . Dr. ANDERSON JUNGER TEODORO - Membro Titular

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO

Prof. Dr. ARMANDO UBIRAJARA OLIVEIRA SABAA SRUR- Membro Titular

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Niterói/RJ

2012

AGRADECIMENTOS

Agradeço a princípio a Deus, pelo dom da vida, por estar sempre

presente nos momentos importantes iluminando meus caminhos e

proporcionando a conclusão de mais uma etapa essencial em

minha vida.

À minha orientadora Kátia Gomes de Lima Araújo, pela

oportunidade de fazer parte de um projeto de pesquisa relacionado

à área de Biotecnologia de Alimentos, pelo incentivo, carinho,

amizade e ensinamentos transmitidos com sua inteligência durante

a trajetória científica.

À minha co-orientadora Deborah Quintanilha Falcão pelos

ensinamentos transmitidos durante o curso, pela sabedoria,

amizade, disposição e auxílio.

À Universidade Federal Fluminense e ao Programa de Pós

Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos a Saúde pela

oportunidade de realização do curso.

À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES), pela bolsa de mestrado.

À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado

do Rio de Janeiro (FAPERJ) pelo apoio financeiro permitindo a

realização e concretização deste trabalho.

À professora Josiane Roberto Domingues pelo auxilio nas análises

realizadas no espectrofotômetro do Instituto de Química da UFF,

assim como pelas orientações durante o estágio em docência, pela

sabedoria, carinho e amizade.

À professora Silvana Vianna Rodrigues, do Laboratório de

Cromatografia do Instituto de Química da UFF, pela permissão

para uso do espectrofotômetro de varredura.

Aos Laboratórios de Bromatologia, Tecnologia Farmacêutica e

Controle Físico-Químico da Faculdade de Farmácia da UFF pela

oportunidade de realização do preparo do iogurte, dos estudos de

estabilidade, das etapas de inclusão molecular e pela utilização do

espectrofotômetro.

Ao Laboratório de Cromatografia Líquida de Alimentos da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), em

especial ao Dr. Ronoel Godoy e ao Analista Sidney Pacheco pela

realização das etapas de análise cromatográfica do extrato de

pimentão vermelho.

Ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) pela utilização

do analisador de tamanho de partícula e potencial Zeta e pelas

análises de Infravermelho.

Ao Laboratório de Ressonância Magnética da UFF.

Ao Instituto Nacional de Tecnologia (INT), em especial a Drª

Valéria Gonçalves Costa, pela realização das análises de DSC.

À bolsista de iniciação cientifica Nicolly Petito pelo auxílio

durante a realização de todas as etapas essenciais do trabalho, pelo

carinho, paciência, amizade e pelos momentos de descontração no

laboratório.

Aos meus pais, Rosa e Joaquim, pela educação, amor e apoio,

além da confiança depositada em meus estudos.

Ao meu marido Carlos Gomes, que sempre esteve ao meu lado

durante toda a minha vida acadêmica, acompanhando, e

incentivando as minhas escolhas. Pelo auxílio e ensinamentos

ofertados relacionados formatação do trabalho. Agradeço pelo

companheirismo nos finais de semana no laboratório.

Às amigas e colegas de trabalho do Laboratório de

Biotecnologia de Alimentos (LABIOTEC), Francine Albernaz,

Beatriz Corrêa, Thaís Passos, Isabela Moreira, Roberta Rizzo,

Gabriela Pepe, Nicolly Petito, Vitória Gomes e Fabiana

Lindenberg pela amizade, auxílio, descontração e companheirismo

durante as viagens de congresso.

Ao professor Caio Pinho Fernandes pela disponibilidade, atenção e

ensinamentos ofertados em relação às análises de RMN.

A todos que colaboraram direta ou indiretamente na realização

deste trabalho.

RESUMO

O uso das ciclodextrinas como agente encapsulante é uma tecnologia que melhora a

solubilidade e aumenta a estabilidade de substâncias frente a fatores químicos e ambientais. O

objetivo do presente trabalho foi conduzir a inclusão de carotenoides extraídos do pimentão

vermelho (Capsicum annuum L.) em ciclodextrinas, visando favorecer a sua solubilidade e

estabilidade frente a fatores envolvidos no processamento e armazenamento de alimentos.

Inicialmente, testes foram realizados para escolha dos solventes mais adequados sendo eleita a

mistura etanol: água (90:10), seguida da partição com hexano, para extração dos pigmentos. A

determinação dos principais pigmentos presentes no extrato foi realizada por cromatografia

líquida de alta eficiência (CLAE) identificando-se a capsantina, capsorubina, β-caroteno, β-

criptoxantina, 13-cis- β-Criptoxantina e 9 cis- β- caroteno. Os testes preliminares de inclusão

molecular que foram realizados com α-, β- e metil-β-ciclodextrina, indicaram a β-

ciclodextrina como sendo a mais adequada para dar seguimento aos experimentos. A escolha

do procedimento de inclusão foi feita com base nos resultados obtidos com os ensaios de

caracterização, em especial o rendimento e a eficiência de inclusão. O procedimento de

inclusão molecular entre o extrato e a β-ciclodextrina com sonda de ultra-som demonstrou

maior rendimento (54,48 %) e eficiência de inclusão (62,43%) comparado ao processo com

agitação magnética, que apresentou os valores de 40,49% e 52,95%, respectivamente. Os

complexos obtidos através dos dois procedimentos de inclusão molecular foram

caracterizados por espectrofotometria no infravermelho, ressonância magnética nuclear de

hidrogênio (RMN1H), análise térmica diferencial (DSC), tamanho e distribuição de partícula,

e potencial Zeta. As caracterizações indicaram que sonda de ultra-som promoveu maior

interação entre o extrato e a β-ciclodextrina comparado ao procedimento com agitação

magnética. A atividade antioxidante do extrato e do complexo obtidos foram avaliados pelo

método ORAC (Oxygen Radical Absorbance Capacity), e demonstrou que o complexo

apresentou maior atividade antioxidante comparado ao extrato. O complexo obtido por sonda

de ultra-som e o extrato de pimentão vermelho foram utilizados em experimentos para avaliar

o efeito combinado das variáveis pH, temperatura e tempo de aquecimento sobre a

estabilidade da cor, e os resultados demonstraram que o extrato está mais sujeito a ação dos

parâmetros avaliados em comparação ao complexo, indicando que a inclusão em β-

ciclodextrina elevou a estabilidade da cor do extrato do pimentão vermelho em solução. As

mesmas amostras também foram adicionadas em iogurte para avaliar a estabilidade da cor

durante sessenta dias de armazenamento. Os resultados revelaram que o complexo promoveu

maior proteção da cor comparado ao iogurte que recebeu extrato não complexado. Em

conclusão, a inclusão do extrato de pimentão vermelho em β-ciclodextrina usando sonda de

ultra-som foi eficiente para obtenção de complexo com bom rendimento e eficiência de

inclusão, além de colaborar para a elevação da estabilidade da cor frente a parâmetros que

podem estar envolvidos no processamento e armazenamento de alimentos.

Palavras-chave: pimentão vermelho, carotenoides, β-ciclodextrina, inclusão molecular, ultra-

som, agitação magnética.

ABSTRACT

The use of cyclodextrins as encapsulating agent is a technology that improves the solubility

and increases stability of the substances in front of chemical and environmental factors. The

aim of the present work was carry the inclusion of carotenoids obtained from red bell pepper

(Capsicum annuum), in cyclodextrins, ordering promote its solubility and stability in front of

the factors involved in processing and storage of foods. Initially, tests were performed to

choose the most appropriate solvents, being elected the ethanol:water (90:10) mixture,

followed by partition mixture solvents hexane:acetone to extraction of the pigments. The

determination of the major pigments was carried by hight performance liquid chromatography

(HPLC) identifying capsanthin, capsorubin, β-carotene, β-cryptoxanthin, 13-cis-β-

cryptoxanthin and 9 cis-β-carotene. Preliminary tests of molecular inclusion which were

carried with α-,β-and metil-β-cyclodextrins indicated β–cyclodextrins as being more

appropriate to follow up the experiments. The selection of the inclusion procedure was based

on the results obtained with characterizations tests, in particular, the yield and inclusion

efficiency. The procedure inclusion molecular of the extract in β–cyclodextrin by ultrasound

probe showed higher yield (54,48 %) and inclusion efficiency (62,43%) compared to

magnetic stirring,which showed values of 40,49% and 52,95%, respectively. The complexes

obtained by both molecular inclusion procedure were characterized by fourier transform-

infrared spectroscopy, nuclear magnetic resonance (RMN1H), differential scanning

calorimetry (DSC), size and particle distribution and Zeta potential. The characterizations

indicated that the ultrasound probe promoted greater interaction between the extract and β–

cyclodextrin compared to magnetic stirring. The antioxidant activity of the obtained extract

and complex were available by ORAC (Oxygen Radical Absorbance Capacity) method, and

demonstrated that the complex showed higher antioxidant activity compared to extract. The

complex obtained by ultrasound probe and the extract from red bell pepper were used in the

experiments to asses the combined effect of the variables pH, temperature and heating time on

the color stability, and the results showed that the extract is more liable to the action of these

parameters compared with the complex, indicating that the inclusion in β-cyclodextrin

increased the color stability from the red bell pepper extract while in solution. The same

samples were added in yogurt to assess the color stability during sixty days of storage. The

results revealed that the complex promoted a greater color protection compared to the added

yogurt extract not complexed. In conclusion, the inclusion of the red bell pepper extract in β-

cyclodextrin using ultrasonic homogenizer was efficient to the complex obtention with a good

yield and inclusion efficiency, beside collaborating to the color stability elevation in front of

the parameters that may be involved in the processing and storage of foods.

Key-words: red bell pepper, carotenoids, β-cyclodextrin, molecular inclusion, ultrasound,

magnetic stirring.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Porcentagem de uso de corantes, no mundo, pelas indústrias de alimentos

e bebidas.

20

Figura 2. Estrutura dos corantes artificiais do grupo azo. 21

Figura 3. Estrutura dos corantes artificiais do grupo trifenilmetano. 25

Figura 4. Estrutura dos corantes naturais permitidos para uso em alimentos no

Brasil.

29

Figura 5. Estrutura de alguns carotenoides. 33

Figura 6. Carotenoides precursores de vitamina A. 34

Figura 7. Estrutura das microcápsulas.

41

Figura 8. Descrição esquemática da microencapsulação.

42

Figura 9. Ilustração esquemática da inclusão do p-xileno por uma ciclodextrina. 43

Figura 10. Ligações glicosídicas α-1,4 através de pontes de oxigênio entre duas

moléculas de glicopiranose.

44

Figura 11. Estruturas de α, β e γ ciclodextrinas. 45

Figura 12. Fluxograma das etapas envolvidas no processamento dos pimentões

vermelhos.

50

Figura 13. Etapas de obtenção do extrato: partição com hexano (a e b) e evaporação

do solvente (c)

52

Figura 14. Etapas envolvidas no procedimento de inclusão utilizando dois

procedimentos: (a) solubilização da ciclodextrina em solução de

etanol:água, (b) inclusão molecular utilizando agitação magnética, (c)

inclusão molecular utilizando sonda de ultra-som, (d) filtração a vácuo

em membranas de celulose, (e) obtenção do depósito e (f) liofilização.

56

Figura 15. Extrato de pimentão vermelho obtido com a mistura hexano: acetona (a)

e etanol: água (b)

63

Figura 16. Perfil cromatográfico do extrato de pimentão vermelho, antes (a) e após

(b) a saponificação.

64

Figura 17. Espectros de absorção dos carotenoides presentes no extrato de pimentão

vermelho

65

Figura 18. Espectros de absorção no visível do extrato de pimentão vermelho

diluído nos solventes: etanol (curva azul), hexano (curva vermelha) e

diclorometano (curva verde).

67

Figura 19. Curvas de calibração com extrato solubilizado em etanol (a); extrato

solubilizado em hexano (b) e extrato solubilizado em diclorometano (c).

68

Figura 20. Parâmetros de cor L*, a* e b* avaliados para o extrato e complexo em

antes do tratamento térmico em pH 3 (a), 5 (b) e 7(c).

70

Figura 21. Soluções obtidas após a etapa de homogeneização do extrato em β-ciclodextrina, com agitação magnética (a) e sonda de ultra-som (b).

74

Figura 22. Espectros de infravermelho: β- ciclodextrina (a), extrato de pimentão

vermelho (b), mistura física (c), complexo de inclusão com ultra-som (d)

e complexo de inclusão com agitação magnética (e)

77

Figura 23. Análise Térmica Diferencial (DSC): β- ciclodextrina (verde), extrato de

pimentão vermelho (vermelho), mistura física (azul), complexo de

inclusão com etanol/ultra-som (lilás) e complexo de inclusão com

etanol/agitação magnética (preto)

78

Figura 24. Distribuição do tamanho de partícula: β- ciclodextrina (a), mistura física

(b), complexo de inclusão com ultra-som (c) e complexo de inclusão com

agitação magnética (d).

80

Figura 25. Espectro de RMN1H referente à região do carbono anomérico da (a) β-

ciclodextrina e (b) mistura física.

83

Figura 26. Espectro de RMN1H para (a) β- ciclodextrina, (b) complexo de inclusão

com ultra-som, (c) complexo de inclusão com agitação magnética e (d)

mistura física.

84

Figura 27. Atividade antioxidante do complexo de inclusão e do extrato de

pimentão.

86

Figura 28. Gráficos de Paretto indicando os efeitos do pH, temperatura e tempo de

aquecimento sobre o índice L* das soluções do extrato de pimentão

vermelho e do complexo β-ciclodextrina/extrato

88

Figura 29. Gráficos de Paretto indicando os efeitos do pH, temperatura e tempo de

aquecimento sobre o índice a* das soluções do extrato de pimentão

vermelho e do complexo β-ciclodextrina/extrato

89

Figura 30. Gráficos de Paretto indicando os efeitos do pH, temperatura e tempo de

aquecimento sobre o índice b* das soluções do extrato de pimentão

vermelho e do complexo β-ciclodextrina/extrato

89

Figura 31. Superfícies de resposta mostrando as variações do índice L* para extrato

e complexo em função do tempo e pH (temperatura fixa de 70 °C),

temperatura e pH (tempo fixo de 5 minutos) e tempo e temperatura (pH

fixo no valor de 5)

91

Figura 32. Superfícies de resposta mostrando as variações do índice a* para extrato

e complexo em função do tempo e pH (temperatura fixa de 70 °C),

temperatura e pH (tempo fixo de 5 minutos) e tempo e temperatura (pH

fixo no valor de 5)

92

Figura 33. Superfícies de resposta mostrando as variações do índice b* para extrato

e complexo em função do tempo e pH (temperatura fixa de 70 °C),

temperatura e pH (tempo fixo de 5 minutos) e tempo e temperatura (pH

fixo no valor de 5)

93

Figura 34. Iogurte adicionado do extrato de pimentão vermelho (a) e iogurte

adicionado de complexo (b)

95

Figura 35. Variação do índice L* (grau de azul/amarelo) de iogurtes sem adição de

corante (ISC), extrato bruto (ICE), complexo liofilizado (ICC) e corante

sintético amarelo crepúsculo (ICA) avaliados durante 60 dias (média ±

desvio-padrão)

96

Figura 36. Variação do índice a* (grau de azul/amarelo) de iogurtes sem adição de

corante (ISC), extrato bruto (ICE), complexo liofilizado (ICC) e corante

sintético amarelo crepúsculo (ICA) avaliados durante 60 dias (média ±

desvio-padrão)

97

Figura 37. Variação do índice b* (grau de azul/amarelo) de iogurtes sem adição de

corante (ISC), extrato bruto (ICE), complexo liofilizado (ICC) e corante

sintético amarelo crepúsculo (ICA) avaliados durante 60 dias (média ±

desvio-padrão)

98

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Corantes naturais permitidos no Brasil 28

Tabela 2. Exemplos de pesquisa em nanotecnologia, nanoprodutos e suas

aplicações na produção e controle de alimentos

40

Tabela 3. Composição do gradiente da fase móvel usada nas análises 53

Tabela 4. Variáveis e níveis utilizados no experimento 60

Tabela 5. Combinações de variáveis e níveis a serem usadas no experimento 61

Tabela 6. Resultados das análises de colorimetria do extrato solubilizado em

diferentes solventes

69

Tabela 7. Comparação entre a eficiência de extração e o número de extrações para

os diferentes procedimentos de extração realizados

73

Tabela 8. Comparação entre o rendimento e eficiência de inclusão obtidos por

diferentes procedimentos

74

Tabela 9. Diferenças de deslocamento químico do pico H (em ppm) entre a β-

ciclodextrina e o complexo de inclusão com ultra-som

82

Tabela 10. Diferenças de deslocamento químico do pico H (em ppm) entre a β-

ciclodextrina e o complexo de inclusão com agitador magnético

82

Tabela 11. Diferenças de deslocamento químico do pico H (em ppm) entre a β-

ciclodextrina e a mistura física

83

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 OBJETIVOS 17

2.1 Objetivo geral 17

2.2 Objetivos específicos 17

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18

3.1 Importância da cor para a comercialização de alimentos 18

3.2 Corantes utilizados na indústria de alimentos 19

3.2.1 Corantes artificiais 19

3.2.1.1 Corantes do grupo azo 20

3.2.1.2 Corantes do grupo trifenilmetano 25

3.2.2 Corantes naturais 27

3.2.2.1 Características dos principais corantes naturais usados em alimentos 29

3.2.2.2 Carotenoides 32

3.2.2.2.1 Carotenoides encontrados no pime ntão vermelho 35

3.3 Nanotecnologia aplicada a alimentos 38

3.3.1 Inclusão molecular 43

3.3.1.1 Ciclodextrinas 44

3.3.2 Encapsulação de pigmentos 47

4 METODOLOGIA 50

4.1 Material 50

4.2 Processamentos do pimentão e obtenção dos extratos contendo carotenoides 50

4.3 Análises do extrato do pimentão vermelho 52

4.4 Inclusão dos pigmentos do extrato do pimentão em ciclodextrina 55

4.5 Determinação da eficiência de inclusão e caracterização do complexo obtido 57

4.6 Avaliação da estabilidade do complexo de inclusão em sistemas modelos, 59

frente a fatores importantes para o processamento de alimentos

4.7 Avaliação da estabilidade da cor de iogurte adicionado do complexo 61

carotenoides de pimentão/ciclodextrina

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 63

5.1 Obtenção do extrato de pimentão vermelho (Capsicum anumm L) 63

5.2 Análises do extrato de pimentão vermelho 64

5.2.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) 64

5.2.2 Espectrofotometria de absorção na região do UV- visível 67

5.2.3 Espectrofotometria de reflectância 69

5.2.4 ORAC 71

5.3 Inclusão dos pigmentos de extrato de pimentão vermelho em ciclodextrinas 72

e determinação das eficiências de inclusão

5.4 Caracterização dos complexos obtidos 76

5.4.1 Espectrofotometria no Infravermelho (IV-TF) 76

5.4.2 Análise Térmica Diferencial (DSC) 79

5.4.3 Tamanho e Distribuição de Partículas e Potencial Zeta 80

5.4.4 Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN1H) 82

5.4.5 ORAC 86

5.5 Avaliação da estabilidade do complexo de inclusão em sistema modelo, frente a 87

fatores importantes para o processamento de alimentos

5.6 Avaliação da estabilidade da cor de iogurte adicionado do complexo carotenoides 95

de pimentão/ciclodextrina

6 CONCLUSÃO 100

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 102

1 INTRODUÇÃO

As mudanças ocorridas nos hábitos alimentares da população mundial nas últimas

décadas têm atraído atenção dos órgãos governamentais e da comunidade científica visto que

o elevado consumo de alimentos processados vem contribuindo para o empobrecimento da

dieta e o aparecimento de diversas doenças.

Além de a dieta ter sofrido modificações ao longo dos anos, a tecnologia empregada

pelas indústrias alimentícias com o objetivo de estender a vida de prateleira dos produtos tem

gerado questionamentos quanto à segurança dos aditivos químicos empregados em diversos

alimentos.

Segundo a Portaria Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde 540/97,

aditivo alimentar é definido como qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos

alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas,

químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação,

tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um

alimento. O emprego de aditivos químicos, como o corante, é um dos mais polêmicos avanços

da indústria alimentícia já que seu uso justifica-se por questões de hábitos alimentares, sendo

a aparência do produto a maior justificativa para empregá-lo. Sob o ponto de vista

toxicológico, vários estudos têm sido realizados para verificar os efeitos nocivos ao homem,

já que esses aditivos não são totalmente inofensivos à saúde podendo promover reações

adversas ao consumidor.

Os corantes são aditivos sem valor nutricional, introduzido nos alimentos e bebidas

com o único objetivo de conferir cor, tornando-o mais atrativos aos olhos do consumidor. Por

esse motivo, do ponto de vista da saúde, os corantes artificiais em geral não são

recomendados.

15

Os corantes artificiais permitidos no Brasil englobam aqueles dos grupos azo

(bordeaux S ou amaranto, amarelo crepúsculo, azorrubina, ponceau 4R, tartrazina e vermelho

40) e trifenilmetano (azul brilhante, azul patente V, verde rápido e eritrosina).Várias

publicações discutem os perigos para a saúde e toxicologia de corantes artificiais utilizados

como aditivos em alimentos. Os corantes do grupo azo foram relacionados ao

desenvolvimento de reações alérgicas, urticária, angioedema, indisposição gástrica e vômitos.

Os corantes do grupo trifenilmetano também já foram relatados como causadores de

hipersensibilidade em crianças, eczema e asma e devem ser evitados por indivíduos sensíveis

a purinas.

A indústria alimentícia depara-se com a necessidade de substituir os corantes

artificiais. Para isso, têm sido usados pigmentos naturais de vegetais, microrganismos ou

animais, ou substâncias sintéticas idênticas às naturais. No entanto, os corantes naturais não

são os preferidos para uso em alimentos, por questões de disponibilidade e baixa estabilidade.

O pimentão refere-se a um grupo de cultivares da espécie Capsicum annuum, muito

utilizado na culinária de todo o mundo. Os vários cultivares produzem frutos com diferentes

cores sendo as mais conhecidas a verde, a amarela e a vermelha. No Brasil é uma das mais

importantes hortaliças tanto em termos de volume de produção como em comercialização,

sendo valorizado pela sua cor atraente e sabor forte, propriedades sensoriais além de ser uma

boa fonte de compostos bioativos, como os carotenoides. A cor vermelha intensa é

característica da presença dos carotenoides capsantina e capsorubina, sintetizados durante o

amadurecimento.

Os carotenoides podem ser empregados como corantes em alimentos, no entanto,

diversos fatores relacionados a pH, temperatura, oxigênio, luz e baixa solubilidade em água

prejudicam a sua utilização como aditivo alimentar. A alternativa mais aplicada para aumentar

a estabilidade de carotenoides e permitir sua incorporação em ambiente hidrofílico é a técnica

de encapsulação que promove uma barreira física protegendo o pigmento sendo a inclusão

molecular de carotenoides na cavidade de ciclodextrinas um dos possíveis caminhos para

melhorar a solubilidade e estabilidade frente a fatores ambientais e químicos.

As ciclodextrinas são utilizadas extensivamente como aditivos para aumentar a

solubilidade de componentes orgânicos insolúveis em água a partir da formação do complexo

de inclusão com diversos tipos de moléculas. A formação de complexos altera

significativamente as características do substrato, incluindo modificações na reatividade

química do substrato, fixação de substâncias muito voláteis, melhoria na solubilidade de

compostos, estabilização de substâncias sensíveis à luz, calor e oxidação, proteção da

16

degradação de substâncias por microrganismos, mascaramento de corantes ou pigmentos e

atividade catalítica com substratos. Ocorrem ainda modificações nas propriedades espectrais

do substrato, na reatividade do substrato incluído e ele, inicialmente hidrofóbico, é tornado

hidrofílico sob complexação. A inclusão de substâncias em ciclodextrinas constituiu-se numa

aplicação da nanotecnologia, em função das pequenas dimensões das estruturas formadas com

a complexação. É importante considerar que, com a evolução da nanotecnologia, as

ciclodextrinas possam, pelo seu baixo custo, grande disponibilidade e baixa toxicidade, serem

empregadas para aumentar a solubilidade e a estabilidade dos carotenoides, viabilizando seu

emprego como aditivos alimentares.

Considerando a falta de dados na literatura sobre a estabilidade de complexos de

carotenoides/ciclodextrina com possível aplicação como corantes em alimentos, o presente

trabalho propõe um estudo sobre a inclusão de pigmentos carotenoides extraídos do pimentão

vermelho em ciclodextrinas, avaliando aspectos da sua estabilidade frente a fatores de

importância no processamento e armazenamento de alimentos, visando conhecer a viabilidade

da utilização dos pigmentos naturais do pimentão como corantes em alimentos e contribuir

para que sejam encontrados caminhos para a solução do problema relacionado ao polêmico

uso de corantes artificiais em produtos alimentícios.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Conduzir a complexação de carotenoides extraídos do pimentão vermelho (Capsicum

annuum L) com ciclodextrinas, visando aplicação em alimentos.

2.2 Objetivos específicos

Extrair e caracterizar, por métodos cromatográficos, os pigmentos carotenoides do

pimentão vermelho;

Obter complexos carotenoides do pimentão/ciclodextrina usando diferentes métodos

de homogeneização;

Caracterizar os complexos obtidos e determinar a eficiência de inclusão;

selecionando um tipo de complexo para prosseguimento nos estudos;

Avaliar a estabilidade do complexo escolhido frente a fatores importantes no

processamento de alimentos (pH, temperatura e tempo);

Adicionar o complexo carotenoides do pimentão/ciclodextrina escolhido em iogurte

e avaliar a sua estabilidade de cor durante a vida útil do produto

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Importância da cor para a comercialização de alimentos

Os órgãos dos sentidos do ser humano captam cerca de 87% de suas percepções pela

visão, 9% pela audição e os 4% restantes por meio do olfato, do paladar e do tato. A

percepção da cor não se refere apenas à habilidade do homem em distinguir a luz de

diferentes comprimentos de onda. A cor é o resultado produzido no cérebro pelo estímulo

recebido quando a energia radiante penetra nos olhos, permitindo a distinção do verde, do

azul, do vermelho e de outras cores (CONSTANT; STRINGUETA; SANDI, 2002).

A cor e a aparência são atributos fundamentais, se não os mais importantes, para a

qualidade dos alimentos. Isso se deve à capacidade humana de perceber com facilidade esses

fatores, os quais são os primeiros a serem avaliados pelos consumidores no momento da

aquisição do produto. O fornecimento aos consumidores de alimentos mais nutritivos, seguros

e mais econômicos é viável, no entanto, se eles não são atraentes, sua aquisição não ocorrerá.

O consumidor também relaciona as cores à qualidade do alimento, as cores específicas das

frutas são associadas à maturação enquanto o vermelho brilhante da carne crua está associada

ao frescor (FENNEMA, 2010).

A função da adição de cores aos alimentos es tá relacionada à restituição da aparência

original (afetada durante as etapas de processamento, embalagem, estocagem ou distribuição),

tornar o alimento visualmente mais atraente (ajudando a identificar o aroma e o sabor

normalmente associados aos produtos), conferir cor aos desprovidos de cor e reforçar as cores

presentes nos alimentos (CONSTANT; STRINGUETA; SANDI, 2002). Sendo assim, o uso

de corantes em produtos alimentícios industrializados é necessário para a obtenção de

produtos com aparência mais próxima à dos alimentos naturais.

19

Corantes são substâncias ou mistura de substâncias que possuem a propriedade de

conferir, intensificar ou restaurar a cor dos alimentos e bebidas (BRASIL, 1997). Existem três

categorias de corantes permitidas na legislação para uso em alimentos: corantes naturais,

corante caramelo e corantes artificiais. Considera-se corante natural aquele obtido a partir de

vegetal ou de animal; corante caramelo aquele obtido a partir da reação de Maillard a partir de

açúcares e corante artificial aquele obtido por síntese orgânica (BRASIL, 1965).

3.2 Corantes utilizados na indústria de alimentos

3.2.1 Corantes artificiais

Com a descoberta dos corantes sintéticos nos séculos XVIII e XIX o interesse das

indústrias pelo uso dos corantes artificiais aumentou, inclusive na tentativa de mascarar

alimentos de baixa qualidade. Desde então, os corantes sintéticos têm sido cada vez mais

usado devido ao fornecimento amplo de uma gama de cores, proporcionando praticamente

todas as tonalidades do espectro visível de cor, além da alta estabilidade (frente a fatores

como luz, oxigênio, pH e calor), alto poder tintorial e custo de produção relativamente baixo

(PRADO; GODOY, 2003).

Os mesmo autores relatam que o emprego de materiais sintéticos para colorir teve

início em 1856 com a síntese do primeiro corante derivado do carvão mineral, desenvolvido

por William Henry Perkin, na Inglaterra. Desde então, nos Estados Unidos e Europa mais de

uma centena de corantes foram desenvolvidos e lançados no mercado. Muitos alimentos

foram coloridos indiscriminadamente, como ketchup, mostardas, geléias, e ainda outros que,

mesmo sob proibição, tiveram adição de corantes, como por exemplo, vinhos brancos de má

qualidade que foram transformados em vinhos tintos, acrescentando-se a eles taninos e

bordeaux S. Já foram relatados acréscimos de corantes artificiais em cervejas, cidras e

aperitivos.

Na Índia, 61,6% dos alimentos analisados em alguns estudos apresentavam em suas

composições corantes não permitidos por aquele país, sendo somente em Calcutá 13,1% dos

alimentos. No Egito ocorreram casos de adulteração de olivas negras com o uso de corantes

artificiais, o que é uma prática ilegal segundo sua legislação. Muitos desses aditivos nunca

foram testados para verificar sua toxicidade ou outros efeitos adversos à saúde da população

(PRADO; GODOY, 2003).

20

A Figura 1 apresenta a distribuição do uso de corantes em alimentos e bebidas no

mundo, mostrando o grande emprego desses aditivos pelas indústrias alimentícias.

Os corantes artificiais permitidos para uso em alimentos no Brasil classificam-se em

dois grupos, são eles: o grupo azo (bordeaux S ou amaranto, amarelo crepúsculo, azorrubina,

ponceau 4R, amarelo tartrazina, vermelho 40) e grupo trifenilmetano (azul brilhante FCF, azul

patente V, verde rápido e eritrosina) (BRASIL,1997).

Os produtos onde estes corantes são mais utilizados são em alimentos processados à

base de cereais, balas, caramelos e similares, coberturas e xaropes para gelados comestívei s e

sobremesas, geléia de cereja, gomas de mascar, iogurtes e leites aromatizados, leites

fermentados aromatizados, leites geleificados aromatizados, licores, preparados líquidos ou

sólidos para refrescos e refrigerantes, produtos de frutas, cereais, legumes e outros

ingredientes para uso em iogurtes, queijo tipo petit-suisse e similares, queijos, recheios de

bombons e similares, produtos de confeitaria, biscoitos e similares, refrescos e refrigerantes,

pós para sobremesas de gelatinas, flans e pudins (BRASIL, 1998).

3.2.1.1 Corantes do grupo azo

A classe dos corantes sintéticos do grupo azo compreende vários compostos que

apresentam um anel naftaleno ligado a um segundo anel benzeno por uma ligação azo (N=N).

Esses anéis podem conter um, dois ou três grupos sulfônicos. Esse grupo representa a classe

de corantes sintéticos mais importante e mais utilizada em alimentos (PRADO; GODOY,

2003).

Figura 1 - Porcentagem de uso de corantes, no mundo, pelas indústrias

de alimentos e bebidas (DOWNHAM; COLLINS, 2000).

21

As principais estruturas dos corantes artificiais do grupo azo utilizados em alimentos

no Brasil estão representadas na Figura 2.

O amaranto ou bordeaux S é um pó marrom avermelhado que dissolve rapidamente

em água para produzir uma solução vermelho-magenta ou vermelho-azulada. Apresenta boa

estabilidade à luz, calor e ácido, porém descolore em presença de agentes redutores como o

ácido ascórbico e SO2. Alguns estudos são contraditórios quanto à inocuidade carcinogênica

deste corante sendo, por medida de segurança, proibido nos Estados Unidos desde 1976. No

Canadá, é permitido o seu uso, pois sua estrutura química é bastante semelhante a outros

corantes considerados não carcinogênicos. Na Inglaterra seu uso é permitido em caráter

provisório até que se apresentem estudos mais conclusivos. No Japão foi voluntariamente

banido pelas indústrias de alimentos e na União Europeia seu uso é permitido (PRADO;

GODOY, 2003).

Figura 2 - Estrutura dos corantes artificiais do grupo azo

22

Segundo uma revisão realizada por Polônio e Peres (2009), no Município do Rio de

Janeiro, foram coletadas 43 amostras de bebidas não alcoólicas e não gaseificadas (bebidas

isotônicas, preparados sólidos para refresco, guaraná natural e xaropes de groselha). Usando a

técnica de cromatografia líquida de alta eficiência identificaram a presença e o tipo de

corantes. Foram encontrados os corantes amaranto em 37% das amostras, amarelo crepúsculo

em 33% e tartrazina em 28%, respectivamente. O amaranto esteve presente em 50% das

amostras do xarope de groselha em concentração acima da permitida pela legislação,

caracterizando fraude. Os autores alertaram para o fato da quantificação do teor de cora nte ter

sido realizada na amostra diluída como indicado no rótulo, porém, alguns consumidores,

principalmente as crianças, fazem uso desse produto muitas vezes na forma concentrada,

como em coberturas para sorvetes e bolos.

No Japão, foram avaliados se os aditivos alimentares mais consumidos no país

induziam danos no DNA dos ratos. A administração dos aditivos foi oral em até 0,5 x LD 50

(dose letal para 50 % dos animais) ou na dose limite de 2.000 mg/kg. O estudo demonstrou

danos no DNA em órgãos de ratos provocados por alguns aditivos.O amaranto (100 mg/kg)

provocou danos no DNA da bexiga. O corante tartrazina na dose ≥ 10 mg/kg induziu a danos

no DNA do estomago e cólon. Os demais corantes não acarretaram danos estatisticamente

significativos (SASAKI et al., 2002).

O amarelo crepúsculo é muito solúvel em água, apresentando uma solução amarelo-

laranja. Possui boa estabilidade na presença de luz, calor e ácido, sendo incolor na presença

de ácido ascórbico e SO2. Os Estados Unidos, Japão e países da União Europeia permitem seu

emprego em alimentos, já o Canadá permite seu emprego em al guns produtos específicos e

em concentração máxima de 300 ppm. No Brasil, o limite máximo (g /100 g) permitido em

alimentos pela legislação pode variar entre 0,005 e 0,01 g/ 100 g do produto dependendo do

tipo de alimento e a ingestão diária aceitável (IDA) por humanos pode variar entre 0 e 2,5

mg/kg peso corpóreo (PRADO ; GODOY,2003).

Estudo realizado por McCann et al. (2007) avaliou o comportamento hiperativo de

crianças com três e oito/nove anos de idade que receberam bebidas de frutas contendo vários

níveis de corantes. Os autores concluíram que os grupos de crianças que consumiram todas as

bebidas enriquecidas com aditivos apresentaram hiperatividade significativamente elevada

comparada as crianças que consumiram placebo. Os corantes identificados como potenciais

fatores causadores da hiperatividade e déficit de atenção foram o amarelo crepúsculo,

tartrazina, ponceau 4R, carmosina, amarelo de quinoleína e vermelho allura.

O corante tartrazina é um dos mais utilizados em todo o mundo para colorir alimentos,

23

medicamentos e cosméticos. Possui coloração laranja, é extremamente solúvel em água e

apresenta características semelhantes ao amarelo crepúsculo em termos de estabilidade e

descoloração (PRADO ; GODOY, 2003). A ingestão diária aceitável (IDA) por humanos

varia de 0 a 7,5mg /Kg de peso (TANAKA, 2006a).

Nas últimas décadas, estudos relacionados à falta de atenção e hiperatividade têm

atraído pesquisadores devido ao aumento de casos de crianças com esse distúrbio, sendo a

prevalência de 3 % a 5 % em idade escolar. A partir de 1975, deu-se inicio a discussão sobre a

função dos aditivos como desencadeadores da hiperatividade em crianças. Um estudo

realizado por Boris e Mandel (1994), mostrou o papel dos corantes artificiais no aparecimento

do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Através de uma dieta de exclusão, os

sintomas desapareceram. Crianças atópicas com transtorno do déficit de atenção e

hiperatividade tiveram uma resposta benéfica e significativa com a dieta de eliminação do que

as crianças não atópicas.

Tanaka et al. (2008) avaliaram o efeito do corante tartrazina nos parâmetros

reprodutivo e neurocomportamental em ratos. O corante foi acrescentado à dieta para fornecer

níveis de 0% (controle), 0,05%, 0,15% e 0,45% (83, 259 e 773mg/kg/dia, respectivamente)

em ratos com cinco semanas de idade (geração F0) e nove semanas de idade (geração F1). O

estudo evidenciou que na geração F1, a atividade motora foi mais intensa nos ratos machos e

mais jovens, com a administração de 259 mg/kg/dia. Não foi observado nenhum efeito

adverso da tartrazina em relação à reprodução (tamanho da ninhada, peso da ninhada e relação

do sexo ao nascimento).

Pesquisas realizadas em 486 crianças hiperativas, entre 7 e 13 anos, demonstraram

que 60% reportavam problemas de aumento da hiperatividade quando do consumo de

alimentos e bebidas coloridos artificialmente. Em contraste, de 172 crianças controle apenas

12% apresentavam problemas associados a corantes artificiais. A hiperatividade das crianças

pode ser associada à diminuição de Zn e Fe no plasma sangüíneo e conseqüente aumento

destes na urina, quando em comparação com as crianças controle. Somente crianças

hiperativas apresentaram redução nos níveis de Zn no soro sangüíneo e aumento de Zn na

urina, após consumir os corantes tartrazina e amarelo crepúsculo. O amaranto não apresentou

alterações significativas durante o tempo de observação do experimento, que era de 120

minutos após a ingestão dos alimentos. De 23 crianças que consumiram bebidas contendo

tartrazina, 18 aumentaram os níveis de hiperatividade, 16 se tornaram agressivas e 4 se

tornaram violentas, 2 diminuíram seus movimentos, 12 tiveram diminuição da coordenação

motora e 8 desenvolveram asma ou eczema ( PRADO; GODOY, 2003).

24

No estudo realizado no Kuwait por Husain et al.(2006), foi analisada a ingestão de

corantes artificiais por crianças de 5 a 14 anos, com base em um inquérito dietético

(Recordatório 24 Horas). A amostra foi constituída por 3.141 alunos de ambos os sexos,

distribuídos em 58 escolas. Usando-se a técnica da cromatografia líquida de alta eficiência foi

determinado o teor de corantes em 344 itens consumidos. Compararam-se com as IDAs

recomendadas pela FAO (Food and Agriculture Organization) /OMS (Organização Mundial

da Saúde) no sentido de avaliar o potencial de risco associado ao consumo de corantes

artificiais. Os resultados indicaram que dos nove corantes permitidos, quatro (tartrazina,

amarelo crepúsculo, carmosina, e vermelho brilhante) excederam as IDAs para as crianças de

5 a 8 anos.

O vermelho 40 é um corante monoazo, apresenta boa estabilidade à luz, calor e ácido,

além de ser o corante vermelho mais estável para bebidas na presença do ácido ascórbico, um

agente redutor (PRADO; GODOY, 2003). Porém, o corante vermelho 40, assim como os

outros do grupo azo têm sido associado a possíveis efeitos mutagênicos e carcinogênicos. Nos

países da União Européia e no Canadá o seu uso é permitido.

Dados submetidos à FDA pela empresa possuidora da patente do corante vermelho 40

mostraram que após 41 semanas de observações, num estudo envolvendo 400 camundongos e

cujo tempo de duração deveria ser de 78 semanas, em 6 entre os camundongos alimentados

com rações contendo tal corante desenvolveu-se prematuramente e inesperadamente linfo-

sarcoma (SIMÃO, 1985).

O ponceau 4R possui coloração vermelha, é solúvel em água, produzindo uma solução

vermelho-alaranjada (TANAKA, 2006b).

Em um estudo realizado por Tanaka (2006b), o corante ponceau 4R foi fornecido em

dieta em níveis de 0 (controle), 0,12% e 0,48%, a camundongos de 5 semanas de idade da

geração F 0 até 9 semanas de idade da geração F1, e os efeitos na reprodução e em parâmetros

neurocomportamentais foram avaliados. Não houve efeito adverso do ponceau 4R nos

camundongos de tamanhos menores, pesos menores ou proporção de sexo no nascimento. A

média do peso do corpo da prole dos machos e fêmeas foi aumentada significativamente no

grupo de alta dose nos dias pós-natal 0, 4 e 21. O parâmetro de desenvolvimento

comportamental foi afetado significativamente no 4º dia pós o nascimento, no grupo de altas

doses da prole dos machos. Na performance múltipla no labirinto em água, na geração F1, o

tempo levado foi significativamente mais longo do que nos grupos de dose moderada e

elevada em machos, e estes efeitos foram significativamente relacionados à dose (p < 0,01). O

nível máximo que não provocou a observação de efeitos adversos foi 0,12% na dieta

25

(aproximadamente 205 mg/Kg por dia) para machos na geração F1. Contudo, os níveis

moderados e altos estavam em excesso em relação a ingestão diária aceitável de Ponceau 4R

(0 – 4,0 mg/Kg peso), e a ingestão de ponceau 4R na dieta atual em humanos é muito menor.

Parece, portanto, que no nível de ingestão deste corante sintético é incomum produzir

qualquer efeito adverso reprodutivo ou neurocomportamental em humanos.

O ponceau 4R foi banido do comércio nos Estados Unidos, mas continua a ser

utilizado em outros países. Na Inglaterra, o seu uso é restrito e provisório, nos países da União

Européia e no Japão seu uso é permitido, mas foi voluntariamente banido pelas industriais

japonesas. Isso se deve aos poucos estudos relevantes realizados sobre sua toxidez (PRADO;

GODOY, 2003).

3.2.1.2 Corantes do grupo trifenilmetano

Os corantes da classe trifenilmetano (Figura 3) apresentam estrutura básica de três

radicais arila, em geral grupos fenólicos, ligados a um átomo de carbono central e apresentam,

ainda, grupos sulfônicos que lhes conferem alta solubilidade em água (PRADO ; GODOY,

2003).

N

SO3 -

N

SO3Na

NaO3S

N

SO3 -

N

SO3Na

NaO3S

OH

CO2Na

O O

I

I

I

I

NaO

SO3 -

N

SO3

HO

N

++

Azul brilhanteVerde rápido

Eritrosina

+

Azul patente

Figura 3 - Estrutura dos corantes do grupo trifenilmetano

26

O azul brilhante apresenta coloração púrpura e quando dissolvido em água resulta em

uma solução azul esverdeada. É usado como corante artificial em alimentos e possui uma IDA

de 0 – 12,5mg/Kg de peso corpóreo (WALTON et al.,1999).

A excreção do azul brilhante FCF foi investigada em ratos, coelhos e cães após uma

única administração oral (200 mg). Menos de 5% do corante foi absorvido em algumas das

espécies estudadas, com a maioria excretada nas fezes. Posteriormente, estudos foram

realizados com as mesmas espécies e nenhuma absorção e nem metabolismo foi detectado em

ratos ou porcos. Em termos da sua toxicocinética, este composto é absorvido apenas de forma

limitada em todas as espécies estudadas até agora e é excretado praticamente inalterado nas

fezes (ibidem).

O corante artificial eritrosina apresenta coloração vermelha, é muito solúvel em água o

que facilita o seu uso em alimentos, drogas e cosméticos (TANAKA, 2001). O “Joint Expert

Comittee on Food Additivies” (JECFA), classificou a eritrosina como aceitável para uso em

alimentos e determinou, em 1974, uma IDA de 0 a 2,5 mg/kg peso corpóreo (ANTUNES;

ARAÚJO, 2000)

Um estudo realizado com administração de eritrosina na dieta de ratos nos seguintes

níveis: 0 (grupo controle), 0,005, 0,015 e 0,045% a partir de quinta semana de idade da

geração F0 até a nona semana de idade da geração F1.Os parâmetros reprodutivos e

neurocomportamentais foram selecionados para avaliação. Os resultados demonstraram que

este corante apresentou alguns efeitos significantes em tais parâmetros e a alta dose de

eritrosina (0,045%) produziu alguns efeitos no comportamento. Contudo, o nível de alta dose

(67 - 261mg/Kg/dia) foi excedente a IDA para este corante artificial (0 - 0,1mg/Kg de peso

corporal) (TANAKA, 2001).

Segundo a revisão de Walton et al. (1999), a eritrosina induziu alterações nos

hormônios da tireóide em ratos em concentração de 3,3 mg/kg de peso/dia, e, acima deste

nível, adenomas e carcinomas são observados em ratos. Acredita-se que, em ratos, este

corante inibe a conversão de tiroxina (T4) em triiodotironina (T3), resultando em aumento da

produção e liberação de TSH (hormônio estimulante da tireóide) pela glândula pituitária. A

liberação de TSH pode estimular a proliferação de células na tireóide, resultando em

hiperplasia e uma subseqüente formação de tumor.

Abdel-Aziz et al. (1997), avaliaram o efeito da eritrosina na reprodução dos

camundongos machos investigando sua influência na espermatogênese. Os resultados

apontaram redução significativa da atividade da enzima LDH-X (isoenzima dehidrogenase

láctica) no testículo dos animais que ingeriram o corante na dose de 18 mg/kg durante 21 dias

27

consecutivos. A administração do referido corante para o mesmo intervalo de tempo nas doses

de 68 e de 136 mg/kg acentuou ainda mais a alteração. Observou-se redução nos níveis de

espermatozóides entre os camundongos que receberam eritrosina por 21 dias consecutivos nas

doses de 68 mg/kg-1 para 50,8% e de 136mg/kg-1 para 33,9%. Além disso, a mobilidade dos

espermatozóides mostrou diminuição significativa após consumo do corante nas doses de 68 e

de 136 mg/ kg-1 para 57% e 80,5% dos camundongos, respectivamente. A incidência de

espermatozóides com cabeças anormais no grupo controle foi de 19,83%, e de 57,1% e 64,7%

nos grupos que receberam doses de 68 e de 136 mg/kg-1, respectivamente. Nesse estudo, o

corante eritrosina desencadeou ação tóxica em células germinativas dos camundongos machos

interferindo de forma significativa na espermatogênese.

3.2.2 Corantes naturais

Embora os corantes naturais apresentem desvantagens (baixa estabilidade e alto custo)

frente aos corantes artificiais, os naturais têm sido utilizados há anos sem evidências de danos

à saúde. Portanto, apesar das desvantagens, a substituição por corantes naturais é gradativa na

indústria alimentícia, pois conferem ao produto aspecto natural, o que aumenta a aceitação

pelo consumidor (CONSTANT; STRINGUETA; SANDI, 2002). A Tabela 1 apresenta os

corantes naturais permitidos como aditivos alimentares no Brasil (BRASIL, 1977). As

estruturas químicas de alguns corantes naturais permitidos no Brasil estão representadas na

Figura 4.

28

Tabela 1- Corantes naturais permitidos no Brasil.

Classificação Corantes

Orgânico Natural

Curcumina

Riboflavina

Ácido Carmínico

Urzela

Clorofila

Caramelo I,II,III e IV

Carvão vegetal

Vermelho de beterraba, betanina

Antocianinas

Carotenoides:

- α, β e γ-carotenos

- bixina, norbixina

- capsantina, capsorubina

- licopeno

Xantofilas:

- flavoxantina, luteína

- criptoxantina

- rubixantina

- violaxantina

- rodoxantina

- cantaxantina

Fonte: BRASIL, 1977.

29

3.2.2.1 Características dos principais corantes naturais usados em alimentos

O ácido carmínico é extraído a partir de fêmeas do inseto Dactylopius coccus Costa

(cochonilha) que vive como parasita sobre cactus da América Central e América do Sul

(CONSTANT; STRINGUETA; SANDI, 2002). A fêmea se fixa nas plantas onde cresce e se

reproduz, em um ciclo que dura cerca de dois meses (FERRAZ, 2007). O processo de

obtenção do carmim, a partir dos insetos, consiste basicamente na extração aquosa, filtração,

precipitação, secagem, moagem e esterilização, sendo finalmente envasado (TABAR et al.,

OH

OH

OH OH

O

O

Glicose COOH

Ácido Carmínico

O

OH

OH

R2

OH

HO +

R1

Antocianinas

O

O Cantaxantina

O O

OMe

OHOH

MeO

N

H

HOOC COOH

N+

RR

Curcumina

Betalaínas

β-criptoxantina

Figura 4: Estrutura de corantes naturais permitidos para uso em

alimentos no Brasil.

30

2003). O termo cochonilha é empregado para descrever tanto os insetos desidratados como o

corante vermelho. Apresenta solubilidade em água e a sua coloração depende do pH do meio.

Em pH baixo adquire a cor laranja, tornando-se vermelho na faixa de 5,0 a 7,0 e violeta na

região alcalina. Entretanto, apresenta intensidade de coloração relativamente baixa, o que

restringe a sua aplicação comercial (CONSTANT; STRINGUETA; SANDI, 2002).

O corante está presente na maioria dos iogurtes, sorvetes, gelatinas e até em embutidos

de carne. O seu consumo internacional vem aumentando nos últimos anos devido ao uso em

indústrias de alimentos. No Brasil, não se produz carmim porque não existem condições

ideais para a produção de matéria prima que gera o pigmento. Já houve tentativa de

implementação da cultura da cochonilha no Brasil, mas o inseto tornou-se uma praga no

sertão nordestino. A produção do ácido carmínico por meio do processamento dos animais

que infestam o sertão é inviável devido às condições climáticas encontradas na Re gião

Nordeste. A principal origem desse inseto é peruana e atualmente, o Peru concentra a

produção de carmim com cerca de 800 toneladas por ano. O preço do quilo de cochonilhas

previamente secas após a extração é de cerca de 15 a 20 dólares podendo aumentar em safras

menores. Para a extração de um quilo de ácido carmínico é preciso o processamento de seis a

oito quilos de cochonilhas (MORAES, 2005).

Os alimentos aos quais adiciona-se o carmim comercial podem conter resíduos

protéicos do inseto no carmim comercial. Por esta razão, pesquisadores defendem e

comprovam a idéia de que alguns corantes naturais podem apresentar riscos à saúde como

potencial alergênico, incluindo asma e reação anafilática provocada pelo carmim. Assim, uma

comissão científica avalia as IDAs e estipula recomendações de uso seguro, sendo que, para o

corante natural carmim estes valores devem estar na faixa de 0-5,0 mg/kg peso corpóreo/dia.

No Brasil, o corante natural carmim é de uso tolerado em alimentos e bebidas (VOLP,

RENHE ; STRINGUETTA, 2009).

As antocianinas são pigmentos encontrados apenas em vegetais e são dominantes em

muitas frutas e flores. Pertencem ao maior grupo de pigmentos solúveis em água difundido no

reino vegetal e são capazes de absorver fortemente a luz na região do espectro visível,

conferindo uma infinidade de cores entre o laranja, o vermelho, o púrpura e o azul,

dependendo do meio em que se encontram (CONSTANT; STRINGUETA; SANDI, 2002). A

principal desvantagem da utilização do pigmento como corante está relacionada à degradação

sofrida durante a extração do vegetal, processamento e estocagem de alimentos. A degradação

pode ser influenciada por vários fatores: pH, temperatura, enzimas, acido ascórbico, oxigênio,

dióxido de enxofre, íons metálicos (ferro) (RIBEIRO; SERAVALLI, 2007).

31

As betalaínas são pigmentos que contém betacianinas (vermelho) e betaxantinas

(amarelo) e estão presentes em plantas que possuem cores semelhantes às plantas que contêm

antocianinas. Sua cor não é afetada pelo pH, ao contrário do comportamento das antocianinas

(FENNEMA,2010). Elas são hidrossolúveis e a sua estabilidade é influenciada por fatores

como ar, luz, temperatura, pH, radiação, atividade de água e contaminação por íons metálicos.

A temperatura é o fator que mais influencia a estabilidade desse corante durante o

processamento e armazenamento de alimentos. Alguns estudos relataram aumento nas taxas

de degradação da betalaína resultante do aumento de temperatura (AZEREDO, 2009).

Portanto os corantes extraídos de beterraba são adequados apenas para produtos que não

sofram tratamentos térmicos severos como derivados de carne e soja, gelatinas e sorvetes

(RIBEIRO; SERAVALLI, 2007).

Dentre suas propriedades funcionais, as betalaínas são identificadas como um

antioxidante natural. Após estudos de biodisponibilidade, alguns autores sugerem que as

betalaínas estão envolvidas na proteção da partícula de LDL-colesterol contra modificações

oxidativas. Tesoriere et al. (2004) avaliaram as concentrações de vitamina E, β -caroteno e

betalaínas incorporadas nas partículas de LDL-colesterol após a ingestão de 500 g da fruta

“cactus pear” (Opuntia fícus-indica) por 8 voluntários saudáveis. Após a ingestão, as

concentrações de vitamina E e β-caroteno na partícula de LDL-colesterol não modificaram

significativamente, diferentemente da concentração de betalaínas que, quanto mais

incorporavam nas partículas LDL-colesterol, mais resistente ao estresse oxidativo estas

partículas se demonstravam.

A curcumina é o principal corante, com coloração amarelo limão brilhante e

alaranjado, presente nos rizomas da cúrcuma (Curcuma longa). Além de ser utilizada como

corante e condimento, apresenta substâncias antioxidantes que lhe conferem a possibilidade

de emprego em alimentos. A curcumina pura não é ideal para aplicação direta em alimentos,

devido a sua insolubilidade em água sendo necessário convertê-la em forma adequada para

uso, além de ser sensível a luz, fator que usualmente limita o seu emprego em alimentos

(CONSTANT; STRINGUETA; SANDI, 2002).

Dentre seus possíveis efeitos biológicos comprovados por estudos científicos, a

curcumina é um potente antioxidante que protege os componentes celulares contra danos

oxidativos e contra o câncer, principalmente dos cânceres de pele e de mama (BIANCHI;

ANTUNES, 2004; JAYAPRAKASHA; RAO; SAKARIAH, 2006). Tem sido relatada sua

ação na inibição, promoção e progressão de cânceres, pois pode inibir a peroxidação lipídica.

A curcumina do “curry” indiano foi capaz de inibir a angiogênese induzida pelo fator de

32

crescimento de fibroblastos-2 (FGF-2), propriedade importante para a diminuição da

formação de metástases neoplásicas (DOWNHAN ; COLLINS, 2000; FINLEY, 2005).

O corante caramelo apresenta coloração marrom escuro, é obtido a parti r de açúcares

pelo aquecimento a temperatura superior ao seu ponto de fusão (CONSTANT;

STRINGUETA; SANDI, 2002). É um corante muito utilizado em indústrias de bebidas,

principalmente, mas também em produtos cárneos, assados e proteína vegetal texturizada,

podendo ser utilizado para imitar marcas de grelha nos hambúrgueres (WADE, 2006). A

adição de caramelo na formulação de produtos é um desafio visto que a solubilidade dos

ingredientes é dependente do pH e requer conhecimento do ponto isoelétrico dos pigmentos.

Nas bebidas, a precipitação deste corante natural ou aromatizantes sólidos pode ocorrer se não

houver cuidado em conhecer a química dos produtos e sua interação com o caramelo (WADE,

2004).

3.2.2.2 Carotenoides

A denominação carotenoide é derivada do nome científico da cenoura (Daucus

carota). Estes pigmentos podem ser divididos em carotenos contendo apenas carbono e

hidrogênio (carotenoides hidrocarbonados), representados pelos α, β e γ- caroteno, licopeno e

bixina, e em xantofilas, que são compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio (carotenoides

oxigenados), representados pela capsorubina, capsantina criptoxantina, zeaxantina, xantofila e

luteína. Junto com as antocianinas, é a classe mais complexa de corantes alimentares naturais,

com cerca de 750 estruturas diferentes já identificadas (MORTENSEN, 2006).

Os carotenoides (Figura 5) constituem um dos mais importantes grupos de pigmentos

naturais devido à larga distribuição, diversidade estrutural e inúmeras funções. São

responsáveis pela coloração amarelo laranja e vermelha das frutas, hortaliças, flores, algas

bactérias, fungos, leveduras e animais, que apesar de não sintetizarem tais moléculas, podem

obtê-las a partir da ingestão dietética (RIBEIRO; SERAVALLI, 2007).

33

Figura 5 – Estrutura de alguns carotenoides.

O principal papel dos carotenoides na dieta dos seres humanos é a sua capacidade de

atuarem como precursores de vitamina A. A atividade vitamínica dos carotenoides é

determinada pela presença do anel β-ionona em sua estrutura. O todo trans-β-caroteno

apresenta dois anéis, enquanto os demais carotenoides apresentam apenas um, sendo 100%

convertido em retinol. Sendo assim, o β-caroteno é considerado como fonte principal de

vitamina A, equivalendo a duas moléculas de retinol (Figura 6) (THURNHAM, 2007).

Embora o β-caroteno apresente a maior atividade de pró-vitamina A, outros de consumo

comum como o α-caroteno e β-criptoxantina também desempenham atividade de pró-

vitamina A (FENNEMA, 2010).

Os benefícios gerados à saúde decorrentes desses compostos incluem a manutenção da

saúde ocular, função epitelial, desenvolvimento embrionário e função do sistema

imunológico. Estima-se que os carotenoides pró-vitamínicos A presentes em frutas e vegetais

forneçam de 30 a 100% da exigência de vitamina das populações humanas (FENNEMA,

2010).

34

Figura 6: Carotenoides precursores de vitamina A (PACHECO, 2009)

Essas substâncias podem estar relacionadas com a redução do risco de

desenvolvimento de doenças como a degeneração macular em mulheres entre 50 e 79 anos de

idade (MOELLER et al., 2006), inibição da atividade carcinogênica (NISHINO et al., 2002)

e redução de cataratas (GALE et al., 2001).

O carotenoide de ocorrência mais comum nos tecidos vegetais é o β-caroteno que

também é utilizado como corante em alimentos. No grupo de aditivos, há também a

capsantina e capsorubina (presentes no pimentão vermelho - Capsicum annuum L.), bixina

(sementes de urucum) e a crocina (presentes no açafrão). Outros carotenoides encontrados em

alimentos incluem zeaxantina, violaxantina, neoxantina e β-criptoxantina (FENNEMA, 2010).

As moléculas de carotenoides possuem um sistema de duplas ligações que constitui o

grupo cromóforo responsável pela cor que proporciona aos alimentos. São ligações carbônicas

conjugadas. O aumento do número de ligações conjugadas resulta em bandas de absorção em

comprimentos de ondas maiores e, neste caso, os carotenoides tornam-se mais vermelhos. As

duplas ligações podem ocorrer na configuração trans ou cis, sendo a forma trans mais

freqüentemente encontrada na natureza. O processamento e a estocagem de alimentos podem

provocar isomerização das moléculas de carotenoides e levar a perda de cor (RIBEIRO;

SERAVALLI, 2007).

35

Apesar das limitações impostas pela instabilidade química, os carotenoides possuem

muitas vantagens, incluindo toxicidade baixa, cores altamente desejáveis e de alta resistência

tintorial e atividade de pró-vitamina A, estabilidade na presença de agentes redutores (ácido

ascórbico) (PARKINSON; BROWN, 1981).

Os carotenoides oxidam com muita facilidade na presença de luz, calor, metais,

enzimas, devido à presença do grande número de ligações duplas conjugadas e, a partir de

reações, ocasionam perdas da sua coloração em alimentos, sendo seus principais mecanismos

de degradação. A estabilidade à oxidação de um pigmento em particular é dependente do seu

ambiente. Em seu ambiente natural, os carotenoides são relativamente estáveis, mas tornam-

se sensíveis à luz e temperatura, sendo facilmente decompostos após trituração do vegetal e

extração com solventes, respectivamente. A cadeia de polienos é o grande responsável pela

instabilidade dos carotenoides, ou seja, a sua susceptibilidade à oxidação por oxigênio ou

peróxidos e isomerização causados pelo calor, luz ou químicos (SCHWEIGGERT et al.

2007).

Além da baixa solubilidade em água, os fatores químicos, físicos e ambientais,

limitam o uso de carotenoides como corante em alimentos. Atualmente, estudos estão sendo

realizados com a finalidade de proteger esses pigmentos frente aos fatores citados

anteriormente e tornando-os dispersíveis em água, facilitando a sua utilização em produtos

alimentícios em substituição aos corantes artificiais.

3.2.2.2.1 Carotenoides encontrados no pimentão vermelho

Valorizado pela sua cor atrativa sendo as mais conhecidas a amarela, verde e

vermelha, e sabor forte, o pimentão (Capsicum anumm, L) é consumido amplamente ao redor

do mundo. No Brasil, como em outros países, é uma das hortaliças mais importantes em

termos de volume de produção e valor comercial. Alem das propriedades sensoriais, é

considerado uma boa fonte de carotenoides (AZEVEDO-MELEIRO;RODRIGUEZ –

AMAYA, 2009).

O cultivo de pimentão (Capsicum anumm, L) é uma atividade significativa para o

setor agrícola brasileiro e de muitos países. No Brasil, é responsável por cerca de 13.000

hectares de área cultivada, com a produção de aproximadamente 280.000 toneladas de frutos,

figurando entre as dez hortaliças mais importantes do Brasil (RIBEIRO; CRUZ, 2002). A

produção de pimentão existe em todos os estados da federação, assumindo lugar de destaque

36

no estado do Rio de Janeiro onde a produção estadual gira em torno de 26,4 toneladas por ano

(CESAR et al., 2007).

Os pimentões também são boas fontes de vitamina C e E, pró-vitamina A, flavonóides

e compostos fenólicos. Esses componentes são antioxidantes e podem reduzir as reações de

oxidação no corpo humano e prevenir várias doenças associadas com oxidação de radical livre

tais como doenças cardiovasculares, câncer e desordens neurológicas (SUN et al., 2007).

O pimentão vermelho tem ganho importância na indústria de processamento de

alimentos devido à presença maciça de pigmentos naturais na polpa de seus frutos maduros.

As xantofilas (capsantina e capsorubina) são os principais carotenoides responsáveis pela

coloração vermelha, respondendo por 65-80% da cor total dos frutos maduros. Tais pigmentos

são empregados como corantes em diversas linhas de produtos alimentícios processados como

molhos, sopas em pó de preparo instantâneo, embutidos de carne, principalmente salsicha e

salame, além de corante em ração para aves (RIBEIRO; CRUZ, 2002).

Os frutos do pimentão vermelho são utilizados, desde os tempos antigos, como fonte

de pigmentos para adicionar ou modificar a coloração dos produtos alimentícios tornando o

mais atrativo e aceitável para o consumidor. Os pigmentos vermelhos do pimentão são

acompanhados por outras xantofilas e carotenos como zeaxantina, β-criptoxantina,

violaxantina, anteraxantina e β-caroteno. O padrão e as concentrações do pigmento

carotenoide variam de acordo com o cultivo e estágio de maturação (SCHWEIGGERT et al.,

2007).

Capsantina e capsorubina contêm um e dois anéis acil-ciclo-pentanol,

respectivamente, e são pigmentos responsáveis pela coloração vermelha da espécie Capsicum

anumm. Durante o amadurecimento dos frutos dessa espécie, os níveis dos pigmentos

capsantina e capsorubina aumentam e ocorre a esterificação desses pigmentos com ácidos

graxos (BIACS et. al., 1989; SANDMANN, ROMER; FRASER, 2006). Os diésteres de

capsantina e capsorubina isolados de C. annuum mostraram ser potentes inibidores de

tumores in vitro, e capsantina e capsantina esterificada (3’-ester e 3,3’ ester) exibiram potente

atividade inibidora de tumores in vivo (MAOKA et al., 2001).

Os carotenoides presentes no pimentão são isoprenóides com 40 átomos de carbono,

contendo nove duplas ligações conjugadas e uma cadeia de polieno no centro, embora com

diferentes grupos finais cuja mudança das propriedades cromóforas de cada pigmento,

permite a classificação em vermelho ou amarelo (HORNERO-MÉNDEZ; GOMEZ-

LADRON; MÍNGUEZ-MOSQUERA, 2000).

Kim, Park e Hwang (2004) identificaram os principais pigmentos presentes em

37

extratos saponificados de pimentão vermelho (capsantina, capsorubina, zeaxantina, β-

criptoxantina e β-caroteno). Muitos pesquisadores relatam composições diferentes

possivelmente relacionadas ao estágio de amadurecimento e aos cultivares (SUN et al., 2007).

No estágio de amadurecimento, apresentando coloração vermelha, o conteúdo de capsorubina

e capsantina aumentou (HORNERO-MÉNDEZ;GOMEZ-LADRON;MÍNGUEZ-

MOSQUERA, 2000).

Durante o amadurecimento, as xantofilas são progressivamente esterificadas com

ácidos graxos, resultando em uma infinidade de carotenoides não-esterificados e seus

correspondentes mono e diésteres. Devido à esterificação, os carotenoides mais lipofílicos são

mais facilmente incorporados no interior da membrana aumentando o poder de coloração, que

é uma característica importante da qualidade de produtos comerciais (SCHWEIGGERT et al.,

2007).

Kim, Park e Hwang (2004) avaliaram a estabilidade dos pigmentos de pimentão

vermelho em diferentes métodos de secagem e armazenamento. Os resultados demonstraram

que, em relação ao processo de secagem (liofilização) utilizado, os conteúdos de capsantina,

zeaxantina, β-criptoxantina e β-caroteno não apresentaram diferença estatística quando se

utilizou tanto o método de secagem A (70 ºC/6 h ) quanto o método de secagem B ( 80º C/ 5 h

seguido de 60ºC/18 h). Porém, amostras que foram secas pelo método A apresentaram-se

mais estáveis do que o método B durante o armazenamento a 0º e 20ºC. Sob altas

temperaturas, a diferença no método de secagem teve maior influencia na estabilidade até o

segundo mês de armazenamento; após o segundo mês, a temperatura de armazenamento, ao

invés do método de secagem, tornou-se o principal fator relacionado à estabilidade da

capsantina .

Pérez-Gálvez e Mínguez – Mosquera (2001) avaliaram a relação entre a taxa de

degradação e a estrutura dos pigmentos do pimentão em uma mistura de fruto desidratado

com substrato lipídico de diferentes graus de instauração e em diferentes proporções (20 e 40

%). Os resultados revelaram que a capsorubina apresentou menor taxa de auto-oxidação,

podendo ser atribuída a sua propriedade estrutural: os grupos ceto situados no final da cadeia

poliênica, provavelmente, elevam a estabilidade, favorecendo o deslocamento do elétron ao

longo da cadeia de ligações duplas conjugadas. Consequentemente existe menor tendência de

continuidade do processo oxidativo. No caso da capsantina, seu único grupo ceto

provavelmente não contribui para a estabilização, já que concentra a carga do elétron no final

da cadeia próximo ao grupo funcional, aumentando a reatividade e, conseqüentemente, a

oxidação. A baixa taxa de auto-oxidação conferida pelo grupo ceto é uma propriedade

38

interessante tanto no âmbito comercial (menores perdas das propriedades cromáticas,

especialmente a coloração vermelha) quanto nutricional, visto que a incorporação desses

carotenoides via alimentação os torna disponíveis como antioxidantes.

3.3 Nanotecnologia aplicada a alimentos

Em 1959, o físico americano, Richard Feynman, introduziu o conceito de manipulação

da matéria em escala atômica no encontro anual da Sociedade Americana de Física no

“Califórnia Institute of Technology”, servindo como base, anos depois, para o

desenvolvimento da nanotecnologia. Em 1974, Nario Taniguchi, cientista japonês, inventou o

termo nanotecnologia ao descrever a manipulação de partículas com menos de um

micrômetro de diâmetro. A nanotecnologia envolve a pesquisa, desenvolvimento de

tecnologia, e controle das estruturas em escala nanométrica (QUINTANILLA-CARVAJAL et

al. 2009).

A nanotecnologia tem sido aplicada em vários campos, como o eletrônico, o da

comunicação, de produção de energia, da medicina e da indústria de alimentos. As aplicações

da tecnologia na indústria de alimentos podem incluir sistemas de nanopartículas (micelas,

lipossomas, nanoemulsões, nanopartículas de biopolímeros), segurança alimentar, e

biossegurança (CHAU; WU; YEN, 2007). As vendas mundiais de produtos oriundos da

nanotecnologia no setor de alimentos e embalagens cresceu de 150 milhões de dólares em

2002 para 860 milhões de dólares, em 2004 (QUINTANILLA-CARVAJAL et al. 2009). Um

relatório recente divulgado pela empresa de consultoria Científica (HELMUT KAISER

CONSULTANCY, 2006), prevê que até 2012 o valor de mercado global referente às

aplicações nanotecnológicas no setor de alimentos deverá alcançar 5.8 bilhões de dólares

(GREINNER, 2009).

Segundo Chau; Wu; Yen (2007), embora os cientistas afirmem que a indústria de

alimentos já aceitou a nanotecnologia, poucas pesquisas utilizando a tecnologia em questão

foram realizadas em alimentos, e o desenvolvimento global dos nanoalimentos está de fato em

seu estágio inicial, visto que a indústria está percebendo o potencial relacionado a esta

tecnologia. Em 2000, a Kraft Foods iniciou o seu primeiro laboratório de nanotecnologia e o

consórcio “Nanotek” envolvendo 15 universidades

ao redor do mundo e laboratórios de pesquisa nacional (ETC GROUP, 2005).

Em 2004, foi estimado que existiam mais de 180 aplicações da nanotecnologia em

39

vários estágios de desenvolvimento em indústrias de alimentos em todo o mundo (IFST,

2006; PCAST, 2005). Em março de 2006, uma pesquisa de mercado estimou que mais de 200

fabricantes empregavam a nanotecnologia, sendo 59% destes produtos para a saúde e fitness e

9% produtos alimentícios (CHAU, WU ; YEN, 2007).

As atividades de pesquisa relacionadas às aplicações da nanotecnologia no setor de

alimentos inclui o aprimoramento do sabor, cor, “flavor”, textura e consistência dos produtos,

aumento da absorção e biodisponibilidade de nutrientes e compostos bioativos, melhora da

qualidade, vida de prateleira e segurança dos alimentos devido aos materiais de embalagens

com propriedades de barreira e antimicrobianas, nanosensores para rastreabilidade e

monitoramento das condições dos alimentos durante o transporte e armazenamento

(CHAUDHRY et al., 2008).

Exemplos de pesquisas em nanotecnologia, nanoprodutos e suas aplicações na

produção e controle de alimentos, entre 2004 e 2006, estão resumidos na Tabela 2.

40

Tabela 2 - Exemplos de pesquisa em nanotecnologia, nanoprodutos e suas aplicações na

produção e controle de alimentos.

Categoria Exemplos de diferentes aplicações

Processamento de

Alimentos

Embalagens

Liberação de

Nutracêuticos

Segurança e

Desenvolvimento

de sensores

Alimentos e bebidas interativas proporcionando sabores e cores

desejadas pela adição de nanocápsulas.

Desenvolvimento de formulações em escala nanométrica de diferentes

ervas tradicionais pela redução das ervas a pó ou emulsões.

Nanotubos micrométricos, a base de proteína do leite, através de

agregação, possuem potencial para uso como agentes de viscosidade,

geleificação, nanoencapsulação e para liberação controlada de

substâncias.

Adição de nano compostos ou nanopartículas em materiais de

embalagens para garantir melhor proteção dos alimentos pela

modificação da permeabilidade, aumento das propriedades de barreira

contra gás e umidade bem como as mecânicas e de resistência ao

aquecimento, bloqueio da luz ultravioleta, propriedades relacionadas a

eliminação de oxigênio, desenvolvimento de superfícies

antimicrobianas e antifúngicas, incorporação de nanosensores ou

indicadores para monitorar e relatar as condições do alimento

(embalagens “inteligentes”).

A nanotecnologia torna substâncias hidrofílicas solúveis em gordura e

lipofílicas solúveis em água, permitindo que nanopartículas de

ingredientes funcionais (ex:.carotenoides, fitoesteróis e antioxidantes)

fiquem dispersas em água ou sucos da fruta aumentando sua

biodisponibilidade.

Nanopartículas sintéticas de licopeno foram desenvolvidas e aprovadas

pelo FDA para uso em alimentos nos Estados Unidos.

Nanoesferas de proteína do soro de leite (40 nm), que podem ser

internalizadas por células e degradadas no interior das mesmas para

liberação de substâncias bioativas, podem ser usadas como carreadoras

para administração oral de substâncias nutracêuticas, melhorando a sua

biodisponibilidade.

Dispositivos revestidos de proteína, que vibram a uma freqüência

determinada, são novos tipos de sensores de silicone ultrapequenos,

para a detecção de vírus, bactérias e outros patógenos. Quando os

patógenos caem sobre o dispositivo, a alteração de massa causa

alteração na freqüência de vibração, permitindo a detecção rápida.

Nanopartículas de prata tem sido incorporada em diferentes produtos a

partir de ligações a refrigeradores para suprimir a propagação de

bactérias e outros microrganismos.

Fonte: Adaptada de CHAU; WU; YEN, 2007.

41

Apesar do potencial que esta tecnologia tem demonstrado, os aspectos legais

relacionados à manipulação e consumo de materiais de dimensões nanométricas aplicados em

alimentos são importantes para decidir sobre o consumo destes produtos. Atualmente, as

informações disponíveis sobre os riscos associados à manipulação de produtos em escala

nanométrica são limitadas (CHAU; WU; YEN, 2007).

A encapsulação de substâncias, com propósitos diversificados, apresenta-se como uma

das possíveis aplicações da nanotecnologia nos vários setores envolvendo produtos destinados

à saúde. A encapsulação é o processo pelo qual ingredientes ativos são embalados dentro de

um material de parede. O tamanho das partículas formadas pode variar, sendo classificadas

como macrocápsulas (tamanho de partícula (TP) superior a 5.000 µm), microcápsulas (entre

1,0 e 5.000 µm) e nanocápsulas (TP inferior a 1,0 µm) (JAFARI et al., 2008).

Dentre as principais estruturas formadas estão as microcápsulas de núcleo único ou as

microcápsulas de núcleos múltiplos (Figura 7). As primeiras são produzidas geralmente

através de coacervação, secagem em leito fluidizado, co-extrusão de gotas e inclusão

molecular, e o núcleo representa grande proporção da massa da microcápsula (por exemplo,

90% da massa total da cápsula). Em cápsulas de núcleos múltipos, que são produzidas

principalmente através de spray drying, o material do núcleo está disperso através do material

de parede e a área central é ocupada por vácuo, resultante da expansão das partículas nas

etapas finais de secagem. Várias técnicas, que incluem microscopia eletrônica de varredura

podem ser utilizadas para investigar as estruturas externas e internas das microcápsulas

(ibidem).

Várias técnicas têm sido desenvolvidas para a obtenção de materiais alimentícios

encapsulados, como mostra a Figura 8. Carboidratos, proteínas do leite e diversos

biopolímeros constituem as três principais classes de materiais usados para

microencapsulação (ibidem).

Figura 7 – Estruturas de microcápsulas (JAFARI et al., 2008)

42

Os métodos físicos e físico-químicos mencionados na figura 8 fornecem partículas

com diâmetros na faixa de 3 a 800 μm. Em contraste, o método de inclusão molecular ocorre

em nível molecular, onde moléculas individuais são aprisionadas ou incluídas dentro da

Amidos (maltodextrinas, amidos modificados),

proteínas (proteínas do leite, gelatina), gomas, outros materiais (ciclodextrinas,

lipossomas)

Propriedades: Baixa reatividade com o material de

núcleo, proteger contra fatores ambientais durante o processamento e a estocagem,boa economia e

funcionalidade, completa liberação do material de núcleo sob condições desejadas, boas propriedades reológicas e solubilidade

Microencapsulação

Métodos físicos: spray drying,

spray cooling, leito fluidizado, extrusão, liofilização, co-extrusão

Métodos químicos: inclusão molecular,

polimerização interfacial

Métodos físico-químicos:

coacervação,

aprisionamento em lipossomas

Material de parede

Microcápsulas

Material de núcleo

Objetivos: Reduzir reatividade a fatores externos

(luz, O 2, água), melhorar manipulação e propriedades de fluxo, controlar o tempo de liberação, mascarar sabores desagradáveis

Substâncias de aroma, óleos, aditivos alimentares, substâncias

e ingredientes bioativos

Figura 8 – Descrição esquemática da microencapsulação (JAFARI et al., 2008)

43

cavidade presente em moléculas de carreadores. Os carreadores deste tipo mais conhecidos

são as ciclodextrinas (REINECCIUS; REINECCIUS; PEPPARD, 2002).

3.3.1 Inclusão molecular

A inclusão molecular ocorre em nível molecular, utilizando ciclodextrinas como

carreadores. As ciclodextrinas são oligossacarídeos cíclicos compostos de diversas unidades

de glicose. Forma-se uma estrutura em anel, caracterizada por uma superfície externa

hidrofílica (polar) e uma cavidade hidrofóbica (apolar) permitindo a formação de complexos

de inclusão com vários compostos (LÓPEZ-DE-DICASTILLO et al., 2010),

A formação do complexo depende de um ajuste geométrico entre a molécula a ser

incluída e a cavidade da molécula hospedeira, além da afinidade química entre ambas. O

número de unidades de glicose da ciclodextrina determina o diâmetro interno e o volume da

cavidade. Assim, a β-ciclodextrina é adequada para formar complexos com compostos

aromáticos e heterocíclicos (AZEREDO, 2005).

A inclusão de uma molécula hóspede na cavidade da ciclodextrina consiste

basicamente de uma substituição das moléculas de água presentes no seu interior por

moléculas de menor polaridade que a água (Figura 9). O processo é energeticamente

favorecido pela interação da molécula hóspede com a cavidade hidrofóbica do hospedeiro

(ASTRAY, 2009).

Figura 9 – Ilustração esquemática da inclusão do p-xileno por uma ciclodextrina

(MATIOLI; MORAES; ZANIN, 2000).

Considera-se que a força motriz para a complexação deve ser resultado de vários

efeitos: substituição de um estado energeticamente desfavorável, resultante da interação

polar/apolar entre as moléculas de água incluídas e a cavidade hidrofóbica da ciclodextrina,

por um estado energético mais favorável criado pela interação apolar-apolar entre a molécula

44

hóspede e a cavidade da ciclodextrina), interações Van der Waals entre o hóspede e a

ciclodextrina e ligações de hidrogênio entre a molécula hóspede e a ciclodextrina (ASTRAY,

2009).

A formação de complexos de inclusão altera significativamente as características do

substrato. Estas alterações incluem modificações na reatividade química do substrato, fixação

de substâncias muito voláteis, melhoria na solubilidade de compostos, estabilização de

substâncias sensíveis à luz, calor e oxidação, proteção da degradação por microrganismos,

mascaramento ou remoção dos aromas indesejáveis e estabilidade de pigme ntos naturais.

(VENTURINI et al., 2008).

3.3.1.1 Ciclodextrinas

As ciclodextrinas são formadas pela ação de enzimas denominadas ciclodextrina-

glicosil transferases sobre o amido, sendo este o processo utilizado na produção industrial das

mesmas. O processo de obtenção das ciclodextrinas consiste de quatro fases: cultura do

microrganismo que produz a enzima ciclodextrina glicosil transferase; separação,

concentração e purificação da enzima do meio de fermentação; conversão enzimática do

amido pré-hidrolizado na mistura de dextrinas cíclicas e acíclicas; e separação das

ciclodextrinas da mistura, sua purificação e cristalização. Enzimas ciclodextrina-glicosil

transferase degradam o amido e produzem reações intramoleculares sem a participação da

água. No processo, dextrinas cíclicas e acíclicas são formadas, que são oligossacarídeos de

tamanho intermediário. A forma cíclica produzida ou ciclodextrinas são formadas pela ligação

entre unidades de glicose que constitui a dextrina. A união é feita através de pontes de

oxigênio de ligações glicosídicas α-1,4 (Figura 10) (ASTRAY, 2009).

Existem três tipos de ciclodextrinas naturais obtidas com maior rendimento, a α-

Figura 10 – Ligações glicosídicas α -1,4 através de pontes de oxigênio

entre duas moléculas de glicopiranose (ASTRAY, 2009).

45

ciclodextrina, β- ciclodextrina e a γ- ciclodextrina, com 6, 7 e 8 unidades de glicose,

respectivamente (Figura 11). Estes compostos possuem em sua estrutura grupos hidrolixas

primários e secundários orientados para o exterior. Assim, possuem exterior hidrofílico

(polar) podendo dissolver-se na água com facilidade, ao mesmo tempo em que disponibiliza

uma cavidade interna hidrofóbica (apolar). Tal cavidade permite às ciclodextrinas complexar

moléculas que apresentem dimensões compatíveis e alterar suas propriedades físico-químicas,

como solubilidade em água, estabilidade e biodisponibilidade (FRACETO et al., 2007).

Figura 11– Estruturas de α, β e γ ciclodextrinas (ASTRAY, 2009).

Em termos de absorção, as ciclodextrinas são metabolizadas principalmente pela flora

do cólon e os seus produtos de degradação são posteriormente metabolizados e absorvidos

como os do amido. A principal diferença entre o metabolismo do amido e o das ciclodextrinas

é que o amido é degradado no intestino delgado, enquanto que as ciclodextrinas são

degradadas no cólon. Já as ciclodextrinas metiladas, apresentam a particularidade de serem

resistentes às amilases bacterianas do trato gastrointestinal, sendo eliminadas íntegras pelas

fezes (SALTÃO; VEIGA, 2001).

Até a década de 1930 a sua utilização em humanos era discutível, uma vez que,

aparentemente, apresentavam toxicidade elevada. Apenas a partir de 1970, estudos

toxicológicos adequados foram realizados e garantiram a segurança no seu uso, levando a um

aumento significativo nas pesquisas nesta área (VENTURINI et al., 2008).

Estudos de toxicidade mostraram que são moléculas seguras quando administradas por

via oral. Em doses superiores a 600 mg/kg a β-ciclodextrina não revelou qualquer efeito

adverso no peso corporal, no crescimento, nos valores dos índices bioquímicos e

46

hematológicos de ratos e cães, não sendo observado mutagenicidade ou teratogenicidade com

doses inferiores a 400 mg/kg (SZEJTLI, 1990).

As ciclodextrinas são capazes de formar complexos do tipo receptor-substrato,

servindo como um ambiente único para reações químicas e habilidade para formar complexos

de inclusão com várias substâncias. Por este motivo, vem sendo muito utilizada em produtos

industriais, tecnológicos e em métodos analíticos. A partir de uma seleção da ciclodextrina

apropriada, ela pode ser utilizada como ingrediente de fármacos, em alimentos ou cosméticos

(VENTURINI et al., 2008).

Os aspectos legais do uso de ciclodextrina em alimentos diferem entre países. Nos

Estados Unidos, as α-, β- e γ-ciclodextrinas são incluídas na lista de aditivos “generally

recognized as safe” (GRAS), que compreende a lista de aditivos alimentares que são

reconhecidos como seguros pelo FDA. No Japão, as ciclodextrinas são reconhecidas como

produtos naturais e sua comercialização no setor de alimentos é restrito apenas pelas

considerações de pureza. Na Austrália e Nova Zelândia, a α- e γ-ciclodextrinas foram

classificadas como alimentos novos a partir de 2004 e 2003, respectivamente (CRAVOTTO et

al., 2006). No Brasil, a β-ciclodextrina é reconhecida como aditivo para alimentos com a

função de estabilizante e espessante (BRASIL, 2006) e a α-ciclodextrina está incluída na lista

de novos ingredientes da ANVISA desde 2009 (BRASIL, 2009).

A recomendação para o nível máximo de β-ciclodextrina em alimentos é de

5 mg/kg peso corpóreo por dia. Para α e γ-ciclodextrinas nenhuma ingestão diária aceitável

(IDA) foi definida (ASTRAY, 2009).

Nos últimos anos, ciclodextrinas têm sido recomendadas para aplicações no

processamento e como aditivos em alimentos com os seguintes objetivos: proteger compostos

lipofílicos que são sensíveis a degradação térmica, por ação da luz ou do oxigênio, solubilizar

corantes alimentares e vitaminas; estabilizar fragrâncias, aroma, vitaminas e óleo essenciais

contra mudanças desconhecidas; suprimir odores ou sabores desfavoráveis e conseguir uma

liberação adequada de certos constituintes alimentares (VENTURINI et al., 2008)

O sabor influencia a satisfação do consumidor e o consumo de alimentos. Alguns

fatores como o armazenamento, materiais de embalagem e ingredientes em alimentos

freqüentemente causam modificações no sabor pela redução da intensidade de compostos

responsáveis pelo aroma ou a produção de componentes ativos no sabor. Portanto, a

encapsulação de ingredientes voláteis antes de usá-lo em alimentos e bebidas é benéfica para

limitar essas alterações. Atualmente, diversos produtos comerciais são encapsulados, porém

aqueles envolvendo a formação de complexos de inclusão molecular ciclodextrina/sabor

47

oferece um grande potencial para a proteção de materiais voláteis e/ou flavorizantes instáveis,

presentes em alimentos submetidos ao processamento industrial. A adição de β-ciclodextrina

como estabilizante pode reter alguns compostos aromáticos em matrizes de alimentos durante

os processos térmicos (cozimento, pasteurização e esterilização comercial) (JOUQUAND ;

DUCRUET; GIAMPAOLI, 2004).

A formação de complexos de inclusão com ciclodextrinas pode proteger alguns

componentes lipofílicos dos alimentos que são sensíveis ao oxigênio e aquecimento ou à luz

induzindo degradação. Os danos mecânicos sofridos pelos vegetais e tecidos de frutos, na

produção de sucos, pode promover o escurecimento enzimático. A fim de evitar tais efeitos,

frutos e vegetais podem ser tratados com ciclodextrina removendo a enzima polifenol oxidase

de sucos a partir da complexação, além de proteger componentes fenólicos de oxidações

enzimáticas (ASTRAY, 2009).

Uma aplicação interessante das ciclodextrinas na indústria de alimentos é como material

de embalagem, promovendo dois efeitos benéficos: redução residual de voláteis orgânicos

contaminantes e melhoria das propriedades de barreiras, otimizando as características

sensoriais enquanto mantêm a qualidade e segurança do alimento (ibidem).

3.3.2 Encapsulação de pigmentos

Nos últimos anos, novas tecnologias surgiram com a intenção de manter os pigmentos

naturais, presentes em alimentos, inalterados durante o seu processamento e armazenamento

evitando assim a sua oxidação. Entre as tecnologias existentes, destacam-se a encapsulação

que é capaz de aumentar a estabilidade, promover melhor solubilidade, evitar alterações de

cor e perda de aroma e, consequentemente, aumentar o tempo de vida de prateleira dos

produtos alimentícios (NUNES ; MERCADANTE, 2007).

As exigências do mercado consumidor e os estudos toxicológicos realizados com

corantes sintéticos têm incentivado a substituição por corantes naturais. No entanto, além de

mais caros que os sintéticos, os pigmentos naturais são muito instáveis quimicamente. Alguns

trabalhos foram realizados envolvendo a encapsulação destes pigmentos possibilitando a sua

dispersão em água e facilitando o emprego em alimentos (AZEREDO, 2005).

Um estudo envolvendo a microencapsulação de licopeno extraído da goiaba foi

realizado por Matioli e Rodriguez-Amaya (2003) utilizando as ciclodextrinas como

encapsulantes. O carotenoide foi extraído da goiaba, dissolvido e adicionado a α-, β- e γ-

48

ciclodextrinas. Inicialmente, foi investigado a complexação com as três ciclodextrinas em

razão molar licopeno: ciclodextrina de 1:50. A mudança de cor foi avaliada

espectrofotometricamente. Foi observado que com o uso da α- ciclodextrina a inclusão não

aconteceu, pois o licopeno ficou na superfície da solução. Com a β-ciclodextrina foi obtida

uma solução laranja clara com um precipitado no fundo do tubo. E, com a γ-ciclodextrina a

solução apresentou uma coloração laranja forte sem precipitado no fundo do tubo. Ambos

complexos mantiveram-se dispersíveis em água. O licopeno cmplexado com γ-ciclodextrina

após seis meses de testes manteve a cor original, já com a β-ciclodextrina foi reduzido em

torno de 80%. A inclusão foi máxima com o uso de γ-ciclodextrina quando a razão molar foi

de 1:200. A estabilidade à luz mostrou-se excelente, com 100% de retenção em quarenta dias

de monitoramento a temperatura ambiente.

Nunes e Mercadante (2007) complexaram cristais de licopeno em β-ciclodextrinas

utilizando as razões molares de 1:1 e 1:4 a partir da homogeneização das soluções de extrato

em diclorometano e ciclodextrina em água produzidas. Após overnight a -18° C adicionou-se

água e em seguida procedeu-se a filtração para reter o material não complexado e o filtrado,

contendo o complexo, foi liofilizado. Os resultados demonstraram que na razão de 1:4, 50 %

do licopeno adicionado permaneceram no filtro, enquanto que na razão molar 1:1 utilizada,

não houve formação do complexo, ficando todo o licopeno retido no filtro.

Provenzi et al. (2006) estudaram a influência da β- ciclodextrinas e γ- ciclodextrinas

sobre a estabilidade de antocianinas extraídas da casca de uvas Cabernet Sauvignon (Vitis

vinifera L.), sob presença e ausência de luz e nitrogênio, em temperatura de 15ºC e pH 3,5. As

amostras controle (sem ciclodextrina) apresentaram menores valores de absorbância e de

tempo de meia vida em relação às amostras testes, o que sugere uma proteção da cor pela

adição de ciclodextrinas. A atmosfera interferiu na meia vida de todas as amostras avaliadas,

sendo que a presença de nitrogênio conferiu valores superiores quando comparados com as

amostras na ausência de nitrogênio. A presença de luz interferiu de forma negativa na

estabilidade do pigmento. Os pesquisadores concluíram que a γ–ciclodextrina associada à

ausência de luz, e a presença de nitrogênio trazem perspectivas para uso das antocianinas de

uva Cabernet Sauvignon como corante em alimentos líquidos e pH inferior a 3,5.

A incorporação de carotenoides em alimentos que não contém quantidades elevadas

desses componentes podem oferecer efeitos benéficos a saúde relacionados à prevenção de

diversas doenças e promoção de novos produtos alimentícios no mercado. Sendo assim, o

desenvolvimento de estratégias que possam otimizar a estabilidade e melhorar a solubilidade

49

dos pigmentos carotenoides é extremamente essencial na aplicação desses ingredientes

bioativos em alimentos (BRITTON,1995; POLYAKOV; LESHINA, 2006).

50

4 METODOLOGIA

4.1 Material

Foram utilizados cerca de 20 kg de pimentão vermelho (Capsicum anumm L) no

estádio ótimo de maturação, adquiridos no comércio varejista do Estado do Rio de Janeiro,

para extração dos pigmentos carotenoides.

4.2 Processamento do pimentão e obtenção dos extratos contendo carotenoides

Os pimentões vermelhos foram submetidos às etapas de lavagem em água corrente,

remoção dos talos e das sementes e cortados em tiras com aproximadamente 1 cm de

espessura para otimizar a secagem. Os pimentões em tiras foram desidratados em estufas

ventiladas sob temperatura de 55 ºC, por cerca de 24 horas, e o material seco foi submetido a

moagem em liquidificador industrial.Os procedimentos foram realizados na Faculdade de

Farmácia e na Escola de Engenharia da UFF. A Figura 12 demonstra as etapas envolvidas no

processamento do pimentão vermelho.

Em relação à etapa de obtenção dos extratos, testes foram realizados com a mistura

dos solventes hexano:acetona (1:1) e etanol:água (90:10), cuja finalidade era avaliar o tempo

de extração e rendimento do extrato.

Figura 12- Fluxograma das etapas envolvidas no processamento dos pimentões

Os pimentões foram lavados em água corrente, os talos e sementes

removidos e cortados em tiras

uniformes

Secos em estufa ventilada a 55° C/

24 horas

Material seco Moagem Escolha do solvente para

extração dos pigmentos

51

No primeiro teste, 10 g do material seco em pó foram transferidos para um frasco tipo

erlenmeyer contendo 100 mL da mistura dos solventes hexano:acetona (1:1). Em seguida, a

amostra permaneceu macerando e a troca dos solventes foi realizada em dias alternados até a

completa exaustão na extração dos pigmentos. Após a etapa de extração, os solventes foram

eliminados em rotaevaporador (Fisatom ®), sob baixa pressão e temperatura de 35°C e o

extrato obtido foi pesado pra cálculo do rendimento. No segundo teste, usando a mistura de

solventes etanol:água (90:10), manteve-se a quantidade de material seco em pó utilizado e os

procedimentos de extração foram semelhantes àqueles realizados no primeiro teste. No

entanto, a solução obtida contendo a mistura de solventes e extrato foi submetida a partição

com hexano com a finalidade de separar a solução em duas fases distintas, apolar e polar,

sendo a fase apolar contendo os pigmentos carotenoides. O processo de partição consistiu da

transferência de 50 mL da solução citada anteriormente para um funil de separação onde

adicionou-se 50 mL de solvente hexano e 20 mL da solução de cloreto de sódio ( NaCl) a 10

%. Em seguida esse conteúdo foi agitado manualmente e mantido sob repouso por alguns

minutos para promover a separação das fases. A fração hexânica foi recuperada e o solvente

eliminado em rotaevaporador, a 35 °C, sob baixa pressão. O extrato livre de solvente foi

mensurado para cálculo do rendimento. Todos os procedimentos de extração foram efetuados

ao abrigo da luz.

A partir dos resultados obtidos dos testes realizados com os solventes foi possível

escolher aquele que apresentou menor tempo de extração e rendimento satisfatório. Sendo

assim, iniciou-se a extração dos pigmentos presentes no pimentão vermelho utilizando a

mistura de solventes escolhida. O material total em pó obtido (1,613 kg) foi transferido para

três frascos tipo erlenmeyer, sendo que em dois deles adicionou-se, em cada um, 637 g de

amostra em pó e 2.000 mL da mistura de solventes etanol:água e, no terceiro erlenmeyer,

adicionou-se 338 g do material em pó e 955 mL da mistura de solventes etanol: água (90:10).

As amostras permaneceram macerando, protegidas da luz, e o solvente foi trocado em dias

alternados até a exaustão da extração. A solução obtida contendo a mistura de solventes e

extrato foi submetida a partição com solvente hexano por diversas vezes até a coloração da

fase hexânica apresentar-se fraca, sugerindo saturação na transferência dos pigmentos da fase

polar para a apolar. O solvente hexano foi eliminado em rotaevaporador a 40 º C sob baixa

pressão e a fase etanol: água foi descartada. O extrato livre de solvente foi pesado para cálculo

do rendimento. A Figura 13 mostra as etapas envolvidas na obtenção do extrato.

52

4.3 Análises do extrato de pimentão vermelho

O extrato obtido foi analisado por cromatografia líquida de alta eficiência com

detector tipo “diode array detector” (CLAE-DAD) para separação e caracterização dos

carotenoides presentes. Primeiramente, o extrato foi saponificado com KOH metanólico a

10% durante 16 horas, no escuro em temperatura ambiente, para hidrólise dos ésteres de

carotenoides. Após saponificação, a amostra foi lavada e vestígios de água foram removidos

com adição de sulfato de sódio anidro. Para a etapa de separação e caracterização dos

carotenoides presentes no extrato, utilizou-se um cromatógrafo liquido de alta eficiência da

marca Waters ® com módulo de separação Alliance 2695, composto por bomba analítica,

injetor automático, desgaseificador, forno para colunas e detector de arranjo de diodos PDA

2996, com sistema controlado pelo software Empower ®. A coluna foi do tipo YMC ®, da

Waters ®, C30, 3 µm, 250x4,6 mm. Anteriormente a injeção, a amostra foi dissolvida em 200

µL de acetona e foram injetados 15 µL da solução do extrato. A fase móvel utilizada foi um

gradiente de eluição com os solventes metanol (fase A) e éter metil -terc-butilico (fase B)

(Tabela 3). O fluxo utilizado na coluna foi de 0,8 mL/min.

Figura 13 - Etapas de obtenção do extrato: partição com hexano (a e b) e

evaporação do solvente (c)

a b

c

53

Tempo (minutos) % Fase A % Fase B

0 80 20

0,50 75 25

15,00 15 85

15,05 10 90

16,50 10 90

16,55 80 20

28,00 80 20

A identificação dos carotenoides foi efetuada através da comparação entre os espectros

de absorção no UV-visível e tempo de retenção de cada pico do extrato com os de padrões de

carotenoides isolados previamente de pimentão vermelho. A proporção de cada carotenóide

presente no extrato foi calculada usando a área obtida sob cada pico.

O extrato também foi analisado por espectrofotometria de absorção no Uv-Vis

(espectrofotômetro de varredura Perkin-Elmer Lambda 15) obtendo-se espectros em

comprimentos de onda entre 250 a 750 nm, utilizando-se os solventes hexano, etanol e

diclorometano. O objetivo deste teste foi verificar em que comprimento de onda seria obtida

a banda de absorção de maior intensidade. Posteriormente, estes solventes foram usados nos

testes de extração e quantificação dos pigmentos inseridos nos complexos de inclusão com

ciclodextrinas, a serem obtidos. As amostras analisadas no espectrofotômetro de varredura

foram soluções do extrato diluído em etanol, hexano e diclorometano, e a concentração de

cada solução foi 0,66 mg/mL.

Os resultados de máximos de absorção obtidos com os respectivos solventes foram

aplicados na construção de curvas de calibração para obtenção da relação concentração de

extrato versus absorbância nos comprimentos de onda especificados, usados posteriormente

na quantificação da eficiência da inclusão em ciclodextrinas.

As análises espectrofotométrica foram realizadas no Laboratório de Cromatografia, do

Departamento de Química Analítica, do Instituto de Química da UFF.

A atividade antioxidante do extrato de pimentão vermelho foi avaliada pelo método

fluorimétrico Oxygen Radical Absorbance Capacity (ORAC), descrito por Dávalos, Gómez-

Cordovés; Bartolome (2004) com modificações. O método fundamenta-se no uso de 2,2’-

azobis-2-amidinopropano (AAPH), que gera radicais livres quando dissolvido em tampão em

solução tampão fosfato pH 7,4 (PBS) a 37 °C. Os radicais gerados irão atacar a fluoresceína

Tabela 3: Composição do gradiente da fase móvel usada nas análises

54

(usada como sonda fluorescente) que, em consequência, irá apresentar inibição da emissão de

fluorescência. A presença de substâncias antioxidantes e sequestrantes de radicais irá

preservar a estrutura da fluoresceína, que então irá preservar a capacidade de emissão de

fluorescência. A intensidade da emissão de fluorescência é proporcional à presença de

antioxidantes no meio reacional.

Para execução do método, inicialmente, o antioxidante padrão ácido 2-carboxílico-6-

hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromano (trolox) foi dissolvido em metanol e o volume final

completado a 50 mL com PBS. Em seguida, 5 mL dessa solução foi avolumada a 50 mL com

PBS. Soluções de trolox em PBS, nas concentrações de 2,5, 5,0, 7,5, 10, 12,5, 15,0, 17,5 e

20,0 µg/mL foram preparadas e usadas para a construção da curva de calibração de

concentração de trolox versus área sob a curva de fluorescência da fluoresceína, usada como

sonda fluorescente para o método. Para a construção da curva de calibração, foi utilizada

microplaca preta de 96 poços. 20 µL de cada solução de trolox foram colocados em seu

respectivo poço, e em seguida foram adicionados 120 µL de solução de fluoresceína 0,439

µg/mL. A placa foi incubada por 10 minutos a 37 °C e, em seguida, foram adicionados a

cada poço 60 µL de solução recentemente preparada de AAPH 10,85 mg/mL. Imediatamente

após a adição do AAPH, a microplaca foi inserida em leitor de fluorescência e absorbância

em microplacas (Fluostar Optima, da BMG) e as curvas de fluorescências de cada poço foram

medidas (simultaneamente). O comprimento de onda de excitação foi 485 nm e de emissão foi

de 520 nm. Um branco apropriado foi preparado usando o tampão PBS no lugar da solução

padrão de trolox. E o valor de fluorescência usado para a construção da curva de calibração

foi calculado considerando-se o valor da área sob a curva de fluorescência de cada solução

padrão menos o valor obtido para o branco.

Soluções da amostra de extrato de pimentão vermelho em PBS, com adição de dimetil

sulfóxido, foram preparadas, na faixa de concentração similar à do padrão trolox. Os mesmos

procedimentos adotados para o padrão foram aplicados também à amostra, para a qual foi

construída a curva de concentração versus área sob a curva de fluorescência. O valor ORAC

para a amostra foi calculado dividindo-se o coeficiente angular da curva de fluorescência da

amostra pelo coeficiente angular da curva de fluorescência do padrão, e foi expresso como

miliequivalentes de trolox/100 mg de amostra. Padrão e amostras foram analisados em

triplicata.

A avaliação da cor instrumental do extrato de pimentão vermelho é de suma

importância visto que os pigmentos podem apresentar comportamento de cor diferenciado

quando solubilizado em diferentes solventes. Tais análises foram realizadas por reflectância

55

no aparelho Colorview 9000 da Byk - Gardner, no Sistema CIElab, instalado no Laboratório

de Biotecnologia de Alimentos da Faculdade de Farmácia da UFF, sendo capaz de detectar a

cor emitida pelos pigmentos presentes no extrato de pimentão vermelho, simulando a

percepção de cor pelo olho humano. Os parâmetros de cor medidos foram: L* = luminosidade

(0=preto e 100=branco), a* (-80 até zero=verde, do zero ao +100=vermelho), b* (-100 até

zero=azul, do zero ao +70=amarelo). Os índices de cor foram avaliados no extrato

solubilizado em diferentes solventes (etanol, hexano, diclorometano e mistura de solvente

etanol:água na proporção de 90:10). Sendo assim, utilizou-se 20 mg de extrato de pimentão

vermelho e 30 mL de cada solvente citado anteriormente. As análises foram realizadas em

triplicata.

4.4 Inclusão dos pigmentos do extrato do pimentão em ciclodextrinas

Foram testadas três diferentes ciclodextrinas (α-, β- e metil-β ciclodextrina) visando

identificar aquela capaz de formar complexos de inclusão com melhor rendimento e melhor

eficiência de inclusão. Os testes foram realizados primeiramente com a β-ciclodextrina

utilizando os dois procedimentos de inclusão (agitação magnética e sonda de ultra-som). A

partir dos resultados obtidos com a β-ciclodextrina, realizou-se testes de inclusão com a α- e

metil-β ciclodextrinas utilizando apenas a sonda de ultra-som.

A metodologia de inclusão molecular utilizada no presente estudo foi por co-

precipitação, baseado no proposto por Chen et al. (2007), com modificações. Primeiramente,

solubilizou-se o extrato (0,5 g) no solvente etanol (0,5 mL). Em seguida, a β- ciclodextrina (2 g)

foi dissolvida em etanol:água destilada (45 mL) (1:2 v/v) sob agitação magnética com

aquecimento a 35 °C. A razão de massa utilizada foi de 1:4. O procedimento usando agitação

magnética (Fisatom ®) (Figura 14) consistiu na mistura das soluções de extrato e da

ciclodextrina até atingir a temperatura ambiente. O procedimento com sonda de ultra-som

(Omni Sonic Ruptor 250) foi conduzido através da mistura das soluções de extrato e

ciclodextrina em ambiente ultra-sônico durante 5 min aplicando uma potência de 100 Watts,

seguido pela agitação magnética até atingir temperatura ambiente. As misturas foram

armazenadas overnight a 4 ° C e filtradas sob vácuo. O precipitado foi lavado três vezes com

etanol e água destilada (45 mL, 1:2 v/v), congelado e liofilizado em liofilizador da marca

Labconco, que operou a 10-3 mbar de pressão e - 40° C de temperatura. O pó obtido foi

pesado para cálculo do rendimento e armazenado no freezer. O processo de inclusão foi

56

realizado em quadriplicata.

A partir dos resultados obtidos com os testes realizados anteriormente, foi possível dar

continuidade aos experimentos com o procedimento de inclusão que apresentou rendimento e

eficiência de inclusão satisfatórios e com a ciclodextrina que mostrou capacidade em formar

complexo de inclusão com o extrato de pimentão vermelho.

A mistura física foi preparada sob agitação manual em um gral adicionando-se o extrato

de pimentão vermelho sobre a ciclodextrina em pó A razão de massa de extrato e

ciclodextrina utilizada foi mantida como descrito anteriormente no processo de inclusão

molecular e a mistura foi armazenada sob refrigeração ao abrigo da luz.

a b

Figura 14- Etapas envolvidas no procedimento de inclusão utilizando dois

procedimentos: (a) solubilização da ciclodextrina em solução de etanol:água, (b)

inclusão molecular utilizando agitação magnética, (c) inclusão molecular utilizando

sonda de ultra-som, (d) filtração a vácuo em membranas de celulose, (e) obtenção do

depósito e (f) liofilização.

d c

e f

57

4.5 Determinação da eficiência de inclusão e caracterização do complexo obtido

O conteúdo total de pigmentos complexados foi determinado pelo método de extração

em solvente proposto por Falcão et al. (2010) com modificações. Diversos procedimentos

foram realizados na extração utilizando diferentes solventes (etanol, diclorometano e metanol)

e equipamentos (vórtex e banho de ultrassom) com a finalidade de escolher aqueles mais

eficientes na extração dos pigmentos do interior da ciclodextrina. Primeiramente testou-se a

extração com etanol/banho de ultra-som e vórtex a fim de comparar a eficiência de cada

equipamento utilizado. Em seguida, testou-se o diclorometano/banho de ultra-som e vórtex. A

partir dos resultados obtidos nos ensaios preliminares, optou-se por testar os solventes etanol

e metanol utilizando apenas o banho de ultra-som.

O complexo liofilizado (5 mg) foi transferido para três vials tipo eppendorf contendo

1mL do solvente e, em seguida, homogeneizados paralelamente em banho de ultrassom

(ultrasonic cleaner Unique ®) e vórtex (Fisatom®) durante 10 min. Após a homogeneização,

a suspensão foi centrifugada ( Microcentrífuga Ministar ®) por 15 min a 6200 rpm. O

sobrenadante foi recuperado com pipeta pasteur e transferido para um balão volumétrico de

25 mL e o volume foi completado com o mesmo solvente. Sucessivas extrações foram

realizadas até o complexo perder a sua coloração. O sobrenadante obtido foi analisado em

espectrofotômetro (Bausch e Lomb, CT 211) em comprimento de onda obtidos

correspondente a cada solvente. As extrações foram realizadas em triplicata. O conteúdo de

carotenoides foi calculado a partir de uma curva de calibração construída utilizando o extrato

de partida. A curva de calibração foi feita em triplicata. Os procedimentos descritos foram

realizados utilizando etanol e diclorometano PA como solventes. Por último, os testes de

extração foram repetidos com o objetivo de comparar a eficiência de extração empregando

como solventes metanol e etanol PA utilizando apenas o banho de ultra-som.

A eficiência de inclusão (EI) (%) foi calculada segundo a equação a seguir:

Os resultados obtidos nos testes de extração foram de suma importância na

continuidade do estudo visto que, após a etapa de inclusão, foi necessário quantificar os

pigmentos incluídos no interior das ciclodextrinas aplicando o procedimento de extração que

mostrou-se mais eficiente.

Os complexos formados entre extrato/β- ciclodextrinas utilizando etanol/sonda ultra-

sônico, etanol/agitação magnética, extrato de pimentão vermelho e a mistura física foram

EI (%) = 100 x (conteúdo medido de carotenoides / conteúdo total teórico de carotenoides)

58

caracterizados por métodos físicos (espectrofotometria no infravermelho, ressonância

magnética nuclear de hidrogênio (RMN1H) e análise térmica diferencial (DSC). O tamanho, a

distribuição e o potencial Zeta das partículas foram avaliados utilizando um analisador de

potencial Zeta (Zeta Plus).

Os espectros de infravermelho das amostras foram obtidos na faixa de 500 a 4.500cm-1

usando um espectrofotômetro Nicolet Nexus 670 FT-IR (Nicolet). A resolução foi 1.0 cm-1 e o

espectro foi o resultado da média de 32 scans. As amostras foram diluídas na razão de 1:100

em sal transparente, brometo de potássio (KBr).

As análises de DSC foram realizadas usando um 822 Mettler-Toledo (Mettler Toledo).

Para calibração utilizou-se o indium e o zinco como materiais de referência. Durante o estudo

as amostras foram aquecidas de 25 a 400 °C a um taxa de aquecimento de 10 °C/min, sob

atmosfera de nitrogênio. As amostras foram analisadas e comparadas para possíveis

interações. As análises foram conduzidas no Laboratório de Processamento e Caracterização

de Materiais Poliméricos, no Instituto Nacional de Tecnologia (INT).

Os espectros de RMN 1H foram obtidos no equipamento Varian VNMRS com

freqüência de 500 MHz. Os solventes deuterados (D2O) utilizados para obtenção dos

espectros de RMN foram obtidos da Sigma-Aldrich. Os deslocamentos químicos (δ) foram

expressos em partes por milhão (ppm). A edição dos espectros foi realizada utilizando-se o

programa SpinWorks 3.1.5.0. As análises foram realizadas no Laboratório de Ressonância

Magnética Nuclear, situado na UFF.

O tamanho e a distribuição das partículas foram medidas pelo analisador de potencial

Zeta usando ZetaPlus (Brookhaven Inst. Corp.). Cada amostra foi ressuspendida em água ultra

pura, em banho de ultra-som, por 15 min. Foram realizadas cinco corridas. O tamanho de

partícula foi expresso como média do diâmetro em µm.

O potencial Zeta (ζ) das partículas foi determinado a partir da imersão do eletrodo na

cubeta de acrílico contendo a dispersão diluída em água ultra-pura. As análises foram

realizadas no aparelho ZetaPlus (Brookhaven Inst. Corp.)

As análises de espectrofotometria no infravermelho, tamanho, distribuição e potencial

Zeta das partículas foram realizadas no Laboratório de Biomateriais do Centro Brasileiro de

Pesquisas Físicas (CBPF).

Os complexos foram ainda avaliados quanto à atividade antioxidante através do

método ORAC (DÁVALOS; GÓMEZ-CORDOVÉS; BARTOLOME, 2004) e os parâmetros de

cor L*, a* e b* por espectrofotometria de reflectância, segundo os métodos já descritos

anteriormente.

59

4.6 Avaliação da estabilidade dos complexos de inclusão em sistemas modelos, frente a

fatores importantes para o processamento de alimentos

Para os testes desta etapa em diante, foi necessário produzir complexos de inclusão em

maior escala utilizando a β-ciclodextrina e o procedimento de inclusão que proporcionou

melhores características de rendimento e eficiência de inclusão (sonda de ultra-som) nos

testes realizados anteriormente. Sendo assim, utilizou-se 1,5 g de extrato de pimentão

vermelho e 6 g de β-ciclodextrinas (razão de massa 1:4) para preparo do complexo de

inclusão. O pó obtido foi pesado para cálculo do rendimento e armazenado no congelador em

um frasco hermético. A estabilidade do complexo escolhido foi avaliada pela medida dos

parâmetros de cor L *, a* e b*, nas diferentes condições do experimento descrito a seguir.

O aquecimento para a pasteurização acompanha o processamento para a produção de

alimentos de diferentes valores de pH. O experimento foi efetuado para estabelecer o efeito

do aquecimento em diferentes valores de pH sobre a estabilidade do extrato de pimentão

vermelho e do complexo carotenoides de pimentão/ciclodextrina escolhido. Os parâmetros de

cor L *, a* e b* foram medidos antes e após o tratamento térmico. Verificou-se o efeito

combinado de três variáveis (pH, temperatura e tempo de aquecimento), em três níveis de

valores significativos para o processamento de alimentos líquidos por pasteurização, através

da adoção de um planejamento experimental fatorial fracionado 32, gerado pelo programa

STATISTICA v. 7.0, constituído de 9 combinações das variáveis e foram efetuadas três

repetições autênticas do experimento. A análise estatística para determinação das condições

de maior estabilidade foi feita com o auxílio do programa STATISTICA v. 10.0, para

determinar as variáveis com efeito mais significativo sobre os parâmetros de cor. A Tabela 4

indica as variáveis e níveis que foram utilizados no experimento e a Tabela 5 indica as

combinações adotadas.

Tabela 4: Variáveis e níveis utilizados no experimento

Variáveis Níveis

-1 0 +1

pH 3 5 7

Temperatura ( C) 60 70 80

Tempo (min.) 1 5 10

60

Tabela 5 - Combinações de variáveis e níveis usadas no experimento

Corrida

pH

Temperatura

(C)

Tempo (min.)

1

7

60

1

2 7 80 1

3 3 60 1

4 3 80 1

5 5 70 5

6 7 60 10

7 7 80 10

8 3 60 10

9 3 80 10

4.7 Avaliação da estabilidade de cor de iogurte adicionado do complexo carotenoides de

pimentão/ciclodextrina

O iogurte foi preparado por fermentação láctica a partir da utilização de 7 L de leite

esterilizado, 700 g de leite em pó desnatado e iogurte natural, mantidos aquecidos a 45 °C, até

atingir o pH de 4.1. A cultura inicial foi inoculada a partir de uma amostra de iogurte

comercial contendo Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus.

Após a fermentação e coagulação, o gel sofreu agitação para quebra do coágulo e

conferência de cremosidade ao iogurte. Em seguida, o produto sofreu resfriamento para inibir

o crescimento de bactérias lácticas e, assim, não ocorrer uma acidificação excessiva.

Posteriormente foram feitas adições do conservante sorbato de potássio (100 mg/kg), açúcar a

10 % e dos respectivos corantes utilizados no experimento: extrato de pimentão vermelho (0,

05%), complexo liofilizado (0,15%) e corante artificial amarelo crepúsculo (FD&C n. 6)

(0,0046 %). Os corantes foram adicionados ao iogurte fresco até atingir um padrão de cor

semelhante a do iogurte comercial sabor mamão (L = 77.91; a = 22.99; b = 29, 63).

Os iogurtes foram divididos em quatro grupos: (ISC) iogurte sem corante, (ICE)

iogurte adicionado de extrato de pimentão vermelho, (ICC) iogurte adicionado de complexo

61

liofilizado e (ICA) iogurte fresco adicionado de corante artificial amarelo crepúsculo. Em

seguida, foram armazenados em tubos de ensaio durante um período de 60 dias a 4°C. As

medidas de cor foram realizadas a cada 10 dias a partir do inicio do experimento.

As análises instrumentais foram realizadas por reflectância usando espectrofotômetro

(Colorview 9000 Byk-Gardner, Columbia, MD, USA) com software QC Manager instalado

no Laboratório de Biotecnologia de Alimentos da Faculdade de Farmácia da UFF. A cor

medida foi expressa pelos índices L*,a*,b* (CIELAB). Para cada amostra, os valores dos

parâmetros de cor determinados em cada tempo foram analisados por ANOVA, usando o

valor de p < 0,05 para determinação de diferença significativa entre os tempos de

armazenamento para cada grupo. Havendo diferença significativa para os valores das médias

de cada amostra avaliada, estas foram comparadas ao tempo zero, através do teste de Dunnet.

Os experimentos e as medições foram realizados em triplicata.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Obtenção do extrato de pimentão vermelho (Capsicum anumm L)

Os testes realizados previamente com a mistura de solventes etanol:água e

hexano:acetona para escolha do solvente utilizado na extração dos pigmentos do pimentão

vermelho em pó, indicaram que a extração com hexano:acetona apresentou um tempo de

extração até esgotamento de três meses, com rendimento de 4,8 % (p/p), enquanto que, com

os solventes etanol:água com posterior partição em hexano, o tempo de extração foi de dois

meses, com rendimento de 4,4 % (p/p). Apesar do extrato obtido com os solventes hexano:

acetona ter apresentado um rendimento ligeiramente maior comparado ao extrato obtido com

os solventes etanol:água, a extração com a mistura etanol:água, seguida da partição em

hexano, foi considerada mais adequada para dar continuidade aos experimentos em virtude

do menor tempo necessário para o esgotamento da extração. Vale ressaltar que a mistura

etanol: água proporcionou a obtenção do extrato com coloração vermelha intensa, enquanto

que a mistura hexano:acetona apresentou uma coloração vermelho-alaranjada (Figura 15).

Entretanto, as diferenças nas colorações apresentadas podem ser decorrentes do efeito dos

solventes sobre os pigmentos e não necessariamente representam diferentes concentrações dos

mesmos.

63

Figura 15: Extrato de pimentão vermelho obtido com a mistura

hexano: acetona (a) e etanol: água (b)

O fenômeno denominado de solvatocromismo descrito por Hantzsch em 1922 é

observado a partir das mudanças causadas pelos solventes, com consequentes alterações na

posição, intensidade e forma da banda de absorção de certos compostos na região do

ultravioleta e visível (UV/Vis) (REICHARDT, 1988; SUPPAN; GHONEIM, 1997). A

molécula de soluto, quando isolada, apresenta transições bem definidas pelos seus níveis

eletrônicos, porém ao ser embebida em solvente, os níveis eletrônicos irão interagir

diferentemente com o meio, promovendo deslocamento das bandas em direção o azul ou ao

vermelho (GEORG, 2006). Desta forma, as diferentes colorações observadas para os extratos

de pimentão vermelho obtidos com hexano:acetona (alaranjada) e etanol:água (vermelha

intensa) podem ser decorrentes do solvatocromismo causado pelos diferentes solventes nos

pigmentos. No item 5.2.2 é descrito o resultado do efeito de diferentes solventes sobre o

extrato obtido com etanol:água, seguido da partição com hexano, comprovando então o efeito

solvatocrômico.

A partir dos resultados obtidos com os testes do solvente, iniciou-se a extração dos

pigmentos do extrato total com a mistura de solventes etanol:água, seguida da partição com

hexano e evaporação do solvente, e este extrato foi utilizado em todos os experimentos

seguintes.

5.2 Análises do extrato de pimentão vermelho

5.2.1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)

A análise por CLAE/DAD do extrato do pimentão vermelho foi realizada antes e

a b

64

depois da saponificação da amostra é mostrado na Figura 16. Anteriormente ao procedimento

de saponificação foi feita uma injeção cujo objetivo foi avaliar o perfil cromatográfico da

amostra. O cromatograma obtido permite visualizar que não ocorreu separação dos analitos

adequadamente, portanto, verificou-se a necessidade de realização do procedimento de

saponificação com a finalidade de melhorar a resolução cromatográfica e remover lipídios

e/ou clorofilas, que possam interferir na análise cromatográfica. Durante a saponificação,

ocorre a hidrólise dos ésteres de carotenoides liberando os carotenoides que anteriormente

estavam ligados (PACHECO, 2009) e uma consequência disto é a obtenção de um

cromatograma com melhor resolução e linhas de base mais retas.

Os tempos de retenção, quando comparados aos de padrões de carotenoides,

associados aos espectros de absorção no UV-visível dos picos obtidos no cromatograma da

Figura 16, permitiram a identificação de alguns dos principais carotenoides do extrato de

pimentão vermelho.

Figura 16: Perfil cromatográfico do extrato de pimentão vermelho, antes (a)

e após (b) a saponificação.

AU

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

Minutes

2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00

a

AU

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

Minutes

5,00 10,00 15,00 20,00 25,00

caps

antin

a

caps

orub

ina

Bet

a-cr

ipto

xant

ina

13-c

is-b

eta-

caro

teno

Bet

a-ca

rote

no9-

cis-

beta

-car

oten

o

b Capsantina: 24,54% Capsorubina: 4,57% β-criptoxantina: 4,27% 13-cis- β caroteno: 1,39 %

β-caroteno: 8,15 % 9-cis- β-caroteno: 2,26 %

65

O cromatograma da amostra do extrato do pimentão vermelho, após saponificação,

demonstrou a predominância da capsantina, com a presença também dos carotenoides

capsorubina, β-criptoxantina e β-caroteno e os isômeros 13- e 9-cis-β-caroteno, sendo que os

isômeros trans, provavelmente, foram originados de reações de isomerização durante a

extração ou saponificação. Os espectros de absorção entre 280 e 600 nm dos picos

identificados estão representados na Figura 17.

β-Criptoxantina

AU

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

nm

300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00

286,4

472,1

AU

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

nm

300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00

286,4356,7

466,1

AU

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

nm

300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00

347,1

450,3

478,2

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

nm

300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00

338,7

444,3

AU

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

nm

300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00

451,5

478,2

AU

0,00

0,02

0,04

0,06

nm

300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00

344,7

446,7

473,3

Capsantina Capsorubina

β-Criptoxantina 13-cis- β-Criptoxantina

β-caroteno 9-cis-β-caroteno

Figura 17: Espectros de absorção dos carotenoides presentes no extrato de pimentão

vermelho

66

Entretanto, foi possível observar que o cromatograma da amostra não saponificada,

embora nem todos os carotenoides tenham sido identificados, apresentou um maior número de

picos, com áreas distintas daquelas observadas na amostra saponificada. Portanto, apesar da

saponificação ter auxiliado na obtenção de cromatograma com melhor resolução, facilitando a

análise, este procedimento causou perdas dos carotenoides presentes, logo, a amostra

saponificada não representa totalmente a amostra antes da saponificação.

Azevedo-Meleiro e Rodriguez-Amaya (2009) identificaram capsantina, luteína, β-

caroteno, violaxantina, capsorubina, anteraxantina e zeaxantina como os carotenoides

presentes em extrato de frutos frescos de pimentão vermelho. Sim, Park e Hwang (2004) ,

identificaram cinco picos, capsantina, capsorubina, zeaxantina, β-criptoxantina e β-caroteno

como os principais pigmentos presentes no pimentão vermelho durante o amadurecimento.

No presente trabalho, foram identificados os principais carotenoides responsáveis pela

coloração do pimentão vermelho, descritos como capsantina e capsorubina o que concorda

com os resultados citados pelos outros autores, entretanto, alguns picos apresentando menores

áreas não puderam ser identificados, pela não disponibilidade de padrões adequados.

Além disso, foi verificada a presença dos isômeros 13-e 9-cis-β-caroteno, em virtude,

provavelmente, da isomerização trans-cis durante a extração ou até mesmo da saponificação e

análise, visto que é relatada a ocorrência de isômeros trans de carotenoides em alimentos e

outros produtos naturais (MERCADANTE; EGELAND, 2004).

Diferenças nas composições dos pigmentos relatadas por diferentes autores podem

estar relacionadas ao estágio de amadurecimento e ao próprio local de cultivo da hortaliça. No

estágio de imaturidade, luteína e neoxantina foram detectadas no pimentão vermelho, mas

seus conteúdos podem reduzir durante o amadurecimento (MINGUEZ-MOSQUERA;

JARÉN-GALÁN; GARRIDO-FERNANDEZ, 1993). No estágio de maturação a coloração

vermelha é mais intensa e, consequentemente, os conteúdos de capsantina e capsorubina

aumentam (HORNERO-MENDEZ; GOMEZ-LADRON ; MINGUEZ-MOSQUERA, 2000).

5.2.2 Espectrofotometria de absorção na região do UV- visível

O extrato de pimentão vermelho dissolvido em diferentes solventes (hexano, etanol e

diclorometano) foi analisado por espectrofotometria de absorção em comprimentos de onda

entre 250 e 750 nm. O objetivo desta análise, no que se refere ao uso dos solventes, foi

verificar em que comprimento de onda pode-se obter a banda de absorção de maior

intensidade, pois, posteriormente, os solventes foram usados em testes de extração para

67

quantificação dos pigmentos inseridos nos complexos de inclusão com ciclodextrinas. Os

espectros obtidos (Figura 18) indicaram que o extrato com solvente diclorometano (curva

verde) apresentou absorbância mais intensa que o extrato nos demais solventes. Além disso,

os espectros de absorção demonstraram que, para o mesmo extrato na mesma concentração, o

uso do etanol como solvente proporcionou a obtenção de espectro com máximos de absorção

em menores comprimentos de onda do que os obtidos com os solventes diclorometano e

hexano, confirmando o efeito de cada solvente sobre os cromóforos (efeito solvatocrômico),

já explicado anteriormente. Apesar disso, o solvente etanol foi escolhido para realizar as

extrações para análise dos complexos de inclusão por razões a serem descritas posteriormente.

Os resultados de máximos de absorção obtidos na análise anterior foram aplicados na

construção das curvas de calibração para cada solvente (etanol, diclorometano e hexano) que

foram usadas para quantificar a eficiência da inclusão em ciclodextrinas. As curvas obtidas

(Figura 19) mostraram que o coeficiente de determinação de regressão apresentou valores

próximos a 1,0 (R2=0,99) indicando que existe relação entre a absorbância referente a cada

solvente (máximos em 451, 477 e 479 nm, respectivamente, para etanol, hexano e

diclorometano) e a concentração de extrato utilizada.

Figura 18: Espectros de absorção no visível do extrato de pimentão vermelho diluído nos

solventes: etanol (curva azul), hexano (curva vermelha) e diclorometano (curva verde).

68

Figura 19: Curvas de calibração com extrato solubilizado em etanol (a);

hexano (b) e diclorometano (c).

5.2.3 Espectrofotometria de reflectância

Os resultados referentes às análises estatísticas dos índices de cor L**, a* e b* para o

extrato solubilizado em diferentes solventes indicaram que houve diferença significativa (p <

0,05) para todos os parâmetros de cor avaliados. Observa-se na Tabela 6 que o valor do índice

L* do extrato dissolvido em diclorometano foi maior quando comparado aos demais

solventes, indicando que ocorreu aumento na luminosidade da solução do extrato em

diclorometano. Em contrapartida, o valor do índice a* do extrato solubilizado em etanol:água

foi maior e, para os demais solventes, os valores mantiveram-se constante entre os solventes

etanol, hexano e diclorometano, indicando que o extrato solubilizado em etanol:água

69

apresentou uma maior emissão da cor vermelha comparado aos demais. Deve ser ressaltado

que foram utilizadas massas iguais da mesma amostra de extrato, dissolvidas em nos

diferentes solventes. As características observadas em relação à mudança de cor da amostra

quando solubilizada nos solventes diferentes reforça a ocorrência do efeito solvatocrômico.

Em relação ao índice b*, observa-se que o extrato solubilizado em hexano apresentou o maior

valor para este índice comparado aos demais solventes, confirmando, portanto, uma maior

emissão da coloração amarela quando o extrato encontra-se solubilizado em hexano.

Tabela 6: Resultados das análises de colorimetria do extrato solubilizado em diferentes

solventes

Amostra

L*

(*média ± desvio-

padrão)

a*

(*média ± desvio-

padrão)

b*

(*média ± desvio-

padrão)

Extrato

em etanol 1,91 ± 0,025 a 5,55 ± 0,02 a 2,94 ± 0,007 a

Extrato em

etanol:água 2,55 ± 0,020 b 6,45 ± 0,046 b 3,37 ± 0,051 b

Extrato em hexano 3,01 ± 0,098 c 5,33 ± 0,045 c 4,52 ± 0,144 c

Extrato em

diclorometano 3,32 ± 0,042 d 5,48 ± 0,071 d 2,93 ± 0,025 d

*Média de três repetições

a-d Diferença significativa (p < 0,05) é expressada por letras diferentes na mesma coluna.

Os parâmetros de cor L*, a* e b* também foram avaliados para o extrato e complexo

antes do tratamento térmico alterando apenas a variável pH (3, 5 e 7) das soluções analisadas.

O gráfico representado na Figura 20 (a) demonstrou que para o extrato, houve um aumento da

luminosidade quando o pH variou de 3 para 5, logo em seguida ocorreu uma queda da

luminosidade quando o pH variou de 5 para 7. O contrário foi observado para o complexo,

que apresentou uma estabilidade do índice L* entre o pH 3 e 5, apresentando redução deste

índice apenas quando submetido ao pH 7. Em relação ao índice a* (Figura 20 b), observa-se

que o complexo apresentou comportamento oposto ao do extrato quando submetido em

diferentes faixas de pH. Entre o pH 3 e 5, o extrato apresentou aumento da coloração

vermelha, enquanto que o complexo apresentou redução deste índice. Entre o pH 5 e 7, houve

uma redução deste índice para o extrato e aumento para o complexo. Para o índice b*,

observaram-se comportamentos semelhantes ao índice a*, porém nesse caso, o extrato

apresentou maiores alterações comparado ao complexo entre o pH 3, 5 e 7 (Figura 20 c).

70

Portanto, a partir desses resultados, pode-se afirmar que as alterações do pH para o extrato

foram capazes de promover maiores variações dos parâmetros de cor avaliados quando

comparado ao complexo, indicando que este proporcionou maior estabilidade destes

parâmetros.

0 2 4 6 816

17

18

19

20

21

22Extrato

Complexo

pH

Valo

rL

*

Figura 20: Parâmetros de cor L* (a), a* (b) e b* (c) avaliados para o extrato e complexo antes

do tratamento térmico em pH 3, 5 e 7.

5.2.4 ORAC

Espécies reativas de oxigênio podem danificar moléculas biológicas tais como

proteínas, lipídios e DNA. Tais espécies são geradas como subprodutos da respiração aeróbica

das células normais que é essencial para a vida. O corpo humano tem desenvolvido um

sistema muito delicado, embora não 100% efetivo, para eliminar radicais livres do corpo

(YOUNG ; WOODSIDE, 2001; DAVIES, 2000). Portanto, dietas ricas em frutas e vegetais

vêm sendo consideradas excelentes fontes de antioxidantes (BLOCK; PATTERSON ;

SUBER, 1992; NESS; POWLES, 1997) devido a presença de vitamina C e E, carotenoides e

polifenóis.

O método ORAC tem sido amplamente aplicado para avaliar a capacidade de eliminar

radicais livres do plasma humano, proteínas, DNA e extratos antioxidante de plantas e

0 2 4 6 80

5

10

15

20Extrato

Complexo

pHV

alo

ra*

0 2 4 6 815

20

25

30

35Extrato

Complexo

pH

Valo

rb

*a b

c

71

alimentos. O ensaio mede a degradação oxidativa da fluoresceína após ser misturado com

AAPH, gerador de radicais peroxila, prejudicando a molécula fluorescente e resultando na

perda da fluorescência. A função dos antioxidantes é proteger a molécula fluorescente da

degeneração oxidativa ocasionada após a adição do AAPH. Conforme ocorre a degeneração

oxidativa, a intensidade fluorescente diminui e consequentemente é registrada. A

decomposição da fluoresceína é medida em função da presença do antioxidante, que retarda o

decaimento da fluorescência, e o seu efeito protetor é avaliado a partir do cálculo da área sob

a curva de decaimento da fluoresceína da amostra, em comparação ao branco que não contém

nenhum antioxidante. O grau de proteção antioxidante é quantificado usando o antioxidante

Trolox como padrão e os resultados são expressos em equivalentes de trolox.

Os resultados do presente estudo demonstraram que o extrato de pimentão vermelho

apresentou uma capacidade antioxidante de 36,37 miliequivalentes de Trolox/100 mg extrato.

Não foram encontrados na literatura consultada trabalhos com a descrição da atividade

antioxidante de extrato de pimentão vermelho, para comparação com os resultados aqui

obtidos.

5.3 Inclusão dos pigmentos de extrato de pimentão vermelho em ciclodextrinas e

determinação das eficiências de inclusão

Com base nos resultados anteriormente propostos por Szente et al., (1998), foram

testadas três diferentes ciclodextrinas (α-,β- e metil- β) a fim de avaliar a inclusão dos

carotenoides de pimentão vermelho seguindo a metodologia descrita por Chen et al. (2007),

com modificações, utilizando-se sonda de ultra-som para homogeneização. Após a realização

da inclusão, a mistura foi mantida overnight sob refrigeração e, no dia seguinte, observou-se a

presença de precipitado para o teste com a β-ciclodextrina, indicando a ocorrência de

formação de complexo, porém o mesmo comportamento não foi observado para a α- e metil-

β-ciclodextrina, ou seja, após overnight, não houve formação de precipitado. Sequencialmente

a etapa de overnight, a mistura foi filtrada em membrana de acetato de celulose de tamanho de

poro de 0,22 µm e, em seguida, congeladas e liofilizadas até obtenção de um pó. Vale

ressaltar que, após a liofilização, observou-se que o material retido na membrana ficou

completamente aderido na mesma, não havendo nenhum sinal de formação de pó conforme

observado com a β-ciclodextrina.

A partir dos testes preliminares realizados anteriormente, os resultados obtidos não

72

foram satisfatórios para a α- e metil-β-ciclodextrina, portanto, optou-se em dar

prosseguimento ao estudo utilizando apenas a β-ciclodextrina.

Alguns fatores podem contribuir para a não formação do complexo com a α- e metil-β-

ciclodextrina, como por exemplo, o diâmetro menor da cavidade interna da α-ciclodextrina

(4,7-5,3 Å) comparado a β-ciclodextrina (6,0-6,5 Å), assim como o tamanho e a forma dos

carotenoides (MATIOLI; RODRIGUEZ-AMAYA, 2003). Em relação à metil-β-ciclodextrina,

é possível que o grupamento metila contribua para que a sua superfície seja mais apolar,

assemelhando-se à cavidade interna, podendo dificultar a inclusão de moléculas grandes como

os carotenoides por um efeito estérico.

Sequencialmente ao processo de escolha da ciclodextrina para inclusão molecular, foi

necessário avaliar o conteúdo de pigmentos encapsulados para determinação da eficiência de

inclusão referente a cada procedimento a ser aplicado posteriormente (sonda de ultra-som e

agitação magnética). Para isso, testes de extração utilizando diferentes solventes (etanol,

diclorometano e metanol) e equipamentos (vórtex e banho de ultra-som) foram realizados

com a finalidade de escolher aqueles que apresentariam maior eficiência de extração e,

consequentemente, indicar a eficiência de retenção de carotenoides no complexo.

O primeiro teste de extração utilizando o solvente etanol foi realizado com o objetivo

de comparar a eficiência de extração de cada equipamento (vórtex e banho de ultra-som). Os

resultados revelaram que o vórtex apresentou uma eficiência de extração dos pigmentos do

interior da ciclodextrina maior em comparação ao banho de ultra-som, 28,47 % e 26,76 %,

respectivamente, e o número de extrações (cinco) foram semelhantes para os dois

procedimentos (Tabela 7). Embora os resultados tenham mostrado para o vórtex tendência de

elevação da eficiência de extração, as análises estatísticas demonstraram não haver diferença

entre os dois equipamentos, além disso, o uso deste equipamento pode promover a perda de

material presente no interior do frasco recipiente, por conta da agitação. Sendo assim, optou-

se em dar continuidade aos testes de extração utilizando o banho de ultra-som.

Após a realização dos testes anteriores, optou-se em realizar um último teste com a

finalidade de comparar apenas a eficiência de extração entre os solventes etanol e metanol

utilizando o banho de ultra-som. Os resultados demonstraram que o etanol apresentou uma

eficiência de extração maior comparado ao metanol, 32,18% e 28,07%, respectivamente.

Embora as análises estatísticas tenham demonstrando que não houve diferença significativa

entre os dois solventes, optou-se pelo etanol e banho de ultra-som para extração dos

pigmentos do interior das ciclodextrinas.

73

Tabela 7: Comparação entre a eficiência de extração e o número de extrações para os

diferentes procedimentos realizados.

Procedimento Eficiência de Extração (%)

(média* ± desvio padrão)

Número de

extrações

Etanol /Banho de ultra-som 26,76 ± 1,05 a 5

Etanol /Vórtex 28,47 ± 2,17 a 5

Diclorometano/ Banho de ultra-som 26,73 ± 1,39 b 5

Diclorometano/Vórtex 28,56 ± 3,57 b 5

Etanol/Banho de ultra-som 32,18 ± 1,95 c 7

Metanol/Banho de ultra-som 28,07 ± 1,84 c 6

*Média das três repetições

a-c Valores seguidos de letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente (p > 0,05)

Após os testes de extração realizados anteriormente para escolha do solvente e

equipamento mais eficientes, foi necessário avaliar a eficiência de inclusão referente a cada

procedimento aplicado na produção dos complexos e, consequentemente, escolher aquele

mais adequado para ser empregado na produção de complexos de inclusão a serem avaliados

quanto à estabilidade frente a fatores importantes para o processamento de alimentos, visando

estabelecer a viabilidade de seu uso como substituto de corantes artificiais em alimentos

industrializados.

Os resultados obtidos referentes ao rendimento e à eficiência de inclusão com os dois

procedimentos de inclusão (Tabela 8) indicaram diferença significativa (p < 0,05) apenas

entre os rendimentos obtidos através dos dois procedimentos. Em relação à eficiência de

inclusão, as análises estatísticas indicaram que não houve diferença significativa (p > 0,05)

entre o procedimento de inclusão com agitação magnética e sonda de ultra-som, devido ao

elevado desvio-padrão observado nos dois procedimentos. Entretanto, o procedimento de

inclusão com ultra-som apresentou maior rendimento comparado ao de agitação magnética

(54,48% e 40,49 %) e maior eficiência de inclusão (62,43% e 52,95%). A Figura 21

demonstra o aspecto da mistura de soluções obtidas após a homogeneização do extrato em β-

ciclodextrina utilizando agitação magnética (a) e sonda de ultra-som (b). No procedimento

com agitação magnética (Figura 21 a), observa-se que não ocorreu uma distribuição uniforme

do extrato na solução, evidenciando a presença de substâncias dispersas. Entretanto, no

74

procedimento de inclusão com sonda de ultra-som (Figura 21 b), observa-se uma completa

homogeneização do extrato na solução, proporcionando a obtenção de uma mistura com

aspecto uniforme.

Figura 21: Soluções obtidas após a etapa de homogeneização do extrato em

β-ciclodextrina, com agitação magnética (a) e sonda de ultra-som (b).

Procedimento Rendimento (%)

(média* ± desvio-padrão)

Eficiência de Inclusão (%)

(média* ± desvio-padrão)

Etanol /Agitação Magnética 40,49 ± 2,76 a 52,95 ± 9,39 c

Etanol /Sonda de Ultra-som 54,48 ± 3,60 b 62,43 ± 12,89 c

* Média de 4 repetições do experimento a-b

Diferença significativa (p < 0,05) c

Não diferem significativamente (p > 0,05)

Estudos realizados com inclusão molecular de carotenoides em β-ciclodextrinas

utilizando apenas o procedimento de agitação magnética apresentaram eficiência de inclusão

menores, 48,96% (CHEN et al., 2007) e 50% (NUNES; MERCADANTE, 2007) comparado

ao presente estudo, 52,95% ( agitação magnética) e 62,43 % (sonda de ultra-som).

A mistura das soluções de extrato e β-ciclodextrina através do contato entre a sonda e

a superfície do líquido permite que ondas sonoras atravessem esse líquido proporcionando

adequada miscibilidade das misturas (BARBOZA; SERRA, 1992). Portanto, pode-se sugerir

que a sonda de ultra-som apresente maior capacidade de incluir os pigmentos no interior de

ciclodextrinas, aumentando a eficiência de inclusão e reduzindo as perdas que podem ocorrer

durante o procedimento, elevando assim o rendimento. Em relação à agitação magnética,

observou-se na Figura 21 (a), que não ocorreu uma completa dispersão do extrato na solução

Tabela 8: Comparação entre o rendimento e eficiência de inclusão com sonda de ultra-som e

agitação magnética.

a b

75

indicando que a aplicação de agitação não foi eficiente na homogeneização promovendo uma

baixa eficiência de inclusão e maiores perdas de extrato com consequente redução do

rendimento.

5.4 Caracterização dos complexos obtidos

Os complexos obtidos por diferentes metodologias de inclusão, a mistura física, o

extrato e a β- ciclodextrinas foram caracterizados por métodos físicos, que incluíram

espectrofotometria no infravermelho, ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN1H),

análise térmica diferencial (DSC), tamanho e distribuição de partículas e por um método

físico-químico, potencial Zeta das partículas.

As técnicas descritas acima são capazes de caracterizar a formação de complexos de

inclusão a partir das mudanças nas propriedades físicas e físico-químicas que podem ser

observadas quando a molécula hóspede é incorporada no interior da cavidade da ciclodextrina

(SINGH et al., 2010).

5.4.1 Espectrofotometria no Infravermelho (IV-TF)

As alterações que ocorrem na estrutura da ciclodextrina pela formação do complexo

podem ser observadas através da espectrofotometria no infravermelho. Desta forma, é

possível detectar as modificações significantes na forma e na posição das bandas de

absorbância através do espectro vibracional dos diferentes grupos funcionais do complexo ou

das moléculas livres (SPRICIGO et al., 2008).

A partir dos resultados obtidos nas análises de espectrofotometria no infravermelho

(Figura 22), observa-se, na região entre 3000-3500 cm-1, a ocorrência de um estiramento da

banda mais pronunciado no espectro do complexo de inclusão com ultra-som (d) comparado

ao espectro da mistura física (c) podendo indicar que as hidroxilas presentes no exterior da

molécula de β- ciclodextrina permanecem livres no processo de inclusão, ou seja, as ligações

entre as hidroxilas e os grupamentos químicos do extrato de pimentão vermelho podem não

estar ocorrendo, talvez pela possibilidade do extrato estar complexado no interior da β-

ciclodextrina . No espectro do complexo de inclusão com agitação magnética (e) e na mistura

física (c) observa-se um estiramento da banda menos pronunciado quando comparado ao

espectro do complexo com ultra-som (d) sugerindo que as hidroxilas da β- ciclodextrina não

76

estejam na forma livre corroborando com o processo de inclusão molecular diferenciado nos

processos (FALCÃO et al., 2011).

Na região de 2.926 cm-1 dos espectros referentes às amostras (a), (b), (c), (d) e (e)

ocorreu vibração de deformação axial da banda correspondente ao C-H alifático presente

tanto na estrutura da β- ciclodextrina quanto nas substâncias que compõem o extrato de

pimentão vermelho. Portanto, ao comparar as bandas desta região da mistura física (c) com o

complexo de inclusão com ultra-som (d) e com agitação magnética (e), observa-se que, em

(d), esta apresenta um perfil diferenciado em relação às demais amostras sugerindo

comportamento diferente referente a este tipo de ligação quando ocorre a formação do

complexo de inclusão. Portanto em relação ao espectro do complexo de inclusão com agitação

magnética (e), observa-se certa semelhança quando comparado ao da mistura física (c)

sugerindo analogia de comportamentos referentes a este tipo de ligação em ambas amostras

(NORASIHA; SAKINAH ; ROHAIDA, 2009).

Na região de 1.738 cm-1 dos espectros referentes às amostras de extrato (b), mistura

física (c), complexo de inclusão com ultra-som (d) e complexo de inclusão com agitação

magnética (e), observa-se uma banda vibracional de deformação axial correspondente a

carbonila de grupos cetona (C=O) característicos de alguns pigmentos presentes no extrato de

pimentão vermelho (CHEN et al., 2007).

As bandas vibracionais correspondentes a região entre 942-946 cm-1 dos espectros de

β- ciclodextrinas (a), mistura física (c), complexo de inclusão com ultra-som (d) e complexo

de inclusão com agitação magnética (e) estão relacionadas a vibração das ligações

glicosídicas α-1,4 da molécula de β- ciclodextrina. Observa-se que a banda vibracional do

complexo (d) apresenta intensidade semelhante à banda relacionada a β- ciclodextrina. Na

mistura física (c) e no complexo com agitação magnética (e), essa banda está presente com

intensidade muito inferior podendo indicar uma alteração na ligação glicosídica da β-

ciclodextrina em função da interação com outros grupamentos funcionais das moléculas

presentes no extrato, evidenciando um comportamento diferente entre os processos de

inclusão molecular e mistura física (NORASIHA; SAKINAH ; ROHAIDA, 2009).

Nos espectros de (a), (c), (d) e (e) observa-se um acoplamento das bandas na região

entre 1.033 e 1.162 cm -1 referente a deformação axial de C-O com a deformação axial do C-C

adjacente característico de função álcool. O perfil das bandas do complexo de inclusão (d)

manteve-se semelhante ao da β- ciclodextrina (a), porém manteve-se diferente do perfil das

bandas do complexo de inclusão com agitação magnética (e) apresentando uma intensidade

discretamente inferior enquanto que na mistura física (c) tais bandas apresentaram menor

77

intensidade, sugerindo participação diferente deste tipo de ligação na mistura física e nos

complexos (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2006).

O conjunto de informações obtidas com as análises por infravermelho evidencia a

diferença existente entre as amostras obtidas com os diferentes procedimentos, corroborando

assim com a obtenção de um complexo de inclusão molecular conseguido através da

metodologia empregada (ultra-som) que em muito se difere da mistura física e da metodologia

com agitação magnética.

Figura 22: Espectros de infravermelho: β- ciclodextrina (a), extrato de pimentão vermelho

(b), mistura física (c), complexo de inclusão com ultra-som (d) e complexo de inclusão com

agitação magnética (e).

78

5.4.2 Análise Térmica Diferencial (DSC)

Os métodos térmicos são amplamente utilizados na caracterização das ciclodextrinas e

dos seus complexos, pela rapidez das análises. A calorimetria exploratória diferencial (DSC)

permite a detecção quantitativa de todos os processos que requerem energia. A formação do

complexo de inclusão pode ser identificada nos perfis de DSC, pelo desaparecimento de picos

endotérmicos ou exotérmicos e variações relevantes na entalpia do extrato puro ou

complexado (FIGUEIRAS et al., 2007; RIBEIRO et al., 2008). Picos exotérmicos ou

endotérmicos caracterizam transições ou reações que tenham ocorrido durante a análise, como

transição vítrea, gelatinização, fusão, oxidação e decomposição, dentre outras (SALES;

SCHLEMMER, 2010).

As análises de calorimetria térmica da β- ciclodextrina, extrato de pimentão vermelho,

mistura física, complexo de inclusão com ultra-som e complexo de inclusão com agitação

magnética estão representados na Figura 23.

Figura 23: Análise Térmica Diferencial (DSC): β- ciclodextrina (verde), extrato de pimentão

vermelho (vermelho), mistura física (azul), complexo de inclusão com etanol/ultra-som (lilás)

e complexo de inclusão com etanol/agitação magnética (preto).

79

O termograma da β-ciclodextrina exibiu um pico térmico amplo entre 115 e 160 °C

devido à eliminação da água. A presença de uma origem térmica próxima a 300 °C

geralmente está atribuída ao início da degradação térmica da β- ciclodextrina (Falcão et al.,

2011). Em relação ao extrato de pimentão vermelho, o pico observado na região entre 115 e

160 °C pode estar relacionado ao processo de degradação, não estando presente no

termograma referentes à mistura física, complexo de inclusão com sonda de ultra-som e no

complexo de inclusão com agitação magnética, sugerindo que os pigmentos presentes na

cavidade da β-ciclodextrina estejam protegidos da degradação (KARATHANOS et al., 2007).

Para o complexo de inclusão preparado através da utilização do método por co-

precipitação com sonda de ultra-som, o termograma representado na Figura 23 demonstrou

que a entalpia de evaporação da água, representado pelo pico endotérmico, foi menor quando

comparado ao método de inclusão por co-precipitação com agitação magnética e à mistura

física , indicando que ocorreu uma melhor interação entre a β- ciclodextrina e o extrato no

processo de inclusão com ultra-som em relação aos demais processos.

Resultados semelhantes foram evidenciados em um estudo realizado por Marcolino et

al.(2011), cujo objetivo foi comparar três métodos de inclusão (kneading, co-precipitação com

agitação magnética e mistura física) para a formação de complexos de bixina e curcumina

com β-ciclodextrina por DSC. Os pesquisadores concluíram que o método por co-precipitação

com agitação magnética demonstrou uma melhor interação entre a molécula hóspede e a

hospedeira comparado aos demais métodos. No presente estudo, a sonda de ultra-som

apresentou melhores resultados comparado ao agitador magnético.

5.4.3 Tamanho e distribuição de partículas e potencial Zeta

O espalhamento de luz dinâmico é uma técnica bastante usual para determinar o

tamanho e a distribuição das partículas dos nanomateriais em solução, sendo utilizada como

um método para avaliar estabilidade das diferentes amostras em suspensão e medir o tamanho

das partículas em suspensão (SIMAKOV; TSUR, 2007); (WILLIAMS; EHRMAN;

HOLOMAN, 2006). A determinação do potencial Zeta bem como o diâmetro médio das

amostras permite caracterizar os complexos obtidos por diferentes procedimentos.

Os resultados obtidos demonstraram que todas as amostras apresentaram partículas em

suspensão com tamanho variando desde 562 a 644 nm. As análises indicaram que o tamanho

das partículas referente ao complexo de inclusão com ultra-som (c) apresentou diâmetro

80

médio menor (562 ± 36,7 nm) quando comparado à mistura física (603± 43,7 nm) e a inclusão

com agitação magnética (596 ± 132 nm), sugerindo que o tamanho reduzido das partículas do

complexo com sonda de ultra-som (c) pode ser decorrente da interação entre o extrato apolar e

a cavidade hidrofóbica da ciclodextrina (FALCÃO et al., 2011). A β-ciclodextrina apresentou

um diâmetro médio de 644 ± 44,1 nm. Outro aspecto de grande relevância que pode ser

observado na Figura 24 é a diferença entre o perfil de distribuição das partículas da amostra

(c) e as demais (a), (b) e (d), indicando a ocorrência de um perfil bimodal nas análises de (a) e

(b) e multimodal na análise de (d), exceto para (c) que apresentou um perfil unimodal, ou seja,

uma população mais homogênea, possivelmente em função da ação das ondas de ultra-som,

corroborando com a formação do complexo entre o extrato e a ciclodextrina.

Figura 24: Distribuição do tamanho de partícula: β- ciclodextrina (a), mistura física (b),

complexo de inclusão com ultra-som (c) e complexo de inclusão com agitação magnética (d).

O índice de polidispersão é indicativo da distribuição de tamanho e ele mostrou que as

amostras preparadas por métodos diferentes estavam homogêneas (IP < 0,5). As amostras (a),

(b), (c) e (d) apresentaram os seguintes índices de polidispersão, respectivamente, 0,345;

81

0,079; 0,005 e 0,383. Porém vale ressaltar que o valor observado para a amostra (c) foi menor

comparado as demais, sugerindo uma maior uniformidade na distribuição dos tamanhos das

partículas do complexo de inclusão com ultra-som (c) contribuindo para uma melhor

estabilidade e demonstrando que o ultra-som mostrou-se mais eficiente na homogeneização

do complexo de inclusão.

O potencial Zeta é uma medida da carga superficial da partícula que representa a

magnitude da repulsão eletrostática ou de atração entre as mesmas, sendo um dos parâmetros

conhecidos que podem afetar a estabilidade (FLORENCE; ATTWOOD, 2003). Os valores

obtidos em relação ao potencial Zeta para a β-ciclodextrina, inclusão com ultra-som, inclusão

com agitação magnética e mistura física foram - 24 ± 3,03 mv, - 34,12 ±2,64 mv, - 42,33 ±

3,11 e -36,11 ± 5,98, respectivamente. Os resultados referentes às amostras analisadas

apresentaram variações consideráveis comparado ao valor do potencial Zeta para a β-

ciclodextrina sugerindo a presença de substâncias adsorvidas na superfície da ciclodextrina,

capazes de alterar sua carga, embora as demais análises de caracterização tenham

demonstrado a presença de substâncias incluídas na cavidade da ciclodextrina.

5.4.4 Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN1H)

O RMN de hidrogênio (RMN1H) tornou-se o método mais avançado e importante na

caracterização de complexos por ser direto e permitir distinguir interações superficiais ou

inclusão da molécula hóspede no interior da ciclodextrina, caracterizando então um complexo

de inclusão. Além disso, é possível monitorar os deslocamentos químicos inferindo a

formação do complexo de inclusão devido a variações na composição das moléculas. Essas

alterações podem ser observadas nos hidrogênios localizados no interior das moléculas de

ciclodextrina (H3, H6 e H5). Em contrapartida, os hidrogênios localizados na região externa

(H2 e H4) sofrem desvios mínimos ou nenhum desvio, por não fazerem parte da complexação

(DJEDAINI et al., 1990; SCHNEIDER et al, 1998; SZEJTLI,1988; POLYAKOV et al.,

2004).

A Figura 26 (a) do presente estudo apresenta os hidrogênios de interesse nas análises

de RMN para possível identificação da formação do complexo. O espectro de RMN obtido

referente à inclusão molecular com ultra-som (Figura 26 b) demonstrou que os hidrogênios

internos (H3, H6 e H5) e externos ((H2 e H4) não apresentaram mudanças no comportamento

comparado ao espectro de RMN da β-ciclodextrina (Figura 26 a). Além disso, as variações

82

entre o deslocamento químico da β-ciclodextrina e o complexo de inclusão com ultra-som

(Tabela 9), nessas regiões, foram menores que 0,01 ppm.

Tabela 9: Diferenças de deslocamento químico do pico H (em ppm) entre a β-ciclodextrina

e o complexo de inclusão com ultra-som.

δ(ppm)

β- ciclodextrina Inclusão com ultra-som Δ δ (ppm)

4,1358 4,1292 0,0066

4,0466 4,0444 0,0022

4,0271 4,0207 0,0064

3,8280 3,8252 0,0028

3,7582 3,7583 0,0001

O espectro de RMN referente ao processo de inclusão com agitação magnética, representado

pela Figura 26 (c), demonstrou mudanças de comportamento nas regiões referentes às

cavidades interna (H3, H6 e H5) e externa (H2 e H4) da ciclodextrina, sugerindo interação do

extrato com ambas regiões. As variações entre o deslocamento químico da β-ciclodextrina e o

complexo de inclusão com agitação magnética (Tabela 10), nessas regiões, foram inferiores a

0,12 ppm.

Tabela 10: Diferenças de deslocamento químico do pico H (em ppm) entre a β-ciclodextrina

e o complexo de inclusão com agitador magnético.

Em relação à mistura física, a Figura 26 (d) demonstra a ocorrência de modificações apenas

nas regiões referentes aos hidrogênios externos (H2 e H4) da ciclodextrina indicando uma forte

interação entre o extrato e a região externa. Outro aspecto importante observado foi a

alteração no comportamento referente ao carbono anomérico ligado ao hidrogênio da posição

δ(ppm)

β- ciclodextrina Inclusão com agitação Δ δ (ppm)

4,1358 4,2357 0,0999

4,0466 4,1588 0,1122

4,0271 4,1182 0,0911

3,8280 3,9365 0,1085

3,7582 3,8660 0,1078

83

1 da glicose (Figura 25) corroborando assim com o observado no espectro desta amostra. As

variações entre o deslocamento químico da β-ciclodextrina e a mistura física (Tabela 11),

nessas regiões, foram inferiores a 0,13 ppm.

Tabela 11: Diferenças de deslocamento químico do pico H (em ppm) entre a β-ciclodextrina

e a mistura física.

Figura 25: Espectro de RMN1H referente à região do carbono

anomérico da (a) β- ciclodextrina e (b) mistura física

δ(ppm)

β- ciclodextrina Mistura Física Δ δ (ppm)

3,828 3,7001 0,1279

3,7582 3,6353 0,1229

5,2489 5,1218 0,1271

a b

84

Figura 26: Espectro de RMN1H para (a) β- ciclodextrina, (b) complexo de inclusão com ultra-som, (c) complexo de inclusão com agitação

magnética e (d) mistura física.

A

4.0

444

4.0

207

3.8

252

2

3.7

583

2

4.1

292

b

H3

H6

H5 H2 H4

4.1

358

4.0

466

4.0

271

3.8

280

3.7

582

a

d

3.7

001

3.6

353

1

4.2

357

4.1

588

4.1

182

3.9

365

3.8

660

c

85

Embora os resultados não tenham apresentado evidências de inclusão entre o extrato e

a β- ciclodextrina utilizando o ultra-som, vale ressaltar que, em relação à mistura física,

modificações foram observadas na região referente aos hidrogênios da cavidade externa da

ciclodextrina, H2 e H4, e, na região referente ao carbono anomérico do H1 , demonstrando o

perfil obtido neste caso onde não há a complexação. Portanto, o conjunto de informações

obtidas relacionadas às análises de caracterização realizadas neste trabalho evidenciou a

formação do complexo com ambos os procedimentos de inclusão empregados (agitador

magnético e sonda de ultra-som). Sendo assim, a partir das informações obtidas com a

caracterização e com os resultados relacionados ao rendimento e a eficiência de inclusão,

optou-se em prosseguir os experimentos utilizando o procedimento com ultra-som.

As etapas anteriores foram de suma importância na escolha do complexo mais

adequado para prosseguimento dos experimentos subsequentes, como a avaliação da

estabilidade em sistemas modelos, frente a fatores importantes para o processamento e

aplicação do complexo em iogurte com a finalidade de avaliar a estabilidade de cor durante a

vida de prateleira e possível utilização como corante natural em alimentos.

5.4.5 ORAC

A atividade antioxidante também foi determinada com o objetivo de avaliar a função

antioxidante do extrato enquanto complexado pela metodologia escolhida para prosseguir

com os experimentos. No método ORAC, função dos antioxidantes é proteger a molécula

fluorescente da degeneração oxidativa ocasionada após a adição do AAPH.

Os resultados obtidos, representados na Figura 27, demonstraram que o complexo de

inclusão apresentou uma atividade antioxidante maior quando comparado ao do extrato bruto,

36,37 miliequivalentes trolox/100 mg de extrato e 47,41 miliequivalentes trolox/100 mg

extrato, respectivamente, indicando que o procedimento de inclusão elevou a atividade

antioxidante do extrato.

O sistema de duplas ligações conjugadas presentes na estrutura dos carotenoides

constitui o grupo cromóforo responsável pelo poder corante dessas substâncias, no entanto,

diante de fatores externos como oxigênio, luz e temperatura, ocorre a degradação oxidativa

causando perda da coloração e das funções bioativas, dentre elas a função antioxidante

(RODRIGUEZ-AMAYA, 2001). Por conta desse fato, técnicas foram desenvolvidas com o

intuito de resolver essas questões, como por exemplo, a inclusão molecular, que possui a

86

capacidade de proteger a molécula hóspede desses fatores adversos em sua cavidade

hidrofóbica e consequentemente evitar a ocorrência de degradações oxidativas. Portanto,

sugere-se que o complexo formado tenha promovido uma proteção das duplas ligações

conjugadas presentes nos carotenoides do extrato de pimentão vermelho, aumentando a sua

atividade oxidante.

Figura 27: Atividade antioxidante do complexo de inclusão e do extrato de pimentão.

As barras de erro indicam o desvio padrão (p < 0,025).

As diferenças estatisticamente significativas foram marcadas com o símbolo *** (p< 0,0001).

5.5 Avaliação da estabilidade do complexo de inclusão em sistema modelo, frente a

fatores importantes para o processamento de alimentos

O presente experimento foi elaborado na tentativa de determinar a estabilidade de cor

do extrato de pimentão vermelho, assim como do complexo entre β-ciclodextrina e extrato,

em função de condições ambientais importantes durante o processamento de alimentos. Estas

condições poderiam estar presentes, em processos térmicos para estabilização microbiológica

de alimentos formulados, como por exemplo, bebidas adicionadas de corante. Sendo assim,

decidiu-se elaborar soluções modelos contendo 0,66 mg/mL de extrato de pimentão vermelho

ou de complexo, que foram submetidas a diferentes valores de pH (entre 3 e 7) e temperatura

(entre 60 e 80 °C), durante diferentes intervalos de tempo (de 1 a 10 minutos). Para execução

deste experimento, utilizou-se um planejamento de um experimento fatorial fracionado 3 2,

87

determinado pelo programa Statistica 7.0, de acordo com o que foi descrito na seção de

materiais e métodos. Na análise deste experimento, é possível avaliar a influência dos 3

parâmetros estudados, bem como das interações entre estes fatores, concorrendo para

determinar a estabilidade de cor em situações que modelam o que ocorre num processo real.

Uma versão mais recente deste programa (Statistica 10.0) foi utilizada na avaliação estatística

dos resultados, que avaliou o efeito de cada variável sobre as respostas (parâmetros de cor) e

usou um modelo quadrático para simular a variação dos índices de cor em função do pH,

temperatura e tempo de aquecimento.

Cabe ressaltar que foi necessária a adição de dimetilsulfóxido (DMSO) ao extrato para

que este pudesse apresentar-se na forma de solução em água, enquanto que isto não foi

necessário para preparar a solução do complexo.

A influência do pH, temperatura e tempo de aquecimento, assim como da interação

entre estes fatores sobre os parâmetros de cor L* (grau de claro e escuro), a* (grau de

vermelho) e b* (grau de amarelo), pode ser visualizada pelos gráficos de Paretto, mostrados

nas Figuras 28, 29 e 30. Nos gráficos apresentados, as barras que ultrapassam a região a

direita da vertical onde está indicado p=0,05 denotam os parâmetros que apresentam efeito

significativo sobre o parâmetro avaliado.

Assim sendo, para o índice L* (grau de claro e escuro), no caso do extrato, pode-se

observar que diversos fatores influenciaram com significância estatística, os valores medidos,

sendo que, em ordem decrescente, os fatores importantes foram: tempo de aquecimento,

interação entre temperatura e tempo, interação entre pH e tempo, interação entre pH e

temperatura, temperatura e pH (efeito quadrático). Por outro lado, para o caso do complexo, o

único fator que apresentou efeito significativo foi a interação entre tempo e temperatura,

indicando que somente a interação entre estes dois parâmetros foi significativa para alterar o

valor L*. Estes resultados podem ser apontados como indicadores de que a inclusão do extrato

na β-ciclodextrina aumenta a estabilidade do valor L* de amostras em solução.

Para o valor a* (índice de vermelho) do extrato, a Figura 29 indica que todos os

parâmetros avaliados, assim como todas as interações entre eles, apresentaram efeitos

significativos, indicando que a* varia conforme ocorre a variação destes parâmetros e com a

interação entre eles. Já para o complexo, houve efeito significativo sobre o índice a* da

interação entre pH e tempo, temperatura, tempo e pH, indicando que a estabilidade do índice

a* é influenciada por um número menor de parâmetros, denotando menor influência dos

parâmetros ambientais avaliados sobre o grau de vermelho do complexo em relação ao

extrato.

88

Já para o índice b* (grau de amarelo) do extrato, todos os parâmetros avaliados, bem

como as interações entre eles, apresentaram efeito significativo, indicando que o índice b* do

extrato em solução é influenciado por todos os fatores estudados. Para o complexo, os

parâmetros com efeito significativo foram interação entre pH e tempo, pH e temperatura,

denotando, mais uma vez, que o complexo é menos sujeito ao efeito dos fatores ambientais

durante o aquecimento que o extrato, o que indica maior estabilidade de cor amarela do

complexo frente aos parâmetros avaliados.

Estes resultados, avaliados em conjunto, demonstram que, no caso do uso do

complexo para a formulação de alimentos sujeitos a tratamentos térmicos, em diferentes

valores de pH, temperatura e tempo de aquecimento, pode-se esperar maior retenção dos

parâmetros de cor com o uso do complexo do que com o uso do extrato.

Figura 28: Gráficos de Paretto indicando os efeitos do pH, temperatura e tempo de

aquecimento sobre o índice L* das soluções do extrato de pimentão vermelho e do complexo

β-ciclodextrina/extrato

89

Figura 29: Gráficos de Paretto indicando os efeitos do pH, temperatura e tempo de

aquecimento sobre o índice a* das soluções do extrato de pimentão vermelho e do complexo

β-ciclodextrina/extrato

Figura 30: Gráficos de Paretto indicando os efeitos do pH, temperatura e tempo de

aquecimento sobre o índice b* das soluções do extrato de pimentão vermelho e do complexo

β-ciclodextrina/extrato

90

As Figuras 31, 32 e 33 mostram superfícies de resposta, indicando as variações,

respectivamente, de L*, a* e b* em função de parâmetros com efeitos significativos sobre

estes índices de cor, denotando maior estabilidade para o complexo que para o extrato. Pode-

se notar que as superfícies que representam as variações dos índices de cor do complexo, em

geral, mostram-se mais planas, com poucas curvas de nível. Estas curvas de nível

representam as combinações de fatores que causam mudança na resposta avaliada. Notar

também, nas legendas, que as faixas de variação, em geral, são menores para o complexo.

91

Figura 31: Superfícies de resposta mostrando as variações do índice L* para extrato e

complexo em função do tempo e pH (temperatura fixa de 70 °C), temperatura e pH

(tempo fixo de 5 minutos) e tempo e temperatura (pH fixo no valor de 5).

92

Figura 32: Superfícies de resposta mostrando as variações do índice a* para extrato e

complexo em função do tempo e pH (temperatura fixa de 70 °C), temperatura e pH

(tempo fixo de 5 minutos) e tempo e temperatura (pH fixo no valor de 5).

93

Figura 33: Superfícies de resposta mostrando as variações do índice b* para extrato e

complexo em função do tempo e pH (temperatura fixa de 70 °C), temperatura e pH

(tempo fixo de 5 minutos) e tempo e temperatura (pH fixo no valor de 5).

94

5.6 Avaliação da estabilidade de cor de iogurte adicionado do complexo carotenoides de

pimentão/ciclodextrina

O iogurte é um alimento com elevada qualidade nutricional devido à diversidade e

quantidade de nutrientes presentes em sua composição, sendo consumido por indivíduos de

todas as faixas etárias. Portanto, a adição de corantes artificiais tem como finalidade melhorar

as características sensoriais tornando o produto mais atrativo para o consumidor. Todavia, de

acordo com a literatura, o consumo destes aditivos está associado a riscos toxicológicos. Para

a obtenção das colorações que sugerem a presença de mamão, morango e frutas vermelhas em

iogurtes, algumas indústrias lançam mão dos seguintes corantes artificiais: amarelo

crepúsculo (INS 110), ponceau 4R (INS:124) e bourdeaux (INS 123) ou da combinação de um

desses dois com o corante natural carmim de cochonilha para obtenção do iogurte de morango , e

a combinação do azul brilhante e ponceau 4R ou bourdeaux para obtenção do iogurte frutas

vermelhas.

O extrato de pimentão vermelho quando adicionado ao iogurte, consegue simular a

coloração do iogurte comercial sabor mamão, porém devido à questão de estabilidade e baixa

solubilidade, promove uma dificuldade de dispersão do extrato no produto, a utilização deste

extrato em produtos industrializados pode tornar-se um fator crítico. Sendo assim, na tentativa

de melhorar a estabilidade e solubilidade dos carotenoides do pimentão vermelho, realizou-se

a técnica de inclusão molecular em β-ciclodextrina com posterior aplicação no iogurte e desta

forma obter um produto de coloração estável ao longo de sua vida de prateleira, o qual possa

ser indicado como substituto dos iogurtes industrializados coloridos artificialmente. Foi

possível observar que a homogeneização do extrato no iogurte foi mais difícil do que a

homogeneização do complexo em β-ciclodextrina, já que, utilizando-se o extrato, a completa

solubilização foi mais lenta. Além disso, durante os 60 dias de armazenamento, observaram-

se pontos alaranjados não homogêneos no iogurte adicionado do extrato, o que não foi

observado no iogurte adicionado do complexo com β-ciclodextrina/extrato, o que pode ser

observado através da Figura 34.

95

Figura 34: Iogurte adicionado do extrato de pimentão vermelho (a)

e iogurte adicionado do complexo (b).

A estabilidade de cor do iogurte adicionado de extrato de pimentão vermelho

encapsulado em β-ciclodextrina foi avaliada pelos parâmetros de cor (L*, a* e b*) por

espectrofotometria de reflectância durante sessenta dias, período escolhido com base na vida

útil média de iogurtes encontrados no mercado nacional.

A Figura 35 apresenta a variação do índice L* (luminosidade) para todos os grupos de

iogurte. Para todos os grupos de iogurte, a saber: iogurte sem adição de corante (ISC); iogurte

com adição do complexo (ICC); iogurte com adição de extrato bruto (ICE) e iogurte com

adição de corante sintético amarelo crepúsculo (ICA), as análises estatísticas realizadas por

ANOVA demonstraram diferenças significativas (p < 0,05) entre os valores medidos nos

tempo zero e sessenta dias de armazenamento. Para o grupo ISC, a diferença entre o tempo

zero e sessenta dias foi maior que para os outros grupos. No entanto, para os outros grupos, as

diferenças em relação ao grau de claro e escuro das amostras, embora significativas como

detectadas pela análise estatística, foram pequenas demais, e talvez nem sejam detectadas

visualmente.

a b

96

Figura 35: Variação do índice L* (grau de claro/escuro) de iogurtes sem adição

de corante (ISC), extrato bruto (ICE), complexo (ICC) e corante sintético

amarelo crepúsculo (ICA) avaliados durante 60 dias (média ± desvio padrão).

O índice a* representa o grau de vermelho sendo influenciado pelos carotenoides

presentes no extrato do pimentão vermelho. A Figura 36 apresenta a variação do índice a* nas

amostras de iogurte estudadas. As análises estatística de variância (ANOVA) indicaram que

houve diferença significativa (p < 0,05) para os valores medidos entre o tempo zero e os

sessenta dias de armazenamento para todos os grupos, inclusive para o grupo onde foi

utilizado o corante artificial.

Os resultados demonstraram que entre o tempo zero e o tempo sessenta de

armazenamento, houve uma variação do índice a* em 0,72 % para o grupo iogurte com

aditivo artifical (ICA), 11% para o grupo iogurte com extrato (ICE), 13 % para o grupo

iogurte com complexo (ICC) e 24 % para o grupo iogurte sem corante (ISC). Embora a

variação percentual do índice a* entre os tempos zero e sessenta para o grupo ICC tenha sido

2% mais alta do que o grupo ICE, os dados plotados demonstraram que entre o tempo zero e o

tempo dez, ocorreu uma variação do índice a* de 12,63% para o grupo ICE enquanto que para

o grupo ICC, a variação foi de 6,56%. Além disso, a variação do índice a* no ICC foi mais

lenta que no grupo ICE, indicando proteção da cor vermelha maior do que no iogurte que

recebeu o extrato não complexado, visto que, nesta amostra, uma diferença maior na cor

vermelha já pode ser observada aos 10 dias de armazenamento.

0 10 20 30 40 50 600

20

40

60

80

100ISC

ICE

ICC

ICA

Tempo (dias)

Valo

rL

*

97

Figura 36: Variação do índice a* (grau de verde/vermelho) de iogurtes sem adição

de corante (ISC), extrato bruto (ICE), complexo (ICC) e corante sintético

amarelo crepúsculo (ICA) avaliados durante 60 dias (média ± desvio-padrão).

A Figura 37 apresenta a variação para o índice b* (amarelo) para todos os grupos de

iogurte. As análises estatísticas demonstraram diferença significativa (p < 0,05) entre os

valores medidos no tempo zero e aos 60 dias de armazenamento de armazenamento para aos

grupos ICA e ICE. Apesar das análises estatísticas apresentarem diferença significativa para o

grupo ICA, o aumento de 0,67% do índice b* entre o tempo zero e o sessenta foi tão pequeno

que não representaria diferença real no grau de cor amarela do iogurte. Em relação ao grupo

ICE, os dados plotados no gráfico demonstraram que houve uma redução de 8,30% para o

índice b* entre o tempo zero e o tempo dez, indicando uma perda da cor amarela durante esse

período de armazenamento, e, entre o tempo zero e o sessenta, observa-se uma variação

percentual de 5,0% demonstrando uma redução da coloração amarela durante todo o

experimento. Para o grupo ISC, não houve diferença significativa apenas entre o tempo dez e

o tempo zero, mas para os demais tempos observou-se diferença significativa, muito embora o

gráfico demonstre que, visualmente, o índice b* não variou ao longo do experimento. Em

relação ao grupo ICC, houve diferença significativa entre o tempo zero e os tempos dez, vinte,

trinta, cinquenta e sessenta, exceto entre o tempo quarenta e zero. As variações percentuais

observadas entre o tempo zero e os tempos dez,vinte, trinta, cinquenta e sessenta foram 1,8%,

0,4%, 2,26%, 2,14% e 2,34 %, respectivamente, indicando pequena perda da coloração

amarela. Porém, vale ressaltar que a variação do índice b* entre o tempo zero e o dez para o

grupo ICC foi menor (1,8%) em comparação ao grupo ICE (8,30%), assim como entre o

10 20 30 40 50 60

-10

0

10

20

30ISC

ICE

ICC

ICA

Tempo (dias)

Valo

ra*

98

tempo zero e o sessenta, 2, 34% (ICC) e 5,0% (ICE), indicando que o complexo proporcionou

uma maior estabilidade da cor amarela no iogurte comparado ao grupo com extrato que

apresentou uma redução da coloração amarela mais acentuada durante todo o experimento.

Figura 37: Variação do índice b* (grau de azul/amarelo) de iogurtes sem adição

de corante (ISC), extrato bruto (ICE), complexo (ICC) e corante sintético

amarelo crepúsculo (ICA) avaliados durante 60 dias (média ± desvio-padrão).

Na literatura consultada, não foram encontrados estudos de estabilidade similares para

comparação com os encontrados no presente trabalho.

É relevante ressaltar que, apesar do complexo entre ciclodextrina e extrato demonstrar

maior estabilidade de cor durante o armazenamento, embora as diferenças em relação ao

extrato tenham sido pequenas, o material complexado demonstrou maior facilidade para

dissolução e o iogurte com complexo apresentou-se homogêneo durante todo o

armazenamento, o que não ocorreu com o extrato não complexado. Além disso, o ensaio de

atividade antioxidante mostrou que o complexo possui valor ORAC mais elevado que o

extrato, indicando que a adição do complexo ao iogurte pode contribuir para a obtenção de

alimento de maior apelo como produto funcional.

0 10 20 30 40 50 600

10

20

30ISC

ICE

ICC

ICA

Tempo (dias)

Valo

rb

*

6 CONCLUSÕES

O presente trabalho demonstrou que a mistura de solventes etanol:água, seguida da

partição em hexano, foi mais adequada para extração dos pigmentos de pimentão vermelho

seco do que a mistura hexano:acetona.

As análises de CLAE permitiram a identificação dos principais carotenoides presentes

no extrato saponificado, que foram capsantina, capsorubina, β-criptoxantina e β-caroteno.

A espectrofotometria de absorção confirmou o efeito solvatocrômico do hexano,

etanol e diclorometano sobre os cromóforos presentes nos pigmentos do extrato de pimentão

vermelho e a espectrofotometria de refletância reforçou a ocorrência deste efeito a partir das

mudanças dos índices de cor L*, a* e b* quando o extrato foi solubilizado em hexano, etanol,

etanol:água e diclorometano. Além disso, o valor do índice a* do extrato solubilizado em

etanol:água foi maior comparado aos demais solventes proporcionando maior emissão da cor

vermelha.

A espectrofotometria de reflectância confirmou que a variação de pH exerce uma

maior influência na alteração dos parâmetros de cor L*, a* e b* do extrato comparado ao

complexo.

Os testes de inclusão revelaram que, para o presente estudo, a β-ciclodextrina

apresentou melhores resultados comparado a α- e metil β-ciclodextrina. O procedimento de

inclusão com sonda de ultra-som proporcionou maiores rendimentos e eficiência de inclusão

comparado a agitação magnética.

As análises de caracterização revelaram a ocorrência de inclusão para ambos

procedimentos, sonda de ultra-som e agitação magnética, entretanto o infravermelho e a

análise térmica diferencial confirmaram uma melhor interação entre o extrato e a

ciclodextrina quando utiliza-se a sonda de ultra-som. O tamanho e a distribuição de partículas

demonstraram menores diâmetros e populações mais homogêneas para este procedimento.

O método ORAC indicou que o procedimento de inclusão elevou a atividade

100

antioxidante comparado ao extrato bruto.

O experimento de avaliação da estabilidade da cor demonstrou que o complexo

apresentou maior retenção dos parâmetros avaliados comparado ao extrato quando submetido

a condições que simulam o processamento de alimentos a partir da variação de pH, tempo e

temperatura. O experimento de avaliação da estabilidade de cor do iogurte revelou que o

índice L* variou para todos os grupos de iogurte estudados durante os sessenta dias de

armazenamento. O complexo promoveu maior proteção da cor vermelha comparado ao

iogurte que recebeu extrato não complexado. Em relação ao índice b*, houve uma menor

variação entre o tempo zero e o dez para o grupo ICC em comparação ao grupo ICE, assim

como entre o tempo zero e o sessenta, indicando que o complexo proporcionou uma maior

estabilidade da cor amarela no iogurte comparado ao grupo com extrato que apresentou uma

redução da coloração amarela mais acentuada durante todo o experimento.

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