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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR
Curso de Engenharia Civil - Campus Umuarama
TFC 2016 – TRABALHO FINAL DE CURSO 1
LIGHT STEEL FRAMING: BAIXO DESPERDÍCIO E MAIOR
PRODUTIVIDADE EM COMPARAÇÃO A UM SISTEMA
CONVENCIONAL DE CONSTRUÇÃO
LIGHT STEEL FRAMING: LOW WASTAGE AND
GREAT PRODUCTIVITY COMPARED
A CONVENTIONAL CONSTRUCTION SYSTEM
Autores: ALLISSON FREITAS SILVESTRE¹; MAURO SERGIO ALDROVANDI JUNIOR²
Professor: Aluízio Torres da Silva³
¹Acadêmico do Curso de Engenharia Civil da UNIPAR, ²Acadêmico do Curso de Engenharia
Civil da UNIPAR, ³Orientador e Professor do Curso de Engenharia Civil da UNIPAR
Resumo Considerado um sistema construtivo inovador, o Light Steel Framing possui um grande potencial de crescimento e exploração em sua utilização com a finalidade de atender as necessidades de habitação, devido a características intrínsecas do seu processo construtivo que comprovam à valia da utilização deste método de construção industrializada. O objetivo do trabalho é expor à valia e eficiência da utilização do sistema LSF na construção civil, apresentando características desta técnica construtiva em relação ao desperdício de materiais e tempo de execução de obra onde se torna possível obter um retorno de investimento melhor se comparado ao sistema convencional. O presente trabalho se faz por meio de pesquisas bibliográficas nos meios disponíveis, como livros e artigos científicos. Com base neste estudo, foi realizado um levantamento de informações com empresas que atuam no ramo da construção civil, buscando dados no mercado, sobre a eficiência energética, tempo de execução, desperdício gerado na construção e o retorno de investimento para a construção de uma residência de aproximadamente 100 m
2.
Dessa forma, entendemos que por se tratar de uma obra de maior velocidade, o LSF possui uma maior eficiência energética, com uma menor quantidade de horas trabalhadas para a sua execução. Tendo assim, um melhor retorno financeiro devido à antecipação da ocupação do imóvel. Por também se tratar de uma obra industrializada, onde o número de resíduos gerados ao final da obra é reduzido, esse método construtivo torna-se mais sustentável quando comparado à técnica convencional. Palavra-Chave: Light Steel Framing, Eficiência, Sustentabilidade, Engenharia, Construção.
Abstract
Considered as an innovative construction system, the light steel framing has a great potential of growth and exploration in its use, in order to meet the needs of housing, due to the intrinsic characteristics of its construction process that prove the value of the use of this method of industrialized construction. The objective of the work and to show the value and efficiency of the use of the LSF system in civil construction presenting characteristics of this constructive technique in relation to the wastage of materials and compared to the conventional system. The present work is done through bibliographical research in the available means, such as books and scientific articles, based on this study, a survey of information was carried out with companies in the field of civil construction, searching the market for energy efficiency, execution time, waste generated in the construction and return of investment for the construction of a redemption of approximately 100 square meters. In this way, we understand that because it is a work of greater speed, the LSF has a greater energy efficiency with a smaller amount of hours worked for its execution. Having a better financial return due to the anticipation of the occupation of the property because it is also an industrialized work, where the number of residues generated at the end of the work is reduced, this constructive method becomes more sustainable when compared the conventional technique. Keywords: Light Steel Framing, Efficiency, Sustainability, Engineering, Construction.
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1. INTRODUÇÃO
Em vista do crescimento populacional e dos avanços tecnológicos, a indústria da
construção civil no mundo, está em busca de sistemas mais eficientes de construção
com o propósito de promover uma maior produtividade e reduzir a quantidade de
resíduos produzidos no processo construtivo, diminuindo seu impacto ambiental e o
consumo dos recursos naturais disponíveis.
Os métodos de construções convencionais, se comparados com o início de sua
utilização, não apresentam grandes evoluções em termos de desperdício e
produtividade, onde sua execução acaba causando grande impacto ao meio
ambiente.
De acordo com a CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço), devido a grande
demanda em razão do crescimento da população nacional e em virtude dos avanços
tecnológicos, cabe ao ramo da construção civil buscar sistemas com maior eficácia
para se construir, atingindo maior rapidez de execução, visando o aumento da
produtividade e diminuição do desperdício de material (CBCA, 2016).
Como um sistema alternativo surge às construções a seco, como o Light Steel
Framing (LSF), que de acordo com Lourenço et al. (2015 apud KLEIN E MARONEZI,
2013), é uma metodologia construtiva caracterizada por uma estrutura constituída de
perfis de aço leve galvanizados a frio. Já segundo Santiago (2012), é um sistema
industrializado e possibilita a construção seca com grande rapidez e qualidade.
Frechettte (1999) considera como uma nova tecnologia e ressalta que a origem do
Light Steel Frame remonta ao início do século XIX. No contexto histórico, em 1933,
com o grande avanço da indústria do aço nos Estados Unidos, foi exposto, na Feira
Mundial de Chicago, o modelo de uma residência em Light Steel Framing concebido
por perfis de aço substituindo a estrutura de madeira, que era o material mais
utilizado na época até então.
A utilização dos perfis de aço produzidos a frio, substituindo a madeira, passou a ser
benéfico devido a maior resistência e eficiência estrutural do aço, e a capacidade da
estrutura resistir a catástrofes naturais, como terremotos e furacões, além do mais,
as flutuações na qualidade e no custo da madeira estimularam o uso do aço na
construção (BATEMAN, 1998).
Conforme Alves (2015 apud JARDIM E SOUZA, 2007), as primeiras construções,
utilizando-se desta técnica no Brasil, começaram em 1998. O novo produto
tecnológico passou a ser introduzido, pelo fato da necessidade de um produto mais
industrializado, ganhando aplicabilidade pelos fatores de: qualidade homogeneizada,
facilidade de fabricação, grande desempenho estrutural, baixo peso, baixo custo,
dentre outros.
Apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores mundiais de aço, o emprego
deste material tem sido pouco expressivo se comparado ao potencial do parque
industrial brasileiro. Baseado nisso, há de se observar a propícia oportunidade de
exploração desse método, adentrando tal abundância para o desenvolvimento desta
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alternativa em disseminação em nosso país, utilizando e se beneficiando da grande
capacidade de produção de aço galvanizado (SANTIAGO, 2012).
Contudo, o objetivo desse trabalho foi apresentar parâmetros que evidenciem a
maior eficiência do sistema Light Steel Framing, apresentando as características
desta técnica construtiva em relação ao impacto ambiental gerado pelo desperdício
de materiais e consumo de recursos naturais; tempo de execução de obra em
relação ao custo e retorno de investimento, se comparado ao sistema convencional.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 - Sistema Convencional
Segundo Santos (2014), o sistema construtivo convencional se caracteriza pela
parte estrutural, pilares, vigas e fundação, feita em concreto armado enquanto que a
vedação se da pelo uso de alvenaria.
No caso da técnica convencional, o peso da construção é distribuído pelo sistema
estrutural composto por pilares, vigas, lajes e fundações e, por isso, as paredes são
conhecidas como estrutura não-portantes. Na concepção dos elementos estruturais,
os pilares e vigas são confeccionados com o uso de aço estrutural e concreto sendo
apoiados por formas de madeira, conforme mostrado na Figura 1 (VASQUES, 2014).
Figura 1 - Exemplo de um sistema convencional com parede de alvenaria ainda apoiada por formas
de madeira
Fonte: Alfa Materiais de Construção (2016)
Vasques (2014) afirma que, a alvenaria é utilizada como elemento de fechamento,
resistindo apenas seu próprio peso, não sendo dimensionada para resistir outras
ações externas, desta forma a vedação vertical fica responsável pelo fechamento da
edificação e também pela divisão dos ambientes internos. Após a execução das
paredes, é preciso abrir fendas para realizar as instalações hidráulicas e elétricas,
ocasionando retrabalho e desperdício. Em seguida, deve ser iniciada a parte dos
acabamentos, caracterizada pela aplicação dos revestimentos, do chapisco, massa
grossa (emboço), massa fina (reboco) e pintura.
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Vasques (2014), ainda cita algumas vantagens e desvantagens do sistema
convencional, de acordo com a Tabela 1.
Vantagens Desvantagens
Bom isolamento térmico e acústico; Baixa produtividade na execução;
Boa estanqueidade à água; Elevada massa por unidade de
superfície;
Excelente resistência mecânica ao fogo; Necessidade de materiais adicionais
para ter a textura lisa;
Facilidade de produção; Deficiente na limpeza e higienização;
Facilidade e baixo custo dos
componentes;
Retrabalho para instalação de rede
hidrossanitária e elétrica;
Excelente versatilidade e flexibilidade;
Ótima aceitação pelo usuário e
sociedade.
Tabela 1 - Vantagens e desvantagens do sistema convencional de construção
Fonte: Adaptado de Vasques, 2014.
No sistema construtivo convencional, a falta de projetos detalhados e planejamentos
condizentes com a realidade da obra, pode causar uma série de manifestações
patológicas na edificação, além de improdutividade e desperdício de materiais
(ALVES, 2015).
No sistema tradicional, parte dos elementos que compõe a edificação, são
produzidos no próprio canteiro de obras, com participação direta dos operários nas
atividades de conversão. Por se tratar de procedimentos com bases artesanais,
erros na produção podem resultar em algumas características como diferença na
qualidade dos produtos, imprecisão dimensional, baixo controle tecnológico, dentre
outros. Devido à falta de fornecimento de informação nos projetos de produção,
ocasionalmente acontecerá, atividades que contribuam para o desperdício de mão
de obra e materiais, resultando em prejuízos e improdutividade (ALVES, 2015).
As perdas no sistema convencional que ocorrem na fase de execução mais comuns
são os erros de concretagem, deformações nas fôrmas de pilares e vigas, erros de
prumo, nível e esquadro das alvenarias prejudicando o alinhamento das paredes,
causando engrossamento do reboco para regularização que podem passar de 5 cm
de espessura (Figura 2a), além das perdas associadas à reexecuções de tarefas,
seja por erro do profissional na atividade ou seja por retrabalhos durante os serviços
de instalações elétricas e hidráulicas (Figura 2b). Outras perdas menos visíveis
também podem ocorrer na fase de projeto com superestimativa dos índices de
armadura ou de concreto da estrutura, falta de projeto específico de paginação de
pisos, que geram sobras e perdas pela necessidade de fragmentação, entre outros
(ALVES, 2015).
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(a) Exemplo de engrossamento de reboco (b) Retrabalhos para serviço de instalações
Figura 2 - Perdas no sistema convencional
Fonte: Portal Acrópole Engenharia (2016)
De acordo com Alves (2015, apud Pinto, 1999), a massa estimada das edificações
executadas predominantemente pelo sistema convencional é de 1.200 kg/m², 25%
deste valor é o percentual de perda média de materiais em relação à massa de
materiais levados ao canteiro de obras, isso significa que, a cada metro quadrado
construído, são gerados 300 quilos de resíduo/desperdício.
2.2. Light Steel Framing
O Steel Framing é caracterizado por utilizar o aço galvanizado a frio como esqueleto
estrutural do sistema, que associado com outros subsistemas industrializados é
projetado para trabalhar de forma a resistir às cargas da edificação, o que propícia
maior rapidez na execução da obra. Os perfis de aço galvanizado são utilizados para
compor painéis estruturais ou não estruturais, vigas de piso, vigas secundárias,
tesouras de telhado e demais componentes, de forma a garantir baixo peso à
construção como um todo. Os elementos que compõem os fechamentos da
edificação no sistema que envolve externamente a estrutura devem ser leves, para
assim não mudar a definição da estrutura Light Steel Framing (SOUZA; AMPARO;
GOMES, 2011).
Contrapondo-se as estruturas convencionais, onde o peso dos elementos da
estrutura se concentra em vigas e pilares, todas as paredes externas do Light Steel
Framing são consideradas como parte substancial da estrutura, por onde se divide
todas as cargas da construção, sendo que cada uma é projetada para receber uma
pequena parcela de carga se transformando em estruturas autoportantes. A obra
ainda é reforçada por revestimento de Oriented Strand Board (OSB), como
exemplificada na Figura 3, garantindo o bom comportamento quanto a abalos
sísmicos (SOUZA; AMPARO; GOMES, 2011).
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Figura 3 - Placas OSB para fechamento de paredes autoportantes
Fonte: Construagil (2016)
Através do cálculo estrutural é indicado o tipo de fundação mais adequado para a
execução do Light Steel Framing, sendo geralmente utilizada a fundação do tipo
radier, como mostra a Figura 4.
Figura 4 - Execução de fundação tipo radier
Fonte: Pet Engenharia Civil UFJF (2016)
Logo após a execução da fundação, as peças da estrutura de aço são fixadas à
fundação através de chumbadores conforme salienta revista Téchne, nº 135 de
junho de 2008 (Figura 5) (HASS; MARTINS, 2011).
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Figura 5 - Esquematização de fixação de chumbadores
Fonte: HASS e MARTINS (2011)
Todos os elementos metálicos e não-metálicos de uma estrutura em Light Steel
Framing são interligados através de parafusos de aço galvanizado, perfurantes e
roscantes.
Para o fechamento das construções em Light Steel Framing, se encontra em maior
disponibilidade no mercado nacional as placas de OSB, as placas cimentícias e o
gesso acartonado usados no fechamento externo e interno das paredes. Os
fechamentos obedecem ao conceito de isolação multicamadas, onde o vazio entre
as placas é preenchido com material isolante, como por exemplo, a lã mineral e a lã
de vidro, como mostrado na Figura 6 (SOUZA; AMPARO; GOMES, 2011).
Figura 6 - Esquematização de fechamento externo, interno e preenchimentos
Fonte: SOUZA e GOMES (2011)
Segundo Domaraski e Fagiani (2009 apud BAPTISTA, 2005), a industrialização da
construção civil promoveu um salto de qualidade nos canteiros de obras, pois
através de componentes industrializados com alto controle ao longo de sua
produção, com materiais de boa qualidade, fornecedores selecionados e mão-de-
obra treinada e qualificada, as obras tornaram-se mais organizadas e seguras.
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Para Nakamura (2016), nos últimos anos, avanços foram registrados em relação à
aceitação desse sistema, que tem a industrialização, a precisão e a velocidade de
execução como principais características.
Vivan, et al. (2010), afirmam que dentro do setor da industrialização de edificações,
o Light Steel Framing aparece como uma considerável alternativa em comparação
ao sistema tradicional, que mesmo apresentando com maior disponibilidade no
mercado, técnicas e tecnologias aos profissionais da construção civil, ainda é
definido pela lentidão no processo de produção, por haver grandes desperdícios de
materiais e por ser mais sujeito ao aparecimento de manifestações patológicas
durante a vida útil da edificação. Portanto, é notável a diferença quando comparado
à produção de ambas as técnicas de construção.
Devido ao tempo inferior de fabricação e montagem da estrutura, o emprego do
sistema Light Steel Framing proporciona a redução de custo, pois permite a
execução de diversas etapas simultaneamente, por exemplo, enquanto as
fundações são executadas no canteiro de obra, as placas de vedação das paredes
são confeccionadas em fábrica. O fato de a estrutura metálica possuir baixo peso
contribui para um menor carregamento na fundação possibilitando uma redução no
custo desta etapa (JARDIM; CAMPOS, 2005).
Vivan (2010 apud GORGOLEWSKI, 2006), salienta que ao se utilizar o sistema Light
Steel Framing inúmeras vantagens são obtidas, como: baixo peso com alta
resistência, grande precisão dimensional, resistência ao ataque de insetos, onde os
materiais utilizados são quase que totalmente recicláveis, contribuindo para a
sustentabilidade da edificação. Em razão de este sistema poder contribuir para o
aumento do nível de especialização e qualidade da mão de obra estabelecendo altos
padrões de construção, despertou-se o interesse de muitos países para a utilização
da técnica Light Steel Framing no setor das construções de casas unifamiliares.
Hass e Martins (2011, apud RODRIGUES, 2006) lista algumas vantagens e
desvantagens do Light Steel Framing:
- Vantagens:
Maior produtividade, devido à possibilidade da execução simultânea de várias
etapas, o menos uso de formas e escoras;
Maior qualidade acústica e térmica pelo uso de matérias com melhor
desempenho, como a lã de rocha e lã de vidro, superando em cerca de duas
vezes e meio as paredes em alvenaria convencional;
Maior praticidade e menor custo para manutenção das instalações elétricas e
hidráulicas;
Vários materiais utilizados no sistema são recicláveis e podem ser
reaproveitados, como o aço que não perde suas características e pode ser
reciclado inúmeras vezes;
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Por dividir seu peso por todas as paredes, garante melhor desempenho
estrutural;
O aço utilizado de acordo com as especificações pode garantir alta
durabilidade para toda vida útil da obra, possuindo grande estabilidade
dimensional e resistindo à corrosão. Os perfis de aço galvanizado não
contribuem para a propagação do fogo;
A estrutura metálica possui maior facilidade para adaptações, ampliações,
reformas e mudança de ocupação de edifícios;
Por se tratar de uma obra industrializada que conta com mão-de-obra
altamente qualificada, garante ao cliente uma maior qualidade devido ao
maior controle do processo industrial e maior precisão construtiva por usar
como unidade o milímetro nas estruturas metálicas;
Melhor retorno do capital investido devido ao ganho antecipado pela
ocupação do imóvel em função da maior velocidade de execução;
- Desvantagens:
No Brasil, o sistema ainda sofre preconceito por algumas pessoas
acreditarem que a estrutura é frágil;
Falta de mão-de-obra especializada;
Maior dificuldade para se obter peças e equipamentos;
Alguns componentes possuem custo elevado.
3. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho consiste na coleta de
informações por meio de revisão de literatura, através de estudos nos meios
disponíveis, como livros e artigos de diversos autores, acerca da eficiência
energética e tempo de execução da obra para análise das vantagens do sistema
Light Steel Framing em relação ao sistema convencional de construção.
Conjuntamente, foi realizada uma pesquisa, para levantamento de informações em
torno da construção de uma casa com 100 m2 com as empresas A, B e C que atuam
na área do Light Steel Framing e as empresas D e E atuantes no ramo da
construção convencional, com a finalidade de coletar dados sobre a quantidade de
resíduo gerado através do número de caçambas com volume de 5 m3,
exclusivamente preenchidas por materiais descartados da construção de uma
residência executada em alvenaria e de uma obra executada em Light Steel
Framing, e a quantidade de operários envolvidos na execução das obras de ambos
os sistemas.
Para o retorno do capital investido, foi adotado o valor por metro quadrado médio
cobrado pelas empresas da pesquisa para a execução de uma casa de 100 m2. Para
ambos os casos o valor do terreno considerado foi o mesmo e ambas as casas
obtiveram o mesmo valor final de venda para fins comparativos.
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Em relação ao tempo de execução de obra, foi exposto um cronograma de uma
residência com 100 m2, realizada em ambos os sistemas, detalhando as etapas
construtivas e o tempo para serem executadas. A partir do cronograma, da
quantidade de funcionários envolvidos na obra e assumindo que eles trabalhem 8
horas por dia, foi calculado, a quantidade horas/homem necessário para a execução
de cada sistema, sendo expressa por:
(
)
( ) (
)
Onde,
N= Quantidade de horas por funcionário trabalhadas (horas/funcionário);
D= Quantidade de dias para execução do sistema;
F= Quantidade de funcionários envolvidos na execução da obra.
4. RESULTADOS
4.1 - Dados coletados na pesquisa
Segue informações fornecidas pelas empresas pesquisadas na tabela abaixo.
Empresas A B C
Tempo de atuação no mercado (anos) 6 11 15
Obras por ano 6 30 25
Tempo de execução em dias (100 m²) 120 90 à 120 120
Nº funcionários na obra 4 3 à 5 3 à 4
Valor Médio por m² (R$) 1.800,00 1.500,00 1.400,00
Quantidade de caçambas por obra 2/3 1 1
Tabela 2 - Informações coletadas das empresas de Light Steel Framing Fonte: Autor (2016)
Empresas D E
Tempo de atuação no mercado (anos) 5 17
Obras por ano 10 15
Tempo de execução em dias (100 m²) 180 150 à 180
Nº funcionários na obra 4 4
Valor Médio por m² (R$) 1.500,00 1.350,00
Quantidade de caçambas por obra 2 2
Tabela 3 - Informações coletadas das empresas que utilizam técnica convencional Fonte: Autor (2016)
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4.2 – Cronogramas de execução de obra
Os cronogramas a seguir foram elaborados, para melhor comparação, tendo como
base, os cronogramas disponibilizados pelas empresas consultadas na pesquisa.
Descrição Dias
15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
Serviços Preliminares X
Fundação X X
Supra-estrutura X X
Paredes X X
Laje X X
Cobertura X X
Esquadrias X
Instalações Elétricas X
Instalações Hidráulicas X
Acabamentos X X X
Quadro 1 - Cronograma de execução de obra em alvenaria Fonte: Adaptado da empresa D
Descrição Dias
15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
Serviços Preliminares X
Fundação X X
Estrutura X X X
Painéis de Vedação X X X
Cobertura X
Esquadrias X
Instalações Elétricas X
Instalações Hidráulicas X
Acabamentos X X
Quadro 2 - Cronograma de execução de obra em Light Steel Framing
Fonte: Adaptado da empresa A
Analisando o cronograma de uma obra em alvenaria convencional, de acordo com o
Quadro 1, foi observado que a obra executada nesse sistema, teve uma duração de
180 dias. Enquanto que, ao utilizar-se da técnica LSF, foi obtido um tempo de
execução de 120 dias, conforme Quadro 2. Desse modo, foi constatada uma
redução de 60 dias, o que representa que a obra em LSF é aproximadamente 33 %
mais veloz que a obra executada no sistema convencional. Essa redução se deve ao
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fato do LSF possibilitar a execução de várias etapas simultaneamente, como
observado no Quadro 2.
4.3 - Retorno de investimento
Através da pesquisa realizada com empresas do ramo LSF, conforme Tabela 2,
foram obtidos das empresas A, B e C as respectivas respostas nos valores de R$
1.800,00/m2, R$ 1.500,00/m2 e R$ 1.400,00/m2, resultando em um valor médio de
R$ 1.567,00/m2. Do mesmo modo, as empresas D e E do sistema convencional,
citadas na Tabela 3, atribuíram nesta ordem os valores de R$ 1.500,00/m2 e R$
1.350,00/m2, obtendo o valor médio de R$ 1.425,00/m2.
Sistema Construtivo Convencional Light Steel Framing
Valor do Terreno R$ 50.000,00 R$ 50.000,00
Valor da Construção R$ 142.500,00 R$ 156.700,00
Investimento Total R$ 192.500,00 R$ 206.700,00
Valor da Venda R$ 250.000,00 R$ 250.000,00
Lucro Total R$ 57.500,00 R$ 43.300,00
Tabela 4 - Estimativa de valores dos sistemas construtivos
Fonte: Autor (2016)
Sistema Construtivo Convencional Light Steel Framing
Prazo da Obra (Meses) 6 4
Lucro/Mês R$ 9.583,33 R$ 10.825,00
% Sobre o Investimento Inicial 4,98% 5,24%
Tabela 5 - Retorno de investimento em relação ao tempo de execução da obra
Fonte: Autor (2016)
Conforme Tabela 4, verifica-se que o sistema construtivo convencional possui um
investimento inicial de aproximadamente 7% inferior em relação ao LSF.
Considerando o mesmo valor de venda, para fins comparativos, a técnica de
construção em alvenaria obteve um maior lucro.
Porém, ao analisar a Tabela 5 e feita à comparação levando em conta o prazo de
execução de obra, nota-se que o LSF possui um melhor retorno de investimento,
com um maior lucro mensal, o que torna a técnica interessante para as construtoras,
que podem executar um maior número de obras em determinado tempo,
aumentando sua produção.
4.4 - Geração de Resíduos
Por meio da pesquisa realizada com as empresas A, B e C, disponível na Tabela 2,
a quantidade de caçambas utilizadas no LSF foi em média de apenas uma para a
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execução da obra. Ambas as empresas, da Tabela 3, que se utilizam da técnica
convencional, informaram a utilização de duas caçambas para o decorrer da obra.
Sistema Construtivo Convencional Light Steel Framing
Quantidade de Caçambas Retiradas da Obra 2 1
Quantidade de Resíduos em m3 10 m3 5 m3
Tabela 6 - Quantidade de entulho gerado na obra
Fonte: Autor (2016)
De acordo com a Tabela 6, o número de caçambas retiradas da obra em LSF é
reduzido pela metade quando comparado com o sistema convencional. Esse número
representa uma queda de 50% na geração de resíduos. Valor considerável, que
expõe o LSF como um sistema mais limpo, organizado e sustentável.
4.5 - Quantidade de horas/homem por obra
A quantidade de funcionários informada pelas empresas da Tabela 2, variam de 3 a
5 funcionários, obtendo uma média de 4 funcionários ao decorrer da obra. Sendo
que, as empresas da Tabela 3, que utilizam a técnica convencional, também
informaram o mesmo número de funcionários.
Sistema Construtivo Convencional Light Steel Framing
Quantidade Funcionários 4 4
Quantidade de dias para execução da obra 180 dias 120 dias
Quantidade total de horas dedicada ao sistema 1.440 h 960 h
Quantidade de horas/funcionário trabalhadas 360 h/F 240 h/F
Quantidade de horas para execução de 1 m2 3,6 h 2,4 h
Tabela 7 - Número de horas trabalhadas
Fonte: Autor (2016)
Com a mesma quantidade de funcionários envolvidos na execução de uma obra de
mesma proporção, em ambos os sistemas, foi evidenciado, conforme Tabela 7, um
menor número de horas trabalhadas por funcionários para a execução de 1 (um) m2
de construção utilizando a técnica LSF. Tal redução, se deve ao fato do sistema
convencional, levar um maior tempo para sua conclusão, gastando assim, um maior
número de horas trabalhadas pelos funcionários.
5. CONCLUSÃO
Ao analisar o conteúdo teórico, constata se que o sistema industrializado Light Steel
Framing em seu todo, possui grande rigidez estrutural com baixo peso, superando
em alguns casos o desempenho acústico e térmico das obras realizadas pela
técnica convencional.
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Quando comparado os dados dos cronogramas de obra de ambos os sistemas, nota
se que, para a execução de uma obra de 100 m² no sistema convencional, tem se
um tempo estimado de 180 dias, quando que, para a execução dessa mesma obra
no sistema LSF, o prazo diminui para 120 dias, uma redução aproximada de 33% no
tempo de execução de obra a favor do sistema industrializado, confirmando uma das
vantagens descritas no conteúdo teórico.
Essa redução de tempo faz com que aumente a eficiência energética do sistema,
diminuindo a quantidade de horas trabalhadas por funcionário para a execução de 1
(um) m2 de obra, de 3,6 horas com a utilização da técnica convencional, para 2,4
horas no sistema LSF.
Quanto à sustentabilidade do sistema industrializado, pesa a seu favor o fato de que
grande parte dos materiais empregados na obra são recicláveis, como o aço, que
pode ser reciclado inúmeras vezes. Por ser um sistema com maior organização,
ocorreu uma variação de 50% na geração de resíduos, sendo utilizado em média 2
(duas) caçambas de entulhos por obra no sistema convencional, enquanto é
utilizada apenas 1 (uma) na técnica LSF, o que significa um menor desperdício por
parte do sistema industrializado.
Em contrapartida, o investimento inicial para o sistema industrializado supera em
cerca de 7% o sistema convencional, diferença que pode ser revertida com um
melhor retorno financeiro pela antecipação da ocupação do imóvel.
Deste modo, conclui se que, o LSF é uma excelente opção frente ao sistema
convencional, no qual possui uma propícia oportunidade na sua exploração e maior
utilização, tendo como ponto chave sua melhor organização, agregando maior
velocidade na execução, com um menor consumo energético, aliado ainda a uma
menor geração de resíduos, diminuindo os desperdícios dentro da obra.
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Curso de Engenharia Civil - Campus Umuarama
TFC 2016 – TRABALHO FINAL DE CURSO 15
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