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1 Limites do D. Penal “Externos”: Contra-ordenações - Ilícitos disciplinares Teoria da Lei Penal E BURGOA 2008

Limites do D. Penal “Externos”:

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Limites do D. Penal “Externos”:. Contra-ordenações - Ilícitos disciplinares. Teoria da Lei Penal E BURGOA 2008. DIREITO PENAL E DIREITO DE (MERA) ORDENAÇÃO SOCIAL. Contra-ordenações. DP e DMOS- TB pp. 120-128; FD pp. 155-176, ... 18.º, 2 CRP - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Limites do D. Penal “Externos”:

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Limites do D. Penal “Externos”:

Contra-ordenações - Ilícitos disciplinares

Teoria da Lei Penal E BURGOA 2008

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DIREITO PENAL E DIREITO DE (MERA) ORDENAÇÃO SOCIAL

Contra-ordenações

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DP e DMOS- TB pp. 120-128; FD pp. 155-176, ...

18.º, 2 CRPDiferença qualitativa – aliud ??FD, p. 157 : “direito administrativo, não penal!” Preâmbulo D-L 433/82 ”distinto e

autónomo do direito penal”, “quer pela natureza dos respectivos bens jurídicos quer pela desigual ressonância ética”

Diferença quantitativa – minus ??

Autonomia relativa - art. 32.º RGCO

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art. 1.º RGCO – definição contra-ordenação - formal

“constitui contra-ordenação todo o facto ilícito e censurável que preencha um tipo legal no qual se comine uma coima”

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Reserva relativa da A.R

em relação a definição do “regime geral” do DMOS (art. 165.º, 1, al. d)

(não em relação definição das contra-ordenações!!)

- D-L 433/82- institui “regime geral” do DMOS e do processo

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É lógica a atribuição da competência legislativa (de qualificação como ilícitos de ordenação social) também ao Governo?

E converter ou transformar um crime em contra-ordenação?

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No crime- art. 165, 1, al. c) a descriminalização é objecto de

reserva??

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Especificidades

Coimas - Diferença da pena -sanção patrimonial, art. 17.º (#

pessoas singulares e colectivas)

essência e finalidades da sanção administrativa

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Os fins do sancionamento das contra-ordenações

A retribuição não joga nenhum papel

Apenas finalidades preventivas

Qual é o sentido da prevenção??

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Trata-se de advertências legais das proibições ou imposições legais,

Prevenção geral negativa

Não há prevenção especial positiva

art. 89.º RGCO – execução em caso não pagamento voluntário

art. 89.º -A RGCO (prestação trabalho a

favor comunidade) a requerimento condenado – prevenç. esp. positiva ??

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Regime sanções pecuniárias

DMOS Coima (arts. 17.º e 18.º RGCO)- montantes e determinação....

infungívelmas art. 89-A possibilita substit. por

prestação trabalho a favor comunidadePENAL pena de Multa (art. 48.º e 49.º CP)

art. 43.º CP- substitui pena curta prisão art. 48.º CP – substituível por trabalho...art. 49.º CP – multa não paga- prisão

subsidiária (que pode tb ser suspensa....)art. 90.º-B, 7 CP- pessoas colectivas

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Pena de multa

O pagamento voluntário de uma pena de multa por terceiro implica transmissão de responsabilidade?

Art. 30.º,3 CRP- impossibilidade transmissão penas

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Ac. TRP 18-10-06:

“O pagamento da multa por um 3.º não representa uma transmissão da resp. criminal para a irmã do arg. Só haveria transmissão 3º...se este ficasse adstrito (vinculado j.) a essa responsab, o que não ocorreu”.

O corolário deste princípio é a proibição transmissão para os herdeiros do condenado!

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Sanções acessórias (arts 21.º a 26.º RGCO)Art. 21.º RGCO – possibilidade de a lei

determinar sanções acessórias apontadas (perda objectos, interdição profissão ou actividades, privação subsídios...)Al. g) art. 21.º “a suspensão de autorizações, licenças e alvarás”

Por exemplo, a inibição da licença de condução no Código da Estrada

Proximidade com as sanções criminais ??Gravidade e justificação?

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Suspensão da execução da sanção acessória??

O instituto suspensão execução medidas acessórias – integra ou não o regime geral do DMOS ??

-Art. 32.º RGCO – remissão genérica CP

- art. 50.º CP – instituto suspensão apenas para a prisão aplicada em medida não superior a 5 anos

????

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APLICAÇÃO e RECURSO

Aplicação da coima e eventuais sanções acessórias - autoridade administrativa (art. 33.º e 34.º RGCO)

mas caso de concurso “crime e contra-ord.” juiz competente processo criminal, art. 38.º e 39.º

Recurso da decisão administrativa – tribunal comum (criminal) (art. 59.º e 61.º

RGCO)

tribunais administrativos ??

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É compreensível a possibilidade de impugnação judicial das decisões das autoridades administrativas?

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Garantias processo contra-ordenacionalGarantias processo criminal

art. 32,n.º 10 CRP

Arguido acusado:. 1 crime abate clandestino, p.p. art.

22,1,al.a) D-L 28/84;. 1 crime contra a genuinidade,

qualidade ou composiç géneros alimentícios, p. p. art. 24,1,c) D-L 28/74;

. 1 contra-ordenação p. p. art. 58.º, 1, al. c) D-L 28/84

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Ac. TC 31/00- suscitada inconst. arts. 38.º, 46.º e 57.º do RGCO /direito defesa arguido

«(…)a argumentação apresentada assenta no pressuposto absurdo de que seriam mais amplas as garantias conferidas em proc. contra-orden. do que as que são asseguradas no âmbito do processo penal e esquece que as garantias conferidas em processo contra-orden. resultam da circunstância de a direcção e decisão do proc.contra-orden. competir a uma entidade administrativa».

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Responsabilidade pessoas colectivas - DMOS

Irrestrita responsabilidade pessoas colectivas no DMOS (art. 7.º RGCO)A origem DMOS foi responder a este desafio...

Dissolução (“pena morte”) ??Faz sentido no DMOS??E no CP?

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Aplicação lei no espaço

Princípio territorialidade (art. 4.º RGCO)

Deriva da própria natureza das coisas.... A ordenação faz sentido dentro do

território nacional (contra-ordenações rodoviárias, fiscais, etc...)

- Espaço territorial da EU- ordenação social UE

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Aplicação lei no tempoArt. 3.º RGCO “1. A punição da contra-ordenaç é

determinada pela lei vigente no momento da prática do facto ....

2. Se a lei vigente....., aplicar-se-á a lei mais favorável ao arguido, salvo se este já tiver sido condenado por decisão definitiva ou transitada em julgado e já executada.

3. Quando a lei vale para um determinado período de tempo, continua a ser punida como contra-ordenação praticada durante esse período”

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Punibilidade tentativaNegligência

Carácter excepcional

”A tentativa só pode ser punida quando a lei expressamente o determinar” (art. 13.º, 1 RGCO)

Negligência (art. 8.º, 1 RGCO) transposição regime penalJustifica-se?

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Concurso de infracções

- Concurso contra-ordenações (art. 19.º RGCO)

limite máximo inultrapassável limite mínimo “solução cúmulo jurídico”

É (in)compreensível que vigore aqui? Ou deverá vigorar o regime “cumulo material” das coimas aplicadas?

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Concurso crimes e contra-ordenações (art. 20.º RGCO) – sistema misto

será punido a título de crime – absorção ou consumpção – podendo ser aplicadas as sanções acessórias

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Passagem entre estas duas áreas normativas

Contra-ordenação a crime

Crime a contra-ordenação

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Aplicação lei tempo (descriminalização e Ilícito mera ordenação social)

descriminalização dos espectáculos com touro de morte, passando a tipificar tais condutas como contra-ordenações. Qual é o regime aplicável às acções praticadas na vigência da LA?

Ac. STJ 22-11-01 (sobre descriminalização consumo art 40 D-L 15/93): «Se a lei que altera a qualificação facto como crime para contraordenaç não estabelece, mediante norma transitória, a sua aplicabilidade às acções praticadas antes do início vigência, tais acções devem considerar-se j. irrelevantes...» Há um voto vencido.

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OUTRAS CONSEQUENCIAS JURÍDICAS

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Perda das vantagens (art. 111.º,2 CP) “que, através de facto ilícito tiverem sido directamente adquiridas…”

Ideia que “o crime não compensa” prevenção geral e especial ** O Tribunal x condena a pena de multa x e

declara perdidas a favor do E. Português as quantias xxxxxxxx auferidas pela arguidos na prática do crime de abuso de informação privilegiada (art. 378.º CVM), nos termos do art. 111.º, 2 CP e 380.º CVM

(agora 380.º -A- CVM especifica perda vantagens)

Art. 8.º CP - aplicação disposições CP na legislação especial

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Natureza da perda dos bens ??

FD- “providência sancionatória análoga à da medida de segurança” –independente da culpa – ideia prevençãoMedida segurança ??Pena acessória

??Ac. TC 336/06- = FD

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Penas acessórias

Art. 65.º e ss CPPerda de direitos civis, profissionais,

políticos….

A proibição de aplicação automática (art. 30, n.º 4 CRP)

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REVISÃO DA MATÉRIA

DÚVIDAS

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Proibição penas fixas e automáticas

Qual é o fundamento da proibição?

V. história penas fixas, TB, I, pp. 336-340.

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A proibição de retroactividade aplica-se aos pressupostos processuais (prescrição)?

??

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Institutos de natureza mista

D. Penal- Processo Penal

-Prescrição – Arts. 118.º e ss.

Prescritível/Imprescritível ??

- Queixa e acusação particular- Arts 113.º e ss.

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Ac. STJ 29-05-2003

“efectivamente, está há muito ultrapassada a discussão sobre o carácter substantivo ou adjectivo sobre as disposiç. …prescrição, pois inequivocamente, a doutrina e jurisp…tem considerado que são n. de carácter material, em que havendo mudança lei no tempo…aplica-se regime mais favorável …arts. 29.4, 2, n. 4 CP”

v. Teresa Beleza, I, pp. 395-401

“deverá aplicar-se na sua integridade a lei antiga ou nova e não simultaneamente as disposições mais favoráveis de uma e outra”

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Pode o juiz/a conjugar os aspectos mais favoráveis de 2 leis?

«LA prisão até 3 anos + penas acessórias

LN prisão 2 a 5 anos»

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Considerando as leis em confronto, determine a lei em concreto mais favorável para o facto x cometido por A de 16 anos?

«LA: imputabilidade 16 anos pena prisão 2-4 anosLN: imputabilidade 18 anos

pena prisão 2-8 anos»

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Aplicação lei tempo (n. processuais materiais)

Ac. STJ 15-2-89 (Caso prescrição)(BMJ 384): «não é lícito construir regimes particulares pela conjunção de elementos retirados de uma ou outra lei, com o perigo da quebra coerência e a obtenção de um resultado aberrante, ainda que vantajoso para o agente. Proibe-se... “a aplicação simbiótica das leis penais”. O regime prescrição integra prazo,contagem, causas susp e interrupç. Beleza S., Cav. Ferr.

Outra doutrina diverge (Taipa Carvalho)Tb Ac. STJ 7-11-96- (caso direito queixa): -escolha em bloco- direito queixa (n.processuais materiais), a ratio 29,4,2

CRP conduz à aplic. retroact n. proc.materiais)

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Suponha que, em 2006, uma nova lei aumentava os prazos de prescrição do procedimento criminal aplicáveis ao caso de corrupção (art. 372.º CP) de 10 para 15 anos e que entretanto já teriam decorrido os dez anos anteriormente previstos.

Poderia aplicar-se a nova lei?

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Conversão crime em contra-ordenação (fenómeno descriminalização)

No caso dos preceitos relativos ao tráfico de droga (arts. 21 e ss D-L n.º 15/93) ser revogados por outra Lei x que descriminaliza esses actos, determinando que tal matéria passa a ser regulada pelo DMOS.

Como podem ser sancionados os agentes contra os quais estivesse já instaurado o procedimento criminal?

(Uma situação similar aconteceu com a descriminalização do consumo pela Lei 30/2000)

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Contra-ordenação em crime

E se a AR, depois da descriminalização, voltasse a criminalizar o consumo (e tráfico) drogas mediante a publicação de uma lei o dia de hoje. Quid iuris?

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Caso da revogação lei amnistia

Se a AR na próxima semana votar uma lei revogando uma lei de amnistia que fora publicada em Abril com motivo do aniversário da Revolução e que amnistiava certos crimes (crimes de sangue), invocando que ela violara o principio da igualdade, ou os princípios de Dto Internacional. Que problemas surgem?

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Alteração prazos prescrição

Art. 118.º (revisão CP)«n.º 3 - Se o procedimento criminal

respeitar a pessoa colectiva ou entidade equiparada, os prazos previstos....

n.º 5 - Nos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual de menores, o procedimento criminal não se extingue, por efeito da prescrição, antes de o ofendido perfazer 23 anos»

Quid iuris?

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Comente«Reza a lenda que EL-Rei D. Pedro, ao

cavalgar, nas doces margens do Mondego, montando o seu mais fogoso alazão, em um dia de sol esplêndido, para mais embalado na nobre arte da falcoaria, e por isso com o coração e os olhos cheios de brilho da alegria da caça, que sabia lhe não fugiria, viu ao longe uma linda e atraente moçoila, rodeada por uma ninhada de filhos.

Espicaçado pela curiosidade de uma tão nova mulher ser já mãe de tantos rebentos, perguntou: «Quem é aquela»?

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«Aquela, Senhor, é a roussada», responderam, quase ao uníssono, todos os cavaleiros que o acompanhavam.

E continuaram, melhor, continuou aquele a quem o tempo já raiara de branco os cabelos, enquanto El-Rei escutava com a atenção aparentemente presa no voar plácido e perscrutante do falcão preferido agora mesmo atirado aos céus.

«Ainda mal entrara nos mistérios das regras» - explicava o velho conhecedor das entranhas do mundo - «o que é agora seu legítimo e bom marido, que com ela casou segundo os mandamentos da Santa Madre Igreja, já a violara. .

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Coisas do demo, Senhor. Mas, certamente por intervenção de Deus Todo Poderoso e pelas orações da piedosa mãe daquele pobre diabo, tudo se recompôs e, hoje, como Vedes, os dois amam-se, são uma família unida, respeitada pelos vizinhos, cumpridores das Vossas corveias e, sobretudo, tementes a Deus. Depois, Senhor, o tempo tudo cura, mesmo as feridas mais fundas da alma. O tempo é mezinha benta para as cousas humanas. Por isso, digo, Bendito seja Deus que na Sua infinita sabedoria nos criou com o coração manso e terno pronto a deixar entrar e a docemente fazer escorrer o esquecimento que o fio do tempo já tecera»

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«Amen», responderam todos os que ouviram Gurmecindo contar, de forma tão serena e precisa, o milagro do mal que se transformara em bem.

El-Rei, olhou para o alto, naquele seu jeito um pouco lunático e tímido que a gaguez quer justificar, pensou por um instante, e, com a velocidade do relâmpago, disse. «Enforquem-no».

A história, certamente escrita por sábios, diz-nos que El-Rei D. Pedro I ficou conhecido, para sempre, como o «Justiceiro».

Vers. das Crónicas del Rey D. Pedro I, José de Faria Costa.

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O texto anterior deve-se relacionar com os fins das penas

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«nos crimes de H em geral, e neste caso em particular (H privil.-morte de um bebé, acabado de nascer, que foi atirado para uma fossa onde morreu por afogamento) a eventual suspensão da pena prisão afectaria valores essenciais da comunidade, de sorte que levaria a um certo afastamento da confiança nas instituições judiciais e a considerar ter tido uma incompreensível cedência perante o crime, sendo, por isso, tal solução de repudiar». Ao arg. por sofrer imputb. diminuída (baixo n. intel) seja aplicado 104 cp (internamento pelos 3 anos)»

(Ac. STJ 31-05-06)qual é o critério que prevalece? a prevenção geral ou especial?

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« O Senhor disse a Caim: “Onde está o teu irmão Abel?”, Caim respondeu: “Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?” O Senhor replicou: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra até mim. De futuro, serás amaldiçoado pela terra, que por causa de ti, abriu a boca para beber o sangue do teu irmão. Quando a cultivares, não voltará a dar-te os seus frutos. Serás vagabundo e fugitivo sobre a terra.

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...Caim disse ao Senhor: “A minha culpa é excessivamente grande para ser suportada. Expulsas-me hoje desta terra; obrigado a ocultar-me longe da tua face, terei de andar fugitivo e vagabundo pela terra, e o primeiro a encontrar-me matar-me-á. O Senhor respondeu: Não! Se alguém matar Caim, será castigado sete vezes mais” E o Senhor marcou-o com um sinal, a fim de nunca ser morto por quem o viesse a encontrar» (Génesis, 4)

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A, espanhol, passageiro do voo da

TAP, Caracas/Madrid pratica, já em espaço aéreo espanhol, um crime ofensas em B, membro da tripulação.

A lei portuguesa é aplicável?

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A e B combinam assaltar C no momento em que o avião em que os três viajam atingir velocidade de cruzeiro, aproveitando o sossego desse momento. C vai sentado entre A e B. Enquanto A aponta uma arma escondida a C, B obriga-o a entregar a carteira e o relógio. A é português, B é espanhol e C é chinês. O voo é da Iberia, de Lisboa para Madrid.

A lei portuguesa é aplicável a este

caso?

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Teste de Exame final –D.Penal I-Prof.ª Teresa Pizarro Beleza

*«Tendo em vista os acontecimentos na

“Casa Pia” (casos de pedofilia divulgados na imprensa), determina-se que:

1. Os casos de abuso sexual de menores cometidos nos últimos 20 anos serão punidos com prisão até 30 anos.

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2. Os arguidos serão julgados num tribunal especial, com exclusiva competência para esta matéria. O tribunal julgará qualquer pessoa suspeita de ter cometido a infracção, independentemente da sua nacionalidade ou local da prática crime, desde que seja encontrada em Portugal. 3. Estas regras aplicam-se ainda a todo o caso de detenção, ainda que para uso privado, de qualquer material de natureza pornográfica que envolva menores.

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4. Os condenados nos termos desta lei ficam inibidos do exercício do poder paternal para sempre.5. Ficam ainda incapacitados para o exercício de quaisquer funções públicas ou privadas que envolvam qualquer espécie de contacto com menores.6. “Menores”, para efeitos desta Lei, são todas as crianças até completarem dezoito anos idade.

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Comente cada um destes preceitos do ponto de vista dos princípios constitucionais em matéria penal e na perspectiva dos chamados “fins das penas”. Como reagiria se fosse Juiz/a e lhe coubesse julgar um caso ao abrigo desta Lei?

**

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1.      O chamado princípio da humanidade das penas tem implicações directas e claras naquilo que o legislador penal pode estatuir quanto a punições? Quais?

 2.      "A retroactividade da lei penal mais favorável é um aspecto indiscutível do Estado de direito material". Comente.

 

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Qual é o significado, e qual a relevância, das regra estabelecidas nos nº 1 e nº 2 do artº 40 do CP?

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Modelo defendido

À vista dos arts. 40º, 70º e 71º qual é o modelo que resulta quer no que respeita à escolha da pena quer à determinação da medida da pena?

O art. 40.º é dispensável?

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Comente –proposta F. Dias

Introd. advérbios:

«as finalidades da aplicaç de uma pena residem primordialmente na tutela de bj e, na medida possível, na reinserção agente comunidade”

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Tente relacionar a figura da “pena relativamente indeterminada” (artº 83 ss CP) com a problemática dos fins das penas

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“O Banco Português…., com sede em Lx, apresentou queixa contra A, residente no Brasil, com os seguintes fundamentos:

- recebeu o banco queixoso em 25.10.02 no seu balcão do Funchal uma ordem subscrita por um seu cliente emigrado na Venezuela, na qual era solicitada a transferência de USD 317.000 da conta deste cliente para uma conta do City Bank titulada pelo denunciado domiciliado em Miami, EUA;

- a ordem foi executada mas, quando os escritórios do banco queixoso pretenderam confirmar a sua regularidade junto do cliente na Venezuela, por este foram informados de que não tinha sido dada por ele;

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- conclui o banco queixoso que a assinatura do seu cliente foi imitada, tendo por essa forma sido induzido em erro que lhe causou prejuízo correspondente ao valor da transferência que efectuou”.

Imputa ao denunciado a prática dos crimes de falsificação de documento p. e p. artº. 256º, 1, a) CP e de burla p. e p. artº. 217º CP”

A lei portuguesa é aplicável?

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O Ac. TRL de 19-05-04

Esclarece que a questão em causa é a aplicabilidade da ordem jurídica portuguesa aos factos denunciados através da consideração dos arts. 4.º a 7.º CP

e não através das regras dos arts. 19 e ss. do CPP.

Page 67: Limites do D. Penal “Externos”:

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artº 379º do CMVM “Manipulação do mercado”

“1 - Quem divulgue informações falsas, incompletas, exageradas ou tendenciosas, realize operações de natureza fictícia ou execute outras práticas fraudulentas que sejam idóneas para alterar artificialmente o regular funcionamento do mercado de valores mobiliários ou de outros instrumentos financeiros é punido com prisão até três anos ou com pena de multa.

2 - Consideram-se idóneos para alterar artificialmente o regular funcionamento do mercado, nomeadamente, os actos que sejam susceptíveis de modificar as condições de formação dos preços, as condições normais da oferta ou da procura de valores mobiliários ou de outros instrumentos financeiros ou as condições normais de lançamento e de aceitação de uma oferta pública.

3 - …. 4 - …”.

Page 68: Limites do D. Penal “Externos”:

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As dificuldades de delimitação dos b. js na criminalidade económica

- dada a proximidade/identidade com os ilícitos administrativos (contra-ordenações)

o legislador recorre ao estabelecimento de quantias económicas para limitar a intervenção penal (ex. crimes fiscais….),

v. art. 103.º, 2 RGIT - 15.000 €

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Art. 103.º RGIT (Fraude)

“1. Constituem fraude fiscal, punível com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias, as condutas ilegítimas tipificadas no presente artigo que visem a não liquidação, entrega ou pagamento da prestação tributária ou a obtenção indevida de benefícios fiscais, reembolsos ou outras vantagens patrimoniais susceptíveis de causarem diminuição das receitas tributárias….”

2. Os factos previstos nos números anteriores não são puníveis se a vantagem patrimonial ilegítima for inferior a 15.000 € .

Page 70: Limites do D. Penal “Externos”:

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art. 24.º D-L 28/84 (contra genuidade, qualidade

ou composição de géneros alimentícios e aditivos alimentares)

“1. Quem produzir, preparar, confeccionar,

transportar, armazenar, detiver em depósito, vender, tiver em existência ou exposição para venda, importar, exportar ou transaccionar por qualquer forma, quando destinados ao consumo público, géneros alimentícios e aditivos alimentares anormais não considerados susceptíveis de criar perigo para a vida ou para a saúde e integridade física será punido.....”

Identifique o bj tutelado por esta norma e a técnica

incriminação

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O arguido X recorrente (comerciante que

detinha bens impróprios para consumo) sustenta:

“que o ilícito previsto no art. 24.º D-L 28/84 não é um crime contra a saúde pública, nem contra a economia, mas um crime contra a qualidade do produto alimentar”

??Aprecie

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AC. TC 487/00

“não se vê que uma tal infracção - em que se protege a confiança do consumidor - seja tão estranha ao domínio ao domínio das infracções contra a saúde pública e a economia ...e que o legislador estivesse impedido de arrumar tal ilícito nos crimes contra a economia”.

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Exercício

Tentar fazer uma análise crítica das opções do legislador no CP (ou na legislação avulsa) face ao conceito de bem jurídico adoptado

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Art. 168.º (Procriação artificial não consentida)

“Quem praticar acto de procriação artificial em mulher, sem o seu consentimento, é punido com pena de prisão de um a oito anos”

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As árvores podem ser objecto de furto?/

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Ac. TRG 6-2-06:

As árvores podem ser objecto de furto, uma vez que não importa se a coisa era móvel antes da comissão da infracção ou se passou a sê-lo por via comportamento autor»;

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Se A. é encontrado na posse de subst. em quantidade superior ao necessário para consumo médio 10 dias, desde que tenha por finalidade exclusiva consumo próprio

Quid iuris?

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questões e interrogações sobre o "Dt Penal Europeu":

Existe? Legitimidade? Necessidade?

TPC: escrever uma página sobre estas questões.

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Eficácia reflexa do Direito Comunitário (Europeu) no Direito Penal interno

Efeitos positivos

Efeitos negativos

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 Teste de avaliaçãoI – Suponha que AA, brasileira, no

âmbito de um transporte como correio de droga que aceitou realizar apenas por causa da sua desesperada situação económica e familiar, desembarcou em Lisboa no dia 10-1-2008, em trânsito para Barcelona. Era passageira de um voo da TAP, com origem no Rio de Janeiro. No decurso da revisão da sua bagagem no aeroporto de Lisboa foram encontradas, no interior de uma mala, 6 kg de cocaína dissimulada.

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Suponha que na decisão condenatória o tribunal ajuizou que “dado que a necessidade comunitária de afirmação e mesmo reforço da norma jurídica violada é muito elevada, pela frequência do fenómeno e pelo conhecido alarme social e insegurança que estes crimes em geral causam, afigura-se apropriado fixar a pena concreta em doze anos de prisão pela prática do crime de tráfico p.p no art. 21.º, n.º 1 do D-L 15/93, pouco importando as circunstâncias e motivações pessoais da arguida”

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1. Na fundamentação da finalidade da pena, o tribunal refere-se a:  (2val.)

a) Prevenção geral negativa…………………………………………………………

b)Prevenção geral positiva…………………………………………………………..

c) Prevenção geral e retribuição…………………………………………………….

 

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Ao mesmo tempo, o tribunal desconsidera (2 val.)

a) O princípio da legalidade…………………………………………………………

b)O princípio da culpa………………………………………………………………..

c) O princípio da necessidade da pena……………………………………………  

Page 84: Limites do D. Penal “Externos”:

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Identifique a ratio (bem jurídico protegido) da incriminação do tráfico de estupefacientes (2 val.)

a) A vida, integridade física e a liberdade dos potenciais consumidores………

b) A segurança pública e a economia…………………………………………….

c) A saúde pública……………………………………………………………………

d)Como crime de perigo comum, uma multiplicidade de bens jurídicos…………………...……...……………………………………………………

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4. Identifique a natureza ou técnica de incriminação do tipo anterior (2val.)

a) Crime de perigo concreto, já que o crime se consuma com a simples criação de perigo para o bem jurídico………………………………………………………

b)Crime de dano porque pressupõe lesão do bem jurídico…………………….

c) Crime de perigo abstracto porque o tipo se basta apenas com a perigosidade da acção para o bem jurídico……………………………………………………….

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A aplicação da lei penal portuguesa a AA, pela prática do crime de tráfico de estupefacientes foi levada a cabo (2 val.)

 a) Ao abrigo do disposto na alínea e) do n.º 1 do

art. 5.º do CP, ficando excluída a aplicação da lei penal mais favorável………………………………….

b) De acordo com o disposto no art. 4.º do CP……………………………………

c) Incorrectamente, porque deveria ser aplicada a lei penal brasileira, por ser esta a lei penal mais favorável (art. 6.º n.º 2 do CP) ………………………………………………………………………...........................

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Considere que o tribunal pondera, ainda, a aplicação da agravação da alínea c), do art. 24.° do D-L 15/93 (“o agente obteve ou procurava obter avultada compensação remuneratória"). Não definindo a lei esse conceito, como deve ser apurado? Deve fazer-se com recurso aos escalões de valor previstos no art. 202.º do CP? (meia página – 3 val.)

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Se a lei fosse alterada depois de AA ser condenada com trânsito em julgado, e a nova versão previsse uma moldura abstracta da pena com um limite mínimo mais alto, mas com um limite máximo mais baixo, deveria a nova lei ser aplicada a AA? (meia página – 3 val.)

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II - Suponha que BB é julgado por crime de lenocínio (art. 169.º, n.º 1 do CP) e alega que não se consegue divisar um bem jurídico concreto e claramente definido, devendo ser considerada tal norma inconstitucional por violação do disposto no art. 18.º, n.º 2 da CRP. Como decidiria o problema em causa? (uma página - 3 val.)

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