7
Cientistas estabeleceram valores para processos ambientais básicos que, se ultrapassados, podem arneacar a sustentabilidade da Terra. Lamentavelmente, tres deles já foram excedidos POR JONATHAN FOLEY LIMI;TES PARA UM ; PLANETA SUSTENTAVEL CONCEITOS-CHAVE • Embora a mudan~ dimáti- ca seja foco de grande aten~o, a perda de biodi- versidade e a polui~o por nitrogenio excedem os limites seguros em graus mais acentuados. Outros processos ambientais ru- mam para niveis perigosos. • Adotar imediatamente fontes de energia de baixa emissáo de carbono, res- tringir o desmatamento e revolucionar as práticas agrícolas sáo medidas de- cisivas para tomar a vida humana na Terra mais sustentável. - Os editores 28 SCIENTlFIC AMERICAN BRASil D urantequase 10 mil anos - desde os primór- dios da civilizacáo e do Holoceno -, nosso mundo foi inimaginavelmente grande. Vas- tidóes de terras e oceanos ofereciam recursos infi- nitos. Os humanos podiam poluir a vontade e evi- tavam repercussóes locais simplesmente ao se mu- dar para outro lugar. POyOSconstruíram impérios e sistemas económicos alicercados em sua capaci- dade de explorar o que presumiam ser riquezas ine- xauríveis. E jamais se deram conta de que esse pri- vilégio teria fimo Entretanto, gra\=as aos avances na saúde públi- ca, a Revolucáo Industrial e, mais tarde, a Revolu- cáo Verde, a populacáo mundial saltou de cerca de 1 bilháo de pessoas, em 1800, para quase 7 bilhóes hojeo nos últimos 50 anos, nosso número mais que dobrou. Alimentada pela riqueza, a utilizacáo de recursos também atingiu níveis assustadores. Em 50 anos, o consumo global de alimentos e água doce mais que triplicoue o de combustíveis fósseis quadruplicou. Agora, cooptamos entre 30% e 50% de toda a fotossíntese no planeta. Esse crescimento arbitrário fez com que a polui- \=aopassasse de um problema local para um ataque global. A reducáo do ozónio estratosférico e as con- centracóes dos gases de efeito estufa sáo complica- cóes óbvias, porém muitos outros efeitos nefastos estáo se manifestando. A súbita aceleracáo do crescimento populacional, o consumo de recursos e os danos ambientais mu- daram a face da Terra. Passamos a viver em um pla- Oq evitá-Ias? chefiada liéncia de Europa,dos trália - procurl meio de urna Q1 abrangente: críticos" planetários, te global em um de tudo o que Coi Wito Após examinar llIIlIIt10SC nares de sistemas fíSicos e -~c- que nove proeessos ambieocüs amiopllmcial de ar- ruinar a capacidade do planeta de susrmrnr vida hu- mana. Em seguida, estipulamos limites para eJes - urna faixa dentro da qual a bnmanidade pode operar em seguranca, Sete processos apresenram um limite preciso (ver ilustraflio no pág. 29), definido científi- camente por um úniro número (que obviamente con- tém certa margem de incerteza). Tris deles - a mu- danca climática, a acidificacáo oceánica e a reducáo Junho 2010

Limites Para Um Planeta Sustentavel Sciam

Embed Size (px)

DESCRIPTION

CIENCIAS DO AMBIENTE

Citation preview

  • Cientistas estabeleceram valores para processos ambientaisbsicos que, se ultrapassados, podem arneacar a sustentabilidadeda Terra. Lamentavelmente, tres deles j foram excedidos

    POR JONATHAN FOLEY

    LIMI;TESPARA UM;

    PLANETA SUSTENTAVEL

    CONCEITOS-CHAVE Embora a mudan~ dimti-

    ca seja foco de grandeaten~o, a perda de biodi-versidade e a polui~o pornitrogenio excedem oslimites seguros em grausmais acentuados. Outrosprocessos ambientais ru-mam para niveis perigosos.

    Adotar imediatamentefontes de energia de baixaemisso de carbono, res-tringir o desmatamento erevolucionar as prticasagrcolas so medidas de-cisivas para tomar a vidahumana na Terra maissustentvel.

    - Os editores

    28 SCIENTlFIC AMERICAN BRASil

    Durantequase 10 mil anos - desde os primr-dios da civilizaco e do Holoceno -, nossomundo foi inimaginavelmente grande. Vas-tides de terras e oceanos ofereciam recursos infi-nitos. Os humanos podiam poluir a vontade e evi-tavam repercusses locais simplesmente ao se mu-dar para outro lugar. POyOSconstruram impriose sistemas econmicos alicercados em sua capaci-dade de explorar o que presumiam ser riquezas ine-xaurveis. E jamais se deram conta de que esse pri-vilgio teria fimo

    Entretanto, gra\=as aos avances na sade pbli-ca, a Revoluco Industrial e, mais tarde, a Revolu-co Verde, a populaco mundial saltou de cerca de1 bilho de pessoas, em 1800, para quase 7 bilheshojeo S nos ltimos 50 anos, nosso nmero maisque dobrou. Alimentada pela riqueza, a utilizacode recursos tambm atingiu nveis assustadores. Em50 anos, o consumo global de alimentos e guadoce mais que triplicoue o de combustveis fsseisquadruplicou. Agora, cooptamos entre 30% e 50%de toda a fotossntese no planeta.

    Esse crescimento arbitrrio fez com que a polui-\=aopassasse de um problema local para um ataqueglobal. A reduco do oznio estratosfrico e as con-centraces dos gases de efeito estufa so complica-ces bvias, porm muitos outros efeitos nefastosesto se manifestando.

    A sbita aceleraco do crescimento populacional,o consumo de recursos e os danos ambientais mu-daram a face da Terra. Passamos a viver em um pla-

    Oqevit-Ias?chefiadalincia deEuropa,dostrlia - procurlmeio de urna Q1abrangente:crticos" planetrios,te global em umde tudo o que j Coi Wito

    Aps examinar llIIlIIt10SC

    nares de sistemas fSicos e -~c-que nove proeessos ambieocs amiopllmcial de ar-ruinar a capacidade do planeta de susrmrnr vida hu-mana. Em seguida, estipulamos limites para eJes -urna faixa dentro da qual a bnmanidade pode operarem seguranca, Sete processos apresenram um limitepreciso (ver ilustraflio no pg. 29), definido cientfi-camente por um niro nmero (que obviamente con-tm certa margem de incerteza). Tris deles - a mu-danca climtica, a acidificaco ocenica e a reduco

    Junho 2010

  • E/':&'~-&.~~${ij,~fii"~ A...#s.l !;f

    ~fIJ "'~rlJ~i2usvj

    ea '"1. .J.~~C'&I)'_ '#, .-'lo. "F'q, .

    ~>,.. :s'Fe,& f.qQ 0'& "1. "1.'"'>'ATUAL: 283~ .. LIMITE: 276 'fiI,".e -..-.- .

    ~,. a)(a de e)(tinqOlrni\\"IOes de espcies por ano)\I~ p!\-INoUSTf\\p.!..: 0,'\ *'\,0~1\lp.!..: .,,\00I.It

  • C02. Em nossa anlise propomos uma meta conser-vadora, em longo prazo, de 350 ppm, para manter oplaneta bem distante de pontos crticos climticos.Mas, para atingir essa meta, o mundo precisa agirimediatamente para estabilizar as emisses e, nasprximas dcadas, reduzi-las substancialmente .

    Acidificafiio oce!inica - Esse o primo menos co-nhecido da mudanca climtica. A medida que asconcentraces atmosfricas de C02 aumentam, aquantidade de dixido de carbono que se dissolve nagua em forma de cido carbnico cresce, deixandoa superficie ocenica mais cida. Os oceanos so na-turalmente neutros, com um pH de aproximada-mente 8,2,mas os dados mostram que esse valor jcaiu para quase 8 e continua baixando. A mensura-

  • concordam com os nmeros que estipulamos. Talvezo comentrio mais importante seja que, ao determi-nar limites, podemos estar encorajando as pessoas apensar que a destruico ambiental aceitvel, desdeque ela semantenha dentro dessas delimitaces, Paraque fique bem claro, isso nao o que propomos! Asociedade nao deve permitir que o mundo se enea-minhe para um limite antes de agir. Um avance de30% a 60% rumo a qualquer fronteira de seguran-ea tambm causar danos severos. Instamos as pes-soas a serem suficientemente espertas e altrustas(em relaco a geraces futuras) e ficarem o mais lon-ge possvel dos limites, porque todos eles represen-tam uma crise ambiental.

    A maioria das crticas tem sido razovel, e previ-mos muitas delas. Sabamos que a noco de limitesexigira mais estudos - particularmente para aprimo-rar os nmeros. Mas sentimos que o conceito era po-deroso e ajudaria a estruturar um pensamento coleti-vo sobre limites ambientais para a existencia humana.E espervamos que os resultados estimulassem dis-cuss6es na comunidade cientfica. Parece que esse de-sejo se concretizou.

    ~:

    ~oexz..'"~~~o:'"2~~-c'"oo'"~-cz..:ti::

    ~

    ~oo..~8

    Ponto de PartidaA medida que o mundo se empenha em atender asexigencias econmicas, sociais e ambientais para asustentabilidade global, preciso respeitar um amploconjunto de limites planetrios. A sociedade j come-cou a enfrentar alguns desafios, mas apenas de ummodo incipiente e parcial, tomando cada limite isola-damente. Entretanto, as delimitaces esto intima-mente interligadas. Quando um limiar transposto,ele exerce presso sobre outros, aumentando o riscode excede-los. Por exemplo, ultrapassar a barreira daseguranca climtica pode impulsionar os ndices deextinco. Similarmente, a poluico por nitrognio efsforo tem o potencial de minar a capacidade de re-cuperaco de ecossistemas aquticos, acelerandoacentuadamente a perda de biodiversidade. Indepen-dentemente de quanto as nossas soluces trn sidobem-intencionadas, a tentativa de resolver um fatorde cada vez fracassar com grande probabilidade.

    Nesse momento crtico, nao basta que os cientis-tas apenas definam os problemas e cruzem os bracos,necessrio comecar a propor soluces. Eis algumasideias iniciais:

    Fazer a transico para um sistema energticoeficiente, de baixo teor de carbono. As premen-tes questes da mudanca climtica e acidifica-c;ao ocenica exigem que estabilizemos as con-centraces atmosfricas de C02 o quanto antese preferivelmente abaixo de 350 ppm. Essa mu-danca implicar grandes aprimoramentos da

    www.sciam.com.br

    GIGANTESCAS FLOREScENCIAS DEalgas no mar Negro (redemoinhosverdes na parte inferior) soalimentadas por escoamentosagrcolas levados pelo rioDanbio (embaixo), matando avida aqutica - um exemplo danatureza interligada deprocessos ambientais vitais,como o uso da terra e dabiodiversidade.

    PARACONHECER MAlS

    A safe operating space forhumanity. Johan Rockstrrn et al.,em Nature, vol. 461, pgs. 472-475,24 de setembro de 2009.

    Commentaries: planetaryboundaries. Nature ReportsClimate Change, vol. 3, pgs.112-119,outubro de 2009.http://blogs.nature.com/climatefeedback/2009/09/planetary-boundaries.html

    Planetary boundaries: exploringthe safe operating space forhumanity, Johan Rockstrrn et al.,em Ec%gy and Society, vol. 14,n 2, artigo 32, 2009.www.stockholmresilience.org/planetary-boundaries

    eficiencia energtica e uma subsequente ofertaproporcional de fontes alternativas de energiade baixo carbono.

    Refrear drasticamente o desmatamento, sobre-tudo nos trpicos, e a degradaco das terras.Muitos limites planetrios, particularmente aperda de biodiversidade, esto comprometidosem raza o da incessante expanso de assenta-mentos humanos.

    Investir em prticas agrcolas revolucionrias.Vrios limites, inclusive os ligados a poluico denitrognio e ao consumo de gua, so afetadospor nossos sistemas agrcolas industrializados.Abordagens inovadoras so possveis, entre elaso desenvolvimento de novas variedades deplantas e tcnicas de agricultura de precisa o,alm da utilizaco muito mais eficiente de guae fertilizantes.

    A medida que implantarmos soluces, devemosreconhecer que nao existe um simples manual deregras para alcancar um futuro mais sustentvel.Ao avancarrnos, desenvolveremos novos princ-pios operacionais para nossos sistemas econmi-cos, instituices polticas e aces sociais, manten-do-nos rigorosamente atentos a nossa limitadacompreenso dos processos humanos e ambien-tais. Quaisquer padr6es de referencia ou prticasinovadoras devem nos permitir reagir a alteracesnos indicadores da sade ambiental e necessidadessociais. Isso nos ajudaria simultaneamente a me-!horar a resilincia de sistemas naturais e humanos,para que eles se tornem mais robustos e menos vul-nerveis a choques inesperados com muita proba-bilidade de ocorrer. Para maximizar essa capaci-dade rpida de recuperaco, teremos de fazer omelhor possvel para viver dentro dos limites deum planeta que est enco!hendo. _

    SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL 31

  • COMOENFRENTARAMEACASI

    Especialistas revelam El ScIENllFIC AMERICAN quais aces rnsntero os processos sob controle

    CICLO DO NITROGENIOo PERDA DE BIODIVERSIDADE.......................... _ _ .Gretchen C. Daily, professora de ciencia ambiental, Stanford University Robert Howarth, professor de ecologia e biologia ambiental,

    Come" University

    mneas, em vez de milho, pois as perdasde nitrogenio so muito inferiores.

    A poluko por nitroqnio resultanteda chamada Operaco Concentrada deAlimenta~oAnimal (Cafo, na sigla emingles) constitui um problema enorme.H relativamente pouco tempo, nosanos 70, a maioria dos animais era ali-mentada com plantas cultivadas local-mente e os dejetos retomavam as lavou-ras como adubo. Hoje, porm, eles sotratados com produtos cultivados a cen-tenas de quilmetros de distancia, tor-nando o retomo do esterco ao campo"antieconmico". A solu~o? Exigir queos praticantes da Cafo processem osrefugos animais, exatamente como osmunicpios so obrigados a fazer com amatria residual humana. Alm disso, seconsumssemos menos came, haveriamenos dejetos e menos fertilizantes sin-tticos seriam necessrios para cultivaralimentos para as cria~es. O ideal seriacomer came procedente de animais cria-dos em pastos de gramneas perenes.

    A explosiva expanso da produ~ode etanol como biocombustvel tam-bm agrava seriamente a poluico pornltroqnio, Vrios estudos sugeriramque, se as metas de etanol estipuladaspelos Estados Unidos forem akarcadas,a quantidade de nitroqnio que descero rio Mississippi para alimentar as zonasmortas no Golfo do Mxico poderaumentar de 30% a 4O%.A melhoraltemativa seria abrir mo da produ~aode etanol de milho. Seo pas querdepender de biocombustveis, seriamelhor cultivar gramneas e rvorespara queim-Ias e gerar calor e eletrici-dade. A poluko de nitroqnio e asemisses de gases de efeto estufaseriam muito inferiores.

    A atividade humana alterou acentuada-mente o fluxo de nitrogenio ao redor doglobo. O maior contribuinte isolado pa-ra isso a aplica~o de fertilizantes. En-tretanto, a queima de combustiveis fs-seis domina o problema em algumasregies, como no nordeste dos EstadosUnidos. Nesse caso, a soluco conser-var energia e utiliz-Ia com mais eficien-cia.Veculos hbridos constituem umaexcelente opco: as emisses de nitroge-nio so significativamente inferiores asde modelos tradicionais, porque os mo-tores desligam enquanto o veculo estestacionrio. (As emisses de veculostradicionais na realidade aurnentamquando o motor funciona em marchalenta.) As emisses de usinas eltricasdos Estados Unidos tambm poderiamser muito reduzidas se as instala~esque transgridem a Lei do Ar Puro e suasemendas fossem obrigadas a respeit-las. Proporcionalmente, essas usinas po-luem muito mais que a quantidade deeletricidade que produzem.

    Na agricultura, muitos fazendeirospoderiam utilizar menos fertilizantes e,ainda assim, as quedas de produtivida-de seriam mnimas ou inexistentes. Oescoamento superficial de lavouras demilho em particular evitvel porquesuas razes penetram apenas algunscentmetros no solo e assimilamnutrientes s durante dois meses doano. Alm disso, as perdas de nitrogeniopodem ser reduzidas em 30% ou maisse os agricultores plantarem lavourasde cobertura no invemo, como centeioou trigo, que ajudam o solo a reter nitro-genio. Essasculturas tambm favore-cem a reten~ao de carbono, mitigandomudencas dimticas, Melhor aindaseria cultivar plantas perenes, como gra-

    hora de enfrentar a dura realidade deque as abordagens tradicionais de con-serva~ao de espcies especficas estocondenadas ao fracasso. As reservasnaturais existentes so pequenasdemais, pouco numerosas, muito isola-das e excessivamente sujeitas a mudan-~s para poderem sustentar mais queapenas uma diminuta fra~o da biodi-versidade da Terra. O desafio tomar aconservaco atraente - sob perspectivaseconmicas e culturais. Nao podemoscontinuar tratando a Natureza como umbufe de consumo ilimitado.

    Dependemos dela para a nossaseguran~ alimentar, gua limpa, estabi- .lidade dirntica, peixes e frutos do mar,madeira e outros servkos biolgicos efsicos. Paramanter essesbenefcios, naonecessitamos apenas de reservas remo-tas, mas de muitas reas protegidas eamplamente espalhadas - como" esta-~es de servi~os de ecossistemas" .

    Alguns pioneiros estao integrando aconserva~o e o desenvolvimentohumano. Ogovemo da Costa Ricaremunera proprietrios de terras pelosservi~osdos ecossistemasde florestastropicais, inclusive a compensa~o decarbono, prod~ de energia hidreltrica,con~o de biodiversidade e beleza

    cenica. A China est investindo US$ 100bilhes em "ecocorroensaco", queinclui polticas inovadoras e mecanismosfinanceiros para recompensar a conser-~o e a restaura~o. Alm disso, o pasest criando" reas de conservaco comfun~o ecossistrnica", que compem18% de sua rea terrestre. A Colmbia ea frica do Sul tambm adotaramdrsticas mudancas de polticas.

    Tresmedidas de vanguarda ajuda-riam o resto do mundo a ampliar essesmodelos de sucesso.Primeiro: novasciencias e ferramentas para valorizar econtabilizar o capital natural em termosbiofsicos, econmicos e outros. Porexemplo, o Projeto Capital Natural criouo software InVEST.que integra a valori-za~o de servkos ecosslstmicos etrocas, que govemos e corporacespodem empregar no planejamento dautiliza~o de terras e recursos, e nodesevolvimento de infraestrutura.Segundo: dernonstraces convincentesdessas ferramentas em polticas derecursos.Terceiro: cooperaco entregovemos, organiza~es de desenvolvi-mento, corporaces e comunidades paraajudar na~es a construr economiasmais durveis, conservando simultanea-mente servi~os ecossistmicos vitais.

    32 SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL Junho 2010

  • AMBIENTAIS

    1~i

    o CICLO DO FSFORO.... ..m"David A Vaccari. diretordeEngenharia Civil,Ambiental'e Oceanica,Stevens/nstitute ofTechnology

    Ademanda de fsforo est cr~endomais rpido que a populaco gra~ amelhoria das condi~es de vida. De acor-do com os ndices de consumo atuais, asreservas prontamente disponveis dura-ro menos de um sculo. Portanto, nos-50S dois objetvos so conservar o fsfo-ro como um recurso e reduzir seu escoa-mento das lavouras, o que danifica ecos-sistemas costeiros.

    O fluxo de fsforo mais sustentvelno meio ambiente seria o natural: 7milhes de toneladas por ano. Para atin-gir esse marco e ainda assim atender anossa demanda, de 22 milhes de tone-ladas/ano, teriarnos de reciclar ou reuti-lizar 72% do produto, e um aumento doconsumo implicaria uma reciclagemmais ihtensiva.

    possvel reduzir o fluxo com tecno-logias existentes. Tcnicas agricolas deconservagio, como plantio direto e ter-raceamento, poderiarn limitar a quanti-dade de fsforo que entra nos ros,a ra-zo de 7,2 milhes de toneladas por ano.A maior parte est contida em dejetosde animais de fazendas que ainda naosao reciclados - cerca de 5,5 milhes detoneladas/ano acabam nos mares - epoderia ser eliminada no transporte doestrume at reas agricolas para seraplicado como adubo. No caso dosresduos humanos, as tecnologiasexistentes podem aumentar a recupera-ga entre 50% e 85%, economizando 1milhao de toneladas/ano.

    Com base no que praticvel, emvez do que necessrio para evitar ce-nrios perigosos, essas a~es so per-feitamente viveis. E reduziriam o des-perdcio em vias aquticas de 22 para8,25 milhes de toneladas/ano - naomuito acima do fluxo natural.

    ~..~U!~9.~t~~!~J]~Adele C.Monis, diretora de polticas'do Projetode Ciencia Econ6mica Clim-tica e Energtica, Brookings Institution

    Embota aparentementeseja {ma ded-sao dentfflCa, detenninar uma concen-tra

  • ACIDIFICACAOOCEANICA .Scott C.Doney, cientista senior,Instituto Oceanogrfico Woods Hole

    Os oceanos esta o ficando mais cidospor causa das ernisses mundiais dedixido de carbono, porm existemsoluces globais, regionais e locaisviveis. Em termos globais, precisamosparar de lan~r C02 na atmosfera e,talvez, em algum momento, fazerretroceder sua concemraco a nveispr-industriais. As principais tticasso melhorar a eficiencia energtica,adotar energia renovvel e nuclear,proteger florestas e explorar tecnolo-gias para o sequestro de carbono.

    Regionalmente, o escoamento denutrientes para guas costeiras naoapenas cria zonas mortas, mas amplifi-ca a acidifica~o. O excesso de nutrien-tes estimula o crescimento do fitoplnc-ton e, a medida que este morre, o CO2oriundo de sua decornposko acidificaa gua. Precisamos ser mais inteligen-tes sobre como adubamos lavouras egramados, e como tratamos o estrumede animais e nossos prprios sistemasde esgoto. Outra medida reduzir achuva cida, causada principalmentepor ernlsses de usinas eltricas eindustriais. A chuva nao para ao atingira linha costeira.

    Localmente, a gua acdica poderiaser protegida com calcrio ou bases qu-micas produzidas eletroquimicamente apartir de gua e rachas marinhas. Maisprtico, porm, provavelmente prote-ger vivedouros especficos' para crust-ceos e indstrias pesqueiras de aquicul-tura. Moluscos larvais, como mexilh6es,mariscos e ostras, parecem ser maissuscetiveis a acidifica~o que adultos, ereciclar conchas velhas no lodo podeajudar a proteger o pH e proporcionarum substrato melhor para a fixa~olarval.As incubadoras de crustceospodem controlar a qumica da gua eproduzir espcies mais robustas.

    Espera-se que a queda do pH oce-nico acelere nas prximas dcadas; por-tanto, os ecossistemas marinhos tero deseadaptar. Podemos aumentar suaschances de sucesso ao restringirmos ou-tras agress6es, como a polui~o da guae a sobrepesca, tomando-os maiscapazes de resistir a certa acidifica~o,enquanto nos afastamos de uma econo-mia baseada em combustiveis fsseis.

    34 SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL

    ~~!I~~~~~..~.~...~~.~~~~~Peter H.Gleick, presidente do Pacific Institute

    Poucos observadores racionais negam anecessidade de se estabelecerem limitespara o consumo de gua doce. Mais con-troverso defini-Ios ou determinar quemedidas devero ser tomadas para quenos restrinjamos a eles.

    Outra maneira de desaever essa res-tri~o o conceito de "pico d'gua"(quando o ndice de demanda maiorque o do reahastecimento do suprimen-to). Tres ideias diferentes silo teis. Iimi-tes de "picos renovveis" constituem ototal de fluxo renovvel de um desagua-douro, ou bacia hidrogrfica. Muitos dosprincipais rios da Terra j se aproximamdesse limite - quando a eveporaco e oconsumo ultrapassam o reabastecimen-to natural por meio da predpitaco oude outras fontes. Limites de pico" naoreno-vveis" se aplicam onde o consu-mo de gua por humanos excede emmuito os ndices de reahastecimentonatural, como nas hacias fsseis deguas sebterrneas das grandes plan-cies.LJbia, India, norte da China e partesdo vale central da Califmia. Nessasbacias, um aumento de extra~ao seguido por um equilbrio e depois umaredu~o, a medida que os custos e osesforcos necessrios para conseguiraumentar novamente o recurso min-guante se elevam - um conceito similarao do pico de produ~o de petrleo.

    gua de "pico ecolgico" a ideiade que retiradas crescentes de um siste-ma hdrico acsbaro atingindo um pon-to em que qualquer beneficio econmicoextra para extrair a gua suplantadopela destrui~o ecolgica adicionalcausada por isso. Embora seja difcil

    quantificar precisamente esse ponto, jexcedemos claramente o pico ecolgicoda gua em muitas bacias ao redor domundo, onde ocorreram danos imensos,como no mar de Aral, nos Everglades,no vale Sarrarnento-So Joaquim e emmuitas bacias fluviais na China.

    A boa noticia que o potencial paraeconomizar, sem prejudicar a sade hu-mana ou a produtividade econmica vasto. possvel promover melhorias naeficiencia do consumo de gua em mui-tos setores. Podem-se cultivar maisalimentos com menos gua (e menorcontamina~o desta) ao passar dairriga~o convencional por asperso,para sistemas de gotejamento esprinklersde predso, juntamente com omonitoramento e o gerenciamento maisacurado da umidade do solo. Usinaseltricas convencionais podem passardo resframento a gua para um resfra-mento a seco, e mais energia pode sergerada porfontes que utilizam nenhu-ma ou extremamente pouca gua,como clulas fotovoltaicas e energiaelica. Nas residencias, milhoes depessoas podem substituir dispositivosineficientes por outros mais funcionais,particularmente mquinas de lavar,instala~oes sanitrias e chuveiros.

    DEGRADACAO DOOZONIO .David W.Fahey, fsico,Administra~oNacional Qceanica eAtmosfrica

    No decorrer de duas dcadas, o Protoco-lo de Montreal, nos termos daConven~ao de Viena para a Prot~ao daCamada de Oznio, reduziu em 95% autiliza~ao de substancias queempobrecem o oznio - especialmenteos clorofluorcarbonos (CFCs)e os halons.A partir de 1Q de janeiro, sua produ~ofoi suspensa nas 195 naces signatriasdo protocolo. Como resultado disso, adegrada~o do oznio estratosfricoreverter, em grande parte, at 21 OO.Essaconquista dependeu, em parte, desubstitutos intermedirios, notadamenteos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e acrescente utiliza~o de compostos quenao provoca m degrada~ao, como oshidrofluorcarbonos (HFCs).

    O atual sucesso depende devrios passos: Continuar observando a camada

    de oznio, para detectar imedia-tamente quaisquer mudencasinesperadas. Garantir que as na-~6es de fato sigam os regulamen-tos; por exemplo, a elimina~aopaulatina dos HCFCs,que s sercompletada em 2030.

    Manter o Painel deAvalia~ao Cien-tfica sob o protocolo. Ele atribuicausas as mudancas na camadade oznio e avalia novas substan-cias qumicas quanto ao seu po-tencial de destru-la e contribuirpara a rnudanca climtica.

    Mantero Painel deAvalia~aoTec-nolgica e Econmica. Elefomece ntormaces sobretecnologias e compostos substi-tutos que aju-dam as naces adeterminar como a demanda dedispositivos para refrigera~ao, ar-condicionado e materiaisisolantes de espu-ma pode seratendida, protegendo simultane-amente a camada de oznio,

    Os dois painis tambm tero deavaliar, em conjunto, as

    rnudancas climticas e arecuperaco da

    camada de oznio,

    I:;;z:;:

    ~~zo2j

    '"-c8j

    "'81.p~'e

    f~s11

    1z~~~~

    BURACO DEOZNIO(azul)

    Junho 2010