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1 Linearidades CENTRO BRASILEIRO DE ESTUDOS EM ECOLOGIA DE ESTRADAS | ANO 0 | N. 4 Entrevista Carlos A. F. Freire ABCR Ar+go Atropelamentos na BR040 Workshop em Julho Ecologia de Estradas: Experiências Aplicadas

Linearidades Ano 0 | N 4

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Revista mensal do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

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EntrevistaCarlos  A.  F.  Freire    -­‐  ABCRAr+goAtropelamentos  na  BR-­‐040Workshop  em  JulhoEcologia  de  Estradas:  Experiências  Aplicadas

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ENTREVISTA: DR. CARLOS FREIRE - ABCR

Carlos Alberto Felizola Freire

S e c r e t á r i o - E x e c u t i v o d a Associação Bras i le i ra de Concessionárias de Rodovias – ABCR

Em poucas palavras, o Sr. poderia descrever a ABCR e suas funções?

A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR é uma entidade nacional que tem por finalidade congregar as associadas, visando promover a defesa de seus interesses e a harmonia das relações entre as associadas e entre estas e o poder público; colaborar para o desenvolvimento tecnológico do setor; promover ações coordenadas com out ras ent idades de c lasse, especialmente concessionárias de serviços públicos, para alcançar objetivos de interesse comum; promover intercâmbio com entidades estrangeiras similares e com agências públicas de financiamento a programas de infraestrutura; orientar suas associadas quanto a procedimentos técnicos, jurídicos, econômicos e financeiros, entre outros; manter serviço de informação às associadas e ao público, de modo geral.

Atualmente a ABCR reúne quantas concessionárias de rodovias? E isso totaliza quantos quilômetros de rodovias?

A ABCR conta em seus quadros com 55 associadas, concessionárias privadas de serviço público de operação de rodovias, atuando em nove estados e explorando 15.473 quilômetros de rodovias.

Entre tantas nuances envolvidas na concessão de rodovias, como a ABCR aborda a questão ambiental?

A questão ambiental, aqui considerada no seu conceito mais amplo, qual seja, o de sustentabilidade, é alvo de atuação de todas as associadas, não apenas por constituir obrigação contratual, mas também por se tratar de compromisso social, como regra assumida por todas elas, de dar total atenção à questão da sustentabilidade. A atuação delas não se limita apenas à mitigação ambiental, no sentido de recuperação de áreas degradadas, mas também ao enquadramento de seus projetos de engenharia rodoviária segundo os preceitos da boa técnica e convivência harmoniosa com o meio ambiente. Por outro lado, as concessionárias não limitam suas ações apenas às questões diretamente relacionadas com o meio ambiente, mas têm forte enlace com a execução de programas sociais, culturais, esportivos e de bem-estar social das comunidades lindeiras às rodovias que administram.

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REVISTA ANTT

A Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) possui uma revista que objetiva “disponibilizar um meio de divulgação para os trabalhos técnicos-científicos produzidos no âmbito da ANTT e externamente, servindo de canal de comunicação entre o conhecimento produzido na Agência e outras instâncias”. Neste sentido sugerimos a leitura do artigo escrito por Cabus (2012), publicado na última edição da revista. Vários trabalhos desenvolvidos em ecologia de estradas se enquadram no contexto desta revista.

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Qual o percentual de rodovias vinculadas a ABCR que possuem ou estão em processo de obtenção de ISO 14000 ou outra certificação ambiental? Existe uma busca efetiva por esta certificação?

Infelizmente a ABCR não dispõe deste dado no momento. Todavia, diante da indagação, sem dúvida alguma importante já orientou nosso setor de informação no sentido de coletá-lo e o inserir em nosso banco de dados (SISCROD).

Pode-se afirmar, sem medo de errar, que as associadas, de modo geral, procuram obter certificação da ISO em todas as modalidades compatíveis com as atividades que elas desenvolvem.

O Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas visa desenvolver ações de capacitação, desenvolvimento de tecnologia, pesquisa científica e políticas públicas de forma a reduzir impactos ambientais de rodovias. Como o Centro pode atuar junto da ABCR para estabelecer parcerias em um ou mais destes temas?

Trata-se de assunto que deve ser avaliado com maior tempo pelos nossos setores de engenharia e de política ambiental, pois seria preciso conhecer melhor os objetivos, programas e formas de atuar do Centro. Não obstante, pode-se afirmar que todo o esforço de capacitação técnica ou profissional que vise agregar conhecimento e tecnologia aos programas de trabalho da ABCR será sempre bem visto e recebido.

 

A legislação ambiental tem sido amplamente aplicada em concessionárias de rodovias, tendo em vista que existe um contrato de concessão firmado com governos estaduais e federais. A mesma legislação rege as demais rodovias, mas, no entanto o nível de cobrança é muito menor. Como a ABCR se posiciona a este respeito?

É inegável que as medidas de redução de impactos ambientais nas rodovias concedidas representam elevado custo para as operadoras. Esses valores estão orçados em suas propostas apresentadas ao poder concedente por ocasião da licitação, não contando a ABCR com tal informação. De igual modo desconhece a entidade o percentual desses investimentos em relação ao faturamento de cada empresa.

Quanto ao rigor maior na aplicação da legislação ambiental às concessões de rodovias sob regime privado, diferentemente daquelas operadas pelo setor público, diríamos não ser bem  apropriado alegar maior rigor em relação às primeiras. Deve-se ter em conta que os contratos de concessão de rodovias são fatos recentes no direito brasileiro, ou mais precisamente, decorrem basicamente do programa de desestatização resultante das disposições da Lei Federal 8.987/95, enquanto as demais rodovias que compõem a malha rodoviária pavimentada brasileira não concedida foram implantadas quando as questões ambientais não tinham a relevância de hoje. São, na sua maioria, estradas antigas, com padrões de engenharia da época, e que por essa razão exigem estudos e investimentos volumosos para se ajustarem às exigências legais e sociais de nosso tempo.

Currículo

Administrador graduado pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, da Fundação Getúlio Vargas, RJ/BR.

Atuações anteriores

• Vice-Presidente da Associação de Construtoras de Centrais Energéticas – ACCE

• Diretor Financeiro da DERSA

• Diretor Financeiro da EMTU

• Diretor Financeiro da EMPLASA

• Diretor Administrativo da EMURB

• Diretor da Companhia Construtora Brasileira de Estradas – CCBE

• Presidente da PLANASA

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E AS FERROVIAS ???Durante muito tempo temos discutido a questão de impactos ambientais de rodovias sobre a biodiversidade, entretanto temos obrigação de ampliar o processo de discussão para as ferrovias.

Claramente o desenvolvimento de monitoramentos de atropelamento de fauna em ferrovias demanda delineamentos amostrais específicos. Neste sentido sugirimos fortemente a leitura do capítulo elaborado por Scoss e Câmara (2012).

Os processos identificados em rodovias se repetem neste outro ambiente, mas com particularidades específicas e ainda não compreendidas completamente.

Esta distância entre os estudos em rodovias e ferrovias não ocorre apenas no Brasil, sendo uma realidade mundial. Nossas atenções recaem mais sobre as rodovias por diversos motivos, envolvendo desde a facilidade amostral, até a maior percepção do impacto em rodovias devido ao uso diário deste ambiente. Entretanto os analistas ambientais que tem avaliado estudos de impacto ambiental são unânimes em afirmar a necessidade de ampliarmos os esforços de avaliarmos os efeitos em ferrovias, sobretudo devido a grande expansão esperada da malha ferroviária para os próximos anos no Brasil

Para os que ainda questionam este impacto, a foto em anexo foi obtida em um monitoramento de um trecho de apenas 1000m de ferrovia. O tamanduá mirim foi encontrado atropelado e menos de 20 minutos depois já estava sendo atacado pelo urubu, dando início ao processo cíclico de atropelamentos já amplamente discutido para rodovias.

Workshop Ecologia de Estradas: Experiências Aplicadas Continuam abertas as inscrições para o Workshop Ecologia de Estradas: Experiências Aplicadas, que será realizado na Universidade Federal de Lavras, entre os dias 26 e 29 de Julho.

Inscrições podem ser realizadas clicando aqui e o folder do Workshop está disponível on line.

Reforçamos que as inscrições e reserva de hotel devem ser realizadas com a maior brevidade possível. Isso se faz necessário devido a realização da formatura da Universidade Federal de Lavras quando os hotéis da cidade costumam ficar lotados e que ocorrerá concomitante ao Workshop.

O Workshop será realizado no Setor de Ecologia da Universidade Federal de Lavras, tendo início às 8:30h do dia 26 de Julho.

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BAFS - CBEEDepois de vários pedidos, estamos deslocando um bolsista para sistematizar dados de atropelamento de fauna existentes em qualquer meio digital. Se você possui informações ou sabe onde existem dados em pdf, excel, publicados, relatórios, .... entre em contado com o CBEE pelo email [email protected] e nós coletamos, sistematizamos e disponibilzamos seus dados no BAFS. Todas as informações são importantes para nós, mesmo as eventuais. Seja um colaborador do BAFS.

Agradecemos a Tathiana Bagatini e Clarice Vasconcelos pelas maiores cedências de

junho.

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PROJETOSazonalidade de atropelamentos e os padrões de movimentos em mamíferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora)

Cecília Bueno (1) & Paulo José A. L. de Almeida (2)

1- Projeto Caminhos da Fauna (Céu Aberto/Concer)/Departamento de Biologia - Universidade Veiga de Almeida

2 - Laboratório de Vertebrados, Departamento de Ecologia,UFRJ

A construção de estradas e rodovias, além de dificultar a dispersão também altera os movimentos de menor escala dos animais, como os movimentos direcionados para as atividades de forrageamento. Em mamíferos, padrões estacionais relacionados às atividades de forrageamento são conhecidos, dessa forma, testamos a diferença da frequência de atropelamentos desse grupo entre estações climáticas.

O objetivo desse estudo foi verificar a relação da frequência dos atropelamentos com a sazonalidade climática na rodovia Rio de Janeiro-Juiz de Fora (BR-040). Nossa hipótese de estudo foi de que durante a estação seca há maior frequência de atropelamentos, já que os mamíferos estariam mais vulneráveis aos atropelamentos na estação com menor disponibilidade de recurso, pois alteram seus padrões de deslocamento e andam áreas maiores (Almeida, 2007). Os resultados mostraram que a frequência dos atropelamentos foi significativamente maior na estação seca. Possivelmente, os animais estão mais suscetíveis às pressões estacionais na seca (escassez de alimento) e, como consequência, são obrigados a se deslocarem mais, mudando seus padrões de movimentos.

Após relacionamos o número de atropelamentos mensais com as duas estações climáticas mais marcantes: a estação seca (em

2007 entre abril e setembro e em 2008 entre maio e outubro, ver resultados) e a estação chuvosa (os seis meses do ano com maior precipitação acumulada), calculamos o número médio de atropelamentos para cada estação, considerando os meses do período do estudo. Para testar a hipótese de que há mais atropelamentos na estação seca, realizamos o teste de diferença de médias (p<0.05) (Spiegel, 1994), utilizando o programa Statistica versão 7.0 (Statsoft, 2001).

Foram registradas 147 ocorrências com mamíferos si lvestres desde o início do período de acompanhamento. Destas ocorrências, 91 mamíferos foram atropelados e mortos, e suas carcaças foram enviadas para o Museu Nacional.

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MÍDIAS SOCIAIS E A “REVOLUÇÃO VERDE”

Facebook e Twitter têm contr ibuído para a amplificação dos movimentos que buscam um mundo mais sustentável e socialmente justo. As mídias sociais são atualmente mais do que um instrumento para interação entre amigos ou profissionais, elas transformam o mundo a partir do momento em que promovem a interação entre bilhões de pessoas em pouco tempo.

As discussões sobre o Código Florestal e a Rio + 20 são exemplos, pois representam a força que as mídias têm para difundir notícias e até influenciar decisões governamentais em prol do desenvolvimento sustentável.

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Foram registradas quatro famílias com sete espécies de carnívoros neste período de monitoramento, sendo: Canidae Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766), cachorro-do-mato; Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815), (lobo-guará); Mustelidae Galictis cuja (Molina, 1782), furão; Procyonidae Nasua nasua (Linnaeus, 1766), quati; Procyon cancrivorus, mão-pelada); Felidae Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), jaguatirica; Puma yagouaroundi (É. Geoffory Saint-Hilare, 1803), jaguarundi.

As três espécies mais encontradas foram Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) (gambá-de-ore lha-preta) , Hydrochaer is hydrochaer is (Linnaeus, 1766) (capivara) e Sphiggurus villosus (F. Cuvier, 1823) (ouriço-cacheiro).

O teste de hipótese apontou que o número de a t r o p e l a m e n t o s n a e s t a ç ã o s e c a é significativamente maior (p=0,046; N=23) do que na estação chuvosa. Atribuímos essa diferença à escassez de recursos na estação seca, obrigando m a i o r d e s l o c a m e n t o d o s a n i m a i s , e consequentemente tornando-os mais suscetíveis aos atropelamentos.

Entender as causas dos atropelamentos é fundamental para promover sua mitigação

Não houve correlação significativa (r=0,072; p>0.05; N=23) entre o volume mensal de carros e o número de atropelamentos, ou seja, apesar do aumento no trânsito de veículos, ele não está associado ao número de atropelamentos. Dessa forma, nosso estudo confirmou nossa hipótese de que as variações nos atropelamentos são significativamente relacionadas às estações climáticas, particularmente considerando os parâmetros estudados para a rodovia Rio de Janeiro-Juiz de Fora, no período em questão.

Entender as causas e fatores que influenciam os atropelamentos de animais em rodovias é de fundamental importância para que medidas mitigadoras eficientes sejam implantadas, como, por exemplo, a localização de placas de alerta a passagem de fauna, redutores de velocidade, faunodutos e passarelas de fauna. Uma das iniciativas tomadas pela equipe do Projeto Caminhos da Fauna é a campanha educativa no período de seca junto aos inspetores de tráfego. Nela, os motoristas são alertados do maior movimento da fauna neste período, e recomendados a uma maior atenção e à diminuição da velocidade, principalmente no início da manhã e durante a noite.

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CONTRIBUIÇÕESA LINEARIDADES aceita contribuições nos seguintes segmentos:

Resenhas de projetos em desenvolvimento ou finalizados (não encaminhar propostas de projetos);

Resenhas de artigos científicos e monografias (graduação, mestrado, doutorado e especialização) (Encaminhar cópia em PDF junto com a resenha);

Notícias nacionais e internacionais;

Eventos;

Oportunidades de estágios, bolsas, empregos em Ecologia de Estradas;

Fontes de financiamento de projetos.

Quer submeter uma contribuição a Linearidades? Contate a responsável para receber as normas de encaminhamento.

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Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas

Universidade Federal de Lavras - Departamento de Biologia

Campus Universitário, s/n - Lavras - MG - 37200 000

Email: [email protected]

Web: www.dbi.ufla.br/cbee (em construção)

Telefone: 35 3829 1928

EQUIPE

CoordenaçãoAlex Bager

ResponsávelLívia VillelaEmail: [email protected].: 35 3829 1928