3
LIPPMANN, Walter. Opinião pública. Petrópolis: Vozes, 2010. p. 83 a 95. Resenha de AGUIAR, Juliana Camargo de. A problemática dos estereótipos. Em “Opinião Pública”, obra de 1922, Walter Lippmann faz uma abordagem crítica sobre um tema até então não discutido: “Estereótipos”. O autor acredita que nenhum relato é na verdade o fato em si, mas uma transfiguração daquilo que se presenciou. No capítulo de sua obra é descrita uma experiência no qual ocorre uma briga ensaiada entre um negro e um palhaço num congresso de psicologia, e a partir disso 40 relatos são feitos pelas testemunhas. Resultado: todos os relatos possuíam alguma distorção sobre o que realmente aconteceu. A responsabilidade pela distorção, segundo Lippmann, são as formas estereotipadas dos atores. Antes de se ver e conhecer um negro ou um palhaço, alguma informação prévia já havia chegado aos presentes, quanto a sua origem, gênero ou posicionamento. Essa prévia informação alterou a forma de ver a situação e dependendo de cultura, religião e vivência os relatos saíram com uma “opinião camuflada”. O cotidiano de inúmeras tarefas e pouco tempo faz- nos ser dependente dessa informação prévia e nos recorrer aos estereótipos prontos, sem que nos dê a chance de nos desapegarmos de nossas crenças, se aprofundar no assunto e obter o conhecimento por si só. Ou apenas a comodidade de ter um conceito sobre determinado assunto ou elemento nos faz apenas aceitar esses estereótipos. A dificuldade de evitar o uso dessas formas está também em quão fácil elas chegam até nós: família, religião,

Lippmann

Embed Size (px)

Citation preview

LIPPMANN, Walter. Opinio pblica. Petrpolis: Vozes, 2010. p. 83 a 95. Resenha de AGUIAR, Juliana Camargo de. A problemtica dos esteretipos. Em Opinio Pblica, obra de 1922, Walter Lippmann faz uma abordagem crtica sobre um tema at ento no discutido: Esteretipos. O autor acredita que nenhum relato na verdade o fato em si, mas uma transfigurao daquilo que se presenciou. No captulo de sua obra descrita uma experincia no qual ocorre uma briga ensaiada entre um negro e um palhao num congresso de psicologia, e a partir disso 40 relatos so feitos pelas testemunhas. Resultado: todos os relatos possuam alguma distoro sobre o que realmente aconteceu. A responsabilidade pela distoro, segundo Lippmann, so as formas estereotipadas dos atores. Antes de se ver e conhecer um negro ou um palhao, alguma informao prvia j havia chegado aos presentes, quanto a sua origem, gnero ou posicionamento. Essa prvia informao alterou a forma de ver a situao e dependendo de cultura, religio e vivncia os relatos saram com uma opinio camuflada. O cotidiano de inmeras tarefas e pouco tempo faz-nos ser dependente dessa informao prvia e nos recorrer aos esteretipos prontos, sem que nos d a chance de nos desapegarmos de nossas crenas, se aprofundar no assunto e obter o conhecimento por si s. Ou apenas a comodidade de ter um conceito sobre determinado assunto ou elemento nos faz apenas aceitar esses esteretipos. A dificuldade de evitar o uso dessas formas est tambm em quo fcil elas chegam at ns: famlia, religio, pas, jornais, filmes, novelas entre muitos outros. Tudo que est em nossa convivncia tende a carregar informaes e ter uma posio em relao a elas, influenciando em como tal situao ser vista por ns e ainda mais importante, em como ela ser passada.Embora reconhea os obstculos, Walter Lippmann prope que na criao do indivduo, este seja livrado de esteretipos e aprenda a ver os fatos por si, livre de preconceitos. Mas como isso possvel?Cada um nasce numa casa, sob uma cultura e sob crenas diversas. A falha no processo estaria em como se livrar de tudo isso pra a criao do filho, e depois, j grande, como o filho no teria nenhuma postura (religio, tradio, estudo) quando fosse obter um novo conhecimento conhecimento?!Ainda que a conscincia sobre os esteretipos fosse coletiva e houvesse a melhora em relao aos preconceitos em tentar ver os diversos ngulos que os fatos possuem, qual a verdade do fato? O fato sempre estar sob a viso de algum, e a viso de algum nunca nula. Assim como um pesquisador ao definir sua linha de pesquisa usa alguma corrente, tais como funcionalismo, positivismo, dialtica entre outras, mesmo que no queira, influenciar na metodologia e dessa forma nos resultados, portanto, o fato relativo, e assim cada um acaba desenvolvendo seu prprio esteretipo. utopia imaginar que eles sero extintos, porm, vale a pena parar e pensar antes de um julgamento prvio.