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LISTA 01 63 PAUTAS MUSICAIS in TRADIÇÃO de SERPA, publicada entre Janeiro de 1899 e Junho de 1904 01 - AOS RÊIS (CANTICO) Tradição Anno I - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1899 - série I, p. 8 (letra) e 9 (pauta). Muitas creanças em trajo, por assim dizer, de carnaval continuam a pristina usança de esperar os Réis (que hão-de chegar das bandas do Oriente) visitando as familias das relações mais intimas; pelo que recebe a petizada quantos mimos e gulodices inventou entre nós a conservaria dos conventos. Além d'isto, que se verifica em a noite de 3 de Janeiro, ha ainda os descantes aos Rêis, realisados pelo mesmo modo e nas mesmas condicões dos descantes ás Janeiras. Publicâmos hoje a musica dos coros - a primeira do nosso Cancioneiro - e eis as quadras que lhe correspondem: AOS RÊIS - Quaes sã' n'os trés cavalhêros Que fazem sombra no mára? - Sã'n'os trés de o Oriente, Que a Jàsus veem buscára. Não préguntam por poisada, Nem aonde pernoitára; Só précuram n'o Deus-Menino: Aonde o irão achára? Foram-n'o achar em Roma Revestido no altára, Com trés mil almas de roda, Todas para commungára. Missa-nova quer dizéra, Missa-nova quer cantára: São João ajuda á missa, São Pedro muda o missála. M. DIAS NUNES. 02 - Manuelsinho, você chora (CHOREOGRAPHICA) Tradição Anno I - Nº 2 - Serpa, Fevereiro de 1899 - série I, p. 24 (letra) e 25 (pauta). Manuelsinho, você chora, Você chora, quem lhe deu? Qual seri' ó atrevido Que o Manuelsinho offendeu! Rufam-se as caixas no Porto, E o meu coração no teu! Manuelsinho, você chora, Você chora, quem lhe deu? Notas. - A musica d este resquebre, inserta n'outro logar da nossa revista, convém precisamente aos bailes de roda e ao meio, já descriptos. Como o resquebre é composto de duas quadras, ha que bisar, dois a dois, os versos das cantigas que quizermos subordinar á moda do Manuelsinho.

Lista 1_63 Partituras

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Cante Alentejano

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LISTA 0163 PAUTAS MUSICAIS

in TRADIÇÃO de SERPA, publicada entre Janeiro de 1899 e Junho de 1904

01 - AOS RÊIS (CANTICO)Tradição Anno I - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1899 - série I, p. 8 (letra) e 9 (pauta).

Muitas creanças em trajo, por assim dizer, de carnaval continuam a pristina usança de esperar os Réis (que hão-de chegar das bandas do Oriente) visitando as familias das relações mais intimas; pelo que recebe a petizada quantos mimos e gulodices inventou entre nós a conservaria dos conventos. Além d'isto, que se verifica em a noite de 3 de Janeiro, ha ainda os descantes aos Rêis, realisados pelo mesmo modo e nas mesmas condicões dos descantes ás Janeiras.Publicâmos hoje a musica dos coros - a primeira do nosso Cancioneiro - e eis as quadras que lhe correspondem: AOS RÊIS

- Quaes sã' n'os trés cavalhêrosQue fazem sombra no mára?

- Sã'n'os trés de o Oriente,Que a Jàsus veem buscára.

Não préguntam por poisada,Nem aonde pernoitára;

Só précuram n'o Deus-Menino: Aonde o irão achára?Foram-n'o achar em Roma

Revestido no altára,Com trés mil almas de roda,

Todas para commungára.Missa-nova quer dizéra,

Missa-nova quer cantára: São João ajuda á missa,São Pedro muda o missála.

M. DIAS NUNES.

02 - Manuelsinho, você chora (CHOREOGRAPHICA)Tradição Anno I - Nº 2 - Serpa, Fevereiro de 1899 - série I, p. 24 (letra) e 25 (pauta).

Manuelsinho, você chora,Você chora, quem lhe deu?

Qual seri' ó atrevidoQue o Manuelsinho offendeu!Rufam-se as caixas no Porto,

E o meu coração no teu!Manuelsinho, você chora,

Você chora, quem lhe deu?

Notas. - A musica d este resquebre, inserta n'outro logar da nossa revista, convém precisamente aos bailes de roda e ao meio, já descriptos. Como o resquebre é composto de duas quadras, ha que bisar, dois a dois, os versos das cantigas que quizermos subordinar á moda do Manuelsinho.

M. DIAS NUNES

03 - Vai colher a Silva (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno I - Nº 3 - Serpa, Março de 1899 - série I,p. 41 (pauta) e 42 (letra).Pode ouvir em: cantoalentejano/ouvir/mid=48 pelo Grupo Coral e Etnográfico "Amigos do Alentejo" do Feijó (Almada)

Modas - estribilhos alemtejanasVae colher a silva

Vae colhél-a silva, Vae colhél-a, vae!Se a fores colhéra, Não digas-ai !ai!

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Não digas - ai! ai! Não digas-ai! ui!Vae colhél-a silva, Vae, que eu lambem fui.

Notas. - Esta moda foi a predilecta do povo serpense durante o carnaval. Em andamento de alegreto, dança-se ao meio, nos bailes de roda, conforme a descripção feita em o numero antecedente da nossa revista.- Na linguagem popular, quando á forma verbal terminada em r segue immediatamente o, a, os, as, seja embora artigo, aquella lettra é geralmente substituida pela euphonica l, tal como acontece em Vae colhél-a silva.

M. DIAS NUNES.

04 - Os OLHOS da Marianita (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno I - Nº 4 - Serpa, Abril de 1899 - série I,p. 54 (letra) e 57 (pauta).

Modas-estribilhos alemtejanasOs olhos da Marianita

Os olhos da Marianita /São verdes côr de limão./ bisAi! sim Marianita, ai! Sim… /

Ai! não Marianita, ai! Não… / bis

NOTA.- O resquebre que hoje inserimos é de genero egual ao dos ultimas dois publicados - Vae colher a silva e Manuelsinho, você chora - e danca-se do mesmo modo.

M. DIAS NUNES.

05 - Verde Caracol (DESCANTE)Tradição Anno I - Nº 5 - Serpa, Maio de 1899 - série I, p. 74 (letra) e 73 (pauta).

Modas-estribilhos alemtejanasVerde caracol

Verde caracóla, Minha rica pomba!Eu ando comtigo Do sói pará sombra.

Do sól pará sombra, Da sombra pró sóla.Minha rica pomba, Verde caracóla!

Notas. Verde caracol é propriamente um descante, mas tambem se adapta aos bailes de roda e aos pares, cuja descripção faremos dentro em breve, na sequencia do nosso artigo inserto em o n.º 2 da Tradição sob a epigraphe Danças populares do Baixo Alemtejo. - Quanto a linguagem, devemos notar a addição do a breve ás palavras caracol e sól, no final dos versos 1º, da primeira quadra, e 2.° e 4.° da quadra segunda.

M. DIAS NUNES.

06 - Ao BAPTISTA - S. JOÃO (HYMNO)Tradição Anno I - Nº 6 - Serpa, Junho de 1899 - série I, p. 89 (pauta) e de 90 a 93 (letra) e continua em Tradição Anno I - Nº 8 - Serpa, Agosto de 1899 - série I, p. 89 (pauta no nº 6) e 123 e 124 (letra) e Tradição Anno I - Nº 9 - Serpa, Setembro de 1899 - série I, p. 89 (pauta no nº 6) e 139 a 141 (letra).

O S. JOÃO EM SERPADepois de Santo Antonio, o famoso casamenteiro, pertence a S. João Baptista o maior culto popular. A juventude, mórmente, é toda cantares e jubilos e folguedos na tradicional commemoração do santo pegureiro ( ). Pois se elle é invocado, não menos que o nosso thaumaturgo, em eternas questões do eterno amor!

*14 de Junho: vespera das novenas ao Precursor, que ordinariamente se rezam nas egrejas de Santa Maria, S. Salvador e S. Paulo ( ). Durante a tarde, grupos de raparigas - esbeltas camponezas de seio túmido, respirando saude e alacridade - se entregam á divertida tarefa de "compôr o Santo" com seu diadema de prata bem polido, largas fitas de seda mui garridas, e

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copiosos ramos d'ouripel.Das mencionadas egrejas, é claro, cada uma possue o seu Baptista, e a cada imagem corresponde um grupo ou irmandade de raparigas solteiras.A' noite, numerosa mocidade de ambos os sexos costuma reunir junto á porta dos templos a que alludi, a fim de "dar a alvorada ao Santo".Nunca assistiu, leitor, a uma alvorada? Pois vale a pena, só para ouvir cantar estas formosissimas quadra( ) em louvor de

S. João BaptistaI

Se o Baptista bem soubesseQuando era o seu dia,Descia dos céus á terraCom prazer e alegria.

IIO Baptista não vem hoje,Ha-de vir segunda-feira;

Ha-de achar a cama feita,Coberta de erva cidreira.

III- D'onde vindes meu Baptista,

Pela calma, sem chapeu?- Venho de vêr as fogueirasQue se acenderam no céu.

IVOh! que lindo annel d'oiro

Que o BilPtista traz no dedo!Que lhe deu sua madrinha

Santa Clara do Loredo.V

Do altar de San JoãoAté ao de San Francisco,Tudo são cravos e rosas

Postas pela mão de Christo.VI

Do altar de Santo AntonioAté ao de San João,

Tudo são cravos e rosasPostas pela sua mão.

VIIO' Baptista, ó Baptista,

O' Baptista meu compadreCasastes as moças todas,

Delxastes vossa comadre!...VIII

Do altar de Santo AntonioAté ao de San João,

Tudo é verdura e flores'Spalhadas no meio do chão.

IXLá vem San João abaixo,

Vestido d'azul-ferrete: N'uma mão traz a bandeira,E na outra um ramalhete.

XLá vem o Baptista abaixo,

Dando volta ao rocio,Dizendo aos inquilinos: - Vão pagar ao senhorio ( ).

XILá vem o Baptista abaixo

Perguntando uma cadeira.

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Se vem p'ra salvar as almas,A minha seja a primeira.

XIISan João se adormeceu

No collo de sua tia: Eram tres dias passados,- San João inda dormia!

XIII- Onde estará o Baptista,

Que não 'stá no seu altar?-Foi ao ceu vêr as fogueiras,

Para tornar a voltar.XIV

San João e mais San PedroAmbos vestem um vestido: San João, prata lavrada,

San Pedro, oiro batido.XV

Baptista dae-me capella,E em meu peito fortaleza,

Para poder festejarVosso dia com grandeza.

XVISan João á minha porta?

Eu não sei que lhe hei-de dar!Darei lhe uma canna verde

Para pôr no seu altar.XVII

San João á minha porta?Hei-de lhe dar a capella;Hei-de pedir ao BaptistaMe faça bôa donzella.

XVIIISanto Antonio apanha flôres,

San Francisco leva a cesta,San João faz a capella,

E Christo a põe na cabeça.XIX

San João apanha flôresE vae deitando prá cesta;

A Virgem faz a capellaE diz: - ponham na cabeça.

XXQuinta-feira d' Ascensão

Do ceu caiu uma flôr.Dizem que a mãe do Baptista

E' prima-irmã do Senhor.XXI

Lá no rio do JordãoPasseia Santa Isabel;

Dizem que é mãe do Baptista: Oh! que dita de mulher!XXII

O Baptista chora, chora,Chora sem consolação,

Que perdeu o cordeirinhoLá no rio do Jordão.

XXIIIAjuntem-se as moças todas!

Vamos ao rio do JordãoA buscar o cordeirinhoPara o dar a San João.

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XXIVVamos moças, vamos todas!

Vamos ao rio do Jordão,Para vêr baptisar ChristoE Christo baptisar João.

XXVSan Zacharias é mudo;

Por graca de Deus, então: - Como se chama o menino?- Ha de chamar-se João.

XXVISan João comprou um burro

Para pular as fogueiras;E depois de as pular todas,

Deu-o de presente ás freiras.XXVII

A treze do mez de JunhoSanto Antonio se demove,San João a vinte e quatro,E San Pedro a vinte nove.

XXVIIISan João e mais San Pedro

São dois santos mudadores: San João muda os casaes,San Pedro muda os pastores.

XXIXSan João e mais San Pedro

Foram jogar uma lucta: San Joao ficou por baixo;San Pedro não teve a culpa.

XXXForam deitar uma lucta

San Pedro mais San João;San Pedro, por ser mais velho,

Caiu-lhe o c. do calção!XXXI

Meu engraçado Baptista,Minha joia, meu amor!

Tendes por gloria ser primoPadrinho do redemptor!

XXXIIO merito do Baptista,

A que gráo Deus o levou,Que, depois de degollado,

Ainda o Baptista fallou!XXXIII

Baptista, não permittaesQue eu vosso deixe de ser!

Baptista cada vez mais,Baptista até morrer!

XXXIVO livro do SacramentoSó o Baptista o abriu;

Aos braços da Virgem puraSó o Baptista subiu.

XXXVNo altar de San João

'Stá um ramo d'acucenasOnde os namorados vãoDar allivio ás suas penas.

XXXVINo altar de San João

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'Stá um lindo damasqueiro: Dá damascos de milagre,Não se vendem por dinheiro.

XXXVIINo altarr de San João

'Stá'ma linda cerejeira: Pode-se dar por ditosoQuem lhe colher a primeira.

XXXVIIIAlem vem o San João

Alegre como um pombinho: N'uma mão traz uma cruz,E na outra o cordeirinho.

XXXIXSenhoras evangelistas,Não tenham falta de fé,

Que entre todos os santinhoO Baptista maior é.

XLSan João me prometteuDe me dar uma capella.

Tambem eu lhe promettiToda a vida ser .donzella.

XLILá n'aquellas ervas verdes,

Foi a minha perdição;Perdi o meu annei d'oiro

Na Iloite de San João.XLII

No adro do Salvador'Stá um mastro levantado.Em campanha do Baptista'Stá Jesus sacramentado.

XLIIIEntre carroças de oiroE vidraças de crystal,

Vem a sagrlda CustodiaA San João adorar.

XLIVGrandes festas ha no ceu

Em dia de San João: San João baptisa Christo,Christo baptisa João.

XLVO Baptista é divino,

Por divino se aclamou;No ventre de sua mãe,

A Jesus se ajoelhou.XLVI

San Zacharias é mudo;Esta noite ha de fallar,

Para dizer que o Baptista,João se ha-de chamar.

XLVIIO' apostolo San Pedro

Que do céu tindel-as chaves,Dae-me novas do Baptista,Que lhe tenho saudades.

XLVIIIFesta que fazem os moiros

Em noite de San João!Quando os moiros o festeiam,

Que fará quem e christão!

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XLIXO' Baptista, ó Baptista,O' Baptista no Jordão!

Parente de Jesus Chnsto,Sois um cravo em botão!

LQuando a Virgem Maria

Santa Isabel visitouO Baptista, de contente,No seu ventre ajoelhou.

LISanta Isabel se preparaP'ra uma grande visita,

Que ahi vem o Santo VerboSantificar o Baptista.

LIIO Baptista, no deserto,Cobriu o rosto de veu.

Quinta feira d'AscensãoSubiu Jesus Christo ao ceu.

LIIINão sei que tem o BaptistaNo dia em que quer nascer,

Que, sejam velhos ou moços,Tudo faz endoidecer.

LIVQue é das moças d'esta terraQue não as posso encontrar?Certo é que ellas não querem

O Baptista festejar!

(Conclue)M. DIAS NUNES.

Tradição Anno I - Nº 8 - Serpa, Agosto de 1899 - série I, p. 89 (pauta no nº 6) e 123 e 124 (letra).

O S. JOÃO EM SERPA ( )(Continuado de pag 93)

LVNascei, nascei meu Baptista,

Nascei luz do Evangelho!Inda que sois pequenino,Por grande vos considero.

LVIO Baptista está no ceu,

Na gloria do mesmo Deus;Mesmo de lá 'stá rogandoPelos que são servos seus.

LVIITé os moiros na Moirama

Festejam o San João: Correm toiros e cavallos,Com cannas verdes na mão!

No final de cada quadra, e sempre na mesma toada, é da praxe dizer um d'estes dois estribilhos:

Ora viva, E ora viva!Viva o Baptista, e viva!Viva o Baptista, e viva!

Ora viva, E ora viva!

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Viva a gloria mais subida!Viva a gloria mais subida!

Além da preciosa collecção de cantigas que reproduzimos, existe ainda, referente ao S. João, uma expressiva moda-estribilho, choreographica e de bonita musica, com a seguinte lettra:

San João! San João! San João!Outro anno não deixeis passar!

Dae-me noivo, San João, dae-me noivo,Dae-me noivo, que me quero casar!...

*No decurso das novenas, effectuadas de modo singello e conforme o ritual, nada se nos offerece digno de menção. E' em 23 de Junho, vespera do Baptista, que principalmente se observa o grande numero de costumes populares - alguns bem singulares e curiosos - estreitamente ligados á vetusta festividade do solsticio estivo. N'este dia á tarde se verifica a centenaria usança do passeio ás hortas para "fazer as capellas". Fazer as capellas significa propriamente comer fructa; tão só para as creanças entretecem viridentes corôas de mentrasto e buxo, matisadas de flores várias, e com engraçados pingentes de cerejas, e ginjas, ameixas, soromenhos, etc. O costume secular de que fallâmos - ao que reza a tradição oral e tambem a tradição escripta - foi outr'ora praticado até pela propria municipalidade serpense, a qual, em meio de ruidosos folguedos, ia fazer suas capellas á horta denominada dos Banhos. D'esta velha solemnisação por parte da camara, era ainda, talvez, um resto persistente, a cerimonia, não ha muito cahida em desuso, de nos paços municipaes ser arvorado o respectivo estandarte em dia de S. João.

***Em logar das tres badaladas monotonas do estylo, os sinos repicam alegremente Ave-Marias. Prestes é noite e noite de festa. Dentro em poucas horas, quando os sinos de novo repicarem, ao toque d'Almas, bastas fogueiras d'alecrim crepitarão luminosas por essas ruas, e as portas dos templos serão abertas de par em par. Então começa o movimento, o bulicio, a jubilosa animação d'um povo inteiro, que se diverte rendendo culto ao bemaventurado S. João. Grupos de cam-ponezes cantando em côro ao som da viola ou do harmonium, percorrem a villa em todas as direccões. Centenas de pessoas - o elemento feminino predominando - se cruzam nas ruas e largos em visita ás egrejas que expõem o Santo, egrejas lindamente adornadas com vasos de flores e arcos de verdura d'onde pende um sem numero de balões venezianos. Aqui e alli bailes de roda, em que as raparigas se apresentam com os seus melhores trajos domingueiros. Estes bailes populares, que hoje em dia se realisam dentro de casa, eram feitos ao ar livre e em redor dos mastros; mas isto - relatam os velhos - ha bons 40 annos, ainda no tempo em que o adufe se impunha como instrumento da moda. Por volta da meia-noite encerram-se as egrejas; as fogueiras despedem o ultimo clarão; raream os descantes; o bulicio das ruas é quasi extincto. Meia-noite é a hora solemne das experiencias feitas sob a religiosa invocação do Santo Precursor.

(Conclue)M. DIAS NUNES.

Tradição Anno I - Nº 9 - Serpa, Setembro de 1899 - série I, p. 89 (pauta no nº 6) e 139 a 141 (letra).

O S. JOÃO EM SERPA(Continuado de pag. 124)

Conhecer o desconhecido, devassar os segredos do futuro, descerrar a bruma enigmatica e mysteriosa do porvir, tal é o objecto capital das experiencias (ou experimentações), cujo resultado se antolha infallivel á crença popular. Multiplas e variadas na fórma, podem classificar-se as experiencias, quanto á sua essencia, em amorosas, economicas, de vida ou morte proxima, e de meteorologia. As do primeiro genero são peculiares das raparigas solteiras; vejamos como estas sóem levantar os horoscopos. Como e, minuciosamente, para quê. Em regra, as experimentações teem logar á meia-noite, pouco mais ou menos; agora o resultado do maior numero d'ellas, senão da quasi totalidade, sómente é visivel na manhã de S. João. Por sua vetustade immemorial, cumpre referir em primeiro logar a classica experiencia da alcachofra ( ). Despontada á thezoura a flôr do cardo, a cabeça ou alcachofra é passada pela chama da fogueira e depois posta ao relento em toda a noite. Refloresceu a alcachofra? Se refloresceu é certo o casamento; no caso negativo, o celibato é fatal. E dada a hypothese da reflorescencia, conforme esta foi grande ou pequena, assim o marido ha-de ser homem solteiro ou viuvo. Outra experiencia, muito similhante á da alcachofra, se pratica com uma planta denominada em vulgar rabo-de-gato. Sacode-se a inflorescencia d'um pedunculo, o qual, depois da sacramental passagem pelo fogo santo, vae depositar-se, a noite inteira, junto a uma infusa cheia d'agoa. A reflorescencia produziu-se? não se produziu? No primeiro caso, vulgarissimo sempre que ficou algum botão prestes a desabrochar, a rapariga póde crer que é amada pelo rapaz que namora; que ella é a preferida, se porventura tem alguma rival; que ha-de casar, indubitavelmente, com o escolhido do seu coração, etc., etc. No segundo caso… adeus ricas esperanças! adeus sonhos d'amor! A experiencia em questão usa-se tambem, e largamente, fóra da noite do Baptista. Ahi pelos mezes de Março e Abril, em especial, tem ella grande voga entre os ranchos de camponezas que mondam as

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searas, onde o rabo vegeta abarrisco, como que para tentar, dir-se-hia, a curiosidade feminina. Ha porém a notar uma variante na execução da engraçada experiencia. O pedunculo, previamente despojado de suas flores, é humedecido no labio e em seguida introduzido no seio das raparigas, cujo calor substitue (e vantajosamente… ) a chamma das fogueiras. E' mais rapido e mais… pittoresco, vamos! este modo de fazer a experiencla. Eis umas rimas populares allusivas, que ha tempo ouvi dizer a uma mulher do campo:

Duas flores (de) perfeição,A's tenças d'um bem-querer,

Foram 'ambas a fazerNo seio experimentação.

D'estas duas que aqui estão,Uma era a que experimentava.

Em se ver tão recolhido,Saíu das moças florido…Entre as duas rabeava!

Não menos usada e não menos antiga que as duas anteriores, é a experiencia dos credos. Effeitua-se d'est'arte: Com um bochecho d'agoa, reza-se o credo in mente trés vezes successivas, percorren-do o espaço comprehendido entre trés portados que estejam na mesma direcção e dos quaes o ultimo deite para a rua. A' rua se deita o bochecho d'agoa logo que a experiente chegou ao portado ter-minus, perto do qual se quêda "a escutar as vozes do mundo". O primeiro nome masculino que a rapariga ouvir, ê o nome do homem que virá a esposal-a. Succede ás vezes - coisa engraçada! ser d'algum animalejo, que o dono chama, o nome pronunciado…Experiencia divertida, a da peneira, cujo escôpo consiste, principalmente, em aquilatar das intenções amorosas d'alguem. Dos biccos d'uma thezoura, que duas raparigas seguram ao de leve com dois unicos dedos, est á suspensa pelo aro, verticalmente, a mysteriosa peneira contendo um rosario, uma fatia de pão e uma mãochinha de sal. Acabada de soar a ultima badalada da meia-noite, falla assim uma das raparigas, a mais interessada na operação:- Em louvor de S. Pedro e S. Paulo, e Jesus Sacramentado, e as Ondas do Mar Salgado, dize-me Peneira, sim ou não: (e aqui se formula expressamente a pergunta do que se deseja). Uma volta ar-rebatada da peneira, que por si só se move (sic), é resposta affirmativa; a immobilidade importa negação. Ha quem interrogue o prestimoso utensilio caseirinho, elevado á categoria de oraculo, para informar-se da bôa ou má sorte, que espera determinada creatura; para, averiguar se sim ou não apparecerá certa causa perdida, etc., etc. A differença está meramente na pergunta; quanto ao mais, nenhuma alteração.Três experiencias - seculares, vulgares, e similares entre si: a do ovo, a da cera e a da cinza.Um ovo, partido e deitado em meio copo d'agoa, fica durante a noite ao relento. Ao outro dia de manhã, ha rapariga que vê nitidamente (sic) desenhar-se na albumina, um ou mais objectos symbolos da profissão do seu noivo ideal.A cinza, peneirada n'uma taboa e posta ao sereno da noite, bem como a cera derretida, que é da praxe lançar n'uma bacia d'agoa, possuem uma virtude reveladora identica á do ovo. Cera e cinza manifestam, aos olhos das meninas solteiras, quantos symbolos appetece á phantasia juvenil!Mais trés experiencias populares, que não devêmos esquecer, são as da bacia d'agoa, .5 réis e maçans.A bacia d'agoa - como de resto todos os objectos empregados nas experimentações - é exposta ao relento e, antes, passada pela fogueira quando bate meia-noite. No dia seguinte, entre meio-dia e uma hora, agoa para a rua! O nome da pessoa do sexo forte que primeiro atravessar o local molhado, será, por sem duvida, o nome do esposo… futuro.A moeda de 5 réis é arremessada á pyra, de cujas cinzas vae desenterrar-se assim que rompe o dia, para com ella esmolar o primeiro pobre que surge. O noivo chamar-se-ha como o pedinte.Entre meio-dia e uma hora, jogam-se á rua as maçans, em numero de trés. Se ninguem cubiçar o legendario fructo, a menina irá á cova de palmito e capella, na bem conhecida expressão popular. Pelo contrario, se qualquer indivíduo passando pela rual colher espontaneamente alguma das maçans, o casamento é seguro. E a graça do maridinho? Igual á do transeunte que o acaso deparou.Que o leitor nos desculpe se começâmos a aborrecel-o; mas já agora mais duas experiencias, para completar a sé. rie das amorosas.Uma é a dos papelinhos metade em branco, metade inscrevendo diversos nomes - que as raparigas tiram á sorte. Ficará solteira toda aquella a quem couber um papelinho em branco. Papelinho escripto, traduz consorcio e até designa o par da feliz donzella!A outra experiencia, que falta descrever, é feita com o auxilio de: um livro, um pão, uma canna verde e um mólho de chaves. Estes quatro objectos, ou se collocam em cima d'uma mesa, ou se põem junto aos quatro cantos d'uma casa.Uma, duas, trés ou quatro raparigas entram na casa ás escuras, e cada uma procura encontrar seu objecto cuja posição particular ellas desconhecem.Ao livro corresponde o prognostico de morrer donzella; ao pão, o casamento com um viuvo; á canna verde, o casamento com um rapaz solteiro. O mólho de chaves significa que a rapariga é bôa dona de casa, mas que morrerá solteira.

(Conclue)

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M. DIAS NUNES.

07 - Dizes qu'eu sou lavadeira (DESCANTE)Tradição Anno I - Nº 7 - Serpa, Julho de 1899 - série I, p. 104 (letra) e 105 (pauta).

Modas-estribilhos alemtejanasDizes qu'eu sou lavadeira

Dizes qu'eu sou lavadeira, \Que ando no mar a lavára. \ bis

Eu passo uma vida alegre \Na ribeira a namorára. \bis

Na ribeira a namorára \E' qu eu passo o meu bom tempo… \bis

Desejava amor sabéra \Qual era o teu pensamento! \bis

M. DIAS NUNES.

08 - Marianita foi à Fonte (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno I - Nº 8 - Serpa, Agosto de 1899 - série I, p. 120 (letra) e 121 (pauta).

Modas-estribilhos alemtejanasMarianita foi á fonteMarianita foi á fonte

E a cantarinha quebrou.Ah! ah! ah! oh meu lindo bem!Ah! ah! ah! oh meu lindo amor!

Marianita não tem culpa,Culpa tem quem n'a mandou.

Ah! ah! ah! oh meu lindo bem!Ah! ah! ah! oh meu lindo amor!

M. DIAS NUNES.

09 - Hei-de m'ir para o Algarve (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno I - Nº 9 - Serpa, Setembro de 1899 - série I, p. 136 (letra) e 137 (pauta).

Modas-estribilhos alemtejanasHei-de m'ir para o AlgarveHei-de m-'ir paró Algarve,

Sim, sim!Hei-de lá 'star oito dias,

Não, não!Quero cantar e balhára

Sim, sim!Com as moças algarvias. Não, não!

M. DIAS NUNES.

10 – JANEIRAS (CANTICO)Tradição Anno I - Nº 10 - Serpa, Outubro de 1899 - série I, 153 (pauta).Ver letra antes:Tradição Anno I - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1899 - série I, p. 8 (letra)

A'S JANEIRAS*Esta noite de Janêras

Éi de grande mer'cimento,

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Por sel-a noite primêraEm que Deus passou trumento (tormento)

O trumento que passouFoi pru nossa redempção;O sangue que derramouFoi pru nossa salvação.Esta noite da Janêras

Se rezam n'as prophecias;Mandou Deus dos ceus á terra

Um Menino d'oito dias.

M. DIAS NUNES. Vid. o artigo Natal, Anno Bom e Reis, a pag. 6, 7 e 8.

11 - Tinhas-me tanta amizade (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno I - Nº 11 - Serpa, Novembro de 1899 - série I, 169 (pauta) e 173 (letra).

Modas-estribilhos alemtejanas

Tinhas-me tanta amizade

Tinhas-me tanta amizadeQue me qu'rias sustentara…

Abalaste para LisbôaE eu cá fiquei a chorára!

Eu cá fiquei a chorára,Chorava d-'uma paixão…

Abalaste para LisbôaLindo amor do coracão!

M. DIAS NUNES.

12 - Ao Deus Menino (CANTICO)Tradição Anno I - Nº 12 - Serpa, Dezembro de 1899 - série I, 185 (pauta). E a letra já atrás…Tradição Anno I - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1899 - série I, p. 7 (letra)Pode ouvir uma das versões em: cantoalentejano/ouvirmid=2 pelo Grupo Coral Alentejano "Os Amigos do Barreiro"

AO DEUS-MENINO- Que havemos dar ó Menino

Esta noite de Natála?-Camisinhas de bertanha

Botanitos de crystála.Namorou-se o Deus-Menino

Da cigana, em Belem.Olha a dita da Cigana!

Que lindo amor que tem!O Menino está na neve.

A neve o faz treméraMenino Deus da minh'alma!

Quem lhe podéra valéra!Lá no palaiço reála

Uma estrella baixouVisital-o Deus Menino,

Que Deus ó mundo mandou.- Ó meu Menino-Jàsus,

Page 12: Lista 1_63 Partituras

Quem vos deu?pruque choraes?

- Deram-me as moças na fonte,Já não quero lá ir mais.Esta noite, á mêa noite,

Ovi cantar ó Divino: Era Santa MadanelaQue embalava o Deus-Menino.

- Ó meu Menino-Jàsus,Quem vos deu o fato verde?

- Deu.m'o minha avó Sant' Anna D'uma doença que téve.Sameou-se o pão da vida

Nas entranhas da Senhora: Nasceu uma tal EspigaQue sustenta a gente toda!

Nasceu essa tal EspigaN'uma noite de Natála;

Nasceu junto á mêa noite,Antes do gallo cantára.

Caminhando vae Joséi,Caminhando vae Maria: Tanto caminham de noiteComo caminham de dia.

São chegados a Belem: Já toda a gente dormia;Só um portal estava aberto,

Aonde o gado se acolhia.Josei embala n Menino

Que a Senhora logo vêm, Foi laval-os cuérinhosÁ fontinha de Belem.

Entrae, pastorinho, entraePor esse portal sagrado,

Vinde vêl-o Deus-Menino Entre Pálhinhas dêtado.…………………………………

Estribilhos, que se dizem, ora um ora outro, depois de cada uma das quadras antecedentes:Li-ailí-ailí-ailí, Li-ailí-ailí-ailéi. O Menino nascido éi.(Ou) Li-ailí-ailí-ailí, Li-ailí-ailéi, Menino!Quem vae para o ceu vae bemSe não erral-o caminho.

M. Dias Nunes

13 - de Noite batem à porta (DESCANTE)Tradição Anno II - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1900 - volumeII, p. 11 (pauta) e p. 13 (letra).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASDE NOITE BATEM Á PORTA

De noite batem á porta: O' filha, vae vêr quem é! Se fôr teu amor primeiro,

Vae aquecer o café.Vae aquecer o café,

Vae aquecer o ch'colate.De noite batem á porta: O' filha, vae vêr quem bate!

M. DIAS NUNES.

14 - Carmesita, Carmesita (DESCANTE)Tradição Anno II - Nº 2 - Serpa, Fevereiro de 1900 - volume II, p. 25 (pauta) e p. 28 (letra).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Page 13: Lista 1_63 Partituras

CARMESITA, CARMESITACarmesita, Carmesita,

Carmesita da lembrança!Anda, vem dançar ao meio

Uma linda contradança!Uma linda contradança,

Anda, vem dançar ao meio!Carmesita, Carmesita,

Dança, não tenhas receio.

M. DIAS NUNES.

15 - Marianita vem comigo (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno II - Nº 3 - Serpa, Março de 1900 - volume II, p. 41 (pauta) e p. 45 (letra).

MODAS-ESTRIRIBILHOS ALEMTEJANASMARIANITA VEM COMIGOMariannita vem commigo

A' egreja a dar a mão!A' egreja a dar a mão,A' egreja a dar o sim…

Mariannita vem commigoPassear ao meu jardim!Passear ao meu jardim,

Passear ao meu quintal…Mariannita vem commigo!

É mentira, não ha tal!

M. DIAS NUNES.

16 - Os Pinhões (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno II - Nº 4 - Serpa, Abril de 1900 - volume II, p. 59 (pauta) e p. 60 (letra).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASOS PINHÕES

Li-olé, toma lá pinhões!Li-olé, toma lá pinhões!

Poucochinhos, que elles dão sezões…Poucochinhos, que elles dão sezões…

M. DIAS NUNES.

17 - O Toureiro Novo (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno II - Nº 5 - Serpa, Maio de 1900 - volume II, p. 73 (pauta) e p. 78 (letra).

ODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASO TOUREIRO NOVO

O' toureiro novoLá de Montemór!

Dizem n'os de BejaQue o nosso é melhor.Que o nosso é melhor,Sempre tem ganhado;

Vá o touro á praçaPara ser picado!

Page 14: Lista 1_63 Partituras

Para ser picado!Sem pena nem dor.Dizem n'os de Beja

Viv'ó picador!

M. DIAS NUNES.

18 - A Macella (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno II - Nº 6 - Serpa, Junho de 1900 - volume II, p. 89 (pauta) e p. 93 (letra).

MODAS-ESTRIBlLHOS ALEMTEJANAS

A MACELLA

Eu hei-de ir colher macella, \Da macella a macellinha, \ bis

Lá nos campos, verdes campos, \D'aquella mais miudinha. \ bis

D'aquella mais miudinha, \D'aquella mais amarella, \ bis

Lá nos campos, verdes campos, \Eu hei-de ir colher macella. \ bis

M. DIAS NUNES.

19 - Adeus Marianita (CHOREOGRAPHICA) (DESCANTE)(Ver emenda no nº seguinte, Nº 8; página 121: Nota: A canção musical publicada no último numero Adeus, Marianita, adeus!. não é choreographica, como por equívoco sahiu, mas sim descante.)Tradição Anno II - Nº 7 - Serpa, Julho de 1900 - volume II, p. 104 (letra) e p. 105 (pauta).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASADEUS, MARIANNITA, ADEUS!

Adeus, Mariannita, adeus!Já me despeço de ti,

Que eu vou p'ra Lourenço Marques,Não sei que será de mim!...

Não sei que será de mim,De mim não sei que ha-de ser!

Adeus, Mariannita, adeus!Saúdinha, até mais vêr!

M. DIAS NUNES.

20 - As Cobrinhas dÁgua (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno II - Nº 8 - Serpa, Agosto de 1900 - volume II, p. 120 (letra) e p. 121 (pauta).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASAS COBRINHAS D'AGUA

As cobrinhas d'aguaSão minhas comadres,

Quando lá passares Dá-lhes saúdades.

Page 15: Lista 1_63 Partituras

Dá-lhes saúdades,Saúdades minhas

Quando lá passaresAo pé das cobrinhas.

M. DIAS NUNES.Nota: A canção musical publicada no último numero Adeus, Marianita, adeus!. não é choreographica, como por equívoco sahiu, mas sim descante.

21 - As Lettras (DESCANTE)Tradição Anno II - Nº 9 - Serpa, Setembro de 1900 - volume II,p. 137 (pauta) e p. 138 (letra).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASLETTRAS

- Com que lettra s'escreve ó Maria? Com que lettra s 'escreve coração?Com que lettra s'escreve lealdade?Com que lettra s'escreve gratidão?

- Maria s'escreve com um éme,Coração, coração com um cê,

Lealdade, lealdade com um éle,Gratidão, gratidão com um guê.

M. DIAS NUNES.

22 - O Fandango (DANÇA)Tradição Anno II - Nº 10 - Serpa, Setembro de 1900 - volume II, p. 153 (pauta).

23 – PeditórioTradição Anno II - Nº 11 - Serpa, Novembro de 1900 - volume II, p. 169 (pauta).

24 - a Santos (Aria rustica)Tradição Anno II - Nº 12 - Serpa, Dezembro de 1900 - volume II, p. 183 (pauta).

25Triste Viuvinha (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1901 - volume III, p. 7 (pauta) e p. 10 (letra).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASTRISTE VIUVINHA- Triste viuvinha,

Que fazes tu lá dentro?- 'Stou fazendo os bolosPara o nosso casamento.

Não te quero a ti,Nem a ti tambem!Só te quero a ti~

Lindo amor, és o meu bem!

Serpa. M. DIAS NUNES.

Page 16: Lista 1_63 Partituras

26 - Angelica dá-me a capinha (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 2 - Serpa, Fevereiro de 1901 - volume III, p. 23 (pauta) e p. 24 (letra).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASANGELICA, DÁ-ME A CAPINHA!

- Angelica, dá-me a capinha! \- Não te a dou, que não é minha. \ bis

O' tá, ó terá-tátá!Quem não tem capinha

Não venha cá!O' ti, ó teri-titi!

Quem não tem capinhaNão venha aqui!

Serpa.M. DIAS NUNES.

27 - Minha Manasinha (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 3 - Serpa, Março de 1901 - volume III, p. 38 (letra) e p. 39 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMITEJANAS

MINHA MANASINHA

Minha manasinha,Nosso pae morreu!..Minha manasinba,

Quem te o diz sou eu!Ah! Ah! Ah!

Quem te o diz sou eu!... Minha manasinha,

Nosso pae morreu!...

SerpaM. DIAS NUNES.

28 - Eu fujo (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 4 - Serpa, Abril de 1901 - volume III, p. 54 (letra) e p. 55 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

EU FUJO!

O' meu lindo amor, \Eu fujo! \

bisPelo mar abaixo, \ Vou a ser marujo! \ bis

Vou a ser marujo! \Mais ella! \ bis

Pelo mar abaixo \Vae o barco á vela. \bis

Serpa

Page 17: Lista 1_63 Partituras

M. DIAS NUNES.

29 - Silva que estás enleada (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 5 - Serpa, Maio de 1901 - volume III, p. 71 (pauta) e p. 72 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

SILVA, QUE ESTÁS ENLEADA

Silva, que estás enleada,Desenleia o meu amor!'Stás creada e nascida

Lá nos campos ao rigor.

SerpaM. DIAS NUNES.

30 - Ó meu panninho, panninho (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 6 - Serpa, Junho de 1901 - volume III, p. 85 e 86 (letra) e p. 87 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

O' meu panninho, panninbo…

O' meu panninho, panninho,O' meu panninho de armar!

Eu hei-de ir ao matto á lenha,A' rêde te hei-de apanhar.A' rêde te hei-de apanhar,N'uma charneca tamanha!

O' meu panninho, panninllo,O' meu panninho bretanha.

Esta moda do panninho,Retratada no vapor…

Eu tenho um lenço marcadoQue me deu o meu amor!Que me deu o meu amor,

Que me deu o meu bemsinho…Retratada no vapor,

Esta moda do panninho.

SerpaM. DIAS NUNES.

31 - O cerro da neve (DESCANTE)Tradição Anno III - Nº 7 - Serpa, Julho de 1901 - volume III, p. 104 (pauta) e p. 105 e 106 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

O CERRO DA NEVE

Todas as bem-casadinhas Vão par'ó cerro da neve…

Eu tambem para lá hei-de ir

Page 18: Lista 1_63 Partituras

Antes que a morte me leve.Antes que a morte me leve A mim mais ao meu amor…

Eu tambem para lá hei-de ir, Oh,meu Deus, oh meu Senhor!

SerpaM. DIAS NUNES.

32 - Vamos lá seguindo (CHOREOGRAPHICA)COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 8 - Serpa, Agosto de 1901 - volume III, p. 118 e 120 (letra) e p. 119 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Vamos lá seguindo

Vamos lá seguindoPor estes campos. fóra,Que a manhã vem vindo

Ao romper d'aurora.Ao romper d'aurora.A manhã vem vindo…

Por estes campos.Fora

Vamos lá seguindo

SerpaM. DIAS NUNES

33 - As saias à camponeza (DESCANTE)Tradição Anno III - Nº 9 - Serpa, Setembro de 1901 - volume III, p. 132 (letra) e p. 135 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

As saias á camponezaEstas saias á camponeza

Estão bem a toda a pessôa.Valem mais as nossas saias \

Que os balões que ha em Lisboa. \ bis

SerpaM. DIAS NUNES.

34 - Minha Hespanhola(CHOREOGRAPHICA)COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 10 - Serpa, Outubro de 1901 - volume III, p. 148 (letra) e p. 151 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Minha HESPANHOLAHespanhola, minha hespanhola!Extrangeira, minha extrangeira!

Eu quer'o que você useUm chapeo à marinbeira.Um chapeo á marinheira,

Um chapeo da moda agora…Extrangeira, minha extrangeira, \

Minha hespanbola, minha hespanbola! \bis

Page 19: Lista 1_63 Partituras

Serpa.M. DIAS NUNES

35 - Vae fazer a cama à prima (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno III - Nº 11 - Serpa, Novembro de 1901 - volume III, p. 166 (letra) e p. 167 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Vae fazer a cama

Vae fazel-a cam'á prima,Na sala de o balancé;

Vae fazel-a cam'á prima, \Yae fazel-a, \

Trai-Ia-ri-Ió-Ié! \ bis

Serpa.M. DIAS NUNES.

36 - Ai! que chita! (DESCANTE)Tradição Anno III - Nº 12 - Serpa, Dezembro de 1901 - volume III, p. 178 (letra) e p. 181 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Ai! que chita!

Ai! que chita tão bonitaQue eu comprei par'ó meu vestido,

P'ró mandar fazer à moda, \p'ró mostrar ao meu marido. \ bis

Meu marido! oh meu maridinho!Só a ti é que te eu quero bem!

Só a ti é que te eu adoro, \Só a ti, a mais ninguem! \ bis

Serpa.M. DIAS NUNES.

37 - Quero balhar à alentejana (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno IV - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1902 - volume IV, p. 5 (pauta) e p. 6 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

QUERO BALHAR

Quer'balhar á alemtejana,A' alemtejana quer'balhar!

Não me vou emboraSem ao meu amor fallar!

O pastor que viu,Logo reparou

Em o lindo geitoCom que meu bem me fallou.

Page 20: Lista 1_63 Partituras

Serpa.M. DIAS NUNES.

38 - Ru'ábaixo, ru'ácima (DESCANTE)Tradição Anno IV - Nº 2 - Serpa, Fevereiro de 1902 - volume IV, p. 21 (pauta) e p. 24 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Ru'ábaixo, ru'ácimaRu'ábaixo, ru'ácima,

Mariquinhas á janella,Comendo pápas e migas

Com 'ma colhér amarella.A Senhora lá do Monte,

Tem um moinho na mão,Para moer as mentirasDas beatas que lá vão.

Serpa.M. DIAS NUNES.

39 - Eu fui um dia a passeio (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno IV - Nº 3 - Serpa, Março de 1902 - volume IV, p. 37 (pauta) e p. 38 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Eu fui um dia a passeio

Eu fui um dia a passeio,Fui um dia a passear;

Encontrei o meu amor: Já se vê, estava a namorar.Já se vê, estava a namorar,

Já se vê, estava namorando…Encontrei o meu amor: Já se vê, não fiquei gostando.

Serpa.M. DIAS NUNES.

40 - Valha-me a senhora Angelica (DESCANTE)Tradição Anno IV - Nº 4 - Serpa, Abril de 1902 - volume IV, p. 53 (pauta) e p. 55 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Valha-me a senhora Angelica!

Valha-me a senhora Angelica! Livrae-me d'estas tabernicas!Que eu ando-me divertindo

Com as muchachas donzellicas!

SerpaM. DIAS NUNES.

Page 21: Lista 1_63 Partituras

41 - Um raminho de alecrim (DESCANTE)Tradição Anno IV - Nº 5 - Serpa, Maio de 1902 - volume IV, p. 69 (pauta) e p. 70 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Um raminho de alecrim

Um raminho de alecrimMe trouxeram de a salvada.

Quem 'stá preso é o meu amor…Com isso não tenho nada!Com isso não tenho nada,Eu com isso nada tenho…

Quem 'stá preso é o meu amor: Na vida não faço empenho!...

Serpa.M. DIAS NUNES.

42 - Lá vae o balão ao ar (DESCANTE)Tradição Anno IV - Nº 6 - Serpa, Junho de 1902 - volume IV, p. 84 (letra) e p. 85 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS- ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Lá vae o balão ao ar

Lá vae o balão ao ar!Se elle vae, deixai-o ir

Ajuntem-se as moças todasPara verem o balão subir.Para verem o balão subir,

Para verem o balão baixar.Ausentou-se o meu amor,

Já não ha quem saiba amar!

Serpa.M. DIAS NUNES.

43 - Não te assumes (DESCANTE)Tradição Anno IV - Nº 7 - Serpa, Julho de 1902 - volume IV, p. 100 (letra) e p. 101 (pauta).

MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANASNão te assumes

Não te assomes, meu bem, á janella,Ai, que te pode vêr alguem!Não te assomes, meu bem;

Se te assomas, com desgostos, oh ceus! morrerei.

SerpaM. DIAS NUNES.

44 - Eu ouvi, mil vezes ouvi (DESCANTE)Tradição Anno IV - Nº 8 - Serpa, Agosto de 1902 - volume IV, p. 114 (letra) e p. 117 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALENTEJANAS

Page 22: Lista 1_63 Partituras

EU OUVI

Eu ouvi, mil vezes ouviLá no campo rufar os tambores…

Das janellas me chamam-n'as moças: - Já lá vou, já lá vou, meus amores!

Serpa.M. DIAS NUNES.

45 - Muito chorei eu (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno IV - Nº 9 - Serpa, Setembro de 1902 - volume IV, p. 132 (letra) e p. 133 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANOS

MUITO CHOREI EU

Muito chorei eu no domingo á tarde!Aqui está meu lenço que diga a verdade.Que diga a verdade, deve haver cautela,

Tua mãe é bruxa, tenho medo d'ella.Tenho medo d'ella, medo d 'ella tenho,

P'ra casar com ella não preciso empenho.

SerpaM. DIAS NUNES.

46 - O Loureiro (DESCANTE)Tradição Anno IV - Nº 10 - Serpa, Outubro de 1902 - volume IV, p. 146 (letra) e p. 149 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

O LOUREIRO

O loureiro bate, bate, Ladrão!Que eu bem n'o oiço bater…

Dá co'a rama no telhado, Ladrão!Par'ó amor entender…

SerpaM. DIAS NUNES.

47 - Amanhã anda a roda (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno IV - Nº 11 - Serpa, Novembro de 1902 - volume IV, p. 165 (pauta) e p. 170 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

AMANHÃ ANDA A RODA

Amanhã anda a roda!Já devia andar…

São duzentos contos,Quem se quer habilitar!

Amanhã anda a rodaNa praia do norte…

São duzentos contos,Quem se habilit'á sorte!

Page 23: Lista 1_63 Partituras

SerpaM. DIAS NUNES.

48 - Minha saia (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno IV - Nº 12 - Serpa, Dezembro de 1902 - volume IV, p. 181 (pauta) e p. 184 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Minha saia

Minha saia já faz roda,Eu já ato o meu lencinho.

- São bonitas, balham bem.- Topa aqui, ó meu rapazinho!Topa aqui ó meu rapazinho,

Topa aqui, ó meu rapaz!- São bonitas, balham bem,

Eu dancei, tu dançarás.

SerpaM. DIAS NUNES.

49 - Na botica nova (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno V - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1903 - volume V, p. 4 (letra) e p. 5 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

NA BOTICA NOVA

Na botica nova'Stá um boticario.Canta o rouxinol

Responde o canario.Responde o canario,

Do alto castello.Além vem meu bem,

De fato amarello.De fato amarello,De fato alvadio,

Além vem meu bemDescendo o navio.Descendo o navio,

Vae para a estação,Alem vem meu bemApertar-me a mão.

Serpa.ELVIRA MONTEIRO.

50 - Ó Gouveia (DESCANTE)Tradição Anno V - Nº 2 - Serpa, Fevereiro de 1903 - volume V, p. 21 (pauta) e p. 27 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

O' GOUVEIA

Page 24: Lista 1_63 Partituras

O' Gouveia, Ó Gouveia,O' Gouveia meu amor!Encontrei o tal GouveiaCaminhando p'ró vapor.Caminhando pr'ó vapor,

Caminhando pr'á estação…O' Gouveia, ó Gouveia,Gouveia do coração!

Serpa.M. DIAS NUNES.

51 - Senhora Quintaneira (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno V - Nº 3 - Serpa, Março de 1903 - volume V, p. 37 (pauta) e p. 39 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

SENHORA QUINTANEIRA

- O' senhora quintaneira,- Brinc'á laranjinha!

- Quantas dá por um vintem?- Do.u cinco a quem m'estima, \

- Brinc'á laranjinha! - \Dou seis a quem me quer bem. \ bis

Serra.M. DIAS N'UNES.

52 - Maria Rita (DESCANTE)Tradição Anno V - Nº 4 - Serpa, ABRIL de 1903 - volume V, p. 53 (pauta) e p. 55 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

MARIA RITA

Já lá vem Maria Rita,Já lá vem Rita Maria,

Já lá vem o meu amorQue é a estrella do meio dia.

Serpa.ELVIRA MONTEIRO.

53 - Tantas Libras (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno V - Nº 5 - Serpa, MAIO de 1903 - volume V, p. 68 (letra) e p. 69 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

TANTAS LIBRAS

Tantas libras e eu tão livre d'e!las,Amarellas, são de cavallinho,

São leaes ao meu amor,São leaes ao meu bernzinho.

Page 25: Lista 1_63 Partituras

São leaes ao meu bemzinho,São leaes ao meu amor,

Tantas libras e eu tão livre d'ellas,Amarellas, oh! que linda côr!

Serpa.ELVIRA MONTEIRO.

54 - Atira caçador, atira (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno V - Nº 9 - Serpa, Setembro de 1903 - volume V, p. 132 (letra) e p. 133 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

VIATIRA CAÇADOR

(Nota: os números de Junho, Julho e Agosto, saiu num volume e foi dedicado à morte do Senhor Conde de Ficalho, que faleceu em 19 de Abril de 1903).

Atira, caçador, atiraA' pomba que vae no ar!

O' ladrão, que me roubasteEstando eu para casarEstando eu para casar,A' egreja a dar a mão…

O' ladrão que me roubasteDe meu peito o coração!

Serpa.ELVIRA. MONTEIRO.

55 - Eu já vi uma andorinha (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno V - Nº 10 - Serpa, Outubro de 1903 - volume V, p. 149 (pauta) e p. 152 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MOUAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Eu já vi uma andorinha

Eu já vi uma andorinhaFazer parade- ai! sim, ai!

Não- O cantar é da cabeça,

- O bailar é de pé no chão.O bailar é de pé no chão,

O' delicadinha, ó delicadinha!Fazer parada no ar Eu já vi uma andorinha.

Serpa.ELVIRA MONTEIRO.

56 - Você diz que não me quer (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno V - Nº 11 - Serpa, Novembro de 1903 - volume V, p. 165 (pauta) e p. 168 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

VOCÊ DIZ OUE ME NÃO OUER

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Você diz que me não quer,Por eu ser feia; (bis)

Você é que tem n'a ditaNamora a Ritta.

La da cadeia.

Serpa.ELVIRA MONTEIRO.

57 – ALIPUM (DESCANTE)Tradição Anno V - Nº 12 - Serpa, Dezembro de 1903 - volume V, p. 181 (pauta sem letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)ALIPUM! ALIPUM, ALIPUMALIPUM, ALIPUM, ALIPUM

CATAPUM!

58 - Já Lá vem a Maria Rita (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno VI - Nº 1 - Serpa, Janeiro de 1904 - volume VI, p. 2 (letra) e p 5 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Já lá vem a Mariannita

Já lá vem a Mariannita Com seu namorado ao lado,

Traz calças de tiro-liro \Casaco de panno,\

Chapéo desabado. \ bisAtirei um tiro á pomba,

A pomba no ar voou.Enliei-me n'aquella roseira, \

E a maldita pomba \Sempre lá ficou bis

Se vier o homem da pomba,E a pomba vier buscar,

Dize-lhe que voltei atraz \A buscar a pomba. \

Que cahiu no mar. \ bis

SerpaELVIRA MONTEIRO.

59 - Ó minha Pombinha branca (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno VI - Nº 2 - Serpa, Fevereiro de 1904 - volume VI, p. 20 (letra) e p 21 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTFJANAS

O' minha pombinha branca.

O' minha pombinha branca,Já não tenho portador,

Já não tenho quem me leveEsta carta a meu amor.Está carta a meu amor,

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Esta carta a meu bemzinho.O' minha pombinha branca,

Lindo amor, dá-me um beijinho!

SerpaELVIRA MONTEIRO

60 - A mim não me enganas tu (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno VI - Nº 3 - Serpa, Fevereiro de 1904 - volume VI, p. 37 (pauta) e p 49 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

A mim não me enganas tu

A mim não me enganas tu,A mim não me enganas, não!

Pera verde, minha verde pera, \Minha pêra verde, meu doce limão! \

SerpaELVIRA MONTEIRO

61 - Eu sou marujinho (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno VI - Nº 4 - Serpa, Abril de 1904 - volume VI, p. 53 (pauta) e p 56 e 57 (letra).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Eu sou marujinho

Eu sou marujinho, eu souContra-mestre de o navio.

Esta noite dormi euNa rua, a tremer com frio!Na rua, a tremer com frio,

A' porta do meu amor.Eu sou marujinho, eu sou

Contra-mestre de o vapor.Doce limão,

Branco luar…Oh! que lindas damas

Para namorar.Doce limão,

Verde limão…Oh! que lindas damas

Do meu coração!

SerpaELVIRA MONTEIRO

62 - Anda aqui uma menina (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno VI - Nº 5 - Serpa, Maio de 1904 - volume VI, p. 68 (letra) e p 69 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Anda aqui uma menina

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Anda aqui uma meninaQue se não quer divertir.Se eu cá fôra o seu rapazNão lh'o havia consentir.Não lh'o havia consentir,

Não lhe havia dar a mão…Muito tolo é quem dáAo mundo satisfação!

SerpaELVIRA MONTEIRO

63 - Esse teu vestido (CHOREOGRAPHICA) COREOGRÁFICATradição Anno VI - Nº 6 - Serpa, Junho de 1904 - volume VI, p. 84 (letra) e p 85 (pauta).

(Música recolhida por D. Elvira Monteiro)MODAS-ESTRIBILHOS ALEMTEJANAS

Esse teu vestido

Esse teu vestidoDe chita tão linda!Dá-me cá um beijo,Não te vás ainda.

- Meu bem! -Não te vás ainda

Que eu ind'aqui estou…Esse teu vestido,

Em quanto importou?- Meu bem!

Em quanto importou?Em quanto importava?

Um abraço teuE' que eú desejava!

SerpaELVIRA MONTEIRO

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