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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DOS ALUNOS INGRESSANTES NA EDUCAÇÃO SUPERIOR NOS TRABALHOS DO X ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA WILSON DE JESUS MASOLA Prof.ª Dr.ª Norma Suely Gomes Allevato Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. SÃO PAULO 2014

LISTA DE FIGURAS - Instituição de Ensino: Presencial e EAD | … · 2015-10-14 · ... exemplo de amor puro e de superação; ... 2.4.2 A Exploração do Material ... 3.2.5.1.3

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DOS

ALUNOS INGRESSANTES NA EDUCAÇÃO SUPERIOR NOS

TRABALHOS DO X ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

MATEMÁTICA

WILSON DE JESUS MASOLA

Prof.ª Dr.ª Norma Suely Gomes Allevato

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.

SÃO PAULO

2014

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

M372d

Masola, Wilson de Jesus. Dificuldades de aprendizagem matemática dos alunos

ingressantes na educação superior nos trabalhos do X encontro nacional de educação matemática / Wilson de Jesus Masola. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014.

164 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Norma Suely Gomes Allevato. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Educação matemática 2. Processo de ensino-aprendizagem

3. Resolução de problemas 4. Matemática – Ensino superior. I. Allevato, Norma Suely Gomes. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 51:37(043.3)

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DOS

ALUNOS INGRESSANTES NA EDUCAÇÃO SUPERIOR NOS

TRABALHOS DO X ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

MATEMÁTICA

WILSON DE JESUS MASOLA

Dissertação de mestrado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 08/12/2014.

BANCA EXAMINADORA:

Prof.ª Dr.ª Norma Suely Gomes Allevato

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Prof.ª Dr.ª Cintia Aparecida Bento dos Santos

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof.ª Dr.ª Marinez Meneghello Passos

Universidade Estadual de Londrina

DEDICATÓRIA

Para Joana, minha esposa.

Para Camilla, minha filha.

Para Darci, minha guerreira Mãe.

A todos que fazem parte da minha história de vida e

ajudaram a construí-la.

Em especial, aos que me acompanharam nestes

últimos três anos, quando estava envolvido nesse

processo de pós-graduação, e puderam sentir os

diversos momentos pelos quais passei: de decisão, de

dúvida, de persistência, de conquistas, de angústias,

de compreensão, de desconhecimento, de busca, de

divagação.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela realização deste sonho e por todas as oportunidades que tenho tido.

À minha esposa Joana, companheira, meu porto seguro, sempre!

À minha filha Camilla, exemplo de amor puro e de superação; companhia constante.

A meus pais, pela forma como fui criado, pelos exemplos de força de trabalho e determinação de minha mãe.

Ao meu saudoso pai, pelos exemplos de serenidade e de coragem, pelo incentivo nos estudos, que, com certeza, onde estiver, estará vibrando por mais esta conquista (in memoriam).

À Simone, Rosana, Rosemeire, Emerson e Vivian, meus irmãos, que sempre torceram por minhas conquistas.

À Giustina e Antonia, minhas cunhadas, que sempre me incentivaram em minha trajetória profissional.

À Eliza, amiga, companheira desde os tempos de lato sensu.

Meu agradecimento especial à Prof.ª Norma, por toda a orientação desde o primeiro contato com o Mestrado e por seu senso de amizade, raro nas pessoas.

Às professoras Cintia e Marinez, que compuseram as bancas de qualificação e defesa da minha dissertação, pelas orientações nesses momentos.

A todos aqueles que foram meus professores no programa de pós-graduação na UNICSUL.

A todos que, de uma maneira ou de outra, contribuíram e incentivaram a realização desta pesquisa.

MASOLA, W. J. Dificuldades de aprendizagem matemática dos alunos ingressantes na educação superior nos trabalhos do X Encontro Nacional de Educação Matemática. 2014. 164 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências

e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

RESUMO

A percepção, como professor de Matemática da Educação Superior, das dificuldades

dos alunos no desenvolvimento das atividades propostas desencadeou esta

pesquisa buscando ajudá-los na aprendizagem. Buscou-se identificar elementos, já

retratados nas pesquisas realizadas, sobre tais dificuldades dos alunos ingressantes

nesse nível de ensino. Especificamente, esta pesquisa tem o objetivo de retratar o

que as pesquisas publicadas nos anais do X Encontro Nacional de Educação

Matemática, 2010 (X ENEM) abordam com relação às dificuldades de

aprendizagem, nas disciplinas de Matemática, de alunos ingressantes na Educação

Superior. Foi utilizada a metodologia de pesquisa qualitativa, por meio de análise

documental e de conteúdo, juntamente com análise textual discursiva. Os

documentos investigados foram os trabalhos publicados na modalidade

comunicação científica e relato de experiência, especialmente os inseridos nos

grupos da Educação Superior. Com relação à natureza das dificuldades, as

pesquisas apontaram a falta de conhecimentos da Educação Básica,

especificamente ligados à resolução de problemas (atitude de investigação,

validação da resposta); à ausência de generalização de ideias, abstração e

argumentação; à realização mecânica de tarefas, sem reflexão dos significados; à

falta de autonomia; às dificuldades de organização para os estudos e deficiências de

leitura, escrita e representação matemáticas, especialmente no Cálculo Diferencial e

Integral. Essas pesquisas recomendam ações e recursos, tais como: relacionar as

atividades de aula com o cotidiano profissional do aluno; empregar análise de erros;

promover atividades exploratório-investigativas; propor atividades diferenciadas para

cada nível de dificuldade; utilizar tecnologias e empregar adequadamente o livro

didático.

Palavras-chave: Educação matemática, Educação superior, Dificuldades de

aprendizagem.

MASOLA, W. J. Learning disabilities in mathematics of entering students in college education in work of the X National Conference on Mathematics Education. 2014. 164 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e

Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

ABSTRACT

The perception, as Mathematics Professor in college education, of the students

difficulties in their development of proposed activities, has unleashed this research

seeking to assist them for learning. It has sought to identify elements which were

already portrayed in conducted researching concerning such entering students

problems in this level of education. In particular, this research aims to portray how

searches published in the Annals of the X National Conference on Mathematics

Education, 2010 (X ENEM) that discuss the difficulties of learning in the Mathematics

subjects, of new students in College Education. The qualitative research

methodology through document and content analysis was used along with textual

discursive analysis. The investigated documents were published papers in scientific

communication modality and reporting experience, particularly within groups in

college education. Regarding to the nature of the difficulties, the research pointed to

the lack of knowledge from basic education, particularly related to solving problems

(research attitude, response validation), to the lack of generalization of ideas,

abstraction and argumentation; mechanics performing tasks without meanings

consideration, and the lack of autonomy; organizational difficulties for studies and

reading disabilities, writing and mathematics representation, especially in the

Differential and Integral Calculus. These researches recommend actions and

features such as link the lesson activities with the daily professional of a student,

using error analysis, exploratory and investigative activities, promoting different

activities for each level of difficulty; using technology appropriately and the textbook.

Keywords: Mathematics education, College education, Learning difficulties.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

Trajetória Pessoal/Profissional .............................................................................. 11

Justificativa .............................................................................................................. 12

Lacuna de Pesquisa ................................................................................................ 14

Questão de Pesquisa .............................................................................................. 16

Organização do Trabalho ....................................................................................... 17

CAPÍTULO 1 – A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR .............................. 19

1.1 A Educação Superior no Brasil ............................................................... 19

1.2 Os Documento Oficias que Norteiam a Educação Superior no Brasil. 26

1.3 Investigação Preliminar que Caracteriza o Perfil do Aluno .................. 30

1.4 As pesquisas sobre a Matemática na Educação Superior .................... 32

1.5 As Dificuldades Matemáticas na Educação Superior ............................ 33

1.5.1 A Linguagem Matemática na Educação Superior .................................. 34

1.5.2 Identificação e Classificação das Dificuldades em Matemática na

Educação Superior ................................................................................... 36

1.5.3 Recomendações que Podem Ajudar a Superar as Dificuldades em

Matemática na Educação Superior ......................................................... 37

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DE PESQUISA ..................................................... 41

2.1 Pesquisa Qualitativa................................................................................. 41

2.2 Modalidade da Pesquisa .......................................................................... 42

2.3 Procedimentos Metodológicos ............................................................... 44

2.4 O Método da Análise de Conteúdo ......................................................... 46

2.4.1 A Pré-Análise ............................................................................................ 47

2.4.2 A Exploração do Material ......................................................................... 47

2.4.3 O Tratamento dos Resultados, a Inferência e a Interpretação ............. 48

2.5 Material Analisado .................................................................................... 48

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS TRABALHOS ......................................................... 51

3.1 Análise dos Documentos ......................................................................... 51

3.2 Análise do X Encontro Nacional de Educação Matemática (X ENEM) . 51

3.2.1 Elaboração da Análise dos Anais do X ENEM ....................................... 52

3.2.2 P1: Quais são as dificuldades matemáticas de alunos ingressantes na

Educação Superior detectadas pelas pesquisas já realizadas? .......... 55

3.2.3 Metatexto a partir da Análise ................................................................... 72

3.2.3.1 Crenças ..................................................................................................... 73

3.2.3.1.1 Crenças com respeito à aprendizagem .................................................. 73

3.2.3.1.2 Crenças com respeito ao ensino e à aprendizagem.............................. 74

3.2.3.2 Resultados ................................................................................................ 75

3.2.3.2.1 Resultados bibliográficos ........................................................................ 75

3.2.3.2.2 Resultados com respeito à aprendizagem ............................................. 81

3.2.3.2.3 Resultados com respeito a materiais ..................................................... 88

3.2.4 À guisa de síntese e finalização .............................................................. 89

3.2.5 P2 Que recomendações têm sido sugeridas para sanar essas

dificuldades de aprendizagem matemática? .......................................... 90

3.2.5.1 Recomendações ..................................................................................... 106

3.2.5.1.1 Recomendações com respeito à aprendizagem .................................. 106

3.2.5.1.2 Recomendações com respeito ao ensino ............................................ 108

3.2.5.1.3 Recomendações com respeito ao livro didático ................................. 119

3.2.5.1.4 Recomendações com respeito à tecnologia ........................................ 120

3.2.6 À guisa de síntese e finalização ............................................................ 123

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 127

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 133

REFERÊNCIAS DO CORPUS INVESTIGADO ...................................................... 141

APÊNDICE A .......................................................................................................... 143

APÊNDICE B .......................................................................................................... 145

ANEXO A ................................................................................................................ 151

11

INTRODUÇÃO

Trajetória Pessoal/Profissional

Meu interesse pela Matemática revelou-se de forma mais intensa em 1980,

quando, então com 14 anos de idade, ingressei na Escola SENAI para fazer o curso

de Mecânica Geral, curso este que exigia dos alunos considerável domínio em

Matemática, pois abrangia trabalhos envolvendo metrologia, geometria, entre outros.

Ali encontrei bons exemplos de professores, não só pelo profissionalismo, mas

especialmente pelo orgulho que tinham em dizer que eram professores. Esse

aspecto dos professores me cativava profundamente.

Depois de concluir o SENAI, que era equivalente ao ginásio (anos finais do

Ensino Fundamental), em 1982, dei continuidade aos estudos para concluir o colégio

(Ensino Médio), em uma escola pública, onde o gosto pelo magistério começou a me

influenciar, pelo envolvimento e pela amizade que conquistei dos meus queridos

mestres. E mais uma vez, tive exemplos de excelentes professores.

Em 1988, ingressei na faculdade para fazer o curso de Ciências Contábeis,

onde minha esposa cursava licenciatura em Geografia. Com o passar do tempo,

acompanhando minha esposa, ajudando-a com seus trabalhos e observando seus

estágios, me dei conta de que ser contador talvez não fosse minha vocação, mas,

como já havia decorrido mais da metade do curso e estava trabalhando na área,

concluí Ciências Contábeis. Esse curso apresenta estreita ligação com a

Matemática, pois, além de registrar dados e fatos de empresas, envolve cálculos

diversos. Decidi, então, que iria fazer outra graduação e seria de Licenciatura em

Matemática; ser professor passou a ser, além de um propósito, um sonho.

Na época em que decidi retomar os estudos, trabalhava já havia muito

tempo em uma grande empresa de alimentos, quando percebi que precisava me

atualizar, pois já não me sentia bem fazendo o que fazia; algo me faltava e eu não

sabia dizer o quê. Foi quando resolvi fazer vestibular para Licenciatura em

Matemática e, em 2004, realmente iniciei o curso. Durante o ano de 2006 a empresa

onde eu trabalhava decidiu transferir alguns setores para a cidade de Curitiba, e o

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setor em que eu estava alocado foi um deles. Por não querer abandonar meu sonho,

fiquei em São Paulo e terminei o curso nesse mesmo ano.

No início do ano de 2007, fui convidado a ministrar uma aula teste em um

colégio particular na zona leste da cidade de São Paulo, colégio em que, enquanto

garoto, sempre quis estudar, porque tinha colegas que estudavam lá e que sempre

elogiavam os professores e a escola, e estavam contentes com o curso que faziam,

além de boas empresas irem à escola fazer seleção de alunos para estágio e,

futuramente, depois de formados, serem efetivados. Entretanto, eu não tinha

condições financeiras e, para minha alegria, tornei-me professor dessa conceituada

instituição. Foi então que confirmei o que me faltava; meu sonho estava concretizado

e eu me sentia também realizado profissionalmente. Nesse mesmo ano, cursei uma

especialização lato sensu em Educação Matemática.

Em novembro de 2009, ministrei uma aula teste em uma faculdade particular

localizada na cidade de Guarulhos. No primeiro semestre de 2010, dividia minha

jornada de trabalho entre o colégio e a faculdade, e no segundo semestre desse

mesmo ano, passei a ter dedicação exclusiva à faculdade.

Justificativa

Foi quando comecei a lecionar na faculdade as disciplinas de Matemática

Financeira e Pré-Cálculo para turmas de 150 alunos de cursos de diversas áreas,

que minha inquietação surgiu. Logo no decorrer da primeira aula, percebi, em muitos

alunos, certa aflição e angústia. Parei a aula para conversar e perguntar o que

estava acontecendo. E grande parte deles foi categórica em afirmar que não estava

entendendo, pois se encontrava há muito tempo fora da sala de aula, ou não tinha

visto o conteúdo que eu ministrava naquele momento, que se referia aos Ensinos

Fundamental e Médio.

Assim, decidi fazer um levantamento para verificar o que poderia ser feito

para ajudar os alunos: apliquei uma avaliação diagnóstica para ter ideia de quais

eram os problemas na aprendizagem. Fiquei espantado ao perceber que os alunos

apresentavam dificuldades em conteúdos abordados desde o Ensino Fundamental.

Outra coisa que também me chamou a atenção foi a falta de motivação com que os

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alunos estavam ingressando no Ensino Superior, além da dificuldade de leitura e

escrita matemática. Diziam eles que “é um sonho fazer a faculdade, mas que a

Matemática seria um obstáculo, pois não tiveram bons professores e, mesmo

quando tiveram bons professores, não conseguiram aprender; e que a Matemática é

muito difícil”. Foi a partir daí que percebi que teria de lidar com alguns aspectos, tais

como: sanar as dificuldades de aprendizagem, trabalhar com o obstáculo da leitura e

interpretação da escrita matemática, além de motivar e encorajar os alunos para que

pudessem acreditar neles mesmos e não abandonassem o curso.

Entretanto, conversando com outros colegas com mais experiência em

lecionar em cursos superiores, pude verificar que essa situação não é isolada. Esses

colegas afirmam que “no decorrer dos anos, os alunos estão chegando ao Ensino

Superior sem a mesma base matemática (a expressão base matemática, usada por

esse professor, refere-se ao conjunto de conhecimentos prévios que supostamente

os alunos deveriam possuir a partir de sua formação anterior) com que chegavam há

anos atrás” e que, apesar disso, nós, professores, não nos preparamos

adequadamente para recebê-los. E há quem defenda que temos de “descer o nível”

das aulas para que os alunos consigam seguir em frente. Mas isso não parece que

esteja ajudando muito ou que seja a solução. É necessário, na realidade, que o

professor busque novas formas de trabalho para ajudar esses alunos que

apresentam deficiência de formação e dificuldades na aprendizagem.

Os alunos que chegam à Educação Superior, segundo relatos dos

professores que atuam no Ensino Básico, são originários de escolas onde a falta de

professores e a quantidade de professores que se ausentam das aulas por motivos

diversos, aliadas à pequena exigência de aprendizagem para que os alunos possam

ser promovidos e somadas à falta de hábito de estudo e à pouca valorização da

escola pela família, contribuem para que iniciem a graduação sem condições para

cursar as disciplinas do curso que escolhem. Sentia-me de mãos atadas, mas,

conforme Cury (2004),

[...] muitas vezes comentamos, em reuniões ou em congressos, o baixo nível de conhecimentos matemáticos com que os estudantes estão chegando à universidade. No entanto, mesmo que tentemos empurrar a responsabilidade para os níveis de ensino anteriores (com risco de chegarmos a “culpar” a pré-escola pelos problemas!), sabemos que são esses os alunos que temos e nossa responsabilidade – e nosso desafio – é levá-los a desenvolver as habilidades necessárias para compensar as

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dificuldades que apresentam, ao mesmo tempo em que procuramos despertar neles a vontade de descobrir as respostas às suas dúvidas. (CURY, 2004, p. 123-124).

Foi então que decidi iniciar um programa de pós-graduação, em nível de

mestrado, para me situar em relação ao que se tem pesquisado a respeito e, com

isso, poder contribuir de alguma maneira para a melhoria do ensino e aprendizagem

de Matemática dos alunos que ingressam na Educação Superior.

Demorei até fazer essa escolha, mas hoje posso dizer que minha pesquisa,

relatada na presente dissertação, está relacionada ao meu exercício profissional; ela

é um instrumento do meu trabalho e proporciona aprendizagem de teoria e prática,

como eu queria. Possibilita um melhor entendimento dos entraves demonstrados

pelos alunos e me coloca na direção de superar tais entraves. Trabalhar com a

realidade em que vivemos e nos adaptarmos a ela é sonho de todo professor e, mais

ainda, que os alunos nos aceitem e entendam ‘aonde queremos chegar’. Tenho

consciência de que sou um professor exigente, principalmente no primeiro semestre,

porque é o momento de tentar ajudar os alunos, criando um aporte de

conhecimentos, de atitudes, de amadurecimento, de perspectivas que os sustentem

nas disciplinas que vêm a seguir.

Lacuna de Pesquisa

A partir dessas justificativas de natureza profissional, julgamos adequado

investigar o que as pesquisas já realizadas trazem a respeito dessas dificuldades

apresentadas pelos alunos. Essas pesquisas estão retratadas em artigos publicados

em periódicos, anais de eventos, dissertações, teses, entre outros meios de

divulgação científica.

Em particular, muito se tem discutido em eventos sobre as dificuldades de

conteúdos matemáticos pertinentes aos Ensinos Fundamental e Médio, com que os

alunos estão ingressando nas universidades. Entretanto, em nível de pós-graduação

em doutorado e mestrado, junto aos programas de Ensino de Ciências e Matemática

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e Educação Matemática, não encontramos1 muitos trabalhos que tratam das

dificuldades em Matemática de alunos ingressantes na Educação Superior.

Entre os que encontramos, que discutem dificuldades em Matemática, está o

de Benaion (2011), que propõe a elaboração e avaliação de um material didático de

apoio direcionado aos professores do Ensino Fundamental para o trabalho com

alunos com dificuldades em aprendizagem. Yacovenco (2011) trabalhou com

recuperação escolar, investigando o rendimento de alunos dos anos iniciais do

Ensino Fundamental com defasagem de aprendizado, que se encontravam em

situação de recuperação. Gomes (2012) procurou estudar como identificar e analisar

as evidências da falta de motivação para aprender, dos estudantes universitários

com dificuldades de aprendizagem, com o intuito de desenvolver estratégias de

intervenção que pudessem levá-los ao melhor nível de aprendizagem, empregando

teoria motivacional contemporânea aliada à psicologia positivista. Costa (2001) trata

da elaboração de um manual de Matemática, específico para estudos de Química,

utilizado nas disciplinas profissionais do curso de Tecnologia de Processos

Químicos. O produto obtido busca minimizar as dificuldades encontradas no

processo de “ensino-aprendizagem”2 das disciplinas de Cálculo do curso. Foram

organizados os conteúdos matemáticos mais utilizados pelos professores das

disciplinas ditas profissionais ou específicas do curso de Tecnologia em Processos

Químicos. Dessa forma, foi possível elaborar um material prático de grande utilidade

para aqueles que trabalham na área, pois os conteúdos matemáticos nele contidos

representam, conforme expressão do autor, alavancas de conhecimentos aplicáveis

à área profissional.

A pesquisa que mais se aproxima da nossa é a realizada por Sosa (2011),

que, percebendo as dificuldades dos alunos ingressantes na universidade, na

disciplina de Matemática do curso de Administração, investigou as possibilidades e

limitações da Metodologia de Ensino e Aprendizagem de Matemática através da

Resolução de Problemas por meio da dinâmica das situações problema. Utilizou

exemplos e aplicações que simulassem a realidade da atividade profissional de um

1 A busca que realizamos foi feita no banco de teses e dissertações da CAPES e nos sites de

programas de Pós Graduação no Brasil.

2 Na expressão “ensino-aprendizagem”, respeitamos o grifo do autor.

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administrador, na prática educativa em Matemática. Entretanto, Sosa (2011) não

discute em sua dissertação quais são as dificuldades em Matemática dos alunos

ingressantes na Educação Superior. Assim, percebendo a falta de pesquisas nesse

âmbito, é que reforçamos as justificativas para o desenvolvimento de nossa

pesquisa, que tem o intuito de trazer outras contribuições, tanto para a academia

quanto para os alunos que estão ingressando nas universidades debilitados de

conhecimentos matemáticos.

A pesquisa que desenvolvemos, de natureza qualitativa, refere-se a um

estudo na modalidade Estado do Conhecimento, conforme será caracterizado no

capítulo 2, e se apoiou nas publicações efetivadas nos anais do X ENEM – Encontro

Nacional de Educação Matemática.

Questão de Pesquisa

Assim, a partir desses fatos relatados relacionados à minha trajetória

profissional e acadêmica e da lacuna de pesquisa percebida nas teses e

dissertações já produzidas, com a presente dissertação procuramos respostas para

a seguinte questão:

O que as pesquisas publicadas no X ENEM abordam com relação às

dificuldades de aprendizagem, nas disciplinas de Matemática, de alunos

ingressantes na Educação Superior?

E para encontrarmos subsídios que respondam a esta questão geral,

desenvolvemos uma investigação com apoio nas seguintes questões específicas:

Quais são as dificuldades matemáticas de alunos ingressantes na

Educação Superior detectadas pelas pesquisas já realizadas?

Que recomendações têm sido sugeridas para sanar essas dificuldades

de aprendizagem matemática?

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Organização do Trabalho

Esta dissertação está organizada em três capítulos, acrescidos das

Considerações Finais, Referências, Apêndices e Anexo, que são desenvolvidos da

seguinte maneira:

O Capítulo 1 discute alguns aspectos relacionados ao ensino da Matemática

nos cursos de Educação Superior. Apresenta um estudo baseado em outras

pesquisas que enfocam aspectos referentes ao trabalho com a Matemática nesse

nível de ensino.

O Capítulo 2 é composto por considerações sobre a metodologia de

pesquisa utilizada, que foi a qualitativa. Também discorre sobre os métodos

adotados na investigação que foi fundamentada, principalmente, na análise

documental amparada na análise de conteúdo, juntamente com análise textual

discursiva; são discutidas as características básicas desses métodos e como foram

aplicados nesta pesquisa.

O Capítulo 3 traz a descrição e a análise dos dados coletados; nele é

apresentado o que pudemos averiguar nos anais do X ENEM. A opção da análise

dos anais se deu em virtude de termos constatado que eles apresentam um volume

significativo de trabalhos que vão ao encontro do nosso objetivo de pesquisa.

Nas Considerações Finais, sintetizamos as respostas construídas para nossa

questão de pesquisa, apresentamos perspectivas para a realização de novos

estudos e discorremos sobre o significado da presente pesquisa em nossa formação

de professor e de pesquisador.

Concluímos a dissertação com as Referências, os Apêndices e o Anexo.

18

19

CAPÍTULO 1 – A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Neste capítulo, apresentaremos um estudo sobre a Educação Superior no

Brasil, segundo alguns autores, discutindo aspectos que têm sido considerados no

ensino e na aprendizagem da Matemática na Educação Superior. Em seguida,

apresentaremos a fundamentação teórica que alicerçará nossa pesquisa.

1.1 A Educação Superior no Brasil

Pelas leituras realizadas e que serão discutidas nesta seção, pudemos

verificar que a Educação Superior no Brasil teve seu desenvolvimento diferente do

restante do continente latino-americano, conforme apresentaremos a seguir.

Enquanto a colonização espanhola incluiu as universidades entre as

instituições que reproduziu na América, criando a primeira delas em 1538

(BARREYRO, 2008), a Educação Superior no Brasil teve início em 1572 com a

criação, pelos portugueses, dos cursos de Artes e Teologia, no Colégio dos Jesuítas

da Bahia. (CUNHA, 2007).

Segundo Piletti (2000), quando da expulsão dessa ordem religiosa, em 1759,

eles saíram do Brasil, sendo 124 jesuítas da Bahia, 53 de Pernambuco, 199 do Rio

de Janeiro e 133 do Pará. Os jesuítas foram expulsos das colônias por Sebastião

José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de

1750 a 1777, em função de diferenças de objetivos. Enquanto os jesuítas se

preocupavam com a catequese e o noviciado, Pombal pensava em resgatar Portugal

da decadência econômica em que se encontrava diante das potências europeias da

época. A educação jesuítica não convinha aos interesses comerciais que norteavam

os pensamentos e orientações de Pombal. Outrossim, se as escolas da Companhia

de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em

organizar a escola para servir aos interesses do Estado.

Piletti (2000) nos relata que o Marquês de Pombal, através do alvará de 28 de

junho de 1759, ao mesmo tempo em que extinguia as escolas jesuíticas de Portugal

e de todas as colônias, criava as aulas régias de Latim, Grego e Retórica. Cada aula

20

régia era autônoma e isolada, com professor único, e não havia articulação entre

elas.

Nesse período, destacou-se a criação, no Rio de Janeiro, de um curso de

estudos literários e teológicos, em julho de 1776, e do Seminário de Olinda, em

1798, por Dom Azeredo Coutinho, governador interino e bispo de Pernambuco. O

Seminário de Olinda tinha uma estrutura escolar particular, em que as matérias

tinham uma sequência lógica, os cursos apresentavam uma duração determinada e

os alunos eram reunidos em classe e trabalhavam de acordo com um plano de

ensino antecipadamente estabelecido. (PILETTI, 2000).

Para Piletti (2000), a decisão de Pombal teve um agravante para a educação

brasileira que, no princípio do século XIX (anos 1800), estava reduzida a

praticamente nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e nada foi organizado que

pudesse chegar próximo desse sistema para dar continuidade a um trabalho de

educação. Essa situação somente sofreu uma mudança com a chegada da família

real ao Brasil, em 1808. (PILETTI, 2000).

Cunha (2007) nos aponta igualmente que o Ensino Superior não religioso

iniciou-se com a transferência da sede do império português para o Brasil. Então, a

partir de 1808 foram instalados cursos superiores no Rio de Janeiro, com a intenção

de suprir as necessidades do Estado, qualificando profissionais para a burocracia e

para atuarem como profissionais liberais. Foram criados cursos de Cirurgia,

Medicina e Matemática, que se relacionavam com as atividades militares; e

Agronomia, Desenho Técnico, Economia, Química e Arquitetura, destinados à

burocracia estatal. E ainda, cursos ligados à Academia de Belas Artes, tais como os

de Desenho, História e Música. Depois da independência do país, surgiram os

cursos de Direito.

Para corroborar com Cunha (2007), Sampaio (2000) apresenta a mesma

visão de que somente após a vinda da família real portuguesa é que se deu o início

da formação do núcleo de Educação Superior no Brasil:

Em contraste com alguns países da América Hispânica, o Brasil não possuiu nem universidades nem outras instituições de ensino durante todo o período colonial. Somente em 1808, com a vinda da família real portuguesa, teve início a formação do núcleo de ensino superior no País. Duas características principais marcaram o seu padrão de desenvolvimento: a

21

orientação para a formação profissional e o controle do Estado sobre o sistema. (SAMPAIO, 2000, p. 40).

Somente a partir dos anos 1950, quando houve um aumento significativo pela

procura na Educação Superior, a sociedade se deparou com o surgimento de novas

áreas de trabalho e com o aprofundamento dos efeitos da estratificação das

camadas sociais. Foram promulgadas as leis de regulamentação para exames

vestibulares que, embora ainda restritivas, ampliavam as possibilidades de ingresso

na Educação Superior. Ainda no início da segunda metade do século XX, houve um

processo de federalização das universidades e, com a primeira Lei de Diretrizes e

Bases – LDB (BRASIL, 1961), instituiu-se o funcionamento da Educação Superior e

das universidades no Brasil. Em consequência da predominância do domínio e

controle da Educação Superior pelo Estado, até os anos 1990 a oferta de vagas na

Educação Superior no Brasil estava restrita às universidades federais e estaduais,

acessíveis, quase que exclusivamente, a um público mais abastado. Contrastando

com isso, a primeira universidade do país, a Universidade de Manaus, foi criada, em

1909, por iniciativa privada. (VEIGA, 2007).

Veiga (2007) declara que, entre as décadas de 1960 e 1970, a iniciativa

privada foi incentivada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) a abrir

faculdades para atender à forte procura pela Educação Superior. Mas, foi a partir do

fim dos anos 1980 e início dos 1990 que se verificou a propagação das Instituições

de Ensino Superior (IES), de caráter privado, especialmente na região Sudeste do

país. Desse modo, a fragmentação da oferta com o aumento da quantidade de IES

ampliou e facilitou o acesso de novos estudantes à Educação Superior.

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2010, divulgado pelo

Ministério da Educação (MEC)3, no Brasil, havia 2.378 instituições de Educação

Superior, que registraram 5.449.120 matrículas em 28.577 cursos de graduação

presencial (INEP, 2012), conforme o Gráfico 1, a seguir:

3 Censo 2010 da Educação Superior Brasileira. Resumo Técnico. Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

22

Gráfico 1 – Evolução do número de IES Públicas e Privadas

Fonte: Dados INEP, gráfico elaborado pelo autor.

Verificamos pelo gráfico que na última década, a evolução do número das IES

privadas apresentou um crescimento de aproximadamente 74%, enquanto que as

IES públicas apresentaram um crescimento quantitativo bem mais tímido, em torno

de 53%. Um fato curioso verificado para as duas entidades, pública e privada, no

período entre 2007 e 2008, é que elas contabilizaram perdas no número de

instituições, 13 para as públicas, 5,5%, e 16 para as privadas, 0,8%.

Além disso, podemos notar incentivos ao ingresso de novos estudantes na

Educação Superior brasileira. A demanda pela Educação Superior privada foi

incentivada e incrementada por programas como, por exemplo, o Financiamento

Estudantil (FIES)4, criado em 1999, para financiar estudantes da Educação Superior,

pela Caixa Econômica Federal (CEF). Seu processo seletivo considera o perfil

socioeconômico do candidato, e os estudantes podem financiar até 100% dos custos

de seus estudos. Podem participar do FIES cursos com conceito maior ou igual a 3

no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE).

4 FIES (www.sisfiesportal.mec.gov.br).

183 195 207 224 231 248 249 236 245 278

1208 1442

1652 1789

1934 2022 2032 2016 2069 2100

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Pública Privada

23

Há que se considerar ainda o Programa Universidade para Todos (PROUNI)5,

do Governo Federal, criado em 2004 e institucionalizado pela Lei nº 11.096, em 13

de janeiro de 2005, que oferece, em contrapartida, isenção de tributos àquelas

instituições que aderem ao Programa. O objetivo é conceder bolsas de estudo

parciais e integrais para estudantes de IES privadas. Estudantes podem aderir se a

renda per capita familiar for de até 3 salários mínimos.

Os estudantes da Educação Superior podem contar também com incentivos

da iniciativa privada. Um exemplo é o programa de crédito universitário privado

Pravaler6, gerido pela companhia Ideal Invest, que tem mais de 170 IES parceiras.

Criado em 2006, conta com 250 mil estudantes e cobertura em 14 estados do país.

O crédito universitário Pravaler pode ser usado tanto por alunos que irão

iniciar seus estudos, quanto por alunos que já estão matriculados nas faculdades

parceiras do programa, ou seja, por calouros e veteranos. É uma alternativa para

aqueles estudantes que não conseguiram ou têm apenas uma parte da mensalidade

financiada com o FIES.

Nossa convivência com esses estudantes universitários, particularmente os

alunos de cursos noturnos da área de negócios e de engenharia, permite-nos

perceber que ao se depararem com as ofertas disponíveis para financiamento de

seus estudos, eles vislumbram a faculdade como uma ponte para a conquista do

sonho de progresso no mercado de trabalho. O ingresso na Educação Superior

torna-se, então, um passe para a ascensão social e, com o aumento da oferta e

facilitação do acesso, o futuro estudante tem à sua frente a possibilidade de analisar,

comparar e escolher qual é a opção que atende às suas condições.

Assim, a ‘pulverização’ do setor, em diversos perfis de IES, veio atender às

necessidades de um público que, até então, supostamente, não teria condições

financeiras de acesso à Educação Superior. Desse modo, além de promover o

ingresso de um novo público na Educação Superior, tal crescimento representou a

possibilidade de ascensão social através da qualificação profissional e da conquista

de um título de graduação, antes exclusivo a uma pequena parcela da população.

5 PROUNI (http://siteprouni.mec.gov.br).

6 Crédito Pravaler (www.creditopravaler.com.br).

24

A expansão e o crescimento das IES ainda trouxeram novos desafios ao setor

da Educação Superior. Um deles diz respeito à necessidade de se relacionar com

uma massa de alunos que apresentam características diferentes daquelas

observadas anteriormente a esse movimento de expansão, e de lidar com grupos de

estudantes heterogêneos em termos de perfil social, econômico e cultural:

A democratização do ensino tem trazido à tona questões novas, às quais a universidade não encontrou respostas ainda, pois pressupõe a formação de grupos heterogêneos de alunos nas universidades em termos de diferenças no desempenho no ensino médio, nas condições socioeconômicas, no background

7 cultural, entre outros fatores, os quais a universidade não tem

ainda meios de atender em suas demandas específicas, repetindo um modelo destinado às classes média alta e alta, que tende a excluir grupos diversos deste padrão. (RIBEIRO, 2005, p. 59).

Embora essa democratização responda aos anseios de acesso à Educação

Superior, as IES ainda não sabem como lidar com a disparidade de formação, na

Educação Básica, dos grupos heterogêneos de estudantes que ingressam na

Educação Superior.

E aliado a essa disparidade na formação básica, os alunos que estão

ingressando na Educação Superior precisam estudar no período noturno, pois

trabalham durante o dia, não tendo tempo suficiente para se dedicar de maneira

adequada e tentar suprir suas dificuldades nos estudos.

No que diz respeito ao período em que estudam, segundo dados do Censo da

Educação Superior de 2010, seis em cada dez alunos da Educação Superior no

Brasil estudam à noite. As matrículas nos cursos noturnos cresceram de 56,1% para

63,5% entre 2001 e 2010. Nas instituições federais, que concentram 14,7% das

matrículas, predomina o atendimento diurno, oferecido a mais de 70% dos

estudantes. As universidades estaduais, por outro lado, apresentam um atendimento

mais equilibrado, com quase 46% dos alunos matriculados no turno da noite.

Complementando, o Censo ainda revela que entre 2009 e 2010 o número de

matrículas na Educação Superior aumentou em 7,1%, e no caso das IES privadas,

7 Conjunto de elementos que caracterizavam as raízes culturais, os antecedentes sociais e as

experiências pelas quais passou uma pessoa correspondem ao background do indivíduo

(SKOVSMOSE, 2010).

25

os números indicam um aumento na oferta de vagas noturnas que, em 2010,

correspondeu a 72,8% dos estudantes matriculados.

O aluno da Educação Superior no Brasil é jovem, e sua maior concentração

está na região Sudeste, com cerca de 48% das matrículas. Em 2010, metade dos

estudantes tinha menos de 24 anos e a média de idade nos cursos presencias era

de 26 anos. As mulheres são maioria e representam 57% desses estudantes.

Verificamos, nas instituições em que desenvolvemos nossas atividades

profissionais, que a maioria das mulheres que ingressa na Educação Superior tem

jornada dupla: além do fato de trabalhar fora, tem o trabalho doméstico em sua

residência e a responsabilidade de mãe no cuidado com os filhos. Tendo em vista as

dificuldades com que os alunos chegam a esse nível de ensino, isso se torna, de

certa forma, um obstáculo para um bom desenvolvimento no processo de

aprendizagem.

Um estudo realizado por Nogueira (2003), feito com universitários, revelou

que a decisão pela Educação Superior não tem, como para aqueles mais abastados,

a conotação de uma quase “evidência”, um acontecimento inevitável. Chegar a esse

nível de ensino nada tem de “natural”, mesmo porque parte significativa deles, até o

Ensino Fundamental e, em muitos casos, ainda no Ensino Médio, possuía um baixo

grau de informação sobre o vestibular e a formação universitária.

Diante do que foi exposto, um dos fatores que podem explicar a expansão

das IES e a ampliação do acesso de novos estudantes à Educação Superior é o

aumento da oferta e do incentivo ao acesso na forma de financiamentos públicos ou

privados. Acrescenta-se a este o crescimento econômico alcançado pelo Brasil nos

últimos anos, que vem ampliando a busca por mão de obra qualificada.

Haja vista a crescente demanda de acesso à Educação Superior, fomos

buscar, nos documentos oficiais, como o Estado promove o controle e a organização

das IES, foco da nossa próxima seção.

26

1.2 Os Documento Oficias que Norteiam a Educação Superior no Brasil

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996

(BRASIL, 1996), em seu capítulo IV, discorre sobre a Educação Superior. É

assegurada, a esse nível de ensino, maior flexibilidade na organização curricular dos

cursos, atendendo à necessidade de uma profunda revisão de toda a tradição que

burocratiza os cursos e se revela incongruente com as tendências contemporâneas

de considerar a formação em nível de graduação como uma etapa inicial da

formação continuada; bem como à crescente heterogeneidade tanto da formação

prévia como das expectativas e dos interesses dos alunos. (BRASIL, 1996).

No seu art. 43, a lei estabelece as finalidades da Educação Superior, dentre

as quais destacamos: estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito

científico e do pensamento reflexivo; diplomar nas diferentes áreas de

conhecimento, capacitando para a inserção em setores profissionais e para a

participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na formação

contínua; incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao

desenvolvimento da ciência e da tecnologia e à criação e difusão da cultura. Desse

modo, pretende: desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;

estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os

nacionais e regionais; prestar serviços especializados à comunidade; estabelecer

com esta uma relação de reciprocidade, entre outros.

Em consonância com essas indicações da LDB, as Orientações para

Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Superior (BRASIL, 1997), mediante

as orientações gerais para as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,

preveem um profissional com perfil generalista, humanista, com postura crítica e

reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver novas tecnologias, e a exercer

atuação criativa na identificação e resolução de problemas.

Tais diretrizes definem as habilidades e competências a serem adquiridas

pelo aluno durante a sua formação no curso, e que estão claramente discriminadas

em um conjunto de atividades previstas nos projetos político-pedagógicos (PPC) dos

cursos nas instituições de Educação Superior, garantindo o perfil desejado do aluno

egresso.

27

O processo de planejamento e implementação de um projeto pedagógico de

curso também deve levar em conta a realidade social em que o aluno está inserido,

para que possa ser caracterizado o contexto desse aluno. Assim, a construção e

implementação de um projeto pedagógico não podem levar em conta somente o

perfil do profissional que se deseja formar, mas também o perfil do aluno

ingressante, fornecendo dados para a implementação de ações que possam levá-lo

a desenvolver as habilidades e adquirir competências desejáveis.

O projeto pedagógico tem sido objeto de estudo entre professores,

pesquisadores e instituições de ensino, em âmbito nacional, que possam conduzir à

melhoria da qualidade do ensino.

Estudos nesse sentido têm que ter a intenção de refletir a respeito da

construção do projeto político-pedagógico, que é:

[...] entendido como a própria organização do trabalho pedagógico da escola como um todo. A escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos [...] (VEIGA, 1995, p. 11-12).

A construção de um projeto pedagógico deve atender, no mínimo, a sete

elementos básicos: as finalidades da escola; a estrutura organizacional; o currículo;

o tempo escolar; o processo de decisão; as relações de trabalho; a avaliação.

(VEIGA, 1995).

Para nós, na construção de um projeto pedagógico deve existir, além do que

já foi exposto, um conjunto de medidas que privilegiem a continuidade nas ações, a

descentralização, a democratização do processo de tomada de decisões e a

implantação de um processo coletivo de avaliação de caráter emancipatório.

Tendo como princípio que os projetos pedagógicos devem atender ao que

determina a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e as Orientações para as Diretrizes

Curriculares Nacionais (DCN) para a Educação Superior, vamos discutir alguns

aspectos que percebemos em Projetos Pedagógicos de alguns cursos superiores.

Esses aspectos foram selecionados para serem destacados aqui por se mostrarem

convergentes nos projetos analisados e por estarem relacionados ao foco de nossa

pesquisa.

28

O PPC é um documento de orientação acadêmica onde constam, dentre

outros elementos: conhecimentos e saberes considerados necessários à formação

das competências estabelecidas para o perfil do egresso; estrutura e conteúdo

curricular; ementário, bibliografias básica e complementar; estratégias de ensino;

docentes; recursos materiais; serviços administrativos; serviços de laboratórios;

infraestrutura de apoio ao pleno funcionamento do curso.

Com o pensar voltado para a formação prospectiva, antecipando os desafios

que aguardam os egressos no futuro, do qual ainda não se conhece todo o contorno,

busca-se uma aprendizagem ativa e problematizadora voltada para a autonomia

intelectual, apoiada em formas criativas e estimulantes para o processo de ensino,

formando um profissional comprometido com a curiosidade epistemológica e com a

resolução de problemas da realidade cotidiana.

A ideologia dos PPCs, que fixam as metas e os objetivos a serem alcançados

durante a formação dos alunos e os critérios norteadores para a definição do perfil

do egresso, toma como base uma visão humanista, a internalização de valores de

responsabilidade social, de justiça e de ética profissional. Integram, assim, os

conhecimentos, as competências, as habilidades e os talentos na formação do futuro

profissional.

A fim de percebermos melhor esses aspectos, analisamos o PPC dos cursos

da área de Administração de Empresas e Gestão de uma faculdade particular da

cidade de Guarulhos/SP. No que diz respeito ao desenvolvimento de competências

e habilidades na formação do perfil do egresso, encontra-se acompanhar e controlar

movimentações financeiras, fazendo uso de recursos matemáticos, informações

econômicas e dispositivos de cálculos, tais como: utilizar calculadoras científicas e

planilhas eletrônicas para tomada de decisão; gerar os relatórios gerenciais para a

tomada de decisão para os diversos departamentos da empresa; planejar e orientar

a viabilidade econômica e orçamentária do negócio.

Na parte relativa à ementa desses cursos está disposta a utilização do

raciocínio matemático e algébrico para equacionar e solucionar problemas; analisar

criticamente funções matemáticas a fim de reconhecer pontos críticos; ligar-se

estreitamente entre os quadros algébricos e geométricos; utilizar os conjuntos

29

numéricos. Mais especificamente são indicados: metodologia de projetos financeiros

para organizações; metodologia de análise de sistemas; lógica financeira de

utilização de calculadoras financeiras; estruturas de dados; juros compostos;

capitalização; amortização; planilhas de cálculo. Percebe-se, assim, a marcante

presença da Matemática, explícita ou implicitamente. (XXXXX, 2012)8.

A interdisciplinaridade horizontal, ou seja, a integração entre os conteúdos

lecionados nas disciplinas do mesmo período, e a integração vertical, isto é, a

interdisciplinaridade dos conteúdos dos períodos seguintes, demonstram ao aluno a

integração entre as diversas áreas contempladas e o caráter de continuidade dos

estudos, enfatizando, assim, a interdisciplinaridade das ações didático-pedagógicas

estruturadas.

Os princípios metodológicos, adicionalmente a outras estratégias de ensino,

devem ser cuidadosamente selecionados e planejados, de modo a propiciarem

situações entre as quais selecionamos as que caracterizam situações relacionadas

com a Matemática: definir a relevância de um problema por sua capacidade de

propiciar o saber pensar, não se reduzindo, assim, à aplicação mecânica de

fórmulas feitas; dissolver receitas prontas; criar oportunidades para tentativas e

erros.

A adoção desses critérios neutraliza a preocupação em ‘repassar’

conhecimentos a serem apenas copiados e reproduzidos, desafiando os alunos a

fomentarem sua capacidade de problematizar e buscar respostas próprias, calcadas

em argumentos convincentes.

Também pautada nessas averiguações é que se justifica nossa pesquisa.

Como conduzir um trabalho pedagógico, que em seu PPC dá ênfase aos conteúdos

matemáticos, sabendo que as IES estão recebendo alunos cada vez mais

despreparados no que diz respeito aos conteúdos de Matemática? Afirma Nasser

(2012) que ainda está por ser encontrada a solução para minimizar esse problema.

No capítulo de análise dos trabalhos publicados no X ENEM, estaremos nos

aprofundando mais em relação a esses questionamentos. Na próxima seção, iremos

8 A utilização de XXXXX tem o objetivo de preservar o nome da instituição.

30

caracterizar o perfil do aluno ingressante através de uma investigação preliminar que

realizamos nessa instituição de Educação Superior particular da cidade de

Guarulhos/SP.

1.3 Investigação Preliminar que Caracteriza o Perfil do Aluno

Uma pesquisa do perfil dos alunos ingressantes na Educação Superior pode

servir de referência para a implementação de ações e atitudes que permitam ajudar

os alunos que ingressam na Educação Superior trazendo, em sua ‘bagagem de

aprendizado’, dificuldades e carências, especialmente de conteúdos matemáticos.

Consideramos relevante apresentar esses dados aqui por duas razões: (1) os

resultados construídos ilustram claramente essa realidade em que se inserem os

alunos brasileiros conforme relatado anteriormente; (2) essa investigação preliminar,

tendo sido realizada na instituição onde atuamos como professor e no início do

nosso curso de mestrado, intensificou nosso interesse por refletir sobre as

dificuldades matemáticas desses alunos.

Assim sendo, em 2012, realizamos uma pesquisa preliminar para averiguar o

perfil dos alunos ingressantes nos cursos superiores9, em uma faculdade particular

na cidade de Guarulhos, em São Paulo. Essa pesquisa tinha como título: ‘Perfil dos

alunos ingressantes na Educação Superior’, e foi realizada em função de a nossa

pesquisa de mestrado ser voltada para esses alunos e suas possíveis dificuldades

em conteúdos básicos do Ensino Médio.

A amostra diz respeito a uma população total de 1636 alunos ingressantes em

diversos cursos das áreas de gestão e das engenharias, que fazem parte da

formação de tecnólogos e bacharéis, na disciplina de Pré-Cálculo. Foram envolvidos

100 alunos de duas turmas, que correspondem a 6,11% da população.

O instrumento escolhido foi o questionário (Apêndice A). A pesquisa se deu

com alunos que iniciaram o curso em agosto de 2012. Ele foi aplicado pelo

pesquisador, que também era o professor de Pré-Cálculo desses alunos, e

9 No primeiro semestre, a instituição reúne alunos de vários cursos (Administração, Recursos

Humanos, Engenharia, entre outros) na mesma turma para cursar disciplinas que são comuns a todos os cursos.

31

respondido em um único momento. Em seguida, foi feita a tabulação dos dados, já

discutidos em Masola (2012).

Percebemos por essa pesquisa que a grande maioria dos alunos

entrevistados concluíram o Ensino Médio em escola pública, e 89% dos alunos, ao

ingressarem no curso, já estavam fora da escola por períodos que variavam entre

cinco e vinte cinco anos, tendo como maior frequência os alunos com até dez anos

afastados dos estudos.

As razões pela escolha de fazer um curso superior ficaram divididas entre a

necessidade profissional e a satisfação própria. Aproximadamente 86% dos alunos

questionados declararam gostar de Matemática, mas, apesar de gostarem, 42%

declararam ter muita dificuldade e outros 54% declararam ter alguma dificuldade.

Como se não bastassem as circunstâncias que verificamos na pesquisa

realizada, existem ainda outros fatores que podem ser prejudiciais a um adequado

processo de ensino e de aprendizagem; um deles é o número elevado de alunos em

sala. Se levarmos em consideração que nessa instituição, para os alunos que estão

iniciando o curso na faculdade, existem salas de aula com 150 alunos, o professor

deve ter o seu trabalho planejado de maneira particular para atender um grupo de

alunos tão numeroso, de forma que possa aproveitar ao máximo o tempo em sala de

aula.

Na próxima seção deste capítulo, relataremos alguns aspectos sobre as

dificuldades que alunos ingressantes na Educação Superior encontram nos

conteúdos das disciplinas matemáticas10 ou onde a Matemática se encontra “a

serviço de”. A discussão estará baseada nas leituras que realizamos até o momento

para a realização desta pesquisa.

10

Utilizaremos a expressão disciplinas matemáticas para aquelas que, em geral, são ministradas no início dos cursos e que recebem denominações diversas, tais como Matemática I, Pré-Cálculo, Cálculo A, entre outras.

32

1.4 As pesquisas sobre a Matemática na Educação Superior

A partir daqui pretendemos refletir sobre o ensino e a aprendizagem da

Matemática nas pesquisas já realizadas, e analisar alguns aspectos que têm sido

apontados, especialmente sobre as dificuldades dos alunos.

Não é difícil ouvir de professores e de pesquisadores afirmações como: “os

alunos estão ingressando nas universidades cada vez mais despreparados”.

Observa-se, conforme já discutido nas seções anteriores, que o acesso às

instituições de Educação Superior foi democratizado, passando de seletivo para

inclusivo, e tornando possível que um grande número de estudantes chegue aos

bancos das universidades e faculdades. A diversidade de alunos por sala de aula

com diferentes habilidades, interesses e níveis de formação, alguns apresentando

claramente deficiências na formação e/ou no domínio de conteúdos, traz ao

professor e aos alunos uma série de dificuldades no trabalho em sala de aula. A

seguir, serão destacados os que se referem à Matemática.

Essas dificuldades e a falta de conhecimento de conteúdos matemáticos,

segundo os professores das instituições de Educação Superior onde desenvolvemos

nossas atividades profissionais, dificultam o acompanhamento das disciplinas iniciais

dos cursos superiores em que o aluno está inserido, principalmente da Matemática.

As dificuldades se refletem também em outras disciplinas na continuidade do curso,

comprometendo o aluno em sua formação acadêmica.

Verificamos, nas leituras realizadas para o desenvolvimento desta pesquisa,

que, em grande parte das instituições de Educação Superior, há a constatação de

que os estudantes ingressantes nesse nível de ensino apresentam dificuldades e

falta de conhecimento acerca de conteúdos matemáticos próprios da formação

escolar em níveis Fundamental e Médio (CARVALHO; SAVIOLI, 2013; CURY, 2004,

2009; FROTA, 2009, 2013; MALTA, 2004; NASSER, 2009, 2012; PAIS, 2013). O

que encontramos com essas leituras será relatado na seção a seguir.

33

1.5 As Dificuldades Matemáticas na Educação Superior

Nesta seção, apresentaremos aspectos que julgamos relevantes para o

desenvolvimento desta pesquisa, selecionados para que seja feita uma reflexão do

que dizem os autores de algumas pesquisas já realizadas.

Uma das dificuldades encontradas por alunos ingressantes na Educação

Superior, em Matemática, tem relação com o traçado de gráficos, que chega a

constituir um obstáculo no progresso dos alunos na aprendizagem de Cálculo:

[...] esse obstáculo é principalmente de natureza didática, consequência da ausência de um trabalho prévio com traçado e a análise de gráficos no ensino médio, gerando uma insegurança nos primeiros períodos do curso superior. (NASSER, 2009, p. 49).

Uma das questões que necessitam de auxílio na Educação Superior, no que

diz respeito à Matemática, é o número crescente de alunos que enfrentam

problemas com a transição do Ensino Médio para a Educação Superior:

Há muitas outras preocupações, relativas a mudanças pedagógicas e curriculares que vêm ocorrendo, ou que precisam ocorrer, devido a fatores vários: o rápido desenvolvimento das tecnologias computacionais; os apelos por integração com outras disciplinas, por iniciativas de inclusão e diversidade, por mais eficiência nos cursos de serviço, pelo emprego de múltiplas formas de avaliação, pelo trabalho em grupo, pelo desenvolvimento de habilidades de apresentação e comunicação etc. (PALIS, 2009, p. 206).

De acordo com Palis (2009), os departamentos de Matemática das faculdades

e universidades devem estar atentos às necessidades dos alunos; levar o ensino e a

aprendizagem de Matemática mais a sério; aceitar que para algumas dificuldades

dos alunos existem causas epistemológicas e pedagógicas, e que os problemas não

devem ser reduzidos a chavões do tipo: “o aluno é fraco”, “o aluno está

desmotivado”.

Para a autora, o que pode contribuir para que essas dificuldades sejam

minimizadas é acreditarmos que as pesquisas em Educação Matemática, no que se

refere ao ensino e à aprendizagem, podem trazer resultados positivos para a

Educação Superior e possivelmente para os outros níveis de ensino também.

Cury (2009) relata que nos últimos dez anos, as dificuldades relativas à

aprendizagem de Cálculo se tornaram mais frequentes e preocupantes, pois fica

34

cada vez mais evidente a falta de conhecimentos prévios ou a compreensão

equivocada de assuntos abordados em níveis de ensino anteriores. Considera que

as produções existentes nessa área merecem ter maior divulgação, para que as

dificuldades apontadas sejam conhecidas pelos pesquisadores que investigam tal

evento, principalmente no que tange ao ensino de Cálculo Diferencial e Integral.

1.5.1 A Linguagem Matemática na Educação Superior

Malta (2004) aponta a necessidade de os alunos serem conduzidos ao

desenvolvimento de suas capacidades de leitura em Matemática e de expressarem o

próprio raciocínio, levando-os à compreensão e à utilização de resultados

matemáticos. Afirma estar convencida de que:

[...] as deficiências no uso da linguagem escrita e o pouco desenvolvimento da capacidade de compreensão da Matemática, claramente detectados há vinte anos, não se configuram apenas como eventos simultâneos, como sintomas paralelos que indicavam que o sistema de ensino estava doente, mas, sim, que esses fenômenos estão intimamente ligados por uma relação causa-efeito: sem o desenvolvimento do domínio da linguagem necessária à apreensão de conceitos abstratos (e, portanto extremamente dependentes da linguagem que os constrói) nos seus diversos níveis, não pode haver o desenvolvimento do pensamento matemático (também em seus diversos níveis). (MALTA, 2004, p. 44).

No texto em que Carvalho e Savioli (2013) discutem poder, prova,

demonstração e verdade, os autores alegam que a demonstração matemática, à

primeira vista, não parece, para o aluno, resposta a um “por quê”, e não está

relacionada à veracidade de um enunciado, mas que é tarefa do professor torná-la

acessível e de fácil compreensão para que o aluno, após um período de estudo,

tenha capacidade de aprender com ela. Em suas conclusões afirmam que:

A partir de verdades e relações de poder, chegamos às demonstrações matemáticas, que, ao utilizarem raciocínios lógicos e argumentações, necessitam de um amadurecimento matemático que os estudantes iniciantes raramente possuem. Daí vem a relação de poder, pois o professor de matemática, ao demonstrar algo, muitas vezes não se preocupa se os alunos estão entendendo. E os alunos, acostumados a uma educação tradicional que foca o professor, detentor de todo o saber, muitas vezes não questionam e se acomodam. (CARVALHO; SAVIOLI, 2013, p. 57).

As demonstrações matemáticas, de fato, são construídas com a utilização da

Matemática e, embora muitas vezes não tenha familiaridade com elas, o aluno não

questiona porque está acostumado a esse sistema tradicional em que o professor

35

apresenta e o aluno ouve. Essa atitude do aluno pode ser decorrente de um tipo de

dificuldade que tem sido discutida na pesquisa, qual seja, a relacionada à

linguagem.

Pais (2013), num texto em que discute representação, linguagem e

obstáculos, dialoga sobre o que ele intitula “prospecto da linguagem”:

A compreensão dos diferentes tipos de representação dos conceitos matemáticos interfere fortemente no desenvolvimento da aprendizagem do aluno. Como a linguagem matemática não é um organismo fechado em si mesmo nem subsiste sem uma convivência direta com outras formas de comunicação, é preciso articular o uso dos símbolos matemáticos com outras linguagens para facilitar a elaboração de conceitos. (PAIS, 2013, p. 69).

Pais (2013) declara ser esse um pressuposto de interesse da didática da

Matemática, e que os símbolos algébricos ou aritméticos necessitam apresentar

articulação com a língua vernácula. E preponderantemente a isso, existe a questão

da semântica, que exerce uma importância considerável na aprendizagem da

Matemática. Para o autor, a aprendizagem requer um consórcio com outras formas

de comunicação: língua falada ou língua escrita, ícones, desenhos, ou seja, articular

com outras famílias de símbolos.

Fazer uso da tecnologia para o redimensionamento da linguagem, através de

um computador por exemplo, pode servir como recurso para ampliar as condições

de aprendizagem, principalmente no que diz respeito ao âmbito das formas de

expressão do saber. (PAIS, 2013).

Segundo Pais (2013), um obstáculo linguístico pode se configurar, no que diz

respeito a uma disciplina escolar, quando o aluno em seu cotidiano tem o domínio

de uma palavra ou expressão que, no contexto disciplinar, assume um significado

totalmente diferente:

O desafio do ensino da matemática evidencia a importância da linguagem, principalmente da semântica dos novos termos que figuram nas séries iniciais. Deve-se considerar que os alunos das séries iniciais ainda estão na fase de expansão da leitura e da escrita, por isso é necessário sintonizar a alfabetização com a Educação Matemática, a fim de incluir a interpretação e a codificação de informações. Esse cuidado no ensino articulado da língua materna com as demais disciplinas escolares é de suma importância para minimizar as dificuldades de aprendizagem. (PAIS, 2013, p. 76).

36

O autor declara existirem exemplos de obstáculos linguísticos que envolvem

termos que podem ter mais de um sentido, seja em relação à aprendizagem da

Matemática, seja nas demais disciplinas escolares, principalmente para alunos que

iniciam a aprendizagem formal de um conceito. A existência de um obstáculo

linguístico no plano cognitivo do aluno não permitirá a expansão do conhecimento

enquanto não ocorrer sua ruptura.

Analisando os erros cometidos pelos alunos envolvidos em sua pesquisa,

Cury (2004) também declara estar presente a questão da dificuldade de leitura e

escrita, tanto em exercícios que só exigem cálculos, como naqueles que necessitam

da tradução da linguagem vernácula para a Matemática.

1.5.2 Identificação e Classificação das Dificuldades em Matemática na

Educação Superior

As dificuldades de aprendizagem manifestadas pelos alunos decorrem, por

vezes, dos diferentes estilos de aprendizagem que eles possuem. Nesse sentido,

Nasser (2009) classifica os estudantes segundo determinadas características. Os

primeiros são aqueles estudantes que focalizam a atenção nos fatos, dados e

algoritmos. O segundo tipo de estudantes são aqueles que se sentem mais

confiantes com teorias e modelos matemáticos. Para a autora, alguns alunos

respondem positivamente às informações visuais, como figuras, diagramas e

esquemas, enquanto que outros alunos dão preferência às formas verbais,

explanações faladas e escritas. Alguns alunos respondem melhor de maneira ativa e

interativa, enquanto outros são mais introspectos e individuais.

Cury (2009) julga ser necessário fazer uma avaliação diagnóstica de cada

turma, das suas dificuldades, para adaptar o ensino às necessidades dos alunos, e

com isso, procurar evitar a evasão e a reprovação. E afirma:

Assim entendemos a realização de atividades a partir dos erros como uma possibilidade de auxiliar os alunos, individualmente ou em pequenos grupos, de modo que eles possam refletir sobre suas dificuldades e o professor possa detectar, pontualmente, as necessidades individuais, para depois elaborar as aulas seguintes para o grande grupo. (CURY, 2009, p. 236).

37

Orientados pela recomendação de Cury (2009), na próxima seção,

discutiremos o que dizem as leituras efetuadas para a realização desta pesquisa

acerca das recomendações que podem contribuir para superar as dificuldades de

aprendizagem em Matemática na Educação Superior.

1.5.3 Recomendações que Podem Ajudar a Superar as Dificuldades em

Matemática na Educação Superior

Percebemos, então, que para ensinar e aprender Matemática é preciso uma

sintonia entre professor e aluno, um vínculo, uma parceria entre quem ensina e

quem aprende. O professor deve saber questionar o que o aluno, muitas vezes, diz

ter entendido só por comodismo, e o aluno deve ser questionador e não se

acomodar, sair do “por que preciso aprender isso?” e “para que serve isso?” para

“como posso usar?” e “de que maneira posso aplicar isso?”.

Frota (2013), analisando os resultados de sua pesquisa em que destaca a

importância de ambientes que favorecem a visualização e a comunicação em

Cálculo, evidencia possibilidades de consumo e incorporação da tecnologia para

mudar o foco e a forma de fazer tarefas matemáticas, mas destaca que isso não

garante o desenvolvimento do pensamento matemático abstrato. A autora ressalta

ainda que alunos do Ensino Médio, alunos da licenciatura e até alunos da

especialização apresentaram muitas dificuldades para expressar na forma escrita

suas ideias sobre conceitos de Cálculo abordados.

Entretanto, para Frota (2013), vale a pena ressaltar que no pensamento

visual, aprender e comunicar ideias em Cálculo dependem de um novo papel do

professor de Matemática. Ele deve: refletir sobre sua própria prática e desenvolver

esforços para alterar o foco das tarefas que propõe; criar ambientes de

aprendizagem que possibilitem a troca de experiências e a construção ou

reconstrução de ideias matemáticas, utilizando tecnologias que possam ser

consumidas e incorporadas, aos poucos, como ferramentas cognitivas. Mas é

preciso estar consciente de que a utilização de determinada tecnologia em sala de

aula depende do empenho do professor para conhecer as potencialidades e as

limitações do recurso tecnológico adotado, ou seja, depende de seu esforço pessoal

38

em consumir e incorporar tecnologias para empregá-las de maneira que mudem as

formas de pensar e fazer Matemática com seus alunos.

Em um estudo desenvolvido por Frota (2006a), em que configura os estilos de

aprendizagem de Matemática de alunos da Educação Superior, são identificados

três estilos de orientações: teórica, prática e investigativa. Tal estudo levou a autora

a concluir em defesa de uma maior diversidade de práticas educacionais nas aulas

de Matemática na Educação Superior.

Estilos de aprendizagem têm motivado uma série de investigações, tal é a

importância, para o professor, de conhecer quais são os métodos utilizados pelos

alunos para estudar e quais são as estratégias que utilizam para aprender

Matemática:

O conhecimento sobre o conteúdo vem assim agregado a um conhecimento vivido, que reúne informações variadas sobre o perfil dos alunos, as dificuldades da matéria, possíveis obstáculos ao seu entendimento, entre outras. A partir de seus conhecimentos sobre as pessoas e a tarefa em si, o professor prepara sua aula e define as estratégias para o seu desenvolvimento. (FROTA, 2009, p. 75).

Frota (2009), ao relatar sobre “possíveis obstáculos” ao entendimento de

determinados conteúdos, leva-nos a crer que a motivação possa ser um desses

obstáculos, que cria uma barreira no desenvolvimento escolar do aluno. Na próxima

seção, vamos trazer algumas reflexões a respeito da motivação.

Soares e Sauer (2004) apontam as dificuldades relacionadas à aprendizagem

da Matemática e um número elevado de reprovações de alunos em disciplinas dessa

área, e a dificuldade de engenheiros em lidar com os conceitos matemáticos na vida

profissional, afirmando que essas são algumas das variáveis que indicam a

necessidade de refletir sobre o “ensino-aprendizagem” da Matemática.

Esse ensino, tradicionalmente, tem sido baseado em atividades, operações, técnicas, manipulação de softwares e outros procedimentos realizados pelos alunos, por solicitação de seus professores. O conhecimento matemático é apresentado sob a forma de regras e fórmulas, execução de algoritmos, informações sobre definições, teoremas (resultados) e linguagem simbólica. Uma das consequências dessa forma de ensinar é a passividade, a insegurança do aluno e a dependência da palavra do professor para decidir se os resultados obtidos são corretos ou não. [...] (SOARES; SAUER, 2004, p. 245).

39

É possível percebermos nas palavras de Soares e Sauer (2004) que, para

podermos mudar a atitude dos alunos no que diz respeito à sua passividade, à falta

de autonomia e total dependência do professor, primeiramente precisamos mudar o

nosso trabalho em sala de aula como professores, articulando situações que

favoreçam aos alunos construírem sua autonomia e independência na busca por

resultados. Embora esses autores tenham feito essas afirmações há dez anos,

esses aspectos ainda permanecem.

No próximo capítulo, apresentaremos a metodologia que norteou nossa

pesquisa.

40

41

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo, abordaremos a metodologia que norteou nossa pesquisa,

que busca compreensões acerca de: O que as pesquisas publicadas no X ENEM

abordam com relação às dificuldades de aprendizagem, nas disciplinas de

Matemática, de alunos ingressantes na Educação Superior? Para encontrarmos

respostas a esta questão geral, desenvolvemos uma investigação com apoio nas

seguintes questões específicas:

Quais são as dificuldades matemáticas de alunos ingressantes na

Educação Superior detectadas pelas pesquisas já realizadas?

Que recomendações têm sido sugeridas para sanar essas dificuldades

de aprendizagem matemática?

Na busca por respostas a essas questões, optamos por realizar uma

pesquisa de caráter qualitativo, buscando traçar um panorama do que já foi

investigado.

Neste capítulo, optamos por fazer uma breve apresentação acerca da

metodologia de pesquisa qualitativa. Também abordaremos as modalidades de

pesquisa Estado da Arte e Estado do Conhecimento, caracterizando-as e

apresentando quais publicações foram analisadas. Caracterizaremos o método de

análise de dados, denominado Análise de Conteúdo, juntamente com a Análise

Textual Discursiva, que foi empregada no desenvolvimento da investigação.

2.1 Pesquisa Qualitativa

A metodologia utilizada no desenvolvimento desta pesquisa é a qualitativa.

De acordo com Allevato (2008), as pesquisas qualitativas partem do princípio de que

a compreensão de um fenômeno só é possível a partir da compreensão das inter-

relações que se configuram num determinado contexto; em nossa pesquisa, ele se

caracteriza pelas dificuldades dos alunos ingressantes na Educação Superior,

particularmente na disciplina de Matemática. Assim, nesse tipo de pesquisa, o

42

pesquisador pode ser mais livre nas observações, adequando os instrumentos de

coleta a partir do que percebe nos dados que estão sendo coletados.

Além disso, o registro desses dados coletados deve ser bastante detalhado,

incluindo citações literais de falas dos indivíduos e pormenores de documentos e das

observações realizadas, descrições detalhadas de situações, com o objetivo de

compreender o que se está analisando, em seus próprios termos. (GOLDENBERG,

2011).

Para Lüdke e André (1986), analisar dados qualitativamente implica

trabalhar todo o material obtido durante a pesquisa; essa tarefa de análise, em

princípio, implica a organização de todo o material para que se possam identificar

tendências e padrões relevantes. A escolha do objeto de estudo depende da

experiência e da sensibilidade do pesquisador, e não apenas de características

objetivas do grupo, do material ou do conteúdo estudado. A abordagem qualitativa

exige do pesquisador flexibilidade e criatividade na hora da coleta e da análise dos

dados. Esse tipo de pesquisa depende da biografia do pesquisador, das opções

teóricas, do contexto mais amplo e das imprevisíveis situações que ocorrem no dia a

dia do pesquisador.

No caso de pesquisas educacionais, Goldenberg (2011) declara que o

pesquisador deve se identificar com seu projeto, precisa ter interesse real pela

pesquisa. A motivação de nossa pesquisa foi influenciada por nossa percepção da

necessidade de contribuir para minimizar as dificuldades encontradas pelos alunos

ingressantes na Educação Superior, relacionadas aos conteúdos de Matemática

ministrados no primeiro semestre de uma faculdade particular na cidade de

Guarulhos/SP.

Essa motivação nos levou a procurar um programa de Pós-Graduação que

pudesse nos dar suporte para uma pesquisa nessa linha.

2.2 Modalidade da Pesquisa

Queremos, neste instante, citar um trecho de um texto com subtítulo “Os

caminhos da pesquisa”, que nos esclarece certos aspectos de diversas modalidades

de pesquisa:

43

Há uma diversidade de modalidades de pesquisas. Há aquelas que visam aprofundar conhecimentos por meio de fontes documentais ou da literatura existente sobre temas relacionados com um assunto e há pesquisas que visam auxiliar na proposição de uma ação saneadora de um problema específico. As pesquisas que se apoiam em fontes documentais – sejam elas escritas ou sonoras, sejam imagens, cores ou figuras – podem dar formas específicas a um exercício de pesquisa e conseguir uma descrição mais detalhada do objeto de estudo para esclarecer um problema. A definição mais circunscrita de um problema, porém, supõe um recurso à literatura existente sobre ele para tornar mais preciso o que se deseja estudar, para identificar o que já está estudado sobre o problema e o que merece um estudo. (CHIZZOTTI, 2001, p. 109).

E fazemos um paralelo com a afirmação a seguir:

Um levantamento e uma revisão do conhecimento produzido sobre o tema é um passo indispensável para desencadear um processo de análise qualitativa dos estudos produzidos nas diferentes áreas do conhecimento. Este tipo de estudo caracteriza-se por ser descritivo e analítico. (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 43).

Analisando as palavras de Chizzotti (2001) e Romanowski e Ens (2006),

somos levados a acreditar que, independentemente da modalidade de pesquisa

escolhida, a pesquisa documental é essencial para nos colocarmos em sintonia com

o que já se sabe em relação a determinado tema ou ao problema que pretendemos

investigar.

De acordo com Fiorentini e Lorenzato (2012), levando em consideração as

diferentes formas de obtenção de materiais ou dados para a investigação, podemos

encontrar com mais frequência três grandes modalidades de pesquisa segundo o

processo de coleta de dados: a histórico-bibliográfica; a experimental ou de

laboratório; a naturalista ou de campo.

Fiorentini e Lorenzato (2012) caracterizam a pesquisa histórico-bibliográfica

ou de revisão como a modalidade de estudo que tem como objetivo realizar análises

históricas e/ou revisão de estudos ou processos, tendo, como material de análise,

documentos escritos e/ou produções culturais extraídos de arquivos e acervos. Essa

modalidade de estudo compreende, respectivamente, os estudos de característica

histórica ou estudos analítico-descritivos de documentos ou produções culturais,

como os do tipo pesquisa do Estado da Arte, especialmente quando “procuram

inventariar, sistematizar e avaliar a produção científica numa determinada área (ou

tema) de conhecimento” (p. 103).

44

Embora recentes, os estudos de Estado da Arte, que objetivam a

sistematização da produção numa determinada área do conhecimento, já se

tornaram imprescindíveis para apreender a amplitude do que vem sendo produzido.

Os estudos realizados a partir de uma sistematização de dados recebem a

denominação Estado da Arte quando:

[...] abrangem toda uma área do conhecimento, nos diferentes aspectos que geraram produções. Por exemplo: para realizar um estado da arte sobre Formação de Professores no Brasil não basta apenas estudar os resumos de dissertações e teses, são necessários estudos sobre as produções em congressos na área, estudos sobre as publicações em periódicos da área. [...] (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 39).

Os autores caracterizam também o que são pesquisas do tipo Estado do

Conhecimento, afirmando que diferem daquelas referentes ao Estado da Arte, que

contemplam uma amplitude muito grande de produções:

[...] O estudo que aborda apenas um setor das publicações sobre o tema estudado vem sendo denominado de estado do conhecimento. (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 40).

Em função das afirmações dos autores citados acima é que classificamos

nossa pesquisa como histórico-bibliográfica do tipo Estado do Conhecimento, em

virtude de o material analisado vir ao encontro dessas mesmas afirmações, material

que estaremos apresentando mais detalhadamente na próxima seção11.

2.3 Procedimentos Metodológicos

A principal etapa de um projeto de pesquisa é a interpretação dos dados

coletados. Entre as formas de análise de dados inseridos nas pesquisas qualitativas

está a análise documental e análise de conteúdo. Bardin (2011, p. 51) define a

análise documental como “uma operação ou conjunto de operações visando

representar o conteúdo de um documento sob uma forma diferente da original, a fim

de facilitar, num estado ulterior, a sua consulta e referenciação”. Por nossa pesquisa

se tratar de uma pesquisa histórico-bibliográfica, que visa a uma releitura dos

trabalhos inseridos em anais de congressos relacionados à Educação Matemática, é

que decidimos pelo procedimento de análise documental.

11

A pesquisa relatada nessa dissertação insere-se no âmbito das produções científicas relacionadas à Educação Superior, atendo-se, em particular, àquelas que tratam das dificuldades matemáticas nesse nível de ensino.

45

A análise documental pode se constituir numa fonte valiosa de dados

qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras formas, seja

desenvolvendo aspectos novos de um tema ou problema; a análise documental

busca identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou

hipóteses de interesse. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 38).

No que se refere à análise de conteúdo, Bardin (2011) esclarece ser um

conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais sutis, em constante

aperfeiçoamento. Trata-se de um:

[...] conjunto de técnicas de análise das comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo muito vasto: as comunicações. (BARDIN, 2011, p. 37).

Além dessa definição, Bardin (2011) nos apresenta outras que julgamos ser

pertinentes. De maneira geral, os métodos de análise de conteúdo pretendem atingir

os seguintes objetivos:

A superação da incerteza: o que eu julgo ver na mensagem estará lá efetivamente contido, podendo esta “visão” muito pessoal ser partilhada por outros? [...]. E o enriquecimento da leitura: se um olhar imediato, espontâneo, é já fecundo, não poderá uma leitura atenta aumentar a produtividade e a pertinência? Pela descoberta de conteúdos e estruturas que confirmam (ou infirmam) o que se procura demonstrar a propósito das mensagens, ou pelo esclarecimento de elementos de significações suscetíveis de conduzir a uma descrição de mecanismos de que a priori não possuímos a compreensão. (BARDIN, 2011, p. 35).

Em nossa pesquisa, adotamos a análise de conteúdo, pois acreditamos se

constituir num instrumento adequado para descrever e interpretar o conteúdo de

toda classe de documentos e textos, ajudando a interpretar as mensagens e a atingir

uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura

superficial, munindo o leitor crítico de informações complementares.

A análise de conteúdo fornece uma orientação prática para a ação, adaptável

a um campo de aplicação muito vasto qualquer que seja o tipo de comunicação. O

insumo da análise de conteúdo pode se constituir de qualquer material proveniente

de comunicação verbal ou não verbal, como jornais, revistas, informes, cartazes,

livros, artigos, discos, gravações, entrevistas, filmes, entre outros.

46

Passos (2009) assume para o desenvolvimento da investigação registrada em

sua tese de doutorado:

[...] a análise de conteúdo como uma proposta teórica que pode ser considerada como método de coleta de dados, ou de análise de dados. Seguindo esse mote passamos a discutir na sequência alguns aspectos metodológicos que norteiam esse referencial, entre eles: a preparação do material a ser pesquisado; a definição de unidades de análise, que podem evidenciar significados, temáticas, códigos; a categorização, que tem por finalidade agrupar os dados mediante critérios definidos durante o processo de desenvolvimento da pesquisa; a descrição, que assume o papel de apresentar, em primeira mão, na forma de um texto-síntese, os resultados da pesquisa; e, na etapa final, a interpretação, fase em que a pesquisa atinge um grau de compreensão mais profundo do conteúdo dos documentos analisados e o pesquisador produz seu metatexto, no qual comunica os pareceres sobre o objeto de pesquisa. (PASSOS, 2009, p. 49-50).

Entendemos que na análise de conteúdo, existe uma interpretação pessoal

por parte do pesquisador no que diz respeito à percepção que tem dos dados, e não

é possível uma leitura neutra; toda leitura se constitui em uma interpretação.

Na próxima seção, discutiremos aspectos relacionados aos procedimentos

específicos que fundamentam o método da análise de conteúdo.

2.4 O Método da Análise de Conteúdo

Verificamos em nossas leituras diversificadas descrições do processo da

análise de conteúdo; no entanto, vamos nos orientar por Bardin (2011).

Para Bardin (2011), as diferentes fases de análise de conteúdo se organizam

em torno de três polos cronológicos:

1) A pré-análise;

2) A exploração do material;

3) O tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

47

2.4.1 A Pré-Análise

É nessa fase que ocorre uma exploração inicial dos documentos, permitindo

escolher aqueles que efetivamente serão analisados. Essa escolha é feita a partir

dos objetivos ou questões estabelecidas para a pesquisa.

No caso de nossa investigação, foram escolhidos, entre os trabalhos já

produzidos no âmbito da Educação Superior, aqueles que se referem ao ensino da

Matemática para alunos ingressantes nesse nível de ensino, publicados nos Anais

do X ENEM.

2.4.2 A Exploração do Material

Esse processo exige longo tempo e muita atenção, pois se faz necessário

realizar várias observações às teorias utilizadas, para se evitar um desvio da linha

de análise estabelecida para a investigação.

Essas observações pressupõem incessantes idas e vindas da teoria ao

material de análise, do material de análise à teoria, podendo, com isso, criar diversas

formas de categorizar os documentos explorados.

Para categorizar esses documentos temos duas possibilidades:

1) Categorias definidas a priori: na busca de respostas às perguntas de

pesquisa elaboradas pelo pesquisador.

2) Categorias não definidas a priori: ao tempo em que os documentos são

explorados e as respostas vão surgindo, outras categorias podem ser criadas

para serem observadas e interpretadas, com base em teorias que as

sustentem e sejam capazes de esclarecê-las, trazendo, com isso, riqueza aos

resultados obtidos.

Segundo Moraes (2003), também pode ser realizado um:

processo de análise misto em que, partindo de categorias definidas a priori com base em teorias escolhidas previamente, o pesquisador encaminha transformações gradativas no conjunto inicial de categorias, a partir do exame das informações do corpus de análise. Nesse processo, segundo Laville e Dionne (1999), a indução auxilia a aperfeiçoar um conjunto prévio de categorias produzidas por dedução. (MORAES, 2003, p. 197-198).

48

Esse procedimento misto descrito por Moraes (2003) foi o que conduziu à

constituição das categorias consideradas na presente investigação, que subsidiaram

as respostas construídas para as questões específicas a seguir:

Quais são as dificuldades matemáticas de alunos ingressantes na

Educação Superior detectadas pelas pesquisas já realizadas?

Que recomendações têm sido sugeridas para sanar essas dificuldades

de aprendizagem matemática?

2.4.3 O Tratamento dos Resultados, a Inferência e a Interpretação

É neste momento que começamos a trabalhar com os dados brutos obtidos

durante a exploração dos documentos, de maneira a torná-los significativos no

sentido de serem relevantes na busca de respostas à questão norteadora da

investigação, e válidos, pois são oriundos de pesquisas acadêmicas. De posse de

resultados significativos, e fiéis aos objetivos da pesquisa e ao conteúdo dos

documentos analisados, podemos propor inferências e adiantar interpretações a

propósito de nossos objetivos previstos a priori, ou que digam respeito a outras

descobertas imprevisíveis.

Tratar o material é, a princípio, codificá-lo, e corresponde a uma

transformação, realizada de acordo com procedimentos sistemáticos, dos dados

brutos extraídos dos documentos explorados, transformação que, por intermédio de

recorte, agregação e enumeração, permite-nos alcançar o que representa o

conteúdo ou a sua expressão, capaz de esclarecer as características do texto.

De acordo com Bardin (2011), “os resultados obtidos, a confrontação

sistemática com o material e o tipo de inferências podem servir de base a outra

análise disposta em torno de novas dimensões teóricas”.

2.5 Material Analisado

Tentando analisar como as pesquisas já realizadas no Brasil tratam ou

abordam as dificuldades de aprendizagem, na disciplina de Matemática, de alunos

ingressantes na Educação Superior, desenvolvemos uma investigação com apoio

49

em questão de pesquisa, expressando os dados por categorias de análise, conforme

especificamos na seção 2.4.2.

Na busca por respostas a esse questionamento, procuramos conhecer as

pesquisas publicadas com foco em Educação Matemática na Educação Superior,

nos Anais do X ENEM, realizado no ano de 2010.

No início de nossa investigação, tínhamos a intenção de incluir também

artigos publicados em alguns periódicos importantes da Educação Matemática no

Brasil. Entretanto, após analisarmos a produção em um deles, verificamos que ela é

pequena e insuficiente para fornecer respostas às nossas inquietações. Por essa

razão, fizemos a opção de considerar somente anais de eventos.

Num outro extremo, as publicações em anais relativos à Educação

Matemática na Educação Superior são extremamente numerosas, o que nos levou a

optar por considerar apenas o X ENEM (2010), uma vez que essa produção já nos

forneceu elementos suficientes para construirmos as compreensões que buscamos

em nossa pesquisa de mestrado.

Debruçamo-nos sobre os Anais do ENEM – Encontro Nacional de Educação

Matemática, pois esse evento tem como papel fundamental divulgar entre os

membros da comunidade de educadores matemáticos as pesquisas que estão

sendo desenvolvidas nas Universidades. Nesse congresso, demos especial atenção

aos trabalhos publicados dentro do tema de número nove, que, no X ENEM, foi

intitulado Educação Matemática no Ensino Superior.

Em alguns eventos, são constituídos os chamados Grupos de Discussão (GD)

ou Grupos Temáticos (GT), que têm um tema central do interesse dos participantes,

em que as pesquisas individuais se correlacionam com o tema central, podendo ter

objetivos distintos, fazendo, com isso, que cada uma das pesquisas demande

diferentes revisões literárias e apresente diferentes procedimentos ou modalidades

de pesquisa. O importante a destacar nesses tipos de grupos que se constituem nos

eventos é que, mesmo sendo diferentes em seus focos de revisões literárias, ou em

seus procedimentos ou modalidades, essas pesquisas não são desconexas e

propiciam uma visão mais abrangente, permitindo diversas perspectivas do tema de

interesse do grupo. (BORBA; ARAUJO, 2004).

50

Depois de apresentada, neste capítulo, a metodologia da pesquisa,

apresentaremos, no próximo capítulo, a descrição e a análise dos dados dos Anais

do X ENEM (2010).

51

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS TRABALHOS

Neste capítulo, apresentaremos a análise dos dados construídos a partir dos

trabalhos publicados no X ENEM.

3.1 Análise dos Documentos

Buscamos, com essa análise, elaborar uma resposta para a questão geral

que orienta a presente pesquisa: O que as pesquisas publicadas no X ENEM

abordam com relação às dificuldades de aprendizagem, nas disciplinas de

Matemática, de alunos ingressantes na Educação Superior?

A análise dos documentos é um processo complexo que se realiza durante

toda a investigação, ou seja, inicialmente, para o aprofundamento teórico do estudo,

e, no caso particular desta pesquisa, num momento posterior, com a finalidade

principal de coleta e análise de dados. Deve implicar a redução, organização e

interpretação dos dados. A partir da coleta de dados o pesquisador vai organizando,

identificando relações entre os fatos e levantando novas questões e/ou refinando as

questões previamente idealizadas.

Não se pode deixar de salientar que essa fase da pesquisa requer uma

sensibilidade, que pode ser desenvolvida pela preparação teórica por parte do

pesquisador, para que possam ser aproveitadas, ao máximo, as informações

extraídas dos dados analisados.

Na próxima seção, apresentaremos a análise dos dados do X Encontro

Nacional de Educação Matemática (X ENEM), realizado no ano de 2010.

3.2 Análise do X Encontro Nacional de Educação Matemática (X ENEM)

Os “ENEMs” são organizados pela Sociedade Brasileira de Educação

Matemática (SBEM). A SBEM é uma sociedade civil, de caráter científico e cultural,

fundada em 1988, sem fins lucrativos e sem qualquer vinculação política, partidária e

52

religiosa, que tem por finalidade congregar profissionais ligados à Educação

Matemática ou áreas afins.

O X Encontro Nacional de Educação Matemática - X ENEM, foi realizado de 7

a 9 de julho de 2010, em Salvador – BA, com o tema “Educação Matemática, Cultura

e Diversidade”.

Lembramos que, dentre os 22 temas distribuídos para a realização do X

ENEM, daremos especial atenção ao tema de número 9, que trata da Educação

Matemática na Educação Superior.

Dos 52 trabalhos apresentados nesse Encontro, que estão relacionados no

Apêndice B, para o tema específico, mencionado anteriormente, 31 são do tipo

Comunicação Científica; 10 são Relatos de Experiência; 5 são Pôsteres; 6 são

Minicursos. Nesta pesquisa, serão considerados os dois primeiros tipos.

3.2.1 Elaboração da Análise dos Anais do X ENEM

O processo de análise que desenvolvemos é bem similar ao descrito por

Moraes (2003); o autor afirma que as pesquisas qualitativas:

[...] têm cada vez mais se utilizado de análises textuais. Seja partindo de textos já existentes, seja produzindo o material de análise a partir de entrevistas e observações, a pesquisa qualitativa pretende aprofundar a compreensão dos fenômenos que investiga a partir de uma análise rigorosa e criteriosa desse tipo de informação, isto é, não pretende testar hipóteses para comprová-las ou refutá-las ao final da pesquisa; a intenção é a compreensão. (MORAES, 2003, p. 191).

A análise textual, conforme entende Moraes (2003, p. 16), “concretiza-se a

partir de um conjunto de documentos denominado corpus”. Trata-se do conjunto de

documentos de onde serão coletadas as informações para pesquisa, com a

finalidade de construir resultados válidos e confiáveis, exigindo uma rigorosa seleção

dos documentos que serão analisados.

O corpus da presente pesquisa ficou constituído de 14 trabalhos dos tipos

comunicação científica e relato de experiência, que foram selecionados entre os 52

trabalhos publicados dentro do tema Educação Matemática na Educação Superior,

por oferecerem elementos ligados ao objetivo de nossa pesquisa.

53

Esses 14 trabalhos estão listados nas referências do corpus investigado. O

código que se apresenta ao final da descrição de cada trabalho representa a

abreviação em relação ao tipo de publicação feita no X ENEM: CC equivale à

comunicação científica, e RE, relato de experiência, seguido do número

correspondente à publicação do trabalho nos Anais do X ENEM e do ano de

publicação, ou seja, 2010.

Tendo definido o corpus, inicia-se o processo de análise propriamente dita.

Para Moraes (2003), esse tipo de abordagem é organizado em torno de quatro

focos, sendo que os três primeiros compõem um ciclo, no qual se constituem como

elementos principais:

1. Desmontagem dos textos: também denominado processo de unitarização, implica examinar os materiais em seus detalhes, fragmentando-os no sentido de atingir unidades constituintes, enunciados referentes aos fenômenos estudados.

2. Estabelecimento de relações: processo denominado categorização, implicando construir relações entre as unidades de base, combinando-as e classificando-as no sentido de compreender como esses elementos unitários podem ser reunidos na formação de conjuntos mais complexos, as categorias.

3. Captando o novo emergente: a intensa impregnação nos materiais da análise desencadeada pelos dois estágios anteriores possibilita a emergência de uma compreensão renovada do todo. O investimento na comunicação dessa nova compreensão, assim como de sua crítica e validação, constitui o último elemento do ciclo de análise proposto. O metatexto resultante desse processo representa um esforço em explicitar a compreensão que se apresenta como produto de uma nova combinação dos elementos construídos ao longo dos passos anteriores. O texto segue focalizando o ciclo como um todo, aproximando-o de sistemas complexos e auto-organizados.

4. Processo auto-organizado: o ciclo de análise descrito, ainda que composto de elementos racionalizados e, em certa medida, planejados, em seu todo constitui um processo auto-organizado do qual emergem novas compreensões. Os resultados finais, criativos e originais, não podem ser previstos. Mesmo assim, é essencial o esforço de preparação e impregnação para que a emergência do novo possa concretizar-se. (MORAES, 2003, p. 191-192)

A elaboração da análise dos Anais do X ENEM foi composta por quatro

etapas, que deram origem a vários arquivos antes de compor este capítulo.

Na primeira etapa, construímos um arquivo em que registramos a

desconstrução dos textos que compõem os Anais do X ENEM. Realizamos a leitura

de todos os trabalhos dos tipos comunicação científica e relato de experiência, e

54

selecionamos e colecionamos recortes, ou seja, trechos que faziam relação com o

nosso objetivo de pesquisa. Em princípio, não nos preocupamos com qualquer

ordem ou organização desses recortes. Esse trabalho se refere ao que Moraes

(2003) considera como sendo o primeiro foco do ciclo da análise textual, o qual

denominou “desmontagem dos textos”.

No Quadro 5, a seguir, apresentamos os recortes coletados a partir de dois

dos quatorze trabalhos analisados, a fim de esclarecermos ao leitor como essa

desmontagem foi realizada. Um quadro completo, com os recortes de todos os

trabalhos, encontra-se no Anexo A.

Vale esclarecer que as sentenças numeradas e destacadas em negrito

correspondem aos títulos dos trabalhos analisados.

Quadro 5: Construção das Unidades de Significado

Título

Recorte

1 A Análise Semiótica no Contexto da Educação Matemática: Atividades Exploratório-Investigativas em Cálculo Diferencial e Integral CC32010

“Assim, acreditando nas potencialidades dos processos de visualização e representação na aprendizagem, buscamos compreender as dimensões implícitas a estes processos, ou seja, buscamos entender as diferentes configurações com as quais os alunos se relacionam com o representar e o visualizar na compreensão do conteúdo matemático.” (p. 3)

“[...]Desta forma, podemos descrever e analisar o processo de constituição do conhecimento por meio de determinados fenômenos que acontecem nas representações algébrica, geométrica e gráfica (GARCIA, 2007, p. 23).” (p. 3) P1

“Como Santaella (2007, p.13) define, “a Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis”. Desta forma, propomos apresentar alguns aspectos do trabalho desenvolvido por Charles Sanders Peirce, neste campo da Teoria Semiótica. A referida teoria nos permite compreender o modo como os alunos participantes desta pesquisa trabalham com a representação matemática, no desenvolvimento das Atividades Exploratório-Investigativas por meio dos processos de visualização e de representação de conceitos matemáticos.” (p. 3-4)

“O que pretendemos com esta Atividade Exploratório-Investigativa é possibilitar formas para os alunos ultrapassarem esse pensamento “enraizado” e poderem desenvolver Atividades Exploratório-Investigativas, capacitando-os a “abrirem” o pensamento, considerarem diversas formas de “ver” as situações, ou seja, considerarem estratégias diversificadas para resolverem os problemas que porventura fossem a eles apresentados.” (p. 9-10)

2 A Noção de Integral em Livros Didáticos e os Registros de

Representação Semiótica CC52010

“Qualquer que seja o processo utilizado para se alcançar sucesso na aprendizagem, ele se apoia em algum tipo de representação, uns mais sofisticados com representações dinâmicas (softwares), outros mais simples (usando papel e

55

lápis). Pode-se observar que essas tais representações são importantes, pois o aluno, na tentativa de resolver qualquer questão, procura representá-la de alguma forma, como meio de auxiliar o entendimento. Porém, mesmo com tanta tecnologia, nas aulas, o livro didático ainda é muito presente. Ele traz uma infinidade de representações que talvez possam estar sendo mal utilizadas.” (p. 2)

“Para o autor, a análise de texto é importante, pois os tratamentos que intervêm no processo de compreensão do mesmo não são unicamente os ligados ao grau de complexidade da forma linguística, dependem também do conteúdo cognitivo que ele traz, e ainda, que a estrutura do texto pode facilitar ou dificultar essa compreensão.” (p. 4)

“O livro didático tem sido reestruturado didaticamente com o objetivo de ser um instrumento facilitador da aprendizagem, inclusive para atender às necessidades do ensino em meio a essa grande corrida tecnológica que está proposta.” (p. 9)

“O que temos frequentemente ouvido de alunos é que os livros de Matemática são complexos e ninguém entende nada do que está escrito. Portanto, os livros didáticos devem abranger um conteúdo vivo, que consiga “conversar” com seu leitor, e para isso, cada representação deve revelar o quanto a Matemática é importante e levar o leitor a ter o desejo e gosto por estudá-la.” (p. 10) Fonte: Anais do X ENEM

Iniciando o segundo foco do ciclo de análise, denominado por Moraes (2003)

“estabelecimento de relações”, identificamos elementos particulares relacionados às

dificuldades matemáticas dos alunos, nas unidades selecionadas e apresentadas no

Quadro 5 (Anexo A). Esse trabalho possibilitou identificar quais dessas unidades e

respectivos elementos particulares nos permitiriam construir respostas a cada uma

de nossas questões específicas de pesquisa. A seção a seguir se refere à primeira

dessas questões.

3.2.2 P1: Quais são as dificuldades matemáticas de alunos ingressantes na

Educação Superior detectadas pelas pesquisas já realizadas?

As análises que apresentaremos nesta seção foram construídas a partir da

seleção de alguns recortes/unidades de significado que compõem o Quadro 5, e nos

remetem às dificuldades matemáticas que os alunos apresentam ao iniciarem seus

estudos na Educação Superior. Os elementos particulares, dentro de cada unidade

de significado, estão mostrados no Quadro 6, em que se apresentam sublinhados.

56

Quadro 6 – Unidades de significado: P1 – Quais são as dificuldades

matemáticas de alunos ingressantes na Educação Superior detectadas pelas

pesquisas já realizadas?

Título

Recorte

1 A Análise Semiótica no Contexto da Educação Matemática: Atividades Exploratório-Investigativas em Cálculo Diferencial e Integral CC32010

“Assim, acreditando nas potencialidades dos processos de visualização e

representação na aprendizagem, buscamos compreender as dimensões implícitas a

estes processos, ou seja, buscamos entender as diferentes configurações com as

quais os alunos se relacionam com o representar e o visualizar na compreensão do

conteúdo matemático.” (p. 3)

“Como Santaella (2007, p.13) define, “a Semiótica é a ciência que tem por objeto de

investigação todas as linguagens possíveis”. Desta forma, propomos apresentar

alguns aspectos do trabalho desenvolvido por Charles Sanders Peirce, neste campo

da Teoria Semiótica. A referida teoria nos permite compreender o modo como os

alunos participantes desta pesquisa trabalham com a representação matemática, no

desenvolvimento das Atividades Exploratório-Investigativas por meio dos processos

de visualização e de representação de conceitos matemáticos”. (p. 3-4)

2 A Noção de Integral em Livros Didáticos e os Registros de

Representação Semiótica CC52010

“Para o autor, a análise de texto é importante, pois os tratamentos que intervêm no

processo de compreensão do mesmo não são unicamente os ligados ao grau de

complexidade da forma linguística, dependem também do conteúdo cognitivo que

ele traz, e ainda, que a estrutura do texto pode facilitar ou dificultar essa

compreensão”. (p. 4)

“O que temos frequentemente ouvido de alunos é que os livros de Matemática são

complexos e ninguém entende nada do que está escrito. Portanto, os livros

didáticos devem abranger um conteúdo vivo, que consiga “conversar” com seu

leitor, e para isso, cada representação deve revelar o quanto a Matemática é

importante e levar o leitor a ter o desejo e gosto por estudá-la”. (p. 10)

3 A Questão da Ansiedade no Ensino e na Aprendizagem das Geometrias

Não-Euclidianas CC62010

“[...] Apesar de ser um dos ramos da matemática que mais permite a aproximação

com o mundo real, na Educação Básica, especificamente no Ensino Fundamental,

seu ensino foi consideravelmente reduzido. [...]PAVANELO (1993) e LORENZATO

57

(1995) apontam essa ausência, ou quase ausência, neste nível de ensino, como

consequência do despreparo da grande maioria dos professores [...]” (p. 2)

“Os efeitos “negativos da ansiedade” e suas relações com a aprendizagem podem

ser verificados nos alunos de todos os níveis de ensino. Dentre as manifestações

fisiológicas que a ansiedade pode provocar, as mais evidentes são mãos frias e

suadas, palpitação, diarreia, dor de cabeça e vômitos (DAVIDOFF, 1983, p.429-35).

No campo emocional, como já salientamos, podem aparecer sob a forma de medo,

sensação de que algo ruim vai acontecer, irritabilidade, agressividade e inquietação,

desencadeando dificuldades de concentração e, consequentemente, interferindo no

desempenho escolar”. (p. 4)

4 Análise Combinatória: O Que o Teste Padrão nos Informa a Partir das

Respostas de Estudantes Veteranos da Uneb/Alagoinhas – Ba CC102010

“Tem por metas investigar quais as dificuldades que os alunos iniciantes

apresentam ao ingressarem na Universidade; quais são os tipos de erros e níveis

das dificuldades apresentadas por discentes dos cursos de Licenciatura em

Matemática; o que dizem as respostas dos alunos ao analisarmos questões

abordando conteúdos da Educação Básica [...]” (p. 1-2)

“Este artigo analisou as estratégias desenvolvidas por um grupo de alunos, do

ensino superior, ao responderem uma questão aberta sobre Análise Combinatória.

Observamos, de uma forma geral, que os alunos recorreram à resolução através de

listagem das possibilidades. Assim, levou-nos a perceber que há necessidade dos

alunos conhecerem e saberem aplicar as fórmulas, pois, no caso da amostra ser

grande, os mesmos precisarão saber utilizá-la. Sendo assim, mesmo que os alunos

tenham estudado o conteúdo no ensino médio, alguns tenham revisado para prestar

o vestibular e cursado uma disciplina no curso superior (Estatística), identificamos o

enfretamento da questão dado à resolução empírica ou mesmo ao método da

tentativa, em sua maioria. Os alunos que utilizaram fórmulas para resolver a

questão não obtiveram êxito, por exemplo, um deles usou a combinação, mas

desenvolveu arranjo. [...]” (p. 9-10)

5 Análise Diagnóstica de Funções Matemáticas para Sequência Didática

sobre Taxa de Variação para Alunos de 2º. Ano de Curso de Licenciatura em Matemática CC112010

“Conforme esclarece Machado (2008), as análises preliminares, realizadas por meio

de considerações sobre o quadro teórico didático e sobre os conhecimentos

didáticos já adquiridos, devem considerar os seguintes estudos: epistemológico dos

58

conteúdos contemplados pelo ensino; do ensino atual e de seus efeitos; das

dificuldades e dos obstáculos que determinam a evolução dos alunos; dos entraves

que situam a efetiva realização didática. [...]” (p. 2)

“Os alunos conseguem distinguir funções do 1º e do 2º grau, sendo que apresentam

dificuldades com coeficiente angular negativo da função do 1º grau e com o sinal

que orienta a concavidade da função do 2º grau. A dificuldade apresentada pelos

alunos na questão número 3, item c, que solicitava o coeficiente angular da reta,

mostrou que eles tentaram achar esse valor apenas com os valores apresentados

no gráfico, sendo que deveriam calcular o valor da tangente no triângulo retângulo,

que nessa questão estava bem explícito. A construção e a interpretação dos

gráficos das funções matemáticas são de extrema importância para o estudo da

taxa de variação média dentro da disciplina Cálculo Integral. Destaca-se que as

principais dificuldades apresentadas pelos alunos nas construções solicitadas nas

questões 8, 9 e 10 são relacionar as variáveis envolvidas, a utilização apenas de

pontos essenciais e a construção das tabelas de valores. Foi possível verificar que

os alunos conseguem distinguir função crescente, decrescente e constante, que são

de extrema importância para o entendimento do cálculo da variação, que pode

apresentar variações positivas, negativas ou zero. Os alunos tiveram dificuldade

para obter os intervalos de variação, pois calcularam apenas os valores extremos

apresentados sem calcular a variação solicitada. Acredita-se que, apesar disso, os

alunos terão sucesso nas atividades da sequência didática, pois os tópicos

previstos na sequência didática buscam sanar as dificuldades apresentadas no

teste. O objetivo principal do teste aplicado foi trazer elementos para a análise da

concepção dos alunos, das dificuldades e obstáculos que determinam sua evolução

como etapa das análises prévias para aplicação de sequência didática de taxa de

variação para alunos de 2ª. série de curso de Licenciatura em Matemática.

Considerando que os alunos, de forma geral, obtiveram êxito na resolução das

questões, conclui-se que esses alunos poderão se beneficiar do aprendizado que

será proporcionado pelas atividades da sequência didática a ser aplicada a esse

grupo”.

6 Aplicações de Cálculo Diferencial às Ciências Naturais e Humanas:

Exercícios de Reflexão e Curiosidades CC132010

“Resumo: Existe um consenso de que se o assunto é matemática, constata-se que

há um grande fracasso no desempenho dos alunos, tanto do ensino fundamental

59

quanto do ensino médio. Este fracasso pode estar intimamente ligado à maneira

como os conceitos matemáticos são desenvolvidos em sala de aula. Desta forma,

os alunos chegam às universidades com enormes deficiências nos conhecimentos

prévios em raciocínio lógico, no traçado e análise de gráficos e nos conteúdos

algébricos em geral. Estas deficiências têm grande reflexo no ensino de Cálculo

Diferencial, disciplina que dá sustentação à maioria dos cursos da área de Ciências

Exatas. Na tentativa de oferecer ao aluno ingressante na universidade um melhor

entendimento desta disciplina, preparou-se um projeto com o intuito de elaborar

listas diferenciadas, que contenham exercícios que despertem o interesse, e tragam

problemas que propiciem, não apenas o entendimento e a fixação dos conceitos de

limite, continuidade e derivada, mas também estimulem o desenvolvimento do

raciocínio e criem condições ao discente de interpretar geometricamente os

resultados obtidos e de relacionar conceitos interdisciplinares, envolvendo questões

originadas nos cursos de Administração, Biologia, Ciências Contábeis, Física,

Matemática e Química”. (p. 1)

“As deficiências dos alunos que atingem o estágio universitário, provenientes da má

qualidade do ensino fundamental e médio, são percebidas pela falta de

conhecimentos prévios em raciocínio lógico, no traçado e análise de gráficos e no

conteúdo algébrico que eles trazem consigo. Estes estudantes acostumaram-se a

um cotidiano escolar em que as tarefas eram executadas utilizando estratégias

equivocadas de estudo, o que promoveu um déficit significativo na relação entre o

ensino e a aprendizagem. De fato, no ensino médio, estes alunos, em geral, foram

condicionados a resolver mecanicamente os exercícios, sem refletir sobre o

significado de cada tópico apresentado. Além disso, em diversos casos, os

conteúdos são apresentados sem as devidas demonstrações, muitas vezes porque

o próprio professor não as entendeu”. (p. 3)

“Os conteúdos de Cálculo contêm a maior parte dos conceitos matemáticos que

devem ser assimilados no ciclo inicial dos cursos na área de Ciências Exatas,

como, por exemplo, os conceitos relacionados a limite, continuidade e derivada de

uma função de uma variável real, que introduzem o aluno no universo do

formalismo e do rigor matemático. É na disciplina de Cálculo Diferencial que o

estudante tem os primeiros contatos com a linguagem da matemática de nível

superior, a generalização de ideias, a abstração, a utilização de noções de lógica no

60

desenvolvimento dos raciocínios e o conhecimento dos processos de argumentação

e justificação. Portanto, esta disciplina assume a função de propiciar uma

“alfabetização matemática de nível superior”. Logo, parece ser importante a atenção

ao desempenho dos estudantes nesta disciplina”. (p. 3)

[...] “Observou-se também que os alunos apresentaram falhas em sua formação,

como a tendência em relegar ao segundo plano as definições e os conceitos,

priorizando procedimentos técnicos, denotando que não foi a postura reflexiva a

linha mestra adotada no desenvolvimento das soluções dos exercícios”. (p. 9)

7 Dificuldades em Geometria dos Estudantes Recém-Ingressados na

Universidade do Agreste Sergipano CC172010

“Segundo Pavanelo (1993), as dificuldades no aprendizado da Geometria devem-se

em grande parte ao abandono do seu ensino no Brasil. Para ela, a ausência do

ensino da Geometria e a ênfase no ensino da Álgebra podem estar prejudicando a

formação dos alunos por privá-los da possibilidade do desenvolvimento integral dos

processos de pensamentos necessários à resolução de problemas matemáticos”.

(p. 2)

“[...] Assim, elaboramos uma prova contendo 07 questões de caráter subjetivo e

objetivo, que foram aplicadas aos alunos de uma turma de Pré-cálculo. As questões

abordavam os seguintes conteúdos: Simplificação de frações, fatoração,

propriedades e gráficos de funções (modulares, exponencial, logarítmicas, seno e

co-seno), esboço gráfico de funções afins e quadráticas, problemas envolvendo o

cálculo de áreas de figuras geométricas e do raio de uma circunferência.

Participaram dessa avaliação, em julho de 2009, 104 alunos dos seguintes cursos:

Física, Química, Biologia, Ciências Contábeis, Matemática, Administração e

Sistemas de Informação, todos aprovados no último vestibular, em dezembro de

2008. A ideia era explorar os conhecimentos apresentados pelos estudantes

advindos do Ensino Médio e, dessa forma, ser possível detectar suas maiores

dificuldades. Devido ao grande número de erros apresentados e à quantidade de

alunos que não resolveram as questões que exigiam o conhecimento de conceitos e

propriedades geométricas, resolvemos realizar uma nova análise: agora, apenas,

do ponto de vista geométrico. [...]” (p. 4)

“Como podemos observar, as análises indicam a não disposição (80%) dos

estudantes para resolverem as situações-problemas que envolvem conceitos

geométricos, e os que tentam a resolução, em geral, não conseguem. A questão

61

solicitava que encontrassem o custo do material gasto na fabricação de uma

superfície cilíndrica, em função do raio da base; porém, os estudantes, exceto dois

de 243 (0,8%), não conseguiram modelar e a maioria nem tentou. Interessante

observar que os estudantes que erraram, quase todos apresentavam um valor

numérico como resposta, e não uma função com variável dependente e

independente. Além disso, não conseguiram extrair as correlações necessárias

entre volume, perímetro e área lateral. Isto já tinha sido verificado anteriormente e

foi enquadrado como Não diferenciam área de perímetro, a ser apresentado em

breve. Interessante observar que um dos elos entre a álgebra e a geometria é o

conceito de função, o discernimento entre variáveis dependentes e independentes,

e isso não aconteceu nos resultados de nossa investigação, isto é, o estudante, em

geral, não consegue estabelecer esses elos.” (p. 6)

“A maior parte dos erros cometidos pelos alunos foi devido à não utilização ou à

utilização de maneira incorreta das unidades de medidas. Como exemplificamos na

figura 4, os alunos não entendem a importância e o significado de tais unidades,

parecem não saber que unidade usar, já que confundem unidade de medida linear

com quadrática. Para se ter uma idéia dessa dificuldade, dos estudantes que

resolveram a sexta questão, 80% não a utilizou, ou a utilizou de maneira errada, e,

dos que resolveram, apenas dois utilizaram uma unidade de medida. [...]” (p. 7)

“Muitos erros de interpretação ocorreram na sétima questão. [...] a informação “um

arame de comprimento 1m” foi entendida, por muitos alunos, como sendo o

diâmetro da circunferência. Mesmo fazendo o modelo geométrico do problema, o

aluno não se dá conta de que o comprimento do arame é também o da

circunferência, e não o do diâmetro. Erros como esses mostram a dificuldade que

os alunos têm para entender e interpretar corretamente o enunciado de um

problema”. (p. 7)

“[...] o aluno associa a figura geométrica dada a um trapézio. Isso mostra que o

aluno não distingue claramente as figuras geométricas mais elementares”. (p. 7)

“Alguns erros encontrados aconteceram devido à utilização de fórmulas

equivocadas. [...] notamos que os estudantes também apresentam dificuldades em

aplicar as principais fórmulas no cálculo de áreas e comprimentos das figuras

geométricas planas elementares”. (p. 8)

“[...] observamos que, depois dos cálculos realizados, os alunos não costumam

62

contestar suas respostas. [...] apesar dos cálculos realizados estarem corretos, o

aluno não percebe que o cálculo que está realizando é irrelevante para o problema

e que tampouco leva à solução”. (p. 8)

“Muitos alunos apresentam dificuldades no entendimento da linguagem matemática.

Podemos observar que, ao encadearem cálculos, os alunos igualam expressões

distintas, o que nos mostra a falta de cuidado com a linguagem matemática”. (p. 9)

8 Hipertexto: Um Auxílio no Processo de Ensino-Aprendizagem

do Cálculo Diferencial CC212010

“No que se refere ao conhecimento prévio dos acadêmicos em matemática, estudos

desenvolvidos anteriormente (KESSLER e FISCHER, 1999; KESSLER e FISCHER,

2001, KESSLER, 2008) cujos sujeitos eram alunos calouros de cursos de

Engenharia, permitiram explicitar de forma mais detalhada as dificuldades desses

acadêmicos: fracas estratégias de organização e de estudo, dificuldade na

expressão e interpretação dos textos matemáticos pela falta de domínio do símbolo

e da própria língua materna, e raciocínio lógico pouco desenvolvido. Associado a

estes fatores cabe referir outros elementos que dificultam aprendizagens

significativas, tais como a passividade do aluno no processo de ensino-

aprendizagem e a falta de autonomia evidenciada pela quase total dependência do

professor, a quem atribui seus sucessos ou fracassos. [...]” (p. 1)

“Cabe referir, também, que nos hipertextos, os conceitos são introduzidos através

de uma linguagem acessível, visto que o repertório vocabular da maioria dos alunos

é bastante restrito, não coincidindo com o padrão escrito e oral esperado pela

universidade. Entende-se que a linguagem, de modo geral, constitui-se instrumento

importante de mediação do sujeito com o conhecimento. No caso específico da

matemática, a apropriação dos conceitos exige o domínio da linguagem como

sistema simbólico de caráter formal, cuja elaboração é indissociável do processo de

construção do conhecimento matemático. Percebe-se que os alunos chegam à

universidade, na grande maioria, desconhecendo a linguagem matemática, sua

sintaxe e semântica. Por esta razão, a linguagem informal empregada no material

didático aos poucos se modifica, promovendo a familiarização do aluno com os

códigos dessa área de conhecimento. O fato de tratarmos os conceitos dessa forma

não significa que estamos propondo um ensino desprovido de rigor, mas sim, de

diferentes escalas de rigor”. (p. 5-6)

9 Limite de Função: Conceito Imagem X Conceito Definição CC242010

63

“Em seu trabalho, Rodríguez (2009) apresenta uma pesquisa na qual está

estabelecendo tipologias que caracterizam diferentes usos da língua natural e da

língua simbólica simultaneamente, visto que é comum que haja uma grande

distância entre a utilização de ambas, bem como dificuldade em correlacioná-las”.

(p. 2)

10 Tecnologia e Ambiente de Trabalho: uma Combinação Pedagógica para o

Ensino de Conteúdos Matemáticos CC302010

“A visualização gráfica obtida pelo software teve um papel fundamental nas

simulações realizadas, possibilitando encontrar melhores soluções para os

problemas propostos e, ao mesmo tempo, realizar vários estudos de casos, além de

facilitar o surgimento de conjecturas e valorizar o pensamento matemático. Também

é interessante sublinhar que os alunos já vêm do ensino médio com dificuldades em

traçar gráficos na representação analítica de uma função e, principalmente, na

representação de duas ou mais funções em um mesmo gráfico. Similarmente ao

percebido por Allevato (2005), notamos que os alunos ficaram surpresos quando

descobriram que, com base na visualização gráfica, conseguiam responder as

questões dos problemas”. (p. 5)

“O segundo ambiente foi construído em uma disciplina de Programação Linear,

ministrada no terceiro ano. Nesse momento do curso, os alunos, em geral, já

exercem atividades profissionais. Dessa forma, o tempo dedicado aos afazeres

escolares é muito escasso, sobretudo, para as disciplinas de matemática que, em

geral, são vistas apenas como disciplinas de apoio àquelas que são específicas

para a formação do estudante. Esta situação se agrava na medida em que os

alunos não visualizam a aplicação imediata do que estão aprendendo nas funções

que eles exercem nas empresas em que trabalham. Acreditamos que seja essa a

principal razão para as dificuldades dos alunos nessa disciplina, e isso acarreta

inúmeros desconfortos, tanto para os alunos quanto para o professor. Muitas vezes,

os alunos dependem apenas dessa disciplina para se graduarem no curso e,

consequentemente, conseguirem melhores funções nas empresas em que atuam”.

(p. 6)

11 Uma Análise de Discurso: Discutindo as Respostas dos Alunos num

Curso Pré-Cálculo CC312010

“Acredita-se também que tais dificuldades podem ser oriundas do próprio sistema

educacional que se tem instituído nas universidades, ou mesmo de possíveis falhas

64

ocorridas na construção do conhecimento matemático dos alunos durante o Ensino

Fundamental e Médio, pois pode-se verificar que o aluno, ao ingressar na

universidade, nem sempre possui conhecimento necessário para um bom

desempenho em Cálculo, onde se depara com uma Matemática que, em geral, não

lhe foi apresentada anteriormente. Para BROLEZZI (2007), uma das causas para

este baixo desempenho dos alunos é decorrente da fraca bagagem trazida do

Ensino Médio”. (p. 2-3)

“Assim, além de identificar quais fatores interferem no processo de ensino e

aprendizagem [...] como os citados acima, buscou-se nesta pesquisa aferir se um

curso Pré-Cálculo poderia contribuir para um melhor desempenho dos alunos [...]

visto que as principais dificuldades apresentadas dizem respeito a conteúdos de

Matemática básica”. (p. 3)

“Nas conversas e entrevistas com os professores de Cálculo I, verificou-se que eles

observam maior dificuldade de seus alunos nesta disciplina, com o conteúdo de

funções e análise gráfica, sendo que isto também é apontado como obstáculo na

aprendizagem dos alunos em várias pesquisas (NASSER, 2007)”. (p. 9)

12 A Influência da Matemática Básica no Ensino de Cálculo Diferencial e

Integral RE22010

“É fato conhecido que a formação básica em matemática dos alunos ingressantes

no ensino superior encontra-se deficiente. Este fato tem contribuído para o

insucesso dos alunos na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, componente

curricular de formação básica nos cursos da área de Ciências Exatas. O curso de

Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado de Santa Catarina

(UDESC) tem como disciplina regular do seu currículo a disciplina de Matemática

Básica, a qual foi criada com o intuito de preencher as lacunas de aprendizagem

dos alunos e evitar as consequências da deficiência desta formação em outras

disciplinas. Neste trabalho, apresentamos um comparativo entre o aproveitamento

dos alunos dos Cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Física da

UDESC na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I (CDI-I). Observamos que os

alunos do Curso de Licenciatura em Matemática, aos quais é oferecida a disciplina

de Matemática Básica antecedendo o CDI-I, têm um aproveitamento superior em

relação aos alunos do Curso de Licenciatura em Física, que não cursam a disciplina

de Matemática Básica e já se deparam com o Cálculo no primeiro semestre de

graduação”. (p. 1)

65

“As dificuldades na aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral (CDI) têm sido

foco de discussão nos grupos de pesquisa em Educação Matemática, tanto em

nível nacional como internacional. “O ensino de CDI tem sido responsabilizado por

um grande número de reprovações e de evasões de estudantes universitários”

(Farias, 2007, p. 22), e as deficiências na formação básica em matemática têm sido

apontadas como a principal causa para tal fato. Os alunos chegam à universidade

com grandes lacunas de aprendizagem em Matemática Básica, o que aponta uma

grande fragilidade do ensino fundamental e médio em caráter nacional”. (p.1)

“Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (INEP), quase metade dos alunos que realizaram a prova do Exame

Nacional do Ensino Médio (ENEM) em 2009 obteve notas inferiores à média

estabelecida pelo INEP. Entre as matérias com piores notas ficou Matemática. Mais

de 57% dos alunos ficaram abaixo da média (Werthein, 2010). É importante

observar que o desempenho das escolas públicas foi bastante ruim se comparado

às escolas particulares, o que mostra a fragilidade do sistema público de educação

no cenário nacional (INEP, 2010). De modo geral, o ensino básico não tem

conseguido formar as competências necessárias adequadas para que um estudante

ingresse na área de Ciências Exatas. Essas deficiências têm se refletido no ensino

superior, principalmente nas disciplinas de formação básica das ciências exatas [...]”

(p. 2)

“Pesquisas apontam que os erros ocorridos em Cálculo Diferencial e Integral são

geralmente provenientes da deficiência da Matemática Básica”.

“Em Cálculo Diferencial e Integral, temos notado que os maiores problemas não são relacionados

diretamente com a aprendizagem das técnicas de cálculo de limites, derivadas ou integrais. Os erros

mais frequentes são aqueles ligados a conteúdos de Ensino Fundamental ou Médio, especialmente

os que envolvem simplificações de frações algébricas, produtos notáveis, resoluções de equações,

conceito de função e esboço de gráficos (Cury, 2009, p.226)”. (p. 4)

“Observamos uma grande dificuldade em relação à aprendizagem e,

consequentemente, um número considerável de reprovações, e, embora esta

disciplina tenha um caráter de revisão e aprofundamento dos conceitos

fundamentais, para muitos alunos tem representado o primeiro contato com estes

conceitos. Outro fator que tem influenciado no elevado número de reprovações na

disciplina é a percepção errônea, de muitos alunos, de que apenas a presença em

sala de aula é suficiente para garantir a aprendizagem”. (p. 5)

66

13 Proposta de Apoio à Aprendizagem dos Alunos de Cálculo Diferencial e

Integral I RE102010

“Pesquisas realizadas com alunos dos semestres iniciais de cursos superiores da

área de Ciências Exatas, especialmente de Engenharia, mostram que as disciplinas

matemáticas envolvem algumas dificuldades relacionadas tanto aos conteúdos

quanto às habilidades necessárias para a sua aprendizagem, tais como abstração,

generalização, formulação de hipóteses e deduções”. (p. 1)

“A situação vem se agravando nos últimos anos face às dificuldades de

aprendizagem de Matemática no Ensino Fundamental e Médio, evidenciadas pelos

resultados das avaliações sob a coordenação do INEP, tais como as provas do

Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM) e do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA)”. (p. 2)

“Araújo e Moreira (2005), ao relatarem experiências com a monitoria de Cálculo,

justificam sua necessidade pelo fato de que os alunos chegam à Universidade sem

terem desenvolvido, na Educação Básica, as habilidades de interpretar a linguagem

matemática, abstrair, generalizar, explorar problemas”. (p. 2)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Destacamos que nesse quadro, foram considerados apenas 13 trabalhos

entre os 14 que constituem o corpus da pesquisa, porque um dos trabalhos não

apresentava elementos ligados à primeira questão específica de investigação.

A partir das unidades de significado identificadas nos trabalhos e registradas

no Quadro 6, elaboramos novo quadro destacando as categorias, que expressam

convergências que se revelaram dos elementos particulares destacados nas

unidades de significado. Esse procedimento é denominado por Moraes (2003)

“estabelecimento de relações”, em que elementos unitários se reúnem na formação

das categorias.

Em nossas análises, encontramos categorias que dizem respeito a crenças e

a resultados; crenças com relação à aprendizagem e crenças com relação ao

ensino; resultados bibliográficos, resultados com relação à aprendizagem e

resultados com relação a materiais.

Entretanto, antes de começarmos a discorrer sobre nossas análises, vamos

esclarecer o que estamos considerando que sejam crenças e, também, resultados.

67

Finalmente, buscamos na literatura definições para o termo crença, que

apresentaremos a seguir.

No dicionário Houaiss (2009), encontramos a seguinte definição para o termo

crença: “no empirismo moderno, disposição subjetiva a considerar algo certo ou

verdadeiro, por força do hábito ou das impressões sensíveis”.

Para Vila e Callejo (2006), o termo crença tem grande utilização nas diversas

áreas do conhecimento (filosofia, teologia, psicologia, inteligência artificial, etc.) com

significados diferentes, como também na vida cotidiana. No entanto, como

linguagem educativa não é muito frequente por suas conotações mais próximas a

outras ciências. Resume-se crença como tendo sua origem na experiência, nas

observações diretas ou provenientes de informações e, às vezes, inferidas de outras

crenças.

As crenças influenciam na forma de aprender, de ensinar e de como aplicar a

Matemática; reciprocamente, a forma de aprender e utilizar a Matemática configura

as crenças (VILA; CALLEJO, 2006).

Os autores Vila e Callejo (2006) ressaltam que dois aspectos estão mais

estreitamente relacionados com as crenças: “as experiências prévias, que

geralmente influem de forma inconsciente, e os conhecimentos matemáticos, nos

quais as crenças estão fortemente envolvidas”.

Para esses autores, a definição do termo crença é bem próxima à encontrada

em Houaiss (2009): “as crenças são uma forma de conhecimento pessoal e

subjetivo, que está mais profunda e fortemente arraigado que uma opinião;

constroem-se por meio de experiências, informações, percepções, etc., delas se

desprendem algumas práticas”. Assim sendo, aceitaremos esta definição do termo

crença para efetuarmos as análises de nossos textos.

Da mesma forma, procuramos entender o significado da palavra resultado.

Em Houaiss (2009), encontramos a seguinte definição para resultado: “algo

produzido por uma causa; efeito, consequência”.

Segundo Fiorentini e Lorenzato (2012), os resultados de uma investigação

referem-se às conclusões, achados, inferências e, até, novos questionamentos

68

construídos pelo pesquisador no processo de desenvolvimento da pesquisa e

orientados pela questão de investigação.

Desse modo, na análise desenvolvida no corpus de nossa pesquisa,

consideramos que citações de outros autores, apresentadas pelos autores dos

trabalhos analisados no X ENEM, constituem-se também em resultados de

pesquisa. Essa nossa posição se apoia no fato de que os estudos bibliográficos e/ou

teóricos se constituem numa fase essencial de qualquer investigação acadêmica,

seja ela de natureza empírica ou, certamente, de natureza bibliográfica.

Quadro 7 – Categorias construídas a partir das unidades de significado: P1

Quais são as dificuldades matemáticas de alunos ingressantes na Educação

Superior detectadas pelas pesquisas já realizadas?

Categorias Dificuldade em

1 Crença de aprendizagem [...] processo de visualização e representação.

2 Resultado (bibliográfico)

[...] a linguagem que o livro didático apresenta

pode facilitar ou dificultar o processo de

compreensão.

Resultado de materiais

[...] falta de conteúdo cognitivo no uso de

material didático.

Crença de aprendizagem

[...] os alunos acham que os livros são

complicados.

3 Resultado (bibliográfico) [...] despreparo dos professores e dos

aprendizes.

Resultado (bibliográfico)

[...] ansiedade e suas manifestações,

concentração.

4 Resultado de

aprendizagem [...] emprego de fórmulas.

5 Resultado (bibliográfico) [...] ensino atual, obstáculos epistemológicos.

69

Resultado de

aprendizagem

[...] coeficiente angular negativo da função do 1º

grau e com o sinal que orienta a concavidade da

função do 2º grau, coeficiente angular da reta,

calcular o valor da tangente no triângulo

retângulo, relacionar as variáveis envolvidas, a

utilização apenas de pontos essenciais e a

construção das tabelas de valores, intervalos de

variação.

6 Crença de ensino e

aprendizagem

[...] como os conceitos matemáticos são

apresentados, conhecimentos prévios em

raciocínio lógico, traçado e análise de gráficos e

conteúdos algébricos.

Resultado de

aprendizagem

[...] definições e conceitos priorizando

procedimentos técnicos, aprendizes não

reflexivos.

7 Resultado (bibliográfico)

[...] abandono do ensino da Geometria, ênfase

no ensino da Álgebra, desenvolvimento dos

processos necessários à resolução de

problemas matemáticos.

Resultado de

aprendizagem

[...] conceitos e propriedades geométricas de

problemas envolvendo o cálculo de áreas de

figuras geométricas e do raio de uma

circunferência.

Resultado de

aprendizagem

[...] não disposição dos estudantes para

resolverem situações-problema que envolvam

conceitos geométricos, apresentação dos

resultados, correlação entre volume, perímetro e

área lateral, a distinção entre área e perímetro, o

conceito de função, discernimento entre

variáveis dependentes e independentes.

Resultado de

aprendizagem [...] utilização das unidades de medidas.

70

Resultado de

aprendizagem [...] interpretação de enunciado.

Resultado de

aprendizagem

[...] não distingue claramente as figuras

geométricas mais elementares.

Resultado de

aprendizagem

[...] utilização equivocada de fórmulas, em

aplicar as principais fórmulas do cálculo de áreas

e comprimentos das figuras geométricas planas

elementares.

Resultado de

aprendizagem

[...] aprendizes não reflexivos, cálculos

equivocados.

Resultado de

aprendizagem

[...] entendimento da linguagem matemática ao

igualar expressões distintas.

8 Resultado de

aprendizagem

[...] conhecimento prévio em Matemática, fracas

estratégias de organização para o estudo,

expressão e interpretação dos textos

matemáticos, língua vernácula, raciocínio lógico

pouco desenvolvido, passividade no processo de

ensino-aprendizagem, falta de autonomia do

aprendiz, dependência do professor.

Resultado de

aprendizagem

[...] vocabulário (vernáculo) restrito,

inapropriação da linguagem matemática.

9 Resultado (bibliográfico) [...] correlacionar a linguagem natural e a

linguagem simbólica.

10 Resultado de

aprendizagem

[...] traçado de gráficos, representação analítica

de uma função, representação de duas ou mais

funções no mesmo gráfico.

Resultado de

aprendizagem

[...] falta de tempo para os estudos, não dão

importância para as disciplinas de Matemática,

vistas como disciplinas de apoio àquelas que

são específicas, não visualizam a aplicação

imediata do que estão aprendendo nas funções

que exercem nas empresas em que trabalham.

71

11 Resultado (bibliográfico) [...] conhecimento prévio em Matemática,

referente à Educação Básica.

Resultado de

aprendizagem [...] conhecimento prévio em Matemática.

Resultado de

aprendizagem [...] conteúdo de funções e análises gráficas.

12 Crença de aprendizagem [...] formação básica em Matemática deficiente,

insucesso dos aprendizes na disciplina de CDI.

Resultado de

aprendizagem

[...] preencher as lacunas de aprendizagem,

trazidas da formação básica, contribui para um

melhor aproveitamento dos aprendizes.

Resultado (bibliográfico)

[...] as deficiências na formação básica em

Matemática têm contribuído para um alto nível

de reprovações e evasões nas IES.

Resultado (bibliográfico)

[...] competências necessárias para o ingresso

na área de Ciências Exatas.

Resultado (bibliográfico)

[...] erros cometidos em CDI são provenientes da

"Matemática Básica.

Resultado (bibliográfico)

[...] erros mais frequentes são aqueles ligados a

conteúdos de Ensino Fundamental ou Médio,

especialmente os que envolvem simplificações

de frações algébricas, produtos notáveis,

resoluções de equações, conceito de função e

esboço de gráficos.

Resultado de

aprendizagem

[...] em relação à aprendizagem, causando

reprovações, mesmo sendo revisão para muitos,

tem sido o primeiro contato com alguns

conceitos matemáticos, aprendizes não

reflexivos.

72

13 Resultado (bibliográfico)

[...] relacionadas tanto aos conteúdos quanto às

habilidades necessárias para a sua

aprendizagem, tais como abstração,

generalização, formulação de hipóteses e

deduções.

Resultado (bibliográfico)

[...] aprendizagem de Matemática na Educação

Básica deficiente.

Resultado (bibliográfico)

[...] falta de desenvolvimento na Educação

Básica de habilidades para a interpretação da

linguagem matemática, como abstrair,

generalizar e explorar problemas.

Na próxima seção, apresentaremos os metatextos construídos a partir dessa

análise dos trabalhos que julgamos trazer respostas à nossa primeira questão

específica: P1 Quais são as dificuldades matemáticas de alunos ingressantes na

Educação Superior detectadas pelas pesquisas já realizadas?

3.2.3 Metatexto a partir da Análise

A partir das análises já apresentadas nas seções anteriores, e observando

aspectos convergentes nas unidades de significado extraídas dos trabalhos

analisados, construímos nossas duas categorias, as quais estão divididas em

subcategorias, conforme segue:

Crenças{

com respeito à aprendizagem

com respeito ao ensino

com respeito ao ensino e à aprendizagem

Resultados{

bibliográficos

com respeito à aprendizagem

com respeito a materiais

73

3.2.3.1 Crenças

3.2.3.1.1 Crenças com respeito à aprendizagem

Iniciamos apresentando o metatexto referente à subcategoria “crenças com

respeito à aprendizagem”, ou seja, aquelas que se referem aos aspectos ligados aos

alunos nos processos de construção do conhecimento matemático.

Para cada subcategoria vamos inserir uma imagem/quadro que representa o

filtro aplicado ao Quadro 7, referente à subcategoria que está sendo apresentada e,

em seguida, o metatexto.

Quadro 8: Filtro da subcategoria crenças com respeito à aprendizagem

Subcategorias Dificuldade em

1 Crença de

aprendizagem [...] processo de visualização e representação.

2 Crença de

aprendizagem [...] os alunos acham que os livros são complicados.

12 Crença de

aprendizagem [...] formação básica em Matemática deficiente, insucesso dos aprendizes na disciplina de CDI.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Algumas das dificuldades que os alunos apresentam na aprendizagem estão

relacionadas aos processos de visualização e representação, abordados por

Gouveia e Miskulin (2010). Trabalhando com análise semiótica no contexto da

Educação Matemática, com atividades exploratório-investigativas na disciplina de

Cálculo Diferencial e Integral - CDI, acreditam que há necessidade de compreender

como os alunos relacionam o representar e o visualizar dos conteúdos matemáticos,

tentando identificar as diferentes formas como são tratados, pelos alunos, os

processos de leitura e escrita matemática. Desse modo, os autores relacionam a

visualização ao processo de leitura, e a representação ao de escrita, ambos

essenciais à aprendizagem matemática.

Um outro aspecto apontado com relação às dificuldades de aprendizagem foi

destacado por Silva e Silva (2010). Observando o relato dos alunos de que os livros

de Matemática são complexos, destacam a necessidade de os livros didáticos serem

escritos de tal forma que chamem a atenção dos estudantes, ou seja, sejam escritos

de forma mais simples com um linguajar que prenda a atenção do leitor e enseje o

74

gosto pelo estudar, sem abrir mão do rigor da linguagem matemática. Manifestam

ainda a crença no fato de que a dificuldade de interpretação da escrita matemática

não está relacionada apenas com a complexidade da forma linguística, mas também

com a estrutura do texto, que, se bem organizado, pode facilitar essa interpretação.

Um terceiro trabalho, realizado por Moro e Siple (2010), para tentar suprir as

deficiências dos alunos que ingressam na Educação Superior, no ensino de Cálculo

Diferencial e Integral, concorda com outros autores (SCHMITT; BEZERRA, 2010;

JUNIOR; CARVALHO; CARIELLO, 2010; KESSLER, 2010) ao afirmarem que a

formação dos alunos, na Educação Básica, é deficiente. Dito de outro modo, Moro e

Siple (2010) acreditam que as dificuldades da aprendizagem do Cálculo decorrem do

fato de que a Educação Básica não tem conseguido formar as competências

necessárias e adequadas a estudantes que têm interesse por ingressar, na

Educação Superior, na área de Ciências Exatas. Para muitos alunos, esse tem sido

o primeiro contato com alguns conceitos matemáticos, evidenciando claramente o

despreparo com que os estudantes têm chegado ao nível de ensino que é o foco do

nosso trabalho.

Tendo apresentado nossa análise da categoria crenças com respeito à

aprendizagem, apresentaremos agora crenças com respeito ao ensino e à

aprendizagem. As crenças com relação unicamente ao ensino não foram

identificadas para a questão parcial P1 – Quais são as dificuldades matemáticas de

alunos ingressantes na Educação Superior detectadas pelas pesquisas já

realizadas? que está sendo considerada na presente seção.

3.2.3.1.2 Crenças com respeito ao ensino e à aprendizagem

Quadro 9: Filtro da subcategoria crenças com respeito ao ensino e à

aprendizagem

Subcategoria Dificuldade em

6 Crença de ensino e

aprendizagem

[...] como os conceitos matemáticos são apresentados; conhecimentos prévios em raciocínio lógico; traçado e análise de gráficos e conteúdos algébricos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

As dificuldades de como os conceitos matemáticos são apresentados aos

alunos pelos professores, e a percepção da deficiência de conhecimentos prévios

75

em raciocínio lógico, traçado e análise de gráficos e conteúdos algébricos, foram

consideradas por Junior, Carvalho e Cariello (2010), fazendo uso de atividades que

estimulem a reflexão e a curiosidade. Afirmam que existe um consenso de que,

quando se fala em Matemática, há um fracasso no desempenho dos alunos nos

Ensinos Fundamental e Médio. Por isso, os alunos chegam à Educação Superior

com tantas dificuldades em conteúdos de Matemática, e sobre essa crença, Junior,

Carvalho e Cariello (2010) desenvolveram seu estudo. Para eles, esse fracasso está

diretamente ligado à forma como o professor desenvolve os conceitos matemáticos

em sala de aula.

Os autores qualificam o ensino na Educação Básica como sendo de “má

qualidade”, além de considerarem que os estudantes estão acostumados a

estratégias equivocadas para os estudos, promovendo déficits e fracassos na

relação ensino-aprendizagem. Outra dificuldade é a de que os alunos do Ensino

Médio foram condicionados a resolver atividades de forma mecânica, sem uma

reflexão sobre os significados de cada tópico apresentado, das definições e dos

conceitos. A causa pode ser de que muitos conteúdos são apresentados sem as

devidas demonstrações porque o próprio professor não as conhece. Essas

condições, trazidas da Educação Básica, acabam afetando o desenvolvimento dos

alunos na Educação Superior, em que eles não se preocupam com o formalismo e o

rigor exigido nesse nível de ensino, priorizando procedimentos técnicos sem

valorizar a reflexão.

3.2.3.2 Resultados

3.2.3.2.1 Resultados bibliográficos

Quadro 10: Filtro da subcategoria resultados bibliográficos

Subcategorias Dificuldade em

2 Resultado

(bibliográfico) [...] a linguagem que o livro didático apresenta pode facilitar ou dificultar o processo de compreensão.

3 Resultado

(bibliográfico) [...] despreparo dos professores e dos aprendizes.

3 Resultado

(bibliográfico) [...] ansiedade e suas manifestações, concentração.

5 Resultado

(bibliográfico) [...] ensino atual, obstáculos epistemológicos.

76

7 Resultado

(bibliográfico)

[...] abandono do ensino da Geometria; ênfase no ensino da Álgebra; desenvolvimento dos processos necessários à resolução de problemas matemáticos.

9 Resultado

(bibliográfico) [...] correlacionar a linguagem natural e a linguagem simbólica.

11 Resultado

(bibliográfico) [...] conhecimento prévio em Matemática, referente à Educação Básica.

12 Resultado

(bibliográfico) [...] as deficiências na formação básica em Matemática têm contribuído para um alto nível de reprovações e evasões nas IES.

12 Resultado

(bibliográfico) [...] competências necessárias para o ingresso na área de Ciências Exatas.

12 Resultado

(bibliográfico) [...] erros cometidos em CDI são provenientes da "Matemática Básica".

12 Resultado

(bibliográfico)

[...] erros mais frequentes são aqueles ligados a conteúdos de Ensino Fundamental ou Médio, especialmente os que envolvem simplificações de frações algébricas, produtos notáveis, resoluções de equações, conceito de função e esboço de gráficos.

13 Resultado

(bibliográfico)

[...] relacionadas tanto aos conteúdos quanto às habilidades necessárias para a sua aprendizagem, tais como abstração, generalização, formulação de hipóteses e deduções.

13 Resultado

(bibliográfico) [...] aprendizagem de Matemática na Educação Básica deficiente.

13 Resultado

(bibliográfico)

[...] falta de desenvolvimento na Educação Básica de habilidades para a interpretação da linguagem matemática, como abstrair, generalizar e explorar problemas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir de agora, passaremos à apresentação dos resultados bibliográficos

identificados nos trabalhos analisados, uma vez que, como exposto por nós

anteriormente, consideramos que citações de outros autores, apresentadas pelos

autores dos trabalhos analisados no X ENEM, constituem-se também em resultados

de pesquisa.

Com relação à linguagem que o livro didático apresenta, que pode facilitar ou

dificultar o processo de compreensão, Silva e Silva (2010) manifestam-se a favor de

que os livros didáticos apresentem uma linguagem que possa despertar o interesse

do leitor e, ainda, de que cada representação revele o quanto a Matemática é

importante e desperte no leitor o desejo e o gosto por estudá-la. Os autores

apoiaram-se na teoria dos registros de representação semiótica de Raymond Duval

(1993), considerando que são fundamentais à aprendizagem matemática.

Investigando aspectos mais subjetivos, particularmente os que causam a

ansiedade, refletida no que denominam “binômio do ensinar/aprender”, Carvalho e

77

Carvalho (2010) buscam compreender por que, na Educação Básica,

especificamente no Ensino Fundamental, há o abandono ou parcial abandono do

ensino da Geometria, embora esse conteúdo seja o ramo da Matemática que mais

permite a aproximação com o mundo real. (PAVANELO, 1993). Esse estudo trouxe

considerações parciais, em grande parte, de cunho teórico, constituintes de um

projeto que estava em andamento junto ao Programa de Desenvolvimento

Educacional do Estado do Paraná (PDE). Foram abordados aspectos afetivos e

emocionais no ensino e aprendizagem de Matemática, particularmente, o conceito

de ansiedade e como suas manifestações podem, ou não, interferir quando se

privilegia o tópico “geometrias não-euclidianas” nas aulas de Matemática.

(BORTOLOTI, 2009; GOMEZ-CHACÓN, 2003)

Os autores puderam constatar, também diante de suas experiências

realizadas em sala de aula e do convívio com colegas professores, que um dos

fatores geradores de ansiedade na sala de aula de Matemática é o ensino das

Geometrias (Euclidiana e Não-Euclidiana). Essa emoção personifica-se tanto entre

os professores quanto entre os alunos, e os autores apontam o seu abandono, ou

quase abandono, nesse nível de ensino como consequência do despreparo da

grande maioria dos professores, que geralmente dão preferência aos conteúdos da

Álgebra ou da Aritmética, evidenciando a formação deficiente em conteúdo e

metodologia para desenvolver e efetivar o ensino de Geometria. Certamente, e

consequentemente, os alunos também terão deficiências de conhecimento e

aprendizagem nesses conteúdos.

Na elaboração de um estudo que tinha como objetivo realizar uma análise

diagnóstica sobre funções matemáticas em uma sequência didática para alunos de

Licenciatura em Matemática, Pinto e Oliveira (2010) aceitaram o fato de que as

análises preliminares, realizadas por meio de conceitos sobre o quadro teórico

didático e sobre os quadros didáticos já alcançados, devem permear estudos

epistemológicos dos conteúdos contemplados pelo ensino, das dificuldades e dos

obstáculos que devem determinar a evolução dos alunos e dos possíveis entraves

que estabelecem a efetivação da realização didática. Os autores apoiaram-se, para

essas ideias, especialmente em Brousseau (1986, 2008).

78

Um outro trabalho realizado com alunos de licenciatura em Matemática foi o

de Messias e Costa (2010). Analisando as dificuldades desses alunos para

compreenderem o conceito de limite, consideraram aspectos relacionados ao

conceito imagem versus conceito definição:

O Conceito Imagem consiste em toda a estrutura cognitiva associada a um conceito, podendo nessa estrutura ser incluída a imagem deste conceito por meio de uma representação visual, figura mental ou experiências vivenciadas pelo individuo. Por sua vez, o Conceito Definição, que se constitui também na estrutura cognitiva do indivíduo, representa a forma, em palavras, utilizada para especificar um conceito, podendo ou não ser diferente do Conceito Definição formal. (TALL; VINNER, 1981 apud MESSIAS; COSTA, 2010, p. 4).

Em particular, o conceito definição exige do aluno a compreensão da

linguagem, a leitura matemática; e no tocante ao estudo de limites, isso é

importante, uma vez que esse conteúdo se constitui como fundamental para a

compreensão dos demais conceitos de Cálculo.

Messias e Costa (2010) também se apoiaram em um trabalho desenvolvido

por Rodríguez (2009), que caracteriza os diferentes usos da linguagem natural e da

linguagem simbólica, haja vista a grande dificuldade dos alunos em correlacioná-las.

Observamos que diferentes aspectos relacionados à leitura e escrita foram

abordados nos trabalhos, e novamente percebemos que vários desses trabalhos

foram desenvolvidos no âmbito do Cálculo Diferencial e Integral (CDI). De acordo

com eles, isso ocorre porque essa é, em geral, a primeira disciplina matemática com

que os alunos se deparam ao ingressarem nos cursos da área de Ciências Exatas

ou de outras áreas em que esses conteúdos são necessários, como nos cursos das

áreas de negócios (Administração de Empresas, Economia), biológicas, sociais,

entre outras.

Ao tratarem dos conhecimentos prévios em Matemática, referentes à

Educação Básica, os autores Schmitt e Bezerra (2010) se unem a Junior, Carvalho,

Cariello (2010) e Kessler (2010) ao afirmarem que os alunos ingressam na

Educação Superior sem uma base sólida dos conteúdos matemáticos apresentados

na Educação Básica, e que esses alunos estão acostumados a procedimentos

conduzidos por fórmulas e processos mecânicos, sem o interesse pela investigação

de uma resolução mais adequada a uma situação-problema. Destacam que os

79

conhecimentos trazidos por esses alunos têm pouca valia para o nível de ensino no

qual estão ingressando. Os autores apoiaram-se no fato de que:

A Matemática apresentada na Escola Básica, frequentemente como um conjunto de regras e fórmulas, processos mecânicos de resolução de determinados tipos de problemas, questões fechadas, com pouquíssima, às vezes nenhuma investigação, acarreta uma postura passiva por parte dos estudantes. [...] Na Universidade, porém, a Matemática adquire um caráter distinto. É cobrada dos alunos uma experiência anterior que eles em geral não têm. Os professores chegam à conclusão que aquilo que os alunos sabem de pouco vale para o aprendizado da Matemática em nível superior. (BROLEZZI, 2007, apud SCHIMITT; BEZERRA, 2010, p. 2-3).

Nesse trabalho, pudemos identificar que os autores indicaram quais são as

dificuldades que os alunos apresentam, e que estão sendo trabalhadas, para

poderem propiciar aos estudantes a oportunidade de entendimento e aprendizagem

dos conteúdos que fazem parte da grade curricular do Ensino Médio. Com isso,

tentaram alcançar o objetivo do trabalho, que foi analisar, destacar e questionar os

erros e acertos apresentados pelos participantes de um curso de Pré-Cálculo, e

compreender como se apropriam do conhecimento adquirido para auxiliá-los em

suas dificuldades.

Na busca de alternativas para suprir as dificuldades de aprendizagem em

CDI, que têm sido foco de pesquisas em Educação Matemática, tanto em nível

nacional como internacional, Moro e Siple (2010) apontam pesquisas como as de

Farias (2007) e Cury (2009), afirmando que o ensino de CDI tem sido responsável

pelo alto número de reprovações e de evasões de estudantes universitários; e ainda,

que os problemas não estão relacionados diretamente às técnicas de cálculo de

limites, derivadas ou integrais, mas sim, que são provenientes da Matemática

Básica, relacionados a conteúdos do Ensino Fundamental ou Médio, especialmente

os que envolvem simplificação de frações algébricas, produtos notáveis, resolução

de equações, conceito de função e esboço de gráficos.

Para finalizarmos nossa análise da categoria com relação a resultados

bibliográficos, consideramos o trabalho de Müller, Azambuja e Müller (2010), que,

fazendo um levantamento sobre as dificuldades dos ingressantes na Educação

Superior através de pesquisas realizadas com alunos dos semestres iniciais dos

cursos da área de Ciências Exatas, especialmente de Engenharia, verificaram que

as “disciplinas matemáticas” envolvem algumas dificuldades relacionadas tanto aos

80

conteúdos quanto às habilidades necessárias para a sua aprendizagem, como, por

exemplo, abstração, generalização, formulação de hipóteses e deduções.

Para essas inferências, os autores, referindo-se ainda ao aluno calouro,

referenciam Gomes, Lopes e Nieto (2005), concordando que “é certo que uma

reforma deveria ser iniciada nos ensinos fundamental e médio, no entanto, esse

aluno está chegando ao curso superior e nós, professores universitários, não

podemos enviá-los de volta”. (p. 7).

Confirmam, assim, o que os autores anteriores nos apresentaram até o

momento: que a Educação Básica não tem conseguido formar estudantes com

habilidades necessárias para abstrair, generalizar, formular hipóteses, fazer

deduções e explorar problemas, além de apresentarem defasagens nos conteúdos.

Os autores comprovaram que nos últimos anos, a situação vem se agravando,

conforme constatação apoiada nos resultados das avaliações coordenadas pelo

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), tais

como as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Exame

Nacional do Ensino Médio (ENEM) e do Programa Internacional de Avaliação de

Alunos (PISA).

Os autores apoiam-se também em Araujo e Moreira (2005), que relatam

experiências realizadas com a monitoria de Cálculo, justificando sua necessidade

pelo fato de que os alunos ingressam na Educação Superior sem terem

desenvolvido as habilidades de interpretar a linguagem matemática, abstrair,

generalizar e explorar problemas, e salientam que, em grande parte, os alunos

dominam a técnica, mas não conhecem o significado do conceito.

Terminada a análise da categoria “resultados bibliográficos”, apresentaremos

o metatexto referente à análise dos dados inseridos na subcategoria “resultados com

respeito à aprendizagem”.

81

3.2.3.2.2 Resultados com respeito à aprendizagem

Quadro 11: Filtro da subcategoria resultados com respeito à aprendizagem

Subcategorias Dificuldade em

4 Resultado de aprendizagem

[...] emprego de fórmulas.

5 Resultado de aprendizagem

[...] coeficiente angular negativo da função do 1º grau e com o sinal que orienta a concavidade da função do 2º grau; coeficiente angular da reta; calcular o valor da tangente no triângulo retângulo; relacionar as variáveis envolvidas; a utilização apenas de pontos essenciais e a construção das tabelas de valores, intervalos de variação.

6 Resultado de aprendizagem

[...] definições e conceitos priorizando procedimentos técnicos, aprendizes não reflexivos.

7 Resultado de aprendizagem

[...] conceitos e propriedades geométricas de problemas envolvendo o cálculo de áreas de figuras geométricas e do raio de uma circunferência.

7 Resultado de aprendizagem

[...] não disposição dos estudantes para resolverem situações-problema que envolvam conceitos geométricos; apresentação dos resultados; correlação entre volume, perímetro e área lateral; a distinção entre área e perímetro; o conceito de função; discernimento entre variáveis dependentes e independentes.

7 Resultado de aprendizagem

[...] utilização das unidades de medidas.

7 Resultado de aprendizagem

[...] interpretação de enunciado.

7 Resultado de aprendizagem

[...] não distingue claramente as figuras geométricas mais elementares.

7 Resultado de aprendizagem

[...] utilização equivocada de fórmulas; em aplicar as principais fórmulas do cálculo de áreas e comprimentos das figuras geométricas planas elementares.

7 Resultado de aprendizagem

[...] aprendizes não reflexivos, cálculos equivocados.

7 Resultado de aprendizagem

[...] entendimento da linguagem matemática ao igualar expressões distintas.

8 Resultado de aprendizagem

[...] conhecimento prévio em Matemática; fracas estratégias de organização para o estudo; na expressão e interpretação dos textos matemáticos, língua vernácula, raciocínio lógico pouco desenvolvido; passividade no processo de ensino-aprendizagem, falta de autonomia do aprendiz, dependência do professor.

8 Resultado de aprendizagem

[...] vocabulário (vernáculo) restrito; inapropriação da linguagem matemática.

10 Resultado de aprendizagem

[...] traçado de gráficos; representação analítica de uma função; representação de duas ou mais funções no mesmo gráfico.

10 Resultado de aprendizagem

[...] falta de tempo para os estudos; não dão importância para as disciplinas de Matemática vistas como disciplinas de apoio

82

àquelas que são específicas; não visualizam a aplicação imediata do que estão aprendendo nas funções que exercem nas empresas em que trabalham.

11 Resultado de aprendizagem

[...] conhecimento prévio em Matemática.

11 Resultado de aprendizagem

[...] conteúdo de funções e análises gráficas.

12 Resultado de aprendizagem

[...] preencher as lacunas de aprendizagem, trazidas da formação básica, contribui para um melhor aproveitamento dos aprendizes.

12 Resultado de aprendizagem

[...] em relação à aprendizagem, causando reprovações; mesmo sendo revisão para muitos, tem sido o primeiro contato com alguns conceitos matemáticos, aprendizes não reflexivos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Um dos trabalhos encontrados para esta categoria é o de Ribeiro e Bortoloti

(2010), que, analisando os erros cometidos pelos aprendizes, no conteúdo de

Análise Combinatória, dos cursos em Licenciatura Matemática das Universidades

Estaduais Baianas, tinham por objetivo investigar quais são os tipos de dificuldades

e erros apresentados.

Verificaram, quanto ao emprego de fórmulas, em uma questão específica de

um teste que foi aplicado a esses aprendizes, que, de forma geral, eles recorreram a

algum outro tipo de solução quando, na realidade, havia a necessidade do emprego

de fórmulas; entretanto, mesmo aqueles que utilizaram as fórmulas adequadas não

obtiveram sucesso na resolução da questão que estava sendo analisada.

Com o objetivo de apresentar resultados de uma análise diagnóstica de

conteúdo sobre funções, aplicada a alunos de 2º anos de curso de Licenciatura em

Matemática de uma universidade particular da grande São Paulo, Pinto e Oliveira

(2010) aplicaram um teste específico que foi estruturado com 10 questões

diretamente relacionadas a funções dos 1º e 2º graus, função exponencial e função

logarítmica, cujo conhecimento era fundamental para a resolução das atividades que

seriam propostas na sequência didática sobre taxa de variação média.

As questões buscaram atingir assuntos, como: função crescente, decrescente

e constante, gráficos das funções, interpretação e resolução de problemas

envolvendo funções. Para os autores, esses assuntos são importantes para

aplicações no conteúdo de CDI, que exige dos alunos o conhecimento de taxa de

variação. A análise diagnóstica tinha como objetivo verificar se os alunos

83

conseguiriam: associar as funções com os respectivos gráficos; distinguir função de

1º grau e função de 2º grau; determinar a declividade ou coeficiente angular da reta;

representar o gráfico de uma função a partir da equação; se teriam noção de função

crescente, decrescente e constante; se saberiam calcular intervalos de variação.

Afirmam os autores Pinto e Oliveira (2010) que, apesar de os alunos

conseguirem distinguir funções do 1º e do 2º grau, apresentaram dificuldades com

coeficiente angular negativo da função do 1º grau e com o sinal que orienta a

concavidade da função do 2º grau.

As principais dificuldades apresentadas pelos alunos na construção e na

interpretação dos gráficos das funções estavam em relacionar as variáveis

envolvidas, utilizar apenas pontos essenciais e construir as tabelas de valores.

Verificaram que os alunos conseguiram distinguir função crescente, decrescente e

constante, que são de extrema importância para o entendimento do cálculo, em

situações de variação, que podem apresentar valores positivos, negativos ou zero; e

ainda, que os alunos tiveram dificuldades para obter os intervalos de variação, pois

calcularam apenas os valores da função nos extremos superiores dos intervalos

apresentados, sem calcular a variação solicitada.

Entendemos, nesse caso, que, apesar de serem alunos do 2º ano de

Licenciatura em Matemática, eles apresentam dificuldades de conteúdos da

Educação Básica.

Ao se referirem à compreensão de definições e conceitos prioritariamente aos

procedimentos técnicos, Junior, Carvalho e Cariello (2010) investigam as aplicações

do Cálculo Diferencial às Ciências Naturais e Humanas. Os autores consideram que

os conteúdos de Cálculo contêm a maior parte dos conceitos matemáticos que

devem ser assimilados no ciclo inicial dos cursos na área de Ciências Exatas, como,

por exemplo, os conceitos relacionados a limite, continuidade e derivada de uma

função de uma variável.

Defendem também que é na disciplina de Cálculo Diferencial que o estudante

tem os primeiros contatos com a linguagem matemática de nível superior, com a

generalização de ideias, a abstração, a utilização de noções de lógica no

desenvolvimento dos raciocínios e com o conhecimento dos processos de

84

argumentação e justificação. Para os autores, essa disciplina assume a função de

propiciar uma “alfabetização matemática na Educação Superior”. Sendo assim,

julgam ser de extrema importância a atenção no desempenho dos estudantes nessa

disciplina.

As deficiências dos alunos que atingem o estágio universitário, provenientes da má qualidade do ensino fundamental e médio, são percebidas pela falta de conhecimentos prévios em raciocínio lógico, no traçado e análise de gráficos e no conteúdo algébrico que eles trazem consigo. Estes estudantes acostumaram-se a um cotidiano escolar em que as tarefas eram executadas utilizando estratégias equivocadas de estudo, o que promoveu um déficit significativo na relação entre o ensino e a aprendizagem. De fato, no ensino médio, estes alunos, em geral, foram condicionados a resolver mecanicamente os exercícios, sem refletir sobre o significado de cada tópico apresentado. [...] (JUNIOR; CARVALHO; CARIELLO, 2010, p. 3).

No que diz respeito às dificuldades de aprendizagem de conceitos e

propriedades geométricas em problemas envolvendo o cálculo de áreas de figuras

geométricas, Santos Alvarenga e Sales (2010) realizaram uma investigação que

trata da importância do ensino da Geometria e das dificuldades no seu ensino.

Os autores realizaram uma avaliação com alunos dos seguintes cursos:

Física, Química, Biologia, Ciências Contábeis, Matemática, Administração e

Sistemas de Informação, segundo os autores, todos aprovados no vestibular que

antecedeu seu ingresso na universidade. A avaliação tinha como objetivo explorar

os conhecimentos apresentados pelos estudantes advindos do Ensino Médio e,

dessa forma, detectar suas maiores dificuldades.

Em suas análises, os autores perceberam também a não disposição dos

estudantes para resolver situações-problema que envolviam conceitos geométricos,

tais como a correlação entre volume, perímetro e área lateral, a distinção entre área

e perímetro, o conceito de função, a distinção entre variáveis dependentes e

independentes,

Apenas o trabalho de Santos, Alvarenga e Sales (2010) investigou as

dificuldades em Geometria de alunos ingressantes na Educação Superior. Em seu

trabalho, apontam dificuldades dos alunos na utilização de unidades de medida, na

interpretação de enunciados, na identificação de figuras geométricas elementares e

na utilização de fórmulas, para o cálculo de áreas e perímetros.

Santos, Alvarenga e Sales (2010) salientam:

85

Em geral, os problemas que envolvem geometria representam um dificultador a mais para os estudantes de Cálculo Diferencial e Integral. Os conceitos geométricos são fundamentais para a interpretação e modelagem dos problemas relacionados tanto aos conceitos de taxa de variação média e instantânea como com os de integração. (SANTOS; ALVARENGA; SALES, 2010, p. 3).

A maior parte dos erros cometidos pelos alunos, identificados por Santos,

Alvarenga e Sales (2010), foi devido à não utilização ou à utilização incorreta das

unidades de medidas. Além disso, os alunos não entendiam a importância e o

significado de tais unidades, e não sabiam qual a unidade correta a ser utilizada, já

que confundem unidade de medida linear com quadrática. Uma evidência que ficou

clara é que o aluno não distingue claramente as figuras geométricas mais

elementares.

A avaliação diagnóstica realizada por Santos, Alvarenga e Sales (2010)

também abordava os seguintes conteúdos: simplificação de frações, fatoração,

propriedades e gráficos de funções (modulares, exponencial, logarítmicas, seno e

co-seno), esboço gráfico de funções afins e quadráticas, problemas envolvendo o

cálculo de áreas de figuras geométricas e do raio de uma circunferência. Nas

resoluções dos problemas, mesmo quando os cálculos estavam corretos, os alunos

não tiveram o cuidado de se certificar se suas respostas eram adequadas ao

problema apresentado, ou seja, os estudantes não costumam contestar suas

respostas. Os alunos se mostraram pouco reflexivos ao realizarem determinados

cálculos equivocados e não se preocuparam em validar suas respostas.

Os autores relataram ainda que os alunos apresentaram deficiências para

interpretar e representar a linguagem matemática; consideram que eles

apresentaram falta de cuidado com o tratamento dessa linguagem tão particular.

Um outro trabalho que também traz discussões sobre as dificuldades

matemáticas foi apresentado por Kessler (2010), que faz uso do hipertexto. Trata-se

de uma forma de apresentação de informações em um monitor de vídeo, no qual

algum elemento (palavra, expressão ou imagem) é destacado e, quando acionado

(geralmente mediante um clique de mouse), provoca a exibição de um novo

hipertexto com informações relativas ao referido elemento. (KESSLER, 2010).

86

Tendo o hipertexto como auxílio no processo ensino-aprendizagem em

Cálculo Diferencial, Kessler (2010) vem corroborar com o que afirmam Junior,

Carvalho e Cariello (2010), que os alunos não têm e não são orientados a uma

estratégia de estudos adequados, e apresentam pouco desenvolvimento do

raciocínio lógico. Aliadas a isso estão a passividade no processo de ensino-

aprendizagem e a falta de autonomia dos alunos, evidenciadas pela quase total

dependência do docente. Tais condições acabam prejudicando o desenvolvimento

dos discentes na Educação Superior.

Também o trabalho de Ferreira e Jacobini (2010) tem relação com resultados

relacionados às dificuldades de aprendizagem: no traçado de gráficos, na

representação analítica de uma função e na representação de duas ou mais funções

no mesmo gráfico. Com relação a aspectos mais gerais, destaca a falta de tempo

para os estudos e a pouca ou nenhuma importância que os alunos dão para as

disciplinas de Matemática, que são vistas como disciplinas de apoio àquelas que são

específicas dos cursos que frequentam, especialmente os da área de negócios ou

engenharias, por não visualizarem a aplicação imediata do que estão aprendendo

nas funções que exercem nas empresas em que trabalham.

Os autores acreditam que as dificuldades e a falta de interesse pela

Matemática estão relacionadas com a não “visualização” da aplicação imediata do

conteúdo na área de atuação profissional; em geral, o professor não apresenta tais

condições, ocasionando, com isso, desconforto para ambos.

Embora já apresentado anteriormente, o trabalho de Schmitt e Bezerra (2010)

também traz convergência para os resultados com respeito à aprendizagem no

tocante a conhecimentos prévios em Matemática e conteúdos de funções e análises

gráficas. O trabalho apresenta uma investigação realizada na Universidade Estadual

do Oeste do Paraná – UNIOESTE, que proporcionou a elaboração e a realização de

um curso Pré-Cálculo aos alunos que cursavam a disciplina de Cálculo I nos cursos

de Ciência da Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e

Matemática.

Ao abordarem o conteúdo de funções, os autores objetivaram proporcionar

aos estudantes uma compreensão do comportamento do gráfico de uma função, de

87

modo que pudessem compreender o que ocorre em determinado ponto, podendo

analisar o comportamento da função naquele ponto. As dificuldades com esse

aspecto também foram apontadas nas conversas e entrevistas que os

pesquisadores tiveram com professores de Cálculo I. Esses professores observaram

grande dificuldade de seus alunos nessa disciplina com o conteúdo de funções,

especialmente em análises gráficas. Ressaltamos que isso também é apontado

como obstáculo na aprendizagem dos alunos em várias outras pesquisas.

A formação básica deficiente em Matemática dos alunos ingressantes na

Educação Superior também é constatada no trabalho apresentado por Moro e Siple

(2010), que discutem como preencher as lacunas de aprendizagem dos alunos que

ingressam na instituição onde desenvolvem suas atividades profissionais; e

destacam ainda que os aprendizes não têm uma postura reflexiva.

Segundo os autores, esses fatores têm contribuído para o insucesso dos

alunos na disciplina de CDI, componente curricular de formação básica nos cursos

da área de Ciências Exatas. Expõem os autores que o curso de Licenciatura em

Matemática da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) tem como

disciplina regular do seu currículo a disciplina de Matemática Básica, com o objetivo

de minimizar esse insucesso.

Com base nesse panorama, os educadores se sentiram desafiados a

identificar estratégias (as quais iremos apresentar junto à nossa questão parcial P2:

Que recomendações têm sido sugeridas para sanar essas dificuldades de

aprendizagem matemática?) para possibilitar aos estudantes a superação de suas

dificuldades, reduzindo, com isso, os índices de reprovação nos primeiros anos nos

cursos, minimizando a evasão e permitindo aos estudantes alcançarem altos níveis

acadêmicos.

Finalizada a análise da categoria resultados com respeito à aprendizagem,

daremos início à apresentação de nossa análise de resultados com respeito a

materiais.

88

3.2.3.2.3 Resultados com respeito a materiais

Quadro 12: Filtro da subcategoria resultados com respeito a materiais

Subcategorias Dificuldade em

2 Resultado de materiais [...] falta conteúdo cognitivo no uso de material didático.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os materiais didáticos foram considerados por Silva e Silva (2010), ao

investigarem a noção de integral em livros didáticos, considerando os registros de

representação semiótica:

[...] os objetos matemáticos são abstratos e para serem apreendidos devem ser evocados através de representações semióticas, e é importante não confundir o objeto matemático com sua representação. O autor levanta, em sua teoria, três pontos importantes da função cognitiva para a existência dos registros semióticos usados em matemática. São eles: a representação, o tratamento e a conversão. [...] o que garante a apreensão de um objeto e sua conceitualização é a coordenação entre os vários registros de representação. [...] as maiores dificuldades de aprendizagem surgem no contexto da conversão. Isto é, os alunos não conseguem coordenar os vários registros que estão à sua disposição. (DUVAL, 1983 apud SILVA; SILVA, 2010, p. 5).

Também Silva e Silva (2010) consideram o ensino de Cálculo como conteúdo

básico nos cursos da área de Ciências Exatas, que tem sido trabalhado numa

prática metodológica “tradicional”, baseada em definições, teoremas, propriedades,

exemplos e exercícios. Os autores concluíram que essa metodologia tem contribuído

para um alto índice de reprovação, e ressaltam que no ensino dessa disciplina, o

livro didático ainda tem uma importância fundamental.

No trabalho apresentado, Silva e Silva (2010) escolheram o tema Integral

para analisar como dois livros didáticos tratam esse conteúdo. A análise foi realizada

de tal forma a permitir que os livros fossem mais bem explorados, indicando a

futuros professores e alunos que os mesmos são ricos em informações que, se bem

utilizadas, podem se constituir em um instrumento valioso para o ensino-

aprendizagem.

Perceberam que cada autor procura registrar a essência dessa disciplina

(mostrando as aplicações, as curiosidades ou explorando os diversos registros) que,

para os autores, é de fundamental importância para o entendimento dos conteúdos

apresentados.

89

3.2.4 À guisa de síntese e finalização

Para encerrarmos esta seção, vamos fazer algumas observações que cremos

serem necessárias.

Com o que analisamos até aqui, verificamos, em alguns trabalhos, quais são

as dificuldades detectadas; em outros, que existem as dificuldades, mas os trabalhos

não as relatam; e que na maioria deles, o foco das pesquisas está diretamente

relacionado ao ensino de Cálculo Diferencial e Integral. As dificuldades detectadas

estão relacionadas à falta de conhecimentos prévios específicos da Educação

Básica, ações ligadas à resolução de problemas (atitude de investigação, validação

da resposta, entre outros), à ausência de generalização de ideias, de abstração,

emprego de noções de lógica, argumentação e justificação. Os alunos não têm

curiosidade, realizam tarefas de forma mecânica, sem reflexão dos significados e

dos conceitos, demonstram falta de autonomia e são muito dependentes do

professor.

Percebemos também a preocupação dos pesquisadores em relação ao nível

de reprovações e evasões que as disciplinas de Matemática causam nos primeiros

anos da Educação Superior, principalmente quando o aluno está inserido na área

das Ciências Exatas:

Em Cálculo Diferencial e Integral, temos notado que os maiores problemas não são relacionados diretamente com a aprendizagem das técnicas de cálculo de limites, derivadas ou integrais. Os erros mais frequentes são aqueles ligados a conteúdos de Ensino Fundamental ou Médio, especialmente os que envolvem simplificações de frações algébricas, produtos notáveis, resoluções de equações, conceito de função e esboço de gráficos. (CURY, 2009, p. 226).

Os trabalhos que encontramos apontam, especialmente, dificuldades

relacionadas com a aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral. Demonstram,

como precursora desse sintoma, a Educação Básica, que não prepara o aluno para

sua próxima fase de estudo. Os autores declaram que os discentes são

condicionados, na Educação Básica, a resolver atividades de forma mecânica,

priorizando procedimentos técnicos, sem valorizar a reflexão. Os alunos demonstram

não terem sido orientados para se organizar adequadamente para os estudos,

comprometendo, assim, seu desenvolvimento na Educação Superior.

90

Com esses trabalhos, constatamos como as deficiências de leitura e escrita

se mostram, especialmente no âmbito do Cálculo Diferencial e Integral. E

percebemos que a leitura e escrita matemáticas exigem considerar as diferentes

linguagens que estão envolvidas no contexto da Matemática, particularmente a

linguagem matemática formal e, consequentemente, as diferentes formas de

representação dos objetos matemáticos.

Com os trabalhos aqui relatados, percebemos que não são muitos os que

abordam os conteúdos específicos em que os alunos têm dificuldades. Verificamos

alguns dos conteúdos no âmbito da Geometria (Euclidiana e Não-Euclidiana) e

ainda: simplificação de frações, fatoração, propriedades e gráficos de funções

(modulares, exponencial, logarítmicas, seno e co-seno), esboço de gráficos de

funções afins e quadráticas, cálculo de áreas de figuras geométricas e do raio de

uma circunferência, unidades de medidas, limite e derivada.

Verificamos ainda que as pesquisas continuam apontando, com unanimidade,

a Educação Básica como a responsável pelas dificuldades em conteúdos

matemáticos que os alunos apresentam ao ingressarem na Educação Superior.

Constatamos mais uma vez que as pesquisas convergem para o âmbito do Cálculo

Diferencial e Integral e, em algumas delas, dão ênfase para a Geometria. Desse

modo, os alunos chegam às universidades despreparados para esse novo nível de

ensino, que fará desses alunos futuros profissionais nas áreas por eles escolhidas.

Na próxima seção, estaremos apresentando a análise dos trabalhos

apresentados no X ENEM, que trazem especificidades em relação à segunda

questão parcial, P2: Que recomendações têm sido sugeridas para sanar essas

dificuldades de aprendizagem matemática?

3.2.5 P2 Que recomendações têm sido sugeridas para sanar essas dificuldades

de aprendizagem matemática?

A seção que se inicia agora traz os trabalhos apresentados no X ENEM, em

que pudemos verificar recomendações sugeridas para trabalhar em sala de aula

com as dificuldades de aprendizagem matemática.

91

Assim como para a questão P1, a forma como registramos os elementos

particulares dentro de cada unidade de significado está mostrada no Quadro 13, em

que tais elementos se apresentam sublinhados. Para esta seção, foram

considerados apenas 11 trabalhos, que convergem para a questão específica que

iremos abordar a partir de agora.

Quadro 13 – Unidades de Significado: P2 – Que recomendações têm sido

sugeridas para sanar essas dificuldades de aprendizagem matemática?

Título

Recorte

1 A Análise Semiótica no Contexto da Educação Matemática: Atividades

Exploratório-Investigativas em Cálculo Diferencial e Integral CC32010

“O que pretendemos com esta Atividade Exploratório-Investigativa é possibilitar

formas para os alunos ultrapassarem esse pensamento “enraizado” e poderem

desenvolver Atividades Exploratório-Investigativas, capacitando-os a “abrirem” o

pensamento, considerarem diversas formas de “ver” as situações, ou seja,

considerarem estratégias diversificadas para resolverem os problemas que

porventura fossem a eles apresentados.” (p. 9-10)

2 A Noção de Integral em Livros Didáticos e os Registros de

Representação Semiótica CC52010

“Qualquer que seja o processo utilizado para se alcançar sucesso na

aprendizagem, ele se apoia em algum tipo de representação, uns mais

sofisticados, com representações dinâmicas (softwares), outros mais simples

(usando papel e lápis). Pode-se observar que essas tais representações são

importantes, pois o aluno, na tentativa de resolver qualquer questão, procura

representá-la de alguma forma, como meio de auxiliar o entendimento. Porém,

mesmo com tanta tecnologia, nas aulas, o livro didático ainda é muito presente.

Ele traz uma infinidade de representações que talvez possam estar sendo mal

utilizadas.” (p. 2)

“O livro didático tem sido reestruturado didaticamente com o objetivo de ser um

instrumento facilitador da aprendizagem, inclusive para atender às necessidades

do ensino em meio a essa grande corrida tecnológica que está proposta.” (p. 9)

3 Analisando Possíveis Erros de Geometria a Partir das Resoluções dos

Alunos do 6º Semestre do Curso de Licenciatura em Matemática da Uneb Campus Alagoinhas CC92010

92

“[...] Dos calouros, queremos observar como eles estão chegando ao ensino

superior e quais dificuldades do ensino básico, em relação à matemática, são

trazidas por eles. [...]” (p. 2)

“O erro hoje não deve ser mais visto como um “bicho-papão” ou algo que

devemos exterminar. Na pedagogia tradicional, o foco do processo de ensino

estava no conteúdo a ser transmitido pelo professor, e hoje, é centrado no aluno

e/ou nos métodos utilizados pelo professor, em sala de aula, em como o aluno irá

construir o conhecimento. Assim, Pinto (2000, p. 12) nos aponta: “Se na

pedagogia tradicional, centrada no professor, o relevante era saber o que se

ensina, na pedagogia nova, a preocupação do professor é saber como as

crianças aprendem”. Além disso, a autora nos traz que o erro servia, geralmente,

como indicador do fracasso do aluno, e nas novas teorias, ele se apresenta como

um fator positivo e de grande valor pedagógico, onde a criança (em nosso caso, o

aluno) mostra o seu pensamento. Muito já se foi descoberto e estudado com

relação a esse assunto. Mas, ainda não é o suficiente.” (p. 2-3)

“O erro hoje é visto, por muitos autores, como uma ferramenta capaz de indicar a

dificuldade do aluno, e a partir da detecção dessas dificuldades, o professor irá

criar estratégias didáticas para que o aluno aprenda com o seu próprio erro. Nesta

perspectiva, Cury (2007, p. 80) define o erro como “constituinte do conhecimento,

um saber que o aluno possui, construído de alguma forma”. Considera-o como

“trampolim para a aprendizagem.” (p. 3)

“Estamos compreendendo o erro como uma metodologia de ensino. É

reconhecendo os erros dos alunos que o professor criará estratégias de ensino. E

o aluno, reconhecendo seu erro, irá analisar suas respostas e questioná-las para

construir o próprio conhecimento.” (p. 4)

4 Análise Combinatória: O Que o Teste Padrão nos Informa a Partir das

Respostas de Estudantes Veteranos da Uneb/Alagoinhas – Ba CC102010

“[...] Diante deste quadro, queremos conhecer alguns possíveis erros básicos e

contribuir para reverter esta situação. Acreditamos que uma maneira de tentarmos

isso é fazendo o erro ser visto, discutido, compreendido pelos professores, por

estes estudantes, futuros professores, para que não cometam com seus alunos,

os mesmos.” (p. 2)

“Fundamentamo-nos em Pinto (2000), que nos mostra a necessidade de tornar o

93

erro observável para o professor e também para o aluno, trabalhando na

perspectiva construtivista. Desta mesma forma nos apoiamos em Borasi (1996),

que traz o erro como trampolim para a aprendizagem em matemática.” [...] (p. 2)

“Durante a aplicação do teste foi solicitado aos estudantes que registrassem toda

a solução que julgassem necessária, e caso tivessem a necessidade de apagar,

não utilizassem a borracha, e sim escrevessem: “desconsiderada a resposta”.

Isso se fez necessário, porque mais interessante era conhecer o raciocínio

registrado pelo acadêmico, observar o uso de alguma estratégia utilizada para

chegar à própria resposta; segundo o Minidicionário Olinto (2000, p. 362),

estratégia significa “arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições

favoráveis com vista a objetivos específicos”; nossa intenção era identificar o

conhecimento disponível destes alunos para resolver a questão.” (p. 5)

5 Análise Diagnóstica de Funções Matemáticas para Sequência Didática

sobre Taxa de Variação para Alunos de 2º. Ano de Curso de Licenciatura em Matemática CC112010

“Uma situação didática é preparada pelo professor com o objetivo de provocar, no

aluno, adaptações desejadas através de uma escolha cuidadosa de problemas,

de maneira que o aluno possa aceitá-los, agir, falar, refletir, evoluir por si próprio

(FREITAS, 2008). O professor propõe um problema para que o aluno busque

soluções por iniciativa própria, como participante ativo da própria aprendizagem.

Nesse processo, o professor adia a emissão de conhecimentos e possíveis

correções até que o aluno chegue a uma regra e valide-a.” [...] (p. 3)

“A sequência didática, um conjunto de aulas devidamente esquematizadas para

desenvolver um conteúdo, concretiza os passos da engenharia didática. Uma

sequência bem organizada pode construir as ferramentas necessárias para

aquisição do conhecimento. Ela deve criar condições para o envolvimento do

aluno na construção do conhecimento via interações com as atividades propostas.

Com base nos saberes e conhecimentos anteriores, o aluno pode dar uma

resposta que não era a resposta esperada, mas que deve ser considerada válida

e como uma situação de aprendizagem.” (p. 3-4)

“Uma sequência didática pode variar de alguns dias, semanas ou até meses de

trabalho, de acordo com o que é planejado ou de acordo com as necessidades

dos alunos. O processo de preparação, aplicação e avaliação de uma sequência

didática obedece às fases metodológicas da engenharia didática: análises

94

preliminares; concepção e análise a priori; experimentações; análise a posteriori e

validação.” (p. 4)

6 Aplicações de Cálculo Diferencial às Ciências Naturais e Humanas: Exercícios de Reflexão e Curiosidades CC132010

“Cabe, neste momento, fazer uma breve análise acerca dos atributos acadêmicos

dos alunos que ingressam na universidade, antes do que é interessante fazer

algumas observações em relação ao ensino da matemática nos ciclos

fundamental e médio. Tem-se observado um número crescente de alunos que

demonstram total falta de interesse pelas aulas e pelos assuntos desenvolvidos

em sala. Tal apatia mediante o estudo das ciências e dos conteúdos abordados

na escola evidencia um comportamento que gera incômodo na comunidade de

educadores e ao qual se deve dar especial atenção, pois as razões que

conduzem ao fracasso no desempenho das atividades escolares são muitas e

oriundas dos mais diversos setores da vida do aluno. Uma das causas desse

desinteresse está ligada à falta de perspectiva profissional e também à maneira

como os conceitos acadêmicos estão sendo desenvolvidos na sala de aula:

geralmente de forma totalmente dissociada da prática cotidiana do aluno, e

também não estabelece uma conexão entre o que é ensinado e a realidade das

profissões.” (p. 2)

“Os livros didáticos editados mais recentemente determinam uma direção

diferenciada no estudo de Cálculo Diferencial e Integral. Como indica Barufi

(1999), ao analisar os livros didáticos de Cálculo Diferencial e Integral, podem ser

encontrados livros de matemática, nos quais os conceitos estão munidos de

significado e contextualizados. Ainda mais, este tipo de literatura utiliza como

recurso didático a articulação entre problemas motivadores e os conceitos

teóricos, dados históricos que fundamentaram o desenvolvimento do

conhecimento matemático, figuras e gráficos, para os quais são solicitados o uso

de softwares gráficos.” (p. 4)

“Falando sobre tecnologia, D’Ambrósio (1999) comenta que “A geração do

conhecimento matemático não pode, portanto ser dissociada da tecnologia

disponível”, e completa afirmando que “Ao longo da evolução da humanidade,

matemática e tecnologia se desenvolveram em íntima associação, numa relação

que poderíamos dizer simbiótica.”” (p. 4)

“Dentro da nova cultura informatizada, a tecnologia pode ser um recurso didático

95

bastante eficaz no processo de aprendizagem, proporcionando um melhor

preparo para o estudante. Os recursos tecnológicos, constantes nas atividades

diárias cotidianas dos alunos, podem cumprir plenamente a missão de

transcender o conhecimento matemático elementar e atender às necessidades

dos acadêmicos de uma formação segura, de qualidade e integrada ao contexto

social. Desse modo, a utilização de softwares pode se tornar ferramenta

importante em todas as etapas do processo de aprendizagem, proporcionando

uma análise dos aspectos geométricos envolvidos nos conceitos relacionados ao

estudo de Cálculo.” (p. 5)

“Para que o processo de aprendizagem matemática ocorra de maneira eficaz, o

professor deve atingir os níveis de conhecimento do aluno e, partindo daí, edificar

um novo conceito. Dessa forma, a função do professor, que deve ser um

mediador neste processo transitório, é proporcionar meios e condições para que o

aluno transponha o conhecimento matemático anterior, já considerado primário, e

atinja um estágio mais amadurecido.” (p. 5)

“Exercitar, além de ser uma prática necessária, é um dos recursos que o

professor pode utilizar para fixar os conceitos e também propiciar aos alunos

caminhos que os conduzam a uma análise mais profunda do conteúdo. Esta

análise requer que o estudante examine as várias facetas de um conceito e como

utilizá-lo para estabelecer uma estratégia de dedução lógico-formal ao solucionar

um dado problema. Desta forma, os exercícios propostos aos alunos devem, em

primeira instância, estar adequados ao grau de entendimento dos estudantes.

Posteriormente, devem ser introduzidas, de maneira progressiva, tarefas que

exijam um grau superior de compreensão.” (p. 5)

“Conclui-se então que a construção do conhecimento matemático dentro da sala

de aula não deve permanecer simplesmente como uma construção abstrata e

formal, mas sim buscando sempre articular a teoria e a prática.” (p. 6)

“Para haver interação entre os conhecimentos científicos e profissionalizantes, o

ensino deve ser direcionado a situações reais, por meio de formulações e

discussões de problemas originados na interação entre os dois saberes. Portanto,

é necessária a valorização de uma postura reflexiva e criativa, tanto do aluno

quanto do professor. Essa postura pode ser estimulada apresentando ao

estudante um conjunto de problemas interessantes inseridos na realidade de seu

96

futuro trabalho ou problemas que tragam alguma espécie de desafio intelectual .”

(p. 6)

“Com a finalidade de incentivar a reflexão e o trabalho em grupo, foram propostos

mini-projetos e atividades denominadas “discussão em grupo”, em forma de

exercícios que envolvessem Modelagem Matemática e que fossem aplicados aos

conteúdos desenvolvidos em diversos cursos.” [...] (p. 7)

“Desta forma, mesmo no nível universitário, a abordagem dos conteúdos pode

não estar de acordo com um ambiente em que se desenvolve ciência e cujo

objetivo é cultural, que conduz a proporcionar um crescimento, refletir com outra

visão o que já foi analisado.” (p. 9)

“A contribuição dos bolsistas foi valiosa no sentido de servir como parâmetro na

avaliação do grau de dificuldade dos exercícios, auxiliando a detectar um

descompasso existente na relação entre o grau de dificuldade previsto pelos

professores na elaboração das listas de exercícios e o grau de dificuldade

encontrado pelos alunos na resolução das mesmas. Notou-se que o professor

tem uma preferência por exercícios mais gerais, amplos e profundos, enquanto

que os alunos encontram grandes dificuldades na resolução de exercícios desta

natureza, priorizando exercícios mais básicos. Assim, ficou evidenciada a

necessidade de se desenvolver exercícios que, embora mais complexos, sejam

interessantes a ponto de estimular o aluno a resolvê-los.” (p. 9)

7 Dificuldades em Geometria dos Estudantes Recém-Ingressados na Universidade do Agreste Sergipano CC172010

“[...] atividades programadas com fins de interpretação, baseadas nas resoluções

de problemas, modelagem e a participação ativa do estudante na construção do

conhecimento podem favorecer o aprendizado [...]” (p. 9)

“Tais resultados nos indicam que o ensino de geometria precisa ser mais

contextualizado possibilitando aos estudantes o entendimento do porquê das

relações geométricas, como e quando elas podem e devem ser utilizadas. A

metodologia de ensino fundamentada somente na formalização não parece

capacitá-los a mobilizarem seus conhecimentos geométricos no enfrentamento

das situações-problemas. O trabalho com a álgebra interdisciplinarmente com a

geometria (sobre esse tipo de trabalho o leitor pode consultar Miorin et al., 1993),

e números reais, atividades programadas com fins de interpretação, baseadas

nas resoluções de problemas, modelagem e a participação ativa do estudante na

97

construção do conhecimento podem favorecer o aprendizado em geometria.” (p.

9)

8 Hipertexto: Um Auxílio no Processo de Ensino-Aprendizagem do Cálculo Diferencial CC212010

“A escolha por esta forma de apresentação do conteúdo justifica-se pelas

características do hipertexto, compreendido como um texto que organiza um

conjunto de informações de forma não linear a partir de links que interligam

diferentes mídias, tais como textos, vídeos, aplicativos, de modo a permitir vários

percursos de leitura, conforme associação de ideias e interesses.” (p. 2)

“Além destas características que privilegiam diferenças individuais, tanto no que

se refere ao grau de dificuldades, quanto ao ritmo de aprendizagem do aluno, a

opção por este formato se justifica ainda pelo entendimento de que o hipertexto,

além de favorecer atitude exploratória e lúdica, a partir do envolvimento do aluno

no processo de aprendizagem, pode se constituir também em importante auxílio

no desenvolvimento da autonomia intelectual do acadêmico.” (p. 2-3)

9 Tecnologia e Ambiente de Trabalho: uma Combinação Pedagógica para o Ensino de Conteúdos Matemáticos CC302010

“As disciplinas de matemática são consideradas pelos alunos, mesmo por aqueles

que frequentam cursos da área das ciências exatas, como sendo as mais difíceis

de suas grades curriculares e, como consequência dessa dificuldade, são elas as

que geram maiores índices de reprovação. Estudos como os de Cury (2006) e de

Del Puerto, Minnaard e Seminara (2008) buscam, de um lado, entender as razões

dessa dificuldade e, de outro, encontrar alternativas que possam contribuir para a

aprendizagem dos conteúdos estudados nessas disciplinas. A presença da

tecnologia na sala de aula de Matemática é uma dessas alternativas.” (p. 1)

“Vemos a tecnologia como colaboradora na medida em que, graças à

implementação de algoritmos, viabiliza o trabalho com problemas diversos que

envolvem diferentes níveis de complexidade algébrica e grande quantidade de

dados. E como facilitadora, já que, ao possibilitar uma ampla visualização de

imagens, contribui tanto para a melhor aprendizagem de conceitos e de

algoritmos quanto para aplicações da Matemática.” (p. 1)

“[...] Assim, a tecnologia centrada no computador pode ser vista como um meio de

aprender fazendo, investigando, pensando, refletindo e argumentando. Isso,

entretanto, não é uma tarefa fácil, já que o aluno está acostumado a receber o

98

conteúdo da aula didaticamente explicado pelo professor, sem precisar se

esforçar em investigações e na busca de dados e de informações.” (p. 2)

“Para Valente (2008), o uso do computador na educação, em todas as

modalidades e níveis de ensino, objetiva a sua integração ao processo de

aprendizagem dos conceitos curriculares, contribuindo, assim, como um elo

facilitador no processo de construção do conhecimento do aluno. E, nessa mesma

linha, Borba e Villareal (2005) acrescentam que nós, seres humanos, não

pensamos sozinhos, pois nosso desenvolvimento cognitivo é condicionado pelas

mídias ou tecnologias da inteligência (oralidade, escrita e informática).” (p. 2)

“Dessa forma, a utilização desses recursos, particularmente na educação, ocupa

uma posição central, e, por essa razão, é importante refletir sobre as mudanças

educacionais provocadas por essas tecnologias, propondo novas práticas

pedagógicas e buscando proporcionar experiências de aprendizagem

significativas para os alunos. É desejável um ensino que demande desafios

constantes, onde o professor atue como mediador.” (p. 3)

“[...] A visualização gráfica obtida pelo software teve um papel fundamental nas

simulações realizadas, possibilitando encontrar melhores soluções para os

problemas propostos e ao mesmo tempo realizar vários estudos de casos, além

de facilitar o surgimento de conjecturas e valorizar o pensamento matemático.

Também, é interessante sublinhar que os alunos já vêm do ensino médio com

dificuldades em traçar gráficos, na representação analítica de uma função e,

principalmente, na representação de duas ou mais funções em um mesmo

gráfico. Similarmente ao percebido por Allevato (2005), notamos que os alunos

ficaram surpresos quando descobriram que, com base na visualização gráfica,

conseguiam responder as questões dos problemas.” (p. 5)

“Com base nos cenários construídos enfatizamos, inicialmente, que ambientes

pedagógicos centrados em temas profissionais e apoiados pela tecnologia

contribuem favoravelmente para minimizar o sentimento de irrelevância de

disciplinas da área de matemática, comum entre os estudantes, já que neles os

alunos podem, via de regra, relacionar conteúdo programático com aplicações do

dia-a-dia do seu mundo do trabalho, atual ou futuro. [...]” (p. 7)

10 A Influência da Matemática Básica no Ensino de Cálculo Diferencial e Integral RE22010

“O departamento de Matemática do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da

99

UDESC, diante de um cenário pré-existente de grandes lacunas de aprendizagem

em Matemática Básica dos alunos dos cursos de Engenharia, Ciência da

Computação, Tecnologia em Sistemas de Informação e Licenciatura em Física,

implantou a disciplina de Matemática Básica na matriz curricular do curso de

Licenciatura em Matemática visando suprir tais lacunas no aprendizado do aluno.”

(p. 2)

“[...] a disciplina de Matemática Básica compreende os seguintes assuntos:

Conjuntos Numéricos, Expressões Algébricas, Relações e Funções (1º e 2º graus,

exponencial, logarítmica, hiperbólicas e trigonométricas). A parte da geometria

plana e espacial é contemplada por uma disciplina específica para tal fim, também

oferecida na primeira fase. A Matemática Básica é uma disciplina obrigatória [...] e

a metodologia utilizada intercala aulas teóricas para aprofundamento dos

conceitos e aulas práticas com uso de ferramentas tecnológicas para a

compreensão dos conceitos e resoluções de exercícios.” (p. 4)

11 Proposta de Apoio à Aprendizagem dos Alunos de Cálculo Diferencial e Integral I RE102010

“Uma das maiores preocupações dos docentes de Cálculo Diferencial e Integral I

é com a forma de apresentar os conceitos básicos dessa disciplina para

oportunizar aos alunos uma compreensão desses tópicos, a partir de

conhecimentos adquiridos nos níveis anteriores de escolaridade. Acreditam que

partindo dos erros cometidos em resoluções de questões de disciplinas

matemáticas, pode-se construir um conhecimento mais sólido, questionando o

aluno sobre suas dificuldades e oferecendo possibilidades de reverter o quadro

que se apresenta quando do ingresso desse estudante nos cursos da área de

Exatas. Cury (2007), pesquisadora em análise de erros, defende a ideia que:”

“A análise de erros é uma abordagem de pesquisa – com fundamentações

teóricas variadas, objetivos distintos e participação de estudantes de todos os

níveis de ensino nas amostras, mas também é uma metodologia de ensino,

podendo ser empregada quando se detecta dificuldades na aprendizagem dos

alunos e se quer explorá-las em sala de aula. (p. 91)” (p. 3)

“Analisar os erros deve ser uma das tarefas do cotidiano dos professores, pois ao

analisar os erros apresentados por seus alunos nas questões sugeridas,

encontram subsídios para buscar novas estratégias e atividades pedagógicas que

possam ser utilizadas em suas salas de aula, e que auxiliem os estudantes a

100

superar suas dificuldades.” (p. 3)

“Pochulu (2004) também aplicou um instrumento relativo a conhecimentos prévios

de Matemática, a alunos ingressantes na Universidade, entrevistando estudantes

e professores e categorizando os erros. Como conclusão, este pesquisador

considera que a correção sistemática dos erros não favorece sua eliminação e

que os alunos devem participar ativamente do processo de superação de suas

dificuldades. Ainda podemos citar o trabalho de Del Puerto e colaboradores

(2006), que empregaram um teste em alunos de final do Ensino Médio e início de

cursos universitários.” (p. 3)

Fonte: Elaborado pelo autor.

No quadro a seguir, serão apresentadas as categorias construídas a partir

das unidades de significado que constam do Quadro 13. Nele são indicadas também

as subcategorias identificadas:

Quadro 14 – Categorias das unidades de significado: P2 – Que recomendações

têm sido sugeridas para sanar essas dificuldades de aprendizagem

matemática?

Subcategorias Recomendações

1 Recomendação de

ensino

[...] pretendemos possibilitar formas, Atividades

Exploratório-Investigativas, estratégias diversificadas

para resolverem os problemas.

2 Recomendação de

aprendizagem

Qualquer que seja o processo utilizado para se

alcançar sucesso na aprendizagem, ele se apoia em

algum tipo de representação, uns mais sofisticados

com representações dinâmicas (softwares), outros

mais simples (usando papel e lápis); o aluno, na

tentativa de resolver qualquer questão, procura

representá-la de alguma forma, como meio de auxiliar

o entendimento.

2 Recomendação do

livro didático

[...] mesmo com tanta tecnologia, nas aulas, o livro

didático ainda é muito presente. Ele traz uma

infinidade de representações que talvez possam estar

sendo mal utilizadas.

2 Recomendação do

livro didático

O livro didático tem sido reestruturado didaticamente

com o objetivo de ser um instrumento facilitador da

aprendizagem, inclusive para atender às

necessidades do ensino em meio a essa grande

corrida tecnológica que está proposta.

101

3 Recomendação de

ensino

[...] como eles estão chegando ao ensino superior e

quais as dificuldades do ensino básico em relação à

matemática.

3 Recomendação de

ensino

O erro hoje não deve ser mais visto como um “bicho-

papão” ou algo que devemos exterminar; é saber

como as crianças aprendem; nas novas teorias, ele se

apresenta como um fator positivo e de grande valor

pedagógico.

3 Recomendação de

ensino

O erro hoje é visto, por muitos autores, como uma

ferramenta capaz de indicar a dificuldade do aluno, e

a partir da detecção dessa dificuldade, o professor irá

criar estratégias didáticas para que o aluno aprenda

com o seu próprio erro, constituinte do conhecimento,

um saber que o aluno possui, construído de alguma

forma.

3 Recomendação de

ensino

[...] o erro como uma metodologia de ensino;

reconhecendo os erros dos alunos é que o professor

criará estratégias de ensino; o aluno, reconhecendo

seu erro, irá analisar suas respostas e questioná-las

para construir o próprio conhecimento.

4 Recomendação de

ensino

[...] queremos conhecer alguns possíveis erros

básicos e contribuir para reverter esta situação; uma

maneira de tentarmos isso é fazendo o erro ser visto,

discutido, compreendido pelos professores, por estes

estudantes, futuros professores, para que não

cometam com seus alunos os mesmos erros.

4 Recomendação de

ensino

[...] tornar o erro observável para o professor e

também para o aluno; o erro como trampolim para a

aprendizagem em Matemática.

4 Recomendação de

ensino

[...] registrassem toda a solução que julgassem

necessária, e caso tivessem a necessidade de

apagar, não utilizassem a borracha, e sim

escrevessem: “desconsiderada a resposta”; conhecer

o raciocínio registrado pelo acadêmico, a estratégia

utilizada para chegar à própria resposta; identificar o

conhecimento disponível destes alunos para resolver

a questão.

5 Recomendação de

ensino

[...] escolha cuidadosa de problemas, de maneira que

o aluno possa aceitá-los, agir, falar, refletir, evoluir por

si próprio. O professor propõe um problema para que

o aluno busque soluções por iniciativa própria, como

participante ativo da própria aprendizagem; o

professor adia a emissão de conhecimentos e

102

possíveis correções até que o aluno chegue a uma

regra e valide-a.

5 Recomendação de

ensino

[...] sequência didática, sequência bem organizada

pode construir as ferramentas necessárias para

aquisição do conhecimento; o aluno pode dar uma

resposta que não era a resposta esperada, mas que

deve ser considerada válida e como uma situação de

aprendizagem.

5 Recomendação de

ensino

Uma sequência didática pode variar de alguns dias,

semanas, ou até meses de trabalho, de acordo com o

que é planejado ou de acordo com as necessidades

dos alunos.

6 Recomendação de

ensino

[...] fazer uma breve análise acerca dos atributos

acadêmicos dos alunos que ingressam na

universidade.

6 Recomendação de

ensino

[...] se deve dar especial atenção à falta de

perspectiva profissional e também à maneira como os

conceitos acadêmicos estão sendo desenvolvidos na

sala de aula: geralmente de forma totalmente

dissociada da prática cotidiana do aluno, e também

não estabelece uma conexão entre o que é ensinado

e a realidade das profissões.

6 Recomendação do

livro didático

Os livros didáticos editados mais recentemente

determinam uma direção diferenciada no estudo de

Cálculo Diferencial e Integral, nos quais os conceitos

estão munidos de significado e contextualizados,

problemas motivadores.

6 Recomendação em

tecnologia [...] o uso de softwares gráficos.

6 Recomendação em

tecnologia

A geração do conhecimento matemático não pode,

portanto, ser dissociada da tecnologia disponível.

6 Recomendação em

tecnologia

[...] a tecnologia pode ser um recurso didático

bastante eficaz no processo de aprendizagem,

proporcionando um melhor preparo para o estudante.

Desse modo, a utilização de softwares pode se tornar

ferramenta importante em todas as etapas do

processo de aprendizagem.

6 Recomendação de

ensino

[...] o professor deve atingir os níveis de

conhecimento do aluno e, partindo daí, edificar um

novo conceito; é proporcionar meios e condições para

103

que o aluno transponha o conhecimento matemático

anterior.

6 Recomendação de

ensino

Exercitar, além de ser uma prática necessária, é um

dos recursos que o professor pode utilizar para fixar

os conceitos e também propiciar aos alunos caminhos

que os conduzam a uma análise mais profunda do

conteúdo; os exercícios propostos aos alunos devem,

em primeira instância, estar adequados ao grau de

entendimento dos estudantes.

6 Recomendação de

ensino

[...] a construção do conhecimento matemático dentro

da sala de aula não deve permanecer simplesmente

como uma construção abstrata e formal, mas sim,

buscando sempre articular a teoria e a prática.

6 Recomendação de

ensino

Para haver interação entre os conhecimentos

científicos e profissionalizantes, o ensino deve ser

direcionado a situações reais. Portanto, é necessária

a valorização de uma postura reflexiva e criativa, tanto

do aluno quanto do professor; um conjunto de

problemas interessantes inseridos na realidade de

seu futuro trabalho ou problemas que tragam alguma

espécie de desafio intelectual.

6 Recomendação de

ensino

Com a finalidade de incentivar a reflexão e o trabalho

em grupo, foram propostos mini-projetos e atividades

denominadas discussão em grupo.

6 Recomendação de

ensino

[...] a abordagem dos conteúdos pode não estar de

acordo.

6 Recomendação de

ensino

[...] na avaliação do grau de dificuldade dos

exercícios, auxiliando a detectar um descompasso

existente na relação entre o grau de dificuldade

previsto pelos professores na elaboração das listas de

exercícios e o grau de dificuldade encontrado pelos

alunos na resolução das mesmas. Notou-se que o

professor tem uma preferência por exercícios mais

gerais, amplos e profundos, enquanto que os alunos

encontram grandes dificuldades na resolução de

exercícios desta natureza, priorizando exercícios mais

básicos. Assim, ficou evidenciada a necessidade de

se desenvolver exercícios que, embora mais

complexos, sejam interessantes a ponto de estimular

o aluno a resolvê-los.

7 Recomendação de

aprendizagem

[...] atividades programadas com fins de interpretação,

baseadas nas resoluções de problemas, e a

participação ativa do estudante na construção do

104

conhecimento podem favorecer o aprendizado.

7 Recomendação de

ensino

[...] o ensino de geometria precisa ser mais

contextualizado. A metodologia de ensino

fundamentada somente na formalização não parece

capacitá-los a mobilizarem seus conhecimentos

geométricos no enfrentamento das situações-

problemas.

8 Recomendação em

tecnologia

[...] hipertexto, compreendido como um texto que

organiza um conjunto de informações de forma não

linear a partir de links que interligam diferentes

mídias, tais como textos, vídeos, aplicativos, de modo

a permitir vários percursos de leitura.

8 Recomendação de

ensino

[...] o hipertexto, além de favorecer atitude

exploratória e lúdica, a partir do envolvimento do

aluno no processo de aprendizagem, pode se

constituir também em importante auxílio no

desenvolvimento da autonomia intelectual do

acadêmico.

9 Recomendação em

tecnologia

[...] entender as razões dessa dificuldade e, de outro,

encontrar alternativas que possam contribuir para a

aprendizagem dos conteúdos estudados nessas

disciplinas. A presença da tecnologia na sala de aula

de Matemática é uma dessas alternativas.

9 Recomendação de

ensino

[...] tecnologia como colaboradora, viabiliza o trabalho

com problemas diversos que envolvem diferentes

níveis de complexidade algébrica e grande

quantidade de dados. E como facilitadora, contribui

tanto para a melhor aprendizagem de conceitos e de

algoritmos quanto para aplicações da Matemática.

9 Recomendação em

tecnologia

[...] a tecnologia centrada no computador pode ser

vista como um meio de aprender fazendo,

investigando, pensando, refletindo e argumentando,

sem precisar se esforçar na busca de dados e de

informações.

9 Recomendação em

tecnologia

[...] o uso do computador na educação, em todas as

modalidades e níveis de ensino, objetiva a sua

integração ao processo de aprendizagem,

contribuindo, assim, como um elo facilitador no

processo de construção do conhecimento do aluno.

105

9 Recomendação de

ensino

[...] é importante refletir sobre as mudanças

educacionais provocadas por essas tecnologias,

propondo novas práticas pedagógicas e buscando

proporcionar experiências de aprendizagem

significativas para os alunos, onde o professor atue

como mediador.

9 Recomendação de

aprendizagem

A visualização gráfica obtida pelo software teve um

papel fundamental nas simulações realizadas,

possibilitando encontrar melhores soluções para os

problemas propostos e, ao mesmo tempo, realizar

vários estudos de casos, além de facilitar o

surgimento de conjecturas e valorizar o pensamento

matemático; os alunos ficaram surpresos quando

descobriram que, com base na visualização gráfica,

conseguiam responder as questões dos problemas.

9 Recomendação de

ensino

[...] ambientes pedagógicos centrados em temas

profissionais e apoiados pela tecnologia contribuem

favoravelmente para minimizar o sentimento de

irrelevância de disciplinas da área de matemática,

relacionar conteúdo programático com aplicações do

dia-a-dia do seu mundo do trabalho, atual ou futuro.

10 Recomendação de

ensino

[...] implantou a disciplina de Matemática Básica na

matriz curricular do curso de Licenciatura em

Matemática visando suprir tais lacunas no

aprendizado do aluno.

10 Recomendação em

tecnologia

[...] a metodologia utilizada intercala aulas teóricas

para aprofundamento dos conceitos e aulas práticas

com uso de ferramentas tecnológicas para a

compreensão dos conceitos e resoluções de

exercícios.

11 Recomendação de

ensino

Uma das maiores preocupações dos docentes de

Cálculo Diferencial e Integral I é com a forma de

apresentar os conceitos básicos dessa disciplina para

oportunizar aos alunos uma compreensão desses

tópicos, a partir de conhecimentos adquiridos nos

níveis anteriores de escolaridade. Acreditam que

partindo dos erros cometidos em resoluções de

questões de disciplinas matemáticas, pode-se

construir um conhecimento mais sólido, questionando

o aluno sobre suas dificuldades.

11 Recomendação de

ensino

Analisar os erros deve ser uma das tarefas do

cotidiano dos professores, encontram subsídios para

buscar novas estratégias e atividades pedagógicas

106

que possam ser utilizadas em suas salas de aula, e

que auxiliem os estudantes a superar suas

dificuldades.

11 Recomendação de

ensino

[...] a correção sistemática dos erros não favorece sua

eliminação e os alunos devem participar ativamente

do processo de superação de suas dificuldades.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Dando continuidade à apresentação do metatexto construído a partir da

análise dos dados, apresentaremos agora a categoria “recomendações”, que se

subdivide em quatro subcategorias, conforme segue:

Recomendações

{

com respeito à aprendizagem

com respeito ao ensino

com respeito ao livro didático

com respeito à tecnologia

3.2.5.1 Recomendações

3.2.5.1.1 Recomendações com respeito à aprendizagem

Para esta seção, iniciamos apresentando a categoria recomendações com

respeito à aprendizagem, que se referem a aspectos relacionados às indicações de

meios para superação das dificuldades dos aprendizes, no processo ou efeito de

aprender.

Analogamente às seções anteriores, para cada subcategoria que iremos

apresentar vamos inserir uma imagem que representa o filtro pertinente, agora ao

Quadro 14, referente à subcategoria que está sendo apresentada.

107

Quadro 15: Filtro da subcategoria recomendações com respeito à

aprendizagem

Subcategorias Recomendações

2

Recomendação

de

aprendizagem

Qualquer que seja o processo utilizado para se alcançar sucesso

na aprendizagem, ele se apoia em algum tipo de representação,

uns mais sofisticados com representações dinâmicas

(softwares), outros mais simples (usando papel e lápis); o aluno,

na tentativa de resolver qualquer questão, procura representá-lo

de alguma forma, como meio de auxiliar o entendimento.

7

Recomendação

de

aprendizagem

[...] atividades programadas com fins de interpretação, baseadas

nas resoluções de problemas, e a participação ativa do

estudante na construção do conhecimento podem favorecer o

aprendizado.

9

Recomendação

de

aprendizagem

A visualização gráfica obtida pelo software teve um papel

fundamental nas simulações realizadas, possibilitando encontrar

melhores soluções para os problemas propostos e, ao mesmo

tempo, realizar vários estudos de casos, além de facilitar o

surgimento de conjecturas e valorizar o pensamento matemático;

os alunos ficaram surpresos quando descobriram que, com base

na visualização gráfica, conseguiam responder as questões dos

problemas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Silva e Silva (2010) realizaram sua pesquisa em Cálculo, investigando a

noção de Integral em livros didáticos, considerando os registros de representação

semiótica. Defendem que não importa qual seja o processo utilizado para se

alcançar sucesso na aprendizagem - representações dinâmicas fazendo uso de

softwares ou simplesmente utilizando lápis e papel, ou mesmo outras tecnologias

que hoje temos nas aulas -, se bem utilizado pelo aluno, o livro didático pode

contribuir em muito no processo de aprendizagem.

Nas simulações realizadas por Ferreira e Jacobini (2010), o software teve

papel fundamental, pois possibilitou aos estudantes uma visualização gráfica que os

surpreendeu quando descobriram novas possibilidades para alcançarem as

resoluções das atividades propostas.

Com a intenção de favorecer o aprendizado, particularmente em Geometria,

Santos, Alvarenga e Sales (2010) recomendam um trabalho com Álgebra,

interdisciplinarmente com a Geometria e números reais, a partir de atividades de

108

interpretação, baseadas em resoluções de problemas e modelagem, de modo que o

aluno seja um participante ativo na construção do conhecimento.

Encerrada a apresentação da análise para a categoria recomendações com

respeito à aprendizagem, passaremos a apresentar, na próxima seção, a análise da

categoria recomendações com respeito ao ensino.

3.2.5.1.2 Recomendações com respeito ao ensino

Quadro 16: Filtro da subcategoria recomendações com respeito ao ensino

Subcategorias Recomendações

1 Recomendação

de ensino

[...] pretendemos possibilitar formas, Atividades Exploratório-

Investigativas, estratégias diversificadas para resolverem os

problemas.

3 Recomendação

de ensino

[...] como eles estão chegando ao ensino superior e quais as

dificuldades do ensino básico em relação à matemática.

3 Recomendação

de ensino

O erro hoje não deve ser mais visto como um “bicho-papão” ou

algo que devemos exterminar; é saber como as crianças

aprendem; nas novas teorias, ele se apresenta como um fator

positivo e de grande valor pedagógico.

3 Recomendação

de ensino

O erro hoje é visto, por muitos autores, como uma ferramenta

capaz de indicar a dificuldade do aluno, e a partir da detecção

dessas dificuldades, o professor irá criar estratégias didáticas

para que o aluno aprenda com o seu próprio erro, constituinte do

conhecimento, um saber que o aluno possui, construído de

alguma forma.

3 Recomendação

de ensino

[...] o erro como uma metodologia de ensino; reconhecendo os

erros dos alunos é que o professor criará estratégias de ensino; o

aluno, reconhecendo seu erro, irá analisar suas respostas e

questioná-las para construir o próprio conhecimento.

4 Recomendação

de ensino

[...] queremos conhecer alguns possíveis erros básicos e

contribuir para reverter esta situação; uma maneira de tentarmos

isso é fazendo o erro ser visto, discutido, compreendido pelos

professores, por estes estudantes, futuros professores, para que

não cometam com seus alunos os mesmos erros.

4 Recomendação

de ensino

[...] tornar o erro observável para o professor e também para o

aluno; o erro como trampolim para a aprendizagem em

matemática.

4 Recomendação

de ensino

[...] registrassem toda a solução que julgassem necessária, e

caso tivessem a necessidade de apagar, não utilizassem a

borracha, e sim escrevessem: desconsiderada a resposta;

109

conhecer o raciocínio registrado pelo acadêmico, estratégia

utilizada para chegar à própria resposta; identificar o

conhecimento disponível destes alunos para resolver a questão.

5 Recomendação

de ensino

[...] escolha cuidadosa de problemas, de maneira que o aluno

possa aceitá-los, agir, falar, refletir, evoluir por si próprio. O

professor propõe um problema para que o aluno busque soluções

por iniciativa própria, como participante ativo da própria

aprendizagem; o professor adia a emissão de conhecimentos e

possíveis correções até que o aluno chegue a uma regra e valide-

a.

5 Recomendação

de ensino

[...] sequência didática, sequência bem organizada pode construir

as ferramentas necessárias para aquisição do conhecimento; o

aluno pode dar uma resposta que não era a resposta esperada,

mas que deve ser considerada válida e como uma situação de

aprendizagem.

5 Recomendação

de ensino

Uma sequência didática pode variar de alguns dias, semanas, ou

até meses de trabalho, de acordo com o que é planejado ou de

acordo com as necessidades dos alunos.

6 Recomendação

de ensino

[...] fazer uma breve análise acerca dos atributos acadêmicos dos

alunos que ingressam na universidade.

6 Recomendação

de ensino

[...] se deve dar especial atenção à falta de perspectiva

profissional e também à maneira como os conceitos acadêmicos

estão sendo desenvolvidos na sala de aula: geralmente de forma

totalmente dissociada da prática cotidiana do aluno, e também

não estabelece uma conexão entre o que é ensinado e a

realidade das profissões.

6 Recomendação

de ensino

[...] o professor deve atingir os níveis de conhecimento do aluno

e, partindo daí, edificar um novo conceito; é proporcionar meios e

condições para que o aluno transponha o conhecimento

matemático anterior.

6 Recomendação

de ensino

Exercitar, além de ser uma prática necessária, é um dos recursos

que o professor pode utilizar para fixar os conceitos e também

propiciar aos alunos caminhos que os conduzam a uma análise

mais profunda do conteúdo; os exercícios propostos aos alunos

devem, em primeira instância, estar adequados ao grau de

entendimento dos estudantes.

6 Recomendação

de ensino

A construção do conhecimento matemático dentro da sala de

aula não deve permanecer simplesmente como uma construção

abstrata e formal, mas sim, buscando sempre articular a teoria e

a prática.

6 Recomendação

de ensino

Para haver interação entre os conhecimentos científicos e

profissionalizantes, o ensino deve ser direcionado a situações

reais. Portanto, é necessária a valorização de uma postura

110

reflexiva e criativa, tanto do aluno quanto do professor; um

conjunto de problemas interessantes inseridos na realidade de

seu futuro trabalho ou problemas que tragam alguma espécie de

desafio intelectual.

6 Recomendação

de ensino

Com a finalidade de incentivar a reflexão e o trabalho em grupo,

foram propostos mini-projetos e atividades denominadas

“discussão em grupo”.

6 Recomendação

de ensino [...] a abordagem dos conteúdos pode não estar de acordo.

6 Recomendação

de ensino

[...] na avaliação do grau de dificuldade dos exercícios, auxiliando

a detectar um descompasso existente na relação entre o grau de

dificuldade previsto pelos professores na elaboração das listas de

exercícios e o grau de dificuldade encontrado pelos alunos na

resolução das mesmas. Notou-se que o professor tem uma

preferência por exercícios mais gerais, amplos e profundos,

enquanto que os alunos encontram grandes dificuldades na

resolução de exercícios desta natureza, priorizando exercícios

mais básicos. Assim, ficou evidenciada a necessidade de se

desenvolver exercícios que, embora mais complexos, sejam

interessantes a ponto de estimular o aluno a resolvê-los.

7 Recomendação

de ensino

[...] o ensino de geometria precisa ser mais contextualizado, A

metodologia de ensino fundamentada somente na formalização

não parece capacitá-los a mobilizarem seus conhecimentos

geométricos no enfrentamento das situações-problemas.

8 Recomendação

de ensino

[...] o hipertexto, além de favorecer atitude exploratória e lúdica, a

partir do envolvimento do aluno no processo de aprendizagem,

pode se constituir também em importante auxílio no

desenvolvimento da autonomia intelectual do acadêmico.

9 Recomendação

de ensino

[...] tecnologia como colaboradora, viabiliza o trabalho com

problemas diversos que envolvem diferentes níveis de

complexidade algébrica e grande quantidade de dados. E como

facilitadora, contribui tanto para a melhor aprendizagem de

conceitos e de algoritmos quanto para aplicações da Matemática.

9 Recomendação

de ensino

[...] é importante refletir sobre as mudanças educacionais

provocadas por essas tecnologias, propondo novas práticas

pedagógicas e buscando proporcionar experiências de

aprendizagem significativas para os alunos, onde o professor

atue como mediador.

9 Recomendação

de ensino

[...] ambientes pedagógicos centrados em temas profissionais e

apoiados pela tecnologia contribuem favoravelmente para

minimizar o sentimento de irrelevância de disciplinas da área de

matemática, relacionar conteúdo programático com aplicações do

dia-a-dia do seu mundo do trabalho, atual ou futuro.

111

10 Recomendação

de ensino

[...] implantou a disciplina de Matemática Básica na matriz

curricular do curso de Licenciatura em Matemática visando suprir

tais lacunas no aprendizado do aluno.

11 Recomendação

de ensino

Uma das maiores preocupações dos docentes de Cálculo

Diferencial e Integral I é com a forma de apresentar os conceitos

básicos dessa disciplina para oportunizar aos alunos uma

compreensão desses tópicos a partir de conhecimentos

adquiridos nos níveis anteriores de escolaridade. Acreditam que

partindo dos erros cometidos em resoluções de questões de

disciplinas matemáticas, pode-se construir um conhecimento

mais sólido, questionando o aluno sobre suas dificuldades.

11 Recomendação

de ensino

Analisar os erros deve ser uma das tarefas do cotidiano dos

professores, encontram subsídios para buscar novas estratégias

e atividades pedagógicas que possam ser utilizadas em suas

salas de aula e que auxiliem os estudantes a superar suas

dificuldades.

11 Recomendação

de ensino

[...] a correção sistemática dos erros não favorece sua eliminação

e os alunos devem participar ativamente do processo de

superação de suas dificuldades.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir da proposta de um projeto de trabalho com atividades exploratório-

investigativas, Gouveia e Miskulin (2010), objetivando compreender os processos de

visualização e representação de conceitos matemáticos em Cálculo Diferencial e

Integral e no contexto das Tecnologias de Informação e Comunicação, pretendiam

que os alunos tivessem a possibilidade de considerar diversas formas de observar

as situações, ou seja, de considerar estratégias diversificadas para resolver

problemas que porventura a eles fossem apresentados.

Trabalhando com análise semiótica, as autoras apoiaram-se em Santaella

(2007, p. 13, apud GOUVEIA; MISKULIM, 2010, p. 3), que define: “Semiótica é a

ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis”. Ela

permite descrever e analisar o processo de constituição do conhecimento por meio

de determinados fenômenos que acontecem nas representações algébrica,

geométrica e gráfica, no contexto da Educação Matemática.

Fazendo investigação sobre possíveis erros em Geometria, a partir da

resolução dos alunos, Araújo e Bortoloti (2010) pretendiam observar como os alunos

estão ingressando na Educação Superior e quais dificuldades do Ensino Básico em

relação à Matemática são trazidas por eles. Para os autores, o erro hoje não deve

112

ser encarado como algo que causa espanto ou que é preciso ser exterminado, pois

o erro faz parte do processo de aprendizagem. Esclarecem que na pedagogia

tradicional, o foco do processo de ensino estava no conteúdo a ser transmitido pelo

professor, mas hoje é centrado no aluno e/ou nos métodos utilizados pelo professor

em sala de aula, com foco no modo como o aluno irá construir o conhecimento. Na

pedagogia tradicional, o erro servia, em grande parte das situações, como indicador

do fracasso do aluno; hoje, com as novas teorias, ele se apresenta como um fator

positivo e de grande importância pedagógica, como meio de o aluno mostrar o seu

pensamento.

Para muitos autores, o erro deve ser encarado como uma ferramenta capaz

de indicar as dificuldades dos alunos, e a partir da detecção dessas dificuldades, o

professor poderá criar estratégias didáticas para que o aluno aprenda com o seu

próprio erro. Desse ponto de vista, Cury (2008) define o erro como constituinte do

conhecimento; um saber que o aluno possui, construído de alguma forma, e

considera-o como trampolim para a aprendizagem.

O objetivo da análise de erros, além da sua análise e classificação, passa a

ser o de desenvolver estratégias de ensino que possam auxiliar os alunos em suas

dificuldades, utilizada, assim, como uma metodologia de ensino. (CURY, 2008).

Estamos compreendendo o erro como uma metodologia de ensino. É reconhecendo os erros dos alunos que o professor criará estratégias de ensino. E o aluno, reconhecendo seu erro, irá analisar suas respostas e questioná-las para construir o próprio conhecimento. (ARAÚJO; BORTOLOTI, 2010, p. 4).

Nesse sentido, destacamos também a posição de Silva e Silva (2010), que

afirmam que muito já foi descoberto e estudado com relação a esse assunto, mas

que ainda não é o suficiente para assegurar a adoção por parte do professor.

Um dos trabalhos encontrados para esta subcategoria, também citado na

subcategoria anterior, é o de Ribeiro e Bortoloti (2010), que, analisando os erros

cometidos pelos discentes dos cursos de Licenciatura em Matemática das

Universidades Estaduais Baianas, tinham por objetivo investigar quais são os tipos

de dificuldades e erros apresentados por eles:

113

Segundo o IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - em uma escala de 0 a 10 a Bahia apresenta 2,6 para a 1ª fase do Ensino Fundamental (EF), 2,7 para a 2ª fase do EF e 2,8 para o Ensino Médio (EM), considerando as redes pública e privada, no ano 2007 (BRASIL, 2010, p. 1). Ainda que os índices tenham sido aumentados, em relação aos resultados anteriores também divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), não houve uma melhora significativa a fim de sanar as dificuldades apresentadas pelos alunos. (RIBEIRO; BORTOLOTI, 2010, p. 2).

Diante disso, os autores queriam conhecer alguns possíveis erros básicos

para contribuírem em favor de reverter essa situação. Acreditavam que uma maneira

de conseguir isso era fazendo o erro ser visto, discutido, compreendido por esses

estudantes, futuros professores, para que não os cometessem com seus futuros

alunos.

Para isso, aplicaram um teste e solicitaram aos alunos que registrassem toda

a solução que julgassem necessária e, caso existisse a necessidade de corrigir, não

utilizassem a borracha para apagar, e sim anotassem “desconsiderada a resposta”.

Isso se fez necessário porque mais importante era conhecer o raciocínio registrado

pelo aluno, observar o uso da estratégia utilizada para chegar à própria resposta e,

com isso, identificar o conhecimento disponível desses alunos para resolverem as

questões que foram sugeridas.

Ribeiro e Bortoloti (2010) observaram as estratégias desenvolvidas por esse

grupo de discentes ao responderem, por exemplo, uma questão aberta sobre

Análise Combinatória. De forma geral, recorreram à resolução através de listagem

das possibilidades. Sendo assim, os autores perceberam que há necessidade de os

alunos conhecerem e saberem aplicar as fórmulas, pois, no caso de o problema

matemático envolver grande quantidade de dados, o mesmo precisará ser resolvido

pelas fórmulas. No entanto, os alunos que já tinham estudado o conteúdo no Ensino

Médio, ou revisado para prestar o vestibular, ou cursado uma disciplina na Educação

Superior (Estatística), enfrentaram a questão por resolução empírica ou mesmo pelo

método da tentativa e erro, em sua maioria; mesmo os alunos que utilizaram

fórmulas para resolver a questão não obtiveram êxito.

Trabalhando com análise diagnóstica sobre funções matemáticas em uma

sequência didática, Pinto e Oliveira (2010) acreditam que situações didáticas

preparadas pelo professor devem promover no aluno adaptações desejadas através

114

de uma escolha cuidadosa de problemas, de maneira que o aluno possa aceitá-los,

agir, falar, refletir, evoluir por si próprio. O professor precisa propor um problema

para que o aluno busque soluções por iniciativa própria, como participante ativo da

própria aprendizagem. Nesse processo, o professor espera que o aluno chegue a

uma regra de solução para validá-la, adiando, com isso, a emissão de

conhecimentos e possíveis correções. Os autores ressaltam:

A sequência didática, um conjunto de aulas devidamente esquematizadas para desenvolver um conteúdo, concretiza os passos da engenharia didática. Uma sequência bem organizada pode construir as ferramentas necessárias para aquisição do conhecimento. Ela deve criar condições para o envolvimento do aluno na construção do conhecimento via interações com as atividades propostas. Com base nos saberes e conhecimentos anteriores, o aluno pode dar uma resposta que não era a resposta esperada, mas que deve ser considerada válida e como uma situação de aprendizagem. (PINTO; OLIVEIRA, 2010, p. 3-4).

A aplicação de uma sequência didática, segundo os autores, pode variar entre

dias, semanas, ou até mesmo meses. O tempo vai ficar definido em função do que é

planejado ou de acordo com as necessidades dos alunos. E o procedimento de

preparação, aplicação e avaliação de uma sequência didática pode obedecer às

fases metodológicas da Engenharia Didática: análises preliminares, concepção e

análise a priori, experimentações, análise a posteriori e validação. (PINTO;

OLIVEIRA, 2010).

Mas é necessário fazer uma análise com relação aos atributos acadêmicos

dos alunos que estão ingressando na universidade. Isso se justifica pelo fato,

segundo Junior, Carvalho e Cariello (2010), de que os alunos têm chegado à

Educação Superior com deficiências provenientes da má qualidade do ensino na

Educação Básica. Os autores recomendam também que é preciso dar especial

atenção ao fato de que os alunos demonstram falta de interesse pelos assuntos

trabalhados em sala de aula, possivelmente em virtude da falta de perspectiva

profissional.

Outra indicação dos autores para que os alunos possam minimizar as

dificuldades, além de ser uma prática necessária à aprendizagem matemática, é

exercitar. É um dos recursos que o professor pode utilizar para fixar os conceitos, e

também, propiciar aos alunos caminhos que os conduzam a uma análise mais

profunda do conteúdo. Assim, na tentativa de oferecer ao aluno ingressante na

115

universidade um melhor CDI, Junior, Carvalho e Cariello (2010) prepararam um

projeto com o intuito de elaborar listas de exercícios diferenciadas que o professor

pode utilizar como um recurso para fixar conceitos, que contenham atividades que

possam despertar o interesse e problemas que propiciem o entendimento e a fixação

dos conceitos de limite, continuidade e derivada. É preciso que esses problemas

também estimulem o desenvolvimento do raciocínio e criem condições ao estudante

de interpretar geometricamente os resultados obtidos e de relacionar conceitos

interdisciplinares envolvendo questões originadas dos cursos em que estão

inseridos: Administração, Biologia, Ciências Contábeis, Física, Matemática, Química,

e outros.

No entanto, os autores ressaltam que tão importante quanto exercitar é o

cuidado que se deve ter ao elaborar uma lista de exercícios. Em suas pesquisas,

notaram que os professores têm uma preferência por exercícios mais gerais, amplos

e profundos, enquanto que os alunos encontram grandes dificuldades na resolução

de exercícios dessa natureza, dando preferência para exercícios mais básicos.

Assim, ficou evidente a necessidade de se elaborarem exercícios que, mesmo sendo

mais complexos, sejam interessantes a fim de estimular o aluno a resolvê-los:

Para que o processo de aprendizagem matemática ocorra de maneira eficaz, o professor deve atingir os níveis de conhecimento do aluno e, partindo daí, edificar um novo conceito. Dessa forma, a função do professor, que deve ser um mediador neste processo transitório, é proporcionar meios e condições para que o aluno transponha o conhecimento matemático anterior, já considerado primário, e atinja um estágio mais amadurecido. (JUNIOR; CARVALHO; CARIELLO, 2010, p. 5).

Uma observação feita pelos autores evidencia que a apatia dos alunos no

aprendizado das Ciências decorre do modo como se tem ensinado. O aluno não

percebe e não consegue correlacionar o que aprende em sala de aula com seu

cotidiano profissional; e esse desinteresse pelo aprendizado está diretamente ligado

à falta de perspectiva de aplicação dos conteúdos à sua área profissional.

Junior, Carvalho e Cariello (2010) julgam que só poderá haver interação entre

os conhecimentos científicos e profissionalizantes se o ensino estiver direcionado a

situações reais, e para tanto, é preciso uma postura reflexiva e criativa por parte de

professores e alunos:

116

Para haver interação entre os conhecimentos científicos e profissionalizantes, o ensino deve ser direcionado a situações reais, por meio de formulações e discussões de problemas originados na interação entre os dois saberes. Portanto, é necessária a valorização de uma postura reflexiva e criativa, tanto do aluno quanto do professor. Essa postura pode ser estimulada apresentando ao estudante um conjunto de problemas interessantes inseridos na realidade de seu futuro trabalho ou problemas que tragam alguma espécie de desafio intelectual. [...] Conclui-se então que a construção do conhecimento matemático dentro da sala de aula não deve permanecer simplesmente como uma construção abstrata e formal, mas sim buscando sempre articular a teoria e a prática. (JUNIOR; CARVALHO; CARIELLO, 2010, p. 6).

E para incentivar a reflexão e também o trabalho em grupo, os autores

propuseram um miniprojeto que denominaram “discussão em grupo”, na forma de

exercícios que envolviam Modelagem Matemática, para serem aplicados aos

conteúdos desenvolvidos em diversos cursos.

A partir do que observaram nessa experiência, os autores consideraram que é

preciso que o estudante examine vários “pontos de vista” de um conceito e qual a

melhor maneira para estabelecer uma estratégia de dedução lógico-formal ao

resolver um determinado problema. Assim, os exercícios propostos devem, em

primeiro lugar, estar adequados ao nível de entendimento dos estudantes.

Posteriormente, devem ser introduzidas, de maneira progressiva, tarefas que exijam

um nível superior de compreensão.

Investigando sobre as dificuldades, neste caso em Geometria, de alunos

recém-ingressados na universidade, Santos, Alvarenga e Sales (2010) também

encontraram indicações de que o ensino de Geometria precisa ser mais

contextualizado, possibilitando, assim, aos estudantes o entendimento do “porquê”

das relações geométricas, de como e quando elas podem e devem ser utilizadas.

Defendem que a utilização de uma metodologia de ensino fundamentada somente

na formalização não vai capacitar os alunos a mobilizarem seus conhecimentos

geométricos no enfrentamento das situações-problema.

Uma recomendação diferenciada é encontrada no trabalho desenvolvido por

Kessler (2010), que discute as dificuldades em Matemática dos alunos, tendo como

objetivo a construção de um material didático na forma de hipertextos inspirados na

teoria dos campos conceituais de Vergnaud. A escolha por essa forma de

apresentação de conteúdo, segundo a autora, justifica-se pelas suas características

que privilegiam e respeitam as diferenças individuais, tanto no que diz respeito ao

117

grau de dificuldade, quanto à cadência de aprendizagem do estudante. A opção por

essa forma se justifica ainda pelo entendimento de que o hipertexto, ou hipermídia,

além de favorecer uma atitude exploratória e “lúdica”, a partir do envolvimento do

estudante no processo de aprendizagem, pode se constituir em importante auxílio no

desenvolvimento da autonomia intelectual do discente.

Apostando em uma combinação pedagógica entre tecnologia e ambiente de

trabalho para o ensino de conteúdos matemáticos, Ferreira e Jacobini (2010)

indicam uma alternativa que pode contribuir para a aprendizagem dos conteúdos

estudados em Matemática: a presença da tecnologia em aula. Acreditam os autores

que fazer uso do computador na educação, em qualquer nível de ensino, objetiva a

integração no processo de aprendizagem dos conceitos curriculares, contribuindo,

assim, como um articulador no processo de construção do conhecimento pelo aluno:

Vemos a tecnologia como colaboradora na medida em que, graças à implementação de algoritmos, viabiliza o trabalho com problemas diversos que envolvem diferentes níveis de complexidade algébrica e grande quantidade de dados. E como facilitadora, já que, ao possibilitar uma ampla visualização de imagens, contribui tanto para a melhor aprendizagem de conceitos e de algoritmos quanto para aplicações da Matemática. [...] Assim, a tecnologia centrada no computador pode ser vista como um meio de aprender fazendo, investigando, pensando, refletindo e argumentando. Isso, entretanto, não é uma tarefa fácil, já que o aluno está acostumado a receber o conteúdo da aula didaticamente explicado pelo professor, sem precisar se esforçar em investigações e na busca de dados e de informações. (FERREIRA; JACOBINI, 2010, p. 1-2).

Portanto, refletir sobre a utilização desses recursos, particularmente na

educação, é de caráter fundamental e, por essa razão, segundo os autores, é

importante refletir sobre as mudanças educacionais provocadas por essas

tecnologias; novas práticas pedagógicas são recomendadas, buscando propor

experiências de aprendizagem significativas para os alunos. Para que o ensino

ofereça desafios constantes, é desejável que o professor atue como mediador.

A construção de ambientes pedagógicos centrados em temas profissionais e

amparados pela tecnologia pode contribuir, conforme Ferreira e Jacobini (2010), de

forma favorável para minimizar a falta de importância que os alunos atribuem às

disciplinas da área de Matemática, já que neles, os alunos podem relacionar

conteúdo programático com aplicações do dia a dia do seu mundo do trabalho, atual

ou futuro.

118

A formação básica em Matemática dos alunos ingressantes na Educação

Superior encontra-se deficiente. Esta é a afirmação que encontramos também no

trabalho apresentado por Moro e Siple (2010), que discutem como preencher as

lacunas de aprendizagem por meio da disciplina Matemática Básica, que é oferecida

aos alunos ingressantes na instituição onde desenvolvem suas atividades

profissionais.

Segundo os autores, há um grande insucesso dos alunos na disciplina de

CDI, componente curricular de formação básica nos cursos da área de Ciências

Exatas. Com base nesse panorama, os educadores se sentiram desafiados a

identificar estratégias para possibilitar aos estudantes a superação de suas

dificuldades, reduzindo, com isso, os índices de reprovação nos primeiros anos dos

cursos, diminuindo a evasão e permitindo aos estudantes alcançarem altos níveis

acadêmicos. Declaram que o departamento de Matemática do Centro de Ciências

Tecnológicas (CCT) da UDESC, diante de um cenário pré-existente de grandes

lacunas de aprendizagem em Matemática Básica dos alunos, resolveu implantar a

disciplina de Matemática Básica na matriz curricular do curso de Licenciatura em

Matemática visando suprir as lacunas no aprendizado desses alunos.

O último trabalho que encontramos, no âmbito do Cálculo Diferencial e

Integral, para a categoria que estamos analisando no momento, foi desenvolvido por

Müller, Azambuja e Müller (2010), relatando experiências que, mais uma vez,

comprovam a chegada dos alunos à Educação Superior sem se apropriarem, na

Educação Básica, de como interpretar a linguagem matemática. Para apoiarem os

alunos nessas dificuldades, apresentam uma proposta baseada em monitoria

especial e oficinas de Matemática Básica para auxiliar na aprendizagem dos

conteúdos pelos alunos.

Conforme relatam os autores, a maior preocupação dos docentes de CDI é

com a forma de apresentação dos conceitos básicos dessa disciplina, para que

sejam criadas aos alunos circunstâncias de compreensão desses tópicos a partir de

conhecimentos apropriados na Educação Básica.

Estão certos de que partindo dos erros cometidos nas resoluções de questões

matemáticas, é possível construir um conhecimento bem fundamentado, de forma a

119

questionar o aluno sobre suas dificuldades e contribuir com a possibilidade de

reverter o quadro que se apresenta quando do ingresso desse aluno nos cursos da

área de Ciências Exatas. Analisar os erros, para Müller, Azambuja e Müller (2010),

deve fazer parte do cotidiano dos docentes, pois, analisando os erros cometidos por

seus alunos, é possível encontrar estratégias para direcionar as atividades

pedagógicas e auxiliar os alunos a superarem suas dificuldades. Considerando que

a correção sistemática do erro não favorece sua eliminação, Müller, Azambuja e

Müller (2010) recomendam que os alunos devam ser protagonistas no processo de

superação de suas dificuldades.

Neste momento, encerramos a análise de nossa subcategoria

recomendações com respeito ao ensino, para, na próxima seção, apresentarmos os

resultados da análise da nossa subcategoria recomendações com respeito ao livro

didático.

3.2.5.1.3 Recomendações com respeito ao livro didático

Quadro 17: Filtro da subcategoria recomendações com respeito ao livro

didático

Subcategorias Recomendações

2 Recomendação

do livro didático

[...] mesmo com tanta tecnologia, nas aulas, o livro didático

ainda é muito presente. Ele traz uma infinidade de

representações que talvez possam estar sendo mal utilizadas.

2 Recomendação

do livro didático

O livro didático tem sido reestruturado didaticamente com o

objetivo de ser um instrumento facilitador da aprendizagem,

inclusive para atender às necessidades do ensino em meio a

essa grande corrida tecnológica que está proposta.

6 Recomendação

do livro didático

Os livros didáticos editados mais recentemente determinam uma

direção diferenciada no estudo de Cálculo Diferencial e Integral,

nos quais os conceitos estão munidos de significado e

contextualizados; problemas motivadores.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Um dos trabalhos que apresentam recomendações com respeito ao uso do

livro didático é o apresentado por Silva e Silva (2010); nesse trabalho, declaram que

apesar de toda a tecnologia disponível, que pode ser utilizada em aula, o livro

didático ainda se faz muito presente, entretanto, pode estar sendo mal utilizado.

120

Afirmam que o livro didático tem sido reestruturado didaticamente com o

objetivo de ser um instrumento facilitador da aprendizagem, inclusive para atender

às necessidades do ensino em meio a essa grande corrida tecnológica que está tão

presente nos dias de hoje. Para os autores, não restam dúvidas de que temos que

nos preparar para essa revolução do ensino, e que os recursos tecnológicos também

usam representações; mas, quais são elas, como são utilizadas e quais as

influências no ensino? E adiantam que devemos buscar respostas para que esses

recursos tão importantes não sejam utilizados apenas como um passatempo.

Silva e Silva (2010) assumem que os resultados de sua pesquisa mostram

que os livros, se bem explorados, também podem levar o aluno a um maior

entendimento através da utilização das conversões de registro, com visualização

gráfica dos conceitos, em situação contextualizada e motivadora.

Nessa linha, Junior, Carvalho e Cariello (2010) igualmente elogiam os livros

didáticos mais recentemente publicados, que determinam uma direção diferenciada

no estudo de Cálculo Diferencial e Integral. Para eles, hoje podemos encontrar livros

nos quais os conceitos estão munidos de significado e contextualizados, e esse tipo

de literatura utilizada como recurso didático propicia articulação entre problemas

motivadores e conceitos teóricos.

Terminada a análise das recomendações com respeito ao livro didático, na

próxima seção, apresentaremos nossa análise acerca de recomendações com

respeito à tecnologia.

3.2.5.1.4 Recomendações com respeito à tecnologia

Quadro 18: Filtro da subcategoria recomendações com respeito à tecnologia

Subcategorias Recomendações

6 Recomendação

em tecnologia [...] o uso de softwares gráficos.

6 Recomendação

em tecnologia

A geração do conhecimento matemático não pode, portanto, ser

dissociada da tecnologia disponível.

6 Recomendação

em tecnologia

[...] a tecnologia pode ser um recurso didático bastante eficaz no

processo de aprendizagem, proporcionando um melhor preparo

para o estudante, Desse modo, a utilização de softwares pode se

tornar ferramenta importante em todas as etapas do processo de

121

aprendizagem.

8 Recomendação

em tecnologia

[...] hipertexto, compreendido como um texto que organiza um

conjunto de informações de forma não linear a partir de links que

interligam diferentes mídias, tais como textos, vídeos, aplicativos,

de modo a permitir vários percursos de leitura.

9 Recomendação

em tecnologia

[...] entender as razões dessa dificuldade e, de outro, encontrar

alternativas que possam contribuir para a aprendizagem dos

conteúdos estudados nessas disciplinas. A presença da

tecnologia na sala de aula de Matemática é uma dessas

alternativas.

9 Recomendação

em tecnologia

[...] a tecnologia centrada no computador pode ser vista como um

meio de aprender fazendo, investigando, pensando, refletindo e

argumentando, sem precisar se esforçar na busca de dados e de

informações.

9 Recomendação

em tecnologia

[...] o uso do computador na educação, em todas as modalidades

e níveis de ensino, objetiva a sua integração ao processo de

aprendizagem, contribuindo, assim, como um elo facilitador no

processo de construção do conhecimento do aluno.

10 Recomendação

em tecnologia

[...] a metodologia utilizada intercala aulas teóricas para

aprofundamento dos conceitos e aulas práticas com uso de

ferramentas tecnológicas para a compreensão dos conceitos e

resoluções de exercícios.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Um dos trabalhos que encontramos recomendando o uso da tecnologia é

apresentado por Junior, Carvalho e Cariello (2010). Declaram que atualmente, os

livros didáticos apresentam figuras e gráficos, para os quais é solicitado o uso de

softwares, e fazem uma referência a D’Ambrósio (1999): “A geração do

conhecimento matemático não pode, portanto ser dissociada da tecnologia

disponível.” E completam, considerando a tecnologia como sendo uma ferramenta

importante no processo de aprendizagem:

[...] a tecnologia pode ser um recurso didático bastante eficaz no processo de aprendizagem, proporcionando um melhor preparo para o estudante. Os recursos tecnológicos, constantes nas atividades diárias cotidianas dos alunos, podem cumprir plenamente a missão de transcender o conhecimento matemático elementar e atender as necessidades dos acadêmicos de uma formação segura, de qualidade e integrada ao contexto social. Desse modo, a utilização de softwares pode se tornar ferramenta importante em todas as etapas do processo de aprendizagem, proporcionando uma análise dos aspectos geométricos envolvidos nos conceitos relacionados ao estudo de Cálculo. (JUNIOR; CARVALHO; CARIELLO, 2010, p. 5).

122

Para tentar superar situações, já declaradas anteriormente, como: os alunos

não têm e não são orientados para uma estratégia de estudos adequados;

apresentam pouco desenvolvimento do raciocínio lógico, passividade no processo

de ensino e aprendizagem e falta de autonomia, evidenciada pela quase total

dependência do docente, o trabalho de Kessler (2010) tem como objetivo a

construção de um material didático na forma de hipertextos inspirados na teoria dos

campos conceituais de Vergnaud.

Compreendido como um texto que organiza um conjunto de informações de

forma não linear a partir de links que interligam diferentes mídias, tais como textos,

vídeos, aplicativos, permite vários percursos de leitura que privilegiam e respeitam

as diferenças individuais, tanto no que diz respeito ao grau de dificuldade, quanto à

cadência de aprendizagem do estudante. A opção por essa forma se justifica ainda

pelo entendimento de que o hipertexto, ou hipermídia, além de favorecer uma atitude

exploratória e “lúdica”, a partir do envolvimento do estudante no processo de

aprendizagem, pode se constituir em importante auxílio no desenvolvimento da

autonomia intelectual do discente.

Kessler (2010) faz referência ao uso dos hipertextos no processo de ensino e

aprendizagem em Cálculo Diferencial, por fazer uso de uma linguagem mais próxima

do cotidiano dos alunos e, por isso, uma linguagem mais acessível para os

estudantes, não significando desprover a linguagem formal matemática do rigor que

dela é exigido. Tal processo, sendo empregado nos materiais didáticos e favorecido

pelas tecnologias informáticas, pode aos poucos familiarizar os estudantes com o

rigor que as universidades exigem para a Matemática.

As pesquisas confirmam que as disciplinas de Matemática são consideradas

pelos alunos, mesmo por aqueles que cursam a área de Ciências Exatas, como as

mais difíceis. Ferreira e Jacobini (2010) procuram entender e buscar alternativas

para superar essas dificuldades, também afirmando que a presença da tecnologia

na sala de aula de Matemática pode ser uma dessas alternativas.

Consideram que a tecnologia centrada no computador deve ser encarada

como uma ferramenta capaz de fazer aprender; entretanto, afirmam os autores, essa

não é uma tarefa fácil, pois os alunos estão acostumados a receber todas as

123

informações pelo professor; com o uso da tecnologia é preciso um aluno autônomo e

reflexivo. Ferreira e Jacobini (2010) defendem que o uso do computador na

educação, em qualquer nível de ensino e modalidade, pode contribuir na integração

ao processo de aprendizagem dos conceitos curriculares, sendo, assim, um

facilitador na construção do conhecimento do aluno.

Nesse trabalho, os autores destacam a importância da percepção, por parte

dos alunos, em relação à relevância da disciplina para sua formação intelectual e

para sua valorização profissional. E para fazerem essa associação entre sala de

aula e atividade profissional, realizaram uma experiência com o uso do Excel e do

software LINGO. Segundo narrativa dos autores, os softwares trouxeram

contribuições significativas, e os alunos ficaram surpresos quando descobriram que

conseguiam responder às questões propostas nos problemas, o mesmo já percebido

por Allevato (2005).

Finalmente, Moro e Siple (2010), levando em consideração a formação básica

deficiente em Matemática dos alunos ingressantes na Educação Superior,

recomendam intercalar aulas teóricas, para o aprofundamento dos conceitos, com o

uso de ferramentas tecnológicas, para compreensão dos mesmos e resolução de

exercícios.

3.2.6 À guisa de síntese e finalização

Os trabalhos encontrados apresentam sugestões para que se possa, ao

menos, tentar minimizar as dificuldades dos alunos que ingressam na Educação

Superior, ou mesmo para aqueles que se encontram em semestres mais avançados,

mas que ainda encontram dificuldades em conteúdos pertinentes à Educação

Básica. Os trabalhos que analisamos para esta seção convergem para o âmbito do

Cálculo Diferencial e Integral, embora também apareça a Geometria.

Com os trabalhos aqui relatados, publicados nos Anais do X ENEM,

encontramos diversas recomendações para auxiliar os professores de maneira a

contribuir no processo de ensino e aprendizagem, considerando as dificuldades que

os alunos apresentam ao ingressarem na Educação Superior, nas disciplinas de

Matemática. Várias são as sugestões que encontramos para que os professores

124

possam fazer uso em sala de aula. Entre elas, encontram-se: correlacionar as

atividades em sala de aula com o cotidiano profissional do aluno; produzir ambientes

pedagógicos centrados em temas profissionais, fazendo uso das tecnologias; utilizar

os erros cometidos pelos alunos como uma ferramenta capaz de indicar quais são

as dificuldades desses alunos; contextualizar o ensino de Geometria; realizar

atividades exploratório-investigativas; empregar o livro didático e elaborar listas de

exercícios e problemas diferenciados para cada nível de dificuldade.

Dentre os trabalhos que analisamos na categoria recomendações de ensino,

percebemos, em alguns deles, que, além das atividades que propõem para o ensino,

recomendam a verificação que objetiva determinar as competências, habilidades e

conhecimentos dos alunos por meio de avaliação diagnóstica. Os trabalhos em que

verificamos tal recomendação são os trabalhos publicados por Araújo e Bortoloti

(2010), Ribeiro e Bortoloti (2010), Junior, Carvalho e Cariello (2010), Ferreira e

Jacobini (2010) e o trabalho de Müller, Azambuja e Müller (2010). Esses trabalhos

abordam situações em que os alunos ingressam na Educação Superior sem terem

se apropriado, na Educação Básica, de fundamentos elementares da Matemática.

Por isso, consideram que é preciso identificar quais são as dificuldades e os

erros mais básicos desses alunos, quais são os conhecimentos apropriados por eles

na Educação Básica; procuram entender quais as razões dessas dificuldades, para

que seja possível encontrar alternativas, e ainda, a partir da análise de erros e

questionando os alunos sobre suas dificuldades, encontrar subsídios para auxiliá-los

a superar os obstáculos de aprendizagem.

Várias também foram as recomendações para o uso da tecnologia.

Entretanto, acreditamos que não basta ter à disposição toda essa tecnologia para

usar nas aulas de Matemática ou de qualquer outra área. É preciso que o professor

esteja capacitado ou que se disponha a se capacitar para fazer uso dessa tecnologia

e não se depare com situações em que não sabe operar o computador ou um

software específico. Certamente, é sabido que os ambientes informatizados podem

trazer “surpresas”, situações imprevistas. Mas, vale lembrar, o professor pode contar

com a parceria dos alunos, em geral bastante familiarizados com os recursos

tecnológicos.

125

Verificamos ainda que os trabalhos continuam colocando o foco em pesquisas

que tratam das dificuldades relacionadas ao ensino de Cálculo Diferencial e Integral,

diretamente ligado com a área das Ciências Exatas, parecendo “não existirem”, em

outras áreas do conhecimento, alunos que apresentem dificuldades em conteúdos

de Matemática.

Finalizado este metatexto construído a partir da análise dos dados,

apresentaremos, na próxima seção, nossas Considerações Finais.

126

127

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme relatado na Introdução desta dissertação, minha trajetória e

experiência profissional, assim como o contexto onde tenho atuado como professor

de Matemática por alguns anos, e levando em consideração o perfil dos estudantes

que ingressam nessa instituição, tornaram-me um professor preocupado. Essas

circunstâncias me fizeram adentrar o “mundo” da pesquisa acadêmica em Educação

Matemática com cautela e apreensão, embora com muita curiosidade e desejo de

conhecer novas possibilidades para o meu trabalho em sala de aula.

A motivação de nossa pesquisa foi influenciada por nossa percepção da

necessidade de contribuir para minimizar as dificuldades encontradas pelos alunos

ingressantes na Educação Superior, relacionadas aos conteúdos de Matemática

ministrados no primeiro semestre de uma faculdade particular na cidade de

Guarulhos/SP. Desse modo, esta pesquisa teve por objetivo identificar elementos já

retratados nas pesquisas realizadas e publicadas no X ENEM, que pudessem

contribuir para a melhoria do ensino e aprendizagem da Matemática dos alunos

ingressantes na Educação Superior.

Assim, numa minuciosa investigação, relatada na presente dissertação,

procuramos nos aprofundar e analisar detalhadamente aspectos ligados às

dificuldades de aprendizagem nesse nível de ensino, para buscarmos resposta para

a nossa questão de pesquisa: O que as pesquisas publicadas no X ENEM

abordam com relação às dificuldades de aprendizagem, nas disciplinas de

Matemática, de alunos ingressantes na Educação Superior?

Podemos dizer que nossa pesquisa, relatada na presente dissertação, esteve

relacionada ao nosso exercício profissional; ela foi um instrumento do nosso trabalho

e proporcionou aprendizagem de teoria e prática, como queríamos. Possibilitou um

melhor entendimento dos entraves demonstrados pelos alunos e nos colocou na

direção de superar tais entraves. É essencial trabalharmos com a realidade em que

vivemos e nos adaptarmos a ela para tentarmos, de alguma maneira, superar o que

encontramos na sala de aula.

128

Verificamos a unanimidade, nas pesquisas analisadas, em apontarem como

responsável pelo despreparo dos alunos ingressantes na Educação Superior a

Educação Básica, que não tem contribuído para que os alunos cheguem às

universidades preparados para esse novo nível de ensino, que fará desses alunos

futuros profissionais nas áreas por eles escolhidas. Entretanto, não verificamos, nas

pesquisas, sugestões para que esse sintoma possa ser revertido na Educação

Básica: não adianta atuar no efeito sem acabar com a causa; estaremos sempre

acusando a Educação Básica sem contribuirmos para a melhoria do processo.

Com as análises realizadas, pudemos constatar, em alguns trabalhos, quais

são as dificuldades detectadas; em outros, que existem as dificuldades, mas os

trabalhos não as relatam; nos trabalhos, em sua maioria, o foco das pesquisas está

diretamente relacionado ao ensino de Cálculo Diferencial e Integral. Orientados por

P1: Quais são as dificuldades matemáticas de alunos ingressantes na Educação

Superior detectadas pelas pesquisas já realizadas? percebemos aspectos

importantes que buscamos com nossa pesquisa. Que as dificuldades detectadas

estão relacionadas à falta de habilidades e competências cujo desenvolvimento

poderia ter sido iniciado na Educação Básica. Verificamos ações ligadas à resolução

de problemas (atitude de investigação, validação da resposta, entre outros), a

ausência de generalização de ideias, de abstração, noções de lógica, argumentação

e justificação. Além disso, a falta de curiosidade dos alunos, que realizam tarefas de

forma mecânica, sem reflexão dos significados e dos conceitos, falta de autonomia

para realização das tarefas, acarretando a total dependência do professor.

Um outro aspecto das pesquisas é a preocupação dos pesquisadores em

relação ao nível de reprovações e evasões que as disciplinas de Matemática

causam nos primeiros anos da Educação Superior, principalmente quando o aluno

está inserido na área das Ciências Exatas. Os trabalhos analisados indicam

dificuldades relacionadas com a aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral.

Apontam, como predecessor desse indício, a Educação Básica, que não prepara o

aluno para sua próxima fase de estudo. Afirmam que os discentes são

condicionados, na Educação Básica, a resolver atividades de forma mecânica,

priorizando procedimentos técnicos, sem valorizar a reflexão, e não são orientados

para se organizar adequadamente para os estudos, influenciando, assim, o

desenvolvimento dos alunos na Educação Superior.

129

Nos trabalhos que analisamos, constatamos como as deficiências de leitura e

escrita se apresentam, também especialmente no âmbito do Cálculo Diferencial e

Integral. Percebemos ainda que a leitura e escrita matemáticas exigem considerar as

diferentes linguagens que estão envolvidas no contexto da Matemática,

particularmente a linguagem matemática formal e, principalmente, as diferentes

formas de representação dos objetos matemáticos.

Com os trabalhos relatados em nossa pesquisa, percebemos que não são

muitos os que abordam conteúdos específicos em que os alunos têm dificuldades.

Alguns dos conteúdos são: simplificação de frações, fatoração, propriedades e

gráficos, esboço de gráficos de funções afins e quadráticas, problemas envolvendo o

cálculo de áreas de figuras geométricas e do raio de uma circunferência, unidades

de medidas, limite e derivada.

Nos trabalhos por nós analisados, publicados nos Anais do X ENEM,

conforme explicitado em P2: Que recomendações têm sido sugeridas para sanar

essas dificuldades de aprendizagem matemática? identificamos elementos que

podem auxiliar os professores no processo de ensino e aprendizagem, levando em

consideração as dificuldades que os alunos apresentam ao ingressarem na

Educação Superior na disciplina de Matemática. Várias são as sugestões que

encontramos para que os professores possam fazer uso em sala de aula. Entre elas,

encontram-se: correlacionar as atividades em sala de aula com o cotidiano

profissional do aluno; produzir ambientes pedagógicos centrados em temas

profissionais, fazendo uso das tecnologias; utilizar os erros cometidos pelos alunos

como uma ferramenta capaz de indicar quais são as dificuldades desses alunos;

contextualizar o ensino de Geometria; realizar atividades exploratório-investigativas;

empregar o livro didático e elaborar listas de exercícios e problemas diferenciados

para cada nível de dificuldade, além de recomendações de realizar avaliação

diagnóstica.

Percebemos, então, que para ensinar e aprender Matemática é preciso uma

sintonia entre professor e aluno, um vínculo, uma parceria entre quem ensina e

quem aprende. O professor deve saber questionar o que o aluno muitas vezes diz

ter entendido só por comodismo, e o aluno deve ser questionador e não se

acomodar, ser protagonista no processo de ensino e aprendizagem. Para que

130

possamos mudar a atitude dos alunos no que diz respeito à sua passividade, à falta

de autonomia e total dependência do professor, primeiramente precisamos mudar o

nosso trabalho em sala de aula como professores, articulando e promovendo

situações que favoreçam o aluno a constituir sua autonomia e independência na

busca por resultados.

Um outro aspecto que não podemos deixar de ressaltar é que parece “não

existir outra área” além das Ciências Exatas, pois não encontramos trabalhos

desenvolvidos nas Ciências Humanas, Biológicas, etc., que tratassem das

dificuldades dos alunos nas disciplinas matemáticas ministradas nos cursos dessas

áreas. Se eles existem, onde estão sendo publicados? Esse tipo de pesquisa fica

por ser realizada.

Também queremos chamar atenção para o fato de que os resumos dos

trabalhos precisam ser mais bem escritos; em alguns dos trabalhos que lemos, o

resumo não deixava claro qual o objetivo da pesquisa; em outros, nem mesmo

parecia ser o resumo de um trabalho acadêmico, com a ausência de vários aspectos

essenciais.

Esta pesquisa não se dá por concluída, pois é vasto o campo em que

podemos nos infiltrar para realizarmos pesquisas com objetivos semelhantes; só

analisamos um evento, e existem vários para serem analisados, sem mencionar os

diversos periódicos que temos na área da Educação Matemática. Para nós, já

assumimos o propósito de, em um trabalho próximo futuro, investigar o XI ENEM

(2013).

Para minha formação de professor, a presente pesquisa foi importante por

ampliar meus conhecimentos quanto a uma prática de sala de aula que já achava

importante e eficiente para a formação dos alunos. A partir de agora, apaixonei-me

ainda mais por essa profissão, ser professor; constatei que a pesquisa pode ser um

dos caminhos que nós, professores, podemos seguir para formarmos cidadãos

críticos.

Com relação à minha formação de pesquisador, percebo agora que terei

sempre um novo olhar para as atividades desenvolvidas com os alunos nas aulas de

Matemática. Os estudos teóricos e a prática reflexiva que desenvolvi durante o

131

mestrado me permitirão estar mais atento e analisar de maneira fundamentada e

sistemática minhas ações e as dos meus alunos, buscando sempre uma atuação

mais profissional. Considero-me agora um professor-pesquisador.

Termino esta trajetória com a esperança de que ainda podemos fazer muito

para melhorar nossas práticas e ampliar as pesquisas na Educação Matemática,

podendo, assim, trazer melhorias ao ensino, à construção do conhecimento do aluno

e a todos aqueles que se interessam pela Educação. Espero que este trabalho tenha

oferecido essa contribuição.

132

133

REFERÊNCIAS

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CC172010.

SCHMITT, M.; BEZERRA, R. C. Uma análise de discurso: discutindo as respostas dos alunos num curso pré-cálculo. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, CULTURA E DIVERSIDADE, 10., 2010, Salvador/BA. Anais... 2010. 1 CD-ROM. CC312010.

SILVA, C. A.; SILVA, B. A. A Noção de integral em livros didáticos e os registros de representação semiótica. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, CULTURA E DIVERSIDADE, 10., 2010, Salvador/BA. Anais... 2010. 1 CD-ROM. CC52010.

143

APÊNDICE A

Questionário: Investigação do perfil do aluno ingressante no Ensino Superior.

1) Em que ano você nasceu? ______________________________

2) Você concluiu o Ensino Médio em que escola?

( ) EJA

( ) Pública

( ) Particular

3) Quantos anos faz que você concluiu o Ensino Médio?

( ) 1 ano

( ) até 5 anos

( ) até 10 anos

( ) até 15 anos

( ) até 20 anos

( ) mais de 20 anos

4) Sua escolha em cursar o Ensino Superior foi por:

( ) satisfação pessoal

( ) necessidade profissional

( ) imposição familiar

5) Você gosta da disciplina de Matemática?

( ) não

( ) sim

6) Qual o grau de dificuldade que você considera ter em Matemática?

( ) nenhuma ( ) pouca ( ) muita

144

145

APÊNDICE B

Quadro 1 – Trabalhos publicados no X ENEM 2010 – Do tipo Comunicação

Científica

Título Autor (es)

1

(Re)Significação do Conceito de

Volume do Paralelepípedo

por Licenciandos em Matemática por

Meio de Uma Atividade de Ensino

Fabiana Fiorezi de Marco

Anna Regina Lanner de Moura

2 A Abstração na Álgebra Linear Ana Luísa Carvalho Furtado

Marco Aurélio Palumbo Cabral

3

A Análise Semiótica no Contexto da

Educação Matemática: Atividades

Exploratório-Investigativas em

Cálculo Diferencial e Integral

Carolina Augusta Assumpção

Gouveia

Rosana Giaretta Sguerra Miskulin

4

A Importância do Lúdico na

Formação de Professores de

Matemática

Váldina Gonçalves da Costa

Comunicação Científica

5

A Noção de Integral em Livros

Didáticos e os Registros de

Representação Semiótica

Carlos Antônio da Silva

Benedito Antonio da Silva

6

A Questão da Ansiedade no Ensino

e na Aprendizagem das Geometrias

Não-Euclidianas

Maria Aparecida da Silva de

Carvalho

Ana Márcia Fernandes Tucci de

Carvalho

7

Abordagens Epistemológicas: Linha

de Pesquisa: 'Ensino de Ciências e

Matemática' do Ppgedu/Ufms

Edileni Garcia Juventino de Campos

Bernardete Maria Andreazza Gregio

8

Algumas Considerações Sobre a

Trajetória da Disciplina de Análise no

Curso de Matemática da Unesp de

Rio Claro

Sílvio César Otero Garcia

146

9

Analisando Possíveis Erros de

Geometria a Partir das Resoluções

dos Alunos do 6º Semestre do Curso

de Licenciatura em Matemática da

Uneb Campus Alagoinhas

Roberta Andrade Souza de Araújo

Roberta D'Angela Menduni Bortoloti

10

Análise Combinatória: O Que o Teste

Padrão nos Informa a Partir das

Respostas de Estudantes Veteranos

da Uneb/Alagoinhas – Ba

Ib Couto Ribeiro

Roberta D’Angela Menduni Bortoloti

11

Análise Diagnóstica de Funções

Matemáticas para Sequência

Didática sobre Taxa de Variação

para Alunos de 2º. Ano de Curso de

Licenciatura em Matemática

José Benedito Pinto

Maria Helena Palma de Oliveira

12

Análise Qualitativa, Modelos

Matemáticos e o Ensino de

Equações Diferenciais Ordinárias

Sueli Liberatti Javaroni

13

Aplicações de Cálculo Diferencial às

Ciências Naturais e Humanas:

Exercícios de Reflexão e

Curiosidades

Daniel Cariello

Pedro Carlos Elias Ribeiro Junior

Tânia Maria Machado De Carvalho

14 Classificação e Análise de Erros em

Teoria de Anéis Elisangela de Campos

15

Conhecimentos de Professores da

Educação Básica Sobre O Conceito

de Função

Eleni Bisognin

Vanilde Bisognin

Helena Noronha Cury

16

Criação de um Software de Apoio ao

Ensino e à Aprendizagem de Álgebra

Linear: Base e Dimensão de um

Espaço Vetorial

João Bosco Laudares

José Renato Fialho Rodrigues

17

Dificuldades em Geometria dos

Estudantes Recém Ingressos na

Universidade do Agreste Sergipano

Jarbas Mendonça dos Santos

Karly Barbosa Alvarenga

Macelo Santana Sales

147

18

Domínio de Conhecimentos

Conceituais e Critérios para a

Seleção de Operadores na Solução

de Problemas de Cálculo Diferencial

e Integral

Marcela Costa Rocha

Érica Valéria Alves

19

Ensino de Funções, Limites e

Continuidade em Ambientes

Educacionais Informatizados: Uma

Proposta para Cursos de Introdução

ao Cálculo

Davis Oliveira Alves

Frederico da Silva Reis

20

Estratégias Metacognitivas na

Resolução de Um Problema de

Otimização com Apoio de um Objeto

de Aprendizagem

Gilmer Jacinto Peres

Maria Clara Rezende Frota

21

Hipertexto: Um Auxílio no Processo

de Ensino-Aprendizagem do Cálculo

Diferencial

Maria Cristina Kessler

22 Intuição no Ensino de Geometria na

Licenciatura em Matemática

José Carlos Pinto Leivas

Maria Tereza Carneiro Soares

23 Investigando Sistemas Dinâmicos

em Um Curso de Biologia Débora da Silva Soares

24 Limite de Função: Conceito Imagem

X Conceito Definição

Maria Alice de V. Feio Messias

Acylena Coelho Costa

25

O Desafio da Implementação de

Tecnologia Informática em

Disciplinas de Matemática do Ensino

Superior

Douglas Marin

26

O Ensino dos Conceitos Limite,

Derivada e Integral, por Professores

de Matemática e de Disciplinas

Específicas em Cursos de

Engenharia

Iêda do Carmo Vaz

João Bosco Laudares

27 O Uso de Tabelas de Unidades Méricles Thadeu Moretti

148

Básicas e Tecnologias como

Alternativa para o Estudo de Esboço

de Curvas no Ensino Superior

Learcino dos Lantos Luiz

28

Produtos de Vetores no Cabri 3d:

Um Estudo Baseado na Teoria dos

Registros de Representação

Semiótica

Monica Karrer

Bruno Santos Baggi

Alexsandro Soares Cândido

29

Significados Fenomenológicos da

Orientação Pedagógica para o

Ensino Fundamental de Geometria

Anderson Martins Corrêa

Antônio Pádua Machado

30

Tecnologia e Ambiente de Trabalho:

Uma Combinação Pedagógica para

o Ensino de Conteúdos Matemáticos

Denise Helena Lombardo Ferreira

Otávio Roberto Jacobini

31

Uma Análise de Discurso: Discutindo

as Respostas dos Alunos num Curso

Pré-Cálculo

Marli Schmitt

Renata Camacho Bezerra

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 2 – Trabalhos publicados no X ENEM 2010 – Do tipo Relato de Experiência

Título Autor (es)

1

A Educação Tutorial e o Cálculo

Diferencial e Integral: Uma

Experiência no Processo de Ensino e

Aprendizagem no Ensino Superior

Luiz Fernando Ferreira Machado

Ana Paula Azevedo Moura

Anna Beatriz da Costa Vieira

Luis Adolfo de Oliveira Cavalcante

José Pedro Machado Ribeiro

2

A Influência da Matemática Básica

no Ensino de Cálculo Diferencial e

Integral

Graciela Moro

Ivanete Zuchi Siple

3

Demonstrações Matemáticas: Uma

Experiência com a Aplicação de um

Módulo de Ensino no Curso de

Matemática

Enne Karol Venancio de Sousa

John Andrew Fossa

Giselle Costa Sousa

149

4 Estagiando num Curso de Cálculo

Diferencial e Integral-I Marco Aurélio Kistemann

5

Interações Produzidas na e pela

Ação Docente – Implicações no

Processo de Significação Conceitual

pelo Estudante em Aulas de

Matemática

Vinícius Pazuch

Isabel Koltermann Battisti

Cátia Maria Nehring

6 Matemática no Ensino Tecnológico:

um Tratamento Interdisciplinar

Denílson José Seidel

Lucas Vanini

Samanta Santos da Vara

7

Núcleo de Educação Matemática e

Ensino de Física e as Novas

Tecnologias na Formação de

Professores

Edson Crisostomo dos Santos

Janine Freitas Mota

Ronaldo Dias Ferreira

8

Pós-Graduação e Iniciação

Científica: Possibilidades de

Articulação

Maria Ednéia Martins-Salandim

Luzia Aparecida de Souza

9

Processo de Produção Coletiva de

Saberes Docentes Sobre a

Educação On-Line na Universidade

Flávia Borges Arantes

Patrícia Oliveira Costa

Arlindo José de Souza Júnior

10

Proposta de Apoio à Aprendizagem

dos Alunos de Cálculo Diferencial e

Integral I

Thaísa Jacintho Müller

Cármen Regina Jardim de Azambuja

Marilene Jacintho Müller

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 3 – Trabalhos publicados no X ENEM 2010 – Do tipo Pôster

Título Autor (es)

1

A Matemática Financeira no Ensino

Superior Através de um Ambiente

Construcionista

Arthur Damasceno Vicente

Janete Bolite Frant

2 Estudo das Curvas de Delaunay com

Auxílio do Software Maple

Roberto Silva Levita

Rosane Leite Funato

150

3

Investigando o Conceito de Limite e

Continuidade a partir da Perspectiva

Lógico-Histórica

Renata Pereira de Abreu

José Antônio Araújo Andrade

4

Um Estudo Sobre Conceitos de

Álgebra Linear em um Curso de

Engenharia na Perspectiva da Teoria

Após

Joelma Iamac Nomura

5 Uma Análise Qualitativa na Disciplina

'Laboratório de Cálculo I'

Luciana L de Asevedo

Rose P Maria

Aruquia B M Peixoto

Carlos A de Moura

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 4 – Trabalhos publicados no X ENEM 2010 – Do tipo Minicurso

Título Autor (es)

1

Agostino D’ippona' – A Cinebiografia

como Estratégia para Discussão de

Elementos de História da Matemática

e da Ciência na Formação de

Professores

Romélia Mara Alves Souto

2 Integração Numérica: Abordagem

Matemática e Computacional

Hérica de Jesus Souza

Elisângela Silva Farias

3

Introdução à Programação no Maple

e Desenvolvimento de Atividades

Didáticas

André Nagamine

4

O Cálculo de Integrais Múltiplas com

Auxílio de Técnicas Instrumentais: O

Caso do Crivo-Geométrico

Afonso Henriques

5 O Uso do Geogebra no Ensino de

Limite

Daila Silva Seabra de Moura

Fonseca

Daniele Cristina Gonçalves

6 Usando Materiais Manipuláveis no

Ensino Superior Severina Andréa Dantas de Farias

Fonte: Elaborado pelo autor.

151

ANEXO A

Quadro 5: Construção das Unidades de Significado

Título

Recorte

1 A Análise Semiótica no Contexto da Educação Matemática: Atividades Exploratório-Investigativas em Cálculo Diferencial e Integral CC32010

“Assim, acreditando nas potencialidades dos processos de visualização e representação na aprendizagem, buscamos compreender as dimensões implícitas a estes processos, ou seja, buscamos entender as diferentes configurações com as quais os alunos se relacionam com o representar e o visualizar na compreensão do conteúdo matemático.” (p. 3)

“[...]Desta forma, podemos descrever e analisar o processo de constituição do conhecimento, por meio de determinados fenômenos que acontecem nas representações algébrica, geométrica e gráfica (GARCIA, 2007, p. 23).” (p. 3)

“Como Santaella (2007, p.13) define, “a Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis”. Desta forma, propomos apresentar alguns aspectos do trabalho desenvolvido por Charles Sanders Peirce neste campo da Teoria Semiótica. A referida teoria nos permite compreender o modo como os alunos participantes desta pesquisa trabalham com a representação matemática, no desenvolvimento das Atividades Exploratório-Investigativas por meio dos processos de visualização e de representação de conceitos matemáticos.” (p. 3-4)

“O que pretendemos com esta Atividade Exploratório-Investigativa é possibilitar formas para os alunos ultrapassarem esse pensamento “enraizado” e poderem desenvolver Atividades Exploratório-Investigativas, capacitando-os a “abrirem” o pensamento, considerarem diversas formas de “ver” as situações, ou seja, considerarem estratégias diversificadas para resolverem os problemas que porventura fossem a eles apresentados.” (p. 9-10)

2 A Noção de Integral em Livros Didáticos e os Registros de

Representação Semiótica CC52010

“Qualquer que seja o processo utilizado para se alcançar sucesso na aprendizagem, ele se apoia em algum tipo de representação, uns mais sofisticados com representações dinâmicas (softwares), outros mais simples (usando papel e lápis). Pode-se observar que essas tais representações são importantes, pois o aluno, na tentativa de resolver qualquer questão, procura representá-la de alguma forma, como meio de auxiliar o entendimento. Porém, mesmo com tanta tecnologia, nas aulas, o livro didático ainda é muito presente. Ele traz uma infinidade de representações que, talvez, possam estar sendo mal utilizadas.” (p. 2)

“Para o autor, a análise de texto é importante, pois os tratamentos que intervêm no processo de compreensão do mesmo não são unicamente os ligados ao grau de complexidade da forma linguística; dependem também do conteúdo cognitivo que ele traz, e ainda, que a estrutura do texto pode facilitar ou dificultar essa compreensão.” (p. 4)

“O livro didático tem sido reestruturado didaticamente com o objetivo de ser um instrumento facilitador da aprendizagem, inclusive para atender às necessidades do ensino em meio a essa grande corrida tecnológica que está proposta.” (p. 9)

152

“O que temos frequentemente ouvido de alunos é que os livros de Matemática são complexos e ninguém entende nada do que está escrito. Portanto, os livros didáticos devem abranger um conteúdo vivo, que consiga “conversar” com seu leitor, e para isso, cada representação deve revelar o quanto a Matemática é importante e levar o leitor a ter o desejo e gosto por estudá-la.” (p. 10)

3 A Questão da Ansiedade no Ensino e na Aprendizagem das Geometrias

Não-Euclidianas CC2010

“[...] Apesar de ser um dos ramos da matemática que mais permite a aproximação com o mundo real, na Educação Básica, especificamente no Ensino Fundamental, seu ensino foi consideravelmente reduzido. [...]PAVANELO (1993) e LORENZATO (1995) apontam essa ausência, ou quase ausência, neste nível de ensino, como consequência do despreparo da grande maioria dos professores, [...]” (p. 2)

“Os efeitos “negativos da ansiedade” e suas relações com a aprendizagem podem ser verificados nos alunos de todos os níveis de ensino. Dentre as manifestações fisiológicas que a ansiedade pode provocar, as mais evidentes são mãos frias e suadas, palpitação, diarreia, dor de cabeça e vômitos (DAVIDOFF, 1983, p.429-35). No campo emocional, como já salientamos, podem aparecer sob a forma de medo, sensação de que algo ruim vai acontecer, irritabilidade, agressividade e inquietação, desencadeando dificuldades de concentração e, consequentemente, interferindo no desempenho escolar.” (p. 4)

4 Analisando Possíveis Erros de Geometria a Partir das Resoluções dos

Alunos do 6º Semestre do Curso de Licenciatura em Matemática da Uneb Campus Alagoinhas CC92010

“[...]Dos calouros, queremos observar como eles estão chegando ao ensino superior e quais dificuldades do ensino básico, em relação à matemática, são trazidas por eles. [...]” (p. 2)

“O erro hoje não deve ser mais visto como um “bicho-papão” ou algo que devemos exterminar. Na pedagogia tradicional, o foco do processo de ensino estava no conteúdo a ser transmitido pelo professor, e hoje, é centrado no aluno e/ou nos métodos utilizados pelo professor em sala de aula, em como o aluno irá construir o conhecimento. Assim, Pinto (2000, p. 12) nos aponta: “Se na pedagogia tradicional, centrada no professor, o relevante era saber o que se ensina, na pedagogia nova, a preocupação do professor é saber como as crianças aprendem”. Além disso, a autora nos traz que o erro servia, geralmente, como indicador do fracasso do aluno, e nas novas teorias, ele se apresenta como um fator positivo e de grande valor pedagógico, onde a criança (em nosso caso, o aluno) mostra o seu pensamento. Muito já se foi descoberto e estudado com relação a esse assunto. Mas, ainda não é o suficiente.” (p. 2-3)

“O erro hoje é visto, por muitos autores, como uma ferramenta capaz de indicar a dificuldade do aluno, e a partir da detecção dessas dificuldades, o professor irá criar estratégias didáticas para que o aluno aprenda com o seu próprio erro. Nesta perspectiva, Cury (2007, p. 80) define o erro como “constituinte do conhecimento, um saber que o aluno possui, construído de alguma forma”. Considera-o como “trampolim para a aprendizagem.”” (p. 3)

“Estamos compreendendo o erro como uma metodologia de ensino. É reconhecendo os erros dos alunos que o professor criará estratégias de ensino. E o aluno, reconhecendo seu erro, irá analisar suas respostas e questioná-las para construir o próprio conhecimento.” (p. 4)

5 Análise Combinatória: O Que o Teste Padrão nos Informa a Partir Das

Respostas de Estudantes Veteranos da Uneb/Alagoinhas – Ba CC102010

153

“Tem por metas investigar quais as dificuldades que os alunos iniciantes apresentam ao ingressarem na Universidade; quais são os tipos de erros e níveis das dificuldades apresentadas por discentes dos cursos de Licenciatura em Matemática; o que dizem as respostas dos alunos ao analisarmos questões abordando conteúdos da Educação Básica.” [...] (p. 1-2)

“[...] Diante deste quadro, queremos conhecer alguns possíveis erros básicos e contribuir para reverter esta situação. Acreditamos que uma maneira de tentarmos isso é fazendo o erro ser visto, discutido, compreendido pelos professores, por estes estudantes, futuros professores, para que não cometam com seus alunos os mesmos.” (p. 2)

“Fundamentamo-nos em Pinto (2000), que nos mostra a necessidade de tornar o erro observável para o professor e também para o aluno, trabalhando na perspectiva construtivista. Desta mesma forma, nos apoiamos em Borasi (1996), que traz o erro como trampolim para a aprendizagem em matemática.” [...] (p. 2)

“Durante a aplicação do teste foi solicitado aos estudantes que registrassem toda a solução que julgassem necessária, e caso tivessem a necessidade de apagar, não utilizassem a borracha, e sim escrevessem: “desconsiderada a resposta”. Isso se fez necessário, porque mais interessante era conhecer o raciocínio registrado pelo acadêmico, observar o uso de alguma estratégia utilizada para chegar à própria resposta; segundo o Minidicionário Olinto (2000, p. 362), estratégia significa “arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos”; nossa intenção era identificar o conhecimento disponível destes alunos para resolver a questão.” (p. 5)

6 Análise Diagnóstica de Funções Matemáticas para Sequência Didática

sobre Taxa de Variação para Alunos de 2º. Ano de Curso de Licenciatura em Matemática CC112010

“Conforme esclarece Machado (2008), as análises preliminares, realizadas por meio de considerações sobre o quadro teórico didático e sobre os conhecimentos didáticos já adquiridos, devem considerar os seguintes estudos: epistemológico dos conteúdos contemplados pelo ensino; do ensino atual e de seus efeitos; das dificuldades e dos obstáculos que determinam a evolução dos alunos; dos entraves que situam a efetiva realização didática.” [...] (p. 2)

“Uma situação didática é preparada pelo professor com o objetivo de provocar no aluno adaptações desejadas através de uma escolha cuidadosa de problemas, de maneira que o aluno possa aceitá-los, agir, falar, refletir, evoluir por si próprio (FREITAS, 2008). O professor propõe um problema para que o aluno busque soluções por iniciativa própria, como participante ativo da própria aprendizagem. Nesse processo, o professor adia a emissão de conhecimentos e possíveis correções até que o aluno chegue a uma regra e valide-a.” [...] (p. 3)

“A sequência didática, um conjunto de aulas devidamente esquematizadas para desenvolver um conteúdo, concretiza os passos da engenharia didática. Uma sequência bem organizada pode construir as ferramentas necessárias para aquisição do conhecimento. Ela deve criar condições para o envolvimento do aluno na construção do conhecimento via interações com as atividades propostas. Com base nos saberes e conhecimentos anteriores, o aluno pode dar uma resposta que não era a resposta esperada, mas que deve ser considerada válida e como uma situação de aprendizagem.” (p. 3-4)

“Uma sequência didática pode variar de alguns dias, semanas, ou até meses de trabalho, de acordo com o que é planejado ou de acordo com as necessidades dos alunos. O processo de preparação, aplicação e avaliação de uma sequência

154

didática obedece às fases metodológicas da engenharia didática: análises preliminares; concepção e análise a priori; experimentações; análise a posteriori e validação.” (p. 4)

7 Aplicações de Cálculo Diferencial Às Ciências Naturais e Humanas:

Exercícios de Reflexão e Curiosidades CC132010

“Resumo: Existe um consenso de que se o assunto é matemática, constata-se que

há um grande fracasso no desempenho dos alunos, tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio. Este fracasso pode estar intimamente ligado à maneira como os conceitos matemáticos são desenvolvidos em sala de aula. Desta forma, os alunos chegam às universidades com enormes deficiências nos conhecimentos prévios em raciocínio lógico, no traçado e análise de gráficos e nos conteúdos algébricos em geral. Estas deficiências têm grande reflexo no ensino de Cálculo Diferencial, disciplina que dá sustentação à maioria dos cursos da área de Ciências Exatas. Na tentativa de oferecer ao aluno ingressante na universidade um melhor entendimento desta disciplina, preparou-se um projeto com o intuito de elaborar listas diferenciadas, que contenham exercícios que despertem o interesse e tragam problemas que propiciem, não apenas o entendimento e a fixação dos conceitos de limite, continuidade e derivada, mas também estimulem o desenvolvimento do raciocínio e criem condições ao discente de interpretar geometricamente os resultados obtidos e de relacionar conceitos interdisciplinares, envolvendo questões originadas nos cursos de Administração, Biologia, Ciências Contábeis, Física, Matemática e Química.” (p. 1)

“Cabe, neste momento, fazer uma breve análise acerca dos atributos acadêmicos dos alunos que ingressam na universidade, antes do que é interessante fazer algumas observações em relação ao ensino da matemática nos ciclos fundamental e médio. Tem-se observado um número crescente de alunos que demonstram total falta de interesse pelas aulas e pelos assuntos desenvolvidos em sala. Tal apatia mediante o estudo das ciências e dos conteúdos abordados na escola evidencia um comportamento que gera incômodo na comunidade de educadores e ao qual se deve dar especial atenção, pois as razões que conduzem ao fracasso no desempenho das atividades escolares são muitas e oriundas dos mais diversos setores da vida do aluno. Uma das causas desse desinteresse está ligada à falta de perspectiva profissional e também à maneira como os conceitos acadêmicos estão sendo desenvolvidos na sala de aula: geralmente de forma totalmente dissociada da prática cotidiana do aluno, e também não estabelece uma conexão entre o que é ensinado e a realidade das profissões.” (p. 2)

“As deficiências dos alunos que atingem o estágio universitário, provenientes da má qualidade do ensino fundamental e médio, são percebidas pela falta de conhecimentos prévios em raciocínio lógico, no traçado e análise de gráficos e no conteúdo algébrico que eles trazem consigo. Estes estudantes acostumaram-se a um cotidiano escolar em que as tarefas eram executadas utilizando estratégias equivocadas de estudo, o que promoveu um déficit significativo na relação entre o ensino e a aprendizagem. De fato, no ensino médio, estes alunos, em geral, foram condicionados a resolver mecanicamente os exercícios, sem refletir sobre o significado de cada tópico apresentado. Além disso, em diversos casos, os conteúdos são apresentados sem as devidas demonstrações, muitas vezes porque o próprio professor não as entendeu.” (p. 3)

“Os conteúdos de Cálculo contêm a maior parte dos conceitos matemáticos que devem ser assimilados no ciclo inicial dos cursos na área de Ciências Exatas, como, por exemplo, os conceitos relacionados a limite, continuidade e derivada de

155

uma função de uma variável real, que introduzem o aluno no universo do formalismo e do rigor matemático. É na disciplina de Cálculo Diferencial que o estudante tem os primeiros contatos com a linguagem da matemática de nível superior, a generalização de ideias, a abstração, a utilização de noções de lógica no desenvolvimento dos raciocínios e o conhecimento dos processos de argumentação e justificação. Portanto, esta disciplina assume a função de propiciar uma “alfabetização matemática de nível superior”. Logo, parece ser importante a atenção ao desempenho dos estudantes nesta disciplina.” (p. 3)

“Os livros didáticos editados mais recentemente determinam uma direção diferenciada no estudo de Cálculo Diferencial e Integral. Como indica Barufi (1999), ao analisar os livros didáticos de Cálculo Diferencial e Integral, podem ser encontrados livros de matemática nos quais os conceitos estão munidos de significado e contextualizados. Ainda mais, este tipo de literatura utiliza como recurso didático a articulação entre problemas motivadores e os conceitos teóricos, dados históricos que fundamentaram o desenvolvimento do conhecimento matemático, figuras e gráficos, para os quais é solicitado o uso de softwares gráficos.” (p. 4)

“Falando sobre tecnologia, D’Ambrósio (1999) comenta que “A geração do conhecimento matemático não pode, portanto, ser dissociada da tecnologia disponível”, e completa afirmando que “Ao longo da evolução da humanidade, matemática e tecnologia se desenvolveram em íntima associação, numa relação que poderíamos dizer simbiótica.”” (p. 4)

“Dentro da nova cultura informatizada, a tecnologia pode ser um recurso didático bastante eficaz no processo de aprendizagem, proporcionando um melhor preparo para o estudante. Os recursos tecnológicos, constantes nas atividades diárias cotidianas dos alunos, podem cumprir plenamente a missão de transcender o conhecimento matemático elementar e atender às necessidades dos acadêmicos de uma formação segura, de qualidade e integrada ao contexto social. Desse modo, a utilização de softwares pode se tornar ferramenta importante em todas as etapas do processo de aprendizagem, proporcionando uma análise dos aspectos geométricos envolvidos nos conceitos relacionados ao estudo de Cálculo.” (p. 5)

“Para que o processo de aprendizagem matemática ocorra de maneira eficaz, o professor deve atingir os níveis de conhecimento do aluno e, partindo daí, edificar um novo conceito. Dessa forma, a função do professor, que deve ser um mediador neste processo transitório, é proporcionar meios e condições para que o aluno transponha o conhecimento matemático anterior, já considerado primário, e atinja um estágio mais amadurecido.” (p. 5)

“Exercitar, além de ser uma prática necessária, é um dos recursos que o professor pode utilizar para fixar os conceitos e também propiciar aos alunos caminhos que os conduzam a uma análise mais profunda do conteúdo. Esta análise requer que o estudante examine as várias facetas de um conceito e como utilizá-lo para estabelecer uma estratégia de dedução lógico-formal ao solucionar um dado problema. Desta forma, os exercícios propostos aos alunos devem, em primeira instância, estar adequados ao grau de entendimento dos estudantes. Posteriormente, devem ser introduzidas, de maneira progressiva, tarefas que exijam um grau superior de compreensão.” (p. 5)

“Conclui-se então que a construção do conhecimento matemático dentro da sala de aula não deve permanecer simplesmente como uma construção abstrata e formal, mas sim buscando sempre articular a teoria e a prática.” (p. 6)

“Para haver interação entre os conhecimentos científicos e profissionalizantes, o

156

ensino deve ser direcionado a situações reais, por meio de formulações e discussões de problemas originados na interação entre os dois saberes. Portanto, é necessária a valorização de uma postura reflexiva e criativa, tanto do aluno quanto do professor. Essa postura pode ser estimulada apresentando ao estudante um conjunto de problemas interessantes inseridos na realidade de seu futuro trabalho ou problemas que tragam alguma espécie de desafio intelectual.” (p. 6)

“Com a finalidade de incentivar a reflexão e o trabalho em grupo, foram propostos mini-projetos e atividades denominadas “discussão em grupo”, em forma de exercícios que envolvessem Modelagem Matemática e que fossem aplicados aos conteúdos desenvolvidos em diversos cursos.” [...] (p. 7)

[...] “Observou-se, também, que os alunos apresentaram falhas em sua formação, como a tendência em relegar ao segundo plano as definições e os conceitos, priorizando procedimentos técnicos, denotando que não foi a postura reflexiva a linha mestra adotada no desenvolvimento das soluções dos exercícios. Desta forma, mesmo no nível universitário, a abordagem dos conteúdos pode não estar de acordo com um ambiente em que se desenvolve ciência e cujo objetivo é proporcionar um crescimento cultural que conduz a refletir com outra visão o que já foi analisado.” (p. 9)

“A contribuição dos bolsistas foi valiosa no sentido de servir como parâmetro na avaliação do grau de dificuldade dos exercícios, auxiliando a detectar um descompasso existente na relação entre o grau de dificuldade previsto pelos professores na elaboração das listas de exercícios e o grau de dificuldade encontrado pelos alunos na resolução das mesmas. Notou-se que o professor tem uma preferência por exercícios mais gerais, amplos e profundos, enquanto que os alunos encontram grandes dificuldades na resolução de exercícios desta natureza, priorizando exercícios mais básicos. Assim, ficou evidenciada a necessidade de se desenvolver exercícios que, embora mais complexos, sejam interessantes a ponto de estimular o aluno a resolvê-los.” (p. 9)

8 Dificuldades em Geometria dos Estudantes Recém-Ingressados na

Universidade do Agreste Sergipano CC172010

“Segundo Pavanelo (1993), as dificuldades no aprendizado da Geometria devem-se em grande parte ao abandono do seu ensino no Brasil. Para ela, a ausência do ensino da Geometria e a ênfase no ensino da Álgebra podem estar prejudicando a formação dos alunos por privá-los da possibilidade do desenvolvimento integral dos processos de pensamentos necessários à resolução de problemas matemáticos.” (p. 2)

“[...] Assim, elaboramos uma prova contendo 07 questões de caráter subjetivo e objetivo, que foram aplicadas aos alunos de uma turma de Pré-cálculo. As questões abordavam os seguintes conteúdos: Simplificação de frações, fatoração, propriedades e gráficos de funções (modulares, exponencial, logarítmicas, seno e co-seno), esboço gráfico de funções afins e quadráticas, problemas envolvendo o cálculo de áreas de figuras geométricas e do raio de uma circunferência. Participaram dessa avaliação, em julho de 2009, 104 alunos dos seguintes cursos: Física, Química, Biologia, Ciências Contábeis, Matemática, Administração e Sistemas de Informação, todos aprovados no último vestibular, em dezembro de 2008. A ideia era explorar os conhecimentos apresentados pelos estudantes advindos do Ensino Médio e, dessa forma, ser possível detectar suas maiores dificuldades. Devido ao grande número de erros apresentados e à quantidade de alunos que não resolveram as questões [...]” (p. 3-4)

“Como podemos observar, as análises indicam a não disposição (80%) dos

157

estudantes para resolverem as situações-problemas que envolvem conceitos geométricos e, os que tentam a resolução, em geral não conseguem. A questão solicitava que encontrassem o custo do material gasto na fabricação de uma superfície cilíndrica, em função do raio da base; porém, os estudantes, exceto dois de 243 (0,8%), não conseguiram modelar e a maioria nem tentou. Interessante observar que os estudantes que erraram, quase todos apresentavam um valor numérico como resposta, e não uma função com variável dependente e independente. Além disso, não conseguiram extrair as correlações necessárias entre volume, perímetro e área lateral. Isto já tinha sido verificado anteriormente e foi enquadrado como Não diferenciam área de perímetro, a ser apresentado em breve. Interessante observar que um dos elos entre a álgebra e a geometria é o conceito de função, o discernimento entre variáveis dependentes e independentes, e isso não aconteceu nos resultados de nossa investigação, isto é, o estudante, em geral, não consegue estabelecer esses elos.” (p. 6)

“A maior parte dos erros cometidos pelos alunos foi devido à não utilização ou à utilização de maneira incorreta das unidades de medidas. Como exemplificamos na figura 4, os alunos não entendem a importância e o significado de tais unidades, parecem não saber que unidade usar, já que confundem unidade de medida linear com quadrática. Para se ter uma ideia dessa dificuldade, dos estudantes que resolveram a sexta questão, 80% não a utilizou, ou a utilizou de maneira errada, e dos que resolveram, apenas dois utilizaram uma unidade de medida. [...]” (p. 7)

“Muitos erros de interpretação ocorreram na sétima questão. [...] a informação “um arame de comprimento 1m” foi entendida, por muitos alunos, como sendo o diâmetro da circunferência. Mesmo fazendo o modelo geométrico do problema, o aluno não se dá conta de que o comprimento do arame é também o da circunferência e não o do diâmetro. Erros como esses mostram a dificuldade que os alunos têm para entender e interpretar corretamente o enunciado de um problema.” (p. 7)

“[...] o aluno associa a figura geométrica dada a um trapézio. Isso mostra que o aluno não distingue claramente as figuras geométricas mais elementares.” (p. 7) P3

“Alguns erros encontrados aconteceram devido à utilização de fórmulas equivocadas. [...] notamos que os estudantes também apresentam dificuldades em aplicar as principais fórmulas no cálculo de áreas e comprimentos das figuras geométricas planas elementares.” (p. 8)

“[...] observamos que, depois dos cálculos realizados, os alunos não costumam contestar suas respostas. [...] apesar dos cálculos realizados estarem corretos, o aluno não percebe que o cálculo que está realizando é irrelevante para o problema e que tampouco leva à solução.” (p. 8)

“Muitos alunos apresentam dificuldades no entendimento da linguagem matemática. Podemos observar que, ao encadearem cálculos, os alunos igualam expressões distintas, o que nos mostra a falta de cuidado com a linguagem matemática.” (p. 9)

“[...] atividades programadas com fins de interpretação, baseadas nas resoluções de problemas, modelagem e a participação ativa do estudante na construção do conhecimento podem favorecer o aprendizado [...]” (p. 9)

“Tais resultados nos indicam que o ensino de geometria precisa ser mais contextualizado possibilitando aos estudantes o entendimento do porquê das relações geométricas, como e quando elas podem e devem ser utilizadas. A metodologia de ensino fundamentada somente na formalização não parece capacitá-los a mobilizarem seus conhecimentos geométricos no enfrentamento das situações-problemas. O trabalho com a álgebra interdisciplinarmente com a

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geometria (sobre esse tipo de trabalho o leitor pode consultar Miorin et al., 1993) e números reais, atividades programadas com fins de interpretação, baseadas nas resoluções de problemas, modelagem e a participação ativa do estudante na construção do conhecimento podem favorecer o aprendizado em geometria.” (p. 9)

9 Hipertexto: Um Auxílio no Processo de Ensino-Aprendizagem

do Cálculo Diferencial CC212010

“No que se refere ao conhecimento prévio dos acadêmicos em matemática, estudos desenvolvidos anteriormente (KESSLER e FISCHER, 1999; KESSLER e FISCHER, 2001, KESSLER, 2008), cujos sujeitos eram alunos calouros de cursos de Engenharia, permitiram explicitar de forma mais detalhada as dificuldades desses acadêmicos: fracas estratégias de organização e de estudo, dificuldade na expressão e interpretação dos textos matemáticos pela falta de domínio do símbolo e da própria língua materna, e raciocínio lógico pouco desenvolvido. Associado a estes fatores cabe referir outros elementos que dificultam aprendizagens significativas, tais como a passividade do aluno no processo de ensino-aprendizagem e a falta de autonomia evidenciada pela quase total dependência do professor, a quem atribui seus sucessos ou fracassos. [...]” (p. 1)

“A escolha por esta forma de apresentação do conteúdo justifica-se pelas características do hipertexto, compreendido como um texto que organiza um conjunto de informações de forma não linear a partir de links que interligam diferentes mídias, tais como textos, vídeos, aplicativos, de modo a permitir vários percursos de leitura, conforme associação de ideias e interesses.” (p. 2)

“Além destas características que privilegiam diferenças individuais, tanto no que se refere ao grau de dificuldades, quanto ao ritmo de aprendizagem do aluno, a opção por este formato se justifica ainda pelo entendimento de que o hipertexto, além de favorecer atitude exploratória e lúdica, a partir do envolvimento do aluno no processo de aprendizagem, pode se constituir também em importante auxílio no desenvolvimento da autonomia intelectual do acadêmico.” (p. 2-3)

“Cabe referir, também, que nos hipertextos, os conceitos são introduzidos através de uma linguagem acessível, visto que o repertório vocabular da maioria dos alunos é bastante restrito, não coincidindo com o padrão escrito e oral esperado pela universidade. Entende-se que a linguagem, de modo geral, constitui-se instrumento importante de mediação do sujeito com o conhecimento. No caso específico da matemática, a apropriação dos conceitos exige o domínio da linguagem como sistema simbólico de caráter formal, cuja elaboração é indissociável do processo de construção do conhecimento matemático. Percebe-se que os alunos chegam à universidade, na grande maioria, desconhecendo a linguagem matemática, sua sintaxe e semântica. Por esta razão a linguagem informal empregada no material didático aos poucos se modifica, promovendo a familiarização do aluno com os códigos dessa área de conhecimento. O fato de tratarmos os conceitos dessa forma não significa que estamos propondo um ensino desprovido de rigor, mas sim de diferentes escalas de rigor.” (p. 5-6)

10 Limite de Função: Conceito Imagem X Conceito Definição CC242010

“Em seu trabalho, Rodríguez (2009) apresenta uma pesquisa na qual está estabelecendo tipologias que caracterizam diferentes usos da língua natural e da língua simbólica simultaneamente, dado que é comum que haja uma grande distância entre a utilização de ambas, bem como a dificuldade em correlacioná-las.” (p. 2)

11 Tecnologia e Ambiente de Trabalho: Uma Combinação Pedagógica para o

Ensino de Conteúdos Matemáticos CC302010

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“As disciplinas de matemática são consideradas pelos alunos, mesmo por aqueles que frequentam cursos da área das ciências exatas, como sendo as mais difíceis de suas grades curriculares e, como consequência dessa dificuldade, são elas as que geram maiores índices de reprovação. Estudos como os de Cury (2006) e de Del Puerto, Minnaard e Seminara (2008) buscam, de um lado, entender as razões dessa dificuldade, e de outro, encontrar alternativas que possam contribuir para a aprendizagem dos conteúdos estudados nessas disciplinas. A presença da tecnologia na sala de aula de Matemática é uma dessas alternativas.” (p. 1)

“Vemos a tecnologia como colaboradora na medida em que, graças à implementação de algoritmos, viabiliza o trabalho com problemas diversos que envolvem diferentes níveis de complexidade algébrica e grande quantidade de dados. E como facilitadora, já que, ao possibilitar uma ampla visualização de imagens, contribui tanto para a melhor aprendizagem de conceitos e de algoritmos quanto para aplicações da Matemática.” (p. 1)

“[...]Assim, a tecnologia centrada no computador pode ser vista como um meio de aprender fazendo, investigando, pensando, refletindo e argumentando. Isso, entretanto, não é uma tarefa fácil, já que o aluno está acostumado a receber o conteúdo da aula didaticamente explicado pelo professor, sem precisar se esforçar em investigações e na busca de dados e de informações.” (p. 2)

“Para Valente (2008), o uso do computador na educação, em todas as modalidades e níveis de ensino, objetiva a sua integração ao processo de aprendizagem dos conceitos curriculares, contribuindo, assim, como um elo facilitador no processo de construção do conhecimento do aluno. E, nessa mesma linha, Borba e Villareal (2005) acrescentam que nós, seres humanos, não pensamos sozinhos, pois nosso desenvolvimento cognitivo é condicionado pelas mídias ou tecnologias da inteligência (oralidade, escrita e informática).” (p. 2)

“Dessa forma, a utilização desses recursos, particularmente na educação, ocupa uma posição central, e, por essa razão, é importante refletir sobre as mudanças educacionais provocadas por essas tecnologias, propondo novas práticas pedagógicas e buscando proporcionar experiências de aprendizagem significativas para os alunos. É desejável um ensino que demande desafios constantes, onde o professor atue como mediador.” (p. 3)

“[...]A visualização gráfica obtida pelo software teve um papel fundamental nas simulações realizadas, possibilitando encontrar melhores soluções para os problemas propostos e ao mesmo tempo realizar vários estudos de casos, além de facilitar o surgimento de conjecturas e valorizar o pensamento matemático. Também, é interessante sublinhar que os alunos já vêm do ensino médio com dificuldades em traçar gráficos, na representação analítica de uma função e, principalmente, na representação de duas ou mais funções em um mesmo gráfico. Similarmente ao percebido por Allevato (2005), notamos que os alunos ficaram surpresos quando descobriram que, com base na visualização gráfica, conseguiam responder as questões dos problemas.” (p. 5)

“O segundo ambiente foi construído em uma disciplina de Programação Linear, ministrada no terceiro ano. Nesse momento do curso, os alunos, em geral, já exercem atividades profissionais. Dessa forma, o tempo dedicado aos afazeres escolares é muito escasso, sobretudo para as disciplinas de matemática que, em geral, são vistas apenas como disciplinas de apoio àquelas que são específicas para a formação do estudante. Esta situação se agrava na medida em que os alunos não visualizam a aplicação imediata do que estão aprendendo nas funções que eles exercem nas empresas em que trabalham. Acreditamos que seja essa a

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principal razão para as dificuldades dos alunos nessa disciplina, e isso acarreta inúmeros desconfortos, tanto para os alunos quanto para o professor. Muitas vezes os alunos dependem apenas dessa disciplina para se graduarem no curso e, consequentemente, conseguirem melhores funções nas empresas em que atuam.” (p. 6)

“Com base nos cenários construídos enfatizamos, inicialmente, que ambientes pedagógicos centrados em temas profissionais e apoiados pela tecnologia contribuem favoravelmente para minimizar o sentimento de irrelevância de disciplinas da área de matemática, comum entre os estudantes, já que neles os alunos podem, via de regra, relacionar conteúdo programático com aplicações do dia-a-dia do seu mundo do trabalho, atual ou futuro. [...]” (p. 7)

12 Uma Análise de Discurso: Discutindo as Respostas dos Alunos num

Curso Pré-Cálculo CC312010

“Acredita-se também que tais dificuldades podem ser oriundas do próprio sistema educacional que se tem instituído nas universidades, ou mesmo de possíveis falhas ocorridas na construção do conhecimento matemático dos alunos durante o Ensino Fundamental e Médio, pois pode-se verificar que o aluno, ao ingressar na universidade, nem sempre possui conhecimento necessário para um bom desempenho em Cálculo, onde se depara com uma Matemática que, em geral, não lhe foi apresentada anteriormente. Para BROLEZZI (2007), uma das causas para este baixo desempenho dos alunos é decorrente da fraca bagagem trazida do Ensino Médio. Segundo ele:” A Matemática apresentada na Escola Básica, frequentemente como um conjunto de regras e fórmulas, processos mecânicos de resolução de determinados tipos de problemas, questões fechadas, com pouquíssima, às vezes nenhuma investigação, acarreta uma postura passiva por parte dos estudantes. [...] Na Universidade, porém, a Matemática adquire um caráter distinto. É cobrada dos alunos uma experiência anterior que eles em geral não têm. Os professores chegam à conclusão que aquilo que os alunos sabem de pouco vale para o aprendizado da Matemática em nível superior. (BROLEZZI, 2007, p. 21). (p. 2-3)

“Assim, além de identificar quais fatores interferem no processo de ensino e aprendizagem [...] como os citados acima, buscou-se nesta pesquisa aferir se um curso Pré-Cálculo poderia contribuir para um melhor desempenho dos alunos [...] visto que as principais dificuldades apresentadas dizem respeito a conteúdos de Matemática básica.” (p. 3)

“Nas conversas e entrevistas com os professores de Cálculo I, verificou-se que eles observam maior dificuldade de seus alunos nesta disciplina, com o conteúdo de funções e análise gráfica, sendo que isto também é apontado como obstáculo na aprendizagem dos alunos em várias pesquisas (NASSER, 2007).” (p. 9) P3

13 A Influência da Matemática Básica no Ensino de Cálculo Diferencial e

Integral RE22010

“É fato conhecido que a formação básica em matemática dos alunos ingressantes no ensino superior encontra-se deficiente. Este fato tem contribuído para o insucesso dos alunos na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, componente curricular de formação básica nos cursos da área de Ciências Exatas. O curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) tem como disciplina regular do seu currículo a disciplina de Matemática Básica, a qual foi criada com o intuito de preencher as lacunas de aprendizagem dos alunos e evitar as consequências da deficiência desta formação em outras disciplinas. Neste trabalho, apresentamos um comparativo entre o aproveitamento dos alunos dos Cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Física da UDESC na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I (CDI-I). Observamos que os

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alunos do Curso de Licenciatura em Matemática, aos quais é oferecida a disciplina de Matemática Básica antecedendo o CDI-I, têm um aproveitamento superior em relação aos alunos do Curso de Licenciatura em Física, que não cursam a disciplina de Matemática Básica e já se deparam com o Cálculo no primeiro semestre de graduação.” (p. 1)

“As dificuldades na aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral (CDI) têm sido foco de discussão nos grupos de pesquisa em Educação Matemática, tanto em nível nacional como internacional. “O ensino de CDI tem sido responsabilizado por um grande número de reprovações e de evasões de estudantes universitários” (Farias, 2007, p. 22) e as deficiências na formação básica em matemática têm sido apontadas como a principal causa para tal fato. Os alunos chegam à universidade com grandes lacunas de aprendizagem em Matemática Básica, o que aponta uma grande fragilidade do ensino fundamental e médio em caráter nacional.” (p.1)

“[...] De modo geral, o ensino básico não tem conseguido formar as competências necessárias adequadas para que um estudante ingresse na área de Ciências Exatas. Essas deficiências têm se refletido no ensino superior, principalmente nas disciplinas de formação básica das ciências exatas, [...]” (p. 2)

“O departamento de Matemática do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da UDESC, diante de um cenário pré-existente de grandes lacunas de aprendizagem em Matemática Básica dos alunos dos cursos de Engenharia, Ciência da Computação, Tecnologia em Sistemas de Informação e Licenciatura em Física, implantou a disciplina de Matemática Básica na matriz curricular do curso de Licenciatura em Matemática visando suprir tais lacunas no aprendizado do aluno.” (p. 2)

“Pesquisas apontam que os erros ocorridos em Cálculo Diferencial e Integral são geralmente provenientes da deficiência da Matemática Básica. Em Cálculo Diferencial e Integral, temos notado que os maiores problemas não são relacionados diretamente com a aprendizagem das técnicas de cálculo de limites, derivadas ou integrais. Os erros mais frequentes são aqueles ligados a conteúdos de Ensino Fundamental ou Médio, especialmente os que envolvem simplificações de frações algébricas, produtos notáveis, resoluções de equações,

conceito de função e esboço de gráficos (Cury, 2009, p.226).” (p. 4)

“[...] a disciplina de Matemática Básica compreende os seguintes assuntos: Conjuntos Numéricos, Expressões Algébricas, Relações e Funções (1º e 2º graus, exponencial, logarítmica, hiperbólicas e trigonométricas). A parte da geometria plana e espacial é contemplada por uma disciplina específica para tal fim, também oferecida na primeira fase. A Matemática Básica é uma disciplina obrigatória que contempla 4 créditos semanais e a metodologia utilizada intercala aulas teóricas para aprofundamento dos conceitos e aulas práticas com uso de ferramentas tecnológicas para a compreensão dos conceitos e resoluções de exercícios.” (p. 4)

“Observamos uma grande dificuldade em relação à aprendizagem e consequentemente um número considerável de reprovações e, embora esta disciplina tenha um caráter de revisão e aprofundamento dos conceitos fundamentais, para muitos alunos tem representado o primeiro contato com estes conceitos. Outro fator que tem influenciado no elevado número de reprovações na disciplina é a percepção errônea, de muitos alunos, de que apenas a presença em sala de aula é suficiente para garantir a aprendizagem.” (p. 5)

14 Proposta de Apoio à Aprendizagem dos Alunos de Cálculo Diferencial e

Integral I RE102010

“Pesquisas realizadas com alunos dos semestres iniciais de cursos superiores da área de Ciências Exatas, especialmente de Engenharia, mostram que as disciplinas matemáticas envolvem algumas dificuldades, relacionadas tanto aos conteúdos

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quanto às habilidades necessárias para a sua aprendizagem, tais como abstração, generalização, formulação de hipóteses e deduções.” (p. 1)

“A situação vem se agravando nos últimos anos face às dificuldades de aprendizagem de Matemática no Ensino Fundamental e Médio, evidenciadas pelos resultados das avaliações sob a coordenação do INEP, tais como as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA).” (p. 2)

“Araújo e Moreira (2005), ao relatarem experiências com a monitoria de Cálculo, justificam sua necessidade pelo fato de que os alunos chegam à Universidade sem terem desenvolvido, na Educação Básica, as habilidades de interpretar a linguagem matemática, abstrair, generalizar, explorar problemas.” (p. 2) P1

“Uma das maiores preocupações dos docentes de Cálculo Diferencial e Integral I é com a forma de apresentar os conceitos básicos dessa disciplina para oportunizar aos alunos uma compreensão desses tópicos, a partir de conhecimentos adquiridos nos níveis anteriores de escolaridade. Acreditam que partindo dos erros cometidos em resoluções de questões de disciplinas matemáticas, pode-se construir um conhecimento mais sólido, questionando o aluno sobre suas dificuldades e oferecendo possibilidades de reverter o quadro que se apresenta quando do ingresso desse estudante nos cursos da área de Exatas. Cury (2007), pesquisadora em análise de erros, defende a ideia que: A análise de erros é uma abordagem de pesquisa – com fundamentações teóricas variadas, objetivos distintos e participação de estudantes de todos os níveis de ensino nas amostras, mas também é uma metodologia de ensino, podendo ser empregada quando se detecta dificuldades na aprendizagem dos alunos e se quer explorá-las em sala de aula. (p. 91)” (p. 3)

“Analisar os erros deve ser uma das tarefas do cotidiano dos professores, pois ao analisar os erros apresentados por seus alunos nas questões sugeridas, encontram subsídios para buscar novas estratégias e atividades pedagógicas que possam ser utilizadas em suas salas de aula, e que auxiliem os estudantes a superar suas dificuldades.” (p. 3)

“Pochulu (2004) também aplicou um instrumento relativo a conhecimentos prévios de Matemática a alunos ingressantes na Universidade, entrevistando estudantes e professores e categorizando os erros. Como conclusão, este pesquisador considera que a correção sistemática dos erros não favorece sua eliminação e que os alunos devem participar ativamente do processo de superação de suas dificuldades. Ainda podemos citar o trabalho de Del Puerto e colaboradores (2006), que empregaram um teste em alunos de final do Ensino Médio e início de cursos universitários.” (p. 3) Fonte: Anais do X ENEM