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LITERATURA ISLÂMICA MEDIEVAL

Literatura Árabe Medieval

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Literatura Árabe Medieval

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Page 1: Literatura Árabe Medieval

LITERATURA ISLÂMICA MEDIEVAL

Page 2: Literatura Árabe Medieval

POESIA ÁRABE PRÉ-ISLÂMICA

Os Mualaqat e a Kaaba

A Jahylyiah (ignorância)

A longa tradição poética A travessia do deserto Os acampamentos As guerras A beleza e vigor dos cavalos árabes

Não são líricos porque não há subjetividade exprimindo um estado de espírito, nem são épicos porque não há narrativa.

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Imru Al Qais Bin Hujr Al Kindi (séc. VI ec)

"avança, retrocede, arranca e recua num mesmo ato" “Mikarrin, mifarrin, muqbilin, mudbirin, ma'an!”

Da noite, qual mar revolto, soltam-se os véus sobre mim, trazendo angústias que põem à prova. Quando ela saltou como um corcel negro e tombou, exausta, sobre o próprio peito, bradei: Oh, noite longa, teus olhos não se abrirão na aurora? Manhãs melhores não surgirão de ti? Que noite és! Pois tuas estrelas parecem atadas, por fios bem trançados, ao Monte Yadhbul; como se as Plêiades fossem, por cordas de linho, suspensas de um mourão sobre a mudez dos penhascos.

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A RECITAÇÃO

الله رسول محمد الله إال إله ال lā ʾilāha ʾillā-llāh, muḥammadun rasūlu-llāh

NÃO HÁ DEUS SENÃO DEUS E MUHAMMAD É SEU PROFETA. “A SHAHADA”

A HISTÓRIA

MUHAMMAD, KHADIJA, ALLI, ABU BAKHR, AISHA, FATIMAH, AL-MIRAJ, MECA-MEDINA-MECA

A COMPOSIÇÃO DO LIVRO AS SURAS

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AL ‘IKHLASS"(A UNICIDADE)

Revelada em Makka; 4 versículos.

112ª SURATA

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Dize: Ele é Deus,(1940) o Único(1941)! Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele(1942)!

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"AL LÁIL" (A NOITE)

Revelada em Makka; 21 versículos.

92ª SURATA

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Pela noite, quando cobre (a luz),(1887) Pelo dia, quando resplandece, Por Quem criou o masculino e o feminino,(1888) Que os vossos esforços são diferentes (quanto às metas a atingir). Porém, àquele que dá (em caridade e é temente a Deus, E crê no melhor, Facilitaremos o caminho do conforto. Porém, àquele que mesquinhar e se considerar suficiente, E negar o melhor, Facilitaremos o caminho da adversidade.

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E de nada lhe valerão os seus bens, quando ele cair no abismo. Sabei que a Nós incumbe(1889) a orientação, Assim como também são Nossos o fim e o começo. Por isso, vos tenho admoestado com o fogo voraz, Em que não entrará senão o mais desventurado, Que desmentir (a verdade) e desdenhar. Contudo, livrar-se-á dele o mais temente a Deus, Que aplica os seus bens, com o fito de purificá-los(1890), E não faz favores a ninguém com o fito de ser recompensado, Senão com o intuito de ver o Rosto do seu Senhor, o Altíssimo; A logo alcançará (completa) satisfação.

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A EXPANSÃO DO IMPÉRIO

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AS HADDITH

MUHAMMAD IBIN ISHAK IBIN YASAR (704-767)

NETO DE UM ESCRAVO LIBERTO APÓS SE CONVERTER AO ISLAM

CAMINHO DO PROFETA DE DEUS

A VIDA DO MAIOR DE TODOS OS HOMENS, UM GUIA ÉTICO, RELIGIOSO, HISTÓRICO E JURÍDICO

A HISTÓRIA DA COMUNIDADE, DO SURGIMENTO DO ISLÃ

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Abdullah Ibn Omar , relatou que o Profeta disse: O Islam foi erguido sobre cinco pilares. È prestarmos testemunho de que não existe outra divindade além de Deus, e de que Mohammad È o Seu Mensageiro; o cumprimento das orações; o pagamento do zakat; a peregrinação à Casa de Deus; e a observância do jejum no mês de Ramadan.

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Abu Abdullāh Muhammad Ibn Ismā`īl al-Bukhārī (810-870ec)

98 LIVROS COM MAIS DE 5.600 HADITH AS CONDIÇÕES PARA UMA HADITH TER CRÉDITO

SÃO: 1- TODOS OS NARRADORES DEVEM SER “JUSTOS” 2- TODOS OS NARRADORES DA CADEIA DEVEM TER

BOA MEMÓRIA, ATESTADA POR OUTROS. 3- NÃO DEVE FALTAR NENHUM ELO DA CORRENTE 4- TODOS OS ELOS DA CORRENTE DEVEM TER SE

ENCONTRADO 4- A HADITH NÃO PODE CONTRADIZER UMA MAIS

PRÓXIMA DO PROFETA, NEM O CORÃO SAGRADO

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Narrou ‘Aisha:

O princípio da Inspiração Divina ao Apóstolo de Allah foi em forma de sonhos de boa virtude durante seu sono. Ele nunca teve um sonho, mas esse se tornou real como a luz do dia. Ele costumava sair em reclusão (na caverna de) Hira onde adorava (Allah apenas) continuamente por muitas (dias e) noites. Ele costumava levar consigo o alimento para essa empreitada e, então, retornava para (sua esposa) Khadija para, igualmente, pegar mais comida para outro período de estada, até que, repentinamente, a Verdade desceu sobre ele enquanto estava na caverna de Hira. O anjo veio a ele e na caverna e pediu-lhe que lesse. O Profeta respondeu, “Eu não sei ler.” (O Profeta adicionou), “O anjo me pegou (a força) e me apertou tão forte que eu não pude mais agüentar. Então ele me soltou e novamente me pediu que lesse, e eu respondi, “eu não sei ler”, ao que ele me pegou novamente e me apertou uma segunda vez até que não pude mais respirar. Então me soltou de novo e me pediu outra vez para ler, mas eu respondi, “Eu não sei como ler (ou, o que devo ler?).” Nisso me pegou pela terceira vez e me apertou, e me soltou e disse, “Leia: Em Nome do Senhor, Que criou (tudo o que existe). Que criou o homem de um coágulo. Leia, e seu Senhor é o Mais Generoso...” (96:15)

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Então o Apóstolo de Allah retornou com a Inspiração, os músculos de seu pescoço se contraindo pelo terror até que encontrou Khadija e disse, “Me cubra! Me cubra!” Ela o cobriu até que seu medo passou e, então, ele disse, “Ó, Khadija, o que há de errado comigo?” Então ele contou-lhe tudo o que aconteceu e disse, “temo que algo possa acontecer comigo.” Khadija disse, “Nunca! Mas tende as boas nvas de Allah, Allah nunca te desgraçará porque você tem bom relacionamento com sua Kith e kin, fala a verdade, ajuda os pobres e destituídos, serve seu hóspede com generosiddade e ajuda o faminto, os aflitos.” Então Khadija o acompanhou a (o primo dela) Waraqa bin Naufal bin Asad bin ‘Abdul ‘Uzza bin Qusai. Waraqa era o filho de seu tio paterno, i.e., o irmão de seu pai, que durante o Período Pré-Islâmico se tornou Cristão e que costumava escrever em Árabe os Evangelhos conforme Allah desejava que ele escrevesse. Ele era um homem velho e já havia perdido sua visão. Khadija disse-lhe, “Ó, meu primo! Ouça a história de seu sobrinho.” Waraqa perguntou, “Ó, meu sobrinho! O que você viu?” O Profeta descreveu tudo o que viu.

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Waraqa disse, “Esse é o mesmo Namus (i.e. Gabriel, o Anjo que guarda os segredos) que Allah enviou a Moisés. Eu gostaria de ser jovem e poder viver no tempo em que seu povo te rejeitará.” O Apóstolo de Allah perguntou, “Eles me rejeitarão?” Waraqa respondeu afirmativamente e disse: “Nunca um homem veio com algo similar ao que você está trazendo que não tenha sido tratado com hostilidade. Se eu pudesse viver até o dia em que você fosse rejeitado, então eu se apoiaria fortemente.”Mas, após poucos dias, Waraqa morreu e a Divina Inspiração também pausou por um tempo e o Profeta ficou tão triste que ouvimos que ele tentou diversas vezes se lançar do alto das montanhas e cada vez que ele subia uma montanha para se jogar, Gabriel aparecia para ele e dizia, “Ó, Mohamed! Você realmente é um Apóstolo de Allah em verdade”, e isso deixava seu coração aquietado e ele se acalmava e retornava para casa. E, quando o período da vinda da inspiração começou a se tornar longo, ele fez como antes, mas quando ia ao topo de uma montanha, Gabriel aparecia diante dele e dizia o que já havia dito antes.

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HODJA NASRUDIN (1208-1284)

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Depois de uma longa viagem, Nasrudin deu de cara com a turbulenta multidão de Bagdá. Nunca havia visto um lugar tão grande e confundiam-lhe a cabeça todas aquelas pessoas amontoadas pelas ruas.

- Num lugar assim - refletia Nasrudin, - fico imaginando como é que as pessoas fazem para não se perderem de si mesmas, para saberem quem são"

Então pensou: - devo recordar-me bem de mim, caso contrário poderia perder-me de mim mesmo.

Mais que depressa procurou um alojamento para viajantes. Um sujeito brincalhão estava numa cama próxima daquela que Nasrudin ia ocupar. Nasrudin pensou em fazer a sesta, mas tinha um problema: como encontrar novamente a si mesmo ao acordar. Falou do problema ao vizinho.

- Muito simples - disse o brincalhão - aqui tens um balão; basta amarrá-lo na sua perna e ir dormir; quando acordar, procure o homem com o balão e esse homem é você.

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Nasrudin disse: - Excelente idéia!. Algumas horas depois Nasrudin acordou e procurou o balão e achou-o

amarrado na perna do vizinho brincalhão.

- É, esse aí sou eu - pensou. Então, apavorado começou a sacudir o sujeito:

- Acorda! Algo aconteceu do jeito que imaginei que aconteceria! Sua idéia não foi boa!

O homem acordou e perguntou qual era o problema.

Nasrudin apontou-lhe o balão:

- Pelo balão, posso dizer que você sou eu. Mas se você sou eu, pelo amor de Deus, quem sou eu?"

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Um místico deteve Nasrudin na rua e apontou para o céu, querendo dizer: -“Existe apenas uma verdade, que tudo cobre”. Dessa vez, Nasrudin vinha acompanhado de um erudito que andava procurando

o fundamento lógico do sufismo. O homem disse para si mesmo: - “Este homem está louco. Nasrudin deve tomar precauções e fazer alguma

coisa contra ele”. Efetivamente, o Mulla revistou a mochila e dela tirou um pedaço de corda. O erudito pensou: - “Excelente! Poderemos agarrar o louco e amarrá-lo, caso ele se torne

violento”. O “louco”, olhando a corda, riu e saiu andando. — "Muito bem feito" — disse o erudito; — "você nos salvou dele." -"Na verdade, meu gesto apenas significou", disse Nasrudin: - “A humanidade comum tenta alcançar esse ‘céu’ por métodos tão inadequados

quanto esta corda”. E acrescentou: -"Parece que ele entendeu.

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O mulla Nasrudin estava caminhando nas margens de uma lagoa quando escorregou. Estando prestes a cair dentro da lagoa, um amigo que estava passando o segurou pelo braço e o salvou de um bom banho não desejado.

Com muita frequência Nasrudin e o amigo se encontravam. Em todas as vezes que isso acontecia o homem lembrava a Nasrudin como não o deixara molhar-se.

Finalmente, incapaz de suportar aquilo por mais tempo, o mulla levou o amigo à lagoa, saltou para dentro dela, onde ficou com água até o pescoço, e gritou:

— "Agora estou tão molhado quanto estaria se não o tivesse encontrado naquele dia! Quer deixar-me em paz de uma vez por todas?"

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Mulla Nasrudin trabalhava como maquinista dirigindo uma balsa. Um dia, um padre estava atravessando para a outra margem. Exatamente na metade do caminho, perguntou a Nasrudin:

- Você chegou a aprender alguma coisa, Nasrudin? O outro respondeu: - Sou ignorante, não sei nada - nunca estive numa

escola. O padre disse: - Então metade da sua vida foi praticamente

desperdiçada, pois o que é um homem sem instrução? Nasrudin não disse nada. Veio então uma tempestade e a balsa

começou a afundar. Ele disse: - Oh, grande pândita, você aprendeu a nadar? O homem disse: - Não, nunca. Eu não sei nadar. Mulla disse - Então toda a sua vida foi desperdiçada, pois eu já estou

indo!

Page 21: Literatura Árabe Medieval

Um rei baixou uma lei proibindo que se mentisse em seu reino. Quando se abriram as portas da cidade, na manhã seguinte, uma forca se erguia diante delas, controlada pelo capitão da guarda real. Um arauto anunciou:

- Quem quiser entrar na cidade terá de responder primeiro com verdade à pergunta que lhe será formulada pelo capitão da guarda.

Nasrudin, que estava esperando do lado de fora, foi o primeiro a dar um passo à frente.

O capitão dirigiu-se a ele: - Aonde vai? Diga a verdade; a alternativa é a morte por enforcamento. - Vou - replicou Nasrudin - ser enforcado naquela forca. - Não acredito em você! - Pois, muito bem. Se eu disse uma mentira, enforque-me! - Mas isso faria dela a verdade! - Exatamente - confirmou Nasrudin -, a sua verdade.

Page 22: Literatura Árabe Medieval

O SUFISMO

A manifestação mística do Islã A poética do amado e da amada A união mística com o amado A ausência do amado O encontro secreto dos amantes A linguagem e a forma líricas do Ghazal As imagens recorrentes

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JALAL-UDIN-RUMI (1207-1273)

Em êxtase estamos. Embriagados sim, mas de um vinho que não se colhe na videira; O que quer que pensem de nós em nada parecerá com o que somos. Giramos e giramos em êxtase.

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Os Chineses diziam: “Somos melhores artistas”. Os Bizantinos replicavam:

“É a nós que pertencem o poder e a perfeição”. Colocarei a prova esta querela – disse o sultão. (...)E concedeu a cada

um, um quarto defronte ao outro. Os chineses pediram ao rei que lhes desse cem cores. O rei abriu seu tesouro a fim de que eles recebessem o que desejassem. A cada

manhã, por sua liberalidade, as cores eram dispensadas aos Chineses. Os Bizantinos disseram: “Nenhuma tinta ou cor convém ao nosso trabalho, não é preciso nada mais que retirar a ferrugem”. Fecharam a porta e puseram-se a polir: os muros tornaram-se claros como o céu (...). Quando os chineses terminaram seus trabalhos, soaram tambores de alegria. O rei entra e vê as pinturas: esta visão, quando ele a percebeu,

arrebatou seu espírito.

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Em seguida, ele vai aos Bizantinos: eles retiram o véu que os separava. O reflexo das pinturas dos Chineses vem tocar os muros que haviam sido purificados de toda mancha. Tudo o que o sultão havia visto na sala dos Chineses parecia mais esplêndido aqui. Os Bizantinos, Ó pai, são os sufis. E eles são sem estudos, livros ou erudição, mas poliram seus peitos e foram purificados dos desejos da cupidez, da avareza e do ódio. Esta pureza do espelho é, sem dú- vida, o coração que recebe incontáveis imagens.

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Na sua sombra – Rûmî Um dia, um homem chegou diante de uma árvore. Viu folhas, ramos, frutos estranhos. A cada um perguntou o que eram essas árvores e esses

frutos. Nenhum jardineiro o compreendeu, nem sabia o nome da árvore, nem lhe pôde indicar o que ela poderia ser. O homem disse a si mesmo: Se não posso compreender que árvore é essa, contudo sei que, depois que deitei meu olhar sobre ela, meu coração e minha alma se tornaram frescos e verdes. Vou então me colocar a sua sombra.

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A hora da união Cada nascer do sol oram junto muçulmanos, cristãos, judeus. Abençoado todo aquele em cujo coração ressoa o grito celeste que chama: Vem Limpa bem teus ouvidos e recebe nítida essa voz - o som do céu chega como um sussurro. Não manches teus olhos com a face dos homens - vê que chega o imperador da vida eterna. Se se turvaram os olhos, lava-os com lágrimas, pois nelas encontrarás a cura de teus males.

Acaba de chegar do Egito uma caravana de açúcar - já se ouvem os sinos e os passos

cansados Silêncio! Eis que chega o Rei para completar o poema.

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O Amado não partiu – Rûmî “Vós que saístes a peregrinar! voltai, voltai, que o Amado não partiu! O Amado é vosso vizinho de porta, por que vagar no deserto da Arábia? Olhai o rosto sem rosto do Amado, peregrinos sereis, casa e Kaaba. De casa em casa buscastes resposta. Mas não ousaste subir ao telhado. Onde as flores, se vistes o jardim? A pérola, além do mar de Deus? Que descobristes em vossa fadiga? O véu apenas, mas vós sois o véu. Se desejas chegar à casa do alma, buscai no espelho o rosto mais singelo”

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Amor que dá vida – Rûmî“O amor eleva aos céus nossos corpos terrenos,E faz até os montes dançarem de alegria!Ó amante, foi o amor que deu vida ao Monte Sinai,Quando ´o monte estremeceu e Moisés perdeu os sentidos`.Se meu Amado apenas me tocasse com seus lábios,Também eu, como a flauta, romperia em melodias”.

E esqueceu-se de partir (Rûmî)Teu amor chegou a meu coração e partiu feliz.Depois retornou e se envolveu com o hábito do amor,Mas retirou-se novamente.Timidamente, eu lhe disse: “Permanece dois ou três dias!”Então veio, assentou-se junto a mim e esqueceu-se de partir.

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Teu rosto – Rûmî “Sou artista, pintor, desenho imagens, nenhuma se compara a Teu fulgor. Sei criar mil fantasmas, dar-lhes vida, mas se vejo Teu rosto, dou-lhes fogo. Serves Teu vinho ao ébrio na taberna e abates toda casa que construo. Nossa alma em Ti se dissolve: água na água, no vinho: sinto o Teu perfume. Cada gota de meu sangue te implora: ´Faz-me Teu par e dá-me tua cor.` Sofre minha alma na casa de argila: ´Entra, Amado, senão hei de partir!`”

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Aberto a todas as formas Meu coração está aberto a todas as formas: é uma pastagem para as gazelas, e um claustro para os monges cristãos, um templo para os ídolos, A Caaba do peregrino, As Tábuas da Torá, e o livro do Corão. Professo a religião do amor, em qualquer direção que avencem Seus camelos; a religião do Amor será minha religião e minha fé.

Page 32: Literatura Árabe Medieval

Oh amigo, você não vê? Sua face está brilhando com luz. O mundo inteiro se embriagaria Com o amor encontrado em seu coração. Não corra para lá ou para cá Buscando ao redor de você – Ele está em você. Existe algum lugar onde o sol não brilha? Existe alguém que não pode ver a lua cheia? Véu sobre véu, pensamento sobre pensamento – Deixe-os todos irem, Pois eles apenas ocultam a verdade. Uma vez que você vê a glória De sua face semelhante à lua, Que desculpas você teria Para a dor e a tristeza?

Page 33: Literatura Árabe Medieval

Qualquer coração sem seu amor - Mesmo o coração de um rei – É um caixão para cadáveres. Todos podem ver a Deus Com seu próprio coração – Todos os que não estão mortos. Todos podem beber Das águas da vida E conquistar a morte para sempre. O véu da ignorância Cobre a lua e o sol; Ele até faz o amor pensar, ‘Eu não sou divino.’ Oh Shams, Luz Fulgurante de Tabriz, Existem ainda, alguns segredos teus Que nem eu posso contar.

Em sua luz Eu aprendi a amar. Em sua beleza Aprendi a fazer poemas. Você dança dentro do meu peito Onde ninguém o vê Mas às vezes, eu o vejo E esta visão É toda a minha arte.