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tradição oral Eloí Elisabete Bocheco Batata cozida, mingau de cará

Literatura - Tradição Oral - Batata Cozida, Mingau de Cará

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tradição oral

Eloí Elisabete Bocheco

A seleção de poemas Batata co-zida, mingau de cará está vinculada ao repertório folclórico nacional. São textos criados a partir da tradi-ção oral em suas variadas formas: contos, mitos, lendas, causos, pro-vérbios, parlendas, quadrinhas, tra-va-línguas, cantigas e brincadeiras de roda e cantos de trabalho, entre outros representantes desse rico ma nancial criado pelo povo. O livro é resultado da experiência da auto-ra com o repertório oral, iniciada na infância, passada ao lado de gran-des contadores de histórias e decla-madores, entre eles seus pais.

O processo de pesquisa e criação é resultado da escavação da memória da escritora, que puxando fi o por fi o, invocando ritmos e toando emoções construiu textos a partir da herança popular adquirida durante toda a vida. Auxiliaram-na nesse trabalho os livros de Câmara Cascudo e as pesquisas de Saul Martins, Guilher-me Santos Neves, Noé Mendes de Oliveira e Leda Tâmega Ribeiro.

A farinha tá no fogomas não é para tostarO botão parou na portamas não é para entrar.

O martelo dá cabeçadasmas não é por quererO monjolo sobe e descemas não é para te ver.

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COLEÇÃO LITERATURA PARA TODOStrad

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Eloí Elisabete Bocheco nasceu em 1955 em Campos Novos – SC. Formada em Le tras e com pós-gra-duação em Alfabetização, é profes-sora de língua e literatura. Iniciou na literatura em 1998, com o livro Uni... Duni... Téia, vencedor do Prêmio Boi-de-mamão, da Câmara Catari-nense do Livro.

Tem oito obras publicadas, vol-tadas para o público infanto-juvenil, como Beatriz em trânsito, vencedo-ra do Prêmio Mário Quintana e sele-cionada para o catálogo ofi cial da Biblioteca Internacional da Juventu-de de Munique, Alemanha, e para o Catálogo de Bolonha – Feira del Li-bro per Ragazzi, na Itália.

Batata cozida,mingau

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Foto

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Batata cozida, mingau de cará

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I Concurso Literatura para Todos

Consultora PedagógicaIra Maciel

Comissão de Pré-seleção das ObrasCristiane CostaHeitor Ferraz MelloJúlio César Valladão DinizMaria da Luz Pinheiro de Cristo

Comissão JulgadoraAntônio TorresHeloisa JahnJane PaivaLígia CademartoriMagda SoaresMarcelino FreireMilton Hatoum Moacyr ScliarRubens Figueiredo

Ministério da Educação

Esplanada dos MinistériosBloco L – 7º andar – Sala [email protected]

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Batata cozida, mingau de cará

Eloí Elisabete Bocheco

tradição oral

1a Edição

Brasília – 2006

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Ano 2006

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, grava-ção ou quaisquer outros sem autorização prévia por escrito do Ministério da Educação ou da autora.

Título original: Batata cozida, mingau de caráAutora: Eloí Elisabete Bocheco

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Bocheco, Eloí Elisabete. Batata cozida, mingau de cará / Eloí Elisabete Bocheco. – Brasília : Ministério da Educação, 2006.

80 p. : il. ; 18 cm. -- (Coleção literatura para todos ; v. 8)

ISBN: 85-296-0050-9

1. Literatura popular. 2. Literatura brasileira. I. Título.

CDD 398.20981 CDU 821.134.3(81)-91

B664

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Índice

Apresentação 10Prefácio 12Trovinhas 15Vaca malhada 19Que fazes? 20Janeiro 21A cutia 23Tangolomango 24Pisa-pilão 26Vou 28Quebra o coco 29Um jogo 31Lenços 32Tem 33Dizeres rimados 34Ou... Ou 36Desejo 37Beija-flor 39Olha! 40Preguiça 41Caçarola 42Ciganinha 43Recados 44

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Marinheiro 47Outra ostra 48Já 49Mulinha 50Encontrei 51Mas não é 52Joguinho 53Esta noite 55Sarapico 56Sal 57

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Eu também 58O rato tá em casa? 59Vamos? 60Quem vem lá? 61Jardineiro 63Serenata 64Cavalo marinho 66Lava-lava 69Trem de tróia 70Entrevista com a autora 72

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Carta ao leitor

Caras leitoras e caros leitores,É com enorme satisfação que apresento a

Coleção Literatura para Todos, pensada e es-crita especificamente para vocês, alunos e alunas do Programa Brasil Alfabetizado e alunos e alunas que estão dando continuida-de a seus estudos nas salas de aula de educa-ção de jovens e adultos.

Esta coleção, composta por dez livros – po-esia, conto, novela, crônica, tradição oral, bio-grafia e peça teatral –, é fruto de um concurso nacional lançado em 2005 pelo Ministério da Educação. As obras foram escolhidas entre os mais de dois mil textos submetidos à comissão julgadora. Muitas pessoas foram envolvidas no processo de criação, o que representou um verdadeiro mutirão, um esforço coletivo. Mas quais os motivos que levaram o Ministério a realizar o Concurso Literatura para Todos e agora lançar a Coleção Literatura para Todos?

A primeira resposta é dada pelo próprio título do concurso e da coleção – Literatura para Todos. O Ministério acredita que o aces-so ao livro e à leitura é um direito de todos. Nós todos temos o direito de ler e ter acesso a

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livros da mesma forma que a Constituição Fe-deral nos garante o direito à educação. Por isso, em 2003, o governo criou o Programa Brasil Alfabetizado, para garantir, aos jovens e adultos que nunca tiveram esse direito, a oportunidade de aprender a ler, escrever e fa-zer as operações matemáticas básicas.

Acima de tudo, o Ministério foi motivado por acreditar que o acesso ao livro e a criação do hábito de leitura são essenciais para forta-lecer a nossa cidadania e também como alicer-ce para outras aprendizagens. A leitura nos permite entender melhor o mundo a nossa vol-ta e conhecer melhor também quem somos nós. Por meio da leitura, ganhamos acesso a outras informações e novos conhecimentos.

A Coleção Literatura para Todos visa, as-sim, oferecer um conjunto de livros, produzi-do com muito carinho e zelo, que proporcio-nará a vocês leitores um grande prazer – o prazer de ler, de viajar, de criar e de fazer par-te de uma nova comunidade: a de leitores. Pelo menos, é assim que esperamos. Brasil, país de todos – Brasil, comunidade de leitores!

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade

Ministério da Educação

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Prefácio

Há milhares de anos, ainda antes de sabe-rem escrever, os homens se reuniam em volta da fogueira e contavam histórias. Eram rela-tos sobre o que acontecia com eles ou com os animais em suas aventuras do dia-a-dia. Sem-pre tinha alguém para contar algo e alguém para ouvir com atenção. E aqueles que ouviam sempre acrescentavam uma coisa aqui e outra acolá. Como já diziam antigamente: quem conta um conto, aumenta um ponto.

Com o passar do tempo, os homens apren-deram a escrever e passaram a registrar as histórias que contavam ou ouviam, por meio de tabuletas de barro, pergaminhos, papiros e, posteriormente, papel.

O homem sempre gostou de contar suas histórias, seja em prosa, seja em verso, nas fei-ras, mercados, festas de ruas ou das casas. Eles continuam contando histórias que ouvi-ram dos pais, nas varandas das casas e nos meios-fios das calçadas. Como fazia seu Abso-lon, em noites quentes e tardes chuvosas, na varanda da minha infância, em Cruzeiro do

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Sul, na beira do rio Juruá, no Acre, onde co-meça o Brasil, conforme dizia a minha avó.

São os contadores de histórias e declama-dores que passam para as crianças e jovens as diversas expressões da tradição oral. Há ou-tros que recolhem as histórias que ouviram e as recontam em livros, como faz a escritora catarinense Eloí neste delicioso Batata cozida, mingau de cará.

O ótimo Marinheiro nos faz lembrar de histórias e músicas já ouvidas. No último ver-so, Eloí nos remete a Fernando Pessoa, um grande poeta da língua portuguesa, que es-creveu em um poema: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.

Leia e se delicie.

Tancredo Maia Filho

Coordenador técnico

I Concurso de Literatura para Todos

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Trovinhas

Batata cozida, mingau de caráMoça bonita que vem do ParáParem de cantar, parem de pularAbram a roda que ela vai passar.

Olha a vespa dentro da cestaOlha a cesta com a vespa dentroA vespa fazendo casae a casa secando ao vento.

Eu não tenho eira nem beiraNem sequer algum parenteSou filho de uma colinaNeto do sol poente.

Marmeleiro, penda o galhoQue eu quero colher marmeloMarmeleiro, o que é que eu façopara encontrar o amor que eu quero?

Lá atrás daquele morrotem um pé de abacateiroQuem quiser casar comigoapareça no terreiro.

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Lá do céu caiu um cravoem cima do meu telhadoSe não casar com vocênão vivo mais sossegado.

Meu boi nasceu de manhãDe manhã mesmo falouÀs dez horas assinou o nomee em seguida soletrou.

Cavaleiro da porteiraNão passe sem se benzerAqui tem assombraçãoNão deve pagar pra ver.

A menina da janela é uma flor de macieiraQuando anda se requebraQuando se requebra cheira.

Você diz que sabe sabePassarinho sabe maisPassarinho sabe a faltaque o seu amor me faz.

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Eu plantei o figo verdeNinguém ajudou plantarDepois do figo maduroTodos queriam provar.

Pus-me a contar grão de areiacom a ponta do meu dedalComecei de madrugadae nunca mais vou acabar.

De manhã penso em vocêDe tarde penso tambémDe noite fico a pensarnesse fogo que amor tem.

Se eu soubesse bordar na águacomo bordo no algodãoBordava um barquinho a velaindo em tua direção.

Um saco cheio de espinhosé uma coisa tiriricaSe bota na cabeça cutuca,se bota nas costas pinica.

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Quebra quebra gabirobaCome a sopa pela bordaPena verde já se foiSonho meu roeu a corda.

Com a ponta da minha agulhaCom o fundo do meu dedalCosturo as pontas da vidapra saudade não me achar.

Todo cravo tem perfumeToda roseira tem graçaNem todo amor perduraToda paixão vem e passa.

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Vaca malhada

Vaca malhada dá leite azedopra quem mexer o dedoDá leite pasteurizadopra quem olhar pro ladoDá leite ardidopra quem ficar perdidoDá leite friopra quem der um pioDá leite vencidopra quem estiver distraídoDá leite finopra quem tocar o sino.

Eu que não sou daquie não tenho amor,marinheiro sou,peço água e vou-me emborapra São Salvador!

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Que fazes?

– Minha vela de sete dias, que fazes no corredor?– Tô esperando o santo que vem no andor.

– Minha bacia de louça, que fazes no rebolo?– Tô esperando o trigo que tá no monjolo.

– Minha sombrinha encarnada, que fazes no horizonte?– Tô esperando a chuva cair na ponte.

– Meu jarro esmaltado, que fazes no armário?– Tô esperando o dia do teu aniversário.

– Minha peneira de taquara, que fazes no lajeado?– Tô esperando Maria pescar dourado.

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Janeiro

Janeiro vaiJaneiro vemPingente celestevou dar ao meu bem.

Janeiro iaJaneiro vinhaPanela no fogoPirão de farinha.

Janeiro vemJaneiro vaiO galo cantae a casa cai.

Janeiro saiJaneiro entraNum dia chegae no outro senta.

Janeiro vemJaneiro passaFogo de palhaNuvem de fumaça.

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A cutia

A cutia diz que viuum fantasma prateadoÉ mentira da cutiaEla tá é assustada.

A cutia diz que trazmuita linha do horizonteÉ mentira da cutiaEla traz é só barbante.

A cutia diz que comenum prato de arco-írisÉ mentira da cutiaEla come é num pires.

A cutia diz que temum castelo de turmalinaÉ mentira da cutiaO castelo é de neblina.

A cutia diz que temum pente de marfimÉ verdade da cutiaEla até emprestou pra mim!

Ah, ah, oh, oh, ela até emprestou pra mim!

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Tangolomango

Eram oito formiguinhasmorando num tageteDeu tangolomango numae das oito ficaram sete.

Das sete que restaramUma se afogou no orvalhoOutra partiu com um bem-te-vie ficaram cinco que eu vi.

Dessas cinco que restaramUma tropeçou num patoe das cinco ficaram quatro.

Das quatro que ficaramUma foi imitar o cabrito montêsQuebrou o pescoço, meu bem,e das quatro ficaram três.

Destas três que restaramUma foi passear na luaDeu o tangolomango nelae eis que ficaram duas.

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Destas duas que ficaram Uma resvalou na espuma e restou apenas uma.

Esta uma que ficou foi jogar paciênciaDeu tangolomango nelae acabou-se a descendência.

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Pisa-pilão

Paçoca de pinhãoPisa pilão!

Pinheiro, dai-me outra pinha,que esta aqui tá falhadaMenina, traz mais farinha,que a paçoca tá grudada.

Peneira a paçocaPisa pilão!Peneira e socaPisa pilão!

O tempero da paçocafoi o velho Brás que ensinouBotei as ervas-de-cheiroMas o ponto do sal caducou.

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Não se afoga com a paçocaPisa pilão!Passa pra cá a peneira da paçocaPisa pilão!Peneira e socaPisa pilão!

Tava na peneiraTava peneirandoTava no namoroTava namorandoOi, pisa pilão!

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Vou

Vou à ladeiracom as mãos para trásTrançar peneiraColher o ananás.

Vou à romariacom as mãos para cimaPedir providências para mudar minha sina.

Vou ao engenhocom as mãos para baixoComer o meladoque ficou no tacho.

Vou àquela serracom as mãos para o ladoPedir mais sortepara arrumar namorado.

Vou ao banhadocom as mãos quietasVer dorme-dormee açucenas abertas.

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Quebra o coco

Quebra o cocoSaracura tá cantandoQuebra o cocoChuvarada tá chegando.

Da mulher que quebra o cocoaté as pedras sabem:faz sabão, faz sabonete,faz renda pra estrela d alva.

Não derrube essa palmeiraque um tico-tico plantouÉ palmeira rainhaEstrela do céu quem coroou.

Quebra o cocoSaracura tá cantandoQuebra o cocoChuvarada tá chegando.

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Um jogo

– Que porta é esta?– É a do fim do mundo.– E quem está no começo?– Um gigante sem queixo.– Quem está no meio?– A mulher do espelho.– Quem chegou agora?– Quem estava fora.– Quem vem do lado esquerdo?– Não posso contar que é segredo.– Quem está atrás da neblina?– É uma coisa que não cabe nesta rima.– Que carruagem é aquela?– É a da Bela e a Fera.– Que fumaça é essa?– É da tua pressa.– Como se volta do fim do mundo?– Pelo buraco fundo.– E se o buraco não chegar?– Tenho cavalo alado para me buscar!

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Lenços

Lenço lilásbons presságios traz.

Lenço na cinturao amor perdura.

Lenço de pontasacerto de contas.

Lenço de cambraiaolhe e saia!

Lenço bordadoencontro marcado.

Lenço na lapelaserá longa a espera.

Lenço no aralguém vai chegar.

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Tem

No redemoinho tem saciNa mangueira tem bem-te-viAtrás do morro tem ingáNa mata fechada tem boitatá.

Na curva da estradatem um dia trás do outroNa quebrada da ladeiratem goiaba, e não é pouco!

Na mão direita tem uma roseiraque dá flor na primaveraque dá flor na primavera.

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Dizeres rimados

De cavalo dado não se olham os dentesCesteiro que faz um cesto faz um centoDe cobra não nasce passarinhoQuanto mais velho melhor o vinho.

Com a boca cheia d´água ninguém assopraO ponto do crochê se escolhe é na amostraCoroa não cura dor de cabeçaEm receita que deu certo, não mexa!

Água fria não escalda pirãoVaso novo não se guarda no porãoA colher é que sabe a quentura da panelaAcerto de contas é no apagar da vela.

Raio não cai em pau deitadoSó passa uma vez o cavalo encilhadoO amor louco dura poucoTerá jeito o pau que nasce torto?

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A aranha vive do que teceNo olho do dono é que o carneiro cresceCada um sabe onde o sapato apertaAté o santo desconfia quando é demais a oferta.

Hóspede de três dias dá aziaPombo escaldado tem medo de água friaCanudo que teve pimenta guarda o ardumeRede no gancho não pega cardume.

Em anos de boas espigas, guardaalgumas para o tempo de urtigasAmor sem beijo só no inferno vejoPão quente não se dá nem ao são nem ao doente.

Flauta doce não é trompeteEm fandango de galinha barata não se meteCavalo esperto não espanta a boiadaFogo de palha não faz goiabada.

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Ou... Ou

O macaco não quer banana?E o menino brincadeira?Ou o menino tá triste,ou a banana é de cera.

O passarinho não quer o figo?Laranja madura na beira da estrada?Ou o passarinho tá distraído,ou a laranja tá bichada.

O urso não fez conta do mel?E o avarento doou vintém?Ou o urso tá doente,ou era primeiro de abril, meu bem!

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Desejo

Eu sou passarinhoEu sou rouxinolEu quero fazer meu ninhona pedra do teu colarNo meio da madrugadapra poder te ver sonharCravo e canelaVento de manjericãoLua prateadano pezinho de limãoSereno de veludoSereno não quer cairSereno da madrugadadeixa meu amor dormir!

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Beija-flor

Beija-flor foi à serraAssuntouFoi à flor do manacáSe embriagou.

Foi à campinaBeijouFoi à mataSe enamorou.

Foi ao desertoPassouFoi à lua entrou.

Foi ao solO sol se apagouFoi ao rioO rio murmurou.

Veio me ver e contouEntrou no meu sonhoe ficou.

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Olha!

Meu chapéu tem bordadoe tem laçoOlha a pitanga no chão, sanhaço!

Meu lenço é bordado de ABCTenho cinco namorados,mas nenhum vem me ver.

A pedra do meu anelveio de uma estrela guiaOlha a amora no chão, cotovia!

Meu colar não é daquiÉ de JacarepaguáOlha a graviola no chão, sabiá!

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Preguiça

Preguiça não lava o umbigoE, se lava, não enxuga.

Preguiça não cozinha feijãoE, se cozinha, pede a alguémpra comer por ela.

Preguiça não faz caminhadasE, se faz, vai carregada.

Preguiça não compra livrosE, se compra, pede que o livrojá venha lido.

Preguiça sonha que o mundo acabeem almofadas macias para ela se recostare em baldes de sorvete de cremepara ela se arregalar.

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Caçarola

Eu tenho uma caçarolacom cem anos de idadeTá aqui o meu lençoque confirma a verdade.

No dia de santos reis,surpreendeu-me a caçarolaDeclarou-se aposentadaDiz que não frita,e não frita mais nada.

Não lhe tirei a razãoCaçarola centenáriafritou bolinhos de chuvapara várias gerações.

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Ciganinha

– Ó, Ciganinha,O que estás fazendo?– Botando babadosnuma saia de rendaVou me enfeitarVou me perfumarVou à festa namorarChegou um cavalheiro,muitíssimo alinhado Sentou-se ao meu ladoMe convidou pra dançarPisou-me na barra da saiaFoi-se a saia para o chão– Seu desajeitado,tenha mais educaçãoe deixe o salto no portão!

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Recados

Mandei recado pra moça dos três anéis:venha brincar comigo uma ciranda, se puder.

Nenhuma respostaNenhuma resposta.

Mandei recado pro adivinho de Abunã:por favor, venha me ver amanhã.

Nenhuma respostaNenhuma resposta.

Mandei um recado pra Baba Yaga:preciso de sua ajuda, senhora maga!

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Nenhuma respostaNenhuma resposta.

Mandei recado pro sábio de Arimatéia:sonhei sete noites com sete tigresMais sete com sete tourose outras sete com sete besouros. O que será?

Nenhuma respostaNenhuma resposta.

Bene bene buMandei os recadospelo rabo do tatu!

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Marinheiro

Marinheiro, ó marinheiro,onde está com o juízo?Veja bem, ó marinheiro,se não há perigo.Não bata na pedra,não encalhe na areiaNão vá te desviaralgum canto de sereiaMarinheiro, marinheiro,olha o balanço do marOuve o que diz a onda,que é preciso navegarTem o pulo da noiteTem o reflexo do luarTem a alga madrinhaTem sombras em alto-marVeja bem ó, marinheiro,onde está com o juízoe tome conta do perigo.

Quem te ensinou a nadar?Quem te ensinou a nadar?Foi, marinheiro,foi o peixinho do mar.

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Outra ostra

Era outra a ostrae não esta ostra.

Esta ostrafoi trocada.

Trocada a outra ostrapor esta ostra,troco esta ostrapela outra ostra.

É a outra ostrae não esta ostraque está com o brincoque eu ganhei do peixinho do marque me ensinou a nadar.

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Na ladeira temJá mandei buscarcesto de bordadoChapéu de sisalPisei na ondaA onda virouEstrela do mara lua prateouEspuma é de rendaGaivota se encantou.

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Mulinha

Lá vai a mulinhapra bem distanteCarregadinhade barbante.

Chegou a mulinhana feira da praçaVendeu barbanteComprou linhaça.

Lá vem a mulinha sem vintémDeixou tudono armazém.

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Encontrei

Encontrei Santa Luziacom uma orquídea azulPedi uma pétalae ela não quis darMas me deu um bauzinhoAh, meu São Sebastião,abra este bauzinhoque me deu Santa Luzia!Lá vai ela sumindo,na curva daquela estrela!Que será do xale delaQue era feito de cera?Me valham, meus santinhos,meu coração tá batendodentro do bauzinho!Me abençoe, São Gabriel,santo bem-humoradoalegria é sustentohoje e sempre e obrigado!

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Mas não é

A farinha tá no fogomas não é para tostar,O botão parou na portamas não é para entrar.

O martelo dá cabeçadasmas não é por querer,O monjolo sobe e descemas não é para te ver.

O piolho põe o pé na cabeçamas não é por prevenção,O vaga-lume escolhe o escuromas não é por precisão.

Meu burro morreumas não foi de pensar,A preguiça cansoumas não foi de trabalhar.

O olho do poço está cheio d´águamas não é de mágoa,A losna é amarga como felmas não é porque ela quer.

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Joguinho

Este diz que vai dormirEste diz que não tem ondeEste diz que vai na redeEste diz cadê a parede?Este diz que vai fazerEste diz que vai choverCapivara, mutum, paca, tatuFui na lata de biscoitoContei cinco e contei oito.

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Esta noite

Esta noite, esta noiteeu dormi longeEsqueci do meu amorDeu sereno, deu serenona distância e me cobriu de furta-corVeio o sol, veio o solde manhã cedoe o meu corpo incendiou.

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Sarapico

Sarapico, morricoQuem te deu tamanho pico?

Foi a deusa do espelhoSete sóisSete luasSete selos.

Sarapico, morricoNão vá o teu picocutucar as estrelasou ferir algumaabelha do céu.

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Sal

Sal temSal temosSal damosSal tá láSal gadoSal jáSal nãoSal ô mãoSal vôSal mão.

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Eu também

Eu fui buscar água lá ondeo Judas perdeu as botasEu tambémMe enrosquei num cipóEu tambémEntrei num caminho sem fimEu tambémSubi numa árvoreEu tambémCaí de maduroEu tambémDancei valsa com uma cobraEu não!!!

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O rato tá em casa?

– Não.– A que horas ele chega?– Às mesmas de ontem.– Que horas são?– Hora da onça beber água.– Que horas são?– Hora em que a porca torce o rabo.– Que horas são?– Hora da panela queimar o cabo.– Que horas são?– É hora da cobra fumar;uns pra cá, outros pra lá.– Quem é que o rato vai pegar?

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Vamos?

Vamos à campina, elfos gentis,colher a flor peregrina,ouvir o que a relva diz?

O araçáO mal-me-querA flor-de-lis.

São João prometeume dar uma moradaEntre lírios, açucenase rosas da madrugada.

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Quem vem lá?

– Ô de casa!Não tem fogo nem brasanem o dono da casa?– Ô de fora!Entre, por favor,sou cesteiro, ora pois!– Quero um cesto e uma cesta.– Vai fazer casamento dos dois?– Não, senhor Cesteiro:no cesto guardarei penas,na cesta levarei flores pra morenaQuero também uma peneira– Fina ou grossa?– Tão fina que possa atépeneirar neblinaFicarei, ainda com um balaio– Grande ou pequeno?– O maior que tiverpara aparar a sortequando ela vier.

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Jardineiro

Jardineiro,pode chegarpegue as sementesE comece a semear...

Bem na frente,ponha o alecrimPara espantar o mau-olhadodo jardim.

Na janela,quero a flor-de-lisQue seja branca,ou então cor-de-anis.

No lado esquerdo,quero a amoreiraVêm andorinhase pardaisa tarde inteira.

Perto da porta,ponha o guinépara dar muitasorte a quem vier.

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Serenata

Senhora dona da casa,abra a porta com finuraO sereno tá caindoOrvalhada é prata pura.

As moças desta casanão querem acordarNem ouvem a violaentretidas a sonhar.

Vem cá, essa menina,quero ler o teu destino:você vai morrer de velha e vai casar com seu primo.

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As fitas do teu chapéusão fitas muito fiteirasNão são verdes nem azuisNem tão pouco cor-de-cera.

Senhora dona da casa,traga licor de groselha,bolinhos de bênçãoe rosquinhas de canela.

Vamos dar a despedidacomo deu a saracuraUma perna na janelae outra lá em Singapura.

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Cavalo marinho

Cavalo marinho, quem te nomeou?Foi um cantadorque por aqui passou.

Cavalo marinho, com que vai sonhar?Com mil conchinhasdo fundo do mar.

Cavalo marinho,quem te deu esse sinal?Foi a mãe da mãeda estrela do mar.

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Cavalo marinho,dança com a princesaSe apagar a luz,a lua está acesa.

Cavalo marinho,é hora da ceiaA dona da casa,que linda sereia!

Papagaio cantaPeriquito choraCavalo marinho,vamo-nos embora!

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Lava-lava

A roupa lavadaSinhá não vêJá foi engomadaSinhá não vê.

Eu pisei na ponteA ponte tremeuA água tava turvaToalha branca escureceu.

Mandei fazer a gomada farinha do carápra engomar babado brancodo vestido da sinhá.

Águas frias lavem bemas nódoas deste vestidoE lavem do meu destinotudo o que for encardido.

A roupa lavadaSinhá não vêJá foi engomadaSinhá não vê.

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Trem de tróia

O trem de tróiaé bem variadoQuem entra no tremtá com os dias contados.

Ora vai saltitandoOra vai devagarOra anda nos trilhosOra pega a voar.

Os bancos não aceitampassageiros sentadosMaleiros invisíveisCobrador aluadoChuva sol ou ventoCobertura de relento.

Na cozinha do tremFogão apagadoMacarrão doceCafé salgado.

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Cadê o maquinista?Foi catar araçáFoi juntar o caráDeixou o tremao deus-dará.

No dia em quecriar dente o tico-ticoPau-brasil virar angicoGelo acender fogueiraPé-de-vento der pêraAvarento perder vintém sem fazer cara feiaAranha deixar de tecer teiae cabeça de repolho pensar,o trem de tróiavai chegar a algum lugar.

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Entrevista com a autora

Quando você começou a gostar de ler?ELOÍ – Antes de descobrir o livro literário, fiz a experiência de “ouvir” a literatura. Isso foi na infância, por meio do repertório oral. Cresci cercada por grandes contadores de histórias e declamadores, entre eles minha mãe e meu pai. Minha primeira biblioteca foi oral e o acervo eram os contos, mitos, lendas, causos, provérbios, cantigas e brin-cadeiras de roda, entre outras formas desse rico manancial criado pelo povo. Somente aos 11 anos de idade, quando fui fazer o curso ginasial, é que tive acesso à literatura escrita.Quais livros marcaram sua infância e adolescência?ELOÍ – As obras de Monteiro Lobato, Érico Veríssimo, Fiódor Dostoiévski, Machado de Assis, José Lins do Rego, José de Alencar, Manuel Bandeira, Rubem Braga, Cecília Mei-reles e Mark Twain, entre muitos outros au-tores, se tornaram inesquecíveis em minha história de leitura.

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Como nascem suas histórias e perso na gens? ELOÍ – As crônicas que escrevo têm muito material da memória, desfigurado, macera-do pelo tempo, distância e experiências pre-sentes. Algumas narrativas surgem a partir de uma cena, uma imagem, uma visão re-pentina. Depois o texto vai seguindo seu ca-minho. Que lugar a leitura ocupa em sua vida? ELOÍ – A leitura é uma prática imprescindível para mim. Não consigo imaginar a vi da sem livros, sem leituras, sem literatura. Se, por al-guma razão, não pudesse mais ler, acho que poderiam me aprontar o caixão e a cova. Além de escrever, o que você também gosta de fazer?ELOÍ – Gosto de cuidar da família, ver bons filmes nacionais e estrangeiros, ouvir músi-ca caipira e modas de viola. Também gosto de ouvir as pessoas. Quando era professora, adorava puxar a cadeira e ouvir as crianças e jovens falarem de suas leituras, de seus li-vros preferidos, de como as histórias se mis-turavam às suas vidas, de como iam se tor-nando leitores e como a leitura ia influindo em suas escolhas.

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Leitura é cidadania

A leitura torna mais vasto o mundo de quem lê. Também desperta a sua imaginação e você ganha condições de aprender e desen-volver seu senso crítico e cultural. Quanto mais livros você ler, mais aumenta o prazer de ler, mais alegrias você terá com a leitura. Com isso, todos ganham, você, a sua família, a sua comunidade e a sociedade em que você vive.

Pelo Brasil afora, muita gente tem traba-lhado para estimular a prática e o acesso ao livro e à leitura. Projetos, programas e ações que envolvem todos: governos, universidades, escolas, empresas, ONGs e os cidadãos. Todas as propostas fazem parte do Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL, do Ministério da Cultura. Um dos objetivos desse empreendi-mento é fazer funcionar bibliotecas públicas em todos os municípios brasileiros.

É na biblioteca que você vai encontrar apoio para seu desenvolvimento pessoal e educação formal. Além disso, nesse espaço você vai poder conhecer sobre a herança cul-tural do seu povo, vai ter a oportunidade de

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tomar apreço pelas artes e pelas realizações da humanidade.

Visite uma biblioteca, pergunte ao biblio-tecário como é que ela funciona e como você pode ter livros emprestados. A biblioteca pú-blica é de todos e para todos.

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Mais informações sobre esta obra

Os versos de Batata cozida, mingau de cará reúnem histórias, lendas, usos e costu-mes preservados pela fala popular. Para ilus-trar esta obra, a artista Tati Rivoire produziu desenhos em estilo xilogravura popular, que remetem o leitor para a literatura de cordel.

O processo de criação consistiu em dese-nhar com lápis de grafite sobre papel à mão livre. Depois, as imagens foram digitaliza-das e o desenho foi finalizado e colorido no computador.

O resultado são oito ilustrações que con-duzem o leitor por uma viagem pela tradição oral. As imagens complementam a idéia trans-mitida pelos versos. O lirismo da moça casa-doira das Trovinhas, da lavadeira de Lava-lava e do cavalo-alado de Um jogo; o humor de A cutia e de Marinheiro, a singeleza de Beija-flor, de Esta Noite e de Jardineiro propiciam uma experiên cia singular.

Poesia popular, originalmente

oral, escrita em forma rimada.

Técnica de fazer gravuras em relevo sobre

madeira e reproduzir a

imagem gravada sobre papel.

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Outros livros desta coleção

Poesias

Contos Poesias Teatro

Biografia Novela

Contos Poesias

Crônicas

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Produção gráfica e editorial

SUPERNOVA PROJETOS EDITORIAIS

Coordenação de produçãoCristina Guimarã[email protected]

Projeto gráfico e capaRibamar [email protected]

Projeto editorial, edição e revisão do textoAlessandro Mendes e Iara Vidal [email protected]@azimutecomunicacao.com.br

IlustraçõesTati [email protected]

Editoração eletrônicaFernando [email protected]

Auxiliar de produçãoAdriana [email protected]

O papel da capa é o Duo Design 240g/m2 e o papel do miolo é o Pólen bold 90 g/m2. A fonte de texto é a Versailles, corpo 11,5, projetada por Adrian Frutiger em 1984, serifada, baseada nos tipos franceses desenhados no século 19. As notas explicativas laterais foram retiradas dos dicionários da língua portuguesa Houaiss e Aurélio e informações dos autores.

Impresso pela Gráfica e Editora Brasil para o Ministério da Edu-cação em novembro de 2006.

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tradição oral

Eloí Elisabete Bocheco

A seleção de poemas Batata co-zida, mingau de cará está vinculada ao repertório folclórico nacional. São textos criados a partir da tradi-ção oral em suas variadas formas: contos, mitos, lendas, causos, pro-vérbios, parlendas, quadrinhas, tra-va-línguas, cantigas e brincadeiras de roda e cantos de trabalho, entre outros representantes desse rico ma nancial criado pelo povo. O livro é resultado da experiência da auto-ra com o repertório oral, iniciada na infância, passada ao lado de gran-des contadores de histórias e decla-madores, entre eles seus pais.

O processo de pesquisa e criação é resultado da escavação da memória da escritora, que puxando fi o por fi o, invocando ritmos e toando emoções construiu textos a partir da herança popular adquirida durante toda a vida. Auxiliaram-na nesse trabalho os livros de Câmara Cascudo e as pesquisas de Saul Martins, Guilher-me Santos Neves, Noé Mendes de Oliveira e Leda Tâmega Ribeiro.

A farinha tá no fogomas não é para tostarO botão parou na portamas não é para entrar.

O martelo dá cabeçadasmas não é por quererO monjolo sobe e descemas não é para te ver.

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COLEÇÃO LITERATURA PARA TODOStrad

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Eloí Elisabete Bocheco nasceu em 1955 em Campos Novos – SC. Formada em Le tras e com pós-gra-duação em Alfabetização, é profes-sora de língua e literatura. Iniciou na literatura em 1998, com o livro Uni... Duni... Téia, vencedor do Prêmio Boi-de-mamão, da Câmara Catari-nense do Livro.

Tem oito obras publicadas, vol-tadas para o público infanto-juvenil, como Beatriz em trânsito, vencedo-ra do Prêmio Mário Quintana e sele-cionada para o catálogo ofi cial da Biblioteca Internacional da Juventu-de de Munique, Alemanha, e para o Catálogo de Bolonha – Feira del Li-bro per Ragazzi, na Itália.

Batata cozida,mingau

de cará

Foto

: Oda

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uza