39
  1  OS PROJETOS ESPECIAIS DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO (2014): Ampliando a inclusão social por meio do esporte educacional Organizado res : Bruno de Oliveira Priscila Vaz Domingos

LIVRO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

livro pst

Citation preview

  • 1

    OS PROJETOS ESPECIAIS DO PROGRAMA

    SEGUNDO TEMPO (2014):

    Ampliando a incluso social por meio do

    esporte educacional

    Organizadores :

    Bruno de Oliveira

    Priscila Vaz Domingos

  • 2

  • 3

    APRESENTAO

    O Ministrio do Esporte, por intermdio da Secretaria Nacional de

    Esporte, Educao, Lazer e Incluso Social (SNELIS), desenvolve o Programa

    Segundo Tempo (PST), direcionado para atendimento a crianas, jovens e

    adolescentes, prioritariamente, aqueles que se encontram em situao de risco

    e vulnerabilidade social. Busca promover o desenvolvimento integral, utilizando

    o esporte como ferramenta cultural no processo de incluso social e cidadania

    visando a melhoria da qualidade de vida. Tem por princpio a reverso do

    quadro atual de injustia, excluso e vulnerabilidade social, utilizando-se para

    tanto do esporte e do lazer como um direito de cada pessoa e um dever do

    Estado, primando pela democratizao da gesto e da participao.

    O Programa Segundo Tempo destaca suas mltiplas formas de

    desenvolvimento atravs de aes sociais direcionadas para o seu pblico

    alvo. Tal afirmativa fundamenta-se aos expressivos nmeros atingidos pelo

    Programa nestes dez anos de existncia com um histrico de atendimento de

    aproximadamente 2 milhes de crianas em mais de 1.500 municpios. O

    Programa atende aproximadamente 1 milho de crianas, nos 412 ncleos

    conveniados e para que se torne vivel conta com a colaborao de 1.900

    Coordenadores de Ncleo e aproximadamente 5.000 monitores distribudos em

    450 municpios do pas.

    Atravs da parceria e de enormes esforos governamentais no que

    tange manuteno de uma poltica de atendimento para a populao

    brasileira e a busca de melhores condies gerais s futuras geraes, ao

    longo do desenvolvimento do Programa foram implementadas algumas aes

    com o objetivo de aprimorar o processo de atendimento e a qualificao

    contnua de suas aes. Uma delas foi o envolvimento, a partir de 2008, da

    Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) no gerenciamento do

    processo de capacitao dos envolvidos com o Programa Segundo Tempo

  • 4

    visando contribuir com o desenvolvimento de melhorias nas aes de cunho

    pedaggico.

    As aes implementadas pelo convnio foram direcionadas para a

    capacitao dos Coordenadores de Ncleo do Programa Segundo Tempo,

    com o intuito de qualificar os conhecimentos e as aes propostas e

    desenvolvidas. Dentre elas, os seus projetos especiais, cuja ateno j figura

    no objetivo geral do convnio quando explicita que busca promover os

    programas especiais propostos pela Secretaria Nacional de Esporte,

    Educao, Lazer e Incluso Social, junto aos Ncleos do Programa do

    Segundo Tempo, do Ministrio do Esporte.

    Considerando que a longa histria do Programa do Segundo Tempo,

    criado em 2003, seria muita pretenso detalhar suas vrias iniciativas e aes.

    Nesse sentido, optamos por apresentar neste livro um de seus mais

    significativos desdobramentos: a criao de projetos especiais. Ainda assim,

    passados mais de dez anos de sua existncia, foram vrios os projetos

    especficos que neste tempo emergiram. Alguns deles permaneceram desde

    sua criao, outros se modificaram ou deixaram de acontecer. Por essa razo,

    optamos por registrar apenas os projetos especiais vigentes no ano de 2014,

    e por meio dessa referncia homenageamos todas as iniciativas de pessoas,

    grupos e instituies que, desde o princpio do Programa do Segundo

    Tempo, empreenderam esforos para crias possibilidades diferenciadas de

    ampliar o Programa e sua interveno social e poltica

    Priscila Vaz Domingos

  • 5

    O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO PADRO

    Priscila Vaz Domingos

    O Programa Segundo Tempo Padro desenvolvido de forma

    continuada com vigncia pr-estabelecida de trs ciclos pedaggicos com

    durao de vinte e dois meses para atender a demanda de seu pblico alvo,

    os jovens universitrios.

    Se realiza a partir de um Projeto Piloto que tem a finalidade de validar

    novos modelos de atendimento para o Programa Segundo Tempo levando

    em considerao a realidade socioambiental e cultural da localidade atendida.

    Alm da validao estes projetos denominados pilotos podem surgir a

    partir de estudos de indicadores utilizados em experincias de avaliao de

    projetos esportivos educacionais e na anlise das ferramentas administrativas

    e gerenciais, a fim de definir uma linha de base para alcanar os objetivos

    gerais. Podem-se citar nesta metodologia os projetos: esporte de aventura

    (voltado para o pblico jovem), o projeto ginstica aerbica (direcionado para

    reforar a participao do pblico feminino nas atividades esportivas), projetos

    de pesquisa e de capacitao e acompanhamento pedaggico do PST.

    Atividades Esportivas:

    Tem carter educacional objetivando desenvolver os jovens discentes

    para favorecer a conscincia de seu prprio corpo, explorando seus limites,

    aumentando suas potencialidades, desenvolvendo o esprito de solidariedade

    de cooperao mtua e de respeito pelo coletivo. No que tange ao ensino-

    aprendizagem este voltado a estimular a compreenso da convivncia em

    grupo, de regras necessrias a organizao das atividades, partilha de

    decises e emoes estimulando a conscincia de reconhecer direitos e

    deveres em prol da boa convivncia social.

  • 6

    A partir do contexto da localidade existe a definio das modalidades

    que sero desenvolvidas respeitando os seguintes aspectos: disponibilidade de

    recursos fsicos e humanos, organizao e vigncia do projeto, a partir dos

    ciclos pedaggicos do calendrio universitrio. O discente poder optar por

    modalidades coletivas ou individuais.

    Sugestes de modalidades: Basquetebol, futebol de campo, futsal

    handebol, voleibol dente outras. Atletismo, capoeira, ginsticas (rtmica,

    artstica, olmpica), lutas, natao, tnis de campo, tnis de mesa, entre outras.

    Acompanhamento pedaggico e capacitao:

    Atravs da parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o

    Ministrio do Esporte mantm o que denomina-se rede de inteligncia do

    Projeto Segundo Tempo alm de seus projetos especiais, por meio de equipes

    nacionalmente constitudas e coordenadas por professores mestre/doutores

    com vnculo com instituies de ensino superior denominadas equipes

    colaboradoras cujas funes so: promover Aaompanhamento pedaggico do

    trabalho desenvolvido nos ncleos; Assessoria aos profissionais dos ncleos

    na construo de suas propostas pedaggicas de forma a atender s Diretrizes

    do PST; Visitas de avaliao in loco semestrais; Planto permanente

    distncia; e Capacitao dos recursos humanos envolvidos.

    Essa parceria permite a oferta obrigatria de Capacitao Gerencial ao

    Coordenador Geral e Capacitao Pedaggica ao Coordenador Pedaggico e

    aos Professores de Educao Fsica e/ou Esporte que atuam nos ncleos do

    PST Universitrio. Ao final da capacitao, os coordenadores e professores

    devem reconhecer os princpios centrais do PST, suas bases de

    fundamentao terica e dominar como essas orientam as prticas

    pedaggicas no atendimento aos beneficiados.

    O acompanhamento das aes se dar atravs de visitas in loco,

    semestrais, realizadas por um avaliador designado pela SNEED, dos relatrios

    semestrais elaborado pela coordenao do ncleo onde o projeto esta

    localizado, enviados ao Ministrio do Esporte.

    Nesta perspectiva vrios fatores podem ser considerados, a exemplo: As

    estratgias definidas esto resultando em algo favorvel para o pblico alvo?

  • 7

    Os resultados esto de acordo com as metas estipuladas inicialmente? Como

    pode-se comprovar a eficcia desta metodologia? Dentre outras.

    O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO UNIVERSITRIO

    Priscila Vaz Domingos

    O Programa Segundo Tempo Universitrio um projeto especial que

    tem como objetivo democratizar o acesso prtica do esporte da comunidade

    universitria consoante princpios de esporte educacional tais como incluso,

    acessibilidade e universalidade.

    O projeto se realiza por intermdio de ncleos que estabelecem

    parcerias com instituies pblicas que contm as condies tcnicas exigidas

    para executar as atividades propostas sob orientao e superviso de

    profissionais capacitados. Tem como pblico alvo a comunidade acadmica,

    com prioridade para discentes das instituies de ensino.

    O PST Universitrio tem por princpio a incluso, a participao, a

    integrao, a valorizao das prticas corporais, a educao, a recreao, o

    lazer, a universalizao e a democratizao das prticas esportivas. Nesse

    sentido, o projeto procura inserir o esporte como forma de ao transversal no

    projeto poltico pedaggico das universidades envolvidas resgatando e

    enaltecendo a cultura corporal a partir dos benefcios da sua prtica. O projeto

    se estrutura por meio do fomento de atividades de ensino, pesquisa e extenso

    buscando ampliar a participao da comunidade universitria na prtica de

    atividades esportivas.

    Sua fundamentao pedaggica est pautada por mltiplas vivncias na

    perspectiva do esporte educacional mediante o desenvolvimento de aes

  • 8

    planejadas, inclusivas e ldicas com foco na vida ativa de forma a valorizar a

    incluso e minimizar qualquer espcie de distino e/ou discriminao.

    A capacitao dos profissionais da rea da Educao Fsica e/ou

    esporte que desenvolvem o projeto nas instituies de ensino se d atravs

    da formao adequada para a cada rea atendida, afim de disseminar o

    conhecimento e desenvolver a capacidade motora dos discentes, bem como a

    melhoria nos espaos utilizados para a prtica das atividades. Para tanto,

    utiliza o dilogo como forma de integrao no planejamento das atividades, em

    prol do coletivo tendo como foco a estratgia da resoluo de conflitos, de

    modo a desenvolver a conscincia social e poltica dos envolvidos levando em

    conta a segurana nas atividades propostas e respeitando a escolha de cada

    pessoa no que tange a opo de aderir modalidade que mais lhe interessa

    participar.

    O projeto prev ainda a excelncia no que tange autonomia

    organizacional dos ncleos que, pautados pelas normas no Programa

    Segundo Tempo, possam fomentar a pesquisa cientfica e tecnolgica, com

    base na formao de recursos humanos e qualificao da gesto. Enfim,

    apresenta como meta a difuso do esporte educacional como ferramenta de

    incluso social dentro do ambiente universitrio.

    Imagem 01- Atividade de Xadrex em Santa Maria 2010

    Fonte: Repositrio

  • 9

    RECREIO NAS FRIAS:

    UM RECONHECIMENTO DO DIREITO AO LAZER

    Silvano da Silva Coutinho Silvia de Pinho Bortoli

    Breve histrico

    A ideia para a realizao do Projeto Recreio nas Frias foi gerada em

    2007, quando a Secretaria Nacional de Esporte Educacional, na gesto do

    Secretrio Julio Filgueira, se props elevar a um novo patamar a dimenso do

    lazer e da recreao no Programa Segundo Tempo, ao mesmo tempo de

    cobria uma lacuna que existia em termos de atividades que atrassem as

    crianas e jovens beneficiados pelo PST, durante o perodo de frias escolares

    nos meses de janeiro e julho.

    O Recreio nas Frias teve sua primeira edio em janeiro de 2009. O

    Projeto foi to bem recebido, que as entidades passaram a incorporar o

    Recreio nas Frias ao seu calendrio de atividades de forma espontnea e a

    demanda pela sua realizao aumentou a cada edio.

    Estimuladas pelo Ministrio do Esporte foram realizadas seis edies

    mas muitas entidades continuaram a realizar o Recreio nas Frias, mesmo em

    ocasies em que, por questes oramentrias, o ME no pode apoi-las.

    A seguir destacamos alguns nmeros do Recreio nas Frias:

    Perodo de realizao Nmero de beneficiados

    Estados participantes

    Janeiro/ 2009 104.000 13 estados: AL, AM, BA, CE, DF, MG, PA, PR, RJ, RN, RO, SE e SP

    Janeiro/2010 20.300 5 estados: GO, RS, SC, SE e SP

    Julho/2010 56.600 9 estados: AL, DF, MG, MS, PE, RR, RS, SC e SP

    Janeiro/2011 12.800 6 estados: AL, CE, RJ, RS, SC e

  • 10

    SP

    Janeiro/2013 8.900 8 estados: AM, BA, CE, MA, PR, RJ, RS e SP

    Julho/2013 3.800 8 estados: CE, MG, MS, MT, PR, RJ, RS e SP

    Justificativa e objetivos

    O Projeto Recreio nas Frias tem sua proposta embasada em algumas

    caractersticas discutidas por Marcellino (1983) quando apresenta os conceitos

    de lazer dos autores Jofre Dumazedier e Renato Requixa. Alguns aspectos

    importantes destacados so: o carter liberatrio como resultado da livre

    escolha, o carter desinteressado, o descanso, o divertimento e o

    desenvolvimento da personalidade e da sociabilidade.

    Desta forma, o Recreio nas Frias tem por objetivo principal, oferecer

    aos beneficiados do Programa Segundo Tempo, durante o perodo de frias

    escolares, opes de esporte e lazer que preencham o seu tempo livre de

    forma prazerosa e ao mesmo tempo construtiva, por meio do desenvolvimento

    de atividades ldicas, esportivas, artsticas, culturais, sociais e tursticas, ou

    ainda, conforme destacado por Filgueira, o Recreio nas Frias se prope a

    trazer, de modo explcito e organizado, as dimenses do lazer e do ldico para

    dentro do programa Segundo Tempo, em suas atividades no perodo de frias

    escolares (FILGUEIRA, 2009).

    Caracterizao do projeto

    O Recreio nas Frias caracteriza-se por ser uma colnia de frias que

    ofertada para as crianas e adolescentes participantes do Programa Segundo

    Tempo, nos meses de janeiro e julho. Cada ncleo possibilita o atendimento de

    100 crianas e adolescentes. Estes beneficiados so, preferencialmente,

    oriundos dos ncleos do Programa Segundo Tempo, no entanto, quando no

  • 11

    se preenche todas as vagas, tambm so convidadas outras crianas e

    adolescentes do entorno do ncleo.

    As atividades so realizadas durante o perodo de cinco dias, entre

    segunda e sexta-feira, normalmente, com durao de 7 horas dirias, iniciando

    as 9 e finalizando as 16 horas, com duas pausas para lanche e uma para

    almoo.

    Nas edies realizadas, o Ministrio do Esporte, por meio de termo de

    conveniamento, disponibilizou aos convnios o seguinte auxlio:

    kits de materiais esportivos;

    kits de materiais recreativos.

    material de divulgao e identificao: cartazes, fichas de inscrio, banner

    e crachs;

    uniformes para os participantes e equipe de trabalho (coordenador e

    monitor);

    contratao de mais 2 monitores por ncleo para incrementar a equipe de

    trabalho;

    envio de membros das Equipes Colaboradoras para realizao da

    capacitao num perodo anterior realizao de cada edio;

    material pedaggico: livros para todos os coordenadores e monitores do

    convnio e um DVD gravado com os prprios autores dos temas do livro.

    verba para aquisio de lanches a serem ofertados aos participantes1.

    Como contrapartida, os convnios se responsabilizaram em realizar um

    passeio com os participantes para algum lugar que os tirassem da rotina do

    ncleo. Tambm foi de responsabilidade dos convnios a realizao de uma

    apresentao cultural. Esta apresentao era realizada com o intuito de

    1 Este benefcio s no foi disponibilizado nas edies de janeiro e julho de 2013.

  • 12

    valorizar algum grupo artstico local, mas tambm poderia ser organizada com

    uma apresentao dos prprios participantes do projeto.

    Uma caracterstica marcante do Recreio nas Frias o fato de que a

    realizao do projeto sempre foi acompanhada de um tema gerador. O tema

    gerador representa a tentativa do Ministrio do Esporte em conscientizar todo o

    pblico envolvido no projeto para a agregao de valores s atividades

    desenvolvidas. Desde 2009, tivemos os seguintes temas: Meio Ambiente

    (2009), Valores Olmpicos (2010) e Aniversrio de 10 do PST: Celebrando

    com Sustentabilidade (2013).

    Um destaque importante tem a ver com a grade de programao

    semanal do Projeto Recreio nas Frias. Partindo do entendimento de que as

    atividades deveriam enfocar o tema gerador proposto, estas eram organizadas

    e realizadas levando em considerao aspectos imprescindveis, tais como:

    realizao obrigatria de uma atividade cultural e de um passeio; envolvimento

    de atividades de cunho recreativo e esportivo; atividades que pudessem

    envolver a famlia e/ou voluntrios da comunidade; atividades que

    possibilitassem a socializao entre grupos distintos em relao gnero, faixa

    etria, etnia, classe social, domnio de habilidades motoras, entre outros

    aspectos; atividades adaptadas para pessoas com deficincia; atividades que

    pudessem ser realizadas em dia de chuva e, atividades que contemplassem os

    diferentes interesses ou contedos culturais do lazer: sociais, tursticos,

    artsticos, fsicos, intelectuais, manuais e digitais.

    Formao pedaggica

    Para que o tema gerador no fosse uma iniciativa de carter impositiva,

    em todas as edies do Recreio nas Frias foram realizadas capacitaes

    envolvendo coordenadores (geral, pedaggico, setorial e de ncleo) e

    monitores de todos os convnios participantes.

    Para as capacitaes, os membros das equipes colaboradoras se

    deslocavam at uma cidade sede de cada um dos convnios e apresentavam a

    proposta pedaggica para aquela edio do Recreio nas Frias. Na ocasio,

  • 13

    os coordenadores e monitores que haviam recebido de forma antecipada o

    material pedaggico, tinham a oportunidade de discutir os contedos propostos

    e elaborarem, com o auxlio dos membros das equipes colaboradoras, a

    programao para a realizao do projeto.

    importante destacar que a partir de 2009 foram editados trs livros

    para servirem de sustentao terico-prtica na realizao do projeto Recreio

    nas Frias (OLIVEIRA; PIMENTEL, 2009; OLIVEIRA; PIMENTEL, 2010;

    OLIVEIRA; COUTINHO, 2013). As trs obras tm uma estrutura comum de

    captulos temticos que possuem uma relao direta com o tema gerador. So

    eles: captulo sobre os contedos culturais do lazer; sobre as questes de

    gnero e diversidade; sobre as questes de incluso e deficincia; uma

    proposta de planejamento para organizao e realizao das atividades; a

    apresentao do tema gerador; e, por ltimo, a descrio de uma sries de

    vivncias prticas alinhadas ao tema gerador.

    Aspectos avaliativos da primeira e da ltima edio

    Em relao avaliao, destacaremos dois momentos:

    PRIMEIRA EDIO janeiro de 2009

    Na primeira edio ocorrida em 2009, foram aplicados trs

    questionrios: um para os monitores, um para os pais e outro para as crianas

    participantes.

    Para as respostas dos monitores havia quatro opes de respostas:

    Bom, Regular, Ruim e NS/NR (no sabe responder ou no respondeu). Desta

    forma, em relao opinio dos monitores tivemos as seguintes constataes:

    66% acharam que foi bom o projeto ter ocorrido em perodo integral;

    61% acharam que foram bons os passeios realizados;

    88% acharam boas as apresentaes culturais;

    95% opinaram que foi boa a aceitao do projeto por parte das crianas;

  • 14

    74% aprovaram os kits de materiais disponibilizados pelo Ministrio do

    Esporte;

    49% aprovaram os uniformes;

    50% acharam bom o reforo alimentar oferecido.

    Para responde ao questionrio os pais tinham as seguintes opes:

    timo, Bom, Regular, NS/NR, Pssimo e Ruim. Neste questionrio os

    resultados foram os seguintes:

    49% e 44% dos pais avaliaram o projeto como timo e Bom,

    respectivamente;

    97% demonstraram que gostariam que seus filhos participassem novamente

    do projeto;

    38% e 48% avaliaram o uniforme como timo e Bom, respectivamente;

    34% e 50% avaliaram o material esportivo como timo e Bom;

    34% e 51 avaliaram o material recreativo como timo e Bom;

    38% e 43% avaliaram a alimentao oferecida como tima e Boa;

    94% dos pais opinaram que acreditam que programas como o Recreio nas

    Frias ajudam a afastar os jovens das drogas e diminuem os casos de

    gravidez precoce.

    As crianas e adolescentes participantes do projeto tambm

    responderam um questionrio com as seguintes opes de respostas: Bom,

    Regular ou Ruim. Apareceram os seguintes resultados:

    96% acharam que ficar o dia todo no projeto foi bom;

    87% acharam que o passeio foi bom;

    89% acharam que a apresentao cultural foi boa;

    73% acharam o reforo alimentar bom.

  • 15

    Quando questionados sobre o que mais gostaram, duas opes (os

    passeios e as brincadeira) se destacaram com 28% das intenes cada.

    Quando questionados sobre o que pode ter faltado no projeto, 40% dos

    participantes acharam que no faltou nada e 13% indicaram que faltou

    alimentao.

    Estes resultados demonstraram a grande aceitao e gratificao

    demonstrada por diferentes pessoas durante a participao na primeira edio

    do Recreio nas Frias.

    ltima Edio julho de 2013

    Na sequncia iremos apresentar uma avaliao de cunho qualitativo,

    que tem a inteno de servir de parmetro para outros convnios que

    porventura se interessem em desenvolver o projeto. Vale lembrar que o tema

    gerador desta edio foi PST 10 anos: Celebrar com sustentabilidade.

    As constataes presentes no relatrio final foram:

    Em geral, os ncleos foram organizados nos mesmos locais onde

    aconteciam as atividades do Programa Segundo Tempo;

    Os convnios contavam com o auxlio de voluntrios, principalmente, de

    ensino mdio;

    Para identificao do ncleo alinhado ao tema gerador os ncleos

    apresentaram os seguintes materiais: cartazes confeccionados pelos

    professores, monitores e/ou beneficiados, materiais decorativos feitos de

    material reaproveitvel, materiais relacionados Carta da Terra para

    crianas, dentre outros;

    Apesar do Ministrio do Esporte no ter disponibilizado nenhuma verba para

    custeio da alimentao, foi possvel observar que os convnios conseguiram

    se organizar para servirem uma quantidade de lanche satisfatria para os

    beneficiados.

  • 16

    O destaque ficou para o almoo servido em dois convnios e tambm para o

    bolo comemorativo dos 10 anos do PST servido em um dos convnios;

    Com relao ao horrio de atendimento, a maioria dos convnios tiveram

    atividades realizadas nos dois perodos (manh e tarde);

    Com relao programao, foi observada uma diversidade e quantidade

    significativa de atividades sendo realizadas, as quais mantinham uma

    relao direta com o tema gerador, em especial, no que se refere

    sustentabilidade. Esta constatao demonstra que o processo de

    capacitao foi exitoso em sensibilizar os professores e monitores na tarefa

    de desenvolverem a temtica durante o perodo de realizao do projeto;

    Com relao utilizao de materiais, foi possvel observar um grande uso

    de materiais reciclveis e/ou reaproveitveis, demonstrando alinhamento

    com o tema gerador;

    Com relao infraestrutura, foi possvel observar que os convnios

    tentaram diversificar bastante os locais de realizao das atividades,

    procurando tirar os beneficiados dos locais comuns em que eles

    normalmente realizam as atividades do PST no cotidiano.

    Demonstrando uma relao direta com o tema sustentabilidade,

    destacaram-se algumas iniciativas que intitulamos de Atitudes Sustentveis:

    O trabalho voluntrio de pedagogas que no estavam vinculadas

    normalmente ao convnio;

    O fato dos beneficiados realizarem a limpeza do local todos os dias aps a

    realizao das atividades;

    A doao dos lanches que sobravam para que os beneficiados levassem

    para suas casas, evitando assim o desperdcio de comida;

    A participao efetiva de algumas mes na organizao e realizao das

    atividades;

  • 17

    A parceria com a Rede Cidad, da Polcia Militar do estado, proporcionando

    a oferta do lanche e a realizao de rodas de conversa;

    O desenvolvimento de aes relacionadas temtica da sustentabilidade

    durante o perodo das atividades do PST padro, tendo seu desfecho

    durante o Recreio nas Frias;

    A disponibilizao, pela prefeitura, de trs novos monitores por ncleo,

    possibilitando uma melhor organizao para realizao das atividades.

    Este relato demonstra um pouco do que foi o Projeto Recreio nas

    Frias.

    Nosso desejo, juntamente com os beneficiados do Programa Segundo

    Tempo que o projeto possa ser retomado em breve, mas, enquanto isso, ora

    ou outra ficamos sabendo de relatos de convnios que j realizam o Recreio

    nas Frias independente do auxlio do Ministrio do Esporte. Se isto continuar

    acontecendo o projeto ter cumprido seu papel, pois demostrar que deixou

    um grande legado a valorizao da sociedade em relao ao lazer.

    Referncias

    BRASIL. Ministrio do Esporte. Recreio nas Frias 2009 Edio Piloto.

    Braslia, DF: Ministrio do Esporte, 2009.

    MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e humanizao. Campinas, SP:

    Papirus, 1983.

    OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bssoli; PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis

    (Orgs.). Recreio nas Frias: reconhecimento do direito ao lazer. Maring:

    EDUEM, 2009.

    OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bssoli; PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis

    (Orgs.). Recreio nas Frias e os valores olmpicos. Maring: EDUEM, 2010.

    OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bssoli; COUTINHO, Silvano da Silva Coutinho

    (Orgs.). PST 10 anos: celebrar com sustentabilidade. Maring: EDUEM, 2013.

  • 18

    Imagem 2 Bon

    Fonte: Repositrio digital Centro de Memria UFRGS

    Imagem 3 Camiseta

    Fonte: Repositrio digital Centro de Memria UFRGS

  • 19

    Imagem 4 Exposio Centro de Memria 2010

    Fonte: Repositrio digital Centro de Memria UFRGS

    Imagem 5 -Capa do livro celebrao 10 anos de Programa Segundo

    Tempo

    Fonte: Repositrio digital Centro de Memria UFRGS

  • 20

    PROJETO NAVEGAR

    Priscila Vaz Domingos

    Rodrigo Cavasini

    O Programa Segundo Tempo/Navegar objetiva a promoo da incluso

    social por meio de atividades esportivas e educacionais realizadas em contato

    com a natureza. Essa iniciativa desenvolvido pela Secretaria Nacional de

    Esporte, Educao, Lazer e Incluso Social e tem como pblico-alvo

    adolescentes de ambos os sexos, na faixa etria entre 11 e 16 anos. Se realiza

    em diversas regies do Brasil e j atendeu milhares de alunos, contando com

    centenas de professores e monitores esportivos em seus ncleos. Alm do

    atendimento ao seu pblico alvo, o Navegar busca capacitar o futuro

    profissional da rea da Educao Fsica para disseminar o ensino das

    atividades fsicas, abrangendo ainda pesquisa por meio de vivncias de

    situaes concretas de ensino-aprendizagem. Atua tambm na formao

    continuada da equipe de trabalho na medida em que fomenta a realizao de

    seminrios, grupos de estudos e mostras de trabalho para discusso, reflexo

    e divulgao das aes e modalidades nuticas.

    Seguindo os objetivos do Programa Segundo Tempo, diversas modalidades

    esportivas vm sendo utilizadas de maneira educacional complementar,

    visando a incluso de adolescentes. Tais atividades visam o desenvolvimento

    de valores humanos, sociais, ambientais, culturais, bem como a melhoria da

    qualidade de vida.

    Nesse sentido, a utilizao das modalidades nuticas se aplica

    ao Programa Segundo Tempo porque contm grande potencial para a

    promoo desses e de outros aspectos capazes de educar o pblico

    alvo. O Navegar parte do entendimento de que as prticas esportivas

    realizadas em contato com a natureza propiciam grande potencial para o

    desenvolvimento de valores relacionados ao meio ambiente tais como a

    preservao da natureza e o melhor aproveitamento de recursos naturais.

  • 21

    Em funo disso, se realiza mediante intervenes de educao

    ambiental ao ar livre, as quais despontam como uma importante estratgia para

    o desenvolvimento de valores relacionados qualidade do meio ambiente,

    promovendo o desenvolvimento de uma maior compreenso ecolgica focada

    tanto no indivduo quanto nas suas relaes com os demais seres humanos e

    com o meio ambiente em geral.

    O Navegar tambm tem como objetivo a democratizao do acesso s

    modalidades nuticas uma vez que essas esto, muitas vezes, distantes do

    cotidiano de grande parte da populao apesar do Brasil apresentar grande

    potencial para o seu desenvolvimento em razo de sua extensa rea litornea,

    somada a expressiva presena de rios e lagos nas suas diferentes regies.

    Sabemos que a prtica de atividades nuticas pode ter finalidades

    educacionais, recreativas ou esportivas. Entretanto, ainda se observa um

    nmero reduzido de praticantes, dentre outras razes, pela necessidade de

    um aporte financeiro para sua prtica. Alm de barreiras econmicas e sociais

    para a adeso de pessoas aos esportes nuticos percebemos, ainda, certa

    escassez de conhecimentos sobre esse universo. nessa direo que o

    Navegar viabiliza na medida em que busca democratizar a acessibilidade s

    modalidades nuticas de forma inclusiva e universal de forma a contribuir para

    o desenvolvimento integral das pessoas envolvidas, considerando suas

    potencialidades que muitas vezes aparecem refletidas em aspectos da vida

    dos alunos, como pessoal, social, cognitivo e ambiental.

    Caractersticas do PST/Navegar

    Atravs de aes planejadas e inclusivas, o Navegar tem como

    fundamentao pedaggica e estratgia de implantao um ncleo esportivo

    nutico pautado na oferta de mltiplas vivncias do esporte nas modalidades

    de remo, vela e canoagem. O fomento melhoria da qualidade pedaggica do

    ensino de atividades esportivas educacionais e nuticas apoiam-se na

    formao continuada dos profissionais de modo a atenderem as necessidades

    daquela localidade, bem como material didtico apropriado, dilogo,

    incentivando a integrao dos beneficiados no planejamento das atividades, na

  • 22

    construo de uma vida coletiva saudvel e na resoluo de conflitos;

    segurana, com monitoramento e resguarde integridade dos adolescentes

    atendidos; participao social, onde meninos e meninas so estimulados a

    participar de atividades ligadas educao, cultura, ao meio ambiente, ao

    esporte e ao lazer, conhecendo melhor suas razes, seu povo e a sua

    realidade, a fim de valorizar sua cultura e histria; fomentar a pesquisa

    cientfica e tecnolgica em universidades e instituies pelo Brasil, destinada

    formao de recursos humanos e qualificao da gesto.

    Este Projeto avaliado pelo Ministrio do Esporte na forma de visitas de

    acompanhamento, de carter tcnico ou pedaggico e tambm atravs do

    relatrio ao final do ciclo, pelos coordenadores geral e pedaggico (avaliam o

    andamento do projeto), professores e monitores (avaliam a evoluo,

    comportamento, frequncia dos alunos) e alunos, (copartipantes, a partir de

    sugestes e autoavaliao) ou seja, todos os atores envolvidos, destacando

    salientando o carter democrtico do processo.

    As avaliaes so propostas como um meio e no como um fim, uma

    vez que o fato do aluno aprender a remar ou velejar (dimenso procedimental)

    no o suficiente. O aluno deve tambm aprender a importncia de uma vida

    fisicamente ativa (dimenso conceitual) e ainda aps algumas sadas em grupo

    e intervenes de educao ambiental ao ar livre, ter condies de, aos

    poucos, alterar hbitos em relao ao meio ambiente (dimenso atitudinal).

  • 23

    Imagem 6: Atividades ao entardecer no ncleo de Porto Alegre, RS.

  • 24

    Imagem 7:Atividades no ncleo de Porto Alegre, RS.

  • 25

    Imagem 8: Atividades no ncleo de Ilha Bela, SP.

    Imagem 09- Navegar Publicao 2013

    Fonte: Repositrio digital centro de memria do esporte

  • 26

    PROGRAMA SEGUNDO TEMPO - FORAS NO ESPORTE (PROFESP)

    EC7

    Marisete Peralta Safons Alexandre Luiz Gonalves de Rezende

    Luiz Cezar dos Santos Fabiany Calixto

    Isabelle Borges Siqueira

    Histrico

    tradio entre as Organizaes Militares da Marinha, Exrcito e

    Aeronutica, desenvolver projetos sociais que visam melhorar a qualidade de

    vida do pblico juvenil em situao de vulnerabilidade social das comunidades

    vizinhas s suas instalaes.

    Em 2002, ao conhecer um desses projetos, denominado Rumo

    Cidadania, o Ministrio da Defesa (MD) passou a incentivar esta iniciativa. E

    para isso, contou com o apoio do Ministrio do Esporte, que identificou uma

    forma de investir em uma ao efetiva de incluso social, por meio do esporte.

    Em 2003, o Ministrio do Esporte ao lanar o Programa Segundo Tempo

    firmou parceria com o Ministrio da Defesa (MD), por meio de um Termo de

    Cooperao Tcnica, aperfeioando e fortalecendo o trabalho que vinha sendo

    realizado pelo MD, surgindo o ento Programa Foras no Esporte

    (PROFESP). Naquele mesmo ano o programa acolheu, em quatro

    Organizaes Militares da Marinha, Exrcito e Aeronutica, aproximadamente

    500 crianas, jovens e adolescentes, entre 07 e 17 anos, da rede pblica de

    ensino, prioritariamente, em situao de vulnerabilidade social. Promovendo,

  • 27

    por intermdio da prtica esportiva, no contra turno escolar, a incluso social, a

    sade e a preveno da violncia e da marginalidade, utilizando mecanismos

    de valorizao da cidadania e de preparao para o mercado de trabalho.

    O Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome

    reconhecendo os resultados que o Programa vinha apresentando, tornou-se

    um grande aliado do MD, firmando tambm um Termo de Cooperao Tcnica,

    que possibilita proporcionar um reforo alimentar diferenciado, aos integrantes

    do projeto. Este reforo constitudo de lanche e refeio, diferenciando-se

    assim da realidade da maioria dos Ncleos do PST, que oferecem apenas

    lanche. A infraestrutura fsica das organizaes militares, adequada para a

    preparao de grande quantidade de refeies, no encontra dificuldade para

    suprir as necessidades nutricionais aumentadas com a prtica esportiva, e

    fornecem uma alimentao que auxilia diretamente no crescimento e

    desenvolvimento integral das crianas atendidas.

    Um dos pontos de destaque do MD para implantao dos Ncleos do

    PST a construo de parcerias, o que confere inciativa, um importante

    carter intersetorial, pois a reunio dos esforos de diversos agentes sociais

    amplia a qualidade das condies de funcionamento do programa, como o

    caso, por exemplo, da parceria com as Prefeituras Municipais para a realizao

    do transporte das crianas e de monitores auxiliares, como tambm o

    envolvimento, em alguns casos, de empresrios da comunidade para garantir a

    oferta de tnis adequado para a prtica esportiva. O PST tambm se fortalece

    nas organizaes militares em funo do compromisso dos comandantes, que

    normalmente designam oficiais para assumirem a coordenao e soldados

    para prestarem apoio na realizao das atividades, alm da equipe pedaggica

    do PST.

    A articulao de esforos entre esses diversos profissionais garantem a

    excelncia do programa, possibilitando a existncia, no ano de 2013, de 107

    organizaes militares envolvidas, sendo 21 na Marinha, 65 no Exrcito e 21

    na Aeronutica, atendendo 13.377 crianas em 137 ncleos distribudos de 67

    cidades e 25 estados brasileiros.

  • 28

    Os Ministrios do Esporte e da Defesa vm envidando esforos para

    ampliar e levar o Programa Segundo Tempo Foras no Esporte

    (PROFESP) principalmente rumo ao interior do pas e as reas de fronteira do

    Brasil.

    Objetivo

    O Programa Foras no Esporte, por intermdio da prtica esportiva,

    tem como objetivo promover para crianas, jovens e adolescentes em situao

    de vulnerabilidade social, a integrao, a preveno doena, a promoo da

    sade, a preveno marginalidade e violncia, por meio de mecanismos

    que possibilitem a incluso social. Assim, ao longo de uma dcada, o

    PROFESP vem participando desta ao social, contribuindo para o

    desenvolvimento nacional e para a melhora dos ndices de desenvolvimento

    humano em nosso pas.

    Aes do Programa Foras no Esporte

    As aes do Programa visam criar nas crianas o interesse pelo esporte,

    utilizando-o como ferramenta no processo de educao, sade, conhecimento

    pessoal e social. O conjunto de parcerias firmadas pelo Programa Foras no

    Esporte permite oferecer atividades diversificadas, de modalidades esportivas

    coletivas, tais como: futsal, futebol de campo, handebol, voleibol e basquetebol

    e modalidades individuais, como, natao, jud, iatismo, capoeira, karat,

    xadrez, tnis de mesa e taekwondo. Em conjunto com estas atividades tambm

    so oferecidos: alimentao balanceada, incluso digital, atividades culturais,

    palestras educativas, aulas de msica, preservao do meio ambiente, reforo

    escolar, assistncia mdica e odontolgica.

    O Ministrio da Defesa participa do Programa Segundo Tempo

    disponibilizando principalmente infraestrutura, coordenadores e monitores do

    quadro das organizaes militares para a execuo das atividades inerentes ao

    programa. As atividades realizadas dentro do contexto militar permitem que

  • 29

    crianas e adolescentes conheam um contexto diferenciado, que se relaciona

    com o cuidado e exemplos de civismo, disciplina, dedicao e tica.

    Diferenciando-se do contexto social ao qual vivem os beneficiados em suas

    comunidades, que normalmente est relacionado, ao convvio com drogas,

    marginalidade, violncia familiar, explorao sexual e abandono.

    Os resultados dos quase dez anos de ao do programa contribuem na

    formao para a cidadania e, paralelamente, culminam na deteco de talentos

    esportivos, Diego Junior da Silva, aluno do ncleo de Rondonpolis/MT um

    dos muitos exemplos. Diego tornou-se atleta de jud, conquistou em 2010 o

    terceiro lugar na Copa Internacional em Santa Maria/RS e o 5 lugar no

    Campeonato Sul Americano de Jud no Chile. Em 2011 conquistou o ttulo de

    campeo Sul Americano de Jud.

    Outro registro importante de mencionar est relacionado produo de

    uma reportagem que a Televiso Central Chinesa (CCTV) fez no Brasil sobre

    a Copa do Mundo de 2014. Para a produo da matria que aborda o esporte

    como ferramenta de transformao social, foi escolhido o futebol praticado por

    800 alunos do Programa Segundo Tempo/Foras no Esporte pertencentes

    ao Grupamento dos Fuzileiros Navais e do Clube do Rocha (Exrcito), em

    Braslia.

    Enfim, os resultados como o acesso a prtica esportiva e cultural,

    incremento no rendimento escolar, socializao, melhoria da sade,

    contribuio na possibilidade de transformao social e formao de cidados

    saudveis e fisicamente ativos so frutos do trabalho desenvolvido pelo

    Programa Foras No Esporte que so mais difceis de mensurar. Hoje, o

    PROFESP contribui de maneira eficaz com o esforo do governo federal em

    erradicar a misria, reduzir a pobreza extrema em nosso pas e promover a

    incluso social, por meio do esporte.

  • 30

    PROJETO MEMRIAS DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

    Bruno de Oliveira e Silva

    no ano de 2009 que se inicia oficialmente a parceria institucional entre

    o Programa Segundo Tempo (PST) do Ministrio do Esporte (ME) e o Centro

    de Memria do Esporte (CEME) da Escola de Educao Fsica (ESEF) da

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Est parceria foi firmada

    atravs do Projeto Memrias do Programa Segundo Tempo, com o objetivo

    de registrar a histria do PST e criar uma coleo especfica junto ao Centro de

    Memria do Esporte de forma a abrigar seu acervo.

    O CEME, que foi implantado em janeiro de 1997 com o objetivo de

    reconstruir, preservar e divulgar a memria do esporte, da Educao Fsica, do

    lazer e da dana no Brasil (GOELLNER; MHLER, 2010). Atualmente o acervo

    do CEME comporta vrias colees, a saber: a) Escola de Educao Fsica; b)

    Educao Fsica e Esporte; c) Olmpica; d) Dana; e) Lazer e Recreao; f)

    Universade 1963; g) Colgio Brasileiro de Cincias do Esporte; h) Movimento

    de Estudantes de Educao Fsica; i) Programa Segundo Tempo (GOELLNER;

    LOMANDO; JOB; SOARES, 2012).

    Considerando a experincia do Centro de Memria do Esporte no que

    tange a preservao e a divulgao da memria esportiva nacional e a

    importncia, nas sociedades atuais, da informao no apenas como matria-

    prima, mas tambm como um elemento de produo e formao de sujeitos

    democrticos e autnomos torna-se necessria a criao de espaos que

    possibilitem registrar a memria de projetos sociais, tais como o Programa

    Segundo Tempo.

    A aquisio, o intercmbio e a transferncia de informaes desta

    natureza so fundamentais para o registro de memria das prticas dos

    projetos sociais. Razo pela qual, os centros de memria e de documentao

    tm um importante papel a desempenhar, seja no resguardo dessas

    informaes, seja na possibilidade de disponibiliz-las para um infinito nmero

    de pessoas. Foi com este intuito que o CEME props a criao de uma coleo

  • 31

    especfica do Programa Segundo Tempo atravs da realizao do Projeto

    Memrias do Programa Segundo Tempo.

    Perceber a importncia desempenhada por instituies dessa natureza

    no que se refere preservao da memria individual e coletiva perceber

    que, na sociedade da informao rpida, do consumo e do esquecimento, este

    um local capaz de reter fatos e transmiti-los s geraes futuras. Funo

    essa identificada como uma das responsabilidades da Universidade,

    considerada aqui, como um meio gerador e consumidor do conhecimento que

    cumpre um papel social de extrema importncia na sociedade, visto que

    estabelece aes de interao com a comunidade no sentido do resgate de

    nossa identidade cultural.

    Considerando a importncia social do Programa Segundo Tempo cujo

    objetivo central relaciona-se com a democratizao e acesso a um importante

    elemento da cultura corporal o esporte visando incluso social para

    crianas e adolescentes em situao de risco social, entendemos ser

    necessria a organizao, sistematizao de sua memria. Tal percepo

    origina-se do entendimento de que, a partir dos registros da memria do PST

    se possa gerar informaes de diferente naturezas: acadmicas, de

    divulgao, histricas, entre outras. Seu registro, pode garantir, as geraes do

    presente e do futuro conhecimentos sobre um projeto especfico cuja

    efetivao marcou de forma bastante especfica as polticas pblicas de

    esporte no Brasil.

    partindo destas premissas que desde o ano de 2009 o CEME vem, em

    conjunto com o Ministrio do Esporte, trabalhando para dar visibilidade as

    atividades de reconstruo, preservao e divulgao da memria do deste

    Programa. Estas aes so desenvolvidas por meio do Projeto Memrias do

    Programa Segundo Tempo e abrangem:

    Criao de uma coleo especfica junto ao acervo do Centro e Memria do

    Esporte e estruturao de condies para abrig-lo tais como

  • 32

    acondicionamento, controle de temperatura e umidade, catalogao e

    acessibilidade;

    Recolha, higienizao e catalogao dos acervos documental, iconogrfico,

    audiovisual e tridimensional do PST e do Mais Educao;

    Sistematizao de seus acervos documental (dados dos ncleos, matrias de

    divulgao, produo acadmica, livros, etc), iconogrfico (desenhos,

    fotografias, cartazes, etc), audiovisual (vdeos, cdroms, etc) e tridimensional

    (artefatos tais como camisetas, bons, materiais esportivos, canetas, etc);

    Criao de um Repositrio Digital para abrigar e disponibilizar materiais dos

    Programas PST e Mais Educao tais como: processos de capacitao,

    resultados de indicadores de avaliao, materiais de divulgao, registros de

    memria, imagens, livros digitalizados, registros de exposies, etc.;

    Realizao de exposies itinerantes visando a divulgao do Programa e

    seus acervos;

    Realizao, transcrio e disponibilizao de entrevistas com gestores,

    coordenadores de equipes colaboradoras e ncleos, diretores de escolas e

    monitores do PST e do Programa Mais Educao;

    Organizao, produo, publicao e lanamento de livros e e-books;

    Transcrio de palestras;

    Criao e manuteno de uma pgina na internet especfica do Projeto

    contendo uma interface mais dinmica e interativa com informaes

    detalhadas desde sua origem;

    Alimentao constante do Repositrio Digital do Programa Segundo Tempo

    que contm as colees Programa Segundo Tempo e Programa Mais

    Educao;

    Levantamento e catalogao de artigos cientficos, monografias, teses e

    dissertaes produzidas sobre o PST;

    Produo dos Clippings de Notcias sobre o PST;

  • 33

    Criao do Blog Memrias do PST;

    Compilao e divulgao de vdeos das capacitaes promovidas pelo PST.

    Elaborao de um guia contendo informao sobre a produo de registros

    de memrias.

    Enfim, considero importante registrar que o detalhamento das aes

    desse projeto foram publicadas no livro eletrnico: Memrias do Programa

    Segundo Tempo: partilhando experincias e conhecimentos2, que encontra-se

    disponvel no nosso repositrio. Alm de explicitar cada ao do projeto essa

    produo coletiva da equipe que atua no do Projeto Memrias do Programa

    Segundo Tempo faz um convite reflexo sobre a importncia do registro da

    memria do Programa Segundo Tempo.

    As imagens abaixo remontam um pouco desta histria do Projeto

    Memrias do Programa Segundo Tempo, que tambm pode ser acessada

    em nossos vrios espaos de divulgao do Projeto. Dentre eles a sua pgina

    na internet: http://www.ufrgs.br/ceme/pst, o Blog memrias do PST:

    http://memoriaspst.wordpress.com, e o prprio Repositrio Digital:

    http://www.repositorioceme.ufrgs.br.

    Por fim vale lembrar que o Projeto Memrias do Programa Segundo

    Tempo tem carter contnuo e grande parte de seus sucesso depende da

    colaborao das pessoas que cotidianamente fazem o PST em suas mltiplas

    fases e realizao. Ou seja, se voc tambm faz parte da histria do Programa

    Segundo Tempo entre em contato conosco e nos ajude a preservar alguns

    fragmentos de memria deste projeto social pelo e-mail [email protected].

    Referncias

    2 Disponvel em

    http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/104569/000940554.pdf?sequence=1

  • 34

    BRASIL. Diretrizes do Programa Segundo Tempo. Braslia: Ministrio do

    Esporte, 2011.

    GOELLNER, Silvana Vilodre; MHLEN, Johanna Coelho von. Garimpando memrias: esporte, educao fsica, lazer e dana no Rio Grande do Sul. Revista de Histria Oral, Oralidades, v. 7, p. 53-66, jan./jun 2010.

    GOELLNER, Silvana Vilodre; LOMANDO, Naila Touginho; JOB, Ivone, SOARES, Luciane Silveira. Memria e Programas Sociais de Esporte e Lazer: o acervo do Programa Segundo Tempo do Repositrio Digital do Centro de Memria do Esporte. Motrivivncia, Ano XXIV, N38, p. 89-97, jun 2012.

    GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Memrias do Programa Segundo Tempo: partilhando experincias e conhecimentos. Porto Alegre: Centro de

    Memria do Esporte da Escola de Educao Fsica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Coleo Grecco), 2014.

    Imagem 10- Exposio 10 anos de PST

    Fonte: Blog memrias PST

  • 35

    PROJETO PST ADAPTADOS PARA PESSOAS COM ALGUM TIPO DE DEFICINCIA

    Bruno de Oliveira e Silva

    O esporte enquanto fenmeno sociocultural e elemento do processo

    educacional das crianas, adolescentes e jovens, vm desde a Lei N 9.615/88

    sendo compreendido como uma prtica que tem nos princpios socioeducativos

    da incluso, da participao, da cooperao, da coeducao e da

    corresponsabilidade, seu principal eixo norteador.

    Este elemento da cultura, reconhecido como direito de todos, no artigo

    217 da Constituio Federal, deve contribuir com o desenvolvimento de

    valores como a moral, a tica, a solidariedade, a fraternidade e a cooperao,

    na busca por uma formao de cidados mais democrticos e socialmente

    envolvidos com a melhoria da qualidade de vida da populao brasileira.

    Partindo desta premissa, que o Ministrio do Esporte vem formulando e

    desenvolvendo polticas pblicas que contribuam e assegurem os direitos

    sociais fundamentais dos cidados. O Programa Segundo Tempo, a partir do

    seu Projeto de Esportes Adaptados mais uma destas aes, que rene

    esforos para possibilitar, prioritariamente, a crianas, adolescentes e jovens

    com deficincia e/ou necessidades especiais, a partir de 6 anos de idade, de

    escolas pblicas ou em situao de vulnerabilidade social, ter acesso ao

    esporte educacional de qualidade, como forma de incluso social

    (DIRETRIZES DO PST, 2011)

    Este projeto visa democratizar o acesso prtica esportiva de pessoas

    com deficincias e/ou com necessidades especiais, seguindo os princpios

    do Esporte Educacional, especialmente os de no seletividade,

    hipercompetitividade e universalidade. Desta maneira os ncleos do PST

    Esportes Adaptados oferece a oportunidade de prticas esportivas para

    crianas, jovens e adolescentes com deficincia e/ou necessidades

    especiais a adquirirem, alm de autonomia e independncia, o resgate da

    autoestima, autoconfiana, relaes pessoais e equilbrio emocional.

  • 36

    no ano de 2008, atravs de um projeto piloto, que as aes de

    Esportes Adaptados, relacionadas com o processo inclusivo, comeam a ser

    implementadas dentro da proposta do Programa Segundo Tempo,

    constituindo-se posteriormente enquanto um Ncleo do programa.

    Inicialmente a proposta era oportunizar a um efetivo maior ou, ainda, dar

    maiores oportunidades s crianas e jovens com deficincia (MARQUES,

    2012, p. 261 apud GOELLNER; SOARES; CARVALHO, 2012) a realizar

    atividades esportivas, em ambientes diversificados e com desenvolvimento de

    trabalhos pedaggicos direcionados.

    Com vistas a este processo inclusivo, que o Ncleo de pessoas com

    deficincia ou Ncleo para deficientes vem se desenvolvendo nas

    dependncias da Escola de Educao Fsica da Universidade Federal de

    Pelotas (UFPEL) as suas atividades at a atualidade. Esta parceria acontece

    devido ao carter do Programa Segundo Tempo, que tem como uma de suas

    estratgias de implantao de ncleos, a busca de alianas e parcerias

    institucionais com entidades pblicas que dispe de condies tcnicas

    para execuo das atividades.

    Com o objetivo de democratizar o acesso ao esporte educacional de

    qualidade, como forma de incluso social, contribuindo para a efetivao

    dos direitos e construo da cidadania das crianas, adolescentes e jovens,

    prioritariamente, com deficincia e/ou necessidades especiais, em situao

    de vulnerabilidade social e, ao mesmo tempo, capacitar o futuro profissional

    da rea da educao fsica para desenvolver o ensino das atividades fsicas

    para pessoas com necessidades especiais e/ou deficincia, por meio da

    vivncia de situaes concretas de ensino-aprendizagem, que este ncleo foi

    constitudo atendendo em 2012 por volta de 100 crianas, sendo que destas

    aproximadamente 70% possuem algum tipo de deficincia necessidade

    especial (MARQUES, 2012, apud GOELLNER; SOARES; CARVALHO, 2012).

    Para o desenvolvimento destes objetivos projeta-se enquanto aes do

    Ncleo:

  • 37

    Oferecer prticas esportivas educacionais, atividades complementares

    estimulando crianas, adolescentes e jovens, a manter uma interao

    efetiva que contribua para o seu desenvolvimento integral;

    Oferecer condies adequadas para a prtica esportiva educacional de

    qualidade;

    Desenvolver valores sociais;

    Contribuir para a melhoria das capacidades fsicas e habilidades motoras;

    Contribuir para a melhoria da qualidade de vida (auto-estima, convvio,

    integrao social e sade);

    Propiciar atividades de reforo escolar, palestras informativas e passeios

    educacionais;

    Contribuir para a diminuio da exposio aos riscos sociais

    (preconceito, drogas, criminalidade, trabalho infantil entre outros) e para a

    conscientizao da importncia da prtica esportiva;

    Avaliar, acompanhar e analisar o comportamento do crescimento

    corporal, da aptido fsica, do estado nutricional e hbitos de vida;

    Assim busca-se com o Projeto Programa Segundo Tempo Esportes

    Adaptados, a oferta de mltiplas vivncias do esporte em suas diversas

    modalidades, trabalhadas na perspectiva do Esporte Educacional, voltado ao

    desenvolvimento integral do indivduo e no acesso prtica esportiva por meio

    de aes planejadas, inclusivas e ldicas como estmulo vida ativa

    Imagens

    Em conjunto com as atividades propostas aos participantes do projeto

    Programa Segundo Tempo Esportes Adaptados tambm se encontram

    atividades complementares de intervenes: Educacionais (relao

  • 38

    permanente com o aprendizado escolar, de forma a oferecer aos participantes

    a confiana necessria para superar as barreiras que estejam enfrentando no

    processo de ensino-aprendizagem, leitura, expresso, elaborao e

    construo da linguagem, seja verbal ou corporal); Recreativas; Artsticas

    culturais (desenvolvimento das aptides para manifestao da criatividade e

    da percepo, estimulando as atividades de expresso artstica, tais como: a

    dana, a msica, o teatro, a poesia, a pintura, o desenho, a construo e a

    modelagem, entre outras), que ocorrem em parceria e consonncia com as

    famlias (oportunizar a participao direta da famlia em atividades do

    programa palestras, eventos, avaliaes, informaes, entre outras.)

    advindas e pertencentes a comunidade dos participantes. Tais atividades

    integram o Planejamento Pedaggico do Ncleo (PPN) e seguem os

    princpios bsicos do Programa Segundo Tempo, o qual valoriza a incluso e

    a no discriminao de pessoas.

    Referncias

    BRASIL. Diretrizes do Programa Segundo Tempo. Braslia: Ministrio do Esporte, 2011.

    MARQUES, Alexandre Carriconde. Programa Segundo Tempo Ncleo para deficientes. 2012, p.261-268. In: GOELLNER, Silvana Vilodre; SOARES, Luciane Silveira; CARVALHO, Marco Antnio vila de (Org.). Programa Segundo Tempo: Memria, experincias, avaliao e perspectivas no

    encontro das equipes colaboradoras (So Paulo-2010). Maring: Eduem, 2012.