Livro a e Pesquisa 2012

Estatstica e Pesquisa

A letra grega , amplamente empregada em frmulas matemticas, usada nesta obra para representar o grupo de disciplinas em que se produzem clculos.

Estatstica e Pesquisa

Conselho editorialIvo Jos Both, Dr. (presidente)

Diretor-presidente Wilson Picler Editor-chefe Lindsay Azambuja Editores-assistentes Adriane Ianzen Jerusa Piccolo Anlise de informao Sabine Baum Reviso de texto Monique Gonalves Capa Bruno Palma e Silva Projeto grfico Raphael Bernadelli Diagramao Bruno de Oliveira

Elena Godi, Dr.a Jos Raimundo Facion, Dr. Srgio Roberto Lopes, Dr. Ulf G. Baranow, Dr.

Obra coletiva organizada pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Informamos que de inteira respon sabilidade do autor a emisso de conceitos. Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida por qualquermeio ou forma sem a pr-

L649 Cultura religiosa / Regiane Rosa de Moraes. Curitiba: Ibpex, 2007. 150p. ISBN 978-85-7649-028-5 1. Alfabetizao.2. Religio. 3. Educao Brasil. I. Ttulo. CDD 372.4 20. ed.

via autorizao da Ulbra. A violao dos direitosautorais crime estabe-

lecido na Lei n 9.610/98 epunido pelo Artigo 184 do

Cdigo Penal.

Apresentao

O contedo deste material refere-se ao estudo da estatstica aplicada pesquisa realizada no mbito dos cursos de graduao de Administrao e de Cincias Sociais. Esses cursos buscam a formao de profissionais que valorizem o constante aprendizado e atualizao, como diferencial que os capacita para atender s demandas empresariais e sociais, assessorando organizaes pblicas e privadas na busca do seu alto desempenho.

Esta disciplina tem dois grandes objetivos: dar subsdios aos alunos para uma maior compreenso e aplicao das funes estatsticas que trazem solidez anlise de resultados de informaes qualitativas e quantitativas coletadas durante a execuo de um projeto de pesquisa em qualquer rea das cincias; demonstrar a utilizao de funes estatsticas, atravs do software Microsoft Excel, aplicativo comumente disponvel para realizar esse tipo de clculo, fortalecendo assim a tomada de deciso para aes prticas a serem realizadas em funo das concluses a que chegamos no final de um projeto de pesquisa. Este material composto por uma seqncia de captulos assim organizados: Iniciando um projeto de pesquisa, em que conheceremos os conceitos bsicos acerca de pesquisa, projeto, mtodo e viE stat stica e pesquis a

metodologia, entendendo os diferentes tipos de propsito de projetos e as formas de delinear uma pesquisa. A informao, conhecida a partir dos tipos de dados com os quais trabalharemos em uma pesquisa e as fontes de busca de informaes. Tambm veremos a importncia de identificar os sujeitos que sero envolvidos no processo de coleta de dados e informaes e uma forma simples de validar as etapas que compem um projeto, para depois definirmos a populao, o universo ou a rea de estudo e, atravs dela, definirmos o melhor tipo e o tamanho de amostra sobre a qual coletaremos os dados. Os instrumentos de levantamento e coleta de dados, pois so valiosos para o nosso projeto, uma vez que cada um dos sete tipos que apresentaremos tem caractersticas peculiares e sero utilizados de acordo com a necessidade de cada situao de pesquisa. A anlise dos dados coletados, realizada de acordo

com os tipos de dados coletados, ou seja, se buscarmos respostas atravs de questes abertas, recomendvel a anlise de contedo, em que valorizamos a profundidade das respostas e trabalhamos com dados qualitativos. E o inverso, ou melhor, quando trabalhamos com dados quantitativos, aqueles mensurveis, que podem ser representados por quantidades, utilizamos mtodos estatsticos para realizar sua anlise. Planejando a anlise dos dados, atravs da estatstica definimos variveis e suas caractersticas peculiares para optar por uma anlise univariada, bivariada ou multivariada, bem como definir o tipo de medida a utilizar. Essas medidas podem ser de posio ou de disperso dos dados de um conjunto de informaes coletadas. Planilha eletrnica e estatstica, vamos retomar conceitos do Microsoft Excel e trabalhar com as funes estatsticas relacionadas anlise de dados em projetos de pesquisa no nvel de graduao. A apresentao dos dados em tabelas e grficos fundamental para a clareza visual da representao dos dados coletados. As tabelas e os grficos nos auxiliam em todas as etapas de desenvolvimento de um projeto, basta sabermos explorar logicamente esses recursos. Medidas de posio ou de tendncia central, aquelas que vo nos mostrar a localizao de um determinado dado em um conjunto de dados e atravs dos quais temos facilitada a anlise para a conseqente tomada de deciso acerca do mesmo. Medidas de disperso ou de variao, ou seja, aquelas que nos mostram como os dados se comportam dentro de um conjunto de dados coletados, como eles variam positiva ou negativamente e a, partir disso, facilitam a anlise e a tomada de deciso.vii Su m rio

E por fim, os softwares estatsticos, nas quais vamos conhecer quatro tipos especficos de programas desenvolvidos exclusivamente para tratar estatisticamente os dados e que so de eficincia e eficcia reconhecidas em nvel nacional. Ento, vamos aos nossos estudos.

viii E stat stica e pesquis a

Sumrio

E stat stica e pesquis a x

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Iniciando um projeto de pesquisa

Adriana Capello bacharel em Administrao de Empresas pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e em Matemtica pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), especialista em Administrao e Planejamento para Docentes pela Ulbra, mestre em Gesto de Negcios pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales (Argentina) e doutoranda emCincias da Educao pela Universidad de Santiago de

Compostela (Espanha). Na rea educacional, alm de atuar como professora da educao infantil, do ensino fundamental e do ensino mdio, trabalha na Ulbra na rea de aplicao e utilizao da informtica nos cursos de graduao em Pedagogia, Administrao, Sistemas de Informao, Anlise e Desenvolvimento de Sistemas de Informao, Cincias Sociais e Gesto de Cooperativas. tambm consultora de tecnologias educacionais em escolas municipais e privadas de educao infantil, ensino fundamental e ensino mdio.

Adriana Teresinha Rebechi Capello

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Este captulo apresenta conceitos iniciais,bsicos, importantes e fundamentais para compor um roteiro de trabalho a ser operacionalizado no desenvolvimento de um projeto de pesquisa e que so sinnimos de sucesso em investigaes realizadas em qualquer rea das cincias. Iniciaremos pelos conceitos de pesquisa, de projeto e de mtodo.

(1.1) Conceito de pesquisaConceituar e entender o que uma pesquisa de fundamental importncia para iniciarmos o nosso trabalho, portanto, vejamos sua definio: A pesquisa o conjunto de investigaes, operaes e trabalhos intelectuais ou prticos que tenham como objetivo a descoberta de novos conhecimentos, a inveno de novas tcnicas e a explorao ou a criao de novas realidades. E tambm:Para se realizar uma pesquisa preciso promover o confronto entre os dados, as evidncias, as informaes coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento terico acumulado a respeito dele. Em geral isso se faz a partir do estudo de um problema, que ao mesmo tempo desperta o interesse do pesquisador e limita sua atividade de pesquisa a uma determinada poro do saber, a qual se compromete a construir naquele momento. Trata-se, assim, de uma ocasio privilegiada, reunindo o pensamento e a ao de uma pessoa, ou de um grupo, no esforo de elaborar o conhecimento de aspectos da realidade que devero servir para a composio de solues propostas aos seus problemas.214 Est atsti ca e pesqu isa1

Na prtica, observando a realizao de pesquisas em diversas reas do conhecimento, encontramos diferentes tipos de pesquisa, por exemplo: pesquisa cientfica, pesquisa de campo, pesquisa exploratria, pesquisa documental, pesquisa descritiva, pesquisa bibliogrfica, pesquisa na internet, pesquisa explicativa e outras. Mas qualquer que seja o tipo ou natureza da pesquisa,

ela sempre dever ser antecedida pelo projeto. Para melhor entend-la, vejamos o conceito de projeto.

(1.2) Conceito de projetoDe acordo com Clemente3, um projeto trata de um tema especfico, que pode ser associado ao atendimento de necessidades, ao aproveitamento de oportunidades ou ao atingimento de expectativas de uma organizao e dos componentes do seu ambiente. O autor salienta tambm a necessidade de investimento de recursos, como os humanos, os materiais e os financeiros, bem como de tempo para seu desenvolvimento e estabelecendo resultados tipicamente quantificveis. No caso de um projeto empresarial, como a expanso de um parque de mquinas, os objetivos podem ser bem definidos, procurando-se quantificar os custos e os benefcios em uma linha de produo antes de chegar deciso final: expandir ou no o parque de mquinas? No caso de um projeto pblico, como uma campanha para aumentar o nmero de vacinaes em crianas com idade inferior a 6 anos, inversamente aos projetos empresariais, existe uma maior dificuldade em mensurar os benefcios, mesmo que de alguma forma devamos nos basear em comparaes de custos e benefcios. Clemente nos mostra apenas duas categorias de projetos: empresariais destinados sempre a assegurar retorno ao capital investido;15 Iniciand o um projet o de pesqu isa

pblicos devem sempre apresentar um saldo de benefcios sobre custos para a sociedade em geral. 4 E o autor continua apresentando a seqncia de fases de um projeto no Quadro 1.1:Quadro 1.1 Fases de um projeto

Oportunidades (problema); Equacionamento desenvolvimento de alternativas; anlise das alternativas; avaliao das alternativas. Escolha entre alternativas viveis Projeto de execuo; implementao. Acompanhamento; Aferio avaliao.Fonte: Clemente, 2002, p. 25.

Seleo Realizao

O projeto compreende a definio do tema e a delimitao da pesquisa, aspectos importantes para conhecermos os limites da pesquisa, ou seja, a rea a ser estudada, o assunto especfico do problema investigado, a oportunidade e a viabilidade do seu desenvolvimento. Entende-se que o desenvolvimento, a anlise e a avaliao das alternativas j pressupem mtodos.16 Est atsti ca e pesqu isa

Se j entendemos que projeto precede pesquisa e que pesquisa investigao, vamos aos mtodos!

(1.3) Conceito de mtodoMtodo e estratgia no podem deixar de ser lembrados, pois deles dependem os resultados esperados ou aqueles que buscamos quando da realizao de um projeto de pesquisa. Considerando Chiavenato,mtodo um plano estabelecido para o desempenho de uma tarefa especfica, detalhando como o trabalho dever ser executado. Estratgia significa a mobilizao de todos os recursos da organizao em mbito global, visando atingir objetivos globais a longo prazo. Uma estratgia define um conjunto de tticas. Ttica significa uma mobilizao de recursos especficos da organizao, em mbito departamental, visando atingir objetivos de mdio prazo. Uma ttica define um conjunto de operaes.5

Portanto, o mtodo, as estratgias e as tticas certamente sero de grande valia para que no nos afastemos dos objetivos traados e permaneamos trabalhando logicamente.

(1.4)Iniciand o um projet o de pesqu isa

Os primeiros passos da metodologiaPodemos afirmar que a definio de metodologia, ou seja, o estudo de quais mtodos, estratgias e tticas sero apropriadas para o sucesso de uma pesquisa imprescindvel,

17

seja para um projeto cientfico ou no, uma vez que estes serviro para promover e facilitar a coleta dos dados e sua posterior anlise, validando e dando cientificidade a um processo de pesquisa. Quando se fala em metodologia de pesquisa, comum caracterizar o propsito do projeto, o delineamento da pesquisa, a delimitao da rea ou da populao-alvo, o plano de amostragem, as tcnicas e o plano de coleta, as tcnicas de anlise dos dados e a discusso destes. A discusso e a anlise dos dados normalmente um captulo da pesquisa que envolve a obteno e posterior tabulao dos dados levantados durante o processo. A descrio dos dados coletados abranger tratamento estatstico para gerar, atravs de clculos numricos, os resultados que podero ser representados por tabelas e grficos, alm de outras formas de representao destes na utilizao de softwares especficos para fins estatsticos, inclusive possibilitando um processo comparativo com outros projetos j concludos ou em fase de execuo. A anlise dos dados deve ser realizada com base nos resultados numricos e relacionando-os diretamente com o referencial terico envolvido na pesquisa. Vejamos, ento, algumas definies iniciais acerca da pesquisa a ser realizada.18 Est atsti ca e pesqu isa

O propsito do projetoEssa etapa antecedida pela escolha do tema do projeto. Lembramos que um nico tema pode ser tratado de diferentes formas, por exemplo: Se o tema for marketing visual, podemos optar pela verificao da necessidade de utiliz-lo em uma campanha social ou optar para diagnstico e anlise da sua eficincia

em campanhas j realizadas, objetivando dimensionar numericamente seu resultado. Dessa forma, podemos relacionar outras maneiras de tratar esse tema e, assim, definir o real propsito do projeto, pois o tipo de projeto de pesquisa relaciona-se diretamente com o seu propsito, como veremos a seguir. Descreveremos na seqncia algumas opes de projeto de pesquisa, considerando que todos devem estar, tambm, diretamente relacionados ao desenvolvimento de referencial terico. Aps a definio do propsito do projeto podemos definir qual o mtodo de pesquisa ser mais adequado nos momentos de coleta e de anlise dos dados. Pesquisa aplicada Ela se preocupa com a compreenso de problemas para delinear solues para problemas de gesto de pessoas e de recursos humanos. Avaliao de resultados a anlise sistemtica dos resultados de uma soluo j apresentada e implantada acerca de um problema, apontando seus pontos positivos e negativos para que possamos estudar novamente o problema e definir novas estratgias de soluo.19 Iniciand o um projet o de pesqu isa

Avaliao formativa o momento posterior avaliao de resultados, ou seja, o momento em que vamos estudar novamente o problema e apresentar novas alternativas para maximizar os resultados positivos encontrados e minimizar os negativos.

Pesquisa-diagnstico quando no conhecemos as causas de um problema e buscamos a resposta atravs de anlise de recursos materiais, recursos humanos, recursos financeiros e recursos tecnolgicos de uma organizao ou comunidade. Proposio de planos Aqui j conhecemos as causas de um ou mais problemas, os analisaremos e proporemos estratgias e alternativas adequadas de soluo.

O mtodo cientficoQuando falamos de mtodo cientfico, logo nos perguntamos: Quantidade ou qualidade? Ou seja, que tipo de dados coletaremos e de que forma sero tratados, que tipo de instrumento devemos utilizar, como vamos reunir e avaliar os resultados desses dados, quanto tempo teremos para coletar dados, onde e com quem vamos trabalhar. Perguntas como essas fazem parte da etapa de definies chamada mtodo cientfico, ou seja, como trabalharemos para que, da melhor forma, busquemos os dados e possamos chegar a concluses coerentes num processo de pesquisa.20 Est atsti ca e pesqu isa

Para Pilger e Carvalho Neto6, os mtodos de abordagem do problema de pesquisa podem ser: Quantitativo a anlise dos dados realizada atravs de mtodos objetivos, pois estes garantem a cientificidade do processo de pesquisa, isso respaldado em objetividade, rigor, existncia de

mecanismos de controle, representatividade estatstica da populao investigada e possibilidade de generalizao dos resultados. Aqui o tamanho da amostra uma garantia de validade de dados, ou seja, a quantidade numrica fundamental. Qualitativo Entende-se que dados e informaes no podem ser tratados apenas como nmeros ou cdigos registrados em uma mquina qualquer, mas sim pela anlise da profundidade, contedos e significados que representam, bem como sob o ponto de vista do pesquisador e dos estudiosos do problema investigado. Importante: a utilizao dos dois mtodos simultaneamente tem como objetivo enriquecer os resultados obtidos e reforar a sua validade, pois um mtodo no exclui o outro e a experincia nos mostra que, para projetos: do tipo avaliao de resultados utilizamos com freqncia o mtodo quantitativo; de avaliao formativa o qualitativo; e pesquisa-diagnstico, proposio de planos e pesquisa aplicada, uma combinao de ambos. No podemos, portanto, esquecer de que o mtodo cientfico utilizado fundamental para a facilitao da compreenso dos dados trabalhados e tambm da clareza dos resultados obtidos no final de um processo de pesquisa.21 Iniciand o um projet o de pesqu isa

a. Prazos, perodo de tempo, local, grupos de pessoas ou organizaes pr-definidos.

Delineamento da pesquisaAo delinear uma pesquisa, definimos o rumo da nossainvestigao, possvel termos ambientes de trabalho diferentes

ou situaes sociais diversas, podendo ser um(a):Experimento de campo

quando vamos at o local escolhido para estudopara coletar os dados, podendo a pesquisa ser classificada

como: exploratria, ou seja, busca a identificao de variveis independentes e dependentes e at que ponto elas podem ser medidas em um determinado fenmeno ou evento; explanatria, ou seja, testa uma teoria analisando as relaes que se estabelecem entre as causas de um problema; descritiva, ou seja, descreve situaes, fenmenos, eventos, atitudes e opinies que se evidenciam em uma populao predefinida; longitudinal, ou seja, quando em diferentes determinadosintervalos de tempo analisamos variveis e seus

comportamentos; corte-transversal, ou seja, quando em um determinadointervalo de tempo analisamos uma ou mais variveis.22 Est atsti ca e pesqu isa

Estudo de caso Quando analisamos um fenmeno em curso em seu ambiente real atravs de anlises minuciosas de uma nica ou de vrias unidades de estudo estudo de casos mltiplos. Por exemplo, quando vou analisar a situao de uma

nica empresa sem compar-la com outras ou quando vouanalisar o ramo de atividade empresarial com relao a outro ramo de atividade, comercial e industrial. O pesquisador pode mergulhar na realidade investigada. Ele no tem procedimentos metodolgicos rgidos e deve, portanto

generalizar os resultados do trabalho.Pesquisa-ao Caracteriza-se pela interao entre o pesquisador e os pesquisados que, durante o processo, estabelecem e aplicam alternativas de soluo acerca do objeto de estudo, as quais so analisadas e corrigidas paralelamente buscando a melhoria da realidade em questo, possibilitando um momento de aprendizagem relacionado ao ambiente da

pesquisa.Pesquisa bibliogrfica baseada unicamente em materiais j elaborados, como livros, artigos cientficos, revistas, sites, e essencial para a formao da reviso da literatura que embasar propostas e concluses. Devemos observar questes relacionadas validade dos dados disponveis nas fontes selecionadas

para no comprometer os resultados finais da pesquisa.Pesquisa documental Semelhante anterior, diferencia-se pela natureza das fontes, pois utiliza materiais que no receberam tratamento analtico, como documentos oficiais, reportagens, cartas, contratos, dirios, filmes, fotografias, gravaes e arquivos, ou que foram apenas analisados experimentalmente, como relatrios de pesquisa, relatrios de empresas, tabelas estatsticas etc.

23 Iniciand o um projet o de pesqu isa

AtividadeFaa uma busca atravs de diferentes autores acerca destetema e monte um quadro comparativo entre diferentes roteiros de planejamento de projeto de pesquisa, evidenciando suas percepes nos itens estudados neste captulo.

24 Est atsti ca e pesqu isa

(2)

A informao


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A identificao dos tipos de dados e dasfontes de informao que respectivamente vo qualificar o nosso processo de pesquisa muito valiosa, uma vez que dados e fontes incorretas podem invalidar os objetivos de um projeto. So os dados, as informaes e as suas fontes que nos levaro ao correto dimensionamento da populao e da amostra adequadas, assim como a definio e a constituio dos instrumentos de coleta mais eficientes e eficazes.

Para DAsceno1, coletar dados sem tcnica pode comprometer os resultados da pesquisa, pois atravs deles que podemos conhecer a realidade do ambiente que pesquisamos. No entanto, antes de escolher o instrumento e as tcnicas que sero utilizadas para a coleta dos dados, convm salientar que devemos: buscar a realidade racional dos fatos e todo o entorno do projeto; prestar ateno conduo das conversaes estabelecidas para:no buscar responsveis a julg-los pelo problemas; no estabelecer e organizar aes futuras precipitadamente; no cair em especulaes; no realizar anlise dos dados antes de ter as idias dimensionadas;

perceber que este momento no o correto nem o ideal para tecer consideraes ou sugestes, ou seja, j tirar concluses sobre eles; observar atitudes questionadoras dos envolvidos no processo.2 Para iniciar o processo de coleta de dados e busca de respostas para os problemas convm esclarecer as dvidas do quadro a seguir:

28 E stat sti ca e pesquis a Quadro 2.1 Atitude interrogativa no levantamento e na anlise

Atitude interrogativa No levantamento Que feito? Como feito? Na anlise Que deveria ser feito? Como deveria ser feito?(continua)

(Quadro 2.1 concluso)

Quando feito? Onde feito? Quem faz? Para quem feito? Por que feito? Qual o volume de trabalho? Qual o custo?Fonte: DASCENO, 2001.

Quando deveria ser feito? Onde deveria ser feito? Quem deveria fazer? Para quem deveria ser feito? Por que deveria ser feito? Qual deveria ser esse volume? Qual deveria ser o custo?

Esse autor salienta ainda que importante que tenhamos, de forma muito clara e transparente, tambm respostas para as informaes acerca das seguintes questes: Foram contemplados todos os dados considerados importantes? Foi elaborada uma representao visual e/ou grfica do problema a ser pesquisado? Qual a atual alocao de recursos materiais, humanos, tecnolgicos, financeiros e outros, at ento dispensados situao em questionamento? situao atual? Foi traada uma previso de resultados a encontrar nesta coleta de dados e sua anlise? O delineamento da pesquisa tambm enriquecido pela busca de algumas respostas para questionamentos como: Qual o roteiro correto a seguir? Quais documentos podemos utilizar para coletar dados? Quais metodologias podemos utilizar para coletar e analisar dados?A i nf orm ao

Foi realizada uma anlise detalhada e profunda da

29

Qual mtodo estatstico podemos utilizar para interpretar dados e chegar a concluses corretas em uma pesquisa cientfica? Quais tipos de dados e de fontes de informao vamos explorar? Vamos, ento, comear a definir essas questes.

(2.1) Tipos de dadosPara Smailes3, dependendo de onde vm os dados, ou seja, em diferentes formas, eles devem ser tratados estatisticamente de maneira diferente na converso em informaes e podem ser classificados em: qualitativos ou categricos (nominais e ordinais), e quantitativos (contnuos e discretos), conforme veremos a seguir.

Dados nominaisSo os que podem ser separados em categorias chamadas de no mensurveis, por exemplo, cor dos cabelos, marcas de sabo em p ou cor do vestido de 50 alunas em uma30 E stat sti ca e pesquis a

palestra: azuis, marrons, pretos, brancos, vermelhos; ou seja, os resultados so exibidos em uma simples lista, em sua forma bruta.

Dados ordinaisAqui os nmeros podem agir como categorias ou ordenaes, dados que representam algum elemento de ordem e que pode causar confuso para os respondentes de um questionrio, como no exemplo:

1. Muito satisfeito 2. Satisfeito 3. Insatisfeito Os termos muito satisfeito, satisfeito e insatisfeito so como dados nominais e os cdigos que os acompanham so nmeros que atuam especificamente como ordenaes, portanto, seriam classificados como dados ordinais.

Dados quantitativosSo aqueles que podem ser medidos, contados, quantificados ou representados atravs de um nmero e de uma unidade (rea, massa, volume, comprimento, valor monetrio, etc.), podendo ser separados em categorias ou classes contnuas ou discretas: Dados quantitativos contnuos So aqueles em que os resultados obtidos assumem qualquer valor dentro de um intervalo, por exemplo: salrios, pesos, altura, etc. Dados quantitativos discretos So aqueles em que os resultados obtidos assumem valores inteiros especficos dentro de um intervalo, por exemplo: nmero de mensagens de alunos em uma secretria eletrnica, nmero de e-mails recebidos em uma caixa postal, nmero de filhos, etc.31 A i nf orm ao

(2.2) Fontes de informaoPara Smailes4, as fontes de informao so: Primria (dados primrios) So dados coletados com objetivo definido, por exemplo, formulrios que preenchemos em lojas e bancos e que so dados primrios para alguma instituio, isto , so especficos e unicamente resultantes da organizao pesquisada. Registros oficiais de rgos governamentais, registros bibliogrficos e registros estatsticos oficiais ou particulares tambm so exemplos de dados primrios. Os dados coletados de um censo ou pesquisa so conhecidos como dados primrios, e reuni-los pode ser dispendioso em termos financeiros e tambm consumir muito tempo. Por isso, os dados de um censo so geralmente coletados por governos ou empresas especializadas em pesquisa de mercado, que, depois, disponibilizam as informaes a outros estas passam a ser conhecidas como dados secundrios.32 E stat sti ca e pesquis a

Secundria (dados secundrios) So dados coletados para um projeto especfico, mas que podem ser utilizados em outros propsitos, pela imprensa, em obras literrias, por exemplo. O IBGE, rgo federal que coleta dados e realiza pesquisas em vrios setores sociais e econmicos e os disponibiliza para a populao.

(2.3) A seleo dos sujeitos participantesTodos aqueles que fornecerem dados de que precisamos para nossa pesquisa so chamados de sujeitos e essa escolha merece especial ateno, pois podemos invalidar nossos resultados se os sujeitos no estiverem relacionados e envolvidos de alguma forma, munidos de algum interesse particular s nossas intenes do projeto. Devemos ter muito cuidado ao envolver pessoas no nosso projeto, sempre buscando aquelas que realmente queiram nosso sucesso.

(2.4) Panorama inicial para validao dos dados e das informaes a coletarA i nf orm ao

Todas as etapas que compem um projeto devem completar-se mutuamente, ou seja, cada uma delas deve ter implcitas as demais, de forma que ao lermos, por exemplo, o nome do projeto, possamos logicamente visualizar todas as demais. Se analisarmos uma estrutura bsica de um projeto de pesquisa qualquer, podemos simplific-la objetivando uma inter-relao lgica entre as etapas componentes do mesmo como, por exemplo, no quadro a seguir:

33

Quadro 2.2 Etapas de um projeto de pesquisa

Etapas do projeto 1. Nome do projeto ou da pesquisa 2. Sumrio

Percepo do pesquisador Ao l-lo, devo visualizar 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10. Na seqncia, devo visualizar 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10. Na seqncia, devo visualizar 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10. Na seqncia, devo visualizar 5,

3. Introduo

4. Problema

6, 7, 8, 9 e 10. Na seqncia, devo visualizar 6,

5. Objetivo geral 6. Objetivos especficos 7. Reviso de literatura

7, 8, 9 e 10. Na seqncia, devo visualizar 7, 8, 9 e 10. Na seqncia, devo visualizar 8, 9 e 10.

8. Metodologia (de coleta de dados e anlise dos dados) 9. Anlise ou apresentao34 E stat sti ca e pesquis a

Na seqncia, devo visualizar 9 e 10.

dos resultados 10. Concluses ou propostas de solues

Na seqncia, devo visualizar 10. Na seqncia, devo visualizar 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.

(2.5) Populao-alvo ou rea de estudoA populao ou universo ou rea de estudo qualquer conjunto de elementos definido por caractersticas comuns ou comportamentos interessantes definidos como objeto de anlise. O objeto de anlise pode ser um bairro, um grupo de profissionais, uma empresa ou um conjunto de elementos da sociedade. Vejamos um conceito:O conjunto da totalidade dos indivduos sobre o qual se faz uma inferncia recebe o nome de populao. A qual rene todas as observaes que sejam relevantes para o estudo de uma ou mais caractersticas dos indivduos os quais podem ser estudo de um fenmeno coletivo segundo alguma caracterstica. Essas caractersticas numricas so denominadas parmetros. Uma populao pode ser finita, se contm um nmero finito de dados, ou infinita, se contm um nmero infinito de dados.5

de extrema importncia a definio clara e objetiva do universo de uma pesquisa, pois dentro dela que vamos desenvolver todo o nosso trabalho.35 A i nf orm ao

(2.6) A amostraOptamos pela definio de uma amostra quando o universo da pesquisa muito grande e a definio do seu tamanho o que vai valid-la. A utilizao de tcnicas estatsticas nessa definio pode nos aproximar dos resultados que seriam obtidos se todo o universo fosse pesquisado. Ou, ainda, pode ser definida como subconjunto de uma populao.

Tipos de amostraO tipo, ou mesmo os tipos, de amostragem que poderemos utilizar tambm decisivo para o sucesso do nosso trabalho. E, quanto mais complexa for nossa pesquisa, mais acertada dever ser a definio de tipo e tamanho da amostra a ser utilizada, no esquecendo que trabalhar com tipos de amostras diferentes pode solidificar nosso projeto. Listamos a seguir os tipos mais encontrados de amostras nos atuais projetos de pesquisa, de acordo com36 E stat sti ca e pesquis a

Kmeteuk, Vergara, Smailes, Martins e Pilger6: Amostragem aleatria simples Quando, para cada elemento do universo, atribui-se um nmero para que depois possamos selecionar alguns elementos de maneira casual. Amostragem sistemtica Sendo uma variao da anterior, fundamental que cada elemento da amostra possa ser identificado pela sua posio. Amostragem estratificada Considera todos os subgrupos de uma populao. Amostragem por conglomerados usado quando temos

dificuldade para identificar todos os elementos do universo de pesquisa, podendo evitar a contagem de todos, reduzindo o tempo necessrio para a contagem. Amostragem por etapas Recomendada se o universo de pesquisa for muito extenso. Podemos, de forma gradativa, aumentar a profundidade do levantamento. Amostragem por acessibilidade ou convenincia utilizado para pesquisas de carter qualitativo, tendo cientificidade garantida pela profundidade do estudo, e no pelo tamanho da amostra, sendo destituda de rigor cientfico, pois um procedimento no probabilstico. Amostragem por tipicidade ou intencional tambm uma amostragem no probabilstica, no entanto, preciso ter profundo conhecimento da populao-alvo, para que a definio da amostra repita caractersticas da populao em iguais propores. Amostragem acidental o conjunto de elementos que surge por acaso e que pode inserido, desde que esteja relacionado com nossos propsitos, como em pesquisas de opinio, quando, muitas vezes, algum que no sabemos se possui as caractersticas pr-estabelecidas no projeto quer dar depoimento. Amostragem por cotas muito utilizada em pesquisas de mercado e em prvias eleitorais e a que possui o maior rigor cientfico, se deve se dar em trs etapas: determinao das classes relevantes para o estudo em questo; determinao da proporo da populao para cada classe; determinao da quantidade para cada observador ou entrevistador.37 A i nf orm ao

Tamanho da amostraConforme Pilger , para dimensionar o tamanho de uma7

amostra se de origem de uma populao finita ou infinita , devemos considerar, os seguintes fatores: Amplitude do universo de pesquisa Pode ser finita quando possui at 100.000 elementos, e infinita, quando excede esse nmero, ou ainda: populao finita aquela que tem elementos enumerveis; populao infinita aquela que no possvel enumerar ou considerada infinita por ser muito grande. Nvel de confiana desejado De acordo com a teoria geral das probabilidades, a maioria das distribuies de informaes coletadas atravs de amostras se ajusta curva de Gauss (curva normal). Expressamos esse nvel a partir dos desvios-padro com relao mdia. A rea compreendida por um desvio-padro direita e um esquerda da mdia corresponde a uma confiabilidade de 68%. Quando usamos dois desvios-padro, essa confiabilidade aumenta para 95,5% e, se usarmos trs desvios, ser de 99,7%. Erro mximo permitido Os resultados nunca sero exatamente38 E stat sti ca e pesquis a

iguais ao que se obteria se fosse analisado o universo todo ou, ainda, quanto maior a amostra, menor o erro. Portanto, sugerimos aqui a utilizao de um erro mximo de 5%.

a. a curva que mostra a distribuio de erros quando trabalhamos com uma grande quantidade de medidas de uma mesma grandeza.

Clculo das populaesNo clculo para populaes infinitas, considera-se: n = tamanho da amostra = nvel de confiana escolhido, expresso em nmero de desvios-padro p = percentagem com a qual o fenmeno se verifica q = percentagem complementar (100-p) e = erro mximo permitido sendo a frmula:

n=Exemplo 1:

2 . p.qe2

Calcular o tamanho da amostra em uma pesquisa com 2.600.000 sujeitos, sabendo que esse nmero no passa de 25% da populao total, sendo o erro mximo permitido de 5%, e um nvel de confiana de 99,7%, ou seja, um desvio padro de 3 unidades. Assim, ter-se-ia:

n=

32.25.75 = 675 52

Ou seja, para garantir a cientificidade do processo, devemos trabalhar com uma amostra mnima de 675 pessoas. No clculo para populaes finitas, considera-se: n = tamanho da amostra de desvios-padro p = percentagem com a qual o fenmeno se verifica q = percentagem complementar (100-p) e = erro mximo permitido N = tamanho da populao, Sendo, neste caso a frmula:A i nf orm ao 39

= nvel de confiana escolhido, expresso em nmero

n=

2 . p.q.N e 2 .( N 1) + 2 . p.q

Exemplo 2: Uma escola precisa saber quantos dos seus 11.250 alunos j tiveram reprovao em duas disciplinas no mesmo semestre. Estima-se que esse nmero no passe de 12% do total. Utilizando um nvel de confiana de 95,5%, ou seja, de 2 (dois) desvios-padro e um erro mximo de 5%. Assim, ter-se-ia

2 2.12.88.11250 n= 2 = 166,74 5 .(11250 1) + 2 2.12.88Ou seja, para garantir a cientificidade do processo, devemos trabalhar com uma amostra mnima de 167 alunos da escola. Sabe-se que, quanto maior a amostra, melhor demonstrar as informaes sobre a populao. Uma amostra com tamanho superior ao estimado muito pouco, na maioria dos casos, acrescenta, a no ser os custos de tempo e dinheiro e que a convenincia e a representatividade de uma amostra deve considerar o bom senso, ou seja, envolver ao mximo interesses comuns ao projeto.40

AtividadeE stat sti ca e pesquis a

A tabela a seguir foi extrada de uma reportagem da Revista Amanh .8

Faa uma anlise que relacione: tipos de dados utilizados; fontes de informao utilizadas; tipo de populao definida; tipos de amostras utilizadas.

Ttulo: conforme consta na revista

Dinheiro na formao Alguns exemplos de investimentos em educao corporativa em 2006 Empresa Petrobras Banco Ita McDonalds All Logstica Natura Springer Carrier Motorola Hosp. Me de DeusFonte: AUTOR, 2007.

R$ milhes 300 35 20 20 12 2,0 1,5 0,8

41 A i nf orm ao

(3)

Instrumentos de levantamento ecoleta de dados


(

)

Este captulo tem como objetivo apresentar setetcnicas utilizadas atualmente para a realizao da coleta e do levantamento de dados e de informaes necessrias para o desenvolvimento de uma pesquisa de qualquer natureza. Esses instrumentos podero ser utilizados na forma individual ou combinada, de acordo com o tipo de pesquisa a ser realizada. Antes de apresent-los, salientamos que de fundamental importncia que os instrumentos tenham relao

direta com os objetivos delineados no projeto; apresentem um cabealho definindo sua proposta, suas finalidades e instrues de preenchimento das respostas de cada tipo de questionamento; seja realizado um teste com uma pequena amostra, para verificar a necessidade de fazer correes para no prejudicar a sua validade. Uma das formas de obter uma maior certeza da eficincia e eficcia de um instrumento qualquer de coleta de dados pode ser desenhada da seguinte forma, representada atravs de um exemplo: Qualquer que seja o tipo de instrumento para a coleta de dados e o mtodo estatstico para a anlise destes, devemos utilizar estratgias que consolidem tal instrumento. Um exemplo est representado a seguir e tem a finalidade de cruzar e identificar se os dados a serem coletados alcanam os objetivos traados.Quadro 3.1 Relao: objetivos especficos x dados a coletar

46 E stat stica e pesquisa

1. Nome do projeto de pesquisa: 2. Problema: 3. Objetivo geral: 4. Instrumento(s) de coleta de dados: Objetivos especficos O.E. 1 O.E. 2 O.E. 3 O.E. 4 x x x x Dados e informaes a coletar 1 x 2 x x x x x x x 3 4 x 5 x 6 7 x N

As linhas destacadas so sinnimo de reviso do instrumento de coleta de dados, uma vez que a incidncia da relao apresenta-se nula e igual a um. Isso significa que no devemos aplicar o instrumento de coleta de dados sem ter certeza de que todas as suas questes tm relao direta com os objetivos do projeto e que a recproca verdadeira. Antes projetar o instrumento de pesquisa devemos: 1. planejar as informaes desejadas e necessrias em funo do objetivo da pesquisa; 2. verificar as alternativas de resposta para cada pergunta e qual o significado de cada uma delas; 3. definir a forma de apresentao das respostas: direta, indireta, aberta, fechada e inferncia; 4. definir o pblico-alvo, em quantidade e rea de atividade, e outros (faixa etria, renda prevista); 5. definir a abrangncia do instrumento; 6. definir o local, a hora e a durao do tempo de aplicao do instrumento; 7. informar os envolvidos, quando possvel; 8. definir o roteiro de envio, recebimento e de aplicao do instrumento, buscando o melhor resultado possvel em termos de aceitao por parte dos questionados, respeitando o tempo previsto; 9. elaborar um cronograma de aplicao; 10. definir como sero registrados os dados e a tabulao; 11. definir os tipos de controle e verificao para validao da aplicao do instrumento; 12. definir a forma de tabulao e anlise dos dados. Alm das questes relacionadas aos tipos de dados e s fontes de informao, tambm importante considerar a percepo apresentada a seguir acerca das caractersticas das informaes.1

47 In st rum ento s de l evanta mento e cole ta de dad os

Quadro 3.2 As caractersticas da informao valiosa

Caractersticas

Definies A informao precisa no contm erro.

Precisa

Em alguns casos, ela gerada porque dados imprecisos so alimentados no processo de transformao (isso comumente chamado de entra lixo e sai lixo). A informao completa contm todos os

Completa

fatos importantes. Por exemplo, um relatrio de investimento que no inclua todos os custos importantes no completo. A informao tambm deve ser relativamente

Econmica

econmica para ser viabilizada. Os tomadores de deciso sempre precisam equilibrar o valor da informao com o custo de produzi-la. A informao flexvel pode ser usada para uma variedade de propsitos. Por exemplo, a informao sobre o estoque disponvel para uma pea em particular pode ser til para o vendedor num fechamento de venda; para o gerente de produo, que determina a necessidade ou no de mais estoque, e para o executivo financeiro, que especifica o valor total que a empresa investiu em estoque. A informao confivel pode ser dependente de algum outro fator. Em muitos casos, a confiabilidade da informao depende do mtodo de coleta de dados. Em outros exemplos, a confiabilidade depende da fonte da informao. Um rumor sem fonte conhecida sobre a elevao do preo do petrleo pode no ser confivel.(continua)

48 E stat stica e pesquisa

Flexvel

Confivel


A informao relevante essencial para Relevante o tomador de deciso. Por exemplo, a queda de preo da madeira pode no ser relevante para um fabricante de chip de computador. A informao tambm deve ser simples, no excessivamente complexa. Uma informao sofisticada e detalhada pode sobrecarregar o conjunto de informaes. Quando um tomador de deciso dispe de muitas informaes, h dificuldade em determinar qual delas realmente importante. A informao pontual aquela obtida quando Pontual necessria. Por exemplo, as condies do tempo para a ltima semana no interferiro na escolha do que vestir hoje. A informao deve ser verificvel. Isso Verificvel significa que voc pode conferi-la e se assegurar de que est correta, talvez confrontando muitas fontes para uma mesma informao. A informao deve ser facilmente acessvel Acessvel aos usurios autorizados. Obt-la da forma correta e no tempo certo atender, certamente, s suas necessidades. A informao deve ser segura para possibilitar Segura seu acesso apenas para usurios autorizados.

Simples

49 In st rum ento s de l evanta mento e cole ta de dad os

Fonte: STAIR; REYNOLDS, 2002, p. 06.

Os instrumentos de levantamento e de coleta de dados aqui apresentados esto caracterizados em Pilger, Kmeteuk, Smailes, Martins e DAsceno.2

(3.1) Questionrio um conjunto de questes ou perguntas antecipadamente formuladas e organizadas de forma lgica e sistematizada, elaboradas pelos responsveis pelo projeto e tcnicos na rea de estudo, buscando respostas precisas e concisas, em formulrio organizado e padronizado para ser aplicado de forma presencial ou a distncia com o grupo definido como populao ou amostra dimensionados no projeto de pesquisa. Conforme Pilger3, o ndice de retorno dos questionrios de aproximadamente 25%. Quando so respondidas sem a presena do pesquisador, o nmero de questes no respondidas ou respondidas de forma inadequada tende a ser alto. Utilizamos esse instrumento quando a populao ou a amostra considerada grande e precisamos obter respostas quantitativas em diferentes pontos geogrficos e os dados sugerem50 E stat stica e pesquisa

anlise estatstica. Como vantagens da utilizao dos questionrios podemos citar: permite trabalhar com amostras grandes de envolvidos; no exige especialistas no assunto a ser pesquisado para a sua aplicao; a facilidade de tabulao agiliza a obteno dos resultados; tem custo de execuo e aplicao reduzidos, se comparados com outros instrumentos; no entanto, o custo de confeco elevado.

E, como desvantagens, podemos citar: exige investimento de tempo nas fases de elaborao e planejamento; a interpretao das perguntas fica por conta do respondente, podendo causar distoro ou mesmo no prejudicando a quantidade de respostas previstas no projeto. As questes do questionrio podem ser: Abertas Permitem ao respondente expressar de forma livre a sua opinio, tm carter qualitativo, sendo tratadas atravs da anlise quantitativa, pelo agrupamento de respostas por categorias em funo da freqncia que as idias aparecem. Ex.: qual a importncia que seus clientes do para o prazo de entrega de mercadorias? Fechadas Permitem apenas duas alternativas de resposta, caracterizando preciso dos dados e facilitando a elaborao de tabelas de freqncias e de grficos. Estas facilitam a tabulao dos dados, mas limitam o aprofundamento permitindo apenas a quantificao de opinies. So de opes de respostas sim e no. Dicotmicas So as que permitem duas respostas, como sim e no associadas a feminino e masculino, ou seja, a mesma pergunta ser completamente respondida se preenchidas as duas associaes. Perguntas de mltipla escolha So tambm consideradas fechadas, pois limitam a resposta s opes apresentadas. Podem ser divididas quanto estrutura em: Perguntas-mostrurio: possuem um leque de alternativas para possveis respostas pergunta elaborada, exigindo muito conhecimento sobre o assunto questionado.51 In st rum ento s de l evanta mento e cole ta de dad os

Exemplo a melhor forma de redimensionar processos de trabalho: ( ( ( ( ) ) ) ) Reduo de pessoal Simplificao rotinas de trabalho Eliminar etapas dos processos Redimensionar os resultados desejados

Perguntas de estimao: apresentam escalas ou nveis de intensidade (crescente ou decrescente). Exemplo Com relao aos preos praticados pela empresa, voc est: ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) Muito insatisfeito Insatisfeito Indiferente Satisfeito Muito satisfeito

Perguntas semi-abertas: so um meio termo entre as questes abertas e as fechadas, apresentando perguntas-mostrurio e abrindo a oportunidade para o respondente, que no encontrou entre as alternativas possveis uma respostaE stat stica e pesquisa 52

satisfatria, poder se manifestar livremente. Exemplo Ao comprar um sapato o fator mais importante para voc : ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) Marca Qualidade Preo Condies de pagamento Outro:

(3.2) FormulrioO formulrio, da mesma forma que o questionrio, utilizado para pesquisas de carter quantitativo. Podem tambm apresentar questes abertas, fechadas ou de mltipla escolha. A diferena entre o questionrio e o formulrio reside no fato de que, ao contrrio do questionrio, o formulrio no necessariamente preenchido pelo respondente, mas sim pelo pesquisador, direta ou indiretamente, a partir de uma observao.

(3.3) Entrevista uma tcnica de coletar dados fazendo perguntas de forma oral, no entanto, no dispensa o planejamento e a estruturao lgica antecipados acerca do assunto em questo e a sua conduo deve buscar o atingimento dos objetivos da pesquisa. A entrevista utilizada quando precisamos de reflexes conjuntas entre entrevistado e entrevistador, mesmo que no permita ampliar, em muitos casos, o contexto do levantamento de informaes desejadas, ou seja, nem sempre se tem real acrscimo de informaes. Sua utilizao tambm benfica quando precisamos buscar informaes que no tm registro formal e esto apenas na experincia e na vivncia de cada entrevistado, mesmo que tenhamos de investir tempo e dinheiro.53 In st rum ento s de l evanta mento e cole ta de dad os

As entrevistas podem ser: Estruturada ou padronizada quando o roteiro elaborado deve ser seguido facilitando assim a anlise posterior. No estruturada ou despadronizada que, por sua vez, divide-se em: Focalizada com tema definido e delimitado, com roteiro oculto, dificultando o afastamento do assunto e permitindo a interveno do entrevistador, se for necessrio retomar a discusso. No dirigida o entrevistado tem total liberdade para fazer sua exposio, sem interferncia nenhuma do entrevistador. Painel um mesmo roteiro apresentado a um mesmo grupo de pessoas, por duas ou mais vezes, objetivando verificar a evoluo do pensamento e opinio das pessoas no decorrer do tempo. O processo de realizao da entrevista compreende: 54 E stat stica e pesquisa

a promoo de um dilogo informal e rpido; o esclarecimento dos objetivos e a importncia dos envolvidos; a generalizao das perguntas para no se desvincular do roteiro; a conduo pelo entrevistador que busque agregar valor s respostas, falando pouco e prestando ateno em tudo que acontecer no ambiente;

no induzir o entrevistado a respostas desejveis pelo entrevistador; gravar a entrevista, se for autorizado; resumir oralmente o que foi dito para possvel complementao ou correo de informaes; verificar da possibilidade de entrevistar outras pessoas;

elaborao de um relatrio logo aps o encerramento da entrevista pela equipe envolvida na pesquisa, bem como arquivo de toda a documentao e/ou recursos utilizados.

Como vantagens da entrevista podemos citar: facilita o contato direto com os envolvidos possibilitando a verificao das reaes do(s) entrevistado(s); facilita a incluso ou a eliminao de questes que possam se tornar inconvenientes, oportunizando a motivao do entrevistado e do entrevistador. E, como desvantagens, apresenta: o trabalho com um universo menor de pessoas e reas, pois pode limitar as informaes a um pequeno grupo local; a possibilidade de cometermos avaliaes subjetivas, uma vez que nem sempre conseguimos anotar tudo que foi falado e observado, caso o entrevistador no seja experiente.

(3.4)In st rum ento s de l evanta mento e cole ta de dad os

Entrevista por telefone uma conciliao entre o questionrio postal e a entrevista pessoal. O risco nunca podemos ter certeza de quem est do outro lado.

55

(3.5) Observao direta a verificao in loco de tudo que acontece no ambiente em que se desenvolve o processo em estudo, de forma tambm sistemtica e planejada. Ela caracteriza-se como observao participante ou no-participante. Na primeira, o observador participa do cotidiano das pessoas que esto no foco da observao e, na segunda, assume a condio de mero espectador. Esse tipo de pesquisa utilizado quando existe a necessidade de conhecer o ambiente natural do assunto em estudo, de verificar in loco as situaes componentes do processo, as foras atuantes no ambiente e validar informaes obtidas em entrevistas e/ou questionrios. Devemos elaborar um relatrio e anex-lo a possveis documentaes coletadas como: informativos, folders, jornais e revistas especficas, para que informaes importantes56 E stat stica e pesquisa

no sejam deixadas de fora do contexto de anlise final. A observao direta tem como vantagens: permite a verificao pessoal dos fatos relativos ao foco do estudo; no precisa interromper processos de trabalho dos que sero observados; uma complementao dos demais instrumentos de coleta de dados. Possui como desvantagens: exige habilidade e concentrao, pois se limita a perodos de tempo no estabelecidos pelo pesquisador e a presena de muitas pessoas pode ser um fator inibidor;

fatos no rotineiros podem intervir e mudar o rumo da observao; dificulta a percepo e registro simultneos.

(3.6) Pesquisa da documentao existenteVisa a ampliao do conhecimento do processo em estudo, em relao ao histrico dos problemas anteriores, s alternativas adotadas para solucion-los e aos problemas legais envolvidos. Na identificao e coleta de documentao devemos identificar onde encontrar documentos que possam ser benficos e quais documentos ser vlido analisar, podemos trabalhar com documentao de forma paralela a coleta de dados com qualquer dos outros instrumentos utilizados para tal. A anlise da documentao coletada envolve a validao da origem, da poca e do contedo da documentao e a verificao da existncia de documentos extraviados, duplicados ou considerados ultrapassados e os que aqueles que no sejam significativos. Apresenta como vantagens: a verificao da existncia ou no da cultura de documentar situaes, de registrar fatos; a facilidade de anlises comparativas; a complementao dos dados coletados por outros instrumentos permitindo uma viso mais geral e mais ampla do problema em questo.57 In st rum ento s de l evanta mento e cole ta de dad os

E como desvantagens: podemos encontrar resistncia com relao ao acesso a dados registrados formalmente; no uma tcnica de coleta que deva ser utilizada individualmente.

(3.7) Tcnica interativaPodemos utilizar, dependendo da complexidade e da amplitude do tema e do problema a ser estudo em uma pesquisa, qualquer das tcnicas listadas, fazendo com que a confirmao e a complementao dos dados e informaes se dem atravs de mais de um tipo de instrumento diferente.

Atividade58 E stat stica e pesquisa

Vamos elaborar um instrumento de levantamento e coleta de dados e informaes considerando os projetos 1 e 2. Analise as caractersticas de cada um, em seguida: 1. Dimensione sua provvel populao e amostra; 2. elabore um prottipo de instrumento de coleta de dados 3. utilize como ferramenta auxiliar e crie um quadro semelhante ao Quadro 3.1. Observao importante: caso voc perceba problemas de lgica entre os itens relacionados para cada projeto, redimensione-os.

Projeto 1 Administrao Ttulo: Estudo de caso para a implantao de estratgias de negcio na empresa Miguel Chaves Transportes Ltda. Objetivo geral: Elaborar estratgias de negcio para a empresa Miguel Chaves Ltda. Objetivos especficos: obter todas as informaes necessrias para a elaborao das estratgias junto empresa; definir quais os assuntos prioritrios para elaborar as estratgias de negcio; desenvolver as estratgias de negcio; identificar os principais atributos das estratgias de negcio elaboradas que levaro os gestores da empresa a quererem implant-las na organizao. Projeto 2 Cincias sociais Ttulo: Modelo de responsabilidade social da empresa Litunia S.A. Energia Eltrica. da coordenadoria de responsabilidade social da empresa, quais as atitudes ou decises que ela vem implementando para ser de fato uma empresa socialmente responsvel. Objetivos especficos: analisar a gesto em relao implementao da Coordenadoria de responsabilidade social; analisar a maneira por qual a empresa entende responsabilidade social: obrigao social e a da responsabilidade social; compreender o que uma empresa socialmente responsvel.In st rum ento s de l evanta mento e cole ta de dad os

Objetivo geral: Pesquisar de que forma foi a implementao

59

(4)

A anlise dos dados coletados


(

)

Depois de definidos o propsito do projeto, odelineamento da pesquisa, o mtodo cientfico, os tipos de dados, as fontes de informao, os sujeitos participantes, a populao e a conseqente amostra, bem como o instrumento de levantamento e de coleta de dados, passamos etapa de coleta propriamente dita, que ser seguida pela anlise dos dados coletados, que, por sua caracterstica qualitativa ou quantitativa, passar por tratamento estatstico diferenciado.

Em pesquisas de carter quantitativo, utilizamos o mtodo estatstico para a anlise dos dados na busca de regularidade e relaes dos fenmenos estudados. Sempre que possvel, devemos cruzar os dados, ou seja, comparar respostas de questionamentos diferentes, mas interligados para consolidar respostas conclusivas. Em pesquisas de carter qualitativo, o grande volume de dados resultado da coleta se materializa em forma de textos que devem ser organizados para anlise. Assim, uma tcnica denominada anlise de contedo, da mesma forma que os mtodos estatsticos, busca descobrir relaes e semelhanas entre os fenmenos estudados. No podemos esquecer de considerar as fontes de erro que podemos ter e que podem ocorrer devido queles que provm da amostra por no ser representativa e queles que provm da amostra causados por incluso incorreta de respostas, recusa de cooperar, no execuo do contato inicial64 Est atsti ca e pesquisa

com os componentes da amostra e perguntas ou instrumentos de coleta mal projetados. Portanto, saber utilizar as tcnicas disponveis atravs da tecnologia para tratar as informaes de forma eficiente e eficaz passou a ser um canal de integrao social facilitando e influenciando as tomadas de deciso. Para Mattar Neto1, a tecnologia da informao permite-nos uma rapidez e preciso muito grande para acessar, sintetizar e analisar a informao. As ferramentas tradicionais para ensino e pesquisa, como papel, lpis, quadronegro e livro-texto, so, hoje, apenas alguns dos muitos elementos que podemos utilizar na educao. imprescindvel utilizar, tambm, os recursos eletrnicos. A tecnologia, at bem pouco tempo atrs, servia simplesmente para anlise de dados. Agora, temos nossa disposio diversos recursos, como processadores de texto, e-mail, web browsers, bancos

de dados, softwares para editorao eletrnica, softwares para o desenvolvimento de ambientes de estudo virtual etc. Ento, a necessidade de utilizar os meios eletrnicos como suporte ao estudo e pesquisa inegvel. Integrar a utilizao dos softwares disponveis uma prtica que deve fazer parte do cotidiano de um acadmico. Os indivduos precisam freqente e constantemente realizar processos de busca, de acesso e de disseminao das informaes. As tcnicas informacionais fazem parte do nosso dia-a-dia. Nesta disciplina, faremos a utilizao dos recursos da edio de textos e das planilhas de clculo para nos auxiliarem na realizao da anlise dos dados coletados.

(4.1)A a n lise d os dados colet ados

Anlise de contedo aquela que permite a anlise das respostas de questes abertas. Para sua validade cientfica, recomendamos a gravao ou a filmagem, para que depois seja feita a transcrio do texto, considerando que o que no dito explicitamente pode ser deduzido atravs do texto escrito. A anlise de contedo se caracteriza pela profundidade, razo pela qual geralmente se aplica a um pequeno grupo de pessoas, considerando que grupos homogneos daro maior validao cientfica do trabalho. A profundidade pode ser traduzida atravs da tcnica de definio das categorias iniciais, intermedirias e finais, analisando o texto, definindo palavras que determinem a

65

essncia de cada pargrafo, constituindo, assim, a idiachave da categoria inicial formada por esse pargrafo. Quando a entrevista for semi-estruturada, recomenda-se desenhar um roteiro de orientao em que apaream as categorias iniciais semelhantes. Palavras ou colocaes que incidirem em mais de 50% das respostas das entrevistas podem ser consideradas como relevantes em relao s demais. Objetivamos determinar os fatores relevantes encontrados nas respostas obtidas, mas ser melhor em pequeno nmero, pois no existe uma quantidade adequada de categorias finais para uma anlise de contedo. Uma sugesto de tabela e um exemplo2 muito interessante de transcrio de uma entrevista so mostrados a seguir:Quadro 4.1 Roteiro 1 de orientao das categorias

Palavras-chave66 Est atsti ca e pesquisa

Idias-chave

Categoria inicial

Fonte: PILGER; CARVALHO NETO, 2007.

Eu me sinto satisfeito na realizao do meu trabalho porque eu sou um profissional e como profissional da rea eu estou fazendo aquilo que eu gosto, e como eu fao aquilo que eu gosto eu procuro fazer da melhor forma possvel. Para esse pargrafo, a categoria inicial seria:

Quadro 4.2 Roteiro 2 de orientao das categorias

Palavras-chave Realizao trabalho Profissional melhor

Idias-chave O profissionalismo reflete na qualidade do trabalho

Categoria inicial Relao profissionalismo e qualidade


As categorias intermedirias surgem do agrupamento de categorias iniciais que apresentam afinidade temtica. Nesse momento pode-se utilizar uma tabela como segue:Quadro 4.3 Roteiro 3 de orientao das categorias

Categorias iniciais Relao profissionalismo e qualidade

Idias-chave O profissionalismo

Categoria intermediria

O trabalho em si Trabalho: fonte de realizao agrada profundamente, realiza e motivador

Prazer e trabalho


Nessa tabela, so apresentadas as categorias iniciais, suas respectivas idias-chave e a categoria intermediria formada pelas categorias iniciais. Obtidas as categorias intermedirias, parte-se para a obteno das categorias finais, que nada mais so do que o reagrupamento das categorias intermedirias observando-se novamente a afinidade temtica destas. Nesse momento, deve-se elaborar

A a n lise d os dados colet ados

reflete na qualidade do trabalho

67

as idias-chave das categorias intermedirias (que no so a mesmas idias-chave das categorias iniciais).Quadro 4.4 Roteiro final de orientao das categorias

Categorias intermedirias Prazer e trabalho Ambiente e integrao Idias-chave O trabalho fonte de realizao e prazer O ambiente e a integrao do pessoal so fontes de prazer

Categorias finais

O trabalho como fonte de prazer


Um outro exemplo3 no qual podemos nos arriscar a definir as categorias est a seguir relacionado: Problema: Alguns autores tm afirmado que a produoEst atsti ca e pesquisa 68

cientfica brasileira em organizaes est fortemente calcada em referencial estrangeiro, sobretudo no de origem americana. Quais as possveis conseqncias desse fato para a administrao no Brasil?. Objetivo geral: Apresentar a consolidao de reflexes sobre as possveis conseqncias, para a administrao no Brasil, das referncias utilizadas por nossos autores. Objetivos especficos: levantar as nacionalidades das referncias utilizadas por autores brasileiros de anlise organizacional; levantar as principais razes que levam esses autores utilizao do tipo de referencial indicado e, dessa forma, explicar tal uso.

Ento, definindo as categorias: Primeiro:Quadro 4.5 Definio de categorias 1

Palavras-chave Produo cientfica Organizaes Referencial estrangeiro AdministraoFonte: VERGARA, 2003.

Idias-chave A produo cientfica reflete na administrao

Categoria inicial Relao entre a produo cientfica e a administrao

Depois:Quadro 4.6 Definio de categorias 2

Categorias iniciais

Idias-chave A produo

Relao entre a produo cientfica e a administrao

cientfica reflete na administrao Produo cientfica e administrao

Produo cientfica e administrao

A Produo cientfica leva ao processo de administrao

Fonte: VERGARA, 2003.

A a n lise d os dados colet ados

Categoria intermediria

69

E por ltimo:Quadro 4.7 Definio de categorias 3

Categorias intermedirias finais Produo cientfica e administrao Cincia e administrao

Idias-chave das categorias intermedirias A cincia uma das fontes da administrao A administrao se fundamenta na cincia

Categorias finais

A cincia como reflexo na administrao

Fonte: VERGARA, 2003.

Para Freitas e Janissek , a anlise de contedo pode ser4

realizada sob trs diferentes enfoques, que so:70 Est atsti ca e pesquisa

Verificao ou explorao Quando o objeto preciso, ou seja, h uma hiptese de verificao, sabemos o que buscamos e que podemos quantificar resultados; quando o objetivo explorar ou definir hipteses, com menor rigor, menor sistematizao e sem padronizao, sustentando-se pela intuio e experincia. Anlise quantitativa ou qualitativa No acmulo de freqncia de temas, de palavras ou de smbolos, ou seja, no nmero de vezes que ocorre um mesmo elemento, se enquadra a anlise quantitativa; na presena ou na ausncia de determinadas caractersticas, na novidade, no interesse, no tema, esto os objetos da anlise qualitativa.

Anlise direta ou indireta Se consideramos as respostas na forma como elas aparecem estamos analisando diretamente; se por inferncia contabilizamos aquilo que ficou subentendido, ou seja, alm do que est dito estamos analisando indiretamente. Os autores ainda afirmam que a anlise de contedo ocorre em quatro etapas distintas: definio do universo, categorizao do universo estudado, escolha das unidades de anlise e quantificao. E salientam que esse tipo de anlise exige do pesquisador curiosidade, pacincia, tempo, dedicao, imaginao, criatividade, perseverana, disciplina, intuio e rigidez no momento da observao, pois seu valor se d pela confiabilidade: resultados no vinculados aos instrumento de coleta de dados, pois a estes podem at servir de suporte deciso ou aceitao de fatos; pela validade lgica, pois os instrumentos de coleta utilizados devem realmente buscar as respostas desejadas ou necessrias; pela inferncia, pois no deixar de perceber todo e qualquer tipo de interpretao que um dado ou informao possa ter ou levar; pela validade emprica, pois o treinamento e a experincia de quem vai analisar os resultados dever ser recheados de prudncia e humildade em vez de convices pessoais No quadro a seguir, destacamos algumas idias que tambm o autor salienta e que dizem respeito utilizao de softwares estatsticos que realizam anlise de contedo.71 A a n lise d os dados colet ados

Quadro 4.8 Caractersticas desejveis de um software estatstico na anlise de contedo

Estrutura de base Entrada de dados

Como o software organiza os seus dados Como voc insere seus dados no software e os prepara para anlise

Trabalhando com os dados

Como voc codifica, seleciona e explora seus dados, como faz anotaes, como os dados se relacionam Como se busca e localiza itens nos

Localizao e busca

dados (trechos, palavras) que necessita para anlise Como o software oferece os resultados

Apresentao dos dados

e com que recursos e mtodos (tela, impressora, arquivos) Como o software arranja sistematizadamente

Construo de72 Est atsti ca e pesquisa

teorias

os dados, desenvolve proposies ou hipteses, testa-as e gera explanaes coerentes A habilidade do software em trabalhar

Edio grfica

dados e seus resultados esquematicamente, interrelacionando-os Como o software facilita ao pesquisador o aprendizado para sua utilizao Acerca da customizao, de melhorias

Interface amigvel

Outros comentrios

potenciais de novas verses, de comparaes com outros sistemas que realizam este tipo de anliseFonte: Adaptado de FREITAS; JANISSEK, 2000, p.75.

AtividadeDados os problemas a seguir, desenhe as tabelas de definio de categorias e defina as categorias iniciais, intermedirias e finais para a realizao de uma anlise de contedo: a. Por que os programas de preveno no so eficientes para combater o problema social da violncia infanto-juvenil? b. Quais so os fatores que mais tm influenciado os casos de suicdio entre a populao adulta residente nas grandes cidades do Estado do Rio Grande do Sul durante o primeiro semestre de 2007? c. Como elevar o nvel de comprometimento dos executivos das organizaes industriais para a formao de grupos de trabalho que realizem manuteno preventiva regular em seus equipamentos de trabalho? Como diminuir o ndice de desemprego feminino nas grandes metrpoles do Pas, depois da poca do Natal?73 A a n lise d os dados colet ados

(5)

Planejando a anlise dos dados


(

)

fundamental conhecer as caractersticasatribudas s variveis que compem o estudo de um tema em um projeto e que sero objeto de estudo do processo de pesquisa e tambm os caminhos diferentes que a estatstica pode assumir, bem como as formas como as variveis podem ser analisadas e tratadas. Esses so os objetivos deste captulo.

(5.1) A estatsticaMartins1 apresenta um conceito sinttico de estatstica: estatstica a cincia dos dados uma cincia para o produtor e o consumidor de informaes numricas. Ela envolve coleta, classificao, sumarizao, organizao, anlise e interpretao de dados. Poderamos dizer, com base nesse conceito, que a cincia que estuda os dados a estatstica. Moore2 diz que as informaes contidas em um conjunto de dados e tambm que organizadas em variveis retratam caractersticas a respeito de um grupo de indivduos, pois estes so os objetos78 E st atsti ca e pesqu isa

descritos por um conjunto de dados, podendo ser pessoas, animais ou objetos. Uma varivel qualquer caracterstica de um indivduo e pode assumir valores diferentes para indivduos diferentes. Podemos dizer ainda que as variveis so caractersticas dos elementos estudados que tendem a variar de elemento para elemento. s variveis so, ento, atribudos valores que podem ser numricos ou no numricos. Podemos assim classific-las: Qualitativas ou categricas Aquelas definidas por categorias que no significam classificao dos indivduos, dividem-se em: Nominais: sem ordenao das categorias, como por exemplo: raa, cor do cabelo, sexo. Ordinais: com ordenao das categorias, como os dias da observao (segunda, tera, quarta. .), o turno de trabalho (manh, tarde ou noite), o grau de instruo escolar, a classe social.

Quantitativas Aquelas que podem ser representadas Por um nmero acrescido de uma unidade, denotam quantidade, como renda, idade, altura, nmero de filhos. Dividem-se em: Discretas: caractersticas mensurveis que podem assumir apenas um numero finito contvel de valores e, assim, somente fazem sentido valores inteiros. Exemplos: numero de filhos; numero de bactrias por litro de leite; nmeros de erros de ortografia; nmero de carros que uma famlia possui; o nmero de livros que um estudante compra por ano. Contnuas: caractersticas mensurveis que assumem valores em uma escala para as quais valores fracionais fazem sentido. Exemplos: peso; altura; salrios dos empregados de uma grande; temperatura ou presso atmosfrica de determinada regio; presso arterial de um grupo de pessoas. Ainda por Kmeteuk por sua importncia as variveis3

79 Planej ando a anlise dos dados

podem ser classificadas como: Varivel independente Fator ou causa de um evento, de um acontecimento. Varivel dependente Fator ou efeito resultante da ao da varivel independente. Varivel interveniente Fator que modifica a varivel dependente sem modificar a independente. A tomada de deciso pode ser um ato provido de condies de certeza que podem basear-se na estatstica, uma vez que ela um mtodo eficiente de coleta, organizao, descrio para a conseqente anlise e interpretao de dados e informaes que fazem parte do desenvolvimento de um projeto. importante salientar que informaes so conjuntos de dados, ou seja, um dado se transforma em informao aps ser analisado e validado.

(5.2) Os caminhos da estatsticaDe acordo com Kmeteuk , a estatstica se divide em descritiva4

e indutiva, que podemos assim sistematizar: Descritiva: no tira concluses, pois faz coleta, descrio e apresenta os dados coletados. Indutiva: tira concluses com base nos resultados em amostras, oferecendo preciso de resultados atravs da anlise, da interpretao dos dados tendendo para as estimativas, dos testes e das decises.

80 E st atsti ca e pesqu isa

(5.3) O mtodo ou tratamento estatstico5Dados expressos em nmerosPara dados expressos em nmeros, utilizamos medidas estatsticas diferentes, como idade, salrio, peas vendidas, onde podemos usar: Medidas de disperso, que so: disperso ou variabilidade; amplitude; varincia; desvio-padro; coeficiente de variao.

Medidas de posio que so as de tendncia central: mdia; moda; mediana; separatrizes.

Anlise de dados com carter quantitativo:Anlise univariada Mostra a freqncia de respostas possveis para cada questo da pesquisa, independente do tipo de instrumento de coleta de dados, ou seja, estudamos como se distribui apenas uma varivel. Freqncia absoluta representada pelos dados na forma que so apresentados. Exemplo: na anlise da distribuio de idades de uma amostra numa populao determinada, conclui-se que 2.348 indivduos tm idade inferior a 21 anos. Freqncia relativa apresentado o percentual relativo a esse grupo com relao amostra, ou seja, os 2.348 so traduzidos como um percentual da mostra utilizada, por exemplo 58%. Anlise bivariada Analisa a correlao entre duas variveis, ou seja, procura verificar se existe relao casual entre elas. Por exemplo: a queda do volume de vendas de uma indstria est relacionada ao preo dos produtos, poca do ano, localizao do cliente, ao perfil do vendedor e s caractersticas de durabilidade dos produtos. Todas essas variveis so analisadas atravs da relao que possa existir entre elas. A correlao entre essas variveis vai mostrar seus comportamentos e a participao de cada um desses fatores na determinao do volume de vendas, ou seja, se existe relao casual ou no.81 Planej ando a anlise dos dados

Anlise multivariada uma ferramenta estatstica que processa as informaes de modo a simplificar a estrutura dos dados e a sintetizar as informaes quando o nmero de variveis envolvidas muito grande, facilitando o entendimento do relacionamento existente entre as variveis do processo.6 Por exemplo: em 1999, na UFRGS, foi realizada uma pesquisa envolvendo uma situao concreta com 24 variveis de 35.463 candidatos ao concurso vestibular daquele ano. O estudo teve como objetivo estabelecer o poder explicativo que 15 variveis scio-econmico-culturais tiveram sobre o desempenho nas 9 provas daquele concurso. Anlise de dados agregados a construo de indicadores utilizados para comparao de dados e informaes entre dados secundrios os agregados e dados primrios.82 E st atsti ca e pesqu isa

AtividadeConsiderando os exemplos de projeto apresentados na atividade do captulo 3, preencha a tabela a seguir reunindo as caractersticas estudadas at este captulo e relacionadas a ele. Obs.: escolha apenas um deles para trabalhar.

a. Idade, sexo, local de moradia, renda familiar, expectativa profissional etc.

Tabela 5.1 Definies de um projeto de pesquisa

Caractersticas do projeto Qual a categoria de projeto? Projeto pblico Projeto empresarial Qual o propsito do projeto? Pesquisa aplicada Avaliao de resultados Avaliao formativa Pesquisa-diagnstico Proposio de planos Qual o mtodo cientfico a ser utilizado? Quantitativo ou positivista Qualitativo ou fenomenolgico Qual o delineamento da pesquisa? Experimento de campo Exploratria Explanatria Descritiva Longitudinal Corte-transversal Estudo de caso Pesquisa-ao Pesquisa bibliogrfica Pesquisa documental

Observaes

83 Planej ando a anlise dos dados(continua)

(Tabela 5.1 continua)

Qual a populao-alvo ou rea de estudo? Qual a amostra utilizada? Amostragem aleatria simples Amostragem sistemtica Amostragem estratificada Amostragem por conglomerados Amostragem por etapas Amostragem por acessibilidade ou convenincia Amostragem por tipicidade ou84 E st atsti ca e pesqu isa

intencional Amostragem por cotas Qual o tamanho da amostra? Qual o tipo de dado que sero coletado? Qualitativos ou categricos Nominais: Ordinais: Quantitativos Contnuos: Discretos: Quais sero as fontes de informao? Dados primrios Dados secundrios Quais sero os instrumentos de levantamento e coleta de dados utilizados?

(Tabela 5.1 continua)

Questionrio Formulrio Entrevista: Entrevista por telefone Observao direta Pesquisa da documentao existente Ser feita a anlise de contedo? Qual o mtodo estatstico que ser realizado? Anlise univariada Anlise bivariada Anlise multivariada Anlise de dados agregados Como sero apresentao de dados? Tabulao Graficao Quais medidas de posio ou de tendncia central sero utilizadas? Mdia Moda Mediana Quais medidas de disperso ou de variao sero utilizadas? A amplitude85 Planej ando a anlise dos dados

(Tabela 5.1 concluso)

O intervalo interquartil A varincia Desvio-padro Correlao

86 E st atsti ca e pesqu isa

(6)

Microsoft Office Excel e Estatstica

1


(

)

O Microsoft Excel um aplicativo que possuiestrutura de planilha de clculo, permitindo a execuo de contas variadas, inclusive os estatsticos necessrios para a efetivao da anlise dos dados coletados em uma investigao. Passamos ento a utilizar como ferramentas bsicas computacionais o Microsoft Word e o Microsoft Excel para concretizar nosso projeto.

(6.1) Estrutura da planilha de clculoQualquer ferramenta computacional, em funo das suas facilidades e objetivos operacionais, possui estrutura e caractersticas diferenciadas dos demais. Ento vamos nossa ferramenta de trabalho a partir daqui.Quadro 6.1 Capacidade e dimenses do Microsoft Excel

Tamanho mximo de uma90 Est atstica e pesquisa

clula N de linhas por planilha (registros) N de colunas por planilha (campos) N mximo de planilhas por pasta

240 caracteres

65.536

256 16 (considerando as totais dimenses acima)

So reas especficas do Excel: rea de trabalho, rea de referncia, clula ativa, cabealho (linhas e colunas), barra de frmulas e planilhas da pasta. Os operadores so:Quadro 6.2 Operadores do Microsoft Excel

Operadores numricos (Operaes) SINAL + FUNO Adio Subtrao

Operadores lgicos (Condio) SINAL > < FUNO Maior que Menor que(continua)


* / % ^

Multiplicao Diviso Porcentual Exponenciao

>= 0 E B12

Documents

Livro a e Pesquisa 2012