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Livro - Acreditar sempre no amanha - A5podeditora.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Livro-Acreditar... · o mundo espiritual, deixando-nos com uma imensa saudade. Ao meu marido Eduardo

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Rio de Janeiro2018

Catarina Palma

P196a Palma, Catarina Acreditar sempre no amanhã repleto de luz / Catarina Palma – 1. ed. Rio de Janeiro: PoD, 2018. 140p. ; 21cm

1. Autorrealização (Psicologia). 2. Mudança (Psicologia). 3. Fé. I. Título.

18-47198 CDD: 158.1

CDU: 159.94716.01.2018 18.01.2018

CIP-Brasil. Catalogação-na-FonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

A AUTORA responsabiliza-se inteiramente pela originali-dade e integridade do con-teúdo de sua OBRAS bem como isenta a EDITORA de qualquer obrigação judicial decorrente da violação de direitos autorais ou direitos de imagem nela con� do, que declara, sob as penas da Lei, ser de sua única e exclusiva autoria.

Acreditar sempre no amanhãrepleto de luz.

Copyright © 2018, Catarina Palma

Todos os direitos são reservados no Brasil.

PoD Editora Rua Imperatriz Leopoldina, 8 – sala 1110Centro – Rio de Janeiro – 20060-030Tel. 21 2236-0844 • [email protected]

Capa & Diagramação:Pod Editora

Impressão e Acabamento:PoD Editora

Revisão:Pod Editora

Foto da orelha:Roberto Pinto de Mello

Nenhuma parte desta publicação pode ser u� lizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecâ-nico, fotocópia, gravação, nem apropriada ou estoca-da em banco de dados sem a expressa autorização da autora.

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Dedicatória

Este livro é dedicado à primeira pessoa que aprendi a amar e a respeitar, minha mãe Noêmia. Viveu incondicio-nalmente para os fi lhos, vivenciando sucessos, fracassos e perdas com fé e resignação. Sempre orando ao seu Deus com uma fé inabalável.

Minha mãe lutou por dignidade sua vida inteira e, no seu fi m de vida, tudo lhe foi tirado de uma maneira cruel e covarde. Faleceu só e abandonada, foram afastadas por um amor incondicional de mãe por um único fi lho. Mesmo as-sim, foi amada sem limites e sofreu os horrores dessa sepa-ração.

Ao meu amado irmão Élio, que partiu muito cedo para o mundo espiritual, deixando-nos com uma imensa saudade.

Ao meu marido Eduardo de Palma e meus fi lhos Taiane de Palma e Tarcísio Almeida de Palma, que sempre me in-centivaram e que me dão muito orgulho. Criar esses “seres” e torná-los pessoas de bem, foi o maior presente que a vida pode me dar.

E mais uma vez o amor fez milagres.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por este Dom Divino que me permitiu vivenciar todas essas experiências.

Aos amigos que estiveram sempre presentes, me ajudando e amparando, em momentos difíceis de minha caminhada:

Flávio Bandeira, muito obrigada por tudo que você fez por mim e minha família nesses longos anos.

Aliomar de Castro, minha eterna psicóloga e amiga, obriga-da pela dedicação.

Paulo Faria meu guru, nos momentos necessários me socor-reu e protegeu. Minha gratidão.

Cristina Lunardi, que com tanto amor, intensifi cou meu dom espiritual com toda sabedoria passada através dos seus cursos.

Ao meu amigo, presidente da Casa do Caminho, Alcino Ta-vares, que no mundo terreno dedicou momentos inesquecíveis de sua vida à vida da minha família, com o dom maravilhoso da cura que possuía. Hoje no mundo espiritual, minha gratidão eterna.

Monica Martins, que Deus te devolva em dobro tudo que você fez por mim.

Hélio Taguchi e Márcia Maeda, vocês foram solidários em me ouvirem com carinho e também aliviar minhas intensas dores da coluna com suas mãos curadoras.

Ao meu professor de numerologia, João Bosco, que me in-centivou a publicar este livro.

Ao meu amigo e professor Cláudio Pimenta, que fez a revi-são deste livro.

Obrigada a todos, pois vocês agregaram à minha vida ener-gias que me levaram adiante.

Que Deus e meus mestres cuidem de vocês, assim como vo-cês cuidaram de mim.

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A espiritualidade sempre assustou Vany, desde criança vendo e convivendo com os espíritos fi zera com que o seu futuro fosse dedicado a eles. Só que sem medo e com muita naturalidade.

Às vezes pensava que estava louca, mas não, apenas a cumprir uma dura missão espiritual da qual exigia muito de sua matéria frágil. Essa espiritualidade tão forte, viva, pre-sente e verdadeira fazia dela a cada dia uma pessoa dife-rente e especial. Ela se dizia bruxa e realmente sempre foi, só não tinha plena consciência de seu poder. Mas o tempo faria isso. Era assustador para ela lidar com tanta força espi-ritual e essa força crescia porque sua humildade, sinceridade e medo a faziam balançar; às vezes, pensando estar louca realmente. Mas as coisas foram acontecendo de tal maneira que no momento, ou a tempo certo, a fez acreditar nesta “força”, ou melhor, ela era uma linda bruxa. A partir dessa descoberta tudo mudaria, sua saúde e vida complicadas se transformariam daquele momento para frente. A fé que ela precisava para poder lidar com tudo isso começou a crescer e a fortalecê-la de tal forma que a fez se descobrir como nunca havia feito. Existia uma outra mulher: forte, voraz e louca por vida. Vida nunca vivida, apenas sonhada. Sabia sonhar como ninguém.

Abdicou de seus sentimentos e desejos para viver para os outros. Dedicava-se com toda presteza, amor e carinho a todos que se aproximavam dela; nem sempre era reconhe-cida, mas isso não importava, pois sua missão era se doar... Com o tempo descobriria que esquecera que ela precisaria de tudo que doava a todos. Sofreu por muito tempo, nunca soube o que era ser amada de verdade, ser protegida como uma criança sem pai, nem mãe.

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E o tempo foi passando, passando... Ela amadurecendo o seu lado protetor e espiritual com todos e sempre sendo mal-interpretada e mal-amada. Mas sua força interior que seu subconsciente guardava a levava para o futuro. Que fu-turo? Ela não tinha nada que a fi zesse pensar num futuro promissor com todas as suas carências supridas. Mas isso aconteceria, com certeza Deus estava com ela e seus mento-res espirituais a levariam ao lugar certo, no momento certo. Tinha que aprender o que era fé inabalável, só a partir daí tudo aconteceria. E essas pessoas para as quais ela sempre se doava a levariam a essa fé linda e verdadeira que curava tudo: Deus.

Até chegar a esse momento, muitas coisas aconteceram. A doença mental e física tomou conta de sua matéria por um longo tempo, tirando mais uma vez todos os seus sonhos que eram apenas o que tinha para si e quase a levando à lou-cura. Chorava como ninguém, pois mesmo “louca” pensava nos seus entes queridos e amigos que não contavam com a sua ajuda. Queria viver para os outros e não para si mesma. Tinha que entender que, em primeiro lugar, deveria ter amor por ela mesma e cuidar de si... Para depois cuidar dos outros. Nesse período, vegetou como uma planta seca e sem vida, mas inconscientemente querendo viver. Só precisava de ca-rinho e atenção, além de um tratamento espiritual. Sofreu também porque era rebelde em relação a tratar-se espiritu-almente; quando teve plena consciência disso, mesmo com rebeldia e fraqueza, procurou a cura. Ainda demoraria a ser curada completamente, pois tinha muito o que aprender, dar e receber. Isso só o tempo faria e de uma maneira muito especial. Caiu novamente em depressão profunda, pedindo

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a Deus que a levasse. Só que não estava na sua hora, e seu mentor espiritual teve que descer em sua matéria e explicar por que tudo acontecia. Ela, inerte nesse momento, passava para os que estavam presentes tudo que aconteceu e acon-teceria dali para frente. Os presentes receberam suas graças desse maravilhoso e puro mentor, viram mais uma vez aque-la matéria frágil perder toda sua energia para que o mentor pudesse passar aquela energia vital para todos. Mas ela fi ca-ria mais uma vez fragilizada por ter permitido que essa lin-da, forte e verdadeira experiência acontecesse. Sempre cedeu aos espíritos sem medo ou egoísmo de ter as suas forças to-madas. Teve experiências jamais sentidas por pessoas pobres de espírito, pois sua riqueza espiritual era imensa e pura.

A matéria errava como todos. Tinha suas fraquezas, de-sejos materiais que ela gostava, mas não era tudo o que que-ria... Desejava ser feliz.

Pela escuridão em que viviam os que a rodeavam, era mal-interpretada. Nunca se incomodou com isso, pois sua pureza intensa era mais forte; nem mesmo ela tinha plena consciência disso. Sempre exigindo mais e mais de si. Sem-pre dando o pouco de energia que lhe restava para o “próxi-mo” que precisava... Até o momento em que essa energia co-meçou a lhe faltar. Só neste momento, reconheceu e aceitou que precisava de um tempo para si mesma. Tinha que repor toda essa energia, mas isso a fazia sofrer, sempre chegava alguém precisando de sua ajuda e como não sabia fi car sem se doar, dava mais um pouquinho de si. Assim seria sempre a sua vida, doar-se. Mas, para isso, precisaria estudar mais, só que o seu dia a dia lhe servia de estudo. Não costumava procurar respostas para as suas dúvidas em livros ou mestres

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da terra, sua própria experiência vivida com tantas surpre-sas lhe dava, no momento certo, essas respostas. Tudo era muito confuso, às vezes desesperava-se, mas Deus e os es-píritos que a acompanhavam abraçavam-na e a acalentavam, fazendo com que tivesse paciência para num futuro próximo obter todas as respostas para tantas dúvidas. Só o tempo lhe daria isso. E muitas outras surpresas lhe estavam reservadas.

Sua vida a cada dia se parecia como uma árvore plan-tada, com suas raízes crescendo com tanta força que logo se enchiam com lindas folhas e frutos. Ela se tornaria um ser humano mais maduro, forte e endurecido, querendo aprender mais e mais. Conseguiria isso com o tempo, mas as dúvidas continuavam martelando o seu interior com tantas mudanças.

Num dia comum, acordou, levantou e começou a sua labuta. Neste dia, tudo mudaria em sua vida, mas será que ela seria forte o sufi ciente para aceitar a viver essa mudança? Sofreu intensamente esses momentos com todas as suas for-ças, envolvendo amor, ódio, medo e, ao mesmo tempo, certa que morria uma e nascia outra bem diferente. Esse era o seu medo, quem viria dessa vez? Alguém que não permitiria mais ser usada, castigada, violentada de todas as maneiras, fi sicamente e psicologicamente. Mas a incerteza a rodeava e martelava seus pensamentos. “Como serei daqui para frente? “Não queria ferir ou magoar ninguém, apenas queria apren-der a me defender para poder ser feliz e fazer os outros fe-lizes”. Seu coração era tão grande, cheio de amor, que nem mesmo ela tinha plena consciência disso. Gostava de ajudar a todos, dedicava-se tanto, que passava por situações difí-ceis, constrangedoras, em que a ingratidão certa vezes ser-

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via-lhe de pagamento. Com sua personalidade sempre forte, determinada, nunca dava ouvidos aos que a cercavam com comentários maldosos e cruéis para o seu íntimo. Defendia--se como podia; às vezes, agredindo seus inimigos e depois chorando por ter feito tal coisa. Também tinha inimigos. Invejavam-na de tal maneira que mexiam com suas energias. E ela não tinha nada, apenas como sempre procurando uma maneira de ser realmente feliz. Conseguiria? Só o tempo di-ria.

Voltemos um pouco ao seu passado. Antes de tudo isso acontecer ela sempre quis ser uma pessoa normal, pois se achava diferente de tal forma que se perguntava diariamente: “por que sinto e vejo tantas coisas que os outros não veem?”.

Não queria aceitar que Deus lhe deu o dom de possuir dons que podiam ajudar ao próximo, aos seus irmãos da ter-ra e aos espíritos endurecidos que subiam. Até com estes, ela se preocupava e os ajudava. Rezava para eles pedindo ao Pai que não os deixasse sofrer, fazendo isso humildemente, pois sabia que todos teriam que pagar suas dívidas terrenas e espirituais. Mesmo assim, tentava suavizar esses espíritos endurecidos ou menos esclarecidos.

Por esse motivo, num belo dia de sol, um espírito ne-cessitado pediu pela primeira vez a sua ajuda. E mais uma dúvida surgiu em sua mente: “será verdade ou estou inven-tando?”. Como não mantinha relações com essa pessoa, aproximou-se e relatou o acontecimento. Essa pessoa, por sua vez, não muito crédula, recebeu a mensagem falada pelo próprio espírito através daquela matéria, que no momento fi cou gelada, sem cor e chorando muito. Por alguns minutos, o relato surpreendeu as três pessoas presentes. Havia uma

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testemunha que fi cou surpresa, pois sabia como vivia aquela incrédula. Essa teve que aceitar todas aquelas palavras, pois eram da sua irmã desesperada por ter deixado seus dois fi -lhos na terra. Só que essa irmã não tinha culpa da sua igno-rância espiritual, pois no fundo era uma mulher forte, capaz e boa para criar seus lindos fi lhos. E ela os assumiu como se fossem seus, privando até seus fi lhos consanguíneos de algumas coisas para que os outros também fossem seus ver-dadeiros fi lhos.

E essas foram as suas palavras já do outro lado da vida:

“...G, não tenha raiva de mim. Eu fui e conti -nuo sendo uma infeliz. Não faça os meus fi lhos infelizes também. E não seja infeliz. Eles te da-rão muita alegria. Quanto à minha fi lha, tenha paciência e procure entendê-la. Não sinta pena de si mesma ou do Paulo. Vocês são vencedores sofridos, mas se amam. Eu nunca ti ve quem me amasse. Vocês ainda terão tudo que merecem. Saiba esperar a hora e carregue as minhas cru-zes por mim. Só fi carei em paz quando você lim-par o seu coração e o Tales limpar aquela mágoa escondida naquele coração pequeno e grande. Por favor, Tales, sei que você ainda é criança, mas ame-os como a seus irmãos. E desculpe a bagunça que fi z na vida de vocês. Foi Deus quem quis assim. Se prometerem entender e amar os meus sem rancor e sem mágoa, irei em paz. Pode prometer a essa moça que eu receberei a mensagem, rezem por mim, deem luz para mim e falem de mim para os meus fi lhos. Diga que

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eu os amo e sempre os amarei. Faça da maneira que você quiser, sei que estará certa.

Mas me perdoe, G.Eu te amo e aos meus fi lhos.Tchau, G.Desculpe”.

A partir deste momento, começava uma nova jornada em sua vida. As psicografi as começaram a vir cada vez mais frequentes. E ela sempre querendo provas, certeza de que não estaria brincando com as pessoas. Tinha muito medo disso. Por ser tão verdadeira e sincera espiritualmente, sem-pre pedia provas de que aquilo realmente era verdadeiro. E as teve, pois foi fi cando cada vez mais forte esse dom — sem falar que já jogava baralho cigano sem nunca ter aprendido e de uma maneira jamais vista por quem estava acostumada com esse tipo de coisa.

As pessoas se surpreendiam ao sentar na sua humilde mesa coberta com um pano vermelho, uma fl or e uma caixa vermelha linda, toda bordada e com um nome escrito: CI-GANA. Sim, era essa entidade, espírito, ou seja, como você interpretar que lhe dava o dom de jogar, visualizar e ver o passado, futuro e presente das pessoas. Esse contato se deu pela primeira vez aos 7 anos de idade. Uma criança indefesa e assustada que não entendia o que estava acontecendo. Sua genitora, que também era espírita, procurou retardar esse contato, mas apenas por pouco tempo; aos 16 anos, tudo voltou a acontecer e com tanta intensidade que ela se assus-tava mais e mais.

O tempo foi passando e as coisas continuaram a aconte-cer. Do baralho cigano passou para o tarô, só que este preci-

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saria de um tempo exato para ser mostrado, pois sua cigana determinaria o momento.

Por falar nessa cigana, vamos saber um pouco dela. Era linda, cabelos longos pretos cacheados, rosto bonito, sensu-al; fi sicamente muito parecida com a matéria. Era provocan-te, tinha o poder de enfeitiçar um homem e fazê-lo senti-la como se estivesse ali, presente em carne e osso. Ela veio de muito longe, de uma época bem longínqua, mas tinha que voltar para ajudar a muitos, inclusive à própria matéria. Esta aprenderia muito, primeiro a acreditar e sentir que quem a comandava era essa forte e sedutora cigana. No futuro, ela iria entender muitos mistérios e o porquê de seus pedidos serem negados (era assim que entendia, ainda não tinha ma-turidade o sufi ciente para lidar com tanta força). Essa força chegaria no momento certo, numa maneira fortalecida por sua vivência carente, só e triste. Mas tudo isso a modifi caria e realmente chegaria a felicidade tão esperada.

Ah, importante citar que a matéria já tinha vivido em tantas vidas passadas que se recordava em determinados momentos de situações que aconteceram naquele passado que não era só seu, mas fazia parte dela. Como esta fas-cinante cigana, outros iam e vinham em forma de sonhos que realmente eram visões ou regressões. Sua força espiri-tual, como já citamos, era tão forte, que ela, junto com toda a espiritualidade que a acompanhava por várias outras vi-das, conseguia ir e vir aonde quisesse. E isso a assustou até o amadurecimento total de seu dom. Mas esse dom não a fascinava, ela o recebia com humildade e por esse motivo continuava evoluindo na terra e no plano espiritual. E como sua vida era cheia de surpresas, às vezes boas e ruins, tudo continuava girando em seu íntimo.

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E vamos mais adiante: as psicografi as voltando e fa-zendo muitos irmãos (era assim que se referia a todos) fe-lizes. Com isso, ela começou a levar mais a sério, aceitar e se doar com tanta força que estas mensagens vinham com muita força e tão verdadeiras que começou a se dedicar mais e mais. Numa noite, durante uma reunião, ouviu um pedido de ajuda de um espírito que na terra só acumulou dinheiro e bens materiais, mas no momento de seu sepultamento, na hora de sua partida para o outro lado, ninguém chorou por ele — jogado no chão, num caixão que mais parecia um caixote. Sem respeito das pessoas, foi jogado num buraco es-curo, sozinho. Na hora da prece, ninguém quis fazê-la. Mas uma vez, ela estava lá e rezou pedindo por ele como se pede por um irmão que errou, mas que com certeza aprenderia do outro lado. Viajou triste, desesperado e desprezado por todos. Apenas aquele sobrinho que ele tinha como amigo e que ele o expulsou de sua vida como se expulsa um cachor-ro, fi cou emocionado.

Essas foram as suas palavras do outro lado da vida:“...Não sei como posso chamá-los, mas aqui

estou sofrendo muito na escuridão. Estou procu-rando paz, consolo e sossego.

Me ajudem. Só acumulei bens materiais nes-ta terra. Nunca amei ninguém e também nunca ti ve amor, só dinheiro; por favor, me ajudem e pensem mais no amor e na amizade. Dinheiro me deixou só, triste e abandonado.

Amem-se, meus irmãos. Aqui estou pedin-do ajuda e prece. Me ti rem da escuridão, meu nome é Dr. J.C.M.

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Estou no escuro, começando a aprender. Conseguirei junto com vocês. Me ajudem.

Por favor!”.

Nessa mesma reunião, algo de diferente aconteceu com ela. Como costumava se questionar, ouviu a palestra de um parapsicólogo com muita atenção, pois ele era simpático, fa-lante e muito perspicaz. Só que suas palavras já faziam parte de seu cotidiano. Costumava aconselhar a todos que sempre deveria predominar a razão e depois a emoção, mal sabendo que cientifi camente estava correta a sua maneira de pensar e agir. Ouviu e saboreou cada palavra que saía daqueles lábios sábios e tão tementes a Deus. Sua sensibilidade e sabedoria nos fazia tão bem que conseguia com que todos entendes-sem que para conseguirmos tudo na vida, basta pensarmos forte, positivo e com uma fé arrebatadora que nós chegarí-amos aquele Deus verdadeiro, necessário e indispensável às nossas vidas. Saboreamos aqueles momentos de luz e fi ca-mos felizes. Aprendemos que querer é poder e que para isso temos que olhar para o alto, encontrando assim os olhos daquele Deus lindo. Estar com Deus é sentir o sangue correr em nossas veias com tanta intensidade que quase desmaia-mos de tanto prazer.

Ela esperou o momento exato para fazer a sua pergunta: “Eu sempre deixei a razão tomar conta da minha vida e sofri bastante até hoje. Será que se a emoção tomasse conta de mim, eu não seria mais feliz”? Ele disse que quem se deixas-se levar por conta da emoção praticava uma burrice. Citou que quando os bandidos roubam ou matam, nessa hora o que predomina é a emoção, então, conclui-se que a maioria

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dos seres humanos erra porque são burros, deixando a emo-ção comandá-los.

Nesse momento veio a resposta tão esperada, uma sim-ples fórmula que resolveria o problema: EQUILÍBRIO = RAZÃO + EMOÇÃO.

Ela nunca havia pensado que lhe faltava equilíbrio. Nes-se momento, despertou e entendeu que bastava saber dividir esses dois ingredientes que tornaram sua vida tão difícil.

Agora sim, pensou, seu futuro seria promissor. Saiu dali extasiada e intrigada: como perder tanto tempo com uma coisa tão simples?

Mas a vida é assim, geralmente apanhamos bastante para aprendermos. Isso faz parte da evolução.

Os dois se abraçaram e fi caram agradecidos pela opor-tunidade de darem juntos essa lição a todos os outros pre-sentes. Foram aplaudidos por todos e, mais uma vez, ela conseguia surpreender a muitos por sua sensibilidade e in-teligência.

E sua jornada continuava... Às vezes, voltam a solidão e a angústia. Mas ela procura fugir de tudo. Tenta se defender como pode. Começa a fazer pequenas coisas que antes lhe davam tanto prazer, e, com tanta vontade, que surpreendia a todos que estavam ao seu redor.

Numa bela noite de domingo, vai a um show de rock em que a música e aquele barulho ensurdecedor toma conta dela junto com a sua bela e surpreendente cigana. Esta, com muita classe, a faz beber, fumar e dançar para espantar aque-la tristeza repentina. Ela havia jurado que não choraria mais, lutava, só que sua vida ainda a incomodava. As pessoas que a rodeavam contaminavam-na com suas fraquezas e falta de personalidade. Isso a incomodava, pois sua força balançava

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por estar com algumas pessoas que gostariam de ser como ela, de ter a sua vida, por isso pagava um preço bem alto. Ficava triste e sofria muito, pois era leal a todos e esperava o mesmo deles. Precisava entender que amiga de verdade, contava-se nos dedos.

Seus pensamentos começaram a ser castigados nova-mente por múltiplos detalhes. Com certeza, sua cigana es-tava ao seu lado e não deixaria nada acontecer. Chegaria re-almente a sua hora de dar a volta por cima ou ao redor do mundo, quem sabe?

Sua missão continuava falando mais alto, os espíritos se aproximavam cada vez mais a pedir a sua ajuda. Quando podia, fugia desses apelos com o antigo medo de estar brin-cando, mas a força espiritual falava mais alto e forte. E mais uma mensagem chegava...

Um primo querido, que em vida por algum motivo se entregou a todo tipo de adversidades... Sempre foi uma óti-ma pessoa, só que o tempo e o dinheiro se encarregaram de destruí-lo totalmente.

Num belo dia de passeio, parou o seu carro para ajudar uma família na estrada e veio um ônibus que o arrastou rapi-damente para o outro lado da vida. Talvez tenha sido levado para ter uma paz nunca encontrada por ele neste lado terre-no. Seus entes queridos, principalmente os amigos, sofreram desesperadamente. (Ele era sobrinho daquele homem que acumulou bens materiais e foi jogado no escuro por seus parentes. Se o tio era sovina, o sobrinho, ao contrário, não se importava com nada, dava a quem precisasse, mas mesmo assim, deixou muitos bens materiais. E ele se foi... Mais uma vez, aquele primo que foi expulso da vida daquele tio, que os amava, fi cou novamente sem o seu companheiro e amigo).

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Vany também estava lá e foi beijá-lo, pois amava-o como a um irmão. Suas mãos tocaram por baixo da nuca dele e ela se apavorou ao ver o crânio do primo despedaçado. Sentiu uma dor imensa, um enorme mal-estar e, quando ia desfale-cer, retiraram-na do local. Ela não mais chegou perto daque-le corpo inerte, frio, despedaçado, sem vida.

Ele adorava a vida, talvez por isso tenha feito tantas coi-sas erradas. Erradas na opinião dos outros, quem sabe para ele estavam certas, mas infelizmente, na terra, as pessoas se preocupam mais com a vida dos outros do que com seus próprios problemas. Perdem muito tempo julgando ou cri-ticando. Por que não ajudam com amor, carinho e atenção? Remédios essenciais à vida humana, mas fora do “mercado interior das pessoas”.

De outra dimensão, ele enviou uma mensagem. Seu pri-mo querido estava presente e recebeu imediatamente esse presente inesperado. Não muito crédulo, o primo se surpre-endeu porque a mensagem continha alguns segredos somen-te deles, tocando-o profundamente.

18-06-98... Meus queridos amigos e paren-tes:

“A você, Vany, que nunca me esqueceu. Que tantas preces me dedicou, minha querida crian-ça, era assim que eu gostava de você.

É difí cil para eu falar, pois eu gostava tan-to da vida. Do meu jeito errado, doido, mas eu amava a vida. No meio dessa família maluca, era o maluco mais normal de todos, apesar das minhas farras.

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“J”, você conseguiu vencer toda essa família de doidos. Até das minhas maluquices você con-seguiu se livrar, mas não era por maldade que eu fazia, era apenas a minha maneira de viver. Eu te amava e quero que você não se contamine por essa família. Você é um vencedor, sinto a sua falta e fi co feliz pelo seu progresso. Quero você feliz! Faça o possível para alcançar esse seu últi -mo objeti vo. Você conseguiu chegar onde queria e merecia. Sempre foi forte, conti nue.

Logo encontrarei a minha doida mãe, coita-da, era a maneira dela me amar.

Quando subi, minha única tristeza foi deixá--la com tanto sofrimento... E eu adorava tanto a vida...

Subi ajudando, foi inesperado. Sofri muito, meu querido irmão, por tudo que fi z, você sabe. Mas eu não era ganancioso como os meus, não ligava para o dinheiro.

Você está começando a achar o seu caminho para a felicidade mais bonita, o interior.

Não se contamine e não se sinta culpado pelo ti o, o errado foi ele e está sofrendo à beça.

Reze por ele, ele precisa desse sossego.Amava muito vocês e Vany, minha criança,

ti a e você meu irmão J.Obrigado Vany pelas preces, estou sempre

por perto. Você está me ajudando a evoluir.Não chore, apenas conti nue amando esse

primo doido.