216
Fazendas Tradicionais DA ESTRADA REAL HISTÓRIA DAS History of the Traditional Farms of the Royal Road LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:09 PM Page 1

Livro das Fazendas - miolo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Livro das Fazendas - miolo

Citation preview

Page 1: Livro das Fazendas - miolo

Fazendas TradicionaisD A E S T R A D A R E A L

H I S T Ó R I A D A S

History of the Traditional Farms of the Royal Road

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:09 PM Page 1

Page 2: Livro das Fazendas - miolo

APOIO

PATROCÍNIO

REALIZAÇÃO

PATROCÍNIO

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:41 PM Page 2

Page 3: Livro das Fazendas - miolo

Apresentação

É com orgulho que trazemos à luz esta publicação, gestada ao longode mais de um ano por nossos profissionais de texto, fotografia e de-sign. Tivemos o apoio do Instituto Estrada Real – FIEMG, da AssociaçãoBrasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, e de um se-leto grupo de empresas que entenderam a importância de homenageara grandeza do passado de Minas.

Percorrer o roteiro da Estrada Real é reviver a história do Brasil Co-lônia, é entender como a descoberta do ouro nesta capitania provocoua ocupação do interior do país e fez surgir, ao redor das minas, atravésdos campos gerais, driblando o controle da Coroa Portuguesa, um sen-timento de nação brasileira, sustentado pelo espírito de aventura, pelafé no trabalho e pela livre iniciativa.

A maneira mais autêntica de fazer esta viagem é na sela de um Man-galarga Marchador, um cavalo tipicamente mineiro que foi desenvol-vido nas fazendas do Sul do Estado e tornou-se requisitado peloandamento elegante e de extrema comodidade. Beber a água cristalinadas nascentes, respirar o ar puro das montanhas, sentir o cheiro doscurrais, provar o queijo artesanal, descer as picadas das serras ouvindoo canto dos pássaros, o ranger da sela e o tilintar dos metais dos arreiosé como voltar trezentos anos no passado. É um mergulho na História, écompartilhar os ideais dos inconfidentes, é conspirar com eles pela li-berdade do Brasil. Depois que as riquezas foram extraídas da terra, res-tou o valor inestimável do potencial turístico da região. O ouro se foi;que venha o euro.

Se você não puder montar agora numa sela, comece a aventurapelas páginas deste livro, que reúne um material inédito e encantador.Conheça os locais históricos e saiba como foram criadas 40 fazendasseculares situadas ao longo da Estrada Real. Suas sedes imponentes reú-nem acervos importantes de peças sacras, mobília e louças da época,ferragens e ferramentas rústicas. E sobretudo guardam os segredos daboa cozinha e as origens da tradicional hospitalidade mineira.

Lúcio Nicolini e Eduardo VenturoliDiretores da Top 2000

Presentation

We are proud to bring to light this book, conceivedalong over one year by our professionals of text,photography and design. We had the support of the RoyalRoad Institute – FIEMG, the Brazilian Association of theMangalarga Marchador Horse Breeders, and a select groupof companies that understand the importance of honoringthe greatness of the past of this State.

Walking the paths of the Royal Road is to relive thehistory of colonial Brazil, is to understand how thediscovery of gold in this captaincy led to the occupation ofinlands of our country and brought up around the mines,through the general fields, bypassing the control of thePortuguese Crown, a sense of the nationality, sustained bythe spirit of adventure, faith in work and free enterprise.

The most authentic way to make this journey is on thesaddle of a Mangalarga Marchador, a horse developed inthe southern farms of the State. This animal becamerequired by its pace as elegant as extremely comfortable.Drinking clear water of the springs, breathing the freshmountain air, smelling the stockyards, tasting the artisancheese, coming down the narrow trails listening to thebirds, the creaking of saddle and the clinking of metal ofharness is like going back three hundred years in the past.It is a dip in History, is to share the ideals of the conspirators,and conspiring with them for the freedom of Brazil. Afterthe wealth has been taken from the ground, remains thegreat value of the tourism potential of the region. The goldis gone, let come the euro.

If you can not ride in the saddle now, start theadventure through the pages of this book, which includesan unreleased and charming material. Learn abouthistorical sites and find out how were created forty oldfarms estates located along the Royal Road. Its impressiveseats hold important collections of sacred pieces, furnitureand chinaware, rustic hardware and antique metal tools.And above all they keep the secrets of fine cuisine and theorigin of traditional hospitality of Minas Gerais.

Lúcio Nicolini and Eduardo Venturoli Directors of Top 2000

3

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:09 PM Page 3

Page 4: Livro das Fazendas - miolo

4

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:09 PM Page 4

Page 5: Livro das Fazendas - miolo

5

Belo Horizonte, October 5, 2011

ADM 33/2011

Ref.: Publishing of the book History of the TraditionalFarms of the Royal Road

Dear Sirs:We present our greetings on the occasion of the above

mentioned book.Far more than a book, it is an invaluable document which

will remain in the history of Minas Gerais and Brazil.One can attest that this work registers our past as well as

the roads opened by the Portuguese Crown for the outlet ofthe riches of Minas Gerais to the sea in building Brazil andour cultural identity.

Traveling the Royal Road is reliving Colonial Brazil isbeing charmed by historical buildings and to be astonishedwith the most beautiful natural scenes.

It is a tour beginning in the first pages of this book withthe destination for the royal roads of Royal Road, if only onthe wings of imagination.

The fine cut along the traditional farms along Royal Roadillustrates each of the elements which make up our cultureand transport us to a remote epoch: the smell of the woods,the horses, the barns, the wood stove, chats on the porch, thesound of guitarists and the birds...

It is with immense satisfaction that the Instituto RoyalRoad supports initiatives such as this, which depict the untoldlegacy which is still preserved and offered by the Royal Road.To the professionals who shared either directly or indirectly ofthis edition, our immense gratitude.

Sincerely,Basques Vladimir Carvalho SannaEstrada Real Institute

To:Editora TOP 2000Belo Horizonte

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:09 PM Page 5

Page 6: Livro das Fazendas - miolo

6

Olhando para o passado somos capazes de entender o presente e, muitas vezes, vislumbrar o futuro. Reafirmamos o desejo de preservação, reforçamos a diversidade cultural brasileira e resgatamos a história viva de

nosso país.Foi pensando nisso que o Banco BVA decidiu participar do projeto “FAZENDAS TRADICIONAIS DA ESTRADA REAL”.Este livro de caráter cultural e artístico nos traz imagens do sertão mineiro, sua gente, paisagens e costumes e va-

loriza o espaço cultural e o sentido de pertencimento da gente mineira.As fazendas situadas ao longo da Estrada Real, que foram fundamentais para o franco desenvolvimento da região,

ainda hoje atraem muitos visitantes, fomentando o turismo local.Temos prazer em convidá-lo a viajar conosco nesta história e conhecer um pouco mais sobre fazendas de Minas Gerais.Esperamos que aproveitem a leitura deste livro tanto quanto nós apreciamos fazê-lo.

Atenciosamente,

Benedito Ivo Lodo Filho

Looking back at the past, we are capable of understanding the present and many times having a glimpse of the future. We reaffirm the desire to preserve, whilst reinforcing Brazilian cultural diversity and live history of the our country.Thus, Banco BVA thought it over and decided to take part in the project “TRADITIONAL FARMS OF THE ROYAL ROAD”.This book’s cultural and artistic nature summons images of the sertão of the state of Minas, its people, scenery and customs

heightening the value of the cultural space as well as the sense of belonging of the people of Minas. The farms located along the Royal Road, which were essential for the frank development of the region, still attract many

visitors in the present, drawing many visitors, whilst sparking local tourism. It is our pleasure to invite you to join us in traveling through history and get to know a bit more about the farms of the state

of Minas Gerais.We hope you enjoy reading this book as much as we appreciate having made it come true.

Sincerely,

Benedito Ivo Lodo Filho

Patrocinador ||/ Sponsor

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:18 PM Page 6

Page 7: Livro das Fazendas - miolo

7

“Minas são muitas, porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais.”

Guimarães Rosa

Esta frase célebre do escritor mineiro é uma constatação de que nosso estado

é uma fonte inesgotável de riquezas. Minas apresenta uma multiplicidade de cli-

mas, relevos, recursos hídricos e paisagens geográficas. Também se apresenta

como grande alavancador da industrialização nacional.

Na culinária, os tradicionais café e queijo mineiros, a canjiquinha e o doce

de leite fazem sucesso e têm fama internacional.

Outra característica de Minas que a faz tão singular é a diversidade e a ri-

queza cultural que remonta ao período colonial. Da música à dança, passando

pelas tradicionais festas populares, muitas delas religiosas, tudo em Minas é

variado e rico.

A arte mineira revela ao mundo o barroco. São cidades históricas, patrimô-

nios da humanidade, apresentando aos turistas casarões coloniais, monumen-

tos, igrejas trabalhadas em ouro. Uma arquitetura única, magnífica.

Caminhos que levam às cidades cortam as Gerais passando por fazendas

cheias de tradição, personagens, cenários e histórias a serem contadas. Uma

imensidão pronta para ser conhecida e apreciada por todos.

O livro História das Fazendas Tradicionais da Estrada Real percorre um des-

tes caminhos, e encontra, através de momentos particulares, um entendimento

da essência mineira, tão brasileira e, também, tão universal.

A Itatiaia, ao apoiar esta iniciativa, reforça a importância de apresentar às

gerações futuras esta jóia de nosso país, com o objetivo de contribuir na for-

mação de nosso povo, pois entende que conhecer a História é valorizar a vida,

é aprender a respeitar a natureza, é reconhecer a diversidade do meio. É, enfim,

participar da construção das estradas que queremos seguir de agora em diante.

Victor Penna Costa

Diretor-Presidente da Itatiaia Móveis

“There are many Minas, though,there are few who know the thou-

sand faces of Minas Gerais.” Guimarães Rosa

This famous sentence of the Minas writer is theverification that our state is a never ending source ofriches. Minas evinces a multiplicity of climates, landshapes, water resources and geographical views. It alsostands out as a great gatherer of nationalindustrialization.

In the area of cookery, the traditional coffee andMinas cheeses, the corn porridge and milk taffy candyare popular and are internationally known.

Another characteristic of Minas, which singles it outis the diversity and the cultural wealth which goes backto the Colonial period. From music to dance, going fromthe traditional popular fests, which are often religious inkind, to everything in Minas is varied and rich.

The art of Minas showed the meaning of theBaroque to the world. There are historical cities, realpatrimonies of humanity, presenting tourists with therambling Colonial homes, monuments, churchescarved in gold. It contains a unique and magnificentarchitecture.

The roads which lead to the cities cut throughMinas Gerais traversing farms rich in tradition,personages, scenarios and stories to be told. Animmensity ready to be known and appreciated by all.

The book History of the Traditional Farms of theRoyal Road runs through one of these roads, andencounters, in special moments, an understanding ofthe essence of the Minas people, so Brazilian and alsoso universal. Itatiaia, upon supporting this effort,strengthens the a importance of presenting futuregenerations with this gem of our Nation, with theobjective contributing to the education of our people,since it sees knowing history as valuing life, it islearning to respect nature, it is recognizing thediversity of the ambience, it is in fine, taking part inthe construction of the roads which we want to followfrom here on.

Victor Penna CostaDirector-President of Itatiaia Móveis

Patrocinador ||/ Sponsor

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:10 PM Page 7

Page 8: Livro das Fazendas - miolo

88

LEME Engenharia is proud of having built its trajectory in Minas Gerais, home of the Inconfidentes and once the heart of our Nation, whereit found the stimulus to expand its activities throughout Brazil and abroad. This satisfaction drives us to support cultural projects such asthe publishing of “History of the Traditional Farms on the Royal Road”, a book that portrays the unique wealth of the historical and culturalheritage of the state of Minas Gerais.

This book tells the tale of the construction and consolidation of the Royal Road, an important commercial and cultural link between MinasGerais and Rio de Janeiro, then the capital city of colonial Brazil. The scenery on the road through which occurred the main commercialinterchanges, chiefly of gold and farm products, displays beautiful rustic farms that harmoniously combine nature and art along more than1,600 km of heritage.

This record of the history of the farms on the Royal Road allows one to go back into the past and live the history of Minas from a differentangle. Along the road´s path - cut across by rivers, Atlantic Forests and wooded grasslands - are farms that hosted kings and poets andwere the homes of notable figures of our country´s history, particularly of the period between the 17th and the 18th century. Several of theseproperties preserve their original characteristics and have been recognized as heritage sites of inestimable value.

We at LEME Engenharia are convinced that respecting and continuously returning to our roots are essential in building a solid future.We hope that this pleasurable reading, together with its magnificent images, will give you the feeling of enjoying some of the best there isin Brazil.

Flavio Marques Lisbôa CamposChief Executive Officer of LEME Engenharia

A LEME Engenharia orgulha-se de ter construído sua trajetória em Minas Gerais, terra dos inconfidentes e coração do país,onde encontrou o impulso para expandir a sua atuação por todo o Brasil e exterior. E esta satisfação nos motiva a apoiar pro-jetos culturais como a edição do livro História das Fazendas Tradicionais da Estrada Real, que é um retrato da singular riquezahistórica e cultural desses patrimônios mineiros.

Este projeto preserva o relato de construção e consolidação da Estrada Real, importante via comercial e cultural entre MinasGerais e a então capital da colônia portuguesa, Rio de Janeiro. A paisagem do caminho por onde ocorriam os principais inter-câmbios mercantis, principalmente de ouro e produtos agrícolas, revela belas e rústicas fazendas que agregam harmonica-mente natureza e arte em mais de 1.600 km de patrimônio.

Registrar a história das fazendas da Estrada Real é, também, voltar no tempo e viver a história de Minas de um outro ân-gulo. No trajeto cortado por rios, Mata Atlântica e Cerrado, há fazendas que hospedaram monarcas e poetas, além de seremmoradia de importantes personagens da história nacional, especialmente do período compreendido entre os séculos XVII e XX.Patrimônios mineiros de valor inestimável, várias propriedades já foram tombadas e conservam suas características originais.

Nós, da LEME Engenharia, temos a certeza de que é através do respeito e contínuo retorno às nossas raízes que se constróium futuro sólido. Por isso, desejamos que esta leitura prazerosa, composta de magníficas imagens, lhe desperte o sentimentode desfrutar o que há de melhor em nosso País.

Flavio Marques Lisbôa Campos

Presidente da LEME Engenharia

Patrocinador ||/ Sponsor

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:10 PM Page 8

Page 9: Livro das Fazendas - miolo

9

A P&H MinePro entende a cultura como um direito de todo cidadão e acredita que o patrocínio cul-tural contribui para a democratização desse direito. A política de patrocínios da empresa visa à valori-zação da cultura brasileira, principalmente a de Minas Gerais, estado em que se localiza a sede da empresano Brasil, como instrumento de ação social e de construção da identidade nacional.

Há mais de 50 anos no Brasil, a P&H integra o ambiente social brasileiro e se orgulha de fornecer pro-dutos e serviços para uma atividade que caminha lado a lado com a história do país: a mineração.

Por meio do patrocínio deste livro, a P&H MinePro espera incentivar a divulgação da cultura que seformou ao longo da Estrada Real. Aconselho você, leitor, a dirigir um olhar investigativo sobre as ima-gens, além de apreciar as paisagens e a diversidade cultural brasileira.

Boa leitura!

Paulo Torres

Diretor da P&H MinePro Services Brasil & Venezuela

P&H MinePro understands that culture is a right of every citizen and it believes that cultural sponsorshipcontributes to the democratization of that right. The enterprise’s policy seeks to heighten the value of Brazilianculture, principally that of the state of Minas Gerais, where the seat of the company is located in Brazil, as aninstrument of social action as well as the construction of the national identity.

For more than 50 years in Brazil, P&H is part of the Brazilian social ambience and is proud to furnish productsand services for an activity, which walks side by side with the history of the Country, mining.

By sponsoring this book, P&H MinePro hopes to spark the divulging of the culture that grew along the EstradaReal. A word of advice to You, Reader, to cast a searching eye on the pictures, in addition to appreciating theBrazilian panorama and cultural diversity.

I wish you great reading!

Paulo TorresDirector of P&H MinePro Services Brasil & Venezuela

Patrocinador ||/ Sponsor

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:33 PM Page 9

Page 10: Livro das Fazendas - miolo

10

Senhores editores,

Com prazer recebemos a notícia da publicação de documento tão valioso,

com um olhar diferenciado e certamente muito atraente para a História do Brasil.

Deve ser motivo de orgulho a saga de todos os aventureiros desbravadores

destas terras, nobres portugueses e brasileiros, que cruzaram estes caminhos

então desconhecidos.

A construção desta “Estrada Real” em muito se assemelha à história do nosso

cavalo Mangalarga Marchador e pode estar umbilicalmente associada a ela.

Digo isso percorrendo os mais fiéis relatos sobre a formação desta raça mag-

nífica de cavalos. Sabemos que os reprodutores das coudelarias mais tradicio-

nais de Portugal foram trazidos para o Brasil e mestiçados com éguas nativas.

Este cruzamento deu origem aos primeiros exemplares, aos poucos reconheci-

dos sob a alcunha Mangalarga, em homenagem à fazenda de mesmo nome.

Essas mesmas terras compunham o cenário da Estrada Real, que formou-se

desde os primeiros tempos do descobrimento, no Ciclo do Ouro, no século XVII, até

o século seguinte, em pleno Ciclo do Café, quando “o caminho novo” foi concluído.

Neste período também desenvolveram-se fortemente as grandes proprie-

dades criadoras do cavalo de sela, serviço e passeio. As longas rotas de comér-

cio eram percorridas no lombo dos animais que propiciavam maior conforto e

maior rusticidade, como as mulas e, em seguida, os cavalos marchadores da

raça Mangalarga.

Nada mais justo, portanto, do que associar a imagem histórica da Estrada

Real, da sua importância para a integração e para o desenvolvimento do Brasil,

de mera colônia a potência emergente, à figura simbólica dos animais que tanto

colaboraram para tão grandioso desfecho.

Desejamos sucesso a esta iniciativa e nos colocamos como parceiros desta

obra em que nos identificamos, também, como protagonistas.

Por tudo isso, desde já, os parabenizamos pelo trabalho.

Um forte abraço,

Magdi ShaatPresidente ABCCMM

My dear Editors:

It is with pleasure that we received the news ofthe publication of such a valuable document, castinga different as well as a certainly very attracting lookat the History of Brazil.

The saga of the all adventurer pioneers of thesefrontiers must indeed be a reason for pride of noblePortuguese and Brazilians, which traversed theseroads hitherto unknown.

The building of this Royal Road greatlyresembles the history of our Mangalarga Marchadorhorse and may be said to have an umbilicalassociation with it.

I say this as I peruse the most faithful storiesregarding this magnificent breed of horses. We knowthat the sires from the most traditional stables ofPortugal were brought to Brazil and bred with nativemares in a real mestizo process. This breeding gaveway to the first exemplars, bit by bit recognized asthe commemorative Mangalarga seal in honor of thefarm bearing the same name.

These same lands made up the Royal Roadpanorama, which began to take shape from the firstmoments of the discovery, in the Golden Cycle,during the XVIIth century, up until the followingcentury, in the midst of the Coffee Cycle when thenew road was concluded.

It was at this time too, that the large properties ofthe saddle, work and riding horse breeders developed.The long commercial routes were traveled astride thebacks of animals which rendered greater comfort andrusticity, such as mules, and soon afterwards, themarching horses of the Mangalarga breed.

Nothing could be more propitious, therefore,than to associate the historical image of the EstradaReal, of its importance in the integration anddevelopment of Brazil, from mere colony toemerging power, with the symbolic figure of theanimals which so collaborated with the glorious end.

We wish success to this project and placeourselves as partners in this work with which weidentify also as protagonists.

For all of this, from this moment on, wecongratulate you on this job.

With an affectionate embrace,

Magdi ShaatPresident of ABCCMM

Apoio ||/ Support

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/13/12 6:23 PM Page 10

Page 11: Livro das Fazendas - miolo

11

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/13/12 6:23 PM Page 11

Page 12: Livro das Fazendas - miolo

Sul de Minas / South of MinasFazenda Campo Lindo – Aiuruoca.................................................................................48

Fazenda Bahia – Andrelândia ............................................................................................52

Fazenda do Porto – São Vicente de Minas..............................................................56

Fazenda Espírito Santo – São Vicente de Minas................................................60

Fazenda Pitangueiras – São Vicente de Minas...................................................64

Fazenda Engenho de Serra – São Vicente de Minas ......................................68

Fazenda Sesmaria – São Vicente de Minas.............................................................72

Fazenda Bela Vista – São Vicente de Minas ..........................................................76

Fazenda Casarão das Pitangueiras – São Vicente de Minas ..................80

Fazenda Traituba – Cruzília.................................................................................................84

Fazenda Angahy – Cruzília...................................................................................................90

Fazenda dos Lobos – Cruzília .............................................................................................94

Fazenda Narciso – Cruzília....................................................................................................98

Fazenda Favacho – Cruzília.................................................................................................102

Fazenda dos Pinheiros – Minduri ...................................................................................110

Campos das Vertentes / Watershed FieldsFazenda do Mosquito – Coronel Xavier Chaves ................................................114

Fazenda do Vau – Lagoa Dourada...............................................................................120

Fazenda das Bandeirinhas – Lagoa Dourada .....................................................124

Fazenda Capão Seco – Lagoa Dourada....................................................................128

Fazenda São João Batista – Entre Rios de Minas ..............................................132

Região Central / Central RegionFazenda da Mamona – Santana dos Montes......................................................136

Fazenda Cachoeira do Santinho – Santana dos Montes ..........................140

Fazenda Fonte Limpa – Santana dos Montes.....................................................144

Fazenda Solar dos Montes – Santana dos Montes ........................................148

Fazenda do Tanque – Santana dos Montes .........................................................152

Fazenda Pé do Morro – Ouro Branco..........................................................................158

Casa Bandeirista – Ouro Preto..........................................................................................162

Fazenda Gualaxo – Mariana..............................................................................................166

Fazenda dos Martins – Brumadinho ..........................................................................170

Fazenda Boa Esperança – Belo Vale............................................................................174

Fazenda Santa Marina – Santana dos Montes ..................................................178

Caminho dos Diamantes / The Road of the DiamondsFazenda das Minhocas – Jaboticatubas .................................................................182

Fazenda Cipó – Santana do Riacho.............................................................................186

Fazenda Barbosa – Sabinópolis......................................................................................190

Fazenda do Ribeirão – Dom Joaquim........................................................................194

Chácara do Barão do Serro – Serro..............................................................................198

Fazenda Horizonte Belo – Serro .....................................................................................202

Fazenda Engenho de Serra – Serro.............................................................................206

Fazenda Recanto do Vale – Milho Verde................................................................210

Referências bibliográficas / References........................................................................................................................................................................................................................................................216

Ficha Técnica / Credits......................................................................................................................................................................................................................................................................................................216

A Estrada Real / The Royal Road ..................................................................................................................................................................................................................................................................................13

Fazendas Tradicionais da Estrada Reall / Traditional Farms of the Royal Road.......................................................................................................................................................46

12

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 12

Page 13: Livro das Fazendas - miolo

A Estrada RealT H E R O Y A L R O A D

13

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 13

Page 14: Livro das Fazendas - miolo

14

E

Retrato de D. João VIÓleo sobre tela, Jean Baptiste Debret

Os primeiros imperadores do Brasil:D. Pedro I e D. LeopoldinaAquarela, 1818 - Jean Baptiste Debret

Estrada Real era o nome que se dava, na época do Brasil Colônia, a qual-

quer rota terrestre controlada pela Coroa, utilizada para a circulação de

pessoas, mercadorias e riquezas. O termo também fazia alusão à vontade

real suprema que exigia obediência aos caminhos fiscalizados. Caso outra

via fosse usada, o infrator podia ser julgado por crime de “lesa-majestade”.

"Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei, ou

seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos Sa-

bedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra, porque assim

como esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder

curar, e empece ainda aos descendentes de quem a tem, e aos que ele

conversam, pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro

de traição condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha

descendem, posto que não tenham culpa." - Ordenaçoes Filipinas, Livro V,

título 6, e definidas como "traição contra o rei”.

Entre os séculos XVII e XIX, um conjunto de vias terrestres aproximou

diferentes regiões do território brasileiro. A Estrada Real foi sendo cons-

truída nos muitos anos de idas e vindas, das Minas ao litoral do Rio de Ja-

neiro, em busca de riquezas.

R

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 14

Page 15: Livro das Fazendas - miolo

15

Desembarque de D. Leopoldina no BrasilLitografia, Jean Baptiste Debret

nn

n

n

n

n

RRoyal Road was the name given, during the time of Colonial Brazil, toany land route which was controlled by the Crown, used for the movementof people, goods, and riches. The term also alluded to the supreme royalwill which demanded obedience to the inspected roads. In case anotherroute were used, the person breaking the law could be judged for the crimeof lese majesty.

"Lese majesty means treason committed against the person of theKing, or His Royal State, which is such a grave and abominable crime, andwhich the ancient Wiseman found so strange that they compared it toleprosy, because just as this disease covers the whole body, it never more

being possible to be cured of it, and it likewise wards off even thedescendents of those who have it, as well as those who speak to them, tobe separated from the communication with people: thus, the error oftreason condemns he who commits it, barring and defaming those whodescend from his line, for it is not their fault.” Phillipine Ordenances, BookV, title 6, and defined as "treason against the King”.

Between the XVIIth and XIXth centuries, a series of land connectionsbrought the different regions of the Brazilian territory closer together. TheEstrada Real was built in the many years of to and for, between Minas andthe Rio de Janeiro coast, in search of riches.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 15

Page 16: Livro das Fazendas - miolo

16

O Caminho VelhoAssim é chamado o trajeto mais antigo que ligava o litoral às minas de ouro. A rota foi cons-

truída por volta do século XVII e era a melhor forma de ligação entre o estado de Minas Gerais,por meio de Vila Rica, hoje Ouro Preto, ao porto da cidade de Paraty, no estado do Rio de Ja-neiro. Embora a distância fosse maior que partindo da cidade do Rio de Janeiro, o porto deParaty era mais seguro, no início do Ciclo do Ouro, contra as incursões dos piratas franceses.

O trecho começa no porto de Paraty e transpõe a Serra do Mar, seguindo em direção aoLeste de São Paulo, passando por cidades como Cunha, Lorena, Guaratinguetá e Cruzeiro. Jáem Minas Gerais, o Caminho Velho passa pelos municípios de Passa Quatro, Itanhandu, Bae-pendi, Cruzília, São João del-Rei e Ouro Branco, até chegar a Ouro Preto. Passa Quatro era oponto mais acessível para transpor a Serra da Mantiqueira, de Paraty a Diamantina. Ao todo,a Estrada Real abrange 177 municípios, sendo 162 em Minas.

Percorrer o trecho a partir de Paraty dava acesso à região das Minas Gerais. No sentido in-verso, permitia escoar as riquezas pelo mar, para a Metrópole. A viagem entre os continentesnuma nau cargueira podia durar 95 dias. Para percorrer os cerca de 1.400 quilômetros entreParaty e Diamantina, várias semanas eram necessárias. Um grande cavaleiro como o alferesTiradentes, trocando de montaria a cada 30 km, levava um mínimo de duas semanas entre Pa-raty e Ouro Preto.

O Caminho Velho foi, na fase inicial das descobertas do ouro, a mais importante rota dechegada e de abastecimento da região das minas. Pelo trecho circularam os primeiros ban-deirantes pau¬listas que partiam de Taubaté e cruzavam a Mantiqueira em Passa Quatro, logoseguidos pelos forasteiros de outras regiões da colônia e da Europa. Em seguida, vieram osmercadores e os comboios de escravos.

Quando burros e mulas surgiram como alternativa ao transporte de car¬gas, que era feito,até então, sobre as costas de escravos índios e negros, formou-se no Centro-Sul do territóriocolonial uma verdadeira rede de cir¬culação de tropas. O Caminho Velho foi associado às viasde entrada do Sul da colônia. De lá vinham, com destino aSão Paulo, o gado bovino, os animais para montaria e, prin-cipalmente, os burros e as mulas, que seriam usados notransporte e no abastecimento das Minas Gerais.

Além dos bois, cavalos e muares vindos do sul, circulavampelo Caminho Velho produtos como toucinho, aguardente,açúcar, milho, trigo, marmelada, frutas, panos, calçados, dro-gas e re¬médios, algodão, enxadas e artigos importados, comoo sal, armas, munições, azeite, vinagre e vinho.

O movimento intenso de pessoas, mercadorias e ouro fezsurgir os locais de pouso, ranchos, mercearias, povoados evilas. Como exemplo desse crescimento das povoações pelocaminho, pode-se citar a Vila de São João del-Rei.

Parati, vista de frenta a uma légua e meia de distância(1827) - Aquarela sobre papel, Jean Baptiste Debret

Acampamento notruno de viajantesLitografia, Jean Baptiste Debret

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 16

Page 17: Livro das Fazendas - miolo

17

Ouro Preto Fotografia

Para os viajantes, a transposição da Serra da Mantiqueira era a parte mais difí-cil da rota. Os lamaçais constantes durante o período de chuvas, os precipícios e asmontanhas íngremes eram difíceis de enfrentar. Em alguns trechos, era precisoapear e caminhar puxando as montarias. As cargas eram aliviadas das costas dosanimais e carregadas pelos homens.

Tantas dificuldades eram superadas pelos aventureiros pelo sonho de en-contrar o “sabarabuçu”, o termo indígena que significava “montanha de ouro”,ou o Eldorado das lendas da América espanhola. Em uma das expedições, osbandeirantes acreditaram ter visto a montanha mística. No entanto, tratava-sede um cume de minério de ferro que refletia a luz do sol.

A palavra “sabarabuçu” também deu nome a um trecho da Estrada Real.Foi um prolongamento do Caminho Velho, que fazia ligação com o Caminhodos Diamantes. Nele ocorreu um dos principais combates da Guerra dos Em-boabas, o de Morro Vermelho. Na mesma rota, estava situado o arraial de Sa-bará, mais tarde elevado à categoria de Vila Real da Conceição, capital daComarca. Era uma das áreas mais populosas do estado, que abrigava um dosmaiores empórios comerciais da região mineradora, assim como o municípiode Vila Rica, atual Ouro Preto.

Com a chegada da estrada de ferro a Guaratinguetá, em 1877, começou umirreversível processo de estagnação de Paraty e do Caminho Velho. A ferrovia li-gava as cidades da região cafeeira do Rio de Janeiro à Estrada de Ferro D. PedroII, inaugurada em 1858, e que foi batizada mais tarde de Central do Brasil.

A notícia de que em uma região ampla, que incluía os vales dos rios das Ve-lhas, Doce e das Mortes, existia ouro de aluvião e nas encostas das montanhas, fezcom que aventureiros viessem atrás das riquezas, no Centro-Sul do que hoje é oestado de Minas Gerais. Em todo lugar, exploradores remexiam os ribeirões elavavam as areias em busca das partículas que podiam ser encontradas noscursos d’água. Estas partículas ficaram conhecidas como faíscas, porque bri-lhavam ao sol. Na época, também surgiram novos termos: faisqueira, que erao depósito de ouro e faiscador, que remetia ao minerador. Os aventureiros quesubiam às grimpas das montanhas à procura de ouro eram chamados de “grim-peiros”, e depois garimpeiros.

Rapidamente, o sertão se tornou o roteiro de multidões de aventureiros quesonhavam enriquecer depressa. A maioria sem preparo técnico para a minera-ção. Começa então uma típica corrida do ouro.

A saída de grandes contingentes em busca de riquezas fáceis foi umaameaça às vilas paulistas. Muitas se viram esvaziadas de sua força produtiva.A notícia do ouro se alastrou pela colônia e pela Europa. Do Nordeste brasileiro

também desceram levas de homens contagiados pela febre do ouro, pelo rio SãoFrancisco e pelo sertão da Bahia, afetando a produção dos engenhos de cana-de-açúcar. Lisboa, em Portugal, também foi afetada. Foi necessária a instituição de umsistema de passaportes para controlar a migração e evitar o esvaziamento do reino.

Os anos foram se passando e, com eles, vieram novas e melhores técnicas deexploração mineral. Já não se buscava somente o ouro dos cursos de água, mastambém os veios que se entranhavam pelas encostas. À medida que as reservasse esgotavam, mais porções do território mineiro passavam a ser exploradas. Ocrescimento populacional descontrolado das regiões mineradoras logo acarretouuma crise de abastecimento de alimentos.

A fome teve então dois momentos marcantes. O primeiro entre 1697 e 1698 eo segundo entre 1700 e 1701. Comia-se de tudo para evitar a morte. Desde cães,gatos e ratos a insetos. A esse triste cenário somou-se uma epidemia de varíola eas cheias dos rios. Houve queda na ex¬tração do ouro e uma forte alta dos preçosde qualquer produto que chegasse à região mineradora. Tudo era cotado emouro. Para se ter idéia, uma galinha, por exemplo, chegou a custar três ou qua-tro oitavas de ouro em pó, ou seja, 10 a 12 gramas de ouro. Um boi era vendidopor cem oitavas, ou quase 360 gramas de ouro.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 17

Page 18: Livro das Fazendas - miolo

18

The Old RoadThus is called the oldest stretch of the road connecting the coast and the gold mines. The

route was built around the XVIIth century and it was the best manner of linkage between thestate of Minas Gerais, by way of Vila Rica, today Ouro Preto, to the port of the city of Paraty,in the state of Rio de Janeiro. Although the distance was greater than leaving directly from thecity of Rio de Janeiro, the port of Paraty was safer, at the beginning of the Gold Cycle, againstthe incursions of French pirates.

The stretch begins in the port of Paraty and crosses over Serra do Mar, following into theEast of São Paulo, passing through cities such as Cunha, Lorena, Guaratinguetá and Cruzeiro.Whilst in Minas Gerais, the Old Road goes through the cities of Passa Quatro, Itanhandu,Baependi, Cruzília, São João del-Rei and Ouro Branco, until it reaches Ouro Preto. Passa Quatrowas the most accessible point to cross over Serra da Mantiqueira, from Paraty to Diamantina.All accounted for, Royal Road covers 177 municipalities, of which 162 are in Minas.

Traveling the stretch from Paraty gave access to the region of Minas Gerais. The oppositedirection, allowed the transport of riches by sea to the Metropolis. The journey between thecontinents on a cargo ship could last 95 days. Traveling the nearly 1.400 kilometers between Paratyand Diamantina, required several weeks. A great rider such as second lieutenant Tiradentes,changing horses at every 30 km, took a minimum of two weeks between Paraty and Ouro Preto.

The Old Road was, during the initial phases of the discovery of gold, the most importantroute of arrival and the purveyance of the mine region. The stretch allowed for the movementof the first bandeirantes from São Paulo state for those who departed from Taubaté and crossedover the Mantiqueira at Passa Quatro, soon followed by the foreigners from other regions ofthe Colony and Europe. There soon came the merchants and slave caravans.

When donkeys and mules appeared as an alternative in transporting cargo, which was thusfar done on the backs of Indians and blacks, there took place in the Mid South a real network forthe movement of troops. The Old Road was associated with the entry access to the south of theColony. From there came, and were bound to São Paulo, cattle, animals for riding and especially,donkeys and mules, which would be used in the transportation and purveyance of Minas Gerais.

Beside the cattle, horses and mules which came from the South, products such as bacon,firewater, sugar, corn, wheat, marmalade, fruits, fabric, shoes, drugs and medicine, cotton,hoes and articles from the South, moved along the Old Road.

The intense movement of people, goods and gold caused the springing up of lodgingplaces, ranches, grocery stores, towns and villages. As an example of the growth of townsalong the way, Vila de São João del-Rei is noteworthy.

Travelers thought of the crossing over of Serra da Mantiqueira as the most difficult partof the route. Constant mud holes during the rainy season, precipices and the steep mountainswere hard to face. Along some stretches, it was necessary to get off the animals, while walkingand pulling the mounts. Loads were lightened from animal backs and carried by men.

So many hardships were overcome by the adventurers dreaming about finding the“sabarabuçu”, the Indian word for “mountain of gold”, or the El Dorado in the legends ofSpanish America. On one of the expeditions, the bandeirantes believe to have seen the mysticalmountain. Nonetheless, it was the top of the iron ore hill that shone in the sunlight.

The word “sabarabuçu” also gave its name to a stretch of the Royal Road. It was anextension of the Old Road, which converged with the Diamond Road. It was here where one ofthe main battles of the Emboabas War, that of Morro Vermelho, took place. On the same route,the hamlet of Sabará was located; it would later be raised to the category of Vila Real daConceição, capital of the District. It was one of the most thickly populated areas of the state,which harbored one of the largest commercial trading centers of the mining region, as well asthe city of Vila Rica, currently known as Ouro Preto.

With the coming of the railroad to Guaratinguetá, in 1877, there began an irreversiblestagnation process of Paraty and of the Royal Road. The railroad connected the cities of the

coffee growing region of Rio de Janeiro to the Dom Pedro II Railroad, inaugurated in 1858, andlater on named Central do Brasil.

News telling of an ample region, which included the valleys of the rivers known as DasVelhas, Doce, and Das Mortes, had alluvial gold, as well as on the sides of the mountain,impulsed adventurers to come after the riches in the Mid South of what is today the state ofMinas Gerais. Everywhere, explorers went through the streams and washed the sands insearch of the particles which could be found in the water flows. These specks came to beknown as sparks, since they shone in the sun. At the time, new terms also surfaced: sparkler,which was the gold bed, and gold panner, which singled out the miner. The adventurers whowent up the tops of the mountains in search of gold were called “gold pickers”, and lateron, “prospectors”.

Quickly, the bush became the route of droves of adventurers, who dreamed of getting richfast. The majority had no technical preparation for mining. Thus, begins the typical goldrush.

The exit of large contingents in search of easy wealth was a threat to paulista – people fromthe state of São Paulo – villagers. Many found themselves depleted of their productive force.News of the gold spread throughout the Colony and Europe. Down from the Brazilian Northeastthere also came droves of men caught up in the contagion of gold fever, by way of the SãoFrancisco river and the backwoods of the state of Bahia, affecting the production of the sugarcane mills. Lisbon, in Portugal, was also affected. It was necessary to institute a system ofpassports to control migration and avoid the emptying of the kingdom.

The years passed by, and with them, came new and better gold mining techniques. Nolonger was there only a search for gold in the water flows, but also in the veins that wereembedded in the mountain slopes. As the reserves dried up, additional pieces of the MinasGerais state began to be exploited. The uncontrolled population growth in the mining regionsbrought with it a food purveyance crisis.

Famine then had two striking moments. The first was between 1697 and 1698 and thesecond, was between 1700 and 1701. Everything was eaten in hopes of warding off death –dogs, cats and rats and even insects.

Added to this devastatingly sad scene came a smallpox epidemic and river floods. Therewas a fall in gold extraction and a strong rise of the prices of any product coming to the miningregion. The price of everything was quoted in gold. To help the reader’s understanding, achicken, for example, got to cost three to four gold dust octaves, that is, 10 to 12 grams ofgold. A steer was sold for one hundred octaves, or almost, 360 grams of gold.

Negros serradores de pranchas - Litografia, Jean Baptiste Debret

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 18

Page 19: Livro das Fazendas - miolo

19

The New RoadDuring the first half of the XVIIIth century, lots of conflicts took place due

to the ownership of lands and the beds of gold, such as the Emboabas War.There were also registries of problems along with taxing and black slaverebellions. The flow of production became a problem. Beside the hardship ofcrossing over the Mantiqueira mountain through Old Road, the valuable goodshad a very long way to reach the port of Paraty. It was too risky a way for theCrown, which needed a new road.

The one to face up to the ordeal of opening up a new way of communicationbetween Rio de Janeiro e Vila Rica was Garcia Rodrigues Paes, first born son ofbandeirante Fernão Dias Paes Leme. Up until 1709, he toiled with white workersand 40 slaves. His objective was to charge toll by presenting a road on flatterland, which would prevent the long suffering crossovers of the mountains. Uponleaving his fazenda in Borda do Campo, where the city of Brabacena is locatedtoday, he came down the Mantiqueira and followed the valleys of the Paraíbado Sul and Paraibuna rivers, going through Juiz de Fora, Matias Barbosa, SimãoPereira, Entre Rios and Barra do Piraí.

At the time, Rio de Janeiro underwent invasions of the French pirates, whosometimes ventured up to Paraty. Little by little, the authorities of the capitalstrengthened the forts and the defenses of Guanabara Bay, turning Rio deJaneiro into one of the safest seaports of the world. The new road, which wasquicker and more practical was chosen for the flow of riches and entry ofmerchandise.

Despite being shorter, the trip was empty because this was a region whichwas yet virgin, bereft of resources and comfort, to be offered to the traveler,as had previously been the case on the Old Road. On long cavalcades throughdeserted areas, the risks of assaults were great. Nevertheless, the time of thetrip from Rio had been reduced to a third of what it had previously been, sinceit avoided the sea crossing up to Paraty, the mud holes of the Serra do Mar,rainforest, and the rainy crossover of the Mantiqueira. The term “mantiqueira”,by the way, means “the mountain which cries”.

In order to avoid the most difficult and dangerous stretch of the NewRoad, which was the crossover of the Serra do Mar, an alternate route whichconnected the city of Rio de Janeiro and the Paraíba do Sul river was open. Thecutoff shortened the trip in nearly four days and it was better with regard tothe original road, since it afforded flatter terrain. The new route was openedby Sargent Major Bernardo Soares de Proença and was christened Caminho doProença.

The new stretch, as it was preferred to from then on, was made wider byGarcia Rodrigues himself, who made the road trafficable for the troops andit definitively became consolidated. On the official exploration way, therewere inspection checkpoints instituted and it was forbidden to use the otherways. Rigorous punishments were set up for those who incurred in these“wayward ways”.

Na primeira metade do século XVIII, muitos conflitos aconteceram pela posse de

terra e das jazidas minerais, como a Guerra dos Emboabas. Também foram registra-

dos problemas com o fisco e rebeliões de escravos negros. Escoar a produção passava

a ser um problema. Além da dificuldade de atravessar a serra da Mantiqueira pelo Ca-

minho Velho, a mercadoria de valor dava uma volta muito longa até chegar ao porto

de Paraty. Rota arriscada demais para a Coroa, que precisava de um novo caminho.

Quem encarou a empreitada de abrir uma nova via de comunicação entre o Rio

de Janeiro e Vila Rica foi Garcia Rodrigues Paes, filho primogênito do bandeirante

Fernão Dias Paes Leme. Até 1709 ele labutou na estrada com trabalhadores brancos

e 40 escravos. Seu objetivo era cobrar pedágio por oferecer uma estrada em terreno

mais plano, que evitasse as penosas travessias das serras. Partindo de sua fazenda

em Borda do Campo, onde hoje fica a cidade de Barbacena, ele desceu a Mantiqueira

e seguiu pelos vales dos rios Paraíba do Sul e Paraibuna, passando por Juiz de Fora,

Matias Barbosa, Simão Pereira, Entre Rios e Barra do Piraí.

Nessa época, o Rio de Janeiro sofria as invasões dos piratas franceses, que às vezes

se aventuravam até Paraty. Aos poucos, as autoridades da capital foram reforçando os

fortes e as defesas da Baía da Guanabara, tornando o Rio de Janeiro um dos portos

mais bem guardados do mundo. O caminho novo, mais rápido e mais prático, passou

a ser o preferido para o escoamento das riquezas e para a entrada das mercadorias.

Apesar de mais curta, a viagem era vazia por uma região ainda virgem, sem re-

cursos e confortos que pudessem ser oferecidos ao viajante, como havia no Caminho

Velho. Em longas cavalgadas pelos ermos, o risco de assaltos era grande. Contudo,

o tempo de viagem a partir do Rio de Janeiro foi reduzido a um terço do que era an-

teriormente, por evitar a travessia marítima até Paraty, os lamaçais da Serra do Mar

e a chuvosa transposição da Mantiqueira. A propósito, “mantiqueira” em tupi-gua-

rani significa “serra que chora”.

Para evitar o trecho mais difícil e perigoso do Caminho Novo, que era a transposi-

ção da Serra do Mar, uma variante que ligava a cidade do Rio de Janeiro e o rio Paraíba

do Sul foi aberta. O atalho encurtava a viagem em cerca de quatro dias e era melhor em

relação ao caminho original por oferecer terrenos mais planos. A nova rota foi aberta

pelo sargento-mor Bernardo Soares de Proença e batizada de Caminho do Proença.

O novo trecho, preferido a partir de então, foi alargado pelo próprio Garcia Ro-

drigues que o tornou trafegável para as tropas e se consolidou definitivamente. Na

via oficial de exploração, foram instituídos os controles de fiscalização e passou a ser

proibida a utilização das demais vias. Rigorosas punições foram estabelecidas para

quem incorresse nesses "descaminhos".

O Caminho Novonn

n

n

n

n

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 19

Page 20: Livro das Fazendas - miolo

20

\Fiscalização

O volume de riquezas exploradas na região das Minas Gerais

era crescente no século XVIII. Para coibir os excessos livres, a

Coroa Portuguesa criou formas de garantir o controle da explo-

ração. Para isso criou postos de inspeção para arrecadar os di-

versos tributos sobre minerais, em especial ouro e diamantes,

mercadorias, escravos e animais em trânsito, como cavalos, mua-

res e bovinos.

Mais tarde foram instituídas as chamadas casas de fundição,

onde o ouro extraído era purificado e transformado em barras, nas

quais era aposto um cunho que as identificava como "ouro quin-

tado", isto é, do qual já fora deduzido o tributo do "quinto". Era

também expedido um certificado que deveria acompanhar a carga

daí em diante.

Essa medida aumentou a insatisfação das pessoas – que já recla-

mavam dos altos preços dos alimentos – e acabou ocasionando a Re-

volta de Vila Rica, em 1720. As principais exigências dos rebeldes

eram a redução dos preços dos alimentos e a anulação do decreto

que criava as casas de fundição. A oferta de alimentos aumentou e

os preços caíram a partir da instalação dos empreendimentos agrí-

colas que foram enfocados neste trabalho.

Na região também havia dois destacamentos de cavalaria, os

chamados Dragões das Minas. Eles eram encarregados de manter a

segurança do transporte do ouro e dos diamantes produzidos nas

Minas Gerais. Vigiavam distritos mineradores e seus caminhos. Um

terceiro destacamento cuidava da segurança do Vice-Rei e da então

capital, a cidade do Rio de Janeiro. Com a Independência do Brasil,

transformou-se na Imperial Guarda de Honra dos Mosqueteiros de D.

Pedro I (1822-1831).

A partir da segunda metade do século XVIII, ocorreu o declínio

da produção mineral no distrito das minas. Tal situação ocorreu du-

rante o governo do Marquês de Pombal. A crise levou a uma inten-

sificação da política fiscal, medidas impopulares como a Derrama,

e a uma insatisfação que conduziu à Inconfidência Mineira, repri-

mida com mão de ferro pela Coroa Portuguesa. Com a proclamação

da Independência do Brasil em 1822, as estradas reais tornaram-se

livres, vindo a constituir, com a riqueza proporcionada pela lavoura

do café, os principais eixos de urbanização da região Sudeste.

Inspection

The volume of wealth explored in the Minas Gerais region was on the increase in the XVIIIthcentury. In order to thwart unwarranted excesses, the Portuguese Crown established forms ofguaranteeing exploitation control. It set up inspection posts for collecting the various tributeson minerals, specially gold and diamonds, merchandise, slaves and animals in transit, such ashorses, mules and cattle.

Later on the so-called smelting houses were instituted, where the gold extracted waspurified and made into bars, on which was placed a seal which identified them as “fifth gold",that is, that out of which had already been deducted the tribute of the “ fifth”. There was alsoissued a certificate which should go along with the cargo from then on.

This measure increased the dissatisfaction of the people, who already complained about thehigh prices of food, and it ended up setting off the Revolta de Vila Rica, in 1720. The principaldemands of the rebels were the reduction of food prices and the annulment of the decree whichestablished smelting houses. The offer of food increased and the prices fell as of the installmentof agricultural enterprises which focused on that activity.

In the region, there were also two cavalry detachments called the Dragons of Minas. Theywere in charge of the keeping of security of transportation of gold and diamonds produced inMinas Gerais. They kept watch over the mining districts and their roads. A third detachment wasin charge of the security of the Vice-Roy and the capital at the time, the city of Rio de Janeiro.With the independence of Brazil, it was transformed into the Imperial Guard of Honor of theMusketeers of Dom Pedro I (1822-1831).

As of the second half of the XVIIIth century, there was the decline of the mineral productionin the mine. This situation took place during the government of the Marquis de Pombal. Thecrisis led to the heightening of the fiscal policy, unpopular measures such as Derrama, and thedissatisfaction which led to the Inconfidência Mineira. With the proclamation of theIndependence of Brazil in 1822, the royal roads became free, leading to building, together withthe wealth provided by the farming of coffee, the principal axis of urbanization in theSoutheastern region.

Vendedores de cavalos de Minas passeando na cidadeAquarela e lápis (1818 - Rio de Janeiro), Jean Baptiste Debret

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 20

Page 21: Livro das Fazendas - miolo

21

Vista do Largo do Paço no Rio de Janeiro - Litografia, Jean Baptiste Debret

Vista da entrada da Baía do Rio de Janeiro - Litografia, Jean Baptiste Debret

Vista geral da cidade do Rio de janeiro, tomada da enseada de Praia Grande - Litografia, Jean Baptiste Debret

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 21

Page 22: Livro das Fazendas - miolo

22

Princesa Isabel e o conde d’Eu saindo de sua residênciaFotografia de 1870

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 22

Page 23: Livro das Fazendas - miolo

23

O primeiro registro da descoberta de diamantes na região é de 1714, nas pro-

ximidades da serra da Lapa, na região do arraial do Tejuco, a partir da explo-

ração de um faiscador. Na mes¬ma época, há registros de outra descoberta na

região do córrego Mosquito. Daquela época, conta-se que as belas pedrinhas

eram usadas para marcar pontos em jogos de cartas e também serviam como ta-

lismãs e adorno de escravas amancebadas.

A Rota dos Diamantes é a última parte da Estrada Real e vai de Ouro Preto até

Diamantina. Foi traçada na segunda metade do século XVIII, época em que os

diamantes da antiga região do Tejuco, hoje Diamantina, chamaram a atenção

dos exploradores das riquezas de Minas Gerais. Essa rota foi aberta para aten-

der às necessidades da Coroa de se ter um caminho que possibilitasse o trans-

porte da nova riqueza até o Rio de Janeiro.

Vista parcial de Diamantina, em 2010 - Fotografia, Geidy Romeiro

A Rota dos Diamantes

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 23

Page 24: Livro das Fazendas - miolo

A notícia da descoberta dos diamantes foi mantida em segredo. Durante

anos a fio, um grande volume de "pedrinhas brilhantes" foi explorado na co-

marca do Serro Frio sem que a população local tivesse conhecimento do que

os diamantes representavam de fato. Quem conhecia seu valor tentava reco-

lher sua parcela de riqueza e esconder da Coroa a existência de dia¬mantes no

arraial do Tejuco.

Por causa dos aventureiros que passaram a infestar a região em busca das

pedras, em 1729, o governador Dom Lourenço de Almeida se viu obrigado a co-

municar à Coroa as descobertas naquelas terras. A notícia de que se tratava sim-

plesmente da existência de "pedrinhas brancas" fez com que surgisse,

aproximadamente um ano depois, o primeiro regimento regulador da extração

e distribuição dos diamantes.

A descoberta de diamantes logo atraiu grupos e mais grupos de aventurei-

ros ansiosos por encher as algibeiras. Em 1734 foi feita uma tentativa de controle

da exploração das pedras no arraial do Tejuco. Tratava-se de uma Intendência

dos Diamantes. O órgão era controlado por um intendente, que possuía bas-

tante autonomia no que se referia aos poderes do governador da capitania. As

terras diamantíferas foram então demarcadas e denominadas por Distrito Dia-

mantino. A área era estendida sempre que novas descobertas de diamantes

eram apontadas em áreas fora da demarcação. O rio Jequitinhonha, em sua am-

plitude, pertencia à área de jurisdição da Intendência. Todo o leito e o curso do

rio eram vigiados por patrulhas de soldados e por postos de controle instalados

em locais estratégicos da região.

Tantas normas em relação ao Distrito Diamantino tinham como objetivo res-

tringir a produção de diamantes com a intenção de melhorar o valor que as

pedras alcançavam na Europa e acabar com a extração e o comércio clandes-

tino. Os garimpeiros autônomos estavam sujeitos às punições mais severas se

fossem encontrados trabalhando em lavras de diamantes por conta própria.

No esquema de extração permitido, o escravo trabalhava curvado, de frente

para um capataz. Ele peneirava o cascalho nos alguidares, recolhia os dia-

mantes e descartava o cascalho. Toda a atividade era executada dentro da

água. Mesmo com tanta supervisão, o furto de pedras por escravos era algo

comum. Entre as técnicas mais curiosas de furto dessas pedras estavam a de en-

golir os diamantes, a de manter as pedras entre os dedos dos pés durante lon-

gas horas, para ao final do trabalho, levá-las para as senzalas, e a de aspirá-las

disfarçadamente junto com rapé, deixando-as entrar por uma narina para

serem recolhidas na boca.

Os comboieiros de escravos, típicos daquela época, eram bem-sucedidos tra-

ficantes de pedras preciosas. Pretextando a venda de escravos, eles conseguiam

The Route of the Diamonds

The Route of the Diamonds is the last part of the Estrada Real and it extendsfrom Ouro Preto to Diamantina. It was traced in the second half of the XVIII thcentury, the time during which the diamonds of the old region of Tejuco, todayDiamantina, drew the attention of the explorers of the riches of Minas Gerais. Thisroute was opened to meet the needs of the Crown for having a road which wouldmake it possible to transport the new wealth to Rio de Janeiro.

The first registry of the discovery of diamonds in the region is in 1714, in thesurroundings of the serra da Lapa, in the region of the hamlet of Tejuco, as of theexploitation of a gold panner. At the same time, there are registries of anotherdiscovery in the region of the Mosquito stream. At the time, it is told that thebeautiful little pebbles were used to keep track of points in card games, ascharms and adornment of lovers who were slaves.

The news of the discovery of the diamonds was kept secret. During years onend, a large volume of "shiny little stones" were exploited in the district of SerroFrio without the local population knowing what the diamonds economicallyrepresented, in fact. In the search for the precious stones, everyone tried to gatherhis own share of the wealth hiding the fact from the Crown, that there werediamonds in the hamlet of Tejuco.

Due to the adventurers who began to swarm the region in search of the stones,in 1729, Governor Dom Lourenço de Almeida was compelled to communicate to theCrown the discovery which had been made on those lands. The news that therewere simply “little white stones” made the first regulating regiment for theextraction and distribution of the diamonds approximately one year later.

The discovery of diamonds soon attracted groups on groups of adventurersanxious to fill their pockets. In 1734 an attempt was made to control the explorationin the hamlet of Tejuco. It was an Intendancy of the Diamonds. The agency wascontrolled by an intendent, which had a great deal of autonomy with regards to thewere then surveyed and named Diamantine District. The area was extended eachtime new diamond discoveries were pointed out in areas outside the areas of thedemarcation. The Jequitinhonha river, in its amplitude, belonged to the districtintendancy area. All the riverbed and its course were patrolled by patrols of soldiersand by control checkpoints installed in strategic places of the region.

The amount of regulations regarding the Diamond District had the objective ofrestricting the production of diamonds, intent on the improvement of the valuethe stones fetched in Europe, bringing a halt to clandestine extraction andcommerce. Self employed gold panners were subject to most severe punishments,if caught working in diamond quarries of their own accord.

In the extraction scheme allowed, the slave worked in a doubled over, position,facing the overseer. He sifted the gravel in the clay bowls, picked up the diamondsand got rid of the gravel. The entire activity was carried out in the water. In spiteof the inspection, theft of stones by slaves was a common occurrence. Among someof the most interesting manners of theft of those stones were swallowing thediamonds, keeping the stones between the toes for hours, and at the end of work,carrying them to the slave quarters, as well as sniffing them in along with snuff,letting them in through one nostril, to be picked up in the mouth.

24

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 24

Page 25: Livro das Fazendas - miolo

liberação para en¬trar no Distrito Diamantino e trocavam suas mercadorias por diaman-

tes, retirados facilmente de dentro da área da demarcação.

Em 1740 foi instituído o sistema de contratos para a exploração das lavras, que vigo-

rou até 1771. Nesses 31 anos, foram extraídos oficialmente 1.666.569 quilates de diaman-

tes, o período de maior produtividade do Distrito Diamantino ao longo de sua existência.

A partir de 1771, a Coroa resolveu criar outra for¬ma de controle da exploração da ri-

queza diamantífera e passou a entregar a tarefa de lavra exclusivamente à Fazenda Real.

Para que isto ocorresse, foi instituído um sistema de junta administrativa, composta pelo

presidente do Tesouro português, por três diretores de Lisboa, por três administradores

e pelo próprio Intendente. Esse grupo ficava responsável por administrar e gerir o negó-

cio dos diamantes em nome do governo metropolitano. O novo sistema era conhecido

como Real Extração.

Paralela à nova forma, criou-se o regulamento co¬nhecido como Regimento Dia-

mantino, ou Livro da Capa Verde, de 1771. Tratava-se de um apanhado de todas as leis,

ordens e portarias anteriores, que davam poder ao In¬tendente sobre toda a área do

Distrito Diamantino.

The caravan slave drivers, characteristic at that time, were well-succeeded precious stone runners. On pretext of selling slaves, theygot free access to enter the Diamond District, exchanging their goodsfor diamonds, easily withdrawn from within the area of demarcation.

In 1740, they instituted a system of contracts for the exploitationof the mining area which was in effect until 1771. During those 31years, there were 1.666.569 carats de diamonds officially extracted;it was the period of greatest productivity of the Diamond Districtthroughout its tenure.

As of 1771, the Crown decided to organize another form ofcontrol of the exploitation of the diamond wealth and theytransferred the mining job exclusively to the royal treasury. In orderfor this to happen, an administrative junta was put in place, madeup of a President of the Portuguese Treasure, three directors inLisbon, three administrator and the Intendent himself. This groupwas responsible for administering and managing the diamondbusiness in the name of the city government. The new system wasknown as Royal Extraction.

Parallel to the new form, there was a regulation known as theDiamond Regiment, or Green Covered Book, of 1771. It was the collectionof all previous laws, orders, and measures, which gave powers to theIntendent concerning the entire area of the Diamond District.

25

Passagem de um rio vadeável Litografia - Jean Baptiste Debret

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 25

Page 26: Livro das Fazendas - miolo

26

Os Caminhos ColoniaisDentro desse cenário de rotas, exploração e controle, foi con-

solidada a capitania das Minas Gerais. Assim se formou o complexo

da Estrada Real. Mais de 1.800 km de patrimônio, uma área maior

do que a da Áustria, onde vive uma população equivalente à de

Portugal, cercada de montanhas, natureza, história, cultura e arte.

Percorrer o trecho é como mergulhar nos registros de um Bra-

sil antigo e visitar caminhos que foram desbravados por bandei-

rantes e exploradores, em busca de riquezas minerais. Essas vias,

algumas originárias de trilhas indígenas, foram palco de fatos

marcantes da nossa história.

Além disso, é preciso ressaltar a importância da Estrada Real

para a urbanização do país, que se deu a partir do surgimento

das vilas e povoados. As cidades que compõem os caminhos pre-

servam ícones, monumentos e tradições deste período tão rico.

Um patrimônio histórico e cultural repleto de belezas naturais

preservadas, igrejas luxuosamente decoradas e construções de

encher os olhos, são alguns dos atrativos da Estrada Real.

The Colonial RoadsWithin this route scenario, exploitation and control the captaincy of

Minas Gerais was consolidated. Thus was the complex of Royal Road formed.The was more than 1.800 km of patrimony, an area larger than Austria, wherea population equivalent to that of Portugal lived, surrounded by mountains,nature, history, culture and art.

Running through the stretch is like diving into the registers of an oldBrazil and visiting roads which were tamed by bandeirantes and explorers,in search of gold and sdiamonds. Those roads, some of which originated inIndian trails, were the stage for striking facts of our history.

In addition to that, the importance of the Royal Road for the urbanizationof the country which took place as of the appearance of villages and hamletsshould be emphasized. The cities which make up the roads preserve icons,monuments and traditions of so rich a period of time.

A historical and cultural patrimony filled with preserved natural beauty,richly decorated churches and buildings – a real eyeful – are some of theattractions of Royal Road.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 26

Page 27: Livro das Fazendas - miolo

27

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 27

Page 28: Livro das Fazendas - miolo

28

Na segunda metade do século XIX, com a melhoria das estradas e o surgi-mento das linhas férreas, começavam a chegar ao campo materiais mais refina-dos para o incremento das propriedades. Luminárias, lustres, escadas finamentetorneadas, alpendres e papéis de parede eram sinônimo de luxo e sofisticação.

Na parte interna das propriedades, cômodos espaçosos, em especial o dacozinha, onde costumavam fazer refeições alguns escravos e também os se-nhores rurais. E, em frente a esse espaço, a primeira utilização da água cor-rente em moradias: a bica d’água. Os ambientes eram organizados em tornoda sala principal. Algumas fazendas dispunham de corredores para a organi-zação do fluxo.

Delicadas e ornamentadas capelas e quartos de hóspedes, estes últimos semjanelas na época de sua construção, eram comuns em algumas fazendas secula-res. Faziam parte do “setor social” da casa e integravam a área principal. Algu-mas propriedades mais aprimoradas guardavam painéis ou murais pintados emvários motivos paisagísticos, florais, religiosos e alegóricos.

Localizadas em grandes extensões de terra, as fazendas tinham, além dacasa-grande, que ocupava lugar de domínio, construções adjacentes como sen-zalas, engenhos de cana, paiol e curral. Por causa de aclives ou declives natu-rais acentuados, algumas edificações precisavam de fundações especiais queeram robustos alicerces de pedra.

Nesses casarões viveu a sociedade colonial, que era formada principalmentepor descendentes da nobreza, grandes proprietários de escravos, expressivoscomerciantes, fazendeiros e burocratas. Pessoas que escreveram capítulos im-portantes na história do Brasil e que contribuíram para fazer de Minas Geraisum dos estados mais ricos do país em tradições e cultura.

Planta de casa - Litografia, Jean Baptiste Debret

As Construções ColoniaisEntre as edificações ao longo da Estrada Real, destaque para os casarios co-

loniais de arquitetura rústica típica dos séculos XVIII e XIX. Elementos comopedra, barro e madeira foram bastante utilizados. Estruturas de pau-a-piquepara alicerçar porões e paredes também eram recursos muito explorados naépoca. Grandes beirais, paredes grossas, pés-direitos elevados, funcionavamcomo medidas de proteção contra o calor e contra as chuvas.

Na arquitetura rural, muitas fazendas tiveram e ainda guardam semelhan-ças entre si. Em inúmeros casos, as casas eram erguidas sobre esteios de madeira.Varandas também são características coincidentes. Em algumas propriedadespode-se perceber amplos espaços livres. Em outras, o que se vê são as chama-das varandas “entaladas”, posicionadas entre dois cômodos que as emoldu-ram. Amplas em sua totalidade, as fazendas exibem formatos variados. Boaparte delas apresenta plantas em forma de “L”.

Em aspectos gerais, a inspiração arquitetônica recebeu influência européia,trazida, principalmente, pelos nobres portugueses que ali se fixaram. Com odeslocamento da Corte para o Brasil, em 1808, tem-se a introdução das tendên-cias neoclássicas que mostram formas urbanas até então desconhecidas. Den-tre as novidades do século XIX, os telhados visualmente omitidos. A buscaestética por meio de medidas, proporções e relações entre os elementos bemdefinidas são outras características do estilo.

Nas janelas de muitas fazendas coloniais podemos notar essa preocupaçãocom os detalhes. Em sua aparente simplicidade, instalar cada uma delas de-pendia de materiais nobres e de mão-de-obra especializada. Entre os artifíciosneoclássicos, os fazendeiros criavam emblemas por meio de molduras e pesta-nas de portas e janelas.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 28

Page 29: Livro das Fazendas - miolo

29

The Colonial Constructions Among some of the buildings alongside Royal Road, a special mention needs

to be made of the rustic architecture Colonial settlements typical of the XVIIIth andXIXth centuries. Elements such as stone, clay and wood were used quite a bit.Structures of wattle for the foundation of gates and walls were also resources whichwere very much employed at the settlements. Great eaves, thick walls, high centralposts, worked as protection measures against the heat and rain.

In rural architecture many farms had similarities and still resemble each other.In several cases, the housed were raised on wooden supports. Verandahs are alsocoincidental characteristics. On some properties one can perceive ample, freespaces. On others, what can be seen are the so-called “lashed” varandah,positioned between two rooms, which mold it. Ample as a whole, the farms evincevaried formats. A good number of them present blueprints with “L” shapes.

In general aspects, the architectural inspiration received a Portugueseinfluence, which was brought, principally, by the Portuguese noblemen whocolonized the nation. With the displacement of the Court to Brazil, in 1808, there isthe introduction of the Neoclassical tendencies, which evince urban forms thus farunknown. Among the novelties of the century and relationships, the roofs arevisually omitted. The search for esthetics by means of measures, proportions andrelationships among the well defined elements are other characteristics of the style.

The windows of many Colonial farms point out real care with the details. Intheir apparent simplicity, fitting each one of them in, depended on materials ofnoble quality and highly specialized manpower. Out of these Neoclassicalartifices, the farms owners created emblems by means of door and windowframes and flanges.

In the second half of the XIXth century, with the improvement of the roadsand the surging of railroads, there began to arrive in the countryside, more nobleand diversified material for the development of the properties. Luminaries, lamps,finely shaped stairways, pent roofs and wallpaper were synonymous of luxury andsophistication.

On the inner side of the properties, there were spacious rooms, particularly thekitchen, where slaves as well as rural gentry used to have their meals. And, in frontof these rooms, came the first use of running water in the dwellings: the water spout.The ambiences were organized around the principal living room. Some fazendashad corridors available for the organization of the flow of people and activities.

Delicate and ornamented chapels and guest rooms, the former having nowindows at the time of their construction, were common in some centennial. Theywere part of the “social sector” of the house and they were part of the principalarea. Some more sophisticated properties kept panels or murals painted in variousmotifs, such, as for example, panoramic, floral, religious and allegorical.

Located on great extensions of land, the farms had, beside the master’s house,which occupied a place of prominence, other adjacent constructions such as theslave quarters, the sugar cane mills, the corn bunker, corral, amongst others. Dueto the natural shape of ascents or descents, some buildings required specialfoundations which were made of stone fences and cornerstones.

In these sprawling homes lived the Colonial society, which was made up ofdescendents of the nobility, great slave owners, notable merchants, farms ownersand bureaucrats. These people wrote important chapters in the history of Braziland contributed to making Minas Gerais one of the richest states of the country interms of tradition and culture.

Detalhe da construçãocolonial: estrutura deparede em madeira

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:11 PM Page 29

Page 30: Livro das Fazendas - miolo

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 30

Page 31: Livro das Fazendas - miolo

31

Geidy Romeiro

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 31

Page 32: Livro das Fazendas - miolo

O Cavalo nas fazendas da Estrada Real

The Horse on the Royal Road Farms

32

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 32

Page 33: Livro das Fazendas - miolo

33

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 33

Page 34: Livro das Fazendas - miolo

34

O bando (proclamação municipal). Litografia de Tierry Frères, Succrs. de Engelmann& Cie., publicada no 3ºoº volume do álbum Voyage Pittoresque, de Debret, em 1839

Litografia de Tierry Frères, publicada no 2ºo volume do álbum Voyage Pittoresque, de Debret,em 1835

Conjunto de éguas da Coudelaria de Alter do Chão, em PortugalFoto de Eduardo Venturoli

AA história do cavalo está intimamente ligada à História do Brasil. A chegada

desses animais ao país remete ao desbravamento e à ocupação do território na-

cional. Acredita-se que a criação tenha tido início logo depois que as terras brasi-

leiras foram descobertas e que os primeiros espécimes vieram da Península Ibérica,

originários das ilhas da Madeira e Canárias.

O cavalo era de extrema importância para os povos ibéricos. Tinha valor como

de arma. O poderio guerreiro de uma nação nos séculos passados estava nas patas

de uma cavalaria densa e disposta.

Em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, os portugueses trouxeram

também garanhões e éguas que eram criados nas coudelarias reais. Entre os mais es-

peciais dos nobres criatórios, a coudelaria de Alter do Chão, que selecionava cava-

los na região de Alentejo, famosos pela desenvoltura, beleza de movimentos e

aparência impecável. Tantas qualidades tornaram a Família Real apaixonada por

cavalos, desde Dona Maria I, seu filho Dom João VI e o neto Pedro I.

TThe arrival of these animals in the country goes back tothe clearing away and occupation of the national territory.It is believed that the raising was begun soon after theBrazilian lands were discovered and the first species camefrom the Iberian Peninsula, originally from the Madeira andCanary Islands.

The horse was of great importance to the Iberianpeoples. It had the worth of a weapon. The war power of anation in the past centuries was in the hooves of a well knitand dynamic cavalry.

In 1808, with the arrival of the Royal Family in Brazil, thePortuguese also brought stallions and mares which wereraised on the royal stud farms. Among the most special ofthe noble production centers was the Alter do Rés do Chãostud farm, which selected the horses in the Alentejo region,famous for their development, beauty of movements andimpeccable appearance. Such numerous qualities made theRoyal Family impassioned about horses, from Dona Maria I,her son Dom João VI to the grandson, Pedro I.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 34

Page 35: Livro das Fazendas - miolo

35

Conjunto de baias da Coudelaria de Alter do Chão, em PortugalFoto de Eduardo Venturoli

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 35

Page 36: Livro das Fazendas - miolo

36

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 36

Page 37: Livro das Fazendas - miolo

37

O cavalo e as Minas Gerais

Em Minas Gerais, a história do cavalo começou a ser escrita no Ciclo do Ouro, quando os desbrava-

dores precisavam de animais mais velozes que os burros e mulas para fazer rápidos deslocamentos. Em

tempo de guerras, como a dos Emboabas, por exemplo, em que paulistas e mineiros brigavam pelo di-

reito de exploração das jazidas de ouro, um bom cavalo valia muito dinheiro. O preço variava de acordo

com o conforto da marcha, agilidade e presteza.

O desbravamento do território mineiro e o deslocamento de cargas para abastecimento das minas

através de caminhos íngremes e perigosos exigia a prudência e a resistência dos muares. Mas logo após

implantados os empreendimentos rurais, os fazendeiros e negociantes se valiam de cavalos fortes, velo-

zes e de andadura confortável para seus deslocamentos. As escoltas das tropas cargueiras de ouro mon-

tavam cavalos fogosos, aptos a perseguir os bandidos que emboscavam as cargas.

De acordo com registros históricos, Gabriel Francisco Junqueira, o barão de Alfenas, foi presenteado em

1824, por D. Pedro I, com um garanhão da raça Alter Real. Fazendeiro abastado da região e criador de bo-

vinos, o barão iniciou sua criação de cavalos cruzando o magnífico animal com éguas rústicas de sua Fa-

zenda Campo Alegre, situada no hoje município de Cruzília. Como resultado desse cruzamento, surgiu um

novo tipo de cavalo denominado Sublime pelo andar macio que possuía. O cavalo servia para montaria e

na lida da fazenda como tração leve. As éguas resultantes desses cruzamentos eram chamadas de crioulas.

Naquela época já se impunha uma seleção da raça. O cavalo no século XIX era o meio de transporte mais con-

fortável. Por isso, fazendeiros e nobres não poupavam riquezas para adquirir animais confortáveis e prestativos

para a família. O cavalo precisava se adequar ao solo, às características topográficas mineiras, ser resistente

em longas cavalgadas, às variações do clima e do ambiente, ter bom rendimento e ser bastante cômodo.

The horse and Minas Gerais

In Minas Gerais, the history of the horse began to bewritten during the Gold Cycle, when the trail blazers neededanimals faster than donkeys and mules for quickdisplacements. In was in war time, such as that of theEmboabas, for example, during which Paulistas and Mineirosfought for the right to exploit gold sites, a good horse wasworth a lot of money. The price varied according to thecomfort of the gait, agility and readiness.

The trail blazing of the Minas Gerais territory and therelocation of loads for supplying the mines, by way of steepand dangerous roads, demanded the prudence and strengthof the mules. However, soon after the implantation of the ruralenterprises, owners of farms and merchants used strong, fastand horses with a comfortable walk for their relocations.

The escorts of the gold cargo troops road fiery horsescapable of pursuing bandits who waylaid the cargos.

According to historical registries, Gabriel FranciscoJunqueira, the baron of Alfenas, received a gift in 1824, fromDom Pedro I, of a stallion of the Alter Real breed. A wealthyfarmer of the region and a breeder of bovine cattle, the baronbegan breeding horses by the splendid animal with rusticmares from his Campo Alegre Farm, situated in the presentday district of Cruzília. As a result of this breeding, a newtype of horse was producedand it was called Sublime due tothe soft tread it had. The horse was used for riding as well asin work on the farm in light traction. The mares which camefrom this breeding were called Crioulas.

At that time, already, the selection of the breed wasstandard procedure. The XIX th century horse was the mostcomfortable means of transportation. That is the reason forwhich farm owners and noblemen did not curb their wealth,when it came to acquiring comfortable and worthy animalsfor their family. The horse needed to adapt to the ground, tothe topographical characteristics of the state of Minas, beup to long cavalcades, climate and environmental changes,have a good achievement and be rather comfortable.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 37

Page 38: Livro das Fazendas - miolo

38

A origem do nome Mangalarga

Surgia no Sul do Estado a valorização da marcha de tríplice apoio e a raça Su-

blime. A comodidade desses animais chamou muito a atenção, e logo o rico fa-

zendeiro Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, proprietário da Fazenda

Mangalarga, trouxe alguns exemplares de Sublimes para seu uso em Paty do

Alferes, próximo à Corte no Rio de Janeiro. Por terem porte e andamento dife-

renciados, os cavalos foram reconhecidos rapidamente na sede do império. Vi-

raram sinônimo de nobreza e perfeição, no que dizia respeito a cavalos de sela.

Esses animais foram apelidados de cavalos mangalargas, em uma referência

à fazenda de onde vinham. Essa é uma das versões que justifica a origem do nome

“Mangalarga” e a mais consistente delas, de acordo com alguns pesquisadores.

Há várias outras histórias e até lendas sobre o assunto. Entre as mais conhe-

cidas, a de que a denominação teria surgido baseada no andar característico do

cavalo, que se destacava pelas passadas longas elegantes e a de que “Manga-

larga” teria sido um potro adquirido pelo barão de Alfenas, em Barbacena.

Diferenças entre Mangalarga e Mangalarga Marchador

Como os cavalos da raça Sublime foram desenvolvidos no Sul de Minas, foi

neste berço que também se deu a segmentação da raça. A influência do meio

ambiente caracterizou a raça Mangalarga e se fez notar nos aprumos posterio-

res e garupas. Na região de topografia acidentada surgiu o andamento mar-

chado. Dois tipos de andamento eram ressaltados, de acordo com a preferência

de cada criador. A marcha picada estava associada à margem ocidental do Rio

Grande e a marcha batida, à margem oriental.

Em busca de solos mais férteis e topografia mais plana, o ramo paulista de

criação partiu com seus cavalos para a Província de São Paulo. Desenvolveu-se

então um animal de aprumos posteriores mais verticalizados, de ossatura ampla

e larga e andamento com um maior tempo de suspensão no ar. Foi nessa época

que o cavalo vindo do Sul de Minas começou a fazer cruzamentos com outras

raças como Árabe e Puro Sangue Inglês, e a se diferenciar pelo pescoço mais ar-

redondado e garupa mais expressiva.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 38

Page 39: Livro das Fazendas - miolo

39

No estado de Minas Gerais, o que se desejava era um cavalo de sela mar-

chador que fosse confortável e ágil na descida de montanhas. A seleção era

feita com os recursos genéticos do patrimônio ibérico. Desenvolveu-se um

cavalo de peitoral marcante e andar reconhecidamente cômodo.

As diferenças entre as duas linhagens nascidas no seio da família Jun-

queira, no Sul de Minas Gerais, resultou na necessidade de se criar asso-

ciações distintas para a classificação dos animais. Em 1934 foi fundada a

Associação Brasileira de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga, em São

Paulo. Já em 1949, criou-se a Associação dos Criadores de Cavalos Mar-

chadores da Raça Mangalarga, em Minas Gerais, que teve como objetivo

a manutenção da marcha tríplice apoio. A denominação mudou em 1967,

quando o nome passou para Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo

Mangalarga Marchador.

Os padrões da raça Mangalarga são: altura média de 1,55 m, porte médio,

e o andamento é marcha trotada. Suas aptidões são para passeio, esportes

e trabalho com o gado.

Já os padrões da raça Mangalarga Marchador se caracterizam por al-

tura média de 1,47 m e máxima de 1,57 m, porte médio, andamento em

marcha batida e picada. Sua vocação é de cavalo de sela para lazer e pas-

seios, esportes de resistência e serviços. A aptidão de sela para passeios é

explicada pelo fato de o cavalo apresentar um bom rendimento e ofere-

cer pouco atrito ao cavaleiro. É um cavalo com aptidão para enduro e pro-

vas de resistência, pois foi selecionado para suportar longas viagens e

enfrentar obstáculos.

Foto cedida pelo casal Francisco Altamiro

dos Reis e Fá

tima Lúcia Reis, da Fazend

a Barro Preto, Carrancas (M

G)

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 39

Page 40: Livro das Fazendas - miolo

40

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 40

Page 41: Livro das Fazendas - miolo

41

The origin of the name Mangalarga

There surfaced in the South of the State, the appreciation for the triple support pointmarch and the Sublime breed. The comfort of these animals drew quite a bit of attention,and soon afterwards, wealthy Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, the proprietor of theFazenda Mangalarga, brought some exemplary Sublimes for his own use in Paty do Alferes,the Court in Rio de Janeiro. Due to their different stance and walk, the horses were quicklysingled out in the seat of the Empire. They became synonymous of nobility and perfection,regarding saddle horses.

These animals were called Mangalarga horses, referring to the farm of their origin. This isone of the versions justifying the name “Mangalarga” and it is the most consistent of them all,according to some researchers.

There are several other stories and even some legends regarding the subject. Among thebest known, is that which tells that the name appeared based on the characteristic of the horse,which had a long, elegant gait and that “Mangalarga” was a colt acquired by the Baron ofAlfenas in the city of Barbacena.

Differences between Mangalarga and Mangalarga Marchador

Since the Sublime breed horses was developed in the South of Minas, it was at this pointof origin that the segmentation of the breed took place. The influence of the environment wasa characteristic of the Mangalarga and it was noticeable in the back straightness and in thehindquarters. In the uneven topographical region, the marching gait surfaced. Two types ofwalk were accentuated, depending on the preference of the breeder. The staccato-like marchwas associated to the West bank of the Rio Grande and the beat march, to the East bank.

In search of more fertile land and a flatter terrain, the São Paulo state breeding branch leftwith their animals, and headed to the Province of São Paulo. Therefore, there developed ananimal bearing more vertical, back elegance, of a broader and wider bone structure, and gaitwith a longer time of suspension in the air. It was at that time that the horse from the South ofMinas began to breed with other breeds such Arabic and Pure Blooded British, and to beginhaving a more rounded neck and a more salient croup.

In Minas Gerais, what was desired was a marching saddle horse which was agile andcomfortable when riding down the mountains. The selection was made with genetic resourcesof Iberian patrimony. There developed a horse with an outstanding chest and a well recognizedcomfortable gait.

The differences between the two lineages born in the bosom of the Junqueira family, in theSouth of Minas Gerais, gave way to the need for the opening of different associations forclassifying the animals. In 1934, the Associação Brasileira de Criadores de Cavalo da RaçaMangalarga was founded in São Paulo. On the other hand, in 1949, the Associação dos Criadoresde Cavalos Marchadores da Raça Mangalarga was founded in Minas Gerais; this had as itsobjective guaranteeing the triple support point march. The name changed in 1967, when thename changed to Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador.

The patterns of the Mangalarga breed are: medium height of 1,55m, medium size, and thegait is a trot. Its aptitudes are riding, sports and work with cattle.

Now, the Mangalarga Marchador breed is characterized by a medium height of 1,47m anda maximum of 1,57m, medium size, gait in a beat and staccato-like march. Its vocation includesbeing a saddle horse used for leisure and riding, resistance sports and work. The saddleaptitude for riding can be explained by the fact that it offers good returns and presents littleattrition for the rider. It is a horse which is apt to undergo endurance and resistance tests,since it was chosen to withstand long trips and challenging obstacles.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 41

Page 42: Livro das Fazendas - miolo

42

As primeiras fazendas de criação de equinos

A exploração mineral era a principal atividade econômica da população

da província mineira. No Sul do estado, a situação era um pouco diferente.

Com a permanência de portugueses na região, a introdução de algumas cul-

turas e a criação de animais assumiram tendências europeias. Por causa da

atividade, muitas famílias de origem lusitana se estabeleceram no campo e

desenvolveram fazendas de criação. Linhagens impecáveis de cavalos nas-

ceram em berços de várias dessas propriedades. Entre os criatórios de desta-

que que formaram a base da raça, localizados ao longo da Estrada Real,

podem ser citadas as fazendas Favacho, Traituba, Campo Lindo “JB”, Bela

Cruz, Angahy, Lobos, Engenho de Serra e Fazenda do Porto, entre outras.

Independentemente da fazenda, o Mangalarga Marchador era o cavalo pre-

dileto, pela segurança do seu andamento, pela habilidade na lida com o gado

e pela agilidade nos pastos altos das serras que caracterizam a paisagem de

Minas Gerais. Há alguns séculos, a importância do cavalo era tão grande que

os animais, equipados com cabeçada e estribos de níquel ou prata, acompa-

nhavam procissões em homenagem aos padroeiros das vilas nos dias santos.

Aos domingos, familiares e amigos dos fazendeiros se reuniam para caçar

veados campeiros, montados nos marchadores. Se o rastro da vítima fosse

encontrado e a caça avistada, tinha início um galope pelas campinas e coli-

nas. Em terrenos quase sempre irregulares era preciso cruzar as encostas das

grotas, cortar as cristas das serras, passar pelas veredas dos vales, vadear

rios, saltar pau, pedra e riacho. Esse esforço demandava empenho e habili-

dade do cavaleiro e da montaria. Nos dias de sorte, os marchadores ainda ti-

nham que voltar com a caça amarrada na garupa do caçador.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 42

Page 43: Livro das Fazendas - miolo

43

The first farms in equine breeding

Mineral exploitation was the principal activity of the Minas Province. In theSouth of the State the situation was a bit different. With the Portuguesepermanence in the region, the introduction of a few crops and breedinganimals took on some European tendencies. Due to these activities, manyfamilies of Portuguese origin established themselves in the country anddeveloped animal breeding farms. Flawless lineages of horses were born onseveral of these properties. Among the outstanding breeding centers makingup the base of the breed, located all along the Royal Road, the followingfarms can be included: Favacho, Traituba, Campo Lindo “JB”, Bela Cruz,Angahy, Lobos, Engenho de Serra and Fazenda do Porto, amongst others.

Aside from the farm, the Mangalarga Marchador was the favorite horse,due to the security of its gait, the ability to work the cattle and being agilein the tall pastures in the high serras which are a hallmark of the MinasGerais panorama. For some centuries, the importance of the horse was sogreat that the animals, equipped with nickel or silver headstalls andstirrups, escorted the processions in honor of the patron saints of the townson holy feast days.

On Sundays, the relatives and friends of the farm owners got togetherto hunt country deer, riding on Marchadores. If the trail of the animal waspicked up and the target sighted, there began a galloping through dalesand hills. There was need to cross over lands which were almost alwaysirregular, going up cavern sides, cutting across the crests of mountains,going through valley paths, wading through rivers, and log, rock, andstream jumping. This feat demanded earnest effort and ability of both therider and the mount. On lucky days, the Marchadores had to return with theprey tied to the croup of the rider.

Marcelo Eduardo

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 43

Page 44: Livro das Fazendas - miolo

44

O Instituto e o Projeto Estrada RealO Instituto Estrada Real, sociedade civil sem fins lucrativos, foi criado em outubro de 1999 pela Federação

das Indústrias de Minas Gerais. O objetivo do grupo foi incentivar o desenvolvimento de um projeto turístico

envolvendo 177 municípios de três estados.

Dois anos depois foi formulado o “Projeto Estrada Real”, que tem por finalidade a valorização do patri-

mônio histórico-cultural, o estímulo ao turismo, a preservação e a revitalização dos entornos da Estrada Real.

The Royal Road Institute and Project The Estrada Real Institute, a non profit civil society, was founded in October of 1999 by the Federation of the Industries of Minas

Gerais. The objective of the group was to foster the development of a tourist project involving 177 municipalities of three states. Two years afterwards, the “Royal Road Project”, which has the finality of valuing the historical-cultural patrimony, the

stimulation of tourism, the preservation and revitalization of the surroundings of the Estrada Real was launched.

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 44

Page 45: Livro das Fazendas - miolo

45

Geidy Romeiro

LIVRO-parte 1_Layout 1 3/9/12 2:12 PM Page 45

Page 46: Livro das Fazendas - miolo

46

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:51 PM Page 46

Page 47: Livro das Fazendas - miolo

Fazendas Tradicionais da Estrada Real

Traditional Farms of the Royal Road

47

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:51 PM Page 47

Page 48: Livro das Fazendas - miolo

48

Fazenda Campo Lindo

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:51 PM Page 48

Page 49: Livro das Fazendas - miolo

49

Fundada em 1870, a Fazenda Campo Lindo fica no município de Aiuruoca, no

Sul de Minas. De fachada nobre e imponente, a casa tem portas e janelas largas

e telhado colonial com detalhes inspirados na arquitetura europeia. Seu interior

é composto por mais de 20 cômodos, que guardam adornos, móveis, fotogra-

fias e documentos da época, um acervo mantido pela família Junqueira An-

drade para conservar a memória das várias gerações que nela viveram.

A propriedade sempre se destacou por ser uma autêntica fazenda mineira,

com criação de gado de leite holandês e cavalos. Foi um dos criatórios mais im-

portantes da história das raças Mangalarga e Mangalarga Marchador. Também

foi sede da linhagem JB, símbolo de qualidade e beleza, e até hoje é considerado

um dos principais celeiros de magníficos animais. Em duzentos anos de atua-

ção, o criatório sempre selecionou exemplares impecáveis que aprimoraram a

raça Mangalarga Marchador.

Dada sua vocação para o desenvolvimento desses animais, a economia da

fazenda sempre girou em torno da criação de equinos. O garanhão Beline JB,

que nasceu em 1901, foi o reprodutor mais importante do Sul de Minas. De an-

damento excepcional, o cavalo transmitiu aos descendentes as melhores ca-

racterísticas do Mangalarga Marchador. Vários outros animais se destacaram,

entre eles Sincero JB, Quartel JB, Haity JB, Tostão JB, Apolo JB, Omelete JB e

Atrevido JB.

O criatório foi iniciado por José Bráulio Junqueira de Andrade, que teve o

cuidado de refinar os cruzamentos com o objetivo de obter cavalos de estrutura

forte e que proporcionassem comodidade para o lazer e robustez para o traba-

lho no campo. Apaixonado pela atividade, o proprietário tornou famosa a marca

JB e conseguiu formar uma tropa de grande refinamento e expressão racial, sem

se descuidar das qualidades funcionais.

Na sucessão de José Bráulio na fazenda, seu primogênito Urbano Junqueira

de Andrade deu sequência ao trabalho de seleção e de coberturas primorosas,

com a responsabilidade de manter a marca JB na elite do circuito nacional dos

criadores de cavalos Mangalarga.

De geração em geração, a família Junqueira Andrade mantém a aposta no

temperamento de sela e na marcha. Produz animais com nobreza de andamento

e morfologia impecável. Atualmente, essa responsabilidade recai sobre Luiz An-

tônio Vilela Junqueira, que está à frente da administração da Fazenda Campo

Lindo. Ele também dedica sua vida à preservação do padrão de qualidade im-

presso na tropa JB por seus antepassados.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:51 PM Page 49

Page 50: Livro das Fazendas - miolo

50

Campo Lindo Farm

Founded in 1870, Campo Lindo Farm is in the district of Aiuruoca, in South Minas. With itsnoble and mighty façade, the house has wide doors and windows and a Colonial roof havingdetails inspired by European architecture. Its inside is made up of more than 20 rooms holdingornaments, furniture, photographs and documents of the time, a large collection kept by theJunqueira Andrade family for the preservation of the memory of several generations wholived there.

The property was always outstanding as an authentic farm of Minas, with Netherlandercattle raising for milk and horses as well. It was one of the most important horse farms in thehistory of the Mangalarga and Mangalarga Marchador breeds. It was also the seat of the JBlineage, a symbol of quality and beauty, and even today, it is considered one of the main studfarms of magnificent animals. In two hundred years of activity, the breeding establishmentalways selected impeccable exemplars which improved the Mangalarga Marchador breed.

Due to its penchant for the development of these animals, the economy of the farm alwaysrevolved around horse breeding. Beline JB the stallion, born in 1901, was the most outstandingreproducer in the South of Minas. Having an exceptionally fine walk, the horse transmittedto its progeny the best characteristics of the Mangalarga Marchador. Several other animalsstood out, amongst them: Sincero JB, Quartel JB, Haity JB, Tostão JB, Apolo JB, Omelete JB andAtrevido JB.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:51 PM Page 50

Page 51: Livro das Fazendas - miolo

51

The establishment was started by José Bráulio Junqueira de Andrade, who took care torefine the breeding with the objective of obtaining horses with a strong structure and whichcould yield comfort during leisure and robustness to work in the fields. Totally devoted tothe activity, the proprietor made the JB breed famous and was able to consolidate a troopof great refinement and racial expression, without forgetting the functional qualities.

Succeeding José Bráulio at the farm, his firstborn son, Urbano Junqueira de Andrade,gave continuance to the work of selecting and perfecting breedings, with theresponsibility of keeping the JB breed in the elite of the national circuit of Mangalargahorse breeders.

From generation to generation, the Junqueira Andrade family has kept betting on thesaddle temperament and in the pace of the horses. They produce animals with noblenessof walk and an impeccable morphology.

Currently, this responsibility befalls Luiz Antônio Vilela Junqueira, who is at the headof the administration of Campo Lindo Farm. He also devotes his life to the preservation ofthe pattern of quality branded on the JB troop by his ancestors.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:51 PM Page 51

Page 52: Livro das Fazendas - miolo

52

Fazenda BahiaO antigo Arraial do Turvo, hoje município de Andrelândia, região Sul de Minas, abriga

a sede da Fazenda Bahia. A propriedade, uma das maiores da região, foi construída em

1860 pelo casal José Justino de Azevedo e Maria Cândida Nogueira. Acredita-se que o

local tenha sido escolhido pela abundância e qualidade de suas várias nascentes.

O estilo neoclássico barroco da construção foi inspirado em outras propriedades da

região. Por fora, a casa é uma típica sede rural. A boa concepção arquitetônica mostra ja-

nelas e portas bastante harmoniosas entre si, cores discretas e uma simplicidade elegante.

Por dentro, paredes ricamente detalhadas e coloridas. Objetos seculares preservam a his-

tória das gerações que viveram no local. Móveis antigos e combinados dão um ar acon-

chegante à sede.

Na história dos moradores da casa, destaque para José Bonifácio de Azevedo, que

herdou a fazenda dos pais. Considerado uma pessoa bastante ativa, sempre esteve en-

volvido em questões de tomada de decisão. Foi fundador do Partido Republicano do

Turvo, mais conhecido como "Partido dos Veados". José Bonifácio foi presidente da Câ-

mara Municipal da cidade por três períodos diferentes, tenente-coronel do Batalhão de

Infantaria destacado no Turvo e ainda criou a segunda fábrica de manteiga do estado

de Minas Gerais em 1899. José Bonifácio também foi pai de onze filhos.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:51 PM Page 52

Page 53: Livro das Fazendas - miolo

53

Naquela época, a casa estava sempre cheia. Amigos da família, políticos e fa-

zendeiros eram assíduos na sede. A economia se baseava na produção de leite, queijo

e manteiga. A maior parte do que era produzido seguia para o Rio de Janeiro em

lombo de cavalo, que era o meio de transporte da época. A raça Mangalarga já se

destacava pelo andamento macio, garantia de chegada das encomendas sem que os

produtos fossem muito sacudidos, condição crucial para manter a qualidade da

manteiga feita em Minas.

Anos se passaram e, hoje, Odilon Salgado Neto, tataraneto dos fundadores da

Fazenda Bahia, está à frente da administração. A família busca preservar a estrutura

da fazenda e os antigos costumes. Entre eles estão as conversas ao redor do fogão a

lenha e a contação de estórias.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 53

Page 54: Livro das Fazendas - miolo

54

The former Turvo Hamlet, today’s District of Andrelândia, South Minas region, is home tothe Bahia Farm seat. The property, one of the largest in the region, was built in 1860, by a couple,José Justino de Azevedo and Maria Cândida Nogueira. It is believed that the local was chosendue to the abundance and quality of its varied water sources.

The Neoclassical Baroque style of the construction was inspired on other properties of the region.On the outside, the house is a typical rural seat. The good architectural concept displays windowsand doors which are rather harmonious with each other, discreet colors and an elegant simplicity.On the inside, the walls are richly detailed and colored. Centennial objects preserve the history of thegenerations who lived in the place. Antique and matching furniture lends a cozy air to the seat.

In the history of the dwellers of the house, special mention is given to José Bonifácio deAzevedo, who inherited the farm from his parents. Considered to be a rather active person, hewas always involved in decision making matters. He was the founder of the Republican Partyof Turvo, better known as the "Party of the Veados". José Bonifácio was president of City Council

of the city during three different periods, Lieutenant Colonel of the Infantry Battalion quarteredin Turvo and he even opened the second butter factory of the state of Minas Gerais in 1899. JoséBonifácio was also the father of 11 children.

At the time, the house was always filled with people. Friends of the family, politicians andfarmers were assiduous at the seat. The economy was based on milk production, cheese andbutter. The greater part produced was sent on to Rio de Janeiro atop horses, which were themeans of transportation at the time. The Mangalarga breed was already outstanding due to thesoft walk, guaranteeing the arrival of parcels without the products being shaken up, a crucialmatter in the keeping the quality of the butter made in Minas.

Years went by and today, Odilon Salgado Neto, great grandson of the founders of the BahiaFarm, is at the head of the administration of the seat. The family tries to preserve the structureof the farm and the old customs. Amongst them are conversations in the kitchen around thewood stove and storytelling.

Bahia Farm

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 54

Page 55: Livro das Fazendas - miolo

55

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 55

Page 56: Livro das Fazendas - miolo

56

Fazenda do PortoLocalizada no município de São Vicente de Minas, na região Sul de Minas,

a Fazenda do Porto fascina pela simplicidade. Logo na entrada, paineiras e pi-

nheiros convidam o visitante à hospitalidade. A rica flora enfeita o conjunto

de história e tradição. A casa foi construída em 1760, pelos proprietários Do-

mingos Reis e Silva e Andreza Dias de Carvalho, que escolheram uma área

central no município.

Na fachada, detalhes arquitetônicos com influência do estilo neoclássico

europeu. Despretensiosa e prática, a construção conta com 20 janelas emol-

duradas e telhado com beiral de fora a fora. Colunas perfiladas de recorte

apurado mostram o cuidado com a estética.

Em 1920, a sede foi ampliada. Na época, a Fazenda do Porto era adminis-

trada por Virgílio Andrade Reis - quarta geração da família - que era casado

com Maria Amélia Ribeiro dos Reis. O casal precisava de mais espaço para

acomodar seus dez filhos, mas tratou de preservar a arquitetura. Ao todo, a

casa tem 22 cômodos, sendo nove quartos.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 56

Page 57: Livro das Fazendas - miolo

57

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 57

Page 58: Livro das Fazendas - miolo

58

A principal atividade econômica desenvolvida na década de 20 era a criação de gado

holandês, com um apuro genético que criou fama em todo o estado. O comércio de gado

expandiu-se e deu origem à criação de cavalos Mangalarga de sufixo Porto.

O cavalo era usado na lida da fazenda, no transporte de pessoas e produtos e também

no lazer. Longos passeios pelas bonitas serras da região e atividades de caça estavam

entre as diversões prediletas da família. Os cuidados com os equinos ficavam a cargo de

Oswaldo Reis, filho de Virgílio Reis, apelidado Didi do Porto.

Oswaldo construiu uma nova sede nas proximidades da capela do Espírito Santo, er-

guida dentro dos limites da fazenda. Ali criou esplêndidos animais, como a matriz Futu-

rista do Porto, mãe de importantes campeões nacionais, entre eles Cassino do Porto e Ouro

Preto do Porto.

Hoje, a fazenda-sede está sob a direção de Maria Cláudia Vilela Alves Reis, neta de Vir-

gílio Reis, que busca preservar tradições e memórias. Nesse tempo todo, a estrutura da casa

praticamente não sofreu alterações. Na parte interna, marcos e portas em tons averme-

lhados dão vida aos detalhes. Algumas paredes repletas de fotos contam a história das ge-

rações que viveram no local. A religiosidade também está presente em pequenos altares

espalhados pela casa. São laços entre as gerações que já se foram e as que ainda virão.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 58

Page 59: Livro das Fazendas - miolo

59

Porto Farm

Located in the District of São Vicente de Minas, in the South Minasregion, the Porto Farm is fascinating due to its simplicity. Right in theentrance, silk-cotton trees and pine trees summon the visitor tohospitality. The rich flora adorns the assemblage of history andtradition. The house was built in 1760, by the owners, Domingos Reis eSilva and Andreza Dias de Carvalho, who picked out a central area inthe District.

In the façade, there are architectural details with the influence ofEuropean neoclassical style. Unpretentious and practical, the constructionhas 20 framed windows and a roof with eaves all around. Carefully cutstraight columns demonstrate care with esthetics.

In 1920, the seat was enlarged. At the time, the Porto Farm wasadministered by Virgílio Andrade Reis – fourth generation of the family– who was married to Maria Amélia Ribeiro dos Reis. The couple neededto accomodate their ten children, but they tried to preserve thearchitecture. All told, the house had 22 rooms, nine being bedrooms.

The principal economic activity developed in the decade of the20’s was raising Netherlander cattle, with a genetic pureness that wasfamous all over the state . The commerce of cattle expanded and gaveorigin to the raising of Mangalarga horses bearing the Porto name.

The horse was used in cattle tending, transportation of people andproducts and also for leisure. Long rides through the pretty mountainsof the region and hunting activities were among the favorite diversionsof the family. The care of the horses was under the charge of OswaldoReis, son of Virgílio Reis, nicknamed Didi do Porto.

Oswaldo built a new seat in the neighborhood of the chapel of theHoly Spirit, raised within the boundaries of the farm. He there raisedsplendid animals such as the matrix Futurista do Porto, mother ofimportant national champions, among them Cassino do Porto and OuroPreto do Porto.

Today, a farm-seat is under the direction of Maria Cláudia VilelaAlves Reis, Virgílio Reis’s granddaughter, who seeks to preservetraditions and memories. During all this time, the structure of the housepractically underwent no changes. On the outside part of the house,frames and doors in reddish tones give life to the details. Some wallsfilled with photos tell the story of the generations who lived in theplace. Religiousness is also present in the small alters scattered throughthe house. They are ties between the generations who have passed onand those yet to come.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 59

Page 60: Livro das Fazendas - miolo

60

Fazenda Espírito SantoA Fazenda Espírito Santo fica no município de São Vicente de Minas, região Sul de

Minas Gerais. É uma gleba desmembrada da Fazenda do Porto, construída por Oswaldo

de Andrade Reis, mais conhecido por Didi do Porto, e sua esposa Francisca Junqueira

Reis. A casa harmoniza seu estilo de época com uma estrutura moderna. Janelas de

vidro e madeira são características da construção.

O proprietário se dedicou a formar a linhagem Mangalarga Porto, que logo ficou co-

nhecida nacionalmente como sinônimo de refinamento, agilidade e qualidade gené-

tica. Como marca da criação, foi desenvolvido um símbolo “V” invertido, aplicado a

ferro quente na coxa direita dos cavalos. A marca é a inicial de Virgílio Andrade Reis,

pai de Oswaldo e antigo dono da Fazenda do Porto.

Com seu trabalho na Fazenda Espírito Santo, Didi inscreveu seu nome na história

do Mangalarga marchador como um dos incentivadores mais fiéis da raça. Prova disso

são os expoentes de seu criatório, que se destacam entre os mais finos marchadores bra-

sileiros, como as matrizes Frinéia do Porto, Uva do Porto, Escrava do Porto, Dama do

Porto, Jóia do Porto, Herdeira do Porto, Princesa do Porto e Jéssica do Porto. Já entre os

principais reprodutores, enumeram-se os garanhões Prelúdio Primeiro do Porto, Ouro

Preto do Porto, Brasão do Porto, Senhor do Porto, Enxofre do Porto e Indiscreto do Porto.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 60

Page 61: Livro das Fazendas - miolo

61

A forte religiosidade da família Reis transmitiu, geração após geração,

o dever de conservar a ampla Capela do Divino Espírito Santo, que guarda

relíquias importantes, como uma pia batismal lavrada em pedra-sabão,

datada de 1885. Protegido por um muro de pedras - provavelmente er-

guido por mãos escravas - o santuário tem um altar com a representação

do Divino Espírito Santo coroada com flores vermelhas. Na região, a festa

do Divino se realiza no domingo de Pentecostes (50 dias após a Páscoa). É

a maior comemoração rural da Diocese de São João del-Rei.

Após o falecimento de Oswaldo de Andrade Reis, sua filha Heloisa Helena

Reis Junqueira e o genro José Carlos de Souza Junqueira assumiram a admi-

nistração da fazenda. Deram prosseguimento ao valioso trabalho de refi-

namento da raça Mangalarga Marchador, adotando os mesmos princípios

e ideais que Didi valorizava. Em 30 de outubro de 2010, foi inaugurado um

espaço exclusivo dentro da Fazenda Espírito Santo para o Haras do Porto.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 61

Page 62: Livro das Fazendas - miolo

62

Capela

Espírito Santo Farm

Espírito Santo Farm is in the town of São Vicente de Minas, in the South Minas Gerais region. It is a broken up tract ofland of Porto Farm, built by Oswaldo de Andrade Reis, though better known as Didi do Porto, and his wife FranciscaJunqueira Reis. The house harmonizes the style of the time with a modern structure. Glass windows and wood arecharacteristics of the construction.

The owner threw himself into forming the Mangalarga Porto linage, which was soon nationally recognized as synonymousof refinment, agility and genetic quality. As a sign of the breed, an inverted “V” was developed, and branded onto the rightleg of the horses. The brand stands for the initial of Virgílio Andrade Reis, father of Oswaldo and former owner of Porto Farm.

Through his work on Espírito Santo Farm, Didi inscribed his name in the history of the Mangalarga Marchador as one ofthe most loyal boosters of the breed. A proof of that are the champions of his horse farm among the finest Brazilianmarchadores such as matrixes Frinéia do Porto, Uva do Porto, Escrava do Porto, Dama do Porto, Jóia do Porto, Herdeira doPorto, Princesa do Porto and Jéssica do Porto. Among the main reproducers, several stallions can be called off: PrelúdioPrimeiro do Porto, Ouro Preto do Porto, Brasão do Porto, Senhor do Porto, Enxofre do Porto and Indiscreto do Porto.

The staunch religiousness of the Reis family transmitted, generation after generation, the duty to conserve the mostbeautiful Chapel of the Divine Holy Spirit, which holds important relics such as the baptismal font carved in soapstone, datedin 1885. Protected by a wall of stones - probably erected by slave hands - the sanctuary has a beautiful altar with therepresentation of the Divine Holy Spirit crowned with red flowers. In the region, the feast of the Divine Holy Spirit takes placeon Pentecost Sunday (50 days after Easter ). It is the greatest rural celebration of the Diocese of São João del-Rei.

After the death of Oswaldo de Andrade Reis, his daughter Heloisa Helena Reis Junqueira and his son-in-law, José Carlosde Souza Junqueira took over the administration of the farm. They proceeded with the valuable work of refinement of theMangalarga Marchador breed, adopting the same principals and ideals which he placed store by. On October of 2010, theretook place the inauguration of an exclusive space for the Haras do Porto in the Espírito Santo Farm.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 62

Page 63: Livro das Fazendas - miolo

63

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 63

Page 64: Livro das Fazendas - miolo

64

Fazenda das Pitangueiras

Refúgio de sossego e integração com a natureza. Assim é a Fazenda das Pi-

tangueiras, também localizada no município de São Vicente de Minas, no Sul de

Minas. A sede começou a ser erguida em 1750, quando o terreno era de proprie-

dade de José Andrade Peixoto. O local escolhido foi um aprazível terreno às mar-

gens do rio Pitangueiras, que nasce na região. Ao todo, são mais de mil metros

quadrados de área construída.

Em 1905, a fazenda foi recebida em herança pelo casal Urbano de Andrade Reis

e Maria Eugênia de Andrade Reis. Algumas reformas foram feitas, mas o projeto ori-

ginal da fazenda quase não sofreu alterações. Com uma fachada inspirada no es-

tilo neoclássico europeu, a sede possui telhado de beiral e janelas harmoniosas.

No que se refere à distribuição interna, a planta é setecentista, marcada pela au-

sência de corredores e por ambientes espaçosos. Entre as características típicas das

fazendas centenárias, o destaque é para o pé-direito da casa, que tem 5 metros de

altura, o mais alto da região. Ao todo, são 26 cômodos, dentre eles 12 quartos.

A propriedade, que já teve como principais atividades econômicas a cultura

de café e a criação de gado de leite, sempre foi bastante visitada. Políticos e fa-

zendeiros de vários pontos do país frequentavam o local. No passado, a fazenda

também tinha um laticínio, onde eram fabricadas especiarias derivadas do leite.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 64

Page 65: Livro das Fazendas - miolo

65

Nessa fazenda viveu José de Andrade Reis, filho de Urbano de Andrade Reis,

que deu início a uma das mais tradicionais linhagens da raça Mangalarga Mar-

chador, a linhagem Herdade. Mais conhecido por “Dié”, José sempre foi apaixo-

nado pelo campo. E não haveria de ser diferente, pois afinal descendia de grandes

pecuaristas, como Gabriel Francisco Junqueira e o barão de Alfenas. Ainda na in-

fância, Dié aprendeu a lidar com os animais e, depois de se casar com Maria do

Carmo Junqueira Reis, comprou, em parceria com o pai, a Fazenda Herdade, no

município de Simão Pereira, perto de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. A tro-

pilha da Fazenda das Pitangueiras foi transferida para o novo criatório.

Na época, a fazenda foi novamente vendida. Desta vez à família Araujo, que

passou a dedicar-se ao gado leiteiro, à doma e ao treinamento de equinos, como

as mais importantes atividades na fazenda. José Afonso de Araújo cuida do gado

e Gerônimo Paulo de Araújo cria cavalos e responde por toda a lida com os equi-

nos. Quitandas e guloseimas produzidas por dona Amiciota são atrativos que fazem

a fama da Fazenda Pitangueiras. Hospitalidade, sossego, fartura e portas sempre

abertas são palavras que definem essa propriedade.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:52 PM Page 65

Page 66: Livro das Fazendas - miolo

66

Pitangueiras Farm

A refuge of peace and integration with nature – thus is Pitangueiras Farm, also locatedin the district of São Vicente de Minas, in the South of Minas. The seat began to be raisedin 1750, when the land belonged to José Andrade Peixoto. The place chosen was a delightfulpiece of land on the banks of the Pitangueiras river, which springs forth in the region. Alltold, there are more than a thousand meters of area constructed.

In 1905, the farm was inherited by Urbano de Andrade Reis and Maria Eugênia deAndrade Reis, a couple. Some refurbishing was done, but the original project of the farmscarcely underwent alterations. Having a façade inspired in the European Neoclassical style,the seat has a roof with eaves and harmonious windows. With regards to the layout insidethe house, the plan is eighteenth century, striking for its lack of corridors and spaciousambiences. Amongst the typical characteristics of the centennial farms, noteworthy is thecentral post of the house, which is 5 meters high, the tallest in the region. In all, there 26rooms, out of which 12 are bedrooms.

The property, which had coffee farming and raising dairy cattle as its principaleconomic activities, was always well visited. Politicians and farmers from several points ofthe country were in attendance at the place. In the past, the farm also had a dairy productsbusiness, where samples of many milk products were made.

It was in this farm where José de Andrade Reis, son of Urbano de Andrade Reis lived,beginning one of the most traditional linages of the Mangalarga Marchador breed, theHerdade linage. Better known as “Dié”, José was always passionate about the country. Andit could not have been different, since, after all, he was the descendant of great cattlemen,such as Gabriel Francisco Junqueira and the baron of Alfenas. Even as a child, Dié learnedto deal with the animals and, after marrying Maria do Carmo Junqueira Reis, he bought, inpartnership with his father, the Herdade Farm, in the district of Simão Pereira, near Juiz deFora, in the Zona da Mata of Minas. The small Pitangueiras Farm troop was transferred tothe new horse farm.

At the time, the farm was sold once more. This time to the Araújo family, who devoteditself to raising dairy cattle, to taming and training equines as the most important activitiesin the farm. José Afonso Araújo takes care of the cattle and Gerônimo Paulo de Araújo raiseshorses and is responsible for everything dealing with the equines. Sweets and delicaciesproduced by dona Amiciota are attractions that add to the fame of Pitangueiras Farm.Hospitality, peace, abundance and always opened doors are the hallmarks of the property.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 66

Page 67: Livro das Fazendas - miolo

67

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 67

Page 68: Livro das Fazendas - miolo

68

Datada do século XVIII e localizada igualmente no município de São Vicente de Minas, a Fa-

zenda Engenho de Serra foi fundada pelo tenente Manoel Joaquim de Andrade, em 1774, e

mantém em sua estrutura todas as características do período colonial.

A propriedade foi repassada de geração em geração. Em 1880, o coronel Severino Eugênio,

ao se casar com a bisneta do barão de Alfenas, Maria Ribeiro de Andrade, recebeu a Fazenda

Engenho de Serra como dote e a Fazenda Pitangueiras como herança.

A fazenda se destaca pela grandiosidade da construção. São 24 cômodos, entre eles 13

quartos. Janelas amplas e compridas em estilo neoclássico, portas e revestimento de telhado

em madeira resistente são detalhes que enriquecem a obra.

Fotos antigas relembram momentos marcantes da vida no campo. Documentos parcial-

mente consumidos pelo tempo remetem a episódios de grandeza, que certamente merecem ser

destacados. Entre eles, certificados que comprovam a excelência e a tradição na criação de

gado leiteiro e de cavalos Mangalarga.

O local é famoso por ter sido palco de fatos de grande significação regional. A soma dos ani-

mais oriundos do barão de Alfenas aos já existentes nas fazendas Engenho de Serra e Pitan-

gueiras alavancou a criação de cavalos Mangalargas Marchador da tropa da marca “S”, criada

pelo coronel Severino Eugênio de Andrade.

Berço bastante conhecido da raça dos marchadores, a fazenda teve exemplares garanhões

que fizeram história. Entre eles, destaque para Baluarte, Bismarck e

Caxias. Na década de 90, dois garanhões foram fundamentais na-

quela propriedade: Duelo do Engenho de Serra, que morreu preco-

cemente, e Gerente do Engenho de Serra, que deixou descendentes

para apurar o plantel atual.

Visitar a fazenda é viajar no tempo e regressar ao Brasil Colônia.

A família, já na oitava geração, sabe contar com minúcias a história

da propriedade. Atualmente, após a morte de Francisco Roberto Mei-

relles de Andrade, a Fazenda Engenho de Serra é administrada por

Sônia Campos Meirelles e por seus filhos, Renato, Roberto e Roney.

A família continua empenhada em preservar a riqueza histórica

e cultural construída por seus ancestrais, dando ênfase, dentre as

várias atividades desenvolvidas na propriedade, à seleção dos ani-

mais para a marcha, a comodidade, o temperamento de sela para o

trabalho e o lazer. Essa é a proposta dos Campos Meirelles para man-

ter a família unida e dar continuidade às tradições repassadas de

geração em geração.

Fazenda Engenho de Serra

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 68

Page 69: Livro das Fazendas - miolo

69

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 69

Page 70: Livro das Fazendas - miolo

70

Engenho de Serra Farm

Dating from the XVIII th century and located in the same São Vicente de Minas District,Engenho de Serra Farm was founded by lieutenant Manoel Joaquim de Andrade, in 1774, andit keeps all the characteristics of the colonial period in its structure.

The property was passed on from generation to generation. In 1880, colonel SeverinoEugênio, upon marrying the great granddaughter of the baron de Alfenas, Maria Ribeiro deAndrade, received the Engenho de Serra Farm as dowery and the Pitangueiras Farm asinheritance.

The farm stands out due to the grandiosity of its construction. There are 24 rooms, 13 ofthem being bedrooms, while wide and long windows in the Neoclassical style, doors andlining of the roof in the purest of wood and other details enrich the construction.

Old photos recall strong moments in country life. Documents partially wasted away bytime take one back to grandiose episodes, which truly deserve being celebrated. Some ofthem are certificates which prove the excellence and tradition in raising dairy cattle andMangalarga horses.

The place is famous for having been stage to highly significant historical regional facts.Adding the animals from barão de Alfenas to those already at Engenho de Serra andPitangueiras Farms braced up the raising of Mangalarga Marchador horses of the troopbearing the “S” barnd, raised by colonel Severino Eugênio de Andrade.

The rare and well-known birthplace of the Marchador breed, the farm had amongststallion exemplars some which really made history. Among them, special mention should bemade of Baluarte, Bismarck and Caxias. In the decade of the 90’s, two stallions on the propertywere outstanding: Duelo do Engenho de Serra, which died precociously, and Gerente doEngenho de Serra, which left descendents for the refinement of the current breeding stock.

Visiting the farm means traveling back in time to Colonial Brazil. The family, now in itseighth generation, knows how to tell the history of the property in detail. Currently, after thedeath of Francisco Roberto Meirelles de Andrade, Engenho de Serra Farm is administered bySônia Campos Meirelles and her sons Renato, Roberto and Roney.

The family continues to be intent on preserving the historical and cultural historyconstructed by their ancestors, placing emphasis, among the several activities developed onthe property, the singling out of the animals for walking, comfort, saddle temperament for workand leisure. That is the objective of the Campos Meirelles family for keeping the family unitedand giving continuity to the countryside life traditions passed on from generation to generation.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 70

Page 71: Livro das Fazendas - miolo

71

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 71

Page 72: Livro das Fazendas - miolo

72

Fazenda SesmariaEm São Vicente de Minas, no Sul de Minas, está localizada a Fazenda Sesmaria. Foi cons-

truída no século XVIII pelo tataravô de Antônio Carlos Araujo Villela, que hoje é o responsá-

vel pela administração da sede. Como em várias construções da época, detalhes na

arquitetura mostram a influência da colonização europeia. Ali predominam estruturas sim-

ples. No telhado, uma cobertura caprichosa; nas paredes, o branco contrasta com janelas e

portas coloridas. Observam-se também vãos livres em que montantes de pedras são usados

como pilotis para dar sustentação à varanda, onde uma escada rústica dá acesso à casa.

A construção que se vê hoje não remete com fidelidade à que existiu no passado. Alguns

detalhes precisaram de adequação ao uso da família que residia no local em 1930. Entre as mu-

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 72

Page 73: Livro das Fazendas - miolo

73

danças, houve a construção de banheiros. Desde aquela década, as reformas

que ocorreram visaram apenas à manutenção da casa.

A vida econômica na fazenda foi bastante ativa. Assim como em outras pro-

priedades da região, predominavam a cultura de café e a criação de gado de

leite para a geração de renda. Era na sede que muitos fazendeiros, políticos e co-

merciantes se reuniam para fechar negócios e fazer acordos.

Outro aspecto peculiar da vida na fazenda era a caça de codornas. No local se

hospedavam caçadores da região e de Belo Horizonte que chegavam a passar mais

de 20 dias compartilhando esse tipo de lazer com os proprietários.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 73

Page 74: Livro das Fazendas - miolo

74

Hoje a economia da fazenda gira em torno da criação de gado de

leite, da recria de gado de corte e da plantação de milho. Preservar

a história de quem viveu no local, manter os costumes e tradições,

estão entre os principais objetivos dos atuais administradores.

A facilidade de acesso assegura à Fazenda Sesmaria um grande

número de visitantes. Muitos deles são pessoas interessadas na his-

tória de São Vicente de Minas, que desejam conhecer o lugar onde

surgiu o nome da cidade. De acordo com a família, foi em um cór-

rego que passava dentro da fazenda Sesmaria que se encontrou

uma imagem de São Vicente Férrer.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 74

Page 75: Livro das Fazendas - miolo

75

Sesmaria Farm is located in São Vicente de Minas, in the South of Minas. It was built in theXVIIIth century by the great grandfather of Antônio Carlos Araujo Villela, who is responsiblefor the administration of the seat. As in all constructions of the time, details in the architectureevince the influence of the European colonization. Simple structures stand out. On the roof, acareful cover, and on the walls, white contrasts with colorful windows and doors. One can alsoobserve free spaces in which heaps of stone are used as stilts to lend support to the verandah,where a beautiful stairway leads to the house.

The construction which can be seen today, does not take one back, with fidelity, to whatthere was in the past. Some details needed to be adjusted to the use of the family who livedon the place in 1930. Among the changes, there was the building of bathrooms. Since thatdecade, the refurbishings which took place only took upkeep into consideration.

The economic life in the farm was rather active. Just like on other properties of theregion, coffee farming and raising dairy cattle for the raising of income were outstanding.

It was at the seat that many farmers, politicians, and merchants met to make deals andagreements.

Another peculiar aspect of life on the farm was hunting quail. At the place, the huntersfrom the region as well as Belo Horizonte would spend up to 20 days in the house sharing inthis type of leisure with the owners.

Presently, the economy of the farm depends on the raising of dairy cattle, the fatteningof beef cattle and planting of corn. Among some of the main objectives of the currentadministrators is preserving the history of those who once lived on the place, keeping customsand traditions alive.

Easy access guarantees a large number of visitors at Sesmaria Farm. Many of them arepeople interested in the history of São Vicente de Minas, wanting to know the place whichgave rise to the city name. According to the family, it was at a stream which passed throughthe Sesmaria Farm that an image of Saint Vincent Ferrer was found.

Sesmaria Farm

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 75

Page 76: Livro das Fazendas - miolo

76

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 76

Page 77: Livro das Fazendas - miolo

77

A Fazenda Bela Vista foi construída em 1840, em São Vicente de Minas, na região Sul de

Minas. Pertenceu a Francisco Teófilo Reis e preserva em sua estrutura toda a grandeza que os-

tentou no passado. A sede ocupa cerca de 600 m² de área. Na fachada, detalhes impecavel-

mente combinados se harmonizam para formar uma das mais belas fazendas da região. A

influência da arquitetura européia está presente nas janelas e portas de proporções bem defi-

nidas e cuidadosamente dispostas.

Os registros que vêm sendo feitos há 170 anos mostram a grande movimentação de hós-

pedes e visitantes da fazenda. Era comum que familiares do município de Cruzília, por exem-

plo, passassem cerca de um mês na sede, em uma espécie de intercâmbio social. Amigos,

fazendeiros e homens de negócios da região também frequentavam o local, atraídos pela cria-

ção de gado de leite, pela cultura de café e outros plantios geradores de renda e de exceden-

tes para comercialização.

Caçadas em grupo também eram atrativos da propriedade. Nas horas de lazer, os homens,

precedidos por uma matilha de perdigueiros, montavam os excelentes Mangalargas criados na

fazenda e saíam para a diversão.

Hoje, a administração da Fazenda Bela Vista está a cargo de Carlos Antônio Meireles Jun-

queira, bisneto do fundador da propriedade. Algumas reformas na sede foram feitas, preser-

vando a estrutura original da casa secular. O interior da sede também resistiu à ação do tempo,

graças aos bons cuidados da família. Objetos antigos, fotos e documentos de época estão ex-

postos com grande zelo.

A criação de gado de leite e a recria de gado de corte sustentam a propriedade de valor cul-

tural inestimável. Essa cultura é transmitida a turistas, familiares e amigos que visitam o casarão

da Bela Vista. E por falar em vista, não se pode deixar de ressaltar quão apropriado foi o nome es-

colhido para a fazenda. Da varanda, a paisagem inspira e encanta, do nascer ao pôr do sol.

Fazenda Bela Vista

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:53 PM Page 77

Page 78: Livro das Fazendas - miolo

78

Bela Vista Farm

Bela Vista Farm was built in 1840 in São Vicente de Minas, in the SouthMinas region. It belonged to Francisco Teófilo Reis and it preserves in itsstructure all the greatness which it showed in the past. The seat spreadsover an area of nearly 600 m². On the façade, impeccably related detailsharmonize making up one of the most beautiful farms in the region. Theinfluence of European architecture is present in well defined and carefullyplaced windows and doors.

The registers which have being kept for 170 years show forth a greatmovement of guests and visitors at the farm. It was common for relativesfrom the District of Cruzília, for example, to spend nearly a month at theseat, in a kind of social interchange. Friends, farmers and businessmenof the region also visited the placed, drawn by the raising of dairy cattle,coffee farming and other plantings generating income and surplus forcommercializing.

Group hunting was also something which attracted people to theproperty. During times of leisure, the men, led by a pack of hounds, rodeexcellent Mangalargas raised on the farm and went out for entertainment.

Today, the administration of Bela Vista Farm is under the charge ofCarlos Antônio Meireles Junqueira, great grandson of the property’sfounder. Some refurbishing at the seat has been done, preserving theoriginal structure of the centennial house. The inside part f the seat alsowithstood the action of time, thanks to good care by the family. Antiqueobjects, photos and documents of the time are on display as though in agallery filled with history and tradition.

Dairy cattle raising and the fattening of beef cattle support theproperty of such inestimable cultural value. This culture is transmitted totourists, relatives and friends who visit the Bela Vista homestead. Andspeaking of vista, one cannot fail to note how in keeping the namechosen for the farm is. From the verandah, the scenery inspires andcharms, from sunrise to sunset.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 78

Page 79: Livro das Fazendas - miolo

79

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 79

Page 80: Livro das Fazendas - miolo

80

Casarão das Pitangueiras

Esta bela propriedade está situada no município de São Vicente de Minas, no Sul

de Minas. Construída no século XVIII, a casa ocupa 680 metros quadrados de área e

tem uma fachada cativante. Bem estruturada e plana, possui janelas em toda a ex-

tensão e cores sóbrias em seu exterior. Na parte de dentro, guarda um altar rica-

mente decorado com motivos religiosos e cômodos confortáveis, onde já viveram

seis gerações da família Villela. Naquela época, o sustento dos moradores e os re-

cursos para a manutenção da propriedade vinham da agricultura, da exploração da

cana-de-açúcar e, principalmente, da venda de derivados do leite, que eram feitos

no laticínio da própria fazenda.

Palco de grandes encontros e negócios, o casarão sempre foi bastante movi-

mentado. As festas eram constantes e atraíam muitos visitantes. As caçadas em

grupo também ficaram famosas na região. Várias vezes por semana, os homens se

reuniam para praticar o que era tido como o esporte da época. Montados em Man-

galargas bem adestrados, eles saíam atrás de codornas, perdizes e veados. O cavalo

também era usado na lida da fazenda e como meio de transporte.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 80

Page 81: Livro das Fazendas - miolo

81

Hoje, a administração da sede está a cargo de Júlia Maria Villela. É ela quem

cuida de manter viva a memória do casarão. Desde a sua criação, algumas refor-

mas foram necessárias, mas procurou-se não descaracterizar o projeto inicial. A

mais significativa intervenção foi feita na década de 50, quando foram construí-

dos os banheiros internos e uma varanda. Paredes de pau-a-pique desgastadas

pela ação do tempo também foram substituídas.

A atividade da fazenda gira atualmente em torno de algumas culturas, da

criação de gado de corte e da hotelaria. Hóspedes de várias parte do estado e do

país procuram ali um refúgio para descanso, bem-estar e conforto. Além de tudo

isso, esses visitantes ainda encontram no Casarão das Pitangueiras os quitutes de

dona Júlia. Quituteira de mão-cheia, ela prepara delícias típicas do interior de

Minas, como broas cremosas de fubá e pamonhas de milho verde. Preservar a

história da fazenda e repassá-la aos descendentes e visitantes é o grande prazer

da família Villela.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 81

Page 82: Livro das Fazendas - miolo

82

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 82

Page 83: Livro das Fazendas - miolo

83

This beautiful property is located in the District of São Vicente de Minas, in the South ofMinas. Built in the XVIIIth century, the house takes up 680 square meters of area and has acaptivating façade. It is well structured and flat, has windows through and through and sobercolors on the outside. On the inside, it has a richly ornamented hermitage with religious motifsand comfortable rooms, where six generations of the Villela family have lived. At that time, thesupport of the dwellers and resources for the upkeep of the property came from agriculture,the exploitation of sugarcane, and particularly from the sale of dairy products made at thefarm’s own dairy.

As stage for important get togethers and business, the homestead was always filled withactivity. Parties were constant and drew many visitors. The hunting groups in the region turnedfamous. Several times a week, the men got together to engage in what was thought to be thesport of the time. Astride well trained Mangalargas, they went out after quail, partridges anddeer. The horse was also used in work at the farm and as a means of transportation.

Currently, the administration of the seat is under the charge of Júlia Maria Villela. It is she whocares for keeping alive the memory of the homestead. Since its foundation, some refurbishing was

needed, but it was attempted that the original project not be decharacterized. The mostsignificant intervention was done in the decade of the 50’s, when the internal bathrooms and averandah were built. Worn by the passing of time the walls of wattle were also substituted.

The farm activity currently runs around some harvests,raising beef cattle and hostelry. Guests from several partsof the state and of the country seek a haven for rest, wellbeing and comfort here. In addition to all of this,the visitors find in the Homestead the delicaciesof Dona Júlia. A real hand at making tidbits, sheprepares typical delicacies of the hinterland ofMinas, such as creamy corn flour muffins andgreen corn cakes rolled and baked in corn husks.To preserve the history of the farm and pass iton to descendents and visitors is the greatpleasure of the Villela family.

Pitangueiras Homestead

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 83

Page 84: Livro das Fazendas - miolo

84

Fazenda Traituba

Patrimônio da família Junqueira há mais de três séculos, as terras da Trai-

tuba abrigam uma das mais majestosas construções do Brasil Império. Cons-

truída por volta de 1827, por sugestão de Dom Pedro I, que era amigo dos

Junqueira, a propriedade fica no município de Cruzília, no Sul de Minas Gerais.

Os Junqueira fincaram raízes na região em meados do século XVIII, quando

veio para o Brasil o português João Francisco Junqueira, que se casou e deu iní-

cio à primeira geração da família. João Pedro Diniz Junqueira, neto de João Fran-

cisco Junqueira, foi o responsável pela construção da sede, com um apuro

especial porque a família pretendia receber ali o próprio imperador, que fre-

quentemente lhes enviava membros de sua corte.

A sede tinha dois andares e 45 cômodos. Na entrada da propriedade foi

construído um grande portão com detalhes esculpidos em pedra-sabão,

para que o imperador pudesse passar montado em um de seus belos gara-

nhões andaluzes. A visita tão esperada acabou não acontecendo. A situação

política em Portugal se agravara após a morte de Dom João VI e Dom Pedro

teve que regressar a Lisboa em 1831, abdicando do trono em favor de seu

filho Pedro II.

Num dos quartos da Traituba os visitantes ainda podem admirar a cama

mandada fazer pelos Junqueira para o descanso do imperador, com a cabe-

ceira ricamente trabalhada em madeira marchetada. Outro atrativo que certa-

mente seria visto pelo ilustre visitante era a chamada “Árvore da Batalha”, um

imponente jequitibá de 35 metros de altura, que já era antigo na época do Des-

cobrimento do Brasil. Maior ainda nos dias de hoje, são necessários seis homens

de mãos dadas para abarcar seu tronco.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 84

Page 85: Livro das Fazendas - miolo

85

Pertencente à terceira geração da família, José Frauzino

Forte Junqueira, conhecido como Major da Traituba, fez uma

grande reforma na sede em 1905. Entre as mudanças pro-

movidas, ele desmanchou o pavimento superior da casa,

construído apenas para hospedar a corte de Dom Pedro.

A fazenda hoje é administrada por Otto Aguiar Jun-

queira e José Frauzino Junqueira, filhos de Oswaldo Cruz

Azevedo Junqueira e Alice Aguiar Junqueira. A casa tem

cerca de 30 cômodos, possui grossas paredes de adobe,

grandes portas e janelas e assoalho de pinho.

Além de ser um patrimônio mineiro, a Fazenda Trai-

tuba é um dos berços da raça Mangalarga Marchador. A

tropa de andamento firme, regular, equilibrado e confor-

tável causa fascínio em todos que visitam a propriedade.

O plantel é motivo de orgulho para a família e tem em sua

história reprodutores famosos, como Pégaso, Canário, Gli-

cério e Beduíno, entre outros.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 85

Page 86: Livro das Fazendas - miolo

86

Traituba Farm

As part of the Patrimony of the Junqueirafamily for more than three centuries, the Traitubalands are home to some of the most majesticbuildings of Imperial Brazil. Built around 1827, at thesuggestion of the emperor Dom Pedro I, who was afriend of the Junqueiras, the property is in theDistrict of Cruzília, in the South of Minas Gerais.

The Junqueiras rooted themselves in the regionin the mid XVIIIth century, when Portuguese JoãoFrancisco Junqueira came to Brazil, and gettingmarried gave rise to the first generation of thefamily. João Pedro Diniz Junqueira, the grandsonof João Francisco Junqueira, was responsible forbuilding the seat, with special care, since the familyintended to receive the emperor himself there, forhe frequently sent them members of his court.

The seat had two floors and 45 rooms. At theentrance of the property, a large gate with detailssculpted in soap stone was made, so that theemperor could ride through astride one of hisAndalusian stallions. The such awaited visit endedup not taking place. The political situation inPortugal had turned serious after the death ofDom João VI and Dom Pedro had to return toLisbon in 1831, abdicating the throne in favor ofhis son Pedro II.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:54 PM Page 86

Page 87: Livro das Fazendas - miolo

87

In one of the Traituba bedrooms, visitors could admire the bed which had been ordered by theJunqueiras for the emperor’s rest, with the headboard being richly turned in crafted wood. Anotherattraction which most certainly would be seen by the illustrious visitor was called “the Tree of theBattle”, which was already old at the time of the Discovery of Brazil. Even greater today, six menholding hands would be necessary to embrace its trunk.

A third generation member of the family, José Frauzino Forte Junqueira, known as the Major ofTraituba, effected a major refurbishing at the seat in 1905. Amongst the changes made, he toredown the upper floor of the house, which had been built for the exclusive purpose of putting theCourt of Dom Pedro up.

The farm today is administered by Otto Aguiar Junqueira and José Frauzino Junqueira, sons ofOswaldo Cruz Azevedo Junqueira and Alice Aguiar Junqueira. The house has nearly 30 rooms, it hasthick adobe walls, large doors and windows and pine floors.

Besides being a patrimony of the Minas Gerais State, Traiatuba Farm is one of the birthplaces ofthe Mangalarga Marchador breed. The firm walk - regular, even and comfortable - is fascinating toall who visit the property. The breeding stock is a just reason for pride for the family and holds in itshistory, famous reproducers such as Pégaso, Canário, Glicério and Beduíno, amongst others.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 87

Page 88: Livro das Fazendas - miolo

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 88

Page 89: Livro das Fazendas - miolo

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 89

Page 90: Livro das Fazendas - miolo

Fazenda AngahyPertencente à família Souza Meirelles, a Fazenda Angahy foi construída pelo português José Garcia Duarte e ba-

tizada de “Fazenda dos Garcias”. Está situada no município de Cruzília, região Sul de Minas, e passou a usar o nome

“Angahy” por volta de 1800, devido a um rio de mesmo nome que passava bem próximo à propriedade.

Com quase trezentos anos de fundação, a sede é considerada a moradia mais antiga da região. A inspiração ar-

quitetônica da construção tem influência europeia. A casa surpreende pelo tamanho. Tem 46 cômodos, entre eles

22 quartos. Ambientes amplos foram construídos para abrigar muitas pessoas. Outra característica que chama a

atenção é o elevado pé-direito, que em alguns pontos chega a ultrapassar os cinco metros.

90

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 90

Page 91: Livro das Fazendas - miolo

A fazenda teve como uma de suas principais bases econômicas a criação de

gado holandês e de cavalos da raça Mangalarga Marchador. O criatório foi ini-

ciado por volta de 1890, pelo quarto proprietário da fazenda, coronel Christiano

dos Reis Meirelles.

Os cavalos da Angahy ficaram famosos por sua marcha batida, firme e avante.

Caxias I foi o semental da tropa. Nascido e criado na Fazenda Luziana, em Leo-

poldina, Minas Gerais, o garanhão deixou uma significativa descendência em

muitos criatórios da raça. Outro garanhão que marcou o plantel foi o Angahy I,

considerado, na época, um exemplo dos padrões propostos para a raça.

A fama dos cavalos da Fazenda Angahy permanece intacta até hoje. Isso

porque, de geração em geração, a família Souza Meirelles busca preservar va-

lores e tradições sabiamente construídos por seus antepassados. A nona gera-

ção da família está à frente da administração da propriedade e seu lema é

manter a fazenda como berço da raça Mangalarga Marchador e referência na

criação de cavalos.

Atualmente a Angahy funciona como pousada e recebe, durante o ano todo,

pessoas interessadas nas belezas naturais, nas paisagens bucólicas e nos mer-

gulhos na História de Minas.

91

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 91

Page 92: Livro das Fazendas - miolo

92

Angahy Farm

Belonging to the Souza Meirelles family, the Angahy Farm was built by Portuguese JoséGarcia Duarte and named the “Farm of the Garcias”. It is located in the District of Cruzília,South Minas region, and took up the name “Angahy” around 1800, due to a river with the samename which went by very near the property.

With almost three hundred years of foundation, the seat is considered the oldest dwellingplace in the region. The architectural inspiration on the construction has a European influence.The size of the house is surprising. It has 46 rooms, out of which 22 are bedrooms. Ampleambiences were built to shelter many people. The central post isanother characteristic which draws attention, for at some points,it supersedes five meters.

The farm had one its principal economic mainstays in theraising of Netherland cattle and horses of the MangalargaMarchador breed.

The horse farm got started around 1890, by the fourthproprietor of the farm, colonel Christiano dos Reis Meirelles.

The Angahy horses became famous because their clippedwalk, which was firm and forward. Caxias I was the troop breeder.Born and raised at Luziana Farm, in Leopoldina, Minas Gerais, thestallion left a significant descendence in many breeding places.Another stallion which left its mark on the breeding stock wasAngahy I, considered, at the time, an example of the patternsproposed for the breed.

The fame of the Angahy Farm remains intact even today. This is due to the Souza Meirellesfamily processes generation upon generation, so wisely constructed by their ancestors. Thenineth generation of the family is at the head of the administration of the property and itsmotto is to keep the farm as the birthplace of the Mangalarga Marchador breed and referencein horse breeding.

Currently, Angahy functions as an inn and host people, who are interested in naturalbeauty, bucolic scenery and diving into History of Minas.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 92

Page 93: Livro das Fazendas - miolo

93

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 93

Page 94: Livro das Fazendas - miolo

94

Fazenda dos Lobos

Inaugurada em 22 de fevereiro de 1907, a Fazenda dos Lobos recebeu este nome de-

vido à grande quantidade desses animais que percorriam a região. Situada na cidade de

Cruzília, no Sul de Minas, a Fazenda dos Lobos faz parte da história da família Junqueira.

O terreno onde a propriedade foi edificada fazia parte da Fazenda Campo Lindo. Seu

construtor foi José André, cunhado dos donos da propriedade. Duas décadas depois, a

primeira família a morar na casa se mudou para o estado de São Paulo e José Bento Jun-

queira de Andrade, também conhecido como "Bentinho", sobrinho dos donos da fa-

zenda Campo Lindo, assumiu a Fazenda dos Lobos.

Na casa-grande, Bentinho e sua esposa Carmita tiveram sete filhos, dois dos quais

foram vitimados ainda na infância pela pneumonia. Mesmo assim, o casal continuou

apaixonado pela vida no campo. Um dos locais mais queridos pela família era o jardim,

sempre muito bem cuidado por Carmita. O zelo com as flores era elogiado por quem vi-

sitava a fazenda. Vale lembrar que entre os frequentadores da propriedade estavam in-

telectuais, políticos e grandes fazendeiros.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 94

Page 95: Livro das Fazendas - miolo

95

A criação de gado holandês, de cavalos e de cachorros de caça eram as fontes

de renda da família e as grandes paixões de Bentinho. No criatório, foi desenvol-

vida a tropa “Lobos”, que logo ficou conhecida pela excelência dos animais mar-

chadores e pela genética de alto padrão.

O casal esteve à frente da Fazenda dos Lobos por cerca de 60 anos. Após a morte

do casal, o filho caçula Paulo César assumiu a administração. O novo dono herdou do

pai também o grande amor pela terra e a dedicação ao trabalho por ele iniciado.

Hoje, Ana Paula Junqueira é a responsável pela gestão da fazenda. Entre as metas

da família estão a preservação da história de seus antepassados e o aprimoramento

da criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 95

Page 96: Livro das Fazendas - miolo

96

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 96

Page 97: Livro das Fazendas - miolo

97

Lobos Farm

Inaugurated on February 22, 1907, Lobos Farm got this namedue to the large quantity of wolves which traversed the region.Located in the city of Cruzília, in the South of Minas, the Lobos Farmis part of the history of the Junqueira family.

The land where the property was built up was part of the CampoLindo Farm. It builder was José André, brother-in-law to theproperty owners. Two decades later, the first family to live in thehouse moved to the State of São Paulo and José Bento Junqueira deAndrade, also known as "Bentinho", nephew to the Campo LindoFarm owners, took over Lobos Farm.

At the big house, Bentinho and his wife, Carmita, had sevenchildren, two of whom fell victims to pneumonia, while yet children.

Even so, the couple continued to have a passion for life in thecountry. One of the family’s dearest places was the garden, whichwas always very well taken care of by Carmita. The zeal displayedwith the flowers was praised by whoever visited the farm. It shouldbe remembered that among the people who visited the propertywere intellectuals, politicians and important farmers.

The raising of Netherland cattle, horses and hunting dogs weresources of the family income and one of the big passions ofBentinho. In the horse farm, the “Lobos” troop was developed andit was soon known for the excellence of the Marchador animals andthe high quality genetics.

The couple was at the head of Lobos Farm for nearly 60 years.After the death of the couple, the youngest son, Paulo César, tookover the administration. The new owner also inherited from hisfather, a great love for the land and his dedication to the work hehad begun.

Today, Ana Paula Junqueira is responsible for the managementof the farm. Amongst the family objectives, are the preservation ofthe history of their predecessors and the improvement of raisingexemplars of the Mangalarga Marchador breed of horses.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 97

Page 98: Livro das Fazendas - miolo

98

Fazenda Narciso

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 98

Page 99: Livro das Fazendas - miolo

99

A Fazenda Narciso é uma das primeiras fazendas que resulta-

ram da subdivisão da Fazenda Campo Alegre, tida como berço da

família Junqueira. Fundada na segunda década do século XVIII, a

sede foi construída pelo barão de Alfenas e está localizada no mu-

nicípio de Cruzília, região Sul de Minas.

A propriedade tem características da arquitetura rural. Exibe

uma fachada austera em azul e branco, com janelas perfiladas em

plena harmonia com o ambiente pastoril. A parte interna da fa-

zenda tem cômodos espaçosos e decorados com simplicidade. A

sede passou por reformas; contudo, buscou-se preservar toda a

originalidade da construção.

O porão sustenta a casa com grossas vigas de madeira e paredes de pedra. Ali se guardam instrumentos da lida

com gado de leite, que sempre foi a principal atividade econômica da fazenda, e de montaria, outra grande voca-

ção da família Junqueira.

Antônio Gabriel Junqueira, filho do barão de Alfenas, fez da Fazenda Narciso um dos mais importantes criatórios

do país, com uma significativa participação no desenvolvimento da raça Mangalarga Marchador. O garanhão Abismo

Rosilho foi o mais importante padreador do plantel, com grande influência nas tropas sul-mineiras. Quase todas

foram beneficiadas por reprodutores da Fazenda Narciso, destacando-se também outros cavalos, como Trovador, Pre-

tinho, Primeiro e Mussolino.

Atualmente, Silvio Júlio Junqueira Pereira, mais conhecido como Julinho do Narciso, está à frente da administra-

ção da Fazenda Narciso. Na propriedade são cultivados milho e café e são criados animais de corte e leite, além dos

mais finos cavalos da região.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 99

Page 100: Livro das Fazendas - miolo

100

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 100

Page 101: Livro das Fazendas - miolo

101

Narciso Farm

The Narciso Farm is one of the first farms which ended up in the subdivision ofthe Campo Alegre Farm, considered the birthplace of the Junqueira family. Foundedduring the second decade of the XVIIIth century, the seat was built by the baron ofAlfenas and is located in the District of Cruzília, South Minas region.

The property has rural architectural characteristics. It displays an austerefaçade in blue and white, with windows aligned in complete harmony with thebucolic ambience. The internal part of the farm has spacious rooms which aredecorated with simplicity. The seat went through refurbishing, though preservingthe original structure was sought after.

The basement supports the house with thick wooden beams and stone walls.Instruments for dealing with dairy cattle are kept here; dairy cattle were theprincipal economic activity of the farm, as well as riding, another great vocationto which the Junqueira family was called.

Antônio Gabriel Junqueira, the son of the baron of Alfenas, made the NarcisoFarm one of the most important breeding places of the country, with a significantparticipation in the development of the Mangalarga Marchador breed. The stallion,Abismo Rosilho, was the most important sire of the troop, having great influenceon the South Minas troops. Almost all of them were improved by Narciso Farmreproducers, there also being other outstanding animals, such as Trovador,Pretinho, Primeiro and Mussolino.

Currently, Silvio Júlio Junqueira Pereira, better known as Julinho do Narciso,heads up the administration of the Narciso Farm. On the property, corn and coffeeare grown and dairy and beef animals are also raised, in addition to the finesthorses in the region.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:55 PM Page 101

Page 102: Livro das Fazendas - miolo

102

Fazenda Favacho

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 102

Page 103: Livro das Fazendas - miolo

103

A história da Fazenda Favacho começou em 1740, quando dois casais de amigos portugueses resol-

veram se instalar no Brasil, mais especificamente em Minas Gerais. João Francisco Junqueira e a esposa

moraram na Fazenda Campo Alegre, localizada entre as fazendas Narciso e Bela Cruz. Já o outro casal –

cujos nomes se perderam no tempo – construiu a Fazenda Favacho, em Cruzília, no Sul de Minas.

Por não se adaptar ao país, depois de algum

tempo este último casal retornou ao continente

europeu. Foi então que João Francisco Junqueira

comprou a propriedade para morar com a família.

Na época, grandes contingentes se moviam na

busca do ouro e foi pensando nas oportunidades

de negócios que Junqueira começou a investir em

lavouras de milho, feijão e arroz, entre outras.

Famosa entre as fazendas da época, a pro-

priedade se destaca pelo tamanho da sede. Jane-

las grandes como portas, com 3,5 metros de

altura, vergas alteadas com sobrevergas chamam

atenção e o pé-direito, com cerca de quatro me-

tros do piso ao teto, endossa as características ar-

quitetônicas da mais pura inspiração colonial. A

sede permitia dominar todas as atividades rurais

do passado: ordenha, tropas, plantios, manejo de

escravos. Um lago ameniza a paisagem.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 103

Page 104: Livro das Fazendas - miolo

104

Ao todo, a casa tem 27 cômodos amplos,

entre eles nove quartos, duas cozinhas e duas al-

covas. Na espaçosa residência, o casal viveu e

criou sete filhos. A sede passou por uma grande

reforma em 1964. Foram feitas algumas adequa-

ções ao estilo de vida atual, como a construção

de banheiros e a restauração de paredes e as-

soalho. Tais mudanças interferiram apenas na

parte interna da propriedade, mas preservaram

integralmente a estrutura externa. Pintura em

azul e branco, detalhes em azulejos portugueses

e decoração lusitana estão presentes em vários ambientes da casa. Há também

uma capela que foi construída em 1981, em devoção a São José do Favacho.

Outro destaque ficava por conta do comércio de escravos. João Francisco Jun-

queira teve muitos deles ao seu dispor. Há relatos de que certa vez chegou um navio

negreiro no Rio de Janeiro, trazendo uma grande

quantidade de escravos. O leiloeiro quis homena-

gear o bom cliente da Favacho, permitindo que es-

colhesse o que mais lhe interessasse. Para surpresa

dos presentes, a resposta foi a seguinte: “Se os se-

nhores não se incomodarem, ficarei com todos!”

A criação de gado, porcos e equinos tam-

bém foi uma atividade intensa na Fazenda Fa-

vacho. O café foi um cultivo de sucesso a partir

do final do século XIX. Naquela época, escoar a

produção não era tarefa fácil. Carros de boi, car-

roças e tropas de burros eram os meios de transporte disponíveis. Na maioria das

vezes, as distâncias levavam semanas para serem percorridas. Quando se leva-

vam porcos para vender no Rio de Janeiro, por exemplo, os animais eram abati-

dos e salgados, antes de serem embarcados nos carros de boi.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 104

Page 105: Livro das Fazendas - miolo

105

Foi Gabriel Francisco Junqueira, um dos filhos de João Francisco Junqueira, que deu no-

toriedade à criação de cavalos. E, anos mais tarde, José Frauzino Junqueira, neto do fun-

dador, incentivou ainda mais a atividade. Há relatos de que esse neto era tão apaixonado

por cavalos que, mesmo depois de ficar cego, continuou a montar seus animais prediletos.

A sede da Favacho foi berço de várias linhagens, entre elas Traituba, Lobos, Bela Cruz e

JB. Gabriel Junqueira, o famoso barão de Alfenas, tio de José Frauzino, era um dos princi-

pais compradores de animais. Como político influente da época, exercendo o cargo de de-

putado, ele viajava a cavalo para comparecer às reuniões na Corte do Rio de Janeiro. A

amizade entre tio e sobrinho era tamanha que há relatos de que o barão teria enviado à Fa-

zenda Favacho o cavalo Alter que havia ganhado de Dom Pedro I.

Também considerado barão, José Frauzino fortaleceu bastante a tropa após a compra do

reprodutor Fortuna. Dele descenderam os primeiros grandes garanhões que contribuíram para

a fixação da linhagem Favacho. Entre eles estão Montenegro, Trovão, Armistício, Radical e Farol.

Os animais do plantel caracterizavam-se pela força, resistência, agilidade, e pelo an-

damento marchado, firme, equilibrado e confortável para o cavaleiro. Expressão racial

forte, beleza incontestável e harmonia entre os membros sempre foram características da

marca e garantiram sucesso de mercado.

Com a linhagem em alta, vários criatórios do Marchador adotaram animais do prefixo,

que ficou conhecido por reprodutores como Favacho Diamante, Campeão dos Campeões Na-

cionais de Marcha; Favacho Malta, Campeão dos Campeões Nacionais de Marcha; Favacho

Único, Campeão Nacional Sênior de Marcha; Favacho Quociente, Reservado Campeão Brasi-

leiro Sênior de Marcha; e Favacho Estanho, Reservado Campeão Nacional Jovem de Marcha.

A Fazenda Favacho pertence hoje a Lúcia Junqueira, viúva de José Mário Junqueira Aze-

vedo, que, em 1982, comprou a propriedade de Rubens Junqueira de Andrade. A nova pro-

prietária preserva a história da fazenda, com suas tradições e conquistas.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 105

Page 106: Livro das Fazendas - miolo

106

Favacho Farm

The history of the Favacho Farm began in 1740, when two Portuguese couples who were friends decided to settle in Brazil, more specifically inMinas Gerais. João Francisco Junqueira and his wife lived at Campo Alegre Farm, located between the Narciso and Bela Cruz Farms. The other couple,on the other hand, built the Favacho Farm, in Cruzília, in the South of Minas.

Due to the fact that the second couple was unable to adjust to the Country, after awhile, this couple returned to the European continent. It wasat that time that João Francisco Junqueira bought the property as a place to dwell with his family. At the time, great contingents moved around insearch of gold and it was while thinking about business opportunities that he began investing in crops of corn, beans and rice, amongst others.

It was famous amongst the farms of the time; the property stands out due to the size of the seat. Windows as large as doors, with raised sills3,5 meters high and lintels draw attention, and the central post measures around four meters from the floor to the ceiling, endorse architecturalcharacteristics of the purest Colonial inspiration. The seat controls all rural activities of the past: milking, stock, crops, slave management. A lakelends softeness to the scenery.

All counted, the house 27 ample rooms, nine of which are bedrooms, two kitchens and two alcoves. Within the spacious residence, the couplelived and raised seven children. The main house underwent a sizeable refurbishing in 1964. Some adjustments needed by the current style of lifewere made, such as building bathrooms and restoration of walls and floors. Such changes only interfered on the inside of the property, but theypreserved the external part completely. Blue and white paint, details of Portuguese tiles and Lusitanian decoration are present in several ambiencesof the house. A chapel was also built in 1981, out of devotion to Saint Joseph Favacho.

Another highlight stood out in the slave commerce. João Francisco Junqueira had many of them at his service. There is news that once a slave shiparrived in Rio de Janeiro, bearing a large contingent of slaves. The auctioneer wanting to honor a good customer from Favacho, allowing him to choosethat of most interest to him. To the surprise of all in attendance, the answer was the following: “If you gentlemen do not mind, I shall keep all of them!”

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 106

Page 107: Livro das Fazendas - miolo

107

Cattle raising, pigs and equines was also a vibrant activity at Favacho Farm. Coffeewas a successful crop as of the end of the XIXth century. At that time, managing the channelof the production was no easy job. Oxen carts, wagons and troops of donkeys were theusual transportation means available. The majority of times, the distances covered tookweeks to be traveled. When pigs were taken to Rio de Janeiro for sale, for example, theanimals were butchered and salted, prior to being loaded onto the oxen carts.

It was Gabriel Francisco Junqueira, one of João Francisco Junqueira’s sons, whogave notoriety to horse raising. And years later, José Frauzino Junqueira, grandson ofthe founder, encouraged the activity even further. There are accounts that this grandsonwas so interested and passionate about horses that even after he became blind, hecontinued riding his favorite animals.

The Favacho seat was the birthplace of several linages, amongst them Traituba,Lobos, Bela Cruz and JB. Gabriel Junqueira, the famous baron of Alfenas, the uncle ofJosé Frauzino, was one of the buyers of the exemplars. As an influential politician of thetime, in the capacity of Congressman, he traveled to the meetings at the Court in Riode Janeiro. The friendship between uncle and nephew was such that there are reportsthat the baron sent Alter, the horse he had gotten as a gift from the emperor, Dom PedroI to the Favacho Farm.

Also considered a baron, José Frauzino strengthened the troop quite a bit after thepurchase of the reproducer, Fortuna. From it came great stallions which contributed tothe consolidation of the Favacho lineage. Amongst them are Montenegro, Trovão,Armistício, Radical and Farol.

The animals of the establishment were characterized by strength, agility, resistance,and by the march-like walk – firm, balanced and comfortable for the rider. Theexpression of the breed, incontestable beauty and harmony of limbs were alwayscharacteristics of note and guaranteed success on the market.

Given the high quality of the lineage, several Marchador breeders adopted animalsbearing the name, which became known through reproducers such as FavachoDiamante, National Champion of Champions in gait; Favacho Malta, National Championof Champions in gait; Favacho Único, National Senior Champion of gait; FavachoQuociente, Brazilian National Senior Champion of gait; and Favacho Estanho, YoungNational Young Champion of gait.

The Favacho Farm today belongs to Lúcia Junqueira, the widow of José MárioJunqueira Azevedo, who in 1982, bought the property from Rubens Junqueira deAndrade. The new proprietor preserves the farm’s history, along with its traditionsand conquests.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 107

Page 108: Livro das Fazendas - miolo

108

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 108

Page 109: Livro das Fazendas - miolo

109

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 109

Page 110: Livro das Fazendas - miolo

110

Fazenda dos PinheirosA Fazenda dos Pinheiros foi construída no século XIX, na cidade de Minduri,

no sul de Minas, por Francisco Penha de Andrade, conhecido na época como Chico

Penha. Anos depois, a filha de Chico, Gabriela Ribeiro de Andrade, herdou a pro-

priedade e fez história na bela fazenda.

Ao lado do esposo, Domingos de Aguiar Vilela, também chamado de Major

Domingos, ela administrou a Pinheiros e a tornou regionalmente famosa. Nesta

época, a propriedade ficou conhecida pela produção da tradicional cachaça

dos Pinheiros, uma bebida muito apreciada pelos moradores na região e elo-

giada pelos visitantes. Há relatos de que alguns apreciadores vinham de longe

para comprá-la.

Neste período, a fazenda também se destacou na criação de burros e mulas,

comercializados na região de Lagoa Dourada, Minas Gerais. A propriedade sem-

pre foi respeitada por ser o celeiro do Jumento Pêga e de muares.

Com o falecimento de Domingos e Gabriela, a fazenda foi herdada por Wilson

de Aguiar Vilela. Ele deu continuidade aos trabalhos desenvolvidos e também a

deixou aos seus descendentes.

Alguns anos depois, a propriedade foi vendida ao Haras Minas Gerais, im-

portante criatório da raça Mangalarga Marchador. Os novos proprietários trans-

feriram para Cruzília a sede que ficava em Ubá, na Zona da Mata, e levaram a

criação para a região. Um dos motivos da mudança foi o fato de a nova fazenda

estar localizada numa região que se tornou pólo de criação dos Mangalargas.

A Pinheiros foi então totalmente reformada. Procurou-se manter o estilo ar-

quitetônico da época na construção e foram adaptados novos currais. Hoje, a fa-

zenda encanta pela beleza e funcionalidade. Pintada de azul e branco, a sede tem

caprichosas janelas de madeira decoradas com vitrais coloridos, alicerce em pedra

e uma pequena varanda entalada na fachada. Em seu interior, piso de madeira,

pé-direito alto e móveis antigos e bem cuidados. Uma decoração tipicamente co-

lonial faz da Fazenda Pinheiros um lugar muito apreciado pelos visitantes.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 110

Page 111: Livro das Fazendas - miolo

111

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 111

Page 112: Livro das Fazendas - miolo

112

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 112

Page 113: Livro das Fazendas - miolo

113

Pinheiros Farm

The Pinheiros Farm was built in the XIXth century in thecity of Minduri, in the South of Minas, by Francisco Penha deAndrade, better known at the time as Chico Penha. Years later,the daughter of Chico, Gabriela Ribeiro de Andrade, inheritedthe property and made history on the beautiful farm.

At the side of her husband, Domingos de Aguiar Vilela,also called Major Domingos, she administered Pinheiros andmade it regionally famous. At that time, the propertybecame known because of the production of the traditionalPinheiros moonshine, a drink which was greatly valued bythe dwellers of the region and praised by visitors. There arereports that some of those who enjoyed it, came from far offto purchase it.

During this period the farm also stood out because ofbreeding donkeys and mules, which were quite negotiatedin the Lagoa Dourada region in the state of Minas Gerais.The property was always well regarded as the purveyor ofPêga donkeys and mules.

With the decease of Domingos and Gabriela, the farmwas inherited by Wilson de Aguiar Vilela. He proceeded withthe work which had been developed and which he, in turn,left to his descendents.

Some years afterward, the property was sold to HarasMinas Gerais, important breeder of Mangalarga Marchador.The new owners transferred the seat from Ubá, which wasin the Zona da Mata, bringing the breed to the region. Oneof the reasons for the change was the fact that the new farmwas located in a region which became a local center forraising Mangalargas.

The Pinheiros Farm was then completely refurbished .The attempt at keeping the architectural style of the time inthe construction was made and new corrals were adapted.Today, the farm charms due to its beauty and functionality.The seat is painted in blue and white, having carefully madewooden windows decorated with stained glass, a stonefoundation and a small carved verandah on the façade. Onthe inside, there is a wooden floor, a high central post andantique and well-cared for furniture. A typically Colonialdecor makes Pinheiros Farm a place which is highlyappreciated by visitors.

LIVRO-parte 2_Layout 1 3/9/12 12:56 PM Page 113

Page 114: Livro das Fazendas - miolo

114

Fazenda do Mosquito

A Fazenda do Mosquito está localizada no município de Coronel Xa-

vier Chaves, na região mineira dos Campos das Vertentes. A pequena

cidade se desenvolveu a partir do povoado de Mosquito, que teve iní-

cio na propriedade.

A antiga fazenda pertenceu ao coronel Francisco Rodrigues Xavier

Chaves, bisneto da irmã caçula de Tiradentes, Antônia Rita da Encarna-

ção Xavier. Disposto a contribuir para o progresso da região, o coronel

Xavier doou parte de sua propriedade e fez nascer ali uma pequena co-

munidade, no início do século XIX.

Responsável por fundar o primeiro sobrado, Xavier ajudou os filhos

a construir suas próprias casas. Além de dedicar-se à ciência nas pes-

quisas homeopáticas, o coronel também aplicou sua inteligência privi-

legiada no desenvolvimento do traçado urbanístico da propriedade.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 114

Page 115: Livro das Fazendas - miolo

115

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 115

Page 116: Livro das Fazendas - miolo

116

A Fazenda do Mosquito foi dividida entre os descendentes. Nos lotes, foram

construídas 20 moradias para familiares, padres e outras personalidades. A ci-

dade se expandiu, tendo a sede como referência. A data exata destes aconte-

cimentos não é precisa, mas há indicações de que eles tenham ocorrido na

última década do século XIX. Hoje a Fazenda do Mosquito é uma bela pousada.

Com características coloniais e ambientes aconchegantes, hospeda turistas de

várias partes do país.

O município de Coronel Xavier Chaves vem se revelando uma boa opção de

turismo na região dos Campos das Vertentes. A antiga capela e seus sobrados,

a paisagem natural e suas cachoeiras, o artesanato e a hospitalidade de sua

gente atraem visitantes em busca de cultura, história e arte.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 116

Page 117: Livro das Fazendas - miolo

117

Mosquito Farm

The Mosquito Farm is located in the district of Coronel Xavier Chaves, in the Minas regionof Campos das Vertentes. The small city developed as of the Mosquito hamlet, which had itsorigins in the property.

The old farm belonged to colonel Francisco Rodrigues Xavier Chaves, great grandson ofthe youngest sister of Tiradentes, Antônia Rita da Encarnação Xavier. Being inclined tocontribute to the progress of the region, the colonel Xavier donated part of his property andcaused the birth of a small community, at the beginning of the XIXth century.

Xavier was responsible for raising the first two story house and later helped his offspringto build their own homes. Besides devoting himself to science through research abouthomeopathy, the colonel further applied his brilliant intelligence to the layout of the urbandevelopment of the property.

Mosquito Farm was divided among the descendents. On the plots of land there were built20 dwellings for relatives, priests and other personages. The city expanded having the seatas its reference point. There is no exact date for these happenings, but there are evidencesthat they occurred during the last decade of the XIXth century. Today the Mosquito Farm isa beautiful inn. With its Colonial and cozy ambiences, it houses tourists from several parts ofthe country.

The district of Colonel Xavier Chaves has been evidencing itself a good tourist option inthe Campos das Vertentes region. The old chapel and its two story houses, the natural sceneryand its falls, its handcrafts and the hospitality of its people attract visitors in search of culture,history and art.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 117

Page 118: Livro das Fazendas - miolo

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 118

Page 119: Livro das Fazendas - miolo

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 119

Page 120: Livro das Fazendas - miolo

120

Fazenda do VauA origem do nome Fazenda do Vau se deve ao fato de a propriedade

estar próxima a um vau do rio, que é o local mais seguro para se atra-

vessar a pé ou em montaria. O casarão foi construído em 1912 por Agos-

tinho José de Resende e fica no município de Lagoa Dourada, na região

dos Campos das Vertentes.

Em estilo colonial, a propriedade possui janelas grandes, paredes

grossas, interior amplo e aconchegante. É bastante tradicional e vem

sendo repassada de geração em geração. Um dos gestores da sede foi

o coronel Eduardo José de Resende, que se destacou pela criação de

jumentos e muares da raça Pêga.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 120

Page 121: Livro das Fazendas - miolo

121

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 121

Page 122: Livro das Fazendas - miolo

122

Na fazenda buscou-se o melhoramento genético da raça, votando especial cuidado à padronização do

grupo de animais. Com prudência, idealismo e vocação, o criatório está entre os berços de formação da raça

Pêga e é considerado hoje uma referência na equinocultura nacional. Atualmente, Renato Resende, neto do

coronel, dá continuidade à arte de criar bem. Busca conservar as qualidades de origem dos animais e aper-

feiçoar a raça cada vez mais.

A Fazenda do Vau se consolidou como um dos maiores criatórios do país e hoje desenvolve animais de ca-

racterísticas singulares e refinadas. Seus expoentes conquistaram prêmios em exposições de diversos esta-

dos brasileiros, coroando a propriedade com títulos de campeões nacionais.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 122

Page 123: Livro das Fazendas - miolo

123

The origin of the name Vau Farm is due to the fact that the property is near the shoals ofthe river which is the shallowest crossing to traverse afoot or astride a mount. The homesteadwas built in 1912 by Agostinho José de Resende and it is in the District of Lagoa Dourada, Camposdas Vertentes region.

Colonial in style, the property has large windows, thick walls, and an ample and cozyinterior. It is rather traditional and has kept being passed on generation after generation. Oneof the administrators of the seat was colonel Eduardo José de Resende, who was outstandingin raising donkeys and mules of the Pêga breed.

On the farm, the genetic improvement of the breed was sought after, placing special

care on the patternizing of the group of animals. with prudence, idealism and vocation,the breeding center is among some of the breeding references of the Pêga breed and istoday considered a point of reference in the national equine culture. Currently, RenatoResende, grandson of the colonel, gives continuance to the art of good breeding andraising. He seeks to preserve the qualities of the origin of the animals perfecting the breedever more.

The Vau Farm consolidated itself as one of the major breeding centers of the country andtoday develops animals with singular and refined characteristics. Its exponents won awardsin several Brazilian states, crowning the property with national championship titles.

Vau Farm

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 123

Page 124: Livro das Fazendas - miolo

124

Fazenda das Bandeirinhas

A história da Fazenda das Bandeirinhas, situada no município de Lagoa Dou-

rada, região dos Campos das Vertentes de Minas Gerais, está ligada à construção

de uma propriedade hoje denominada “casa velha”. Pertencente à Fazenda Capão

Seco e idealizada pelo casal Francisco Pereira de Azevedo e Maria José, a estrutura

teve área inicial de 135 metros quadrados, alicerce de pedra, paredes em adobe

e pau-a-pique e piso em madeira. Simples, o telhado era do tipo quatro águas e

na porta principal se destacava a rampa em pedra.

Muros também feitos de pedra cercavam a propriedade edificada no final

dos anos 1700 e então chamada de “Retiro das Bandeirinhas”. Ao lado da casa foi

construída uma área coberta para guardar utensílios, ferramentas e equipa-

mentos usados no manejo dos animais criados na propriedade.

Foi Elisário Miguel Pereira, segundo filho do casal da Fazenda Capão Seco,

quem assumiu a propriedade como herança. Ali ele constituiu família e morou

durante décadas com seus nove filhos. Em 1911, com ajuda de sua extensa prole,

Elisário concluiu a construção de uma nova casa ao lado da antiga. Em estilo

arquitetônico europeu e inspiração neoclássica, a propriedade foi estruturada

em forma de “L”, em uma área de 290 metros quadrados. Imponente, a fa-

zenda tem cobertura em telhas de barro, forro revestido em tábuas dispostas

tipo saia e camisa, alicerce em pedra, paredes de tijolos queimados e piso em

madeira maciça.

Três varandas, duas na parte de trás e uma à frente, dão charme à sede, com-

posta por 20 espaçosos cômodos, entre eles oito quartos e quatro salas. Destaque

também para o pé-direito com quase cinco metros de altura e para as 26 janelas

com vidraças e adornos.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:04 PM Page 124

Page 125: Livro das Fazendas - miolo

125

Em 1934, após o falecimento de Elisário, assume a propriedade Antônio

Barreto Pereira, o terceiro filho do fazendeiro, que se casou com Maria Pia

e teve cinco filhos. Com vocação para o agronegócio, Antônio criou a fá-

brica de laticínios “Bandeirinhas”. O empreendimento durou dez anos e,

depois desse período, a criação de gado voltou a ser a principal atividade

da família Barreto.

Renato Cunha Barreto, quarto filho de Antônio, recebeu a tarefa de cui-

dar da fazenda em 1976 e se mantém firme até os dias atuais à frente da ad-

ministração, com entusiasmo e dedicação para escrever novas páginas na

história da família e repassar essa rica história às futuras gerações.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 125

Page 126: Livro das Fazendas - miolo

126

Bandeirinhas Farm

The history of the Bandeirinhas Farm, situated in the District of Lagoa Dourada, Campos dasVertentes region of Minas Gerais state, is connected to the construction of a property which is called“old house” today. Belonging to the Capão Seco Farm, it was planned and built by a couple - FranciscoPereira de Azevedo and Maria José; the structure had 135 square meters, stone foundation, adobe wallsand wattle and a wooden floor. Simple, the roof was slanted in four directions – thus, the term “ fourwaters roof” and at the main door a ramp made of stone stood out.

Walls also made of stone surrounded the property built at the end of the 1700’s and then called“Retiro das Bandeirinhas” (Bandeirinhas Retirement). On the side of the house was built a covered areato put away utensils, tools and equipment used, in the management of the animals raised on theproperty.

It was Elisário Miguel Pereira, second son of the couple who owned Capão Seco Farm, who took overthe property as an inheritance. There, he constituted a family and lived for decades with his ninechildren. In 1911, with the help of his large progeny, Elisário concluded the construction of a new houseright beside the old one. In a European architectural style and Neoclassical inspiration, the propertywas structured in the shape of an “L”, on a 290 square meter area. Strikingly, the farm is covered byadobe tile, a ceiling lining of wood slats placed in the skirt and shirt fashion, stone foundation and solidwood floors.

Three verandahs, two in the back and one in the front, lend charm to the seat, made up of 20spacious rooms, there being eight rooms and four living rooms. Special mention should be made ofthe central post with nearly five meters high and 26 windows with glass and decorations.

In 1934, after the death of Elisário, Antônio Barreto Pereira, the farmer’s third son, who married MariaPia and had five children takes over the responsibility for the property. His innate vocation foragribusiness, impels Antônio to open the “Bandeirinhas” dairy products factory. The enterprise lastedten years, and after that time, raising cattle once again became the main activity of the Barreto family.

Renato Cunha Barreto, the fourth son of Antônio, received the task of caring for the property in 1976and firmly continues to head the administration even today, with enthusiasm and dedication as hewrites the new pages of the family history, passing on this rich history to future generations.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 126

Page 127: Livro das Fazendas - miolo

127

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 127

Page 128: Livro das Fazendas - miolo

128

Fazenda Capão Seco

Se fosse necessário definir a Fazenda Capão Seco em uma só palavra, essa seria

“grandiosa”. Assim é a propriedade, localizada em Lagoa Dourada, região dos Cam-

pos das Vertentes de Minas Gerais. Provavelmente construída na segunda metade

do século XVIII, a fazenda demandou muita mão-de-obra escrava. Além da casa

grande, há um volumoso muro de pedras e outras edificações no local.

Na sede, que ocupa uma área de aproximadamente 480 m², há 21 cômodos es-

paçosos. As telhas de barro curvas arrematam os beirais em beira-seveira sobreposta.

As janelas do casarão têm sobreverga alteada na parte superior. Destaque para a ca-

pela ao fundo e para os 12 quartos, sendo dois do tipo alcova, sem janelas. O pé-di-

reito, que mede mais de quatro metros, é uma das características que dão à fazenda

a nobreza de uma autêntica propriedade colonial. Móveis antigos e elementos de-

corativos no acesso ao jardim frontal decoram a sede com charme e tradição.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 128

Page 129: Livro das Fazendas - miolo

129

Não se sabe quem foi o primeiro dono da Fazenda Capão Seco, mas re-

gistros históricos revelam que, ainda no século XVIII, a propriedade per-

tenceu a Francisco Pereira Azevedo, um grande latifundiário. A fazenda foi

vendida a outras famílias ao longo dos anos. Desde a década de 1940, per-

tence à família Oliveira Braga.

No passado, a fonte de renda dos proprietários girava em torno da cria-

ção de gado e da produção de leite e manteiga. Alguns derivados da cana-

de-açúcar, como cachaça e rapadura, também eram ali fabricados. Famosa

pela hospitalidade e pelos quitutes sempre à mesa, a bela propriedade mi-

neira é um ponto de encontro entre amigos e familiares que apreciam sos-

sego, natureza e história.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 129

Page 130: Livro das Fazendas - miolo

130

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 130

Page 131: Livro das Fazendas - miolo

131

Capão Seco Farm

If it were necessary to define Capão Seco Farm in one word alone, this would be “grandiose”. Suchis the property, located in Lagoa Dourada, Campos das Vertentes region of Minas Gerais. Probablybuilt during the second half of the XVIIIth century, the farm demanded a lot of slave labor. In additionto the big house, there is a sizeable wall of stones and other buildings at the location.

At the seat, which occupies an area of approximately 480 m², there are 21 spacious rooms. Thecurved mud tiles put a finish on the eaves in a steep edge over cover of the edge. The housewindows have a heightened beam on the upper part. A special mention is made of the chapel atthe back and to the 12 rooms, two being of an alcove type, bereft of windows. The central post,which measures more than four meters, is one of the characteristics which lend the farm the nobilityof an authentic Colonial property. Old furniture and decorative elements at the entrance to the frontgarden decorate the seat with charm and tradition.

No one knows who the first owner of Capão Seco Farm was, but historical records show that,still in the XVIIIth century, the property belonged to Francisco Pereira Azevedo, a big landowner.The farm was sold to other families throughout the years. Since the 1940’s, it has belonged to theOliveira Braga family.

In the past, the source of income of the proprietors spun around cattle raising, and milk andbutter production. Some sugar derivates such as firewater and lump-hard, brown sugar, werealso made there. Famous for its hospitality and for the delicacies always on the table, the beautifulproperty in Minas Gerais state is a place of reunions of friends and relatives who favor peace,nature and history.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 131

Page 132: Livro das Fazendas - miolo

132

Fazenda São João BatistaConstruída no início do Primeiro Império, a Fazenda São João Batista foi inaugurada em 1826, no mu-

nicípio de Entre Rios de Minas, região mineira dos Campos das Vertentes. Seu fundador foi Aureliano

Pacheco de Sousa, que a vendeu na segunda metade do século XIX à família Ribeiro de Oliveira, a quem

a fazenda pertence até hoje.

Construída em taipa, a sede se apresenta em formato de letra L. As áreas sociais e íntimas se loca-

lizam na parte da frente. Já a área voltada aos ambientes de serviços está disponível na parte poste-

rior da fazenda. Ao todo, a ampla propriedade tem 16 confortáveis cômodos. Na fachada, destaque para

as 28 janelas que compõem a ambientação rústica. A sede ainda é composta por currais em pedra,

baias, estábulos e paióis.

Com vocação para a agropecuária, a fazenda sempre teve sua fonte de renda baseada no aprovei-

tamento das pastagens. Foi a partir da década de 70 que a criação de cavalos da raça Mangalarga

Marchador passou a ser a principal atividade econômica da propriedade.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 132

Page 133: Livro das Fazendas - miolo

133

Os animais são registrados desde 1975 e

descendem, principalmente, dos sementais

Herdade Teatro, Herdade Jupiá, Ideal, Seridó e

Legado Tabatinga. Atualmente o garanhão-

chefe é Amado Festival, da linhagem D2.

A fazenda funciona como condomínio da

família Ribeiro de Oliveira, e ali se realizam

todas as festas e encontros de confraterniza-

ção entre parentes. O município de Entre Rios

de Minas se originou em 1713, com a obtenção

da sesmaria por Pedro Domingues, e está si-

tuado entre as cidades históricas de São João

del-Rei e Congonhas. O local é rodeado de

belas paisagens e comporta atrações turísticas

que garantem bons passeios e recordações

agradáveis aos visitantes.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 133

Page 134: Livro das Fazendas - miolo

134

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 134

Page 135: Livro das Fazendas - miolo

135

São João Batista Farm

Built during the First Empire, the São João Batista Farmwas inaugurated in 1826, in the District of Entre Rios de Minas,in the Campos das Vertentes region. Its founder wasAureliano Pacheco de Sousa, who sold it during the secondhalf of the XIX th century to the Ribeiro de Oliveira family, towhom the farm belongs up until today.

Built in taipa in an “L” shape, the seat is divided in aninteresting manner. The social and family areas arelocated in the front part of the seat. The area containingambiences geared to services, now, is in the back part ofthe farm. All told, the ample property has 16 comfortablerooms. On the façade, a special mention of the 28windows which make up the rustic ambience. The seat isfurther made up of corrals made of stone, stalls, stablesand storehouse for corn.

Having a penchant for cattle raising and agriculture, thesource of income at the farm was always based on a gooduse of pastures. As of the decade of the 70’s raisingMangalarga Marchador horses became the chief economicalactivity of the property.

The animals have been registered since 1975 and theydescend, especially, from the following sires: Herdade Teatro,Herdade Jupiá, Ideal, Seridó and Legado Tabatinga. Today,the main stallion is Amado Festival, of the D2 lineage.

Currently, the farm functions as a condominium whichbelongs to the Ribeiro de Oliveira family, and all the partiesand family get-togethers of relatives take place here. TheDistrict of Entre Rios de Minas originated in 1713, with the landgrant obtained by Pedro Domingues, and it is situatedbetween the historical cities of São João del-Rei andCongonhas. The place is surrounded by beautiful sceneryand it is up to tourist attractions which guarantee goodexcursions and nice memories for the visitors.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 135

Page 136: Livro das Fazendas - miolo

136

Fazenda da MamonaO curioso nome de batismo da Fazenda da Mamona deriva da Serra da Ma-

mona, um dos principais marcos geográficos da cidade de Santana dos Mon-

tes, onde está localizada a propriedade. Construída entre 1710 e 1730, a Fazenda

da Mamona fica na Região Central de Minas.

A casa é uma típica propriedade do século XVIII. Tem dois pavimentos,

o primeiro utilizado como porão e o segundo dedicado ao uso da família.

Com telhado colonial, janelas e portas de madeira bem dispostas, a pro-

priedade tem uma aparência harmoniosa, para a qual contribui uma va-

randa graciosa, também elaborada em madeira rústica, que se estende ao

longo da fachada.

A fazenda é considerada a primeira residência de Santana dos Montes. Na

época de sua criação, a Coroa Portuguesa fazia a distribuição de extensas glebas.

Como a região não era expressiva no que diz respeito à extração de ouro e dia-

mantes, incentivava-se a agricultura para o abastecimento de áreas vizinhas,

onde a exploração das minas era intensa e abundante, como os municípios hoje

conhecidos como Itaverava e Catas Altas da Noruega.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:05 PM Page 136

Page 137: Livro das Fazendas - miolo

137

A propriedade funcionou durante anos como fazenda de engenho e é dela que surgiu o núcleo

de povoamento da cidade. Depois de algum tempo, foram construídas outras grandes fazendas ao

redor. O intenso trabalho escravo garantiu o abastecimento dos garimpeiros e mineradores das re-

giões auríferas, que enfrentavam dificuldades para conseguir alimentos e outros produtos.

A partir do final do século XIX, a Fazenda da Mamona passou a pertencer à família de Oscar Tei-

xeira. Em 1993, sob o comando de Maria de Lourdes Dutra, uma de suas netas, teve início um tra-

balho de restauração do imóvel. As características arquitetônicas foram revitalizadas, bem como

utensílios e móveis antigos que retratam a vida dessa propriedade no período do Brasil Colônia.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:06 PM Page 137

Page 138: Livro das Fazendas - miolo

138

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:06 PM Page 138

Page 139: Livro das Fazendas - miolo

139

Mamona Farm

The curious naming of the Mamona Farm comes from theSerra da Mamona, one of the principal geographical points ofthe city of Santana dos Montes, where the property is located.Constructed between 1710 and 1730, the Mamona farm is in theCentral Minas region.

The house is a typical XVIIIth century property. It has twofloors and the first is used as a basement, while the second isdedicated to family use. A Colonial roof and well distributedwooden windows give the property a harmonious appearance,to which a charming verandah made of rustic wood andextending through the farm adds.

The farm is considered to be the first residence in Santana dos Montes. At the time of itsfoundation, the Portuguese Crown was handing over extensive glebes for settlement. Since theregion was not outstanding in what concerned gold and diamond extraction, agriculture wasencouraged for the replenishment of neighboring areas, where the exploitation of mines washearty and plentiful. Special mention should be made of the districts known currently asItaverava and Catas Altas da Noruega.

The property operated for years as a sugar mill farm. It was here that the populationnucleus of the city arose. After a while, other large farms were built all around it. Intense slavelabor guaranteed the replenishment of gold panners and miners from the gold regions, whichfaced problems in obtaining food and other products.

As of the end of the XIXth century, the Mamona Farm became the property of the OscarTeixeira family. In 1993, under the command of Maria de Lourdes Dutra, one of hisgranddaughters, a renovation of the estate began. The architectural characteristics wererevitalized, as were utensils and antique furniture, for they depict life on that property so wellduring the Brazilian Colonial period.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:06 PM Page 139

Page 140: Livro das Fazendas - miolo

140

Fazenda Cachoeira do SantinhoLocalizada no município de Santana dos Montes, Região Central de Minas, a Fazenda

Cachoeira do Santinho foi construída por volta de 1760. Acredita-se que a obra tenha sido

idealizada pelo Padre Assis, um religioso afamado tanto entre os bandeirantes como os

moradores da região.

A propriedade foi construída para abrigar uma ermida, já que não havia uma igreja

para celebração de missas e festas cristãs. Era na Fazenda Cachoeira do Santinho que

toda a população local – inclusive os escravos – se reuniam para rezar e ouvir as exor-

tações dos pregadores católicos.

A economia da fazenda era fortemente marcada pela cultura de diversos tipos de

grãos e derivados do açúcar. Destaque para as plantações de arroz, feijão e milho. Era

na propriedade que muitos tropeiros enchiam seus alforjes para abastecer cidades como

Diamantina, Itaverava e Ouro Preto. A criação de gado também foi intensa na fazenda.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:06 PM Page 140

Page 141: Livro das Fazendas - miolo

141

A inspiração para o nome “Cachoeira do Santinho”

vem de uma das mais belas paisagens naturais ali exis-

tentes, a grande cachoeira do rio Santinho. A luz elé-

trica em Santana dos Montes começou a ser fornecida

em 1929, com a instalação de uma hidrelétrica no local.

De lá para cá, o desenvolvimento da região passou a

contar também com o setor turismo.

É a esta área que a sexta geração da família Teixeira

vem se dedicando. A fazenda centenária é hoje uma

das principais hospedarias de Santana dos Montes e

atrai gente de toda a parte do país por ser rica em cul-

tura e rodeada de belezas naturais.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:06 PM Page 141

Page 142: Livro das Fazendas - miolo

142

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:06 PM Page 142

Page 143: Livro das Fazendas - miolo

143

Cachoeira do Santinho Farm

Located in the District of Santana dos Montes, in the Central Region of Minas, the Cachoeira do Santinho Farm was builtaround 1760. It is believed that the work was idealized by Father Assis, a religious who was famous among the bandeirantesas well as inhabitants of the region.

The property was built to shelter a hermitage, since there was no church in which to celebrate Masses and Christian fests.It was at Cachoeira do Santinho Farm that the entire local population – including slaves – gathered to pray and hear theexhortations of the Catholic Church, which was absolute at that time.

The economy of the farm was strongly colored by the planting of different types of grains and sugar byproducts. Therewas special importance placed on rice, beans and corn planting. It was on this property that many troopers filled theirsaddlebags to replenish cities such as Diamantina, Itaverava and Ouro Preto. The raising of cattle was also intense on the farm.

The inspiration for the name “Cachoeira do Santinho” comes from one of the most beautiful scenes there, the great fallsof Santinho River. Electricity in Santana dos Montes began to be furnished in 1929, with the installation of a hydroelectric damin the region. From then on, the development of the region also began to be supported by the tourist sector.

It is to this area that the sixth generation of the Teixeira family has been devoting itself. The centennial farm is todayone of the principal hostels of Santana dos Montes and it draws people from all parts of the country due to its richness ofculture which is surrounded by natural beauty.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:06 PM Page 143

Page 144: Livro das Fazendas - miolo

144

Fazenda Fonte Limpa

Construída em 1742, a Fazenda Fonte Limpa é uma das principais fazendas coloniais do an-

tigo Morro do Chapéu e está localizada no município de Santana dos Montes, região Central

de Minas. A propriedade fica em uma área que se desenvolveu bastante na época do Ciclo do

Ouro e foi um importante pólo regional de abastecimento dos exploradores que por ali pas-

savam em suas longas viagens em busca de riquezas.

O mais antigo registro daquelas terras, no entanto, é de 1938, quando João Nogueira Coe-

lho e sua esposa Maria Theodora de Jesus adquiriram a propriedade e se firmaram como gran-

des fazendeiros. Ao longo de toda sua história, a produção de culturas variadas, com destaque

para cana-de-açúcar e milho, foi mantida pela sede como principal atividade econômica.

As características arquitetônicas da fazenda remetem às típicas construções coloniais mi-

neiras. Em meio a um curral que hoje não existe mais, a sede foi disposta em parceria com as

casas de serviço. No telhado há uma estrutura de madeira e telhas posicionadas tipo capa e

bica. Nas paredes e em outros detalhes, o uso de pedra, madeira e barro estão evidenciados. Ja-

nelas com montante arqueado no andar superior e gradeadas no inferior são peculiares da sede.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:06 PM Page 144

Page 145: Livro das Fazendas - miolo

Em 1993, a fazenda foi restaurada e adaptada para funcionar como hotel.

Confortáveis quartos passaram a conviver, em plena harmonia, com estrutu-

ras remanescentes do período colonial. A fachada robusta e a escada de pedra

foram preservadas.

Dois anos depois, a propriedade foi tombada pelo Patrimônio Histórico e

Artístico mineiro e atualmente pode-se dizer que a “Fonte Limpa” é um atrativo

turístico de primeira grandeza. Na casa podem ser encontrados objetos antigos,

uma biblioteca e um museu sacro, inventariado pelo município em 2002. Cir-

cundada pela Mata Atlântica, com abundância de águas límpidas que lhe

deram o nome, a fazenda fica numa região de belas cachoeiras, um horizonte

de montanhas e outras belezas naturais que também atraem os visitantes.

O melhor conselho para o visitante é conciliar os atrativos paisagísticos e

culturais. Depois de uma cavalgada, uma ducha na cascata ou uma trilha na

Mata Atlântica, não deixe de explorar a história do Brasil Colônia guardada na

fazenda. Uma viagem a três séculos no passado está à espera.

145

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 145

Page 146: Livro das Fazendas - miolo

146

Fonte Limpa Farm

Built in 1742, Fonte Limpa Farm is one of the main Colonial farms of the oldMorro do Chapéu and it is located in the District of Santana dos Montes, CentralMinas region. The property is in an area which developed quite a bit during theGold Cycle period and it was a regional point of purveyance of the explorerswho went through there on their long journeys in search of riches.

The oldest registry of those lands, however, is in 1938, when João NogueiraCoelho and his wife Maria Theodora de Jesus acquired the property andestablished themselves as great farmers. Throughout its entire history, theproduction of several crops took place, especially sugarcane and corn whichwas kept by the seat as its main economic activity.

The architectural characteristics put us before typical mineiro Colonialconstructions. Amidst a corral no longer extant today, the seat was located in akind of partnership with the houses for service. On the roof there is a woodstructure and the tiles are placed using a case and pipe. On walls and otherdetails, the use of stone, wood and clay are evinced. Windows with an archedframe are on the second floor and on the first floor of the seat, they are grated.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 146

Page 147: Livro das Fazendas - miolo

147

In 1993, the farm was restored and adapted into a hotel.Colonial period structures, in full harmony; for example, arobust façade and a stone stairway were kept.

Two years afterward, the property was officially registeredby the state of Minas Gerais, Patrimônio Histórico e Artístico andone might say that the “Fonte Limpa” is a prime qualityshowpiece as a tourist attraction.

In the house, one may find antique objects, a library, anda museum of sacred art, which underwent a district inventory in2002. Surrounded by the Atlantic Rainforest, having abundantclean water, from where it gets its name, the farm lies in a regionof beautiful waterfalls, mountains outlining the horizon andother natural beauty which is also appealing to the visitors.

The best advice for visitors is to reconcile scenic andcultural attractions. After a cavalcade, a cold douche at awaterfall or a trail in the Atlantic Rainforest,do not missexploring the history of Colonial Brazil at the farm. A threecentury journey in the past awaits you.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 147

Page 148: Livro das Fazendas - miolo

148

Fazenda Solar dos MontesA cidade de Santana dos Montes também abriga a bela Fazenda Solar dos Montes. O casarão em estilo

rural português foi construído há mais de 200 anos. A fachada apresenta influências da arquitetura euro-

péia. Há uma varanda, aberta em suas extremidades, com escadas de pedra que permitem o acesso à casa.

O uso da madeira é predominante em vários pontos da edificação. Robustas peças dão sustentação

ao telhado, formam detalhes nas paredes e recobrem o assoalho. Tombado pelo Patrimônio Histórico, o

imóvel foi inteiramente restaurado e redecorado de acordo com suas características originais.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 148

Page 149: Livro das Fazendas - miolo

149

Atualmente, o casarão funciona como um hotel-fazenda e guarda histórias da época da explo-

ração aurífera em seus móveis e objetos antigos. Na sala de leitura é possível conhecer as etapas da

ocupação urbana local, iniciada em meados do século XVIII com a necessidade de abastecimento do

contingente humano que se deslocava para as áreas de mineração do ouro.

Santana dos Montes, a pequena cidade que abriga a fazenda, cruza seus caminhos com os tre-

chos percorridos pelos aventureiros que corriam atrás das riquezas das minas. Uma das ruas do mu-

nicípio, que passa rente ao casarão, é um braço da Estrada Real. Por ela circulavam os tropeiros que

vendiam bens que vinham de Portugal, como vinho, azeite, sal, azeitona, tecidos, vidro e querosene,

e compravam alimentos produzidos no campo, como grãos, farinha, rapadura, queijo e cachaça.

Além da riqueza cultural, quem visita o Solar dos Montes pode, em meio às áreas de reserva de

Mata Atlântica, desfrutar de trilhas, cachoeiras e outras belezas naturais.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 149

Page 150: Livro das Fazendas - miolo

150

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 150

Page 151: Livro das Fazendas - miolo

151

Solar dos Montes Farm

The city of Santana dos Montes also encompasses the beatutiful Solar dos MontesFarm. The homestead which is in the Portuguese rural style was built more than 200years ago. The façade presents European architectural influences. There is a verandah,open at both ends, having stone stairs leading up to the house.

The use of woods stands out at several points of the building. Robust beamssupport the roof, break into detail on the walls and cover the floor registered by theHistorical Patrimony, the real estate was entirely restored and redecorated in accordwith its original characteristics.

Currently, the old homestead is used as a hotel on the farm, a type of hostelryquite used in contemporary Brazil, to house people interested in ecotourism, and ithas a wealth of stories of the gold exploration times, in the furniture and antiqueobjects. In the reading room, it is possible to get to know the stages in local urbanoccupation, which began in the middle of the XVIIIth century, with the need foroffering supplies for the human populace which relocated to the gold mining areas.

Santana dos Montes, a small city which envelopes the farm, crosses its road withstretches traveled by the adventurers who ran after the riches of the mines. One of thecity streets, which runs next to the old house is a branch of the Royal Road. Troopersmoved all along it, selling goods coming from Portugal, such as wine, olive oil, salt,olives, fabrics, glass and kerosene, while they bought food produced in the country,including grains, flour, lump-hard brown sugar, cheese and firewater.

In addition to enjoying cultural wealth, those visiting Solar dos Montes are ableto enjoy trails, waterfalls and other examples of natural beauty, amidst areas oftropical rainforest preserves.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 151

Page 152: Livro das Fazendas - miolo

152

Fazenda do Tanque

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 152

Page 153: Livro das Fazendas - miolo

Fundada em 1863 pela família Teixeira, a Fazenda do

Tanque está situada na cidade de Santana dos Montes, re-

gião Central de Minas Gerais. Tem estrutura colonial e o uso

da madeira é bastante evidente em todas as partes da casa.

Paredes e escadas de pedra, detalhes ricamente dispostos e

uma bela fachada são outros destaques da sede. No local

sempre viveram famílias numerosas. Por isso, em seu pro-

jeto original, foram construídos muitos quartos.

Em meados do século XIX, a propriedade funcionava

como uma fazenda de engenho para o abastecimento

local e de regiões próximas. Produzia-se cachaça, rapa-

dura, fubá, queijo e café. Outras vocações econômicas

da propriedade eram a suinocultura e a pecuária leiteira.

Os cavalos eram criados como meio de transporte, no

trabalho e no lazer. A caçada era o esporte da época e

atraía homens de vários pontos da região. A aventura da

caça se dava sobre o lombo de cavalos fortes e capazes de

passar por lugares de difícil acesso e vencer obstáculos.153

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 153

Page 154: Livro das Fazendas - miolo

154

Em 1999, a Fazenda do Tanque foi adquirida

por Ronald Montijo e passou por reformas para

transformar-se em hotel-fazenda. Foram cons-

truídas novas áreas de hospedagem e lazer, mas

a estrutura externa da sede foi preservada para

manter viva a história do local. Sediada na Serra

do Espinhaço, cercada por extensões de Mata

Atlântica e repleta de espécies da fauna e da

flora silvestres, a propriedade é tombada pelo

patrimônio histórico e artístico municipal.

Atualmente, recebe turistas de várias partes

do país que aproveitam a estadia para conviver

com a natureza, enriquecer seus conhecimen-

tos sobre a cultura mineira, comer bem e gozar

de bastante sossego.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:07 PM Page 154

Page 155: Livro das Fazendas - miolo

155

Founded in 1863 by the Teixeira family, the Tanque Farm is situated in the city of Santanados Montes, in the Central Minas Gerais state region. It has a Colonial structure and the use ofwood is rather evident in all parts of the Colonial house. Walls and stairways in stone, whichare richly evident details and a beautiful façade are other noteworthy points of attraction.There were always large families in residence, which explains the construction of many roomsstemming from the original house plant.

In the middle of the XIXth century the property operated as a sugar cane mill and farm,which supplied local as well as nearby regions. Firewater, lump-hard brown sugar, corn meal,cheese and, coffee were produced. Other economic activities on the property were swineculture and dairy farming.

Horses were raised as a means of transportation at work and leisure. Hunting was the chiefsport of the time and it attracted men from several points of the region. The hunting adventure

happened atop strong horses which were capable of traversing difficult places and jumpingobstacles.

In 1999, the Tanque Farm was acquired by Ronald Montijo and it underwent refurbishingin being transformed into a hotel on the farm, a type of hostelry quite used in contemporaryBrazil. New areas of accommodation and leisure were built, though the outside of the seat waskept with the intention of preserving local history alive. Situated in Serra do Espinhaço,surrounded by extensions of Atlantic rainforests, the property is registered as a historical andartistic patrimony.

Currently, it welcomes tourists from several parts of the country; they take advantageof the opportunity of staying at a place where living beside nature enriches theirknowledge about the culture of Minas, offers good eating and the enjoyment of peace andtranquility.

Tanque Farm

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 155

Page 156: Livro das Fazendas - miolo

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 156

Page 157: Livro das Fazendas - miolo

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 157

Page 158: Livro das Fazendas - miolo

158

Fazenda Pé do Morro

Os moradores de Ouro Branco têm dois motivos de orgulho: a Siderúrgica Aço-

minas, que trouxe grande prosperidade para o município antes de ser adquirida

pelo Grupo Gerdau, e a Fazenda Pé do Morro, hoje um confortável hotel-fazenda,

testemunho fiel de três séculos de sua rica história.

Quando as tropas de mulas carregadas de lingotes de ouro saíam das casas

de fundição de Vila Rica, seguindo a Estrada Real para o embarque em Paraty, o

primeiro pouso era na Fazenda Pé do Morro. Os preciosos alforjes eram guarda-

dos numa fortificação de pedra com grossas grades, onde hoje funciona o res-

taurante do hotel-fazenda.

A Pé do Morro ganhou esse nome por ficar no sopé do majestoso penhasco que

domina Ouro Branco. Em meados do século XVIII, foi importante fonte de abas-

tecimento para os locais de extração de ouro em Lavras Novas e Ouro Preto. Pro-

duzia milho, mandioca, uvas e batata inglesa, criava gado e cavalos.

Dessa fase é o bloco mais antigo da sede, cujas paredes foram construídas em

canga (pedra de mão) com 70 cm de espessura. Desde o início teve vocação também

para estalagem, pois hospedava visitantes que seguiam para as minas e contraban-

distas que escapavam às casas de registro descendo a serra pelo povoado de Itatiaia.

No início do século XIX, a sede recebeu um anexo, tomando a forma de uma

letra “L”. As demais benfeitorias atestam as atividades econômicas da fazenda:

monjolo, moinho, forno de barro, galinheiro, chiqueiro, paiol, etc. A senzala dos

escravos quer serviam a casa-grande foi transformada numa sala de vídeo. A

casa do monjolo hoje abriga a piscina aquecida e o antigo chiqueiro deu lugar a

um centro de convenções que mantém as características arquitetônicas do con-

junto histórico.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 158

Page 159: Livro das Fazendas - miolo

159

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 159

Page 160: Livro das Fazendas - miolo

160

Depois de ter passado pelas mãos das famílias Nogueira, Reis e Mendes, a fa-

zenda foi vendida, em meados do século XIX, à Companhia de Vinhos Nacionais,

fundada pelo conselheiro João da Mata Machado, ex-ministro do Império, e pelo

médico Arthur Fernandes Campos da Paz. Após alguns anos de atividades e es-

forços, a empresa entrou em decadência.

Num registro de 1890, a Fazenda Pé do Morro consta como arrendada pelo

Tenente Francisco Ferreira da Rocha e Francisco Xavier, pois continuou proprie-

dade dos Mata Machado durante a virada do século e começo do século XX. Ali

viveu o poeta simbolista Edgard Mata, colega de Alphonsus de Guimarães.

Na década de 1970, a Açominas adquire a Fazenda, submete-a a um amplo

programa de recuperação e a transforma em Centro de Treinamento e Casa de

Hóspedes. O mais famoso desses hóspedes foi o Príncipe Charles, da Inglaterra,

que veio inaugurar um dos altos-fornos da usina.

O premiado arquiteto Éolo Maia, desafiado a recuperar a capela da qual só

restavam três paredes semi-destruídas de pedra, manteve a ruína intacta e a pro-

tegeu sob uma criativa estrutura de vidro, vitrais, ferro oxidado e um forro artís-

tico feito em peças de paraju. A antiga capela passou a ser o altar e a acústica é

tão perfeita que se tornou o local preferido para apresentações de cameratas e or-

questras sinfônicas para um público seleto.

Sem uso na década de 1990, durante o processo de privatização da Açominas,

o conjunto corria o risco de se degradar até a extinção. Tombada pelo Patrimô-

nio Histórico municipal em 1998, a Fazenda Pé do Morro foi adquirida, em 2001,

por Hélio Campos e sua esposa Janice, e pelo sócio Péricles d’Ávila Bartholomeu

e sua esposa Alessandra. Com zelo

e dedicação, os sócios a transfor-

maram em um aprazível hotel-fa-

zenda, oferecendo passeios a

cavalo, piscina aquecida, cami-

nhadas pelas montanhas e uma

culinária sem rival na região.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 160

Page 161: Livro das Fazendas - miolo

161

Pé do Morro Farm

The dwellers of Ouro Branco have two reasons for being proud: TheSiderúrgica Açominas,which brought great prosperity to the town prior tobeing bought by the Gerdau Group, along with the Pé do Morro Farm, whichis currently a comfortable farm-hotel, and is a faithful witness to threecenturies of its rich history.

When the troops of mules loaded with gold lingots left the smeltinghouses of Vila Rica, following the Estrada Real to shipment at Paraty, thefirst stop for overnighting was at Pé do Morro Farm. The precious saddlebagswere deposited in a strong fortress with thick bars, where the restaurant ofthe current times hotel farm-hotel is located.

The Pé do Morro got this name because it lies at the foot of the majesticcliff which presides over Ouro Branco. In the mid XVIIIth, it became animportant source of supply for the places which extracted gold in LavrasNovas and Ouro Preto. It grew corn, manioc, grapes and Irish potatoes, andraised cattle and horses.

The oldest block of the seat representing that phase has walls which werebuilt of iron ore (shackles) 70 cm thick. Right from the start, it also had aninclination for hostelry, for it hosted visitors which traveled to the mines andsmugglers running away from inspection on the way down the mountaintoward the town of Itatiaia.

At the beginning of the XIXth century, the seat acquired an annexmaking an “L” shape. The additional improvements give witness to theeconomical activities of the farm: water mill, mill, earthen oven, chickencoop, pigsty and granary. The slave rows, which tended the Master housebecame a video room. The water mill house is home to a heated swimmingpool and the old pigsty gave way to a convention center which maintainsthe architectural characteristics of the historical compound.

Having gone through the hands of the Nogueira, Reis and Mendesfamilies, the farm was sold, in the middle of the XIXth, to Companhia deVinhos Nacionais, founded by Counselor João da Mata Machado, ex-ministerof the Empire and by medicine doctor Arthur Fernandes Campos da Paz.After some years of activities and efforts the enterprise fell into decadence.

In an 1890 registry, the Pé do Morro Farm appears as leased out toLieutenant Francisco Ferreira da Rocha and Francisco Xavier, for it continuedbeing the property of the Mata Machado family at the turn of the centuryand beginning of the XXth century. There was the home of symbolist poetEdgard Mata, a colleague of Alphonsus de Guimarães.

In the 1970 decade, Açominas acquires the Farm, submitting it to a broadrecuperation program and turns it into a Training Center and a Guest House.The most famous of the guests was Prince Charles of England, who was onhand for the inauguration of one of the blast furnaces.

Award wining architect Éolo Maia, who was challenged to recuperatethe chapel which had only three of its semi-destroyed stone walls, kept theruins intact and protected it under a creative structure of glass, stainedglass, rusted iron and paraju beams. The old chapel became the altar, andthe acoustics are so perfect that it became the favorite local place forchamber and symphony orchestra presentations for select audiences.

Standing idle in the 1990 decade, in the midst of the privatizationprocess of Açominas, the collection ran the risk of degradation andextinction. Registered by the District Historical Patrimony in 1998, the Pé doMorro Farm was bought in 2001, by Hélio Campos and his wife, Janice, andby his partner Péricles d’Ávila Bartholomeu and his wife, Alessandra. Withzeal and dedication, the partners transformed it into a pleasing hotel on thefarm, offering horseback rides, a heated pool, mountain walking and anunbeatable regional cuisine.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 161

Page 162: Livro das Fazendas - miolo

162

Casa BandeiristaTombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, a Casa

Bandeirista é um marco na história do país. É, na verdade, a antiga sede

da Fazenda São José do Manso, localizada aos pés do Pico do Itacolomi,

em Ouro Preto, região central de Minas. Está inscrita pela Unesco na Re-

serva da Biosfera.

A propriedade foi construída pelo segundo Guarda Mor do Distrito

das Minas Gerais, o bandeirante Domingos da Silva Bueno, na época da

corrida do ouro, por volta de 1700. Em sua arquitetura, guarda caracte-

rísticas do Seiscentos paulista, com varanda embutida e seteiras. Há

grossas paredes de taipa e alicerces de pedra. Do lado de dentro, os

quartos que eram reservados à família abriam suas janelas para o exte-

rior e, ao centro, as dependências da sala e dos espaços de serviços. De

acordo com registros históricos, a casa foi a primeira edificação pública

do Estado. Nela funcionava um sistema de fiscalização do acesso às minas

da antiga Vila Rica.

A propriedade foi arrematada por volta de 1770 pelo Sargento Mor

Manoel Manso da Costa Reis e ficou conhecida como Fazenda Vargem Ola-

ria, onde há vestígios de uma extinta fábrica de tijolos e telhas. Valeriano

Manso da Costa Reis, filho de Manoel, assumiu a propriedade cerca de 20

anos depois. Sua esposa Emerenciana era irmã da famosa Marília de Dir-

ceu, imortalizada pelos poemas de Thomaz Antônio Gonzaga.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 162

Page 163: Livro das Fazendas - miolo

163

Uma fábrica de ferro também teve sede na fazenda em 1864, sob a admi-

nistração do Capitão Bento Soares. Em 1932, a fazenda foi comprada por José

Salles de Andrade, que se dedicou ao cultivo do chá-da-índia.

A casa passou por uma série de reformas de 1948 a 1956 e, quase duas dé-

cadas depois, foi vendida ao historiador Tarquínio de Oliveira, que criou as re-

presas hoje existentes, conhecidas como Lagoa da Curva e da Capela.

Em 1998 a Casa Bandeirista foi restaurada pelo Instituto Estadual de Flores-

tas e hoje está aberta à visitação. Fotos e objetos antigos, como máquinas, uten-

sílios e móveis que retratam todas as fases da propriedade, estão disponíveis

para que o turista possa conhecer parte da rica história do período colonial.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 163

Page 164: Livro das Fazendas - miolo

164

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 164

Page 165: Livro das Fazendas - miolo

165

Registered by the Historical and Artistic Patrimony of Minas Gerais State, Casa Bandeiristais a milestone in the history of the country. It is, in truth, the old seat of São José do Manso Farm,located at the foot of Pico do Itacolomi, in Ouro Preto, Central Minas region. It is registered byUnesco in the Biosphere Reserve.

The property was built by second Major Guard of the Minas Gerais District, bandeiranteDomingos da Silva Bueno, at the time of the gold rush, around 1700. In its architecture, it holdsSeventeenth Paulista characteristics, with a tucked in verandah and loopholes. There are thickwalls of lath wood and rock foundations. On the inside, the area reserved for the family, hadthe windows opening to the outside, and in the center, there were the living room and servicearea installation. According to historical registries, the house was the first public building ofthe State. In it was housed the inspection system of access to the mines of old Vila Rica.

The property was bidden for around 1770 by Sargent Major Manoel Manso da Costa Reisand it became known as Vargem Olaria Farm, where there are vestiges of an extinct brick and

roof tile factory. Valeriano Manso da Costa Reis, the son of Manoel, took over the propertynearly 20 later. His wife, Emerenciana, was the sister of the famous Marília de Dirceu,immortalized by the poems of Thomaz Antônio Gonzaga.

An iron factory also had its seat at the farm in 1864, under the administration of CaptainBento Soares. In 1932, the farm was bought by José Salles de Andrade, who devoted himself tothe planting of black, Pekoe-type tea.

The house underwent a number of refurbishings from 1948 to 1956 and, almost two decadeslater, it was sold to historian Tarquínio de Oliveira, who built the dams there are in place today- Lagoa da Curva and da Capela.

In 1998, Casa Bandeirista was restored by the Instituto Estadual de Florestas and is todayopen to visitation. Photos and antique objects, such as machines, utensils and furniture depictall the phases of the property, and are available so that the tourist can get to know the part ofthe rich history of the Colonial period.

Casa Bandeirista

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 165

Page 166: Livro das Fazendas - miolo

166

Fazenda GualaxoCom sede no município de Mariana, região Central de Minas, a Fazenda Gua-

laxo é tombada pelo patrimônio cultural do Estado. Foi construída em meados do

século XIX e era formada por um conjunto de edificações. Além da casa-grande,

existiam senzalas, moinho, paiol, engenho e outras benfeitorias.

A disposição dos ambientes era típica das construções rurais mineiras da

época e imitavam um centro urbano. A sede de dois andares abrigava, no pri-

meiro piso, o quarto de gordura e os espaços para guardar carroças e para secar

o açúcar que era produzido na fazenda. O cultivo da cana era a principal ativi-

dade econômica da fazenda. No segundo piso da casa ficava a parte nobre, com-

posta por mais de 30 quartos, salas e três pátios internos. O local acumulava

funções de residência, fortaleza, hospedaria e escritório.

Na fachada também é possível perceber características da arquitetura rural.

Destaque para a varanda entalada, que fica entre um quarto de hóspedes e uma

capela. Em toda a edificação foram usados materiais simples e técnicas tradicio-

nais na época, como pau-a-pique, pedra e madeira. Paredes grossas e sustenta-

ção reforçada ajudaram a Gualaxo a resistir ao tempo.

Ainda hoje, muros de pedras podem ser encontrados pelo terreno. São restos de

senzalas e foram erguidos pelos muitos escravos que trabalharam na propriedade.

Atualmente, Francisco Sales de Souza está à frente da administração da Fa-

zenda Gualaxo, que é usada como residência da família. Disponível e atencioso,

é ele quem abre as portas do grande acervo de cultura e história a quem visita

a propriedade secular.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 166

Page 167: Livro das Fazendas - miolo

167

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 167

Page 168: Livro das Fazendas - miolo

168

Gualaxo Farm

Having its seat in the District of Mariana, Central Minas region, the GualaxoFarm is registered at the cultural patrimony of the State. It was built in the middleof the XIXth and it was made up of a cluster of buildings. In addition to the masterhouse, there were slave quarters, the mill, the granary, the sugar mill and otherimprovements.

The location of the ambiences was characteristic of the rural buildings in MinasGerais of the time and they were reminiscent of an urban setting.The two story seathoused, on the first floor, the fat room and places set aside for putting away thewagons and the drying of the sugar produced on the farm took place here, too.Drying sugar produced on the farm also happened here. Sugar cane planting wasthe main economic activity on the farm. The second story of the house gatheredthe noble parts of the house, made up of more than 30 rooms, living rooms andthree internal patios. The place functioned as residence, fortress, inn and office.

The façade also evinced the characteristics of rural architecture. Special mentionshould be made of the verandah which was fit in between a guest room and a chapel.In the entire construction there were simple materials and traditional techniques ofthe time, such as wattle, stone and wood. Thick walls and reinforced supportwithstood the test of time.

Even today, stone walls can be found throughout the property. They are remnantsof slave rows and were raised by the many slaves who worked on the property.

Currently, Francisco Sales de Souza heads the administration of the GualaxoFarm, which functions as the family residence. He is both available and quitecourteous, and it is he who opens the doors of the large culture and historycollection to those who want to visit the centenary property.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:08 PM Page 168

Page 169: Livro das Fazendas - miolo

169

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 169

Page 170: Livro das Fazendas - miolo

170

Fazenda dos MartinsFundada na segunda metade do século XVIII, a Fazenda dos Martins está si-

tuada no município de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Também é chamada de Boa Vista ou Fazenda das Pedras. Formada por rios, vales

e montanhas, a região é muito bonita e convidativa. A propriedade histórica é pro-

tegida por muros em pedra seca e resiste ao desgaste do tempo. Fica próxima ao

município de Moeda, onde eram cunhadas as moedas de ouro da Coroa Portu-

guesa, e foi um importante centro de comercialização de escravos. As robustas pa-

redes de pedra do andar térreo foram construídas como prisão para os cativos.

Tradicionalmente colonial, a fazenda está bem conservada. Foram feitas algu-

mas reformas, mas a planta original quase não sofreu alterações. De dois pavi-

mentos, a parte inferior era destinada às acomodações de serviçais. Já no andar de

cima, a planta é simplificada e simétrica, com dois salões nas extremidades, liga-

dos por um estreito corredor. Embora mais tarde esse pavimento tenha sido usado

como residência para os proprietários e seus familiares, o arranjo leva a crer que o

objetivo inicial do imóvel era o comércio de escravos.

A sede possui dez cômodos, entre quartos, salas, cozinha e outros ambientes.

Destaque para a bela varanda frontal e para a escadaria de acesso com arranque

de volutas esculpidas por artesãos portugueses. Chama atenção também o altar,

um santuário extremamente requintado e decorado com objetos da época traba-

lhados a mão, como uma bíblia secular.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 170

Page 171: Livro das Fazendas - miolo

171

A fazenda já foi bastante produtiva. Tinha como base econômica a criação de gado

de leite e o cultivo de diversas culturas como milho, feijão e algodão. Vastos poma-

res utilizados como fonte de renda também contribuíram para torná-la sustentável.

Atualmente, Laura Pereira Campos, nascida e criada na propriedade, está à frente

da administração da Fazenda dos Martins. Ela chegou a se mudar para Belo Horizonte

para estudar, mas retornou a Brumadinho para reassumir a vocação de fazendeira.

Entre as atrações do local está a Comunidade do Sapé, originária do final da es-

cravatura, quando os negros da região, principalmente advindos da Fazenda dos

Martins, se reuniram para viver em comunidade. O povoado é composto de cerca de

200 habitantes, todos descendentes desses escravos libertos. Manteve-se isolado do

contexto cultural econômico das regiões vizinhas e preserva costumes tradicionais e

suas linhagens raciais por meio de casamentos entre parentes.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 171

Page 172: Livro das Fazendas - miolo

172

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 172

Page 173: Livro das Fazendas - miolo

173

Martins Farm

Founded during the second half of the XVIIIth century, the Martins Farm is locatedin the District of Brumadinho, in the metropolitan area of Belo Horizonte. It is alsocalled Boa Vista or Stones Farm. Made up of rivers, valleys and mountains, the regionis really very pretty and inviting. The historical property is protected by walls of drystone and has withstood the wearing of time. It is nearby the District of Moeda, wherethe gold coins of the Portuguese Crown were minted, and it was an important centerfor buying and selling slaves. The strong stone walls on the ground floor were builtas prisons for captives.

Traditionally Colonial, the farm is well kept up. Some refurbishing was done butthe original floor plan did not undergo change. Having two floors, the lower partwas meant to be used as accommodations for the servants. The second floor, however,had a symmetrical and simplified floor plan, with one living room located on eachside of the house and connected by a narrow corridor. Though later on this floor wasused as a residence for the owners and their relatives, the arrangement leads one tobelieve that the original purpose of the building was slave trade.

The seat has tem rooms, divided into bedrooms, living rooms, kitchen and otherambiences. Special mention is made of the beautiful front verandah, with its frontstairway bearing sculpted springers with spirals done by Portuguese artisans. Drawingthe attention of the visitor, the hermitage, which is an extremely fancy sanctuary isdecorated with handmade objects of the period, such as a centenary Bible.

The farm was very productive for some time. The base of its economy was raisingdairy cattle and planting crops such as corn, beans and cotton. Vast orchards usedas a source of income also contributed to making it self-supporting.

Currently, Laura Pereira Campos, who was born and raised on the property is atthe head of the administration of the Martins Farm. She even moved to Belo Horizonteto go to school, but she returned to Brumadinho to take up her vocation as a farmer,once again.

Among the attractions of the place is the Sapé Community, which originatedwhen slavery ended; at this time, the blacks of the region, especially those who camefrom the Martins Farm, got together for the purpose of living in community. Thehamlet is made up of around 200 inhabitants, who are all descendants of those freedslaves. It kept itself in isolation with reference to the cultural and economical contextof the neighboring regions and it preserves traditional customs and its racial lineagesby interracial marriages of relatives.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 173

Page 174: Livro das Fazendas - miolo

174

Fazenda Boa EsperançaAdquirida por volta de 1790 por Romualdo José Monteiro de Barros, o barão de Paraopeba,

a Fazenda Boa Esperança, situada no município de Belo Vale, ao sul de Belo Horizonte, perten-

ceu a várias gerações da família Monteiro de Barros. Foi repassada depois a outras famílias, até

ser vendida ao Estado, que a doou ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico em 1974.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 174

Page 175: Livro das Fazendas - miolo

175

Senhor de ricas lavras, o barão de Paraopeba chegou a ser presidente

da Província de Minas em 1830 e viveu na tradicional fazenda na época

do Império. No casarão se hospedou, por várias vezes, o monarca D.

Pedro II, quando em visita a Minas Gerais. Da varanda frontal, elevada

sobre baldrames de pedra, o imperador podia contemplar a muralha da

Serra da Moeda. Nessa época, a Boa Esperança mantinha cerca de 800 es-

cravos em uma extensa senzala cujas ruínas ainda podem ser vistas junto

ao pátio defronte à fachada principal.

O elegante casarão possui 23 cômodos, entre salões de visitas e outros

aposentos. Na fachada há uma varanda entalada, e nos fundos outra va-

randa que dá acesso a uma série de dependências. Rusticidade e refina-

mento se misturam na fazenda. Telhado antigo preservado, portas em

madeira trabalhada e janelas com folhas almofadadas por fora e rebai-

xadas por dentro, escadas e muros de pedras são características da sede.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 175

Page 176: Livro das Fazendas - miolo

176

A Fazenda Boa Esperança ocupa uma área de aproximadamente 320 hectares que in-

tegram um belo conjunto arquitetônico e paisagístico. Outros destaques são a capela

rococó pintada em policromia pelo pintor do Santuário de Congonhas, João Nepomu-

ceno Correia e Castro, e as treliças bicolores que dão um aspecto mourisco às varandas.

A propriedade é uma das mais famosas da região e é cercada por lendas. Uma

delas conta que teria sido construída por um empreiteiro que recebeu a quantia de 200

mil réis pelo trabalho. Quando a obra foi concluída, o barão teria mandado matar o

empreiteiro para recuperar o dinheiro. Nas imediações da fazenda, o suposto local do

assassinato, que recebeu o nome de Ponto da Cruz, ainda hoje causa temor.

O próprio barão de Paraopeba originou outras lendas, que provocam arrepios nos

ouvintes. Ele teria sido um senhor muito severo com seus escravos, tendo mandado

maltratar muitos deles até a morte. Como castigo, após falecer, o barão teria sido ob-

rigado a cumprir uma pena. Durante a Quaresma e na véspera do Dia de São João, seu

vulto é visto montado a cavalo, vestido de branco e vagando pelas ruas da cidade.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 176

Page 177: Livro das Fazendas - miolo

177

Boa Esperança Farm

It was acquired around 1790 by Romualdo José Monteiro de Barros, the baron of Paraopeba; Boa Esperança Farmis situated in the Belo Vale District, which lies South of Belo Horizonte, and it belonged to several generations of theMonteiro de Barros family. Afterward, it was passed on to other families, until it was sold to the State, which donatedit to the Instituto Estadual do Patrimônio Histórico in 1974.

The Master of rich mines, the baron of Paraopeba got to be president of the Province of Minas in 1830 and livedon the traditional farm at the time of the Empire. In the rambling house, the monarch Dom Pedro II was put up, whenhe visited Minas Gerais. From the front verandah, which was raised on stone foundations, the emperor could gaze atthe wall-like Serra da Moeda. At the time, Boa Esperança Farm kept nearly 800 slaves in an extensive slave quarterswhose ruins can still be seen next to the patio in front of the principal façade.

The elegant homestead had 23 rooms, including living rooms and other rooms. On the façade, there is a carvedverandah, while in the back another verandah allows access to a number of quarters. Rusticity and refinement areintertwined at the farm. An old preserved roof, wooden crafted doors and windows cushioned by layers on the outsideand reduced on the inside, stone stairs and walls are characteristics of the seat.

The Boa Esperança Farm covers an area of approximately 320 hectares, which integrate a beautiful chapel paintedin polychrome by the painter of the Sanctuary of Congonhas, João Nepomuceno Correia e Castro, and the bicolortrellises which give the verandahs a Moorish look.

The property is one of the most famous of the region and it is surrounded by legends. One of them tells that theproperty was built by a constructor, who earned the amount of 200 thousand réis for the work. When the job was done,the baron is said to have had the constructor killed in order to recuperate the money. In the area neighboring the farm,the supposed place of the murder, was given the name of Ponto da Cruz, and is still much respected.

The baron of Paraopeba originated other legends, which cause shivers in the listeners. He is said to have beena very cruel master with his slaves, ordering the mistreatment of many of them, until death. As punishment, afterhis death, the baron is said to have been obliged to fulfill a penalty. During Lent and on the eve of the Feast of SaintJohn, his hulk is seen throughout the city, riding a horse, dressed in white and wandering through the city streets.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 177

Page 178: Livro das Fazendas - miolo

178

Fazenda Santa MarinaHoje um charmoso hotel-fazenda que oferece cozinha em fogão a lenha com gêneros produzidos lá

mesmo, a Fazenda Santa Marina tem mais de dois séculos de existência. Ganhou grande impulso a partir de

1968, depois de ser adquirida do antigo proprietário Joaquim Gonçalves, mais conhecido por Quincas da Sa-

luísa. Está situada no município de Cristiano Otoni, na região Central de Minas Gerais.

A produção de café, a exploração de gado leiteiro e a criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador

eram as principais atividades econômicas desenvolvidas na propriedade. Os primeiros animais da fazenda

foram do prefixo Laglória.

De paredes amarelas e portais azuis, a casa tem influência arquitetônica europeia. Ao longo dos anos foram

feitas algumas reformas, mas procurou-se preservar o estilo e as características originais da construção secular.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 178

Page 179: Livro das Fazendas - miolo

179

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 179

Page 180: Livro das Fazendas - miolo

180

Rodeada por uma natureza exuberante, a fazenda tem florações

características a cada estação do ano. Na primavera, as flores do

“amor-agarradinho” enfeitam a pérgula que liga a sede ao portão.

Beleza que também surge nas laranjeiras, amoreiras, ameixeiras, nos

pessegueiros... Flores em buquês perfumam o caminho em volta do

lago e do pomar. No verão, as quaresmeiras enchem a mata de tons

róseos e roxos. O outono é a estação em que as folhas que se des-

prendem das árvores forram o chão, formando uma espécie de ta-

pete castanho. E no inverno, o espetáculo de encantamento fica por

conta dos ipês em tons de rosa, branco e amarelo.

Há quase dez anos, a Fazenda Santa Marina experimentou uma

nova fase de crescimento. Foi em 2002 que as quatro filhas dos pro-

prietários se uniram para transformar o ambiente em “casa de

todos”. As quatro marias (Sandra Maria, Wanda Maria, Martha

Maria e Cláudia Maria) idealizaram um acolhedor hotel-fazenda.

Para a família, hoje a história de cada hóspede se mistura às que já

existiam na propriedade. Juntas inspiram ricas narrativas na his-

tória da fazenda bicentenária.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 180

Page 181: Livro das Fazendas - miolo

181

Santa Marina Farm

Today, as a charming hotel on the farm which offers cuisine made on a wood stove with goods producedright there, the Santa Marina Farm is more than two hundred years old. It gathered great propulsion as of1968, after having been bought from the former proprietor, Joaquim Gonçalves, better known as Quincasda Saluísa.

It is situated in the District of Cristiano Otoni, in the Central region of Minas Gerais.The production of coffee, the investment in dairy cattle and raising of the Mangalarga Marchador breed

were the principal activities carried out on the place. The first animals on the farm used the prefix Laglória.Having yellow walls and blue doors, the house bears a European architectural influence. Throughout the

years, some refurbishing was carried out, though efforts were made to maintain the style and originalcharacteristics of the centenary construction.

Surrounded by exuberant natural beauty, the farm bears characteristic flowers of each season of theyear. In Spring time, the flowers of the “amor-agarradinho” decorate the gazebo which connects the seatto the gate. Beauty also buds forth in orange, mulberry, plum, peach tree blossoms... Flowers in bouquetssweeten the smell of returning from the lake or orchard. In summer time, spider flower trees fill the woodswith pink and purple shades. Autumn time, has leaves falling from the trees and they line the ground,making a kind of chestnut carpet. The winter time brings, an enchanting sight of tecoma trees in shades ofrose, white and yellow.

Ten years ago, Santa Marina Farm experienced a new cycle of growth. It was in 2002 that the fourdaughters of the proprietors got together to transform the ambience into “the house of everyone”. The fourMarias (Sandra Maria, Wanda Maria, Martha Maria and Cláudia Maria) created a welcoming hotel on thefarm. In the family’s opinion, today, the story of each guest intertwines with those of the people living onthe property. Both inspire rich narratives in the history of the bicentennary farm.

LIVRO-parte 3_Layout 1 3/9/12 1:09 PM Page 181

Page 182: Livro das Fazendas - miolo

182

Fazenda das Minhocas

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:36 PM Page 182

Page 183: Livro das Fazendas - miolo

183

A Fazenda das Minhocas, antiga propriedade edificada no século XVIII, fica às margens

do Rio das Velhas, no município de Jaboticatubas, região Central de Minas. Sua constru-

ção foi iniciada em 1712 para integrar o Recolhimento de Macaúbas. Na propriedade fun-

cionou um engenho para moer cana-de-açúcar, foi fazenda de abastecimento e casa de

retiro para as irmãs recolhidas.

Também teve papel importante na colonização e formação da cultura das Minas Gerais,

ao tornar-se, no último quarto do século XVIII, o primeiro educandário feminino da Pro-

víncia. Para lá foram enviadas as nove filhas da lendária ex-escrava Chica da Silva, que

reinava em Diamantina ao lado do contratador João Fernandes.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:36 PM Page 183

Page 184: Livro das Fazendas - miolo

184

A Fazenda das Minhocas esteve na rota dos tropeiros e hoje

integra o conjunto histórico-cultural do estado. O sábio dina-

marquês Peter Lund, que explorou as grutas da região em pes-

quisas paleontológicas, descansava ali.

A imponente construção de dois andares exibe característi-

cas de arquitetura colonial, com detalhes ricos e delicadamente

dispostos. Na fachada, a propriedade tem janelas e portas de

madeira e varandas em toda a extensão. Já na parte interna,

possui cômodos amplos e decorados com mobiliário da época.

A Fazenda das Minhocas ainda conta, no final da varanda,

com uma capela barroca e benfeitorias pitorescas, como um

moinho secular. Merecem visita também os canais e as antigas

lavras de mineração de ouro. Aquela é uma das mais ricas re-

giões de Minas em registros culturais, não só do Ciclo do Ouro,

mas também da pré-história, preservados por pinturas rupes-

tres encontradas em grutas e sítios arqueológicos.

Hoje a propriedade funciona como hotel-fazenda. Todos os

seus atrativos vêm criando nos arredores da Fazenda das Mi-

nhocas um pólo completo de turismo. História, ecologia e pa-

leontologia são acessíveis aos hóspedes e visitantes.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:36 PM Page 184

Page 185: Livro das Fazendas - miolo

185

Minhocas Farm

The Minhocas Farm, the old property built in the XVIIIth century, is on the banks of the Rio das Velhas,in the District of Jaboticatubas, Central Minas region. Its construction was begun in 1712 to become part ofMacaúbas Cloister. There was a sugar can mill on the property, for grinding the cane, it was a spurveyancefarm and a retreat house for the cloistered nuns.

It also played an important part during the Colonization and the structuring of the culture of MinasGerais, after becoming, the first educational institution for women, during the last quarter of the XVIIIthcentury. That was where the nine daughters of the legendary former slave Chica da Silva, who reigned inDiamantina at the side of her husband, contratactor João Fernandes, were sent to school.

The Minhocas Farm was on route of the troopers and today it is part of the historical-cultural picture ofthe State. The Danish scholar Peter Lund, who explored the caverns of the region as part of his Paleotologyresearch, used to rest here.

The powerful two story construction evinces Colonial architectural characteristics with rich details andare delicately placed. On the façade, the property has wooden windows and doors and verandahs throughand through. On the inside, it has spacious rooms, decorated with furniture of the time.

The Minhocas Farm includes, at the end of the verandah, a Baroque chapel as well as picturesqueimprovement, such as a centenary mill. One should not miss a visit to canals and old gold mining sites. Thatis one of the richest regions of Minas registered in cultural records, not only of the Gold Cycle, but of pre-history, whose representation can be seen in rupestrian paintings found in caverns and archeological sites.

Today the property operates as a hotel on the farm. All of its attractions have been arising, in the areasadjacent to Minhocas Farm, a rather complete tourist center. History, ecology and paleontology are accessibleto both guests and visitors.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:37 PM Page 185

Page 186: Livro das Fazendas - miolo

186

Fazenda do Cipó

A Fazenda do Cipó,

inicialmente batizada

de Fazenda de Santa

Cruz, está localizada no

município de Santana

do Riacho, na parte Sul

da Cordilheira do Espi-

nhaço, em Minas Gerais.

Seu primeiro proprietá-

rio foi Roberto de Are-

dea e Vasconcellos, que recebeu sua carta de sesmaria em

1744. No local, foi aproveitado um rancho construído por

bandeirantes, no século XVII, para a estruturação da co-

zinha. Em 1823, a fazenda foi vendida e ampliada.

O terreno escolhido para sediar a casa-grande era es-

tratégico, às margens do caminho que ia em direção as

regiões do Serro e Diamantina e próximo ao rio Cipó. De

fachada simples e austera, a casa tem janelas e portas

retangulares, típicas das propriedades rurais da época.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:37 PM Page 186

Page 187: Livro das Fazendas - miolo

187

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:37 PM Page 187

Page 188: Livro das Fazendas - miolo

188

Na parte interna tem 14 cômodos, entre eles seis quartos amplos e outros dois

menores. Há também uma área construída ao redor de onde funcionava uma fá-

brica de farinha de mandioca, uma cozinha, um moinho ainda em funciona-

mento, quarto com banheiro e antigas senzalas.

No passado, a economia da fazenda era diversificada. Cultivava-se milho,

feijão, arroz e outras culturas que se adequavam ao clima da região. Do trigo

colhido no quintal era preparada a farinha consumida pelos moradores da

casa. Óleo de mamona e de côco macaúba eram extraídos em pesadas pren-

sas de madeira na própria fazenda. Também havia criação de gado de corte e

de porcos canastrões.

A mão-de-obra escrava foi intensiva. E, diferentemente do que ocorria em

outras propriedades, há relatos de que na Fazenda do Cipó esses serviçais eram

tratados de forma humanizada. Eram bem alimentados, vestiam-se com roupas

de algodão tecidas em teares manuais por escravas habilidosas e ainda rece-

biam assistência espiritual.

Atualmente a Fazenda Cipó funciona como hotel e é administrada por Antô-

nia Terezinha. Turistas de várias partes do país, em busca de sossego e bem-

estar, riqueza cultural e natureza, hospedam-se na Fazenda Cipó. Entre os

atrativos estão uma capela construída em 1829 e um pequeno memorial instalado

na antiga senzala.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:37 PM Page 188

Page 189: Livro das Fazendas - miolo

189

Cipó Farm

The Cipó Farm, initially called Santa Cruz Farm, is located in the District of Santana do Riacho, in the Southern partof the Espinhaço Mountain range, in Minas Gerais. Its first proprietor was Roberto de Aredea e Vasconcellos, whoreceived his land grant in 1744. At the place itself, a ranch built by the bandeirantes had been left behind, in the XVIIthcentury, and it became the structure used as a kitchen. In 1823, the farm was sold and enlarged.

The land chosen to be the seat of casa-grande was strategic, on the side of the road going toward the regions ofSerro and Diamantina and next to the Cipó River. Having a simple and austere façade, the house had rectangularwindows and doors, which were typically found on rural properties of the time. On the inside, there were 14 rooms,six, among them, being spacious bedrooms, while there were two others which were smaller. There was also anadditional area built around the main house, where a manioc flour factory operated, beside a kitchen, a mills whichis still working, a bedroom with bathroom and old slave quarters.

In the past, the economy of the farm was rather diversified. Corn, beans and rice were planted and were grownaccording to the weather patterns of the region. From the wheat collected in the yard, was prepared the floured usedby the dwellers of the house. Castor bean oil and macaúba coconut oil was extracted at heavy wooden presses on thefarm itself. There was also the raising of beef cattle and castrated pigs.

Slave labor was quite used. And, quite differently from what happened on other properties, there are reportsthat on Cipó Farm, these workers were treated humanely. They were well fed, dressed in cotton clothes, woven on thehand looms by talented slaves, and they received spiritual direction, as well.

Currently Cipó Farm operates as a hotel and is administered by Antônia Terezinha. Tourists from various parts ofthe country, in search of peace and well being, added to cultural and natural riches, stay at Cipó Farm. Among theattractions is a chapel built in 1829 and a small memorial housed at the old slave quarters.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:37 PM Page 189

Page 190: Livro das Fazendas - miolo

190

Fazenda Barbosa

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:37 PM Page 190

Page 191: Livro das Fazendas - miolo

191

A Fazenda Barbosa teve seu nome inspirado pelo córrego dos Barbosa, que cruzava o

terreno da propriedade. Está situada no município de Sabinópolis, na região do Vale do

Rio Doce, em Minas Gerais. A construção tem estilo colonial do século XVIII, encanta pela

imponência de suas janelas e portas que possuem formato triangular na parte superior.

Em seus dois pavimentos, a sede possuía, na parte interna do segundo andar, cinco

quartos, uma sala de jantar e de visitas, e uma pequena cozinha. O banheiro, como era

de costume na época, não pertencia ao corpo da casa e se localizava na área externa.

A parte inferior do imóvel servia para a ordenha do gado leiteiro.

A economia da fazenda girava em torno do cultivo de milho, café, arroz, mandioca,

cana-de-açúcar, hortaliças e frutas. Com o passar dos anos, algumas mudanças na es-

trutura da Fazenda Barbosa foram feitas para adaptar a casa ao estilo de vida atual.

Foram necessárias algumas reformas, mas sem tocar nos arranjos mais importantes da

arquitetura original.

A bela fachada é composta por uma varanda extensa que percorre toda a frente. Mó-

veis e utensílios antigos, em excelente estado de conservação, podem ser encontrados

como peças decorativas da casa, e estão organizados sempre de forma impecável.

Desde 1954, a propriedade pertence ao casal Oswaldo Jairo Pires de Miranda e Hilda

Maria Coelho de Miranda, que moram no local e buscam preservar costumes e tradições.

A cria e recria de gado Nelore é a principal atividade econômica na fazenda, onde tam-

bém é fabricado o famoso queijo típico do Serro. Para manter a fazenda bem cuidada,

cinco empregados, além dos proprietários, trabalham no local.

Assim como no passado, a Fazenda Barbosa é frequentada por amigos e familiares

dos proprietários. Privilegiada pela natureza exuberante que a cerca, é um espaço de

bem-estar, descanso, história e lazer.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:37 PM Page 191

Page 192: Livro das Fazendas - miolo

192

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 192

Page 193: Livro das Fazendas - miolo

193

Barbosa Farm

The Barbosa Farm got its name from the Barbosastream, which went through the property and it is locatedin the District of Sabinópolis, in the region of the Rio DoceValley, in Minas Gerais. The construction has an XVIIIthcentury Colonial style, charms with the greatness of itswindows and doors, which have a triangular format on itupper side.

On its two floors, the seat had, on the inside of thesecond floor, five rooms, a dining room and a living roomand a small kitchen. The bathroom according to customs ofthe time, was not part of the body of the house and waslocated outside. The lower part of the house was used formilking the dairy cattle.

The economy of the farm depended on the planting ofcorn, coffee, manioc, sugar cane, vegetables and fruits. Astime went on, some changes in the structure of the farmwere made to adapt the house to the current way of life.Some refurbishing was needed, while excluding the mostimportant parts of the original architecture.

The beautiful façade is made up of a long verandahwhich runs along the entire front. Furniture and oldutensils, in perfect conditions, can be found as decorations,and they are always found in impeccable shape.

Ever since 1954, the property has belonged to OswaldoJairo Pires de Miranda and Hilda Maria Coelho de Miranda,a couple, who live on the place and try to keep up customsand traditions. Raising and fattening Nelore cattle is theprincipal economic activity on the farm, where the famous,typical Serro cheese is made. Keeping the farm well caredfor, demands the work of five employees, as well as that ofthe owners on the place.

Just as in the past, the Barbosa Farm is a meeting placefor friends and relatives of the proprietors. It is a place whichis privileged by the exuberant nature which surrounds theseat, making it a space of well being, rest, history and leisure.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 193

Page 194: Livro das Fazendas - miolo

194

Fazenda do RibeirãoLocalizada no município de Dom Joaquim, na região Central de Minas,

acredita-se que a Fazenda Ribeirão tenha sido a propriedade pioneira

construída na localidade. Considerada uma das mais antigas moradias

edificadas ao longo da Estrada Real, a fazenda foi erguida no início do sé-

culo XVIII, por volta de 1700 a 1710, por um bandeirante. Inicialmente, a

sede se chamava Fazenda Ribeirão Sem Peixe.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 194

Page 195: Livro das Fazendas - miolo

195

A arquitetura tem influência europeia e estilo bandeirista português. A casa

guarda toda a originalidade da época em que foi construída. A fazenda foi cenário

de episódios emocionantes ligados à busca de riquezas, em especial o ouro que

atraía contingentes de aventureiros às minas. Pela propriedade passaram valiosas

cargas de ouro e diamantes. Era uma espécie de desvio utilizado por aqueles que ten-

tavam driblar os postos de cobrança do quinto devido à Coroa Portuguesa. Nessa fa-

zenda, os garimpeiros escondiam parte do ouro e dos diamantes que seguiriam para

os portos do Rio de Janeiro e Paraty.

Outra característica da propriedade é a intensidade do trabalho escravo. A sen-

zala localizada no porão da fazenda chegou a abrigar mais de 500 negros. Na eco-

nomia, o grande destaque foi o cultivo de cana-de-açúcar. Durante um bom tempo,

a fazenda foi a única produtora de cachaça, açúcar e outros alimentos na região.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 195

Page 196: Livro das Fazendas - miolo

196

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 196

Page 197: Livro das Fazendas - miolo

197

Ribeirão Farm

Situated in the District of Dom Joaquim, in the Central Minas region, it is believed that RibeirãoFarm is the pioneer property built on the locale. It is considered one of the oldest dwelling placesbuilt along the Estrada Real and the farm was erected at the beginning of the XVIIIth century,around 1700 to 1710, by a bandeirante. Initially, the seat was called Ribeirão Sem Peixe Farm.

The architecture has European roots and a Portuguese Bandeirista style. The house keeps allof the originality of the time at which it was built. The farm was the scene of moving episodesconnected with the search for riches, in particular, the search for gold, which drew mobs ofadventurers to the mines. Valuable loads of gold and diamonds went through the property. It wasa kind of detour used by those wanting to dribble past the posts which charge the fifth tax owedto the Portuguese Crown. On this farm, the gold panners would hide part of the gold anddiamonds which traveled on to the ports of Rio de Janeiro and Paraty.

Another characteristic of the property was the intensity of the slave labor. The slave quarterswere located in the basement of the farm and sheltered more than 500 blacks. In the economy,great importance was placed on growing sugar cane. For a long time,the farm was the only producerof firewater, sugar and other food in the region.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 197

Page 198: Livro das Fazendas - miolo

198

Chácara do Barão do SerroErguida na segunda metade do século XIX como resi-

dência de dois políticos importantes e bastante influentes

na época, a Chácara do Barão do Serro está localizada no

município do Serro, na região central de Minas. Moraram

na casa os irmãos José Joaquim Ferreira Rabelo e Sebastião

José Ferreira Rabelo. Este último tinha a patente de doronel

e recebeu do imperador D. Pedro II, em 1879, o título de

barão do Serro.

A antiga construção é do estilo gótico que floresceu na

Europa medieval. A estrutura, em forma de "U", é com-

posta por um pátio interno, de piso em "pé-de-moleque",

com formações florais que remetem a uma herança mou-

risca da arte Islâmica. Entre os materiais mais utilizados na

obra estão madeira e taipa.

A casa tem belas portas e janelas com vidraças colori-

das. A entrada é formada por um patamar demarcado por

um gradil de ferro e duas escadas laterais simétricas. Neste

ponto, destacam-se três bancos trabalhados em pedra

sabão, que imitam poltronas, fixados entre as quatro por-

tas que dão acesso à parte frontal da casa.

O grande portão de entrada da chácara, de ferro tra-

balhado, é sustentado por duas colunas de pedra, sobre

as quais descansavam originalmente dois grandes leões

esculpidos em mármore.

Na cozinha, chamam a atenção uma pia e um fogão a

lenha, também elaborados em pedra-sabão. Muitos ou-

tros ambientes e peças merecem destaque. Entre eles

podem ser citados os muros em pedra e o chafariz que en-

feita o jardim, desenvolvido em cantaria, uma das mais

antigas técnicas de construção aplicada em pedras, com

efeito decorativo e estrutural.

Na entrada da chácara, um caldeirão usado por antigos

tropeiros para preparar alimentos é uma homenagem ao

grupo de desbravadores. A casa, que desde 1975 pertence

ao IEPHA, passou por um processo de restauração e atual-

mente abriga atividades e entidades ligadas à educação,

à cultura e ao turismo.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 198

Page 199: Livro das Fazendas - miolo

199

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 199

Page 200: Livro das Fazendas - miolo

200

Barão do Serro Country House

Raised during the second half of the XIXth century asresidence of the two important and quite influentialpoliticians of the time, that of the Barão do Serro CountryHouse is located in the District of Serro, in the Central regionof Minas. The brothers José Joaquim Ferreira Rabelo andSebastião José Ferreira Rabelo lived in the house. The formerheld the rank of colonel and received from D. Pedro II, in1879, the title of baron of Serro.

The old construction is of the Gothic style, whichflourished in medieval Europe. The “U” shaped structure iscomposed of an internal pátio, "peanut brittle" type floor,with floral shapes which remind one of the Islamic artMoorish inheritance. The materials which are most used inthe work are wood and wattle.

The house has beautiful doors and window with stainedglass. The entrance is made up of a landing, delimited by aniron gate and two symmetrical stairs on the side. At thispoint, three benches made of carved soap stone, resemblingarmchairs, are fixed between the four doors which give wayto the front of the house.

The big gate at the entrance of the country place, madeof carved cast iron, is supported by two stone columns, onwhich rested two large lions sculpted in marble, originally.

In the kitchen, a sink and a wood stove also built out ofsoap stone draw the visitor’s attention. Many otherambiences and pieces also deserve special mention.Amongst them are a stone wall and the fountain whichadorn the garden, developed in stonework, one of theoldest construction techniques applied to stone cutting,with a decorative and structural effect.

At the entrance of the place, a caldron used by the oldtroopers in the preparation of food renders homage to thegroup of pioneers. The house, which since 1975 belongs toIEPHA, went through a refurbishing process and it currentlyhosts activities and groups connected to education, cultureand tourism.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 200

Page 201: Livro das Fazendas - miolo

201

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:38 PM Page 201

Page 202: Livro das Fazendas - miolo

202

Fazenda Horizonte BeloA Fazenda Horizonte Belo foi fundada no início do século XX por seu

idealizador, Mário Pires de Oliveira. A abundância de água naquela ver-

tente da Serra do Espinhaço, localizada no município do Serro, em Minas

Gerais, foi um dos motivos da escolha da localização da bela proprie-

dade. Com mais de 400 m² de área construída, a sede da fazenda tem 17

cômodos amplos e confortáveis. A casa é toda arejada, possui varandas

espaçosas, pé-direito com mais de três metros de altura e portas que

chamam a atenção pelo tamanho, com cerca de 2,5 metros de altura.

Uma casa tão grande justificava-se pelo número de pessoas que

nela viviam. Eram 18 moradores, fora os hóspedes temporários. Há re-

latos de que muita gente frequentava a Fazenda Horizonte Belo. Polí-

ticos influentes e fazendeiros estavam entre eles. O proprietário ficou

conhecido por dispor de dinheiro para fazer empréstimos. Apenas isso

já se tornou um atrativo suficiente para justificar um grande trânsito de

visitantes à fazenda.

A produção agrícola era para a despesa da casa. Para gerar renda,

Pires de Oliveira dedicava-se à criação de gado de leite e de corte. Na

fazenda também se fabricava o queijo do Serro, que ficou conhecido

como uma das mais importantes tradições de Minas. Atualmente, a Fa-

zenda Horizonte Belo se destaca como a principal produtora de leite da

região do Serro, produz

queijo artesanal e uma

cachaça bastante apre-

ciada pelos apreciadores,

a Velha Serrana.

Ao todo, 20 funcioná-

rios cuidam da manuten-

ção da propriedade, que

está sob a direção de Epa-

minondas Pires de Mi-

randa, neto de Mário Pires

de Oliveira. A família, que

se orgulha da história da

propriedade, busca man-

ter viva a tradição e os va-

lores repassados.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 202

Page 203: Livro das Fazendas - miolo

203

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 203

Page 204: Livro das Fazendas - miolo

204

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 204

Page 205: Livro das Fazendas - miolo

205

Horizonte Belo Farm

At the beginning of the 1900’s, the Horizonte Belo Farm was founded by its idealizer,Mário Pires de Oliveira. The abundance of water at that source in Serra do Espinhaço,located in the District of Serro, in Minas Gerais, was one of the reasons for choosing thelocation of the beautiful property. Having more than 400 m² of constructed area, the seatof the farm has 17 ample and comfortable rooms. The well ventilated house, has spaciousverandahs, a central post of more than three meters high and doors whose size drawattention, due to their nearly 2.5 meters height.

Such a large house was justified by the 18 people who lived there, to say nothing oftemporary visitors. There are reports that many people visited Horizonte Belo Farm. Amongthem were influential politicians and farmers. The owner was known for having so muchmoney that he made loans. This fact alone was enough of an attraction to justify the largetransit of visitors to the farm.

Agricultural production covered household expenses. Pires de Oliveira raised income bydevoting himself to raising dairy and meat cattle. The farm also made Serro cheese, whichbecame known as one of the important traditions of Minas. Currently, the Horizonte Belo Farmstands out as the principal milk producer of the Serro region, makes homemade cheese and arather good firewater which is favored by the principal buffs, in Velha Serrana.

All told, 20 employees take care of the property upkeep, which is directed byEpaminondas Pires de Miranda, the grandson of Mário Pires de Oliveira. The family, whichtakes pride in the property history seeks to keep traditions and inherited values alive.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 205

Page 206: Livro das Fazendas - miolo

206

Fazenda Engenho de Serra - Serro

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 206

Page 207: Livro das Fazendas - miolo

207

A Fazenda Engenho de Serra foi construída em 1930, por Pedro Si-

mões Neves, no município do Serro, estado de Minas Gerais. Nela, dedi-

cava-se à produção de grãos, cana-de-açúcar e seus derivados, à

pecuária leiteira e também à fabricação de queijos, que hoje se tornou

a atividade que deu fama à propriedade. O transporte de mercadorias

e pessoas sempre dependia dos cavalos e burros criados na fazenda.

Construída em pau-a-pique, a casa é composta por oito cômodos.

Foi inspirada nas construções coloniais e, com o passar dos anos, teve

de ser submetida a reformas de manutenção. Algumas melhorias foram

feitas, buscando sempre não descaracterizar a antiga propriedade.

Um dos ambientes de destaque da Fazenda Engenho de Serra é o an-

tigo porão, também conhecido por salão do queijo, onde ficam guar-

dadas peças antigas da produção de laticínios.

Atualmente, Jorge Brandão Simões, filho do antigo dono, administra

a propriedade com a ajuda de dois empregados, seus colegas de infância

criados na própria fazenda. Com tradição de excelência, a criação de gado

de leite e a produção de derivados do leite são mantidas até o presente.

O turismo rural também ganhou lugar. A fazenda é ponto de encon-

tro da família e constantemente procurada por turistas que a visitam

para adquirir laticínios e conhecer o processo de produção do queijo ar-

tesanal do Serro e apreciar as belezas naturais da região.

Cachoeiras, verdes matas e igrejas centenárias proporcionam um pas-

seio inesquecível a quem gosta de cultura, aventura e meio ambiente.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 207

Page 208: Livro das Fazendas - miolo

208

Engenho de Serra Farm - Serro

The Serro Farm was built in 1930, by Pedro Simões Neves, in the District of Serro in the State of Minas Gerais.On the farm, he devoted himself to the production of grains, sugar cane and its byproducts, dairy cattle andthe making of cheese, which is the activity that made his property have the fame it does today. Thetransportation of goods and people always depended on the horses and donkeys raised on the farm. It was builtout of wattle, and the house is made up of eight rooms. It was inspired on the Colonial constructions of thedecade of the 30’s, and with the passing of years, it had to be submitted to upkeep through refurbishing. Someof the improvements were made, always keeping in mind to not decharacterize the old property.

One of the outstanding ambiences of the farm is the old basement, also known as the cheese room, whereold utensils used in dairy products production are kept.

Currently, Jorge Brandão Simões, son of the former owner, administers the property with the assistance oftwo employees, childhood colleagues, who were raised on the farm itself. Having a tradition for excellence,raising dairy cattle and the production of milk byproducts have been kept up to the present time.

Rural tourism also earned a place on the farm. The farm is a family meeting place and it is constantlysought after by tourists who visit to learn about the process of artisan cheese production and enjoy the naturalbeauty of the region.

Waterfalls, green forests and centenary churches offer an unforgettable outing for those who enjoy culture,adventure and the environment.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 208

Page 209: Livro das Fazendas - miolo

209

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 209

Page 210: Livro das Fazendas - miolo

210

Fazenda Recanto do Vale

Propriedade construída há três séculos, a Fazenda Recanto do

Vale fica no município de Milho Verde, próxima às nascentes do

Rio Jequitinhonha. Dista 23 km da cidade de Diamantina e fica às

margens da Estrada Real, no mesmo circuito do povoado do Vau,

das cidades de São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde e

Serro. Sua extensão total é de 220 alqueires.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:39 PM Page 210

Page 211: Livro das Fazendas - miolo

211

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:40 PM Page 211

Page 212: Livro das Fazendas - miolo

212

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:40 PM Page 212

Page 213: Livro das Fazendas - miolo

213

Com vegetação predominantemente de cerrado,

cerradão e savana, a área faz parte da Fazenda São

José. A casa é uma típica construção colonial, que, na

época da exploração de ouro e diamantes, funcionou

como base para o abastecimento de garimpeiros que

buscavam riquezas na região. Ao longo dos anos

foram necessárias algumas reformas de manutenção

e adaptações, mas o casarão preserva muitas das ca-

racterísticas seculares da época de sua fundação.

Atualmente, a Fazenda Recanto do Vale funciona

como hotel e recebe hóspedes de várias partes do país

e também do exterior. Além de aproveitar as riquezas

históricas, o visitante também pode contar com bele-

zas naturais características da região.

Entre os vários passeios que podem ser desfruta-

dos nas redondezas da Pousada Rural Recanto do

Vale, está a formação natural do sítio arqueológico

do Vau. Conhecido como gruta dos Quilombos, o local

guarda pinturas rupestres datadas de 4 mil anos.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:40 PM Page 213

Page 214: Livro das Fazendas - miolo

214

Recanto do Vale Farm

A property built three centuries ago, the Recantodo Vale Farm is in the District of Milho Verde, nearthe headwaters of the Jequitinhonha River. It is 23kms. away from the city of Diamantina and is on theedge of the Estrada Real, in the same circuit as thehamlet of Vau, of the cities of São Gonçalo do Rio dasPedras, Milho Verde and Serro. Its total size is 220alqueires.

Having predominantely brush, brushwood andsavannah vegetation, the farm area is part of the SãoJosé Farm. The house is a typical Colonial construction.During the gold prospecting and diamondprospecting time, it operated as a purveyanceoperation for gold panners seeking for gold in theregion. Throughout the years some maintenance andadaptation refurbishing was needed, but thehomestead still has many of the centennialcharacteristics of the time of foundation.

Currently, Recanto do Vale Farm operates as ahotel and takes in guests from several parts of thecountry as well as from abroad. In addition toenjoying the historical wealth, the visitor can counton the characteristic natural beauty of the region.

Among several excursions which can be enjoyedin the area surrounding the Pousada Rural Recanto doVale, is the archeological natural of the Vauarcheological site. Known as the cavern of theQuilombos, it is possible to find Rupestrian paintingswhich date back 4 thousand years.

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:40 PM Page 214

Page 215: Livro das Fazendas - miolo

215

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:40 PM Page 215

Page 216: Livro das Fazendas - miolo

216

Referências bibliográficas

ABCCMM. A história do cavalo Mangalarga Marchador. As-

sociação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Mar-

chador, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. 89p.

CASIUCH, Ricardo. O romance da raça; histórias do cavalo

Mangalarga Marchador. São Paulo: Empresa das Artes, 1997.

CRUZ, Cícero Ferraz. Fazendas do Sul de Minas Gerais; arqui-

tetura rural nos séculos XVIII e XIX. Coleção Arquitetura –

Programa Monumenta. [Belo Horizonte]: Iphan/Ministério da

Cultura, 2010. 354p.

ESTRADA REAL: BRASIL. Série Guias Empresas das Artes de

Turismo no Brasil. São Paulo: Empresa das Artes, 2005. 288p.

METZKER, Márcio. Estrada Real: o ouro se foi; que venha o

euro. In: Revista Sebrae. Brasília, n.12, jan./mar. 2004. p 46-75.

PIRES, Fernando Tasso Fragoso; CRUZ, Pedro Oswaldo. Fazen-

das; solares da região cafeeira do Brasil imperial. Rio de Ja-

neiro: Nova Fronteira. 1986. 195p.

PRADO, Raul Sampaio de Almeida. Raízes Mangalarga. São

Paulo: Empresa das Artes, 2008.

SANTOS, Ângelo Oswaldo de Araújo; IGLÉSIAS, Francisco; ME-

NEZES, Ivo Porto de. Fazendas Mineiras. Companhia Energética

de Minas Gerais (Cemig), Belo Horizonte, 2007. 332p.

SANTOS, Márcio. Estradas reais; introdução dos caminhos do

ouro e do diamante no Brasil. Belo Horizonte: Estrada Real,

2001, 179p.

Instituto Estrada Real: site.er.org.br

Wikipédia: www.wikipedia.org.br

ProdutorLúcio Nicolini Lopes

Coordenação editorialEduardo Venturoli

Assessoria de projetoLuiz Carlos Campos

Textos e pesquisa históricaRenata Marques

Textos, copydesk e redação finalMárcio Metzker

TraduçãoMaria Cristina Quiñonez

RevisãoLairton Liberato

Projeto gráfico e editoraçãoDaniela César

FotografiasCarlos Guilherme de SouzaGeidy RomeiroEduardo VenturoliJune SabinoMárcio MetzkerMarcelo Eduardo

Tratamento de imagensAndré César

EdiçãoTOP 2000 EDITORABelo Horizonte (MG) - Brasil(31) 21032828 / www.top2000.com.br

ImpressãoEGL EDITORES GRÁFICOSBelo Horizonte/MG

Ficha técnica

Lopes, Lúcio NicoliniL864 História das fazendas tradicionais da Estrada Real /

Lúcio Nicolini Lopes e Eduardo Venturoli; textos epesquisa histórica: Renata Marques e Márcio Metzker;tradução para o inglês: Maria Cristina Quiñonez. – Belo Horizonte: Top 2000, 2012.

240p. : il.Contém fotos.Edição bilíngüe – português / inglêsTítulo em inglês: History of the traditional farms of

the Royal Road.

1.Estrada Real – Minas Gerais – História. 2.EstradaReal – Minas Gerais – Fazendas tradicionais – História.3. Estrada Real – Minas Gerais – Obra ilustrada. I. Venturoli, Eduardo. II. Título. III. Título.

CDD: 981.51CDU: 910.4

LIVRO-parte 4_Layout 1 3/9/12 1:40 PM Page 216