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Livro das Horas Para prática diária e sazonal Clann Bhride Filhos de Brighid Acendei-me como Vossa chama. Tocai-me como Vossa harpa. Mantende-me em Vosso manto. Guiai-me à Vossa lareira.

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Livro das Horas Para prática diária e sazonal

Clann Bhride Filhos de Brighid

Acendei-me como Vossa chama. Tocai-me como Vossa harpa.

Mantende-me em Vosso manto. Guiai-me à Vossa lareira.

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Para saber mais sobre o Clann Bhride, acesse https://clannbhride.wordpress.com/ e

https://www.facebook.com/groups/clannbhride/

Copyright ©2013 Aster Breo, Finn, Gilbride, Sage

Todo o material criado pelos membros do Clann Bhride, exceto onde indicado em contrário.

Traduzido por Marcelo Paschoalin, com a

colaboração de Rowena A. Seneween

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Índice SOBRE O CLANN BHRIDE ..................................................... 5 OS NOVE ELEMENTOS DO CLANN BHRIDE ......................... 11 DEDICAÇÃO ....................................................................... 29 PRÁTICAS DIÁRIAS ............................................................ 35

PRIMEIRA HORA: ORAÇÕES DE AMANHECER .............................. 38 1. Oração das Três Irmãs ............................................. 38 2. Oração do Acendimento da Chama ......................... 38 3. Oração do Amanhecer ............................................. 39

SEGUNDA HORA: ORAÇÕES DE GRATIDÃO ................................. 41 1. Graça ....................................................................... 41 2. Oferendas ................................................................ 41 3. Oração do Dia .......................................................... 43

TERCEIRA HORA: ORAÇÕES DE ANTES DE DORMIR ...................... 45 1. Oração dos Sete Elementos ..................................... 45 2. Oração do Acendimento da Chama ......................... 46 3. Oração Noturna ....................................................... 48

PRÁTICAS OCASIONAIS ..................................................... 51 CONTAS DE ORAÇÃO .............................................................. 53 GUARDA DO POÇO ................................................................ 56 SAIN ................................................................................... 58 CURA ................................................................................. 60 SLOINNTIREACHD BRIDE ......................................................... 62

FESTIVAIS DO FOGO .......................................................... 67 BRIGHID E OS TEMAS DOS FESTIVAIS ......................................... 69 VISÃO GERAL DOS RITUAIS ...................................................... 69 IMBOLC ............................................................................... 71

Latha an Caillich .......................................................... 73 BELTANE ............................................................................. 74

Solstício de Verão ........................................................ 75 LUGHNASADH ...................................................................... 76

Cailleach an Dudain ..................................................... 77 SAMHAIN ............................................................................ 78

Solstício de Inverno ...................................................... 79

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RITOS DE PASSAGEM ........................................................ 81 BENÇÃO DE NASCIMENTO ....................................................... 83 BENÇÃO AO JOVEM ADULTO ................................................... 85 BÊNÇÃO DO LAR .................................................................... 89 BÊNÇÃO AOS MORTOS ........................................................... 91

ENSAIOS E INFORMAÇÕES ................................................ 93 BRIGHID: SENHORA DAS NOSSAS LAREIRAS, SENHORA DOS NOSSOS

CORAÇÕES............................................................................ 95 O QUE É O PAGANISMO BRIGIDINO? ....................................... 141 A BRIG: ENERGIA DIVINA DA CRIAÇÃO .................................... 148 SANTA E AVATAR................................................................. 154 PREPARANDO UM ALTAR ...................................................... 158 PREPARANDO UMA CRUZ DE BRIGHID ..................................... 160 O RITUAL DO CALDEIRÃO ...................................................... 166

Uma prática bárdica mística ...................................... 166

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Sobre o Clann Bhride

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O Clann Bhride, ou os Filhos de Bri-ghid, é um pequeno grupo de pessoas que, juntas, construíram uma estrutura e uma prática religiosa devotada à deu-sa celta Brighid e aos Seus Mistérios.

O Clann Bhride tem uma base sólida na história, no folclore, na tradição e no mito. Porém, essa base é apenas o co-meço: os antigos celtas dependiam da história e do conhecimento, mas davam ainda mais ênfase e reverência ao Im-bas, à inspiração e à adaptação.

Como membros de uma sociedade ocidental moderna, buscamos inspira-ção e criação contemporânea, usando várias ferramentas de estudo para in-terpretação dos textos, dos trabalhos criativos, e da síntese com outras inspi-rações religiosas para agregar à fundação histórica. Apesar de não nos considerarmos Reconstrucionistas Cel-tas, nosso objetivo é criar um caminho espiritual focado especificamente em Brighid e em Seus Mistérios, baseado na história e moldado pela inspiração. As-sim, por meio do Clann Bridhe, esperamos compartilhar nosso entender acerca de Brighid e nosso meio de hon-

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rá-La cultivando uma prática que é re-levante às nossas vidas hoje, e que seria também reconhecida como autêntica por qualquer devoto de Brighid dos tempos antigos.

Portanto, o trabalho de pesquisa e análise das evidências é um dos guias de nossa prática, mas é algo que não faz do Clann Bhride um caminho de estu-do, mas de devoção. Não sentimos que precisamos provar algo, nem conside-ramos nossas teorias como hipóteses que precisem ser testadas e comprova-das ou não. Ao invés disso, estamos interessados em usar tais perguntas para explorar completamente essas e outras ideias acerca de Brighid, Suas origens, Sua natureza, Sua obra, e nossa relação com Ela.

Foi ao empreender o esforço de cons-truir um caminho estruturado e pesquisar as culturas celtas mais a fun-do que descobrimos como A adorar e como Dela nos aproximar. Pesquisa e aprendizado são atos devocionais para nós, mas não são o produto final de nossos esforços: nossa pesquisa é uma ferramenta no desenvolvimento de uma

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prática viva, e a usamos para construir a estrutura e a substância de um cami-nho espiritual contemporâneo que tem relevância no mundo real e funciona de verdade para pessoas reais, pessoas como a gente.

O cerne desse caminho é tentar com-preendê-La, e à Sua obra, e ao Chamado que Ela nos faz: o Chamado para reali-zar Sua obra. Brighid tem muito a fazer, e Ela nos quer, pois precisa de nós para ajudá-La a fazê-lo.

A pergunta que devemos nos fazer é esta: O que devo fazer por Brighid? Ou O que Brighid tenta fazer através de mim? Ou ainda, Como eu melhor posso servi-La?

Enquanto continuamos a estruturar nossa prática, traremos nossos pensa-mentos e nossas teorias pessoais à vida, assim como Brighid traz o fogo da ins-piração em palavras, em obras de arte, em nas histórias que temos como nos-sas.

—Aster Breo e Finn

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Os Nove Elementos do

Clann Bhride

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1. O Clann Bhride, ou os Filhos de Bri-ghid, é uma ordem religiosa para devotos da deusa Brighid que ouviram o chamado para um estilo de vida de oração e prática espiri-tual diária.

O Filhos de Brighid procuram levar vidas de foco e devoção extraordinários, realizando a obra de Brighid neste mundo por quaisquer meios possíveis sob Sua orientação.

É claro que o melhor meio de desco-brir o que Brighid deseja de você é simplesmente perguntar a Ela, mas po-de ser de grande ajuda pensar sobre os diferentes aspectos de Brighid como caminhos de serviço:

Poesia – não se refere somente à poesia, mas também música, sa-bedoria, literatura, aprendizado e prática mística. Todos esses con-ceitos eram parte do caminho da poesia entre os antigos irlandeses e outros povos celtas.

Forja – também se refere a qualquer forma de artesanato, escultura, ou trabalho criativo manual.

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Cura – também tem relação com qualquer tipo de cura – mental, fí-sica ou espiritual.

Justiça – pode se referir à defesa daqueles que se veem privados de seus direitos, como no conto de Brig Ambue; à hospitalidade e à provisão de comida e bebida gra-tuita a quem precisar, como no conto de Brig Briugu; ou mudar o curso da guerra, trabalhando pela paz, como era dito que a Abades-sa de Kildare o fazia.

Apesar de cada um dos Filhos de Bri-ghid ser chamado principalmente para atuar como poetas, artesãos ou curan-deiros, o aspecto da justiça de Brighid é importante para o Clann Bhride: os Filhos de Brighid trabalham pela justiça social e pela paz usando todos os meios possíveis.

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2. Os Filhos de Brighid vivem como sacer-dotisas e sacerdotes da deusa Brighid em todas as Suas formas e por todos os Seus nomes, incluindo as três irmãs Brighid a Poetisa, Brighid da Forja, e Brighid a Curan-deira, filhas de Dagda nos mitos gaélicos.

Nesse contexto, a palavra sacerdotisa ou sacerdote não se refere (somente) ao serviço ministerial em nome de uma congregação, mas à prática devocional da deusa para e por Ela. Uma sacerdoti-sa do Clann Bhride pode ou não estar envolvida em uma comunidade maior para a prática espiritual, e pode ou não também cumprir um papel ministerial nessa comunidade de acordo com as circunstâncias envolvidas: ser uma sa-cerdotisa do Clann Bhride é atuar como uma sacerdotisa de um templo nos tempos antigos, cujo dever principal era a de louvar a divindade diariamente.

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3. Os Filhos de Brighid A honram como divindade criadora primal, que forjou o universo (como uma artesã) ou acompanhou seu nascimento (como uma parteira) ou entoou uma canção que o formou (como uma poetisa).

Na lógica polivalente da religião poli-teísta, a crença de que Brighid criou o universo não contradiz nenhuma lenda ou crença de que outra divindade o fez.

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4. Os Filhos de Brighid reconhecem Santa Brígida de Kildare como um avatar da deusa antiga, e consideram que as histórias relati-vas à santa se relacionam igualmente com as da deusa.

Uma teoria acerca de Santa Brígida e suas dezenove freiras é que formavam originalmente uma ordem de sacerdoti-sas ou druidesas que guardavam a chama eterna da deusa Brighid em Kil-dare, sendo sua grande sacerdotisa vista como a encarnação terrena de Bri-ghid. Se essa sacerdotisa teve de se converter ao Cristianismo para preser-var a chama de Brighid, pode ser essa a origem das lendas da santa. E na nossa época, Brighid começa a Se revelar co-mo uma deusa novamente depois de tantos séculos.

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5. Inspirados pelos exemplos de Santa Brígida de Kildare, assim como outras ma-nifestações da deusa Brighid como Brig Ambue e Brig Bretach, os Filhos de Brighid estão comprometidos com o trabalho pela justiça social e pelo avanço da causa da paz.

Entre os povos da Idade do Ferro que primeiro clamaram por nossa deusa Brighid, a guerra era um fato pratica-mente constante em suas vidas. Seus mitos e lendas têm muito a ver com as ações dos heróis guerreiros e as bata-lhas dos reis e dos deuses.

Apesar disso, Brighid se destaca das demais divindades por Sua obra ao mudar os rumos da guerra, assim como representantes da abadessa de Kildare também o faziam. Antes dos deuses das Tuatha de Danann lutarem contra os gigantes Fomores na mitologia irlande-sa, Brighid se casou com o rei Bres, um meio-Fomor, e com ele teve um filho chamado Ruadan, numa forma de bus-car a reconciliação entre os dois lados. Quando Ruadan foi morto por Goibniu na Segunda Batalha de Moytura, Brighid inventou o costume das carpideiras en-quanto lamentava e chorava por Seu

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filho morto. Dizia-se que Seus animais sagrados – Fe, Men e Torc Triath – tam-bém pranteavam ao fim dos ataques e batalhas. Em Sua manifestação como Brig Ambue, Ela defendeu os forastei-ros Ambue (aqueles que não tinham vacas) e purificou os piratas de rio que tinham agido como bandidos para dar sustento às suas famílias. Em Sua manifestação como Brig Bretach, Ela julgou a favor dos direitos das mulheres. Em Sua ma-nifestação como Brig Briugu, Ela deu hospitalidade sem fim na forma de co-mida, bebida e teto sem nada cobrar. Em Sua manifestação como Santa Brígida de Kildare, Ela era a campeã inabalável dos pobres e impotentes, e Sua generosi-dade era lendária.

Apesar de Brighid ter uma aspecto de deusa da batalha (no papel de Santa Brígida como soberana de Leinster e em Seu epíteto como Bride nam Buadh, ou Noiva das Vitórias), Ela se manifesta na forma guerreira apenas para defender contra agressão desvelada.

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6. Os Filhos de Brighid A honram e A re-verenciam como uma deusa de origem gaélica, mas também A consideram como uma divindade mais antiga e mais vasta, conhecida por diferentes nomes e por dife-rentes povos. Entre os povos celtas, todas as deusas do tipo Minerva Celta podem ser honradas como parte de nossa prática. Al-guns de nós acreditam que algumas ou todas são a mesma deusa, mas isso não é uma doutrina necessária.

As deusas celtas desse tipo incluem: As Deusas Brigidinas Brighid (também conhecida como

Brigid, Brigit, Brighde, Brid, Brig e Bride) – deusa gaélica da poesia, da forja e da cura, algumas vezes representada como três irmãs. Filha do Dagda, ex-esposa de Tui-renn e Bres, mãe de Ruadan, guardiã da vaca sagrada, do Torc Triath, dos bois Fe e Men. Inven-tora do lamento pelos mortos. Associada ao sol, à lua, às estrelas, ao fogo e à água, ao amanhecer, à cobra, à primavera e a todos os es-tados limítrofes do ser. A Exaltada.

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Sulis – deusa bretã da cura, dos poços e águas curativas, da mal-dição e da justiça. Representada na iconografia romano-bretã co-mo uma mulher à margem da água com uma face radiante e ca-belos curtos. A Que Tudo Vê.

Sirona – deusa gaulesa do céu no-turno, da cura, das fontes termais e das fontes. Representada na ico-nografia romano-gaulesa como uma mulher segurando uma co-bra numa mão e uma cesta de ovos na outra. A Estrelada.

Belisama – deusa gaulesa da luz, do fogo, da cura, das artes, da água e dos rios. Representada na icono-grafia romano-gaulesa como uma mulher radiante, sem blusa mas trajando uma longa saia, que segu-rava uma cobra. Verão Brilhante.

Matres Brigaecae – deusa tríplice gaulesa da fertilidade, da prospe-ridade, da maternidade e do cuidado. Representada na icono-grafia romano-gaulesa como três mulheres sentadas segurando fru-

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tas, pães ou bebês. As Mães Exal-tadas.

Briganti – deusa bretã da cultura, da fertilidade, da cura, da vitória e da proteção, conhecida como Bri-gântia no período romano-bretão. Representada na iconografia ro-mano-bretã como uma mulher segurando uma lança na mão di-reita e um globo da vitória na esquerda. A Exaltada.

Brigindona – deusa gaulesa. A Exaltada.

Brig Ambue – Brighid dos Sem Gado ou Brighid dos Destituídos. Proteto-ra e purificadora dos guerreiros renegados que viviam fora da es-trutura tribal. Brig Ambue era invocada para reintegrar esses guerreiros na comunidade e puri-ficá-los de suas ações em batalha.

Brig Brethach – Brighid dos Julgamen-tos. Juíza, legisladora e defensora dos direitos das mulheres.

Brig Briugu – Brighid da Hospitali-dade. Uma briugu ou hospitalária era uma pessoa que mantinha as portas de sua casa sempre abertas,

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oferecendo hospitalidade gratuita a quem passasse.

Brig Euit – Brighid da Piedade. San-ta Brígida de Kildare.

Grande Brid dos Cavalos – um aspecto sombrio de Brighid, asso-ciado ao comportamento elitista dos bardos com suas práticas di-vinatórias. Na história da Grande Brid dos Cavalos, ela pede a um rei três presentes impossíveis em nome dos poetas: amoras em ja-neiro, seu quinhão de lombo de um porco que nunca nasceu, e ca-valgar uma égua branca de orelhas vermelhas até que se cansasse.

Cerridwen – também conhecida como Ceridwen ou Kerridwen, é musa dos bardos galeses, guardiã do caldeirão da sabedoria e mãe divina do bardo Taliesin.

A Cailleach – criadora primal, deu-sa do inverno e da natureza selvagem. No Samhain, a Cail-leach ou Beira, mãe de gigantes, atinge o solo com seu martelo e o congela por todo o inverno. De acordo com um conto escocês, a

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Cailleach aprisiona Bride, Rainha do Verão, na montanha de Ben Nevis, do Samhain até a primave-ra. Bride é salva de sua prisão invernal pelo jovem deus Aengus, que se apaixona por ela. Juntos eles combatem a mãe de Aengus, a Cailleach, que procura impedir a primavera. Nas histórias irlan-desas, Aengus e Brighid são irmãos e Aengus é o filho de Bo-ann e do Dagda. De acordo com outra versão da mesma história, a Cailleach e Bride são a mesma en-tidade, e a Cailleach se transforma em Bride toda primavera.

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7. Os Filhos de Brighid reconhecem e hon-ram Sua história na cultura gaélica, mas não A consideram apenas uma deusa gaélica.

Na era medieval, Santa Brígida rece-bia grande honra e reverência em áreas não-gaélicas como nas terras baixas escocesas, na Inglaterra e em outros locais. De uma forma ou de outra, Ela foi honrada fora da cultura gaélica por muitos séculos. Assim, não identifica-mos nossa prática como um Reconstru-cionismo Celta.

Porém, um aspecto da justiça social é a sobrevivência cultural e a autonomia dos povos nativos. Dessa maneira, o conflito pela sobrevivência das línguas e culturas celtas (irlandesa, manesa, gaélico-escocesa, galesa, córnica e bretã) é particularmente relevante para os devotos de Brighid, considerando Sua longa história nessas culturas.

Consequentemente, apesar de não considerarmos Brighid uma divindade exclusivamente gaélica ou celta, nós honramos Sua importância na cultura gaélica e apoiamos a luta dos povos que falam esse idioma para manter sua lín-gua e sua identidade.

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8. Todas as deusas associadas com o sol, a lua, as estrelas, o fogo, a água fresca, a ferti-lidade e a abundância, a cura, o conhecimento e as artes necessárias para a convivência em sociedade podem ser honra-das como parte dessa prática.

Não há uma doutrina requerida pelo Clann Bhride relativa ao relacionamen-to exato dessas deusas com Brighid. Alguns de nós acreditam que sejam manifestações de um mesmo poder sob diferentes contextos culturais.

Deusas com essas associações inclu-em Vesta, Minerva, Saule, Hina e Sarasvati, mas essa não é uma lista res-tritiva.

Porém, apesar dos Filhos de Brighid poderem estudar e reverenciar tais deu-sas como parte de sua prática, é importante lembrar que cada deusa tem um contexto cultural e religioso pró-prio, e mesmo se essas deusas manifestarem os mesmos poderes e aspectos da deusa Brighid, elas não são simplesmente as mesmas: cada uma deve ser estudada e honrada dentro do contexto e da história da cultura de Sua origem.

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9. Os Filhos de Brighid adoram nossa deusa como uma entidade real, e não como uma metáfora ou um arquétipo.

Ela ouve nossas orações, aprecia nos-sas oferendas e se comunica com os seres humanos por meio da inspiração, dos sonhos e de outras maneiras. Tão importante quanto é estudar Seu saber e Sua história é estabelecer uma relação pessoal com Ela, pois Ela ainda está no processo de se revelar.

—Gilbride, Aster Breo e Sage

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Dedicação

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Este ritual é usado para autodedicação como Filho de Brighid, e é baseado na bênção do nascimento.

1 Acenda uma vela com a oração de acendi-mento da chama:

Acendo minha vela como Brighid o faz; Sua vela é o sol e Seu altar é a terra. E, assim como esta pequena vela ilumi-na este aposento, que Sua grande vela ilumine o universo.

Salve, oh madrinha! Vosso amor é uma chama. Dai-me a força para carre-gar Vossa ternura; dai-me o poder para portar Vossa luz. Permiti que meu cora-ção se torne um fogo perpétuo aceso pela sacerdotisa de todos os meus pen-samentos.

Salve, oh camarada! Salve, oh amiga fiel! Eu Vos confidenciarei meus segre-dos hoje pois sei que ireis me confortar; acenderei meu coração com Vossa luz até que eu brilhe como ouro.

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2 Faça com que a luz da vela brilhe sobre a água para abençoá-la.

Uma vez que a água tenha sido abençoa-da, pegue três, e depois nove, gotas ou conchas de água e abençoe a si mesmo com estas palavras:

Uma gotícula de água do rio de Bri-ghid, uma gotícula de água do poço de Brighid, uma gotícula de água das mãos de Brighid, sobre minha cabeça e meu coração como Filho de Brighid.

Para me ajudar, para me guardar, pa-ra me proteger, para me envolver, para me purificar e para me ungir com a graça da deusa.

Uma gotícula para a saúde, uma gotí-cula para a força, uma gotícula para a beleza, uma gotícula para a arte, uma gotícula para a prosperidade, uma gotí-cula para a paz, uma gotícula para a coragem, uma gotícula para o caráter, uma gotícula para a alegria de Brighid, para que Sua proteção me envolva.

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3 Brighid da Terra, abençoai-me com prosperidade, abençoai aqueles que amo com prosperidade, abençoai todo o mundo. Dedico meu corpo à deusa Bri-ghid.

Brighid das Águas, abençoai-me com saúde, abençoai aqueles que amo com saúde, abençoai todo o mundo. Dedico meu sangue à deusa Brighid.

Brighid do Sol, abençoai-me com be-leza, abençoai aqueles que amo com beleza, abençoai todo o mundo. Dedico minha visão à deusa Brighid.

Brighid das Nuvens, abençoai-me com sabedoria, abençoai aqueles que amo com sabedoria, abençoai todo o mundo. Dedico meus pensamentos à deusa Brighid.

Brighid dos Ventos, abençoai-me com vitalidade, abençoai aqueles que amo com vitalidade, abençoai todo o mundo. Dedico minha respiração à deusa Bri-ghid.

Brighid das Pedras, abençoai-me com força, abençoai aqueles que amo com força, abençoai todo o mundo. Dedico meus ossos à deusa Brighid.

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Brighid do Espírito, abençoai-me com iluminação, abençoai aqueles que amo com iluminação, abençoai todo o mun-do. Dedico meu espírito à deusa Brighid.

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Práticas diárias

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Os Filhos de Brighid fazem três conjun-tos de orações diariamente: orações de amanhecer, orações de gratidão, e ora-ções de antes de dormir. Porém, de acordo com as necessidades individu-ais, os elementos da prática podem variar: por exemplo, oferendas podem ser feitas em quaisquer dessas três ho-ras, os praticantes podem mudar a ordem de suas orações de acordo com sua rotina, e aqueles sem tempo sufici-ente para recitar todas as orações podem fazer apenas algumas delas.

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Primeira Hora: Orações de Amanhecer Opcional: Gabhaim Molta Bride, Sloinnti-reachd Bride

1. Oração das Três Irmãs Brighid da poesia, abençoai meu cora-ção com poesia, e permiti enxergar Vossa poesia em todas as coisas deste mundo.

Brighid da cura, abençoai meu cora-ção com cura, e permiti levar Vossa cura a todos os seres deste mundo.

Brighid da forja, forjai meu coração com Vosso martelo, e permiti criar neste dia como Vós o fazeis todos os dias.

2. Oração do Acendimento da Chama Acendo minha vela como Brighid o faz; Sua vela é o sol e Seu altar é a terra. E, assim como esta pequena vela ilumina este aposento, que Sua grande vela ilu-mine o universo.

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Salve, oh madrinha! Vosso amor é uma chama. Dai-me a força para carre-gar Vossa ternura; dai-me o poder para portar Vossa luz. Permiti que meu cora-ção se torne um fogo perpétuo aceso pela sacerdotisa de todos os meus pen-samentos.

Salve, oh camarada! Salve, oh amiga fiel! Eu Vos confidenciarei meus segre-dos hoje pois sei que ireis me confortar; acenderei meu coração com Vossa luz até que eu brilhe como ouro.

3. Oração do Amanhecer Sol da manhã e rainha do dia, donzela das flores e esperança do entardecer! Que eu seja abençoado com a luz do sol e com todas as graças frutíferas; que eu seja abençoado com amor como o calor da Vossa chama.

Oh, sol da manhã, Vosso sorriso é be-lo e os relances de Vossos olhos são os raios de sol; quando levantardes da cama do oceano toda a terra sorrirá em gratidão; quando andardes sobre os campos dos céus toda a terra suspirará com alegria.

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Trouxestes-me da noite, oh Brighid, e me guiastes até a manhã. Que Vós me protejais por todo o dia e me guieis de novo até a noite.

Oh, Brighid do nascente, Vosso rosto é belo, Vossos olhos são como o fogo dos céus e Vosso beijo é como hidromel; que neste, e em todos os dias, Vós nos abençoeis com poesia; que neste, e em todos os dias, Vós nos abençoeis com amor.

Curvo minha cabeça em oração sob o olho de Brighid, o sol nascente entre o branco das nuvens, a glória sorridente do dia. Derramai Vossa poesia como leite com mel no cálice da manhã; e permiti que eu prove de Vosso leite em cada momento.

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Segunda Hora: Orações de Gratidão

1. Graça Oh, amada Brighid, por meu alimento eu Vos agradeço. Oh, amada Brighid, por minha bebida eu Vos agradeço. Oh, amada Brighid, por minha respiração eu Vos agradeço, e por tudo aquilo que o dia colocar em meu caminho.

2. Oferendas As oferendas podem variar dependendo da estação. Elas se baseiam numa lista de ali-mentos tradicionalmente consumidos nos quatro festivais do fogo, assim como descrito em Goddesses in Celtic Religion, de No-emie Beck:

De Imbolc a Beltane – limpeza ritual das mãos, cabeça e pés com oferta de qual-quer alimento.

De Beltane a Lughnasadh – oferta de cer-veja ou de queijo cottage.

De Lughnasadh a Samhain – oferta de quaisquer frutas ou ervas.

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De Samhain a Imbolc – oferta de quais-quer nozes, carne, cerveja, soro de leite coalhado ou manteiga.

Praticantes que não estiverem em condi-ções de ofertar alimentos podem acender uma vela ou derramar água límpida no lugar, ou visualizar a oferta apropriada.

Cada pensamento de minha mente a Vós, cada palavra de minha boca a Vós, cada ato de minha mão a Vós, oh Bri-ghid das bênçãos.

Que eu pronuncie cada palavra com a justiça de Brighid; que eu pronuncie cada palavra com a sabedoria de Bri-ghid; que eu pronuncie cada palavra com a bondade de Brighid, deste dia até o fim dos meus dias.

Em cada planta da terra desabrochan-te, em cada fera da floresta, e em cada peixe do oceano verde-azulado, que eu sinta Vossa presença. Em cada raio do sol que dá a vida, em cada respirar do vento, e em cada movimento da minha mente interior, que eu sinta Vossa pre-sença.

Rainha-donzela do fogo e da água, rainha-donzela da gentileza, rainha-donzela do javali e do gado, rainha-

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donzela das lágrimas! Deusa brilhante do poço da sabedoria, deusa brilhante da cura, deusa brilhante da vaca das bênçãos e da harpa dos bardos!

Sois um bosque de macieiras e um tronco de paz; Sois uma xícara de bon-dade e um gole de júbilo; Sois um raio do poder de Imbas sobre as águas do Boyne.

3. Oração do Dia Oh, gentil Brighid do cabelo dourado, sede como uma chama brilhante diante do caminho que eu trilhar. Protegei-me dos tropeços e imbuí meu ser com amor para que eu brilhe com Vossa luz ao ajudar os outros.

Curvo minha cabeça em oração sob o olho do sol, sob a graça de Brighid, em amor e gratidão. Levai-nos ao amor quando passarmos pela ira; levai-nos à beleza quando andarmos pela feiura através de cada sombra e cada luz, através de cada dia e cada noite.

Oh, Brighid, que Vossa luz me toque, que Vossa luz brilhe por mim, do topo da minha cabeça até a sola dos meus

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pés. Oh, Brighid, que Vossa luz se ma-nifeste em mim, e que Vossa luz se renove em mim, da sola dos meus pés até o topo da minha cabeça.

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Terceira Hora: Orações de Antes de Dormir Opcional: Gabhaim Molta Bride, Sloinnti-reachd Bride

1. Oração dos Sete Elementos Brighid da Terra, abençoai-me com pros-peridade, abençoai aqueles que amo com prosperidade, abençoai todo o mundo. Dedico meu corpo à deusa Brighid.

Brighid das Águas, abençoai-me com saúde, abençoai aqueles que amo com saúde, abençoai todo o mundo. Dedico meu sangue à deusa Brighid.

Brighid do Sol, abençoai-me com be-leza, abençoai aqueles que amo com beleza, abençoai todo o mundo. Dedico minha visão à deusa Brighid.

Brighid das Nuvens, abençoai-me com sabedoria, abençoai aqueles que amo com sabedoria, abençoai todo o mundo. Dedico meus pensamentos à deusa Brighid.

Brighid dos Ventos, abençoai-me com vitalidade, abençoai aqueles que amo com vitalidade, abençoai todo o mundo.

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Dedico minha respiração à deusa Bri-ghid.

Brighid das Pedras, abençoai-me com força, abençoai aqueles que amo com força, abençoai todo o mundo. Dedico meus ossos à deusa Brighid.

Brighid do Espírito, abençoai-me com iluminação, abençoai aqueles que amo com iluminação, abençoai todo o mun-do. Dedico meu espírito à deusa Brighid.

2. Oração do Acendimento da Chama Guardar a chama de Brighid é uma maneira popular de honrar Brighid e dedicar seu tempo para desenvolver um relacionamento com Ela. Alguns guardiões da chama per-tencem a celas, grupos de 19 pessoas que se revezam em manter acesa uma chama por um ciclo de 20 dias para que ela se mante-nha queimando sem interrupção. Cada guardião da chama é responsável pelo fogo do nascer ao por do sol. O 20º dia é conside-rado o Dia de Brighid, e Ela toma conta da própria chama naquele dia.

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Porém, não é necessário pertencer a uma célula, e muitos guardiões da chama man-têm essa prática sozinhos. Contudo, uma vez que não é seguro manter uma chama acesa 24 horas em nosso estilo de vida mo-derno, muitos guardiões da chama têm adotado meios de cuidar desse fogo metafori-camente, usando velas de LED, joias especiais, aplicativos de celular etc. para representar a chama quando houver risco de manter uma chama real acesa ou for impra-ticável fazê-lo, ajudando o guardião da chama a se manter atento ao seu comprome-timento com Brighid.

Acendo minha vela como Brighid o faz; Sua vela é o sol e Seu altar é a terra. E, assim como esta pequena vela ilumi-na este aposento, que Sua grande vela ilumine o universo.

Salve, oh madrinha! Vosso amor é uma chama. Dai-me a força para carre-gar Vossa ternura; dai-me o poder para portar Vossa luz. Permiti que meu cora-ção se torne um fogo perpétuo aceso pela sacerdotisa de todos os meus pen-samentos.

Salve, oh camarada! Salve, oh amiga fiel! Eu Vos confidenciarei meus segre-

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dos hoje pois sei que ireis me confortar; acenderei meu coração com Vossa luz até que eu brilhe como ouro.

3. Oração Noturna Saudações a Vós, oh, mãe brilhante, mãe radiante das estrelas e dos mun-dos. Saudações a Vós, oh, brilhante artesã de estrelas, radiante artífice de mundos e sóis. Saudações a Vós, oh, oceano brilhante, oh, rio de leite e luz, oh, rainha do tempo.

Oh, Brighid do sol poente, Vós dor-mis no oceano como em uma cama de flores; o rio dos céus é o leite de Vossa vaca e as raízes da Árvore da Vida são como um travesseiro para Vossa cabeça.

Sol do fim de tarde, Vossos passos são orgulhosos; as nuvens dos céus são os campos de Vosso vaguear. As estre-las dos céus são Vossas irmãs e filhas; o oceano é Vossa cama e o mundo é Vos-so jardim.

Oh, Brighid da luz das estrelas, que minhas orações cheguem a Vós, que elas se ergam como fumaça até Vós, ofertadas por meu coração. Oh, Brighid

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da luz das estrelas, estai sempre próxi-ma a mim, tão próxima a ponto de eu não poder ver onde se encontra Vosso fim e meu começo.

Guiai-me, oh Brighid, para além do oceano da noite, como uma estrela so-bre as profundas águas ruidosas. Como uma vez forjastes meu corpo no coração de Vossa estrela, que essa mesma es-trela agora me guie pelas trevas.

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Práticas Ocasionais

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Contas de oração Contas de oração podem ser feitas de prati-camente quaisquer materiais, e os estilos possíveis são limitados apenas pela criativi-dade de seu criador, sendo usadas nos turnos de guarda de chama ou outras ocasi-ões especiais. Podem ser tanto um simples conjunto de contas de plástico de brinquedo unidas por um cordão, ou uma combinação detalhada de pedras preciosas, podendo ser feitas de modo a serem usadas como um bracelete ou colar, carregadas no bolso, ou até mesmo mantidas num altar. As contas de oração do Clann Bhride são formadas por nove contas focais, divididas por pequenas contas separadoras. As contas focais são escolhidas para representar:

Brighid como deusa da poesia; Brighid como deusa da cura; Brighid como deusa da forja; Brighid como deusa da justiça; a associação de Brighid com o fogo; a associação de Brighid com a água; o conceito de fogo-na-água (geralmen-

te relacionado à inspiração); Brighid como Senhora das Estrelas;

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uma associação ou símbolo de Brighid que tenha relevância pessoal para o dedicante.

Além dessas contas focais, um conjunto de contas de oração pode incluir amuletos ou outros símbolos importantes para o dedi-cante, que podem estar presentes num fio preso a ele.

Brighid da poesia, abençoai meu co-ração com poesia, e permiti enxergar Vossa poesia em todas as coisas deste mundo.

Brighid da cura, abençoai meu cora-ção com cura, e permiti levar Vossa cura a todos os seres deste mundo.

Brighid da forja, forjai meu coração com Vosso martelo, e permiti criar neste dia como Vós o fazeis todos os dias.

Brighid da justiça, preenchei meu co-ração com justiça, e dai-me força para agir por Vossa justiça em todos os meus atos neste mundo.

Brighid do fogo, acendei meu coração com Vossa chama, e dai-me paixão para incandescer como Vosso fogo em todos os meus atos neste mundo.

Brighid da água, refrescai minha mente com Vossa água, e dai-me calma

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para fluir como Vossa água em todos os meus atos neste mundo.

Oh, Brighid do fogo na água, refleti em mim como Vós o fazeis em Vosso poço, assim como o fogo de Vosso raio de sol se torna uno com Vossas águas, e dai-me a graça que preciso para me tornar uno convosco.

Oh, Brighid das estrelas brilhantes, forjastes meu corpo em luz das estrelas, forjastes os planetas e os cometas bri-lhantes, forjastes os deuses e os elementos.

Oh, Brighid dos meus desejos mais profundos! Oh, Brighid do meu cora-ção, bondosa criadora das esperanças que nutro e de tudo o que me traz ale-gria.

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Guarda do Poço Assim como a guarda da chama, a guarda do poço é uma prática direcionada à honra de Brighid e ao aprofundamento da relação com Ela. Guardar um poço é uma oferenda à Brighid na forma de tempo ou dinheiro investido no cuidado de um corpo d’água local.

Guardiões de poço podem, por exemplo, passar seu tempo recolhendo o lixo ao longo de uma praia ou das margens de um riacho, ou se voluntariar com um grupo para res-taurar um lago, ou mesmo fazer doações em dinheiro para organizações ambientais que lutem pela melhoria da proteção de manan-ciais.

Afundo minha caneca em Vossa lím-pida água fria e a ergo aos meus lábios em solene oração: curai toda a doença em mim até que eu fique tão límpido como sois, até que eu brilhe como Vós, até que seja abençoado por Vossas águas.

Deusa da lua e deusa do sol, deusa da terra e deusa das estrelas, deusa do Mar, da Terra, e do Céu!

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Oh, rainha do poço da sabedoria, Vós conheceis nossas necessidades; Vós sabeis os desejos secretos do coração oculto. Estai conosco no fim da tarde e nas horas noturnas; estai conosco em nossas esperanças e em nossos anseios.

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Sain Uma sain, ou proteção, é feita com água abençoada pelo fogo. Um método tradicional de se proteger é ficar em pé, estender seu braço e girar no eixo no sentido da marcha do sol (anti-horário no Hemisfério Sul) enquanto invoca a espada flamejante de Brighid para protegê-lo. Chama-se a isso caim, que significa circular, rodear ou dar a volta, também pode ser feito em outra pes-soa. Além disso, você pode proteger uma área ou espaço sagrado rezando no leste, no sul, no oeste e no norte, seguido de uma oração direcionada ao céu sobre você e à terra sob seus pés. A posição tradicional para este tipo de oração é orans – braços erguidos na altura dos ombros, cotovelos em ângulos retos e mãos espalmadas.

Abençoai toda visão que colocardes diante de mim; abençoai cada som e cada sabor; abençoai cada aroma que colocardes diante de mim, e abençoai com Vossa própria bênção aquilo que eu tocar.

Que Brighid me envolva em Seu manto e me cerque com Sua chama; que Ela erga a caneca de Seu Imbas aos

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meus lábios para que em minhas veias corra o fogo.

Oh, Brighid da poesia, preenchei meu dia com beleza. Sede como o sol no céu para iluminar o caminho diante de mim, e abençoai tudo o que eu vir.

Coloco minha mente e meu corpo em Vossas mãos, oh, Brighid, do topo da minha cabeça até a sola dos meus pés. Acendei minha mente e meus pensa-mentos com a fagulha de Sua poesia; iluminai meu corpo, da cabeça ao de-dão, com Sua chama eterna.

Madrinha das profundezas do meu coração, sede como o nascer do sol na minha noite interior. Lançai um raio de sol rosa e dourado sobre a superfície de meu oceano; erguei-Vos das profunde-zas das águas quando o mundo se unir em canção.

Contemple a madrinha no céu da manhã e A reverencie com as cordas das harpas enquanto Ela cuida da terra: Seu sorriso é leve e gentil e Seus olhos são meigos! Que o dia seja uma canção a Ela, e assim também cada dia do mundo.

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Cura Sua pele é leve, Seu cabelo é leve, Seus olhos são leves, Seu sorriso é leve; Suas mãos são gentis e Sua voz é doce; Ela abençoa o poço e Ela cura o doente. Que Brighid esteja comigo nas horas do dia e que Brighid esteja comigo ao cami-nharmos em direção à noite.

Ela é como Ela sempre foi; Ela é como Ela é; Ela é como Ela sempre será, no eterno fluxo e refluxo. Que Brighid este-ja comigo na maré alta, e que Brighid esteja comigo quando as ondas segui-rem para além das margens.

Que Brighid me proteja e que Brighid me envolva como o calor de um manto num dia de chuva fina. Que Brighid me proteja, que Brighid me guarde, que a brilhante Brighid me cure e me leve até Ela.

A irmã da cura está acima e abaixo de mim; a irmã da cura está ao meu redor e próximo a mim; a irmã da cura está no grande mar ruidoso; a irmã da cura está na verde terra fértil; a irmã da cura está no límpido céu azul.

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Brighid é minha amiga e minha com-panheira; Ela compôs uma música para mim; Ela me ajudou e me curou todos os dias, e é Ela que eu amo.

Vós sois como um caminho macio sob meus pés, oh, Brighid; Sois o sol no céu; Sois a estrela guia na escuridão da noi-te, um bálsamo de cura para meu coração.

Oh, Brighid da terra, curai este corpo. Oh, Brighid do mar, curai este sangue. Oh, Brighid do sol, curai este rosto. Oh, Brighid das nuvens, curai esta mente. Oh, Brighid do vento, curai esta respi-ração. Oh, Brighid das pedras, curai estes ossos. Oh, Brighid do espírito, curai este espírito.

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Sloinntireachd Bride Um meio de honrar a história gaélica de Brighid é aprender a Sloinntireachd Bride, ou Genealogia de Brighid em sua forma original. Essa oração tradicional foi regis-trada na Carmina Gadelica de Alexander Carmichael e era considerada um amuleto de extremo poder de proteção. Mas é claro que é mais fácil recitar o texto em gaélico se você estudar o idioma, mesmo que num nível introdutório.

O gaélico não é tão difícil de pronunciar quanto se acredita, mas as regras de pro-núncia são bem diferentes das que estamos acostumados. Ao aprender gaélico usando um livro ou curso online, uma das formas de pronunciar corretamente as palavras é cantar junto com gravações de músicas tradicionais gaélicas. Em geral, muitas das notações musicais incluem a letra tanto em gaélico como em outro idioma, como inglês. Depois de cantar algumas dessas canções por alguns meses, você não só descobrirá que o gaélico é mais fácil de pronunciar, como também provavelmente terá aprendido algumas músicas novas.

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Ao estudar o idioma gaélico e aprender como cantar músicas tradicionais, você contribuirá para a sobrevivência da língua e da cultura – outro meio de realizar a obra de Brighid no mundo.

A música Gabhaim Molta Bride é ir-landesa, e não gaélica, então a pronúncia e o vocabulário são um tanto diferentes. Porém, aprender a cantar essa música popular de devoção Brigidina é outro bom meio de ado-rar Brighid enquanto honra a cultura. Muitas gravações dessa canção estão dispo-níveis tanto online como em outros lugares.

Formas paganizadas de versões da Sloinntireachd também são encontradas em outros locais também, mas escolhemos não usá-las. Fazemos isso porque, ao invés de alterarmos quaisquer orações tradicionais gaélicas para torná-las mais pagãs, preferi-mos compor nossas próprias orações para este Livro das Horas – as orações na Carmi-na Gadelica, tesouros da cultura gaélica, não são nossas para que as alteremos.

Pela mesma razão, apesar de adorarmos Brighid como uma deusa, preferimos apre-sentar a Sloinntireachd sem alterações, incluindo sua mistura tradicional de ele-mentos cristãos e pré-cristãos.

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SLOINNEADH na Ban-naomh Bride, Lasair dhealrach oir, muime chorr Chriosda. Bride nighinn Dughaill duinn, Mhic Aoidh, mhic Airt, nitric Cuinn, Mhic Crearair, mhic Cis, mhic Carmaig, mhic Carruinn. Gach la agus gach oidhche Ni mi sloinntireachd air Bride, Cha mharbhar mi, cha spuillear mi, Cha charcar mi, cha chiurar mi, Cha mhu dh’ fhagas Criosd an dearmad mi. Cha loisg teine, grian, no gealach mi, Cha bhath luin, li, no sala mi, Cha reub saighid sithich, no sibhich mi, Is mi fo chomaraig mo Naomh Muire Is i mo chaomh mhuime Bride.

E, em bom português1, isso se verte

para...

1 Em tradução de Bellouesus, encontrada em

https://bellodunon.com/2013/03/21/sloinntireachd-bhride-a-genealogia-de-bride/ [acessado em 26-abr-2017]

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A genealogia da santa donzela Bride, Radiante chama de ouro, mãe adotiva de Cristo, Bride, filha de Dugall, o escuro, Filho de Aodh, filho de Art, filho de Conn, Filho de Crearar, filho de Cis, filho de Carmag, filho de Carrun. A cada dia e a cada noite Em que a genealogia de Bride eu disser Morto não serei, não sofrerei vexação, Aprisionado não serei, não serei ferido, Tampouco deixar-me-á Cristo no es-quecimento. Não me queimarão o fogo nem o sol nem a lua, Lago algum afogar-me-á, nem água nem mar, Nem flecha de fada nem dardo de du-ende me hão de ferir Estarei sob a proteção de minha Santa Maria E minha bondosa mãe adotiva é minha amada Bride.

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Festivais do Fogo

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Brighid e os Temas dos Fes-tivais As celebrações dos festivais são tradici-onalmente realizadas na noite anterior à data real.

Imbolc: Brighid e Sua vaca visitan-do os lares do mundo, a infante Brighid ou Brideog.

Beltane: Brighid e Aengus, ou Bri-ghid como Pastora.

Lughnasadh: Brighid como a Don-zela da Colheita.

Samhain: a Cailleach, ou Brighid como a mãe enlutada.

Visão geral dos rituais 1. Passe o dia realizando as ativida-

des apropriadas até o pôr do sol. 2. Abençoe a água com fogo, abra o

círculo no espaço ritual e sain os qua-drantes e todos os participantes.

3. Leia ou entoe orações. 4. Faça um banquete, com um lugar à

mesa para Brighid. Deixe também um pouco da comida separada como ofe-

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renda à Brighid, aos Sidhe, e a quais-quer outros poderes apropriados.

5. Leia ou conte histórias tradicionais. 6. Deixa a comida ofertada do lado de

fora ou no altar. Libações, como leite, também podem ser derramadas no chão ou em limiares.

7. Celebre com música e dança.

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Imbolc 1º de agosto

Em áreas que falam gaélico, este fes-tival é conhecido como La Feile Bride, ou Dia do Festival de Bride. É o festival mais importante de Brighid e o começo do ano ritualístico para os Filhos de Brighid.

Atividades sugeridas 1. Faça uma boneca de Brideog, ou

dealbh Bride, decorada com conchas, cristais, fitas, flores e uma concha ou cristal especial sobre o coração da bone-ca (reul-iuil-Bride ou estrela guia de Bride). Coloque a boneca numa leaba Bride ou cama de Bride com um bastão branco ou slachdan Bride representando aquele que Ela carrega na primavera. Leve a bone-ca para a porta de casa, dê as boas vindas à Brighid, e A traga para dentro, colocando-a num local de honra.

2. Faça cruzes de Brighid. Pendure algumas e decore a cama de Bride com outras.

3. Prepare o alimento para Feis Bride, incluindo pães, mingau de aveia, bata-tas, cebolas e bacon. Faça uma pilha de

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pães de manteiga, queijo e outros ali-mentos apropriados ao redor da boneca de Bride.

4. Pendure o brat Bríde numa árvore fora de casa para ser recolhido pela manhã como uma parte sagrada do manto de Brighid com poderes curati-vos. Brats tradicionais são crochetados, tecidos à mão, tricotados com lã, ou mesmo roupas já prontas, fitas etc. Al-guns dedicantes preferem ampliar a definição e incluem joias, cobertores, chaveiros, e outros itens que podem ser carregados na pessoa ou usados para conforto.

5. Observe a proibição tradicional acerca de todas as atividades que en-volvem girar rodas (como todas as outras sugestões, esta é opcional).

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Latha an Caillich Este feriado gaélico escocês menor indi-ca, supostamente, a vitória final de Bride e Aengus (representando a primavera) sobre a Cailleach (representando o in-verno), ou o dia no qual a Cailleach se banha nas águas do Poço da Juventude e se transforma em Bride para o verão. Esse dia não era fixo, originalmente, pois se referia ao último dia de tempo invernal antes da verdadeira primavera começar. Com o tempo, no Hemisfério Norte, decidiu-se pela data de 25 de Março, pois ocorre próximo ao equinó-cio de primavera. Você pode celebrar esse dia como o festival do equinócio de primavera, ou pode celebrá-lo em con-junto com Ostara, ou como uma simples festa primaveril. Esse seria um bom dia para guardar um poço ou mesmo um rio.

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Beltane 31 de outubro

Atividades sugeridas 1. Faça arranjos florais, buquês e guir-

landas. Decore a casa por dentro e por fora.

2. Saia e colete um ramo de árvore (espinheiro é uma boa opção). Decore-o com flores, fitas e outras coisas. Pendu-re-o do lado de fora de casa e o queime ao fim do dia.

3. Prepare o alimento para o banque-te, incluindo pães, mingau de aveia, queijo e cordeiro.

4. Visite um poço sagrado se estiver perto de um, ou um riacho ou rio. Co-loque nove pedras brancas na água como uma oferenda a Brighid (esse é um costume tradicional das regiões fronteiriças escocesas).

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Solstício de Verão Tradicionalmente o festival de Aine de Munster, uma deusa associada às ervas curativas, à inspiração poética e à sexu-alidade, caía no dia 24 de junho no Hemisfério Norte (e foi transformado no Dia de São João pela Igreja Católica). Isso acontece próximo ao solstício de verão, mas não é diretamente associado a ele. Desejando celebrar o solstício, este é um bom momento para honrar Bri-ghid como as Três Irmãs: Brighid a poetisa (cujos raios de sol atingem as plantas ao longo do rio Boyne uma vez a cada sete anos nessa data, criando o Imbas), Brighid a curandeira (uma vez que dizem que ervas colhidas nessa data são as mais poderosas), e Brighid a ferreira (uma vez que o fogo da forja é reminiscente das fogueiras que se acen-dem nesse dia).

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Lughnasadh 2 de fevereiro

Atividades sugeridas 1. Pratique esportes e dispute jogos

de quaisquer tipos. 2. Saia e enterre flores num buraco,

num monte se for possível, pois essa é uma oferenda tradicional pela farta colheita.

3. Colete amoras e outros frutos simi-lares.

4. Prepare o alimento para o banque-te, incluindo pães, mingau de aveia, queijo e batatas com manteiga, leite e alho. Esse banquete deve incluir muitas frutas frescas.

5. Faça uma boneca que simbolize a donzela da colheita.

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Cailleach an Dudain O festival gaélico-escocês de Michael-mas ocorre dia 29 de setembro (próximo do equinócio de outono no Hemisfério Norte) e era associado com cenouras como símbolos de fertilidade e namoro. Mulheres pegavam cenouras selvagens e as mais jovens as davam de presente aos homens esperando que as cortejas-sem. Uma grande dança ocorria nesse dia na qual um homem com um bastão druídico matava a Cailleach, lamentava por ela, e então a revivia com seu bas-tão. Isso representava o retorno da Cailleach no fim do verão (e, simboli-camente, o último feixe da colheita também era chamado de Cailleach), sendo considerado tradicionalmente aceitável roubar cavalos nesse dia. Se quiser celebrar o equinócio de outono, poderá fazer uma refeição com cenou-ras ou preparar uma versão da dança de Cailleach an Dudain.

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Samhain 1º de maio

Atividades sugeridas 1. Esculpa abóboras ou nabos. 2. Prepare o alimento para o banque-

te, incluindo pães, bolos, maçãs e biscoitos de gengibre.

3. Pratique adivinhação. 4. Prepare uma refeição silenciosa, na

qual não é permitido falar, com um prato extra para os mortos ali honrados.

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Solstício de Inverno

Atividades sugeridas Fique acordado a noite toda com uma vela acesa no formato de uma velha, representando a Cailleach.

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Ritos de Passagem

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Benção de Nascimento

1 Acenda uma vela com a oração de acendi-mento da chama:

Acendo minha vela como Brighid o faz; Sua vela é o sol e Seu altar é a terra. E, assim como esta pequena vela ilumi-na este aposento, que Sua grande vela ilumine o universo.

Salve, oh madrinha! Vosso amor é uma chama. Dai-me a força para carre-gar Vossa ternura; dai-me o poder para portar Vossa luz. Permiti que meu cora-ção se torne um fogo perpétuo aceso pela sacerdotisa de todos os meus pen-samentos.

Salve, oh camarada! Salve, oh amiga fiel! Eu Vos confidenciarei meus segre-dos hoje pois sei que ireis me confortar; acenderei meu coração com Vossa luz até que eu brilhe como ouro.

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2 Faça com que a luz da vela brilhe sobre a água para abençoá-la.

Uma vez que a água tenha sido abençoa-da, pegue três, e depois nove, gotas ou conchas de água e abençoe a criança com estas palavras:

Uma gotícula de água do rio de Bri-ghid, uma gotícula de água do poço de Brighid, uma gotícula de água das mãos de Brighid, sobre sua cabeça e seu cora-ção, amada criança.

Para ajudá-lo, para guardá-lo, para protegê-lo, para envolvê-lo, para purifi-cá-lo e para abençoá-lo com a graça da deusa.

Uma gotícula para a saúde, uma gotí-cula para a força, uma gotícula para a beleza, uma gotícula para a arte, uma gotícula para a prosperidade, uma gotí-cula para a paz, uma gotícula para a coragem, uma gotícula para o caráter, uma gotícula para a alegria de Brighid, para que Sua proteção o envolva.

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Benção ao Jovem Adulto

1 Faça o caim em todos os participantes e proteja o espaço sagrado rezando no leste, no sul, no oeste e no norte, seguido de uma oração direcionada ao céu sobre você e à terra sob seus pés. A posição tradicional para este tipo de oração é orans – braços erguidos na altura dos ombros, cotovelos em ângulos retos e mãos espalmadas.

Abençoai toda visão que colocardes diante de mim; abençoai cada som e cada sabor; abençoai cada aroma que colocar-des diante de mim, e abençoai com Vossa própria bênção aquilo que eu tocar.

Que Brighid me envolva em Seu manto e me cerque com Sua chama; que Ela erga a caneca de Seu Imbas aos meus lábios para que em minhas veias corra o fogo.

Oh, Brighid da poesia, preenchei meu dia com beleza. Sede como o sol no céu para iluminar o caminho diante de mim, e abençoai tudo o que eu vir.

Coloco minha mente e meu corpo em Vossas mãos, oh, Brighid, do topo da

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minha cabeça até a sola dos meus pés. Acendei minha mente e meus pensa-mentos com a fagulha de Sua poesia; iluminai meu corpo, da cabeça ao de-dão, com Sua chama eterna.

Madrinha das profundezas do meu coração, sede como o nascer do sol na minha noite interior. Lançai um raio de sol rosa e dourado sobre a superfície de meu oceano; erguei-Vos das profunde-zas das águas quando o mundo se unir em canção.

Contemple a madrinha no céu da ma-nhã e A reverencie com as cordas das harpas enquanto Ela cuida da terra: Seu sorriso é leve e gentil e Seus olhos são meigos! Que o dia seja uma canção a Ela, e assim também cada dia do mundo.

2 Prepare uma bebida com leite e mel e, depois de ungir as palmas das mãos e a face do jovem adulto, dê-lhe um pouco para que tome e diga:

Eu banho suas palmas no leite de Brighid, no mel de Brighid, na bênção de Brighid, e eu coloco os nove poderes de Brighid em sua mente e em seu cora-

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ção: o poder do encantamento, o poder da virtude, o poder da fé, o poder dos grandes atos, o poder da elegância, o poder do caráter, o poder da coragem, e o poder do fascínio.

3 O jovem adulto então recita estas palavras:

Brighid da Terra, abençoai-me com prosperidade, abençoai aqueles que amo com prosperidade, abençoai todo o mundo. Dedico meu corpo à deusa Bri-ghid.

Brighid das Águas, abençoai-me com saúde, abençoai aqueles que amo com saúde, abençoai todo o mundo. Dedico meu sangue à deusa Brighid.

Brighid do Sol, abençoai-me com be-leza, abençoai aqueles que amo com beleza, abençoai todo o mundo. Dedico minha visão à deusa Brighid.

Brighid das Nuvens, abençoai-me com sabedoria, abençoai aqueles que amo com sabedoria, abençoai todo o mundo. Dedico meus pensamentos à deusa Brighid.

Brighid dos Ventos, abençoai-me com vitalidade, abençoai aqueles que amo

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com vitalidade, abençoai todo o mundo. Dedico minha respiração à deusa Bri-ghid.

Brighid das Pedras, abençoai-me com força, abençoai aqueles que amo com força, abençoai todo o mundo. Dedico meus ossos à deusa Brighid.

Brighid do Espírito, abençoai-me com iluminação, abençoai aqueles que amo com iluminação, abençoai todo o mundo. Dedico meu espírito à deusa Brighid.

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Bênção do Lar Faça o caim em todos os participantes e proteja o lar rezando no leste, no sul, no oeste e no norte, seguido de uma oração direcionada ao céu sobre você e à terra sob seus pés. A posição tradicional para este tipo de oração é orans – braços erguidos na altu-ra dos ombros, cotovelos em ângulos retos e mãos espalmadas. – Esta bênção pode ser usada para abençoar qualquer lar, casamen-to ou arranjo doméstico.

Paz entre os povos, paz entre os se-melhantes, paz entre os vizinhos, e paz nesta casa. No amor da rainha da vida e do fogo da sabedoria.

Abençoe esta casa em nome de Bri-ghid, do teto à fundação, da fundação ao teto.

Que aqui sempre haja alimento, que aqui sempre haja bebida, que aqui sem-pre haja conforto, que aqui sempre haja alegria.

Que aqui sempre haja riso, que aqui sempre haja segurança, que sempre haja acolhimento, que sempre haja amor.

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E que o ouro da beleza brilhante de Brighid aqui esteja para sempre no co-ração de sua lareira.

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Bênção aos Mortos Nesta noite você irá para casa, para os braços de Brighid, para ser amparado por Brighid, para ser consolado por Brighid; você irá para casa nesta noite sob os cuidados de Brighid, para dormir na cama da terra e no lar das estações.

No lar do inverno e no lar do outono, no lar da primavera e no lar do verão. No lar de Brighid das Estações enquan-to Ela Mesma o beija.

Que a tristeza vá embora, pois é hora de dormir. Que a tristeza vá embora, pois é hora de dormir. Que a tristeza vá embora, pois é hora de dormir, envolto bem firme no manto da deusa Brighid.

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Ensaios e informações

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Brighid: Senhora das nossas lareiras, Senhora dos nossos corações

por Gilbride, Sage, Finn e Aster Breo2 Brighid3 é uma das figuras mais po-

pulares e mais adoradas em todo o mundo, tanto como santa cristã como deusa pagã. Como Santa Brígida, Seu monastério em Kildare guardava Sua chama eterna até que foi extinta, prova-velmente durante a supressão dos mo-nastérios ocorrida no século XVI. Em 1993, a ordem Católica das Irmãs Brigi-dinas reacendeu a chama e a manteve queimando desde então. Grupos e tem-plos dedicados tanto à deusa Brighid como à Santa Brígida A honram no Im-bolc e muitas comunidades criaram células que guardam Sua chama de maneira pessoal, praticamente do mes-mo modo como é feito em Kildare. 2 Este ensaio também aparece no Cauldron Cill Brighid

Devotional. 3 Há muitas formas diferentes de grafar no nome de Brighid.

Para clareza neste ensaio, escolhemos Brighid para indicar a deusa e Brígida para nos referirmos à santa.

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Rastrear Brighid através do mito e do folclore celta pode ser extremamente difícil, e ainda assim há fagulhas bri-lhantes a nos guiar. O Glossário de Cormac, por exemplo, descreve Brighid como um trio de irmãs de nome idêntico que descendiam do Dagda, nomeando-as como A Senhora da Poesia, A Senhora da Medicina e A Senhora da Ferraria. Nós, devotos modernos, podemos então infe-rir que Brighid é uma deusa de cura, poesia e da arte da forja. Outras fontes relativamente obscuras referem-se a outras figuras femininas de nome simi-lar, como a jurista Brig Ambue (Brighid dos que não possuem gado), cujos julga-mentos Lhe deram distinção como legisladora associada com todas as clas-ses, até mesmo com os forasteiros destituídos. Interpretamos essa evidên-cia como uma forma de apoiar a ideia de que Brighid é também uma deusa de justiça, em especial a justiça social.

Essa interpretação encontra base também nos contos hagiográficos de Santa Brígida da Irlanda, Escócia, Gales, Bretanha, e outros locais do mundo celta. Se aceitarmos a premissa de que o

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caráter e as histórias da santa se basei-am em lendas da deusa celta original – uma premissa que não é tida indiscutí-vel por estudiosos dos celtas mas que, ainda assim, ressoa com muitos dos devotos de Brighid – poderemos encon-trar pistas adicionais sobre a natureza de Brighid. Fica claro com essas histó-rias, tanto pagãs como cristãs, que Brighid é extremamente generosa, cheia de compaixão, e preocupada com a vida na comunidade e a vida na terra.

Alguns pagãos modernos veem Bri-ghid como mais do que uma deusa e uma santa das Ilhas Britânicas, imagi-nando-A como uma divindade do pan-celtismo cuja influência existia muito antes dos celtas chegarem à Irlanda e a outras partes da Europa. Seu culto pode ser ainda mais amplo sob nomes de deusas como Sulis-Minerva, lidando não apenas com as associações tradicio-nais de poesia, forja e cura, mas também com as energias do fogo, da luz e da criação. Assim, Seus reinos então se estenderiam do Outro Mundo aos céus, do espaço sideral ao mar, e ao submundo da própria morte. Em resu-

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mo, Seu reino é toda a criação, pois é Ela que o forjou.

Porém, muitas dessas conexões que Brighid compartilha com deusas de outras áreas incitam a algumas questões interessantes. As práticas de guarda da chama dos seguidores de Brighid e das sacerdotisas de Vesta na antiga Roma, por exemplo, ou as grandes semelhan-ças entre Brighid e a Minerva grega, ou Brighid e a britânica Sulis, acabam por levantar a questão acerca do fato de que Brighid possa ser uma divindade ainda mais primal, vasta e misteriosa do que qualquer um tenha até então imagina-do. Isso, consequentemente, nos leva à religião proto-indo-europeia e aos exem-plos extremamente interessantes de suas deusas4 cujas funções principais e áreas de atuação coincidem com as de Brighid, incluindo nisso a deusa da lareira Westya, a deusa vaca Gwou-winda, e a deusa do amanhecer Xausos. É bem possível que Brighid como A conhecemos hoje tenha raízes nessas

4 Serith, Ceisiwr. Deep ancestors: practicing the religion of

the proto-indo-europeans. Tucson: ADF Publishing, 2007.

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deusas e, talvez, até numa ainda mais antiga, única, cuja função e atuação englobe todas as mencionadas acima.

Se, como cremos, Brighid tem sido cultuada por séculos anteriores à Era Celta, essas deusas proto-indo-europeias podem nos fornecer a figura mais anti-ga e primal de quem Ela é. Explorar essas raízes é extremamente importante para nós, e a evidência disponível, as-sim como outras inspirações, acaba por nos convencer de que há algo especial e único acerca de como os celtas pré-cristãos lidavam com Brighid. E, como muito do nosso conhecimento acerca da deusa, apesar de incompleto, vem das culturas celtas, especialmente aquelas da Irlanda, por meio de uma compreen-são mais profunda da experiência dos celtas com Ela, poderemos mais Dela nos aproximar.

Contudo, ao contrário da maioria das divindades irlandesas mais bem conhe-cidas, há pouco na verdade para se saber acerca de Brighid nos mitos irlan-deses que chegaram até nós – e o que podemos encontrar reside em pequenos trechos que são parte de histórias maio-

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res. Este ensaio, compilado e composto por quatro devotos de Brighid, é nossa tentativa de coletar todo o conhecimen-to antigo irlandês sobre a deusa e interpretá-lo como um mito único. Mas apresentamos isto puramente como uma peça de oferta devocional, e não como um artigo acadêmico.

O saber dos irlandeses Considerando o papel central de Bri-ghid na tradição cultural irlandesa, é de se surpreender o quão pouco material sobre Ela existe na antiga literatura pa-gã. Uma possível explicação para isso – mas não a única – é que o culto de Bri-ghid se desenvolveu tardiamente no período pré-cristão, nos anos 70 da Era Atual, quando refugiados da tribo Bri-gante do norte da Bretanha trouxeram a adoração de sua deusa tribal Briganti a Leinster5. De acordo com essa teoria, por volta de um século depois dos Bri-gantes chegarem à Irlanda, os homens de Leinster conhecidos como os Laighin

5 Wright, Brian. Brighid: goddess, druidess and saint. Glou-

cestershire: The History Press, 2009. pgs. 23-26.

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se tornaram os senhores de boa parte do país por algum tempo – nesse período, sua deusa tutelar Briganti pode ter se tornado demasiadamente popular e se transformado na deusa irlandesa Bri-ghid. – Isso teria ocorrido tardiamente ao ponto de Ela não ter sido totalmente absorvida pela mitologia narrativa local quando a cristianização da Irlanda esta-va a todo vapor. Portanto, Sua mitologia pode ter se desenvolvido mais comple-tamente no cristianismo com a figura de Santa Brígida do que o foi no período da religião pré-cristã.

Porém, essa é apenas uma das expli-cações possíveis para a ausência notável de Brighid na literatura irlandesa. Outra possibilidade é que os monges e poetas que escreveram as sagas preservaram mais das histórias completas acerca de Morrighan e Lugh, pois poucos, se é que existiam, acreditavam Neles, e es-sas histórias não encorajariam Seus cultos. Uma vez que Brighid tinha sido adotada entusiasticamente como uma santa, a preservação de Suas lendas pré-cristãs teriam maior possibilidade de encorajar tendências pagãs latentes, e

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isso seria ainda mais perigoso do que as histórias dos esquecidos Morrighan e Lugh, o que fez com que tradutores daquela era deixassem Brighid fora da história.

Qualquer que seja a razão, a evidên-cia literária acerca de Brighid nos tempos antigos se limita a poucas pas-sagens curtas. Uma está no Cath Magh Tuired, ou Segunda Batalha de Moytu-ra, e enfatiza Seu papel como a esposa do indigno rei Bres, como mãe enlutada de Ruadan – que foi morto na batalha entre os deuses de Danann e os gigantes Fomores –, e como a inventora da práti-ca do lamento pelos mortos. Outra passagem vem do Livro das Invasões e A associa com dois tipos opostos de criaturas: os bois míticos civilizados Fe e Men, e o monstruoso Orc Triath6, rei dos javalis. Como dito anteriormente, o Glossário de Cormac enfatiza Sua posi-ção como filha do Dagda e como um poderoso e popular trio de deusas ir-mãs responsáveis pela poesia, cura e 6 Orc Triath também aparece sem Brighid no relato galês

Arthuriano como Twrch Trwyth, sendo ali uma força da natureza muito destrutiva.

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forja. Por fim, algumas passagens curtas nos antigos códigos legais irlandeses e outros fontes se referem a várias mulhe-res cujos nomes começam com o prefixo Brig, ou Poder, como a já mencionada Brig Ambue, que parece ter sido res-ponsável por vários deveres associados com a própria deusa. Muito da imagéti-ca associada com a divindade por devotos modernos deriva, na verdade, do conhecimento e das práticas popula-res associadas com a santa que viria depois – apesar de isso ocorrer por uma razão, como discutiremos depois.

Quem é Brighid? Brighid é geralmente apresentada como sendo virginal ou como não possuindo um consorte masculino. Esse conceito de Brighid como uma virgem não se baseia somente no Seu status como san-ta cristã, pois é uma antiga característica indo-europeia das deusas da lareira, das deusas da cultura e de suas sacer-dotisas. Por exemplo, a deusa romana da cultura Minerva (que se reflete nas deusas bretã e galesa Briganti e Sulis, respectivamente, também associadas à

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Brighid) era uma virgem, assim como a deusa romana da lareira Vesta. As sa-cerdotisas de Vesta, as Virgens Vestais, guardavam uma chama perene muito similar à eterna chama de Brighid em Kildare. Assim, o conceito de Brighid tanto como uma virgem como uma mu-lher descompromissada é provavelmente de origem pré-cristã.

Contudo, a mitologia não tende a ser perfeitamente consistente, e as fontes irlandesas dizem que Ela se casou duas vezes: uma com Bres, numa tentativa falha de reconciliar os deuses e os gi-gantes, e outra com o deus do trovão Tuirenn, cujos filhos Brian, Iuchar e Iucharba (os Três Deuses de Danu, que deram origem aos nomes de todos os deuses irlandeses) tinham uma conten-da com a família de Lugh7.

7 Isso pode se referir ao conflito histórico entre os seguidores

do antigo deus celta do trovão Tuirenn ou Taranis e o novo deus do relâmpago Lugh ou Lugus, cujo culto substituiu o do antigo deus. Os Filhos de Tuirenn mataram o pai de Lugh, e Lugh os forçou a cumprir uma tarefa impossível que os levou à morte.

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Há alguma confusão acerca das iden-tidades dos dois maridos de Brighid. De acordo com o Livro das Invasões:

Aqueles eram as Tuatha De – deuses eram seus homens das ar-tes, não-deuses seus lavradores. Eles conheciam as encantações dos druidas, e seus cocheiros, e amar-radores de laços, e seus copeiros. (...) Estes eram os três Deuses de Danu, de quem foi nomeada a Montanha dos Três Deuses. (...) e para testemunhar os três filhos de Bres, filho de Elatha, ou os três fi-lhos de Tuirell Biccreo, Brian, Iuchar, Iucharba8. Tuirell Biccreo é outro nome para Tu-

irenn, assim esse trecho diz que os três deuses de Danu eram os filhos ou de Tui-renn ou Bres. Uma vez que Tuirenn e Bres são os dois maridos de Brighid, isso levanta a possibilidade de que Bri-ghid seja identificada com a deusa-mãe Danu. Essa possibilidade é reforçada

8 Brigit, em http://www.maryjones.us/jce/brigit.html [aces-

sado em 27-abr-2017].

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pelo fato de que o Livro de Leinster nomeia Brighid como mãe deles9.

A situação se torna ainda mais com-plexa quando lembramos que Tuirenn também era supostamente casado com Ernmas. As três filhas de Ernmas eram as três Morrighans, algumas vezes no-meadas como Anu, Badb e Macha. Anu ou Arnand é possivelmente o mesmo que Danu, e algumas transcrições do Livro das Invasões nomeiam Morrighan ou Anu como a mãe dos três deuses de Danu10.

Genealogias divinas são sempre con-fusas, mas se Anu é Danu e Anu é uma das três Morrighans e tanto Anu e Bri-ghid são as mães dos três deuses, então é Brighid de alguma maneira idêntica à Morrighan apesar de suas personalida-des drasticamente diferentes?

Isso é possível dada a fluidez pela qual as divindades celtas são notórias. Outra possibilidade é que os antigos irlandeses viam o status de mãe dos três deuses como uma marca definitiva de 9 op.Cit.

10 Anu/Anann, em http://www.maryjones.us/jce/anu.html

[acessado em 27-abr-2017].

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supremacia ou de deusa de maior im-portância no panteão. Se esse era o caso, os partidários de Morrighan poderiam ter insistido que sua deusa preferida era também Danu, a mãe dos deuses; e par-tidários de Brighid podem ter clamado o mesmo para Ela, resultando em len-das contraditórias.

Brighid e a Liminaridade A experiência de Brighid com casamen-to e maternidade é trágica nesses mitos, mas Seu papel como esposa de Bres ilustra uma de Suas mais importantes características: a tendência em cruzar os limites entre grupos normalmente vis-tos como hostis um ao outro.

Em todas as mitologias indo-europeias, o conflito mítico mais primal é entre uma tribo de deuses e uma tribo de antideuses. Na Grécia, a batalha é entre deuses e titans; na Noruega, é entre os Aesir e os Jotuns; na Índia, en-tre devas e asuras; na Irlanda, Tuatha de Danann e Fomores. E, com isso, Bri-ghid, membro das Tuatha de Danann, cruza o limite e se casa com um Fomor,

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possivelmente numa tentativa de fazer as pazes.

O mesmo padrão se repete através da história do culto a Brighid. Além de cruzar o limite entre deus e gigante, Ela também cruza outros, incluindo:

pagão e cristão (tornando-se santa); celta e romano (divindades com

conexões com Brighid, como Bri-ganti e Sulis, foram depois cultuadas tanto por romanos co-mo romano-bretões);

bretão e irlandês (assumindo que seja verdade que os Brigantes te-nham trazido sua divindade Briganti para a Irlanda);

gaélico e inglês (a veneração de Santa Brígida se espalhou pela In-glaterra no século XVIII);

terras altas e baixas (Santa Bride era a padroeira dos Border Dougla-ses e também a santa mais popular nas Highlands);

europeu e africano (Santa Brígida foi incorporada na religião Voudu afrocaribenha como Mama Brigit-te, apesar de sua personalidade

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ter sido totalmente alterada no processo); e

cristão e pagão (em Seu reviva-lismo como deusa pagã, algo respeitado por cristãos progressis-tas).

O casamento de Brighid com Bres nos dá o arquétipo de todas essas transi-ções, assim, mesmo que só mencionado em passant na tradição, é algo extrema-mente importante para compreender Seu papel. Quando outros são pegos em conflitos arquetípicos aparentemente inevitáveis, Brighid transcende as cate-gorias binárias e chega para abençoar o outro lado. Por que Ela tem o poder de fazer isso quando outros não? Prova-velmente por conta de seu status como uma deusa do limiar: nem isso nem aquilo, sem ficar presa em binários. Brighid é capaz de cruzar os limites porque Sua natureza é liminar.

Na história de guerra épica entre os deuses e os gigantes, a tentativa de Bri-ghid de apaziguar os lados não é bem sucedida: Seu filho Ruadan marcha em combate pelos Fomores com resultados

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trágicos. De acordo com a Segunda Ba-talha de Moytura:

Mas depois que a lança foi dada a ele, Ruadan virou-se e feriu Goib-niu. Ele puxou a lança de volta e atirou-a em Ruadan de modo que ela atravessou-o; e ele morreu na presença do seu pai na reunião dos Fomorians. Brig veio e lamentou por seu filho. A princípio ela gritou agudamente, mas no fim ela cho-rou. E o choro e o grito foram ouvidos por toda a Irlanda11. A invenção do lamento por Brighid

introduz dois papeis adicionais. As lendas da banshee que vieram depois geralmente têm relação com a deusa guerreira conhecida como Badba Catha, ou Corvo das Batalhas, uma das três for-mas da Morrighan. Contudo, o compor-tamento característico da banshee – lamentar pelos mortos – é atribuído a Brighid, não a Morrighan. Essa é uma das várias conexões ambíguas entre as duas divindades, cujas naturezas e fun- 11

Ayres, Laise. A Segunda Batalha de Moytura, em https://tesourosdairlanda.wordpress.com/2013/12/13/segunda-batalha-de-moytura/ [acessado em 27-abr-2017].

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ções são quase completamente opostas em muitos aspectos.

O segundo ponto de importância so-bre essa passagem é que Brighid lamenta a violência e o sofrimento da guerra. A sociedade antiga dos celtas não era nem um pouco pacífica, e con-ceitos modernos de não-violência seriam bem estranhos para os antigos celtas. Ainda assim, Brighid é represen-tada como uma deusa que lamenta a morte e a destruição da vida do guerrei-ro. De acordo com o Livro das Invasões:

Brigit a poetisa, filha do Dagda, ti-nha Fe e Men, dois bois reais, de onde Femen é nomeada. Ela tinha Triath, rei de seus javalis, de onde Treithirne é nomeado. Com eles es-tavam, e ouvimos, os três gritos demoníacos depois da rapinagem na Irlanda, sibilo, choro e lamenta-ção12. A referência ao sibilo nessa passagem

ecoa na Segunda Batalha de Moytura,

12

Moura, Leonni (Angus mac Oisín). Brigit, Deusa das Tuatha dé Danann, em tradução de trecho do Livro das Invasões, em http://tirtairnge.blogspot.com.br/2012/01/brigit-deusa-dos-tuatha-de-danann.html [acessado em 27-abr-2017].

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onde diz E foi Brig quem inventou o apito que sinaliza à noite. Apesar do significa-do dessa passagem não estar claro, ambas se referem ao papel de Brighid ao lamentar os resultados do conflito tribal. Seja pelo lamento pelo Seu filho caído ou pelo sibilo, choro e lamentação depois de um ataque, Brighid pranteia pelos resultados da guerra. Contudo, Ela não é completamente pacífica, pois detém poderes capazes de destruir a civilização se forem liberados.

Como dona dos bois sagrados, Brighid é associada à influência civilizatória dos campos arados e da terra cultivada. Mas como dona de Triath, rei dos javalis, Ela é associada à natureza selvagem e com o potencial para a fúria destrutiva: Triath aparece nas crônicas galesas Ar-thurianas como Twrch Trwyth, o javali selvagem que devasta Gales na história de Culhwch e Olwen no Mabinogion.

O nome completo de Triath é Orc Triath, ou Torc Triath, que é o mesmo que o galês Twrch Trwyth. Assim, o javali monstruoso do Mabinogion não é ninguém mais do que o animal de esti-mação de Brighid! Esse é outro exemplo

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da liminaridade de Brighid – bois do-mesticados e javali selvagem, campos bem cuidados e natureza perigosa. – E mesmo assim tanto Seus bois como Seu javali se unem a Ela no choro e lamenta-ção depois de um ataque.

Associações primárias A passagem mais famosa acerca de Bri-ghid como deusa está no Glossário de Cormac:

Brigit, isto é, uma poetisa, filha do Dagda. Brigit é a sábia, ou mu-lher da sabedoria, isto é, Brigit a deusa que os poetas adoram, pois muito grande e muito famosa é sua proteção. É por isso que eles a chamam de deusa dos poetas, pelo seu nome. Suas irmãs eram Brigit, a médica (mulher das artes médicas), Brigit a ferreira (mulher do traba-lho de ferraria), desses nomes com todos os irlandeses, uma deusa é chamada de Brigit13.

13

op.Cit.

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Padre Seán Ó Duinn14 os estudiosos celtas Dáithí Ó hÓgáin15 e Proinsias MacCana16 interpretaram essa passa-gem dizendo que os antigos irlandeses usavam o nome de Brighid como um título universal para qualquer deusa. Essa interpretação tem sido contestada por outros que dizem que o latim origi-nal poderia ser interpretado de maneira a significar simplesmente que uma deu-sa chamada Brighid era conhecida por todos os irlandeses.

Isso é definitivamente possível, mas há algumas pistas que indicam qual interpretação é a correta. Uma é a exis-tência de referências à Brighid como mãe dos três deuses que dão nome a toda tribo das Tuatha de Danann. Se Brighid é Danu, a mãe dos deuses, en-tão Seu status como deusa universal ou suprema parece adequado. Outra pista é a existência de muitas mulheres cha- 14

Ó Duinn, Seán. The Rites of Brigid: Goddess and Saint. Dublin: The Columba Press, 2004. pg. 60. 15

Ó hÓgáin, Dáithí. Myth, Legend & Romance: An Encyclopa-edia of the Irish Folk Tradition. New York: Prentice Hall Press, 1991. pg. 60. 16

MacCana, Proinsias. Celtic Mythology. New York: Peter Bedrick Books, 1983. pg 34.

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madas Brig na cultura irlandesa antiga. Como Brig significa Poder, esses pare-cem ser mais títulos do que nome. Isso daria respaldo à interpretação de que o nome de Brighid é usado como título para muitas deusas.

De qualquer maneira, o aspecto trí-plice descrito no Glossário de Cormac – tanto como deusas individuais ou como três irmãs divinas – está entre uma de Suas mais populares e mais conhecidas manifestações. Desses três aspectos, a Brighid da cura parece receber a maior atenção no imaginário irlandês. As ra-zões para isso são complicadas. Na cultura gaélica os costumes populares sobreviveram entre os camponeses por muito tempo após declínio do velho sistema aristocrático irlandês e suas instituições, como as ordens profissio-nais de bardos. Quando os folcloristas começaram a coletar o conhecimento da tradição oral, não havia mais fili para dizer a eles como a Brighid da Poesia era venerada ou percebida, mas havia muita gente de origem camponesa que poderia lhes dizer sobre o poder de Brighid na cura de animais doentes ou

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na ajuda às parteiras na hora de dar a luz.

Por essa razão, muito do que hoje as-sociamos à Brighid é uma mistura de elementos oriundos do conhecimento da santa e do folclore rural sobre a Bri-ghid da Cura. Brighid, algumas vezes sob o nome de Bride, é invocada em várias orações tradicionais para curar pessoas ou animais. Itens sagrados im-buídos com Seu poder, como o brat Bride, ou manto de Brighid, são usados principalmente para cura. Por fim, inúmeros poços de cura são dedicados a Brighid na Irlanda, na Escócia, na Ingla-terra e no País de Gales.

Por conta da associação entre a santa e o aspecto de cura da deusa, a imagem mais popular de Brighid hoje parece ser a da jovem mulher parteira, curandeira ou pastora, com um comportamento calmo, gentil e amável. Essa imagem inspirou uma versão da teologia Brigi-dina baseada na ideia de que Brighid deseja apenas misericórdia de seus se-

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guidores, e nunca sacrifício17. Mas en-quanto há muito a recomendar dessa teologia, ela não é respaldada pelo fol-clore acerca de Brighid. Ela é definitivamente representada como uma deusa calma, gentil e cheia de compaixão, mas Ela também é uma deusa que pode se tornar irascível com Seus próprios devotos e exigir deles sacrifícios ctônicos.

Esse aspecto de mundo subterrâneo da deusa também pode ser visto no folclore sobre Brighid e a ordem bárdi-ca. Os fili medievais tinham uma ideologia de inspiração poética comple-xa que incluía a prática de compor na escuridão total, numa cabana fechada, como se estivessem no útero da deusa. Um conto do Cabo Bretão sobre a espo-sa do rei poeta Senchan, Brighid, A descreve como a Grande Brid dos Cavalos e A associa a sangrentos sacrifícios de animais assim como ao simbolismo ctônico. Dessa maneira, enquanto a imagem popular da amável e gentil 17

Condren, Mary. Brigit, Matron of Poetry, Healing, Smithwork and Mercy, Journal of the European Society of Women in Theological Research, 2010.

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Brighid é válida e histórica, é apenas um dos aspectos da deusa pré-cristã, que também possui um lado negro as-sociado com o mundo subterrâneo.

A Brighid Negra O aspecto de cura de Brighid era um que poderia facilmente migrar entre as visões de mundo pré-cristãs e cristãs. Mas não haveria meio de dizer que o aspecto de Brighid invocado pelos fili durante os ritos de transe visionários era o mesmo da Santa Brígida de Kilda-re, pois era muito mais fácil interpretar o tanto que se sabia da deusa da cura pré-cristã com relação à santa.

Isso tem, claro, uma influência disso-nante nas percepções pagãs modernas da deusa Brighid, que quase sempre enfatizam Seu papel como uma curan-deira calma, gentil e cheia de compaixão, doadora de um amor incondicional. Es-ses atributos pertencem genuinamente a Ela em alguns de seus aspectos que sobreviveram mais claramente na tradi-ção oral por conta daquilo que geral-mente se atribui à santa.

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Porém, a deusa também tem outros aspectos, ctônicos, e em alguns casos, certos traços bem sombrios que foram registrados apenas em trechos espalha-dos do que chegou até nós. Isso não é de todo surpreendente ao falarmos de uma deusa celta ou qualquer divindade pagã, mas pode ser uma surpresa incô-moda para alguns.

Por exemplo, é dito que famílias das Hébridas que acreditavam ter ofendido Brighid buscavam aplacar Sua fúria enterrando um galo vivo no lugar onde três riachos se encontram. Essa prática foi encoberta por muitos escritores, provavelmente devido à óbvia cruelda-de, mas seu simbolismo é bem claro.

Na visão de mundo dos antigos celtas, como em muitas outras culturas, há três reinos: Céu, Terra e Mar, ou céus, terra e o mundo subterrâneo, e os templos dos celtas tinham buracos profundos ou po-ços nos quais oferendas poderiam ser feitas aos poderes do submundo. Brighid é normalmente uma divindade celestial, associada ao sol no céu, e nunca conside-rada como parte dos Sidhe ou do reino do submundo. Isso se contrasta clara-

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mente com divindades como a Morri-ghan, que geralmente é dita como sendo dos montes dos Sidhe.

Contudo, se Brighid ficasse ofendida, Ela só poderia ser aplacada com um sacrifício ctônico. Isso implica na exis-tência de um aspecto de Brighid que é irascível, pertencente ao mundo subter-râneo. A existência de tal aspecto é confirmada pelo conto Grande Brid dos Cavalos, do Cabo Bretão, na qual uma assembleia bárdica é liderada por uma mulher com aquele nome. Como os bardos ali são chamados de Cliar Shen-chain, ou Bando de Senchan, a Grande Brid dos Cavalos poderia ser relaciona-da com a mulher do grande bardo Senchan Torpeist, Brighid.

Na história, a Grande Brid dos Cava-los exige seu quinhão de carne de um porco que jamais nasceu, assim como cavalgar numa égua branca de orelhas vermelhas. Animais brancos de orelhas vermelhas eram tradicionalmente vistos como criaturas dos Sidhe, e porcos eram historicamente usados como sacrifícios aos poderes ctônicos. O rei em questão mata um porco nascido de cesárea e usa

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seu sangue para pintar as orelhas de uma égua branca de vermelho. Essa história, como a do sacrifício do galo nas Hébridas, envolve um aspecto de submundo em Brighid que demonstra que Ela foi uma vez cultuada por meio de sacrifícios de animais. Enquanto pagãos modernos em geral não têm interesse em reviver tais práticas, de-vemos ter ciência das chances de que nosso conceito de Brighid tenha sido substancialmente cristianizado, e que a antiga deusa pagã provavelmente tinha aspectos sombrios e até sangrentos em certas circunstâncias.

Deusas cognatas Estudiosos modernos não concordam plenamente acerca de quão extenso era o culto a Brighid no antigo mundo celta.

Nomes divinos similares a Brighid apareceram de várias maneiras diferen-tes em todos os territórios celtas, mas não se tem certeza de que todas se refe-rem à mesma entidade. Brigindo / Brigindona Da parte oriental da Gália temos Brigin-do, uma deusa sobre a qual quase nada

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se sabe, exceto que era associada à cura, à fertilidade e às artes. Uma dedicatória à Brigindona foi encontrada numa área uma vez regida pela tribo Aedui. Matres Brigaecae As Matres Brigaecae ou Mães Exaltadas eram cultuadas na Espanha celta. Di-vindades celtas e germânicas descritas como as Matres, ou As Mães, são sem-pre representadas em forma tríplice, assim podendo torná-las equivalentes às três Brighids descritas por Cormac18. Brigantia Da Bretanha temos Briganti, uma deusa da tribo dos Brigantes que depois foi equiparada à deusa romana Minerva. Na época romana, Briganti era chamada de Brigantia, o nome pela qual é mais conhecida hoje.

De acordo com Beck, todos esses no-mes são etimologicamente equivalentes a Brighid. Porém, muitos estudiosos têm mostrado ceticismo em acreditar

18

Goddesses in Celtic Religion — Cult and Mythology: A Comparative Study of Ancient Ireland, Britain and Gaul, em http://theses.univ-lyon2.fr/documents/lyon2/2009/beck_n#p=87&q=Brigantia&a=p [acessado em 27-abr-2017]

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que Brighid e Brigantia compartilhem qualquer coisa além da base etimológi-ca. Um exame mais detalhado de sete registros dedicados à Brigantia pode ajudar a esclarecer o assunto:

O registro de Brampton A descre-ve como A ninfa Brigantia. Isso nos diz que Brigantia era associada com águas curativas, assim como Brighid.

O registro em South Shields A descreve como Brigantia Caelestis, ou Brigantia celestial. Back nos diz que Caelestis, na interpretatio Ro-mana, era um aspecto de Juno considerado equivalente à deusa cartaginesa Ishtar. Então, o uso da frase Brigantia Caelestis nos diz que Brigantia era associada com o reino superior, ou dos céus, e que ela era uma deusa mãe, uma di-vindade toda poderosa como Ishtar. Essas associações todas combinam com o que sabemos sobre Brighid.

Os registros em Birrens, Castle-ford e Greetland todos equiparam Brigantia à deusa romana Miner-

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va que, por sua vez, era o equiva-lente da grega Athena. Isso nos diz que Brigantia era uma divin-dade do tipo Minerva celta, descrita por Júlio César como a principal deusa dos Gauleses. A equiparação com Minerva tam-bém nos revela que Brigantia era vista como padroeira das artes e da cultura, assim como Brighid, e que era algumas vezes represen-tada como uma divindade virginal, novamente como Bri-ghid. Essas inscrições enfatizam o aspecto marcial de Minerva – o de Birrens A mostra segurando uma lança e um globo, envergando a cabeça cortada da Górgona como um colar – e também A identifi-cam com Victoria, ou vitória.

O registro de Adel foi feito por uma mulher chamada Cingetissa. Esse nome significa a guerreira ou a atacante. Ele é acompanhado da inscrição de uma cobra, que com-bina com as associações de Brighid com as cobras no Imbolc nas Highlands. O registro de

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South Shields também mostra símbolos de pássaros e de emble-mas de deusa da fertilidade, como a pátera e o jarro.

Brigantia era então uma divindade associada com a água, a cura, o reino dos céus, a maternidade, as artes, a cul-tura, a virgindade, a fertilidade, os pássaros e as cobras19. Todas essas asso-ciações se aplicam igualmente a Brighid.

Porém, Brigantia era quase sempre representada como uma divindade marcial e Brighid é raramente assim vista. Essa é uma diferença significativa, mas deve-se notar que o epíteto Bride nam buadh encontrado nas orações das Highlands significa literalmente Bighid vitoriosa e se traduz diretamente na fra-se Brigantia Victoria. Todavia, o único cenário no qual a Brighid irlandesa é representada como uma deusa guerrei-ra territorial é na defesa de Leinster, província para a qual muitos Brigantes emigraram. A natureza guerreira de Brigantia é então diretamente relacio-

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op.Cit.

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nada ao seu status como deusa tribal dos Brigantes, e não necessariamente se traduz em Seu culto em outros territó-rios por outros povos. Mas além dessa diferença realmente significativa, Brigan-tia e Brighid compartilham de várias funções e aspectos, e apesar de não pode-rem ser consideradas exatamente a mesma divindade, também podem não ser completamente diferentes. Sulis / Sulis Minerva Sulis era outra deusa bretã equiparada à Minerva, e Seu nome implica numa conexão solar similar à de Brighid.

As características da Minerva celta in-cluem a associação com a luz, o fogo, o sol, as águas curativas como fontes ter-mais e poços sagrados, além de manifestações culturais como artes e artesanato.

É importante notar que o Glossário de Cormac nos dá uma falsa etimologia para o nome Brighid, dizendo que deri-va de uma frase que significa flecha flamejante. Mas, apesar da etimologia ser incorreta, a associação do fogo à Miner-va celta tem sido claramente imposta também à Brighid.

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As Brigs Compêndios legais, lendas e outras lite-raturas antigas dos gaélicos descrevem várias mulheres famosas que podem ser consideradas como avatares ou manifes-tações de Brighid responsáveis por áreas específicas da vida. Esses nomes geral-mente começam com o prefixo Brig, significando Poder de, e incluem:

Brig Ambue: Brighid dos sem Gado ou Brighid dos Destituídos. No Imbolc, bandidos ou guerreiros Fianna sem lugar na sociedade atacavam para obter o sustento para suas famílias durante a difí-cil época do fim do inverno. Essa atividade era também conhecida como werewolfing. Rituais de puri-ficação aconteciam em nome de Brig Ambue para reintegrar esses lobos de volta na comunidade tri-bal. O prólogo do Senchus Mor a chama de a mulher com conheci-mento acerca dos homens da Irlanda em sabedoria e em prudência.

Brig Euit: Brig Euit é mencionada num poema de Moccu Mugairne que possui conexão com as histó-

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rias originárias da tribo Fothairt. Nele, Ela é descrita como o poder do zelo, verdadeiramente divino. Do contexto do poema, é claro que ele se refere à Santa Brígida, o que é interessante, pois indica que ela era vista como uma das figuras Brig. Brig Euit é a Brig ou o Poder do zelo religioso.

Brig Briugu: Uma briugu, ou hospi-talária, era uma pessoa que manti-nha sua casa aberta de maneira ampla, oferecendo hospitalidade a todos os que passavam. Pouco é sabido acerca dela, mas há refe-rências a uma Brig Briugu. As lendas de Santa Brígida milagro-samente preparando enormes quantidades de cerveja prova-velmente se relacionam a esse aspecto de Brighid.

Brig Brethach: Brig Brethach é a forma mais incomum de Brighid, uma espécie de femme fatale. Essa Brig era a esposa de um guerreiro de Ulster muito violento chamado Celtchar MacUthechair. Ela sedu-ziu Blai Briugu ficando em sua

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hospedaria quando sabia que era seu geis, ou obrigação, dormir com qualquer convidada. Como resultado, Blai foi morto por Celtchar, que então foi morto ten-tando pagar o preço de honra de Blai ao realizar várias tarefas na história A morte trágica de Celtchar MacUthechair. Brig era a filha do juiz, poeta e pacificador de Ulster Sencha mac Ailella, que ensinou eloquência a Cuchulain. Quando ele deu um julgamento desfavo-rável às mulheres, três bolhas apareceram em seu rosto, mas fo-ram embora quando sua filha Brig corrigiu a sentença.

Grande Brid dos Cavalos: Essa pou-co conhecida versão de Brighid era associada com a Grande Insti-tuição Bárdica, também conhecida como a Grande Assembleia Bárdi-ca, que era um bando de poetas que viajavam de um lugar para o outro fazendo pedidos exorbitan-tes para os reis tribais. Seu líder era o poeta Senchan Torpeist, que

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partiu numa missão para recupe-rar o épico perdido de Tain.

Santa Brígida Não há meio de se provar definitiva-mente se Santa Brígida era uma figura real e histórica ou um mito. É possível que uma mulher santa chamada Brígi-da, filha de um druida e uma escrava, realmente tenha vivido na Irlanda por volta do ano 400 da Era Atual, tenha fundado uma comunidade cristã em Kildare e se tornado o tema de muitas histórias relacionadas à Santa Brígida. É também possível (e, em nossa opinião, bem mais provável) que as histórias de Santa Brígida sejam a evolução das his-tórias contadas aceca da Deusa Brighid, e que uma mulher bem inteligente e politicamente inclinada – ou uma série delas – tenha adotado o nome Brighid (ou Brígida etc.) para levar vantagem usando o poder do nome. Qualquer que seja a realidade, é fácil ver a Deusa na Santa: as várias Vidas de Brígida listam muitos milagres, alguns com associações evidentes com deusas do amanhecer, do sol, do fogo, da cura, da fertilidade, e da soberania pré-cristãs. Apesar de pode-

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rem ou não ter conexão direta com a Deusa Brighid, essas histórias certamen-te oferecem inspiração sobre Ela.

Associações com o Amanhecer, com o Sol, e com o Fogo

Um pilar flamejante foi visto er-guendo-se do lugar onde sua mãe estava.

Ela nasce com os primeiros raios de sol enquanto sua mãe tem um pé dentro e outro fora, e se banha no leite que sua mãe carrega. A então criança Brighid sopra sobre o filho natimorto da rainha e ele volta à vida.

A casa onde dorme é vista em chamas, com o fogo se erguendo da terra ao céu. Eles tentam apa-gar o fogo, mas ele desaparece, revelando que Ela não está ferida, e sim cheia de poder espiritual.

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Associações com a Cura Sua cuidadora fica doente, e ela

transforma a água do poço em cerveja para curá-la.

Quando seu pai tenta forçá-la a se casar, ela arranca um de seus próprios olhos. Quando ele se compadece, ela se cura.

Quando um leproso lhe pede uma vaca, ao invés de dá-la ela o cura da lepra.

Ela transforma água em leite, que cura os doentes.

Ela tem uma doença nos olhos, bate a cabeça numa pedra num acidente de carruagem e o sangue que jorra cura duas mulheres mudas. Depois, ela se cura.

Quando um servo derruba o vaso do rei e o quebra, ela o salva so-prando sobre o objeto para consertá-lo.

Quando dois leprosos estão pres-tes a lutar perto dela, a mão de um definha e a mão de outro en-colhe. Ela então cura a lepra de ambos.

Ela cura um garoto mudo.

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Ela faz com que a língua de uma mentirosa inche na Lunasa Tel-town Fair para que ela não fale. Depois consegue saber a verdade acerca da identidade do pai do fi-lho da mulher.

Sua sombra cura uma mulher de tuberculose.

Seu cinto cura todas as doenças, e ela o dá a uma mulher pobre para que ela viva como curandeira.

Ela abençoa uma tina de água. Quando cai, a tina rola porta afora até o Loch Laphain sem quebrar ou derramar. A água curaria quaisquer doenças.

Sua presença faz com que o temí-vel louco de Sliab Fuait reze e a louve.

Ela faz com que um leproso lave outro, e isso o cura. Este se recusa a lavar o primeiro, mas ela então o lava, curando-o. O outro, porém, sente fagulhas de fogo romper sua pele e é coberto por lepra do alto da cabeça à sola dos pés.

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Associações com Fertilidade Tudo o que toca aumenta. Ela

cuida de ovelhas, alimenta pássa-ros e alimenta os pobres.

Ladrões roubam dois dos suínos que ela pastoreia, mas quando ela conta as cabeças, não falta ne-nhum.

Ela dá todo o bacon que deveria ser entregue a um hóspede para um cão, mas ainda restam cinco pedaços, assim como antes.

Ao fazer manteiga, dá a maior parte para os pobres, mas por mi-lagre não falta nada.

Ela milagrosamente produz um grande suprimento de cerveja com uma única medida de malte.

Ela recebe maçãs, e redistribui tu-do aos leprosos. Quando quem lhe deu reclama, ela amaldiçoa suas três macieiras e elas ficaram estéreis.

Ela multiplica ovelhas e pães e lei-te para alimentar uma multidão.

Ela abençoa a água para fazer com que uma esposa deseje o marido de novo.

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Ela dá uma corrente de prata com uma forma humana numa ponta e uma maçã na outra. Quando seus seguidores reclamam, tudo volta como antes.

Ela faz com que vacas que já de-ram leite duas vezes sejam ordenhadas uma terceira vez e deem mais leite do que antes para um convidado.

Ela mantém suas ceifeiras secas durante uma tempestade.

Ela traz de volta um bezerro que uma viúva matou para si e con-serta seu tear.

Quando um ladrão rouba algumas das ovelhas que ela observava, ne-nhuma aparece faltando.

Quando um homem da sua casa faz hidromel para o Rei de Leins-ter e todos ficam bêbados antes da chegada do rei, ela abençoa os to-neis e os restaura.

Quando ela precisa de mais leite para seus hóspedes, suas vacas lhe dão tanto a ponto de criar um lago de leite.

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Associações com a Soberania Ela dá toda a riqueza de seu pai

para os pobres, e ele então tenta vendê-la ao Rei de Leinster. En-quanto ela espera na carruagem, do lado de fora, ela dá sua espada a um leproso. O Rei de Leinster a liberta.

Ela faz com que as águas do Liffey subam contra ladrões de gado. Eles colocam suas roupas nos chifres dos bois e os mandam de volta.

Ela milagrosamente liberta um ca-tivo preso pelo rei.

Seu pai a envia a Ailill, Rei de Leinster, para perguntar acerca de uma espada emprestada. O escra-vo do rei pede por sua ajuda. Ela pede ao rei tanto a espada como também a liberdade do escravo. Ele pergunta o que ela pode lhe dar, e ela oferece excelentes filhos, reinado para seus filhos, e o céu. Ele diz que só quer uma vida lon-ga e vitória na batalha contra o norte. Ela assim o faz, e ele vence 39 batalhas. Depois de sua morte,

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mesmo a presença de seu corpo garante a vitória.

Rei Ailill recusa seu pedido de madeira para o santuário que es-tava a construir, e ela faz com que seus cavalos não saiam do lugar. Quando ele lhe dá cem carroças cheias de madeira e os artesãos necessários para construir o san-tuário, ela confere aos descendentes do rei a soberania sobre Leinster.

Ela faz com que as águas do rio Barrow subam contra um leproso que foi ingrato ao receber dela uma vaca, mas protege outro que lhe foi grato.

Um leproso faz greve de fome até receber a armadura e as armas do Rei de Leinster. Ela faz com que o rei vague sem destino até que dê essas coisas ao leproso.

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Associações gerais com a Magia e com o Outro Mundo

Seu nascimento é anunciado por um druida.

Ela não pode comer a comida deste mundo, apenas o leite de uma vaca branca de orelhas vermelhas. Ela vomita qualquer outra comida.

Ela força um espírito maligno a se revelar e então partir.

Ela transforma sal em pedras para expor um mentiroso (que não admite carregar sal precioso), en-tão faz com que volte de novo a ser sal quando ele diz a verdade.

Ela vê a cabeça de um bode num cálice depois que um garoto rouba o animal. Quando ele se arrepen-de a visão desaparece.

Ela manda um homem pescar e ele acaba sendo levado e abando-nado por uma foca. No mesmo dia ele é resgatado, encontra a fo-ca morta na praia ao voltar para a Irlanda e a traz para seus hóspe-des para que se alimentem dela na hora da janta.

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Ela transforma rochas em sal para uma mulher que queria sal.

Quando um plebeu mata por aci-dente ao cortar lenha a raposa do Rei de Leinster, um animal que fazia truques, ela faz com que uma raposa comum passe a reali-zar os mesmos truques para que o Rei não mate o lenhador.

Ela vê uma batalha ao longe e faz com que outros a vejam.

Ela subjuga tempestades no mar.

Conclusão Brighid é uma divindade complicada e multifacetada, seja sob o viés de deusa celta ou como santa cristã, seja sob o viés dos estudos antigos ou da revela-ção moderna. Este ensaio só oferece um relance do mundo no qual Ela habita, um mundo que pode parecer enorme-mente complexo à primeira vista. Assim como muitas divindades, as caracterís-ticas de Brighid e sua identidade são muito fluidas em comparação com os humanos e, enquanto pode ser de al-guma ajuda no começo de uma jornada espiritual categorizar o que Brighid É e

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o que Brighid Não É, essa classificação precisa ser plexível. Nossa Senhora tem mostrado várias e várias vezes o quão pronta está pra cruzar limites e desafiar as expectativas: literatura, histórias e estudo são só os passos iniciais de uma aventura muito maior.

Este ensaio procura apenas compilar o conhecimento relevante, assim como algumas pesquisas e teorias importan-tes de uma maneira fácil de se compreender. Uma obra verdadeira-mente completa acerca da história e teologia Brigidina demandaria múlti-plos volumes – sem mencionar as muitas vidas necessárias para coletar, analisar e comentar toda essa informa-ção! – Enquanto essa abordagem possa ser com certeza um objetivo nobre para alguns devotos, este ensaio se apresenta com a simples esperança de inspirar uma exploração futura. Onde essa ex-ploração o levará é entre você e Brighid.

Que Brighid o abençoe e a sua jorna-da espiritual!

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O que é o Paganismo Brigi-dino?

por Gilbride20 Brighid é uma das mais amadas e

amplamente veneradas divindades no mundo inteiro, e seu culto ou adoração em uma de Suas muitas formas parece cruzar todos os limites da cultura, do idioma, e da tradição religiosa. Deusa da poesia, da forja e da cura na antiga Irlanda, Brighid é adorada menos por Suas específicas características do que pela energia de uma compaixão sem fim, pela gentileza e pela criatividade com as quais sempre esteve associada. De acordo com o antigo texto irlandês chamado Glossário de Cormac, Seu culto era tão popular na era pagã que Seu nome poderia ser usado para represen-tar qualquer deusa.

Nem sempre se considera as implica-ções disso, mas, para mim, revela que Brighid era vista como muito mais do que apenas uma deusa da poesia ou uma

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Publicado originalmente no Patheos Agora como Loop of Brighid.

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deusa da cura ou ainda uma deusa irlan-desa. Acho que Ela era vista como todas essas coisas, mas também como algo muito mais vasto e mais agregador, como um conceito de sagrado feminino em seu sentido mais amplo.

Nem todos escolheriam interpretá-La desse jeito, mas é fato que Brighid ins-pira intensa devoção mesmo hoje, apesar de Seu culto muitas vezes ser incorporado por outras tradições religi-osas ao invés de ser organizado como uma tradição distinta própria. A forma mais popular de devoção Brigidina hoje é provavelmente a guarda da chama, na qual devotos se alternam cuidando de uma vela dedicada a Brighid num ciclo de vinte e um dias. A maior organiza-ção de guarda da chama é a Ord Brighideach, que aceita tanto cristãos como pagãos, homens e mulheres. Gru-pos de guarda menores, ou células, podem restringir seu quadro de mem-bros apenas a mulheres, ou apenas a pagãos. Até onde sei, não há nenhuma organização restrita apenas a cristãos ou apenas a homens.

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Aqui estão alguns dos tipos de vene-ração Brigidina:

Celta Cristã: A veneração de Santa Brígida de Kildare dentro da fé ca-tólica, ortodoxa e, algumas vezes, até protestante. Muitos estudiosos celtas acreditam que a ordem de freiras que guardava a chama eterna em Kildare na época medi-eval derivou de uma ordem mais antiga de sacerdotisas devotas da deusa. Alguns brigidinos cristãos, com as freiras que guardam a chama reacesa em Kidlare, têm sido amistosos e abertos àqueles que A veem como uma deusa. Outros insistem uma clara separa-ção entre deusa e santa.

Espiritualidade Celta: Algumas pes-soas abraçam tanto a herança mitológica pré-cristã da cultura celta e uma interpretação new age mais ampla da cristandade celta, sem se identificar especificamente como pagãs ou cristãs. Essas pes-soas geralmente veem a lenda de Santa Brígida como derivada das

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histórias antigas acerca da deusa Brighid.

Movimento da Deusa: Devotos de Brighid que se identificam com a espiritualidade feminista ou o Movimento da Deusa. Seguidores desse movimento cultuam uma Deusa mais ou menos monoteísta com muitos nomes e aspectos, in-cluindo Brighid.

Wiccana: Alguns wiccanos identi-ficam Brighid como a Deusa wiccana, geralmente em Sua for-ma de donzela. Aqueles que se consideram wiccanos celtas podem ser muito focados em Brighid, mas outros podem vê-la só como uma das muitas formas da Deusa.

Reconstrucionista: Reconstrucionis-tas celtas tentam reconstruir precisamente a religião dos celtas da Idade do Ferro. A devoção Brigidina dentro do reconstrucio-nismo celta coloca uma prioridade alta na exatidão das práticas atuais.

Tradicionalista: Grupos que tentam praticar as tradições do povo gaé-lico num contexto cultural e

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religioso, incluindo a veneração de Brighid como uma santa ou deusa. Alguns grupos com raízes tradicionalistas agora se referem à sua prática como um politeísmo tribal, ou sinnsireachd, uma palavra que significa caminhos ancestrais.

Neodruídica: Grupos praticantes do druidismo podem variar desde aqueles que são virtualmente re-construcionistas até aqueles que são virtualmente new age, e há também muitas ordens britânicas antigas baseadas nos escritos do galês Iolo Morganwg do século XVIII. Algumas organizações ne-odruídicas incluem tanto devotos individuais brigidinos como tam-bém templos, bosques, ou grupos de guarda da chama devotados à Brighid.

Paganismo Brigidino: Este é meu próprio termo para uma prática pagã focada principalmente em Brighid, queira ou não o devoto também se identificar com o re-construcionismo celta, druidismo ou qualquer outro caminho. Al-

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guns pagãos brigidinos também cultuam outros deuses e deusas celtas, e até divindades não-celtas, enquanto outros cultuam Brighid apenas. Alguns consideram Bri-ghid não necessariamente como a criadora do universo ou do mun-do, enquanto outras A veem simplesmente como uma deusa celta que é objeto pessoal de sua devoção. Uns pensam que Santa Brígida é um avatar da deusa, ou-tros não. Alguns consideram outras deusas, como Brigantia, como ma-nifestações de Brighid, outros não.

A característica que define o paga-nismo brigidino é simplesmente a devoção à Brighid como cerne de uma vida religiosa e espiritual. Baseado no número de pagãos que se identificam principalmente como devotos de Bri-ghid em fóruns de discussão na internet e em outros contextos, esse parece ser o maior tipo de devoção pagã, mas não é fácil delimitá-la e categorizá-la. O pa-ganismo brigidino varia bastante de um devoto para o outro, e não tem uma teologia estritamente definida além da

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ênfase Nela, e é talvez melhor compre-endido por meio da energia da própria deusa – uma energia de luz e fogo, de amor e cura, de inspiração artística e de paz e justiça.

Pagãos brigidinos geralmente veem a tendência de Brighid em cruzar os limi-tes como uma parte característica de Sua natureza, e assim colocam muito menos ênfase numa estrita reconstrução histórica em sua devoção pessoal. Eles também tendem a serem abertos para o lado cristão da tradição brigidina mes-mo se não se identificam com o cristianismo.

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A Brig: Energia Divina da Criação

por Gilbride21 Na Segunda Batalha de Moytura, Bri-

ghid é apresentada simplesmente como Bríg. Essa palavra significa poder ou altura, e pode se referir tanto a lugares altos, como topos de colinas, como a estados de consciência e de inspiração artística mais profundos. Nomes com o som de brig podem ser traduzidos como O Maior ou O Exaltado.

Durante a Idade do Ferro dos celtas, os chefes tribais geralmente governa-vam de fortes em montes ou colinas, que se tornaram vilas e até pequenas cidades em alguns casos. Ferreiros e outros artesãos tinham oficinas dentro das muralhas desses fortes, e ali tam-bém ficava o santuário religioso da tribo. O santuário, ou nemeton, geral-mente se localizava no ponto mais alto, bem no centro da fortificação. Isso pode ter levado a uma associação entre o

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Publicado originalmente no Patheos Agora como Loop of Brighid.

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topo da colina, o conceito de poder sa-grado, e a deusa que personificava a cultura humana e suas manifestações, como a forjaria.

A história gaélica inclui muitas figu-ras descritas como mulheres humanas cujos nomes começam com Brig. Brig nesse contexto significa Poder, e esses nomes sempre indicam que a mulher em questão possui poder sobre algo. Não está claro se esses nomes-brig eram originalmente apenas epítetos da deusa Brighid ou se as mulheres que traziam esses nomes eram tidas como avatares ou encarnações de algum aspecto da deusa.

Porém, se pensarmos em Brig como uma palavra para Poder, vemos aí o potencial para uma teologia similar ao shaktismo, o ramo do hinduísmo cen-trado na deusa. No shaktismo, todo poder, em qualquer forma, é uma mani-festação de Shakti, a energia divina da criação. Shakti não é feminina em um sentido absoluto, mas pode ser conce-bida como uma energia feminina dentro de nossa perspectiva finita.

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Se quisermos nos restringir ao que po-demos provar sobre o passado, seríamos limitados a apontar as similaridades, as conexões e as possibilidades – mas a teologia não é necessariamente presa à história. – Podemos tomar os fatos dis-poníveis como sementes e ver então como eles crescem.

Pessoalmente, vejo a realidade divina última como um poder além de todas as qualidades, de todos os atributos ou de toda a compreensão, um poder que espontaneamente gera ou emana uni-versos e realidade de si mesmo. Esse processo ou energia de geração criativa espontânea pode ser compreendido como Brig, ou o poder da criação.

Brig está além de todas as categorias como sexo, mas pode ser vista como uma energia divina feminina devido à sua qualidade de dar a luz às coisas. Brig pode também se manifestar como deusas específicas com personalidades, características e poderes.

Como Brig é a energia criativa primal do universo, Brig é inerente a todos os fenômenos de quaisquer tipos. Porém, a deusa específica que mais diretamente

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manifesta a qualidade de Brig é Brighid em Sua concepção mais ampla e univer-sal. Brighid é a deusa de Brig.

Essa Brighid Universal se manifesta na Terra de múltiplas formas diferentes, algumas das quais têm brig em seus nomes, enquanto outras não. As deusas do tipo Minerva celta poderiam ser vis-tas como da família Brighid de deusas celtas, mas falando de maneira mais ampla, a Brig é o Sagrado Feminino em si, e todas as deusas são manifestações dela.

Para aqueles que são atraídos pela deusa Brighid, essa teologia nos permi-te chegar a ela em mais de um nível de cada vez, se assim o quisermos. Pode-mos vê-La como uma deusa irlandesa específica, ou como uma família pan-celta de deusas com aspectos que se sobrepõem, no conceito de Deusa ainda mais amplo, e como a realidade divina última em sua forma personalizada.

Esses níveis não são mutualmente ex-clusivos – não há necessidade de distinguir entre uma interpretação pu-ramente politeísta ou mais ou menos politeísta. Ao mentalmente alterarmos

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entre os diferentes níveis dependendo do contexto, podemos nos relacionar com Brighid como um ser divino espe-cífico com quem podemos ter uma relação pessoal – ou como um modo de se aproximar da divindade suprema.

É claro que isso não significa que essa forma particular de se aproximar do divino é mais verdadeira do que outra – você não pode construir uma cerca ao redor do infinito. – Só porque Brig pode ser considerada o poder primordial criativo do universo, isso não significa que não existam inúmeras outras for-mas válidas de pensar acerca disso.

Porém, pagãos modernos têm sido tão avessos a quaisquer coisas que se assemelhem a dogmas que alguns de nós tendem a evitar o pensamento teo-lógico completamente. Não precisamos realmente desse limite. Geralmente ouvimos pagãos dizer que nossas reli-giões são definidas mais pela prática do que pelas ideias, mas há algumas práti-cas que não podemos nem acessar sem encarar as ideias que as tornam possí-veis. Se nos recusarmos a lidar com a teologia, também limitaremos nossa

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prática. Assim, para os seguidores de Brighid, esse conceito de Brig como um poder criativo universal é um meio de começar a pensar em ver Brighid em tudo – uma forma de ver tudo no uni-verso como Seu fogo divino.

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Santa e Avatar por Gilbride

Entre os acadêmicos no campo de es-tudos celtas tem havido muito debate sobre o quanto Santa Brígida de Kildare se conecta com a antiga deusa de mes-mo nome. Há uma gama de evidência circunstancial, mas nenhuma prova, e nunca haverá provas disso porque os gaélicos pré-cristãos não tinham uma cultura literária. Eles usavam o Ogham, sua própria escrita nativa, quase exclu-sivamente para lápides e marcações de limites de terra – não tratados de teolo-gia.

Se encararmos o assunto como um acadêmico o faria, nunca iríamos além da afirmação que alguns aspectos da história de Santa Brígida podem ter algo a ver com a deusa Brighid. Se ape-nas encararmos os aspectos da história da deusa que são provavelmente de origem pré-cristã, teríamos muito pouco com o que trabalhar.

Porém, não temos que ver isso como um acadêmico o faria, pois a crença e a devoção em divindades não é parte do

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estudo acadêmico. Mesmo se um aca-dêmico em particular cultuasse Brighid em sua vida privada, teria de ter cuida-do em sua escrita acadêmica, limitando seus comentários ao pouco que pode ser provado ou àquilo que tivesse grande apoio das evidências.

Como devotos, e não como historia-dores, podemos partir de um conjunto diferente de considerações e chagar a um conjunto diferente de conclusões. A deusa que cultuamos é uma entidade real de poder imenso. Ela toma decisões e age quando a ação é necessária. Ela opera no mundo e isso tem seus efeitos.

Durante o conflito entre as Tuatha de Danann e os gigantes Fomores, Brighid se casou com Bres – um rei meio-Fomor. Ao fazê-lo, Ela cruzou um limite. –, assim como Santa Brígida quando nas-ceu ao amanhecer na entrada de casa. A santa depois cruzou muitos outros limi-tes. Durante os séculos de guerra entre os ingleses e os gaélicos, Santa Brígida foi honrada por ambos os povos e em ambas as línguas. Seu equivalente esco-cês, Santa Bride, for honrada tanto pelos Highlanders que falavam gaélico como

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pelos homens das Terras Baixas que falavam escocês.

Cruzar limiares está na natureza de Brighid, e ao fazê-lo Ela nos mostra que podemos fazer o mesmo.

Quando o antigo mundo pagão estava desaparecendo enquanto o cristianismo se espalhava, a deusa que cultuamos não escolheu dar lugar a outro e desva-necer da consciência humana. Ela decidiu cruzar o limiar emergente entre o velho mundo pagão e o novo mundo cristão, e se manifestar numa nova for-ma para atingir as necessidades de um novo tempo. Sua transição para a santi-ficação não foi algo imposto a Ela por uma religião estranha – foi algo que Ela escolheu. – Santa Brígida de Kildare era um avatar da deusa, e Ela manteve a chama divina acesa durante todos os séculos em que o cristianismo se colo-cava como principal religião do mundo ocidental.

Nosso próprio tempo é também um de mudanças. O cristianismo não mais tem o domínio cultural que tinha, e muitas pessoas têm descoberto que ele não responde às suas necessidades espi-

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rituais. Nesse mundo de mudanças, há uma vez mais um limiar emergente, entre a herança da tradição espiritual definida pelo cristianismo e os inúme-ros novos movimentos religiosos que se identificam como pagãos.

Ainda assim, Brighid cruza esse limi-ar tão facilmente como qualquer outro, transitando de santa à divindade como uma vez transitou de divindade à santa. Dessa perspectiva, a longa história de Brighid como santa não pode ser com-pletamente compreendida dissecando-a historicamente, pois isso também pode ser visto como um processo de revela-ção.

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Preparando um Altar por Aster Breo

Um altar do Clann Bhride é um espa-ço dedicado para a guarda das ferramentas do praticante que cultua Brighid. Pode ser uma mesa, uma prate-leira, ou outra superfície aberta, ou pode ser uma gaveta ou uma caixa que se fecha para proteger os itens ali guar-dados. O estilo e a disposição das coisas no altar varia de praticante a praticante, mas precisa incluir certos itens específi-cos que representam Brighid e Suas associações fundamentais. As formas dessas representações cabem à escolha individual.

Um altar do Clann Bhride inclui: representação de Brighid – pode

ser uma estátua, uma imagem, ou uma representação abstrata de qualquer estilo, ou pode ser uma cruz de Brighid (símbolo tradicio-nal associado à Brighid);

chama de Brighid – uma vela ou lâmpada dedicada à Brighid;

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água de Brighid – um copo, taça ou outro vasilhame com água límpida trocada diariamente; e

uma vasilha ou prato para ofe-rendas.

De acordo com o praticante, outros itens podem ser incluídos no altar, como:

cruz de Brighid; Brat; velas/lâmpadas para guarda da

chama (uma chama separada para cada célula) e/ou para outros propósitos específicos;

contas de oração; joia usada para a guarda da cha-

ma ou dedicada a Brighid por qualquer outra razão;

representações das associações de Brighid (cura, poesia e aprendi-zado, forja, justiça social);

representação do sol; representação das estrelas; representação da lua; representação dos reinos da terra,

do mar, e do céu; símbolos de importância pessoal; ferramentas divinatórias; e caixa/sacola/vasilha de orações.

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Preparando uma Cruz de Brighid Cruzes de Brighid podem ser feitas usando vários tipos de materiais dife-rentes, incluindo juncos recém-cortados, palha, grama, palha de milho, ráfia, fio, canudinhos, tiras de papel, e até limpa-dores de canos. Há vários estilos de cruzes de Brighid, mas a mais conheci-da é a cruz de quatro braços iguais, que provavelmente evoluiu da suástica e representava uma roda solar. Cruzes de três braços são feitas da mesma manei-ra, simplesmente omitindo um dos braços.

Materiais necessários para uma cruz de quatro braços:

10 fios de tamanho iguais, 9 dos quais deverão ser dobrados no meio antes de começarmos; e

4 peças menores (cerca de metade do tamanho das peças mais lon-gas) ou 4 elásticos pequenos.

A cruz aqui apresentada é feita com fios com de aproximadamente 15 cen-tímetros.

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Passo 1. Comece com o fio não do-brado como peça central. Passe um pedaço dobrado sobre o ponto central em ângulo reto para criar o começo do primeiro braço.

Passo 1

Passo 2. Passe uma segunda peça do-brada sobre ambas as metades da primeira, paralela à peça central, para começar o segundo braço. Deslize essa peça até ficar bem próxima à peça cen-tral.

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Passo 2

Passos 3 e 4. Adicione peças para começar o terceiro e quarto braços.

Passo 3

Passo 4

Passos 5 a 8. Continue adicionando as peças dobradas trabalhando num pa-drão espiral ao redor das que já estão ali, até que os braços da cruz cheguem ao tamanho desejado.

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Passo 5

Passo 6

Passo 7

Passo 8

Passo 9. Afrouxe a peça mais externa do segundo braço (a peça mais externa dobrada sobre o primeiro braço).

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Passo 9

Passo 10. Coloque a última peça do-brada sobre a peça central para completar o primeiro braço. Desta vez, porém, deslize-a sob a peça frouxa do passo anterior.

Passo 10

Passo 11. Aperte a peça frouxa para segurar a última peça firme no lugar.

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Aperte e arrume todas as peças para que os braços fiquem firmes e iguais.

Passo 11

Passos 12 e 13. Use uma peça menor (ou um elástico) na ponta de cada um dos braços da cruz para finalizar os braços.

Passo 12

Passo 13

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O Ritual do Caldeirão por Gilbride

Uma prática bárdica mística O ritual do Caldeirão é uma forma de Imbas Forosnai, ou prática bárdica mís-tica, usando a estrutura dos Três Caldeirões do texto Cauldron of Poesy:

O Caldeirão da Incubação está na posição normal no momento em que é gerado. Ele concede sabedo-ria às pessoas enquanto estudam na juventude.

O Caldeirão do Movimento, po-rém, exalta uma pessoa depois que for colocado na posição normal. Ele está de lado quando gerado.

O Caldeirão da Sabedoria está de ponta cabeça quando gerado. Se es-se caldeirão puder ser virado, concederá a sabedoria de toda arte que existe. Algumas pensam que os Três Caldei-

rões estão localizados em três áreas diferentes do corpo: o Caldeirão da Incubação na barriga, o Caldeirão do Movimento no peito, e o Caldeirão da

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Sabedoria na cabeça. Mas prefiro pensar que os Três Caldeirões são na verdade um único Caldeirão com três estados diferentes de existência e três nomes diferentes. Nos três aspectos, esse Cal-deirão está localizado no broinn, na barriga ou no útero.

Qualquer que seja sua abordagem quanto a isso, o Caldeirão da Incubação cozinhará as habilidades e técnicas bási-cas da arte que você pratica. Uma vez que tenha atingido um nível básico de técnica na sua arte escolhida, o Caldei-rão da Incubação terá feito seu trabalho.

De acordo com o texto do Caldeirão, todos podem gerar e fazer uso do Cal-deirão da Incubação, mas apenas metade da raça humana é capaz de usar o Caldeirão do Movimento. Esse caldei-rão está de ponta cabeça naqueles em que falta o temperamento artístico ou o insight para ativá-lo, e de lado naqueles que têm algum grau de habilidade artís-tica. O Caldeirão do Movimento pode ser virado para a posição normal e to-talmente ativado por qualquer emoção poderosa, especialmente as nove lista-das no texto do Caldeirão:

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Tristezas humanas: saudade, má-goa, coração partido.

Tristeza divina: práticas das religi-ões ascetas, como solidão, jejum e coisas assim.

Alegrias humanas: desejo erótico, saúde e prosperidade, realização artística, Imbas (êxtase poético).

Alegria divina: sabedoria espiritu-al.

Se o Caldeirão do Movimento for to-talmente ativado por alegria divina, poderá também ativar o Caldeirão da Sabedoria, concedendo uma gama de poderes milagrosos e um profundo insight espiritual. A ativação completa do Caldeirão da Sabedoria é como um estado divino, como aquele em que se encontravam os bardos arquetípicos Amergin e Taliesin ou os santos mila-grosos da igreja celta primitiva. Mas a ativação momentânea do Caldeirão da Sabedoria é muito mais comum, e ainda assim capaz de mudar a vida de uma pessoa.

O objetivo do ritual do Caldeirão é virar o Caldeirão do Movimento para a posição normal, ativando seu poder por

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meio do uso da Imbas Forosnai, a anti-ga versão irlandesa de uma velha prática conhecida como incubação oracu-lar. Essa é a prática de entrar em transe ou dormir na escuridão e no silêncio total para receber um sonho ou visão (um aisling, como é geralmente chama-do na tradição irlandesa).

Em minha interpretação, a prática da incubação no quarto escuro é equivalente a estar no útero da deusa Brighid, que também equivale às trevas do mundo subterrâneo, às profundezas do Mar, à imensidão do inconsciente e ao reino da morte. Ao mesmo tempo, o praticante se visualiza como estando grávido de poesia, incubando sua arte em seu broinn (homens fazem o mesmo que as mulhe-res nesse sentido).

Os antigos fili, ou bardos, usavam o Imbas Forosnai para responder a qual-quer pergunta que quisessem, mas também usavam métodos muito simila-res de incubação para compor toda sua poesia. Ambos os conceitos se combi-nam neste ritual do Caldeirão, que usa tristezas e alegrias para virar o Caldei-rão, receber Imbas ou êxtase poético, e

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compor um poema (ou criar qualquer outro tipo de arte).

O Caldeirão do Movimento permane-ce na posição normal apenas durante o fluxo de Imbas – depois disso, ele vira de lado até ser ativado de novo. – Com a prática repetida, você pode ter sucesso em ativar o Caldeirão da Sabedoria mesmo que por apenas alguns momen-tos, um estado espiritual equivalente àquilo que outras tradições descreveri-am como uma experiência iluminadora. Já a ativação completa do Caldeirão da Sabedoria seria capaz de conceder onicompetência, a habilidade de criar qualquer arte ou ter qualquer perícia.

O Ritual do Caldeirão 1. Preparação

1.1. Prepare uma bebida para repre-sentar o Imbas sagrado oferecido aos poetas pela deusa Brighid. Essa bebida pode ser leite com mel, cerveja com mel, hidromel, vinho de frutas, hidromel misturado com leite, cerveja com mel e leite, ou vinho de frutas com leite.

1.2. Prepare a oferenda de alimento. Pode ser tanto uma cesta de amoras

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como uma mistura contendo coalhada de queijo, alho, abrunho, alho poró, cebola, maçã verde e amoras.

1.3. Prepare o espaço sagrado do altar na área onde realizará o ritual. O altar pode incluir representações simbólicas de quaisquer divindades que pretender invocar.

1.4. Prepare o local onde se deitará, e algo para cobrir seu rosto se achar que poderá ajudar. Colocar um peso sobre a barriga é opcional.

É aceitável visualizar mentalmente tanto as oferendas e o altar, se preferir. Na visualização mental, carne de porco crua pode ser usada como oferenda de alimento – mas não use isso fora da visualização por não ser seguro. 2. O banquete do Outro Mundo

2.1. Beba um pouco da bebida sagra-da. Se escolher uma bebida alcoólica, tome apenas o bastante para relaxá-lo.

2.2. Mastigue a comida ofertada, mas não a engula. Visualize que está masti-gando a comida do banquete do Outro Mundo para abrir as portas da sua men-te.

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3. A oferenda 3.1. Coloque a comida mastigada da

oferenda numa vasilha em seu altar, junto com o restante da bebida sagrada do Imbas.

3.2. Ajoelhe-se ou fique em pé diante do altar, erga seus braços na posição de oração de orans (com as palmas volta-das para fora) e diga:

am gaeth i mmuir am tond trethan am fuaim mara A primeira linha, Eu sou o vento no

mar, dá a sensação de mergulhar nas profundas águas escuras. A segunda linha, Eu sou uma onda das profundezas, dá uma sensação de ganho de peso. A terceira linha, Eu sou o som do mar, dá o sentimento de horror enquanto você entra em transe. Esse sentimento de horror não é negativo ou maligno – é a sensação de maravilha numinosa na qual sua mente mergulha ao seguir em direção ao inconsciente e entrar em contato com as vastas e primais forças divinas.

Você pode se visualizar sendo guiado até o mundo subterrâneo pela Grande

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Bríd dos Cavalos, que cavalga uma égua branca de orelhas vermelhas, ou pela Cailleach em seu papel de deusa mãe dos Fomores. Como alternativa, você pode simplesmente se ver descen-do nas trevas e no silêncio sem imagens visuais.

De qualquer maneira, você deve con-tinuar a repetir esse cântico até estar profundamente em transe. 4. A invocação

4.1. Olhe firme em suas palmas aber-tas e recite uma invocação. A invocação que escolherá depende de você, mas aqui estão algumas opções da Canção de Amergin:

Para invocar Brighid em sua for-ma de deusa de infinita compaixão e amor, entoe am dér gréne, ou Eu sou a lágrima do sol.

Para invocar Brighid em sua for-ma de deusa da profecia, do poder e do mundo subterrâneo, entoe am bri danae, ou Eu sou uma colina de Poesia.

Esses dois cânticos podem ser usados independentemente da emoção com a

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qual estiver trabalhando, mas você po-de usar estas alternativas, se preferir:

Para agilidade emocional ao tra-balhar com Saudade sem ser aprisionado por ela, entoe am séig i n-aill, ou Eu sou um falcão num penhasco.

Para força ao lidar com a Mágoa, entoe am dam secht ndirend, ou Eu sou um cervo da galhada sétupla.

Para a perspectiva mais ampla ne-cessária para transcender um Coração Partido, entoe am loch i mmaig, ou Eu sou um lago na planí-cie.

Para a coragem ao explorar as práticas ascetas da Tristeza Divi-na, entoe am torc ar gail, ou Eu sou um javali de bravura.

Para a beleza e alegria do Desejo Erótico, entoe am cain lubai, ou Eu sou a mais bela das flores.

Para a vitória nos conflitos diários que levam à alegria da Saúde e da Prosperidade, entoe am gai ifodb feras feochtu, ou Eu sou a lança da batalha.

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Para a alegria da Realização Artís-tica, entoe am he i llind, ou Eu sou um salmão numa lagoa.

Para invocar e explorar a alegria do êxtase poético ou do Imbas, entoe am bri danae, ou Eu sou uma colina de Poesia.

Para invocar e explorar a Alegria Divina, entoe am dér gréne, ou Eu sou uma lágrima do sol.

4.2. Continue entoando até que se sin-ta pronto para entrar em incubação. 5. A Incubação

5.1. Deite-se no lugar preparado, cu-bra ou feche seus olhos, coloque um peso sobre sua barriga para encorajar uma respiração mais pesada (se dese-jar), e medite no tópico que escolheu para seu ritual. Por exemplo, se estiver explorando a tristeza da mágoa, poderá visualizar Brighid lamentando pela morte de seu filho Ruadan depois da Segunda Batalha de Moytura; se estiver explorando a alegria divina, poderá visualizar Brighid como uma gloriosa e radiante deusa solar que emana felici-dade e êxtase por todo o universo. A escolha da visualização é sua.

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5.2. Continue em seu quarto escuro até que seu Caldeirão do Movimento se vire e você receba o Imbas de alguma maneira. Isso pode significar coisas completamente diferentes. Você pode ouvir um trecho com o qual poderá criar um poema ou uma canção. Pode ver uma imagem para uma pintura ou escul-tura. Pode receber um insight espiritual, ou a resposta a uma questão. Pode travar contato com o êxtase místico de muitas maneiras, sejam elas iluminadas ou sombrias, calmas ou selvagens.

5.3. Quando acabar, registre o que re-cebeu num diário ou bloco de notas. Quando tiver tempo, complete o poema ou a arte inspirada por suas experiên-cias no ritual.

Conclusões O ponto principal aqui é seu desejo de ir além de seus próprios pensamentos, vontades ou sentimentos para receber o Imbas do Outro Mundo. E isso tem que ser algo que acontece com você, não apenas algo que você imagina.

Como você pode fazer disso uma rea-lidade e como você pode dizer que deu

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certo? Não é tão difícil, na verdade. Você usa a visualização para começar a Incubação e tenta torná-la tão vívida e real quanto possível – imagine as cores, as texturas, os sons, os cheiros. – Mas visualização é apenas sua própria ima-ginação. É algo que você cria sozinho.

Depois de certo ponto em sua Incu-bação, você entrará num estado de meio-sono chamado de transe hipnagó-gico ou hipnagogia. Ao invés de tentar refocar e acordar completamente como você o faria em muitas das formas tra-dicionais de meditação, você quer que isso aconteça, pois na hipnagogia seu ego não estará mais no controle daquilo que vê e escuta. Imagens – algumas vezes bem vívidas – subitamente apare-cerão diante dos seus olhos. Vozes dirão coisas a você. Isso não é psicose, mas um estado cerebral entre o sono e o despertar, um estado de sonho de re-cordação mais fácil do que a de muitos sonhos.

Em minha interpretação do sistema do Caldeirão, esse fluxo livre do rio da consciência é o equivalente ao Boyne. As coisas que você vê e ouve nesse es-

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tado são consideradas as bolhas de Imbas que se erguem quando o Fogo do Co-nhecimento de Brighid atinge as águas do Boyne.

São comunicações diretas e proféticas que contêm a sabedoria do mundo sub-terrâneo. Muitas delas não farão nenhum sentido aparente. Algumas parecerão ter relação com o tópico da sua meditação. Outras podem ser até mesmo revelações espirituais que mu-darão sua vida.

Toda vez que completar uma medita-ção, escreva tudo o que tiver visto ou ouvido nesse estado num diário. Tam-bém registre quaisquer sonhos que tiver durante esse período, principalmente aqueles com temas ou imagética místi-cos. Em alguns casos, você saberá imediatamente o que as frases ou as imagens significam a você. Em outros, você perceberá isso subitamente num relance de intuição meses depois ao reler seu diário.

Algumas vezes, você se verá entran-do num estado de êxtase ao invés de um estado hipnagógico. Isso pode se manifestar como uma risada espontâ-

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nea, uma sensação de energia fluindo por você, uma sensação de presença divina, um sentimento de alegria muito mais intensa do que tudo o que você normalmente sente em sua vida, ou mesmo uma visão. O êxtase é a alegria divina que preenche seu Caldeirão do Movimento e o vira completamente para a posição normal, um requisito importante para gerar o Caldeirão da Sabedoria. Você pode não receber uma informação oracular específica nesse estado de êxtase, mas isso não importa – se realmente precisar de uma respos-ta, poderá perguntar de novo, mas o êxtase é importante por si só.

O ponto mais importante aqui é que as coisas que imaginar na sua visualiza-ção não são realmente essenciais. A visualização é apenas uma ferramenta. Os meios-sonhos, as vozes oníricas, os êxtases e os sonhos míticos são o que você realmente deve prestar atenção – esses são os Imbas.

Quando usar o Imbas Forosnai como um oráculo para responder a uma ques-tão da sua vida, precisará tanto continuar ou repetir o processo até que

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receba Imbas com uma resposta clara ao seu problema. O Imbas por si só não tem de ser claro – profecias raramente o são. – É provável que seja uma imagem estranha que terá de reinterpretar. O que você precisa é de uma interpretação clara o bastante para lhe dar um rumo.

Você pode também trabalhar com es-te método sempre que a vida lhe trouxer poderosas emoções, como as quatro tristezas e as cinco alegrias: sau-dade, mágoa, coração partido, asceticismo, desejo erótico, saúde e prosperidade, realização artística, o Imbas, e a alegria divina. Por exemplo, se partirem seu coração, você pode se fechar na Incubação e meditar com essa emoção até que receba a inspiração para transformar sua emoção em arte. Ou você pode entrar em jejum ou celibato até que receba inspiração artística por meio do asceticismo.

Quando estiver praticando o Imbas Forosnai para processar as alegrias e as tristezas em seu caldeirão interno, o objetivo será receber Imbas relativo à emoção que quer processar. Isso pode requerer muitas repetições da visualiza-

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ção em alguns casos, provavelmente fazendo com que obtenha resultados mais rápidos em alguns casos e fique preso por semanas em outros. Apenas seja paciente e continue trabalhando nisso, pois o Imbas virá.

Espiritualmente falando, o objetivo final é virar seu Caldeirão da Sabedoria para a posição normal ao menos uma vez. Isso será um estado místico de alto nível bem além da experiência normal do Imbas. Mas uma orientação geral é esta: se não mudar sua vida, não é ainda o Caldeirão da Sabedoria.

Se escrever as coisas estranhas que visualizar e ouvir quando receber o Imbas e tentar organizá-las de maneira ordenada, produzirá sua própria versão avant-garde de uma roscanna moderna, ao menos tão obscura quanto qualquer coisa que um antigo fili poderia ter cri-ado. Tente. É divertido!

Resumo Aqui está uma versão breve do ritual do Caldeirão para facilidade de uso:

1. Preparação: prepare uma bebida sagrada, uma oferta de comida, um

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altar e um local para se deitar. Todos esses elementos podem ser visualizados se preferir, exceto o lugar para se deitar.

2. O Banquete do Outro Mundo: tome um pouco da bebida sagrada e masti-gue a comida ofertada sem engoli-la.

3. A Oferenda: deixo o resto da bebi-da e da comida mastigada no altar. Entoe ou diga as palavras am gaeth i mmuir, am tond trethan, am fuaim mara, ou Eu sou o vento no mar, Eu sou uma onda das profundezas, Eu sou o som do mar, até que se sinta entrando em tran-se.

4. A Invocação: olhe profundamente nas suas palmas abertas e entoe am dér gréne ou Eu sou uma lágrima do sol, ou am bri danae ou Eu sou uma colina de Poesia.

5. A Incubação: deite-se na escuridão e no silêncio meditando no tema do seu ritual até que receba Imbas.

Versão curta Você também pode abreviar todo o ritual do Caldeirão simplesmente se deitando, fechando seus olhos e ento-ando um dos mantras listados aqui (tanto em voz alta como em sua mente)

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até que receba o Imbas. Esse método pode ser tão ou mais efetivo que a ver-são mais longa uma vez que estiver acostumado com ele, mas funcionará melhor se praticar o ritual completo de tempos em tempos.

Para saber mais Você poderá descobrir mais sobre a

prática dos Três Caldeirões no livro A God Who Makes Fire: Bardic Mysticism or Amergin, de Christopher Scott Thomp-son.

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