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ISSN 2176-185X Autores Daniele Correia Szakacs Aluna da 6ª Etapa do curso de Comunicação Social com Habilitação em Editoração das Faculdades Integradas Rio Branco. Paulo Durão Mestre em Artes/História da Cultura e Especialista em Comunicação e Artes pela Universidade Mackenzie; graduado em Design Gráfico pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, técnico em Artes gráficas pelo SENAI e Publicidade pela FECAP. Professor dos cursos de Editoração, Publicidade, Jornalismo e Design das Faculdades Integradas Rio Branco; professor no curso de Design na FMU, além de ter ministrado aulas na Universidade Ibirapuera para o curso de Publicidade e Propaganda. Email: [email protected] Resumo Com formato diferenciado e baixo custo, os livros de bolso surgiram com o intuito de captar novos leitores e transformar o hábito de leitura dos brasileiros. Apostando em preços reduzidos e na portabilidade adequada a situações do cotidiano, as editoras estão investindo nesses diferenciais para que o pouco tempo livre dos brasileiros seja bem aproveitado com leitura de obras conceituadas da literatura nacional e internacional. Este artigo visa demonstrar que as editoras estão buscando novas formas de atuar no mercado, para não perder leitores e captar mais público, favorecendo a si mesmas e transformando a cultura do brasileiro com relação à leitura. Palavras-chave Livros de bolso; baixo custo; portabilidade; leitura; editora. Livro de bolso para o bolso Daniele Correia Szakacs Paulo Durão ANO 1, VOL 1, JAN/JUL 2011

Livro de bolso para o bolso Daniele Correia Szakacs Paulo Durão

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ISSN 2176-185X

AutoresDaniele Correia SzakacsAluna da 6ª Etapa do curso de Comunicação Social com Habilitação em Editoração das Faculdades Integradas Rio Branco.

Paulo DurãoMestre em Artes/História da Cultura e Especialista em Comunicação e Artes pela Universidade Mackenzie; graduado em Design Gráfico pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, técnico em Artes gráficas pelo SENAI e Publicidade pela FECAP. Professor dos cursos de Editoração, Publicidade, Jornalismo e Design das Faculdades Integradas Rio Branco; professor no curso de Design na FMU, além de ter ministrado aulas na Universidade Ibirapuera para o curso de Publicidade e Propaganda. Email: [email protected]

ResumoCom formato diferenciado e baixo custo, os livros de bolso surgiram com o intuito de captar novos leitores e transformar o hábito de leitura dos brasileiros. Apostando em preços reduzidos e na portabilidade adequada a situações do cotidiano, as editoras estão investindo nesses diferenciais para que o pouco tempo livre dos brasileiros seja bem aproveitado com leitura de obras conceituadas da literatura nacional e internacional. Este artigo visa demonstrar que as editoras estão buscando novas formas de atuar no mercado, para não perder leitores e captar mais público, favorecendo a si mesmas e transformando a cultura do brasileiro com relação à leitura.

Palavras-chaveLivros de bolso; baixo custo; portabilidade; leitura; editora.

Livro de bolso para o bolso

Daniele Correia SzakacsPaulo Durão

ANO 1, VOL 1, JAN/JUL 2011

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Considerando que os brasileiros não possuem um hábito de leitura frequente, devido a um fator histórico e à falta de acesso à leitura, seja por

questões culturais ou financeiras, o segmento de bolso foi incorporado pelas editoras trazendo grandes obras nacionais e internacionais para este novo formato.

Com tamanho reduzido e preço até 60% mais barato que os livros comuns, as edições de livros de bolso foram espalhadas pelo país a partir da década de 1950 com o objetivo de captar novos leitores e facilitar a vida daqueles que têm pouco tempo para leitura, mas que se interessam pela atividade. Mas foi a partir de 1990 que eles ganharam força no mercado editorial e conquistaram os brasileiros que cada vez mais se adaptam a esse hábito e tentam construir uma nova cultura.

Segundo Rosely Boschini, presidente da Câmara Brasileira do Livro:

os editores estão tendo que ousar mais para atrair o público e achar novos leitores. Temos poucas livrarias, então a venda em outros canais (como farmácias, supermercados e lojas de conveniência) vem crescendo. (Amigos do Livro – O Portal do Livro no Brasil, 2007)

LIVRO DE BOLSO, PAPERBACK, POCKET BOOKS

Formato diferenciado, preço baixo e pontos de venda variados são características dos chamados “livros de bolso”.

Nos Estados Unidos e na Europa o segmento de livros de bolso é um mercado consolidado há mais de meio século. Iniciado no Brasil na década de 1950, o formato teve boa repercussão, mas somente a partir dos anos 1990 esse nicho começou a ganhar o merecido espaço (CAPERUTO, 2008, p.110)

A denominação “de bolso” foi dada devida à sua encadernação em brochuras, sendo uma publicação de baixo custo por possuir capa feita em papel cartão ou papelão e com miolo em papel jornal.

Com variedade de nomes pelo mundo, o paperback surgiu na Alemanha em 1931. A partir de 1935 a Inglaterra o adotou e em 1938 os Estados Unidos aderiram ao formato mudando o nome para pocket books. Já no Brasil, os livros de bolso iniciaram-se na década de 1950, mas obteve grande repercussão somente depois de 1990.

No Brasil, os livros de bolso possuem miolo feito em offset, pois o papel jornal nacional não tem a qualidade dos outros países. Muitas editoras estão apostando nesse segmento, passando a fornecer obras em sua íntegra neste formato, publicando bestsellers e obras clássicas nacionais e internacionais.

Além dos clássicos da literatura, os livros de bolso surgiram também com o intuito de divulgar ciências e textos técnicos. Um exemplo é a Coleção Primeiros Passos, da Editora Brasiliense, que utilizou o formato de bolso para fazer síntese de diversos temas.

As principais editoras que apostam nesse segmento são a Martin Claret, que dá ênfase a clássicos da literatura, a L&PM Editora, que lançou a coleção L&PM Pocket com mais de 710 títulos, e a Editora Rocco em parceria com a L&PM (Paulo de Almeida Lima (o L de L&PM) e Ivan Pinheiro Machado (o PM de L&PM).

As editoras estão abrindo cada vez mais espaço para este segmento e variando cada vez mais seus assuntos, inciando-se com grandes clássicos da literatura nacional e internacional, até grandes bestsellers da atualidade.

Esse novo formato de livro surgiu com o intuito de baratear os custos da produção de livros e, consequentemente de suas vendas, aumentando a quantidade de leitores, já que neste formato além dos custos reduzidos, ainda há a questão da portabilidade Sendo uma obra com tamanho diferenciado, favorece a leitura em locais cotidianos como transportes públicos, filas de espera de atendimentos, entre outras ocasiões.

Segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (gráfico 1), desenvolvida pelo Instituto Pró Livro e IBOPE Inteligência, 16% dos pesquisados são considerados não alfabetizados e 48% da amostra declararam-se não leitores (não leram nenhum livro nos três últimos meses à pesquisa), porém o número de não leitores diminui de acordo com a renda e classe social. Quase não há não leitores na classe A e há apenas 2% de não leitores quando a renda familiar é superior a 10 salários mínimos.

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Gráfico 1 - Fonte: http://www.prolivro.org.br/

A mesma pesquisa mostra ainda que os não leitores estão na base da pirâmide social, sendo que 50% da classe D não possuem acesso à leitura, classe C 33%, enquanto B somente 7% e classe A apenas 1% são não leitores.

Com esses dados podemos observar que um dos grandes problemas no Brasil quanto ao hábito de leitura está na renda familiar, além do fato da analfabetização Entre comprar comida e um livro, com certeza a escolha pela alimentação será prioridade.

Quando a pesquisa aborda os principais motivos pelos quais há a ausência de leitura dos alfabetizados, a falta de tempo é colocada no topo da lista com 29%; o desinteresse aparece com 27%; e a falta de dinheiro com 7% conforme gráfico abaixo:

Sendo o custo uma das principais características apontadas pelos não-leitores, podemos dizer que há um tipo de reação em cadeia quando se trata de livros: poucas pessoas costumam comprar livros, sendo assim a tiragem de novos títulos será baixa, tornando-se um produto caro, e por ser caro, poucas pessoas comprarão. Com isso, os livros de bolso surgem como solução para este problema que atrapalha aqueles que gostariam de ler, mas não podem por motivos financeiros.

Gráfico 2 - Fonte: http://www.prolivro org.br/

Atualmente, o preço dos livros de bolso variam entre R$3 e R$28 e os pontos de venda são os mais variados possíveis.

Entre livrarias, bancas de jornal, supermercados, lojas de conveniência, entre outros estabelecimentos que vendem livros, existe um local muito curioso desenvolvido para facilitar a compra dos brasileiros em meio ao caos do dia-a-dia. São protótipos de máquinas de salgadinhos distribuídas nas maiores estações de metrô, com apenas um tipo de conteúdo: livros!

O responsável pela idéia foi o empresário Fabio Bueno Netto, que fundou a 24x7 Cultural, empresa que disponibili-za as máquinas que atual-mente são desenvolvidas especialmente para esta finalidade, facilitando a venda de livros de bolso. Há cerca de 30 máquinas espalhadas pelas estações de metrô das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, que vendem apro-ximadamente 15 mil livros por mês, com variedade superior a 500 títulos.

A busca por novas tecnologias que favorecem o público leitor brasileiro são indispensáveis para a melhoria do hábito de leitura. Há algum tempo, era difícil encontrar alguém lendo nos trens ou ônibus da cidade, porém hoje em dia é cada vez mais comum presenciar esta cena.

Os livros de bolso surgiram com o intuito de melhorar a situação da leitura no Brasil, e está conseguindo. Apesar do número de livros comprados ainda ser muito pequeno (segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, somente 1,2 livros por habitante/ano), ocorre devido não só à questão financeira, mas também educacional, pois quanto menor o grau de escolaridade, menor contato com a leitura a pessoa possui.

Fonte: http://www.prolivro.org.br/

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Entretanto, percebemos que o segmento de bolso surgiu somente para ajudar as editoras, colocando mais um suporte para atrair a atenção e curiosidade dos lei-tores e com o auxílio das tecnologias este mercado só cresce e as editoras passam a aderir a este novo seg-mento.

Por sua vez, novamente a reação em cadeia 1 acon-tece: quanto mais livros de bolso vendidos, maior o número de tiragens, o preço continuará acessível e no-vas publicações de bolso serão lançadas no mercado, atraindo cada vez mais os leitores.

CONCLUSÃO

Se o motivo das pessoas não comprarem livros era o preço, isso já não é mais desculpa, pois os livros de bol-so possuem valor acessível que varia de R$3 a R$28. Se o motivo era a falta de tempo de ir a uma livraria ou o difícil acesso até ela, isso também já foi resolvido, pois os livros agora estão à venda também em bancas, supermercados, lojas de conveniência e até mesmo nas estações de metrô. Se a portabilidade de livros era um problema, nos dias atuais já há uma solução: os livros de bolso vieram para facilitar a portabilidade, fácil aces-so às mais variadas obras nacionais e internacionais e melhorar o desenvolvimento intelectual dos brasileiros.

Portanto, mesmo com algumas dificuldades no aces-so à leitura no Brasil, as editoras buscam sempre novas formas de atuar no mercado para não perder leitores e também captar mais público, favorecendo a si mesmas e transformando a cultura do brasileiro com relação à leitura.

Referências Bibliográficas, eletrônicas e filmes

CAPERUTO, Ada. Bom, barato e de bolso. Revista Abi-graf – Arte e Indústria Gráfica – ano XXXII, São Pau-lo, nº 236, p. 110 à 112. Jul.2008.

CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDU-CAÇÃO, CULTURA E AÇÃO COMUNITÁRIA (CENPEC). Biblioteca. Educação. Estudos e Pesqui-sas. Disponível em: <http://ftp1.cenpec.org.br/ftp/Bi-blioteca/Educacao/Estudos-e-pesquisas/retratos-da--leitura-no-brasil.pdf>. Acesso em 06/11/2010.

EL FAR, Alessandra. O livro e a leitura no Brasil. São Paulo: Jorge Zahar, 2006.

FISCHER, Steven Roger. História da Leitura. São Pau-lo: UNESP, 2007.

QUEIRÓS. Leitura de bolso. Amigos do Livro – O Portal do Livro no Brasil, 26/12/2007. Disponível: <http://www.amigosdolivro. com.br/lermais_mate-rias.php?cd_materias=5236> Acesso em 06/11/2010.