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1 Disciplinas a Distância para a Modalidade de Ensino Presencial Metodologia Científica

Livro de Metodologia Cientifica

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Page 1: Livro de Metodologia Cientifica

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Disciplinas a Distância para a

Modalidade de Ensino Presencial

Metodologia Científica

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2

SISTEMA COC DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

PresidenteChaim Zaher

Vice-PresidenteAdriana Baptiston Cefali Zaher

Diretor SuperintendenteNilson Curti

Diretor de Ensino SuperiorLuiz Roberto Liza Curi

EDITORA COC

Diretor-GeralJosé Romero Nobre de Carvalho

Diretor EditorialMiguel Castro Cerezo

Conselho EditorialJosé Romero Nobre de CarvalhoJosé Tadeu Bichir TerraMário Cícero BaldochiMiguel Castro CerezoMônica Valéria de Almeida RighiRafael PerriZelci Clasen de Oliveira

FACULDADE INTERATIVA COC

Diretor de EADJeferson Ferreira Fagundes

Diretora AcadêmicaCláudia Regina de Brito

Coordenador Administrativo de EADCesar Augusto Santiago

Coordenação Pedagógica de EADGladis S. Linhares ToniazzoKátia Cristina Nascimento Figueira Marina Caprio

Apoio Técnico PedagógicoCarina Maria Terra Alves

AutorHélcio de Pádua Lanzoni

Produção EditorialEditora COC Empreend. Culturais LTDA.CNPJ 50.492.271/0001-80Rua General Celso de Mello Resende, 301Lagoinha – Ribeirão Preto – SPCEP 14095-270www.editora.coc.com.br

Conselho Editorial

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

UNIDADE 1: O ENSINO SUPERIOR ... 91.1 Diferenças entre o 2º Grau e o 3º Grau .... 10

1.2 Tipos de Imaturidade .................................. 101.2.1 Imaturidade Cultural ......................................11

1.2.2 Imaturidade Psicológica .....................................111.2.3 Imaturidade Lógica ................................................. 12

1.3 Decorar x Memorizar ...................................................... 121.4 Leitura ................................................................................ 13

1.5 Reflexão .................................................................................. 161.6 Referências ................................................................................ 17

1.7 Na Próxima Unidade .................................................................... 17UNIDADE 2: CONHECIMENTO ....................................................... 18

2.1 Definição ............................................................................................ 192.2 Os Riscos do Conhecimento ................................................................ 19

2.3 Retórica .................................................................................................. 212.4 Tipos de Conhecimento ........................................................................... 21

2.4.1 Conhecimento Popular .......................................................................... 222.4.2 Conhecimento Filosófico ........................................................................ 222.4.3 Conhecimento Religioso ......................................................................... 242.4.4 Conhecimento Científico.......................................................................... 252.5 Reflexão ....................................................................................................... 292.6 Referências .................................................................................................. 292.7 Na Próxima Unidade .................................................................................. 30UNIDADE 3: CIÊNCIA ................................................................................. 313.1 Definição de Ciência ................................................................................ 323.2 Fraudes na Ciência ................................................................................. 34

3.3 Reflexão ............................................................................................... 363.4 Referências ....................................................................................... 363.5 Na Próxima Unidade ...................................................................... 37

UNIDADE 4: MÉTODO .................................................................. 384.1 Definição de Método ............................................................... 39

4.2 Método Qualitativo .............................................................. 404.3 Método Quantitativo ......................................................... 41

4.4 Qualitativo x Quantitativo ............................................ 424.5 Método Científico..................................................... 44

4.6 Reflexão ............................................................... 46

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Sum

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4.7 Referências ....................... 464.8 Na Próxima Unidade ............. 47

UNIDADE 5: PESQUISA ................... 485.1 Definição de Pesquisa .......................... 49

5.2 Tipos de pesquisa ....................................... 495.3 Indução e Dedução ........................................... 53

5.3.1 Indução ................................................................ 545.3.2 Dedução ................................................................... 55

5.4 Reflexão .......................................................................... 575.5 Referências ......................................................................... 58

5.6 Na Próxima Unidade .............................................................. 59UNIDADE 6: ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ....................... 60

6.1 Trabalhos Acadêmicos .................................................................. 616.2 Trabalhos Científicos ....................................................................... 63

6.2.1 Resumo ........................................................................................... 646.2.2 Resenha ............................................................................................. 64

6.2.3 Relatório de pesquisa .......................................................................... 656.2.4 Artigo Científico ................................................................................... 65

6.2.5 Monografia ............................................................................................ 666.3 Tema e Temática ........................................................................................ 666.4 Hipótese ...................................................................................................... 686.5 Problema de Pesquisa.................................................................................. 696.6 Fundamentação Teórica ............................................................................... 706.7 Projeto de pesquisa ..................................................................................... 726.8 Plágio ......................................................................................................... 756.8.1 O que é Considerado Plágio ................................................................... 756.8.2 O que Não é Considerado Plágio .......................................................... 756.9 Reflexão ................................................................................................. 77

6.10 Referências ........................................................................................ 776.11 Na Próxima Unidade ...................................................................... 78UNIDADE 7 : ESTRUTURA DOS TRABALHOS ACADÊMICOS . 79

7.1 Elementos Pré-Textuais ............................................................... 807.1.1 Capa ...................................................................................... 80

7.1.2 Folha de rosto .................................................................... 817.1.3 Errata ............................................................................. 81

7.1.4 Folha de aprovação .................................................... 827.1.5 Dedicatória, agradecimento, epígrafe ................... 82

7.1.6 Resumo ............................................................. 83

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Sum

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7.1.7 Lista de ilustração, lista de tabelas, lista de abreviaturas e

símbolos. ............................................. 837.1.8 Sumário ............................................ 84

7.2 Elementos Textuais ..................................... 847.2.1 Introdução ...................................................... 84

7.2.2 Desenvolvimento ................................................ 847.2.3 Conclusão ................................................................ 85

7.2.4 Citações ....................................................................... 857.2.4.1 Sistema numérico ......................................................... 85

7.2.4.2 Sistema autor-data ............................................................ 867.2.5 Notas de rodapé ...................................................................... 86

7.3 Elementos Pós-Textuais ................................................................ 877.3.1 Glossário ....................................................................................... 87

7.3.2 Apêndice ......................................................................................... 877.3.3 Anexo ................................................................................................ 88

7.3.4 Índice .................................................................................................. 887.4 Formatação .............................................................................................. 88

7.5 Reflexão .................................................................................................... 907.6 Na Próxima Unidade ................................................................................. 90UNIDADE 8: ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS .................................... 918.1 Categorias ................................................................................................... 928.1.1 Referências – regras gerais ....................................................................... 938.2 Regras de Apresentação .............................................................................. 938.3 Referências por tipo de publicação ............................................................ 968.3.1 Monografia no todo (livros, dissertações, teses etc...) ........................ 968.3.2 Partes de monografias (trabalho apresentado em congressos, capítulo de livro, etc...) .................................................................................................. 96

8.3.3 Publicações Periódicas (revistas, boletins, etc...) coleção ...................... 978.3.4 Fascículos, suplementos, números especiais com título próprio. 978.3.5 Partes de publicações periódicas (Artigos) ................................. 97

8.3.6 Artigos em jornais ................................................................... 988.4 Ordenação das referências ..................................................... 98

8.4.1 Autor repetido .................................................................... 988.4.2 Localização ................................................................... 99

8.5 Aspectos Gráficos ......................................................... 998.5.1 Espaçamento ......................................................... 99

8.5.2 Margem............................................................. 99

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Sum

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8.5.3 Pontuação ...................... 998.5.4 Maiúsculas ...................... 100

8.5.5 Grifo, itálico, negrito ................ 1008.6 Autoria ................................................ 100

8.6.1 Autor Pessoal ........................................ 1008.6.2 Organizadores, compiladores, editores,

adaptadores etc. ......................................................... 102 8.6.3 Autor Entidade Coletiva (Associações, Empresas,

Instituições) ..................................................................................... 1028.6.4 Órgãos governamentais ............................................... 103

8.6.5 Tradutor, prefaciador, ilustrador, etc. .............................. 1038.7 Tipos Específicos de Publicações ............................................ 104

8.7.1 Monografias consideradas no todo ......................................... 1048.7.2 Livros ........................................................................................ 104

8.7.3 Dicionários .................................................................................. 1048.7.4 Atlas .............................................................................................. 104

8.7.5 Bibliografias .................................................................................... 1048.7.6 Biografias ......................................................................................... 104

8.7.7 Enciclopédias ...................................................................................... 1058.7.8 Bíblias ................................................................................................... 1058.7.9 Normas Técnicas ................................................................................. 1058.7.10 Patentes .............................................................................................. 1058.7.11 Dissertações e Teses ............................................................................ 1068.7.12 Congressos, Conferências, Simpósios, Workshops, Jornadas e outros Eventos Científicos ........................................................................................ 1068.7.13 Jornadas ............................................................................................. 1068.7.14 Reuniões .......................................................................................... 1068.7.15 Conferências .................................................................................. 107

8.7.16 Workshop .................................................................................... 1078.7.17 Relatórios oficiais .................................................................... 1078.7.18 Relatórios técnico-científicos ................................................. 107

8.8 Referências Legislativas .......................................................... 1078.8.1 Constituições .................................................................... 107

8.8.2 Leis e Decretos .............................................................. 1088.8.3 Pareceres ..................................................................... 108

8.8.4 Portarias .................................................................. 1088.8.5 Resoluções .......................................................... 109

Page 7: Livro de Metodologia Cientifica

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8.8.6 Acórdãos, Decisões, Deliberações e Sentenças das

Cortes ou Tribunais .......................... 1098.9 Partes de Monografias .........................110

8.9.1 Capítulos de livros ................................1108.9.2 Verbetes de Enciclopédias ..........................110

8.9.3 Verbetes de Dicionários: ..................................1108.9.4 Partes isoladas ........................................................110

8.9.5 Bíblia em parte ...........................................................1118.10 Trabalhos Apresentados em Eventos Científicos ............111

8.10.1 Encontros .........................................................................1118.10.2 Reuniões Anuais .................................................................111

8.10.3 Conferências ..........................................................................1118.10.4 Workshop .................................................................................112

8.11 Publicações Periódicas ....................................................................1128.11.1 Consideradas no todo ....................................................................112

8.11.1.1 Coleções ......................................................................................1128.11.1.2 Fascículos .....................................................................................112

8.11.1.3 Fascículos com título próprio .........................................................1128.11.2 Partes de publicações periódicas ........................................................1138.11.2.1 Artigo de Revista ............................................................................1138.11.2.2 Artigo de jornal .................................................................................1138.12 Documentos Eletrônicos ...........................................................................1138.12.1 Arquivo em Disquetes .........................................................................1138.12.2 BBS ....................................................................................................1148.12.3 Base de Dados em Cd-Rom: no todo ..............................................1148.12.4 Base de Dados em Cd-Rom: partes de documentos ........................1148.12.5 E-mail .............................................................................................114

8.12.6 FTP ..............................................................................................1158.12.7 Monografias consideradas no todo (On-line) ...........................1158.12.8 Publicações Periódicas consideradas no todo (On-line) ............... 115

8.12.9 Artigos de Periódicos (On-line) ...........................................1168.12.10 Artigos de Jornais (On-line) ...........................................116

8.12.11 Homepage ....................................................................1168.13 Reflexão .........................................................................117

8.14 Referências Gerais .....................................................117

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o MEtoDologia CiEntífiCa

O objetivo da Disciplina Metodologia Científica é oferecer ao aluno instrumentos para que

possa desenvolver suas potencialidades, ampliando a eficiência e eficácia da sua aprendizagem. O a l u n o

universitário precisa, muitas vezes, aprender a pensar e a aprender para tornar sua vivência universitária mais

proveitosa, reduzindo drasticamente a possibilidade de fracasso.Para tanto, é necessário um maior entendimento sobre o

conceito de Competência, que pode ser entendida como “domínio dos conteúdos, dos métodos, das técnicas das várias ciências, enfim,

o domínio das habilidades específicas de cada área de formação e de cada forma de saber e de cultura” (Severino 1999, p. 16). A competência é, portanto, uma característica da qual o ensino superior não pode prescindir para não ter que compactuar com o superficialismo e a mediocridade tão comuns no âmbito educacional.

O amadurecimento do jovem e do adulto em ambiente de ensino superior é crucial para a aquisição de competência técnica, científica ou profissional, sem a qual torna-se difícil dar sentido àquilo que se propuseram a estudar nos cursos que escolheram. Tal amadurecimento não pode ser obtido sem um esforço deliberado e persistente por parte do aluno.

Nesta disciplina serão apresentados e discutidos aspectos relevantes para a compreensão de diversos fatores que podem

contribuir para o crescimento acadêmico, profissional e pessoal do aluno de 3º Grau.

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o EnSino SUPERioR

Uma dada estratégia de ensino, seja ela qual for, não pode assegurar,

necessariamente, uma aprendizagem eficaz. Além de características específicas do estudante, a

abordagem do ensino pode determinar a efetividade da estratégia empregada. Durante toda sua vivência escolar

o aluno tem como objetivo a aprendizagem e, na maioria das vezes, quando a aprendizagem significativa ocorre, ela

produz alterações na estrutura cognitiva do aluno. É por isso que a aprendizagem significativa é poderosa e fica registrada na

memória de longo prazo, enquanto a aprendizagem superficial ou rotineira é facilmente esquecida fácil e, portanto, não é aplicada para

a solução de problemas ou para novas situações de aprendizagem que o aluno irá encontrar no ensino superior.

objetivos da sua aprendizagem

Para uma aprendizagem significativa, é crucial que as informações a serem apresentadas ao aprendiz “façam sentido”, isto é, sejam relacionáveis com os conceitos preexistentes em sua estrutura cognitiva (KRASHEN, 1987; MOREIRA, 1982). Nesta unidade serão abordados conceitos que serão úteis para compreender as principais diferenças encontradas no Ensino Superior, além da otimização de uma importante ferramenta: a leitura.

Você se lembra?

Como seus professores ministravam as aulas no Ensino Fundamental e Médio? Como seus professores

ministram a aula no Ensino Superior? Você é capaz de observar as diferenças?

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

1.1 Diferenças entre o 2º grau e o 3º grau

Ao contrário do que muitos acreditam, o Ensino Superior não é um mero prolongamento do Ensino Médio. Na verdade, as diferenças são profundas e afetam principalmente questões relacionadas à autonomia dos alunos. Vamos ver algumas diferenças.

No 2º Grau, tanto o professor quanto a instituição em si possuem um grande domínio sobre os alunos, a começar pelo controle de entrada e saída, ou seja, os estudantes não têm liberdade para chegar na segunda aula ou sair antes da última aula, por exemplo, como fazem os estudantes universitários, dos quais se espera maior disciplina e autonomia – estabelecem-se os horários e espera-se pontualidade e respeito a eles. Além disso, no Ensino Médio é clara a homogeneidade de faixa etária: salvo algumas poucas exceções, na sala de aula os alunos possuem aproximadamente a mesma idade, ao passo que em um curso superior o colega de curso pode ser um empresário ou uma aposentada. Assim, a exposição a diferentes idéias, vivências e graus de maturidade contribui para o processo de exposição social e crescimento.

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Com relação ao ensino, no 2º Grau o foco está no professor, que é o detentor do saber e a ele cabe a responsabilidade pela aprendizagem dos alunos. Já no 3º Grau o programa é orientado pelo professor e deverá ser complementado com pesquisas por parte do aluno, o qual passa ter responsabilidade pela própria aprendizagem.

Com base nas situações apontadas acima já é possível percebermos que a transição de um grau para o outro não é tão automático e natural como muitos imaginam.

1.2 tipos de imaturidade

Na realidade observada nas salas de aula de cursos universitários, é possível apontarmos três tipos principais de imaturidade, de acordo com BASTOS e KELLER (2002): Imaturidade Cultural, Imaturidade Psicológica e imaturidade Lógica.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

1.2.1 imaturidade Cultural

No Ensino Médio o ensino não raro é focado no Vestibular ou em programas profissionalizantes, reduzindo-se ao máximo a atenção dispensada à educação geral. Circundados por um ambiente cultural restrito, aos alunos não é comum o hábito da leitura ou de discussões de tópicos que não estejam relacionados à realidade imediata. Podemos citar alguns exemplos:

- O aluno já ouviu falar da Segunda Guerra Mundial, mas não sabe dizer quando, onde ou o motivo do conflito;

- Se questionados sobre o nome do Reality Show anual da Rede Globo, afirmam que se chama Big Brother pois naquele ambiente cria-se uma ‘irmandade’ entre os participantes e cada um se torna um ‘grande irmão’ do outro.

- Caso ouçam alguém fazer o seguinte comentário: “ele está com uma dúvida parecida com a do Bentinho em relação à Capitu”, não causaria espanto se perguntassem se o tal Bentinho é algum artista da Globo.

1.2.2 imaturidade Psicológica Muitos alunos entram na faculdade sem uma definição clara de seus

objetivos e suas aspirações, ou seja, chegam ao Ensino Superior com a mesma mentalidade com que chegaram ao Ensino Médio. A postura vigente é a de que vai para a escola não para aprender (postura ativa), mas sim para ser ensinado (atitude passiva). Por não terem certeza se as escolhas feitas (o curso, a escola, o momento, etc.) corresponderão às suas expectativas, não é incomum um comportamento descompromissado, que beira a irresponsabilidade, no tocante às atitudes que demonstram no ambiente acadêmico. Alguns exemplos:

- Preocupação exacerbada com as notas e a frequência em detrimento da aprendizagem;

- Questões éticas: alunos que fazem plágio ou pagam para outras pessoas fazerem seus trabalhos;

- Busca de subterfúgios para justificar a falta de interesse nas aulas: “não gosto deste professor”, “esta matéria não tem nada a ver”, “tenho coisas mais interessantes a fazer do que perder meu tempo aqui na aula”.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

1.2.3 imaturidade lógica

Independentemente de serem oriundos do Ensino Médio ou Superior, alunos em geral têm uma grande dificuldade de colocar no papel (ou na tela do computador) aquilo que eles pensaram. A falta de raciocínio lógico tem sua origem nos vícios adquiridos ao longo da vivência escolar, como a falta de leitura, a ‘decoreba’ como estratégia de preparação para as avaliações e a ausência de pensamento crítico. Alguns exemplos:

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- Ao ser questionado sobre o que o autor quis dizer em determinado texto, o aluno se limita a compreender aquilo que está explícito no texto – ele não consegue apreender as nuances da intenção do autor.

- As questões que instigam o raciocínio são justamente aquelas que os alunos mais temem, pois não adianta decorar as datas e os fatos ocorridos se a questão solicita que o aluno faça uma análise da relevância de determinado acontecimento em relação ao momento vigente.

1.3 Decorar x Memorizar

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Há uma diferença fundamental entre “decorar” um conteúdo e “memorizá-lo”. O aluno decora, antes de mais nada, por ele considerar isso mais fácil que efetivamente compreender o assunto. Decorar nada mais é do que reter na memória algo que, na maioria das vezes, não é efetivamente compreendido. Por não fazer sentido e ter finalidade imediata (uma prova, um trabalho...), o que é

decorado normalmente não fica gravado na memória de longo prazo.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

Memorizar, por outro lado, significa reter na memória um conteúdo inteligível, que faz sentido. Através da memorização é possível, por exemplo, parafrasear um conteúdo que foi compreendido, não se limitando à sua simples repetição. Quando algo faz sentido, as chances dele ser retido na memória de longo prazo são muito maiores.

1.4 leitura

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A leitura pode ser definida como um processo de construção de sentidos que parte de uma interação entre as estratégias cognitivas e de conhecimento de mundo existentes no texto e pistas linguísticas. O leitor tem um papel fundamental nessa interação, utilizando, ao mesmo tempo, conhecimentos estruturais

e lexicais da língua, o contexto sócio-histórico em que vive e também a compreensão de como os textos se organizam e funcionam.

A leitura é um processo complexo no qual o leitor interage com o texto numa dada situação ou contexto. Durante o processo de leitura, o leitor constrói uma representação significativa do texto através da interação de seu conhecimento conceitual e linguístico com pistas existentes no texto.

No início da leitura de um texto, ou quando há

pouco ou nenhum contexto, pode ser grande a dependência na decodificação de letras para a compreensão de palavras, e de palavras para a compreensão de frases e sentenças (Ur 1996). No

entanto, assim que houver um contexto significativo, ocorrerá (idealmente) a tendência à inserção da

Conexão:

Cognição é a capacidade de processar informações;

é a capacidade de adaptação a situações diferentes em um curto espaço de tempo. Leia mais sobre cognição: visite o site http://www.drauziovarella.com.br/entrevistas/

claudio_memoria_2.asp

Quem lê, torna-se mais apto

para enfrentar os problemas e situações que a vida social, profissional, política, cultural

apresenta. Em se tratando do universitário, cujo conceito exige um saber globalizante, a leitura é

imprescindível.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

interpretação do leitor à palavra de acordo com o sentido do texto, ao invés da sua exata composição de letras.

No quadro a seguir, desenvolvido por Salomon (1994), estão listadas, lado a lado, características de um bom leitor e de um mau leitor:

BOM LEITOR MAU LEITOR

O bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como:

O mau leitor lê vagarosamente e entende mal o que lê. Tem hábitos como:

1. Lê com objetivo determinado. Ex.: aprender certo assunto, repassar detalhes, responder a questões.

1. Lê sem finalidade.

Raramente saber por que lê.

2. Lê unidades de pensamento.

Abarca, num relance, o sentido de um grupo de palavras. Relata rapidamente as idéias encontradas numa frase ou num parágrafo.

2. Lê palavra por palavra.

Pega o sentido da palavra isoladamente.

Esforça-se para juntar os termos para poder entender a frase.

Frequentemente tem de reler as palavras.

3. Tem vários padrões de velocidade.

Ajusta a velocidade de leitura com o assunto que lê. Se lê um romance, é rápido. Se lê um livro científico para guardar detalhes, lê mais devagar para entender bem.

3. Só tem um ritmo de leitura.

Seja qual for o assunto, lê sempre vagarosamente.

4. Avalia o que lê.

Pergunta-se frequentemente: Que sentido tem isso para mim? Está o autor qualificado para escrever sobre o assunto? Está ele apresentando apenas um ponto de vista do problema? Qual a idéia principal deste trecho? Quais seus fundamentos?

4. Acredita em tudo que lê.

Para ele, tudo que é impresso é verdadeiro. Raramente confronta o que lê com suas próprias experiências ou com outras fontes.

Nunca julga criticamente o escritor ou seu ponto de vista.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

5. Possui bom vocabulário.

Sabe o significado de muitas palavras. É capaz de perceber o significado das palavras novas pelo contexto. Sabe usar dicionários e o faz frequentemente para esclarecer os sentido de certos termos, no momento oportuno.

5. Possui vocabulário limitado.

Sabe o sentido de poucas palavras. Nunca relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova. Raramente consulta o dicionário. Quando faz, atrapalha-se em achar a palavra. Tem dificuldade em entender a definição das palavras e em escolher o sentido exato.

6. Tem habilidades para conhecer o valor do livro.

Sabe que a primeira coisa a fazer quando se toma um livro é indagar do que ele trata, através do título e subtítulos encontrados na página de rosto e não apenas na capa. Lê os títulos do autor, edição do livro, índice, prefácio, bibliografia citada. Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe quando consultar e quando ler.

6. Não possui nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro.

Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o índice, o prefácio, a bibliografia, etc., antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. É comum até ignorar o autor, mesmo depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro.

7. Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente ou periodicamente.

Sabe quando e como retomar a leitura, sem perda de tempo e sem perder a continuidade.

7. Não sabe decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura.

Ou lê todo o livro, ou o interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas.

8. Discute o que lê frequentemente com colegas.

Sabe distinguir entre impressões subjetivas e valor objetivo durante as discussões.

8. Raramente discute com colegas o que lê.

Quando o faz, deixa-se levar por impressões subjetivas e emocionais para defender um ponto de vista. Seus argumento, geralmente, derivam da autoridade do autor, da moda, dos lugares comuns, das tiradas eloquentes, dos preconceitos.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

9. Adquire livros com frequência e cuida de ter sua biblioteca particular.

Quando é estudante procura os livros de textos indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais. Tem interesse de fazer assinatura de periódicos científicos. Formado, continua alimentando sua biblioteca e tem o hábito de ir direto às fontes.

9. Não possui biblioteca particular.

às vezes é capaz de adquirir “metros de livros” para decorar a casa. É frequentemente levado a adquirir livros secundários em vez dos fundamentais. Quando estudante, só lê e adquire compêndios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das “boas aquisições” de livro.

10. Lê assuntos variados.

Lê livros, revistas, jornais. Em áreas diversas: ficção, ciência, história, etc. Habitualmente nas áreas de seu interesse ou especialização.

10. Está condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto.

11. Lê muito e gosta de ler.

Acha que ler traz informações e causa prazer. Lê sempre que pode.

11. Lê pouco e não gosta de ler.

Acha que ler é ao mesmo tempo um trabalho e um sofrimento.

12. O BOM LEITOR é aquele que não é só bom na hora de leitura.

É bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler.

12. O MAU LEITOR não se revela apenas no ato da leitura, seja silenciosa ou oral

É constantemente mau leitor, porque se trata de uma atitude de resistência ao hábito de saber ler.

1.5 Reflexão

Não podemos esquecer que não falamos ou escrevemos para nós mesmos, mas sim para os outros, para a sociedade, e esperamos ser ouvidos. Não raro encontramos textos que são considerados quase ininteligíveis para os simples mortais. A impressão que temos é de que muitos cientistas e pesquisadores escrevem com a finalidade de não

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

serem mesmo entendidos, tamanha a distância que separa seu esforço argumentativo e a capacidade efetiva de comunicar-se. Isso é percebido principalmente quando o aluno ingressa no Ensino Superior, no qual de um momento para o outro passa-se a exigir uma autonomia, responsabilidade e maturidade que o aluno muitas vezes ainda não possui. Tal situação pode ocorrer não só com alunos recém egressos do Ensino Médio. De acordo com BASTOS e KELLER (2002, p. 33), adultos que retornam à escola para um curso superior depois de muitos anos da conclusão do Ensino Médio também podem apresentar as mesmas dificuldades dos mais jovens, uma vez que baseiam suas expectativas para o curso que vão iniciar na experiência que vivenciaram quando se encontravam pela última vez em um ambiente escolar.

1.6 Referências

BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2002.

KRASHEN S. D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. London: Prentice Hall International, 1987.

MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

UR P. A Course in Language Teaching. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

1.7 na Próxima Unidade

O que significa “conhecimento”? Ele é absoluto ou existem diferentes tipos? Por que Galileu Galilei foi julgado e condenado? Essas e outras questões serão respondidas na próxima unidade.

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niUa

Ue U

ConHECiMEnto

Podemos definir conhecimento como uma tomada de consciência do ato

de conhecer. Desde seu nascimento o homem adapta-se progressivamente a um mundo pré-

existente e, no processo de socialização, procura encontrar respostas para suas dúvidas e incertezas através

do questionamento progressivo dos significados do mundo que o cerca. Assim, todo o desenvolvimento experimentado

pela humanidade é fruto da incessante busca do homem pela compreensão do universo circundante e o desejo de aprimorá-lo.

objetivos da sua aprendizagem

Que você compreenda os diferentes conceitos de conhecimento e suas características.

Você se lembra?

Você dever ter aprendido algo ou pelo menos ouvido falar de Galileu Galilei. Lembra-se de que ele foi punido por deter um conhecimento considerado herético no seu tempo?

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

2.1 Definição

O conhecimento deve ser compreendido como um processo dinâmico, inacabado e em constante transformação e adaptação. Ao relacionar-se com o meio, o homem faz uso de diversas formas de conhecimento e, através dessas formas, ele transforma o mundo ao mesmo tempo em que se transforma. Como veremos mais adiante, a ciência é uma das formas de conhecimento, com características próprias, como a possibilidade de ser verificado e comprovado por outros.

2.2 os Riscos do Conhecimento

Dada a sua relevância, o conhecimento sempre guarda uma aura de “exclusividade”, de algo para poucos, sendo inclusive proibido em diversas culturas ou em certos momentos históricos.

GalIleo.arp - ID: 909607

O conhecimento é algo tão importante que sempre corre o risco de ser proibido. Muitos mitos se fizeram em torno dessa legenda, a começar pelo relato bíblico que coloca a descoberta do conhecimento como transgressão de Adão e Eva, seguindo-se daí as misérias da vida do pecador, com consequente necessidade de salvação vinda de fora. O real “pecado original” foi menos ter caído em tentação do que ousar conhecer. Parece inegável a dinâmica

reveladora do conhecimento, porque nada deixa de pé, para o bem e para o mal. Uma vez rompida a ingenuidade, não há mais volta, a não ser por auto-engano. Essa dinâmica reveladora, entretanto, estando sempre entranhada no contexto do poder, ofusca à medida que revela. Por isso, praticamente em todas as sociedades, as pessoas detentoras de conhecimento eram vistas como especiais, desde os pajés. E para se tornarem ainda mais especiais, envolviam o conhecimento em linguagem esotérica, para que só os iniciados a entendessem (DEMO 2000, p. 87).

Conexão:

Conhecimento é a explicação da realidade.

Decorre de um esforço investigativo para descobrir aquilo que não está

compreendido ainda, que está oculto. Leia o texto “Conhecimento x Informação: uma discussão necessária” visitando este site:

http://www.espacoacademico.com.br/031/31cmatos.htm

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

O conhecimento pode, inclusive, ser ‘perigoso’ em determinados contextos. Na Idade Média, por exemplo, diversos detentores de “conhecimentos” não aceitos pelo status quo foram considerados hereges ou feiticeiros e pereceram em masmorras ou em fogueiras. Um caso clássico de interferência religiosa no desenvolvimento da ciência ocorreu com Galileu (Galileo Galilei), físico e astrônomo italiano (Pisa 1564 - Arcetri 1642), que foi preso, torturado e condenado pela Inquisição a negar suas descobertas científicas e a ler em voz alta (em público) e a assinar o manuscrito reproduzido abaixo1:

“Eu, Galileu Galilei, filho do falecido Vicente Galilei, de Florença, com 70 anos de idade, tendo sido trazido pessoalmente ao julgamento e ajoelhando-me diante de vós, eminentíssimos e reverendíssimos Cardeais Inquisitores-Gerais da Comunidade Cristã Universal contra a depravação herética, tendo frente a meus olhos os Santos Evangelhos, que toco com minhas próprias mãos; juro que sempre acreditei e, com o auxílio de Deus, acreditarei de futuro, em cada artigo que a sagrada Igreja Católica de Roma sustenta, ensina e prega. Mas porque este Sagrado Ofício ordenou-me que abandonasse completamente a falsa opinião, a qual sustenta que o Sol é o centro do mundo e imóvel, e proíbe abraçar, defender ou ensinar de qualquer modo a dita falsa doutrina [...] Eu desejo remover da mente de Vossas Eminências e da de cada cristão católico esta suspeita corretamente concebida contra mim; portanto, com sinceridade de coração e verdadeira fé, abjuro, maldigo e detesto os ditos erros e heresias, e em geral todos os outros erros e seitas contrários à dita Santa Igreja; e eu juro que nunca mais no futuro direi, ou afirmarei nada, verbalmente ou por escrito, que possa levantar semelhante suspeita contra mim; mas se eu vier a conhecer qualquer herege ou qualquer suspeito de heresia, eu o denunciarei a este Santo Ofício ou ao Inquisidor Ordinário do lugar onde eu estiver. Juro, além disso, e prometo que cumprirei e observarei todas as penitências que me foram ou sejam impostas por este Santo Ofício. Mas se por acaso eu vier a violar qualquer uma de minhas ditas promessas, juramentos e protestos (o que Deus não permitia),

1 Galileu - Vida e Pensamento, Ed. Martin Claret, 1998). Disponível em: http://www.internext.com.br/valois/pena/1633.htm - Acesso em: 10/09/2009

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

sujeitar-me-ei a todas as penas e punições que forem decretadas e promulgadas pelos sagrados cânones e outras constituições gerais e particulares contra delinquentes assim descritos. Portanto, com a ajuda de Deus e de seus Santos Evangelhos, que eu toco com minhas mãos, eu, abaixo assinado, Galileu Galilei, abjurei, jurei, prometi e me obriguei moralmente ao que está acima citado; e, em fé de que, com minha própria mão, assinei este manuscrito de minha abjuração, o qual eu recitei palavra por palavra”.

2.3 Retórica

Na retórica, que teve início na Grécia antiga, ao lado de argumentar, buscávamos também convencer. Infelizmente, abusamos tanto dela que temos hoje uma visão negativa da retórica – basta nos lembrarmos de diversos políticos, que possuem uma grande capacidade argumentativa para mentir para a população. Tal visão negativa é também reforçada pela idéia de que a retórica consiste na busca pelo convencimento a qualquer preço, sem argumentação real.

Para tentarmos recuperar o conceito de retórica é necessária a compreensão da necessidade fundamental da capacidade de saber argumentar e convencer, ambos inseridos no mesmo processo. De acordo com Demo (2000, p. 39), “para que o discurso seja discutível, é imprescindível que seja lógico, quer dizer, bem feito, sistemático, claro, fundamentado. Não podemos discutir bem fala desconexa, mal inventada, contraditória.”

2.4 tipos de Conhecimento

Há várias formas de se obter conhecimento, o qual apresenta em sua constituição níveis e estruturas diferentes. Cada um desses níveis de estrutura do conhecimento possui seu nível de complexidade e suas características específicas. São divididos em quatro categorias os tipos de conhecimento e de busca do sentido das coisas:

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

- Conhecimento Popular - Conhecimento Filosófico- Conhecimento Religioso- Conhecimento Científico

http://Deoxy.orG/IMG/experIence-knowleDGe.jpG2.4.1 Conhecimento Popular

Este tipo de conhecimento, também chamado de espontâneo, vulgar ou empírico, surge do viver cotidiano e geralmente se apresenta desprovido de método e sistematicidade e pautado unicamente pela prática e percepções cotidianas. Na tentativa de encontrar explicações para os acontecimentos cotidianos, consegue basicamente uma percepção do que o rodeia, sem se preocupar com relações de causa e efeito e sem uma postura racional.

O conhecimento popular é prioritariamente intuitivo, imediato, concreto e não se pauta pela lógica. Por ser pouco racional, apresenta respostas ambíguas e nem sempre verdadeiras, que se pautam em aparências. Além disso, muitas vezes contribuem para superstições e discriminações, que com o tempo fixam-se em determinadas culturas.

Podemos citar inúmeros exemplos de conhecimento popular nas explicações diárias de fenômenos do dia a dia que independem do nível cultural de quem as utiliza. Assim, muitas pessoas podem “prever” a proximidade de chuva por meio da percepção de alterações ambientais às vezes sutis, como a direção do vento, o tipo das nuvens ou o comportamento das aves. Da mesma forma, todos nós sabemos que se o leite for deixado fora da geladeira ele vai azedar. Estes são exemplos de conhecimento popular, uma vez que a maioria não saberia explicar tecnicamente o porquê da ocorrência dos fenômenos citados.

2.4.2 Conhecimento Filosófico

Antes de mais nada é importante definirmos a palavra ‘filosofia’, a qual foi criada por Pitágoras: philos significa ‘amigo’ e sophia significa ‘sabedoria’.

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

A idéia de conhecimento filosófico tem como base conceitos subjetivos, relacionados ao conhecimento especulativo, o qual busca constantemente o sentido do mundo e das coisas através de hipóteses que podem ou não ser submetidas à observação, ou seja, geralmente não são verificáveis e, portanto, não podem ser confirmadas ou refutadas.

De acordo com Barros e Lehfeld (2007, p. 42), a filosofia “tem a finalidade de compreender a realidade e fornecer conteúdos reflexivos e lógicos de mudança e transformação dessa realidade. A filosofia cumpre a tarefa de elaborar pressupostos e princípios norteadores das ações humanas”. Assim, mesmo entre os grandes filósofos não há uniformidade de pensamento e de forma de reflexão, já que a filosofia consiste na observação, reflexão e interpretação do mundo sob pontos de vista diferentes e, às vezes, inconciliáveis.

A filosofia não é um castelo abstrato, estéril e distante de idéias. Idéias difíceis e herméticas, como às vezes, de forma detratora, se diz. Ela é uma forma de conhecimento prático, orientadora do exercício de nossa sobrevivência em sociedade. Ela pode não garantir o “ganha-pão”, como se diz vulgarmente, mas certamente é com ela e com sua ajuda que conseguimos o pão nosso de cada dia, pois dela depende o encaminhamento de nossa ação (LUCKESI 1984, p. 67).

http://www.pucsp.br/pos/cesIMa/schenberG/cIentIstas/platao2.jpG

Assim, a filosofia cumpre a tarefa de compreender a realidade e contribuir com conteúdos reflexivos e lógicos para que essa realidade possa ser transformada. O Mito da Caverna, narrado por Platão no livro VII de A Republica (escrito entre 380-370 a.C.) é, provavelmente, uma das mais poderosas metáforas c r iadas pe la f i losof ia , em

qualquer tempo, por descrever de forma atemporal a situação em que se encontra a humanidade, condenada a uma terrível condição. Imaginou toda uma população presa desde a infância no interior de uma caverna,

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

imobilizados e obrigados por correntes a olharem sempre a parede em frente. O que veriam então? Supondo que existissem algumas pessoas no exterior da caverna carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, e havendo ainda uma escassa iluminação, disse que os habitantes daquele lugar infeliz só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras dos objetos sendo carregados, surgindo e se desfazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu Platão: acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam (chamadas de ídolos por Platão) eram verdadeiras, considerando o espectro como realidade. Toda a existência era, portanto, inteiramente dominada pela ignorância. Para Platão todos nós estamos condenados a ver apenas sombras à nossa frente, tomando-as como verdadeiras. Esta crítica à condição dos homens, que foi escrita há quase 2500 anos, inspirou e ainda inspira incontáveis reflexões, sendo a mais recente delas no livro de José Saramago A Caverna.

2.4.3 Conhecimento Religioso

O conhecimento religioso, também chamado de teológico, é aquele que se revela através da fé divina ou crença religiosa. Do ponto de vista religioso/teológico, a existência divina é evidente e inquestionável e, portanto, não necessita de demonstração ou experimentação, ou seja, dispensa qualquer procedimento experimental. No entanto, o conhecimento religioso se analisa, se interpreta e se explica (BARROS E LEHFELD, 2007).

Este tipo de conhecimento depende da formação moral e crenças de indivíduos, grupos ou povos e requer a autoridade divina, seja de forma direta ou indireta. O conhecimento religioso não pode ser confirmado ou negado, ao contrário do que ocorre no conhecimento científico, uma vez que se baseia em proposições reveladas pelo sobrenatural e, portanto, sagradas e valorativas. As verdades oriundas do conhecimento religioso são tidas como infalíveis e inquestionáveis. A fonte do conhecimento geralmente está presente nos livros sagrados, independentemente da religião ou doutrina.

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

2.4.4 Conhecimento Científico

http://www.nynas.coM/uploaD/IMaGes/news/naphthenIcslaboratory2.jpG

O conhecimento científico se caracteriza pela busca da compreensão dos fenômenos existentes através da utilização de procedimentos metódicos em suas investigações. Galliano (1979, p. 21) define o conhecimento científico como “o aperfeiçoamento do conhecimento comum e ordinário obtido por meio de um procedimento metódico, o qual mobiliza explicações rigorosas e ou plausíveis sobre o que se afirma sobre um objeto da realidade”.

A l é m d e f o c a r e m f a t o s e fenômenos verificáveis, o conhecimento científico é também objetivo, factual,

racional, analítico, organizado, explicativo e sistemático; constrói e aplica leis através de investigações metódicas.

Podemos afirmar sem receio que hoje conhecemos mais e melhor em comparação com o passado, mas não podemos chamar tal conhecimento de “conhecimento acumulado”, uma vez que tal processo está longe de ser meramente cumulativo. De acordo com Demo (2000, p. 74), “conhecimento novo não provém de mera soma. Vem da derrubada sistemática e por vezes impiedosa. Porquanto, seu método fundamental é o questionamento sistemático”. Assim, para o autor, uma teoria científica é aquela que se oferece ao debate e que se mantém necessariamente falível e não aquela que fica de pé a qualquer preço. Nesse sentido, pode-se afirmar que para algo ser científico é necessário que seja discutível, já que a ciência surgiu da recusa em aceitar o saber institucionalizado.

O conhecimento científico tem uma vocação analítica e, assim, o

método mais característico do procedimento científico é a análise.

Na origem etimológica, analisar significa decompor um todo nas partes, desfiando uma a uma, em particular as tidas como mais importantes. Trata-se de atividade desconstrutiva que admite ser o todo apenas o ajuntamento das partes, tanto assim que, desfazendo

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

parte por parte, nada resta do todo, a não ser suas partes. Fazendo o caminho de volta, ao ajuntar as partes, obtemos de novo o todo, de maneira reversível. Assim é o relógio: é monte de partes concatenadas, desmontáveis uma a uma. O relojoeiro tem do relógio visão sintética, sem a qual não se saberia conceber as partes, mas o constrói por partes. O relógio não existe nas partes desmontadas, mas estas, uma vez montadas, são o relógio. (DEMO 2000, p. 15)

Para melhor compreendermos o conceito de conhecimento

científico, serão apresentados a seguir três etapas postuladas por Demo (2000, pp. 19-20).

A utilização frequente do termo 1) conhecimento científico pelo fato dele implicar que é um dentre outros termos também possíveis, como sabedoria e bom-senso. Pode ser sinônimo de “ciência”, desde que não se afirma ser esta necessariamente superior e totalmente diversa diante de outros tipos. Ciência, quando relacionada a “tecnologia”, transmite sobretudo o pano de fundo ocidental, extremamente relacionado aos processos de colonização. “Ciência e Tecnologia” representam a vantagem comparativa decisiva em termos de crescimento econômico e domínio do mundo, da natureza, da sociedade e da economia. Na tradição ocidental, ciência é procedimento frontalmente diferente de outras formas de conhecer, universal, superior e definitivo, tendencialmente voltado para as “ciências exatas naturais”, donde também segue o desapreço por outras culturas e seus modos de conhecer. Embora mantenhamos o termo ciência nas áreas sociais e humanas, persiste a expectativa de que seu uso mais correto ocorre apenas nos ramos que possibilitam utilização concentrada de procedimentos matemáticos e empíricos, que seriam garantias de objetividade e neutralidade. Nesse caso, ciência e tecnologia formam dupla inseparável e imbatível, representando possivelmente a identidade cultural mais forte da história ocidental. Em seu extremo, substituem a religião, nos sentido de que apenas nelas se crê. Quanto ao conhecimento científico, a expressão envolve sua variabilidade natural no tempo e no espaço, aludindo menos a pretensões de universalidade que a diferenças específicas de método. É,

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

portanto, um tipo de conhecimento, a ponto de poder tornar-se “senso comum” com o passar do tempo.

É preferível “reconstruir” a “construir” conhecimento. Modernas 2) teorias de aprendizagem apontam para o caráter construtivo do conhecimento, em contraposição ao instrucionismo que insiste na simples transmissão reprodutiva. No entanto, podem exagerar na dose, quando supõem excessiva criatividade, como se partíssemos do nada. Na prática, conhecemos com base no que já está conhecido, aprendemos do que outros já aprenderam. Sobretudo nos ambientes escolares e universitários, por mais que seja essencial praticar a pesquisa como estratégia central de aprendizagem, dificilmente construímos conhecimento tipicamente novo. O que mais fazemos é retomar o conhecimento disponível e refazê-lo com mão própria. Entretanto, não se trata de procedimento adequado, quando apenas reproduzimos conhecimento, como é o caso frequente do “fichamento de livros”, se por isso entendermos a simples compilação de idéias dos outros sem qualquer elaboração própria. Reconstruir conhecimento significa, portanto, pesquisar e elaborar, impreterivelmente. Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação de conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento.

Demo (2000) considera pouco útil a distinção entre teoria e 3) prática, pela razão de que o conhecimento científico é o que existe de mais prático em nossas sociedades, principalmente por conta das tecnologias. Por vezes, ainda identificamos a “academia” como mundo à parte, torre de marfim, em que figuras pouco práticas usam seu tempo para apenas pensar, elucubrar, especular. O termo filosofia é usado nesta acepção facilmente, insinuando que “não serve para nada”, mesmo que se admita inteligente. Também é imprópria a expectativa utilitária, porque imediatista. Fazer teoria pode, à primeira vista, parecer algo ocioso. tomando, porém, em conta que os dois termos necessitam um do outro, teoria que finalmente

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

nada tem a ver com a prática, também não é teoria de coisa nenhuma, a prática que não retorna à teoria jamais se renova. Por exemplo, defender tese sobre o conceito de maiêutica em Sócrates pareceria diletantismo acadêmico, mas pode servir como fundamento para inúmeras práticas pedagógicas atuais, sem falar em seu aspecto reconstrutivo que admitiria tratamento alternativo do que muitos outros já estudaram. Outra coisa é o “teoricismo”, algo que pode ser aplicado à maioria dos cursos acadêmicos, porque fazem com que os alunos engulam um monte de teorias – sem pesquisa e elaboração própria – destituídas de sentido prático. O campus universitário pode espraiar esta idéia vazia: fica no outro lado da cidade, em lugar fechado, tipo Mundo da Lua. Muitas vezes “estudar” também pode inspirar esta expectativa: é atividade especial, , em tempo especial, idade especial, lugar especial; é preciso “parar” para estudar, interromper o dia ou a juventude, sair da vida normal. Agregar sentido prático aos cursos, sem cair no ativismo, também poderia acrescentar-lhes qualidade. Embora cada termo tenha seu lugar, eles moram no mesmo lugar.

BARROS E LEHFELD (2007, p. 46) afirmam que é do conhecimento científico que a ciência se constitui e resumem em seis tópicos suas principais características:

Maiêutica: O momento do “parto” intelectual é chamado de Maiêutica Socrática. Esse “parto” é a

busca da verdade no interior do homem. O processo era conduzido por Sócrates em dois momentos distintos: em primeiro lugar, ele levava seus interlocutores ou alunos a questionar seu próprio conhecimento sobre um dado assunto. Em seguida, Sócrates fazia com que concebessem uma nova idéia ou opinião sobre o mesmo assunto. Desse modo, por meio de questões simples e contextualizadas, a Maiêutica leva à elaboração de idéias complexas.Diletantismo: Modo amador de estudar ou fazer algo, geralmente de cunho artístico, por amor, sem se preocupar com a reflexão permanente ou o estudo, por considerar que a arte precisa permanecer uma forma

de lazer puro. O diletante entende ou se dedica a algo por gosto.

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

- O conhecimento científico surgiu a partir das preocupações humanas cotidianas, e esse procedimento é conseqüência do bom senso organizado e sistemático;

- O conhecimento científico transcende o imediatamente vivido e observado, buscando a formulação de paradigmas;

- O conhecimento científico, além de ater-se aos fatos, é analítico, comunicável, verificável, organizado e sistemático – é também explicativo, constrói e aplica teorias;

- O conhecimento científico, considerado um conhecimento superior, exige a utilização de métodos, processos, técnicas especiais para a análise, compreensão e intervenção na realidade;

- A abstração e a prática devem ser dominadas por quem pretende trabalhar cientificamente.

2.5 Reflexão

Durante toda a vida o ser humano tem que lidar com experiências relacionadas a dor, prazer, sede, saciedade, calor, frio e, portanto, o conhecimento se dá pela necessidade de adaptação, interpretação e assimilação às circunstâncias inerentes ao meio em que vive. Assim podemos afirmar que o conhecimento ou o ato de conhecer funcionam como um meio de solução dos problemas comuns à vida. Já o conhecimento científico é o que é produzido pela investigação científica. Além de suprir a necessidade de encontrar respostas e soluções para problemas de ordem prática da vida cotidiana, também se caracteriza por ser um conhecimento que possibilita explicações sistemáticas que podem ser testadas e aceitas ou refutadas através provas empíricas.

2.6 Referências

DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo: Editora Atlas, 2000.

BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.

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Metodologia Científica Conhecimento – Unidade 2

GALLIANO, A. G. (Org.). O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harper & Row, 1979.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1994.

LUCKESI, C. et alii. Fazer universidade: uma proposta metodológica. São Paulo: Cortez, 1984.

SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 1999.

2.7 na Próxima Unidade

Por muito tempo o homem iniciou sua busca pelo conhecimento para encontrar respostas a certas questões referentes ao seu dia a dia. Algumas respostas tinham um cunho místico, o que levava à criação de mitologias. Quando o homem passou a questionar tais respostas e a procurar explicações mais plausíveis, através da razão, passou a obter respostas mais realistas que se aproximavam mais da realidade das pessoas. Tais respostas passaram a ser mais bem aceitas pela sociedade e podemos afirmar que essa nova forma de pensar criou a possibilidade da idéia de ciência para explicar os fenômenos por meio da razão. Os conceitos de ciência serão discutidos no próximo capítulo.

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niUa

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CiÊnCia

A partir do momento em que o homem passou utilizar a razão para questionar

o modo como buscava suas respostas e para buscar formas mais plausíveis de obter explicações, passou

a reduzir a importância de suas emoções e crenças religiosas e a obter respostas que fossem mais realistas e

que se aproximassem de forma mais pungente da realidade das pessoas. As explicações resultantes passaram, assim, a ser

mais bem aceitas na sociedade em que vivia.

objetivos da sua aprendizagem

É imprescindível que você compreenda o conceito de ciência e a forma como ela surgiu e evoluiu.

Você se lembra?

As aulas de Ciências na escola procuravam fornecer explicações a fenômenos muitas vezes cotidianos, como a eletricidade estática ou o magnetismo.

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Metodologia Científica Ciência – Unidade 3

Ciência é sempre instável: não

só cresce, mas também muda de direção; novos conhecimentos

nem sempre confirmam os anteriores, e os paradigmas sucedem-se, por vezes em

meio a polêmicas acirradas e irreconciliáveis.Todavia, a ciência futura é imprevisível, não

nos cabendo pressupor limites, que bem podem ser devidos à limitação do nosso

olhar atual (DEMO 2000, p. 46).

3.1 Definição de Ciência

http://correIocIencIa.fIles.worDpress.coM/2009/10/cIencIa.jpG

O termo ciência provém do verbo em latim Scire, que significa aprender, conhecer. Em toda sua história o homem engajou-se em uma jornada com o objetivo de buscar o conhecimento para chegar a respostas a certas questões relacionadas a problemas do seu cotidiano. Um dos meios mais utilizados para explicar sua realidade era a criação de mitos, ou seja, através da mitologia o homem tentava “explicar o inexplicável”.

Se hoje é ‘óbvio’ que a Terra é redonda, até o início das grandes navegações no século XV era ‘óbvio’ que a Terra era plana. Se hoje é ‘óbvio’ que o homem pode voar em um equipamento mais pesado que o ar, há pouco mais de um século era ‘óbvio’ que o homem só poderia voar em equipamentos mais leves que o ar, como os balões. Assim, muitas coisas que eram óbvias no passado deixaram de sê-lo e, da mesma forma, o que é óbvio hoje pode não sê-lo em algum momento no futuro.

Assim, nosso mundo e nossa sociedade pode sempre “contar com” um mundo pré-existente:

“Nasce o homem num mundo , numa circunstância interpretada, e passar a contar com os objetos que encontra, segundo a interpretação vigente. Contamos com, e essa é uma das mais elementares relações que mantemos com as coisas. Contamos com a existência da rua, quando abrimos a porta de casa para irmos à escola ou ao trabalho. Contamos

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Metodologia Científica Ciência – Unidade 3

com encontrar, no lugar em que as vimos ontem, as pedras, as casas e as árvores. Prova disso é a surpresa que provocaria a ausência de rua, o deslocamento das árvores, ou o desaparecimento das casas, no momento em que abríssemos a porta. (...) Contamos com certas coisas, acreditamos que se comportam dessa ou daquela maneira, segundo a interpretação em que nascemos.” (HEGENBERG, apud Bastos e Keller 2002, p. 81)

Apresentamos aqui dois dos principais usos para a palavra ‘ciência’:

1) Atividade executada por cientistas, com matérias-primas, propósitos e metodologia específicas.

2) O resultado desta atividade, ou seja, um corpus bem estabelecido e bem testado de leis, modelos e fatos que conseguem descrever o mundo natural.

Os resultados da ciência devem ser “objetivos”, ou seja, eles devem ser testáveis, repetíveis e passíveis de confirmação através de outros cientistas.

Podemos classificar ss áreas da ciência em duas grandes dimensões:

• Ciência Pura (o desenvolvimento de teorias) x Ciência Aplicada (a aplicação de teorias às necessidades humanas);

• Ciência Natural (o estudo do mundo natural) x Ciência Social (o estudo do comportamento humano e da sociedade).

Algumas definições de Ciência1:

1) “Conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experimentação dos fatos e um método próprio.”

2) A ciência busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que

1 Disponível em: http://forum.braslink.com/forum/read.cfm?forum=679&id=112950&thread=18175

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Metodologia Científica Ciência – Unidade 3

permite prever acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza. Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo.

albert eInsteInhttp://johnstoDDerInexIle.fIles.worDpress.coM/2006/04/eInsteIn.jpG

3) “Conjunto de conhecimentos e de pesquisas metódicas cujo fim é a descoberta das leis dos fenômenos: ‘A ciência encontrou na experiência um princípio próprio e imanente, donde tira, sem outro auxiliar além da atividade intelectual comum, os fatos materiais da sua obra, e as leis, com as quais coordena os fatos.’ “

4) “Ciência: do latim scientia, “sabedoria, conhecimento”, é o conhecimento de caráter racional, sistemático e seguro dos fatos e fenômenos do mundo. Visão positiva: ‘o homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão’. Visão negativa: o controle da natureza pela ciência implica força e poder. ‘Toda a natureza começaria por se lastimar se lhe fosse dada a palavra.’”

3.2 fraudes na Ciência

Nem só de flores vive a ciência. Na busca desenfreada por reconhecimento, poder ou dinheiro, alguns cientistas se veem tentados a burlar um procedimento ou dois, alterar este dado ou aquele, tudo para garantir que o resultado de sua pesquisa saia como ele quer que seja. Abaixo estão listados dez dos mais famosos casos de fraude científica2:

1- Em 1989, o norte americano Stanley Pons e o britânico, Martin Fleischmann divulgaram a existência de um aparelho capaz de fundir átomos a temperaturas muito mais baixas do que as usadas em reações termonucleares. O experimento nunca pôde ser reproduzido em outros laboratórios.

2- Em 1971, o governo filipino anunciou a descoberta da tribo tasaday, que falava uma língua estranha, comia animais selvagens 2 Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/; Acessado em: 15/09/2009.

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Metodologia Científica Ciência – Unidade 3

e usava artefatos de pedra. Jornalistas descobriram que os nativos viviam em casas, produziam carne seca e usavam calças Levi´s.

3- Em um artigo na revista Nature em 1988, o francês Jacques Benveniste propôs que a água tem memória, ou seja, guarda traços de elementos que por ela tenham passado. Os defensores da homeopatia festejaram, pois isso explicaria a eficácia do tratamento. As idéias de Benveniste nunca puderam ser confirmadas.

4- O arqueólogo inglês Charles Downson “encontrou” uma ossada de homem com crânio de formas humanas e queixo parecido com o de um macaco. Em 1953, 40 anos depois, os cientistas desmontaram o quebra-cabeça: uma junção de crânio de homem com queixo de orangotango.

5- A partir dos anos 1920, o biólogo soviético Trofim Denisovich Lysenko inventou fórmulas absurdas para aumentar a produção agrícola. Fazia coisas como misturar trigo de inverno com trigo de primavera numa mesma plantação. Com isso esperava desenvolver uma espécie que pudesse ser plantada e colhida em qualquer época do ano. Suas idéias nunca funcionaram.

6- Nos primeiros anos de século 20, o mundo celebrava a descoberta do raio X. Isso parece ter inspirado o físico francês René Blondlot. Na mesma época ele afirmou ter descoberto o raio N, e outros cientistas contemporâneos disseram ter produzido em seus laboratórios raios N. O citado raio nunca teve sua existência comprovada.

7- O físico Victor Ninov e sua equipe publicaram, em 1999, a descoberta do elemento químico 118 - o mais pesado que poderia existir. No ano seguinte, a equipe não conseguiu reproduzir a experiência. Investigações provaram que Ninov havia forjado os resultados.

8- Na década de 70, o psicólogo inglês Cyril Burt propôs que o quociente de inteligência seria determinado geneticamente. Para chegar a esse resultado, inventou personagens e falsificou dados.

9- O alemão Jan Hendril Schon foi demitido dos laboratórios Bell por alterar dados em experiências sobre luz e supercondutividade entre

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Metodologia Científica Ciência – Unidade 3

1998 e 2001. Pesquisador conceituado, ele publicou suas farsas em revistas como Science e Nature.

10- Um professor da Universidade Tecnológica da Coréia do Sul reconheceu ter falsificado seus estudos publicados em revistas científicas internacionais. Segundo o jornal sul-coreano The Hankyoreh, Kim Tae-kook, professor de biotecnologia do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coréia (Kaist), reconheceu ter usado dados falsos em seu experimento sobre tecnologia contra o envelhecimento, depois que uma comissão de investigação da universidade descobriu essa manipulação. O resultado dos estudos foram publicados em duas revistas científicas - a Science, em 2005, e a Nature Chemical Biology, em 2006 - por ter aberto supostamente uma porta para encontrar remédios contra o envelhecimento humano. Como conseqüência, o Kaist retirou Kim da docência e de suas condições de pesquisador, e a comissão de investigação indicou que esses estudos serão retirados das revistas. A notícia aconteceu dois anos depois que o professor sul-coreano Hwang Woo-souk, pioneiro da clonagem, admitiu ter falsificado seus estudos sobre células-tronco de embriões humanos clonados publicados na revista Science. Hwang afirmou ter realizado a primeira clonagem de células-tronco de embrião humano em 2004, mas depois ficou demonstrado que era falsa.

3.3 Reflexão

Tudo aquilo que a ciência constrói precisa ser representante de uma percepção “compartilhada”, ou seja, que pode ser verificada e observada por qualquer pessoa que esteja equipada com as ferramentas de medição e habilidades de observação apropriadas. Podemos afirmar, inclusive, que esse modo de pensar do homem foi que possibilitou o surgimento da idéia de ciência, uma vez que sua tentativa contínua de explicar fenômenos através da razão foi o primeiro passo na direção de se fazer ciência.

Mas a ciência só é precisa, sistemática e confiável se os mesmos adjetivos puderem ser aplicados àqueles que a praticam, como pudemos verificar nos casos relatados nesta unidade.

3.4 Referências

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Metodologia Científica Ciência – Unidade 3

DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo: Editora Atlas, 2000.

BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.

BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2002.

3.5 na Próxima Unidade

O desenvolvimento da ciência levou à criação do método, através do qual experimentos podem ser reproduzidos por outros, em outros locais e em outros momentos. É através do método que torna-se possível a sistematização de procedimentos que, por sua vez, trazem credibilidade à ciência. Na Unidade 4 serão apresentados diferentes tipos de métodos.

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MÉtoDo

O termo Método tem origem na palavra grega “methodos”, que significa

“caminho para chegar a um fim”. Trata-se, portanto, de um conjunto de processos que devem

ser executados para produzir e processar um sistema, definindo “o que” e “como” algo deve ser feito.

objetivos da sua aprendizagem.

Conhecer os diferentes tipos de métodos, os quais serão utilizados em toda a sua vida acadêmica e profissional.

Você se lembra?

Na escola você certamente já executou algum procedimento utilizando uma descrição detalhada daquilo que deve ser feito e como deve ser feito.

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

4.1 Definição de Método

O termo método designa a ordem a ser seguida nos diferentes processos que são necessários para se chegar a determinado fim ou resultado. Em outras palavras, método pode ser entendido como um procedimento regular, explícito e que pode ser repetido a fim de se conseguir algo material ou conceitual.

É importante ressaltar que o método é apenas um meio de acesso: são a inteligência e a reflexão que descobrem o que os fatos realmente são. Assim, o método científico tem a intenção de descobrir a realidade dos fatos, e esses, ao serem descobertos, devem guiar o uso do método.

É oportuno, portanto, distinguir os conceitos de método e processo. Método pode ser entendido como o procedimento sistemático, o dispositivo ordenado, em plano geral. Por sua vez, o processo (a técnica) é a aplicação do plano metodológico e a forma específica de executá-lo. Pode-se afirmar que a relação existente entre método e processo é similar à que existe entre estratégia e tática. O processo está, portanto, subordinado ao método.

http://www.IDGresearch.coM/wp-content/theMes/IDG-one/IMaGes/puzzle-lG.jpG

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

4.2 Método Qualitativo

http://naturoloGIaMococa.fIles.worDpress.coM/2009/03/Mrt20www_wIn2farsI_coM20107.jpG

U m a p e s q u i s a qualitativa tem caráter exploratório, ou seja, e s t imula o su je i to a expressar-se livremente sobre um determinado tema, objeto ou conceito.

E s t e t i p o d e pesquisa faz emergir aspectos subjetivos, uma vez que podem atingir motivações e pensamentos

não conscientes ou não explícitos de uma forma mais espontânea. Como não há preocupação em projetar resultados para uma

determinada população, na pesquisa qualitativa o número de sujeitos é relativamente pequeno, sendo que as opiniões são coletadas por meio de questionários ou entrevistas gravadas, as quais são posteriormente analisadas.

Os principais tipos de dados qualitativos são: citações diretas de pessoas sobre suas experiências; trechos de correspondências, registros, documentos; gravações e/ou transcrições de entrevistas e discursos; descrições detalhadas de comportamentos ou outros fenômenos; dados coletados com maior profundidade e riqueza de detalhes.

Este tipo de pesquisa é apropriado nos casos em que o fenômeno em questão é de natureza social e sua complexidade não permite sua quantificação. A utilização de métodos quantitativos pressupõe a habilidade de observar, analisar e registrar interações entre pessoas, ou entre pessoas e fenômenos. De modo geral, podemos afirmar que nas pesquisas quantitativas é relevante notar quantas vezes determinado fenômeno ocorre, ao passo que nas pesquisas qualitativas o importante é a compreensão detalhada de como o fenômeno ocorre.

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

4.3 Método Quantitativo

https://cuportal.coventry.ac.uk/c13/Msc/IMaGe%20lIbrary/statIstIcs.GIf

U m a p e s q u i s a quantitativa tem como base critérios estatísticos rígidos, o s q u a i s s e r v e m c o m o parâmetro para definição do universo da pesquisa em questão. A pesquisa estatística é muito utilizada p a r a l i d a r c o m d a d o s numéricos, opiniões sobre temas econômicos, sociais ou políticos, observação da preferência por produtos ou serviços em determinados

segmentos populacionais, etc.A realização de uma pesquisa quantitativa passa pelas seguintes

etapas: definição do objetivo da pesquisa; definição da população e da amostra; elaboração dos questionários; coleta de dados (campo); processamento dos dados (tabulação); análise dos resultados; apresentação e divulgacão dos resultados.

Este tipo de pesquisa frequentemente utiliza questionários para inferir resultados a partir de uma amostra, sendo possível aplicar tais resultados a um universo maior. Como a pesquisa quantitativa aplica-se a uma dimensão mensurável da realidade, a partir dos resultados obtidos estatisticamente torna-se possível projetar uma verdade geral ao fenômeno que está sendo estudado.

Assim, através da pesquisa quantitativa é possível o planejamento de ações coletivas que reproduzem resultados passíveis de generalização, desde que o grupo pesquisado seja uma amostra fidedigna da população em estudo. São testadas, portanto, de forma precisa, as hipóteses levantadas e fornecem índices que permitem comparação com outros.

Na tabulação, os dados coletados são dispostos em tabelas, gráficos, quadros ou figuras, devidamente organizados de modo a facilitar a compreensão do pesquisador e a conseqüente análise e interpretação desses dados, os quais são classificados em grupos e subgrupos e reunidos de modo que as hipóteses

referentes à pesquisa possam ser comprovadas ou refutadas.

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

Para garantir maior precisão, a pesquisa quantitativa requer um número maior de entrevistados para maior precisão nos resultados, já que os dados serão projetados para a população representada. Para tanto, as informações são coletadas através de questionários compostos por perguntas claras e objetivas, já que a má compreensão de um enunciado ou questão pode comprometer a veracidade dos dados colhidos.

Pesquisas quantitativas são recomendadas quando o objetivo é obter informações sobre aspectos comuns em uma população investigada em grandes quantidades, ao contrário da investigação quantitativa, que busca aprofundar questões em amostragens reduzidas.

4.4 Qualitativo x Quantitativo

A dicotomia quantitativo/qualitativo tem gerado um grande debate, uma vez que esses métodos são freqüentemente vistos como conflitantes e inconciliáveis. É equívoco pretender confronto dicotômico entre qualidade e quantidade, pela simples razão de que ambas as dimensões fazem parte da realidade da vida. Não são coisas estanques, mas facetas do mesmo todo. Por mais que possamos admitir qualidade como algo “mais” e mesmo “melhor” que quantidade, no fundo, uma jamais substitui a outra, embora seja sempre possível preferir uma à outra (Demo 1999).

O problema de pesquisa de um determinado estudo pode justificar a utilização de uma combinação dos dois métodos, quantitativo e qualitativo, uma vez que a utilização de apenas um deles pode não ser suficiente para contemplar as especificidades da pesquisa. No entanto, é importante salientar que os dois métodos são utilizados com o mesmo propósito, ou seja, a investigação de diferentes dimensões de um mesmo problema. Pode-se compreender que os dois métodos se complementam ao invés de se excluírem, tornando possível uma ampliação da abrangência da pesquisa e maior confiabilidade na interpretação dos resultados.

A realidade social possui dimensões qualitativas, e não se nega a vigência da qualidade na realidade histórica e social. No entanto, é um fato corriqueiro que é muito mais fácil falar de quantidade, uma vez que o método quantitativo é mais visível, palpável, elaborado para testar hipóteses através do uso de instrumentos objetivos e análises estatísticas. O uso dos termos quantitativo e qualitativo para definir dois paradigmas pode levar a uma dicotomia enganosa. Nesse sentido, não se

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

trata de estabelecer entre qualidade e quantidade uma polarização radical e estanque. Cada termo tem sua razão própria de ser e age na realidade como uma unidade de contrários. Ainda que possam se repelir, também se necessitam.

O que é realmente relevante nesta discussão são os objetivos do processo de coleta de dados, ou seja, os instrumentos através dos quais torna-se factível a formação ou testagem de hipóteses. Assim, pode-se observar que, em experimentos de larga escala, a quantidade de informação coletada é geralmente superior à qualidade (ou profundidade) dessa informação. Por outro lado, em pesquisas interpretativistas, as quais utilizam método qualitativo, torna-se possível obter mais informações sobre um número relativamente reduzido de sujeitos (Scaramucci 1995).

A utilização combinada de métodos quantitativo e qualitativo tem sido defendida até mesmo por autores de tradição de pesquisa que pendem ou para um método ou para outro. Pode-se afirmar que é chegada a hora de parar de construir muros entre os métodos e começar a construir pontes. O valor da utilização dos dois métodos, como forma de triangulação, é justificado por Sturman (1996, p. 350):

“Os dois tipos diferentes de dados trazem tipos diferentes de informação. Talvez fosse muito fácil descartar informações estatísticas desconfortáveis caso não houvesse também evidência escrita de um problema. Da mesma forma, qual seria a validade em levar em consideração comentários por escrito de dois alunos descontentes sem evidência estatística adicional que determine o grau de abrangência desses comentários?”

Sturman (op. cit.) acrescenta que a vantagem da coleta de comentários escritos obtidos através de questões dissertativas é que eles permitem aos alunos liberdade de expressão, enquanto a vantagem dos dados quantitativos é que eles possibilitam a oportunidade de verificarmos a representatividade desses comentários e se eles são distribuídos aleatoriamente através da amostra. Desse modo, os dois diferentes tipos de dados fornecem um equilíbrio entre as evidências. A decisão a respeito do método utilizado é definida pelo problema de pesquisa, o qual pode, por sua vez, permitir a combinação de métodos. O objetivo é encontrar subsídios que auxiliem na solução do problema.

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

4.5 Método Científico

http://www.junkscIence.coM/jsj_course/jsjuDocourse/thInkInG2.jpG

Apesar dos procedimentos que são utilizados nas ciências poderem va r i a r de uma área da ciência para outra, é possível determinar certos elementos que diferenciam os outros métodos do método científico.

Uma vez que as ciências se manifestam através de procedimentos, o método científico pode ser definido como um conjunto de regras básicas para que um cientista desenvolva uma experiência com o objetivo de produzir conhecimento ou corrigir e complementar conhecimentos pré-existentes. O método científico é baseado na junção de evidências empíricas, observáveis e mensuráveis, com base no uso da razão.

De modo geral, o método científico segue a seguinte sequência de eventos:

1) Problema• 2) Hipótese • 3) Experimentação• 4) Conclusão• 5) Se necessário, nova hipótese.•

Em primeiro lugar, é determinado um problema, que é o fator que leva o pesquisador a propor hipóteses para explicar determinados fenômenos, ou seja, tentar solucionar ou explicar o problema proposto. Em seguida, são desenvolvidos experimentos para testar tais previsões. Então, o pesquisador chega a uma conclusa, a partir da qual novas teorias são formuladas através da junção de hipóteses de uma dada área em uma estrutura de conhecimento que seja coerente. Isto possibilita a formulação de novas hipóteses, assim como coloca tais hipóteses em um conjunto de conhecimento mais amplo.

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

Uma outra característica do método científico é que o processo tem que ser objetivo para que o cientista possa ser imparcial na interpretação dos resultados. Tanto os dados quanto os procedimentos devem ser documentados, de modo que outros cientistas possam também analisar e reproduzir o procedimento. Isso permite a utilização de métodos estatísticos para a verificação da confiabilidade dos resultados.

Alguém que se proponha a fazer uma investigação através do método científico não precisa, necessariamente, atravessar todas as etapas, além de não existir um prazo pré-determinado para o cumprimento de cada uma delas. Como exemplo podemos citar Charles Darwin, que passou cerca de 20 anos apenas analisando os dados que havia colhido em suas pesquisas. No entanto, seu trabalho constitui-se basicamente de investigação, sem passar pela etapa de experimentação, o que, entretanto, não torna suas teorias menos importantes. Algumas outras áreas da ciência, como a física quântica, baseiam-se quase sempre em teorias apoiadas apenas na conclusão lógica a partir de diferentes teorias e alguns poucos experimentos, uma vez que impera a limitação tecnológica de se efetuar a comprovação empírica de algumas das hipóteses formuladas.

Do modo como o conhecemos hoje, o método científico foi o resultado direto da obra de diversos pensadores, que culminaram no “Discurso do Método” (René Descartes), no qual ele coloca alguns conceitos que permeiam a trajetória da ciência até os dias de hoje. Para dar uma visão melhor sobre o método proposto por Descartes, chamado de “Modelo Cartesiano”, “Determinismo Mecanicista”, ou “Reducionismo”, ele se baseia principalmente na concepção mecânica do homem e da natureza, ou seja, na concepção de que tudo e todos são passíveis de divisão em partes cada vez menores, as quais podem ser analisadas e estudadas separadamente. Em outras palavras, “para compreender o todo, basta compreender as partes”.

Conexão:

Charles Darwin foi um grande expoente do pensamento científico.

Como toda pesquisa tem início com uma dúvida, ou “problema”, o grande enigma

para Darwin era explicar o aparecimento e o desaparecimento das espécies. Assim surgiram, em sua cabeça, várias questões: por que se originavam as espécies? Por que se modificavam com o passar dos tempos, diferenciavam-se em numerosos tipos

e frequentemente desapareciam do mundo por completo? Saiba mais:

http://www.pensador.info/autor/Charles_Darwin/biografia/

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

René Descartes

http://www.rfI.fr/actuen/IMaGes/109/rene_Descartes_portraIt_432.jpG

O modo mais fácil para a verif icação do método proposto por René Descartes é através da medicina: graças ao modelo cartesiano, a medicina s e d i v i d i u e m d i v e r s a s especialidades, cada uma delas procurando compreender os mecanismos de funcionamento de um determinado órgão ou parte específica do corpo.

As doenças passaram a ser vistas como algum distúrbio em uma parte específica do homem. Dentro da concepção cartesiana, o homem em si, como um todo, não é levado em consideração na investigação da medicina.

4.6 Reflexão

Não restam dúvidas de que o método de Descartes funcionou, já que a ciência evoluiu como nunca, a partir da aplicação deste método. Mas a ciência, que tinha como objetivo primordial proporcionar o bem estar ao ser humano através da compreensão e consequente modificação da natureza a seu favor, perdeu seu sentido. Como todos os extremos podem ser danosos, a aplicação do modelo cartesiano a todas as áreas do saber pode levar à desatenção com as interações entre as partes e o todo e entre este e outros. Isso poderia causar sérios distúrbios sociais e ambientais, ameaçando até a existência do próprio homem, em contradição com seu princípio fundamental.

4.7 Referências

BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.

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Metodologia Científica Método – Unidade 4

DEMO, P. Avaliação Qualitativa. Campinas: Autores Associados, 1999.

GALLIANO, A. G. (Org.). O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harper & Row, 1979.

SCARAMUCCI M. V. R. O Papel do Léxico na Compreensão da Leitura em Língua Estrangeira: Foco no Produto e no Processo.Tese de Doutorado, Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, 1995.

STURMAN P. Registration and Placement: Learner Response in Bailey K. M. & Nunan D. (Eds.) Voices from the Language Classroom: Qualitative Research in

Second Language Education – Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

4.8 na Próxima Unidade

A palavra “pesquisa” é usada com freqüência em nosso dia a dia, em diversos contextos. Lemos sobre pesquisas de popularidade, pesquisas de intenção de voto ou pesquisas de qualidade. Fazemos pesquisas de preço, de melhor localização, de melhor custo-benefício. No universo acadêmico, a pesquisa tem papel preponderante para o aprimoramento da prática pedagógica e a aprendizagem. Esse termo é tão utilizado que seu significado nos parece óbvio e sua definição desnecessária. No entanto, “pesquisa” não tem uma definição única: possui, na verdade, diferentes tipos, cada um com características próprias, os quais serão apresentados na próxima unidade.

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PESQUISA

O termo pesquisa pode ser definido como um processo sistemático que tem

como objetivo a construção do conhecimento e/ou corroborar/refutar conhecimento pré-existente.

objetivos da sua aprendizagem

Saber pesquisar é fundamental para o sucesso acadêmico e profissional de qualquer pessoa, já que a pesquisa permeia

nosso dia a dia, quer tenhamos ou não consciência disso.

Você se lembra?

Em todo processo escolar o aluno é instado a fazer pesquisas. Você se lembra de alguma pesquisa relevante que fez no Ensino Médio?

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

5.1 Definição de Pesquisa

Podemos afirmar que toda a história da humanidade é pautada pela busca do domínio da natureza. Cada geração gera conhecimentos que serão herdados pelas gerações subsequentes.

Cada indivíduo que vem ao mundo já o encontra pensado, pronto: regras morais estabelecidas, sociedade organizada, religiões estruturadas, leis codificadas, classificações preparadas. No entanto, tal estruturação do mundo não justifica a alguém se sentir dispensado de repensar este mundo, porque, caso contrário, tem-se o lugar comum, a mediocridade e, o que é pior, a alienação (Bastos e Keller 2002, p. 54).

De modo geral, ‘pesquisar’ significa realizar empreendimentos para descobrir ou conhecer algo (Barros e Lehfeld, 2007). Assim, a pesquisa é a busca de resposta para determinados problemas, um instrumento dinâmico de questionamento, indagação, descoberta e aprofundamento.

5.2 Tipos de pesquisa

http://www.funcaDe.orG.br/lupa.GIf

Qual a diferença entre a pesquisa efetuada por um cientista e por um estudante? Basicamente, a diferença reside no seu alcance e grau de sofisticação. No 3º Grau a finalidade da pesquisa é levar os estudantes a repensar o mundo, trilhando novos caminho ou caminhos já percorridos.

Assim podemos definir a pesquisa científica como uma investigação metódica, ou seja, baseada em um método, cujo objetivo é esclarecer aspectos do objeto em questão (Bastos e Keller 2002).

Em uma discussão sobre tipos de pesquisa, percebe-se que existem diversas classificações, variando de autor para autor, uma vez que cada tipo de pesquisa tem designações e características de acordo com o objeto de estudo ou com o público-alvo em questão. Cada tipo de pesquisa é concebido de acordo com os objetivos e hipóteses levantados pelo pesquisador com o objetivo de descrever a realidade de suas investigações.

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

De acordo com Bastos e Keller (2002), são três os principais métodos para fazer uma pesquisa: pesquisa de campo, pesquisa de laboratório e pesquisa bibliográfica.

Pesquisa de Campo:1) É utilizado para confirmar ou refutar hipóteses formuladas e a constatação da existência ou não de relações entre fenômenos, trazendo explicações sobre eles. O objetivo é, também, responder a perguntas formuladas pelo investigador ou obter informações e mais detalhes acerca dos problemas propostos. É utilizada frequentemente em Ciências Humanas, como antropologia, sociologia, etc.Pesquisa de Laboratório:2) Quase sempre experimental, este tipo de pesquisa requer equipamentos específicos e instalações apropriadas, como um laboratório. Com a pesquisa de laboratório o pesquisador procura reproduzir ou observar as condições do fenômeno em questão. É utilizada frequentemente em Ciências Exatas ou Biológicas, como física, química, fisiologia, etc.Pesquisa Bibliográfica:3) Este tipo de pesquisa baseia-se na consulta a livros ou outros tipos de documentação escrita (periódicos, artigos, dissertações, teses, etc.) a fim de obter subsídios para a compreensão de um fenômeno ou responder perguntas de pesquisa. A principal característica da pesquisa bibliográfica é a sua informalidade, criatividade e flexibilidade. Podemos afirmar que esse tipo de pesquisa é o primeiro a ter o contato com a situação a ser pesquisada, isto é, trata-se do primeiro passo para o pesquisador conhecer o objeto de estudo. Esse contato se faz necessário principalmente quando o pesquisador não tem base suficiente para levantamento de hipóteses ou definição do problema e objetivos da pesquisa. A pesquisa bibliográfica utiliza dados secundários, ou seja, material que já foi publicado, independentemente do canal de divulgação. Constitui, assim, a primeira fase para o desenvolvimento de um projeto de pesquisa. A grande vantagem deste tipo de pesquisa é a facilidade de acesso às informações, uma vez que elas já foram trabalhadas por terceiros. Por outro lado, a pesquisa bibliográfica pode limitar o desenvolvimento da pesquisa, já que muitas vezes não aprofunda mais do que já foi feito com pesquisas anteriores.

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

Isto significa que, se o pesquisador quiser ir mais a fundo na sua pesquisa deverá utilizar outro tipo de pesquisa.

http://www.InGleza.coM.br/IMG/IMG_centro_pesquIsa.jpG

DEMO (2000) distingue quatro tipos de pesquisa, para fins de sistematização:

Pesquisa Teórica:1) a que é dedicada a reconstruir teorias, conceitos, idéias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar

fundamentos teóricos e, em termos mediatos, aprimorar práticas; por exemplo, podemos estudar o conceito de “neoliberalismo competitivo”, primeiro, para entender melhor o que se inclui nessa designação e, depois, para termos condições mais adequadas de nos contrapor, se for o caso; não se faz antes isto ou aquilo, mas ao mesmo tempo, tendo em vista a relevância crucial de saber manejar criticamente conceitos e suas práticas; trata-se de desconstruir teorias, para reconstruí-las em outro patamar e momento.Pesquisa Metodológica:2) a que é dedicada a inquirir métodos e procedimentos a serviço da cientificidade, polêmicas e paradigmas metodológicos, usos e abusos, tanto em âmbito epistemológico quanto de controle empírico; será sempre importante, e também útil, analisarmos se a disputa entre metodologias mais qualitativas e mais quantitativas pode ser vazia em muitos sentidos. A falta de preocupação metodológica é, geralmente, o primeiro indício de mediocridade, porque tendemos a aceitar qualquer coisa.Pesquisa Empírica:3) a que é dedicada a tratar a face empírica e fatual da realidade, de preferência mensurável; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual. Nem sempre, ou – diriam alguns – raramente o empírico coincide com o relevante, já que a realidade costuma esconder-se; a própria idéia de análise supõe que é mister ir além do que aparece à primeira vista; disso não segue que pesquisas empíricas devem ser superficiais, até porque podem atingir sofisticacões metodológicas notáveis, sobretudo em seus testes e statísticos.

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

Pesquisa Prática:4) a que é ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de usar conhecimento científico para fins explícitos de intervenção. Nesse sentido, não esconde sua ideologia; ao contrário, reconstrói o conhecimento a serviço de certa ideologia, sem com isso necessariamente perder de vista o rigor metodológico. Alguns métodos ditos qualitativos advogam essa direção, em particular a pesquisa participante e, em certa medida, a pesquisa-ação.

Uma outra categorização classifica os tipos de pesquisa em outro grupo: pesquisa bibliográfica (já descrita anteriormente), pesquisa descritiva, pesquisa experimental e pesquisa exploratória.

Pesquisa Descritiva: 1) Estuda as relações entre variáveis de um dado fenômeno, mas não os manipula. Tem como principal característica o aprofundamento do objeto de estudo, uma vez que observa, analisa, registra e correlaciona fatos e fenômenos sem manipulá-los, isto é, procura descrever as características de determinadas populações ou fenômenos. Utiliza técnicas padronizadas de coleta de dados, como a observação sistemática e o questionário. A pesquisa descritiva tem como meta descrever a realidade dos objetos de estudo partindo de dados primários, obtidos pelo próprio pesquisador, diferentemente das pesquisas exploratórias. Na pesquisa descritiva destacam-se também as questões que buscam responder o quem, o que, como, quanto, onde, quando e por que pesquisar, além de buscar descrever características de grupos, como idade, sexo, procedência etc. Também são chamadas de pesquisas descritivas aquelas que buscam descobrir a ocorrência de associações entre variáveis, como, por exemplo, pesquisas que visam observar a correlação entre a venda de terminado produto e a classe sócio-econômica dos consumidores do produto. Pesquisa Experimental:2) Na pesquisa experimental, mais comumente utilizada nas ciências naturais, a principal característica é a manipulação das variáveis relacionadas com o objeto de estudo. Neste tipo de pesquisa, a manipulação das variáveis propicia o estudo da relação entre causas e efeitos de um dado fenômeno. Diferentemente da pesquisa descritiva, que busca classificar e

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

explicar os fenômenos que ocorrem, a pesquisa experimental tem como objetivo dizer de que modo (como) ou por que causas certo fenômeno é produzido. Assim, a pesquisa experimental consiste na coleta de dados de modo a permitir conclusões claras sobre uma hipótese que envolve relações de causa e efeito. O pesquisador cria uma situação artificial, criada com o objetivo único de testar, para obter os dados de que necessita e para que possa medi-los e analisá-los com precisão. É importante ressaltar que a pesquisa experimentar ocorre mais frequentemente em laboratório, mas não necessariamente, assim como a pesquisa descritiva não é sinônimo de pesquisa de campo. Assim, tais termos (”de campo”, “de laboratório”) são meramente uma indicação do contexto onde as pesquisas são realizadas.

Pesquisa Exploratória:3) o objetivo deste tipo de pesquisa é procurar padrões, hipóteses ou idéias. O objetivo não é testar ou confirmar uma determinada hipótese: a pesquisa exploratória geralmente foca sobre um problema de pesquisa que geralmente tem pouco (ou nenhum) estudo anterior a respeito. As técnicas mais comumente utilizadas para a pesquisa exploratória são os estudos de caso, as observações ou as análises históricas. Geralmente fornecem dados qualitativos ou quantitativos.

5.3 Indução e Dedução

http://www.epDlp.coM/fotos/roDIn2.jpG

Uma vez que as ciências se manifestam através de procedimentos, podemos afirmar que o método científico é um conjunto de regras básicas que o cientista tem à mão para desenvolver uma experiência e produzir conhecimento, além de corrigir e integrar conhecimentos anteriores. Ele tem como base a junção de evidências que devem ser observáveis, empíricas e mensuráveis, sempre baseadas no uso da razão. Independentemente do fato de que os procedimentos utilizados nas ciências podem

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

variar em função da área da ciência, é possível determinarmos elementos que fazem a diferenciação entre o método científico e outros métodos.

Uma vez que tanto a indução quanto a dedução são formas de raciocínio e/ou argumentação, os dois conceitos podem ser definidos como formas de reflexão, e não de simples pensamento. A reflexão, por sua vez, é fruto do raciocínio, o qual pode ser tanto dedutivo quanto indutivo, além de coerente, ordenado e lógico. Estes dois conceitos serão descritos a seguir.

5.3.1 Indução

Segundo Barros e Lehfeld (2007, p.76), “indução é “um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade gerada ou universal, não contida nas partes examinadas.” Assim, o objetivo dos argumentos é chegar a conclusões cujo conteúdo seja mais amplo do que o das premissas originais, ou seja, nas quais se basearam.

É possível afirmarmos também que o método indutivo é aquele utilizado quando construímos hipóteses, leis e teorias, uma vez que baseia-se na generalização de propriedades que são comuns a certo número de casos. Tanto o argumento indutivo quanto o dedutivo são fundamentados em premissas, mas o método indutivo parte de questões particulares para chegar a conclusões generalizadas. Veja estes exemplos:

O aluno 1 é inteligente.O aluno 2 é inteligente.O aluno 3 é inteligente.O aluno N é inteligente.Portanto, todo aluno é inteligente.

O diamante é caro.O rubi é caro.A esmeralda é cara.Diamante, rubi e esmeralda são pedras preciosas.Logo, toda pedra preciosa é cara.

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

Para que as conclusões obtidas através da indução sejam verdadeiras, com o maior grau de sustentação possível, pode-se acrescentar evidências adicionais.

Barros e Lehfeld (2007, pp.76-77) apontam duas formas de indução, chamadas de indução formal ou completa e indução incompleta ou científica:

Indução formal ou completa (de Aristóteles): seria o inverso da a) dedução. Ela não induz de alguns casos, mas de todos os casos de uma espécie ou de um gênero. Nesse tipo de indução, há uma simples substituição de uma coleção de termos particulares por um equivalente:

Os corpos A, B, C e D se aquecem.Os corpos A, B, C e D são todos metais.Logo, os metais se aquecem.

Indução incompleta ou científica (criada por Galileu Galilei e b) aperfeiçoada por Francis Bacon): fundamenta-se na causa ou na lei que rege o fato ou fenômeno, constatada em um número significativo de casos, mas não de todos. Essa indução é a alma das ciências experimentais e não deriva de seus elementos inferiores ou provados pela experiência, mas permite induzir de algum caso adequadamente observado em circunstância diferente do que se pode dizer dos restantes dos elementos da mesma categoria. Na indução incompleta os casos particulares devem ser provados e experimentados, na quantidade suficiente, para que possam afirmar ou negar tudo o que será legitimamente afirmado sobre a espécie, gênero, categoria, etc. Assim, faz-se necessária grande quantidade de observações e experiências, além de atenção especial às variações provocadas por circunstâncias acidentais.

5.3.2 Dedução

A dedução é a argumentação que tornam explícitas verdades particulares que estão contidas em verdades universais, ou seja, o raciocínio caminha do geral para o particular. O ponto de partida é o antecedente, o qual afirma uma verdade universal, e o ponto de chegada é o consequente, que afirma uma verdade menos geral (ou particular) contida implicitamente no primeiro. A dedução consiste em um recurso

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

metodológico em que a experimentação caso por caso é menos importante que a racionalização ou a combinação de idéias em sentido interpretativo.

De acordo com SALOMON (1994, p. 47), algumas características básicas distinguem os argumentos dedutivos dos indutivos:

Dedutivos- Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser

verdadeira.- Toda a informação do conteúdo factual da conclusão já estava,

pelo menos implicitamente, nas premissas.

Indutivos- Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente

verdadeira, mas não necessariamente verdadeira.- A conclusão encerra informações que não estava implicitamente

nas premissas.

Ambos os tipos de argumentação têm finalidades específicas. Enquanto o dedutivo tem a finalidade de explicitar o conteúdo das premissas, o indutivo tem a finalidade de ampliar o alcance dos conhecimentos (BARROS & LEHFELD, 2007).

O processo de dedução leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com reduzida margem de erro mas, no entanto, é de alcance limitado, uma vez que a conclusão não pode ter conteúdos que excedam o das premissas. Podemos apontar duas regras gerais para determinarmos a validade das conclusões do processo dedutivo:

A partir da verdade do antecedente pode-se deduzir a verdade do 1) conseqüente. Exemplo: Todas as flores são vegetais. A rosa é uma flor. Logo, a rosa é um vegetal.A partir da falsidade do antecedente pode seguir-se a falsidade 2) ou veracidade do conseqüente. Exemplo 1: Todas as flores têm espinhos. Ora, a margarida é uma flor. Logo, a margarida tem espinhos. Uma premissa falsa levou a um consequente também falso. Exemplo 2: Todos os animais têm espinhos. A rosa é um animal. Logo, a rosa tem espinhos. A partir de antecedentes falsos, chegou-se a um conseqüente verdadeiro.

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

A dedução tem, como ponto de partida, o plano do inteligível, da verdade geral já estabelecida. A dedução não é geradora de conhecimentos novos, mas organiza e especifica o conhecimento que já se tem. Marconi e Lakatos (2002) destacam as diferenças entre o argumento dedutivo e o indutivo:

Exemplo 1 • (Dedutivo) Todo mamífero tem um coração. Ora, todos os cães são mamíferos. Logo, todos os cães têm um coração.

Exemplo 2 • (Indutivo) Todos os cães que foram observados tinham um coração Logo, todos os cães têm um coração.

Com relação aos exemplos acima, Marconi e Lakatos (op. cit. p. 63) argumentam:

No exemplo dedutivo, para que a conclusão “todos os cães tem um coração” fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas: ou nem todos os cães são mamíferos ou nem todos os mamíferos têm um coração. Por outro lado, no argumento indutivo é possível que a premissa seja verdadeira e a conclusão seja falsa: o fato de não ter, até o presente, encontrado um cão sem coração, não é garantia de que todos os cães tenham um coração.

Assim, enquanto o método dedutivo oferece conclusões verdadeiras às premissas verdadeiras, o método indutivo conduz a conclusões prováveis apenas.

5.4 ReflexãoUma nova teoria, por mais particular que seja sua área de aplicação,

nunca ou quase nunca se limita a ser um mero incremento daquilo que já é conhecido. a assimilação da nova teoria requer a reconstrução da teoria que a precede e a reavaliação de fatos anteriores. Tal processo revolucionário raramente é levado a cabo por um único homem e nunca de um dia para o outro. Historiadores muitas vezes estabelecem uma

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

data e uma pessoa para atribuir determinada quebra de um paradigma científico vigente, deixando de lado o processo prolongado que culminou no evento, visto como isolado.

No entanto, nem só de “novidades” vive a ciência. Alguns cientistas adquiriram enorme reputação, não por causa do ineditismo de suas descobertas, mas sim pela precisão, alcance e segurança dos métodos que desenvolveram em vistas à redeterminação de fatos e hipóteses anteriormente conhecidos (KHUN, 1994).

5.5 Referências

BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.

BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2002.

DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo: Editora Atlas, 2000.

GALLIANO, A. G. (Org.). O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harper & Row, 1979.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1994.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5º ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

Paradigmas são as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem

problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência (KUHN 1994, p. 13). Em outras palavras, paradigmas são realizações científicas com métodos e características que são concebidos como modelos. Um paradigma é, portanto, uma referência inicial que serve de base ou modelo

para estudos e pesquisas.

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Metodologia Científica Pesquisa – Unidade 5

5.6 na Próxima UnidadeOs trabalhos científicos que os alunos de graduação são

requisitados a fazer ao longo de seus cursos têm o objetivo de auxiliá-los a aprender mais e melhor e a tornarem-se profissionais que possuem a desejada capacidade de usar a pesquisa como instrumento de contínua renovação e aperfeiçoamento de suas competências. Na unidade a seguir serão apresentados alguns tópicos que auxiliarão o aluno universitário a melhor compreender a estrutura básica dos trabalhos científicos.

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ElaBoRaÇÃo DE tRaBalHoS

Um trabalho acadêmico é um documento escrito que representa o resultado de um estudo

solicitado em âmbito educacional, como uma disciplina, curso ou programa. O trabalho deve expressar

conhecimento sobre o assunto escolhido.

objetivos da sua aprendizagem

Conhecer os principais tiposde trabalhos acadêmicos e científicos, bem como suas características.

Você se lembra?

Nas escolas o trabalho acadêmico é utilizado com frequência como um elemento que compõe a nota finas de um curso ou disciplina. Você se lembra de alguns dos tipos de trabalho solicitados?

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

6.1 trabalhos acadêmicos

Serão listados abaixo os tipos/modalidades de trabalhos acadêmicos e suas principais características1.

Documento Caracterização

Artigo

Texto com autoria declarada que apresenta e discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento, destinado à divulgação, através de periódicos.

Artigo

Científico Trata de determinado assunto resultante de pesquisa científica, destinado à divulgação através de uma publicação científica, sujeita à sua aceitação por julgamento (referee).

Crítica Documento no qual é apreciado o mérito de uma obra literária, artística, científica, etc.

Dissertação

Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico recapitulativo, de tema e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento da literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a orientação de um pesquisador, visando à obtenção do título de Mestre.

1 Disponível em: http://www.eca.efei.br/soc01/Metodologia%20cient%EDfica.doc

Acesso em: 25/07/2009

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

Ensaio

Documento relatando estudo sobre determinado assunto, porém menos aprofundado e/ou menor que um tratado formal e acabado, expondo idéias e opiniões sem base em pesquisa empírica.

Livros e folhetos

Livros e folhetos são publicações avulsas, formadas por um conjunto seqüenciado de folhas impressas e revestidas por capas. O folheto distingue-se do livro pelo número de páginas, deve ter, no mínimo 5 e, no máximo 48 páginas.

Monografia

Documento que descreve um estudo minucioso sobre tema relativamente restrito. Freqüentemente solicitado como “trabalho de formatura” ou “trabalho de conclusão” em cursos de graduação ou de pós-graduação “lato-sensu”.

Paper

Pequeno artigo científico, texto elaborado sobre determinado tema ou resultados de um projeto de pesquisa para comunicações em congressos e reuniões científicas, sujeitos à sua aceitação por julgamento (referee).

Projeto de

Pesquisa

Documento que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de investigação científica a ser realizado.

Publicações

Publicações periódicas são editadas em intervalos prefixados, por tempo indeterminado, com a colaboração de diversos autores, sob a responsabilidade de um editor e/ou comissão editorial. Inclui assuntos diversos, segundo um plano definido.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

Relatório Técnico

-Científico Documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos em investigação de pesquisa e desenvolvimento, ou que descreve a situação de uma questão técnica ou científica.

Resenha É uma comunicação de pequeno porte relatando o resultado da avaliação sobre uma nova publicação (livro ou revista).

Sinopse Apresentação concisa de um artigo, obra ou documento.

6.2 Trabalhos Científicos

Quando nos referimos ao termo trabalho científico estamos nos referindo a diversos tipos de textos que são desenvolvidos de acordo com algumas normas específicas. O objetivo de tais trabalhos é o de aprimorar conhecimentos e técnicas de trabalho, possibilitando aos alunos de cursos superiores a aplicação das habilidades adquiridas tanto em contexto acadêmico quanto profissional. Os principais tipos de trabalhos acadêmicos são:

http://IMaGes03.olx.pt/uI/2/38/09/17982909_1.jpG

- Resumo- Resenha- Relatório de pesquisa- Artigo científico- Monografia

Serão apresentadas a seguir algumas características de cada um dos tipos de trabalhos científicos listados acima.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

6.2.1 Resumo

Apesar de ser um tipo de trabalho bastante comum no meio acadêmico, muitos alunos têm muita dificuldade de resumir um livro ou artigo por não conseguir identificar o que é principal e o que é secundário.

Antes de mais nada, é importante compreender o que é um resumo: um texto curto que contém as principais idéias do texto-base. Nesse sentido, o resumo é uma representação seletiva e concisa de um texto, seja ele um livro, artigo, ou qualquer outro tipo de documento. Os principais tipos de resumos acadêmicos são:

- Resumo informativo: contém as informações relevantes apresentadas no texto original e é pautado por um conjunto de palavras-chave.

- Resumo indicativo: refere-se às partes mais relevantes do texto-base e requer a leitura do mesmo.

- Resumo crítico: este tipo de resumo requer o desenvolvimento de um julgamento sobre o texto original e é também chamado de resenha, a qual será descrita mais detalhadamente a seguir.

6.2.2 Resenha

É uma síntese ou comentário feito por revistas especializadas sobre livros publicados. as resenhas têm papel preponderante na vida científica dos estudantes e também dos especialistas, pois é por meio delas que temos conhecimento prévio do conteúdo e valor de um livro, seja ele recém publicado ou não. Com base nas informações fornecidas pelas resenhas é que decidimos ler ou adquirir determinado livro ou não. As resenhas permitem uma triagem na bibliografia prevista para a elaboração de um trabalho científico.

De acordo com SEVERINO (1999, p. 107), uma resenha pode ser puramente informativa, nos casos em que apenas expõe o conteúdo do texto; é crítica, quando se manifesta a respeito do valor e alcance do texto analisado; é crítico-informativa quando expõe o conteúdo e também tece comentários sobre o texto em questão.

Um resenha é estruturada em várias partes: (1) o cabeçalho, no qual são transcritos os dados bibliográficos da publicação resenhada; (2)

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

uma breve informação sobre o autor do texto, que pode ser dispensada caso se trate de autor muito conhecido; (3) uma exposição sintética do conteúdo, que deve ser objetiva, ou seja, conter basicamente apenas os pontos principais e mais significativos do texto analisado, acompanhando os capítulos ou cada uma das partes, passando ao leitor uma visão precisa do conteúdo da obra, destacando o assunto, os objetivos, a idéia central, ou seja, os principais passos do raciocínio do autor; e, finalmente, (4) um comentário crítico, que consiste na avaliação que o resenhista faz da obra que leu e sintetizou, apontando tanto seus aspectos positivos (contribuição para a área, qualidade, originalidade, etc.) quanto negativos (falhas, incoerências, limitações, etc.).

6.2.3 Relatório de pesquisa

Consiste em um documento solicitado pelo professor ou orientador como ferramenta para acompanhamento do andamento de uma pesquisa. Tal documento consiste em um texto conciso e objetivo que informa ao professor/orientador os procedimentos, resultados e conclusões relacionados às atividades práticas da pesquisa e deve conter informações sobre estágio da investigação, o levantamento bibliográfico, dificuldades encontradas, novos caminhos a seguir, etc.

Por se tratar de um importante elo de comunicação entre aluno e professor, ou entre orientando e orientador, este instrumento de interlocução atua como um registro das etapas da pesquisa, que pode ser acessado posteriormente.

6.2.4 Artigo Científico

Um artigo é um trabalho técnico-científico e consiste em uma síntese dos resultados de investigações ou de estudos realizados a respeito de determinada questão. É um meio sucinto de divulgar a dúvida investigada, o referencial teórico utilizado (ou seja, as teorias que serviram como base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada, os resultados ou conclusões alcançados e as principais dificuldades encontradas durante o processo de investigação ou na análise de uma questão.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

Os artigos compõem a seção principal de periódicos especializados e devem seguir suas normas editoriais. Os artigos podem ser de dois tipos: originais, quando apresentam assuntos ou abordagens inéditas, e de revisão, quando abordam, resumem ou analisam informações que já foram publicadas.

6.2.5 Monografia

http://www.alexanDrevIrGInIo.slG.br/IMaGens/tese/tese_lIvro.jpG

D e a c o r d o c o m SEVERINO (1999), o termo monografia designa um tipo específico de trabalho científico. É considerado uma monografia o trabalho q u e a b o r d a u m ú n i c o assunto, único problema. Esse termo é utilizado, muitas vezes incorretamente, para designar diferentes tipos de trabalhos escolares, mesmo que resultantes de investigação científica. Assim um trabalho pode ser chamado de monografia na medida em que cumprirem o requisito da especificação, ou seja, o tratamento estruturado de um tema único, o qual é devidamente especificado e delimitado. Dois exemplos de monografias utilizados no âmbito da pós-graduação são a dissertação de mestrado e a tese de doutorado.

6.3 tema e temática

É importante deixar clara a diferença entre tema e temática. Por tema podemos entender o problema circunscrito, ou seja, aquilo que compõe o foco e o objetivo da pesquisa. O tema deve, antes de tudo, ser “viável” – não adianta escolher um tema aparentemente atraente cuja viabilidade seja questionável. Principalmente para o pesquisador iniciante, o bom tema é aquele considerado interessante e/ou relevante, mas que seja principalmente plausível. A temática, por sua vez, abrange uma área maior e inclui o tema. Para usarmos uma metáfora, se o tema é

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

a casa, a temática é o bairro. Assim, é imprescindível encontrar uma casa que possa ser bem analisada, à qual tenhamos acesso, possamos localizar dados a seu respeito e, principalmente, tenhamos um interesse legítimo de a compreendermos melhor.

A delimitacão do tema é um momento fundamental para o projeto de pesquisa por se tratar da caracterizacão daquilo que vai ser pesquisado ou estudado. Assim, o tema da pesquisa deve ser problematizado antes de se partir para a pesquisa propriamente dita, ou seja, é preciso ter uma idéia clara do problema a ser resolvido.

A escolha de um tema de pesquisa que leve a um problema de pesquisa parece menos fácil do se deseja imaginar. Por essa razão é necessário observamos algumas regras importantes. Em primeiro lugar, o tema de uma pesquisa deve sempre responder ao interesse do pesquisador, assim como responder se é possível o desenvolvimento e a realização do tema proposto.

Os temas, de modo geral, segundo Barros e Lehfeld (2007), são definidos em razão:

• Da observação do cotidiano. • Da vida profissional. • De programas de pesquisa. • De contato e relacionamento com especialistas. • Do feedback de pesquisas já realizadas. • Do estudo de literatura especializada.

Outra questão que deve ser colocada ao se escolher um tema é a sua delimitação, isto é, definir o tempo, o local, o espaço e o tamanho do objeto do que se pretende pesquisar. Um bom tema de pesquisa deve despertar interesse tanto pela importância do assunto quanto pela possibilidade de realização e aprofundamento do mesmo.

É de suma importância que o tema esteja vinculado a uma área de conhecimento com a qual o aluno/pesquisador já tenha alguma intimidade intelectual, sobre a qual já tenha alguma leitura específica e que, de alguma forma, esteja vinculada à carreira profissional que esteja planejando para um futuro próximo.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

6.4 Hipótese

Com o objetivo de direcionar o esforço e aclarar o tema formulamos hipóteses, as quais nos mostram onde queremos chegar, o que queremos mostrar, testar ou descobrir. Uma hipótese aponta uma suspeita, um “palpite” acerca de um dado fenômeno, o qual, ao longo do percurso, pode ser confirmado ou refutado. As hipóteses têm relação direta com as perguntas formuladas e definem o tema com mais precisão, permitindo decisões mais conscientes sobre o que pesquisar, o que ler, que dados coletar, etc. Hipóteses mal formuladas ou inexistentes podem levar o pesquisador a se perder no trabalho, utilizando seu tempo e esforço de forma improdutiva.

A hipótese tem o poder de indicar e iluminar o caminho a ser seguido. Demo (2000, p. 162) apresenta três tipos de hipótese: (i) um ‘chute’ preliminar, seguindo um faro, uma intuição, que poderá ser posteriormente comprovado ou rejeitado; (ii) pode orientar o trabalho em uma direção que consideramos promissora, permitindo selecionar bibliografia, definição da metodologia a ser empregada, busca de dados; (iii) aponta para algum problema que gostaríamos de solucionar ou compreender melhor, ou seja, uma pergunta que merece uma resposta ou um objetivo ainda não explorado.

Mas como podemos chegar a hipóteses que sejam interessantes e plausíveis? Um requisito primordial é algum conhecimento prévio sobre o assunto, obtido através de leituras, discussões ou participação em eventos acadêmicos, que permita o acesso a conceitos e polêmicas que nos auxiliarão na formulação de perguntas e suas possíveis respostas (hipóteses).

É impraticável e sobretudo arriscado sair chutando hipóteses de trabalho sem alguma noção do espaço teórico, porque podemos estar deixando-nos levar por aquilo que conseguimos ver no momento, não por aquilo que a discussão já coloca, superou, acentua. Ajuda também o olhar crítico e indagativo sobre a realidade, pois quem anda de olhos abertos certamente vê mais e melhor. Um acoisa é passar pela vida sem a perceber, outra é ficar sempre perguntando por ela, seja quando estamos estudando, seja quando estamos andando pela rua. Por fim, ajuda também a imaginação que, à falta de relevos os inventa, por vezes demais, por vezes o suficiente para

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

vermos melhor. a imaginação funciona tanto melhor, quanto maior for o interesse e mesmo a paixão pelo tema (DEMO 2000, p. 162).

6.5 Problema de Pesquisa

http://www.IntersectcoMMunIty.coM/bloG/wp-content/uploaDs/2007/07/questIon%20Mark.jpG

Um problema pode ser definido como uma questão, um fato significativo, um objeto de discussão que não tem (ainda) resposta ou explicação, a qual será fornecida através da pesquisa. Um problema pode ser considerado de natureza científica quando suas variáveis podem ser testadas mais de uma vez pelo mesmo pesquisador ou por outros.

É comum o aluno ou pesquisador encontrar diversos problemas aparentemente viáveis e interessantes, mas ele deve ser criterioso na escolha, pois de um problema

bem escolhido resultará uma ou mais perguntas de pesquisa pertinentes para o desenvolvimento da pesquisa. Da mesma forma, problemas mal definidos podem gerar objetivos imprecisos, que resultarão em resultados inconsistentes. Assim, a delimitação do problema deve ser vista como parte crucial do projeto.

Um problema é, assim, uma dificuldade detectada ou mesmo uma curiosidade que pode ter surgido tanto por razões objetivas quanto subjetivas. Alguns “problemas”, no entanto, não permitem uma investigação científica. Afirmações como “Estudar em uma escola grande é melhor que em uma escola pequena” ou “Para as crianças tornarem-se adultos mais felizes a metodologia de ensino X é melhor que a Y” têm pouco ou nenhum significado para um pesquisador, uma vez que envolvem julgamentos de valor e torna-se praticamente impossível testá-las empiricamente.

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6.6 Fundamentação Teórica

http://www.textually.orG/textually/archIves/IMaGes/set3/books3.jpG

P a r a d e s e n v o l v e r a fundamentação teórica de um trabalho científico não basta simplesmente listar autores para dizer o que foi dito por cada um, como uma colcha de retalhos. É imprescindível construir uma base teórica significativa que justifique e dê embasamento ao trabalho. Mazzotti (2002) aponta

os principais tipos de revisão bibliográfica que devem ser evitados em trabalhos científicos, sejam eles para fins acadêmicos ou profissionais:

Summa: Tipo de revisão em que o autor apresenta um resumo de toda a produção científica sobre o tema;Arqueológico: Tipo de revisão muito exaustiva, semelhante à anterior, distinguindo-se desta pela ênfase na visão diacrônica ( e. g., se o assunto estiver relacionado com a educação física, o autor considera importante recorrer até à Grécia e assim por diante); Patchwork: Colagem de conceitos, pesquisas e afirmações de diversos autores, sem um fio condutor capaz de guiar o leitor. Ausência de sistematização;Suspense: Não se consegue perceber a ligação dos fatos ou idéias apresentadas com o tema do estudo, ou seja, não se consegue perceber a onde é que o autor quer chegar;Rococó: Utilização de “elementos decorativos” que tentam atribuir alguma elegância a dados irrelevantes;Caderno B: Texto que procura tratar os assuntos, até os mais complexos, de forma ligeira, sem aprofundamento;Coquetel teórico: De forma a atender à indisciplina dos dados, apela-se a todos os autores disponíveis;Apêndice inútil: Após apresentar a revisão da literatura, nenhuma das pesquisas ou relações teóricas são utilizadas na interpretação dos dados ou em qualquer outra parte do estudo;Monástico: Estudos ou trabalhos mortificantes destinados ao silêncio e ao isolamento, nunca tendo menos de 300 páginas.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

Dicas para fazer pesquisas na

internet para trabalhos escolares e acadêmicos:

1) Verifique se o conteúdo tem o respaldo da empresa, escola, universidade, fundação, especialista ou

cientista reconhecido pela comunidade da qual participa;2) Confira a atualidade da informação. Para informações de geografia, história, e estatística, por exemplo, a atualidade do conteúdo pode fazer toda a diferença;3) Veja se o site disponibiliza também dados estatísticos, mapas, gráficos ou simulações que complementam o texto

e são maior veracidade e profundidade à informação;4) Deixe claro no trabalho quais foram as fontes de

pesquisa utilizadas: isso evita o plágio.Fonte: Jornal Folha de São Paulo, p. C8,

07/12/2009.

Cronista social: O autor arranja sempre uma forma de citar quem está na moda, seja nacional ou estrangeiro;Colonizado x xenófobo: Colonizado – baseia-se exclusivamente em autores estrangeiros, ignorando a produção científica nacional sobre o tema. Xenófobo – não é utilizado qualquer tipo de literatura estrangeira, mesmo quando a produção nacional é insuficiente;Off the records: Utilização de expressões como “sabe-se”, “mui tos au to res” , en t re outras, sem existir a p o s s i b i l i d a d e d e c o n f i r m a r a veracidade dos dados ou ideias apresentadas;Ventríloquo: O a u t o r s ó fala pela boca dos outros (e. g . , “Segundo B e l t r a n o ” , “ Fulano afirma”). Sucessão monótona de a f i rmações , sem comparações entre elas , análises críticas ou tomadas de posição.

Em um trabalho científico, alguns cuidados devem ser tomados na revisão da literatura:

A relação entre as pesquisas citadas; Os verbos utilizados pelo autor nas citações; Justificação da presença dos textos citados; Explicitar em que momentos somos nós ou outros autores a construir o texto;Fazer as referências bibliográficas correctamente; Não fazer juízos de valor dos autores e das suas ideias; Ser imparcial nas citações dos autores.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

6.7 Projeto de pesquisa

http://www.shropshIre.Gov.uk/res.nsf/a5D019a32fb1a7c7802573370032a1ab/$fIle/stuDent.jpG

Um projeto de pesquisa é um ‘plano de intenções’ sobre o que o aluno pretende desenvolver em seu TCC ou em qualquer outro trabalho científico. No Projeto de Pesquisa é feita a escolha do tema, a indicação de suas delimitações, no que tange ao espaço em que será desenvolvida a pesquisa. O projeto de pesquisa é uma antecipação das ações, uma previsão do que será realizado para o alcance dos objetivos, mas não é uma “camisa-de-força” que irá cercear ou limitar a realização do trabalho de pesquisa.

A formatação do Projeto de Pesquisa (fonte, espaçamentos, margens, etc.) segue as mesmas normas aplicadas ao trabalhos acadêmicos. Veja abaixo os principais tópicos que compõem um Projeto de Pesquisa:

Dados de Identificação (contendo o Título do projeto e dados do • aluno/pesquisador).Justificativa.• Objetivos (com item em separado para o Geral e os Específicos).• Metodologia da Pesquisa.• Cronograma de Execução.• Referências (já consultadas ou a consultar).•

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

Sugestões para a redação dos objetivos:

Iniciar com um verbo no infinitivo (identificar, estudar, comparar, 1. explorar, avaliar, etc...);D e s c r e v e r c l a r a e s u c i n t a m e n t e a a ç ã o 2. (Avaliar os efeitos de X sobre Y...);Descrever clara e sucintamente a condição (Avaliar os efeitos de X 3. sobre Y utilizando os seguintes instrumentos...);Quando tratar-se de objetivo específico, descrever o resultado 4. almejado (Avaliar os efeitos de X sobre Y, utilizando instrumentos de precisão, visando a obtenção de padrões que podem ser referências para situações similares).

Veja abaixo um modelo de projeto de pesquisa. É importante ressaltar que os dados requeridos ou mesmo alguns elementos de formatação podem variar de instituição para instituição, ou mesmo de curso para curso na mesma instituição.

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:- Título Provisório do Artigo (deve ser claro e conciso e conter

indicações do problema ou tópico a ser tratado). - Nome do Acadêmico:- Curso:- Ano:- Linha de Pesquisa- Tema para Linha de Pesquisa

2. JUSTIFICATIVADiscorrer sobre as razões pelas quais pretende desenvolver o

projeto, informar se há conhecimento sobre o assunto e esclarecer como o artigo pode contribuir para o avanço do tema escolhido.

3. PERGUNTA DE PESQUISA E OBJETIVO DE PESQUISAO aluno deverá formular uma pergunta de pesquisa, a qual diz o que

o investigador quer aprender. O objetivo é criar uma pergunta de pesquisa importante e que pode ser desenvolvida em um plano factível e válido tanto para o aluno quanto para o orientador.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

Pergunta de pesquisa:a) é a questão que pretende discutir, na forma interrogativa.Objetivo da pesquisa:b) nada mais é que a pergunta de pesquisa descrita na forma afirmativa.

É importante ressaltar o cuidado na formulação desses dois importantes itens para um artigo científico, pois o aluno deve refletir se conseguirá os dados necessários para responder a pergunta de pesquisa e alcançar seu objetivo.

Veja os exemplos abaixo:

Pergunta de Pesquisa

È realmente necessário que as instituições de ensino particulares invistam na capacitação de seus docentes em novas tecnologias educacionais?

Objetivo da pesquisa

Verificar a problemática da capacitação docente em escolas particulares frente aos desafios apresentados pela acelerada evolução tecnológica na área educacional.

4. HIPÓTESE(S) (opcional)Caso o seu projeto apresente hipótese(s), ela(s) deve(m) aparecer

na sequência do texto. A(s) hipótese(s) anuncia(m) respostas possíveis à pergunta de pesquisa e serve(m) como eixo norteador dessa resolução. São os pressupostos iniciais do trabalho.

5. METODOLOGIAIndicar de forma resumida quais serão os procedimentos e as

técnicas utilizados (análise qualitativa, quantitativa, revisão bibliográfica, utilização de questionários, etc.).

5. REFERÊNCIAS Relacionar a literatura citada no projeto ou que será estudada

durante o seu desenvolvimento.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

6.8 Plágio

http://www.lIb.Monash.eDu.au/assets/IMaGes/news/2006/06-copyrIGht-06.jpG

Plágio é o ato de assinar o u a p r e s e n t a r u m a o b r a intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual, etc) contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original.

Copiar textos sem dar o devido crédito ao autor, além de antiético, é crime.

A Lei de Direito Autoral nº 9.610, de 19/02/1998, regula o Direito Autoral no país, e o Código Penal, no artigo 184, prevê pena de detenção de três meses a um ano, ou pagamento de multa.

6.8.1 O que é Considerado Plágio

• Copiar trechos de livros ou artigos e inseri-los em seu trabalho sem identificação de origem.

• Identificar a origem (o autor), mas de forma incorreta ou limitada. Por exemplo, citar o autor, mas não identificar claramente até onde vai a referência ao texto do autor citado, ou citar o nome do autor, mas sem data, página ou inclusão na lista de Referências (bibliografia).

• Copiar para seu trabalho trechos muito longos de outra obra (mesmo que cite o autor).

6.8.2 O que Não é Considerado Plágio

• Paródia: Na paródia, há uma intenção clara de homenagem, crítica ou de sátira. Não existe a intenção de enganar o leitor ou o espectador quanto à identidade do autor da obra.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

• Paráfrase: Parafrasear consiste em transcrever, em outras palavras, as idéias centrais de um texto. O leitor deverá fazer uma leitura cuidadosa e atenta e, a partir daí, reafirmar e/ou esclarecer o tema central do texto apresentado, sem, entretanto, mudar a essência do texto original. Portanto, a paráfrase repousa sobre o texto-base, condensando-o ou estendendo-o. De qualquer modo, é necessário sempre citar o autor do texto no qual a paráfrase se baseia. Veja este exemplo:

Texto Original:

Portanto, a gestão organizacional deve ser concebida como um processo comprometido com a conquista de resultados diferenciados por meio de ações simultâneas em toda a organização, baseada em um modelo plenamente adequado aos objetivos estratégicos definidos pela empresa. Paráfrase:

De acordo com Assunção (2006), a gestão organizacional precisa ser entendida como um processo que visa resultados específicos. Para tanto, ela propõe ações simultâneas em toda a organização que levem em consideração os objetivos estratégicos previamente definidos.

• Citação Direta (com até três linhas): Você pode reproduzir trechos curtos de um texto literalmente, mas identificando (entre aspas) que se trata de uma citação oriunda de outro autor. Veja este exemplo:

Assunção (2006) acredita que as novas posturas organizacionais vieram para ficar e afirma que “a visão geral da prática de gestão organizacional deve ser concebida como um processo comprometido com a conquista de resultados diferenciados por meio de ações simultâneas em toda a organização, baseada em um modelo plenamente adequado aos objetivos estratégicos definidos” (p. 13).

• Citação Direta (com mais de três linhas): Você pode reproduzir trechos mais longos de um texto identificando o autor e utilizando formatação específica: espaço simples, fonte 11, recuo de 4 cm da margem esquerda. Veja este exemplo:

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

Para resultados mais eficazes de gestão que leve em consideração questões ambientais, são propostas ações que alterem de forma significativa o modo como a organização educacional é gerenciada. Assunção (2006, p. 17) afirma que:

Os administradores estão em busca de orientação sobre novas formas de organizar e gerir as organizações. Reduzir o impacto de suas organizações sobre o meio ambiente é necessário para vencer esse desafio. Como estabelecer prioridades sistematicamente, e como criar um plano de ação para implementar melhorias, ou um programa de redução de risco ambiental, diretrizes abrangentes e práticas para a nova era de responsabilidade social e ética nos negócios se faz premente. Observamos que os modelos nos quais baseiam-se os métodos e ferramentas de gestão em relação ao meio ambiente são inadequados.

Passaremos agora para uma análise mais pormenorizada sobre os fatores externos que levam diversas organizações educacionais a tomar determinadas medidas administrativas.

6.9 ReflexãoNesta unidade foram apresentados diversos tipos de trabalhos

acadêmicos e científicos que estão presentes em qualquer contexto escolar. Para alguns deles, é necessária a formulação de uma ou mais hipóteses. Uma hipótese representa uma estratégia de ordenamento e direcionamento. A hipótese não decide a tese formulada, uma vez que o principal é a argumentação e o referencial teórico capazes de sustentar ou rejeitar a hipótese. No entanto, a hipótese nos fornece inspiração e orientação, além de contribuir para a formulação de perguntas pertinentes.

6.10 ReferênciasDEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo:

Editora Atlas, 2000.

BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.

BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2002.

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Metodologia Científica Elaboração de Trabalhos – Unidade 6

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5º ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MAZZOTTI, A. J. A. A revisão da bibliografia em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retorno. Florianópolis/São Paulo: UFSC/Cortez, 2002.

SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 1999.

6.11 na Próxima Unidade

Na Unidade 7 serão apresentados os critérios para elaboração de trabalhos científicos, explicando em detalhes os elementos pré-textuais, os elementos textuais e os elementos pós-textuais.

Page 79: Livro de Metodologia Cientifica

U

niUa

Ue U

EStRUtURa DoS tRaBalHoS

aCaDÊMiCoS

Nesta unidade serão apresentadas instruções importantes para a organização e formatação

de diversos tipos de trabalhos acadêmicos, como monografias (geralmente requeridas no Trabalho de

Conclusão de Curso - TCC), dissertações, artigos e outros tipos de trabalhos acadêmicos.

objetivos da sua aprendizagem

Ensina-lo a organizar e formatar diversos tipos de trabalhos acadêmicos.

Você se lembra?

Na sua vivência escolar, os trabalhos que elaborou tinham uma formatação definida pelo professor (“x” folhas, em papel “y”, escrito em caneta de cor “z”). Compare a formatação exigida nos trabalhos do seu Ensino Médio com aquelas que você vai ver nesta unidade.

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

Os trabalhos acadêmicos seguem, em sua construção, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), compostas de elementos obrigatórios e elementos opcionais, conforme determinação normativa.

Para fins de organização e padronização, os trabalhos científicos são separados em três fases sequenciais:

- elementos pré-textuais; - elementos textuais; - elementos pós-textuais.

7.1 Elementos Pré-Textuais

Elementos que antecedem o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho. Os elementos pré-textuais são constituídos dos seguintes tópicos:

Capa (obrigatório); Lombada (opcional); Folha de rosto (obrigatório); Errata (opcional); Folha de aprovação (obrigatório); Dedicatória(s) (opcional); Agradecimento(s) (opcional); Epígrafe (opcional); Resumo na língua portuguesa (obrigatório); Resumo em língua estrangeira (opcional); Lista de ilustrações (opcional); Lista de tabelas (opcional); Lista de abreviaturas e siglas (opcional); Lista de símbolos (opcional); Sumário (obrigatório).

7.1.1 Capa

Elemento obrigatório. Trata-se da proteção externa do trabalho e sobre a qual se imprimem as informações indispensáveis à sua identificação. A primeira folha constante no trabalho é chamada de falsa

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

capa e deve repetir integralmente a capa. As informações deverão ser transcritas na seguinte ordem:

• Nome do(s) autor(es)• Quando houver mais de um autor, deve-se obedecer a ordem

alfabética de prenome;• Título;• Subtítulo (se houver);• Local (cidade da Instituição);• Ano (da entrega).• A capa para as monografias e projetos experimentais devem ser em

brochura, capa dura, obedecendo-se a cor conforme o curso.

7.1.2 folha de rosto

Elemento obrigatório, pois contém os elementos essenciais à identificação do trabalho. Deve conter as seguintes informações:

• Nome da Instituição;• Nome do autor (em ordem direta: Nome e Sobrenome);• Título; subtítulo (se houver);• Natureza do trabalho (monografia, projeto experimental) e

objetivo grau pretendido, aprovação em disciplina, nome do curso, nome da instituição;

• Nome e titulação do orientador e se houver do co-orientador;• Local (cidade da instituição);• Ano (de entrega).

7.1.3 Errata

Elemento opcional. Trata-se de lista das folhas e linhas em que ocorrem erros, seguidas das devidas correções. Apresenta-se quase sempre em papel avulso ou encartado, acrescido ao trabalho depois de impresso.

Recomenda-se imprimir a errata em papel adesivo e colá-la no verso da capa, evitando-se assim, perda das informações. Utiliza-se a errata apenas para corrigir erros, nunca para acréscimo de informações.

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

7.1.4 Folha de aprovação

Elemento obrigatório. É a folha que contém os elementos essenciais à aprovação do trabalho. Deve conter as seguintes informações:

• Nome do autor;• Título;• Subtítulo (se houver);• Natureza e objetivo;• Instituição a que é submetido;• Área de concentração;• Nome, titulação e instituição a quem pertencem os membros da

banca examinadora;• Data e local (cidade) de aprovação.Quando houver apenas um orientador, seu nome deverá vir em

primeiro lugar como Presidente.

7.1.5 Dedicatória, agradecimento, epígrafe

A Dedicatória é elemento opcional. Nesta folha o autor presta homenagem ou dedica seu trabalho. A dedicatória é mais íntima que os agradecimentos. Normalmente dedica-se menos e agradece-se mais. Não se deve incluir a palavra dedicatória.

Os Agradecimentos também é elemento opcional. Nesta folha o autor faz

agradecimentos dirigidos àqueles que contribuíram de maneira relevante à elaboração do trabalho. Não há regras para os Agradecimentos, apenas sugere-se que se registrem agradecimentos àqueles ligados diretamente à elaboração do trabalho (orientador, instituição, funcionários da instituição, outros professores). A palavra Agradecimento deve vir centralizada no início da folha, seguindo-se o estilo dos indicadores de seção sem indicativo numérico.

A Epígrafe da mesma forma que a dedicatória e o Agradecimento também é elemento opcional. É a folha onde o autor apresenta uma citação, seguida de indicação de autoria, relacionada com a matéria tratada no corpo do trabalho. Deve-se fazer citação no sistema autor-data e incluir os dados na lista de referências.

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

7.1.6 Resumo

Elemento obrigatório. É elaborado na língua materna portuguesa. É composto de uma apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto, fornecendo uma visão rápida e clara do conteúdo e das conclusões do trabalho. Não deverá ultrapassar 500 palavras, seguido logo abaixo das palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é, palavras-chave. Deve-se apresentar de três a cinco palavras-chave que deverão estar separadas entre si por ponto e finalizadas também por ponto. O resumo é apresentado em um único parágrafo, com espaçamento entre linhas de 1,5 (um e meio).

7.1.7 Lista de ilustração, lista de tabelas, lista de abreviaturas e símbolos.

Lista de ilustração: elemento opcional. Deve ser elaborado de acordo com a ordem apresentada no texto, com cada item designado por seu nome específico, acompanhado do respectivo número da página. Recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo de ilustração (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas, organogramas, plantas, quadros, retratos e outros).

A lista de ilustrações deve ser feita se o desenvolvimento do trabalho apresentar mais de 05 (cinco) do mesmo tipo, desconsiderando-se apêndices e anexos.

Lista de Tabelas: elemento opcional. Deve ser elaborado de acordo com a ordem apresentada no texto, com cada item designado por seu nome específico, acompanhado do respectivo número da página. Tal como a lista de ilustrações deve ser feita apenas se existirem mais de 05 (cinco) no desenvolvimento

do trabalho, desconsiderando-se apêndices e anexos.Lista de Abreviaturas e Siglas: elemento opcional. Deve ser elaborado

em ordem alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas no texto, seguidas das palavras ou expressões correspondentes grafadas por extenso. Recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo e que seja elaborada quando

houver mais de 05 (cinco) siglas ou abreviaturas.Lista de Símbolos: elemento opcional. Deve ser elaborado de

acordo com a ordem apresentada no texto, com o devido significado.

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

7.1.8 Sumário

Elemento obrigatório. Trata-se da enumeração das principais divisões, seções e outras partes do trabalho, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede. Suas partes são acompanhadas dos respectivos números das páginas. Os elementos pré-textuais não devem constar no sumário, conforme NBR 6027 (2003). Deverá constar a partir do capítulo 1 Introdução, que é o primeiro elemento textual. Todos os itens após o sumário são numerados (excetuando-se os elementos pós-textuais), paginados (elementos textuais e pós-textuais) e devem constar no sumário.

7.2 Elementos textuais

É a parte do trabalho em que é exposto o conteúdo propriamente dito. Os elementos textuais são apresentados por meio das seguintes fases:

Introdução; Desenvolvimento; Conclusão.

7.2.1 Introdução

Parte inicial do texto, onde deve constar a delimitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. Por se tratar de elemento textual, a numeração progressiva deve começar pela Introdução.

7.2.2 Desenvolvimento

Parte principal do texto, o qual contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto. Divide-se em seções e subseções, que variam em função da abordagem do tema e do método. É o trabalho propriamente dito. É no desenvolvimento que constam as citações, que são menções de uma informação extraída de outra fonte.

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

7.2.3 Conclusão

Elemento obrigatório, é a parte final do texto, na qual se apresentam conclusões correspondentes aos objetivos ou hipóteses. Faz-se na conclusão um apanhado geral do trabalho, informando os itens mais relevantes verificados na elaboração do mesmo. Por se tratar de trabalhos com um prazo relativamente pequeno para sua elaboração, nem sempre é possível se chegar a uma conclusão, podendo-se, assim, substituí-la por Considerações Finais.

Por ser o último elemento textual, deverá ser numerado seguindo a numeração progressiva do trabalho.

7.2.4 Citações As citações devem ser indicadas no texto por um sistema de

chamada: numérico ou autor-data. Qualquer que seja o método adotado, deve ser seguido consistentemente ao longo de todo o trabalho, permitindo sua correlação na lista de referências ou em notas de rodapé.

7.2.4.1 Sistema numérico

Neste sistema, a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algarismo arábico, remetendo à lista de referências ao final do trabalho, do capítulo ou parte, na mesma ordem em que aparecem no texto. Não se inicia a numeração das citações a cada página. O sistema numérico não deve ser utilizado quando há notas de rodapé. A indicação da numeração pode ser feita entre parênteses, alinhada ao texto, ou situada pouco acima da linha do texto em expoente à linha do mesmo, após pontuação que fecha a citação.

Exemplos:Como disse Clarice Lispector, ‘apesar de’, temos que continuar

vivendo. (15)Como disse Clarice Lispector, ‘apesar de’, temos que continuar

vivendo.15

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

7.2.4.2 Sistema autor-data

Neste sistema, a indicação da fonte é feita pelo sobrenome de cada autor ou pelo nome da entidade responsável até o primeiro sinal de pontuação, seguido(s) da data da publicação do documento e da(s) página(s) da citação, no caso de citação direta, separados por vírgula e entre parênteses.

Exemplos:No texto: A chamada pandectística havia sido a forma particular pela qual o direito romano fora integrado no século XIX na Alemanha em particular. (LOPES, 2000, p. 225).Na lista de referências: LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na história. São Paulo: Max Limonad, 2000.No texto: Merriam e Caffarella (1991) observam que a localização de recursos tem um papel crucial no processo de aprendizagem autodirigida.Na lista de referências: MERRIAM, S.; CAFFARELLA, R. Learning in adulthood: a comprehensive guide. San Francisco: Jossey-Bass, 1991.

Quando o(s) nome(s) do(s) autor(es), instituição(ões) responsável(eis) estiver(em) incluído(s) na sentença, indica-se a data, entre parênteses, acrescida da(s) página(s), se a citação for direta.

Exemplos:Em Teatro Aberto (1963) relata-se a emergência do teatro do absurdo.Em Morais (1955, p. 32) assinala [...] a presença de concreções de bauxita no Rio Cricon.

As informações de data e de página (para o caso de citação literal) devem sempre vir acompanhadas do nome do autor quando ele aparecer no texto, quando não aparecer, no final da sentença. Quando o documento citado não tiver autoria, coloca-se a primeira palavra do título, reticências (...), vírgula, o ano e a página (para o caso de citação literal).

7.2.5 Notas de rodapé

Deve-se utilizar o sistema autor-data para as citações no texto e as notas de rodapé para as notas explicativas. As notas de rodapé podem ser

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

conforme os itens abaixo e devem ser alinhadas, a partir da segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o expoente e sem espaço entre elas e com fonte menor (10). Todas as notas deverão ser numeradas

seqüencialmente e aparecer no pé-de-página da respectiva folha em que consta a nota. As informações nunca deverão passar para as próximas folhas.

Exemplos:___________________1 Veja-se como exemplo desse tipo de abordagem o estudo de Netzer (1976).2 Encontramos esse tipo de perspectiva na 2.ª parte do verbete referido na nota

anterior, em grande parte do estudo de Rahner (1962).

7.3 Elementos Pós-Textuais

Os elementos pós-textuais são constituídos das seguintes fases:Referências (obrigatório); Glossário (opcional); Apêndice(s) (opcional); Anexo(s) (opcional); Índice(s) (opcional).

Por se tratar de elemento complexo e repleto de detalhes, o item Referências será tratado em seção especifica a seguir.

7.3.1 glossário

Elemento opcional, consiste na relação de palavras ou expressões técnicas de uso restrito ou de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições.

7.3.2 apêndice

Elemento opcional, consiste em texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho. Os apêndices são identificados por letras maiúsculas

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente utilizam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos apêndices, quando esgotadas as letras do alfabeto. As páginas são numeradas sequencialmente.

O apêndice deve obrigatoriamente ser mencionado no texto (desenvolvimento), porém sem indicar o número da página em que o apêndice se encontra. A ordem dos apêndices é definida pela ordem em que

estão mencionados no texto.

7.3.3 anexo

Elemento opcional, é um texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração. Os anexos são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente utilizam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos apêndices, quando esgotadas as letras do alfabeto. As páginas são numeradas

seqüencialmente. O anexo deve obrigatoriamente ser mencionado no texto

(desenvolvimento), porém sem indicar o número da página em que o anexo se encontra. A ordem dos anexos é definida pela ordem em que estão mencionados no texto. Todo documento inserido em anexo deve ter a fonte incluída na lista de referências.

7.3.4 índice

Elemento opcional, trata-se de uma lista de palavras ou frases, ordenada segundo determinado critério, que localiza e remete para as informações contidas no texto. O índice deverá ser elaborado conforme a NBR 6034.

7.4 Formatação

Um trabalho acadêmico é um texto que serve para comunicar resultados de pesquisas, e deve seguir as orientações normativas dos trabalhos acadêmicos, observando-se em especial a NBR 6023/2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que trata da apresentação de artigo em publicação periódica científica impressa.

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

ELEMENTO ESPECIFICAÇÃO

Papel Branco, A4 (21cm x 29,7 cm)

Fonte Arial ou Times New Roman, cor preta

Parágrafo

O deslocamento da primeira linha de cada parágrafo é de 1,5 da margem esquerda. Não separar os parágrafos com espaço e evitar deixar uma única linha isolada no início ou no final de uma página. O texto deve estar com margem justificada

Número de páginas mínimo 10 e no máximo 15 páginas (incluindo as referências bibliográficas).

Tamanho da fonte para o texto 12

Espaçamento das entrelinhas para o texto

1,5

Espaçamento das entrelinhas para notas de rodapé, referências, legendas das ilustrações e das tabelas, ficha catalográfica, natureza do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetida e área de concentração

Espaço simples

Citações de mais de três linhas

Espaço simples, fonte 11, recuo de 4cm da margem esquerda

Espaçamento entre títulos e texto Separados por dois espaços 1,5

Espaçamento entre títulos das subseções e texto

Separados por dois espaços 1,5

Citações com mais de três linhas

Deslocamento de 4 cm da margem esquerda, fonte 11 e espaço entre linhas simples.

MargensSuperior e esquerda: 3 cm

Inferior e direita: 2 cm

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Metodologia Científica Estrutura dos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7

Número de página

Em arábico, no canto superior direito. Conta-se a partir da folha de rosto de forma sequencial, porém, indica-se a numeração a partir da Introdução. Caso exista apêndice e anexo a numeração segue de maneira contínua.

Numeração progressiva para as seções

Seção primária 1

Seção secundária 1.1

Seção terciária 1.1.1

Seção quaternária 1.1.1.1

Destaques das seções

Seção primária Letras maiúsculas, em negrito, fonte 16.

Seção secundária Letras maiúsculas, sem negrito, fonte 14, alinhado à esquerda.

Seção terciáriaPrimeira letra em maiúscula, demais minúsculas, fonte 14, alinhado à esquerda.

Seção quaternáriaPrimeira letra em maiúscula, demais minúsculas, fonte 14, em itálico, alinhado à esquerda.

7.5 Reflexão

Na elaboração de um trabalho acadêmicos cada fase constitui processos de formulação que compõem a construção das monografias e outros trabalhos científicos. Os elementos pré-textuais e pós-textuais serão solicitados conforme o tipo de trabalho apresentado. Consideram-se obrigatórios todos os itens imprescindíveis para a elaboração do trabalho e opcionais os que ficam a critério do autor e/ou do orientador.

7.6 na Próxima Unidade

Em trabalhos acadêmicos uma das dificuldades mais recorrentes encontradas pelos alunos consiste na elaboração de referências. Assim, a Unidade 8 trará, com detalhes, importantes subsídios para a elaboração correta de referências.

Page 91: Livro de Metodologia Cientifica

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ElaBoRaÇÃo DE REfERÊnCiaS

Elemento obrigatório, as Referências consistem em um conjunto padronizado de

elementos descritivos retirados de um documento, que permite sua identificação individual. Os termos

Referências Bibliográficas e Bibliografia têm sido pouco utilizados, devendo-se apenas utilizar o termo Referências.

objetivos da sua aprendizagem

Como na maioria dos trabalhos acadêmicos é necessário citar as referências, esta unidade irá fornecer o suporte necessário

para que você possa incluir as referências com segurança.

Você se lembra?

Você já leu trabalhos acadêmicos, reportagens, etc. que continham uma seção de referências no final?

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

No nosso mundo contemporâneo, paralelamente ao ato de produzir conhecimento, torna-se cada vez mais necessário que as pessoas envolvidas com pesquisa se preocupem com o levantamento e identificação de todas as fontes de informação que darão sustentação à sua produção.

Além de tratar-se de um registro das fontes pesquisadas, a bibliografia também atende ou desperta o desejo de aprofundar os conhecimentos naqueles que tiverem acesso a ela.

De acordo com a ISO, normalização é um processo de formulação e aplicação de regras visando ao ordenamento de uma atividade específica, à cooperação e à racionalização de suas condições funcionais.

De acordo com a NBR 6023/2002, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), referência é o conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual.

8.1 Categorias

Categoria Material

Monografias Livros, tese, dissertações

Periódicos Revistas, jornais

Documentos jurídicos Acórdãos, decisões e sentenças das cortes ou tibunais, leis, decretos, portarias, jurisprudência, doutrina.

Documentos eletrônicos obtidos em meio legível por computador.

Internet, CD-ROM, e-mail, imagens (filmes, DVD ou fitas de vídeo).

Documento iconográfico. Fotografia, desenho.

Documento cartográfico. mapa, globo, plantas.

Documento sonoro e musical. CD, fita cassete, disco, partituras.

Assim, caso o investigador queira referenciar uma parte de um livro, deverá utilizar o exemplo posto na categoria “parte de monografia”. Deve-se observar, na parte de publicação periódica, a diferenciação existente entre o seriado no todo (coleção inteira) e o seriado em parte (um fascículo, uma revista). Deve ser observado ainda o tipo de suporte documental, ressaltando a inserção na norma da referenciação de documentos por meio eletrônico.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.1.1 Referências – regras gerais

Apenas são referidas as obras citadas no corpo do texto;As referências devem ser escritas por ordem alfabética segundo o sobrenome do primeiro autor ou editor;As referências de um mesmo autor ordenam-se por ano de publicação, surgindo em primeiro lugar a mais antiga;Se o ano de publicação também é o mesmo, as obras são ordenadas por uma letra pequena do alfabeto, depois do ano de publicação. Inicia-se com a letra a.

8.2 Regras de Apresentação

O alinhamento das referências é apenas na margem esquerda. Segundo a NBR 6023:2002, as referências devem ter uma forma consistente de pontuação e o uso de recursos tipográficos (negrito, grifo, itálico) deve ser uniforme.

A lista de referências pode ser ordenada numérica e/ou alfabeticamente. Em casos excepcionais, pode ser cronológica ou geográfica.

Quando a ordenação for alfabética, as referências podem ser individualizadas, usando-se números arábicos de forma sequencial e sem sinais de pontuação após o número. Pode-se também usar um espaçamento maior entre as referências.As referências podem aparecer:

- em notas de rodapé; - no fim de textos; - no fim de capítulos; e - encabeçando resumos ou recensões.

As referências são constituídas de elementos essenciais, podendo ser acrescidas de elementos complementares. A apresentação dos elementos segue uma seqüência padronizada.

Os elementos essenciais são aqueles indispensáveis à identificação do documento. Em geral são: autor, título, edição, local, editora e data.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

Como esses elementos são estritamente vinculados ao tipo de suporte em que a informação está registrada, pode haver variação em sua forma de identificação.

Os elementos complementares podem ser acrescentados visando a melhor caracterizar, localizar ou obter o documento. É bom salientar que tais elementos podem se tornar essenciais, dependendo do tipo de suporte físico da publicação. Podem ser elementos complementares: subtítulo, indicação de tradutor, paginação, ilustrações, séries, notas explicativas, etc. Indica-se o subtítulo quando o título da obra for genérico ou ambíguo.

Exemplo de referência com indicação de elementos essenciais: LÉVY, Pierre. Cibercultura. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2000.Exemplo de referência com indicação de elementos complementares:

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2000. 260 p. (Coleção Trans). ISBN 85-7326-126-9.

Como já informado anteriormente, devem-se incluir nas referências, apenas as das obras que são citadas no texto.

Exemplos:Um autor : ALMEIDA, A. F. Português básico: gramática, redação e textos. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1992.Dois autores : MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 24.ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003.Três autores : RIESMAN, D.; GLAZER, N.; DENNEY, R. A Multidão solitária: um estudo da mudança do caráter americano. São Paulo: Perspectiva, 1971.Mais de três autores : ADAMS, R. N. et al. Mudança social na América Latina. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.Artigo de periódico : TOURINHO NETO, F. C. Dano ambiental. Consulex, Revista Jurídica, Brasília, DF, v. 1, n. 1, p. 18-23, fev. 1997.Jornal : NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de S. Paulo, São Paulo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p. 13.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

Artigo da Internet : CASTRO, Daniel. Análise: redes saem vitoriosas com padrão japonês de TV digital. Folha de São Paulo, São Paulo, 08 mar. 2006, Folha Dinheiro. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u105780.shtml>. Acesso em: 10 mar. 2006.

Outras informações relevantes sobre as referências:• As referências devem aparecer em ordem alfabética de sobrenome

dos autores;• Os prenomes dos autores podem ser digitados por extenso ou

abreviadamente;• Deve-se obedecer ao que aparece na obra original;• Em caso de livros, o título da obra deve ser destacado, para

isto utiliza-se negrito ou sublinhado. O subtítulo da obra não deve ser destacado;

• Quando a obra tiver volumes, deverá seguir como aparece folha de rosto da mesma, em algarismo romano ou arábico (v. 3 ou v. III);

• O termo correto a ser usado é Referências (não Bibliografia, nem Referências Bibliográficas);

• O espaçamento entre linhas é simples e as referências devem ser separadas por dois espaços simples; o alinhamento é o esquerdo e nunca o justificado;

• Quando na mesma folha houver mais de uma indicação do mesmo autor, o nome dele não deverá ser repetido. Coloca-se no lugar de seu nome, seis toques Da tecla sublinhar, Deverá ser seguida a ordem alfabética dos títulos.

Exemplo: CHAUÍ, M. de S. Convite à filosofia. 13.ed. São Paulo: Ática,

2004.______. A Nervura do real: imanência e liberdade em Espinosa. São

Paulo: Companhia das Letras, 1999.• Não sendo possível determinar o local, utiliza-se a expressão sine

loco abreviada, entre colchetes [s.l.];• Não sendo possível identificar a editora, utiliza-se a expressão sine

nomine abreviada, entre colchetes [s.n.];• Não sendo possível identificar o ano da publicação, indica-se o ano

provável (p.e. 1999?), a década provável (p.e.199?) ou o século provável (p.e. 19??);

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

• Autor não tem sigla. Se a autoria for de uma entidade coletiva, ela deverá ser indicada por extenso. P.ex. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS e não ONU.

Para referências de obras em meio eletrônico, deve-se obedecer aos padrões indicados para o tipo de suporte impresso, acrescidas das informações relativas à descrição física do meio eletrônico (disquetes, CD, DVD). Quando se tratar de obras on-line, deve-se indicar o endereço eletrônico e a data de acesso. A hora de acesso não é necessária.

8.3 Referências por tipo de publicação

Serão apresentadas a seguir os elementos essenciais e complementares separados por tipo de publicação, de acordo com a NBR 6023:2002, disponibilizados por Alves e Arruda (2009).

8.3.1 Monografia no todo (livros, dissertações, teses etc...)

Dados essenciais: Autor; Título e subtítulo; Edição (número); Imprensa (local: editora e data). Dados complementares: Descrição física (número de páginas ou volumes), ilustração, dimensão; Série ou coleção; Notas especiais; ISBN.

8.3.2 Partes de monografias (trabalho apresentado em congressos, capítulo de livro, etc...)

Dados essenciais: Autor da parte referenciada; Título e subtítulo da parte referenciada, seguidos da expressão “In:” ; Referência da publicação no todo (com os dados essenciais); Localização da parte referenciada (páginas inicial e final). Dados complementares:

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

Descrição física; Série; Notas especiais; ISBN.

8.3.3 Publicações Periódicas (revistas, boletins, etc...) coleção.

Dados essenciais: Título do periódico, revista, boletim;

Local de publicação, editora, data de inicio da coleção e data de encerramento da publicação, se houver. Dados complementares: Periodicidade;

Notas especiais (mudanças de título ou incorporações de outros títulos, indicação de índices); ISSN.

8.3.4 fascículos, suplementos, números especiais com título próprio.

Dados essenciais: Título da publicação; Título do fascículo, suplemento, número especial; Local de publicação, editora; Indicação do volume, número, mes e ano e total de páginas. Dados complementares: Nota indicativa do tipo do fascículo, quando houver (p. ex.: ed.

especial); Notas especiais.

8.3.5 Partes de publicações periódicas (Artigos)

Dados essenciais: Autor do artigo; Título do artigo, subtítulo (se houver); Título do periódico, revista ou boletim;

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

Título do fascículo, suplemento, número especial (quando houver);

Local de publicação; Indicação do volume, número, mês e ano e páginas inicial e final; Período e ano de publicação. Dados complementares: Nota indicativa do tipo de fascículo quando houver (p. ex.: ed.

especial); Notas especiais.

8.3.6 artigos em jornais

Dados essenciais: Autor do artigo; Título do artigo, subtítulo (se houver); Título do jornal; Local de publicação; Data com dia. mês e ano; Nome do caderno ou suplemento, quando houver; Página ou páginas do artigo referenciado.

Nota: Quando não houver seção, caderno ou parte, a paginação do artigo precede a data.

8.4 Ordenação das referências

Como já informado anteriormente, as referências podem ter uma ordenação alfabética, cronológica e sistemática (por assunto). Entretanto neste manual, sugerimos a adoção da ordenação alfabética ascendente.

8.4.1 autor repetido

Quando se referencía várias obras do mesmo autor, substitui-se o nome do autor das referências subsequêntes por um traço equivalente a seis espaços.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.4.2 Localização

As referências bibliográficas podem vir: Em listas após o texto, antecedendo os anexos; No rodapé; No fim do capítulo; Antecedendo resumos, resenhas e recensões.

8.5 Aspectos Gráficos

8.5.1 Espaçamento

As referências devem ser digitadas, usando espaço simples entre as linhas e espaço duplo para separá-las.

8.5.2 Margem

As referências são alinhadas somente à margem esquerda.

8.5.3 Pontuação

Usa-se ponto após o nome do autor/autores, após o título, edição e no final da referência; Os dois pontos são usados antes do subtítulo, antes da editora e depois do termo In: A vírgula é usada após o sobrenome dos autores, após a editora, entre o volume e o número, páginas da revista e após o título da revista; O Ponto e vírgula seguido de espaço é usado para separar os autores; O hífen é utilizado entre páginas (ex: 10-15) e, entre datas de fascículos seqüenciais (ex: 1998-1999); A barra transversal é usada entre números e datas de fascículos não seqüenciais (ex: 7/9, 1979/1981);

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

Colchetes são usados para indicar os elementos de referência, que não aparecem na obra referenciada, porém são conhecidos (ex: [1991]); O parêntese é usado para indicar série, grau (nas monografias de conclusão de curso e especialização, teses e dissertações) e para o título que caracteriza a função e/ou responsabiblidade, de forma abreviada. (Coord., Org., Comp.). Ex: BOSI, Alfredo (Org.) As Reticências são usadas para indicar supressão de títulos. Ex: Anais...

8.5.4 Maiúsculas

Usa-se maiúsculas ou caixa alta para: Sobrenome do autor; Primeira palavra do título quando esta inicia a referência ( ex.: O MARUJO); Entidades coletivas (na entrada direta); Nomes geográficos (quando anteceder um orgão governamental da administração: Ex: BRASIL. Ministério da Educação); Títulos de eventos (congressos, seminários etc.).

8.5.5 grifo, itálico, negrito

Usa-se grifo, itálico ou negrito para: Título das obras que não iniciam a referência; Título dos periódicos; Nomes científicos, conforme norma própria.

8.6 autoria

8.6.1 autor Pessoal Deverá ser indicado o sobrenome, em caixa alta, seguido

do prenome, abreviado ou não desde que haja padronização neste procedimento, ou seja, se o autor optar por utilizar os prenomes

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

abreviados, por exemplo, esse procedimento deverá ser seguido em toda a lista de referências.

Um Autor SCHÜTZ, Edgar. Reengenharia mental: reeducação de

hábitos e programação de metas. Florianópolis: Insular, 1997. Dois Autores

Os nomes deverão ser separados entre si por ponto e vírgula seguidos de espaço.

SÓDERSTEN, Bo; GEOFREY, Reed. International economics. 3. ed. London: MacMillan, 1994. 714 p. Três Autores

NORTON, Peter; AITKEN, Peter; WILTON, Richard. Peter Norton: a bíblia do programador. Tradução: Geraldo Costa Filho. Rio de Janeiro: Campos, 1994. 640 p. Mais de três Autores

BRITO, Edson Vianna, et al. Imposto de renda das pessoas físicas: livro prático de consulta diária. 6. ed. atual. São Paulo: Frase Editora, 1996. 288 p.

Nota: Quando houver mais de três autores, indicar apenas o primeiro, acrescentando-se a expressão et al. Em casos especificos tais como projetos de pesquisa científica nos quais a menção dos nomes for indispensável para certificar autoria, é facultado indicar todos os nomes. Autor Desconhecido

Nota: Em caso de autoria desconhecida a entrada é feita pelo título. O termo anônimo não deve ser usado em substituição ao nome do autor desconhecido.

PROCURA-SE um amigo. In: SILVA, Lenilson Naveira e. Gerência da vida: reflexões filosóficas. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1990. 247. p. 212-213.

Pseudônimo Nota: Quando o autor da obra adotar pseudônimo na

obra a ser referenciada, este deve ser considerado para entrada. Quando o verdadeiro nome for conhecido, deve-se indicá-lo entre colchetes após o pseudônimo.

ATHAYDE, Tristão de [Alceu Amoroso Lima]. Debates pedagógicos. Rio de Janeiro: Schmidt, 1931.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

Várias obras de um mesmo autor Em listas bibliográficas, quando o autor for comum a

dois ou mais documentos referenciados sucessivamente e na mesma página, o nome do autor pode ser substituído por um traço equivalente a seis toques da tecla correspondente ao sinal para sublinhar. No caso de várias edições de uma mesma obra referenciada, o título pode também ser substituído por um traço equivalente a seis toques da mesma tecla, separando-os por ponto.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1998.______. Cibercultura. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1998.______. ______. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2000.

Esse princípio não se aplica quando na indicação de autoria houver a participação de outros autores.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1998.______. Cibercultura. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1998.

LÉVY, Pierre; AUTHIER, Michel. As árvores do conhecimento. São Paulo: Escuta, 1995.

8.6.2 organizadores, compiladores, editores, adaptadores etc.

Quando a responsabilidade intelectual de uma obra for atribuída a um organizador, editor, coordenador etc., a entrada da obra é feita pelo sobrenome, seguido das abreviaturas correspondentes entre parênteses. Quando houver mais de um organizador ou compilador, deve-se adotar as mesmas regras para autoria.

Exemplo:BOSI, Alfredo (Org.). O conto brasileiro contemporâneo. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. 293 p.

8.6.3 Autor Entidade Coletiva (Associações, Empresas, Instituições).

Obras de cunho administrativo ou legal de entidades independentes, entrar diretamente pelo nome da entidade, em caixa alta, por extenso, considerando a subordinação hierárquica, quando houver.

Exemplos:

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Instituto Astronômico e Geográfico. Anuário astronômico. São Paulo, 1988. 279 p.ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM. Centro de Estudos em Enfermagem. Informações pesquisas e pesquisadores em Enfernagem. São Paulo, 1916. 124 p. INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL (Brasil). Classificação Nacional e patentes. 3. ed. Rio de Janeiro, 1979. v. 9.

Nota:Quando a entidade, vinculada a um órgão maior, tem uma denominação espeífica que a identifica, a entrada é feita diretamente pelo seu nome. Nomes homônimos, usar a área geográfica, local. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Bibliografia do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Divisão de Publicações, 1971. BIBLIOTECA NACIONAL (Lisboa). Bibliografia Vicentina. Lisboa: [s.n.], 1942.

8.6.4 Órgãos governamentais

Quando se tratar de orgãos governamentais da administração (Ministérios, Secretarias e outros) entrar pelo nome geográfico em caixa alta (país, estado ou município), considerando a subordinação hierárquica, quando houver.

Exemplo:BRASIL. Ministério do Trabalho. Secretaria de Formação e Desenvolvimento Profissional. Educação profissional: um projeto para o desenvolvimento sustentado. Brasília: SEFOR, 1995. 24 p.

8.6.5 tradutor, prefaciador, ilustrador, etc.

Quando necessário, acrescenta-se informações referentes à outros tipos de responsabilidade logo após o título, conforme aparece no documento.

Exemplo:SZPERKOWICZ, Jerzy. Nicolás Copérnico: 1473-1973. Tradução de Victor M. Ferreras Tascón, Carlos H. de León Aragón. Varsóvia: Editorial Científica Polaca, 1972. 82 p.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.7 Tipos Específicos de Publicações

8.7.1 Monografias consideradas no todo

AUTOR DA OBRA. Título da obra: subtítulo. Número da edição. Local de Publicação: Editor, ano de publicação. Número de páginas ou volume. (Série). Notas.

8.7.2 livros DINA, Antonio. A fábrica automática e a organização do trabalho.

2. ed. Petrópolis: Vozes, 1987. 132 p.

8.7.3 Dicionários

AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Delta, 1980. 5 v.

8.7.4 atlas

MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Atlas celeste. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1984. 175 p.

8.7.5 Bibliografias

INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃOEM CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Bibliografia Brasileira de Ciência da Informação: 1984/1986. Brasília: IBICT, 1987

8.7.6 Biografias

SZPERKOWICZ, Jerzy. Nicolás Copérnico: 1473-1973. Tradução de Victor M. Ferreras Tascón, Carlos H. de León Aragón. Varsóvia: Editorial Científica Polaca, 1972. 82 p.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.7.7 Enciclopédias

THE NEW Encyclopaedia Britannica: micropaedia. Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1986. 30 v.

8.7.8 BíbliasBÍBLIA. Língua. Título da obra. Tradução ou versão. Local: Editora, Data de publicação. Total de páginas. Notas (se houver).BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução de Padre Antônio Pereira de Figueredo. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1980. Edição Ecumênica.

8.7.9 Normas Técnicas

ORGÃO NORMALIZADOR. Título: subtítulo, número da Norma. Local, ano. volume ou página (s).ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resumos: NB-88. Rio de Janeiro, 1987. 3 p.

8.7.10 Patentes

NOME e endereço do depositante, do inventor e do titular. Título da invenção na língua original. Classificação internacional de patentes. Sigla do país e n. do depósito. Data do depósito, data da publicação do pedido de privilégio. Indicação da publicação onde foi publicada a patente. Notas.ALFRED WERTLI AG. Bertrand Reymont. Dispositivo numa usina de fundição de lingotes para o avanço do lingote fundido. Int CI3B22 D29/00.Den.PI 8002090. 2 abr. 1980, 25 nov. 1980. Revista da Propriedade Industrial, Rio de Janeiro, n. 527, p.17.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.7.11 Dissertações e teses

AUTOR. Título: subtítulo. Ano de apresentação. Número de folhas ou volumes. Categoria (Grau e área de concentração) - Instituição, local.RODRIGUES, M. V. Qualidade de vida no trabalho. 1989. 180f.. Dissertação (Mestrado em Administração) - Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

8.7.12 Congressos, Conferências, Simpósios, Workshops, Jornadas e outros Eventos Científicos

NOME DO CONGRESSO. número, ano, Cidade onde se realizou o Congresso. Título… Local de publicação: Editora, data de publicação. Número de páginas ou volume.

Nota:Quando se tratar de mais de um evento, realizados simultaneamente, deve-se seguir as mesmas regras aplicadas a autores pessoais.

8.7.13 Jornadas

JORNADA INTERNA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 18, JORNADA INTERNA DE INICIAÇÃO ARTÍSTICA E CULTURAL, 8, 1996, Rio de Janeiro. Livro de Resumos do XVIII Jornada de Iniciação Científica e VIII Jornada de Iniciação Artística e Cultural. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996. 822 p.

8.7.14 Reuniões

ANNUAL MEETING OF THE AMERICAN SOCIETY OF INTERNATIONAL LAW, 65., 1967, Washington. Proceedings...Washington: ASIL, 1967. 227 p.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.7.15 Conferências

CONFERÊNCIA NACIONAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, 11., 1986, Belém. Anais…[S.l.]: OAB, [1986?]. 924 p.

8.7.16 Workshop

WORKSHOP DE DISSERTAÇÕES EM ANDAMENTO, 1., 1995, São Paulo. Anais… São Paulo: ICRS, USP, 1995. 39 p.

8.7.17 Relatórios oficiais

COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. Departamento de Pesquisa Científica e Tecnológica. Relatório. Rio de Janeiro, 1972. Relatório. Mimeografado.

8.7.18 Relatórios técnico-científicos

SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes de; MELHADO, Silvio Burratino. Subsídios para a avaliação do custo de mão-de-obra na construção civil. São Paulo: EPUSP, 1991. 38 p. (Série Texto Técnico, TT/PCC/01).

8.8 Referências legislativas

8.8.1 Constituições

PAÍS, ESTADO ou MUNICÍPIO. Constituição (data de promulgação). Título. Local: Editor, Ano de publicação. Número de páginas ou volumes. Notas.BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.8.2 leis e Decretos

PAÍS, ESTADO ou MUNICÍPIO. Lei ou Decreto , número, data (dia, mês e ano). Ementa. Dados da publicação que publicou a lei ou decreto.BRASIL. Decreto n. 89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional.Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, v. 48, p. 3-4, jan./mar.,1. trim. 1984. Legislação Federal e marginália.BRASIL. Lei n. 9273, de 3 de maio de 1996. Torna obrigatório a inclusâo de dispositivo de segurança que impeça a reutilização das seringas descartáveis. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, v. 60, p. 1260, maio/jun., 3. trim.1996. Legislação Federal e Marginália.

8.8.3 Pareceres

AUTOR (Pessoa física ou Instituição responsável pelo documento). Ementa, tipo, número e data (dia, mês e ano) do parecer. Dados da publicação que publicou o parecer.BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Do parecer no tocante aos financiamentos gerados por importações de mercadorias, cujo embarque tenha ocorrido antes da publicação do Decreto-lei n. 1.994, de 29 de dezembro de 1982. Parecer normativo, n. 6, de 23 de março de 1984. Relator: Ernani Garcia dos Santos. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, p. 521-522, jan./mar. 1. Trim., 1984. Legislação Federal e Marginália.

8.8.4 Portarias

BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Desliga a Empresa de Correios e Telégrafos - ECT do sistema de arrecadação. Portaria n. 12, de 21 de março de 1996. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, p. 742-743, mar./abr., 2. Trim. 1996. Legislação Federal e Marginália.,

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.8.5 Resoluções

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Aprova as instruções para escolha dos delegados-eleitores , efetivo e suplente à Assembléia para eleição de membros do seu Conselho Federal. Resoluçã n. 1.148, de 2 de março de 1984. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, p.425-426, jan./mar., 1. Trim. de 1984. Legislação Federal e Marginália.

8.8.6 Acórdãos, Decisões, Deliberações e Sentenças das Cortes ou tribunais

AUTOR (entidade coletiva responsável pelo documento). Nome da Corte ou Tribunal. Ementa (quando houver). Tipo e número do recurso (apelação, embargo, habeas-corpus, mandado de segurança, etc.). Partes litigantes. Nome do relator precedido da palavra “Relator”. Data, precedida da palavra (acórdão ou decisão ou sentença) Dados da publicação que o publicou. Voto vencedor e vencido, quando houver.BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Ação Rescisória que ataca apenas um dos fundamentos do julgado rescindendo, permanecendo subsistentes ou outros aspectos não impugnados pelo autor. Ocorrência, ademais, de imprecisão na identificação e localização do imóvel objeto da demanda. Coisa julgada. Inexistência. Ação de consignação em pagamento não decidiu sobre domínio e não poderia fazê-lo, pois não é de sua índole conferir a propriedade a alguém. Alegação de violação da lei e de coisa julgada repelida. Ação rescisória julgada improcedente. Acórdão em ação rescisória n. 75-RJ. Manoel da Silva Abreu e Estado do Rio de Janeiro. Relator: Ministro Barros Monteiro. DJ, 20 nov. 1989. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, v.2, n. 5, jan. 1990. p.7-14.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.9 Partes de Monografias

AUTOR da parte. Título da parte. Termo In: Autor da obra. Título da obra. Número da edição. Local de Publicação: Editor , Ano de publicação. Número ou volume, páginas inicial-final da parte e/ou isoladas.

8.9.1 Capítulos de livros

NOGUEIRA, D. P. Fadiga. In: FUNDACENTRO. Curso de médicos do trabalho. São Paulo, 1974. v.3, p. 807-813.

8.9.2 Verbetes de Enciclopédias

MIRANDA, Jorge. Regulamento. In: POLIS Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado: Antropologia, Direito, Economia, Ciência Política. São Paulo: Verbo, 1987. v. 5, p. 266-278.

8.9.3 Verbetes de Dicionários:

HALLISEY, Charles. Budismo. In: OUTHWAITE, William; BUTTOMORE, Tom. Dicionáriodo pensamento social do século XX. Tradução de Eduardo Francisco Alves; Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. p. 47-49.

8.9.4 Partes isoladas

MORAIS, Fernando. Olga. São Paulo: Alfa-Omega, 1979. p. 90, 91, 96, 175, 185.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.9.5 Bíblia em parte

Título da parte. Língua. In: Título. Tradução ou versão. Local: Editora, data de publicação. Total de páginas. Páginas inicial e final da parte. Notas (se houver).

Jó. Português. In: Bíblia sagrada. Tradução de Padre Antônio Pereira de Figueredo. Rio de Janeiro: Encyclopedia Britânnica, 1980. p. 389-412. Edição Ecumênica. Bíblia. A. T.

8.10 Trabalhos Apresentados em Eventos Científicos

AUTOR. Título do trabalho. In: NOME DO CONGRESSO, número, ano, Cidade onde se realizou o Congresso. Título (Anais ou Proceedings ouResumos…). Local de publicação: Editora, data de publicação. Total de páginas ou volumes. Páginas inicial e final do trabalho.

8.10.1 Encontros

RODRIGUES, M. V. Uma investigação na qualidade de vida no trabalho. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 13., Belo Horizonte, 1989. Anais… Belo Horizonte: ANPAD, 1989. 500 p. p. 455-468.

8.10.2 Reuniões anuais

FRALEIGH, Arnold. The Algerian of independence. In: ANNUAL MEETING OF THE AMERICAN SOCIETY OF INTERNATIONAL LAW, 61, 1967, Washington. Proceedings… Washington: Society of International Law, 1967. 654 p. 6-12.

8.10.3 Conferências

ORTIZ, Alceu Loureiro. Formas alternativas de estruturação do Poder Judiciário. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, 11., 1986, Belém. Anais… [S.l.]: OAB, [1986?]. 924 p. p. 207-208.

Page 112: Livro de Metodologia Cientifica

112

Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.10.4 Workshop

PRADO, Afonso Henrique Miranda de Almeida. Interpolação de imagens médicas. In: WORKSHOP DE DISSERTAÇÕES EM ANDAMENTO, 1., 1995, São Paulo. Anais…São Paulo: IMCS, USP, 1995. 348 p. p.2.

8.11 Publicações Periódicas

8.11.1 Consideradas no todo

8.11.1.1 Coleções TITULO DO PERIÓDICO. Local de publicação (cidade): Editora, ano do primeiro e último volume. Periodicidade. ISSN (Quando houver).TRANSINFORMAÇÃO. Campinas: PUCCAMP. 1989-1997. Quadrimestral. ISSN: 0103-3786

8.11.1.2 fascículos

TÍTULO DO PERIÓDICO. Local de publicação (cidade): Editora, volume, número, mês e ano.VEJA. São Paulo: Editora Abril, v. 31, n. 1, jan. 1998.

8.11.1.3 fascículos com título próprio

TÍTULO DO PERIÓDICO. Titulo do fascículo. Local de publicação (cidade): Editora, volume, número, mês e ano. NotasGAZETA MERCANTIL. Balanço anual 1997. São Paulo, n. 21, 1997. Suplemento.EXAME. Melhores e maiores: as 500 maiores empresas do Brasil, São Paulo: Editora Abril. jul. 1997. Suplemento.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.11.2 Partes de publicações periódicas

8.11.2.1 artigo de Revista

AUTOR DO ARTIGO. Título do artigo. Título da Revista, (abreviado ou não) Local de Publicação, Número do Volume, Número do Fascículo, Páginas inicial-final, mês e ano.ESPOSITO, I. et al. Repercussões da fadiga psíquica no trabalho e na empresa. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 8, n. 32, p. 37-45, out./dez. 1979.

8.11.2.2 artigo de jornal

AUTOR DO ARTIGO. Título do artigo. Título do Jornal, Local de Publicação, dia, mês e ano. Número ou Título do Caderno, seção ou suplemento e, páginas inicial e final do artigo.

Nota: Os meses devem ser abreviados de acordo com o idioma da publicação, conforme modelo anexo. Quando não houver seção, caderno ou parte, a paginação do artigo precede a data. OLIVEIRA, W. P. de. Judô: Educação física e moral. O Estado de Minas, Belo Horizonte, 17 mar. 1981. Caderno de esporte, p. 7.SUA safra, seu dinheiro. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 ago. 1995. 2. cad. p. 9.

8.12 Documentos Eletrônicos

IMA GEM

http://www.arsGeek.coM/wp-content/uploaDs/2007/11/zonbu_notebook_front_2.jpG

8.12.1 Arquivo em Disquetes

AUTOR do arquivo. Título do arquivo. Extensão do arquivo. Local, data. Características físicas, tipo de suporte. Notas.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

KRAEMER, Ligia Leindorf Bartz. Apostila.doc. Curitiba, 13 de maio de 1995. 1 arquivo (605 bytes). Disquete 3 1/2. Word for windows 6.0.

8.12.2 BBS

TÍTULO do arquivo. Endereço BBS: , login: , Data de acesso. HEWLETT - Packard. Endereço BBS: hpcvbbs.cv.hp.com, login: new. Acesso em: 22 maio 1998. UNIVERSIDADE da Carolina do Norte. Endereço BBS: launch pad. unc.edu. Login: lauch. Acesso em: 22 maio 1998.

8.12.3 Base de Dados em Cd-Rom: no todo

AUTOR. Título. Local: Editora, data. Tipo de suporte. Notas. INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - IBICT. Bases de dados em Ciência e Tecnologia. Brasília: IBICT, n. 1, 1996. CD-ROM.

8.12.4 Base de Dados em Cd-Rom: partes de documentos

AUTOR DA PARTE. Título da parte. In: AUTOR DO TODO. Título do todo. local: Editora, data. Tipo de suporte. Notas.PEIXOTO, Maria de Fátima Vieira. Função citação como fator de recuperação de uma rede de assunto. In: IBICT. Base de dados em Ciência e Tecnologia. Brasília: IBICT, n. 1, 1996. CD-ROM.

8.12.5 E-mail

AUTOR DA MENSAGEM. Assunto da mensagem. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por < e-mail do destinatário> data de recebimento, dia mês e ano.

Nota: As informações devem ser retiradas, sempre que possível, do cabeçalho da mensagem recebida. Quando o e-mail for cópia, poderá ser acrescentado os demais destinatários após o primeiro, separados por ponto e vírgula.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

MARINO, Anne Marie. TOEFL briefing number [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em 12 maio 2008.

8.12.6 ftP

AUTOR (se conhecido) . Título. Endereço ftp: , login: , caminho:, data de acesso.UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Biblioteca Universitária. Current directory is/pub. <ftp:150.162.1.90>, login: anonymous, password: guest, caminho: Pub. Acesso em: 19 maio 1998. GATES, Garry. Shakespeare and his muse. <ftp://ftp.guten.net/ bard/muse.txt.> 1 Oct. 1996.

8.12.7 Monografias consideradas no todo (On-line)

AUTOR. Título. Local (cidade): editora, data. Disponível em: < endereço>. Acesso em: data.ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de redação e estilo. São Paulo, 1997. Disponível em: <http://www1.estado.com.br/redac/manual.html>. Acesso em: 19 maio 2008.

8.12.8 Publicações Periódicas consideradas no todo (On-line)

TÍTULO DA PUBLICAÇÃO. LOCAL (cidade): Editora, volume, número, mês, ano. Disponível em: <endereço>. Acesso em: data.CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, Brasília, v. 26. n.3, 1997. Disponível em : <http://www.ibict.br/cionline>. Acesso em: 05 jun. 2005.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.12.9 Artigos de Periódicos (On-line)

AUTOR. Título do artigo. Título da publicação seriada, local, volume, número, mês ano. Paginação ou indicação de tamanho. Disponível em: <Endereço.>. Acesso em: data.MALOFF, Joel. A internet e o valor da “internetização”. Ciência da Informação, Brasília, v. 26, n. 3, 1997. Disponível em: <http://www.ibict.br/cionline/>. Acesso em: 18 jan. 2006.

8.12.10 Artigos de Jornais (On-line)

AUTOR. Título do artigo. Título do jornal, local, data de publicação, seção, caderno ou parte do jornal e a paginação correspondente. Disponível em: <Endereço>. Acesso em: data.TAVES, Rodrigo França. Ministério corta pagamento de 46,5 mil professores. Globo, Rio de Janeiro, 19 maio 1998. Disponível em:<http://www.oglobo.com.br/>. Acesso em: 19 maio 1998.

8.12.11 Homepage

AUTOR. Título. Informações complementares (Coordenação, desenvolvida por, apresenta..., quando houver etc...). Disponível em:. <Endereço>. Acesso em: data.ETSnet. Toefl on line: Test of english as a foreign language. Disponível em: <http://www.toefl.org>. Acesso em: 15 jun. 2008.UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Biblioteca Universitária. Serviço de Referência. Catálogos de Universidades. Apresenta endereços de Universidades nacionais e estrangeiras. Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br>. Acesso em: 10 dez. 2004.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

8.13 Reflexão

Esta unidade forneceu orientações sobre a apresentação de referências, as quais têm o objetivo de descrever informações registradas sob qualquer tipo de suporte (papel, filme, documentos eletrônicos, etc.), tendo como base a NBR 6023/2002, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com sede no Rio de Janeiro. No Brasil é a autoridade máxima em assuntos de normalização. O equivalente internacional é a International Organization for Standardization (ISO), sediada em Genebra.

8.14 Referências gerais

ALVES, M. B. M.; ARRUDA, S. M. Como fazer referências. Disponível em: http://www.leffa.pro.br/textos/abnt.htm, Acesso em: 12 dez 2009.

BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.

BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2002.

DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo: Editora Atlas, 2000.

______. Avaliação Qualitativa. Campinas: Autores Associados, 1999.

GALLIANO, A. G. (Org.). O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harper & Row, 1979.

KRASHEN S. D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. London: Prentice Hall International, 1987.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1994.

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Metodologia Científica O Ensino Superior – Unidade 1

LUCKESI, C. et alii. Fazer universidade: uma proposta metodológica. São Paulo: Cortez, 1984.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5º ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MAZOTTI, A. J. A. A revisão da bibliografia em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retorno. Florianópolis/São Paulo: UFSC/Cortez, 2002.

MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a

teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

SCARAMUCCI M. V. R. O Papel do Léxico na Compreensão da Leitura em Língua Estrangeira: Foco no Produto e no Processo.Tese de Doutorado, Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, 1995.

SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 1999.

STURMAN P. Registration and Placement: Learner Response in Bailey K. M. & Nunan D. (Eds.) Voices from the Language Classroom: Qualitative Research in

Second Language Education – Cambridge: Cambridge University Press, 1996.