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1 LIVRO DE RESUMOS

Livro de resumos

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Page 1: Livro de resumos

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LIVRO DE RESUMOS

ÍNDICE

Page 2: Livro de resumos

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INFLUÊNCIA DOS CURRAIS DE PESCA NA MALACOFAUNA DA PRAIA DE

ARPOEIRAS, ACARAÚ, CEARÁ.............................................................................4

Patrícia Albuquerque da Silva; David, Heleny Noronha; Nascimento, Natalia Gomes do & Maia,

Rafaela Camargo.

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CARANGUEJOS (DECAPODA:

BRACHYURA) EM UM BOSQUE DE MANGUE ESTUARINO NO CEARÁ....8

José Waldery Costa Secundo Junior, Francisca Cinara Araújo, Caio Ricardo Mathias Félix de Melo & Rafaela Camargo Maia.

ANELÍDEOS POLIQUETAS DO ESTUÁRIO MÉDIO DO RIO ACARAÚ, CEARÁ.........................................................................................................................12

Brena Késia de Sousa Lima, Amanda Lídia de Sousa Paula, Caio Ricardo Mathias Félix de Melo,

& Rafaela Camargo Maia.

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE BORDA NA DISTRIBUIÇÃO DE DUAS

ESPÉCIES DE GASTRÓPODES ESTUARINOS..................................................16

Ayko Reinaldo Shimabukuro; Targino, Mayára Gomes & Maia, Rafaela Camargo.

IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA ESTAÇÃO EÓLICA NA COMUNIDADE

DE VOLTA DO RIO EM ACARAÚ/CE.................................................................20

Maria Gleiciane da Rocha; Ronyelle Vasconcelos Teixeira;Eugênio Pacelli Nunes

Brasil Matos

O ARTESANATO DE RESÍDUOS DE PESCADO E SUCATA MARINHA

COMO INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE..............................24

Rosenete P. Martins; Maria Aila Farias & Soniamar Z. R. Saraiva.

AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE MOLINÉSIAS CULTIVADOS EM ESGOTO

DOMÉSTICO TRATADO...........................................................................................28

Francisco L. M. Silveira; José I. F. Vasconcelos Filho; Emanuel S. Santos.

Page 3: Livro de resumos

3

IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA PRESENTE EM

PISCICULTURA ABASTECIDA COM ELFUENTES TRATADOS....................32

José I. F. Vasconcelos Filho; Francisco L. M. Silveira; Emanuel S. Santos.

INFLUÊNCIA DOS CURRAIS DE PESCA NA MALACOFAUNA DA PRAIA DE

ARPOEIRAS, ACARAÚ, CEARÁ.

Page 4: Livro de resumos

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Patrícia Albuquerque da Silva; David, Heleny Noronha; Nascimento, Natalia Gomes do & Maia,

Rafaela Camargo.

RESUMO: O objetivo deste trabalho é verificar se os currais exercem influência na

distribuição das espécies da malacofauna e realizar um levantamento taxonômico desses

organismos na região. Foram escolhidos três currais em que foram coletadas cinco

amostras de sedimento da área interna e cinco amostras na área externa. Duas classes de

Mollusca foram encontradas, Gastropoda e Bivalvia, compreendendo 7 famílias, 7

gêneros e 7 espécies. Os Gastrópodes foram dominantes. Não houve variação

significativa na riqueza das espécies dentro e fora dos currais, entretanto observou-se

uma tendência a observarmos uma maior densidade nas áreas internas. O teste de

similaridade também mostrou que as amostras coletadas dentro dos currais diferem das

regiões externas. Desta forma pode-se concluir que os currais podem exercer influência

sobre a malacofauna da região.

Palavras chave: macrofauna, moluscos, organismos bentônicos

1. INTRODUÇÃO

Praias arenosas são ambientes dinâmicos, habitados por uma diversificada biota,

onde predominam moluscos, poliquetas e crustáceos (Rocha-Barreira, 2005). Diversos

são os fatores que podem influenciar na estrutura de comunidades dessa macrofauna

bentônica, como por exemplo, o pisoteio (Ferreira, 2009) e a quantidade de matéria

orgânica disponível (Rocha-Barreira et al., 2001).

Os currais de pesca são armadilhas fixas no solo, construídas artesanalmente,

para aprisionar peixes por meio do movimento das marés (Piorski et al., 2009). Nas

praias, a instalação dessas estruturas pode influenciar as condições e os recursos

ambientais disponíveis e consequentemente a distribuição e abundância da fauna.

Desta forma, os objetivos deste trabalho são: 1) Verificar se os currais exercem

influência na densidade, riqueza ou composição das espécies da malacofauna e; 2)

Realizar um levantamento taxonômico de moluscos existentes na região.

_______________________________

Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida

Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE

Page 5: Livro de resumos

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2. REVISÃO DE LITERATURA

Segundo Rocha-Barreira (2005), estudos sobre a composição e distribuição espacial

da macrofauna bentônica restringem-se ao sul e sudeste do Brasil, sendo raros os

trabalhos realizados na região Nordeste. No Ceará, alguns trabalhos com fauna

bentônica foram realizados na zona costeira, dentre eles, podemos destacar Rocha-

Barreira (2005), Ferreira (2009), Rocha-barreira (2001). Os autores apontam fatores

abióticos, biótico e antrópicos como resultado dos padrões de distribuição das

comunidades biológicas. Na região da Praia de Arpoeiras em Acaraú, observou-se a

inexistência de trabalhos com a malacofauna, especialmente aqueles que a relacionem

com artes de pesca como os currais.

3. MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado na Praia de Arpoeiras, localizada no município

de Acaraú, litoral oeste do estado do Ceará. O local consiste numa planície entremarés

com grande extensão, situada próximo ao estuário do Rio Acaraú, onde é observada

uma grande ocorrência de currais de pesca (Rocha-Barreira, 2005).

Para a análise da malacofauna foram selecionados três currais de pesca, na

mesma linha de maré, ao longo da praia. Em cada um, com o auxílio de um amostrador

cilíndrico de PVC ("core") foram coletadas cinco amostras de sedimento na área interna

e cinco amostras em áreas adjacentes, localizadas a cerca de 10 metros de cada curral. O

material coletado foi peneirado em malha de 0,05 mm de abertura para retirada da

macrofauna, e a seguir, foi conservado em álcool etílico 70%. Em laboratório, os

organismos encontrados foram separados com o auxílio de lupa e os moluscos foram

identificados ao menor nível taxonômico possível.

Para comparar a abundância de indivíduos e a riqueza de espécies dentro e fora

dos currais de pesca foi utilizado um Teste t de Student. A similaridade das amostras foi

avaliada por meio de uma Análise de Agrupamento (cluster) a partir do índice de Bray-

Curtis. Todos os dados utilizados nas análises foram transformados em logaritmo

neperiano par alcançar as premissas dos testes.

4. RESULTADOS

Page 6: Livro de resumos

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Considerando os três currais de pesca amostrados foram identificados duas

classes de Mollusca: Bivalvia e Gastropoda, compreendendo 7 famílias, 7 gêneros e  7

espécies. A classe Gastropoda teve uma maior representatividade, com 383 indivíduos

coletados, enquanto a classe Bivalvia teve apenas 7 indivíduos coletados. O gastrópode

Rissoina sp  foi a espécie dominante, representando 55% do total indivíduos coletados.  

Não foram encontradas diferenças significativas na riqueza de espécies nas

amostras de dentro e fora dos currais de pesca (t = - 0,175; gl = 28; p = 0, 86).

Entretanto, observamos uma tendência à ocorrência de um maior número de organismos

dentro dessas áreas (t = 1,858; gl = 28; p = 0, 074).

O dendograma revelou uma similaridade superior a 60% entre as amostras Fora

2 e 3 e similaridade inferior a 48% nas amostras Dentro 2 e 3. Ou seja, as amostras

coletadas dentro dos currais diferem das realizadas fora, com exceção, o Curral 1, que

apresenta uma similaridade superior a 80% entre suas amostras.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro dos currais há fatores biológicos favoráveis ao habitat de moluscos, como

abrigo, proteção e alimentação, uma vez que o cerco instalado fornece abrigo para as

espécies enquanto os peixes aprisionados aumentam a quantidade de matéria orgânica

disponível.

O gastrópode Rissoina sp. foi o mais abundante, especialmente no Curral 2,

onde observamos bancos de fanerógamas e algas, condição favorável a ocorrência da

espécie. Esse fator também pode ser responsável pela baixa ocorrência de bivalves, que

geralmente habitam sedimento de areia muito fina e permanentemente úmidos.

6. REFERÊNCIAS

FERREIRA, M. N.; ROSSO, S. 2009. Effects of human trampling on a rocky shore

fauna on the Sao Paulo coast, southeastern Brazil. Braz. J. Biol., vol. 69, n. 4, p.

993-999.

PIORSKI, N. M.; SERPA, S.S.; NUNES, J. L. S. 2009. Análise comparativa da pesca

de curral na ilha de são Luís, estado do maranhão, Brasil. Arq. Cien. Mar, vol. 42,

p. 1-7.

ROCHA-BARREIRA, C. A., HIJO, C. A. G.; FERNANDES, D. A. O.; SILVA, H. L.;

VIDAL, J. M. A.; RODRIGUES, L.; VIANA, M. G.; JÂNICO, P. R. P. 2005.

Page 7: Livro de resumos

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Levantamento da macroinfauna bentônica de ambientes inconsolidados do

estado do Ceará. (faixa entre-marés de praias arenosas). Programa Zoneamento

Ecológico Econômico (ZEE) da zona Costeira do estado do Ceará. Fortaleza.

144pp.

ROCHA-BARREIRA, C. A.; MONTEIRO, D. O.; FRANKLIN-JÚNIOR, W. 2001.

Macrofauna bentônica da faixa entremarés da praia do Futuro, Fortaleza, Ceará,

Brasil. Arq. Cien. Mar, vol. 34, p. 23-38.

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CARANGUEJOS (DECAPODA:

BRACHYURA) EM UM BOSQUE DE MANGUE ESTUARINO NO CEARÁ.

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José Waldery Costa Secundo Junior, Francisca Cinara Araújo, Caio Ricardo Mathias Félix de Melo & Rafaela Camargo Maia.

RESUMO: O objetivo desse trabalho é conhecer a distribuição espacial das espécies de

caranguejos que ocorrem no estuário do rio Acaraú em três ambientes diferentes:

infauna, epifauna e troncos e a influência da vegetação na estrutura da comunidade.

Foram registradas cinco espécies de caranguejos braquiúros, sendo Uca rapax a espécie

dominante. Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho dos organismos

entre os diferentes locais de amostragem. As análises de correlação indicaram uma

relação significativa entre a densidade de Goniopsis cruentata e Rhizophora mangle e

entre a densidade de Aratus pisonii e Uca rapax.

Palavras-chave: Comunidade; Crustáceos; Manguezal

1. INTRODUÇÃO

O manguezal é um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes

terrestres e marinho, característico de regiões tropicais, desempenhando diversas

funções naturais de grande importância e ecológica (Schaeffer-Novelli et al., 2000).

Entre a fauna dominante desse ecossistema encontram-se os caranguejos braquiúros.

Nesse contexto, o objetivo geral desse trabalho é conhecer a distribuição

espacial de caranguejos em um bosque de mangue estuarino no estado do Ceará

considerando a sua densidade e distribuição de tamanhos em microhabitats (epifauna,

infauna e troncos) e a influência da vegetação na estrutura da comunidade.

2. REVISÃO LITERÁRIA

O ambiente manguezal é habitado por diversos animais, que variam de espécies

microscópicas até peixes, aves, répteis e mamíferos (Nanni & Nanni, 2005). Muitos

deles, não são exclusivos de manguezais, porém nessas áreas, ocupam o sedimento

(epifauna ou infauna), água, raízes e troncos de árvores típicas de mangue.

______________________________

Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida

Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE

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Dentre as diversas espécies de caranguejos temos: Aratus pisonii (H.Milne

Edwards,1837), Goniopsis cruentata (Latreille,1803), Sesarma rectum Randall,1840,

Uca rapax (Smith,1870) e o Ucides cordatus (Linnaeus,1763) entre os mais

representativos. Esses animais cavam tocas nos sedimento que ajudam na aeração do

solo e se alimentam de detritos vegetais, atuando como importantes macrodetritívoros

(Nanni & Nanni, 2005).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi desenvolvido no manguezal do estuário do rio Acaraú,

próximo à região portuária do município de Acaraú, litoral oeste do Estado do Ceará.

Foram demarcados três transectos, a 10 metros da margem do rio, e em cada um,

5 parcelas de 100m2 cada, distanciadas em 5 metros. Em cada parcela, a coleta dos

animais da epifauna foi realizada de forma aleatória por 3 pessoas com tempo

delimitado de 10 minutos. Nessas áreas demarcadas também foram coletados todos os

troncos encontrados caídos no sedimento. Para Infauna foram coletadas 3 amostras de

sedimento com auxílio de um amostrador cilíndrico de PVC com 15 cm de diâmetro

(“core”). O material recolhido foi passado por peneiras com 0,05 mm de malha para

retirada dos organismos. Posteriormente em laboratório, os caranguejos coletados foram

mensurados, com um paquímetro, quanto à largura e o comprimento da carapaça.

4. RESULTADOS

Foram coletados 126 indivíduos, de cinco espécies nos ambientes de estudo

(Tabela 1). Dentre os organismos amostrados, 89% estavam na epifauna, onde

ocorreram cinco espécies (Tabela 1) e 9% na infauna, onde foram registradas apenas

duas espécies (Tabela 1). Os animais coletados nos troncos representaram apenas 2% do

total, com a ocorrência de apenas dois indivíduos, das espécies Uca rapax e Aratus

pisonii.

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Tabela1: Composição e distribuição dos táxons coletados.

Espécie

Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho médio dos indivíduos

coletados nos 3 ambientes. Os resultados da análise de correlação entre as densidades

populacionais e os tamanhos dos caranguejos com os parâmetros estruturais dos

bosques indicaram uma correlação significativa positiva entre a densidade de Uca rapax

e Aratus pisonii (r = 0,64) e entre a densidade de Goniopsis cruentata e Rhizophora

mangle (r = 0,55).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho permitiu concluir que entre os três ambientes estudados

(Epifauna, Infauna e tronco), a Epifauna teve a maior abundância de organismos

principalmente devido a grande dominância de Uca rapax.

Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho dos organismos

entre os diferentes ambientes de amostragem, visto que as mesmas espécies ocorreram

em todos os habitats estudados

As análises de correlação indicaram uma relação significativa entre a densidade

populacional de Goniopsis cruentata e Rhizophora mangle e também entre a

abundância de Aratus pisonii e Uca rapax, dados resultantes do hábito alimentar dessas

espécies, visto que G. cruentata é herbívoro e pode se alimentar de R. mangle enquanto

A. pisonii pode ser predador de U. rapax.

Família Ordem

Ocorrênci

a (%)

Uca rapax Ocypodidae Decapoda Epifauna (75%), infauna (92%), tronco (50%)

Ucides cordatus Ocypodidae Decapoda Epifauna (1%), infauna(8%)

Aratus pisonii Grapsidae Decapoda Epifauna (14%), tronco (50%)

Goniopiis cruentata Grapsidae Decapoda Epifauna (4%)

Sesarma rectum Grapsidae Decapoda Epifauna (6%)

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6. REFERÊNCIAS

MASUNARI, S. Distribuição e abundância dos caranguejos Uca Leach (Crustacea,

Decapoda, Ocypodidae) na Baía de Guaratuba, Paraná,

Brasil.23(4).ed.Paraná.Revista Brasileira de Zoologia.2006.

NANII, H.C.; NANII, S.M. Preservação dos manguezais e seus reflexos. XIII

SIMPEP- Bauru. SP. Brasil. 2005. 12p.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; MOLERO, G.C.; SOARES, M. L. G.; DE ROSA, T.

Aquatic Ecossystem Health and Management. 3. ed. Brasilian Mangroves. 2000.

561-570 p.

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ANELÍDEOS POLIQUETAS DO ESTUÁRIO MÉDIO DO RIO ACARAÚ, CEARÁ.

Brena Késia de Sousa Lima 1, 3, Amanda Lídia de Sousa Paula 1, 3, Caio Ricardo Mathias Félix de Melo1, 3 & Rafaela Camargo Maia 2,3.

RESUMO: Os Poliquetas são animais que apresentam grande representividade dentro

dos invertebrados, participam significativamente da cadeia alimentar das populações

bentônicas, e é um dos grupos dominantes no ambiente manguezal. O objetivo principal

desse trabalho é caracterizar as comunidades de anelídeos poliquetas presentes em uma

área estuarina de manguezal no rio Acaraú. As amostragens foram feitas com auxilio de

um “core” e as espécies foram identificadas ao menor nível taxonômico possível. Todos

os exemplares coletados são da família Nereidae. Espécies desse táxon são bons

indicadores de impacto ambiental, o que possivelmente justifica sua dominância no

degradado estuário do rio Acaraú.

Palavras-chaves: Anelídeos; Manguezal; Polychaeta.

1. INTRODUÇÃO

Poliquetas, que são anelídeos típicos de ambientes marinhos, ocupam também

ambientes de água doce e salobra. Polychaeta é o táxon de maior abundância e riqueza

do filo Annelida e possuem função importante nas cadeias tróficas marinhas e estuarinas

como fonte de alimentos para a maioria dos outros organismos presentes no ecossistema

manguezal (Amaral & Nonato, 1996). Contribuem também para a aeração dos fundos

de areia e para a reciclagem de nutrientes encontrados na sedimentação (Lana e Santos,

2005). O estudo dessa classe é de suma importância para compreendermos a avaliação

da qualidade ambiental uma vez que os anelídeos possuem íntima relação com o

substrato exercendo importante papel no fluxo de nutrientes e energia (Lana e Santos,

2005). O objetivo principal deste trabalho foi descrever a composição e abundância da

classe Polychaeta no sedimento não consolidado da área estuarina do rio Acaraú, uma

vez que faltam trabalhos nesse âmbito.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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A classe Polychaeta compreende mais de 800 espécies descritas no litoral

brasileiro, sendo a maior classe do Filo Annelida (Amaral & Jablonski, 2005).

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1. Graduandos em Ciências Biológicas

2. Professora Doutora – orientadora

3. Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales

Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú - CE

Algumas espécies têm sido utilizadas como bioindicadores de degradação ambiental por

serem sensíveis a poluição, no entanto, outras se destacam por sua resistência a

ambientes poluídos (Lana e Santos, 2003). Os trabalhos sistemáticos realizados por

Nonato & Luna (1970) foram os primeiros a caracterizar o grupo, descrevendo 15

espécies de quatro famílias de Poliquetas.

No litoral cearense, a fauna de anelídeos poliquetas ainda não foi muito

estudada, sendo o grupo somente citado em trabalhos realizados com toda a macrofauna

bentônica como o de Oliveira et al. (1988). Uma exceção é o trabalho de Sousa (2006),

que estudou a distribuição espacial dos poliquetas em uma área de praia rochosa,

destacando a biodiversidade dos anelídeos da costa cearense. Visto a importância

ecológica desse grupo e a carência de trabalhos nesse eixo, estudos se fazem necessários

para o conhecimento da poliquetofauna existente em áreas estuarinas cearenses.

3. MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado no médio estuário do rio Acaraú (02º49”94¢S,

40º05”14¢W), próximo à região portuária do município de Acaraú, litoral oeste do

estado do Ceará. A bacia hidrográfica do Acaraú é a segunda maior do estado. Para

verificar a distribuição da poliquetofauna no ambiente manguezal, foram demarcados

três transectos aleatórios na área vegetada, com três parcelas de cem metros quadrados

por transecto. As parcelas iniciavam-se a dez metros da margem do rio, e distanciavam

cinco metros uma das outras. Em cada parcela, foram coletadas três amostras de

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sedimento com auxilio de um amostrador cilíndrico de PVC (“core”) com 15 cm de

diâmetro. O material recolhido foi passado por peneiras com 0,05 mm de malha ainda

em campo. Posteriormente, em laboratório, foi realizada à triagem minuciosa das

amostras preservadas em álcool a 70%. As mesmas foram identificadas no menor nível

taxonômico possível com auxílio de uma chave de identificação baseada em caracteres

morfológicos, proposta por Amaral & Nonato (1996).

4. RESULTADOS

No presente estudo foram coletados e identificados 47 organismos da classe

Polychaeta. Todos os exemplares pertencem à família Nereidae, sendo todas da mesma

espécie, Laeonereis culveri. A representividade dos Nereidae que são considerados bons

indicadores de áreas de degradação, pois correspondem às características do estuário em

estudo, onde a pressão antrópica é evidente. Autores como Lana & Santos (2003)

descrevem que algumas espécies são tolerantes aos impactos ambientais tendo presença

elevada enquanto outras acabam excluídas assim tornam-se indicadoras de degradação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presença de apenas uma espécie conhecida como indicadora de áreas

degradadas, na região estuarina do rio Acaraú, pode ser reflexo da atual situação de

antropização dessa faixa litoral de ecossistema manguezal.

Pesquisas posteriores se fazem necessárias para se compreender melhor essas

interações dos poliquetas com o ambiente estuarino e de que forma podem ser utilizados

como bioindicadores na avaliação da degradação ambiental.

6. REFERÊNCIAS

AMARAL, A.C.Z.; JABLOSKI. Conservação da biodiversidade marinha e costeira do

Brasil. Megadiversidade, v. 1. n.1, p. 43-51, 2005.

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AMARAL, A.C.Z. & NONATO, E.F. 1996. Annelida Polychaeta: características,

glossário e chaves para famílias e gêneros da costa brasileira. Campinas: Editora da

UNICAMP. 124p.

LANA, P.C.; SANTOS, C.S.G. Anelídeos poliquetas do litoral brasileiro: uma

síntese do conhecimento atual e avaliação dos recursos humanos e materiais.

In: Biodiversidade Marinha Brasileira: o estado da Arte. Eds. Couto, E.G. &

Rocha, G.R.A., EDITUS. 2003.

NONATO, E.F.;LUNA, J.A.C. Sobre alguns poliquetas de escama do nordeste do

Brasil. Bolm. Inst. Oceanogr. S. Paulo, v. 18, n. 1, p. 63-91, 1970.

OLIVEIRA, A.M.E.; IRVING, M.A.; LIMA, H.H. Aspectos bioecológicos do estuário

do rio Pacoti, Ceará, Brasil. Arq. Ciên. Mar. v. 27,p. 91-100. 1988.

SOUSA, R.C.A. Distribuição espacial dos poliquetas (ANNELIDA,

POLYCHAETA) dos Recifes de arenito na praia da Pedra Rachada (Paracaru

- Ceará). 2005. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) -

Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.

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AVALIAÇÃO DO EFEITO DE BORDA NA DISTRIBUIÇÃO DE DUAS

ESPÉCIES DE GASTRÓPODES ESTUARINOS.

Shimabukuro, Ayko Reinaldo; Targino, Mayára Gomes & Maia, Rafaela Camargo.

RESUMO: O estudo realizado avaliou a hipótese sobre a influência do efeito de borda

com moluscos das espécies Littoraria angulifera e Melampus coffeus no ecossistema

manguezal, se há diferença entre tamanho da concha e a densidade de caramujos dentro

do bosque e na borda. Os exemplares analisados na borda mostraram que a densidade e

o tamanho da concha foram maiores nos indivíduos L. angulifera, enquanto uma maior

densidade de M. coffeus ocorreu dentro do bosque e sem diferença significativa com seu

tamanho na borda ou dentro do bosque, indicando a influência do efeito de borda com

os moluscos estudados.

Palavras-chave: Efeito de borda; Manguezal; Moluscos.

1. INTRODUÇÃO

O efeito de borda pode ser definido como uma alteração na estrutura, na

composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de fragmentos

formados por barreiras naturais, como um rio, ou de origem antrópica, como o

desmatamento (Forman & Gordon, 1986). Nesses ambientes ocorrem mudanças

microclimáticas tais como nível de luz, temperatura, umidade e vento (Nascimento &

Laurance 2006, Primak & Rodrigues, 2001). Essas mudanças podem influenciar a

distribuição dos organismos em diversos ambientes (Primak & Rodrigues 2001).

Desta forma, o objetivo geral do presente estudo é avaliar a influência do efeito

de borda sobre espécies de gastrópodes estuarinos Littoraria angulifera (Littorinidae) e

Melampus coffeus (Ellobiidae) abundantes em manguezais de Acaraú.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Apesar dos moluscos serem um dos principais componentes da fauna de

manguezais, em riqueza de espécies e densidade de organismos, não se sabe como o

efeito de borda os influencia. Acredita-se que a morfologia da concha e a abundância de

Page 17: Livro de resumos

17

gastrópodes marinhos variam entre os diferentes ambientes, sendo o formato ou

tamanho da concha uma resposta a fatores como dessecação, salinidade e

hidrodinamismo (Maia et al., 2010).

___________________

Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida

Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE

Dessa forma, esses organismos podem responder as condições diferenciais

encontradas nas bordas dos fragmentos. Esse conhecimento torna-se essencial uma vez

que esses habitats encontram-se cada vez mais fragmentados em decorrências das

atividades humanas.

3. METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado no estuário médio do rio Acaraú, município de

Acaraú, litoral oeste do Estado do Ceará.

Para avaliar como o efeito de borda influencia a distribuição e abundância de

caramujos deste manguezal foram escolhidos aleatoriamente 3 sítios de coletas e em

cada sítio foi demarcado um transecto com duas parcelas de 100m² cada, paralelas ao

rio e distanciadas em 50 metros, sendo a primeira parcela delimitada com o início da

vegetação. Todos os indivíduos de Melampus coffeus e Litttoraira angulifera

encontrados foram coletados manualmente e posteriormente, os animais foram fixados

em álcool 70% e medidos com o auxílio de um paquímetro (precisão = 0,01 mm).

Para análise estatística, foi utilizado o teste T de Student. Os dados foram

transformados em logaritmo neperiano para alcançar as premissas do teste.

4. RESULTADOS

Foram coletados 580 indivíduos, sendo 282 Littoraria angulifera e 298

Melampus coffeus. Os resultados do teste T de Student mostraram que os exemplares de

L. angulifera apresentam menores valores de tamanho na borda do fragmento (15,62 +

4,98 DP mm) quando comparados com o interior do bosque de mangue amostrado

(16,19 + 4,14 DP mm) (t = 7,145; gl = 279; p < 0,001) enquanto para M. coffeus não

foram observadas diferenças significativas no tamanho da concha entre a borda (16,95 +

2,72 mm) e o centro do fragmento (17,92 + 2,93 DP mm) (t = 1,616; gl = 299; p =

0,107) (Fig. 1).

Page 18: Livro de resumos

18

Com relação à densidade de indivíduos no ambiente, os resultados da análise

estatística mostraram que na borda do fragmento os caramujos da espécie L. angulifera

(t = 7,145; gl = 279; p < 0,001) são mais abundantes que dentro do bosque e o inverso

ocorre com os indivíduos de M. coffeus, que dentro do bosque são mais abundantes que

na borda do fragmento (t = 1,616; gl = 299; p = 0,107). (Fig. 1)

Figura 1: Densidade de Melampus coffeus e Littoraria angulifera da borda e dentro do

bosque de mangue amostrado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os adultos de Littoraria angulifera conseguem se afastar da borda por possuírem

reservas de água no interior de sua concha, ocupando outros nichos dentro do bosque,

enquanto os juvenis, em maiores densidades, ficam restritos a região mais próxima ao

rio.

Por ser um molusco pulmonado, Melampus coffeus encontra melhores

condições de crescimento populacional em áreas mais distantes do rio,

independentemente do tamanho de sua concha.

Os dados apresentados indicam que na área estudada existe influência do efeito

de borda e que as espécies estudadas possuem uma distribuição diferencial dentro do

manguezal, possivelmente a fim de evitar a competição.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Mé d ia Er r o - p a d r ã o

Bo r d a D e n tr o

Posição

0

2 0

4 0

6 0

8 0

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Page 19: Livro de resumos

19

FORMAN, R.T.T. & GODRON, M. 1986. Landscape ecology. John Wiley, New York.

620 pp.

MAIA, R. C., LIMA-VERDE, F. B. & ROLEMBERG, K. F. 2010. Padrões de

distribuição vertical e horizontal de Littoraria angulifera (Lamarck, 1822) nos

estuários dos rios Ceará e Pacoti, Estado do Ceará. Arq. Ciên. Mar 43(2): 32-39.

NASCIMENTO, H.E.M. & LAURANCE, W. F. 2006. Efeitos de área e de borda sobre

a estrutura florestal em fragmentos de floresta de terra-firme após 13-17 anos de

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PRIMACK, B. R. & Rodrigues, E. Biologia da conservação: efeitos de borda. Londrina,

2001, p. 100-103.

Page 20: Livro de resumos

20

IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA ESTAÇÃO EÓLICA NA COMUNIDADE

DE VOLTA DO RIO EM ACARAÚ/CE

ROCHA, Maria Gleiciane da; TEIXEIRA, Ronyelle Vasconcelos; MATOS, Eugênio

Pacelli Nunes Brasil

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi identificar os impactos causados pela implantação de estações de energia eólica do ponto de vista da comunidade local, e apontar a necessidade de um planejamento adequado quanto à instalação dos parques eólicos, tendo em vista a fundamental importância da preservação do ambiente. Foi escolhida uma comunidade que abriga um parque eólico onde realizou-se a observação do local e, em seguida, a aplicação de um questionário para a comunidade. Verificou-se que houve inúmeros impactos positivos ao ambiente e a comunidade, contudo, observaram-se também alguns impactos negativos. Logo, conclui-se que a utilização de energia renovável é significativamente relevante, mas que apresenta ainda alguns pontos desfavoráveis à natureza.

Palavras chaves: Energia renovável. Energia eólica. Meio ambiente.

1. INTRODUÇÃO

As questões ambientais, hoje mais do que nunca, impulsionam a

comunidade mundial na busca de soluções eficientes e ecologicamente corretas para o

suprimento energético. O crescimento da energia eólica no mundo tem sido uma

resposta da sociedade por uma melhor qualidade de vida (DUTRA, 2001). Esta vem

tomando lugar e se difundindo como fonte alternativa e limpa graças aos seus diversos

benefícios (CORREA, 2010).

Contudo, assim como toda interferência humana no ambiente a energia

eólica também apresenta algumas características desfavoráveis (DUTRA, 2001). Assim,

não se pode ocultar esta situação e os problemas ocasionados a partir de sua instalação.

Logo, faz-se necessário, a realização de um estudo que mostre os impactos ambientais e

apresente possíveis soluções para minimizar os impactos negativos.

Segundo Moreira Jr. (2009), no Brasil há o problema do pequeno e

descontínuado número de pesquisas sobre energia eólica, com participação de

universidades, Governo e empresas nacionais, o que torna o país dependente de

tecnologia externa. Apesar disso, segundo Medeiros et al (2009) existem pesquisas em

Page 21: Livro de resumos

21

todas as regiões, em especial na região Nordeste, onde a mesma é apontada como a

detentora do maior potencial eólico.

Com base neste contexto, o objetivo do presente estudo foi identificar os

impactos causados pela implantação de estações de energia eólica do ponto de vista da

comunidade local, e apontar a necessidade de um planejamento adequado quanto à

instalação dos parques eólicos, tendo em vista a fundamental importância da

preservação do ambiente.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um levantamento bibliográfico em livros, sites e revistas

especializadas sobre energias renováveis, a fim de adquirir conhecimentos científicos

que embasassem a pesquisa. Em seguida, foi realizada uma visita técnica a localidade

de Volta do Rio, situada em Acaraú-Ce, onde existe uma estação de energia eólica.

Foi elaborado um questionário contendo 10 perguntas objetivas, contudo

informações adicionais às perguntas foram anotadas para o enriquecimento do trabalho.

As perguntas foram direcionadas a pescadores e moradores mais próximos da estação

eólica.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistados 16 moradores da comunidade de Volta do Rio, em sua

maioria pescadores. A idade média dos entrevistados era de 56 anos, sendo que 31%

nunca estudou, 68,8% fez o ensino fundamental incompleto e apenas 6% concluíram o

ensino médio.

Com relação ao conhecimento sobre energia eólica e os seus benefícios para

com o ambiente, 93,8% dos entrevistados responderam não ter esse conhecimento e

apenas 6,2% responderam entender a importância da energia eólica, percebe-se então

que houve uma falha por parte da empresa, em relação ao fornecimento de informações

sobre o assunto em questão para a comunidade.

Quanto às modificações na vegetação local durante a construção do parque

eólico, 19% responderam que houve mudanças, mas que não afetou de forma negativa

ao meio ambiente, 75% respondeu que não e 6% não notou diferença.

Page 22: Livro de resumos

22

A respeito de outros impactos causados a natureza, os quais bibliografia se refere,

tais como a migração de peixes, 31% responderam que esta migração foi afetada, 44%

disseram que não e 25% não souberam responder. Questionou-se também sobre a morte

de pássaros por colisões com as hélices, 100% dos entrevistados responderam que não

há. Quanto ao impacto sonoro, 73% responderam que os ruídos não atrapalham sua vida

cotidiana e 27% responderam que sim, mas apenas no início.

Quanto ao posicionamento com relação à instalação da central eólica, 75% eram a

favor, 25% eram neutros ou não sabiam se posicionar. E ao conhecimento da

importância da utilização da energia eólica para a preservação do meio ambiente, 100%

não possuíam conhecimentos a respeito, mostrando que realmente é necessário uma

intervenção maior tanto pelo governo como pela empresa responsável de realizar um

esclarecimento sobre a importância desta energia limpa para o homeme e o ambiente.

4. CONCLUSÃO

Conclui-se que na comunidade estudada a população em geral, apesar de

não possuir conhecimentos científicos com relação a esta fonte de energia, mostram-se a

favor de sua implantação, relatando os impactos causados, de acordo com seus

conhecimentos leigos a respeito. Por meio dos questionários, observaram-se nesta

comunidade poucos impactos negativos na natureza, ou seja, os benefícios oferecidos

foram bastante superiores.

REFERÊNCIAS

CORREA, P. M. Energia eólica: Análise teórica e sua aplicação no mundo. 2010. Monografia (Bacharel em Ciências Econômicas) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, p. 19-39. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26101/000755238.pdf?sequence=1> Acesso em: 27-06-2012.

DUTRA, R. M. Viabilidade técnico-econômica da energia eólica face ao novo marco regulatório do setor elétrico brasileiro. 2001. Tese (Mestrado em Ciências em Planejamento Energético) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p. 28-36 . Disponível em: <www.cresesb.cepel.br/download/teses_mestrado/200102_dutra_r_m_ms.pdf > Acesso em: 10-05-2012.

Page 23: Livro de resumos

23

MEDEIROS, S. S. de et al. Energia eólica: um estudo sobre a percepção ambiental no município de Currais Novos/RN. Holos, v. 3, n. 25, p.83-103, 2009.

MOREIRA JR, F. D. Contexto atual. In: JUNIOR, F.D.M. Viabilidade técnica/econômica para produção de energia eólica, em grande escala, no nordeste brasileiro. Curso de pós- graduação Lato Sensu em formas alternativas de energia da UFLA. 2009. Monografia (Especialista em Energia Eólica) UFLA, Lavras. Disponível em: <http://www.solenerg.com.br/files/tccfernandodelgado.pdf> Acesso em: 21/05/2012.

Page 24: Livro de resumos

24

O ARTESANATO DE RESÍDUOS DE PESCADO E SUCATA MARINHA COMO INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE

Rosenete P. Martins¹; Maria Aila Farias¹ & Soniamar Z. R. Saraiva¹.

RESUMO: A comercialização de conchas de moluscos na forma de artesanato vem

sendo reconhecida como fonte alternativa de renda para famílias de pescadores

artesanais em todo o Brasil. O município de Acaraú - CE, que tem na pesca e

aquicultura a base de sua economia, destaca-se pela abundância de conchas marinhas e

outros resíduos com potencial para utilização na confecção de artefatos artesanais.

Nesse contexto, o trabalho desenvolvido no IFCE-Campus Acaraú envolvendo alunos

dos Cursos Técnicos em Pesca e Aqüicultura através do grupo IFCe’Arte, tem como

objetivo avaliar as possibilidades da atividade artesanal como elemento dinamizador do

desenvolvimento local através da geração de novas fontes de renda, por meio do

artesanato com resíduos de pescado e sucata marinha. Na primeira fase do trabalho,

envolvendo a formação de multiplicadores da proposta, foram capacitados 10 alunos,

que participaram de todo o processo criativo até a comercialização dos artefatos. A

abundância de matéria-prima, o baixo custo de implantação e a boa aceitação dos

produtos, levam a concluir pela viabilidade da utilização desses materiais como fontes

alternativas de renda para as comunidades pesqueiras de Acaraú,

Palavras-chave: artesanato, desenvolvimento local, pesca artesanal, sucata marinha.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo de todo o litoral brasileiro, a comercialização de conchas de moluscos

na forma de artesanato, ou mesmo em estado natural, tornou-se importante como

alternativa de emprego e renda para pescadores, atividade essa que tem maior

importância junto às famílias mais pobres, por representar uma complementação de

renda, ou, muitas vezes, a única fonte de recursos das mesmas (Farias, 2007). O

município de Acaraú, localizado no litoral oeste do estado do Ceará, está inserido nesse

contexto tanto pela condição socioeconômica desfavorável, como em razão da

abundância de conchas marinhas e outros resíduos, representando um grande potencial

para utilização na confecção de artefatos artesanais.

Baseado nas informações sobre essa realidade e na demanda existente no

município, este trabalho tem como objetivo avaliar as possibilidades da atividade

Page 25: Livro de resumos

25

artesanal como elemento dinamizador do desenvolvimento local em comunidades

pesqueiras,

_______________________________

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales

Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE

através da geração de novas fontes de renda, por meio do artesanato oriundo de resíduos

de pescado e sucata marinha, matéria-prima abundante na região.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Para Pires (2006), a idéia de desenvolvimento local tem como principal

diferencial o fato de que pressupõe a participação e envolvimento dos diversos atores

locais. Para isso, esses atores devem estar conscientes de seus direitos e deveres, na

construção de um projeto coletivo. O princípio da cooperação, ao invés da competição,

é mais um dos diferenciais do desenvolvimento local em relação a outros modelos de

desenvolvimento econômico.

Para Callou (2007), cada território deve descobrir suas potencialidades

econômicas, para, a partir dessa descoberta, buscar o desenvolvimento, o que exige um

esforço coletivo dos seus diversos atores sociais, o que terá como forte empecilho as

frágeis condições de organização social, particularmente nos contextos populares rurais.

Sobre o trabalho artesanal, Leitão (2005) avalia que a população de muitos

Municípios brasileiros vem buscando na atividade artesanal uma alternativa para a falta

de emprego e renda. Alternativa essa quem tem possibilitado a melhoria da qualidade de

vida, desenvolvimento local e diminuição do êxodo rural.

Já no que se refere ao artesanato específico utilizando conchas marinhas, Farias

(2007) lembra que a vida e sobrevivência das comunidades humanas no litoral

dependem da utilização sustentável e da preservação dos ecossistemas costeiros. Nesse

contexto, a comercialização de conchas de moluscos na forma de artesanato, ou mesmo

em estado natural, tornou-se importante como alternativa de emprego e renda para

pescadores, feirantes e artesãos.

A autora observa ainda que, no nordeste brasileiro, embora não de forma tão

organizada quanto em outros Estados das regiões Sul e Sudeste do País, a

comercialização de conchas e de artesanato também é marca registrada da cultura de

famílias do litoral. Atividade essa que tem maior importância junto às famílias mais

Page 26: Livro de resumos

26

pobres, por representar uma complementação de renda, ou, muitas vezes, a única fonte

de recursos das mesmas. (Farias, 2007).

3. MATERIAL E MÉTODOS

O Trabalho vem sendo desenvolvido no IFCE-Campus Acaraú juntamente com

alunos dos cursos técnicos em Pesca e aquicultura através do grupo IFCe’Arte, e foi

dividido em duas fases distintas: a primeira, envolvendo o treinamento dos alunos que

deverão atuar como multiplicadores da proposta, e do teste de aceitação no mercado dos

produtos criados pelo grupo; e a segunda, com a disseminação desses conhecimentos

em comunidades pesqueira do município de Acaraú, através de Cursos de Formação

Inicial e Continuada, e que deverão ocorrer a partir do segundo semestre letivo de 2012.

4. RESULTADOS PARCIAIS

Desde o início das atividades, em maio de 2011, foram capacitados 10 (dez)

alunos dos Cursos Técnicos em Pesca e aquicultura do IFCE – Campus Acaraú, que

participaram das atividades práticas envolvendo desde a coleta de materiais,

desenvolvimento de novos produtos, embalagem, precificação e comercialização, via

feiras e eventos, além da participação no Centro de Negócios de Acaraú, numa

iniciativa da Prefeitura Municipal e do SEBRAE, envolvendo artesãos de todo o

Município.

Ao longo desse período, o IFCe’Arte realizou 04 exposições em eventos locais,

01 exposição em evento regional e 01 de âmbito nacional. Em todos esses eventos foi

registrada uma grande aceitação pelo público.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A abundância de matéria-prima, o baixo custo de implantação e a boa

aceitação dos produtos no mercado, constatada a partir de comercialização realizadas

em diferentes eventos, ao longo do primeiro ano do projeto, bem como o desempenho

satisfatório dos alunos participantes no que se refere às habilidades requeridas para sua

disseminação junto às comunidades levam a concluir pela viabilidade da utilização de

resíduos de pescado e sucata marinha como foco irradiador de um processo de

desenvolvimento local voltado para a geração de fontes alternativas de renda para as

Page 27: Livro de resumos

27

comunidades pesqueiras de Acaraú, contribuindo ainda para a criação de uma

identidade para o artesanato local.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLOU, A. B. F. Extensão Rural: polissemia e memória. Recife: Bagaço, 2007.

LEITÃO, Maria do Rosário de Fátima Andrade. Trabalho, gênero e desemprego em Lagoa do Carro. Revista Territórios 13/Bogotá, 2005. Págs. 115-132.

FARIAS, Márcia Fernandes de. Conchas de moluscos no artesanato cearense/Márcia Fernandes de Farias; Cristina de Almeida Rocha Barreira. – Fortaleza: NAVE/LABOMAR UFC, 2007.

PIRES, M. L. Cooperativismo e desenvolvimento local. In: TAVARES, J. R.; RAMOS, L. (Org.). Assistência técnica e extensão rural: construindo o conhecimento agroecológico. Manaus: IDAM, 2006. p.85-91. Disponível em: <http://comunidades.mda.gov.br/o/886017>. Acesso em: 22 set. 2009.

Page 28: Livro de resumos

28

AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE MOLINÉSIAS CULTIVADOS EM ESGOTO

DOMÉSTICO TRATADO.

Francisco L. M. Silveira1; José I. F. Vasconcelos Filho1; Emanuel S. Santos2.

RESUMO: Por meio da avaliação histológica dos órgãos de molinésias cultivados com

efluente de um sistema de lagoas de estabilização objetivou-se avaliar a adaptação

destes ao meio de cultivo. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos

com água bruta (AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET), onde foram

estocados alevinos de molinésia na densidade de 200 peixes/m³. Dez espécimes de cada

tratamento foram amostrados para histologia. Alterações clássicas de contaminação

ambiental foram evidenciadas nos rins e brânquias dos peixes analisados. Dentre as

alterações observadas a oclusão de túbulos renais, hipertrofia das células desses túbulos,

fusão das lamelas branquiais e hiperplasia das células de cloreto foram as mais

frequentes. A histologia mostrou-se uma eficiente ferramenta de investigação da

qualidade do ambiente de cultivo, utilizando a própria espécie alvo como bioindicadora.

Palavras-chave: Bioindicadores, Brânquias, Lagoas de Estabilização, Reúso de água,

Rins.

INTRODUÇÃO

A descarga de efluentes industriais, agrícolas e domésticos no ambiente resulta

na poluição dos ecossistemas aquáticos (BERNET et al., 1999). A exposição dos

animais a altas concentrações de poluentes pode levar rapidamente a morte, no entanto,

se os poluentes estiverem em baixas concentrações os danos podem ser crônicos, sendo

seus efeitos manifestados em longo prazo (AUSTIN, 1999).

Por meio da avaliação histológica dos órgãos de molinésias, Mollienesia spp.,

cultivados com efluente de um sistema de lagoas de estabilização objetivou-se avaliar a

condição de bem estar destes peixes.

REVISÃO LITERÁRIA

É possível utilizar a histopatologia para avaliar a qualidade ambiental e de bem

estar de peixes, pois permite examinar órgãos específicos, como brânquias, rins e

fígado, que são responsáveis por funções vitais (GERNHOFER et al., 2001) e nos quais

1 Aluno do Curso Técnico em Aquicultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus Acaraú;

2 Professor do Curso Técnico em Aquicultura do IFCE campus Acaraú;

Page 29: Livro de resumos

29

as alterações são de fácil identificação e podem apontar problemas na saúde dos animais

(FANTA et al., 2003).

A avaliação histopatológica tem sido utilizada em estudos com efluentes de

estação de tratamento de esgoto, podendo-se citar os realizados por Coutinho; Gokhale

(2000), que verificaram os efeitos nas brânquias de carpa comum, Cyprinus carpio, e

tilápia de Mossambique, Oreochromis mossambicus; e por Giensey et al. (2003), os

quais verificaram os efeitos nos órgãos reprodutores do peixe ornamental kinguio

(japonês), Carassius auratus.

MATERIAIS E MÉTODOS

A espécie cultivada foi o molinésia, Mollienesia spp., na densidade de 200

peixes/m³. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com água bruta

(AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET). O efluente utilizado foi

proveniente de uma ETE com tecnologia de lagoas de estabilização.

Ao final do experimento foram retirados dez peixes aleatoriamente de cada

tratamento testado, os quais foram anestesiados, sacrificados e fixados com solução de

Davidson. As lâminas foram preparadas conforme descrito em Camargo; Martinez

(2007). Para identificar a influência do meio ambiente no bem estar dos peixes

cultivados, utilizou-se o protocolo proposto por Benet et al. (1999) para a avaliação dos

tecidos amostrados.

RESULTADOS

Excetuando-se as brânquias e rins, não foram observadas alterações

significativas e nenhum outro órgão dos peixes cultivados nos três tratamentos

experimentais. Na Tabela 01 podem ser observados os valores obtidos através do índice

de alteração dos tecidos para as brânquias e rins dos três tratamentos experimentais.

Tabela 01: Resultados (média ± desvio padrão) dos índices de alteração das brânquias e rins atribuídos através da avaliação histopatológica dos peixes.

ÓRGÃOSTratamentos Experimentais

pET ED AB

Brânquias 10,6±5,0b 10,4±4,1b 16,0±4,3a 0,0081Rins 21,7±7,0a 17,0±7,7ab 12,7±3,6b 0,0173ET: Esgoto tratado; ED: Esgoto diluído AB: Água bruta.

Alterações clássicas de contaminação ambiental foram evidenciadas nos rins e

brânquias dos peixes analisados. A Análise de Variância mostrou diferença significante

dos tratamentos ED e ET em relação ao controle, mas não entre si. Dentre as alterações

Page 30: Livro de resumos

30

observadas a oclusão de túbulos renais, hipertrofia das células desses túbulos, fusão das

lamelas branquiais e hiperplasia das células de cloreto foram as mais frequentes. A

Figura 44 permite a visualização de algumas das alterações estruturais encontradas no

presente estudo.

Figura 01: Amostras de alterações nos tecido utilizados na avaliação hitopatológica dos peixes cultivados, (A) tecido branquial de peixe do tratamento AB; (B) tecido renal de peixe do tratamento ET.

Legenda: (A) Brânquia tratamento AB; levantamento do epitélio (seta branca); hipertrofia e hiperplasia dos ionócitos (seta verde); fusão lamelar (chave branca). (B) Rim tratamento ET; hipertrofia glomerular e diminuição do espaço de Bowman (seta branca); túbulo com núcleo celular hipertrofiado (seta amarela); túbulo com vacuolização das células epiteliais (seta verde); oclusão do túbulo renal e degeneração do epitélio (seta preta).

CONCLUSÕES

A histologia mostrou-se uma eficiente ferramenta de investigação da qualidade

do ambiente de cultivo, utilizando a própria espécie alvo como bioindicadora. Apesar

das alterações histológicas causadas nos tratamentos experimentais o que utilizou esgoto

tratado diluído mostrou melhores condições ambientais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUSTIN, B. The effects of pollution on fish health. Journal of Applied Microbiology, Symposium

Supplement, v. 85, p. 2348-2428, 1999.

BENET, D.; SCHMIDT, H.; MEIER, W.; BURKHARDT-HOLM, P. WAHLI, T. Histopathology in fish:

proposal for a protocol to assess aquatic pollution. Journal of Fish Diseases. v. 22, p. 25-34, 1999.

CAMARGO. M.M.P.; MARTINEZ, C.B.R. Histopathology of gills, kidney and liver of a Neotropical

fish caged in an urban stream. Neotropical Ichthyology, v. 5, n. 3, p. 327-336, 2007

COUTINHO, C.; GOKHALE, K.S. Selected oxidative enzymes and histopathological changes in the gills

of Cyprinus carpio and Oreochromis mossambicus cultured in secondary sewage effluent. Water

Research, v. 34, p. 2997-3004, 2000.

Page 31: Livro de resumos

31

FANTA, E.; RIOS, F.S.; ROMÃO, S.; VIANNA, A.C.C.; FREIBERGER, S. Histopathology of the fish

Corydoras paleatus contaminated with sublethal levels of organophosphorus in water and food.

Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 54, p. 119-130, 2003.

GERNHOFER, M.; PAWET, M.; SCHRAMM, M.; MÜLLER, E.; TRIEBSKORN, R. Ultrastructural

biomarkers as tools to characterize the health status of fish in contaminated streams. Journal of

Aquatic Ecossystem, Stress and Recovery, v. 8, p. 241-260, 2001.

GIENSY, J.P.; SNYDER, E.M.; NICHOLS, K.M.; SNYDER, S.A.; VILLALOBOS, S.A.; JONES, P.D.;

FITZGERALD, S.D. Examination of reproductive endpoints in goldfish (Carassius aurata) exposed

in situ to municipal sewage treatment plant effluent discharges in Michigan, USA. Environmental

Toxicology and Chemistry, v. 22, p. 2416-2431, 2003.

Page 32: Livro de resumos

32

IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA PRESENTE EM

PISCICULTURA ABASTECIDA COM ELFUENTES TRATADOS

José I. F. Vasconcelos Filho3; Francisco L. M. Silveira1; Emanuel S. Santos4.

RESUMO: Através da identificação da comunidade fitoplanctônica objetivou-se

verificar a adequabilidade do esgoto doméstico tratado em lagoas de estabilização para

o cultivo de peixes. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com

água bruta (AB), esgoto tratado diluído com água bruta (ED), e esgoto tratado (ET),

onde foram estocados alevinos de molinésia na densidade de 200 peixes/m³. Foram

coletadas amostras da água de cultivo de cada um dos tratamentos experimentais,

utilizando uma de rede de plâncton de 20µm de abertura de malha. As identificações

foram por meio de microscopia de campo claro. Foi calculada a frequência relativa de

aparecimento (FRA) dos gêneros e táxons identificados. As principais classes

observadas foram as Chlorophyceas, Cyanophyceas, Bacillariophyceas,

Zignemaphyceas e Euglenophyceas.

Palavras-chave: Bioindicadores de poluição, Efluentes de Lagoas de Estabilização,

Microalgas, Reúso de água.

INTRODUÇÃO

A utilização do alimento natural pelos peixes filtradores é uma das formas que o

réuso de água permite reciclar os nutrientes que seriam desperdiçados nas águas

residuárias. Com essa prática se promove a economia dos recursos naturais pela

eliminação dos fertilizantes que seriam aplicados para a promoção do crescimento

desses organismos; e pela redução da poluição que seria lançada aos corpos de água

através dos efluentes, contribuindo para a sustentabilidade ambiental da piscicultura.

Através da identificação da comunidade fitoplanctônica objetivou-se verificar a

adequabilidade do esgoto doméstico tratado em lagoas de estabilização como fonte de

alimento para o cultivo do peixes filtradores fitoplantófagos.

REVISÃO LITERÁRIA

Os fluxos de energia dos ecossistemas envolvem diversos níveis de seres vivos.

Os vegetais fotossintetizantes absorvem a energia solar, armazenando-a como energia

potencial, na forma de compostos químicos altamente energéticos constituintes de

alimentos (BRAGA et al., 2005). Estes organismos formam a base da cadeia alimentar.

3 Aluno do Curso Técnico em Aquicultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus Acaraú;

4 Professor do Curso Técnico em Aquicultura do IFCE campus Acaraú;

Page 33: Livro de resumos

33

O objetivo de fertilizar um viveiro é promover o desenvolvimento da

produtividade primária e secundária (HARNISZ; TUCHOLSKI, 2010). Este é o mesmo

objetivo quando se utilizam excretas, produzindo o alimento natural necessário aos

peixes (EDWARDS, 1992), pois o esgoto doméstico tratado é rico em nitrogênio e

fósforo, elementos essenciais para o crescimento da comunidade fitoplanctônica.

Lagoas de estabilização produzem grandes quantidades de bactérias, fito e

zooplâncton, os quais auxiliam no tratamento do efluente (BDOUR; HAMDI;

TARAWNEHA, 2009). Esses mesmos organismos podem ser prontamente aproveitados

na alimentação de peixes planctófagos (filtradores e detritívoros).

MATERIAIS E MÉTODOS

A espécie cultivada foi o molinésia, Mollienesia spp., na densidade de 200

peixes/m³. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com água bruta

(AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET). O efluente utilizado foi

proveniente de uma ETE com tecnologia de lagoas de estabilização.

Foram coletados 1.000 mL de amostra concentrada de 10 litros da água de

cultivo de cada um dos tratamentos experimentais, utilizando uma rede de plâncton de

20µm de abertura de malha.

As identificações foram por meio de microscopia de campo claro utilizando

objetiva 40x. Foram realizadas observações em cinco (05) lâminas de cada tratamento

experimental. Foi calculada a frequência relativa de aparecimento (FRA, expressa em

%) dos gêneros e táxons identificados, usando a Equação: FRA = (n/N) x 100; onde: n:

número de organismos identificados na amostra por gênero ou táxon; N: número total

de organismos identificados na amostra.

RESULTADOS

No Quadro 01 estão expostos os gráficos dos três tratamentos experimentais

contendo a frequência relativa de aparecimento (%) dos gêneros e táxons do

fitoplâncton identificado na água de cultivo do peixe ornamental Mollienesia sp. além

de algumas imagens de microalgas identificadas no presente estudo.

Page 34: Livro de resumos

34

Foram identificados organismos fitoplanctônicos de dezoito táxons divididos em

seis classes. Destas, as mais representativas foram: Chlorophyceae, com sete gêneros

identificados; e Cyanophyceae, com cinco gêneros identificados. Estas duas classes

foram também as únicas identificadas nas amostras de água dos três tratamentos

experimentais.

CONCLUSÕES

Observou-se a incidência das mesmas classes de microalgas presentes nos

sistemas tratamento de esgoto doméstico que utilizam a tecnologia de lagoas de

estabilização, nos tanques abastecidos com esse efluente.

As principais classes observadas foram as Chlorophyceas, Cyanophyceas,

Bacillariophyceas, Zignemaphyceas e Euglenophyceas, sendo as quatro primeiras

reconhecidamente aproveitáveis como alimentação na aquicultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BDOUR, A.N.; HAMDI, M.R.; TARAWNEHA, Z. Perspectives on sustainable wastewater treatment

technologies and reuse options in the urban areas of the Mediterranean region. Desalination, v. 237,

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