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LIVRO DIDÁTICO, CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA NA ESCOLA
MUNICIPAL JOSÉ NUNES DE FIGUEIREDO EM OURO BRANCO/RN
Marilene Lucena de Sousa*
Almir de Carvalho Bueno – Orientador†
RESUMO
O Ensino de História da África e dos povos africanos no Brasil, bem como a História
indígena, deve estar presente no ambiente escolar, tanto nas escolas públicas quanto privadas.
A Lei 11.645/08 estabelece a obrigatoriedade dessa modalidade de ensino. Dessa forma, será
abordado no presente trabalho a análise do livro didático adotado na escola José Nunes de
Figueiredo na cidade de Ouro Branco, Rio Grande do Norte. As abordagens dos conteúdos
referentes à cultura africana e afro-brasileira serão o foco principal do trabalho. De forma
crítica analisaremos os conteúdos que versam sobre a cultura africana que permeia nossa
própria história. O objetivo é problematizar o ensino de História e cultura africana e afro-
brasileira no espaço escolar, bem como produzir uma reflexão sobre como, nós professores,
estamos atuando em sala de aula. Além dos eixos elencados acima, a pesquisa contribuirá
para a capacitação e formação dos professores que atuam no ensino público e privado. Um
processo de reflexão da nossa atuação no ambiente escolar. O aporte teórico compõe o leque
de historiadores que trabalham com o tema, tais como Giarola (2010), Guimarães (2008),
Oliva (2003) e a Lei 11.645/08. Para dar respaldo ao trabalho, utilizamos como metodologia a
análise do livro didático e observação na sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE
Livro didático. Temática afro-brasileira. Indígena.
* Discente do Curso de Especialização em História e Cultura Africana e Afro-Brasileira – Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES), Campus de Caicó,
Departamento de História (DHC). Graduado em Pedagogia pela UFRN, CERES, Campus de Caicó. Professor da
Rede Municipal de Ensino, na Escola Municipal José Nunes de Figueiredo (Ouro Branco-RN), onde é Pedagoga.
E-mail: [email protected] † Professor do DHC, CERES, UFRN. E-mail: [email protected]
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TEXTBOOK, THEMATIC AFRO-BRAZILIAN AND INDIGENOUS IN THE
MUNICIPAL SCHOOL OF JOSÉ NUNES DE FIGUEIREDO, OURO BRANCO / RN.
ABSTRACT
The African History and Education of African peoples in Brazil, as well as the indigenous
history, must be present in the school environment, both in public and private schools. Law
11,645 / 08 establishes the obligation of this type of education. Thus, will be addressed in the
present study the analysis of the textbook adopted in school José Nunes Figueiredo at the
Ouro Branco city, Rio Grande do Norte. The approaches of content related to African culture
and african-Brazilian will be the main focus of the work. Critically analyze the contents that
relate to the African culture that permeates our own history. The intention is to discuss the
teaching of history and African culture and african-Brazilian at school as well as produce a
reflection on how we teachers, we are working in the classroom. Besides the above listed
axes, the research will contribute to capacity building and training of teachers who work in
public and private education. A reflection process of our work in the school environment. The
theoretical framework makes up the range of historians working with the theme, such as:
Giarola (2010), Gumarães (2008), Oliva (2003) and Law 11,645 / 08.
KEYWORDS
Textbook. Thematic african-Brazilian. Indigenous.
FONTES
Livro didático ―A escola é nossa‖.
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INTRODUÇÃO
O Ensino de História da África e dos povos africanos no Brasil, bem como a História
indígena, deve estar presente no ambiente escolar, tanto nas escolas públicas quanto privadas.
A Lei 11.645/08 estabelece a obrigatoriedade dessa modalidade de ensino. A lei em questão é
a resposta da resistência e reivindicações que ocorreram ao longo do tempo e da história.
O negro figurou por muito tempo um espaço que o envolveu no obscurantismo ficando
à margem da história que adentrava os bancos das escolas. Sua dispersão e seus caminhos no
processo histórico não estiveram presentes em uma parcela considerável da historiografia,
pelo menos em boa parte dela, nem nos livros didáticos utilizados nas escolas, inclusive a
brasileira. Quando muito, indicavam que essas populações africanas serviam para o trabalho
escravo nas plantações de café, cana-de-açúcar ou no período em que a extração do ouro
requisitou mão-de-obra mais resistente.
Alguns excessos foram cometidos no que concerne à historiografia africana quando
nos referimos ao branqueamento e marginalização do negro, nesse sentido o campo
educacional brasileiro sofreu danos. Visto que irrompeu uma história dos vencidos, no sentido
de branca. Percebemos as lacunas que persistem na contemporaneidade em detrimento da
falta desse conteúdo na grade curricular das escolas brasileiras.
No momento em que não oferecemos o suporte necessário para que essas crianças
aprendam e recriem o cenário histórico da atuação africana na historiografia brasileira
sonegamos o direito ao conhecimento que os educandos possuem.
O papel da educação é significativo para o desenvolvimento humano, para a
formação da personalidade e aprendizagem. Nos primeiros anos de vida, os
espaços coletivos educacionais os quais a criança pequena frequenta são
privilegiados para promover a eliminação de toda e qualquer forma de
preconceito, discriminação e racismo. As crianças deverão ser estimuladas
desde muito pequenas a se envolverem em atividades que conheçam,
reconheçam, valorizem a importância dos diferentes grupos étnico-raciais na
construção da história e da cultura brasileiras (BRASIL. MEC, 2003).
Em consonância com o texto indicado pelo Ministério da educação, o trabalho visa
analisar o uso do livro didático na Escola Municipal José Nunes de Figueiredo, volume que é
destinado ao Ensino Fundamental (infantil). A introdução dos conteúdos referentes ao ensino
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da História e Cultura africana e afro-brasileira, além de enriquecer o aprendizado dos alunos e
seu desenvolvimento na sociedade abarca as relações étnicas com os colegas. A disseminação
dessa historiografia nas escolas por meio do livro didático enriquece o desenvolvimento e
aprendizado dos educandos, como também favorece o fortalecimento dos laços históricos
entre a sociedade contemporânea e a historiografia brasileira. Porém, alguns dos livros
adotados pelas escolas, um deles é o volume ―A escola é nossa‖, não abrange todos os
conteúdos que referenciam a cultura africana, quando muito abordam, o espaço destinado é
demasiadamente resumido.
Com a falta das abordagens sobre a temática africana nos livros utilizados nas escolas
deixamos espaços vazios no aprendizado dessas crianças impossibilitando-as de conhecer
uma cultura que é maior que o conhecimento que elas adquirirão ao longo dos anos.
Permanecer nesse patamar é o mesmo que fomentar uma ignorância situacional da própria
história do país onde essas crianças nasceram, é sonegar a história e cultura que faz parte da
construção social do povo brasileiro.
No momento em que não expomos, não abordamos em sala de aula os conteúdos que
versam sobre a temática africana, nós minimizamos o poder de reflexão desses alunos, não
permitimos que eles alarguem sua visão com outros caminhos culturais percorridos ao longo
da história. Sobre o fato as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil,
informa que esse conjunto de saberes ―possibilitem vivências éticas e estéticas com outras
crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no
diálogo e reconhecimento da diversidade‖ (Resolução CNE/CEB/2009).
A questão que envolve o livro didático e a distribuição dos conteúdos relacionados à
história e cultura africana é um desafio para a sociedade brasileira do século XXI. Vários
fatores influenciam diretamente na escassez do conteúdo exposto nos livros didáticos
utilizados pelas escolas, o tempo destinado às aulas da disciplina de História é curto e nem
sempre se pode abarcar a historiografia africana contida nesse livro. Dessa forma percebemos
que o problema não é só o livro e o tempo destinado ao ensino e aprendizado dos alunos, a
problemática vai além, ultrapassa os muros da escola.
Problematizando as questões citadas acima, como a peculiaridade da estrutura
educacional vigente, será abordada a problemática dos conteúdos contida no livro didático de
Rosemeire Alves Tavares e Maria Eugênia Bellusci Cavalcante, ―A escola é nossa‖. É um
livro destinado ao 3° ano do Ensino Fundamental, sua edição é de 2011. A intenção será
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voltada para as abordagens contidas no referido livro sobre a história da cultura afro-brasileira
e indígena. O livro didático mencionado é usado na Escola Municipal José Nunes de
Figueiredo na cidade de Ouro Branco, Rio Grande do Norte. Dessa forma nos ateremos ao uso
desse livro na sala de aula, visto que os conteúdos relativos a cultura africana e afro-brasileira
e indígena são resumidos.
A ESCOLA COMO PALCO DE REFLEXÃO DO ENSINO DA CULTURA
AFRICANA
A Escola Municipal José Nunes de Figueiredo teve sua fundação em 30 de
novembro de 1979, pela Lei de Nº 181/78. No momento a administração da cidade estava nas
mãos do Prefeito Municipal Dr. Francisco Lucena de Araújo Filho. A escola foi autorizada a
funcionar pela portaria Nº 116/83, de 07 de abril de 1983. Atualmente, a Escola Municipal
José Nunes de Figueiredo está localizada na Avenida José da Penha - S/N.
O livro citado é usado há alguns anos nessa escola e é o embasamento para nós
professores em exercício. Por meio dele articulamos aulas e intervenções em sala de aula.
Claro que não nos restringimos ao livro didático, mas ele é necessário. O que nos preocupa é
o conteúdo e o pouco espaço destinado aos assuntos culturais africanos e indígenas.
Ao ler o livro e questionar o que nele é apresentado foi possível perceber o que as
abordagens sobre a História da África são rasas. Nessa rápida análise, questionamos sobre as
designações contidas na Lei Nº 11.645, de 10 março de 2008. A mesma exige os conteúdos
relativos à História e cultura afro-brasileira e indígena, fato já mencionado acima. No entanto,
nem sempre os conteúdos estão presentes, ou são muito superficiais em sua estrutura.
O livro ―A escola é nossa‖, com edição de 2011 e PNLD (Programa Nacional do Livro
Didático) estendido de 2013 até 2015, possui uma estrutura que foge aos pré-requisitos
estabelecidos na lei citada acima. Várias imagens são utilizadas como recurso didático para o
ensino das crianças, porém o conteúdo referente às mesmas é superficial e com abordagens
rápidas. Como reforça Oliva,
Se o ensino de História no Brasil passou por uma profunda transformação
nos últimos vinte anos, a mesma parece não ter atingindo de forma
significativa o estudo da História da África. Da criação da primeira cátedra
de História no país, em 1838, no Colégio Pedro II, até o final dos anos 1970,
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as mudanças no ensino da disciplina foram limitadas pelo modelo positivista
hegemônico em uso. Porém, os anos 1980 e 1990 reservaram um espaço
fecundo e estimulante para a (re) significação de sua existência. Estabeleceu-
se um diálogo, mais ou menos aberto, entre os diversos setores interessados
em repensar a abordagem da História em sala de aula. Outras perspectivas
teóricas — Marxismo e História Nova — passaram a inundar os livros
didáticos, levando à incorporação de abordagens econômicas estruturais e
temáticas dos conteúdos tratados ou determinados pelos currículos. (OLIVA,
2003, p.424)
Quando indagamos os conteúdos abordados no livro, não encontramos os fatos e
abordagens que nos fazem pensar a História da África e afro-brasileira. A explanação do
conteúdo é disperso e não condensa os valores culturais e históricos da cultura africana como
é exigido na Lei 11.645/08. Vale ressaltar que o espaço destinado a expressar a relação
histórica da criança com o ambiente escolar está circunscrito ao espaço de página 21 do livro.
No entanto, a linha tênue que figura entre o livro didático e a prática do ensino é difícil de
serem ordenadas por causa, inclusive do tempo destinado às aulas de História.
Na página 18 encontramos algumas interferências que se referem aos povos indígenas
no texto. Se no texto que estabelece a Lei relatada acima não deixa explícito a criação de uma
disciplina que abarque esses conteúdos, então devemos encaixá-los na grade curricular da
disciplina de História, em outros momentos até na disciplina de Arte. Mas a questão que nos
envolve é a inexistência dos aspectos culturais indígenas e não só africanos. Se não existem
abordagens referentes à construção familiar e os valores indígenas, como apresentaremos aos
nossos alunos as formações familiares que se distinguem das nossas?
Seguindo a leitura, na página 32 encontramos um bloco com os dizeres ―É bom saber‖
que faz referência à história oral que é encontrada entre os povos africanos. Uma abordagem
significativa da cultura africana. Por meio da oralidade, muitas histórias foram passadas entre
as gerações, inclusive quando nos referimos aos fatores religiosos internalizados pelos
africanos.
Não podemos pensar que um livro endereçado às crianças do 3° ano do Ensino
Fundamental deve ser formado unicamente por imagens com ausência do texto referente às
mesmas ou na diminuição dessa escrita. Por que não foram abordadas no contexto dessa
arquitetura do livro didático as problematizações que envolvem o decreto lei de 17 de
fevereiro de 1854, onde estabelecia que as crianças que estivessem na condição de escravas
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não poderiam estudar? Elas fazem parte da história do país e estão inseridas em uma
determinada sociedade e reflete na contemporaneidade.
De acordo com o exposto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação nas
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana
temos que:
O Decreto nº 1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabelecia que nas
escolas públicas do país não seriam admitidos escravos, e a previsão
de instrução para adultos negros dependia da disponibilidade de
professores. O Decreto nº 7.031-A, de 6 de setembro de 1878,
estabelecia que os negros só podiam estudar no período noturno e
diversas estratégias foram montadas no sentido de impedir o acesso
pleno dessa população aos bancos escolares. (BRASIL, 2004)
É de extrema importância que os livros didáticos adotados pelas escolas, inclusive a
Escola Municipal José Nunes de Figueiredo, viabilizem uma boa estrutura e que esta
possibilite ao educador uma teoria que satisfaça o respaldo para atuar na sala de aula. O livro
analisado além de bastante resumido é direcionado ao professor, no caso, ao professor
polivalente.
Seguindo mais adiante na análise do livro didático, mais precisamente nas páginas 35
a 37, nos deparamos com os conteúdos referentes ao contexto e a estrutura familiar na
sociedade brasileira no período de 100 anos, assim citado pelas autoras, mas não demarcado,
exatamente o período. Nessas poucas páginas observamos a estrutura familiar em vários
períodos e contextos, é notável a figura da mulher e sua representação no setor trabalhista,
porém não encontramos a formação familiar negra e sua estrutura.
Como ensinar a diversidade cultural aos alunos do 3° ano do Ensino Fundamental se
não é apresentada a estrutura familiar de origem negra? O que falar para as crianças negras a
inexistência da família negra no livro utilizado na escola? Na falta de imagens favoráveis as
explicações na sala de aula o professor deve fazer uso de outras ferramentas, tais como
exemplificar a estrutura familiar presente no cotidiano dos alunos.
O uso das imagens para ilustrar e favorecer o aprendizado das crianças é salutar, mas
devemos levar em consideração o contexto étnico-racial do colegiado que compõe a sala de
aula. Os alunos enxergam seus colegas e produzem suas representações de acordo com o
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contexto no qual estão inseridas. O que fazer para explicar ao aluno que sua família não faz
parte das ilustrações contidas nos livros que ele usa? Como aguçar o poder crítico desse aluno
em relação às estruturas familiares existentes no período citado no livro se esse educando não
se enxerga no contexto abordado? Para essa e outras perguntas a resposta plausível seria a
reformulação dos livros adotados pelas escolas.
Prosseguindo com a análise sobre as lacunas contidas no livro didático ―A escola é
nossa‖, na página 51 podemos encontrar um texto que faz referência a História africana. O
mesmo versa sobre a Mamba, brincadeira que é caracterizada por ―pega-pega‖. A imagem é
acompanhada por um texto explicativo sobre a brincadeira, os desenhos contidos na figura
fazem referência à diversidade cultural – branco, negro, mestiço.
Apresentar a variedade cultural contribui para a formação das capacidades do aluno,
inclusive quando nos referimos ao trato social e a interação com as outras pessoas do nosso
convívio. A referida imagem nos faz refletir sobre o contexto histórico da África e que esse
continente não foi só palco da exportação de escravos, mas foi palco onde os laços familiares
se fortaleciam e onde as crianças também compartilham sorrisos. Enxergamos aí acertos e
tropeços, este bem mais.
O trabalho não visa desmerecer a escrita e o esforço das autoras, pelo contrário, a
crítica é feita aos livros didáticos que não abordam a cultura africana e indígena de forma
mais abrangente e detalhada. O que se quer é a mudança dessa realidade nas escolas, não só
na Escola Municipal José Nunes de Figueiredo, mas em outras instituições de ensino, públicas
ou privadas.
A partir da página 80 até a página 90, as autoras, Rosemeire Alves Tavares e Maria
Eugênia Bellusci Cavalcante, denominam a unidade da seguinte forma: O trabalho em nosso
dia a dia. Foram questionadas as relações de trabalho existentes no período citados pelas
autoras. As perguntas que surgiram não foram respondidas, visto que as representações
existentes no livro não fazem referência aos enlaces trabalhistas que os negros africanos
desenvolveram no período de cem anos, tempo cronológico citado pelas autoras.
As relações trabalhistas não são exploradas com maior ousadia, limitando-se ao uso de
imagens e alguns poucos textos escritos. A periodização de cem anos, largamente citada no
livro, nos faz lembrar que há cem anos vários países da África não eram independentes. No
livro não existe referência plausível sobre as relações trabalhistas entre africanos e brancos ou
brancos e africanos. Não existiam relações nos termos citados? O que aconteceu com essas
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formulações? Por algum motivo que desconhecemos foram suprimidas no decorrer da escrita
do livro didático.
É certo que esse trabalho está interessado em um novo contexto para a adoção dos
livros didáticos, que venhamos a analisar com melhor desempenho os livros que serão
adotados pelas escolas.
Analisando uma atividade contida e proposta no livro didático abordado, algo sutil se
fez presente, uma das questões faz referência aos profissionais e a profissão em destaque, o
triste é que não percebemos a cultura negra nas ilustrações destacadas. Pensariam as crianças
que as profissões são formadas, unicamente, pela figura do ―homem branco‖? Como elas
estariam representadas nessas situações? Essas questões nos inquietam, visto que forjamos
uma visão em nossos alunos que privilegiam uma formação estrutural trabalhista excludente,
tendo em vista que não aparece a figura do negro como agente ativo no ambiente de trabalho.
Vejamos a imagem comentada (Figura 1):
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Figura 1 – Atividade sobre as profissões modernas.
Fonte: Retirada do livro ―A escola é nossa‖ de Rosemeire Alves e Maria Eugênia Bellusci, p.
94.
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REFLEXÃO FINAL
Por fim, entendemos que as relações que envolvem a História e cultura africana e
indígena são contempladas de forma rasa e superficial nos livros didáticos utilizados pelas
escolas brasileiras. E não como determina a obrigatoriedade dos conteúdos assinalados pela
Lei 11.645/08. É necessário que repensemos como estamos formando nossos alunos, quais as
representações que estão sendo formadas.
Somos os formadores dos sonhos e princípios dos alunos que estão nas salas de aula,
portanto, devemos contribuir para que esses alunos alarguem sua visão sobre os conteúdos a
cerca da história africana e indígena. Além de propor novas intervenções que não estejam,
unicamente, embasadas no livro didático utilizado no momento pela instituição de ensino. O
que não interfere no uso desse livro atrelado a outra metodologia de ensino.
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REFERÊNCIAS
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a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e
africana: uma conversa com historiadores. Estudos Históricos, Rio de janeiro, v. 21, n. 41, p.
5-20, jan./jun. 2008.
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educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira
e africana na educação básica. 2004.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática ―História e
Cultura Afro-Brasileira‖, e dá outras providências. Brasília, 2003.
GIAROLA, Flávio Raimundo. Racismo e teorias raciais no século XIX: Principais noções e
balanço historiográfico. Revista história e-história. ISSN 1807-1783. Publicação organizada
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2010.
MATA, André Luís Nunes da. O silêncio das crianças: representação da infância na
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2006.
OLIVA, Anderson Ribeiro. A História da África nos bancos escolares.: Representações e
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Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/eaa/v25n3/a03v25n3.pdf>. Acesso em: 12 jan.
2016.
PENTEADO, José de. A Didática e Pratica de ensino: Uma Introdução Crítica. São Paulo,
Mcgraw-Hill do Brasil, 1979.
TAVARES, Rosemeire Aparecida Alves; BELLUSCI, Maria Eugênia. A escola é nossa:
história, 3° ano. São Paulo: Scipione, 2011. 1 imagem.