Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

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  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    1/58

    Raimunda

    tledeiros

    ermano

    Dados

    nternacionais

    eCatalogação

    aPubl icação

    ClP)

    (Câmara

    rasileira

    o

    Livro,

    P, rasil)

    ( lcntrano.

    Rairnunrlaíetlçiros.

    Iì lucaçào ir lcologia

    la

    nfcnnagenr o I lrasil

    l{ainrunrlar ' lçr leiros

    (ìennanr-r .ì. r l. Srìo )aulo Corlez, l9()1.

    lì b ogra ìa.

    ÌSllN 85-249-()-15ì-4

    L I:nlcrnragcm

    l:sludoe

    cnsino l l rasi l l . l ìev is la l rasi lç i ra lc

    IÌn rrn;rgcrn. ' l í tu lo .

    c

    I

    l ) -6

    1.7(t9E

    l-1-20 (r 6l() .7.ì050

    Índicesara atálogoistemático:

    | .

    [ ] ras i l

    :

    l :n errnagern

    I :s ludo c

    els ino

    ír ) .7()()B

    2. l ìcv is las :

    l rn l innagcm

    o Ì0.7- l t l5

    Enfermagem

    o

    rasil

    3iediçáo

    Dducação

    deologia

    da

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    2/58

    Agradeco

    a

    todos

    os

    trabalhadores

    de

    saúde

    e

    de

    educacão

    que

    ainda

    acreditam

    na

    transformacão

    da real idade

    socia l

    e,

    porque

    acreditam,

    utam

    incessantemente

    por

    essa

    causa.

    SUM,\RIO

    TNTRODUÇÃO:

    Objet ivos e Just i f icat ivado Estudo

    2.

    Fontes e Procedimentos

    e Pesquisa

    Palavras

    Sobre a

    Exposição

    . . .

    . . . . . . , 18

    CAPíTULO

    Breve histórico

    do

    Ensinode Enfermagem o

    Brasil

    1

    Enfermagem

    no Bras i I

    2.

    Evolução

    do

    ríodo 1923-80

    Ensino

    de

    Enfermagem

    ao

    longo

    do

    pe-

    3.

    A Associação

    Bras i le i ra

    de

    Enfermagem

    Contr ibui -

    ções

    ao Ensino

    de Enfermagem

    ' t1

    16

    21

    33

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    3/58

    CAPíTULO

    I

    A Revista

    Brasileira

    de

    Enfermagem

    1

    Histórico

    da

    Revista

    2.

    Temática

    abor.dada

    ela

    Revista

    Tentat iva

    e

    Carac-

    terização

    2.1.

    Int rodução

    2

    2.

    Período

    955-64

    2

    3

    Período

    1965-80

    CAPÍTULO

    II

    A

    Revista

    Brasileira

    de

    Enfermagem

    enguanto

    instru.

    mento de Educação: Análise de suas bases concep.

    tuais

    1

    A

    Estrutura

    Material

    da

    produção

    e Difusão

    ntelectual

    da

    Revista:

    Escolas,

    nst i tuições,

    ntelectuais

    . . . . . .

    2. Tendêncías

    undamentaÍs

    a

    Revista

    enquanto

    veicu-

    ladora

    de uma

    Étíca

    e

    de uma

    prát ica

    prof issional:

    a

    direção

    cultural,

    moral

    e

    ideológica

    PREFIiCIO

    O

    primeiro

    encontro,

    omo

    estudantes

    de

    enfermagem,

    o

    t

    Congiesso

    Nacional

    de Estudantes

    e

    Enfermagem,-

    eal izado

    om Sãlvador 1963,o segundoencontro,corno prof issionais,

    rroXXXI Gongresso

    Brasileiro

    de Enfermagem

    ealizado

    em

    For-

    taleza

    í979, marcaram

    nosso

    compromisso

    e

    part ic ipação

    r:omHaimunda

    Medeiros

    Germano,

    a

    busca

    de uma

    compreen-

    rão crí t ica

    da

    prát ica

    de enfermagem

    ue permit isse

    a cons'

    t rução de

    um

    projeto

    de enfermagem

    mais

    coerente

    com

    a

    real idade a

    soc iedade

    ras i le i ra.

    Prefaciar

    este

    l ivro

    representaa

    consot idação

    estes

    e

    (,utros

    encontros

    posteriores

    e

    investe de

    maior

    responsabi l i '

    dade

    o caminho

    a

    ser

    seguido.

    Este l ivro evidenciade forma bem

    clara

    que

    a história

    da

    onÍermagem

    ão se

    processa

    num espaço

    abstrato,mas ela se

    de

    forma

    concreta

    na sociedade

    rasi leira

    com seus

    deter '

    Inlnantes

    econômicos,

    polí t ícos

    e Ídeológícos.

    evolução

    da

    oducação ideologia

    em

    enfermagemé

    analisada

    dent ro

    de

    uma

    concepção

    ão simplesmente

    historiográf ica,

    mas

    de

    uma

    torma

    problematizadora,

    nde

    o

    objeto de

    estudo

    apreendido

    lrassa

    pela

    construção

    e um

    processo

    de anál ise,

    ujo

    quadro

    teórico adotado

    evidencia

    as relações

    entre

    a enfermagem,

    sociedade iv i l

    e

    o Estado,

    em

    diversos

    momentos

    históricos.

    Consubstancia-se

    e

    forma

    defínida

    neste

    trabalho,

    o

    papel

    polít ico

    da

    Associação

    Brasileira

    de Enfermagem

    e

    a

    ideologia

    voiculadapela Revista Brasileira de EnÍermagem, uandoa rea'

    59

    65

    65

    66

    72

    81

    87

    109

    ONCLUSÃO

    BIBLIOGRAFIA

    ABREVIATURAS

    . . . . . . .113

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    l idadeda

    enfermagem

    no

    período

    analisado

    1955-80)

    desntr

    dada,demonstrandì

    sua

    vinculação

    os

    interesses

    dominanter '

    e,

    portanto,

    a

    serviço

    da

    conservação

    o

    sistema

    vigente'

    Cab' '

    notar

    que,

    apesar

    disto,

    a autora

    deixa

    claro

    que

    não

    se-

    dev':

    infer ir

    daí

    o

    raciocínio

    mecanicista,

    egundo

    o

    qual

    a

    enferma

    gem

    reproduz

    os

    interesses

    dominantes.

    Esse

    raciocínio

    dt:

    õerta oima dissolveas contradiçõesnerentes

    a

    uma

    sociedadtr

    estruturada

    em

    classes

    e

    grupos

    sociais,

    com interessesdis

    t intos e

    antagônicos.

    O esforço

    de

    documentação

    uidadosa,

    re€ente

    ao longo

    de

    todo

    o teito,

    revela,além

    de uma

    árdua

    arefa,

    uma

    postura

    ousada,

    na medida

    em

    que

    poucos

    rabalhos

    sistematizados

    e

    enfermagem

    êm-se

    peocupado

    om

    tal

    t ipo

    de estudo'

    Nesú

    década

    de 80,

    quando

    se

    comemora

    os

    50 anos

    de

    fundação

    da

    pr imeira

    Escola

    de

    EnÍermagem

    o

    país,

    este

    , l ivro

    vem

    óonstituir

    um

    marco

    importante

    na

    produção

    do conheci-

    mento cientí f ico

    da enÍermagem,

    ão

    pela

    oportunidade

    e

    oferecer

    nstrumentos

    e

    anãlise

    crí t ica

    à atual

    cr ise

    de enfer-

    magem, como também pelo t ipo de quadro teór ico-ut i l izado

    que-,

    apesar

    de

    antigo,

    é

    quase

    recém-nato

    na

    enfermagem'

    ItvTRODUÇÃ'o

    1.

    Obietivos

    e JustiÍicativa

    do

    Estudo

    O

    presente

    rabalho-

    em

    c-omo

    rincioal

    biet ivo

    efetuar

    rrrn

    estudo

    sobre

    a

    iíuult"

    Ét"sileira

    de

    Enfermagem

    HEBEn)'

    rrrocurando

    empre

    ;i ; i ; ;

    o

    contexto

    istórico

    m

    que

    sur'

    ir tu

    e

    se

    desenvolvã; 'ï ' ; ; t i";

    de

    enfermagem

    o'

    Brasi l

    e

    n

    conseqüenr,

    o'tãïaã

    ãt-"tu

    Associasão

    e

    EnÍermeiras'

    r; . ia

    preocupaçã9

    ;; i ï

    "ï"ãçào

    é

    noiória'

    desde

    seu

    início'

    rsto

    é

    confirmado

    ;;;J"

    se

    observa

    ue

    no

    seu

    primeiro

    sta'

    tuto,

    datado

    e

    1eze"'ï;;;

    ã

    ããóituro

    i'lãiaì

    "Do

    nome'

    sede'

    duração fins O" a'sJJiãçãô"'na letra"a" do art' 2'''

    lê-se:

    ,,Trabalhar

    ncessantemente

    elo

    progresso

    a

    ctìucação

    re

    enÍernreiras

    pelo

    estabeleci,nt"t"-^al'-tttãt*

    it

    ànrttrnsgem

    que

    tenham

    os

    mesmos

    ï."ït-.t

    Jt

    Escola

    Oficial

    do

    Governo"

    l

    A

    Revista

    naturalmente

    e

    const ituiu

    no

    porta-voz

    oficial

    da

    Associação,

    i"noo"tàËtJiuaï

    "servir

    de

    depositár ìa

    as

    con'

    cepções

    ue

    vão

    r"*1""iì- '"nlotoundJ

    Jánao

    xistência

    * Estudo apresentado como

    exrgência*pa'ra

    obtenção

    do

    grau

    de

    'mestre

    em

    liducação,

    na

    Área

    at

    üãt"ãtràgiã

    do E"ti'.,o'

    'oï"àtl"*çao

    do proÍessor New'

    ron

    césar

    Balzan,

    a

    úìJ.*iaãa'

    oï..'d..lil

    -*a,crrï'r)iÏ'à,

    urtrr*agem,

    7926'

    i."

    c'Ànver-úo,

    Anavde

    Corrêa

    e'

    Assocnçao

    t976

    Do*t"ntt{rio

    P

    480

    Stel la

    Barros"

    Salvador,

    aneiro

    e

    1984

    n

    stella

    Maria

    P.

    F.

    Barros

    é

    professora

    da Escola

    de

    Enfermagem

    da

    uFBa.

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    5/58

    enfermagem

    nacional" '

    ou ainda

    como assinala

    um dos

    seus

    editor iais,

    de í946,

    quando

    chama

    a

    atenção

    para

    o

    papel

    da

    Revista

    enquanto nstrumento

    de divulgação

    de novos

    conhe-

    cimentos

    profissionais

    e como

    elemento uni f icador

    entre

    os

    enfermeiros

    dispersos

    por

    todo

    o terr i tór io nacional .3

    A

    preocupação

    om

    o elemento

    unif icador

    e com

    "as

    con-

    cepções

    que

    vão

    plasmando,

    moldando

    e dando existência

    à

    enfermagem

    nacional" signi f ica entatizara formação de umaética,pois, segundoGramsci,

    "não

    pode

    existir

    associação

    permanente,

    com capacidade

    de desenvol-

    vimento,

    que

    não seja

    sustentada

    por

    determinados

    ptincípios

    éticos,

    que

    a

    própria

    associação etermina

    para

    os seus componentes singula-

    res,

    a

    Íim de obter

    a compacticidade

    nterna

    e a

    homogeneidade

    neces-

    sárias

    para

    alcançar o objetivo".l

    Ao.

    mesmo

    tempo,

    a uni f icação

    de enfermeiros

    dispersospor

    todo

    o

    país

    signi f ica

    a

    preocupação

    m estabelecer

    um vín-

    culo

    entre

    a direção da Revista

    e suas

    bases.Ainda,

    a

    propó-

    si to, observaGramscique

    "as

    direções,

    se não estão ligadas

    a um movimento de base,

    disciplinado,

    tendem

    ou a se

    tornârem igrejinhas

    de

    profetas

    desarmados, ou

    a se

    cindirem

    de

    acordo

    com os movimenros

    inorgânicos

    e caóticos

    que

    se

    verificam entre os

    diversos

    grupos

    e camadas

    de leitores".s

    E,

    ao

    que parece,

    a Associação

    Brasileira de Enfermagem

    (,ABEn)

    em

    procurado,

    através

    da Revista,manter

    o

    vínculo

    com

    as suas bases

    (estudantes,

    rofessores,

    nfermeiros),

    i -

    sando

    estabelecer

    uma moral

    homogênea

    para

    toda a

    catego-

    r ia,

    daí a sua

    preocupação

    om

    a educação.

    Assim sendo, e mais especi f icamente,rata-se de real i -

    zar

    um estudo

    sobre a REBEn,

    955-80,

    considerando-a

    omo

    instrumento

    de educaçãode

    toda

    uma massa

    de estudantes,

    professores,

    enfermêiros e

    profissionais

    de

    enfermagem

    em

    geral ,

    espalhados

    or

    todo

    o

    país.6

    Cabe

    esclarecer

    que

    a edu-

    2.

    Editorial

    da

    Reuista

    Brasileira

    de

    Enfermagen. Ano XV, n.'

    5, Out.

    1962.

    p.

    401.

    t.

    Ver RESENDE,

    Marina de Andrade.

    Em: Reaista Brasileira

    de

    Exlermagem.

    Ano

    XV,

    n.' 6. Dez. L962.

    p.

    508.

    4. GRAMSCI, Antonio. Os Intelectuais e a Organização a Cultura. p. 167.

    ,. Ibidem,

    p.

    166.

    6.

    A

    propósito,

    a

    Profa,

    Haydée Guanais

    Dourado, redatora-cheÍe

    a REBEn,

    salientou

    (em

    conversacom a âutorâ do

    presente

    rabalho, em 19.05-81),

    que

    a Re-

    cação

    é

    entendida

    qui

    no sentldo

    gramsciano como

    uma

    rela'

    óaò

    U"

    hegemonia

    ois,

    para

    esse

    autor,

    a

    relação

    pedagógica

    Iãó

    põOã

    r

    l imitaàa

    às

    relações

    speci f icamente

    scolásticas"

    ã

    pd,

    conseguinte

    toda

    relação

    .de

    hegemonia

    é

    necessaria'

    mente

    uma

    relação

    pedagógica..." i

    Tratando-se,

    ssim,

    de um

    estudo

    que

    privi legia ambém

    as

    bases

    conceptuais,

    sto

    é,

    a direção

    cultural ,

    ideológica,

    moral , resumindo,a direção intelectual

    que

    a

    Revista

    mpri-

    miu

    no

    decorrer

    das

    di ferentes

    con unturas histór icas que

    marcaram

    o

    período

    anal isado,

    mporta

    pois

    identi f icar.quais

    eram

    essas

    concepções

    de

    educação'

    de saúde,

    da

    enferma'

    uistaé,,importantissima

    ara

    a enlermagem,

    ois

    ten o

    obietiuode

    manter

    nforna'

    ìlos

    todos

    -os

    membros

    da categoria

    espalhados

    num

    país

    de

    dimensões

    continen-

    tais,comoéoBrasi l " .

    Por outro

    lado,

    em levantamento

    Íeito em

    22

    escolas

    de enfermagem,

    sediadas

    em

    18

    Estatlos

    e

    mais o

    Distrito

    Federal,

    todas

    informafam

    que

    dispunham

    da

    REBE/ nas suas respectivasbibliotecas. Todas, ressaltaram

    a

    sua

    importân-

    cia

    para

    o

    ensino,

    parã

    a

    pesquisa,

    para

    a

    atualização

    da

    categoria'

    Algumas res-

    ssltatam

    ainda

    ser

    a

    única

    publicação no

    gênero

    que

    chega às

    suas

    escolas.

    Todas

    disseram

    que

    a aludida

    Reuista

    era consultada

    sistematicamente

    or

    professores

    e estudantes

    e

    graduação de

    pós-graduação,

    nde

    existe,

    quer seia no

    prepâro

    dc aulas,

    em

    pesquisa,

    u

    .-

    .rtuào

    iealizado

    em

    sala

    de aula,

    entre

    outras

    moda-

    lidades

    de

    usã.

    Enquanto

    isso, a

    maioria

    das

    escolas

    onsultadas

    firmou

    que

    os

    cnfermeiros

    assistenciais

    ambém

    utilizam

    a

    REBEn

    Como

    se vê,

    a

    penetração

    da

    Reuista

    Brasileira

    de

    Enlernagezr

    é

    evidente.

    O

    levantamento

    oi

    eÍetuado

    unto

    às seguintes

    escolas:

    E.E.

    UFAc-Rio

    Branco;

    E.E.

    Manaus;

    E.E.

    UFPa-Belém;

    E.E'

    UFCe-Fortaleza:

    E'E'

    URRN-Moçoró;

    E. E.

    UFRN-Natal;

    E.

    E. UFPb-João

    Pessoa;

    E. E. UFPe-Recife;

    E' E'

    UFAL'

    Maceió; E. E. UFSe-Aracaiu; E. E. UFBa-salvador; E E' UNB-Brasília;

    E' E'

    UFMT-'Cuiabá;

    E. E. UFMG-Belo

    Horizonte;

    E.

    E UFRJ-Rio

    de

    Janeiro;

    E E'

    usP-são

    Paulo;

    E.E. Ribeirão

    Preto-usP-Ribeirão

    Preto;

    E.E.

    UFSCAR-São

    Carlos;

    E. E.

    UFPr-Curitiba;

    E.

    E. UFSC-Florianópolis;

    E'

    E' UFRS-Porto

    Ale-

    gre, E. E. UFG-Goiânia.

    7.

    GRÁMSCI,

    Ântonio.

    Concepção

    Dialética

    da História-

    p.

    37

    O

    estudo

    da

    hegemonia

    m

    Gramsci

    "tem

    por

    obietiuo

    iustamettte

    ublinhar

    a

    importância

    da

    diíeção

    cultural

    e ideológica " -

    PORTELLI,

    Hugues -

    Gramsci

    e o

    Bloco Histó'

    rico,

    p.

    6),

    mas

    não somente

    isso

    "pois

    se a

    begemonìa

    é

    ético-política

    também

    é

    econômica;

    não

    pode

    deixar

    de

    se

    lundamextar

    da

    lunção

    decisiua

    que

    o-

    grttpo

    dirigente

    exerce'no

    nrícleo

    decisiuo

    da

    atiuidade

    econômica"

    GRAMSCI,

    An-

    ,nnú

    -

    Maquiauel,

    a

    Política

    e o

    Estado

    Moderno.

    p

    33'

    Enquanto.

    sso,

    Gramsci

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    6/58

    gerìì ,

    de

    sociedade,.do

    ocial

    etc..)

    e

    a

    serviço

    de

    que

    e

    dcr

    quem

    foram

    veiculadas.

    serviço

    da conservação

    u

    da

    trans

    formação

    da sociedade?

    serviço

    das

    porít icas

    de

    saúde,

    ado

    tadas

    pelo

    Estado

    brasileiro,

    a

    f im

    de

    assegurar

    a dominaçât,

    de

    classe

    ou

    a

    serviço

    dos

    interesses

    da

    maior ia

    da

    pooura

    ção?

    E

    ainda,

    como

    são

    colocados

    e

    discut idos

    os interesses

    dos

    enfermeiros

    enquanto

    ategor iaprof issional

    qual

    a

    ét ica

    transmit ida:

    combatividade

    insubordinação

    u

    obediência

    e

    resignação?

    É

    fundamental

    ambém

    identif

    car

    onde

    se

    encontram

    localizados

    s centros

    de

    produção

    ntelectual

    em

    que

    univer,

    grdades,

    em

    que

    escolas,

    em

    que

    Estados)que

    ali 'mentam

    BEBEn

    o

    que

    veicu lam

    a

    part ir ,

    nclusive,

    àos grandes

    vul .

    tos

    da

    enfermagem

    omo

    Frorence

    Night ingare

    Aú Néri.

    Ter,-

    tar

    desvendar

    que

    se

    encontra

    por

    trás

    dessas

    ormulações

    e

    evidenciar

    as art iculações

    existentes

    entre a

    enfermagem

    [como

    prof issão)

    e sociedade

    no

    Brasil

    são

    os

    pr incipais

    ob-

    jet ivos

    deste

    trabalho.

    . Diante disso, o presente estudo é plenamente ust i f ica_

    {o

    e

    -a

    sua

    importância

    esulta,

    em

    primeiro

    lugar,

    do

    fato

    de

    a Revista

    Brasileira

    de

    Enfermagem,

    lém

    de

    õrgão

    oÍicial

    da Associação

    Brasileira

    de Enfermãgem,

    er,

    de

    lonie,

    o rnais

    importante

    veículo

    de

    comunicação

    a

    área

    da

    enfermaqem

    e o

    .de

    mais

    ampla

    circulação

    nacional,

    at ingindo

    odos"

    os

    Estados

    Terr itór ios

    rasi leiros.

    m

    segundo

    ugar,

    pela

    grande

    importância

    ue

    a REBEn

    a

    ABEn

    concedem

    educacãó.

    as_

    ta ver

    os art igos

    da Revista

    dedicados

    à

    educação

    fornração

    prof issional

    ue

    atíngem

    elevados

    percentuais

    ô

    período

    9s5-

    -80

    Tabela

    )

    bem

    como

    das recomendações

    os

    Congressos

    a

    ABEn realizados

    ntre 1g4T-82, 4olo eferem-se ambém à edu-cação e ao ensino

    [Tabela

    1J.

    Em

    terceiro

    ugar,

    porque

    existe

    carência

    de estudos

    a respeito

    da Revista

    é da

    enfermagem

    como

    prát ica

    socia l .

    No

    pr imeiro

    caso,

    ou

    seja,

    da Bevista

    e

    da

    produção

    ntelectual

    na

    área da

    enfermagóm,

    ão coúecí_

    dos

    apenas

    dois

    trabalhos

    a nível

    de

    tese,

    sencJo

    m

    deles

    realizado

    pela

    lr .

    cleamaria

    simões, int i tu lado "contr ibuicão

    ao

    Estudo

    da Terminologia

    Básica

    de

    Enfermâgem

    no Brasil

    _

    Taxionomia

    e Glassif icação'.

    Trata-se

    de

    umã

    pesquisa

    apre-

    sentada

    na

    Escola

    de

    Enfermagem

    na

    Néri

    da

    universidade

    Federal

    do Rio

    de

    Janeiro

    tUFRJ),

    onde

    a

    autora

    sistematiza

    um

    Glossár io

    de

    Enfermagem,

    om

    base

    na terminologia

    em-pregadapela REBEn, t i l izandoos númerosda Revistã publi-

    cados

    no

    quadr iênio

    e

    1974-78.

    outro

    rabalho

    é de

    autoi ia

    de

    14

    llrorezinha

    eixeiraVieira, da

    Escola de

    Enfermagem

    a Uni-

    vnrsidade

    ederal

    da

    Bahia

    (UFBa),

    denominado

    Produção

    Ci'

    rnt l Í ica em

    EnÍermagem

    o

    Brasil

    -

    í960'79", trabalho apre'

    qnrr tado

    o

    concurso

    para professor

    ítular

    na

    referídauniver-

    r ldade.

    A

    autora

    estabeleceu

    ma

    amostra

    de 50o/o

    das

    Re'

    vlr tas

    publicadas

    no

    período

    1960-79,

    esquisando

    ainda

    os

    Arrais

    dos

    Congressos

    Brasileiros

    de Enfermagem

    os

    volu-

    rrros

    e l l

    do

    Catálogo

    de

    Teses

    do

    CEPEn.

    ntretanto,

    o

    que

    posea importância o trabalho,os seus objet ivossão

    inteira-

    urontediferentes

    daquelesora

    propostos pelo presente estu-

    rkr .Assim,

    a

    própr ia

    Therezinha

    ieira

    explicita

    que

    obje-

    t lvo

    deste

    rabalho

    azer uma avaliação

    eral

    da

    produção

    ien-

    tt Í ica

    da

    enÍermagem

    no

    Brasil nas

    décadas

    de 60

    e

    70'

    ' ." ,8

    purtanto,nada

    que

    diga

    respeito à direção

    cultural,

    moral

    e

    idcológica

    ssumida

    pela

    Revista.

    Para

    Vieira interessa

    saber

    o

    que

    foi

    produzido

    e

    não

    que

    mensagens,

    ue

    concepções

    plasmaram

    ética

    e a ação

    da

    enfermagem

    os últ imos

    anos.

    Além do

    mais,

    a

    presente

    pesquisa

    abrange

    um

    período

    maior,

    l Í155-80,

    abarca

    a total idade

    dos

    números

    da

    Revista

    publi-

    r ;udos

    esse

    espaço

    de

    tempo.

    No

    que

    se refere

    ao

    segundo

    aso,ou

    seja,

    da enfermagem

    r:omo

    prof issão

    e como

    prát ica

    social,

    a

    inexistência

    de

    es'

    tudos é

    ressaltada

    por

    Maria

    Cecíl ia

    Puntel de

    Almeida

    e

    r:olaboradoresm

    trabalho apresentado

    no

    XXXll l

    Congresso

    Urasileiro

    e Enfermagem,

    ealizado

    em

    agosto

    de

    1981

    na

    r: ldade

    e

    Manaus-AM.

    Nas conclusões

    o

    trabalho,

    efer indo-se

    no

    período

    de 1975-79,

    lmeida

    e

    colaboradores

    estacam

    que:

    -

    "A área

    de

    pesquisa

    pr ior izada

    no

    últ imo

    qüinqüênio

    corresponde

    a

    assistência

    de enfermagem,50To

    das

    teses;

    -

    No

    total

    geral , " -

    a

    maioria

    dâs teses

    (44.1co)

    corresponde

    a área

    de

    assistência

    (aspectos nternos e técnicos da profissão), seguida da fuet

    biológica

    com 20,6Vo

    e em

    terceiro

    lugar administração

    em

    enfermagem

    com

    umâ

    percentâgem

    de

    19,6Vo;

    -

    As

    áreas da

    pro{issão,

    ensino

    e saúde

    pública

    são as menos trabalha'

    das,

    com

    uma

    percentagem de

    4}Vo,

    7,lvo e 1,4(%

    respectivamentei

    -

    A

    produção

    do

    conhecimento

    da enfermagem,

    até o

    presente

    tem estâ-

    do

    cenrada

    nos âspectos

    internos da

    prática profissional,

    enquanto

    pr í

    tica

    técnica:

    It. VIEIRA,

    Therezinba Teixeira.

    Prodação

    úl; 1960-79. . 9,

    '

    Esse total

    geral

    cortesponde

    ao

    período

    Cientíltca

    em Enlermagem

    no

    Bra'

    196]-79.

    ì5

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    7/58

    -

    A átea

    da

    profissão

    de enfermagem,

    () tì( l (

    (

    st,r t .r tr t tr , r r t, l , ,s

    ,ts

    r' t

    tudos da

    prol issão

    como

    prótica

    social ,

    quc s

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    8/58

    i l t .

    tl

    Educaçãoe FormaçãoProfissional

    a)

    Ensinode Enfermagem;

    b) Currículo;

    c l Ét ica

    prof

    ss ional ;

    d)

    Histórico de

    Escolas

    e

    Enfermagem.

    Assistência

    di ferentes

    áreas de

    atuaçãoda

    enfermagem)

    a) EnfermagemMédico-c i rúrgica;

    b) Enfermagem m DoençasTransmissíveis;

    c)

    Enfermagem

    Psiquiátr ica;

    d) EnfermagemMaterno-infant i l ;

    e) Enfermagem

    e SaúdePúbl ica;

    f)

    Administração

    pl icada

    à

    Enfermagenr;

    g)

    Enfermagem

    o Trabalho.

    Vida

    Associativa

    e

    Interesse Profissional

    a)

    Congressos;

    b) Concursos:

    c) Legis lação e Enfermagem;

    dJ Associações epresentat ivas a Enfermagem;

    eJ Enfermagem

    Sociedade;

    f)

    A

    Prof issão

    de Enfermagem.

    Centros

    de

    Produção

    e Difusão Intelectualr

    Os art icul is tasda

    REBEn

    aJ Escolase

    inst i tu ições

    em

    que

    os art igos são

    escri tos;

    b)

    Instâncias e

    di fusãoda

    produção

    ntelectual

    a

    REBEn;

    c) Os intelectuais a

    enfermagern, egundoos di ferentes

    graus

    e funções.

    3.

    Palavras

    sobre a Exposição

    Enguantoa

    invest igação

    o momento em

    que

    o objeto

    de

    pesquisa

    é tomado em

    seus

    pormenores,

    exposição é

    o momentoda síntese.É a ocasiãoem

    que

    o

    pesquisador

    ro-

    cura

    tornar

    intel igívela real idade

    ue

    se

    propôs

    a

    estudar.No

    presente

    caso, t ratando-se le um trabalho sobre a

    Revista

    Brasi le i ra e

    Enfermagem,

    orna-se mperat ivo ocal izar

    enfer-

    magem

    como

    prof issão,

    não

    como

    prát ica

    interna

    que

    se

    de-

    senvolve

    a

    part i r

    de s i mesma,mas como

    prát ica

    social

    gue

    se

    r8

    relac iona

    com outras

    prát icas

    sociais

    Ieconômìcas,

    ol í t icas,

    ldeológicas), m

    meío

    a uma

    total idade

    histórico-social ,

    ue

    conf igura

    a

    própria

    sociedade. sso

    impl ica,naturalmente, m

    evidenciar

    s relaçõesentre a

    enfermagem, sociedadee o

    Estado

    o Brasi l ,

    ao longo

    do

    período

    pesquisado

    de

    que

    for-

    ma esse

    ntercâmbio em ocorr ido.

    Daí

    a

    importância

    o

    estudo

    da

    Associação

    Brasi le i ra e Enfermagem

    ABEn),

    omo um

    apa-

    relho

    privado

    de

    hegemonia ,

    portanto,

    como uma

    instância

    rla

    sociedade

    civ i l , t tno sent ido

    empregado

    por

    Gramsci ,

    da

    rluala Revista é uma expressão.

    Além desta

    introdução,

    ste

    trabalho

    apresentaa seguin-

    te

    ordem

    de

    exposição:

    Capítulo

    , int i tu lado Breve

    Históri -

    co do Ensinode

    Enfermagem

    o

    Brasi l ,

    d iv ididoem

    três

    partes,

    onde

    são

    abordados espect ivamente

    e

    forma

    abreviada

    .

    um

    hlstóricoda

    enfermagem

    no Brasi l , a

    evoluçãodo ensino

    de

    nnfermagem

    o longodo

    período

    de

    1923-1980

    ,

    por

    f im, a cr ia-

    Çâo

    e desenvolv i rnento

    a

    ABEn,em

    part icular,

    o

    que

    diz

    res '

    pei to

    às suas contr ibuições o

    ensino.

    O Capítulo

    l l t rata

    especi f icamente

    a Bevista Brasi le i -

    ra de Enfermagern

    div ide-se

    em

    duas

    partes:

    a

    primeira

    r:onsta e um histórico da REBEn, nquantoa segundacorres-

    ponde

    a

    um

    estudo de diversos

    eff ìas

    abordados

    ela

    Revista

    no

    longo

    do

    período

    1955-1980

    -

    Educação

    FormaçãoPro-

    ílssional,

    Áreas de Assistência da

    Enfermagern, ida Associa-

    t lva

    e

    InteresseProÍ iss ional

    suas

    espect ivas ubcategorias.

    O

    Capítulo

    l l l int i tu la-seA

    Revista Brasi le i ra

    de Enfer-

    magem

    enquanto lnstrumento

    de

    Educação:

    Análise

    de suas

    Bases

    Conceptuais.

    ncontra-se

    ambém

    div idido em

    duas

    par-

    f l Assínala Coutinho, que, parâ Gramsci , "O Estdào (.. .) comporta duas es '

    l ', 't,

    l trincipaìs:

    a

    socictlatle

    política

    (que

    Cratn.sci

    tambérn chrtma

    ,Je Eslatlo,

    ,q

    tcntido

    estri lo ou

    "le

    EstuJo-ccterção),

    4rrc

    ó

    lornatlu

    peltt

    coniunío

    tlc,s

    iltn

    tuìstTzos

    atraués dos

    quais

    a classe loninau/e

    deíén rt ntonopólio

    legal

    la

    'rl 'rt'rtão

    e

    da

    t'ìctlôncia,

    c

    qilc

    se

    identil i t 'd

    (o,tt

    os aparelhns

    de

    coerçãc,

    sob

    ,' ,,,utrole

    das burocracìds

    (xec,,tl i t)as

    e

    policìal-nil i t.tr; e à

    sociedadr-

    civil,

    lor-

    u,Llt

    prccisat

    ente

    pelo

    conjultct

    dtts orUani:,tÇõe5

    t.'ipoil úL't'ìs

    pela

    clabota

    virr

    ,

    f

    ,,, dilusão das

    itlt 'ologids, tonpreendettJtt

    o

    sìstt'uu r:scolat, as Igrejas.

    ,'r

    1,,111iJ65

    olíticos,

    os sìndìcatos, as

    orgruti:ações

    prolissionais,

    t

    organiução

    uttr'rHl

    da

    cultura

    (reuìstas,

    jornaìs,

    editoras,

    ntios

    de conunit'dçao de rtassa)

    ,r,

    '

    (.OUTINHO,

    Carlos

    Nelson. GRAI[. ](.

    1 p,

    91

    Os

    "aptrc lhos

    prìt ' tdos

    l,

    lt1

    t4'v116ni4" r.ttstì uen

    poìs

    "os

    organisntos

    tle

    partictp,tç,to

    |olitrta

    Doli ln

    tá,t ,r\ ,

    ( 'que

    nào

    se caracíerizam

    pelo

    uso

    da rt 'prtsrão" Ibidem,

    p.90

    IV

    19

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    9/58

    tes: em

    primeiro

    lugar,

    f igura uma breve

    caracterização

    a

    estruturamateríalda

    produção

    ntelectual

    da Revista.Trata-se

    de

    ident i f icar

    em

    que

    escola

    e

    inst i tu ições)

    ão

    produzidos

    s

    art igos

    da BEBEn

    quem

    os escreve

    professores?

    iretores

    de

    escola?

    hefes de

    serviços?

    enfermeiros ss istenciais?).

    xiste

    uma

    hierarquia ntre

    essas escolas

    as

    que

    produzem

    difun-

    dem e as

    que

    di fundem

    os

    conhecimentos

    eiculados

    pela

    Revista?ì.

    Se

    existe

    uma hierarquia

    entre inst i tu ições,

    existe

    também uma hierarquiaentre os intelectuais a enfermagem?

    São

    questões

    postas

    nesta

    primeira

    parte.

    Em segundo ugar,

    segue-se

    uma

    anál ise da di reção cul tural , moral

    e

    ideológica

    di fundida

    pela

    Revista,

    com vistas

    à formação

    de uma

    ét ica

    e

    de

    uma

    prát icaprof iss ional ,

    es idindoaqui o

    caráter

    educat ivo,

    por

    excelência, a ABEn,atravésdo seu órgão de divulgação

    formação.

    Seguem-se,inalmente as conclusões.

    CAPTTULO

    BREVE HISTORICO

    DO

    EA/S/IüO

    DE EIúFERMAGEM üO BRASIL

    l .

    Enfermagem o

    Brasil

    Antes de

    discorrer sobre a enfermagem de hoje, uma

    hreve

    anál isede sua

    evolução

    no Brasi l se faz

    oportuna,

    um a

    v(rz

    que

    a compreensão

    e

    qualquer

    área do

    conhecimento

    e

    nrrcontra str i tamente elacionada om suas origens,suas raí-

    ros, ornando-se

    ecessário

    uscar

    na história

    explicações

    ar a

    íatos

    ocoff idos na atual Ídade.

    Portanto,

    a enfermagem,

    da

    qual

    ora

    se fala, reporta-se

    no

    período

    colonial ,

    quando

    os

    jesuítas

    na

    missão

    de cate-

    qulzar

    os índios

    brasi le i ros,

    de

    faci l i tar

    a dominação

    pelos

    orrropeus,

    ntroduziram

    lguns costumes, ai s

    como o uso de

    r(,upas mposto

    pela

    moral

    cr is tã,

    concentração

    os

    índios

    em

    grrrndes

    aldeias, algumas

    al terações

    nas

    danças

    e festivais

    c{rnuns entre

    eles,

    subst i tu indo-os

    or

    cantos

    rel ig iosos

    que

    fnlnssem

    e Nossa Senhora

    dos

    Santos,

    enf im. uma

    série de

    l rr l luências ue contr ibuírampara a degradação a raça e da

    2A

    21

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    10/58

    cul tura

    ndígena o

    Brasi l . l Mas,

    como

    se não

    bastasse

    a con-

    tr ibuição

    dos

    jesuítas,

    os colonos

    que

    aqui chegavam,

    ossuí-

    dos de

    grande

    nteresse

    econômico, oram

    "os

    principais

    agentes

    disgênicos

    entre

    os

    indígenas: os

    que

    lhes

    alte-

    raram o sistema de alimentação e de trabalho,

    perturbancloJhes

    o

    me-

    rabolismo; os

    que

    introduziram entre eles doenças

    endêmicas e epidê-

    micas; os

    que

    lhes

    comunicaram

    o uso de aguardente de cana".:

    Os novos hábi tosaumentaram mortal idade nfant i l , acarreta-

    ram

    o aparecimento e doenças,

    r inc ipalmente

    disseminação

    das epidemias,

    ois

    com o uso das roupas,apenas

    para

    ci tar

    um

    aspecto,

    higienização

    e

    tornou

    muito

    precária,

    is to serem

    as mesmas usadas

    até

    f icarem

    podres.

    É a

    part i r

    desse

    contexto

    que

    se

    pensa

    a

    enfermidade

    a

    necessidade e alguém

    para

    cuidar dos enfermos.

    Não desconhecendo erem sido os

    próprios

    índios

    os

    primeiros

    a se ocuparem

    dos

    cuidados

    aos

    que

    adoeciamem

    suas

    tr ibos,

    nas

    pessoas

    dos fei t icei ros,

    pajés,

    curandeiros,

    com

    a colonização utros elementosassumiram ambém essas

    responsabi l idades,entre eles os jesuítas,seguidosposterior-

    mente

    por

    rel ig iosos, oluntários

    eigos e escravosseleciona-

    dos

    para

    al tarefa. Surgeassim a enfermagem, om

    íins mais

    curat ivos

    que

    prevent ivos

    exerc idano iníc io,

    ao contráriode

    hoje,

    prat icamente

    or

    elementosapenasdo sexo

    mascul ino.

    Foi

    nesse

    período,por

    vol ta de

    1543,

    que

    as

    primeiras

    Santas Casas

    de Misericórdia oram

    fundadas

    para

    recolhi -

    mento

    de

    pobres

    e órfãos,

    ois

    assimeram

    concebidas a época

    Segundo

    Foucaul t ,

    "antes

    do sécuÌo XVIII, o hospital

    era

    essencialment e uma instituição

    de assistência aos pobres. . . O pobre como pobre tem necessidade de

    assistência

    e, como

    doente,

    portador

    de

    doença

    e de

    possível

    contágio,

    é

    perigoso.

    Por estas razóes, o hospi tal

    deve

    estar

    presente

    tanto

    pârâ

    recolhêJo,

    quanto para proteger

    os

    outros do

    perigo que

    ele encarna,

    i

    . . .

    )

    Assegurâ\'â-se,

    portânto,

    a salvação da alma

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    11/58

    descontoem suas folhas de

    pagamento

    para

    ta l f im. t

    Toda a

    assistêncía

    prestada

    aos

    enfermos

    provinha

    da in ic iat iva

    pr i-

    vada,

    chegando lgumas

    dessas

    Santas

    Casasa serem

    construí-

    das

    à ba se de esmolas;

    portanto,

    as camadas

    mais

    pobres

    da

    populaçãoque

    delas

    necessitavam , ecebiam ali

    precár io

    tra-

    tamento.

    A medida

    ue

    ordens

    el ig iosas

    hegavam

    o Brasi l ,

    a admi-

    n ist ração dessas

    casas

    ía- lhes

    sendo entregue,

    contudo sem

    que fosse assegurada, or parte do governo,a manutenção as

    mesmas.O sent imento

    de re l ig iosidade ntre os

    pr imeiros

    a

    exercerema enfermagemmuÍto marcou seu

    espírito até

    hoje,

    haja vista todo um

    discurso

    deológicodifundido

    por

    escolas,

    serviços

    e

    pela própria

    Revista

    Brasi le ira

    e

    Enfermagem obre

    as

    qual idades

    nerentesao

    bom

    proÍ issional;

    parecem

    como

    característ ícas e

    prímeira

    ordem,

    a obediência, respeito

    à

    hierarquia,

    humildade, espír i to

    de

    servir ,

    entre

    outras.

    Dentreaqueles

    que

    se

    dedicaram

    enfermagem a

    época,

    rnerece

    um destaque

    especial o

    franciscanoFrei Fabiano

    de

    Cristo,

    que,

    por quase

    quarenta

    anos, exerceu as

    funções de

    enfermeirono Convento e SantoAntônio do Rio de Janeiro, oséculo XVll l . A histór ia a inda regist ra,em f ins do século XVll ,

    o

    t rabalhoda

    voluntár ia

    Francisca e

    Sande, iúva,

    que

    na Bahia

    se

    dedicou

    ao tratamentodos doentes

    pobres,

    hegando

    abri-

    gá- los

    em sua

    própria

    casa,em

    vir tude da

    fa lta

    de le i tos

    na s

    Santas

    Casas,

    por

    ocasÌãodas

    freqüentesepidemiasde

    febre

    amarela

    e

    peste,

    daquele

    período.

    Um outro nome

    a

    se fazer

    referêncianessa ase

    emoír ica

    ó

    o da tambémvoluntár ia

    Ana

    Just ina

    Ferre ira

    Néri ,

    conl-recida

    como Ana Néri,

    que

    vem

    marcando

    decisivamente

    enferma-

    gem

    até nossosdias. Destacou-se

    brasi le iraAna Néri

    por

    seu

    abnegado

    uidedo

    aos

    soldados er idos

    durantea

    guerra

    do

    Pa-

    raguaino século XlX, guerra essa que, na verdade,signif icou

    para

    a

    hístóría

    da AmérícaLat ina

    uma

    verdadeira

    estruícão o

    país

    e do

    povo

    paraguaio ara

    garant ir

    o imperia l ismo

    ri tânico.( l

    t.

    Idem,

    p.

    123 .

    6.

    O símbolo

    máximo

    da

    enfermagem

    no Brasil, Ana

    Néri,

    a chamada Mãe

    dos

    Brasileìros,

    destacou-se

    nos

    serviços

    qur: prestou

    aos soldados brasileiros

    durante

    a Guerra do Paraguai

    (1864-1870).

    Ao contrár io

    do

    que

    mostra t

    h is-

    tória

    oficial, esta

    guerrâ

    movida

    pelo

    Brasil,

    Argentina e Uruguai

    (a

    Tríplice

    4ü*ç")

    a

    serviço

    do

    imperialismo

    britânico, e

    contra

    o

    Paraguai., constitui

    24

    Ana

    Néri,

    na época,

    era

    viúva

    de

    of ic ia l ,

    mãe de

    dois

    i lhos

    rr ia . l tcos

    um of ic ia l

    do

    exército,

    portanto,de condição

    socia l

    l i i rnn iuelmente

    r iv i leg iada; , o

    pr incipal

    mot ivo

    de

    seu

    volun-

    inrt rr

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    12/58

    t im, sua

    organÌzação

    ol í t ica

    é frági l

    e

    quase

    sem

    autonomia,

    pois

    a

    própr ia

    ABEn,

    seu órgão de representação

    maior,

    nã o

    foge

    a esse espír i to,

    servindo

    odavia

    para

    di fundir

    e veicular

    os

    interesses o Estadona

    área da saúde.Acrescente-se.

    índa.

    o

    importante

    papel

    que

    a escola desempenha

    a formação

    do

    enfermeiro,

    r incipalmente

    travésda ét ica

    prof issional

    ue

    se ensina,

    reforçadora

    de toda essa ideologia,

    em

    contar

    a

    presença

    predominante

    a

    enfermagematual

    do

    elemento

    do

    sexo eminino,

    grupo

    á

    discr iminado

    ela própr ia

    sociedade.

    Mas,

    vol tando

    um

    pouco

    ao século

    passado,

    egistra-se

    Í

    a lgum

    crescimento

    no campo da medicina,

    com

    a cr iaçãode

    suas

    prÍmeíras

    escoÍas, entre as

    quais

    a da

    Bahia,

    a

    pr imeira

    do

    Brasi l .

    cr iada em

    180B. o incrdindo om a vinda

    da famíl ia

    real

    para

    o Brasi l .?

    ntes da existência e

    escolas,

    ursos

    espar-

    sos eram

    ministrados,

    pr incipalmente

    as áreas

    da anatomia,

    ci rurg ia,

    medicinacl ín ica,obstetr íc ia,espalhados

    ntre Bahia,

    Rio de

    Janeiroe São Paulo,contudo

    sem o

    propósi to

    de uma

    formação

    ntegral ,

    endo

    por

    conseguinte m caráIer

    muito mais

    emergencia l ,

    i rcunstancia l .

    A part i r do iníciodo séculoXlX, novoscursos oram sendo

    fundados,

    mborao ensinomédicosomente enha

    se

    organizado

    em

    1832,

    quando

    à escola

    oi reservadoo

    dire i to

    de

    conceder

    ao estudante

    tí tu lo

    de

    médico,o

    que

    até então

    icava

    a

    cargo

    de outras

    nstâncias,

    omo,

    por

    exemplo,a Fisicatura.s

    O

    mesmo não ocorreu

    na

    enfermagerì;

    data

    de íS90,

    á

    no

    final

    do

    século,a

    cr iação

    de uma

    escola

    de

    enfermagem

    o

    Rio de

    Janeiro,a EscolaAlfredo

    Pinto,

    que

    nasce

    no

    própr io

    Hospício

    de

    Pedro

    l l ,

    também

    chamado

    Hospi ta l

    Nacional

    de

    Al ienados,

    ara

    atendera cr ise de

    pessoal

    daquele

    momento

    e,

    portanto,

    om objet ivosdirecionados

    r incipalmente

    ara

    a

    psi-

    7. Na

    América

    Latrna,

    a

    cr iação

    das

    pr imciras

    lrrcrr l t l :r

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    13/58

    Todas

    essas

    providências

    Ígnif icaram

    muito

    pouco

    em

    rela-

    ção

    às

    precárias

    ondições

    e

    vida

    da

    grande

    maioria

    da

    popu-

    Iação,

    persist indo,

    ortanto,

    o

    grave problema

    das

    epidemias

    e

    de outros

    males.

    Enquanto sso,

    no

    campo

    da

    medicina

    be m

    como

    da biologia

    á

    se

    registrava

    m

    progresso

    ientíf ico

    consi-

    derável.

    Conforme

    pode-se

    observar, erif icava-se

    m

    descom-

    passo

    entre

    o avanço do

    conhecimento

    as reais

    condicões

    de

    saúde

    da

    população

    rasi le ira.

    No

    começodesse

    século,

    á

    na Bepúbl ica,

    or

    volta

    de

    í903,

    o Brasi l entra em crise, do ponto de vista de suas relações

    comercia is,

    pelo

    fato

    de

    ocorreremnovas

    epidemias

    de

    febre

    amarelae,

    os navios

    estrangeiros

    ue

    atracavam

    no

    porto

    do

    Rio

    de

    Janeiro, inham

    seus

    tripulantes

    constantemente

    come-

    tidos

    pela

    doença,

    acarretando,

    nclusive,

    a

    morte de muitos

    deles.

    Em conseqüência,

    urge

    a ameaça

    dos

    países

    que

    nego-

    ciavam

    com o

    Brasi l , no

    sentido

    de cortarem

    relações

    comer-

    ciais, casoo

    governo

    brasileiro,

    e imediato,

    ão

    saneasse

    eu s

    portos;

    esta era,

    portanto,

    uma condição

    necessária

    continui-

    dade da comerci alização.

    Brasil exportava

    produtos

    agrícolas

    e

    minérios

    e

    importava

    produtos

    manufaturados.

    Foi

    aí então

    que

    o

    sanitarista

    Oswaldo

    Cruz,

    convidado

    el o

    governo,aceitouo desafiode controlara febre amarelano Ri o

    de Janeiro

    e lançou-se

    uma

    campanha,

    onseguindo

    m

    quatro

    anos controlar

    a

    doença.

    Combatera

    paralelamente

    varíola

    e

    a

    pêste

    no

    mesmo

    período.

    Dado

    o êxito

    da

    campanha

    com

    o seu

    entusiasmo

    elas

    coisas

    da

    saúde

    pública,

    propõe

    ao

    go -

    verno

    uma outra

    campanha,

    gora,

    ontra

    a tuberculose,

    hegan-

    do a elaborar

    um longo

    plano

    de controle

    à doença,

    que-foi

    negado

    pelo

    Congresso.l0

    endo

    "a

    tuberculose,

    oença

    endê-

    mica sobretudo

    na

    classe operária,não

    ameaçava

    iretamente

    a estrutura

    do Estadoou

    da

    economia". ll

    É nesse

    quadro

    gue

    emerge

    o ensino sistematizado

    a en-

    fermagem,

    endo, no

    seu bojo, o

    propósito

    de formar

    prof issio-

    nais que contribuíssem o sentidode garantiro saneamento os

    portos, principalmente

    do Río de

    Janeiro;daí

    ela ser iniciada

    fora

    dos

    hospitais,

    a

    área

    de

    saúde

    públÍca,

    por

    volta

    precisa-

    mente

    de

    1923.

    A enfermagem

    no Brasi l

    vem

    percorrendo,

    o

    longo

    do s

    anos, uma t rajetória

    pontilhada

    e

    dif iculdades, eflet indo,

    em

    10.

    Ver

    a

    propósito

    I

    Simpósio

    sobre Política

    Nacional

    de

    Saúde. Câmara

    dos

    Deputados.

    Comissão

    de Saúde, 1980.

    p.

    200.

    11.

    LUZ,

    Madel. Medicixa e

    Ordem Politica

    Brasìleiru.

    p.

    201.

    28

    rinda

    momento,

    contexto

    histórico

    específ ico

    a sociedade

    ra-

    El lo ira.

    ste

    aspecto

    será

    retomado

    posteriormente,

    uandoda

    arrá l ise

    a

    evolução

    do

    ensino

    de

    enfermagem

    no

    país'

    É imprescindível

    esse

    histórico

    se

    fazer

    referência

    Asso.

    clação

    Brasileira

    de

    Enfermagem,

    ntidade

    representativa

    a

    ca -

    tog'oria,

    ue,

    ao

    lado

    de

    uma

    luta em

    defesa

    dos

    interesses

    ro-

    llaãionais,12

    esenvolveu

    ambém

    uma

    silenciosa,

    mas

    intensa

    ,,rróà"6"

    em

    busca

    de

    disseminar

    as

    intenções

    do

    Estado,

    na

    rlreada saúde, endo para ta l util izado,entre

    outros

    veículos,

    ii

    óiOpriu

    Revista

    Brasiíeira

    de

    Enfermagem,

    rgãopor ela criado.

    12.

    como

    resultado

    das

    lutas

    da ABEn

    destacam-se

    nfte outros

    feitos:

    Decreto

    n." 20.109

    de 15-06-193I

    do Governo

    Provisório

    da

    República -

    Itegula

    o exercício

    da enfermagem

    e

    fixa as

    condições

    para

    a

    equiparação

    das

    ..colas de

    enfermagem

    -

    CARVALHO,

    Anayde

    corrêa

    de.

    Associação

    Bra-

    rrl tìra

    de'Enlermagem,

    926-1976.

    ocumentário.

    .

    210.

    'Lei

    n.'

    ll8l35

    de 18-11-1935

    o

    Presidente

    da

    República -

    Organiza

    o

    licrviço de

    Enfermagem

    da

    Diretoria

    Nacional

    de Saúde

    e

    Assistência

    Médico-

    S,rial. Ìbidem,

    p.

    212.

    ,

    Lei n."

    775/49

    de agosto

    de 1949

    da

    Presidência

    da

    República

    -

    Regula

    (, cnsino de enÍermagem o país. Ibidem, p. L29'

    .Lei

    n."

    2.604

    de

    17-09-1955

    a

    Presidência

    da

    República

    -

    Regula

    o exeÍ-

    cício

    da

    enÍermagem

    ptofissional. Essa

    lei engloba

    vários decretos

    anteriores

    robre o

    âssunto.

    bidem,

    P.

    2L6.

    -.

    lrvantamento

    de

    Recursos

    e Necessidades

    de

    Enfermagem

    no Brasil,

    1958.

    lbidem,

    p.

    299.

    -

    Lei

    ).780/60

    -

    Inclusão

    do enÍermeiro

    do

    nível

    técnico-científico

    no Plano

    tlc ClassiÍicação

    e

    Catgos.

    Ibidem,

    p.

    58'

    -

    A

    partir

    de L977,

    com

    o objetivo

    de

    preservar a memória

    histórica

    da

    cnÍermagem

    no Brasil, a

    ABEn

    adotou

    um

    novo

    pÍocesso de

    documentação,

    qual

    seja,

    os

    Anaìs do

    Congresso.

    Da

    mesma

    forma, com

    o fim

    de

    regisffar

    e

    iiuulgai a

    produção

    Científica

    em

    Enfermagem,

    criou

    em

    I9l9

    o Centro

    de

    l,lstuJos

    pesquisas

    m Enfermagem

    CEPEn.

    VIEIRA,

    Therezinha

    Teixeira.

    ItroduçãocientTlica em Enlermagem no Brasil; 1960-1979 Tese de Concurso para

    Í)rofessor

    itular),

    p.

    15.

    -

    Projeto

    de Lei

    n."

    3.487/80

    -

    Càman

    dos

    Deputados

    Dispõe

    sobte a

    regulamentação

    do

    exercício

    da

    Enfermagem

    nas instituições

    de

    saúde

    pública

    "

    privada

    ; dá outrâs

    providências. A ABEn

    vem

    desenvolvendo

    um

    trabalho

    sisÈmático

    na aprovação

    desse

    Projeto

    de

    Lei,

    tendo

    em vista

    attalizar

    a

    óeÍa-

    sada

    ei

    2.604/55

    que

    regulamenta

    o

    exercício

    da enfermagem

    no

    país'

    -

    Desencadeou

    conjuntâmente

    com

    entidades

    representativas

    de outras

    profis-

    sóes,

    que

    âtuâm

    nâ ârea

    de

    saúde,

    uma campanha

    Nacional

    contta

    o

    Proieto

    dc

    Lei

    n:

    2.762/80,

    do

    Deputado

    Salvador

    Julianelli

    (PDS-SP),

    que repfesen-

    Í

    tavâ

    umâ

    ameaça

    à

    autonomia

    técnica

    de cada

    proÍissão'

    uma

    vez

    que

    o

    cltado

    I

    Projeto

    previa

    uma

    subordinação

    desses

    proÍissionais ao médico'

    29

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    14/58

    como

    conf i rmação

    das

    inúmeras

    di f icurdades

    nfrentadas

    pelos

    prof iss ionais

    e

    enfermagem,

    través

    de

    sua

    Associação,

    assinala-se

    .

    cr iação

    do

    seu-

    róprio

    consetho,-"u;o' fnrei ro

    anteprojeto

    deu

    entrada

    na

    Divisão

    de

    organizaçãï

    Suni tar iu

    (D.o.s. l

    do

    Ministério

    da

    Educação

    saúdã

    "^

    àq

    de

    ágosto

    de

    1945,

    sob

    o número

    s6.267/4s,

    "

    so

    oãpãis

    úe

    quale"ìrinta

    anos,

    após perdas

    e desvios

    de

    vários

    anteprojetos,

    osteriores

    ao

    de

    1945,

    inalmente,

    m

    í2

    de

    jurho

    de'rgis ,

    Ìoi

    ánàìonuau

    a

    Le, i

    5.9_05/73,

    ue

    "dispõe

    sobre

    a

    criação

    dos

    Conselhos

    e_

    derar.e Hegionais e Enfermagem dá outras providências".

    9y.1.9:

    da,

    criação

    do

    Consetfio

    Federat

    Ae

    EnfeïmãsËil,','urt"

    ror

    vrncurado

    o

    MÌnistérÌo

    o Trabalho

    ob

    portaria

    úmero

    305g,

    publicada

    somente

    em

    0S de

    março

    de

    íg25.1,r

    Deve-se

    alientar

    ainda

    que,

    quando

    se

    estuda

    a

    enferrna-

    gem

    no

    Brasi l ,

    dois

    pontos

    merecem

    um

    especial

    destaque

    no

    discurso

    produzÍdo

    pelos

    seus

    íntelectuaÍs:

    o

    sent imento

    de

    rel igiosidade

    a

    preocupação

    om

    o

    social.

    O

    primeiro

    encon-

    tra-se

    vivamente

    presente

    em

    inúmeros

    artigos

    da revista.

    Ape-

    nas,

    a

    t í tulo

    de

    ilustração,

    bserve-se

    qrJdiz

    um

    deles;

    ". . .Não

    é

    o

    corpo,

    nem

    só o

    espíri to, mas um e outro juntos, nu mcomposto indissolúvel

    que

    contém

    qualquer

    coisa

    misteriosá

    e impers-

    crutável

    ..

    Daí

    a

    grandeza

    da

    medic ina

    e .Ja

    enfermag.-. . .

    Er.r,

    pro_

    fissões

    tornar-se-ão

    ainda

    mais

    nobtes

    à luz

    da verdade

    cristã,

    consideran-

    do a

    origem

    dívina

    e

    o âmor

    fraterno

    que

    clevem

    unir

    todos

    os

    homens". l

    Este

    exto

    foi

    produzido

    a

    década

    de

    S0;

    á

    na

    década

    eguinte,

    60,

    vamos

    encontrar

    na

    mesma

    Revista,

    eferindo_se

    étlca

    do

    enfermeiro,

    rês

    princípios

    onsiderados

    undamentais:

    "respeito

    à natureza

    humana,

    reÌação

    do

    homem pâra

    com

    seu

    seme.

    Ìhante,

    direção

    vertical

    do homem

    a Deus.

    Este

    aspect

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    15/58

    Vê-se, portanto.

    que

    a

    enfermagem,

    mesmo

    no

    momento

    atual ,

    aínda

    se

    encontra

    ob

    a égide

    de

    uma

    forte

    rel ig iosidade,

    ta l

    se

    configura

    nos

    discursos

    de

    grandeparte

    de

    seu"s nte lec-

    tuaÌs,

    no decorrer

    dessas

    rês

    úl t ímas

    décadas.

    Por

    outro lado,

    a

    preocupação

    om o

    socia l ,

    bastante

    enfa-

    t izada

    ao longo

    desses

    vinte

    e cinco

    anos,

    não em

    um sentido

    muito

    di ferente

    do

    que

    fora

    abordado

    obre

    rel ig iosidade.

    ão

    se

    percebe

    os

    extos re lacionados

    om essa

    preoéupação

    ocia l

    uma anál ise

    mesmo

    superf ic ia l

    a real idade,

    oncebendo-seor-

    tanto a socìedade omo algo assim abstrato,omit indo-se, or

    conseguinte,

    ualquer

    eferência

    existência

    as

    classes

    ocia is

    ou

    a

    uma

    formação

    socia l

    específ ica.

    O socia l

    a

    que

    a

    enferma-

    gem

    se

    refere

    está

    estr i tamente

    elacionado

    penas

    ao servir .

    Em

    art igo

    publicado

    na

    Revista

    Brasi le i ra

    e Enfermagem

    obre

    o

    aspecto

    social

    da enfermagem,

    afirma-se:

    "A

    enfermagem

    é

    uma

    profissão

    de crráter

    essencialmente

    sociall

    a sua

    finalidade precípua

    é: servir

    à humanidade

    segundo

    as necessidades

    do

    indivíduo

    e

    da sociedade".le

    No

    mesmo

    sentido,

    porém,

    bem mais

    recentemente,

    m

    publ icaçãodo ano de 1972, a mesma Revista,sobre o papel

    socia l

    da enfermeira,

    destaca-se

    seguinte:

    "deve

    a

    enfermeira

    nanter

    uma nobre

    urbanidade

    de trato,

    recorrendo

    aos

    sentinentos

    de afabilidade

    e doação generosa

    ao serviço

    dos seus

    semelhantes,

    com

    o

    que

    muito

    lhes

    atÍajr'á

    a

    confiança

    e

    o

    respeito.,2ír

    Essa

    mesma

    inguagem

    e reproduz

    em

    vár ios

    outros

    art i -

    gos,

    sempre

    que

    se

    pretende

    evidenciar

    o

    socia l ,

    sÍgni f icando,

    simplesmente,

    re lacionar-se

    em

    com as

    pessoas,

    em

    nenhum

    sentido

    histór ico,

    em

    qualquer

    eferência

    s

    relações

    ocia is

    de

    produção.

    O socia l

    aparece,

    portanto,

    como

    al i ;ó

    autônomo

    do

    econôrnico.21

    19. FORJAZ,

    Marina

    de

    Vergueiro.

    Op.

    cit.

    p.

    127.

    20'

    MELLO,

    Josefina

    óe.

    Papel

    socìal da Enlermeira.

    Reuista

    Brasireira

    de

    Enfermagem.

    .'

    4,

    Ano

    XXV,

    Jul./Set.

    1972.

    p.

    176.

    21. A tentativa

    de

    autonomìzar

    social,

    desvinculando

    sociedade

    e sua

    base

    econômica

    e,

    portanto,

    como

    uma

    totalidade

    concreta,

    é

    uma

    iniciativa

    da

    socio-

    logia

    positivista

    como

    ciência

    no

    período

    da decadência

    deológica

    da

    burguesia

    e como

    uma

    reação

    conservadora

    do lluminismo.

    Autores

    como

    Gramsci

    e Lu.

    kács são

    críticos implacáveis

    dessa

    ormulação..

    er, a

    propósito,

    NOGUEIRA,

    Marco

    Aurélio.

    Anotações

    Preliminares pâra

    uma História

    crítica

    da Sociologia.

    Revista:

    Teuas

    de Ciências

    Humanas.

    São Paulo

    0):19-il9, L918.

    32

    2. Evolução

    do

    Ensinode Enfermagem

    ao longo

    do

    período

    1923-1980

    Pensaro ensino

    de

    enfermagem

    o

    Brasi l

    sígni f ica

    vol tar

    rro

    século

    passado, uando,

    m

    1890, o i

    of ic ia lmente

    nst i tuído,

    í:om

    a

    criação

    da

    EscolaProfissional

    de

    Enfermeiros

    e

    EnÍermei'

    ras.

    conformeo

    Decreto n. '

    791 de

    27

    de setembro

    de 1890,

    r lo

    Governo

    Provisór ioda Segunda

    Bepúbl ica.rr

    urge

    no Hos-

    plcioNacional e Al ienados, um momentode cr ise de pessoal ,

    t ;om

    a direção

    a cargodo

    própr io

    diretor do

    hospícioe o

    corpo

    rkrcente

    ormado exclusivamente

    or

    médicos

    daquela

    nst i tu i -

    r ;r ìo.

    eu

    objet ivo

    pr imordia l

    era

    preparar

    pessoalpara

    o

    traba'

    l l ro

    com os

    doentes

    mentais, ma

    vez

    que

    as

    irmãs

    de

    car idade,

    rrrsponsáveis

    or

    essa

    arefa,

    haviamabandonado

    hospício

    or

    l r rcompatib i l idadeom o seu

    diretor .

    Essaescola,

    oster iormente

    rkrnominada

    scola e Enfermagem

    lfredo

    Pinto,

    nspirou-se

    a

    lscola de Salpet ière,

    a França, mbora

    direção

    por

    enfermeira

    nomente

    enha ocorr ido

    om

    mais de

    50 anos

    de

    sua

    existêncÍa,

    procisamente

    m

    1943.

    Por vol ta

    de

    1901-02

    oi in ic iadoum curso

    de enfermagem

    nrrr

    SãoPaulo,

    o Hospi ta l

    Evangél ico, o je

    Hospi ta lSamari tano,

    aolr

    or ientação

    e enfermeiras

    nglesas;

    havia

    sido

    planejado,

    uir rda

    m

    1892,

    uando

    da sua

    fundação.

    inha,

    portanto,

    omo

    ublet ivo

    precÍpuo

    prepararpessoal

    para

    essa

    inst i tu ição;

    suas

    rr l trnas

    ram

    oriundas

    de

    famíl ias estrangeiras

    o sul do

    país,

    nr

    aulas

    eram

    ministradas

    m

    inglês e o refer ido

    hospi ta l

    dest i -

    nnva-se

    o

    atendimento

    e

    estrangeiros.

    Em

    1916

    oi cr Íadaa Escola

    Prát ica

    de

    Enfermeiras a

    Gruz

    VcrmelhaBrasi le i ra,com o propósi tode prepararsocorr istas

    voluntár ias

    ara

    o atendimento m

    si tuação

    de emergência.

    Mesmoconsiderada omo

    a

    pr imeira

    escola

    de

    enfermagem

    rkr Brasi l

    a EscolaAlfredo

    Pinto

    ,

    na

    verdade,

    uma

    escola

    r :orn

    organização

    dministrat iva docente,sob

    a responsabi [ i -

    r l r rde

    e

    enfermeiros, urge sornente

    em 1923, om a criaçãoda

    },t

    RESENDE,

    Marina

    de Ándrade.

    Exsino de Enlernzagent.

    euista

    Btasileira

    le l:nlermagem.

    ; 2,

    Ano XIV,

    Abril-1961.

    .

    110.

    33

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    16/58

    Escola

    de Enfermeiras

    o

    Departamento

    acional

    e

    Saúde

    pú-

    bl ica

    (DNSP),

    nexa

    ao Hospital

    Geral

    de Assistência

    daquele

    Departamento.s3

    É

    importante

    essaltar

    que

    a socíedade

    rasi leira,

    o

    pr in-

    cípio do

    século

    XX, t inha

    como

    sustentácuÌo,

    anto

    no

    olanosó-

    cio-polí t ico

    uanto

    no

    econômico,

    setor

    agrário-exportador

    a-

    feeiro.2{

    A crise

    do capital ismo

    nternacional

    e

    ref let ia

    nos

    setores

    peri féricos

    e ameaçava,

    or

    conseguinte,

    economia

    brasi leiraque por sua vez passaa enfrentara crise do padrão

    exportador

    apital ista

    e

    crise

    do

    Estado.

    SegundoBraga,

    é nesse

    momento

    que

    "a saúde púbÌica

    cresce como

    quesrão

    social

    no Brasil,

    conjuntâmeDte

    com

    o capitalismo,

    mas vai

    ganhar

    conrornos

    novos e mais nítidos

    du .

     ânte

    a década de

    20,

    quando

    a

    primeira

    Íase

    de acumulação

    capitalista

    ultrapassa

    seus

    próprios

    limites

    com

    o

    auge

    da economia cafeeira. .

    . "

    Trata-se,

    ortanto,

    e

    uma atenção

    especial

    e

    imediatapor

    parte

    do

    governo,

    o

    sent ido

    de

    implementar

    saneamento

    os

    portos e núcleosurbanos, orquanto ram constantes s adver-

    tências

    externas,

    or parte

    dos

    países

    que

    comercial izavam

    om

    o

    Brasi l ,

    ern

    parar

    corn as negociações,

    aso

    persist issem

    as

    constantes

    pidemÌas

    endemias

    ue

    representavam

    ma

    amea-

    ça

    aos

    tr ipulantes

    dos navios

    que

    aqui

    aportavam,

    em

    como

    à

    população

    e seus

    países

    de origem,

    sem contarcom a

    neces-

    s idade

    que

    inha

    o Brasi lde

    atrair

    mão-de-obra

    undamental

    ara

    a const i tuição

    o

    mercado

    de trabalho

    capital ista.

    2J. A.Escola de Enfermeirasdo DNSP Íoi criada pelo Decrero n." 15.799de

    L0-11-I922,

    tendo contribuído

    decisivamenrepara

    sua criação

    o diretor geral

    desseDepartamento,

    o

    professor

    Carlos Chagas

    CARVALHO, Anayde

    Cor-

    rêa de. Associação

    Brasileìra

    de Enlermagen,

    1926-1976. )ocumentário.

    p.

    8.

    24. PEREIRA,

    Luiz.

    Ettsaiosde

    Sociologia o

    Desenuolui,ncnto. .

    125.

    Atn

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    17/58

    oficiaf

    padrâopara

    odo

    o

    país,

    conforme

    Decreto

    20.10g/31

    a

    Presidência

    a Repúbl ica.: ìo

    Do

    grupo

    de enfermeiras

    a Fundação

    Rockefel ler,

    espon-

    sável

    pela

    organização

    a Ana Néri ,

    coube a Miss

    Clara

    Louise

    Kienninger

    encargo

    de

    primeira

    diretora,

    part i r

    da

    fundacão

    da

    escola

    1923),

    endo

    sido subst i tuída

    m 1925

    oor outra en-

    fermeira

    americana;

    omente em íg31

    a di reção oi

    assumida

    por

    brasi Íei ra, a

    pessoa

    da enfermeíra

    RachelHaddock

    Lobo,

    quando,

    aos

    poucos,

    as professoras mericanas ambém oramsendosubst i tuídas or

    brasi le i ras.

    Inic ialmente

    EscolaAna Néri

    foi

    consideradanst i tu ição

    complementar

    a

    Univers idade o

    Brasi l ,

    conforme

    Lei 4S2 de

    05

    de

    ulho

    de 1937,

    ssinada

    elo

    entãoPresidente

    etúl ioVar-

    gas,

    passando

    def ini t ivamente

    pertencer

    à Univers idade

    o

    Brasi l ,

    sem

    a

    condição

    de inst i tu ição

    omplementar,

    e acordo

    com

    o Decreto

    21.321

    e 18 de

    junho

    de 1946da Presidência

    a

    Repúbl ica

    31

    .

    Os

    primeiros

    cursos

    inham

    caráter

    ntensivo,

    om

    duração

    de

    28

    meses

    e em

    seguida32, respect ivamente;

    o

    candidãto

    exigía-se

    conclusão

    o

    curso

    normal

    ou equivalente,

    ivergindoconsideravelmenteas escolasda época CruzVermelha Rl-

    Íredo

    PÌnto),

    ujas

    exigências

    estr ingiam-se

    penas

    saber er

    e

    escrever.

    No

    que pese

    a importante

    ontr ibuição

    a Escola

    Ana Néri

    ao

    ensino,

    como

    pioneira

    das escolas

    de

    enfermagem

    o Brasi l ,

    a

    mesma

    nasceu

    sob

    o

    signo

    do

    el i t ismo

    e do

    preconcei to.nr

    30.

    o Decreto n. '

    20.109

    de 15-06-1911

    egula

    o cxercíc io

    d4 cnfermagem

    e f ixa

    as

    condições para

    a

    equiparação

    das

    escolas

    de enfermagem

    (.. .).

    Estabeleceu

    a Escola

    Ana

    Néri

    como

    escola

    padrão,

    isto

    é,

    outras

    que

    viessem

    a ser criadas

    no território nacional deveriam necessariamente funcionar dentro dos mesmos

    moÌdes

    e

    serem

    a ela

    equiparadas,

    se ambic.ionassem

    o registro, no

    Departamento

    Nacional

    de Saúde, dos

    diplomas

    por

    elas

    emit idos.

    CARVALHO.

    Anavde

    Cor,

    rêa

    de.

    Op.

    c i t .

    p.

    232.

    )1.

    RESENDE,

    NÍarina

    cle

    Andrade.

    Op. c i t . p

    i iJ .

    )2.

    A

    escola Ana

    Néri

    Íoí

    organizada no

    mais alto

    padrão,

    e a

    seleção das

    alunas

    também foi

    excepcional.

    (.

    . .

    )

    Aco'teceu

    até um

    fato

    lamentável-

    Ápesar

    da

    oposição

    de duas

    americanas que

    vieranr para

    a escola, uma

    moça

    de cor

    venceu

    todas as barreiras

    para

    o

    ingresso

    no

    curso. Na

    hora

    da

    matrícura,

    as

    americanas,

    não

    permit i ram

    e fecharam

    questão (. . . ).

    Daí

    por

    diante,

    enquânto

    as

    ameticanas

    estiveram

    aqrri. apenas

    brancas

    podiam

    freqüentar a

    escola.

    MAGÂ-

    LHÃES,

    Má,rìo. A

    política

    de

    Saúde

    Públìca

    no

    Brasil nos últinos cinqüenta

    anos.

    I

    Simpósio

    Sobre Política

    NacionaÌ de

    Saúde.

    Câmara dos Deputados.

    o.

    202.

    36

    E de tal

    forma

    foi isso mârcante

    em sua

    hrstória

    que,

    rnesmo

    rìas

    produções

    cadêmicas

    e seus

    alunos,

    na atual idaCe,

    er '

    (;ebem-se

    ndíciosde suas

    raízesautori tár ias.r: Ì

    Mas,

    retomando

    questão

    do

    currículo

    e enfermagem,

    ua

    primeira

    eformulaÇão

    ata

    de 1949,

    onforme

    Decreto

    n."

    27

    42 6

    de

    14 de

    novembrode

    1949da

    Presidência

    a

    Repúbl ica,

    pó s

    a

    promulgaÇão

    a Lei

    n."

    775

    de

    06

    de agosto

    de 1949

    do Go-

    verno

    Federal ,

    ue

    díspõe obre

    o ensíno

    de enfermagem

    o

    país

    e determina, utrossim,que, por um períodode sete anos,as

    escolas

    oderiam

    ont inuar

    ecebendo

    andidatos

    ortadores

    e

    cert i f icados

    de

    curso

    ginasial

    ou

    equivalente;

    expirado

    esse

    prazo,

    urge uma

    nova

    lei, a de

    n.o

    2.995/56,

    ue prorroga

    po r

    maiscinco

    anos,ext inguindo-se,

    ortanto,

    m

    1961,

    uando

    odas

    as escolas

    passaram

    a

    exigi r curso

    secundário

    ompleto

    ou

    equívalente.

    Não

    houve a

    rigor

    mudança

    ensível

    entre

    o currículo

    de

    1923,

    uando

    da

    implantação

    o

    ensino

    de enfermagem

    a Es-

    cola

    Ana

    Néri ,

    e

    o

    de

    1949.Ambos

    priv i legiavam

    s

    disc ipl inas

    de caráter

    prevent ivo,

    mborao

    mercado

    ut i l izador

    á

    apontasse

    forte

    tendência

    para

    o

    campo

    hospi talar.

    nquanto m

    1943,

    je

    334 enfermeiras m serv iço at ivo, 66% trabalhavam a saúde

    públ ica

    ê 9,5o/o m hospi tais ,

    m

    1950,

    49,4% das

    enfermeiras

    encontravam-se

    o

    campo

    hospìtalar

    17,2o/o,a saúde

    pública.'J{

    )).

    poucos

    anos, em 197 7, um

    grupo

    de

    alunas da Ana

    Néri

    -

    Kátia de

    Souza,

    Léa

    Vargas Tiriba Bueno e Regina Célia da Silva

    Tavares, Íoi rep rovaclem como

    nota

    oficial do CEBES se

    posicionando

    contrariamente

    ao ato

    que

    rcprovou as alunas,

    por

    entender

    que

    o trabalho

    apresentado

    pelas

    rnesmas

    reflete

    a realidade

    cie

    saúde

    da

    população

    brasileira

    1

    . .

    )

    Revista

    Saúde

    em Debate

    n. '

    7-8

    Abr./Jun. 1978.

    p.

    10 .

    O

    jornal

    Folha

    de São Paulo, noticiando sobre

    o rnesmo

    assunto,

    actescentâ

    ainda

    que

    uma das alunas, Léa

    Tiriba,

    eleita

    representânte

    do

    corpo

    discente

    no Projeto

    de

    Integração Curricular,

    foi

    ameaçada

    de

    deposição do

    cargo

    por

    scr uma

    pessoa

    unilateral e

    tendencìosa. Folha de São Paulo n."

    17.922 de

    28-04-78.

    l.{.

    ALMEIDA,

    Maria

    Cecília

    untel e et alii. Op.

    cit.

    p.

    3} .

    37

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    18/58

    Emboranão

    se

    possa

    estabelecer

    uma

    relação

    mecânica

    entre

    a escola

    e

    a estrutura

    socia l,

    não

    é

    possível,

    por

    outro

    lado,

    a

    análÌse

    a

    evolução

    o

    ensino

    de

    qualquer

    área

    do

    conhe-

    cimenjgrp,

    r Ìêse

    caso,

    da

    enfermagem,

    uma

    época

    determi-

    nada,

    sem

    a

    compreensão

    as

    bases

    estrutura is

    da sociedade.

    Nesse

    sent ido

    tentar-se-á

    aracterzar

    a

    sociedade

    brasi-

    le ira

    dos

    anos 30

    até nossos

    dias,

    num

    esÍorço

    de

    veri f icar

    at é

    onde a

    legislação

    o

    ensino de

    enfermagem

    tre lou-se

    nova

    crdem econômico-polí t ico-socia l .

    a

    década de

    30,

    o

    sistema

    agrár io exportadoracabavapor ceder lugar à implantação aindustr ia l ização,

    om base

    num

    processo

    de subst i tu ição

    e im

    portações.

    sse

    é

    o

    processo

    e

    maturação

    a

    burguesia,

    om o

    bem

    salientou

    Florestan

    Fernandes

    m A Revolução

    Burguesa

    no Brasi l .

    que

    se estende

    até

    o in ício

    da

    década

    de 60.

    A bur-

    guesia,

    visando

    consol idar

    seu

    domínio

    e

    garant ì r

    a

    acumula-

    ção

    de capita l ,se

    compelida

    a

    formar

    um

    pacto,

    anto

    com

    as

    classesmédias

    como com

    os

    trabalhadores

    rbanos,

    m no-

    me

    da autonomia

    nacional.

    Desenvolviment ismo,

    acional ismo,

    popul ismo,

    são

    traços

    característ icos

    esse

    período.

    Aconteceu,

    porém,

    que

    essa

    situação

    possib i l i tou

    ambém

    uma

    art icu lação

    uma ntensa

    mobil ização

    as classes

    subalter-

    nas,mesmo no seio do chamadopopul ismo, r incipalmente operíodo

    de

    Goulart

    Í961-19641,

    evandode

    certa orma

    a

    classe

    burguesa

    a temer

    a

    perda

    de

    sua hegemonia

    o

    contro le

    do

    processo

    eformista,

    ão reclamado

    o início

    dos anos

    60. Com

    isso

    o

    pacto

    anter ioré

    rompido

    em 1964

    um outro

    al iadoentra

    em cena

    -

    o capita l

    monopol ista

    nternacional,

    ue passa

    a

    exercera d ireção

    do

    processo

    conômico

    polí t ico,

    ob a égide

    de

    um Estado

    mil i tar

    autor i tár io .

    O desenvolvimento

    ependente

    associado

    o

    que

    passa

    a vigorar,

    consolídando-se,

    ortanto,

    a

    internacional ização

    a

    economia,

    part icu larmente

    ncent ivada

    acelerada

    o

    qoverno

    Juscel ino Kubitschek

    1956-61).

    isando

    proteger

    o

    plocesso

    acumulat ivo, país adota,a part ir de 1964,um r igorososiste-

    ma de repressão

    polí t íca

    e é aperfe içoado

    m

    modelo

    econô-

    mico

    concentrador

    e

    renda.sí

    35. Em 1960,

    os

    50Vo mais

    pobres

    da

    popuÌação

    detinham

    17,4o/o

    a

    renda,

    os

    10Vo

    mais ricos

    detinham

    J9,6o/o

    la/o dos

    mais ricos

    detinha 7l,9Vo;

    em 1970,

    os mesmos rupos

    detêm 14,9Vo,46,7Vo

    I4,7Vo;

    em 1912, 11,3o/o,52.6Vo

    l9]Vo;

    em 1976,

    I3,5Vo,

    50,4Vo 77,4Vo;em

    1980, 12,6%o,50,9oto

    76,9Vo.

    Observe-se,

    ortânto,

    que

    nos

    anos

    de

    L972,

    t916

    e 1980, lVo

    da

    população

    mais rica concentrava

    mais renda

    do

    que

    50Vo

    d,a

    população

    mais

    pobre.

    OLI-

    VEIRA

    FILHO,

    Gesner,

    utilizando dados do censo

    de 1980

    e

    de

    Almeida

    T.

    S.

    C. Â Distribuição

    da Renda. Folha

    de

    São Paulo"

    28-03-1982.

    38

    Fruto

    das

    medidas

    omadas

    elo

    Estado

    utor i tár io

    ós

    1964,

    um

    novo

    ciclo

    de

    expansão

    conômica

    e

    desenvolve

    o

    período

    igOg-i l

    superando

    cr ise

    econômica

    anter ior.

    Esse

    ciclo

    de

    expansão

    é

    corrrente

    conhecido

    como

    milagre

    brasi le iro

    e

    fo i

    possível

    graças

    à

    ação

    do Estado.

    ue

    repr imiu

    severamente

    a- ciasse

    ra6alhadora,

    omando

    medidas

    de

    contenção

    do

    tra-

    balho

    e

    ao

    mesmo

    empo

    adotando

    mecanismos

    e

    proteção

    do

    cãpita l .

    A

    part ir

    de

    1973,

    em

    início

    uma

    nova

    cr ise

    econômica.

    Entretanto,

    ermaneceram,

    m

    essência,

    s

    polí t icas oncentra-

    cionistase repressivas

    o

    Estado

    mil i tar '

    Nesse

    contexto,

    a

    polí t ica educacional

    o

    país

    ter ia

    que

    ref le t ir

    a

    nova

    situação,16

    em

    como

    aquela

    adotada

    na

    área

    do ensino

    da

    saúde.

    Tomando-se

    gora

    o

    currícu lo

    do

    curso

    de

    enf

    ermagem

    de

    í949

    e o

    seguinte,

    u

    seja,

    o

    de

    1962

    Parecer

    271/62

    do

    CFE,

    percebe-se

    ma

    mudança

    considerável;

    pr imeiro

    surge

    numa

    ase em

    que

    prevalecia m

    espír i to

    polí t ico

    supostamente

    l ibera l,

    com

    um

    capita l ismo

    ue

    ainda

    não

    comportava

    priva-

    t ização

    a saúde

    de

    forma

    empresaria l ,

    r iv i leg ian-do, .por.con-

    *"güintu,

    o

    estudo

    das

    doenças

    de

    massas,

    através

    das

    disci-

    p l iãas

    ditas

    de área

    prevent iva. .O

    segundo

    emerge

    num

    mo--

    mento em que a economiabrasi le ira omeça. tender paÍa um

    fróó"."o

    excludente

    e

    concentrador

    a

    renda

    e,

    dessa

    forma,

    coincidentemente

    preocupação

    rimordia ldo

    currícu lo

    de

    en -

    fermagem

    incide

    agora

    sobre

    as

    clín icas

    especia l izadas,

    e

    caráte i

    curat ivo. : r?

    saúde

    públ ica,antes

    considerada

    ão

    bá -

    sica,

    não

    aparece

    como

    discip l ina

    obrigatór ia

    do

    .currícu lo

    mínimo,

    mas

    como

    especia l ização,

    aso

    pretendao

    aluno

    con-

    t inuar

    os

    estudos

    após

    graduar-se.

    Assim

    prosseguiu ensino

    de

    enfermagem,

    endo

    coroado

    com

    novo

    Parecer

    o de

    n'" 163/72,

    Resolução

    /72

    do CFE

    que

    surgem

    por

    força

    da Lei

    5.540

    e

    28 de

    novembro

    e

    68

    [Re-

    16.

    Ver

    a

    propósito

    FREITAG,

    Bâtban.

    Escola'

    Estado

    e Sociedade'

    )7.

    A

    partir

    da

    segunda

    metade

    da

    década

    de 60,

    observa-se

    uma

    diminuição

    do,

    grrú,

    estatais

    Jm

    Saúde

    Pública,

    reduzindo-se

    o orçdmento

    do

    Ministério

    .ta

    Saúde

    em

    relação

    âo

    orçâmento

    global

    da União

    de 4,57Vo,

    em

    196I'

    a

    0,g0vo

    em

    197.1.

    Todos

    o,

    p.ogru^^, dirigidos

    ao

    controle

    das

    chamaóas

    doen-

    ças

    de massa

    sofreram

    red,.çõei

    e

    quase

    paralísações

    com

    a

    opção

    polítíca de

    rliminuir

    os

    gastos

    em

    Saú

  • 8/17/2019 Livro - Educacao e Ideologia Da Enfermagem No Brasil - Elba Miranda

    19/58

    forma

    Universi tár ía) .

    i

    s im,

    a medicina

    e

    a

    enfer