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Livro: Primeiras poéticas - Felipe Mascarenhas

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Primeiras poéticas:sobre amor e outros vícios

Felipe Mascarenhas

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo

ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98)

Copyright © 2014, Felipe Mascarenhas

Projeto gráfico e composição: Felipe MascarenhasCapa: Felipe Mascarenhas

Dedico este livro a mim, meus pensamentos, meus amores & paixões,

meus vícios e aos meus amigos que me apoiaram

O amor é uma doença como outra qualquer- Ferreira Gullar

cinzasMeu coraçãose inflama.Nele arde umachamaque nomeio de PaixãoO meu peitose abre.

Nunca é tardepara viver intensamentea paixãodo fogo ardenteque queimano meu peito.

Passo horas a fioesperando você ligaralguma carta suachegar,mas nadaacontece.

Tudo é tão pálidoparadosem formanem sentimento,parece que morreuo sentimentodo começo.Do jeito que era,da forma que foi.

Não posso mais esperarpara quemeu coraçãoinflame novamentee na chama ardentevire cinzas de paixão.

Deleite-seDeite-se em mimNavegue nas profundezas de minha almaPonha-se dentro do meu corpo quenteMe ame com sua carne e seu amorBeija-me com o suor da sua línguaPonha-se embaixo de mim sem suas roupasAmasse minha camisaSua mão macia,que passeia sobre meu corpoEu te descobrindoo meu porto

sua cama em mim

meu morenoMoreno faceiro Quero estar em seus braçosSentir seu cheiro Me aperte em seus abraçosMe deixa sem jeito Menino morenoVocê enche meu peito Eu ao seu ladoSeu sorriso no rosto Enquanto eu bradoSinto seu gosto Em todos seus beijos

olhos azuisPasseando por algum canto de alguma cidadepassei por uma cafeteria qualquerentreie logo vi você à espera de alguém no balcãode bruçosreparei em seus olhos azuise profundos.Dentro deles mergulhei, me afundeiquase me esqueci a razão de entrar aliquando fui ao balcão fiquei paralisadoaqueles milésimos de segundos paradovocê percebeu minha distração dentro dos meus olhos,e acabou com tudo isso ao dizer:- Deseja ajuda? - Pensei em responder:- Queria poder vestir-te de desejo,queria que esses olhos azuis oceano fossem meusno mais instante ensejoMas eu pedi apenas um café.

fuga do amor românticoFugi...Te dei um beijoDeixei uma carta que contém todo meu amorEscrevi com lágrimas Estou triste em te abandonar assim desta maneiraNós, os apaixonados românticos, sempre tentamos arrumar

[um jeito estranho de dizer adeusGeralmente mandamos cartas com palavras bonitasOu, então, apenas dizemos adeus com o olharNuma troca de olhares a outra pessoa entende o adeus,sem precisarmos dizer.

Fugi...Do meu sentimento que fiquei com medoEstava tão feliz que me assusteiMeu coração pulsava tanto, que achei que fosse infarto,mas era amorAmor por você e seu sorrisoAmor pelo seu cheiro que consigo reconhecer em outros lugaresAmor por estarmos juntos

Fugi...Não queria ter que contar para as pessoas que fugiSimplesmente fugi disso tudo, fugi do meu amorSou um romântico apaixonado amoroso que sofre por amorSofre das dores do amor românticoSofre por conta da dor do amor românticoEscrevo algumas coisas, palavras aleatórias para me livrar dessa dorAs palavras jogadas num papel me ajudam a lidar com a dor e parar

[com todo esse clichê de rimar amor e dor

Chorei...Chorei por fugir disso tudo e não poder mais te ter em meus

[braçosE mais nenhum dos seus abraços.

uma menina e outra morenaOlhei profundamente para seus olhosEu velejei nelesMenina, ginga seu corpo e roda o vestidoVenha ser minha menina, posso ser sua morenaMinha cama está vaziaMeus lençóis brancos estão à sua esperaEstou disposta a entrelaçar minhas mãos em seus cabelosCabelos breu Quero olhar de novo para seus olhos e me perder Olhos azuisVenha ser minha meninaQuero ser sua morena

emboraEmbora eu te ame,fui-me embora.Me entregueiTe dei todo meu amorMas você nem conseguiu cuidar de mimPor isso eu vou cuidar de mim mesmaSozinha no mundoLevando apenas um retrato seu,caso sentir saudadesda sua cara cretina.

Estou desatinandoeu estou mudando.Peguei meu amor de volta,pra vocêdeixei na sua casa um bilhetee uma rosa vermelha,tomara que cuide dela,melhor que cuidou de mim.Peguei o dinheiro da minha passagemque era só de idaPeguei um pouco de coragemCom a roupa do corpo vou andando,sambando,fazendo amizadesnos botecos da cidadeEu nem sequer olho pra trásNão me arrependoNem ao mesmo me prendoQuero seguir meu rumo,meu rumo sem destino no mundo.Enquanto outro amor não vem,vou andando com a roupa do corpo,por aí,perdendo pouco a poucoesse amor louco.Vou parando em esquinas e bares,sem nem sequer sentir saudades.

tule azulDeixei você irpra que você pudesse ser felizpra outros amantespra outras ilusões,desamores que correm pelo chão

Mas confessoque sinto faltados cigarros que fumamos juntosDos copos de uísques que dividíamos

Eu dividi com você muito mais que uísque,compartilhei minha vidadividi com vocêa delícia de ser quem eu soudesse jeitoamoroso,cheio de amorque poderia ter sido seu

Enquanto escrevo issofumo um cigarro sozinhochoro como um covarde,mas mantenho minha bondadee meu amorno tule azulque cobre meu rosto.

São Paulo, 2013

outros coposDeixa seu copo de bebidapro gelo derreterNão é no gelo que encontramos felicidademas pode estar no próximo goleDo próximo copo de whiskeyPode estar no próximo beijo,na saliva

Deixa tudo isso pra lá,para você viver sua vida, meninaSeja feliz assim mesmo,sem copos de bebida,sem gelo,procure por um beijodo seu amor verdadeiro,de quem você sempre quis.

Deixa esse copo em cima da mesade madeirapara que marquee deixe uma marca suana madeiraassim ele nunca te esquecerá.

Menina, deixe essa vergonha pra ládeixa que sua essência tome contade você,enquanto você vive esse amor,essa paixão efêmeracom veemência.

Deixe esse ímpeto amorosoque é seu,está no seu coração,extravasar.

Ame entre um gole e outro,uma tragada e outra,ame ele de qualquer jeito,depois deixo-opor aí

vagandote procurando feito um louco,louco de amor. Enquanto você dorme com outro.

coração vadioNeste lugar onde eu estousozinhoJá estive junto com alguns amoresque hoje são lembrançase, na verdade, não passaram de paixõesPaixões relâmpagosme revelando nos clarõesEnquanto eu nada sabiavários me descobriramfui me descobrindo por eles,os amores. Disfarçados por sorrisos.E enquanto eu escrevoeu percebo queamoroso eu sou,não tenho jeito,de amores morrereivárias vezes por dia,enquanto meu coração vadiapor aíprocurando amorespra eu morrer mais uma vez.

São Paulo, 2013

nossa línguaA língua portuguesa,a língua,a língua que eu falo,você entende e escuta.

A língua do beijo,perfeito par de línguas as nossasque se encontramse afrontamse encostam esentimo-nos.

Poderia ser a nossa língua uma só,nossa língua,se acariciando dentro da boca,da boca minha,da boca sua.

Nossa línguaestranha,nossa fala,silencia,sendo apenas línguase beijos.

madrugadaVou viajando pela cidadee pelos meus pensamentosvou tentando me encontrare encontrar algum lugar que combine comigo.Enquanto isso o carro me conduzpara algum lugaras luzes iluminam meu rostoenquanto eu vejo os rostos das pessoasno meio da ruabebendo cervejavodka baratae rindo. Vou vagando pela cidadelembrando dos lugaresvagando pelos pensamentostendo lembranças de amores lembrando as paixões de alguns verões.Vou percorrendo os lugares e vendo tudo o que acontecee tendo a impressão que eu não pertenço mais a esse lugareu, talvez, não pertença a lugar nenhumeu estou muito dentro de mimpreso nas coisas do coração.Para acabar com minha angústiaque pulsaentro num bar qualquerpeço uma cervejasento no meio-fioacendo um cigarro,que se consome,com a ajuda dos meus pulmões,que puxam a fumaça,meus pulmões cheios de fumaçae minha cabeça cheia de pensamentos.Bebo alguns goles da cerveja,vejo o movimento,não penso em mais nada,na noite fria e densana noite que prostitutas passeiamtentam encontrar seus clientes,na noite em que os amantes choramseus antigos amores,

na noite.Na noite densa,fria e escuratudo pode acontecer.Eu fico sentado,vagando em devaneios,lembranças estranhas,eu fico pensando nos olhos de um,na boca de outro,nos beijos quentes de um terceiro.Fico pensando em especial em alguémque na noite possa aparecere me fazer sorrire ter os olhos, a boca e o beijoque sejam perfeitos,a ponto de eu me lembrar de tudo isso,pensando numa única pessoa.

a jovemMe perfumo para te encontrarnuma noite com luara lua cheianos cobre com sua luz brancae o amor nos permeia.

Me visto como uma damapasso meu batomvisto meu sutiã carmimpara chamar sua atenção,meu vestido estampado.

Me pego, enquanto me vistopensando em seu sorrisobonito e perfeito,com isso perceboque seu rostoestá tatuado no meu peito.

Me pinto para vocêpara ser suaamanteembarcarmos na noite quentedespidos de tudo que nos impeça de amar.

Me vejo no espelhoredescubro minhas formasrevejo meu rostorelembro da juventudee me preparo para ser jovem novamentee viver um novo amorcomo uma jovem apaixonada.

Me sentoespero ansiosamente você chegarpara que possa fazer um charmede quem ainda não acabou de se arrumar,como se estivesse procurando um sapato para calçar.

Quero ser sua namoradaser sua amadaquero viver a vida inteira ao seu lado,

quero passar toda a vida com você estando dentro de mimquero dormir e acordar ao seu ladoquero poder receber um beijo seucom gosto de bom diacom gosto de amor.

apenas um beijoEstamos mudossentados na salaesperando alguém dizer alguma coisa.Nossos olhares se encontramna esperança de nos revelar alguma coisasentados no sofáonde nosso amor aconteceu.Você que fica distanteme diz uma palavra no instante em quepoderia me beijarpara eu me lembrar do seu gosto.Enquanto ficamos sentadosexalamos nosso amor pelos porosclamamos pelo amor um do outroem silêncio.Quando tentamos falarapenas o que saisão palavras mudassem sentido;você poderia apenas me beijar.

pequenas poéticas:Estou sem sisoEstou sensívelJogaram minha moral na lamaIsso parece risível,mas, na verdade,é impossível

Passou uma jovempor mim,me envaideci. Elausava um batom carmim.

Vivi na lama,mas, hoje em dia,encontrei quem me ama

Pegaram-me desprevinidoLevei um tiroFiquei perdido

Disseram-me palavrasMe assusteiNão eram claras

Meus pensamentos foram emboraJá passam das seisDeu minha hora

‘‘‘‘‘‘

vagando em almaSer que habita em uma almaque envolve meu corpouma alma que segue sua caminhadaapenas uma alma!

Quero poder acabarcom as viagens da almasozinha.Que vaga sozinhapela noiteà luz do luarsentindo um vento nostálgicoque bate no corpo da almaum sopro de lembrançade outras noitesnoites mais frias,quando nos cobríamose noites mais quentes,quando nos refrescávamoscom o sopro dos vento do sul.

Pode até parecer inútilmas quando minha alma vagueapor essas ruas estranhas e friastudo que sinto quando estive aquiesvai-secomo se as lembrançasos sentimentose o rosto das pessoassumissemtão rápido quanto como vemos uma estrela cadenteque passa por nósem contados milésimos de segundos.

Minhas lembrançasminha almatudo em mimdeve estar perdido

por essas ruas que já andeidurante as noite que passeinas frias madrugadas que te encontrei.Minha almacontinua a vaguear por aí...

sem rumoMeu amor saiu por aí para encontrar alguém,encontrou ninguém.Entristeceu-se enão quis mais procurar.

Até ontemà tarde,quando eu te encontrei.

Vi você caminhando sem rumocom um olhar perdidoque encontrou o meute olhando.

Nossos olhares se encontraram,os seus olhos sorriram,os meus brilharam.

Sorriconversamosnos beijamoshoje somos apenas um.Hoje nos amamos eencontramos o amor.

pensamentosSeguraminhamãome abraçacom seus lábiosmebeija.

Venhaaté aqui.

Leve-meatéseus sonhosmais belosmais escuros.

Tragameapenas mais uma dosedoseu amordoseuolharquecontém um brilho.

Meusolhosbrilhamquandoestamos pertos.

Meucoraçãopor estar longepodeparecertriste, mas meus pensamentos faz com que ele viaje até você,fazendo com que eu me lembre do seu rosto, boca, abraço e sua suave

[voz que me conduz na noite.

coração feridoCoração feridoEstá inflamado de paixãoUma paixão cravada, que machucaUma paixão que não se demorouVeio e se foi para nunca maisFiquei perdido, cego, sem um pedaço de mimMeu coração, coração feridoDilaceradoFaltando um pedaçoQue está por aí perdidoOu com você em sua cama

amor de carnavalOs olhos cheios d’água, meio sem jeito. Foi isso e mais nadaEu esperei durante anosFiquei vendo a vida passarPassou por cima de mimAs lembranças voltaramOs amores antigos, não mais se calammeu coração fala todos os dias delesTodo meu amor vertido em lágrimasMeu coração: receptáculo de amores amargosAmargura que tece minha vida,meu coração de seda, com rendas de amargorMeus sentimentos são as estampas do tecidoAh.. Esse amor, um broche que fura o tecido de seda;deixa marcasPosso me lembrar da morena do Centroe do moreno da Vila MadalenaEu vejo em mim e me lembro,dos olhos azuis daquela de cabelos cresposE da mão macia daquele que moldou meu corpoe viajou por minhas curvasQuero que você seja só de mimDurante o verãoo calora brisa quente que nos faz suarMeus verões são sempre recheados de amoresmeus carnavais são sempre decorados com desesperoDesespero de não ter mais os amores que tive no verãodesespero em ver os blocos na ruaE meus olhoschorarem pelos amores que se foram.Minhas lágrima caem como confetes carnavalesco.

sombrio e nobre da morteA morte é algo sombrio,negro,cobre nossos olhos de desgostoperdemos tudo o que tínhamos.

Morrer por sofrer,morrer por amar,existe forma bonito para morrer?Não sei se existe, mas sempre a morte vem;o sopro da vida que se esvai,sai de nossos corposnossa mente para,nosso coração desacelera.

A morte vem bonita nos buscarvestida com um vestido de sedapreto,algo sombrio e nobre.

A morte não escolhe hora,ela apenas vem.Vem dentro de um copo de whiskey,dentro de um tubo de cigarro,ou vem num copo de veneno.

Morrer e viver novamente,algo tão incoerente,mas pertinente.Quando morremos para viver?Ou apenas vivemos para morrer?

um café, por favor; e meu futuro amorTomo um gole de caféQuando termino, leio sua borrasQue me diz sobre futuros amorese, claro, suas dores.

Impossível viver assimEncontrando respostas em borras de caféJá tentei tarô, búzios e mandingas. Nada foi tão eficiente.E hoje me sinto tão carente. Estou como uma caneta bic sem tampa.

Acho que preciso viver assim, sem tampa mesmoSem tampa a loucura perpassa por meu ser. Ela é uma das coisas que eu me importo nessa vidaA outra. A outra é o amor.O amor que, como disse Drummond, levanta a saia das mulherese tira os óculos dos rapazesNos deixa assim, tão sem jeitoQue nem mesmo sei como terminar esse poemaQue não contém nada de perfeito.

meus versosEscrevo versospara eu não sucumbir à loucurapara que eu não viva o pesadelo sozinho,mas, sim, com meus versos.

Choro. Sempre choro.Antes chorar do que acumulardentro de mim um rio de lágrimas.

Fumo. De vez em quando.Às vezes, enquanto choro, fumo.A fumaça, as lágrimas, o catarrotudo se mistura. Quando não, eu vou para debaixo do chuveiro. Choro. Enquanto escorre a lágrima,cai a água. Tudo se mistura.

Quando termino, escrevo versospara que eu não sucumba à loucuranem tenha pesadelos, nem viva-ossolitário.Meus versos me acompanham.

cadáverMeu cadáver deitadoenquanto a carne ainda está quenteenquanto meu coração ainda se lembra dos amores que deixeipor aí a esmoenquanto deitado vou me caminhando para outro mundo.

Queria poder estar mais vivo do que estouser mais que apenas lembranças para meus amorespara aqueles olhos belos e doces que encontreipara aquela boca quente e simpática a me beijarpara os outros amores que não me lembro.

Minha carne, meu cerneminha armadura protetoraque protegeu meu coraçãocoração de amores pungentesque sofreu por seus olhos que me olhavamque sofreu pelas bocas que não beijouque sofreu...

Coração vermelho que pulsaque amou, se alegrou e chorouhoje se acalmae ainda quentepulsa pela última vezmas que irá eternamente se lembrarde tudo o que fezde todos que estavam guardados dentro dele.

Nem sequer deu tempo de eu me despedircom um último poemaao último amor que tiveque nem sabemas eu ameipela última vezdeitado numa camacom a carne quente, um corpo inflamadofebril.Meu último amorque se veste com cetimvem para se despedirdizer adeus, sem saber quem sou eu

sem saber que ameilongamente durante horas e horasobservando sua beleza enquanto dormiavendo seu sorriso belo enquanto sonhava.