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SUMÁRIO PREFÁCIO...............................21 RESUMO.................................23 INTRODUÇÃO.............................25 1. ECONOMIA INTERNACIONAL 1.1. .........................Conceito 29 1.2. . Importância do Comércio Exterior ..................................29 1.3. .......Interdependência Econômica ..................................30 1.4. .............Evolução do Comércio Internacional.....................31 1.4.1O Comércio Internacional na Antigüidade .............................31 1.4.2. Na Idade Média e Contemporânea .............................32 ..O Sistema Padrão-Ouro e o Colapso Financeiro.....................33 .........A Reestruturação da Europa e da Economia Mundial.....................34 1.5. .....Evolução na Economia Mundial 34

LIVRO-VERSÃO FINAL

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SUMÁRIO

PREFÁCIO.........................................................................21RESUMO............................................................................23INTRODUÇÃO..................................................................25

1. ECONOMIA INTERNACIONAL1.1. Conceito...........................................................291.2. ............................Importância do Comércio Exterior

................................................................................291.3. .....................................Interdependência Econômica

................................................................................301.4. .........................Evolução do Comércio Internacional

................................................................................311.4.1 O Comércio Internacional na Antigüidade...311.4.2 Na Idade Média e Contemporânea...............32.......................O Sistema Padrão-Ouro e o Colapso

Financeiro.........................................................33.............A Reestruturação da Europa e da Economia     Mundial............................................................34

1.5. Evolução na Economia Mundial.......................341.5.1 Acontecimentos econômico-comerciais e

políticos.....................................................351.6. Problemas Econômicos Internacionais..............36

1.6.1 Insegurança no sistema monetário..............361.6.2 Restrições ao comércio..............................371.6.3 Mutações do comércio internacional

resultantes do desenvolvimento econômico.......37

2. TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL2.1. Determinantes do Comércio..................................432.2. Combinação de Fatores e Especialização...............43

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2.3. Teoria Clássica......................................................452.3.1 Teoria das Vantagens Absolutas.................452.3.2 Teoria da Vantagem Comparativa..............47

2.4. ..................................................................Relações de Troca...................................................................................49

2.5. .......................................Reformulação da Teoria Clássica...................................................................................53

2.5.1 Curvas de Possibilidades de Produção (CPP)532.5.2 Análise em termos de substituição................552.5.3 Curvas de indiferença...................................58

   2.6. Outros Aspectos do Comércio Internacional..............602.6.1 Custos de transferência.................................602.6.2 Limites da especialização.............................622.6.3 Comércio Multilateral..................................63

3. PAGAMENTOS INTERNACIONAIS   3.1. Balanço de Pagamentos.............................................73

3.1.1 Conceito do Balanço de Pagamentos............733.1.2 Levantamento..............................................743.1.3 Contabilização do Balanço de Pagamentos...74

.....................Estrutura do Balanço de Pagamentos............................................................................74........................................Nivelamento das Contas............................................................................77

3.1.4 Equilíbrio do Balanço de Pagamentos..........803.1.5 Importância do Balanço de Pagamentos.......82

   3.2. Taxas de Câmbio.......................................................833.2.1 Conceito da Taxa de Câmbio.......................833.2.2 Mercado de divisas.......................................833.2.3 Determinação da taxa de câmbio..................84

..............................................Sistema Padrão-ouro............................................................................84..........................................................Padrão-papel............................................................................86

   3.3. Administração da Taxa de Câmbio............................87

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior            

3.3.1 Fundos de Estabilização...............................873.3.2 Controle Cambial.........................................883.3.3 Teoria da Paridade do Poder Aquisitivo.......88

3.4. Operações de Câmbio..............................................893.5. Ajustamento Automático do Balanço

de Pagamentos.........................................................943.5.1 Efeito-preço (Teoria Clássica)......................943.5.2 Efeito-renda (Teoria Keynesiana) ...............943.5.3 Taxas Variáveis............................................95

4. MOVIMENTOS INTERNACIONAIS DE RECURSOS E TÉCNICAS

   4.1. Movimento de Capitais.............................................974.1.1 Conceito.......................................................974.1.2 A curto prazo...............................................974.1.3 A longo prazo..............................................98 Empréstimos e financiamentos............................98 Investimentos estrangeiros...................................99

   4.2. Movimento Internacional de Mão-de-Obra................99a) Motivos das migrações internacionais...............100b) Efeitos econômicos das migrações....................100

   4.3. Transferência de Tecnologia...................................1004.3.1 Importância da tecnologia..........................1014.3.2 Problemas de assistência técnica................101

   4.4. Empresas Multinacionais (EMN)............................102a) Verticalização industrial e blocos econômicos...102b) O comércio e a economia internacional.............102

5. POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR   5.1. Comércio Exterior e Desenvolvimento Econômico. 103

5.1.1 O balanço de pagamentos e a economia.....1035.1.2 Comércio exterior e crescimento econômico

...................................................................1055.1.3 Controle do governo sobre o comércio

exterior e mercado cambial..................................107

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12 Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

5.1.4 O livre comércio e o desenvolvimento nacional......................................................108

   5.2. Controle do Comércio Internacional........................1095.2.1 Tarifas Aduaneiras.....................................109

........................................Classificação das Tarifas..........................................................................110.............................................Incidência das tarifas..........................................................................110..................................................Efeitos das tarifas..........................................................................112............................Argumentos a Favor das Tarifas..........................................................................113

5.2.2 Controle cambial........................................115...........................................Introdução do controle..........................................................................116..........................................Severidade do controle..........................................................................117.........................Controle de câmbio e de comércio..........................................................................117............................................................Conclusões..........................................................................119

5.2.3 Outros controles.........................................120............................................Quotas de importação120...............................Protecionismo Administrativo..........................................................................121....................................Operações Governamentais..........................................................................121

   5.3. Política Comercial e Cambial Brasileira..................1225.3.1 Histórico da Poliítica Brasileira..................122

.......................................................Brasil-Colônia..........................................................................122.......................................................Brasil-Império..........................................................................123

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior            

....................................................Brasil-República..........................................................................123

5.3.2 Situação Atual da Política Comercial.........126...................................................Controle Cambial..........................................................................127..............................Controle do Comércio Exterior..........................................................................129

6. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL   6.1. Cooperação Econômica...........................................131

6.1.1 Conceito e origem......................................1316.1.2 Cooperação Monetária e Financeira...........133

................................................Finalidades do FMI..........................................................................134.........................Estrutura e Administração do FMI..........................................................................135.........................................Funcionamento do FMI..........................................................................137......................Estrutura e Administração do BIRD..........................................................................140...................................................Estrutura do BID..........................................................................142....................................................Recursos do BID..........................................................................143............................Áreas de Financiamento do BID..........................................................................143........................................................Clube de Paris..........................................................................145

6.1.3 Cooperação comercial................................1466.2. Integração Econômica Mundial..............................148

6.2.1 Sistema Econômico Internacional..............1496.2.2 Conflito das Políticas Nacionais com

a Política Internacional..............................1496.2.3 Tratados Multilaterais e Blocos Econômicos

...................................................................150

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14 Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

..............As Fases da Integração Econômica entre Países.................................................................150...........................Tratados Internacionais e BlocosEconômicos.......................................................152

7. COMÉRCIO INTERNACIONAL7.1 Origem Histórica.....................................................189

7.1.1 Na Antiguidade7.1.2 Na Idade Média e Contemporânea e sua

Evolução7.2 Conceito de Comércio Internacional........................1937.3 Fontes do Comércio Internacional...........................193

a) Fontes Primárias..................................................194b) Fontes Secundárias..............................................194

7.4 Fatos Revolucionários no Comércio Internacional.. .194a) Integração Comercial (blocos econômicos)..........194b) Acontecimentos políticos.....................................196

8. COMÉRCIO EXTERIOR8.1.................................... Conceito de Comércio Exterior

1978.2....................... Política Brasileira de Comércio Exterior

1978.3....................... Direito de Exportar e de Importar – REI

1988.4............. Órgãos Envolvidos Diretamente no Comércio    Exterior..............................................................198

a) Ministério da Fazenda (MF) e seus órgãosVinculados........................................................198

b) Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior e seus órgãos vinculados.....199

c) Ministério das Relações Exteriores (MRE)........199

9. TEORIA E SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior            

9.1. Conceito de Importação.........................................2019.2. Divisão do Território Aduaneiro............................201

a) ..................................................................Zona Primária..............................................................................201

b) .............................................................Zona Secundária..............................................................................202

9.3. Termos e Expressões Usados.................................2029.4. Documentos de Importação...................................2049.5. INCOTERMS........................................................205

9.5.1. Conceito e Objetivos....................................2059.5.2. Características e Revisão de 2000................2069.5.3. Nova Apresentação......................................2069.5.4. Modalidade de Transporte e o INCOTERMS

Apropriado...................................................2079.5.5. Os tipos de INCOTERMS e a Obrigação do

Vendedor......................................................207

10. PASSOS PARA EFETUAR UMA IMPORTAÇÃO   10.1. Sistema Administrativo.........................................211

10.1.1 Roteiro de um Processo de Importação.......21110.1.2 Despacho e Desembaraço Aduaneiro de

Importação...................................................21210.1.3 SISCOMEX – Importação..........................213

10.2. Entreposto Aduaneiro...........................................21710.2.1. Modalidades do Entreposto Aduaneiro.......21710.2.2. Informações Complementares sobre

 Entreposto...................................................21810.3. Importações Não-Permitidas.................................21910.4. Controle de Preços................................................21910.5. Exame de Similaridade.........................................220

11. OUTROS ASPECTOS NA IMPORTAÇÃO11.1. Classificação Fiscal da Mercadoria......................22111.2. Aspectos Fiscais e Tributários..............................224

a) Impostos incidentes na Importação..................224

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16 Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

b) Taxas incidentes na Importação.......................225   11.3. Aspectos Cambiais................................................226

a) Sem cobertura cambial....................................226b) Com cobertura cambial...................................22611.3.1. Condições de pagamentos........................22611.3.2. Modalidades de pagamentos....................227

a) Pagamento antecipado (Cash in advance). 227b) Cobrança (Collection)..............................227c) Carta de Crédito (Letter of Credit)............229

   11.4. Aspectos Práticos..................................................23111.4.1. Operações Seqüenciais...............................23111.4.2. Noções sobre Cálculo do FreteInternacional..........................................................232

   11.5. Custo de Importação..............................................234

12. ESTRUTURA BRASILEIRA DO COMÉRCIO EXTERIOR

12.1. Estrutura Administrativa, Aduaneira e Cambial. 23712.1.1. Principais Órgãos Envolvidos..................237

12.2 Política Cambial................................................24012.3 Fiscalização Aduaneira......................................240

13. TEORIA E SISTEMÁTICA DE EXPORTAÇÃO13.1. Conceito.............................................................24113.2. Identificação e Classificação da Mercadoria.......241

13.2.1. Classificação da Mercadoria....................24113.3. O SISCOMEX...................................................242

a) Funções do SISCOMEX....................................242b) Acesso e Habilitação.........................................243

13.4. Regimes Aduaneiros Especiais...........................24413.4.1. Admissão Temporária...............................24413.4.2. Exportação Temporária..............................245

13.4.2.1 Exportação Temporária Para Aperfeiçoamento Passivo.................245

13.4.3. Entreposto Aduaneiro e Entreposto

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior            

Industrial....................................................24513.4.4. Trânsito Aduaneiro....................................24513.4.5. Drawback..................................................246

a) Suspensão...............................................246b) Isenção....................................................248c) Restituição..............................................248

13.5. Recapitulação dos INCOTERMS.......................249a) Objetivo.............................................................249b) Características e revisão de 1990.......................249c) Nova Apresentação............................................249

14. PASSOS PARA EFETUAR UMA EXPORTAÇÃO14.1. Pesquisa de Mercado............................................25114.2. Pesquisa do Empresário nas Negociações com o

Exterior.................................................................25214.3. Negociação com o Importador.............................253

14.3.1. Contato Preliminar ou Exploratório...........25314.3.2. Contato de Cotação....................................253

14.4. Registro de Exportador........................................25414.5. Sistema Administrativo........................................25514.6. Documentos e Preparação da Mercadoria............25514.7. Documentos após Embarque da Mercadoria........25514.8. Engenharia de Custo para o Preço de Exportação 258

14.8.1. Formação de Preço do Mercado Interno.....25814.8.2. Preços para o Mercado Externo..................25914.8.3. Roteiro de Cálculo do Preço de Exportação

a partir do Custo de Produção da Empresa para o Mercado Interno.................................260

14.8.4. Principais Despesas Específicas de Exportação....................................................261

14.8.5. Impostos que não Incidem na Exportação. .261

15. CASOS ESPECIAIS15.1. Operações de Câmbio..........................................26315.2. Casos Especiais de Exportação............................264

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16 INCENTIVOS FISCAIS À EXPORTAÇÃO16.1............ Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI

..............................................................................26516.1.1. Isenção do IPI............................................26516.1.2. Suspensão do IPI........................................26516.1.3. Manutenção e Utilização dos Créditos

 do IPI..........................................................26616.2............... Imposto sobre Circulação de Mercadorias e

 Serviços – ICMS...................................................26616.2.1. Manutenção e Utilização do Crédito de

ICMS.........................................................26716.3 COFINS..............................................................268

16.3.1. Isenção do COFINS na Venda de  Mercadorias ou Serviços para o  Exterior, desde que: ..................................268

16.4. PIS/PASEP..........................................................26816.5. Drawback............................................................269

16.5.1 Isenção ou Dispensa doRecolhimento de: ....................................269

16.6. Resumo Gráfico dos Incentivos Fiscais à Exportação............................................................269

17. ROTEIRO DE EXPORTAÇÃO17.1 Roteiro a Ser Seguido a Partir do Pedido          Recebido do Exterior...........................................271

18. QUESTÕES E TEMAS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO18.1. Questões para Revisão.........................................273

Do Capítulo 1....................................................273 Do Capítulo 2....................................................274 Do Capítulo 3....................................................276 Do Capítulo 4....................................................278 Do Capítulo 5....................................................279 Do Capítulo 6....................................................282 Do Capítulo 7....................................................283

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior            

Do Capítulo 8....................................................283 Do Capítulo 9....................................................283 Do Capítulo 10..................................................284 Do Capítulo 11..................................................285 Do Capítulo 12 e 13..........................................285 Dos Capítulos 14, 15 e 16.................................286

18.2. Temas para Discussão..........................................287 Do Capítulo 1....................................................287 Do Capítulo 2....................................................288 Do Capítulo 3....................................................290 Do Capítulo 4....................................................291 Do Capítulo 5....................................................292 Do Capítulo 6....................................................293 Dos Capítulos 7 ao 11.......................................295 Dos Capítulos 12 ao 16.....................................295

CONCLUSÃO..................................................................297

BIBLIOGRAFIA..............................................................299

APÊNDICE: AMOSTRA DA TEC E DOCUMENTOS DEIMPORTAÇÃO/ EXPORTAÇÃO

AMOSTRA DA TECEstrutura do Sistema Harmonizado.........................................Regras Interpretativas do SH..................................................Seção XVI e Capítulo 84........................................................Seção XIX e Capítulo 93........................................................

DOCUMENTOS DE IMPORTAÇÃO/EXPORTAÇÃOFatura Pró-forma....................................................................LI – Licença de Importação....................................................RE – Registro de Operação de Exportação.............................Fatura Comercial....................................................................Letra de Câmbio – Saque........................................................

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Romaneio de Embarque – PACKING LIST............................Conhecimento de Embarque Marítimo (B/L)...........................Conhecimento de Embarque Aéreo (AWB).............................Apólice e Certificado de Seguro..............................................Certificado de Origem Comum................................................Certificado de Origem NALADI.............................................Certificado de Origem MERCOSUL.......................................Certificado de Origem SGP....................................................DI – Declaração de Importação..............................................DDAE – Extrato de Declaração de Despacho.........................DTA I – Declaração de Trânsito Aduaneiro............................

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PREFÁCIO

Com a longa experiência profissional na área de comércio exterior, atuando no gerenciamento de todas as operações, como frete e seguro internacional, negociações comerciais internacionais, pagamentos internacionais e todo o processo de importação e exportação, tudo isso acompanhado de inúmeras viagens internacionais, onde tinha condições de comparar a Sistemática brasileira com as alienígenas, e tendo ingressado na vida docente lecionando várias disciplinas, inclusive Economia Internacional e Sistemática de Comércio Exterior, de sua área de atuação, o autor Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti achou por bem, além de outras publicações já editadas, publicar mais esta obra com maior abrangência e profundidade.

Esta obra procura estudar as relações comerciais entre povos, desde os tempos primitivos até hoje, acompanhando o processo de globalização econômica. É destinada a alunos de Economia Internacional e de Tópicos Especiais de Comércio Exterior. Procura localizar o estudo da Economia Internacional dentro do estudo das Ciências Econômicas, mostrar o desenvolvimento do comércio entre as nações, apresentar alguns problemas de ordem internacional. Também procura estudar a evolução da Teoria do Comércio Internacional desde Adam Smith até nossos dias, examinar os pagamentos internacionais - balanço de pagamentos, taxa de câmbio e ajustamento automático do balanço de pagamentos. Continuando, são estudados os movimentos internacionais de recursos e técnicas e suas implicações nas economias nacionais. Com base em todo o conhecimento já apresentado, é abordada a política do comércio exterior e os efeitos das

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

transações externas sobre a economia interna e finalmente trata da cooperação econômica internacional. Procura ainda estudar sistematicamente as operações técnicas de importação e de exportação no comércio exterior.

Utilizando-se de uma linguagem fácil, dentro de um raciocínio lógico e dedutivo, o autor procura analisar fatores, inclusive inerentes às relações de Comércio Internacional. E nas análises de situações atuais ele localiza o Brasil diante deste mercado.

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RESUMO

Partindo da evolução histórica das relações comerciais entre os povos e civilizações primitivas de diferentes raças e culturas sócio-econômicas até os dias de hoje, o trabalho procura localizar o estudo da Economia Internacional dentro do estudo das Ciências Econômicas e mostrar o desenvolvimento do comércio; Procura estudar a evolução da Teoria do Comércio Internacional, examinar os pagamentos internacionais, estudar os movimentos internacionais de recursos e técnicas, abordar a política do comércio exterior e também procura tratar da cooperação econômica internacional. Em seguida, mostra a sistemática do Comércio Exterior sob os aspectos legal e prático-operacional, como Tópicos Especiais.

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INTRODUÇÃO

As relações comerciais entre os povos e civilizações de diferentes níveis políticos, culturais, sociais e religiosos se fizeram ao longo do tempo e do espaço, desde épocas memoriais até os dias atuais, no contexto da globalização.

Desde os primórdios da humanidade, o homem tem necessidades ilimitadas, as quais vêm crescendo quantitativa e qualitativamente, à medida que o mesmo evolui no tempo e no espaço. Até mesmo nas economias primitivas de subsistência, a humanidade via-se obrigada a efetuar trocas, pois jamais alguém ou algum país foi auto-suficiente para produzir tudo aquilo de que necessitasse.

Pela própria natureza do homem, como ser político e social, seria praticamente impossível determinar com precisão quando pela primeira vez praticou ato de comércio, mormente comércio internacional. Entretanto, podemos falar dos fenícios na era Neolítica (7.000-3.000 a.C.), comerciantes e navegadores por excelência que faziam suas trocas de mercadorias por mercadorias, singrando o pequeno mundo habitado do Mediterrâneo. Também vale a pena comentar sobre o grande intercâmbio comercial, já monetarizado, do Império Romano (300 a.C. - 300 d.C.). Mas, como se trata de um livro exclusivamente acadêmico e prático, deixamos esta questão à curiosidade dos leitores e dos alunos.

A Economia Internacional envolve todo este conhecimento, pois ela é o ramo da Economia que estuda todas as transações econômicas entre as nações, principalmente o comércio internacional e o comércio exterior. Por isso, este compêndio abrange duas disciplinas curriculares: “Economia Internacional” e “Tópicos Especiais de Comércio Exterior”.

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

Para a elaboração deste trabalho foi utilizado todo um conhecimento prático e teórico adquirido numa vasta experiência profissional e em uma dedicada atividade acadêmica nesta área. A todo este conhecimento se acopla uma profunda pesquisa bibliográfica para o completo conteúdo desta obra.

Procura-se relatar e analisar as transações econômicas internacionais em seis capítulos. No primeiro capítulo procura-se situar o estudo da Economia Internacional na Ciência Econômica; analisar, no tempo, o desenvolvimento do comércio entre os países; e apresentar algumas questões atuais da economia externa que demandam soluções. No segundo capítulo estuda-se a evolução das teorias do comércio internacional, desde Adam Smith até Ohlin e Haberler, citando, ainda, num dos tópicos, os limites existentes à especialização. No terceiro capítulo versamos sobre o Balanço de Pagamentos (estrutura, contabilização e análise); sobre a taxa de câmbio (determinação, operações cambiais e administração da taxa); e, finalmente, sobre teorias do reequilíbrio automático do Balanço de Pagamentos (clássica, keynesiana e das taxas flutuantes). No capítulo subsequente, a ênfase transfere-se do comércio de mercadorias para os movimentos de capitais, mão-de-obra e tecnologia, bem como para as empresas multinacionais. No quinto capítulo, discute-se a ação estatal sobre o comércio externo e o mercado cambial e, ainda, são examinadas as políticas comercial e cambial brasileiras adotadas no passado e no presente. No sexto capítulo, há uma exposição acerca da cooperação internacional nos setores monetário, financeiro e comercial, completado com a política externa comum sobre os blocos econômicos.

Na Sistemática de Comércio Exterior (Tópicos Especiais) mostra-se que o processo de importação e de

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior

exportação é a parte integrante do comércio exterior. Este, por sua vez, é a razão do comércio internacional. Assim sendo, não se pode dizer que se sabe um desses elementos sem conhecer o outro, pois estão intimamente ligados.

Esta disciplina tem seu conteúdo distribuído em doze capítulos (do 7 ao 18), que será exposto em ordem seqüencial nesta introdução sem a identificação da numeração. No início fala-se do comércio internacional com o intuito de abrir o caminho para o tema principal, que é o comércio exterior - sua sistemática. Além da apresentação dos órgãos diretamente envolvidos, é feito um apanhado da nova política brasileira de comércio exterior e, consequentemente, demonstrado o sistema administrativo nas operações de importação e de exportação e a aplicação do SISCOMEX - Sistema Integrado de Comércio Exterior. Outros assuntos também vinculados são os INCOTERMS, a classificação fiscal de mercadorias, os aspectos cambiais, aspectos fiscais e tributários, além dos passos técnico-operacionais de um processo prático, sistemático, de importação e de exportação.

Completando a Sistemática de Comércio Exterior, enquanto na importação demonstra-se o método de cálculo de frete internacional, bem como o método de cálculo do custo de importação (custo landed), na operação de exportação demonstra-se uma engenharia de custo para o cálculo do preço de exportação e um abrangente enfoque sobre os incentivos fiscais, além de ser apresentado um roteiro para o processo de exportação e as despesas processuais. Tratando-se de um livro didático-científico, o último capítulo abrange uma série de questões para revisão e temas para discussão. No Apêndice serão apresentados os documentos oficiais de importação e exportação.

Neste livro não se realça um rigor teórico, porém necessário e suficiente para a perfeita compreensão e

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

pesquisas posteriores. A visualização prática e didática é mais profunda, o que nos leva a crer na utilidade proposta para o objetivo de sua criação.

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ECONOMIA INTERNACIONAL

No estudo da Economia Internacional procuraremos entender, em primeiro lugar, seu significado e sua importância para as economias nacionais, bem como a interdependência econômica entre as nações, pois não há país auto-suficiente.

1.1. Conceito

Economia Internacional é o ramo da economia que estuda as transações econômicas entre as nações. Estas transações compreendem a importação, a exportação de mercadorias, as prestações de serviços de toda espécie e os movimentos de capitais.

Existem diferenças entre o comércio interno e o externo, cuja causa principal determinante de ambas é a divisão do trabalho, que são geralmente de caráter prático e geral. Estas diferenças estão bem determinadas pelas moedas e pelas legislações que disciplinam as transações com o exterior, justificando, tudo isso, o estudo desta matéria como ramo distinto dentro da economia.

1.2. Importância do Comércio Exterior

Os países mantêm relações comerciais entre si pelas seguintes razões:

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

1. para adquirir bens e serviços que não possuem e nem podem produzir, em virtude dos fatores de produção;

2. para obter no exterior, a custos menores do que produzindo internamente, inúmeros produtos de consumo corrente no país;

3. para exportar bens que podem produzir além de suas necessidades, o que permitirá o paga-mento das importações.

1.3. Interdependência Econômica

O comércio exterior não se limita apenas à movimentação de mercadorias. Inclui além dos serviços, as transferências de recursos e técnicas de um país para outro. No mundo atual, a transferência de fatores produtivos apresenta importância vital, tanto para as nações desenvolvidas como para as subdesenvolvidas. Assim sendo, quer pela transferência de mercadorias e serviços, quer pela de recursos e técnicas - mão-de-obra de todos os níveis, capital e tecnologia - as nações cada vez mais dependem umas das outras (a legislação de cada país ordena a entrada e a saída de fatores produtivos e de tecnologia).

A interdependência é inegável e todos os países necessitam manter as seguintes relações econômicas com o exterior:

Mercadorias - Nenhuma nação dispõe de todas as mercadorias que necessita, o que leva os países a dependerem uns dos outros.

Mão-de-obra - As nações com excesso de população facilitam a emigração enquanto que as carentes de

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior

mão-de-obra favorecem a imigração. Movimento migratório este, onde as nações procuram obter resultados positivos.

Capital - Os países industrializados têm certa abundância de capital e, por isso mesmo, a remuneração deste fator é baixa. Por outro lado, nas nações pobres o capital é relativamente escasso e sua remuneração, portanto é elevada, o que provoca a sua aplicação.

Tecnologia - Os países desenvolvidos empregam grandes verbas em pesquisas neste importante fator, que é a tecnologia. Já os países subdesenvolvidos não têm recursos para tal. A tecnologia é aplicada na redução de custo e na qualidade, o que melhora as condições de concorrência, além de ser vendida como assistência técnica e distribuída pelas multinacionais.

1.4. Evolução do Comércio Internacional

Com este estudo preliminar da economia internacional, deu para sentirmos o efeito do comércio internacional no tocante ao comércio exterior. Para facilitar o avanço de nosso estudo sobre o assunto, convém vermos um pouco de sua evolução desde a antigüidade até os nossos dias.

1.4.1. O comércio internacional na antigüidade

O comércio surgiu para satisfazer a própria necessidade do homem. Assim, vejamos sua origem e evolução:

1. necessidades primárias do homem: alimentação e abrigo. No período Paleolítico (700.000 - 10.000 a.C.) o homem vivia só, era nômade e se alimentava da caça;

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

2. início da agricultura. Período Mesolítico (10.000 - 7.000 a.C.). Neste período o homem já vivia em pequenos grupos, criava alguns animais pequenos e as mulheres apanhavam as frutas, cujas sementes mostraram ser a terra fértil;

3. troca de produto por produto. Período Neolítico (7.000 - 3.000 a.C.). Neste período o homem já era sedentário, criava animais (leite, queijo, manteiga), plantava cereais, e já tinha os produtos artesanais como a pedra e cerâmicas. Daí, o início das trocas entre os grupos;

4. nesta nova fase, já se pode falar da agricultura e das trocas egípcias, da atividade comercial dos fenícios e do grande intercâmbio comercial do Império Romano (de 300 a.C. a 300 d.C.).

1.4.2. Na Idade Média e Contemporânea

Mesmo sem detalhes da história econômica, convém mostrar alguns tópicos que satisfaçam tal objetivo:

1. os descobrimentos e o comércio das metrópoles com as colônias (pensamentos econômicos, como mercantilismo, liberalismo e capitalismo);

2. a Revolução Industrial (tecnologia, indústria, capital e trabalho);

3. fim da Segunda Guerra Mundial, como marco histórico da evolução. Para aceitá-la como tal, se faz necessária uma rápida análise econômica no intervalo das duas Grandes Guerras Mundiais.

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior

O Sistema Padrão-Ouro e o Colapso Financeiro (assunto da seção 3.2):

1. As moedas eram conversíveis em ouro no período de 1870-1914.

2. As taxas cambiais eram estáveis e a libra esterlina era a moeda padrão.

3. O Gold Point era o controle da paridade cambial, isto é, limitava a entrada e saída de ouro.

EXEMPLO: Considerando £ 1,00=US$ 2,80 e US$ 0,05 o custo de transferência de uma libra de ouro dos Estados Unidos para a Inglaterra, teremos, conforme analisado no gráfico 1.1, abaixo:

US$ D O

Gold Point de saída 2,85

Par Metálico 2,80

Gold Point de entrada 2,75 O D

Gráfico 1.1 £

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

Logo, com a Primeira Guerra Mundial e após a mesma, ocorreu o seguinte:

1. A Inglaterra desistiu de manter a libra esterlina conversível em ouro.

2. O sistema monetário internacional perdeu toda a credibilidade.

3. Ocorreu a Grande Depressão de 1930, o que abriu espaço para a Segunda Guerra Mundial, desmantelando todo o sistema financeiro internacional e exigindo todo esforço para tomada de novo rumo da economia.

A Reconstrução da Europa e da economia mundial:

Durante a Segunda Guerra Mundial, todas as nações sentiram a necessidade de se refazerem das perdas da Guerra, bem como de uma reconstrução da economia em todos os setores. Embora este assunto seja estudado no capítulo 6, convém mencionar os organismos e instituições criados para este fim: FMI e BIRD (setor monetário); ONU (social, político, econômico, comercial, militar, etc.); e GATT (setor comercial). Este é o resultado de uma conferência em Bretton Woods, em 1944, com a participação de 44 países.

1.5. Evolução na Economia Mundial

Há alguns acontecimentos, cujo impacto na economia internacional é tão grande que, em termos didáticos, permite-nos enquadrá-los como evolução na economia mundial:

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior

1.5.1. Acontecimentos econômico-comerciais e políticos (estudados na seção 6.2, letra c):

CEE (Comunidade Econômica Européia) - Tratado de Roma de 1957.

NAFTA (North-American Free Trade Agreement) - Acordo de Livre Comércio Norte Americano entre os Estados Unidos, Canadá e México.

Tigres Asiáticos - A formação de um bloco econômico (mais de 2/3 da produção mundial), sem tratados específicos ainda, mas com a participação de vários países (Japão, China, Singapura, Brunei, Malásia, Tailândia, Nova Zelândia, Coréia do Sul, EUA, México, Canadá e Chile).

ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) - Tratado de Montevidéu - 80, assinado pela Argentina, Bolívia, Brasil, Chila, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) - Tratado de Assunção, assinado em 26/03/91 pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Queda do Muro de Berlim - A união da Alemanha Oriental com a Alemanha Ocidental em 1988 mexe com a tecnologia, mão-de-obra, PNB e com a balança comercial da Alemanha Ocidental (um pequeno choque na CEE).

Guerra do Golfo Pérsico - Iraque e Kuwait, movimentando os países aliados como os EUA,

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

França e Inglaterra, o que abalou um pouco da força da OPEP.

Desmantelamento Político Soviético - A Rússia e a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) agora mantém uma integração com o ocidente, em nível comercial, tecnológico e industrial.

Abertura do Mercado Brasileiro (1990) - Onde dá para se analisar alterações como: nova política industrial e de comércio exterior, produtos nacionais com preço e qualidade a nível internacional, nova política tarifária e queda de barreiras não-tarifárias.

1.6. Problemas Econômicos Internacionais

A economia internacional enfrenta inúmeros e complexos problemas que prejudicam o seu bom funcionamento, porém, aqui abordaremos os que julgamos mais importantes como a insegurança do sistema monetário internacional, as restrições ao comércio exterior e as mutações do comércio internacional resultantes do desenvolvimento econômico.

1.6.1. Insegurança no sistema monetário

A estabilidade das transações comerciais entre as nações depende da estabilidade monetária internacional. Até 1914, o comércio internacional era estável, pois o sistema Padrão-ouro mantinha a estabilidade da paridade cambial.

Com a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão dos anos 30, o Padrão-ouro desmoronou, ficando a

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37 Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti e José Ultemar da Silva

economia sem um sistema monetário internacional no intervala das duas Grandes Guerras.

Em 1944, na reunião de Breton Woods, foi criado o Fundo Monetário Internacional (FMI), a fim de dar credibilidade à moeda internacional, estabilidade à taxa cambial e apoio financeiro às nações filiadas no ajustamento do balanço de pagamentos. Todavia, o FMI tem encontrado sérias dificuldades de ordem econômica e política para solucionar o problema monetário que o mundo enfrenta. Assim, ainda não se tem um sistema com plena estabilidade monetária.

1.6.2. Restrições ao comércio

Depois da II grande Guerra os países atrasados sentiram a necessidade e a possibilidade de se desenvolverem, o que fortificou o nacionalismo econômico e consequentemente aumentaram as restrições ao comércio exterior. As nações passaram a proteger a produção nacional, tentando produzir e exportar mais, e importar menos.

1.6.3. Mutações do comércio internacional resultantes do desenvolvimento econômico

À medida que um país desenvolve a sua indústria, a pauta de suas exportações e importações vai se modificando. Com o desenvolvimento econômico adquire-se nova tecnologia. Com isso, há produção de novos produtos, deixa-se de exportar matéria-prima e importa-se menos produtos acabados, que passam a ser fabricados internamente.

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2

TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

A teoria baseia-se no fato das nações não poderem produzir tudo o que consomem, especializarem-se no que for mais vantajoso e importarem aquilo que não podem produzir.

2.1. Determinantes do Comércio

Dois fatores principais inter-relacionados explicam como o comércio exterior favorece o desenvolvimento econômico e contribui para a elevação do nível de vida da humanidade. São eles:

1. a diferença de tecnologia e de fatores de produção entre as nações, que impõe a relação de trocas entre elas, para suprir as necessidades nacionais;

2. a diferença do custo de produção entre os países, que provoca a importação do que for mais barato.

2.2. Combinação de Fatores e Especialização

Vejamos agora, separadamente, cada um dos fatores que contribuem para a determinação da atividade econômica, dentro de uma nação.

Clima e recursos Naturais - O clima varia de região para região. As variações climáticas provocam tipos diversos de atividade, principalmente no setor agropecuário. Também a diferente distribuição de recursos naturais condiciona a atividade econômica.

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Mão-de-obra - A quantidade e a qualidade da mão-de-obra estão intimamente relacionadas com a determinação do tipo de atividade a que o país se dedicará.

Capital - A produção industrial moderna requer o emprego de máquinas e equipamentos sofisticados. Os países desenvolvidos possuem relativa abundância de capital, podendo desenvolver e manter vários tipos de processos industriais. Os países subdesenvolvidos são carentes de capital e por isso se dedicam mais às atividades primárias.

Mercados - Muitas nações, mesmo aptas a especializarem-se em determinada atividade, se localizadas longe do mercado consumidor, não o fazem. Os custos de transporte, neste caso, obrigam-nas a especializarem-se em outro tipo de produção, mesmo diferente de suas aptidões.

Com base no que acabamos de verificar, conclui-se que as disponibilidades de recursos são fundamentais na determinação dos tipos de atividades econômicas dos países e, como conseqüência, dão origem às trocas entre as nações.

Agora, com base no que já sabemos, veremos um pouco da evolução das teorias do comércio internacional, isto é, como a especialização e o comércio entre as nações podem aumentar o volume de produção, com determinada aplicação de recursos e consequente redução dos custos. Sabemos que existem diferenças de custos entre as diversas regiões de um mesmo país e que elas tendem a reduzir-se em decorrência da mobilidade da mão-de-obra e do capital. Entretanto, as fronteiras de uma nação constituem barreiras que impedem a livre movimentação desses recursos. Este fato mantém as diferenças de custos que, por sua vez, justificam o comércio internacional.

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior       41

2.3. Teoria Clássica

Os economistas clássicos, principalmente David Ricardo e John Stuart Mill, são considerados os criadores da Teoria do Comércio Internacional. Porém a primeira explicação teórica que justifica a existência do comércio exterior foi apresentada por Adam Smith em sua obra “A Riqueza das Nações”, 1776, em que ele defende o comércio internacional, considerando que se deve importar mercadorias a preços menores do que se produzidas internamente, e produzirmos apenas aquelas que tenhamos alguma vantagem.

Assim, procuraremos explicar a Teoria de Adam Smith e a de David Ricardo e John Stuart Mill:

2.3.1. Teoria das Vantagens Absolutas

Nas bases do pensamento de Smith foi explicada sua teoria, em que ele afirmava que a especialização e o comércio permitem aumento da produção e do consumo com o emprego dos mesmos fatores de produção.

Suponhamos, num exemplo hipotético, que dois países - “A” e “B” - produzem apenas duas mercadorias - trigo e tecido - e que a mão-de-obra é o único fator de produção com capacidade de produzir os dois produtos, e, ainda, que as diferenças de produtividade, conforme a tabela 2.1, a seguir, decorrem das características próprias de cada nação.

Tabela 2.1 - Vantagem Absoluta (Exemplo hipotético da possibilidade de produção)

ProdutosPaíses Trigo Tecido

“A” - 1 operário/ ano produz 1200 kg ou 400 m“B” - 1 operário/ ano produz 600 kg ou 800 m

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

Verificamos, conforme a tabela 2.1, que um operário em “A” produz mais trigo do que um operário em “B”, que produz mais tecido do que um operário em “A”. Assim podemos dizer que “A” tem vantagem absoluta na produção de trigo sobre “B” e que este tem vantagem absoluta na produção de tecido sobre “A”.

Em termos hipotéticos, sabemos que a população de ambos os países necessita de trigo (produção agrícola) e de tecido (produção industrial) e que cada país poderá obter estes produtos através de sua própria produção ou da especialização e do comércio, dedicando-se à produção daquele bem no qual tem vantagem absoluta sobre o outro.

Na ausência da especialização e do comércio, cada país terá de produzir trigo e tecido para seu consumo, conforme Tabela 2.2, a seguir.

Tabela 2.2 - Produção na ausência da especialização e do comércio (auto-suficiência)

ProdutosPaíses Trigo Tecido

“A” - 1 operário/ ano produz 600 kg mais 200 m“B” - 1 operário/ ano produz 300 kg mais 400 m

Produção total 900 kg mais 600 m

Esta Tabela 2.2 nos mostra que, na ausência da especialização e do comércio, a produção de um operário/ano em “A” seria de 600 kg de trigo mais 200 m de tecido e, em “B”, de 300 kg de trigo mais 400 m de tecido. Desta forma a produção total dos dois operários, sem a especialização, seria de 900 kg de trigo mais 600 m de tecido.

Com a especialização de cada país (na produção do bem que tem vantagem absoluta), os mesmos dois operários produziriam 1200 kg de trigo mais 800 m de tecido

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(com o emprego dos mesmos fatores), conforme podemos ver na Tabela 2.3, abaixo.

Tabela 2.3 - Produção com especialização e comércio

ProdutosPaíses Trigo Tecido

“A” - 1 operário/ ano produz 1200 kg 0 “B” - 1 operário/ ano produz 0 800 m

Produção total 1200 kg 800 m

Analisando a Tabela 2.3, verificamos que a especialização e a troca permitiram um aumento de 300 kg de trigo e de 200 m de tecido, com o emprego dos mesmos fatores de produção. Isto prova que a especialização e as trocas aumentam a eficiência do trabalho e, portanto, proporcionam um acréscimo da produção, conforme afirmava Adam Smith.

2.3.2. Teoria da Vantagem Comparativa

No início do século XIX David Ricardo e Stuart Mill, em substituição à Teoria da Vantagem Absoluta, elaboraram a TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA: mesmo que um país apresente vantagem absoluta em todas as linhas de produção sobre outro, ainda será vantajoso o comércio desde que ele se especialize na produção do bem em que sua vantagem absoluta for maior. Ao mesmo tempo, o país que apresente desvantagem absoluta pode obter o máximo concentrando os seus recursos na produção do bem em que sua desvantagem absoluta for menor. Com esta teoria, Ricardo e Mill demonstraram que a especialização e o comércio são vantajosos, mesmo sem a existência da Vantagem Absoluta.

Vejamos um exemplo, ilustrado pela Tabela 2.4, considerando as nossas hipóteses iniciais: existência de

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apenas dois países, que produzem somente duas mercadorias, com o emprego de um único fator - mão-de-obra.

Tabela 2.4- Vantagem Comparativa (Exemplo hipotético)

ProdutosPaíses Trigo Tecido

“A” - 1 operário/ ano produz 1200 kg ou 600 m “B” - 1 operário/ ano produz 400 kg ou 400 m

Logo, no exemplo apresentado na Tabela 2.4, observamos que “A” tem vantagem absoluta (VA) em toda linha de produção, tem vantagem comparativa (VC) na produção de trigo (VA é maior) e desvantagem comparativa (DC) na produção de tecido (VA é menor). O país “B” tem desvantagem absoluta (DA) em toda sua linha de produção, tem vantagem comparativa (VC) na produção de tecidos (DA é menor) e tem desvantagem comparativa (DC) na produção de trigo (DA é maior).

Ambos os países podem beneficiar-se desde que cada um deles se especialize de acordo com sua vantagem comparativa. Neste caso, “A” produzirá trigo para seu consumo e para trocar por tecido produzido por “B” e este produzirá tecido para seu consumo e para trocar por trigo produzido por “A”.

Vejamos uma comparação do custo de oportunidade (ou de substituição) do tecido em termos de trigo, em ambos os países, que nos esclarecerá sobre as vantagens da especialização: o país “A” deixa de produzir 2 kg de trigo para produzir 1 m de tecido, logo 1 kg de trigo = 0.5 m de tecido. O país “B” deixa de produzir 1 kg de trigo para produzir 1 m de tecido, logo 1 kg de trigo = 1 m de tecido.

Considerando estas condições, “A” deverá especializar-se na produção de trigo e “B” na de tecido a fim

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de se estabelecer o comércio entre eles. Então, deverá ser determinada uma relação de troca entre os dois produtos, isto é, quanto de trigo será dado em troca de 1 m de tecido. Para “A” qualquer quantidade acima de 0,5 m de tecido que ele receber em troca de 1 kg de trigo será vantajosa, e para “B” qualquer quantidade de trigo superior a 1 kg que ele receber por 1 m de tecido também será vantajosa. Se, por hipótese, a relação de troca se estabelecer em 1 m de tecido por 1,5 kg de trigo, a situação será a seguinte: o país “A”, na ausência do comércio, para obter 1 m de tecido teria de deixar de produzir 2 kg de trigo e, através do comércio, com apenas 1,5 kg de trigo obtém o mesmo metro de tecido; o país “B”, na ausência do comércio, para obter 1 kg de trigo teria de deixar de produzir 1 m de tecido e, através da especialização e da troca, com 1 m de tecido obtém 1,5 kg de trigo.

Embora a Teoria Clássica do Comércio Exterior suponha plena liberdade de comércio, a Teoria da Vantagem Comparativa, da mesma forma que a Teoria da Vantagem Absoluta, prova que a especialização e o comércio com o emprego mais eficiente dos fatores, permite um aumento da produção mundial e, consequentemente, maior volume de bens e serviços à disposição dos consumidores.

2.4. Relações de Troca

No exemplo anterior estabelecemos à relação de troca entre tecido e trigo à razão de 1,0 : 1,5. Porém, na realidade, qual seria a relação estabelecida ? Ora, pelas possibilidades de produção “A” não daria mais de 2 unidades de trigo por 1 de tecido e “B” não daria mais que 1 unidade de tecido por 1 de trigo. Logo, os limites entre os quais se estabeleceriam as trocas de tecido por trigo seriam: 1:2 e 1:1.

Vejamos agora, na realidade, qual seria a relação de troca estabelecida. Isto pode ser determinado através das

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curvas de Oferta-procura de Marshall-Edgeworth, elaboradas por Alfred Marshall entre 1869 e 1873 e aperfeiçoadas por F.Y. Edgeworth. Estas curvas se baseiam no fato de que um país quando procura uma mercadoria oferece outra em pagamento e vice-versa.

Na demonstração destas curvas estabelecemos as tabelas hipotéticas 2.5 (oferta de trigo do país “A”) e 2.6 (oferta de tecido do país “B”), representadas pelo Gráfico 2.1 (curva de Oferta-procura de Marshall-Edgeworth):

Tabela 2.5 - Oferta de trigo de “A” em troca de tecido de “B”.

Oferece 10 kg de trigo em troca de 2 m de tecido

“ 20 kg “ “ “ “ “ 5 m “ “

“ 30 kg “ “ “ “ “ 10 m “ “

“ 40 kg “ “ “ “ “ 18 m “ “

“ 50 kg “ “ “ “ “ 28 m “ “

“ 60 kg “ “ “ “ “ 40 m “ “

Tabela 2.6 - Oferta de tecido de “B” em troca de trigo de “A”.

Oferece 10 m de tecido em troca de 5 kg de trigo

“ 20 m “ “ “ “ “ 15 kg “ “

“ 30 m “ “ “ “ “ 30 kg “ “

“ 40 m “ “ “ “ “ 60 kg “ “

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Y B P

60 K A

50

40

30

20

10

0 10 20 30 40 X

Tecido

Gráfico 2.1:Curvas de Oferta-procura de Marshall-Edgeworth

A relação desproporcional entre a oferta e a procura dos dois produtos, com relação aos dois países se baseia na Teoria da Utilidade Marginal Decrescente, isto é, ao adicionarmos unidades sucessivas de um determinado bem, as unidades adicionais aumentarão a utilidade total menos que proporcional. Vemos assim, que a utilidade marginal varia na razão inversa das quantidades possuídas.

A oferta de ambos os países é limitada pelas suas possibilidades de produção e pelas necessidades de consumo interno dos produtos, o que está demonstrado pelo comportamento das curvas de oferta e procura do Gráfico 2.1.

O ponto de interseção das curvas OA e OB, no Gráfico 2.1, determina as relações de troca de trigo por tecido (60 kg de trigo serão trocados por 40 m de tecido) e cujas

Trigo

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variações das curvas de oferta e procura provocam variações nas relações de troca (variações dos preços relativos no mercado internacional). A relação de troca corresponde à declividade da reta OP, que passa pelo ponto de origem e pelo ponto de interseção K.

Kindleberger define “relação de troca” como sendo a “relação entre os preços das exportações e os preços das importações”. As alterações dos preços no mercado internacional provocarão variações nas relações de troca. Estas variações são representadas por um Índice de Relações de Trocas, que é obtido com a aplicação de fórmulas como:

L = Pe/Pi

Onde:L = Índice de Relação Líquida de Troca;Pe= Índice de Preços das Exportações;Pi= Índice de Preços das Importações.

B=Qe/Qi

Onde:

B = Índice de Relação Bruta de Troca;Qe= Índice do Volume de Exportação;Qi= Índice do Volume de Importação.

R=Pe.Qe/Pi , ou R=L.Qe

Onde: R= Índice de Relação Renda de Troca.

Se os índices se elevarem, significa que as relações de troca melhoraram, ou seja, com o mesmo volume de exportação o país conseguirá um volume maior de importação. Se caírem, significa o oposto; o país precisará exportar mais para manter o mesmo volume de importação.

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2.5. Reformulação da Teoria Clássica

Apesar das críticas sofridas, a Teoria da Vantagem Comparativa foi aceita por muito tempo. Em 1930, o Prof. Von Haberler introduziu as Curvas de Possibilidades de Produção, com todos os fatores de produção e não apenas a mão-de-obra. Além do seu estudo, faremos a análise em termos de substituição e estudaremos também as curvas de indiferença.

2.5.1. Curvas de Possibilidades de Produção (CPP)

As Curvas de Possibilidades de Produção - também conhecidas como Curvas de Substituição ou Curvas de Transformação - mostram-nos as inúmeras combinações de dois produtos - X e Y - que um país poderá produzir com pleno emprego de um conjunto de fatores. O volume de produção depende da quantidade de recursos disponíveis e, portanto, havendo pleno emprego dos fatores, para aumentar a produção de Y temos de reduzir a produção de X; da mesma forma, para aumentarmos a produção de X, temos de reduzir a produção de Y.

Através da Tabela 2.7, a seguir, ilustraremos esta afirmativa:

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Tabela 2.7 - Possibilidades Alternativas de Produção - Hipótese

QuantidadesPossibilidades X

YA 60 + 0C 50 + 35D 40 + 50E 30 + 60F 20 + 70G 10 + 76B 0 + 80

Pela Tabela 2.7 vemos que, se empregarmos todos os recursos na produção de X, obteremos 60 unidades desse produto e nada será produzido de Y. Se reduzirmos de 10 unidades a produção de X, os recursos liberados poderão produzir 35 unidades de Y e assim, sucessivamente, até atingirmos 80 unidades de Y, enquanto que nada será produzido de X.

Transferindo os dados da Tabela 2.7 para um gráfico, obteremos como resultado a Figura representada pelo Gráfico 2.2, que é a Curva de Possibilidade de Produção.

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Gráfico 2.2Curva de Possibilidades de Produção

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Duas retas perpendiculares aos eixos de X e de Y, respectivamente, traçadas ao longo de uma curva de possibilidades de produção determinam as quantidades de X e de Y que podem ser produzidas com o emprego dos recursos disponíveis. No Gráfico 2.2 observamos que no ponto C, ao longo da Curva de Possibilidade de Produção AB, a produção total possível será de 50 unidades de X e 35 unidades de Y.

Com esta curva pode-se determinar o Custo Marginal de Substituição (CMS) de um produto em termos de outro, isto é, quanto se deve deixar de produzir de um produto para se produzir uma unidade do outro.

Com base no Gráfico 2.2, vejamos o CMS de X em termos de Y e o CMS de Y em termos de X, entre os pontos C e D da curva AB. Pode ser empregada a seguinte fórmula para se determinar o CMS:

CMSX = dy/dx = 15/10 = 1,5

Isto significa que para obtermos uma unidade adicional de X teremos de deixar de produzir 1,5 unidades de Y. Invertendo-se a fórmula, podemos determinar o CMS de Y em termos de X. Assim teremos:

CMSy = dx/dy = 10/15 = 0,667

Para se obter uma unidade adicional de Y, teremos de deixar de produzir 0,667 unidades de X.

2.5.2. Análise em termos de substituição

Vejamos agora como podemos empregar as CPP na explicação da teoria do Comércio Exterior. Com esta finalidade, vamos apresentar as curvas de possibilidades de produção de trigo e de tecido dos países “A” e “B”, conforme Gráficos 2.3 e 2.4, baseados nos dados da tabela 2.4, utilizada para explicar a Teoria da Vantagem Comparativa.

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Trigo Trigo

1200 400

0 600 Tecido 0 400 Tecido

Gráfico 2.3: Gráfico 2.4:

     CPP-“A” CPP-“B”

ANÁLISE:

1a.) É uma reta porque o CMS e o custo de produção são constantes - apenas fator trabalho.

2a.) Os recursos utilizados para a produção de 1m de tecido = aos utilizados para 2 kg de trigo em “A” e 1 kg de trigo em “B”.

3a.) Sem comércio, o CMS = Relação de Trocas (2:1 em “A” e 1:1 em “B”).

Vejamos o emprego da CPP ajustada para comparar melhor o CMS, apresentadas nos gráficos 2.5 e 2.6:

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Trigo Trigo

1200 1200

B 900 C A

A C 600 B

0 600 800 1200 Tecido 0 600 Tecido

Gráfico 2.5: Gráfico 2.6:

CPP de “A” e “B” CPP de “A” e “B”

COMPARAÇÃO:

1a.) o CMS de tecido em termos de trigo é menor em “B” e maior em “A”;

2a.) o CMS de trigo em termos de tecido é menor em “A” e maior em “B”;

3a.) o estabelecimento da Relação de trocas para o comércio entre “A” e “B”, à base de 1m de tecido por 1,5 kg de trigo está representado pelas linhas pontilhadas; e

4a.) resultado da Especialização e do Comércio: “A”, para obter 600 m de tecido teria de deixar de produzir 1200 kg de trigo. Produzindo trigo e trocando por tecido de “B”, com 1200 kg de trigo obtém 800 m de tecido e “B” com 600 m de tecido, obtém 900 kg de trigo.

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CONCLUSÃO: A especialização e o comércio, com os mesmos recursos, oferecem maior quan-tidade de bens e serviços à disposição do consumidor.

2.5.3. Curvas de Indiferença

A fim de demonstrarmos mais claramente as vantagens do comércio internacional, explicaremos o emprego das curvas de indiferença.”

Os economistas do início deste século (Vilfredo Pareto) desenvolveram a técnica das curvas de indiferença, para explicar o comportamento dos consumidores. Isto significa que podemos estabelecer inúmeras combinações de dois produtos (X e Y) que ofereçam o mesmo grau de satisfação ao consumidor, desde que as reduções das quantidades de um produto sejam compensadas, em termos de satisfação, por acréscimo das quantidades do outro produto. Assim sendo, um conjunto de combinações de bens e serviços que dá ao consumidor o mesmo nível de utilidade - U(X1, X2,..., Xn) = C - é definido como curvas de indiferença.

Dentro desta linha de raciocínio podemos estabelecer uma escala de indiferença, referente a dois produtos - “X” e “Y” - conforme apresentada na seguinte Tabela 2.8.

Tabela 2.8 - Escala de Indiferença aos Produtos “X” e “Y”

PRODUTOSCOMBINAÇÕES “X” “Y”

A 10 + 60B 20 + 42C 30 + 30D 40 + 20E 50 + 12F 60 + 8

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Com estes dados nos gráficos 2.7 e 2.8 abaixo, forma-se a curva de indiferença ou o mapa de indiferença (várias curvas), onde a renda R=P1.X + P2.Y:

Gráfico 2.7: Gráfico 2.8:

Curva de Indiferença Mapa de Indiferença

Apesar de várias características das curvas de indiferença, citaremos as três principais:

1. tem inclinação negativa - à medida que aumenta o consumo de um bem o do outro tende a diminuir;

2. são convexas em relação à origem - esse fato é explicado pelo princípio da utilidade marginal decrescente, ou seja, quanto maior for a quantidade consumida de um bem, menor será a utilidade da última unidade consumida;

3. as curvas nunca se cruzam - caso ocorresse o contrário, o princípio da insaciabilidade do ser humano seria violado, ou seja, quanto mais o ser humano possui, mais deseja tê-lo.

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2.6. Outros Aspectos do Comércio Internacional

A especialização é limitada e os preços dos produtos são diferentes de país para país, isto é, o preço de qualquer mercadoria tenderá a ser mais elevado no país que a importa, devido ao Custo de Transferência.

Esta realidade é diferente do que vimos na Teoria Clássica onde as mercadorias trocadas manteriam o mesmo preço em ambos os países (formaram um único mercado). Também supusemos que o país poderia empregar todos os seus recursos na produção de um único bem (especialização sem limites). Na realidade prática estas hipóteses são impossíveis. Portanto, procuraremos, aqui, esclarecer todos estes aspectos, além de explicarmos como, no mundo real, são liquidadas as transações entre os países.

2.6.1. Custos de Transferência

Como dissemos, os preços das mercadorias são realmente diferentes de país para país, tanto em termos de custo de produção (fatores de produção), bem como pelo Custo de Transferência, que é a diferença do preço de uma mercadoria no país exportador (país de origem) e no país importador (país de destino). Este custo envolve os seguintes componentes:

1. Despesas obrigatórias com o exterior:

Frete internacional e seguro internacional que somados ao valor pago ao vendedor (FOB), formam a base de cálculo (CIF), no Brasil.

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2. Impostos incidentes:

Imposto de Importação - II - que é sua alíquota vezes o valor CIF (Cost, Insurance and Freight);

Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI - o produto de sua alíquota pela soma (CIF + II);

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS - o produto de sua alíquota pela soma (CIF + II + IPI)

3. Taxas incidentes:

Armazenagem pela guarda e manutenção dos volumes;

AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante) - 25% sobre o valor do frete marítimo;

ATP (Adicional sobre Tarifas Portuárias) - 20% sobre o valor da armazenagem, no caso de transporte marítimo;

ATA (Adicional sobre tarifas Aeroportuárias) - 50% sobre o valor da armazenagem, no caso de transporte aéreo;

Capatazias (pequenas taxas sobre a movimentação dos volumes);

Despachante Aduaneiro - uma taxa sobre o despacho e desembaraço da mercadoria (geralmente 1% sobre o valor CIF).

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Para calcularmos este custo, há uma metodologia de cálculo, com base nas alíquotas e taxas (percentual) estabelecidas, onde se chega ao custo de importação (Custo Landed).

2.6.2. Limites da especialização

A especialização traz vantagens a qualquer país que a pratique, o que ficou provado pelo estudo das Teorias do Comércio Internacional. Ela torna possível o uso mais eficiente dos fatores, resultando um crescimento da produtividade de bens e um maior volume de serviços. O país que conseguir relações de troca mais favoráveis, além do aumento do volume da produção, ficará com a maior parte dos ganhos decorrentes da especialização e do comércio.

O país não se especializa naquela atividade em que tem vantagem comparativa porque, no mundo real, a especialização encontra fatores importantes que limitam a sua aplicação, como por exemplo:

1. medidas restritivas ao comércio exterior visando proteger a indústria nacional contra a competição de similares estrangeiros (diversificação e desenvolvimento mais acelerados – empreen-dimentos estratégicos);

2. a especialização é limitada pela extensão do mercado - custo de transporte;

3. a vantagem comparativa tem limite, para algumas indústrias, com base na teoria dos custos crescentes, isto é, o aumento do volume de produção acima de determinados limites implica aumento do custo de cada unidade produzida. Por esta razão, alguns países suprem parte do seu consumo de um bem com produção interna e parte com importações.

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2.6.3. Comércio multilateral

O comércio internacional pode ser restrito a apenas dois países 0 comércio bilateral.

Entretanto, o comércio internacional envolve inúmeros países, que chamamos de comércio multilateral. Neste caso, um país exporta para outro e recebe em sua moeda, que é aceita por um terceiro país, para pagamento de uma importação daquele que exportou, isto é, as moedas fortes conversíveis internacionais são aceitas por todas as nações e, assim, teremos as seguintes vantagens do comércio multilateral:

1. cada país pode importar de onde houver melhor qualidade ou preço mais baixo, ou ambos;

2. cada país pode exportar para onde favorecem melhores condições;

3. as moedas fortes são conversíveis e aceitas por todas as nações.

As transações comerciais são liquidadas através do sistema bancário internacional. Os bancos sistematicamente contabilizam os créditos e os débitos correspondentes às entradas e saídas das divisas, com relação às exportações e importações. Isto permite o perfeito funcionamento do comércio multilateral.

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3

PAGAMENTOS INTERNACIONAIS

As relações econômicas entre os residentes em nações diferentes implicam pagamentos e recebimentos, tanto em moeda nacional como em moeda estrangeira, onde a compra e venda de moedas estabelece a operação de câmbio. Aqui trataremos dos pagamentos internacionais no que diz respeito à sua contabilização (balanço de pagamentos), as trocas de moeda (taxa de câmbio) e o funcionamento do mecanismo de correção automática dos desequilíbrios das transações econômicas com o exterior (ajustamento automático do balanço de pagamentos).

3.1. Balanço de Pagamentos

O Balanço de Pagamentos reveste-se de uma importância muito grande dentro do estudo da Economia Internacional. Isto iremos verificar e também como ele é obtido e com que finalidades, bem como o que significa o seu equilíbrio.

3.1.1. Conceito do Balanço de Pagamentos

Embora existam outras definições do Balanço de Pagamentos, segundo o FMI é o registro sistemático de todas as transações econômicas realizadas entre os residentes em um determinado país e os residentes no resto do mundo, durante um certo período de tempo, geralmente de um ano.

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3.1.2. Levantamento

O balanço de pagamentos é levantado com base em dados estatísticos. Estes dados são obtidos nas alfândegas (exportações e importações), solicitados à rede bancária que opera com o exterior e ao registro de turistas que declaram quanto trazem ou levam, em moeda estrangeira, ao entrarem ou saírem do país.

As transações econômicas com o exterior podem ser classificadas em visíveis (exportação e importação de mercadorias) e invisíveis (prestação de serviços, movimentos de capitais etc.).

É levantado pelo Banco Central do Brasil - BACEN. A legislação brasileira determina que as operações de câmbio, em território nacional, somente podem ser processadas pelos bancos devidamente autorizadas a realizá-las.

3.1.3 Contabilização do Balanço de Pagamentos

Observemos como são contabilizados os dados estatísticos obtidos pelas autoridades governamentais. A fim de facilitar o estudo, vamos ver separadamente a estrutura e o nivelamento das contas.

Estrutura do Balanço de Pagamentos

Para facilitar o estudo e a análise do Balanço de pagamentos, as transações econômicas realizadas com o exterior são classificadas, inicialmente, em dois grandes grupos: as TRANSAÇÕES CORRENTES e o MOVIMENTO DE CAPITAIS. Cada um destes grupos, por sua vez, é dividido em itens ou contas, conforme estrutura adotada pelas autoridades brasileiras:

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A - TRANSAÇÕES CORRENTES

1. Mercadorias (balança comercial)

Exportação

Importação

2. Serviços (balança de serviços)

Viagens Internacionais (turismo)

Transportes Internacionais

Seguros Internacionais

Rendas de Capitais

Serviços Governamentais

Serviços Diversos

3. Transferências Unilaterais

Donativos

B - MOVIMENTO DE CAPITAIS

1. Investimentos

2. Financiamentos

3. Amortizações

4. Empréstimos

5. Ouro Monetário

Como acabamos de ver, o Balanço de Pagamentos pode, ainda, ser dividido em Balança Comercial e de Serviços (Balanço de Mercadorias e Serviços) e Balanço de Donativos. Ele engloba todos os créditos e débitos havidos no exterior, num dado período de tempo, de acordo com as contas citadas.

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Qualquer transação internacional dá lugar a um direito, ou a uma obrigação, no exterior. As transações correntes que dão lugar a um direito (exportação) são registradas a crédito no Balanço de Pagamentos e as que dão lugar a uma obrigação (importação) são registradas a débito. Para cada registro, a crédito ou a débito, haverá sempre uma contrapartida (princípio das partidas dobradas). A contrapartida corresponderá sempre a um movimento de capitais a curto prazo, isto porque os pagamentos no comércio exterior são efetivados por registros contábeis nas contas bancárias. Assim sendo, uma exportação de mercadorias aumenta haveres ou reduz obrigações no exterior. Da mesma forma uma importação reduz haveres ou aumenta obrigações. Isto significa que um movimento de mercadorias gera um movimento de capitais a curto prazo. Logo, a exportação de mercadorias gera uma exportação de capitais e a importação, uma importação de capitais. Com base neste raciocínio, concluímos que todo movimento de capitais que aumenta haveres, ou reduz obrigações, é registrada a débito no Balanço de Pagamentos e todo o que reduz haveres, ou aumenta obrigações, é registrado a crédito.

As transferências unilaterais não geram direitos nem criam obrigações e como contrapartida criamos a conta DONATIVOS, a fim de manter a igualdade entre os créditos e os débitos (no caso de movimento de mercadorias - exportação ou importação em contrapartida com donativos).

Finalmente, os movimentos de capitais a curto prazo (prazo igual ou inferior a 12 meses) ou a longo prazo (prazo superior a 12 meses) têm como contrapartida um movimento de capitais a curto prazo, em sentido oposto.

Nivelamento das Contas

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Cada transação dá lugar, simultaneamente, a um débito e a um crédito do mesmo valor (princípio das partidas sobradas). As contas do balanço de pagamentos estarão sempre niveladas, conforme podemos ver nos vários exemplos, a seguir:

Ilustremos o nivelamento supondo a exportação de mercadorias no valor de $1000. Como já vimos, a exportação de mercadorias dá lugar a um crédito nas transações correntes. Ao mesmo tempo, corresponde a uma exportação de capital a curto prazo (aumento de haveres ou diminuição de obrigações no exterior) o que dá lugar a um débito no movimento de capitais. Temos, então, o seguinte:

BALANÇO DE PAGAMENTOS

Débito Crédito

Exp. capital curto prazo...$1000 - Exp. mercadorias...$1000

Na exportação de mercadorias no valor de $600 e importação no valor de $400, temos o seguinte:

BALANÇO DE PAGAMENTOS

Débito Crédito

Imp. de mercadorias........$400 - Exp. mercadorias...............$600

Exp.capital curto prazo...$600 - Imp. Capital curto prazo.....$400

$1000 - $1000

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Como o movimento de capital é registrado pelo valor líquido, isto é, a diferença entre o crédito e o débito, teremos:

BALANÇO DE PAGAMENTOS

Débito Crédito

Imp. de mercadorias......$400 - Exp. mercadorias..........$600

Exp. capital curto prazo.$200 - ____

$600 - $600

Com relação às transferências unilaterais, sabemos que elas não geram direitos nem criam obrigações (não há compromisso bilateral). Assim, vejamos um exemplo de contabilização das transferências unilaterais de um país que recebeu donativos em mercadorias no valor de $800 e enviou donativos em dinheiro no valor de $500.

BALANÇO DE PAGAMENTOS

Débito Crédito

Imp. de mercadorias.....$800 - Donativos recebidos....... .$800

Donativos remetidos.....$500 - Imp. Capital curto prazo...$500

$1300 - 1300

No tocante ao movimento de capitais, vamos registrar como exemplo um investimento estrangeiro no país no valor de $500 e um empréstimo concedido ao exterior no valor de $400.

BALANÇO DE PAGAMENTOS

Débito Crédito

Exp. capital curto prazo..$500 - Inv. estrangeiro no país. ..$500

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Empréstimo ao exterior. $400 - Imp. Capital curto prazo...$400

$900 - $900

Como acabamos de ver, todas as transações que resultam em entrada de divisas serão consideradas itens de CRÉDITO, e todas as que representam saída de divisas serão consideradas itens de DÉBITO, assim, temos:

DÉBITO (-):

importação de bens e serviços;

exportação de capital;

aumento de haveres no exterior (aumento da posição credora dos banqueiros);

decréscimo das obrigações no exterior

(decréscimo da posição devedora dos banqueiros).

CRÉDITO (+):

exportação de bens e serviços;

importação de capital;

redução de haveres no exterior (redução do crédito bancário);

acréscimo das obrigações no exterior (aumento da posição devedora dos banqueiros).

Vejamos, então, um exemplo genérico da contabilidade nacional, relativa ao balanço de pagamentos, onde o país realiza as seguintes transações:

1. importa US$ 100 milhões;

2. exporta US$ 250 milhões;

3. presta serviços a outros países: US$ 50 milhões;

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4. recebe serviços de outros países: US$ 80 milhões;

5. recebe donativos de outros países: US$ 70 milhões.

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CONTABILIZAÇÃO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS

(US$ milhões)

DÉBITO CRÉDITO

Importação............... 100 Redução do saldo bancário no exterior.............. 100

Aumento de saldo bancário no exterior.............. 250

Exportação............... 250

Idem..................... 50 Serviços prestados....... 50

Serviços recebidos.......

80 Redução do saldo Bancário no exterior.... 80

Aumento do saldo bancário no exterior.............. 70

Donativos recebidos...... 70

Total 550 Total 550

3.1.4. Equilíbrio do balanço de pagamentos

As contas do balanço de pagamentos estarão sempre niveladas (débitos = créditos), mas isto não significa que ele esteja em situação de equilíbrio, ou seja, sem saldo ativo (superávit) ou sem saldo passivo (déficit).

Para analisar a situação de equilíbrio as transações econômicas com o exterior são classificadas em autônomas e compensatórias.

Autônomas são as transações correntes (exportação, importação e serviços) e a movimentação de capitais realizadas sem a preocupação do equilíbrio das contas com o exterior.

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Compensatórias (ou induzidas) são medidas tomadas pelo Governo para equilibrar o saldo do balanço de pagamentos.

O déficit ou um superávit nas transações correntes, se não compensados por uma movimentação autônoma de capitais, torna-se um déficit ou um superávit do balanço de pagamentos que deverá ser compensado de algum modo. Para este fim, são usadas as operações compensatórias efetuadas em função das demais contas do balanço de pagamentos.

Segundo o FMI, as transações compensatórias são as seguintes:

1. variação das reservas monetárias internacionais do país (ouro monetário, ativos a curto prazo no exterior, etc.);

2. variações dos passivos do país no Fundo Monetário, exclusive as subscrições;

3. certas transações relativas a obrigações a longo prazo do país, tais como o pagamento antecipado de dívidas no exterior, bem como a compra, ou a venda de obrigações pelas autoridades monetárias, com o fim de financiar um déficit ou liquidar um superávit do balanço de pagamentos;

4. empréstimos oficiais a longo prazo concedidos, ou recebidos, com o fim exclusivo de equilibrar as transações internacionais do país;

5. donativos oficiais concedidos, ou recebidos, com o mesmo fim.

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O desequilíbrio do balanço de pagamentos pode ser conjuntural ou estrutural. Conjuntural (ou cíclico) é aquele provocado pelas flutuações da economia e no final do ciclo econômico, a longo prazo, os superávits e os déficits se anulam. Estrutural é o desequilíbrio crônico, que resulta de desajustes da estrutura econômica do país. Nestas condições, o nível satisfatório da atividade econômica só será possível se o país tomar medidas extraordinárias sobre o comércio exterior e o balanço de pagamentos, tais como alteração da taxa cambial, aumento de tarifas aduaneiras, controle cambial etc.

A manutenção do equilíbrio do balanço de pagamentos é de grande importância para a economia de um país. Se o déficit se repete, o país vai esgotando as suas reservas ou aumentando a sua dívida. Ao mesmo tempo, sucessivos superávits dificultam as exportações, principal-mente porque dificulta o controle da moeda corrente.

3.1.5. Importância do balanço de pagamentos

Os dados do balanço de pagamentos têm como objetivo primordial informar às autoridades governamentais a posição internacional do país e ajudá-las a tomar decisões sobre política monetária e fiscal, bem como sobre questões de comércio e de pagamentos internacionais.

Pela sua importância, todas as nações elaboram cuidadosamente seus balanços de pagamentos, que são divulgados em publicações especializadas internas e pelo “Balance of Payment Yearbook”, do Fundo Monetário Internacional.

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3.2. Taxa de Câmbio

Seguindo o critério de um estudo sistemático, após o estudo do balanço de pagamentos, vamos expor um assunto de igual importância, a taxa de Câmbio, que é indispensável à formação profissional de Economistas, Administradores e Técnicos em Comércio Exterior. Assim, veremos o seu conceito, o mercado de divisas, como ela é determinada e a sua administração, dando continuidade com a apresentação da “Teoria da Paridade do Poder Aquisitivo” e de uma síntese das diversas formas de operações de câmbio.

3.2.1. Conceito da Taxa de Câmbio

Sabemos que a diferença fundamental entre as transações internas e externas são as moedas fortes internacionais e que a relação de troca entre elas é a taxa de câmbio, ou seja, é o preço da moeda estrangeira em termos da moeda nacional (ex. US$ 1,00 = R$ 1,10 ou R$ 1,00 = US$ 0,90).

3.2.2. Mercado de divisas

Para as transações econômicas internacionais, com moedas diferentes e com poder aquisitivo diferente, além de legislações diferentes que impedem a sua circulação, foi criado o mercado de divisas - mercado de câmbio - que é constituído pela oferta e procura de moedas fortes internacionais. O conjunto de “divisas conversíveis”, isto é, em moedas que tenham aceitação internacional, constitui “Liquidez Internacional”, e, portanto, servem como “Meios de Pagamento Internacional”.

Vale salientar que os bancos operadores em câmbio constituem as principais instituições do mercado de divisas (eles mantêm contas com seus correspondentes no exterior). Também convém informar que a oferta de divisas é

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alimentada pelas exportações de mercadorias, pelos serviços prestados e pela movimentação de capitais que entram no país; sendo a procura de divisas gerada pelas importações de mercadorias, pelos serviços recebidos do exterior e pela movimentação de capitais que saem do país.

3.2.3. Determinação da taxa de câmbio

Já sabemos que a taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira em termos de moeda nacional. Vamos ver como este preço é determinado no mercado de divisas. Visto que até a segunda década deste século se mantinha o Padrão-ouro, convém mostrarmos como a taxa era determinada neste sistema monetário, para depois abordarmos a sua determinação no padrão monetário atual, o padrão-papel.

- Sistema Padrão-ouro

Este regime monetário (período 1870-1914) é baseado no ouro (as moedas conversíveis neste metal precioso) e para seu perfeito funcionamento era preciso que as autoridades monetárias respeitassem seus princípios fundamentais que são:

1. o ouro era padrão de valor e, assim sendo, cada unidade monetária correspondia a uma determinada quantidade deste metal;

2. o Banco Central deveria comprar e vender ouro em qualquer quantidade;

3. o Governo deveria permitir a livre importação e exportação do ouro (livre movimentação).

Neste período, o comércio internacional foi bastante estável, inclusive porque a taxa cambial era mantida e sua determinação no regime era muito simples. Bastava

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verificar a quantidade de ouro representada por cada unidade monetária e estabelecer a relação entre elas, dentro do limite de dois pontos: Gold Export Point e Gold Import Point.

Como ilustração vamos citar a taxa da libra esterlina, que correspondia a 113,0016 g de ouro, em termos de dólar americano, que representava 23,2200 g de ouro. Neste caso, a paridade da libra esterlina em termos de dólar americano era determinada pela seguinte equação:

113,0016 = 4,87 , isto é, £ 1,00 = US$ 4,87 23,2200

Supondo-se que o custo de transferência de uma libra esterlina de ouro da Inglaterra para os Estados Unidos seja de 2 cents (US$ 0,02), teremos, conforme demostrado no gráfico 3.1, a seguir:

US$

D OGold Export Point 4,89

Par Metálico 4,87

Gold Import Point 4,85 O D

£Gráfico 3.1 - Estabilidade da taxa de câmbio no Padrão-ouro

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- Padrão-papel

Neste sistema monetário não há conversibilidade da moeda em ouro, isto é, o Banco Central não troca as moedas de sua emissão por ouro. Desta forma, a taxa de câmbio não tem limites de flutuação. Sua flutuação depende, invariavelmente, das variações da oferta e da procura de divisas.

No mercado de divisas há a troca de moedas visando lucro. Este intercâmbio monetário se chama “arbitragem”. Se, em determinado momento não houver reciprocidade entre as taxas de duas moedas, os especuladores entrarão no mercado comprando uma delas onde estiver mais barata e vendendo onde ela estiver mais cara. As variações da oferta e da procura pela ação dos especuladores restabelecerão a reciprocidade, pois eles só operam enquanto houver diferença de taxas, para a obtenção de lucros.

A arbitragem pode ser simples ou triangular.

Arbitragem simples é aquela que envolve apenas duas moedas. Considerando a reciprocidade das taxas entre o dólar americano e o marco alemão, isto é, ambas as moedas com o mesmo valor em ambos os mercados (US$ 1,00 = DM∙2,50 em Frankfurt e DM∙1,00 = US$ 0,40 em Nova Iorque) e, em determinado momento, a cotação do marco, em Nova Iorque, se eleve para US$ 0,50, enquanto que a cotação do dólar em Frankfurt se mantenha (ambas as moedas estão com cotações diferentes em ambos os mercados, isto é, não há reciprocidade). Nestas condições, um especulador poderá efetuar a seguinte operação:

1. transferirá DM∙100.000,00 de Frankfurt para Nova Iorque;

2. em Nova Iorque venderá os DM∙100.000,00 à taxa de US$ 0,50 obtendo US$ 50.000,00;

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3. transferirá os US$ 50.000,00 para Frankfurt e os venderá à taxa de DM∙2,50 obtendo DM∙125.000,00.

Podemos verificar que o especulador, nesta suposta operação, ganhou DM∙25.000,00. Ao mesmo tempo provocou um aumento da oferta de DM∙ em Nova Iorque e de US$ em Frankfurt, que logo provocará uma tendência de baixa nas cotações, que permanecerá até o restabelecimento da reciprocidade (menores taxas em ambos os mercados).

Arbitragem triangular é aquela em que se envolvem três moedas. Se não houver reciprocidade de taxas entre duas moedas, franco suíço (SwFr.) e Lira italiana (Lit.), por exemplo, os portadores de outras moedas que mantenham reciprocidade com as referidas moedas poderão obter lucros comprando, com suas disponibilidades, uma das referidas moedas onde ela estiver mais barata e vendendo-a onde ela estiver mais cara e, finalmente, readquirindo sua própria moeda.

3.3. Administração da Taxa de Câmbio

Uma taxa de câmbio estável oferece maior segurança às transações econômicas com o exterior, além de manter a economia interna equilibrada. Entre as medidas de estabilização da taxa cambial , podemos falar dos fundos de estabilização e do controle cambial, além de sua formação pela Teoria da Paridade do Poder Aquisitivo.

3.3.1. Fundos de Estabilização

Após a queda do Padrão-ouro, os Governos criaram o fundo de estabilização, determinando cotações das moedas estrangeiras em taxas predeterminadas, porém com os seguintes problemas: a diferença da taxa predeterminada com a estabelecida no mercado forçaria o fundo a comprar o

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excesso da oferta ou vender a reserva até se esgotar. Por este motivo, os Fundos de Estabilização não lograram sucesso e os Governos passaram a empregar o “controle cambial” a fim de atingir a estabilidade da taxa de câmbio (aquela capaz de manter o balanço de pagamentos equilibrado).

3.3.2. Controle Cambial

O controle cambial significa a intervenção do Estado no mercado de divisas. O Brasil aplica o sistema de taxa flexível desde 1968 (mini-ajustamentos efetuados com base na Teoria da Paridade do Poder Aquisitivo).

3.3.3. Teoria da Paridade do Poder Aquisitivo

Essa teoria foi criada pelo economista sueco Gustav Cassel. Problemas da forma inicial: 1. Existem bens que não entram no mercado internacional; 2. Os bens que fazem parte são onerados pelo custo de transferência; e 3. Parte da oferta e da procura de divisas provém do movimento de capitais e não do comércio.

Para dirimir dificuldades foi apresentada a forma comparativa, reformulada: processar o reajustamento, quando necessário, de acordo com as flutuações dos preços internos e externos, a partir da taxa de câmbio relativa a um período de equilíbrio do Balanço de Pagamentos, através da seguinte fórmula:

T1=To.Pi/ Pe, sendo:

    To = taxa de câmbio de um período de equilíbrio    T1 = a taxa atual,     Pi = índice de preços internos e     Pe = índice de preços externos.

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3.4. Operações de Câmbio

Operações de Câmbio é a troca de moedas, isto é, a compra e venda de divisas no mercado de câmbio. Este mercado pode ser subdividido em manual, que é o comércio de moeda estrangeira em espécie e em traveller’s checks (turistas), e sacado, onde as moedas estrangeiras são entregues através de saques (cambiais), nas operações comerciais.

São as seguintes as principais modalidades de pagamentos utilizadas no comércio internacional:

1. Remessa Antecipada (Cash in advance) - O importador remete previamente o valor da transação, após o que, o exportador providencia a exportação (embarque) da mercadoria e o envio da respectiva documentação (esta modalidade requer inteira confiança do importador no exportador, conforme Figura 3.1).

6 GOVERNO

2 3

EXPORTADOR 1 IMPORTADOR

5 7

BANCO 4 BANCO

Figura 3.1- Remessa Antecipada

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1) contrato de compra e venda (P/I);

2) solicitação ao Governo de uma Licença de Importação;

3) Licença de Importação aprovada;

4) o importador efetua o pagamento antecipado;

5) o exportador exporta (embarca) a mercadoria;

6) o exportador remete a documentação oficial;

7) o importador desembaraça (recebe) a mercadoria;

2. Remessa Sem Saque (open account)- O exportador embarca a mercadoria e remete os respectivos documentos, sem saque, diretamente ao importador. Este, de posse dos referidos documentos, retira a mercadoria da alfândega e depois, efetua o pagamento, conforme figura 3.2. (esta modalidade requer inteira confiança do exportador em relação ao importador).

5 GOVERNO

2 3

EXPORTADOR 1 IMPORTADOR

4 6

9 7

BANCO 8 BANCO

Figura 3.2- Remessa sem saque

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1) contrato de compra e venda (P/I);

2) solicitação ao governo de uma Licença de Importação;

3) Licença de Importação aprovada;

4) a mercadoria é exportada (embarcada);

5) os documentos oficiais são remetidos pelo exportador;

6) o importador retira a mercadoria da alfândega;

7) o pagamento é efetuado pelo importador;

8) o banco faz a remessa financeira;

9) o pagamento é feito pelo banco ao exportador.

3. Cobrança (collection) - O exportador embarca as mercadorias e entrega os respectivos documentos - inclusive um saque pelo valor da exportação - a um banco para efetuar a cobrança. Este remete os referidos documentos ao seu correspondente no exterior que irá entregá-los ao importador, conforme esquema da Figura 3.3.

GOVERNO

2 3

1 EXPORTADOR IMPORTADOR

4 9

5 11 7 8

10

BANCO 6 BANCO

Figura 3.3- Cobrança (collection)

80

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1) contrato de compra e venda (P/I);

2) solicitação de uma Licença de Importação ao Governo

3) governo autoriza a Licença de Importação;

4) a mercadoria é embarcada;

5) o exportador negocia cobrança (entrega documentos) com um banco;

6) o banco efetua a remessa de documentos ao correspondente;

7) o banco apresenta os documentos ao importador para aceite ou pagamento;

8) o importador efetua o pagamento ou aceite;

9) o importador retira as mercadorias na alfândega;

10) o banco efetua a remessa financeira;

11) recebimento do saque pelo exportador.

4. Crédito Documentário (Carta de Crédito) - É feita uma abertura de crédito pelo tomador (importador) com todas as cláusulas estabelecidas pela C.C.I. (Câmara de Comércio Internacional). Esta modalidade oferece garantia absoluta às partes, pois o tomador solicita uma abertura de crédito a um banco (emitente, instituidor e/ou confirmador) que efetivará o pagamento ao beneficiário (exportador), através de um banco (avisador e/ou negociador) no exterior, conforme Figura 3.4.

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GOVERNO

2 3

EXPORTADOR 1 IMPORTADOR

7 13

6 8 9 4 11 12

10 BANCO 5 BANCO BANCO

Figura 3.4- Crédito Documentário (Carta de Crédito)

1) contrato de compra e venda (P/I);

2) solicitação de uma Licença de Importação ao Governo

3) autorizada a Licença de Importação;

4) proposta de abertura de crédito pelo importador;

5) instituição e confirmação do crédito;

6) aviso de crédito ao exportador;

7) embarque da mercadoria;

8) negociação com o banco (apresentação dos documentos);

9) pagamento ao exportador;

10) remessa de documentos e débito a um banco no país importador;

11) apresentação de documentos ao importador para pagamento ou reforço;

82

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12) pagamento ou reforço;

13) mercadoria recebida pelo importador (desembaraço).

3.5. Ajustamento Automático do Balanço de Pagamentos

Com o estudo da determinação da taxa de câmbio no regime Padrão-ouro e no Padrão-papel, temos condições de estudar o ajustamento automático do balanço de pagamentos, isto é, como um déficit ou um superávit tende a ser eliminado, sem interferência governamental, através das forças do mercado. Então, examinemos o Efeito-preço, o Efeito-renda e o efeito das variações da taxa de câmbio:

3.5.1. Efeito-preço (Teoria Clássica) - Afirma que o ajustamento se processa através das variações dos preços (isto se baseia no sistema Padrão-ouro e na Teoria Quantitativa da Moeda). Isto quer dizer que um déficit implica exportação do ouro, que implica queda dos meios de pagamentos, queda do índice de preços, aumento da exportação, queda da importação, o que provoca o reequilíbrio, conforme Esquema 3.1.

DÉFICITEXP. OUROMP, P,EXP., IMP.=REEQUILÍBRIO

Esquema 3.1- Efeito-preço

3.5.2. Efeito-renda - Afirma que o ajustamento se processa através das variações da renda (segundo os Keynesianos, desde que a oferta e procura internacionais sejam elásticas, a economia esteja em pleno emprego e a taxa de câmbio seja estável), o que pode ser analisado no Esquema 3.2, onde expressa que um superávit é resultado de um aumento de exportação ou da queda de importação, que implica aumento da renda, da atividade econômica, da importação que propicia equilíbrio. Um déficit é resultado do aumento das

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importações ou da redução das exportações, que implica queda da renda, da atividade econômica, das importações, ocasionando o reequilíbrio.

SUPERÁVITEXP. OU IMP.RENDA, ATV. ECN., IMP.=REEQUILÍBRIO

DÉFICIT IMP. OU EXP.RENDA, ATV. ECN., IMP.=REEQUILÍBRIO

Esquema 3.2- Efeito-renda

3.5.3. Taxas Variáveis - Afirma que o ajustamento se processa através das variações da taxa de câmbio (na economia atual, as variações da taxa de câmbio implicam variações de preço e da renda). Resumidamente podemos dizer que um déficit é o resultado do aumento das importações ou da redução das exportações, que implica elevação da taxa de câmbio, elevação do preço das importações, que implica queda das importações, ocasionando o reequilíbrio. No caso do superávit inverte-se o raciocínio. O Esquema 3.3 demonstra o déficit.

DÉFICITIMP. OU EXP.TX.CAMB,P.IMP,P.EXPIMP.,EXP.=REEQ.

Esquema 3.3- Efeito das Variações das Taxas

Com relação à Teoria da Renda, os Keynesianos afirmam que suas variações com as transações internacionais dependem do multiplicador de comércio exterior (Y/B = K) e da propensão marginal a importar (m = M/Y ), onde: K = multiplicador, B = diferença entre o volume de exportação e de importação, Y = renda, M = volume de importação e X= volume de exportação.

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4

MOVIMENTOS INTERNACIONAIS DE RECURSOS E TÉCNICAS

A economia internacional abrange todas as transações econômicas com o exterior e não só o comércio de mercadorias, o que foi dado ênfase até aqui. Nesta parte serão analisadas as transferências de recursos e técnicas, como: movimento de capitais, movimento internacional de mão-de-obra, transferência de tecnologia e empresas multinacionais.

4.1. Movimento de Capitais

Daremos um enfoque sobre os dados econômicos do movimento de capitais, procurando conceituá-lo e estabelecer os prazos de sua duração, afetando o Balanço de Pagamentos:

4.1.1. Conceito de Movimento de Capitais

Entende-se como sendo movimento de capitais a transferência financeira, de um país para outro, em forma de investimento e de empréstimo, o que pode ser feito também através da importação de equipamentos como investimento ou de mercadorias adquiridas sob a condição de financiamento externo.

4.1.2. A curto prazo

São operações realizadas por um período de até um ano, para equilibrar o Balanço de Pagamentos (medidas compensatórias), ou feitas pelos agentes econômicos (autônomas), sem preocupação sobre a reserva cambial.

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Estas são as medidas a curto prazo:

Compensatórias: medidas tomadas pelo Governo para equilibrar o Balanço de Pagamentos;

Autônomas: operações realizadas pelos agentes econômicos, independentemente da situação do Balanço de Pagamentos.

4.1.3. A longo prazo

Os movimentos de capitais a longo prazo são aqueles realizados por prazo superior a um ano, como:

Empréstimos e financiamentos

São as transferências financeiras de um cedente para um tomador, cujo financiamento pode ser também da importação de bens de capital ou de mercadorias.

No tocante aos empréstimos deve haver uma preocupação quanto ao limite da dívida externa. Em termos relativos, o importante não é o total da dívida mas sim a relação entre a dívida externa líquida (dívida externa total menos as reservas internacionais) e o valor das exportações. Esta relação pode ser chamada de “coeficiente da dívida externa”, obtida através da fórmula:

CDE = DE-RI/X, onde:

CDE= Coeficiente da Dívida Externa

DE= Dívida Externa

RI= Reservas Internacionais

X = Valor das exportações de um ano

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Além do limite da dívida externa, a nação deve preocupar-se com o serviço da dívida, através da porcentagem da exportação desviada para esse fim, cuja fórmula pode ser a seguinte:

CV=SD-CF/X.100,

onde:CV= Coeficiente de Vulnerabilidade

SD= Serviço da Dívida Externa

CF= Componente Financeira (total das reservas menos à importação de três meses)

X = Valor das exportações de um ano

É de bom alvitre analisar os efeitos econômicos sobre o Balanço de Pagamentos (as reservas dos tomadores e cedentes) e sobre a economia, levando em conta a perfeita aplicação dos recursos para o desenvolvimento econômico.

Investimentos estrangeiros

Os investimentos estrangeiros correspondem às aplicações de capital no exterior, na aquisição de títulos (ações, obrigações etc.) e propriedades, que podem ser classificados em diretos (controle da empresa pelo investidor) e indiretos (sem controle da empresa pelo investidor estrangeiro).

4.2. Movimento Internacional de Mão-de-obra

O movimento migratório corresponde a uma transferência de investimento em mão-de-obra e tecnologia.

Deve ser feita uma análise sobre os motivos e efeitos econômicos das migrações internacionais:

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a) Motivos das migrações internacionais:

Econômico: pressão econômica; pouca perspectiva de progresso no país; e visão de progresso no exterior.

Político ou Religioso: Conflitos ideológicos.

a) Efeitos econômicos das migrações:

Mão-de-obra: importante fator de produção que afeta a economia dos países envolvidos.

Fonte de receita cambial: transferência financeira de um país para outro, pelos imigrantes.

Custo na formação da mão-de-obra: País recebedor não investe na especialização, na formação profissional.

Transferência de hábitos e costumes: Intercâmbio de formação social e hábitos diferentes.

Remessas financeiras: aumento das reservas internacionais com o movimento de capitais.

4.3. Transferência de Tecnologia

Tecnologia é o conjunto de técnicas empregado para transformar produtos naturais em bens, criando novos produtos; ou é a criação de novas formas de produzir os bens já conhecidos. Isto corresponde à redução de custo e aumento da produtividade no processo de globalização econômica.

A tecnologia é indispensável ao desenvolvimento econômico e tem que haver transferência na globalização e, portanto, devem ser analisadas sua importância e seus problemas.

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4.3.1. Importância da tecnologia

A importância da tecnologia é atingir o desenvolvimento econômico através da aplicação das invenções ou inovações. Se fazem necessários investimentos em pesquisas básicas e aplicadas e uma constante troca entre as empresas, laboratórios e universidades.

4.3.2. Problemas de assistência técnica

Os países em desenvolvimento precisam importar tecnologia para acelerar o processo de desenvolvimento econômico. O pagamento de “assistência técnica” ao exterior, além de onerar o Balanço de Pagamentos cria outros problemas, como:

Importação de tecnologia o que é efetuada com freqüência pelos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

Onera o Balanço de Pagamentos, porém induz a substituição das importações, melhorando a balança comercial.

Provoca uma certa dependência econômica: todo planejamento de produção e mercados dependentes do exterior.

Inadaptação tecnológica: as multinacionais são administradas, conforme o regime das matrizes, sem se adaptarem à condição nacional.

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4.4. Empresas Multinacionais (EMN)

A expressão “empresa multinacional (EMN)” surgiu por meio de J. Maisonrouge, diretor da IBM, World Trade Co., 1950. Elas atuam em diversos países e efetuam a transferência global de recursos e tecnologia, quando instalam uma filial no exterior. Além disso, produzem a abertura de mercado para produção e distribuição em vários países, enfocando:

a) Verticalização industrial e blocos econômicos. Com isso adquirem maior poder de competitividade e barganha;

b) O comércio e a economia internacional. Produzem maiores investimentos industriais no mundo, maior distribuição de tecnologia e riqueza e maior intercâmbio comercial, seguindo o processo de globalização nesta nova fase de transição do capitalismo.

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5POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR

Além dos acordos internacionais, todos os países para manter o desenvolvimento econômico são obrigados a estabelecer sua própria política de comércio exterior, acoplada à sua política econômica nacional.

Este assunto será abordado, procurando mostrar a importância das transações econômicas com o exterior no que diz respeito ao desenvolvimento econômico; discutir as intervenções do Estado no comércio exterior e no mercado cambial, analisando os efeitos de tais intervenções; e mostrar os caminhos trilhados pelas autoridades brasileiras nas políticas comercial e cambial.

5.1. Comércio Exterior e Desenvolvimento Econômico

Todos os países do mundo se preocupam com seu desenvolvimento econômico. As transações econômicas com o exterior afetam diretamente a economia interna. Por isso é que os governos e as autoridades responsáveis dedicam atenção especial ao setor externo de sua economia e estabelecem a política de comércio exterior visando atingir o referido objetivo, isto é, o desenvolvimento econômico.

Vamos estudar as relações entre o balanço de pagamentos e a economia; o comércio exterior como fator de desenvolvimento; a atuação do governo sobre o comércio exterior e o mercado cambial; e a política de desenvolvimento nacional.

5.1.1. O balanço de pagamentos e a economia

O Balanço de Pagamentos reflete a estrutura do setor externo da economia a que ele se refere. Os superávits

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ou déficits apresentados na balança comercial, nas transações correntes e no movimento de capitais refletem a sua capacidade competitiva no mercado internacional (mercadorias, serviços, investimentos externos e aplicações de poupanças nacionais no exterior). Numa análise mais profunda, verificamos que os países subdesenvolvidos exportam principalmente produtos primários e importam manufaturados, enquanto que os países desenvolvidos exportam manufaturados e importam produtos primários (balança comercial favorável). Com relação à balança de serviços verificamos que os países ricos quase sempre apresentam superávits, acontecendo o oposto com os países pobres. No tocante à movimentação de capitais verifica-se que os países ricos sempre tendem a aplicar no exterior mais recursos financeiros que recebê-los.

Considerando o sistema de contas nacionais, o comércio internacional integra-se no conjunto dos elementos que compõem o Produto Nacional Bruto. Numa equação simples podemos obter o PNB através do fluxo de despesas, como segue:

PNB=Cp+Cg+Ip+Ig+(X-M)+E

Onde:

Cp= consumo pessoal

Cg= consumo do governo

Ip= investimento privado

Ig= investimento do governo

X= exportação (mercadorias e serviços)

M= importação (mercadorias e serviços)

E= variação dos estoques

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Um saldo positivo nas transações concorrentes do balanço de pagamentos (X-M) corresponde à poupança nacional aplicada no exterior e um saldo negativo corresponde à poupança externa aplicada no país (absorção líquida de capitais estrangeiros).

Assim sendo, verifica-se que as variações das exportações e das importações (X e M) na equação anterior afetam diretamente o Produto Nacional Bruto, o que justifica a preocupação das autoridades governamentais com relação ao comércio externo como fator de desenvolvimento ou de estrangulamento da economia.

5.1.2. Comércio exterior e Crescimento Econômico

De maneira sistemática, já tivemos oportunidade de verificar os seguintes fatos econômicos: 1.nenhum país produz tudo de que a sua população necessita; 2. o comércio exterior é a única fórmula de solucionar esse problema; 3. O aumento das exportações ou a redução das importações através de uma substituição por produtos nacionais tudo mais permanecendo constante, provoca um aumento do PNB mais que proporcional, dependendo do multiplicador de comércio exterior (K = Y/B); 4. Os desequilíbrios do balanço de pagamentos podem ser corrigidos automaticamente pelas próprias forças do mercado, sem a interferência governamental, provocando, neste caso, variações dos preços internos bem como da renda; e 5. finalmente, estudamos a importância da transferência de recursos e técnicas para o desenvolvimento econômico dos países mais pobres.

Com base nesse contexto, conclui-se que as transações econômicas com o exterior são importantíssimas para a manutenção de uma economia em níveis satisfatórios de desenvolvimento, isto é, para a manutenção da estabilidade dos níveis de emprego, de preços e de crescimento. Daí, os

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países aplicarem uma política de comércio exterior segundo suas necessidades, baseadas na situação macroeconômica nacional e em suas convicções ideológicas.

Considerando a especialização e o comércio, vejamos, agora, como o governo brasileiro vem desenvolvendo sua política de comércio exterior: 1. O ciclo econômico industrial foi reativado após a Segunda Guerra, com uma política comercial adequada visando atingir tal objetivo; 2. a partir de 1948 o Brasil adotou uma política comercial - controle de comércio e de câmbio - que perdura até hoje, apenas com alterações conjunturais (haja vista a abertura de mercado de 1990 e o plano real de 1994), que teve início com o chamado “modelo de industrialização substitutiva de importações”, ou seja, o governo incentivou a industrialização impondo barreiras às importações ( controle de câmbio e de comércio e facilitando os investimentos). Este modelo foi mantido até 1964, mesmo com desequilíbrio externo, inflação na economia e a exportação prejudicada com a taxa de câmbio estável de 1948 a 1953; 3. Após 1964 o governo alterou as diretrizes da política econômica nacional e adotou o modelo de “promoção de exportações” no comércio exterior, com a criação de incentivos à exportação e o sistema de taxas flexíveis a partir de agosto de 1968. Os resultados a curto prazo foram ótimos, e no período de 1968 a 1974 a média anual de nosso crescimento econômico foi de mais de 10%; 4. Hoje temos o modelo de economia aberta - “abertura de mercado” - onde as diretrizes da política industrial e de comércio exterior (PORTARIA MEFP NO. 365/90) determinam um mercado livre, cujo preço e qualidade do produto nacional são de competitividade internacional.

Finalmente julgamos que o modelo de economia aberta é mais interessante que o de substituição de importações, porque aquele obriga a indústria nacional a se

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manter atualizada e eficiente já que nestas condições ela terá que competir, quer no mercado interno, quer no externo, com as indústrias de outros países que empregam técnicas avançadas e lutam para manter custos baixos e lucros altos.

5.1.3. Controle do governo sobre o comércio exterior e mercado cambial

As autoridades responsáveis pela execução da política comercial e cambial de um país empregam controles sobre o comércio exterior e o mercado cambial com os seguintes objetivos:

1. evitar desequilíbrios do balanço de pagamentos, cujo reajustamento autônomo causa desequilíbrios internos, como inflação, deflação, variação da taxa de câmbio etc.;

2. evitar a fuga de capitais que traz desequilíbrios do balanço de pagamentos com todas as suas conseqüências;

3. proteger a indústria nacional contra a concorrência da indústria estrangeira principalmente nos países subdesenvolvidos, visando criar condições propícias ao desenvolvimento industrial até que se atinjam condições de competir no mercado internacional;

4. exercer uma política monetária independente visando manter o pleno emprego no país;

5. manter uma taxa de câmbio estável, assegurando, desse modo, maior estabilidade da economia interna.

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O governo mantém um controle sobre o comércio internacional (o que será visto na próxima seção), isto é, toma medidas destinadas a orientar ou a modificar o comércio exterior. Estas medidas podem ser diretas ou indiretas: diretas, quando aplicadas diretamente sobre a importação ou a exportação, tais como as tarifas aduaneiras, o controle cambial e as cotas de importação; as medidas indiretas são aplicadas em outros setores da economia que venham, finalmente, afetar a importação, a exportação, ou ambas (variação de renda nacional ou medidas administrativas). Os controles indiretos são praticados através das políticas monetária, fiscal e administrativa.

5.1.4. O livre comércio e o desenvolvimento nacional

No capítulo 2 estudamos a Teoria do Comércio Internacional e verificamos que o livre comércio entre as nações permite o melhor aproveitamento dos fatores e, consequentemente, assegura um maior volume de produção com os recursos disponíveis. Porém, na realidade, os países, em sua política de desenvolvimento econômico, impõem restrições ao livre comércio com o exterior.

Friedrich List, economista alemão do século passado, defendia a aplicação das tarifas alfandegárias como instrumento indispensável na política de desenvolvimento econômico. E, então, justificava o emprego das barreiras ao comércio internacional demonstrando que o livre comércio não distribui eqüitativamente os seus frutos e que os países menos desenvolvidos geralmente são sacrificados em relação aos mais desenvolvidos, ao aceitarem as regras do liberalismo impostas por eles.

Por outro lado, hoje a economia está passando por uma fase de desenvolvimento do capitalismo monopolista, onde se verifica a distribuição de recursos e tecnologia em

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nível global (Globalização Econômica) e, então, não se pode pensar apenas no livre comércio e no protecionismo defendido por List como princípios político-econômicos para se atingir o desenvolvimento, e sim, num conjunto de fatores conjunturais e regionais adequando a especialização internacional ao sistema de globalização. E este processo envolve o livre comércio (80% do mercado internacional pertence aos blocos econômicos), a aplicação das barreiras comerciais, etc., dentro de um sistema de integração comercial moderno e disciplinado pela O.M.C.

Assim sendo, o sistema de integração organizado (nele entra o livre comércio) é o único caminho que a nação deve seguir para atingir o seu desenvolvimento, considerando a globalização econômica.

5.2. Controle do Comércio Internacional

Faremos agora um estudo mais meticuloso sobre os diversos tipos de controle do comércio internacional, que fazem parte integrante da política comercial, como já foi exposta neste livro. Neste contexto será tratado das tarifas aduaneiras; do controle cambial; e finalmente, faremos alguns comentários sobre outros controles como: quotas de importação, protecionismo administrativo e operações governamentais.

5.2.1. Tarifas Aduaneiras

A liberdade de comércio possibilita melhor aproveitamento dos recursos produtivos e maior produti-vidade, além de elevar o nível de vida nacional, como já vimos anteriormente. Porém, os países impõem certas restrições ao comércio exterior, provocando uma redução do volume de transações internacionais.

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A tarifa aduaneira (imposto sobre importação de mercadorias) é uma das mais antigas das restrições impostas ao comércio, com finalidade protecionista ou fiscal, que a dividimos em sua classificação, sua incidência, seus efeitos e argumentos a seu favor:

- Classificação das tarifas

As formas mais significativas de classificação das tarifas são segundo a sua finalidade e segundo a sua estrutura.

Segundo a sua finalidade a tarifa pode ser aplicada como fonte de receita (tarifa fiscal), que são mantidas com taxas relativamente baixas e não têm a finalidade de reduzir ou eliminar as importações (são taxadas mercadorias de uso interno), ou como proteção à indústria nacional (tarifas protecionistas) que são elevadas, visando reduzir ou eliminar a importação de mercadorias que competem com a produção nacional.

Segundo a sua estrutura, a tarifa pode ser específica, que é a aplicada por unidade física de mercadoria, ou ad valorem, que é calculada como uma percentagem sobre o valor da mercadoria.

- Incidência das tarifas

O pagamento da tarifa é feito pelo produtor estrangeiro ou pelo consumidor nacional, porém seus efeitos sobre os preços internos de uma mercadoria importada podem ser no sentido de não afetá-los ou elevá-los em uma percentagem menor, igual ou maior que a da tarifa imposta. Estas situações podem ser explicadas da seguinte maneira:

1. Quando houver produção nacional de mercadorias mais que suficiente para atender a

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demanda interna aos preços correntes, as tarifas não exercem efeito sobre os preços das mesmas.

2. Para produtos produzidos a custos crescentes, a tarifa poderá provocar uma elevação interna dos preços dos importados numa porcentagem menor que a alíquota determinada, cuja elevação dos preços corresponde à importância do imposto recolhido (adicionalmente surgem alguns efeitos como aumento dos preços no país importador, uma diminuição do consumo e um aumento da produção nacional a custos elevados; no país exportador haverá uma diminuição da exportação, uma redução dos preços, um aumento do consumo e uma queda da produção, que se processará a custos mais baixos). O resultado final será uma elevação dos preços e do volume de produção e uma redução do consumo, no país importador, numa porcentagem inferior à taxa imposta; no país exportador haverá queda do preço e do volume de produção e aumento do consumo. Como a diferença de preços entre os dois países (menos despesas de transferência) é igual ao valor da tarifa, verifica-se que ela recai parte sobre o produtor estrangeiro e parte sobre o consumidor nacional do país que a impôs.

3. A tarifa poderá provocar uma elevação interna dos preços dos produtos importados numa porcentagem igual ou superior à da alíquota imposta sobre tais produtos, desde que os mesmos sejam produzidos a custos constantes e

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seus preços externos, acrescidos dos direitos alfandegários, sejam inferiores ao custo interno (consumo total importado, é menor devido à elevação dos preços e diminuição da importação). Neste caso a tarifa recai totalmente sobre o consumidor nacional.

- Efeitos das tarifas

As tarifas afetam os preços, a produção e o consumo, como já foi visto anteriormente. Porém, as tarifas exercem outros efeitos sobre o volume de exportação, as relações de troca e sobre o balanço de pagamentos:

1. Volume de exportações - A tarifa causa diminuição das exportações, visto que diminui as importações e as disponibilidades de divisas dos importadores estrangeiros. Assim sendo, as indústrias de consumo interno se desenvolvem, enquanto que as de exportação diminuem seu volume de produção (efeito mais visível nos países industrializados, com um coeficiente de comércio exterior elevado).

2. Relações de troca - As tarifas podem melhorar as relações de troca do país que as impõe, desde que a procura estrangeira de seus produtos seja inelástica. Neste caso, os outros países diminuem as suas exportações, em decorrência da redução das importações provocadas pela imposição das tarifas e se desejarem manter o mesmo volume de exportações precisam diminuir seus preços, melhorando desta forma, as relações de troca da nação que impôs a tarifa. A importância deste efeito depende das

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dimensões da economia que impôs a tarifa e do seu coeficiente de comércio exterior.

3. Balanço de Pagamentos - Entre os principais efeitos das tarifas está o que se relaciona com o balanço de pagamentos. Um déficit do balanço de pagamentos pode ser eliminado com a elevação das tarifas que, forçosamente, diminuirá as importações (isto não ataca as causas fundamentais do desequilíbrio). É óbvio que, para corrigir desequilíbrios do balanço de pagamentos, devem ser aplicados métodos mais eficientes como, por exemplo, o reajuste da taxa cambial.

- Argumentos a Favor das Tarifas

Apesar da liberdade de comércio e da cooperação e controle sobre o comércio internacional pela O.M.C. (Organização Mundial do Comércio), existem argumentos usados em defesa das tarifas, como por exemplo:

1. Proteção aos níveis de salários e de empregos - O nível de salários varia de país para país (principalmente entre industrializados e subdesenvolvidos). Considerando-se que a tarifa evita a concorrência de produtos fabricados com mão-de-obra mais barata, argumenta-se que ela é necessária para manter o nível salarial elevado. Todavia, o importante é o custo por unidade produzida, onde o nível salarial depende da produtividade marginal da mão-de-obra (especialização e tecnologia). Assim sendo, os salários elevados provém da tarifa elevada (o país deve desenvolver os setores em que mantém vantagens

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comparativas e importar os produtos em que tem desvantagens).

Com relação ao volume de emprego, argumenta-se que a tarifa impede a entrada de mercadorias estrangeiras, elevando o nível da produção nacional e do emprego. Entretanto, a redução das importações levará, também, a uma redução das exportações, mantendo-se o mesmo volume de emprego e , talvez, um menor volume de produção devido ao emprego menos eficiente dos fatores. Como podemos verificar, a tarifa poderá provocar o crescimento das indústrias de produtos de consumo interno às custas das de produtos de exportação que são, geralmente, mais eficientes.

2. Proteção à indústria nascente - Este argumento é o mais fundamentado de todos. É lógico que em um país em vias de desenvolvimento, uma indústria, para iniciar as suas atividades precisa de proteção. Esta proteção, porém, não se deve tornar permanente, uma vez que neste caso ela prejudicará o melhor aproveitamento dos fatores.

3. Diversificação e estabilidade econômica - A divisão internacional do trabalho torna as nações interdependentes e vulneráveis às flutuações econômicas externas e a diversificação da economia traz estabilidade interna. Todavia, cabe fazermos a seguinte análise: num país industrializado e de produção diversificada as flutuações são decorrentes das variações do volume de investimentos, cujo controle não implica a dependência de outros

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países, tendo em vista que tais flutuações são causadas por fatores internos; em países de economia primária a afirmativa é válida, pois os preços das matérias-primas caem mais rapidamente nas depressões que os dos produtos industrializados, períodos em que as relações de troca modificam-se favoravelmente aos países desenvolvidos. Entretanto, ao mesmo tempo que a tarifa evita a importação de uma depressão, poderá evitar, também, a importação do progresso. Portanto, apesar da grande influência exercida pelos países industrializados, os de economia primária não poderão atingir seu desenvolvimento se isolando da globalização.

4. Fonte de receita - Se for empregada uma taxa baixa, sem abuso (protecionismo), em produtos totalmente importados, a tarifa proporciona receita ao Estado, com a vantagem de recair, em parte, sobre o produtor estrangeiro.

Fazendo-se uma análise sobre os argumentos a favor das tarifas, concluímos que eles têm uma certa validade, desde que aplicados dentro de um plano macroeconômico e global. Até porque, a economia está numa fase de transição do capitalismo monopolista, onde os blocos econômicos e a cooperação internacional estão presentes.

5.2.2. Controle Cambial

Com o desenvolvimento dos sistemas de controle organizados, o termo limitou-se aos vários tipos de restrições ao livre comércio de divisas. Isto é, o controle cambial deixou de ser qualquer intervenção no mercado de divisas que venha afetar a taxa de câmbio, incluindo além da sua fixação

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e das regulamentações da exportação e da importação, a regulamentação do mercado de capitais, interrupção de acordos e compra e venda de divisas pelo Banco Central que visou à estabilização cambial, para ser nada mais do que a supervisão da taxa cambial e da aplicação das divisas.

O controle pode ser temporário (pressão no balanço de pagamentos) e retirado logo após a normalização. Entretanto, o controle não elimina as causas do desequilíbrio das contas externas, que sendo estrutural, o controle cambial torna-se cada vez mais necessário.

Sua principal característica é a centralização de todas as operações cambiais e sua fiscalização delegadas a uma única instituição - Banco Central, que adquire as divisas dos residentes no país e supre a procura de acordo com as disponibilidades e os interesses da economia nacional. No caso da fiscalização, os bancos comerciais são autorizados a operar em câmbio dentro das normas estabelecidas pelas autoridades cambiais, que fiscalizam todas as operações.

Vejamos o desenvolvimento normal de um processo de controle cambial:

- Introdução do Controle

A principal finalidade do controle cambial é restringir a procura de divisas quando ocorrerem déficit no balanço de pagamentos, sendo aplicado para corrigir tal desequilíbrio. Entretanto, existem várias formas de reequilibrar o balanço de pagamentos sem se interferir no mercado cambial (política monetária e creditícia adequada, elevação das tarifas, quotas de importação, ou, ainda, a desvalorização cambial).

No entanto, a razão principal da introdução do controle cambial é evitar a fuga de capitais. Contra este

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fenômeno o controle da importação não surte efeito e as demais formas só teriam efeitos conjunturais, o que nos leva a acreditar que o controle cambial parece indispensável quando há uma fuga de capitais muito grande motivada pelo medo (instabilidade da moeda).

- Severidade do Controle

O rigor a ser empregado no controle cambial depende do caráter da pressão do balanço de pagamentos. À fuga de capital, quando temporária e moderada, podem ser empregados apenas alguns controles. Quando a fuga de capitais é grande, o simples fato de não se permitir o uso de divisas para este fim não é suficiente. Neste caso, todas as operações de câmbio devem ser centralizadas pelo Governo e, para tanto, é necessária a criação de regulamentos detalhados, reforçados com severas penalidades, para os transgressores, pois são incontáveis as possibilidades da fuga de capitais por meios ilegais, como:

1. Receber o pagamento das exportações em contas abertas no exterior, onde os importadores estrangeiros, em concordância com os exportadores nacionais depositam o valor das transações (com a implantação do SISCOMEX este controle é automático).

2. Outra forma de sonegar divisas, tanto na oferta como na procura (exportação e importação), é o subfaturamento das exportações e o superfaturamento das importações. (No caso do subfaturamento, para evitar concorrência estrangeira, foi criada a Lei anti-dumping do GATT).

- Controle de Câmbio e de Comércio

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Se um país, além de procurar evitar a fuga de capitais, mantém ainda a sua moeda supervalorizada (taxa de câmbio abaixo daquela estabelecida no mercado), a pressão sobre o balanço de pagamentos aumentará e os controles precisam ser intensificados, pois a moeda supervalorizada reduz a oferta de divisas (menos exportação) e aumento a procura (mais importação). Desta forma, a escassez inicial de divisas será intensificada de forma a exigir a imposição de restrições ao comércio (duas preocupações: evitar fuga de capitais e controle do comércio).

Quando a situação nacional chega nestas condições, as autoridades enfrentam o problema de racionamento das divisas, conforme podemos analisar:

1. Distribuição entre as contas - As divisas disponíveis deverão ser distribuídas em proporções adequadas entre os diversos itens do balanço de pagamentos.

1. Distribuição entre as mercadorias - Uma vez que é limitada a quantia total destinada às importações, tem que decidir quais as mercadorias a serem importadas.

1. Distribuição entre os setores (firmas) - Uma vez decidido o que e quanto importar, deverá ser decidido, também, quem fará as importações e em que quantidade.

1. Distribuição entre os países - Se todas as moedas forem escassas, não haverá problema. Todavia, se determinada moeda for mais escassa e outras mais abundantes, deverá haver uma discriminação entre os países.

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Estas medidas de maneira justa e eqüitativa são muito difíceis. Logo, estes desajustamentos podem ir sendo corrigidos com a prática, cujas quotas devem ser de curto tempo de duração, requerendo, ainda, um estudo constante do balanço de pagamentos e da economia. Vale frisar que os erros na distribuição das divisas, como mencionado, podem afetar seriamente a estrutura econômica do país.

A fim de evitar os efeitos da supervalorização, sem recorrer desvalorização monetária, se fazem necessárias medidas de estímulo às exportações, tanto no campo fiscal como no campo financeiro.

- Conclusões

O controle cambial surgiu com a finalidade de evitar a fuga de capitais. Todavia, ele pode ser, e realmente tem sido, com outros objetivos. Entre os mais comuns estão os seguintes:

1. manutenção de uma moeda supervalorizada;

2. manutenção de uma política fiscal e monetária independente, a fim de se manter um planejamento econômico;

3. discriminação do comércio através de uma distribuição arbitrária de divisas;

4. protecionismo à indústria nacional;

5. fonte de receita governamental;

6. manutenção de uma moeda desvalorizada para se promover as exportações - dumping cambial.

Alguns destes objetivos podem ser atingidos através da aplicação de tarifas ou pelo emprego de quotas de

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importação. Entretanto, o controle cambial oferece maiores vantagens, quando o objetivo for a manutenção de uma política fiscal e monetária independente, ou extensiva ao planejamento total da economia. As tarifas e as quotas se aplicam ao comércio de mercadorias, enquanto que o controle cambial se estende a todos os tipos de transações.

Como fonte de receita do Estado, o governo estabelece uma larga margem entre a taxa de compra e de venda das divisas.

O controle cambial pode, finalmente, ser utilizado para promover as exportações, mantendo uma taxa artificial elevada, quando os exportadores poderão vender ao exterior a preços menores que os concorrentes no mercado internacional. Esta desvalorização da moeda visando ao aumento das exportações pode ser denominada dumping cambial.

5.2.3. Outros Controles

Além dos controles de comércio representados pelas tarifas e pelo controle cambial, existem outros que se popularizaram a partir da Grande Depressão dos anos trinta. Entre eles temos as quotas de importação, o protecionismo administrativo e as operações governamentais, que serão analisados a seguir:

- Quotas de Importação

A quota de importação é a fixação de um limite físico para a entrada de determinadas mercadorias estrangeiras no país, durante certo período. Isto pode ser feito para proteger a indústria nacional e para reajustar o balanço de pagamentos.

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Com a redução da oferta, a conseqüência imediata é a elevação dos preços das mercadorias atingidas pela quota de importação.

O sistema de licenciamento é utilizado para evitar problemas de distribuição das quotas, conforme abaixo:

1. Estabelecem diversas categorias de mercadorias, por ordem de essencialidade, cujas licenças serão fornecidas para as diversas categorias, de acordo com as divisas disponíveis.

2. Estabelecem uma lista de mercadorias que somente poderão ser importadas mediante a obtenção de licença, sem determinar as quantidades a serem importadas.

O sistema de quotas é usado em coordenação com o controle de câmbio, visto que a emissão da licença assegura a obtenção de divisas para o pagamento das importações.

- Protecionismo Administrativo

Além do instrumento clássico do protecionismo, a tarifa aduaneira (embora o controle cambial e as quotas de importação tenham sido usados neste sentido), existem outros artifícios protecionistas, de caráter administrativo, criando uma barreira invisível ao comércio internacional. São as exigências formuladas para se permitir a entrada de certas mercadorias no país, tais como modo de embalagem, certificados, atestados, especificações etc.. Este conjunto de regras, decisões e formalidades opressivas recebe o nome de protecionismo administrativo.

- Operações Governamentais

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Além de controles diretos e indiretos, o governo poderá, ainda, exercer o monopólio, parcial, ou total, do comércio internacional (não permitir às pessoas físicas ou jurídicas de efetuar transações comerciais de qualquer espécie ou de determinada mercadoria com o exterior). Este monopólio estatal é muito antigo e raro, mas convém enfocá-lo.

Como exemplo podemos citar, no caso brasileiro, a importação do trigo (subsidiado) e a exportação do açúcar (preço superior ao do mercado interno).

5.3. Política Comercial e Cambial Brasileira

Após termos estudado teoricamente os controles do comércio exterior, veremos agora como tais controles têm sido aplicados no Brasil. De maneira didática, estudaremos este assunto desde o descobrimento do Brasil, enfocando a parte histórica e a situação atual, como segue:

5.3.1. Histórico da Política Brasileira

Será apresentada a estrutura comercial do Brasil, mostrando sua evolução política nos períodos Brasil-Colônia, Brasil-Império e Brasil-República:

-Brasil-Colônia

Desde o seu descobrimento até 1808 o comércio exterior do Brasil constituiu no monopólio da Coroa Portuguesa. Durante esse período, este monopólio foi transferido, respectivamente, à Cia. Geral do Comércio (1649) e à Cia. Do Grão-Pará e Maranhão (1755), cujo sistema foi abolido, em virtude de abusos.

Em 1808, com a transferência da Família Real para o Brasil forçada pela invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão, os portos brasileiros foram abertos ao comércio direto com as nações amigas. Simultaneamente a esta abertura

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determinou-se a cobrança de impostos sobre a entrada de mercadorias estrangeiras no país, representadas por uma tarifa ad valorem de 24%. Logo a seguir foram introduzidas tarifas mais baixas para as mercadorias provenientes de Portugal e da Inglaterra.

- Brasil-Império

Após a proclamação da Independência (1822), a política tarifária continuou inalterada até o ano de 1844, quando as tarifas da maior parte das mercadorias importadas foram elevadas para 30%, com objetivos fiscais e protecionistas simultaneamente.

Em 1874 o Visconde do Rio Branco fixou, uniformemente, em 40% os direitos para a importação de todas as mercadorias. Outras alterações, sempre com objetivos fiscais e protecionistas, foram sendo introduzidas no sistema tarifário brasileiro até o advento da república.

- Brasil-República

Podem ser analisadas três fases distintas neste período, tais como: da Proclamação da República em 1889 até a Grande Depressão dos anos 30; da Grande Depressão até a II Guerra Mundial; e da II Guerra Mundial até hoje.

Na primeira fase foram introduzidas algumas reformas na política alfandegária brasileira, visando sempre aos objetivos fiscal e protecionista. No que tange à política cambial, o nosso governo realizou algumas desvalorizações monetárias.

No período compreendido entre a Grande Depressão e a II Guerra Mundial, o comércio exterior brasileiro apresentou sérios problemas. Uma queda violenta no preço do café (crise mundial), nosso principal produto de

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exportação. Como conseqüência, uma queda vertical na reserva cambial, obrigando as autoridades a estabelecerem um controle cambial, a partir de 1931, associado ao emprego de tarifas visando reequilibrar o balanço de pagamentos. Em nome do Tesouro Nacional, o Banco do Brasil S/A administrava todo o controle cambial, como autoridade monetária.

Com algumas alterações conjunturais este sistema prevaleceu até o ano de 1946, quando, tendo em vista as reservas nacionais (US$ 600 milhões) foi restabelecida a liberdade de câmbio e de comércio.

Com o fim da II Guerra Mundial, teve início a terceira fase. Embora tenha sida restabelecida a liberdade de câmbio e de comércio, na época o nosso sistema tarifário não era adequado para selecionar as importações, provocando o esgotamento rápido das divisas e obrigando o Governo brasileiro a aplicar um rigoroso sistema de controle de comércio e de câmbio (início de 1948).

Os referidos controles contavam com a estrutura administrativa dos seguintes órgãos governamentais:

a SUMOC - Superintendência da Moeda e do Crédito (MF), que exercia as funções normativas através de instruções, para a orientação da política cambial e das operações de câmbio (função hoje do CMN - Conselho Monetário nacional);

a CEXIM - Carteira de Exportação e Importação responsável pela parte administrativa do licenciamento das exportações e das importações a que estavam sujeitas todas as transações comerciais com o exterior;

a FIBAN - Fiscalização Bancária, cuja função era fiscalizar as operações de câmbio e as remessas do

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exterior e para o exterior (hoje, atribuição do FIRCE - Fiscalização e Controle do capital Estrangeiro);

a Carteira de Câmbio do Banco do Brasil, que operava em nome do Tesouro Nacional sobre o controle cambial.

De 1947 a 1961, o Brasil passou por grandes problemas e alterações na sua política de comércio exterior. Principalmente por manter, neste período, uma paridade fixa na taxa cambial.

Nos anos seguintes após 1947, quando foi fixada a taxa cambial em US$ 1.00 = CR$ 18,50, mesmo com um processo inflacionário constante esta taxa permaneceu estável. Esta situação estimulava as importações e dificultava as exportações que se processavam a preços constantes em moeda nacional, embora os custos se elevassem. O resultado desta situação traduzia-se em déficits sucessivos em nosso balanço de pagamentos, bem como em injunções políticas provocadas pelas pressões econômicas.

Como esta situação se tornava intolerável, em 1953 foram tomadas medidas no setor cambial e no setor administrativo do comércio exterior: foi criado o mercado livre de câmbio para as operações financeiras e algumas operações comerciais; foram criadas algumas restrições às importações e dados alguns incentivos às exportações.

Ainda em 1953 foi extinta a CEXIM e criada a Carteira de Comércio Exterior - CACEX (Lei 2.415/53), que tinha força ministerial.

A nossa política de comércio exterior sofreu nova alteração na reformulação e atualização das tarifas alfandegárias, através da Lei 3.244, de 14.08.57. Com esta

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Lei, as tarifas passaram a ser instrumentos de proteção à indústria nacional, além de somente o controle de câmbio e de comércio, como antes. Atualmente, rege-se o nosso sistema tarifário pelo Decreto-Lei No. 37/66, regulamentado pelo Decreto No. 91.030/85 (Regulamento Aduaneiro).

Esta situação perdurou até 13.03.61, quando a SUMOC baixou uma instrução (No. 204), alterando toda a política cambial. Para isso, nosso Governo suspendeu, junto ao Fundo Monetário Internacional, a paridade fixa de CR$ 18,50 por US$ 1.00.

O objetivo desta nova política era buscar a realidade cambial, isto é, estabelecer uma taxa de câmbio que correspondesse à taxa de equilíbrio (paridade do poder aquisitivo da moeda). E esta nova sistemática foi sendo alterada sucessivamente, de acordo com as necessidades da política econômica nacional, até o estabelecimento da chamada taxa flexível em 27.08.68, que faz parte da atual política cambial.

A política cambial e comercial faz parte integrante da política econômica governamental, para promover o desenvolvimento econômico nacional. Por esta razão, no período que vai de 1948 a 1963, quando o Governo brasileiro baseou o nosso desenvolvimento no “modelo de industrialização substitutiva de importações”, aquelas políticas desempenharam um papel importante isolando a nossa indústria nascente da competição estrangeira. A partir de 1964 as autoridades brasileiras responsáveis pela nossa política econômica adotaram uma nova estratégia de desenvolvimento baseada na abertura para o comércio exterior, ou seja, na promoção das exportações através de incentivos, tanto de ordem fiscal como de ordem creditícia, que se caracterizou pelo crescimento do nosso comércio exterior a uma taxa bem maior que a do crescimento do PIB.

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5.3.2. Situação Atual Cambial e Comercial

O controle do mercado cambial continua sendo mantido pelo Governo brasileiro. As operações de câmbio são regulamentadas e fiscalizadas pelo Banco Central, que estabelece as taxas das moedas estrangeiras. A taxa de câmbio é determinada com relação ao dólar americano, e reajustada periodicamente tendo em vista, entre outros fatores, a inflação interna e a norte-americana. Este sistema de reajustes cambiais em períodos curtos e em porcentagens mínimas (pequena alteração conjuntural com o Plano real, 1994) foi denominado de sistema de taxas flexíveis.

No que diz respeito ao controle do comércio exterior, podemos assegurar que nosso mercado é livre (importar e exportar qualquer produto para qualquer país). Isto se relaciona com o programa de abertura de mercado do Governo brasileiro (1990), que elaborou uma nova política industrial e de comércio exterior (Portaria MEFP No. 365/90), estabelecendo a abertura do mercado brasileiro. Como pontos básicos nesta nova política - Plano Brasil Novo - pode-se destacar os seguintes: a indústria nacional tem que ser moderna e de alta produtividade; e o produto nacional tem que ter o preço e a qualidade a nível de competir com o concorrente internacional.

A fim de darmos uma visão do funcionamento do controle cambial e do comércio exterior, vejamos separadamente cada um deles:

- Controle Cambial

As operações de câmbio estão divididas em comerciais, que se referem ao pagamento de mercadorias e serviços diretamente relacionados com a importação ou com a exportação, e em financeiras, que incluem o movimento de capitais e remessas não relacionadas com o comércio.

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O controle abrange indistintamente todos os tipos de operações, cujo processo é o seguinte:

1. Importações - As remessas para pagamento de importações são efetuadas mediante o fechamento de contrato de câmbio, cujas condições já estão devidamente informatizadas no SISBACEN (mais informações no processo de controle do comércio exterior).

2. Exportações - No registro da exportação (RE) já constam as condições do recebimento das divisas, sob conhecimento e controle do SISBACEN.

3. Remessas para o Exterior (operações finan-ceiras) - remessas até determinados valores, conforme a situação monetária do país. Estas remessas podem ser efetuadas por pessoas físicas para fins de manutenção, pagamento de livros técnicos, revistas, cursos por correspondência etc. Para as remessas de amortização de empréstimos, pagamento de juros, assistências técnicas etc., se faz necessário um registro prévio no Banco Central, para a obtenção do Certificado de Registro.

4. Remessas do exterior (operações financeiras) - o recebimento de remessas do exterior é livre. Todavia, se o titular da remessa desejar remeter lucros ao exterior (caso dos investimentos) ou juros e principal (caso dos empréstimos) deverá solicitar o registro da entrada do capital junto ao Banco Central.

5. Turismo (operações financeiras) - O turista brasileiro, ao viajar para o exterior, tem o

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direito de adquirir uma quantia em dólares (o valor é estabelecido pelo Banco Central, de acordo com a situação monetária do país), ou seu equivalente em outras moedas. As operações de câmbio manual entre particulares são consideradas ilegais. Para isto existem os bancos autorizados a operar em câmbio.

- Controle do Comércio Exterior

Conforme mencionamos no item 1 do controle cambial, o Brasil informatizou todas as operações de importação e de exportação. Foi criado o SISCOMEX, Sistema Integrado de Comércio Exterior, pelo Decreto No. 660/92, cujas Normas Administrativas, Operacionais, Fiscais e Cambiais serão tratadas mais adiante.

Todos os passos de uma importação ou de uma exportação estão interligados desde o início, através do sistema on line do computador, com os órgãos intervenientes do comércio exterior, que são a Secretaria da Receita Federal (SRF), o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Ao serem acessados estes órgãos públicos pelo sistema on-line, inicia-se todo o controle da operação de importação e de exportação, como podemos ver:

1. Importações - Como foi falado no início, o Brasil, atualmente, tem um mercado livre para importação e exportação. Porém acompanha a esta abertura de mercado todo um processo de controle administrativo e conjuntural, para o bom andamento do desenvolvimento econômico. Atualmente as importações são automáticas, isto é, têm uma Licença Automática, apesar de que, para uma lista de

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produtos a Licença é não automática, ou seja, requer anuência de outros órgãos públicos ou um controle especial do órgão licenciador. Mas isto é por uma questão de segurança, saúde, meio ambiente, controle especial etc. Também vale frisar que nossas tarifas são baixas, de 0 a 20%, com algumas exceções. Tudo isto será estudado oportunamente neste livro.

2. Exportações - As exportações são livres, iniciando-se com o registro de Exportação (RE), onde constam todas as modalidades da operação (incentivos, pagamentos etc.). E como sabemos, a partir daí os órgãos públicos competentes interagem e acompanham todos os passos do processo.

As medidas de controle cambial e de controle comercial fazem parte da política econômica global e objetivam o desenvolvimento econômico nacional. O Nosso processo de desenvolvimento econômico iniciou-se no pós-guerra com base numa “industrialização substitutiva de importações”. Portanto, esta abertura de mercado e esta inovação do sistema significam um impulso do país, para uma maior participação no comércio exterior mundial.

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COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

Será discutida a cooperação nos campos monetário, financeiro e comercial no âmbito da economia internacional, abrindo espaço para uma integração econômica mundial. Neste contexto serão mostradas as diversas modalidades de cooperação existentes entre os países, bem como a viabilidade de um sistema econômico internacional que permita a todos os países - ricos ou pobres - obterem as vantagens apregoadas pela Teoria das Vantagens Comparativas, cujo sistema é a globalização econômica.

6.1. Cooperação Econômica

O desenvolvimento tecnológico e a conseqüente evolução sócio-econômica da sociedade implica uma cooperação internacional em todos os setores da atividade humana.

Aqui trataremos das origens e da cooperação econômica, abordaremos a cooperação monetária e financeira, bem como estudaremos a cooperação comercial, enfocando os mercados comuns e os acordos comerciais internacionais, o que vem permitir o pleno emprego dos recursos.

6.1.1. Conceito e Origem

A cooperação econômica entre as nações, na atualidade, tem como princípios ser consciente, pública e multilateral, abrangendo apenas aspectos econômicos. Sob outro prisma, é a organização das trocas e dos pagamentos

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internacionais, cujo objetivo é facilitar estas operações entre um grupo de países, visando acelerar o seu desenvolvimento econômico.

O crescimento da economia mundial se acelerou com a Revolução Industrial, e com isso aumentou a interdependência entre as nações. Nesse período, o Sistema Padrão-ouro facilitava os pagamentos internacionais e mantinha os balanços de pagamentos dos países que o adotavam em relativo equilíbrio. Assim sendo, a cooperação internacional, até a II Guerra Mundial, não foi além da criação de alguns órgãos visando solucionar problemas de comunicação e de direito entre as nações, bem como da troca de conhecimentos e experiências científicas (tais órgãos, como: União Telegráfica Internacional; União para a Proteção da Propriedade Industrial; Liga das Nações, criada após a I Guerra Mundial).

Todavia, em decorrência da I Guerra Mundial (1914/18) o padrão-ouro foi abandonado somando-se a este fato a Grande Depressão (anos 30). Esta nova situação exige dos países uma cooperação de ordem econômica a fim de enfrentarem juntos os novos problemas que surgiram no campo comercial (queda de cerca de 2/3 no volume do comércio mundial no período da Grande Depressão) e no campo monetário (dificuldades de liquidez internacional). Quando a economia mundial estava se recuperando da Grande Depressão, mesmo sem cooperação, eclodiu a II Guerra Mundial (1939/45) provocando, como não poderia deixar de ser, novos problemas no campo das transações internacionais.

Nestas condições, os países sentiram a necessidade de, no período do pós-guerra, estabelecer uma cooperação efetiva a fim de solucionar os problemas que se apresentariam (além de reconstruir o mundo), quer de ordem econômica, quer de ordem social. Com este objetivo foram

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criados o Fundo Monetário Internacional - FMI e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, em 1944, a Organização das Nações Unidas - ONU, em 1945, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio - GATT (General Agreement On Tariffs and Trade), em 1947, além de muitos outros organismos e instituições.

6.1.2. Cooperação Monetária e Financeira

A cooperação internacional de ordem monetária e financeira tem como base principal o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), ou Banco Mundial.

Após a I Guerra Mundial, com a extinção do padrão-ouro, houve restauração dos sistemas monetários nacionais, sem a preocupação de se coordenar medidas que favorecessem a estabilidade monetária internacional. Esta instabilidade internacional contribui para o desencadeamento da Grande Depressão e das conseqüentes perturbações econômico-financeiras dos anos 30, desmantelando as relações comerciais entre os países e contribuindo para o início da II Grande Guerra.

Durante o final da II Guerra Mundial sentiu-se a necessidade de reconstruir o mundo (os EUA foram os credores) e, principalmente, da criação de um órgão financeiro internacional que contribuísse para a manutenção do comércio internacional, em condições sadias, no pós-guerra. Foram formuladas duas propostas e apresentadas na conferência realizada em Bretton Woods, New Hampshire - EUA, em junho de 1944, com a presença de 44 nações convidadas, incluindo o Brasil. A primeira proposta foi de autoria do famoso economista inglês J.M. Keynes (seu livro “The General Theory of Employment, Interest and Money”), que preconizava o estabelecimento de uma União

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Internacional de Compensação, com base em uma moeda de conta internacional denominada bancor. A segunda proposta foi apresentada por H.D. White, secretário do Tesouro americano, que sugeria a criação de dois organismos, sendo o primeiro um banco de inversões a longo prazo e o segundo um fundo de estabilização através de uma unidade monetária definida em peso-ouro. Esta conferência atingiu os objetivos desejados terminando com a criação das duas instituições propostas pelo plano do Sr. White - FMI e BIRD - como instituições complementares e independentes entre si, tendo como objetivo garantir a estabilidade monetária internacional, facilitar o comércio entre as nações e promover o desenvolvimento econômico mundial.

Vejamos as finalidades e o funcionamento de cada uma destas instituições:

O Fundo Monetário Internacional - FMI, criado para socorrer seus associados nos desajustes de seus balanços de pagamentos e evitar a instabilidade cambial, tem , de acordo com artigos regulamentares, as seguintes finalidades, estrutura e administração e funcionamento:

- Finalidades do FMI

1. Promover a cooperação monetária internacional através de um departamento de consultas e de colaboração sobre problemas monetário mundiais;

2. facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio internacional, contribuindo, assim, para a promoção e manutenção de altos níveis de emprego e de renda e para o desenvolvimento da capacidade produtiva de todos os países membros;

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3. promover a estabilidade cambial, manter a disciplina cambial entre os membros e evitar as depreciações monetária competitivas;

4. auxiliar o estabelecimento de um sistema multilateral de pagamentos entre as nações (transações correntes) e eliminar as restrições cambiais, que entravam a expansão do comércio internacional;

5. inspirar confiança aos países-membros, facilitando-lhes a utilização de recursos do Fundo, mediante garantias adequadas, facultando-lhes, assim, retificarem os desajustes em seus balanços de pagamentos sem recorrerem a medidas nocivas à prosperidade nacional ou internacional;

6. finalmente, encurtar os períodos e diminuir o grau de desequilíbrio nos balanços de pagamentos dos seus associados.

O FMI procura atingir seus objetivos, fornecendo aos países filiados os necessários recursos em divisas, bem como colocando à sua disposição técnicos que aconselhem e ajudem a resolver seus problemas financeiros e monetários.

- Estrutura e Administração do FMI:

São membros do FMI todos os países que se fizeram representar na Conferência de Bretton Woods e integralizaram as suas quotas, bem como os demais países que solicitaram a sua admissão, conforme condições preestabelecidas. Atualmente o FMI conta com a participação de mais de 150 países.

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O capital do Fundo (inicialmente 8,8 bilhões de dólares) é constituído pelas quotas dos vários países associados, as quais, para fins contábeis, são especificadas em Direitos Especiais de Saque (DES’s), que por motivos didáticos convém defini-los: com a limitação da produção do ouro e as crises especulativas nas chamadas moedas-reserva (elementos que constituíam as reservas do FMI, desde a reunião de Bretton Woods) tinha de se encontrar um outro meio de aumentar as reservas internacionais, para atender às necessidades mundiais de liquidez.

O DES é uma unidade puramente contábil, cuja paridade se baseia na média ponderada de um “cesto” de cinco moedas dos países com maior participação na exportação mundial de bens e serviços, cuja revisão desta taxa flutuante do DES em termos das moedas que compõem o “cesto” é feita de cinco em cinco anos (no período atual as moedas são dólar americano, marco alemão, iene japonês, franco francês e libra esterlina).

Retornando ao estudo do capital do Fundo, informamos que a integralização das quotas de cada país é feita da seguinte maneira: 25% no máximo em ativos de reserva, isto é, Direitos Especiais de Saque e moedas fortes, 75% na moeda nacional do país associado (no início era 25% em ouro e 75% em moeda nacional).

Na determinação dessas quotas são levados em consideração diversos dados, tais como: renda nacional, magnitude e flutuação do balanço de pagamentos, reservas em divisas fortes etc.

Assim, cada país credita a favor do Fundo certa soma de moeda nacional, que será utilizada no pagamento de mercadorias e serviços. A Alemanha deposita marcos, a

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França francos etc. de forma que o FMI terá à sua disposição as diferentes moedas de todos os países-membros.

Atualmente a quota do Brasil é de 2.170 milhões de DES’s, dos quais 1.627 milhões são representados pela moeda nacional (Real).

A criação do FMI tinha como objetivo a obtenção do equilíbrio dos pagamentos internacionais, mediante um sistema que apresentasse as vantagens do padrão-ouro, sem os seus inconvenientes. Assim, a paridade das moedas se baseava no seu valor em ouro, paridade essa que deixou de existir com a reforma determinada pela conferência de Kingston (Acordo de Jamaica, 1976 - sistema de taxas flutuantes e abolição do preço oficial do ouro - entrando em vigor a partir de abril de 1978).

A sede do FMI localiza-se em Washington, DC, sendo a administração constituída de um Conselho de Governadores (uma junta Governativa composta de um Governador e um suplente para cada país-membro), diretores-executivos, um diretor-gerente e um grupo de auxiliares, onde o poder do voto de cada nação-membro é o seguinte: cada sócio tem direito a duzentos e cinqüenta votos, mais um voto adicional para cada parte de sua quota equivalente a cem mil DES’s.

- Funcionamento do FMI:

O FMI opera com as nações filiadas por intermédio do respectivo Tesouro ou Banco Central e tem o direito de requisitar dos associados as informações que julgar necessárias para o cumprimento de suas finalidades. Os recursos do Fundo serão aplicados para cobrir desequilíbrios do balanço de pagamentos (também têm os acordos stand-by, acordos específicos feitos com o Fundo, e alguns serviços especiais). Para isso, os países associados poderão obter

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DES’s ou moedas estrangeiras de que estejam necessitando, mediante o crédito, ao Fundo, do correspondente valor em sua moeda nacional. A moeda estrangeira creditada a um país necessitado sai da quota do país onde é ela emitida, que ficará desfalcada; por outro lado, ficará um excesso da moeda do país solicitante em sua quota. Essa situação, obviamente, depois de algum tempo (3 a 5 anos) será compensada, isto é, o país entregará DES’s ou moedas de outros países, especificadas pelo Fundo.

Os custos cobrados pelo FMI sobre essas retiradas de moedas se elevam a intervalos durante o período de existência dos saldos devedores. Tais custos deverão ser pagos em DES’s. Excepcionalmente, a critério do Fundo - e dependendo da aprovação dos demais países - esses custos poderão ser pagos em outras moedas ou em moeda nacional.

O limite das retiradas (troca de moeda nacional por divisas) é fixado em 200% da quota subscrita, para cada membro. Obviamente, os saques provenientes das operações stand-by, e serviços como de Financiamento Compensatório, Amplitude do Fundo, do Petróleo, de Financiamento Suplementar etc. não estão enquadrados neste limite.

O Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, também conhecido como Banco Mundial ou Banco Internacional foi criado juntamente com o FMI na conferência de Bretton Woods. Seu objetivo é de favorecer a reconstrução dos países devastados pela guerra e promover o desenvolvimento das regiões mais pobres, incluindo em seus respectivos estatutos as seguintes finalidades.

1. Contribuir nas obras de reconstrução e desenvolvimento em território dos países associados, facilitando a inversão de capitais em fins produtivos, inclusive na restauração

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das economias destruídas ou desarticuladas pela guerra, a conversão dos recursos produtivos às funções do tempo de paz e o apoio ao desenvolvimento dos meios e recursos produtivos dos países menos desenvolvidos;

2. promover investimentos de capitais particulares e estrangeiros, mediante garantia ou mediante participação de empréstimos e de outras inversões feitas por capitais particulares e, quando não houver capitais particulares disponíveis, sob condições razoáveis, suple-mentar as inversões particulares, fornecendo, sob condições convenientes, capitais para finalidades produtivas, capitais esses que serão provenientes de seus próprios fundos, de fundos levantados por ele e de outros recursos;

3. promover a expansão equilibrada do comércio internacional, a longo prazo, e a manutenção do equilíbrio dos balanços de pagamentos, estimulando os investimentos internacionais para o desenvolvimento dos recursos produtivos dos membros, auxiliando, assim, a elevação da produtividade, do padrão de vida e das condições de trabalho nos respectivos territórios;

4. coordenar os empréstimos feitos ou garantidos pelo BIRD com os empréstimos internacionais obtidos por intermédio de outras instituições, de forma a atender em primeiro lugar os projetos, grandes ou pequenos, que sejam mais úteis e urgentes;

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5. conduzir suas operações tendo em vista os efeitos que as inversões internacionais possam causar sobre a situação econômica dos países associados e, no período de pós-guerra, contribuir para que a transição da economia de guerra à economia de paz se leve a efeito sem contratempos.

O BIRD é, por conseguinte, um organismo fornecedor de créditos a médio e longo prazos, agindo como captador de capitais internacionais para investimentos produtivos em países subdesenvolvidos. Caso não consiga esses recursos no mercado de capitais, ele poderá emprestar parte de seu próprio capital.

- Estrutura e Administração do BIRD:

Os membros do BIRD devem, necessariamente, ser associados do FMI. O capital inicial do Banco era de US$ 10 bilhões, sendo elevado para US$ 21 bilhões, em 1959, cuja integralização de cada país é da seguinte forma: 1% em ouro ou em dólares e 9% em moeda nacional. Assim, 90% do capital do BIRD permanecem sem integralização. Finalmente, em junho de 1975, o capital subscrito era de US$ 30,8 bilhões, expressos em Direitos Especiais de Saque.

A administração do BIRD assemelha-se à do FMI, possuindo, ainda, um conselho consultivo, e o sistema de votação também é idêntico (cada membro tem direito a 250 votos, mais um voto adicional para cada parte de sua quota equivalente a cem mil DES).

Os recursos e facilidades do Banco somente poderão ser utilizados pelos membros (nação, órgãos públicos ou, ainda, empresa comercial, industrial ou agrícola do

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território de qualquer membro) para fins de reconstrução e de desenvolvimento.

As fontes desses recursos são os pagamentos efetuados pelos países-membros por conta de suas subscrições de capital; os empréstimos lançados nos diversos mercados internacionais de capital; e os resultados líquidos das operações do Banco.

O BIRD criou em 1956 a Cooperação Financeira Internacional (CFI), para complementar suas atividades, estimulando o desenvolvimento das atividades privadas nos países-membros. Em 1960, criou a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico, incrementar a produtividade, e, desse modo, elevar o nível de vida das regiões menos desenvolvidas.

No tocante à cooperação monetária e financeira internacional, vale a pena ressaltar, além do FMI e do BIRD, inúmeras outras instituições para financiamento internacional:

O Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, foi criado em 08 de abril de 1959, em Washington, D.C., sua sede, com a finalidade de financiar o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos da América. Seu capital inicial foi de US$ 1 bilhão e sua administração e o seu funcionamento correspondem, em parte, respectivamente à administração e ao funcionamento do BIRD.

O BID surgiu para satisfazer às necessidades dos países da América Latina, sobre o que os Estados Unidos se opunham, tendo em vista o FMI e o BIRD. Todavia, face ao agravamento da situação política e econômica dos países latino-americanos, os Estados Unidos elaboraram um anteprojeto, que serviu de base à conferência que culminou com a sua criação, com as seguintes funções:

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1. promover a inversão de capitais públicos e privados para fins de desenvolvimento;

2. utilizar seu próprio capital, fundos obtidos nos mercados financeiros e demais recursos para financiar o desenvolvimento dos países-membros;

3. estimular os investimentos privados em projetos de desenvolvimento econômico e complementar as inversões privadas, quando não houver capitais particulares disponíveis;

4. cooperar com os países-membros na orientação de sua política de desenvolvimento econômico, objetivando a complementação de suas economias e o crescimento de seu comércio exterior;

5. prestar assistência técnica para o preparo, financiamento e execução dos planos de desenvolvimento econômico.

Como se trata de uma instituição que diz respeito ao Brasil, convém demonstrarmos sua estrutura, seus recursos e as áreas principais de financiamento do BID.

- Estrutura do BID:

Inicialmente eram 19 países latino-americanos, mais os Estados Unidos, filiados ao BID. Em meados de 1976, foram admitidos outros países não pertencentes ao continente americano (Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suíça), classificados como membros não regionais, que juntamente com os Estados Unidos, Canadá e a

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Venezuela não têm acesso aos financiamentos do BID e cujo objetivo da participação é reforçar a capacidade de mobilizar novos recursos.

- Recursos do BID:

Seus recursos são classificados em três grandes grupos:

1. recursos de capital - parcela de capital subscrita por todos os países-membros;

2. fundo para operações especiais - recursos fornecidos por todos os países-membros para serem aplicados em financiamentos sob condições especiais;

3. fundos fiduciários - pertencentes a países-membros e não-membros e administrados pelo BID, mediante acordos.

Além disso, devem ser considerados os recursos de sua movimentação financeira e sua atuação no mercado de capitais.

- Áreas de Financiamento do BID:

As atividades financiadas pelo BID enquadram-se em cinco áreas principais:

1. desenvolvimento rural e agrícola;

2. infra-estrutura física;

3. atividades industriais;

4. desenvolvimento urbano;

5. educação.

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Além disso, o BID pode conceder empréstimos (em todos os casos não mais de 50% do custo do projeto) para assistência técnica a governos, empresas públicas e privadas.

O Banco para Ajustes Internacionais (BAI) - que é uma instituição financeira regional, fundada em 17 de maio de 1930, com sede em Basiléia, Suíça, cujos objetivos principais são os seguintes:

1. promover a cooperação entre bancos centrais;

2. promover condições adicionais para realização de operações financeiras internacionais;

3. agir como administrador (trustee) ou agente com relação a ajustes financeiros internacionais a ele atribuídos por acordos.

Os quotistas do BAI, ou BIS ( Bank for International Settlements) são os bancos centrais, que representam os países-membros (Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, Itália e Japão), além de um grupo de bancos norte-americanos.

O Export-Import Bank (EXIMBANK) - Estabelecido em 1934, como principal agência financeira do governo dos Estados Unidos na área internacional, para ajudar a promover a exportação de produtos ou serviços norte-americanos, com as seguintes modalidades de assistência:

1. concessão de empréstimos diretos ao importador estrangeiro, em dólares (até 42,5% do valor da exportação e com um pagamento à vista de pelo menos 15%), com prazo de 5 a 15 anos e cujos pagamentos são efetuados ao exportador norte-americano;

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2. realização de operações de desconto, isto é, o EXIMBANK poderá descontar títulos representativos de financiamentos concedidos por entidades financeiras privadas (tem que ser exportação de produtos norte-americanos e é feito with recourse - a entidade se responsabilizar, se houver inadimplência);

3. financiamento consorciado - uma linha de crédito que o EXIMBANK coloca à disposição de uma instituição financeira não-norte-americana, para ser utilizada no pagamento de exportações norte-americanas;

4. concessão de garantias - isto significa que, em alguns casos, um banco poderá conceder um empréstimo a um importador estrangeiro de produtos norte-americanos, desde que este financiamento seja garantido pelo EXIMBANK;

5. estabelecimento de seguro de crédito de exportação - que é concedido pelo EXIMBANK através da Foreign Credit Insurance Association (FCIA), compreendendo riscos de crédito e riscos políticos.

O Clube de Paris - que não é um organismo de financiamento (como se trata de financiamentos interna-cionais, convém mencioná-lo), mas sim um fórum internacional informal, onde países credores se reúnem com um país devedor a fim de reescalonar os pagamentos que este último não possa satisfazer pontualmente. As reuniões contam com a assistência das principais instituições financeiras internacionais (FMI, BIRD etc.).

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6.1.3. Cooperação Comercial

Após a Depressão de 1930, surgiu a política protecionista, isto é, diversos tipos de barreiras comerciais protetoras como: tarifas elevadas, restrições quantitativas às importações e exportações, controle de câmbio etc.

Com a finalidade de reduzir as dificuldades do comércio internacional e retornar ao tipo de comércio multilateral existente antes da Depressão (no tempo do sistema padrão-ouro), foram criados, pela conferência de Bretton Woods, o FMI e o BIRD. Previu-se, também, a criação de uma Organização Internacional de Comércio (OIC), que teria como finalidade a redução dos obstáculos ao intercâmbio comercial (tarifas, quotas etc.), a elaboração de um código de normas comerciais, a supervisão dos ajustes e cartéis internacionais de produtos primários, e ainda atuar como um instrumento de ação internacional no campo do desenvolvimento das trocas.

Todavia, apesar de todos os esforços realizados, a OIC não chegou a funcionar. Entretanto, durante as reuniões para elaboração de sua carta, os países integrados concordaram em agilizar e incentivar as negociações destinadas a reduzir as barreiras ao comércio internacional, principalmente no que se refere às tarifas. Daí surgiu em Genebra, Suíça (sede), em 1947, que entrou em vigor em 01/01/48, um acordo multilateral de comércio conhecido como Acordo Geral de Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade) - GATT

De primordial importância é o artigo I do Acordo, relativo à clausula de nação mais favorecida, determinando que todas as vantagens, privilégios, favores ou imunidades concedidas por uma das partes contratantes a um produto (de qualquer origem ou para qualquer destino) serão

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imediatamente estendidos a todo o produto similar proveniente ou com destino aos territórios de todas as outras partes contratantes.

Os princípios mais importantes que norteiam a ação do GATT são os seguintes:

1. O comércio deve ser conduzido de maneira não discriminatória;

2. O uso de restrições quantitativas é condenado;

3. As disputas devem ser resolvidas através de consultas.

O GATT mantém um conselho de representantes, e além de estabelecer negociações tarifárias multilaterais conduzindo a uma diminuição dos impostos, estabeleceu também um foro para consultas contínuas, permitindo que as disputas sejam trazidas à mesa de conferências e , portanto, possam ser conciliadas sem causar ressentimentos ou até rompimentos diplomáticos.

Embora um dos objetivos do GATT seja a “eliminação do tratamento discriminatório no comércio internacional”, ele não proíbe a formação de blocos econômicos ou aduaneiros que objetivem a remoção de tarifas e outras barreias ao comércio entre países participantes desses blocos (artigo XXIV do Acordo).

O GATT foi sucedido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) que começou a vigorar a partir de 1o. de janeiro de 1995. Suas atividades permanecem intactas e apenas suas funções tomarão uma força maior de decisão com a OMC.

Existem vários acordos internacionais, associações de livre comércio (blocos econômicos), que

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embora o objetivo seja a cooperação comercial, mas como têm um caráter privado entre grupos de nações, achamos conveniente, em termos didáticos, enquadrá-los na seção 6.2.

Todavia, com relação à cooperação comercial, vale lembrar que a Organização das Nações Unidas - ONU muito tem feito no campo da cooperação internacional através de seus principais órgãos tais como: FAO - Food and Agricultural Organization, CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina, UNESCO - United Nations, Educational, Scientific and Cultural Organization e UNCTAD - United Nations Conference on Trade and Development (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Genebra, 1964) que tem como prinicpal missão fomentar o comércio internacional para acelerar o desenvolvimento econômico, formular novos princípios e políticas com aquele objetivo e servir de meio para coordenar as políticas e atividades dos governos, especialmente as que guardam relação com países subdesenvolvidos (instituiu o Sistema Geral de Preferências - SGP, em 1970), além de outras organizações internacionais ligadas à ONU por convênios.

6.2. Integração Econômica Mundial

Com base em tudo o que vimos em relação à Economia Internacional, analisaremos as possibilidades de atingir uma integração econômica mundial. Esta integração pressupõe o livre comércio entre as nações, bem como a livre movimentação de fatores através de suas fronteiras. Com esta finalidade serão abordados o sistema econômico internacional, o conflito entre as políticas nacionais e a política internacional, e os acordos (tratados) multilaterais e blocos econômicos.

6.2.1. Sistema Econômico Internacional

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Considerando as infinitas diferenças entre as nações, tanto nos seus aspectos econômicos (extensão territorial, população, tecnologia, Produto Nacional Bruto e renda per capita), como nos seus aspectos sociais e culturais (sistema político, idioma, costumes, educação e religião), acreditamos seja impossível a integração econômica entre todas elas, o que seria ideal. Ela ajudaria a manter a paz e a justiça entre as nações e os homens, permitindo uma melhora na qualidade de vida. Segundo os clássicos, o sistema econômico internacional ideal seria atingido simplesmente através da liberdade de comércio, do emprego do padrão-ouro e da não-intervenção governamental no campo econômico. Como as vantagens do comércio não são distribuídas igualmente entre as partes (países fortes e países fracos), cada nação regula as suas relações com o exterior, gerando conflitos com a política internacional.

6.2.2. Conflito das Políticas Nacionais com a Política Internacional

Os países do mundo estão agrupados em blocos econômicos, cujos interesses são conflitantes e, assim sendo, a integração econômica internacional é inviável. Cada país mantém uma política econômica visando proteger os seus interesses. As formas de cooperação econômica empregadas até hoje não atingiram plenamente os interesses e devem ser excluídos desta realidade, inclusive, o FMI, o Banco Mundial e a OMC (antigo GATT). A formação de um Governo Supranacional que defendesse igualmente os interesses de todas as nações solucionaria o problema da integração? Acreditamos que os países não aceitariam esta situação porque ela implicaria, de um lado, a perda de parte da sua soberania e, de outro lado, a perda de vantagens dos países industrializados na realização de seu comércio com os países subdesenvolvidos (a importação de matérias-primas e

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produtos primários a preços baixos e a exportação de produtos industrializados a preços elevados).

6.2.3. Tratados Multilaterais e Blocos Econômicos

Embora se ache impossível uma integração mundial, não se pode deixar de sentir uma leve homogeneidade político-econômica no Planeta Terra.

Já falamos neste livro sobre a transição do neocapitalismo monopolista na economia mundial (a globalização econômica), que vem de encontro ao sistema de integração comercial com os blocos econômicos, onde mais de 80% do mercado mundial pertencem a eles. Logo, embora pareça paradoxal, estamos numa fase de transição, a um prazo indefinido, da integração mundial, haja vista a fusão dos blocos, como o NAFTA e o MERCOSUL para formar a ALCA (Associação de Livre Comércio das Américas), apenas em fase de discussão, sobre o que a Comunidade Européia se opõe.

Assim sendo, mostremos a evolução dos acordos e tratados internacionais na formação dos blocos econômicos, apresentando antes as fases da integração:

- As Fases da Integração Econômica entre Países:

1. Zona de Livre Comércio - Os países associados concordam em eliminar, progressiva e reciprocamente, os gravames e outros obstáculos incidentes sobre os produtos negociados entre eles. Cada país-membro, porém, possui ampla liberdade no que se refere à sua política interna, bem como no tocante à política comercial com outros países;

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2. União Aduaneira - além da eliminação recíproca de gravames (como na Zona de Livre Comércio), os Estados-membros passam a adotar uma política comercial uniforme em relação aos países exteriores à união. Na união aduaneira vigora uma pauta aduaneira comum, idêntica em todos os países associados, para as importações provenientes de terceiros países;

3. Mercado Comum - superada a fase da união aduaneira atinge-se uma forma mais elevada de integração econômica, em que são abolidas não apenas as restrições sobre os produtos negociados, mas também as restrições aos fatores produtivos (capital e trabalho);

4. União Econômica - esta fase associa a supressão de restrições sobre movimentos de mercadorias e fatores com um certo grau de harmonização das políticas econômicas nacionais de forma a abolir as discriminações resultantes de disparidades existentes entre essas políticas, tornando-as o mais semelhante possível;

5. Integração Econômica Total - passa-se a adotar uma política monetária, fiscal, social e anticíclica uniforme, bem como delega-se a uma autoridade supranacional poderes para elaborar e aplicar essas políticas. As decisões dessa autoridade devem ser acatadas por todos os Estados-membros.

- Tratados Internacionais e Blocos Econô-micos:

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O Mercado Comum Europeu - MCE. Inicialmente foi constituída uma união aduaneira entre a Bélgica, Holanda e Luxemburgo (BENELUX), como primeiro passo de liberação do comércio intereuropeu, que em seguida (1948-1952) esses três países, juntamente com a Alemanha Ocidental, França e Inglaterra, compuseram a Comunidade Européia de Carvão e Aço (CECA), eliminando para estes produtos mais o minério de ferro, todas as restrições aduaneiras e comerciais. Podemos considerar a CECA como ponto de partida para a constituição do Mercado Comum Europeu, pois em 1955 os seis países citados estruturaram os termos da Comunidade Econômica Européias (CEE), também conhecida por Mercado Comum Europeu ou, ainda, por Comunidade Européia, a qual foi formalizada pelo Tratado de Roma, em 1957, entrando em vigor a partir de 01 de janeiro de 1958.

Em 07/02/92, os países da CEE firmaram o Tratado de Maastricht, que estabelece a integração do mercado Comum em vários níveis. A nova denominação da CEE passou a ser Comunidade Européia (CE) e a livre circulação de mercadorias, serviços, pessoas e capitais entre os países filiados (eram 12) começou a funcionar a partir de 01/01/93.

Os países que hoje são filiados à CE são os seguintes: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suécia.

O Conselho de Assistência Econômica Mútua - COMECON, criado pelo mundo socialista em 1949.

A Associação Latino-Americana de Livre Comércio - ALALC, criada pelo Tratado de Montevidéu, em fevereiro de 1960, compreendendo os seguintes países:

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Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai, e Venezuela.

Em 12 de Agosto de 1980, pelo documento denominado Tratado de Montevidéu - 1980, foi criada a Associação Latino-Americana de Integração - ALADI, constituída dos mesmos países da ALALC, que deixou de existir. Assim, ALADI é um aprimoramento evolutivo dos objetivos da ALALC.

O Acordo de Livre Comércio da América do Norte - NAFTA (North American Free Trade Agreement), acordo comercial entre os Estados Unidos e o Canadá, objetivando criar uma zona de livre comércio, que entrou em vigor em 11/01/89.

Em 12/08/92 o Acordo foi ampliado com a participação do México e entrou oficialmente em vigor em 01/01/94.

O Mercado Comum do Sul - MERCOSUL, originado do tratado de Assunção assinado em 26/03/91 pelos países Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, entrando em vigor efetivamente em 29/11/91.

Além destes tratados que foram apresentados existem muitos outros acordos bilaterais e multilaterais e integrações de fato, como os tigres asiáticos (mais de 2/3 da produção mundial), que nos leva a acreditar numa integração mundial, principalmente levando em conta o grande volume de comércio já integrado, os sintomas da fusão dos blocos e a globalização econômica.

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COMÉRCIO INTERNACIONAL

O comércio internacional é regido pelo direito internacional, cujas leis, tratados internacionais, acordos etc. são assinados por dois ou mais países, com o objetivo de regular as cooperações e acordos internacionais, bem como as transações econômicas entre as nações.

Há de se estabelecer uma pequena diferença entre o comércio internacional e o comércio exterior, que será estudado no próximo capítulo, como principal assunto desta disciplina. O comércio exterior cuida da importação e da exportação de uma nação, com base em suas próprias leis, todavia, embora seja o assunto principal, iniciaremos falando sobre o comércio internacional, para que tenhamos uma visão global da sistemática de comércio exterior.

Estudaremos pequenos tópicos sobre a sua origem histórica, sua evolução e concluiremos com o seu conceito, até porque este assunto já foi ventilado no capítulo 1.

7.1. Origem Histórica

7.1.1. Na Antiguidade

Na antigüidade, os chefes tribais buscavam apenas os produtos de primeira necessidade (alimentação e abrigo); em seguida, mesmo sem a moeda, intermediária das trocas, já é vista uma certa evolução da sociedade: a troca de produto por produto, pois o homem já criava e produzia algumas coisas.

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A história nos ensina que a civilização egípcia se desenvolveu a partir do IV milênio a.C., sendo portanto uma das mais antigas que se conhece. Segundo os historiadores, o Egito possuía um comércio externo inexpressivo, representado por artigos de luxo - para uso nos palácios e nos templos - e alimentos. O comércio internacional da Mesopotâmia já foi mais evoluído. Os mesopotâmicos além de se estabelecerem no exterior para ativarem as trocas, faziam expedições com finalidades comerciais no estrangeiro. Os fenícios, por sua vez, desenvolveram sua economia visando evitar a concorrência externa e tornaram-se simultaneamente grandes navegadores, dominando o comércio marítimo de sua época. Os gregos não dispunham de suficiente abastecimento de alimentos, o que os obrigava a adquirir no exterior parte de seu consumo, pagando suas compras com a exportação de azeite, vinho e produtos de sua indústria. Tudo isso mostra que na antigüidade o comércio externo visava apenas a obtenção de alimentos, quando necessário, e de artigos de luxo para uso das classes privilegiadas.

No início da era cristã, as trocas internacionais já eram mais prósperas. O império Romano buscava na Índia, na China e no sudeste asiático artigos considerados de luxo, tais como pedras preciosas, ouro, seda e especiarias.

Em resumo, essas condições de comércio tiveram essa seqüência de fatos até o final da Idade Média:

chefes tribais (nômades, sem atividade econômica);

troca de Produto por Produto (o homem começa a produzir alguma coisa);

antigos Egípcios (artigos de luxo para os palácios e templos);

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os Fenícios, entre as Montanhas do Líbano e o Mar Mediterrâneo (grandes navegadores - comércio marítimo;

os Gregos, com abastecimento de alimentos;

o Império Romano e seu intercâmbio no Oriente.

7.1.2. Na Idade Média e Contemporânea

A queda do Império Romano provocou mudanças políticas, novos usos, novos costumes e tradições. Também a queda do Feudalismo e o crescimento do poder Real mostraram ao homem a possibilidade de progresso individual.

No início do século XVI, a maior parte da população da Europa Ocidental vivia na zona rural, vivendo em cidades menos de 20% dessa população, que eram pequenos artesãos e comerciantes.

Com as descobertas geográficas, criaram-se novos mercados comerciais, além da riqueza em ouro e prata para os colonizadores.

O comércio se expandia e os comerciantes passaram a ter posição de destaque, além das nações-estados como Inglaterra, Espanha, França e Holanda se fortalecerem, nascendo daí a doutrina econômica Mercantilista, onde o Estado deve ser forte e o Governo deve controlar toda a atividade econômica. Dentro deste contexto formulou-se a Teoria da Balança Comercial pela qual a nação somente poderia lucrar com o comércio exterior se este apresentasse saldo favorável (um excedente do valor das exportações sobre o das importações).

O MERCANTILISMO (predomínio do capital comercial, isto é, tudo subordinado ao interesse mercantil, com interferência do Estado) predominou no período que vai

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de 1500 a 1750, quando se processava uma revolução cultural, religiosa, política, social e econômica que culminou com a vitória das doutrinas liberais e, consequentemente, com o predomínio do Liberalismo a partir da segunda metade do século XVIII.

Os comerciantes (no início do século XVIII) já constituíam uma classe poderosa e a eles se juntaram industriais, banqueiros e armadores. A corporação foi sendo substituída pelo negociante individual e os governos foram obrigados a reduzir o controle sobre a atividade econômica e permitir, desta maneira, o desenvolvimento do Liberalismo.

O LIBERALISMO (privilégio à liberdade do indivíduo, isto é, a ordem econômica se estabelece espontaneamente, sem interferência do Estado) predominou até o início do século XX tomando lugar do Mercantilismo.

A Revolução Industrial, caracterizada por uma série de invenções inter-relacionadas e sua aplicação na indústria - inovações -, mudou completamente as estruturas da época. São destacados dois elementos importantes: a fábrica e a liderança industrial. Daí criaram-se duas novas classes sociais distintas: a dos empresários - capitalistas - e a dos operários - assalariados.

Com a Revolução Industrial vem o desenvolvimento econômico mundial e a evolução do comércio internacional. A Inglaterra dominou o comércio internacional e Londres passou a ser o centro financeiro do mundo até o início deste século. As duas grandes Guerras e a Grande Depressão dos anos trinta ensejaram o desenvolvimento do NACIONALISMO ECONÔMICO (preferência e apoio ao que é nacional), que fomentou o desejo de progresso das nações mais atrasadas e as levou a empregarem controles sobre seu comércio externo, com a finalidade de promover seu crescimento e fortificar sua independência. A reconstrução da Economia após a Segunda

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Guerra Mundial, com a reunião de Bretton Woods em 1944, promoveu a retomada do comércio exterior, que teve uma fase áurea com o Sistema Padrão-Ouro (1870-1914). Nesta reunião foi ciado o sistema financeiro internacional e outros órgãos institucionais (FMI, BIRD, ONU, GATT).

Para facilitar o entendimento, convém resumir e estabelecer os fatores de desenvolvimento:

o Império Romano (mudanças e novos usos, costumes e tradições);

queda do Feudalismo e crescimento do Poder Real (possibilidade de progresso individual - Mercantilismo e Liberalismo);

as Grandes Descobertas Marítimas (criação de novos mercados comerciais, ouro, prata etc. - a expansão ultramarina européia);

a Revolução Industrial (invenções, inovações, empresários e operários assalariados);

a Segunda Guerra Mundial (reconstrução da economia mundial - FMI, BIRD, ONU, GATT).

7.2. Conceito de Comércio Internacional

Comércio Internacional é o elo de ligação das relações de convivência do direito internacional com a economia internacional e se submete a leis diferentes das que regem o comércio interno. De maneira mais simples, nada mais é do que “o conjunto de troca, compra e venda de bens e serviços, que possibilita a migração de capitais entre países”.

7.3. Fontes do Comércio Internacional

Para facilitar a compreensão do leitor, é necessário esclarecer que fonte é a forma de nascimento e manutenção

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do ordenamento natural do comércio entre dois ou mais países que pratiquem intercâmbio de mercadorias, de serviços, de tecnologia ou de capitais, além de dividi-la em dois segmentos:

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a) Fontes Primárias

É a repetição freqüente e continuada de fatos, e uma vez aceitos pela coletividade, estabelece normas consuetudinárias, que são os usos e costumes no comércio internacional. Isto se transforma em hábito social chamado TRADIÇÃO, que é a transmissão dos usos e costumes às novas gerações, pelos seus antecessores.

TRATADOS, CONVENÇÕES, ACORDOS etc. são fontes mantenedoras do comércio internacional - são as principais fontes primárias - pela sua força jurídica entre dois ou mais países.

b) Fontes Secundárias

Todo o conjunto legal da política de comércio exterior de cada país, quando tem condições de inferir na formação de regras internacionais, estabelece uma fonte secundária do comércio internacional.

7.4. Fatos Revolucionários no Comércio Internacional

Assim como houve a revolução Industrial, com a evolução tecnológica e com as mudanças políticas, acontecem fatos na economia mundial que revolucionam o comércio internacional, tais como:

a)Integração Comercial (blocos econômicos)

- CEE, Comunidade Econômica Européia

Nasceu com o Tratado de Roma assinado em 1957, pelos países: Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo. Em seguida aderiram Dinamarca, Espanha, Grã-Bretanha, Grécia, Irlanda e Portugal, e tendo já no ano de 1996 se filiado Áustria e Suécia, compondo 14 países.

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Em dezembro de 1991 foi assinado um acordo em Maastricht, Holanda, pelos signatários da CEE, reformulando o Tratado de Roma. Embora já constasse deste tratado, apenas foi efetivado o início de um mercado comum, chamando-se Comunidade Européia-CE, com as seguintes mudanças em fase de transição até 2005: moeda única - ECU (European Currency Unity), que já funciona em termos consolidados; um só Banco Central; um só parlamento e uma só diplomacia; e uma união política, jurídica e econômica. É importante salientar que o Banco Central Europeu já foi instituído em julho de 1998 e a moeda única, o Euro, já está emitida, para circular no início do ano 2000.

- NAFTA - North American Free Trade Agreement

Este acordo de livre comércio foi ratificado em 1993 pelos países: Estados Unidos da América, México e Canadá.

- Os Tigres Asiáticos, APEC, Associação de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.

Neste bloco está mais de 2/3 da produção mundial e é composto pelo Japão, China, Singapura, Brunei, Malásia, Tailândia, Nova Zelândia, Coréia do Sul, Estados Unidos da América, Canadá, México e Chile (sendo estes dois últimos futuros membros).

- ALADI - Associação Latino-Americana de Integração

É um organismo intergovernamental de caráter regional, cuja finalidade é a promoção e regulamentação do comércio recíproco, com cooperação econômica e tecnológica, visando a formação de um mercado comum latino-americano. Este acordo foi assinado em 1980 pelos países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

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- MERCOSUL - Mercado Comum do Cone Sul

Criado pelo Tratado de Assunção assinado em 26 de março de 1991, pelos países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

A integração comercial é um fator de grande importância na economia moderna, com a globalização econômica e os grandes avanços tecnológicos, considerando-se que mais de 80% do comércio mundial pertencem aos blocos econômicos.

b) Acontecimentos Políticos

Alguns acontecimentos políticos revolucionam a economia mundial e o comércio internacional. Como a influência destes acontecimentos no comércio internacional é notória, basta apenas identificá-los:

- Queda do Muro de Berlim

- Guerra do Golfo Pérsico

- Desmantelamento Político Soviético (CEI)

- Abertura do Mercado Brasileiro

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8

COMÉRCIO EXTERIOR

Já foi visto que o comércio internacional é a parte da economia internacional que cuida das transações econômicas, tecnológicas e de capitais entre dois ou mais países, com base nas leis internacionais.

O comércio exterior também faz parte da economia internacional e mais diretamente do comércio internacional. Todavia, ele cuida das importações e exportações de bens materiais de uma nação, com base em suas próprias leis.

8.1. Conceito de Comércio Exterior

É o sistema administrativo, político e legal que rege as importações e exportações de um país.

8.2. Política Brasileira de Comércio Exterior

O comércio exterior é parte importante da economia e funciona como alavanca do desenvolvimento econômico de um país. Por esta razão, cada país estabelece a sua política de comércio exterior, coerente com a sua macroeconomia, no tocante às políticas industrial, fiscal, monetária, cambial e agropecuária.

Podem ser identificados os seguintes aspectos da nova política de comércio exterior:

1. as diretrizes gerais da política industrial e de comércio exterior foram elaboradas e publicadas em 1990;

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2. o mercado brasileiro é livre - aberto para qualquer país e para qualquer produto;

3. o produto nacional tem qualidade e preço com competitividade internacional - as indústrias com certificado de qualidade ISO-9000;

4. eliminadas barreiras não tarifárias, como cotas, programas, restrições cambiais;

5. uma nova política tarifária de país de primeiro mundo.

8.3. Direito de Exportar e de Importar - REI

Qualquer pessoa física ou jurídica que efetuar importação ou exportação está obrigada a se registrar na SECEX (Secretaria de Comércio Exterior), para obter o registro de exportador e importador - REI. Este registro tem sua legislação adequada ao SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior).

8.4. Órgãos Envolvidos Diretamente no Comércio Exterior

Dentro do sistema administrativo, cambial e fiscal do comércio exterior, tem os seguintes órgãos do governo que operam, traçando ou executando diretrizes e normas que regem as operações de comércio exterior:

a) Ministério da Fazenda (MF) e seus órgãos vinculados, como:

Secretaria da Receita Federal (SRF), que cuida da Política e Administração Tributária e Aduaneira; Fiscalização e Arrecadação.

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Banco Central do brasil (BACEN), que cuida da Moeda, Câmbio, Política Cambial, Crédito e Instituições Financeiras.

Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), que cuida do Seguro Privado.

b) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e seus órgãos vinculados, como:

SECEX - Secretaria de Comércio Exterior, com suas principais atribuições:

Incrementar a participação do Brasil no comércio mundial;

Formular propostas de políticas e programas de comércio exterior e estabelecer normas para a sua implementação;

Coordenar a aplicação de defesa contra práticas desleais de comércio, bem como de medidas de salvaguardas comerciais;

Otimizar a participação brasileira em negociações internacionais;

Aperfeiçoar o sistema operacional do comércio exterior brasileiro;

Elaborar e disseminar informações sobre comércio exterior.

São departamentos da SECEX os seguintes órgãos:

DECEX - Departamento de Operações de Comércio Exterior, cujas principais atribuições são:

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Exame de operações de comércio exterior;

Elaboração de normas e implementação de mecanismos de comercialização e monitoramento das operações de exportação e importação;

Formulação de estratégias para o desenvolvimento do comércio exterior, como o Programa Novos Pólos de exportação (PNPE) e o Programa de Financiamento às Exportações (PROEX);

Apuração, análise e divulgação de estatísticas de comércio exterior com a utilização do SISTEMA ALICE;

Desenvolvimento e controle operacional do SISCOMEX.

DECOM - Departamento de Defesa Comercial.

DEINT – Departamento de Negociações Internacionais.

DEPOC – Departamento de Políticas de Comércio Exterior.

c) Ministério das Relações Exteriores (MRE), cuja competência é auxiliar o Presidente da República na formulação da Política Exterior do Brasil, assegurar sua execução e manter relações com governos estrangeiros, organismos e organizações internacionais. O seu órgão mais diretamente ligado ao comércio exterior é a Subsecretaria-Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior.

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TEORIA E SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO

Importação é uma das operações do comércio exterior que poderíamos definir como sendo a compra de mercadorias em outro país. Todavia, como o comércio exterior se compõe de duas operações, importação e exportação, convém dar um conceito mais completo.

9.1. Conceito de Importação

Importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional (ou território aduaneiro).

9.2. Divisão do Território Aduaneiro

O território aduaneiro está contido em todo território nacional, mas para fins de serviços aduaneiros está dividido em “Zona Primária” e “Zona Secundária”.

a) Zona Primária

Esta zona compreende as faixas internas de portos, aeroportos, recintos alfandegados da fronteira terrestre, bem como área onde se efetuam operações de carga e descarga de mercadorias, ou embarque e desembarque de passageiros, procedentes ou destinados ao exterior.

A zona primária é demarcada pela autoridade aduaneira local, compreendendo os recintos alfandegados como pátios, armazéns, terminais e outros locais destinados à movimentação e ao depósito de mercadorias importadas ou destinadas à exportação, abrangendo:

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a área terrestre ou aquática ocupada pelos portos alfandegados;

a área terrestre ocupada pelos aeroportos alfandegados;

a área adjacente aos pontos de fronteira alfandegados; e

as áreas de livre comércio como a Zona de Processamento de Exportação - ZPE.

b) Zona Secundária

A zona secundária compreende o restante do território aduaneiro, onde estão incluídas águas territoriais e o espaço aéreo.

Os recintos alfandegados na zona secundária são os entrepostos aduaneiros, depósitos, terminais ou outras unidades destinadas ao armazenamento de mercadorias importadas ou destinadas à exportação. Estas mercadorias devem movimentar-se ou permanecer sob controle aduaneiro.

9.3. Termos e Expressões Usados

No comércio exterior (na importação e na exportação) é usada uma terminologia específica, como em qualquer outra especialização. Considerando que é uma linguagem internacional e de uso universal da área, se faz necessário o conhecimento de alguns termos e expressões mais comuns:

COMÉRCIO: é o ato de trocar algum bem ou serviço por alguma coisa (geralmente por dinheiro);

MERCADO: é a reação natural à prática do comércio;

PRAÇA: é o lugar dentro do qual o mercado se processa;

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MERCADO DE CAPITAIS: é a maior ou menor possibilidade de colocação ou obtenção de recursos financeiros, dentro de uma praça;

MERCADO DE CÂMBIO: é o mercado de compra e venda de moedas estrangeiras ou cambiais;

MERCADO INTERNACIONAL: é aquele que se verifica entre as nações, de país para país;

MOEDA: é o veículo de ligação das trocas, permitindo uma maior velocidade do comércio;

RESERVAS INTERNACIONAIS: é um fundo de garantia de poder de transações econômicas de um país, baseado no saldo de moedas estrangeiras contabilizado no balanço de pagamentos;

DIVISAS: são as moedas estrangeiras que entram e saem do país (moedas fortes conversíveis entre si);

BALANÇA COMERCIAL: é o confronto dos valores CIF das importações com os valores FOB das exportações;

BALANÇO DE PAGAMENTOS: é o registro sistemático dos créditos e dos débitos das transações com o exterior, relativos a serviços, turismo, operações financeiras e à balança comercial, no período de um ano;

VALOR FOB: é o valor da mercadoria colocada a bordo do navio (Free On Board, FOB, livre a bordo);

VALOR CIF: é o valor do custo da mercadoria (FOB) mais o seguro e o frete internacionais, que no Brasil é a base de cálculo dos impostos (Cost, Insurance and Freight, CIF, base de cálculo).

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OBS.: estes dois termos, FOB e CIF, serão estudados na seção 11.5 - INCOTERMS

I/L: Import License / Licença de importação (LI);

L/C: Letter of Credit (Carta de Crédito - modalidade de pagamento);

D/P: Documents against Payment ou CAD – Cash against Documents (pagamento à vista - cobrança);

D/A: Document Against Acceptance (Entrega contra aceite - pagamento a prazo);

B/L: Bill of Lading (conhecimento de embarque marítimo); e

AWB: Air Way Bill (conhecimento de embarque aéreo).

9.4. Documentos de Importação

Com a criação do SISCOMEX, Sistema Integrado de Comércio Exterior, que será estudado no capítulo 10 e comentado sempre que necessário, houve uma grande desburocratização, reduzindo a quantidade de documentos e formulários. Como a importação começou a se processar via SISCOMEX a partir de 02/01/97, por uma questão didática ainda convém mencionar todos os documentos, embora alguns sejam expressos por extratos do SISCOMEX:

LI: Licença de Importação, cujo licenciamento pode ser automático ou não automático, como os casos de anuência de outros órgão, equipamentos usados, drawback etc;

FATURA COMERCIAL: é um documento comercial necessário para a negociação com os bancos, bem como para despacho e desembaraço da mercadoria;

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CONHECIMENTO DE EMBARQUE: é a prova de que a mercadoria foi embarcada. Este documento oficial é necessário para o desembaraço da mercadoria e para a negociação cambial;

DI: Declaração de Importação, onde constam todos os dados sobre a mercadoria, a condição de embarque e de pagamento, a identificação do elemento passivo, o importador, bem como todos os cálculos dos impostos a serem recolhidos. Este documento é um extrato do SISCOMEX.

9.5. Incoterms

A CCI - Câmara de Comércio Internacional - fez sua última revisão dos INCOTERMS em 2000, através da publicação no. 560. A razão que a leva a fazer tais revisões é a adaptação dos termos às mudanças tecnológicas, principalmente o intercâmbio eletrônico de processamento de dados. Uma outra razão é a criação de novas técnicas de transporte como cargas em containers, transporte multi-modal e tráfego “roll on-roll off” (navios próprios para transportar veículos, dotados de rampas que dão acesso direto do cais, ao porão ou convés), bem como o dinamismo e a constante criação de novas técnicas comerciais e operacionais no comércio internacional.

No intuito de facilitar a compreensão do leitor, será dado um conteúdo didático sobre os INCOTERMS.

9.5.1. Conceito e Objetivos

-CONCEITO: Termos Comerciais Internacionais usados nos contratos de compra e venda.

-OBJETIVOS:

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Fornecer um conjunto de regras internacionais para a interpretação dos termos mais comuns usados no comércio internacional.

9.5.2. Características e Revisão de 2000

âmbito universal;

caráter facultativo;

definem direitos e obrigações;

são adaptados à transferência eletrônica de dados;

são adaptados às mudanças técnicas de transporte: utilização de cargas em containers, transporte multi-modal e o “roll on-roll off” (neo granéis).

9.5.3. Nova Apresentação

de fácil leitura e entendimento;

foram agrupados em quatro categorias por ordem crescente de obrigações do vendedor:

-TIPOS DE INCOTERMS 2000, POR GRUPO:

Grupo “E” EXW EX Works (partida) Grupo “F” FCA Free Carrier (transporte FAS Free Alongside Ship principal não FOB Free On Board pago)

Grupo “C” CFR Cost and Freight (transporte CIF Cost,Insurance and Freight principal CPT Carriage Paid to... pago) CIP Carriage and Insurance

Paid to

Grupo “D” DAF Delivered at Frontier (chegada) DES Delivered EX Ship

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DEQ Delivered EX Quay DDU Delivered Duty Unpaid DDP Delivered Duty Paid

9.5.4. Modalidade de Transporte e o INCOTERMS Apropriado

1. Qualquer modalidade, inclusive a multi-modal: EXW/ Ex Works (a partir do local de produção) - FCA/Free Carrier (transportador livre) - CPT/Carried Paid to (transporte pago até o local de destino designado) - CIP/Carriage and Insurance Paid to (transporte e seguro pagos até o local de destino designado) - DAF/Delivered at Frontier (entrega na fronteira) - DDU/Delivered Duty Unpaid (entregue direitos não-pagos no local de destino designado) - DDP/Delivered Duty Paid (entregue direitos pagos no local de destino designado).

2. Transporte Marítimo e de Cabotagem: FAS/Free Alongside Ship (livre no costado do navio do porto de embarque designado) - FOB/Free on Board (livre a bordo no porto de embarque designado) - CFR/Cost and Freight (custo e frete) - CIF/Cost, Insurance and Freight (custo, seguro e frete) - DES/Delivered Ex Ship (entregue a partir do navio) - DEQ/Delivered Ex Quay (entregue a partir do cais).

9.5.5. Os Tipos de INCOTERMS e a Obrigação do Vendedor

1. EXW (EX WORKS - NA ORIGEM): significa que o vendedor entrega as mercadorias quando as coloca à disposição do comprador, em sua propriedade (instalações), isto é, indústria, fábrica, armazém, usina, plantação etc., não desembaraçadas para exportação.

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2. FCA (Free Carrier – LIVRE NO TRANSPORTADOR): Significa que o vendedor entrega as mercadorias, desembaraçadas para exportação, ao transportador designado pelo comprador, no local nomeado.

3. FAS (Free Alongside Ship - LIVRE AO LADO DO NAVIO): significa que o vendedor entrega as mercadorias, quando elas estão colocadas ao lado do navio no porto de embarque nomeado, desembaraçadas para exportação.

4. FOB (Free on Board - LIVRE A BORDO): significa que o vendedor entrega as mercadorias quando elas transpõem a amurada do navio (“ship’s rail”) no porto de embarque nomeado. A partir daí o comprador assume todos os custos e riscos de perda ou dano às mercadorias.

5. CFR (Cost and Freight - CUSTO E FRETE): significa que o vendedor deve pagar os custos e o frete necessários para levar as mercadorias até o porto de destino designado. todavia, após as mercadorias serem entregues a bordo do navio, os riscos de perda ou dano às mercadorias ou custos adicionais que possam ocorrer é por conta do comprador. Nesta condição, o vendedor tem a obrigação de desembaraçar as mercadorias para exportação.

6. CIF (Cost, Insurance and Freight - CUSTO, SEGURO E FRETE): significa que o vendedor tem as mesmas obrigações atribuídas sob CFR, mais a obrigação de providenciar o seguro internacional durante o transporte.

7. CPT (Carriage Paid to... TRANSPORTE PAGO ATÉ...): significa que o vendedor entrega as

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mercadorias ao transportador designado por ele no local nomeado.

8. CIP (Carriage and Insurance Paid to... TRANSPORTE E SEGURO PAGOS ATÉ): significa que o vendedor tem as mesmas obrigações que tem com amparo ao CPT, adicionando a contratação do seguro de frete internacional.

9. DAF (Delivered at Frontier - ENTREGUE NA FRONTEIRA): significa que o vendedor cumpre sua obrigação de entrega quando as mercadorias tenham sido postas disponíveis, desembaraçadas para exportação, no ponto e local designados na fronteira, porém antes da divisa alfandegária do país limítrofe.

10. DES (Delivered EX Ship - ENTREGUE NO NAVIO): significa que o vendedor cumpre sua obrigação de entregar as mercadorias, quando tenham sido colocadas disponíveis para o comprador a bordo do navio, não desembaraçadas para importação, no porto de destino designado.

11. DEQ (Delivered EX Quay - ENTREGUE NO CAIS): significa que o vendedor cumpre sua obrigação de entrega quando tiver colocado as mercadorias disponíveis ao comprador no cais (atracadouro) do porto de destino designado, não desembaraçadas para importação.

12. DDU (Delivered Duty Unpaid - ENTREGUE COM DIREITOS NÃO-PAGOS): significa que o vendedor entrega as mercadorias ao comprador, não desembarcadas para importação, no local designado. O vendedor assume todos os custos e riscos envolvidos até o local, menos direitos, impostos e outros encargos aduaneiros.

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13. DDP (Delivered Duty Paid - ENTREGUE COM DIREITOS PAGOS): significa que o vendedor cumpre sua obrigação de entrega quando tornar as mercadorias disponíveis no local designado, no país de importação. O vendedor tem de assumir os riscos e custos, incluindo direitos, impostos e outros encargos para entrega das mercadorias naquele local, desembaraçadas para importação.

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10

PASSOS PARA EFETUAR UMA IMPORTAÇÃO

10.1. Sistema Administrativo

O sistema administrativo consiste na análise, controle e aprovação das importações, pelos órgãos públicos competentes, seguindo a tramitação do SISCOMEX.

Para a perfeita operação de um processo de importação, se faz necessário consultar dispositivos legais, tais como NORMAS ADMINISTRATIVAS da SECEX (Portarias e Comunicados), NORMAS OPERACIONAIS E FISCAIS da SRF (Instruções Normativas, Portarias, Atos Declaratórios) e NORMAS CAMBIAIS do BACEN (Resoluções, Circulares).

Considerando a necessidade de um laboratório, pelo menos em nível bibliográfico, apresenta-se de maneira sistemática um roteiro de um processo de importação, o despacho e o desembaraço aduaneiro e a operação do SISCOMEX - Importação.

10.1.1. Roteiro de um Processo de Importação

1. abertura da empresa e seu registro como importadora;

2. contatos com o fornecedor estrangeiro (exportador);

3. Licença de Importação;

4. contatos autorizando embarque e controle de chegada;

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5. retirada de documentos de embarque para desembaraço;

6. procedimento do despacho e do desembaraço;

7. Operação cambial.

Após estas operações seqüenciais se faz necessário o processo de despacho e desembaraço da mercadoria.

10.1.2. Despacho e Desembaraço Aduaneiro de Importação

O despacho e desembaraço seguem a seguinte sequência operacional:

a) Despacho Aduaneiro: despacho aduaneiro de importação é o procedimento fiscal mediante o qual se processa o desembaraço aduaneiro de mercadoria procedente do exterior, seja importada a título definitivo ou não. Em outras palavras, é a sucessão ordenada de operações, montando um processo legal de documentos, que propicia o ato final de desembaraço aduaneiro;

b) Desembaraço: após a conferência documental e a conferência física, acontece o desembaraço aduaneiro, que é o ato final do despacho aduaneiro em virtude do qual é autorizada a entrega da mercadoria ao importador. Considerando a implantação do SISCOMEX-Importação, temos o seguinte procedimento:

1. após a chegada da mercadoria e registro da DI, os documentos de embarque serão entregues à fiscalização junto com o extrato da DI e respectivos DARF’s;

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2. as DI’s são selecionadas, de acordo com os critérios da Coordenação Geral do Sistema Aduaneiro - COANA, ficando assim a liberação, que se dará em 5 dias, caso não haja exigência:

No Canal Verde, o desembaraço é automático;

No Canal Amarelo, passa por exame documental;

No Canal Vermelho, passa por exame documental, exame físico da mercadoria e de valor aduaneiro;

No Canal Cinza, valoração aduaneira, exame documental e físico da mercadoria.

Todo o sistema operacional se modernizou com a implantação do SISCOMEX, conforme pode-se analisá-lo neste contexto.

10.1.3. SISCOMEX - Importação

O cronograma da Rodada Uruguai do GATT estabeleceu prazo para a completa implantação do SISCOMEX, tendo o Brasil concluído com o SISCOMEX-Importação implantado em 02/01/97.

Todos os importadores ou representantes creden-ciados terão à sua disposição um software chamado “Orientador”, com interface gráfica em Windows para a formulação da LI-Licença de Importação e DI-Declaração de Importação Eletrônica. Isto será feito na própria empresa, “Off-line” e transmitida para os computadores da Receita Federal, para obter a autorização de importação.

Passaremos algumas informações teóricas de uma apresentação do SISCOMEX da Secretaria da Receita Federal:

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O Governo Federal, por intermédio da CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR, decidiu dar continuidade ao Projeto SISCOMEX - Sistema Integrado de Comércio Exterior, ampliando sua abrangência para, além das operações de exportação, à formulação do Documento Informatizado de Importação, em substituição às atuais Guias de Importação (utilizadas no licenciamento) e às Declarações de Importação (utilizadas no despacho aduaneiro), em consonância com o disposto no Decreto no. 660/92.

O presente documento tem por finalidade fornecer orientação básica aos importadores para que possam operar no SISCOMEX - Importação, na formulação do referido Documento Informatizado.

Como regra geral, o licenciamento das importações dar-se-á de forma automática. Assim, o Documento Informatizado de Importação será formulado quando do despacho aduaneiro.

No entanto, os casos em que a legislação exigir a autorização prévia de outros órgãos da Administração Pública para a importação de determinadas mercadorias, ou quando condições específicas devam ser observadas - Licenciamento Não-Automático - a formulação do Documento Informatizado de Importação será iniciada com a antecedência estabelecida na legislação e concluída por ocasião do despacho aduaneiro, quando o importador prestará, no Sistema, informações complementares àquelas prestadas quando da solicitação de licenciamento.

As informações do Documento Informatizado de Importação serão inseridas no Sistema pelo próprio

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importador ou por agentes devidamente creden-ciados pelos órgãos gestores. Os dados coletados serão transmitidos do ambiente do usuário para o computador central do SISCOMEX, por intermédio da Rede SERPRO de teleprocessamento.

Os órgãos governamentais, cuja anuência prévia seja necessária, deverão interagir com o Sistema diretamente de suas instalações.

Todos os importadores terão à sua disposição um “software” SISCOMEX, com interface gráfica, para a formulação orientada do Documento Informatizado de Importação e sua transmissão para o computador central. Aqueles cujas operações de importação já estiverem informatizadas poderão empregar uma transmissão padrão do SISCOMEX, transferindo as informações necessárias diretamente de seus equipamentos para o sistema, conforme estrutura de dados previamente definida.

Nessa primeira etapa, o SISCOMEX - Importação tratará e analisará as informações prestadas pelos importadores, inclusive para efeito de licenciamento, efetuando o registro da importação após a sua aceitação.

Efetivado o registro, os importadores emitirão em suas instalações o extrato da Declaração, que deverá ser entregue à Aduana, juntamente com os demais documentos que instruem o despacho.

Concluído o desembaraço, a Aduana registrará esta informação no sistema, o que possibilitará:

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1. a emissão do Comprovante de Importação, e a liberação das mercadorias;

2. a transferência imediata dos dados para o computador do Banco Central, para fins de vinculação às operações de câmbio celebradas em pagamento das importações; e

3. o fornecimento imediato de estatísticas de comércio exterior.

Participam da elaboração do projeto a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria de Comércio Exterior e o Banco Central do Brasil, como órgãos gestores, além do Banco do Brasil e do Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO.

O sistema operacional deverá ter a seguinte seqüência técnica:

conceito e criação do sistema;

órgãos gestores (SRF, BACEN, SECEX, Banco do Brasil e o SERPRO);

acesso e habilitação (cadastramento no SERPRO ou no SISBACEN);

funções: 

Registro de Importação (RI), a partir da Proforma Invoice (P/I).

Licença de Importação (LI): automática, condicionada na DI, e não automática, conforme mercadorias ou tipo de operações.

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Declaração de Importação (DI): 1) Informações gerais e recolhimento de tributos; 2) introdução de dados específicos (adições); e 3) numeração da DI.

Sistema cambial: 1) número da DI no registro de liquidação do contrato de câmbio; e 2) número do contrato de câmbio liquidado no registro da DI.

desembaraço aduaneiro com o comprovante de importação (CI).

Dando continuidade aos passos da importação, convém falarmos do entreposto aduaneiro que, de um certo modo, medeia esses passos.

10.2. Entreposto Aduaneiro

É o depósito para mercadoria importada sem cobertura cambial e com suspensão de tributos, em local determinado e sob controle fiscal.

No regime de entreposto são abrangidas as modalidades de entreposto direto, indireto e vinculado, sendo requisito essencial, em qualquer modalidade, que no conhecimento de transporte de mercadorias para este fim conste a seguinte indicação: “MERCADORIA DESTINADA A ENTREPOSTO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO”.

10.2.1. Modalidades do Entreposto Aduaneiro

1. Direto: regime destinado ao depósito de qualquer tipo de mercadoria, cuja LI será registrada em nome do consignatário antes do término do prazo de permanência da mercadoria no entreposto, para a nacionalização e execução do despacho das mesmas para consumo.

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2. Indireto: neste caso são seguidos os mesmos critérios do entreposto direto, com exceção da LI que pode ser registrada em nome do consignatário ou do adquirente da mercadoria.

3. Vinculado: regime destinado ao depósito de qualquer tipo de mercadorias destinadas à exportação ou à reexportação, no mesmo estado em que foram importadas. Neste caso, a LI é registrada em nome do consignatário, seguindo esta orientação para o licenciamento:

1o) através de carta dirigida à SECEX, o importador fornecerá os dados relativos à operação que pretende realizar, bem como os elementos atinentes à exportação ou reexportação;

2o) aprovada a transação, pela SECEX e firmado pelo importador o termo de responsabilidade, proceder-se-á ao respectivo licenciamento, por meio de LI ou de LI com Registro de Exportação Consignada, no caso de haver cobertura cambial.

10.2.2. Informações Complementares sobre Entreposto

Por uma questão didática, é de bom alvitre enumerar algumas informações sobre o entreposto aduaneiro:

1. prazo de permanência é de um ano, podendo ser prorrogado e chegar até três anos;

2. o conhecimento de embarque, bem como a proforma invoice, têm que ter esta cláusula: “MERCADORIA DESTINADA A ENTREPOSTO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO”;

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3. a LI será registrada apenas na ocasião da nacionalização da mercadoria, exceto na modalidade de entreposto vinculado;

4. os tributos serão pagos por ocasião da nacionalização;

5. é paga uma taxa de armazenagem por período de 10 dias;

6. é feito uma D.T.A. - Declaração de Trânsito Aduaneiro - para transporte da zona primária ao entreposto; e

7. pode ser usado para qualquer tipo de mercadoria, transportada em nome do consignatário.

No tocante ao processo administrativo de importação, deve-se fazer menção ao controle especial do processo ou de produtos (importações não-permitidas), aos documentos de importação, ao controle de preços e ao exame de similaridade.

10.3. Importações Não-Permitidas

As importações não-permitidas são compostas de importações proibidas e das importações temporariamente suspensas, todavia, com o LI automático e não automático, fica o assunto submetido às listas correspondentes do DECEX.

10.4. Controle de Preços

Este controle é incumbência da SECEX, e com a implantação do SISCOMEX, devem ser consultadas as novas normas, para averiguar as mudanças porventura ocorridas, quanto às fontes de controle da SECEX/DECEX.

174

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10.5. Exame de Similaridade

Toda importação com benefício fiscal (isenção ou redução do imposto de importação), com exceção de algumas operações, inclusive a importação realizada pela União, Estados, Municípios e respectivas autarquias, passa por um exame de similaridade.

A apuração da similaridade é feita pela SECEX em cada caso, observados os critérios aprovados pelo Regulamento Aduaneiro.

Nesta apuração tem que haver compatibilidade nos quesitos preço, qualidade e prazo de entrega, considerando-se similar ao estrangeiro o produto nacional em condições de substituir o importado, levando em conta o seguinte:

qualidade equivalente e especificações adequadas ao fim a que se destine;

preço não superior ao custo de importação, em moeda nacional - custo landed;

prazo de entrega normal ou corrente para o mesmo tipo de mercadoria.

Assim, para apurar a não existência de similar nacional, devem ser seguidas as novas determinações do SISCOMEX, principalmente com relação ao licenciamento não automático.

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11

OUTROS ASPECTOS NA IMPORTAÇÃO

11.1. Classificação Fiscal da Mercadoria

A perfeita classificação da mercadoria permite o uso adequado dos direitos legais e administrativos nas transações comerciais.

A classificação requer análise e experiência, porém teoricamente deve-se ter as seguintes noções:

1. Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadoria (SH)

Este sistema foi criado para substituir o NCCA (Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneiro), que já não mais atendia, levando em conta o avanço tecnológico e industrial, a função de designar e codificar todos os produtos do comércio internacional, a nível universal.

Foram feitas várias reuniões internacionais na sede do Conselho de cooperação Aduaneira, em Bruxelas, onde participaram técnicos e nomenclaturistas de todos os países, inclusive do Brasil.

O sistema foi aprovado numa convenção internacional celebrada em Bruxelas em 14/06/83, onde os estudos continuaram para harmonizá-lo.

O Brasil aderiu, em 31/10/86, à Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, comprometendo-se a adotá-lo

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em substituição à NCCA - Nomenclatura do Conselho de cooperação Aduaneira - então vigente, o que foi homologado pelo Decreto 97409/88, passando a vigorar em janeiro de 1989. Nessa data outros países como os Estados Unidos, Canadá, Japão e Comunidade Européia também implantaram o Sistema Harmonizado.

Embora todos os países filiados ao GATT tenham se comprometido a implantar este sistema a partir de 1989, por questões de estrutura e impossibilidade técnica, teria carência para implantação até 1991, para os países que assim o desejassem.

2. Nomenclatura Brasileira de Mercadoria/Sistema Harmonizado (NBM/SH)

O Brasil procedeu às adaptações necessárias para a elaboração da nova NBM/SH, cuja utilização ocorria nas operações de importação e de exportação, no comércio de cabotagem, na cobrança dos impostos de importação, de exportação e sobre produtos industrializados.

Com a criação do MERCOSUL, passaram a ser usadas duas nomenclaturas nas operações de importação e de exportação:

Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), que substituiu a NBM, e

Nomenclatura da ALADI (NALADI), todas com base no Sistema Harmonizado e inseridas na TEC (Tarifa Externa Comum)

3. Tarifas Existentes

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No tocante às alíquotas do imposto de importação e de IPI, estas foram adaptadas à TEC, conforme será identificado:

Tarifa Externa Comum (TEC), criada pelo Decreto

1.343, de 23/12/94, que altera a partir de 1o. de

janeiro de 1995 as alíquotas do imposto de

importação, passando a substituir a Tarifa Aduaneira

do Brasil - TAB.

Com base na NCM, foram definidas as alíquotas que

prevalecerão para o comércio com terceiros países,

sendo estabelecida, através do Decreto supracitado, a

tarifa Externa Comum (TEC), onde estão inseridas

além das alíquotas, a NCM e a NALADI.

Tarifa do Imposto Sobre Produtos Industrializados

(TIPI), aprovada por Decreto, também inserida na

TEC.

4. Estrutura e Codificação da TEC

- ESTRUTURA

1o) 1.241 posições

2o) 96 capítulos

3o) 21 Seções

- CODIFICAÇÃO

A codificação está composta de dez dígitos, sendo

seis dígitos de uso múltiplo, pertencendo ao Sistema

Harmonizado universalmente:

178

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EX.: 8432 10 00 00 (arado)

5. Regras Práticas da Classificação

1o) conhecer a mercadoria e o ramo a que pertence;

2o) procurar texto das posições adequado ao produto;

3o) memorizar os capítulos;

4o) estudar as regras interpretativas;

5o) consultar as Notas Explicativas do Sistema

Harmonizado (NESH); e

6o) manter um índice alfabético de classificação.

11.2. Aspectos Ficais e Tributários

a) Impostos Incidentes na Importação:

Imposto de Importação (II) é igual à alíquota vezes o valor CIF da mercadoria (II = % x CIF);

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é igual à alíquota vezes o valor CIF mais o valor do II [IPI = -% x (CIF + II)];

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é igual à alíquota vezes o valor

CAPÍTULOPOSIÇÃOSUBPOSIÇÃOSISTEMA HARMONIZADOITEM (NCM)SUBITEM (NALADI)

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

CIF, mais o II, mais o IPI [ICMS = -% x (CIF+II+IPI)].

b) Taxas Incidentes na Importação:

taxas de armazenagem e de capatazia:

1o.) taxa de armazenagem: a tarifa de armazenagem é devida pelo armazenamento, guarda e controle das mercadorias importadas nos armazéns de carga aérea dos aeroportos, que é calculada sobre o valor CIF, da mercadoria.

No caso da armazenagem portuária, as mercadorias depositadas nos armazéns, pátios, pontes ou depósitos pertencentes às administrações dos portos estão também sujeitas ao pagamento de armazenagem.

2o.) taxa de capatazia: a tarifa de capatazia é devida pela movimentação e manuseio das mercadorias importadas nos Terminais de Carga Aérea - TECA.

O serviço de capatazia nos portos organizados é remunerado por unidade (tonelagem, cubagem e quantidade de volume) e as taxas são estabelecidas, para cada porto organizado).

Adicional ao frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), que é 25% sobre o frete marítimo;

Adicional de Tarifas Portuárias (ATP), 20% sobre armazenagem e capatazias;

Adicional de Tarifas Aeroportuárias (ATA), 50% sobre armazenagem, mais capatazias; e

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despachante aduaneiro, para o processo de despacho e desembaraço.

11.3. Aspectos Cambiais

Com relação ao pagamento (devem ser consultadas as resoluções e circulares do BACEN, que adequam as contratações de câmbio ao SISCOMEX, além das normas específicas), as importações podem ser assim classificadas:

a) Sem cobertura cambial - quando não há o efetivo pagamento do material importado, que pode ser:

Sem ônus cambiais: como investimento estrangeiro, como doações, como empréstimo e para testes ou demonstração.

Com ônus cambiais: aluguel, empréstimo a título oneroso e arrendamento mercantil - LEASING.

b) Com cobertura cambial - quando há o efetivo pagamento do material importado e por conseguinte haverá a contratação de câmbio.

Neste caso têm que ser estudadas as condições e modalidades de pagamento internacional.

11.3.1. Condições de Pagamento

De acordo com o Banco Central as condições de pagamento podem ser à vista ou a prazo. Quando se tratar de condições de pagamento a prazo com liquidação até 360 dias não se faz necessário registro no BACEN. Porém, com liquidação superior a 360 dias e até dois anos, se faz necessário registro no Banco Central no prazo de até 30 dias, a partir da numeração da DI. Se o prazo da liquidação for superior a dois anos, é preciso conseguir certificado de

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

autorização do BACEN antes de importar, isto é, antes de efetivado o embarque da mercadoria.

11.3.2. Modalidades de Pagamento

Com respeito às modalidades de pagamento é importante saber que as operações internacionais envolvem duas partes: o exportador, que fixa suas bases para o recebimento daquilo que vende, e o importador, que procura ditar as melhores condições que lhe convêm para o pagamento da importação. Porém, tudo isso adequado às legislações cambiais de ambos os países, seguindo as regras básicas das condições de pagamento internacional:

a) Remessa antecipada (cash in advance) - Este pagamento é efetivado antes do embarque da mercadoria e oferece um certo risco (o exportador receber e não remeter a mercadoria ou remetê-la em condições diversas àquelas solicitadas).

  Esta modalidade tem a seguinte estrutura:

1. Recebimento da proforma invoice ou documento equivalente;

2. LI não automática;

3. LI concedida;

4. pagamento antecipado feito pelo importador;

5. embarque da mercadoria feito pelo exportador;

6. remessa de documentos de embarque;

7. desembaraço aduaneiro da mercadoria.

b) Remessa Sem Saque (open account), cujos documentos comerciais seguem diretamente do exportador para o

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importador sem documento financeiro (saque ou cambial), compondo a seguinte estrutura:

1. recebimento da proforma invoice ou documento equivalente;

2. LI não automática;

3. LI concedida;

4. embarque da mercadoria pelo exportador;

5. remessa de documentos de embarque;

6. desembaraço aduaneiro da mercadoria;

7. negociação de câmbio junto a um banco;

8. transferência financeira entre os bancos;

9. recebimento pelo exportador.

c) Cobrança Documentária à Vista ou a Prazo - Collection (Regras Uniformes da CCI No. 522/95).

Esta operação consiste no embarque da mercadoria pelo exportador, após o qual ele apresenta os documentos acompanhados de saque ou cambial a um banco que se compromete a entregá-los ao importador contra o pagamento ou aceite, seguindo esta seqüência:

1. recebimento da proforma invoice ou documento equivalente;

2. LI não automática;

3. LI concedida;

4. embarque da mercadoria pelo exportador;

5. documentos negociados com um banco para a cobrança;

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

6. remessa documentário entre os bancos;

7. apresentação de documentos pelo banco ao importador para aceite ou pagamento;

8. pagamento ou aceite;

9. desembaraço aduaneiro da mercadoria;

10. transferência financeira através dos bancos;

11. recebimento pelo exportador.

d) Carta de Crédito (Crédito Documentário) – Letter of Credit

É a única modalidade de pagamento que oferece garantia total às partes, pois o pagador é um banco nomeado pelo documento, cujas cláusulas devem ser seguidas incontestavelmente.

A CCI (Câmara de Comércio Internacional) é o órgão máximo consultivo e suas regras Uniformes (Brochura) No. 500/94, onde constam todas as cláusulas que devem ser seguidas. Convém mostrar algumas denominações específicas de um crédito documentário:

TOMADOR: geralmente o próprio IMPORTADOR, que solicita a um banco, normalmente em seu país, a abertura de documento de crédito.

EMITENTE: também denominado INSTITUIDOR, é o banco em geral do país do tomador, que institui o documento de crédito e que se compromete a honrá-lo, desde que o exportador respeite as condições nesse documento estipuladas.

AVISADOR: é o banco, no país do exportador, para o qual é remetido o documento pelo

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emitente ou instituidor. Somente após a declaração do avisador de que foi feita a conferência (test) é que a carta de crédito é confiável para o exportador.

BENEFICIÁRIO: é o exportador, que deve cumprir as condições expressas na carta de crédito, para receber o valor nela expresso.

NEGOCIADOR: é o banco eleito pelo beneficiário para entrega dos documentos e, consequentemente, para o pagamento da operação, que, normalmente, se confunde com o avisador.

A estrutura de operações de uma carta de crédito é a seguinte:

1. fatura proforma remetida pelo exportador;

2. LI não automática;

3. LI concedida;

4. proposta de abertura da carta de crédito junto ao banco pelo importador;

5. instituição/confirmação do crédito pelo banco;

6. TEST/aviso do crédito ao exportador pelo banco;

7. embarque da mercadoria pelo exportador;

8. negociação do exportador com o banco;

9. recebimento pelo exportador;

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10. envio de documentos/débito ao Banco, no exterior;

11. apresentação de documentos ao importador para pagamento ou reforço;

12. pagamento ou reforço;

13. desembaraço aduaneiro pelo importador.

11.4. Aspectos Práticos

O especialista tem que manter à disposição todas os dispositivos legais para consultar como efetivar as operações administrativas, aduaneiras, fiscais, tributárias e cambiais, bem como conhecer os principais documentos. Além do mais, padronizar uma seqüência de operações a serem seguidas.

11.4.1. Operações Seqüenciais

1. licenciamento, que significa a autorização para importar determinado produto (LI);

2. embarque da mercadoria;

3. controle de chegada da carga;

4. processamento de despacho e desembaraço;

5. operação cambial.

11.4.2. Noções sobre o cálculo do frete internacional

O estudo da sistemática de comércio exterior requer um conhecimento geral de toda a área inclusive uma noção do cálculo do frete internacional para um melhor gerenciamento de todo o processo.

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1. Frete Aéreo:

Peso bruto x tarifa, isto é, sempre o produto do peso bruto pela tarifa.

Peso/Volume. Isto significa que é necessário o peso bruto e o volume da carga para descobrir a base de cálculo do frete, isto é, qual o maior: se o peso bruto ou peso/volume, considerando-se que no avião 1 kg ocupa o espaço de 6.000 cm3,ou seja, 1 kg = 6.000 cm3, cujo cálculo é m36x1.000 = Peso/Volume.

Exemplo: Uma carga, cujo peso bruto do volume é 40,000 Kg e as dimensões da caixa de madeira são: 80 cm x 70 cm x 60 cm = 336.000 cm3 onde P/V = 336.000/6.000 = 56,000 Kg. Logo, a base de cálculo é o peso/volume, que é maior que o peso bruto (56>40).

Para se efetivar um cálculo de frete aéreo se faz necessário termos em mãos dispositivos para consulta de regras e tarifas (IATA/TACT), conforme podem ser melhor identificados:

IATA (International Air Transport Association) é a Associação Internacional de Transporte Aéreo, à qual estão filiadas todas as empresas aéreas internacionais e de onde saem os acordos de tarifas de carga aérea.

TACT (The Air Cargo Tariff) é a Tarifa de Carga Aérea publicada pela IATA, da qual se apresenta um exemplo de como consultá-la:

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Em ordem alfabética estão os aeroportos de origem da carga num retângulo e os de destino com as tarifas fora do retângulo:

AEROPORTO ORIGEM$ Kg $/KgDESTINO M 50,00

N45 ~ 99

100 ~ 299300 ~ 499500       

8,658,486,705,234,11

Obs.: O peso máximo para a tarifa mínima (M) e o mínimo da normal (N) é determinado pelas respectivas tarifas M e N da IATA:

M - X$

N - Y$, logo X$/Y$=W Kg (M), onde

2. Frete Marítimo

A tarifa vezes a tonelada ou a cubagem ($xt ou m3), valendo aquele cujo valor do frete seja maior.

Além da tarifa há as sobretaxas, que dependem do percurso, tais como: de combustível (Bunker Surcharge), transbordo, travessia de canal, diferença cambial etc.

Também tem a tarifa de container, que depende do percurso e do tipo: 20’ (30m3/20t) e 40’ (64m3/30t), cuja movimentação pode ser House

WKG (M)< Kg (N) < 45 Kg

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to House, Pier to Pier, House to Pier e Pier to House.

Vale salientar que se faz necessário ter conhecimento do cálculo do frete para conferência, todavia, o frete internacional requer um trabalho de logística que harmoniza todas as etapas operacionais e comerciais.

11.5. Custo de Importação

Para complementar o conhecimento sistemático deve-se conhecer o método de cálculo do custo de importação, que a economia internacional identifica como custo de transferência.

Exemplo:

Aparelho gerador e difusor de ozônio, supondo-se peso bruto de 3,000 Kg, frete de US$ 50,00 e valor FOB de US$ 10.000,00.

A classificação fiscal é 8543.80.0300 e hipoteticamente o II é 20% e IPI 10%.

Como exemplo, apresentamos apenas a metodologia de cálculo, ficando os dados numéricos para exercícios práticos:

1o.) A base de cálculo dos impostos:

Valor FOB, mais seguro de frete internacional, mais frete internacional = valor CIF (base de cálculo)

2o.) Impostos incidentes:

II = Alíquota x CIF

IPI = Alíquota x (CIF + II)

ICMS = Alíquota x (CIF + II + IPI)

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3o.) Outras Despesas (Taxas)

Armazenagem

ATP

ATA

AFRMM

Capatazia

Despachante Aduaneiro

4o.) CUSTO TOTAL DE IMPORTAÇÃO = 1O + 2O

+ 3O

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12

ESTRUTURA BRASILEIRA DO COMÉRCIO EXTERIOR

12.1. Estrutura Administrativa, Aduaneira e Cambial

O comércio exterior é parte da economia internacional de suma importância no desenvolvimento e estabilidade da economia nacional.

Com base neste enfoque, toda nação elabora sua política de comércio exterior, que deve ser homogênea à macroeconomia, levando em conta as políticas industrial, fiscal, monetária e cambial. Isto requer a administração e a gestão do governo nas operações de importação e exportação.

12.1.1. Principais Órgãos Envolvidos

a) Ministério da Fazenda (MF) - Sua competência é a moeda, o crédito, as instituições financeiras, o seguro privado; a política e administração tributária e aduaneira; fiscalização e arrecadação.

Seus órgãos vinculados respectivos à sua competência são:

Conselho Monetário Nacional (CMN), que é o órgão consultivo de onde emanam as diretrizes da política monetária e creditícia.

Banco Central do Brasil (BACEN), que cuida das políticas monetária, creditícia, cambial, das instituições financeiras e da fiscalização e reserva de capital estrangeiro.

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Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), que cuida do seguro privado, onde se enquadra o seguro de frete internacional, elaborando as diretrizes para as seguradoras nacionais executarem.

Secretaria da Receita Federal (SRF), que cuida da política e administração tributária e aduaneira; da fiscalização e arrecadação de tributos.

Em todo esse contexto se inclui o Banco do Brasil, que embora sendo um banco comercial, a partir de 1986, assume incumbências do governo, em conjunto com a autoridade monetária.

b) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior- Sua competência é a evolução da indústria e do comércio exterior.

Seus órgãos vinculados que operam são os seguintes:

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), que cuida da metrologia, normalização e qualidade industrial.

Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que cuida das marcas e patentes.

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), cuja função é elaborar a política administrativa do comércio exterior e acompanhar o desenvolvimento operacional.

Os órgãos que elaboram as diretrizes de operação, fiscalizam e executam as normas são: o Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), que cuida do

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

controle de preço, licença de importação (LI) e Registro de Exportação (RE), DEIMP, cuja atividade está voltada para a codificação e alíquotas de importação, abrangendo a política de isenção e redução tarifária, e outros. Tem que se adequar a existência e competência destes órgãos às Normas do SISCOMEX

Conselho da Zona de Processamento de Exportação (CZPE)

As Zonas de Processamento de Exportação são áreas de livre comércio delimitadas por Decreto do Poder Executivo Federal, à vista de propostas dos Estados e municípios, em conjunto ou isoladamente.

As importações para produção e posterior exportação por estas ZPE’s são isentas do II, IPI, AFRMM, IOF e Contribuição Social.

c) Ministério dos Transportes (MT), que cuida dos transportes rodoviário, ferroviário e aquaviário; marinha mercante, portos e vias navegáveis.

d) Ministério das Relações Exteriores (MRE), que tem como objetivo auxiliar o Presidente da República na formulação da Política Exterior do Brasil, assegurar sua execução e manter relações com governos estrangeiros, organismos e organizações internacionais.

O órgão desse Ministério que se liga direto ao comércio exterior é aquele cujo nome se identifica: Subsecretaria-Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior.

12.2. Política Cambial

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A política cambial é elaborada pelo Conselho Monetário Nacional, sendo o BACEN o órgão que elabora as normas de operação, autoriza os bancos comerciais a operarem em câmbio e mantém a fiscalização e controle, dentro de uma política de câmbio livre.

Este órgão, Banco Central, está integrado juntamente com a Secretaria da Receita Federal e com a Secretaria de Comércio Exterior nas operações de exportação e importação do comércio exterior.

12.3. Fiscalização Aduaneira

Compete à Secretaria da Receita Federal (SRF) exercer a fiscalização aduaneira nas operações de comércio exterior, adotando medidas de controle quando necessário ao interesse nacional.

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ESTRUTURA SIMPLIFICADA

SECEXSec. Com. Ex.

Cont. Comercial

SRFSecretaria da Receita

Federal

Câmara de Comércio Exterior

BACENBanco Central do Brasil

MFMinistério da Fazenda

MDICMinist. Desenv. Ind. Com. Ext.

DEINTDepto. de Neg.

Intern.

REDE DE CÂMBIOS B.B.

SISBACEN EXPORTADORES/IMPORTADORES

DECEXDepto. de

Operações de C.E.

DECONDepto. de Defesa

Comercial

DEPOCDepto. de

Políticas C.E.

SISCOMEX

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13

TEORIA E SISTEMÁTICA DE EXPORTAÇÃO

13.1. Conceito

São mercadorias que se produzem em um país e se vendem a outros países, em troca de divisas.

Este conceito se enquadra no objetivo deste trabalho, cuja finalidade é demonstrar a sistemática de comércio exterior. Todavia, dentro de um pensamento mais teórico, pode-se dizer que se vendem as mercadorias em troca de mercadorias e serviços, ouro, divisas ou liquidação de débito.

13.2. Identificação e Classificação da Mercadoria

As mercadorias exportadas têm que estar bem identificadas, para efeito de fiscalização e perfeito atendimento na transação comercial. Sua identificação se baseia no nome comercial, discriminação técnica e principalmente na classificação fiscal.

13.2.1. Classificação da Mercadoria

O Brasil, como a maioria dos países, usa o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadoria (SH), criado pelo Conselho de Cooperação Aduaneira da ONU, para que as mercadorias, uma vez classificadas, sejam de conhecimento universal. Daí a necessidade de serem bem classificadas.

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

No Registro de Exportação (RE) são usadas três nomenclaturas e codificações distintas, todas com base no Sistema Harmonizado (SH):

NBM/SH (Nomenclatura Brasileira de Mercadoria sobre o Sistema Harmonizado)

NCM (Nomenclatura Comum do MERCOSUL)

NALADI (Nomenclatura da ALADI).

Convém frisar que a codificação é composta de dez dígitos numéricos, onde os seis primeiros dígitos são de conhecimento internacional. Outro objetivo básico da classificação é fornecer dados estatísticos.

13.3. O SISCOMEX

O Sistema Integrado de Comércio Exterior, SISCOMEX, criado pelo Decreto 660/92, tem a finalidade de agilizar e desburocratizar as operações de exportação e de importação do comércio exterior.

As normas administrativas e fiscais de exportação (portarias e instruções normativas) devem ser freqüentemente atualizadas e consultadas. No entanto, demonstra-se um pequeno resumo operacional:

a) Função do SISCOMEX

Registro de Exportação (RE): Permite que o exportador registre sua operação de exportação no SISCOMEX, por conta própria ou por terceiros (bancos, corretoras, despachantes). Este registro será automático e sem preenchimento de formulários.

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Despacho Aduaneiro de Exportação (DDAE): todas as etapas da exportação, tais como o registro da declaração para despacho, o exame documental, a verificação da mercadoria, o desembaraço e a averbação do embarque, serão realizadas por intermédio do SISCOMEX, envolvendo o exportador e os representantes legais, o transportador, os depositários e a repartição aduaneira. No final é emitido o Comprovante de Exportação.

b) Acesso e Habilitação

São usuários do SISCOMEX:

1. Bancos autorizados a operar em câmbio e sociedades corretoras (cadastradas no SISBACEN).

2. Pessoas físicas e jurídicas que atuam na área de comércio exterior (exportadores, despachantes etc.), cadastradas na Rede SERPRO.

3. Órgãos federais administrativos do comércio exterior e demais órgãos intervenientes, cadastrados na Rede SERPRO, considerando-se que o Sistema está interligado, on line, com a Secretaria da Receita Federal, com a Secretaria de Comércio Exterior e com o Banco Central do Brasil.

Complementando, vale saber que o exportador envia o RE para a SECEX, em seguida recebe um extrato da exportação e o número do RE. Com esse número, o despachante e ou a Receita Federal já estão conectados para as tramitações legais da mercadoria. Toda essa tramitação é feita pela Rede SERPRO.

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13.4. Regimes Aduaneiros Especiais

De um certo modo esses regimes são especiais porque têm um tratamento diferente dos regimes normais e são relativos às operações de importação e às operações vinculadas de importação e exportação.

13.4.1. Admissão Temporária

Este regime permite a permanência, no país, de bens procedentes do exterior, por prazo e para finalidade determinados, sem pagamento dos impostos incidentes na importação ou com pagamento proporcional ao tempo de permanência no país.

A aplicação do regime de admissão temporária ficará sujeita ao cumprimento das seguintes condições básicas:

importação sem cobertura cambial;

constituição das obrigações fiscais em termo de responsabilidade;

utilização dos bens dentro do prazo fixado e exclusivamente nos fins previstos;

identificação dos bens.

Os bens admitidos neste regime especial e os fins a que eles se destinam devem ser consultados nas normas específicas (decretos, regulamento administrativo, instruções normativas).

A extinção do regime é feita através da reexportação do bem, da doação à Fazenda Nacional, de sua destruição, de sua transferência para outro regime especial ou através de despacho para consumo.

200

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13.4.2. Exportação Temporária

A exportação temporária significa a saída do país, de mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada à reimportação em prazo determinado, no mesmo estado ou após submetida a processo de conserto, reparo ou restauração (Decreto 37/66, artigo 92).

Este regime se aplica a mercadorias destinadas a feiras, competições esportivas ou exposições; produtos acabados para conserto, reparo ou restauração; animais reprodutores e veículo para uso de seu proprietário ou possuidor.

13.4.2.1. Exportação Temporária para Aperfeiçoamento Passivo

A exportação temporária para aperfeiçoamento passivo é aquela destinada à transformação do bem, à sua elaboração, ao seu beneficiamento ou à sua montagem.

13.4.3. Entreposto Aduaneiro e Entreposto Industrial

Este regime permite o depósito de mercadoria importada, em local determinado, com suspensão do pagamento de tributos e sob controle fiscal .

Já o regime de entreposto industrial é o que permite a determinado estabelecimento ou indústria, importar com suspensão de tributos, mercadorias que, depois de submetidas à operação de industrialização, deverão destinar-se ao mercado exterior (Decreto-Lei 37/66).

13.4.4. Trânsito Aduaneiro

O regime especial de trânsito aduaneiro é o que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de tributos (Decreto-Lei 37/66, artigo 73).

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O despacho de trânsito aduaneiro será processado, a requerimento do beneficiário, com base em Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA), que podem ser: DTA-I, transporte por qualquer via, exceto aérea; DTA-II, para transporte por via aérea; e DTA-III, simplificado para qualquer via de transporte.

13.4.5. Drawback

O benefício do Drawback, que poderia ser definido como incentivo fiscal à exportação, consiste na suspensão, isenção ou restituição do pagamento dos tributos incidentes na importação de mercadoria destinada ou já utilizada na fabricação, complementação, beneficiamento e ou acondicionamento de produtos acabados a exportar ou exportados.

Este benefício é aprovado pelo Decreto-Lei 37/66, artigo 78 e regulamentado pelo Decreto 91030/85, seguindo as normas administrativas, fiscais e operacionais.

Ele abrange todos os impostos como II, IPI, ICMS e taxas como AFRMM, bem como outras que não sejam prestação de serviços e opera nas seguintes modalidades:

a) Suspensão

Nesta modalidade, a exportação tem que ser planejada para um mercado já estabelecido. Ela consiste na importação da mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou empregada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada.

Adquire-se o Ato Concessório, importa-se a mercadoria, fabrica-se o produto a exportar, efetiva-se a exportação e depois comprova-se perante à SECEX (através

202

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de uma agência do Banco do Brasil), dando baixa ao compromisso assumido.

Para conseguir um Ato Concessório a empresa tem que preencher certos requisitos administrativos, tais como registros, idoneidade, tradicionalidade, situação de adimplência, compatibilidade do programa de exportação com a sua capacidade de cumpri-lo, etc.

No que diz respeito ao exame de um pedido de drawback e o roteiro para pleiteá-lo, a postulante deve seguir alguns passos, como:

1. não pode ter mais de quatro operações de drawback em curso, relativamente ao mesmo tipo de produto a exportar;

2. não deve haver transações vencidas e não comprovadas as exportações respectivas, ou não ter comprovado o recolhimento dos impostos e taxas devidos, na hipótese da não-liquidação da operação de drawback;

3. apresentar carta optando pela centralização das operações numa agência do Banco do Brasil escolhida pelo exportador, bem como carta informando a Delegacia da Receita Federal com jurisdição sobre o estabelecimento;

4. preencher os formulários oficiais, como Pedido de Drawback e Anexo ao Pedido de Drawback, para análise e concessão do Ato Concessório, que devem ser entregues ao Banco do Brasil acompanhados do pedido de importação do exterior e de um laudo técnico sobre o material a importar;

5. preencher o Relatório de Comprovação de Drawback e os Anexos de importação e

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exportação, quando da comprovação do compromisso de exportação assumido.

Vale salientar que o Governo (SRF e SECEX) está criando um módulo novo no SISCOMEX, unicamente para registro das operações de Drawback, o que agiliza e desburocratiza o trabalho manual, passando tudo a ser por via eletrônica.

b) Isenção

É feita a comprovação do produto exportado e dos insumos importados para a fabricação do mesmo. Assim sendo, é pleiteado à SECEX um ato concessório para a importação dos mesmos insumos, isentos do pagamento de impostos e taxas, para reposição do estoque.

c) Restituição

Esta modalidade consiste na restituição do II e do IPI pagos na importação de material utilizado na fabricação de um produto exportado, em forma de crédito fiscal, cuja competência é exclusiva da Receita Federal e não da SECEX, como nas outras modalidades.

Além das três modalidades de drawback, existem dois tipos de operações que devem ser mencionados:

Drawback intermediário, que consiste na junção do fabricante exportador com os fabricantes nacionais de produtos intermediários do produto final. Neste tipo de operação de drawback, que pode ser nas modalidades suspensão ou isenção, os documentos das partes intermediárias fazem parte do processo de drawback.

Drawback interno, que consiste na compra de produtos intermediários nacionais, com o fim exclusivo de exportação, com isenção do IPI.

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Esta operação é autorizada pela Lei 8.402/92, artigo 3 e regulamentada pelo Decreto 541/92.

13.5. Recapitulação dos INCOTERMS

a) Objetivo: estabelecer um conjunto de regras para a interpretação dos termos comerciais internacionais.

b) Características e Revisão 2000

São universais

São facultativos

Definem direitos e obrigações entre as partes.

Foram revistos pela CCI em 1990, para se adaptarem à transferência eletrônica de dados e pelas mudanças tecnológicas na área de transporte.

c) Nova apresentação

A nova apresentação é de fácil leitura e entendimento e composta dos seguintes tipos, em ordem crescente de obrigações do vendedor:

EXW (Ex Works)

FCA (Free Carrier)

FAS (Free Alongside Ship)

FOB (Free on Board)

CFR (Cost and Freight)

CIF (Cost, Insurance and Freight)

CPT (Carriage Paid To ...)

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CIP (Carriage and Insurance Paid To...)

DAF (Delivered at Frontier)

DES (Delivered ex Ship)

DEQ (Delivered ex Quay)

DDU (Delivered Duty Unpaid)

DDP (Delivered Duty Paid)

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14

PASSOS PARA EFETUAR UMA EXPORTAÇÃO

O processamento de uma exportação deve seguir um roteiro programado, técnico e profissional, com a seguinte filosofia:

Manter pessoal especializado.

Manter uma infra-estrutura de um processo permanente.

Manter uma engenharia de custo, qualidade, produção e mercado.

Manter uma literatura disponível para consulta, como Portarias, Instruções Normativas, Regulamento Aduaneiro etc.

Depois de pronto para ingressar no mercado exterior, o empresário exportador deve pesquisar o mercado a ser abastecido pelo seu produto.

14.1. Pesquisa de Mercado

A maior parte dos estudos preliminares de uma pesquisa de mercado pode ser efetuada sem se deixar o país.

A pesquisa documental prévia possibilita ao empresário o acesso a diversas informações de fundamental importância, para o êxito de futuras negociações.

As fontes de pesquisa de mercado são inúmeras:

Câmaras de Comércio Internacionais;

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Consulados;

associações comerciais e sindicatos de classe;

bibliotecas;

revistas estrangeiras especializadas;

publicações especializadas em comércio exterior.

14.2. Pesquisa nas Negociações com o Exterior

O empresário tem que fazer um trabalho de logística nessa pesquisa, usando um marketing internacional apropriado e tomando os seguintes cuidados comerciais:

estudar bem o mercado com o qual deseja operar, de modo a avaliar suas efetivas possibilidades comerciais;

estudar os usos mercantis dos países com os quais vai negociar;

obter com o importador informações a respeito das exigências específicas do seu país;

adequar os produtos a serem exportados às exigências do importador ou às peculiaridades do país a que se destinam;

atentar para as disposições sobre controle de qualidade e rotulagem vigentes para o produto no mercado respectivo;

usar sempre a linguagem comercial adequada e os termos técnicos apropriados;

lembrar sempre que as formas de propaganda e publicidade de um produto devem estar em perfeita harmonia com as peculiaridades de cada mercado;

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calcular seu preço de exportação, levando em conta, entre outros aspectos, os preços praticados pela concorrência;

fornecer sempre mercadoria correspondente à amostra enviada ao importador;

cumprir o prazo de embarque estabelecido nas negociações.

14.3. Negociação com o Importador

14.3.1. Contato Preliminar ou Exploratório

Este contato visa detectar um possível comprador para o produto e pode ser feito através do envio de correspondência. O objetivo desse primeiro contato é dar conhecimento a um possível interessado, da existência da empresa e do produto.

O exportador deve utilizar linguagem simples e objetiva sobre a empresa, o produto, a linha de produção e outros dados julgados de interesse, no idioma do país de destino ou em inglês.

14.3.2. Contato de Cotação

A negociação formaliza-se através de um contrato, que pode ser uma carta, em que se definam as condições da operação.

Outro modelo de contrato muito freqüente é a Proforma Invoice (PI), que formaliza com clareza as condições da negociação e que poderá ser devolvida ao exportador, desde que o importador aceite as especificações nela contidas, como:

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denominação Proforma Invoice (Fatura Proforma);

caracterização adequada do possível comprador ou destinatário;

transporte internacional (modal);

validade da cotação;

características do produto: especificações técnicas, aplicações, adaptações a serem feitas etc;

embalagem para transporte: dimensão, tipo, material etc.;

condições de venda (Incoterms);

preço por unidade e total, na moeda da negociação;

prazo de entrega;

modalidade de pagamento;

documentos a serem fornecidos ao importador: quais e em quantas vias.

14.4. Registro de Exportador

Os interessados em atuar como exportadores deverão se cadastrar no Registro de Exportadores e Importadores da Secretaria de Comércio Exterior - SECEX.

Obviamente, ao nascer a empresa para esse fim, será a primeira medida a ser tomada, hoje simplificada com a implantação do SISCOMEX.

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14.5. Sistema Administrativo

A exportação terá como norma básica o princípio da máxima liberdade para sua efetivação e de ampla assistência a todos os integrantes do processo.

Todos os procedimentos administrativos estão contidos nas normas legais do órgão competente, que devem ser freqüentemente atualizadas e consultadas.

14.6. Documentos e Preparação da Mercadoria

Após o recebimento do pedido, o exportador deve manter o seu cronograma de fabricação, embalagem e embarque da mercadoria, cujos documentos são os seguintes:

romaneio ou Packing List: resultado da preparação e embalagem da mercadoria e necessário para desembaraço da mesma, tanto na saída como na chegada no país de destino (indica os volumes e respectivo conteúdo);

Nota Fiscal, documento necessário apenas para a movimentação interna da carga;

conhecimento de embarque sob a orientação do exportador para a confecção;

certificado de Origem e outros, se necessários;

fatura comercial;

RE e DDE

14.7. Documentos após Embarque da Mercadoria

Embarcada a mercadoria para o exterior, inicia-se uma nova fase, que é a preparação dos documentos para a

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negociação junto a um banco, o que implica ter conhecimento sobre a operação cambial, cujo perfil básico será visto mais adiante.

Os documentos após o embarque, a serem entregues a um banco, com o qual será negociada a operação, são os seguintes:

1. Fatura Comercial (Commercial Invoice): geralmente é preparada após o embarque da mercadoria para o exterior e contém todos os elementos relativos ao embarque da mesma.

2. Saque ou Cambial (Draft): é o título de crédito que cobre a operação internacional da mercadoria. Quando a operação for cobrança, a prazo, o banco no exterior colhe o aceite do importador no saque, para entrega dos documentos utilizados no desembaraço da mercadoria.

3. Certificado ou Apólice de Seguro: nas operações sob a modalidade de Incoterms CIF, o exportador é obrigado a apresentar este documento ao banco, para remessa ao importador.

4. Fatura e ou Visto Consular: há determinados países que exigem que a documentação apresentada pelo exportador seja acompanhada da fatura consular ou, em outros casos, do visto consular.

5. Certificados

Os certificados exigidos pelo importador têm que ser apresentados ao banco e poderão ser de dois tipos:

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Certificados para embarque: quando alguma vistoria tiver sido efetuada, a pedido do importador;

Outros certificados: o importador (ou a própria operação) poderá solicitar certificado de origem, que poderá ser: comum, ALADI, SGP etc.

6. Original negociável do conhecimento de embarque - B/L (Bill of Landing) ou AWB (Airway Bill).

7. Romaneio ou Packing List (utilizado no embarque, mas segue também na negociação).

8. RE e DDE.

Todos estes documentos entregues ao banco deverão estar relacionados numa carta de entrega, chamada Borderô:

fatura comercial;

original negociável do conhecimento de embarque;

original da carta de crédito (L/C), se for esta a modalidade de pagamento;

saque ou cambial (draft);

apólice de seguro, se for operação CIF;

fatura e ou visto consular (quando exigido);

certificados (quando exigidos);

romaneio ou Packing List.

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14.8. Engenharia de Custo para o Preço de Exportação

O produto destinado à exportação tem que ter preço e qualidade com competitividade internacional. Para tanto, deverá ser mantida uma engenharia do custo de produção e de mercado.

14.8.1. Formação de preço do Mercado Interno

Custo Total

custos industriais

(matéria prima, tributos preço de mão-de-obra e custos ICMS venda daindiretos de fabricação) + lucro + IPI = mercadoria

despesas financeiras outros no mercado

despesas administrativas interno

desp. de comercialização

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14.8.2. Preço para o Mercado Externo

preço de venda Tributos que estiverem Despesas incluídas no preço de da mercadoria agregados ao preço de mercado interno mas que não no mercado - mercado interno - incidem na exportação

ICMS comissão de vendas no + IPI mercado internooutros despesas financeiras para

obtenção de capital de giro a taxas de mercado

Embalagem especialTransporte e seguro internos até o ponto

de embarque Despesas Consulares Preço de venda Corretagem de câmbio = da mercadoria Despesas de embarque no mercado externo. Comissão de Agente Despesas financeiras com obtenção de

capital de giro à exportação Seguro de crédito

Efetuando-se as adições e subtrações indicadas no esquema acima, chegamos ao preço FOB mínimo possível de exportação, mantida a margem de lucro do mercado interno.

Obs.: Nem todos os produtos exportáveis são contemplados com a não incidência do ICMS.

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14.8.3. Roteiro de Cálculo do Preço de Exportação a partir do Custo de Produção da Empresa para o Mercado Interno

ITENS VALORPreço praticado no Mercado Interno(-) IPI(=) Preço no Mercado Interno sem IPI(-) ICMS(-) PIS(-) COFINS(-) Despesas Especiais do Mercado InternoSUBTOTAL 1(-) Lucro Praticado no Mercado Interno(+) Custos Adicionais de Produção para ExportaçãoSUBTOTAL 2(+) Lucro Praticado no Mercado Externo(+) Despesas Específicas de ExportaçãoPreço FOB sem Comissão de Agente de Vendas Externas(+) Comissão de Agente de Vendas ExternasPreço FOB Final(/) Taxa do Dólar Comercial - CompraPreço FOB de Lista

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14.8.4. Principais Despesas Específicas de Exportação

RE - Registro de Exportação, emitido pelo Banco do Brasil S/A

Certificado de Origem - FIESP (indústria) e FECESP (comércio)

Despachante Aduaneiro (+ 1% sobre o CIF)

DAS - Sindicato dos Despachantes Aduaneiros (+ 1% sobre o FOB)

14.8.5. Impostos que não Incidem na Exportação

IPI, ICMS, PIS, COFINS

Também é possível a manutenção dos créditos de IPI e ICMS, pagos na compra de insumos e matérias-primas, bem como o ressarcimento do PIS e do COFINS.

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15

CASOS ESPECIAIS

15.1. Operações de Câmbio

As operações de câmbio são realizadas pelos exportadores junto a um banco comercial autorizado pelo BACEN a operar em câmbio.

Elas compreendem três fases:

Contratação

Negociação

Liquidação

a) Contratação do câmbio

O exportador assina um contrato junto a um banco, se comprometendo a negociar os documentos até a data estipulada. O banco se compromete a acolher os documentos como representativos da exportação e da moeda (divisas) negociada.

A negociação fixa duas épocas bem definidas para a contratação do câmbio:

1) Até 360 dias antes do embarque da mercadoria.

2) Após o embarque da mercadoria, respeitado o prazo de 45 dias corridos após a data do mesmo ou dois dias úteis após receber o aviso de crédito.

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b) Negociação do Câmbio

O exportador terá o prazo de 10 dias úteis, a contar da data do embarque, para proceder à negociação ou entrega dos documentos originais.

c) Liquidação do Câmbio

Ela acontece com o efetivo ingresso das divisas no país (fase final). Havendo inadimplência do importador, haverá irreparáveis prejuízos ao exportador, que responderá pela perfeita liquidação.

15.2. Casos Especiais de Exportação

São casos que às vezes fogem ao conhecimento prático da exportação normal, mas se enquadram no contexto:

1. exportação em consignação, da qual pode haver retorno;

2. fornecimento para consumo e uso a bordo de embarcações de curso internacional;

3. exportação sem cobertura cambial;

4. controle de cotas decorrente de imposição externa;

5. marcação de volumes;

6. sistema geral de preferência (SGP) - A SECEX certifica a origem nacional das mercadorias;

7. preço de exportação (do produto exportado), comissão de agente, prazo de pagamento e demais aspectos administrativos relacionados com a operação de exportação estão sob a análise e apreciação da SECEX/DECEX.

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16

INCENTIVOS FISCAIS À EXPORTAÇÃO

16.l. Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI

Imposto de competência da União, incidente sobre produtos industrializados. É seletivo em função da essencialidade do produto.

16.1.l. Isenção do IPI

Produtos manufaturados e exportados, inclusive exportações em consignação, remessa de produtos industrializados a título de investimento brasileiro no exterior, bem como remessa para feiras e exposições.

Vendas internas a Trading Companies, com fim específico de exportação.

16.1.2. Suspensão do IPI

- Produtos remetidos pela indústria, com o fim específico de exportação, para:

Empresas comerciais exportadoras

Armazéns gerais e alfandegados e entrepostos aduaneiros

Entrepostos industriais.

- As matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem, de fabricação nacional,

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vendidos a estabelecimento industrial para industrialização de produtos destinados à exportação. (Drawback interno - Dec. 541/92 e Lei 8.402/92).

A suspensão nada mais é do que uma isenção condicionada à efetiva exportação do produto, o que sujeita o exportador a comprovar ao fabricante-vendedor.

16.1.3. Manutenção e Utilização dos Créditos do IPI

Poderão ser mantidos na escrita fiscal os créditos referentes aos insumos empregados na industrialização de produtos saídos com isenção ou com suspensão do IPI, que serão utilizados das seguintes formas:

Dedução do valor do IPI devido nas operações realizadas no mercado interno.

Transferência para outro estabelecimento industrial da mesma empresa.

Ressarcimento do excedente relativo aos créditos incentivados em espécie, a ser requerido à SRF.

16.2. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços -ICMS

Imposto de competência estadual, embasado na legislação de cada estado; se faz necessário consultá-la para um perfeito conhecimento das normas e procedimentos.

Este imposto é não-cumulativo e a alíquota é uniforme para todas as mercadorias, diferenciada, no entanto, na operação de exportação e para a importação de determinados produtos:

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Produtos Primários exonerados do ICMS na exportação.

Produtos Semi-Elaborados também exonerados do ICMS na exportação.

Produtos industrializados cuja não incidência do ICMS aplica-se também às suas saídas, como fim específico de exportação, para:

a)Empresa comercial exclusivamente exportadora, situada em qualquer estado da federação.

b)Trading Company situada em qualquer estado.

c)Empresa comercial que opera em exportação, situada no estado produtor.

As empresas das alíneas “a” e “b” poderão comprar produtos sem incidência do ICMS, de fabricantes situados em qualquer estado da federação, desde que possuam o regime especial concedido pela Secretaria da Fazenda do seu Estado.

As empresas da alínea “c” somente poderão comprar produtos sem incidência de ICMS de fabricantes situados no mesmo estado e desde que possuam o regime especial concedido pela Secretaria da Fazenda. Estas empresas comercias deverão emitir um documento denominado “Memorando-Exportação”, que servirá para comprovar ao fabricante a efetivação da exportação.

16.2.1. Manutenção e Utilização dos Créditos de ICMS

É admitida a manutenção do crédito do ICMS relativo à aquisição de matérias-primas e material secundário empregados na fabricação e embalagem de produtos industrializados e exportados.

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Os créditos fiscais relativos às aquisições de insumos empregados na industrialização de produtos exportados serão utilizados na compensação com impostos devidos nas operações internas.

Se ocorrer saldo de crédito ou se não houver débito a compensar, a utilização far-se-á de acordo com o disposto na legislação estadual.

16.3. COFINS

É uma contribuição social para financiamento da seguridade social. A alíquota é de 2% sobre o faturamento da empresa (receita bruta das vendas de mercadorias e de serviços).

16.3.1. Isenção do COFINS na Venda de Mercadorias ou Serviços para o Exterior, desde que:

As exportações sejam realizadas diretamente pelo produtor.

As vendas sejam efetivadas com o fim específico de exportação, para Trading Companies e empresas exclusivamente exportadoras.

As exportações se realizem através de cooperativas, consórcios ou entidades semelhantes.

16.4. PIS/PASEP

A receita de exportação de produtos manufaturados nacionais está isenta de PIS/PASEP.

224

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16.5. Drawback

16.5.1. Isenção ou Dispensa do Recolhimento de:

II

IPI

ICMS

AFRMM

Outras taxas que não representem efetiva prestação de serviços.

16.6. Resumo Gráfico dos Incentivos Fiscais à Exportação

a) Exportação Direta

FABRICANTE.........................IMPORTADOR

. Isenção IPI

. Não incidência ICMS

. Isenção COFINS

. Isenção PIS/PASEP

b) Exportação através de Trading Company

FABRICANTE........TRADING COMPANY..........IMPORTADOR

. Isenção IPI

. Não incidência ICMS

. Isenção COFINS

. Isenção PIS/PASEP (somente na venda à TC)

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c) Exportação através de comercial exportadora comum

FABRICANTE......EMPRESA COMERCIAL........IMPORTADOR

. Suspensão IPI

. Não incidência ICMS (*)

(*) Regime especial na Secretaria da Fazenda do Estado

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17

ROTEIRO DE EXPORTAÇÃO

As tarefas básicas da operação de exportação devem ser bem definidas e cumpridas, cujo roteiro atenda aos seguintes objetivos:

a)Plena execução específica da área;

b)Acompanhamento de tarefas afins de outras áreas da empresa como: produção, estoque, expedição, serviços contábeis, finanças e outras. Isto é possível através da manutenção de um intercâmbio entre os elementos.

17.1. Roteiro a Ser Seguido a Partir do Pedido Recebido do Exterior

1. Conferir o pedido com a Cotação Pro-Forma.

2. Analisar minuciosamente a L/C, visando cumprir as exigências.

3. Analisar minuciosamente todos os documentos exigidos.

4. Consultar um banco, quanto à negociação da operação.

5. Contatar corretoras de valores sobre Contrato de Câmbio.

6. Reservar praça.

7. Preparar romaneio ou Packing List.

8. Efetuar o Registro de Exportação - RE/SISCOMEX

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9. Emitir a Nota Fiscal.

10. Contratar o seguro e o transporte interno.

11. Contratar o seguro internacional (CIF).

12. Transmitir o aviso ao importador, da data prevista para embarque.

13. Elaborar as instruções para embarque da mercadoria para o exterior.

14. Remeter a mercadoria para o local de embarque.

15. Acompanhar a emissão do conhecimento de embarque.

16. Preparar a fatura comercial.

17. Preparar e apresentar para formalização, a fatura consular ou visto, quando exigido.

18. Preparar os formulários para obter certificado de origem.

19. Preparar o saque ou cambial para negociar junto a um banco.

20. Preparar o borderô e conferência dos documentos.

21. Negociar os documentos junto a um banco.

22. Arquivar documentos destinados aos setores fiscal, contábil e financeiro da empresa.

23. Selecionar e arquivar os documentos.

24. Comprovar a baixa parcial ou total de drawback.

25. Fazer contatos constantes de cortesia com os clientes externos.

Desta forma tem-se um trabalho técnico-profissional de primeira linha, mantendo a filosofia de um processo permanente.

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QUESTÕES E TEMAS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO

18.1. Questões para Revisão

Do Capítulo 1

Qual o conceito de Economia Internacional?

Por que se estuda a “Economia Internacional” como um ramo distinto dentro do estudo da Economia?

Por que as nações precisam manter relações comerciais entre si?

Qual a importância do comércio exterior para a economia brasileira?

Por que as nações não dependem igualmente do comércio exterior?

Por que existe uma interdependência econômica de caráter mundial?

Como o comércio e a transferência de recursos e técnicas levam os países a uma interdependência econômica?

Como era o comércio na Antigüidade e por quem era praticado?

Por que a doutrina mercantilista pregava o controle do comércio externo?

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Quais as bases da Teoria da Balança Comercial?

Como e por que se desenvolveu o Liberalismo?

Qual foi o papel de Adam Smith na solidificação do Liberalismo Econômico?

Quais as principais transformações econômico-sociais provocadas pela Revolução Industrial e suas repercussões sobre o comércio internacional?

Qual o conceito de Nacionalismo econômico?

Como o Brasil vem procurando acelerar o seu desenvolvimento econômico?

Quais os principais problemas econômicos internacionais?

Por que um sistema monetário internacional estável é importante para a manutenção do comércio entre as nações?

Por que o nosso governo mantém controles sobre o nosso comércio exterior?

Do Capítulo 2

Por que se estabelecem as trocas no plano internacional?

Quais os fatores determinantes da especialização?

O que afirmou Adam Smith em sua Teoria da Vantagem Absoluta?

Qual a diferença entre a Teoria da Vantagem Absoluta e a da Vantagem Comparativa?

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Economia Internacional e Tópicos Especiais de Comércio Exterior       231

O que se entende por relações de trocas?

Como podemos medir as relações de trocas?

Quais as vantagens do emprego das Curvas de Substituição na explicação clássica do comércio internacional?

Qual a vantagem da conjugação das Curvas de Substituição e de Indiferença na explicação das trocas internacionais?

Quando é que, numa economia fechada, a população obterá o maior grau de satisfação com o emprego dos recursos disponíveis?

Por que a relação entre os preços de dois produtos deve ser igual ao Custo Marginal de Substituição dos mesmos?

Como Bertil Ohlin explicou o comércio internacional?

Por que os fatores relativamente abundantes têm uma remuneração mais baixa que a dos relativamente escassos?

O que se entende por custos de transferência?

Como o governo pode alterar os custos de transferência?

Quais os limites da especialização?

O que é comércio multilateral e quais as suas vantagens em relação ao comércio bilateral?

As vantagens da especialização e do comércio são divididas igualmente entre as partes?

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

Quais as vantagens e os resultados do comércio?

Do Capítulo 3

Qual o conceito de balanço de pagamentos?

Qual a importância do balanço de pagamentos?

Como se levanta o balanço de pagamentos?

Como é a estrutura do balanço de pagamentos?

Como se identifica uma transação corrente como devedora ou como credora?

Como podemos identificar um movimento de capital como credor ou como devedor?

O que se entende por equilíbrio do balanço de pagamentos?

Como se mede um déficit ou um superávit do balanço de pagamentos?

Qual o conceito de taxa de câmbio?

O que é “mercado de divisas”?

Qual o papel dos bancos no mercado de divisas?

Como é determinada a taxa de câmbio na ausência da intervenção governamental?

Por que a taxa de câmbio no padrão-ouro é considerada estável?

Por que há uma tendência a se estabelecer uma reciprocidade perfeita entre as taxas de todas as moedas?

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Como é possível manter a taxa de câmbio estável no regime do padrão-papel?

Qual a diferença entre os “Fundos de Estabilização” e o “Controle Cambial”?

Qual o objetivo da “teoria da paridade do poder aquisitivo da moeda”?

O que é operação de câmbio e como ela pode ser classificada quanto ao prazo e quanto á sua natureza?

O que se entende por reajuste automático do balanço de pagamentos?

Como os clássicos explicaram o ajustamento automático?

Como os keynesianos explicaram os ajustamento automático?

O que se entende por “propensão marginal a importar”?

O que é o “multiplicador de comércio exterior”?

Como podemos determinar o multiplicador de comércio exterior?

Como as variações da taxa, no padrão-papel, podem reequilibrar o balanço de pagamentos?

Como, na realidade, se processaria o reequilíbrio automático do balanço de pagamentos em um país que mantém o padrão-papel?

Do Capítulo 4

O que se entende por movimento de capitais?

Como se classificam os movimentos de capitais quanto ao prazo e quanto à finalidade?

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

Por que os movimentos de capitais são considerados importantes em relação às contas internacionais?

O que é um movimento de capital equilibrante ou igualador?

O que é um movimento de capital desequilibrante ou autônomo?

Quais os fatores determinantes dos empréstimos internacionais?

Quais os fatores determinantes dos investimentos internacionais?

Quais os efeitos dos movimentos de capitais sobre o balanço de pagamentos?

Quais os efeitos dos movimentos de capitais sobre a economia?

Quais os limites razoáveis do endividamento externo?

Até onde devem ser incentivados os investimentos estrangeiros?

O que se entende por migração internacional

Quais os fatores determinantes do movimento internacional de mão-de-obra?

Quais as vantagens dos países que recebem imigrantes?

Em que condições e até que ponto a exportação de mão-de-obra não prejudica a economia?

Qual a influência dos imigrantes sobre o desenvolvimento da economia brasileira?

O que se entende por tecnologia?

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Qual a diferença entre invenção e inovação?

Por que o desenvolvimento econômico depende do desenvolvimento tecnológico?

Quais as vantagens e as desvantagens da utilização de uma tecnologia importada?

Como surgiram as empresas multinacionais?

Quais as características de uma empresa multinacional?

Quais as vantagens que as empresas multinacionais apresentam em relação às empresas domésticas?

Qual a tendência das empresas multinacionais?

Por que as multinacionais tendem a dominar o mercado internacional?

O Estado tem condições de controlar as atividades das empresas multinacionais?

Do Capítulo 5

Quais as relações entre a economia e o balanço de pagamentos?

Por que os países dão tanta importância ao comércio internacional?

Qual a política de comércio exterior empregada pelo governo brasileiro?

Quais as vantagens da política de substituição de importações?

Quais as vantagens da política de expansão das exportações?

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

Quais os motivos que levam as nações a controlar o seu comércio exterior?

Quais as medidas diretas e indiretas de controle do comércio externo?

O que se entende por controle do comércio exterior?

O que é tarifa alfandegária e como ela se classifica quanto a sua finalidade e quanto à sua estrutura?

Em que condições a tarifa recai sobre o produtor estrangeiro?

Em que condições a tarifa se distribui entre o produtor estrangeiro e o consumidor nacional?

Quais os efeitos das tarifas sobre as relações de troca?

Quais os efeitos das tarifas sobre as exportações e sobre o balanço de pagamentos?

Quais os principais argumentos a favor das tarifas?

O que é controle cambial e com que finalidade ele é aplicado?

Por que é necessário controlar o comércio exterior para que o controle cambial seja eficiente?

O que é quota de importação e quais os seus efeitos sobre os preços internos?

O que se entende por protecionismo administrativo?

Por que as operações governamentais com o exterior constituem uma forma de controle do comércio externo?

Qual a política comercial do Brasil Colônia?

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Como se desenvolveu a política comercial brasileira durante o Império?

Quais as modificações havidas em nosso comércio após a proclamação da República até 1948?

Quais as modificações havidas em nossa política comercial após 1948?

Quais as vantagens introduzidas no sistema cambial brasileiro pela Instrução n° 70, da SUMOC?

Por que a Instrução n° 204, da SUMOC, causou grande impacto no sistema cambial brasileiro?

Com que finalidade as autoridades brasileiras exigiam as Guias de Importação e de Exportação?

Por que se exige o registro de capitais estrangeiros no Banco Central do Brasil?

O que se entende por incentivos à exportação e como eles são empregados no Brasil?

Quais os principais problemas enfrentados pelo comércio exterior brasileiro?

Como podemos alcançar o reequilíbrio de nosso balanço de pagamentos?

Do Capítulo 6

O que é cooperação econômica internacional e como surgiu?

Qual o tipo de cooperação existente até a II Guerra Mundial?

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Qual o papel do Fundo Monetário nos pagamentos internacionais?

Como é administrado o Fundo Monetário Internacional e como são tomadas as suas decisões?

Como foi criado o Banco Mundial e com que finalidades?

Com que recursos são realizados os financiamentos do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento?

Como foi criado o BID e com que finalidades?

Quais os principais órgãos de cooperação comercial?

Como funciona o GATT (OMC) e quais os resultados de suas atividades?

Como a ONU tem contribuído para a cooperação econômica mundial?

Como os economistas clássicos viam a integração econômica mundial?

Por que a forma clássica de integração não obteve êxito?

Por que as políticas nacionais entram em conflito com a política internacional?

Quais as possibilidades de se atingir um governo supranacional?

Será possível o homem mudar as normas de seu comportamento para salvar a própria humanidade?

Do Capítulo 7

Falar sobre os fatos que deram origem ao comércio internacional.

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Qual a sua opinião quanto à origem do comércio internacional, indicando alguns fatos históricos?

Relacionar o interesse do homem com o comércio internacional.

Fazer uma análise sobre a evolução do comércio internacional.

Fazer um comentário sobre a evolução do comércio internacional, mencionando alguns fatores preponderantes.

Mencionar fatores que contribuíram para o desenvolvimento do comércio internacional.

Analisar a evolução do comércio internacional com base na Segunda Guerra Mundial.

Por que se considera a Segunda Guerra Mundial um marco histórico da evolução do comércio internacional?

Indicar os fatores que relacionam a Segunda Guerra Mundial com o comércio internacional.

Quais os principais fatores relacionados à evolução do comércio internacional?

Qual a relação da Segunda Guerra Mundial com o comércio internacional.

Comércio internacional e comércio exterior têm o mesmo conceito? Justificar sua opinião.

Estabelecer a diferença entre comércio internacional e comércio exterior.

O que é comércio internacional?

Do Capítulo 8

O que é comércio exterior?

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

As nações criam uma política de comércio exterior?

Porque as nações elaboram uma política de comércio exterior?

Analisar a política de comércio exterior brasileira.

Indicar fatores básicos de nossa política de comércio exterior.

Quais os órgãos envolvidos diretamente no comércio exterior?

Qual a função de cada órgão diretamente envolvido no comércio exterior?

Qual a relação dos órgãos públicos com o comércio exterior?

Relacionar os órgãos públicos interligados no comércio exterior.

Do Capítulo 9

O que é importação e como se divide o território aduaneiro?

O que é INCOTERMS?

Quais os objetivos dos INCOTERMS?

Indicar os INCOTERMS cujo desembaraço para exportação é feito pelo comprador e o desembaraça para importação é feito pelo vendedor.

Do Capítulo 10

Quais os impostos incidentes na importação?

Quais a s taxas incidentes na importação?

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Quais são as modalidades de pagamento na importação?

Quais são as condições de pagamento no comércio exterior?

Montar um processo de importação indicando os documentos e as operações básicas.

Montar um processo de importação passo-a-passo.

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

Do Capítulo 11

Demonstrar a metodologia de cálculo do custo de importação.

O que é SISCOMEX?

Quais as funções do SISCOMEX?

Como é a estrutura do comércio exterior brasileiro?

Qual a competência dos órgãos públicos no comércio exterior?

Dos Capítulos 12 e 13

O que é exportação?

Como se efetua uma exportação?

Mencionar os principais passos de uma exportação.

Relacionar a exportação com a economia nacional.

Quais os documentos que acompanham um despacho de exportação?

O que são regimes aduaneiros especiais e atípicos?

Quais são os regimes aduaneiros especiais?

Quais são os regimes aduaneiros atípicos?

O que é DRAWBACK?

Quais as modalidades de DRAWBACK?

O que difere as modalidades de DRAWBACK Suspensão, Isenção e Restituição?

Relacionar a legislação de comércio exterior com os órgãos públicos.

Discriminar a função do SISCOMEX numa exportação.

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Dos Capítulos 14, 15 e 16

Efetivar uma exportação indicando os documentos e as operações básicas.

Efetivar uma exportação passo-a-passo.

O que significa a negociação de uma exportação com um banco?

Quais as fases cambiais num processo de exportação?

Quais os documentos necessários para a negociação de uma exportação com um banco?

Há diferença do preço do produto para o mercado interno e para o mercado externo?

Quais as técnicas da engenharia de custo?

Que tem a ver produção e produtividade com o preço para exportação?

Quais os incentivos fiscais à exportação?

18.2. Temas para Discussão

Do Capítulo 1

O comércio internacional é muito importante para todas as nações, quer como fonte de matérias-primas, quer como fonte de alimentos ou, ainda, como elemento indispensável à promoção do desenvolvimento econômico. Analisar a economia brasileira em relação ao seu comércio exterior, comentando as vantagens e os riscos que este lhe oferece.

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

A interdependência econômica é um fato real. Analisar os problemas gerados pelo domínio do petróleo pelos árabes, pela escassez de matérias-primas e alimentos, mostrando todas as implicações de ordem econômica e política que eles representam.

O comércio exterior nasceu no momento em que o mundo foi dividido em nações. Ele acompanha o desenvolvimento econômico mundial e todos os países mantêm uma política específica de comércio exterior. Comentar as políticas das regiões ricas e das pobres, mostrando que cada país visa defender os seus próprios interesses.

Comentar a necessidade de um sistema monetário internacional e os problemas gerados pela sua inexistência.

Comentar o desenvolvimento econômico e as conseqüentes mutações da composição do comércio por ele geradas, bem como as restrições impostas para salvaguardar os interesses particulares de cada nação.

Do Capítulo 2

Considerando que a especialização de cada país depende das disponibilidades e qualidades de seus recursos, comentar: como se pode desenvolver um país pobre se a sua atividade naturalmente for primária e, portanto, de baixo rendimento?

A Teoria Clássica do Comércio Exterior - Teoria da Vantagem comparativa - prova claramente que as nações podem obter grandes vantagens com a especialização e o comércio. Por que, então, os países impõem barreiras ao comércio exterior e procuram diversificar a sua produção em lugar de se especializarem?

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A relação de trocas refere-se à relação entre os preços das exportações e das importações. Explicar as variações de seu índice e esclarecer por que no passado elas foram favoráveis aos países industrializados.

Comentar a teoria de Bertil Ohlin e explicar como países onde o fator capital é relativamente escasso podem industrializar-se e exportar manufaturas para os países ricos.

Se os custos de transferência referirem-se às despesas necessárias à transferência de um produto de um país para outro, incluindo as tarifas alfandegárias, comentar como os governos podem alterá-los e porque o fazem.

Sabemos que a especialização e as trocas permitem um emprego mais produtivo dos fatores. Sabemos, ainda, que certos países têm condições de produzir determinadas mercadorias a custos muito menores que qualquer outro. Por que então, neste caso, os países não empregam todos os seus recursos apenas na produção de bens cujos custos lhes permitam competir com grandes vantagens no mercado internacional?

O comércio multilateral permite aos países a obtenção do máximo de vantagens, uma vez que eles podem, neste regime, exportar para quem lhes pague mais e importar de quem lhes ofereça melhor qualidade e menores preços. Como se explica, então, a existência de comércio bilateral entre países que, para tanto, firmam acordos comerciais?

Do Capítulo 3

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Elaborar um balanço de pagamentos hipotético e analisar a sua situação.

O balanço de pagamentos do Brasil em 1974, apresentou o maior déficit nas transações correntes havido em nossa história. Comentar o porquê dessa situação e as previsões futuras quanto ao reequilíbrio das nossas contas internacionais.

Em regime de plena liberdade cambial e sabendo-se que a cotação da libra em Nova York é de US$ 2,00 e que a cotação do dólar em Londres é de £ 0,45, explicar o seguinte: 1. Há ou não a reciprocidade de taxas? 2. Se não houver reciprocidade, como um especulador poderá obter lucros com essa situação e como a reciprocidade será atingida?

Sabemos que as autoridades brasileiras adotam, desde 1968, o sistema de taxas flexíveis, ou seja as mini desvalorizações. Comentar como podem ser determinadas as alterações da taxa e quais as vantagens e desvantagens desse sistema.

Considerando-se que a queda do padrão-ouro eliminou a possibilidade de determinar as taxas cambiais, através da comparação do conteúdo metálico das moedas, comentar como Gustav Cassel propôs solucionar esta questão.

Os clássico explicavam o reequilíbrio automático do balanço de pagamentos baseados na movimentação do ouro. Estas movimentações provocavam alterna-tivamente inflação e deflação. Comentar por que eles defendiam o padrão-ouro apesar de provocar flutuações constantes dos preços.

Para os keynesianos, as variações da renda é que reequilibravam o balanço de pagamentos. Comentar

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como isto pôde acontecer e quais os seus efeitos sobre a economia.

Do Capítulo 4

O governo brasileiro em sua política de desenvolvimento econômico vem favorecendo a entrada de capitais estrangeiros no Brasil, na forma de empréstimos. Qual o limite possível de nosso endividamento externo? Quais os coeficientes utilizados para se medir este endividamento?

O Brasil, como todos os países em fase de desenvolvimento, interessa-se pela entrada de capitais estrangeiros. Quais as vantagens e os riscos que estes capitais oferecem à nossa economia? O que é mais vantajoso para o nosso desenvolvimento: o empréstimo ou o investimento estrangeiro?

Entre 1851 e 1960, segundo Kindleberger, mais de 60 milhões de europeus emigraram, principalmente para as Américas. Quais teriam sido os efeitos desse movimento de mão-de-obra tanto para a Europa como para os países do Novo Mundo?

O desenvolvimento tecnológico é indispensável para o desenvolvimento econômico. Como os países pobres não têm condições de desenvolver uma tecnologia própria, eles a importam. Quais os riscos apresentados pela utilização de uma tecnologia importada e quais as possibilidades que os referidos países têm de desenvolver pesquisas, invenções e inovações?

Sabemos que as empresas multinacionais têm uma série de vantagens sobre as empresas domésticas, o que lhes garante melhores condições de competir quer no mercado interno, quer no internacional. Como poderia

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

um país incentivar o crescimento das empresas nacionais de forma que elas possam competir com as estrangeiras?

Sabemos que a tendência futura - caso não seja contrariada - é de haver, cada vez mais, uma concentração de poder econômico em mãos de poucos grupos internacionais. Quais as vantagens e os riscos que o gigantismo das empresas representará para as sociedades futuras?

Do Capítulo 5

Sabemos que o comércio exterior é importante para qualquer país e, ainda, que o mesmo é utilizado para promover o desenvolvimento econômico. Como ele poderá ser utilizado com o referido objetivo?

Sabemos que a partir de 1964 o governo Brasileiro alterou as diretrizes de nossa política econômica. No que diz respeito ao comércio exterior passou a empregar a política de promoção de exportações. Comentar as vantagens e os problemas gerados por esta mudança de nossa política comercial.

Um país cujo balanço de pagamentos se apresenta deficitário deseja controlar o seu comércio exterior a fim de reequilibrar as suas contas externas. Considerando que o déficit é proveniente da fuga de capitais, qual seria o controle mais adequado e quais os seus efeitos sobre os demais setores da economia?

Um país cuja balança comercial se apresenta deficitária deseja restabelecer o equilíbrio de seu comércio externo. Para tanto, deseja aplicar o sistema de quotas de importação. Como deverá administrar a distribuição de tais quotas de forma que os lucros auferidos pelo

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aumento dos preços dos produtos importados, em decorrência da redução da oferta, sejam transferidos para o Estado?

Do Capítulo 6

O FMI e o BIRD foram criados com a finalidade de restabelecer o comércio internacional, no pós-guerra, em bases sólidas e para promover a reconstrução dos países devastados pela guerra e o desenvolvimento dos países pobres. Entretanto, além da reconstrução dos países europeus, com integral apoio do Plano Marshall, os demais objetivos não foram atingidos. Comentar por que os referidos órgãos falharam.

No período de pós-guerra surgiram as uniões aduaneiras e os mercados comuns. Comentar quais as principais associações desse tipo, como elas se formaram e quais os resultados apresentados pelas mesmas.

Comentar as possibilidades de uma integração econômica mundial, quais as vantagens que ela poderia oferecer e porque não é possível, atualmente, atingir este ideal.

Imagine que o Brasil esteja atravessando um período difícil com relação ao seu balanço de pagamentos. As importações são maiores que as exportações e a balança de serviços é deficitária. Comentar as possibilidades de reequilíbrio das nossas contas externas atuando sobre as exportações e importações, sabendo-se que as exportações já estão recebendo inúmeros incentivos e que a redução das importações de produtos essenciais pode prejudicar a nossa economia.

Atualmente, o mercado internacional tem grande necessidade de alimentos e matérias-primas. Quais as

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

medidas que podem ser empregadas para podermos aumentar a nossa participação nesse mercado:

Dos Capítulos 7 ao 11

Analisar a importação brasileira, tomando por base a abertura de mercado, o SISCOMEX e o MERCOSUL.

Dos Capítulos 12 ao 16

Analisar a exportação brasileira, tomando por base a abertura de mercado, o SISCOMEX, o MERCOSUL e a nova política industrial e de comércio exterior.

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CONCLUSÃO

Conforme podemos perceber, a evolução da Economia Internacional e do comércio deveu-se às várias circunstâncias que cercaram e envolveram o próprio desenvolvimento do ser humano ao longo de sua trajetória histórica.

A humanidade sofre influências do meio-ambiente em que vive e reage alterando este meio-ambiente. E assim, sucessivamente, há uma interação entre ambos, somente avaliada no tempo e no espaço histórico-geográfico em que vivem.

Em suas constantes mudanças de lugar em busca de alimentos e melhores condições climáticas, o homem conheceu outros homens com abundância e capacidades diferentes, surgindo as relações comerciais com oportunidades de ganhos e vantagens. Basicamente, os processos que levam o ser humano às relações comerciais ainda permanecem os mesmos, não tendo sofrido variações de vulto no tempo e no espaço, apesar de sua evolução ter ocorrido de maneira diferenciada em razão da geografia, cultura, religião, além de outras influências do próprio meio-ambiente.

Os ricos desenvolveram tecnologias próprias e seus produtos tornaram-se mais competitivos, mesmo concorrendo com produtos internos de outros países. Esta tem sido a sistemática constante entre os países ricos no seu relacionamento comercial com os países pobres. Todavia, esta situação tende a se alterar com a globalização econômica, onde há uma melhor e universal distribuição de capital e tecnologia.

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Acredita-se que os objetivos propostos neste trabalho sejam atingidos com a completa participação dos estudantes e leitores interessados no assunto.

Dentro de um aspecto prático e teórico foram apresentadas todas as transações econômicas internacionais e todas as técnicas necessárias para se efetuar um processo de importação e de exportação, além de conhecimentos teóricos adequados a cada análise operacional, com maior precisão e habilidade.

Todo o compêndio está embasado numa infinidade de instrumentos legais, cuja participação do estudante ou profissional interessado será completa com a leitura e estudo acompanhados da análise e interpretação de cada dispositivo legal pertinente. Desta forma, para uma perfeita aprendizagem do assunto aqui abordado, além do exercício prático-profissional, o estudante deve seguir com atenção todas as disciplinas correlatas a esta área.

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ORELHA DO NOVO LIVRO

Dinarte S.B.Cavalcanti, Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Vale do Paraíba, SP, com vários cursos de extensão a nível profissional, destacando o curso de administração feito em Osaka, Japão, no “Overseas Training Center”. Curso de mestrado em Engenharia de Sistema no INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Mestre em Ciência pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, com tese defendida na área de Comércio Internacional. É autor de quatro livros publicados sobre economia internacional e comércio exterior, sendo esta obra uma completa reestruturação das duas últimas publicações. É Professor Titular de Economia Internacional e Sistemática de Comércio Exterior em algumas universidades de São Paulo, e Coordenador da área de Comércio Exterior do centro de Educação Profissional Hélio Augusto de Souza – CEPHAS. Ensina outras disciplinas no curso de Economia e de Administração, em nível de graduação e de pós-graduação. Sua atividade profissional é bastante vasta, como gerente de importação e de exportação de empresa multinacional e gerente de relações internacionais do setor eletro-eletrônico do Brasil, o que lhe propiciou um completo conhecimento prático em comércio exterior. Sua experiência tem sido enriquecida por numerosas viagens de negócio ao exterior (Estados Unidos, Japão e países do MERCOSUL), o que lhe confere conhecimentos e competências internacionais.

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CONTRACAPA

Este livro vem preencher lacunas e enriquecer a literatura econômica nacional no campo didático. Na ausência de textos que contenham aspectos globais da Sistemática de Comércio Exterior, os professores vêem-se obrigados a indicar bibliografias diversas, cada uma abrangendo um tópico da disciplina, o que dificulta o estudo e a pesquisa e inibe a perfeita formação profissional dos estudantes do curso de Comércio Exterior. Também na Economia Internacional tem um enfoque prático, adequando o Brasil no contexto das transações econômicas mundiais, dentro da globalização econômica, que significa a distribuição eqüitativa da tecnologia, da matéria prima, do trabalho e do capital entre as nações. Assim sendo, a obra fundamenta-se num plano teórico suficiente para a compreensão das políticas comercial e cambial e das decisões das autoridades governamentais, bem como numa vasta fundamentação prático-operacional, como sendo um “laboratório bibliográfico”.De forma simplificada e lógica, procura estudar as relações comerciais entre os países, desde os tempos primitivos até a atualidade. Destinada ao estudante de Ciências Econômicas e Administrativas e de Comércio Exterior, busca, através de constatações ao longo do desenvolvimento da civilização, relacionar analogicamente determinados fatores que caracterizam as relações comerciais internacionais de nosso tempo.Utilizando-se de linguagem fácil e raciocínio lógico-dedutivo, o autor procura analisar fatores que possam influenciar as relações no Comércio Internacional.Elaborada como um compêndio didático-científico compilado de vários trabalhos de pesquisa e planos de aulas de diversas disciplinas, das quais o autor é professor titular, esta obra enumera de maneira direta os principais itens que formam e transformam o mercado internacional, do qual o Brasil participa.

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DEDICATÓRIA

Para minha esposa e meus filhos, que são parte de mim.

Para todos que eu amo e quero bem.

Dinarte S.B. Cavalcanti

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti 262

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus paispela minha vida e pelo apoio humano que me

legaram.

Agradeço a minha esposa e a meus dois filhospelo lar rico de amor e harmonia que partilhamos.

Agradeço a todos os entes queridos com quem, de algum modo, convivi ou convivo.

E agradeço a Deuspor ter criado o Universo e Seu Filho,

o Homem, para desvendá-lo.

Dinarte de S. B. Cavalcanti

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti 264

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ECONOMIA INTERNACIONAL E TÓPICOS ESPECIAIS DE COMÉRCIO EXTERIOR:

AS TROCAS NA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E SUA SISTEMÁTICA

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________________ Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

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DINARTE DE SOUZA BEZERRA CAVALCANTI

ECONOMIA INTERNACIONAL E TÓPICOS ESPECIAIS DE COMÉRCIO EXTERIOR:

AS TROCAS NA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E SUA SISTEMÁTICA

EPEditora Plêiade

São Paulo2002

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ECONOMIA INTERNACIONAL E TÓPICOS ESPECIAIS

DE COMÉRCIO EXTERIOR:As Trocas na Globalização Econômica e sua Sistemática

Dinarte de Souza Bezerra Cavalcanti

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1a edição

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Impresso no Brasil

2002

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