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Livro de Atas
1.º Encontro Internacional de Formação na Docência (INCTE)
1st International Conference on Teacher Education(INCTE)
Edição: Instituto Politécnico de BragançaEditores: Cristina Mesquita,
Manuel Vara Pires,Rui Pedro Lopes
Impressão: Instituto Politécnico de BragançaAno: 2016ISBN: 978-972-745-206-4Handle: http://hdl.handle.net/10198/11435
Organização
O INCTE’16 foi organizado pelo Instituto Politécnico de Bragança, onde decorreram as ses-sões.
Comissões
Organizadora: Adorinda Gonçalves IPB, PortugalCarla Guerreiro IPB, PortugalCarlos Teixeira IPB, PortugalCristina Mesquita IPB, PortugalDelmina Pires IPB, PortugalElza Mesquita IPB, PortugalManuel Vara Pires IPB, PortugalMaria Angelina Sanches IPB, PortugalMaria do Céu Ribeiro IPB, PortugalMaria Cristina Martins IPB, PortugalMaria José Rodrigues IPB, PortugalPaula da Felicidade Martins IPB, PortugalRosa Novo IPB, PortugalTelma Queirós IPB, Portugal
Científica: Adorinda Gonçalves IPB, PortugalAmélia Marchão IPPortalegre, PortugalBenvenido Martin Fraile USal, EspanhaCarla Guerreiro IPB, PortugalCarlos Teixeira IPB, PortugalCristina Mesquita IPB, PortugalDelmina Pires IPB, PortugalElza Mesquita IPB, PortugalFernando Azevedo UMinho, PortugalFlávia Vieira UMinho, PortugalJoaquim Machado UCP, PortugalJuan Gavilán UdeC, ChileLaurinda Leite UMinho, PortugalLuís Menezes IPV, PortugalManuel Vara Pires IPB, PortugalMaria Angelina Sanches IPB, PortugalMaria do Céu Ribeiro IPB, PortugalMaria do Céu Roldão UCP, PortugalMaría Dolores Alonso-Cortés ULeón, EspanhaMaria Cristina Martins IPB, PortugalMaria José Rodrigues IPB, PortugalRosa Novo IPB, PortugalSara Barros Araújo IPP, PortugalTelma Queirós IPB, PortugalVitor Hugo Manzke IFSul, Brasil
II INCTE’16 – Organização
Corpo de Revisores: Adorinda Gonçalves IPB, PortugalAmélia Marchão IPPortalegre, PortugalAna Raquel Prada IPB, PortugalBenvenido Martin Fraile USal, EspanhaCarla Araújo IPB, PortugalCarla Guerreiro IPB, PortugalCarlos Miguel Ribeiro UAlg, PortugalCarlos Teixeira IPB, PortugalCristina Mesquita IPB, PortugalDelmina Pires IPB, PortugalElza Mesquita IPB, PortugalFernando Martins IPC, PortugalFlávia Vieira UMinho, PortugalGabriela Traversi IFSul, BrasilHelena Rocha UNL, PortugalIlda Freire Ribeiro IPB, PortugalJoão Sousa IPB, PortugalJoaquim Machado UCP, PortugalJuan Gavilán UdeC, ChileLaurinda Leite UMinho, PortugalLuís Menezes IPV, PortugalManuel Meirinhos IPB, PortugalManuel Vara Pires IPB, PortugalMaria Angelina Sanches IPB, PortugalMaria da Graça Santos IPB, PortugalMaria do Céu Ribeiro IPB, PortugalMaria do Nascimento Mateus IPB, PortugalMaría Dolores Alonso-Cortés ULeón, EspanhaMaria Cristina Martins IPB, PortugalMaria José Rodrigues IPB, PortugalMaria Raquel Patrício IPB, PortugalPaula Vaz IPB, PortugalRita Seixas IFSul, BrasilRosa Novo IPB, PortugalSara Barros Araújo IPP, PortugalSofia Bergano IPB, PortugalTelma Queirós IPB, PortugalVitor Gonçalves IPB, PortugalVitor Hugo Manzke IFSul, Brasil
Apoios
Índice
INCTE’16 – 1.º Encontro Internacional de Formação na Docência
Nota de Abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Contributos para uma formação na docência de (mais) qualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3Cristina Mesquita, Manuel Vara Pires, Rui Pedro Lopes
Sessões Plenárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Uma reflexão acerca da necessidade de repensar a formação de professores (resumo) . . 9Domingos Fernandes
La formación del profesorado: cuestiones perdurables en escenarios de incertidumbre . . 11Lourdes Montero
Mesa Redonda: Formar Professores no Século XXI - Práticas,Perspetivas e Desafios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Desafios à formação de educadores e professores em Portugal no século XXI . . . . . . . . . . . 35Carlos Teixeira
Desafíos y estrategias en la formación práctica del profesorado español. El caso de laUniversidad de León (resumo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
María Dolores Alonso-Cortés
Formar professores no século XXI, no Brasil: práticas, perspetivas e desafios (resumo) . 45Vitor Hugo Manzke
Currículo e Formação de Educadores e Professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
A formação do educador-professor com perfil de investigador-reflexivo . . . . . . . . . . . . . . . . 49Filomena Velho, Eduarda Ferreira, Elisabete Brito, Florbela Rodrigues
Análisis de un entorno virtual de aprendizaje para la formación de nuevos docentes.Estudio de caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Virginia Pascual, Daniel Moreno
Avaliar para melhorar: análise e discussão sobre o desempenho profissional dodocente no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Izabel Silva
Condições do trabalho docente no ensino superior privado confessional comunitário . . . . 71Maria Laura Brenner de Moraes
Contribuições da rede regional de ciências na formação continuada de professores . . . . . 79Rita Helena Moreira Seixas, Eliana de Castro Batalha, Vitor Hugo Manzke, Jader R.Pereira
Diseño de estrategias docentes mediante la corresponsabilidad tutorial . . . . . . . . . . . . . . . . 86Bienvenido Martín Fraile
Dificuldades dos professores de ciências do ensino fundamental no ensino de física . . . . . 93Nelson Marques, Claudia Caldeira, Marcos Silva
IV Índice
“Eu, tu e nós partilhamos e aprendemos”. Projetos curriculares integrados comoprática de formação de educadores/as de infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Catarina Tomás, Manuela Rosa, Carla Rocha
Experimentação na formação inicial e atuação de professores de ciências: dadospreliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Gabriela Traversi, Vitor Hugo Manzke
Formação contínua de professores a distância baseada em MOOCs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115Vitor Gonçalves
Formação contínua: uma modalidade de formação que complementa a formação inicial . 122Maria de Deus Lico
Formação de professores em ciências do ensino básico com orientação CTS/PC . . . . . . . . . 130Rui Vieira, Celina Tenreiro-Vieira
Importancia de las prácticas y pasantías para los futuros docentes en el ISFODOSU . . . . . 137Elisangela Silfa
Inglês no 1.º ciclo do ensino básico no novo milénio: desafios e dificuldades naformação de professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Nazaré Cardoso, Cláudia Martins, Elisabete Silva
Innovación en la formación inicial y permanente del profesorado: elaboración detrabajos científicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
Concepción Tuero Del Prado, Mercedes López-Aguado, Belén Zapico Robles, LourdesGutiérrez-Provecho
Libros de texto, curriculum y docencia: cómo se aborda el cambio climático en laSecundaria Obligatoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
Araceli Serantes Pazos, Pablo Meira Cartea
Literacia estatística num curso de educação básica: necessidade de um conhecimentoespecializado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
Isabel Duque, Fernando Martins
O papel da discussão em fóruns virtuais na formação de supervisores . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173Isolina Oliveira, Branca Miranda
O papel do conhecimento interpretativo no desenvolvimento profissional do professore do formador de professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
C. Miguel Ribeiro, Maria Mellone, Arne Jakobsen
Políticas de formação de professores para a educação especial no Brasil e em Portugal:um estudo comparado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Maria Edith Romano Siems-Marcondes
Práticas com TIC potenciadoras de mudança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195Paula Flores, Altina Ramos
Que formação inicial para futuros educadores e professores desenvolverem a literaciadigital nas crianças? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
Lilian Moreira, Altina Ramos
Repensar o 1.º ciclo do ensino básico: organização e práticas em sala de aula . . . . . . . . . . . 212Carlos Teixeira
Índice V
Representações dos alunos sobre o curso de licenciatura em educação básica . . . . . . . . . . . 220Elza Mesquita, Maria Raquel Patrício
Didática e Formação de Educadores e Professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
A aprendizagem por descoberta no contexto de experiências de ensino/aprendizagemdo 2.º ciclo do ensino básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
Joana Baptista, Delmina Pires
A importância da metodologia de trabalho de projeto na aprendizagem das crianças . . . . 237Ana Cláudia Queirós de Sousa, Elza Mesquita
A utilização de narrativas autobiográficas na construção de conhecimentos didáticossobre expressão plástica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
Lúcia Grave Magueta
Aprendizagem baseada na investigação em contextos de 1.º e 2.º CEB . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254Inês Silva, Cristina Mesquita
As atividades lúdicas e sua importância no processo de ensino-aprendizagem . . . . . . . . . . 263Carla Guerreiro, Maria José Sousa
As ciências naturais na licenciatura em educação básica - implicações do percursoformativo na prática educativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
Maria José Rodrigues, Adorinda Gonçalves
As crianças em (inter)relação: um estudo sobre três dimensões pedagógicas . . . . . . . . . . . 278Bruna Correia, Elza Mesquita
As leituras das crianças no processo de interação criança/sujeito-mundo . . . . . . . . . . . . . . 287Dora Briote, Elza Mesquita
As representações matemáticas nos manuais escolares para o ensino básico . . . . . . . . . . . 295Isabel Cláudia Nogueira, Emília Machado, Luísa Azevedo
Comunicar na sala de aula: um estudo com alunos do ensino básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301Elisabete Costa, Manuel Vara Pires
Construção de paródias como alternativa metodológica para o ensino de zoologia . . . . . . . 310Gabriela Manzke, Renata Sommer, Letícia Jansen Medeiros
Didática da história e da geografia no 2.º ciclo do ensino básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315Maria Mateus, Cristina Mesquita
Didática das ciências da natureza: uma discussão na formação inicial de professores . . . 324Mari Regina Janke, Vitor Hugo Manzke
Didática interdisciplinar da matemática: simbiose com o português . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332Sofia Rézio
El papel del patrimonio cultural en la didáctica de las ciencias sociales . . . . . . . . . . . . . . . . . 339Pablo M. Orduna Portús
Estratégias de promoção da oralidade e escrita na educação pré-escolar . . . . . . . . . . . . . . . 347Carla Guerreiro, Lídia Santos, Luís Castanheira
Estratégias didáticas para o estudo da meiose no ensino básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353Gabriela Traversi, Gabriela Manzke, Vitor Hugo Manzke
VI Índice
Experimentação no ensino de biologia: uma análise de platelmintos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360Letícia Jansen Medeiros, Gessiele da Silva Corrêa, Renata Sommer
Feira de ciências, matemática e mais saberes da região do sul do Rio Grande do Sul . . . . . 366Daiane Aparecida Krewer, Rita Helena Moreira Seixas, Eliana de Castro Batalha,Vitor Hugo Manzke, Gabriela Traversi
Investigação sobre a própria prática: dois estudos sobre a comunicação matemática . . . . 371Luís Menezes, Veronique Delplancq
Matemática e literatura infantil: uma proposta interdisciplinar na sala de aula . . . . . . . . . 378Helena Campos, Eurídice Teixeira, Paula Catarino
Materiais curriculares e práticas de ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385Ana Mota, Adorinda Gonçalves
O papel dos jogos didáticos no reportório de práticas dos docentes de economia noensino secundário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393
Pedro Ribeiro Mucharreira, Luísa Cerdeira, Belmiro Gil Cabrito
O(s) lugar(es) do texto literário nos manuais de português . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 402Carlos Teixeira, Alda Correia, Joana Coutinho de Matos
Pensamento algébrico em manuais escolares do 1.º ciclo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411Sofia Rézio
Redação versus ditado: estratégias para um ensino integrador e inovador . . . . . . . . . . . . . 419Paula Catarino, Joaquim Escola, Ana Paula Aires
Sistemas de equações lineares: programas de matemática numa cadeia geracional deprofessores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 428
Isabel Teixeira, Cecília Costa, Paula Catarino, Maria Silva
Tecnologias na aprendizagem da matemática: o mentoring na formação de professores . 435Nélia Amado, Susana Carreira
Triângulos e paralelogramos com o geogebra no 5.º ano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 444Rui Ramalho, Fernanda Monteiro
Um projeto realizado na prática de ensino supervisionada: importância dosinstrumentos de avaliação utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 450
Paula Gonçalves, Cristina Martins
Uma experiência de ensino e aprendizagem da matemática com recurso a literaturainfantil na formação inicial de professores dos primeiros anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 456
Raquel Santos, Maria Clara Martins
Uma proposta de organização da prática de ensino supervisionada no contexto doensino da disciplina de matemática no 2.º ciclo do ensino básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 464
Ana Paula Aires, Maria José Machado, Sara Costa, Catarina Alves
UniVERSOS, un proyecto de expresión didático-literaria en el aula y la calle . . . . . . . . . . . . 472Susana Gómez Redondo, Lidia Sanz Molina, Juan R. Coca, Francisco José FranciscoCarrera
Utilização de modelagens didáticas tridimensionais: uma abordagem para o ensino deartrópodes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 480
Letícia Jansen Medeiros, Bruna Peres Viana, Renata Sommer, Gabriela Manzke
Índice VII
Práticas Educativas e Supervisão Pedagógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 489
A supervisão pedagógica na liderança de estruturas intermédias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 491Fernanda Pereira, Daniela Gonçalves
Análise de práticas matemáticas do 1.º ciclo do ensino básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 499Isabel Cláudia Nogueira, Teresa F. Blanco, Dolores Rodríguez Vivero
As narrativas de aprendizagem nos relatórios finais da PES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 506Cristina Mesquita, Maria José Rodrigues, Maria do Céu Ribeiro, Rui Pedro Lopes
Avaliação na prática de ensino supervisionada em matemática e ciências naturais do2.º CEB: contributos da observação de aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 514
Bento Cavadas, Neusa Branco
Desenvolvimento do conhecimento didático em matemática na componente deinvestigação dos relatórios de estágio no âmbito da formação de professores e educadores523
Neusa Branco, Susana Colaço
Educar com os meios e para os meios: exemplos a partir da prática de ensinosupervisionada no mestrado em educação pré-escolar e ensino do 1.º CEB . . . . . . . . . . . . . . 532
Joaquim Escola
O amigo crítico como forma de promover a participação em contexto b-learning noensino superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 539
Marta Fonseca, Isabel Pereira
O papel da supervisão pedagógica na avaliação pelos pares em contexto de avaliaçãodo desempenho docente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 546
Luiz Queiroga, Carlos Barreira, Albertina Oliveira
O papel do professor cooperante na formação inicial de professores: estudo de caso . . . . . 552Ana Luísa Rodrigues, Tomás Patrocínio, Ana Ribeiro, Sara Couto
Os processos comunicacionais na formação profissional: perceção dos estagiários . . . . . . 561Deolinda Ribeiro, Paula Flores, Susana Sá
Papéis e interações dos intervenientes no processos de supervisão: um olhar dosorientadores cooperantes do 2.º ciclo do ensino básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 570
Cristina Martins, Adorinda Gonçalves
Perceções das estudantes: processos de supervisão desenvolvidos na prática deensino supervisionada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 577
Amélia Marchão, Hélder Henriques
Perceções dos alunos e professores sobre a utilização de estratégias de ensino eaprendizagem diversificadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 585
Joana Coutinho de Matos, Maria José Rodrigues
Perfil do supervisor do 1.º ciclo do ensino básico: um alicerce para o desenvolvimentoorganizacional numa instituição de ensino particular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 592
Bianca Almeida, Daniela Gonçalves
Práticas de supervisão pedagógica num agrupamento de escolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 600Maria da Glória Santos, Isolina Oliveira
(Re)Pensar estratégias pedagógicas a partir de sinergias entre a neuroeducação e asupervisão pedagógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 609
Daniela Gonçalves, Marina Torres Pinto
VIII Índice
Ser umprofessor criativo: reflexão sobre umaprática (dematemática) supervisionadano 4.º ano de escolaridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 617
Ângela Soares, Cecília Costa
Formação Docente e Educação para o Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 625
A emergência de práticas educativas promotoras de educação para o desenvolvimento . 627Isabel Ferreira, Amélia Marchão, Luísa Carvalho, Teresa Mendes
A feminização da profissão docente e a educação para a paridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 636Benilde Moreira
A rede de educação para a cidadania global: desenvolvimento profissional deprofessores/as . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 644
Teresa Martins, Luís Santos
Comunidades escolares e o debate das energias disponíveis: caminho aberto àconsciência do uso energético sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 653
Rafael Amaral, Vitor Hugo Manzke, Delmina Pires
Educación para el desarrollo e investigación colaborativa: la experiencia de SI-G yUDC con los centros educativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 659
Araceli Serantes Pazos, M. Dolores Cotelo Guerra, José Luis Iglesias Salvado, HelenaZapico Barbeito, M.Cristina Pérez Crego, Vanessa Pazos Leis, Ana Lampón Gude,María Paz Guitierrez
Feiras de ciências financiadas pelo CNPq/Br: análise do período 2010/2014 . . . . . . . . . . . . . 667Vitor Hugo Manzke, Rita Helena Moreira Seixas, Eliana de Castro Batalha, DaianeAparecida Krewer, Gabriela Traversi
Formação em contexto, melhoria da escola e desenvolvimento do trabalho docente . . . . . 674Joaquim Machado, Elza Mesquita
Mudanças climáticas e educação ambiental na formação de professores em MatoGrosso, Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 682
Giseli Dalla-Nora, Rosana Manfrinate, Araceli Serantes Pazos, Michèle Tomoko Sato
O ensino da música no século XXI: uma rede de possibilidades de formação . . . . . . . . . . . . 689Mário Cardoso, Levi Silva
Trabajando el modelo de ser vivo con futuros maestros: biodiversidad y evolución . . . . . . 696Anxela Bugallo-Rodríguez
Uma análise de como a história da ciência está sendo abordada no PNLD em relação àgravitação universal de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 704
Bruno Gomes da Silva, Nelson Marques, Daiane Aparecida Krewer, Cléo BarbosaCardozo, Rafael Amaral, Janaina Antonovick do Amarilho
Uma experiência de formação de professores: sensibilizar para o desperdício alimentar . 709Elisabete Linhares, Marisa Correia
Índice de Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 717
Índice de Palavras-Chave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 719
Nota de Abertura
2 Nota de Abertura
Didática e Formação de Educadores e Professores 347
Estratégias de promoção da oralidade e escrita na educação pré-escolar
Carla Guerreiro1, Lídia Santos1, Luís [email protected], [email protected], [email protected]
1Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Bragança, Portugal
Resumo
O projeto que apresentamos, embora não esteja concluído, encontra-se em fase adiantada deexecução e integra crianças com idades compreendidas entre os três e os seis anos de idade quefrequentam instituições de Educação Pré-escolar na cidade de Bragança (Nordeste de Portugal)sendo dinamizado pelos alunos da Unidade Curricular de Iniciação à Prática Profissional II (IPP-II), do 3.º ano da Licenciatura em Educação Básica, da Escola Superior de Educação (ESE) doInstituto Politécnico de Bragança. Através da sua implementação, pretendemos alcançar duasordens de objetivos: 1.ª consciencializar os alunos da Licenciatura em Educação Básica de ques-tões essenciais, tais como a importância do Livro e da Literacia e do relevo que deve assumir aconsciência fonológica em contexto de Educação Pré-escolar; 2.ª que as crianças destinatáriasdiferenciassem o desenho da escrita (código icónico vs. código escrito); conhecessem a direcio-nalidade da escrita; identificassem diferentes caraterísticas das convenções gráficas; reconhe-cessem a correspondência entre fonema/grafema da sua língua materna - o Português e conse-guissem aplicar novo vocabulário em diferentes contextos situacionais, entre outros aspetos. Oprojeto foi operacionalizado através da criação de situações significativas e contextualizadas douso da leitura, da escrita e da imagem, recorrendo a situações de jogo e brincadeira e a situaçõesde exploração individual e interação interpares e educador-criança. Para aferir os resultados,além das observações e registos fotográficos e escritos dos alunos da ESE dinamizadores do Pro-jeto, delinearam-se instrumentos de registo - grelhas- que permitiram aos alunos dinamizadoresdo mesmo e aos supervisores do estudo aferir se os objetivos definidos tinham sido alcançadose qual o seu grau de consecução. Através da implementação do projeto, esperamos conseguirvalidar a tese da importância de planificar e desenvolver atividades promotoras de situações deoralidade e da escrita, com base no livro de potencial receção infantil.
Palavras-Chave: literatura para a infância; consciência fonológica; emergência da leitura e daescrita
1 Introdução
O livro de potencial destinatário infantil é um dosmelhores instrumentos de que dispomospara proporcionar aos mais novos a possibilidade de se tornarem seres humanos melhores,mais livres e cultos, solidários, críticos e interventivos, graças ao gradual domínio da palavrae da competência literária e social que a leitura proporciona. Os livros desempenham, ainda,um papel determinante no ensino e na aprendizagem da leitura e da escrita e, assim sendo,a prática pedagógica com base na promoção da leitura, bem como o cultivo de hábitos lite-rácitos, serão basilares no sucesso ou insucesso educativo das crianças, na medida em quecontribuirão para a ampliação do seu universo linguístico e cultural.
Na opinião do especialista em literatura para a Infância, Pedro Cerrillo: “el ejercicio ha-bitual de la lectura aportará al individuo desarrollo personal, facilidad para comprender elmundo y sus transformaciones, instrumentos para la crítica y capacidad para comunicarsecon los demás en diversos contextos” (Cerrillo, 2007, p. 311).
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Está comprovado que se uma criança não cria laços afetivos com o livro e a leitura nasprimeira e segunda infâncias, terá poucas possibilidades de o fazer durante muito tempo, se éque alguma vez o venha a conseguir “O contacto com os livros deve ser iniciado o mais brevepossível, não só pelo manuseio, como também pela história contada, pela conversa ou pelosjogos rítmicos, no sentido de fazer amar a leitura, para que o leitor se sinta o protagonista doseu aprendizado” (Mesquita, 2007, p. 143).
Passível de um diálogo incessante com outras vozes e geradora de efeitos enriquecedoresque permitem que o leitor tenha livre acesso ao imaginário, a interação precoce com textosliterários de qualidade é estrategicamente reconhecida comomuito proveitosa para a criança.Com efeito, através dela, a criança tem a possibilidade de aceder a um conhecimento singulardo mundo, expandindo os seus horizontes numa variedade de perspetivas (cognitiva, linguís-tica, cultural), encontrando motivos de sobra para uma adesão efetiva e frutificante à leitura.Assim, a literatura de potencial receção infantil tem uma finalidade primária e fundamentalque é a de promover, na criança, o gosto pela beleza da palavra e o deleite perante a cria-ção de mundos de ficção. Para além disto, tem, ainda, a função de arreigar as palavras nomundo mágico da criança, permitindo-lhe não só entendê-las e usá-las, como também gozá-las e desfrutá-las no contexto da imaginação.
A literatura para a infância procura pôr perante os olhos da criança, alguns fragmentos davida, do mundo, da sociedade, do ambiente imediato ou longínquo (…) mediante um sistemade representações, quase sempre com uma chamada à fantasia. E tudo isto para responder àsnecessidades íntimas e inefáveis, ou seja, as que a criança sofre sem sequer saber formulá-las(Mesquita, op. cit., p. 43).
Na sequência do que afirmámos, surgem conceitos como: animação, promoção ou media-ção de leitura. Quando a eles nos referimos, falamos de diversas técnicas ou estratégias deleitura que nos permitem criar o gosto pelo livro, pela leitura, pela imagem e pela palavra orale escrita.
Com efeito, o gosto pela leitura é um processo contínuo, cujo sucesso é determinado emlarga escala pela ação intencional dos educadores. Estes profissionais devemencorajar a emer-gência dos comportamentos leitores, organizando ambientes educativos onde a literacia tenhaum papel relevante. O mediador é o enlace ou a ponte entre os livros e os primeiros leitores,devendo facilitar o diálogo entre ambos. O educador está academicamente habilitado para serummediador formal, pois tem competências pedagógicas e literárias para a escolha e a orien-tação de uma boa prática literária.
Pedro Cerrillo afirma que a figura do mediador, sobretudo quando os destinatários são cri-anças ou adolescentes, é muito importante e que este é, usualmente, desempenhado por adul-tos comperfis específicos (Cerrillo, cit porAzevedo 2006, p. 35). Nomesmo seguimento, infereque os leitores (ainda em construção) manifestam níveis diferentes de compreensão leitorae receção literária. Por isso é necessário o mediador, como ponte ou alcance entre os livrose esses primeiros leitores, facilitando o diálogo entre ambos (…) porque cumpre o papel deprimeiro recetor do texto, sendo o leitor infantil o segundo recetor (Idem, ibidem, p. 35).
2 Enquadramento concetual do estudo
Com base no nosso projeto, pretendemos demonstrar a importância do livro na EducaçãoPré-escolar, quer como instrumento de alargamento vocabular e aperfeiçoamento da línguamaterna (nas suas vertentes oral e escrita), quer como veículo de promoção cultural e deformação pessoal e social.
Os livros desempenham um papel determinante no ensino-aprendizagem da leitura e daescrita. Lajolo (2005) também salienta a importância da literatura no meio escolar, ao afir-mar que “a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer, plenamentesua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seuusuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler mui-tos” (p. 106). Estando, deste modo, os livros de literatura de potencial receção infantil im-
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plicados no processo educativo, caberá à escola e aos seus agentes enriquecer as crianças,proporcionando-lhes encontros efetivos e afetivos com os livros e ampliando-lhes o universolinguístico e cultural, através do cultivo de hábitos de leitura.
Os próprios documentos orientadores da Educação Pré-escolar -Metas Curriculares e Ori-entações Curriculares para a Educação Pré-escolar- sustentam o nosso projeto, pois definemobjetivos que ele vai permitir cumprir junto aos nossos destinatários, as crianças dos jardinsde Infância, junto a quem os alunos de IPP II o vão implementar. As Orientações Curricularesreferem que “se a escrita e a leitura fazem parte do quotidiano familiar de muitas crianças,que assim aprendem para que serve ler e escrever, todas as crianças deverão ter estas ex-periências ao longo da Educação Pré-escolar” (Silva, 2002). Desta forma, ao longo do textodas OCEPE, concretamente nas pp. 70 e 71, são feitas algumas referências, quer a atividadesespecíficas a desenvolver, quer ao nível estratégico do educador, quer de modo a facilitar aapropriação da linguagem escrita. Deste modo, procura alertar-se para uma vertente essen-cial da abordagem à linguagem escrita no jardim-de-infância: a sua funcionalidade.
Na esteira do que explanámos, preconizado por Inês Sim-Sim (2009) e Mata (2008), en-tre outros autores de referência, pretendemos, com a implementação do nosso projeto, criarambientes promotores de uma apreensão da funcionalidade da linguagem escrita.
Tendo em atenção os trabalhos desenvolvidos na área da linguística, por Sim-Sim (1998)e Veloso (2003) concluímos que as crianças portuguesas, revelam um fraco ou inexistentedesenvolvimento da consciência fonémica à entrada da Escola de 1.º Ciclo, ainda que a capa-cidade de manipular de modo explícito os sons da fala pareça determinar, em grande medida,o processo de aprendizagem da lecto-escrita.
Acreditamos que o treino da consciência silábica, intrassilábica e fonémica, ao nível daEducação Pré-escolar - antes do processo de iniciação da criança no uso do código alfabético- é fundamental, não só na tomada de consciência linguística do português, como também nafacilitação do processo de alfabetização subsequente, daí a idealização e operacionalizaçãodeste projeto.
Por outro lado, o livro de potencial receção infantil possibilita à criança um alargamentode horizontes culturais, que lhe permitem um maior conhecimento do Outro, bem como umaapropriação de valores muito importante para a construção da sua própria identidade, daíque, também sob este ponto de vista, consideremos essencial trabalhá-lo em contexto de edu-cação formal.
A literatura para a Infância emerge mais como reflexo de experiências do que como umcorpo organizado de conhecimentos, daí que a prioridade do formativo sobre o instrutivo sejadeterminante. Os seus objetivos fundamentais não se concentram na transmissão de conhe-cimentos, mas no despertar da emoção e da sensibilidade estética, no estímulo à imaginaçãocriadora, à capacidade crítica, ao pensamento divergente. Concomitantemente, eleva-se o ní-vel linguístico do leitor que se depara com surpresas linguísticas, imagens estimulantes, ana-logias e jogos de palavras que incitam a refletir sobre a língua e contribuem para a descobertade vínculos entre os níveis morfológico, fonológico, semântico, sintático e pragmático.
Confrontando a criança com uma linguagem simples, depurada, lúcida e criativa, a leiturade textos literários para a infância possui um amplo espaço de liberdade para explorar, semrenunciar à sua vocação pedagógica e formativa, mas evitando moralismos extemporâneose retórica vã. A exploração de temas universais como o amor, a amizade, a solidariedade, orespeito pelo Outro e pelo mundo em que vivemos, configuram tópicos de reflexão que, coma ajuda de mediadores de leitura (pais, educadores, professores, bibliotecários, animadoressocioculturais) conscientes da importância do seu papel, permitem incrementar nas crian-ças a sua competência leitora e desenvolver o pensamento reflexivo crítico sobre a própriacondição humana.
Liberta do seumantomoralizante, atualmente a Literatura para a Infância considera que acriança precisa de ser olhada como umator social, interpretada na sua forma de compreendere de se relacionar comomundo, não no plano da passividade e da carência de uma intervençãopedagógica que promova a obediência e a submissão, mas no plano de uma educação emanci-
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padora que lhe permita aceder à compreensão do seu mundo interior e ao conhecimento darealidade circundante, impelindo-a a agir e a colaborar na sua transformação.
Esta visão educativa tem implícita uma postura pedagógica que coloca o leitor no âmago doprocesso de construção do(s) significado(s) do texto literário. O leitor, entidade indispensávelà obra literária, não é um recetor passivo, mas um explorador inquieto, um construtor, umprodutor de sentido e é neste âmbito que surge este projeto.
3 Metodologia
O nosso projeto de animação/promoção de atividades de oralidade e escrita com base naleitura integral de obras de potencial receção infantil envolve os alunos da UC Iniciação à Prá-tica Pedagógica Profissional II, que observam e intervêm em instituições do Pré-escolar, nacidade de Bragança (Nordeste de Portugal) e pressupôs, como qualquer projeto, neste âmbito,as seguintes condições que definimos previamente:
1.º O projeto é continuado no tempo (anual) e não implica quaisquer investimentos finan-ceiros, por parte da ESEB ou por parte da instituição cooperante, envolvendo três gru-pos de alunos, um por cada período letivo;
2.º O corpus textual definido pelos coordenadores do Projeto (duas Professoras do Depar-tamento de Português e um Professor do Departamento de Supervisão de Prática Peda-gógica) foi escolhido de acordo com o PNL (ProgramaNacional de Leitura) e é adequadoà idade dos destinatários do mesmo (3-6 anos);
3.º As obras apresentam qualidade estética e ética e todas elas permitem abordar ques-tões que se prendem com a área que pretendemos trabalhar - Os fonemas/ grafemas daLíngua Materna - o Português);
4.º As obras foram lidas e trabalhadas, na íntegra, e as planificações dos dinamizadoresabarcaram uma grande variedade de estratégias e recursos, de forma a proporciona-rem atividades de aprendizagem ricas e significativas para as crianças, nas áreas defi-nidas pelas OCEP como: Comunicação e Expressão, Desenvolvimento Pessoal e Social eConhecimento do Mundo.
As planificações dos cinco grupos que intervieramno 1.º período tinham como objetivos co-muns: estimular a curiosidade das crianças, de forma amotivá-las para a leitura das histórias;desenvolver a sua sensibilidade estética, permitir-lhes fazer a associação entre as imagens eos excertos textuais lidos; estimular a sua capacidade de dividir algumas palavras em síla-bas, desenvolver a noção de correspondência entre fonema e grafema e trabalhar em grupo,de modo a fomentar o conhecimento das convenções gráficas. Para a consecução destes obje-tivos foram implementadas situações significativas e contextualizadas do uso da leitura quepassarampor: a) atividades de pré-leitura, que consistiramna exploração de aspetos paratex-tuais das obras, através de diálogo; b) atividades de leitura, através do uso de livros digitais,de leitura dramatizada e do recurso a gravações, de dramatização através de figuração hu-mana ou de manipulação de fantoches e c) atividades de pós-leitura, que envolveram aspetostão variados como a subdivisão de palavras do(s) texto(s) em sílabas, com ajuda de batimen-tos, o uso de carimbos, feitos em diversos tipos de materiais e o seu manuseio pelas criançaspara construção de palavras, a elaboração de um “estendal” de palavras que começassem pelamesma letra, retiradas de um conjuntomais amplo,distribuído por vários pequenos grupos decrianças, a identificação de rimas, através do uso de imagens associadas a palavras, entre vá-rias outros.
Os dinamizadores do projeto (alunos do3.º ano daLicenciatura emEducaçãoBásica) foramorientados nos seminários semanais da unidade curricular de Iniciação à Prática ProfissionalII e registaram fotograficamente e em notas de campo o desenrolar do projeto.
Além destes instrumentos de recolha de dados, existe também uma grelha de aferição deresultados, concebida pelos coordenadores do mesmo, que foi preenchida, durante a duraçãodo projeto, pelos vários grupos de alunos dinamizadores do mesmo. Esta grelha era dividida
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em duas grandes áreas (de pré-leitura e pós-leitura da obra) e, de cada uma, faziam parte asseguintes categorias de análise:
a) identifica aspetos paratextuais: capa e contracapa, título e nome de autor;b) domina convenções gráficas (sabe folhear, identifica direccionalidade da escrita, possui
noção de lexema, diferencia número de imagem);c) revela consciência fonológica (associa grafema a fonema, identifica palavras com gra-
femas e sílabas comuns).
4 Conclusões
O Projeto permitiu-nos alcançar duas ordens de objetivos: 1.ª Os alunos da Licenciaturaem Educação Básica-3.º ano da unidade curricular de Iniciação à Prática Profissional-II ga-nharam uma maior consciência da importância de se trabalhar a obra de potencial receçãoinfantil em contexto de educação pré-escolar como base para promover emergências na áreada Expressão e Comunicação -domínio da linguagem oral e abordagem à escrita- e no concer-nente às áreas da formação pessoal e social e do conhecimento do mundo; 2.ª Com base naanálise da grelha que construímos, como instrumento de aferição de competências, podemosconcluir que as crianças das instituições onde os alunos de IPP II implementaram o Projeto,fizeram importantes aprendizagens/consolidações no que a respeita a:
a) diferenciar o desenho da escrita código icónico vs. escrito;b) conhecer a direcionalidade da escrita;c) identificar diferentes caraterísticas das convenções gráficas;d) reconhecer a correspondência entre fonema/grafema da sua lingua maternal – portu-
guês;e) identificar e manipular as unidades do oral (fonemas e sílabas);f) familiarizar-se com o universo do Livro e da Leitura, criando hábitos leitores;g) despertar para novas realidades culturais/sociais, através do mundo do livro/ leitura;h) desenvolver temáticas de conversação;i) ser capaz de entender e desenvolver trabalho em grupo;j) conseguir aplicar novo vocabulário em novos contextos situacionais.
Todo o trabalho desenvolvido contribuiu para ajudar as crianças envolvidas neste projeto,no processo contínuo que é a aprendizagem da leitura e da escrita, cujo sucesso é determinadoem larga escala pela ação intencional dos educadores. Não podemos desistir de continuarmosa encorajar a emergência dos comportamentos dos leitores, criando condições com bons am-bientes educativos, onde a literacia assuma um papel fundamental e decisivo na formação dascrianças. O ambiente educativo proporcionado em ambiente escolar e não escolar determinafortemente a relação que as crianças estabelecem com as palavras impressas e com as ativi-dades de leitura e escrita.
Os alunos estagiários envolvidos planificaram as suas intervenções, valorizaram as tenta-tivas de leitura e de escrita por parte das crianças, promoveram atividades de lecto-escrita,jogos de procura e identificação de letras, sílabas e palavras, leitura de palavras simples, se-guida de repetição por parte das crianças, bem como a identificação do som de letras. Atravésda implementação deste trabalho foi-nos ainda possível constatar que, apesar dos alunos es-tagiários promoverem um leque diversificado de atividades no âmbito da leitura e da escrita,o período temporal em que intervieram não lhes permitiu atingir o alcance exato das implica-ções positivas que a abordagem à leitura e à escrita proporciona às crianças a longo prazo.
5 Referências
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Cerrillo, P., & Yubero, S. (Coord.) (2007). La formación de mediadores para la promoción de la lec-tura.
Freitas, M. J. (Coord.) (2007). O conhecimento da língua: desenvolver a consciência fonológica. Lis-boa: Ministério da Educação.
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Mata, L. (2008). A descoberta da escrita. Lisboa: Ministério da Educação.
Mesquita, A. (2002). A poética da receção na criança. Noesis, 63/64.
Silva. M. I. L. (1997). Orientações curriculares para a educação pré-escolar. Lisboa: Departamentode Educação Básica.